Onde nascemOs santOs Fábricas no Pilarzinho e
Vista Alegre abastecem igrejas e fiéis de Curitiba e várias regiões do País.
Páginas 8 e 9
CRAQUE »
O Canhotinha de Ouro foi um dos melhores jogadores que já pisaram os gramados do Pilarzinho. Página 10
Ize, a história do baixinho driblador que
deixou saudade
O crack tornou-se o principal combustível para morte de adolescentes. Em 2009, Curitiba e Região Metropolitana registraram em média três assassinatos de garotos entre 12 e 18 anos por semana. Para autoridades, situação é um caso de saúde pública. Páginas 6 e 7
CRACk »droga já virou epidemia e está exterminando jovens
Do QuintalJulho de 2010 - Ano I - Número 1
Marco André Lima
Arquivo da família
Arquivo
Um jornal a serviço do nosso quintal
O Do Quintal surge com o objetivo de contar as histórias de ontem e de hoje do Pilarzinho, São Lourenço, Abranches, Mercês e Vista Alegre. Bairros que juntos concentram a maior parte e os mais visitados parques e bosques da cidade, o “coração verde” da capital. Pág. 16
O seu bairro pode mudar para melhor. E você pode ajudar.
Veja como na Pág. 5
Família Basso, há um século no Pilarzinho.
Ela chegou em 1888 à região e desde então é sinônimo de comércio no bairro. Pág. 3
Os perigos do crédito consignado
Cada vez mais aposentados e pensionistas recorrem a essa modalidade. Pág. 14
R$ 1,50
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
2 »
Um quintal verdeO Do Quintal surge com uma proposta simples,
mas ao mesmo tempo inovadora. A de
simplesmente fazer bom jornalismo e com isso
contribuir com a região que abrange no sentido
de informar sobre o que de mais importante
acontece por aqui, de lembrar a história
de quem veio antes de nós, de colocar em
evidência o que hoje há de bom – e enaltecê-
lo – e o que há de ruim – questionando e
cobrando soluções para os problemas.
O Do Quintal atuará nos bairros do Pilarzinho,
Vista Alegre, Mercês, Bom Retiro e São
Lourenço. A escolha não é por acaso. É
justamente esta região que concentra as
principais áreas verdes e parques da cidade. Ao
mesmo tempo, abriga áreas com uma história
centenária, onde famílias de várias partes do
mundo chegaram em séculos passados para
ajudar a construir o que é hoje a cidade de
Curitiba.
Antigamente eram chácaras, a partir das quais
os pioneiros iniciavam uma nova vida, longe
de seus familiares deixados do outro lado
do Oceano Atlântico. Com trabalho e muito
sacrifício, aos poucos os bairros se tornaram
o que são hoje. Muita coisa mudou, mas a
história de quem veio antes continua presente,
seja em nomes de ruas ou no sobrenome de
muitos moradores locais, que de certa forma
continuam a saga de seus ancestrais.
Hoje, a região é um ponto turístico que atrai
pessoas de todos os cantos do mundo.
Vêm em busca das belezas naturais e das
intervenções conscientes do homem, que
redundaram nas atrações como a Ópera de
Arame, Parques Tanguá, Tingui, do Alemão,
Gutierrez, São Lourenço, Pedreira Paulo
Leminski e outras. Numa cidade conhecida por
ecológica, pode-se dizer que este é o coração,
o “coração verde da cidade”.
Mesmo com essa importância, a região ainda
carece de obras que a torne melhor não
só para quem a visita, mas principalmente
para quem mora nela. Um passo importante
nesse sentido foi o anúncio da revialização
da Fredolin Wolf, do Santa Felicidade
ao Pilarzinho. Obra que o Do Quintal
acompanhará minuciosamente.
