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DOENAS SSEAS METABLICAS EM ANIMAISSILVESTRES-REVISO DE LITERATURA
METABOLIC BONE DISEASES IN WILD
ANIMALS- A REVIEW
1STURION, D. J.; SALIBA, R; 2COSTA, M. R; 2MARTINS, E. L; SILVA, S. J.
1Docente do curso de medicina veterinria das Faculdades Integradas de Ourinhos- FIO/FEMM2Discente de medicina veterinria das Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM
RESUMO
So poucos os estudos sobre doenas metablicas referentes alimentao de animais silvestres.H desconhecimento das necessidades nutricionais de seu comportamento alimentar, da seletividadedos alimentos em cativeiro. As dificuldades intrnsecas ao sistema de manejo nutricional usualmenteempregado so os principais fatores envolvidos que leva h deficincia nutricional. O acmulo dedanos celulares acaba por comprometer os tecidos e por fim a funo dos rgos, levando aosquadros clnicos de afeco nutricional e metablica. Dentre as doenas sseas metablicas queacometem os animais silvestres esto raquitismo, hiperparatireoidismo nutricional secundrio,osteoporose e a condrodistrofia. O objetivo do presente trabalho realizar um levantamentobibliogrfico referente as doenas sseas metablicas em animais silvestres.
Palavras chaves: Nutrio, Animais Silvestres, Doenas Metablicas
ABSTRACT
Very few studies on nutrition and nutritional diseases mainly in wild animals. Ignorance of thenutritional needs of wild animals, their feeding behavior, the selectivity of food in captivity, and thedifficulties intrinsic to the nutritional management system usually employed are the main factorsinvolved in the occurrence of nutritional deficiencies. The accumulation of cellular damage ultimatelycompromises the tissues and ultimately the function of organs, leading to clinical disease of nutritionaland metabolic disease. Among the metabolic bone diseases that affect wildlife are rickets, secondarynutritional hyperparathyroidism, osteoporosis and chondrodystrophies.
Key words: Nutrition, Wildlife, Metabolic Diseases
INTRODUO
So poucos os estudos sobre nutrio, e principalmente doenas nutricionais,
de animais silvestres. Antes de se discutir sobre deficincias nutricionais,
importante pensar por que elas ocorrem. O desconhecimento das necessidades
nutricionais dos animais silvestres, de seu comportamento alimentar e seletividadedos alimentos em cativeiro, o emprego isolado de informaes de hbitos
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alimentares em vida livre no estabelecimento das dietas e a falta de informaes a
respeito da composio qumica e digestibilidade dos alimentos oferecidos so os
principais fatores envolvidos em sua ocorrncia. (CUBAS et al., 2006).
A alimentao representa um dos fatores mais importantes que limita o
desenvolvimento da criao de animais silvestres, nos aspectos de manuteno,
crescimento, produo e reproduo. (CAVALCANTE et al., 2005).
Alimentar animais silvestres em cativeiro um desafio. Dentre mamferos,
aves, rpteis e anfbios estima-se que existam no mundo ao redor de 42.300
espcies, das quais aproximadamente 7% esto alojadas em criatrios e zoolgicos.
Isto dimensiona a enorme variedade de animais, hbitos alimentares, necessidades
nutricionais, dietticas e comportamentais que o profissional deve buscar conhecer.(CUBAS et al., 2006).
O estabelecimento dos cardpios e dietas em cativeiro, apia-se apenas em
estudos de hbitos alimentares naturais. Estas publicaes, no entanto, informam
apenas o item alimentar que ingerido, ou seja, os alimentos, raramente informam
quanto, que parte dele, importncia daquele alimento dentre todos os consumidos,
composio em nutrientes como aminocidos, minerais e vitaminas ingeridos na
natureza e o papel fisiolgico dos diferentes alimentos consumidos. Este tem sidoum dos fatores responsveis pela ocorrncia de doenas nutricionais em cativeiro.
(CUBAS et al., 2006; CAVALCANTE et al., 2005).
Doenas nutricionais e metablicas so bastante comuns em rpteis
alimentados inapropriadamente. Tambm importante lembrar que, como muitos
dos repteis, so carnvoros ou insetvoros, dependem muitas vezes indiretamente
das dietas de suas presas. Por isso, a padronizao alimentar ocorrida em biotrios
algumas vezes causa uma deficincia em um ou outro item nutricional. (OLIVEIRA,2003).