Ao mesmo tempo, em outra proposta inovadora,
o Do Quintal, trabalhará com duas faixas
etárias geralmente negligenciadas pela grande
imprensa: os adolescentes e os idosos. Em
relação aos primeiros, a partir das escolas
locais o jornal irá acompanhar o que vive o
jovem de hoje e tentará contribuir para um
melhor entrosamento entre os jovens e a
própria escola, a família e o bairro em que
vivem. Já os chamados da terceira idade, terão
no Do Quintal informações que interessam a
essa faixa etária, a que mais vem crescendo no
Brasil e no mundo, mas que ainda sente falta
de publicações que atendam aos seus anseios.
É com essas propostas que o Do Quintal
pede licença para entrar em seus lares.
Sabendo, porém, que elas só terão sucesso
com a participação dos moradores, seja
criticando, elogiando, dando sugestões, enfim,
participando. Só assim poderemos fazer um
jornal dos moradores para os moradores, ou
seja, um jornal com a cara do nosso quintal.
edItORIaL
Para incentivar o interesse dos jovens pela história do bairro, a Associação dos Moradores e Amigos do Abranches
(Amada) está promovendo um concurso de redação voltado aos estudantes dos colégios da região. Os melhores textos sobre persona-gens e fatos históricos do bairro serão reuni-dos em livro.
O presidente da Amada, José Gomes, diz que a idéia é que a partir do trabalho, os mais jovens conheçam um pouco mais da centená-ria história do Abranches. Ele explicou que há 27 anos foi realizada ação parecida, quando os estudantes da época também fizeram pes-quisas e colheram depoimentos de moradores mais antigos. O problema, porém, é que na época os relatos acabaram se perdendo. “Des-ta vez, as histórias vão virar um livro e ficaram preservadas”, explica José Gomes.
História do Abranches 2? »Apesar de o presidente da Amada dizer que
não restou registro dos trabalhos daquela épo-ca, o Do Quintal descobriu nos arquivos muni-cipais um dos textos feitos em 1983.
Trata-se do depoimento do morador Antô-nio Kucaniz, um comerciante aposentado e bis-neto dos primeiros colonos que vieram para o Abranches. Infelizmente, o nome dos estudan-tes que fizeram o trabalho foi riscado, sendo possível decifrar somente o nome “Roberto”. Ao lado, reprodução da página que consta no arquivo da Casa da Memória. Quem souber quem fo-ram os alunos que fizeram o trabalho ou tiver informações sobre Antônio Kucaniz, entre em contato conosco (Telefones 3527-0501 e 8819-8717. E-mail: [email protected])
Brochado »A rua Primeiro-Ministro Brochado da Rocha, que começa
na Hugo Lange e dá acesso à Universidade do Meio Ambiente, será completamente reformada, a partir de setembro. O anúncio foi feito pelo prefeito, Luciano Ducci, no último dia 31, duran-te a assinatura da ordem de serviço para as obras da Fredolin Wolf.
Mais um parque »Reforçando sua condição de “coração verde” da cidade, a
nossa região ganhará mais um parque. A Prefeitura anunciou que transformará uma área de 100 mil metros quadrados de uma antiga pedreira desativada na rua Gardênio Scorzato, no bairro Vista Alegre, em parque de preservação ambiental e de uso público. A intenção é tornar o local, que tem vegetação na-tiva e uma cachoeira, em espaço de contemplação, mas também para a prática de esportes radicais.
O prefeito, Luciano Ducci, informou que determinou à equipe do Meio Ambiente a elaboração de um projeto onde o visitante consiga interagir com as belezas naturais do parque.
Filtro verde »As florestas dentro de Curitiba têm 1,16 bilhão de toneladas
de carbono estocados em seus galhos, troncos, raízes e folhas. Isso representa 4,25 milhões de toneladas de dióxido de carbo-no (CO2) a menos no ar respirado pelos curitibanos. O levanta-
mento é da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS). A ONG fez na capital o primeiro estudo no Brasil que mostra a importância das florestas urbanas no combate ao aquecimento global, do qual o dióxido de carbono é um dos principais fato-res. O CO2 é retirado do ar pelas plantas.
Para se ter uma ideia do benefício das florestas para Curitiba, 4,2 milhões de toneladas de CO² são a quantidade liberada por cerca de 1 milhão de veículos circulando durante um ano e meio nas ruas da cidade.