Para aves domsticas a formulao de raes envolve o criterioso uso de
alimentos e subprodutos combinados de forma a fornecerem quantidades
adequadas dos nutrientes requeridos pelas aves. Na elaborao damaioria das
raes para aves silvestres, os valores de nutrientes encontrados nas diversas
tabelas de alimentos so extrapolados. Os valores tabelados dos nutrientes dos
alimentos para aves silvestres foram estabelecidos, em sua grande maioria, em
experimentos com aves domsticas, podendo no ser aplicveis para as aves
silvestres. (SAAD et al., 2008).
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O objetivo do presente trabalho realizar um levantamento bibliogrfico
referente as doenas sseas metablicas em animais silvestres.
DESENVOLVIMENTO
Nutrientes participam do metabolismo intermedirio como substrato e
cofatores de forma a manter as principais estratgias metablicas da clula: a
oxidao de molculas do alimento (carboidratos, cidos graxos e aminocidos)
para a sntese de compostos energticos; formao de poder redutor; sntese de
biomolculas. A falta de nutrientes leva as clulas a alteraes metablicas e
estruturais. O acmulo de danos celulares acaba por comprometer os tecidos e porfim a funo dos rgos, levando aos quadros clnicos de afeco nutricional.
(CUBAS et al., 2006).
O diagnstico das doenas nutricionais depende de uma adequada
anamnese, exame fsico e, dependendo de cada caso, de exames laboratoriais
especficos. A anamnese, deve incluir uma adequada e ampla investigao da dieta
consumida, avaliando todos os aspectos anteriormente comentados, O estudo
cuidadoso da dieta, inclusive com apoio de um laboratrio de anlise de alimentos ,uma maneira bastante efetiva de se chegar ao diagnstico presuntivo. (NELSON;
COUTO, 2010).
Segundo Cubas et al. (2006), as doenas nutricionais via de regra
apresentam sintomas clnicos semelhantes e em poucas situaes prticas o exame
clnico isoladamente permite a identificao de qual ou quais nutrientes esto em
falta ou excesso. A determinao do perfil nutricional da dieta consumida pelo
animal e sua comparao com valores de referncias para espcies domsticasconhecidas podem facilitar, a definio de suspeitas clnicas e orientar a solicitao
de exames laboratoriais auxiliares.
OSTEODISTROFIAS
O termo osteodistrofia vem do grego: osteo significa osso, dis significa
negao ou mal, troph significa alimento, portanto o termo significa osso mal
alimentado. As alteraes sseas do desenvolvimento acometem os ossos e as
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articulaes, sendo tambm denominadas alteraes osteoarticulares do
desenvolvimento. Estas podem ocorrer por alteraes na ingesto de clcio,
fsforo, vitamina D, protena, cobre, zinco, mangans e vitamina A. (CUBAS et al.,
2006).
O clcio e o fsforo funcionam como os principais elementos estruturais do
tecido sseo, estando mais de 99% do total do clcio corporal e mais de 75% do
total do fsforo nos ossos e dentes. Eles esto presentes nos ossos principalmente
como sais de apatita e como fosfato de clcio e carbonato de clcio. O clcio
tambm importante para a coagulao sangnea, excitabilidade de nervos e
msculos, on mensageiro intracelular, formao da casca do ovo, ativao
enzimtica e contrao muscular. (SWENSON; REECE, 1996).O fsforo est envolvido em quase todos os aspectos do metabolismo animal,
incluindo o metabolismo energtico (integrante da adenosina trifosfato - ATP),
contrao muscular, funcionamento do tecido nervoso, metabolismo de carboidratos,
gorduras e aminocidos, equilbrio cido-bsico, transporte de metablitos e na
estruturao de cidos nuclicos e da membrana lipoprotica das clulas. Nos ossos
estes minerais apresentam-se, principalmente, na forma de cristais de hidroxiapatita,
em uma relao aproximada de duas partes de clcio para uma de fsforo. (CUBASet al., 2006).
O papel determinante do clcio no funcionamento neuromuscular torna
necessrio que a concentrao plasmtica do elemento seja regulada. Dois
hormnios participam deste controle: o paratormnio tem como funo controlar a
calcemia. Ele secretado quando o clcio ionizvel plasmtico tende a diminuir e
sua secreo inibida quando o elemento aumenta em concentrao no sangue ou
quando a glndula paratireide capta uma elevao nas concentraes de calcitriol(dihidroxicolecalciferol, a forma ativa da vitamina D), ou seja, o paratormnio atua,
ento, quando o clcio da dieta baixo e existe uma tendncia sua diminuio
plasmtica. A calcitonina atua diminuindo a atividade de ostecitos e osteoclastos,
com isto diminuindo a sada de clcio dos ossos. Ela secretada pela tireide
quanto a glndula detecta aumento do clcio ionizvel plasmtico ou aps uma
refeio rica em clcio. (SWENSON e REECE, 1996).
A vitamina D atua elevando as concentraes plasmticas de clcio e fsforo,
aumentando a reteno orgnica destes minerais por meio de maior reabsoro
renal e maior absoro intestinal. (CUBAS et al., 2006).
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RAQUITISMO
O raquitismo e seu equivalente adulto, a osteomalcia, ocorre quando h
insuficincia de clcio e/ou fsforo para a mineralizao do osteide (porco
orgnica da matriz ssea) recm-formado em animais jovens em crescimento.
caracterizado por anormalidades na formao na placa epifisria de crescimento,
com reas no mineralizadas, desorganizao da arquitetura celular e retardo na
maturao ssea. (ETTINGER; FELDMAN, 2004).
A calcificao dos ossos retardada ou ausente, a vascularizao irregularatravs de canais defeituosos, a camada esponjosa da metfise ssea mostra
barras de cartilagem no calcificada. (NELSON; COUTO, 2010).
As causas mais provveis de raquitismo em animais silvestres so a
hipovitaminose D, (deficincia diettica), erro inato no metabolismo da vitamina D,
baixa disponibilidade de minerais na dieta, desnutrio e desequilbrio na relao
clcio e fsforo. (CUBAS et al., 2006).
Os animais acometidos podem apresentar claudicao, relutam em caminhar;fraturas ou encurvamento dos ossos longos, aumento das junes costocondrais e
das metfises evidentes, erupes dentria tardia, fraqueza, inquietao, sinais
neurolgicos (excitabilidade, tremor, convulso). (ETTINGER; FELDMAN, 2004).
Os achados radiogrficos caractersticos so epfises e metfises alargadas,
"em taa", com linhas de mineralizao irregulares, sem contornos definidos; atraso
na maturao, efeitos sobre os ossos em crescimento, arqueamento dos ossos
longos. (NELSON; COUTO, 2010).A preveno do raquitismo feita com a ingesto de alimentos que
contenham Ca, P e vitamina D e com a exposio luz solar; Para pacientes cujo
quadro se instalou pela falta desses fatores, a correo da dieta e a exposio diria
luz solar, so suficientes, podendo o tratamento ser auxiliado com lmpadas de
raios ultra-violeta. (OLIVEIRA, 2003).
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HIPERPARATIREOIDISMO NUTRICIONAL SECUNDRIO
um distrbio metablico secundrio em que a produo ssea normal,
mas a reabsoro ssea excessiva resulta em osteopenia (diminuio da densidade
mineral ssea) causada por dietas com excesso de fosfato e/ou deficincia de
clcio. Os animais acometidos em geral so alimentados principalmente com carne
e/ou tecido orgnico. Esse fato fornece fosfato adequado, mas clcio insuficiente, e
as propores Ca/P so de cerca de 1:16 a 1:35. (ETTINGER; FELDMAN, 2004).
Segundo Nelson e Couto (2010), o desequilbrio induz hipocalcemia, que
aumenta a secreo de hormnio paratireideo. A maior atividade paratireide tende
a normalizar as concentraes sanguneas de clcio e fosfato inorgnico aopromover a reabsoro mineral de osso, favorecer a absoro intestinal de clcio,
facilitar a excreo renal de fosfato. No entanto, a ingesto contnua da dieta
inadequada mantm o estado hiperparatireideo e causa desmineralizao
esqueltica progressiva e conseqentes sinais clnicos.
Os sinais clnicos observados so em animais jovens so claudicao,
relutncia em ficar em estao ou andar e dor esqueltica. As junes costocondrais
e as metfises podem parecer tumefadas, fraturas sseas podem seguir-se a umtraumatismo discreto, deformidade esqueltica (lordose, cifose, escoliose), paralisia
ou paresia podem resultar de compresso vertebral (CUBAS et al., 2006). .
Na radiografia observa-se menor densidade ssea e crtices finos, com ou
sem fraturas. As placas de crescimento esto normais, porm as metfises podem
ter forma de cogumelo. Ocorre uma rea de radiopacidade relativa nas metfises
adjacentes s placas de crescimento que representa a rea de mineralizao
primria. (ETTINGER; FELDMAN, 2004).Os animais acometidos devem ser confinados na primeira semana de
tratamento para diminuir o risco de fraturas e deformidades. Deve ser oferecido a
uma alimentao de boa qualidade nutricional. Para animais com acometimento
discreto, deve-se acrescentar carbonato de clcio suficiente para que se tenha uma
proporo de Ca/P de 2:1 por 2 a 3 meses; Em caso de acometimento grave a
administrao parenteral de gluconato de clcio pode ajudar a diminuir a dor e a
claudicao no inicio. (OLIVEIRA, 2003).
O emprego de frutas em excesso para quelnios e iguanas, conduz a
deficincia protica, podendo levar ao amolecimento do casco, e o entortamento dos
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ossos de iguanas, levando um quadro semelhante de osteoporose com
hiperparatireoidismo nutricional secundrio. (CUBAS et al., 2006).
OSTEOPOROSE
Caracteriza-se por uma doena que causa reduo na massa ssea, com
mineralizao normal dos ossos. uma doena causada por fatores primrios ou
dietticos, como a deficincia de protenas na alimentao ou por fatores
secundrios, como verminoses, enterite crnica, m absoro e hipotireoidismo.
(CUBAS et al., 2006).A inanio e a m nutrio levam interrupo do crescimento e
osteoporose, em parte devido reduo na formao ssea, pelas deficincias de
protenas e minerais. Na regio cortical do osso, verifica-se a presena de maior
porosidadee reduo na sua espessura. (OLIVEIRA, 2003).
Suas principais causas so a falta de uso dos ossos (paralisia, imobilizao,
confinamento, idade), hipoproteinemia (deficincia diettica, anorexia, caquexia).
(NELSON; COUTO, 2010).Pode-se observar osteoporose na deficincia de cobre (Cu), pois ele atua
como ativador da Lisil-oxidase, crupoenzima fundamental na biossntese do
colgeno sseo, assim devido a sua deficincia a integridade ssea fica
compro.Essa deficincia inicia-se quando as reservas hepticas comeam a se
esgotar e no possvel manter os teores normais de cobre no sangue. (CUBAS et
al., 2006; OLIVEIRA, 2003).
Os achados radiogrficos caractersticos so a diminuio da densidadessea, diminui a espessura da cortical (aumento do espao medular), trabculas no
absorvidas mais proeminentes, os ossos ficam mais leves, frgeis e quebradios,
animais jovens em crescimento apresentam retardo na transformao de cartilagem
em osso. (ETTINGER; FELDMAN, 2004).
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CONDRODISTROFIA
A condrodistrofia, ou desvio angular das patas, talvez seja a osteomegalia
mais frequente em animais silvestres. Essa afeco afeta diversas espcies de aves
em crescimento como gansos, cisnes, perus, pato, entre outras. (CUBAS et. al.
2006).
Segundo Cubas et. al. (2006), essa afeco caracterizada por m formao
da articulao tibiotarsal, encurtamento e espessamento da tbia. Ela resulta da
reduo da capacidade de crescimento da cartilagem epifiseal, associada a um
desarranjo da formao colunar das clulas e a uma proliferao da matriz da
cartilagem. O prognstico das aves afetadas desfavorvel, j que os animaispossuem dificuldades para se movimentar, ficando sem se alimentar, levando a
perda de peso e bito. (OLIVEIRA, 2003).
A condrodistrofia pode ser causada pela deficincia de alguns nutrientes
como, mangans, colina (aminocido encontrado em lipidios), zinco, vitaminas do
complexo B, excesso de Clcio e Fsforo ou desbalano na relao desses dois
nutrientes. Esta afeco tambm acomete filhotes alimentados com dietas com alta
energia e/ou alta protena, que ficam restritos a recintos pequenos, que limitam seuexerccio, eles apresentam o crescimento muito rpido e sobrepeso. (CUBAS et al.,
2006).
CONCLUSO
muito importante no manejo nutricional o conhecimento das necessidadesnutricionais dos animais silvestres e de seu comportamento alimentar levando em
considerao a seletividade dos alimentos em cativeiro. Devem-se obter
informaes a respeito da composio qumica e digestibilidade dos alimentos
oferecidos.
O tratamento das osteodistrofias tem como fator principal a correo da dieta,
estando diretamente ligada a mudanas no manejo nutricional de animais que so
mantidos em cativeiros.
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