Bom Negócio »Dezenas de empreendedores do Pilarzinho e Mercês, pes-
soas que já possuem uma empresa ou que pretendem criá-la, participaram , em maio e junho, do Programa Bom Negócio, da Prefeitura de Curitiba. A formatura foi no dia 30 de junho, no Estação Convention Center. Em 20 dias de aulas, os participan-tes aprenderam como aperfeiçoar a gestão de seus negócios. Os empreendedores certificados passam a ter acompanhamento de consultores especializados. No total, de 11 bairros atendidos no primeiro semestre, foram 450 formados. No segundo semestre, o programa atingirá mais nove bairros, entre eles o centro e o Bom Retiro. O curso é gratuito.
Mão única »A rua Coronel João Guilherme Guimarães, no bairro Mer-
cês, tornou-se mão única em um trecho de cinco quadras, com sentido da rua Myltho Anselmo da Silva para a Dr. Roberto Bar-roso. Segundo a Urbs, a intenção é garantir melhor fluidez do tráfego. A rua tem cerca de dois quilômetros de extensão e liga a Avenida Manoel Ribas, nas Mercês, à rua Claudio Manoel da Costa, no Pilarzinho. A rua ganhou também nova pintura e duas lombadas, na quadra entre a Desembargador Vieira Cavalcanti; e na quadra entre as ruas Solimões e Mamoré.
a história do abranches
Movido à mulaNa época em que os Basso chegaram à cidade, Curitiba
tinha recém-inaugurado seu primeiro sistema de transporte coletivo. Em novembro de 1887, a Empreza
Curitybana pusera em funcionamento o primeiro bonde, puxado por mulas. A foto, do acervo de Cid Stefani,
mostra um carro da linha Batel-Seminário na esquina das ruas XV de Novembro e Monsenhor Celso, e um guarda
civil. O registro foi feito em 1911. Dois anos depois, em 7 de janeiro de 1913, seria inaugurado o primeiro ônibus elétrico da cidade. Só em 1952 chegariam os
ônibus, primeiro movidos a gasolina e depois, a diesel, aposentando definitivamente o velho bonde.
A foto e outras de Cid Stefani estão expostas no mais antigo bar da cidade, o Stuart, na Praça Osório,
inaugurado em 1904 e ainda em funcionamento.
PIONEIROS
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
3 »
Arq
uivo
familiar
O armazém dos Basso, ao lado da Capela, em foto de 1959. Família tradicional do Pilarzinho, os Basso participam da história do bairro há mais de um século. Os primeiros representantes deles aportaram por esta região por vol-ta de 1888, vindos da Itália, numa das primeiras levas de imigrantes europeus que buscavam no Bra-sil oportunidades de crescimento pessoal. O casal Luiz e Rosa Bas-so se fixou inicialmente na região onde é hoje o bairro São Lourenço. Com a experiência que já tinham na lavoura, começaram a plantar milho, feijão e hortaliças nas no-vas terras, vendendo a produção no centro da cidade.
Com isso, criaram os filhos, que casaram e constituíram famílias. Um deles, Augusto, havia se ca-sado há poucos anos com Ângela Costa, quando, em 1918, comprou o armazém de secos e molhados do alemão Gustavo Born, ao lado da Capela Nossa Senhora do Pilar.
O comércio funcionava em uma casa de madeira, que ficava numa área que compreendia do atual posto de gasolina, na esquina das ruas São Salvador com a Desem-bargador José Carlos Ribas, até à Sociedade Primavera, na atual Do-mingos Moro.
Na época, toda a região era formada por chácaras. O armazém era a única casa comercial da re-gião. A venda de secos e molha-dos mais próxima ficava na Cruz do Pilarzinho, de propriedade dos Polak, uma das famílias polone-sas que vieram para o Paraná em 1871.
Na época, os produtos vendidos eram bem diferentes dos de hoje. Querosene era um dos principais, pois como ainda não havia luz elétrica, os moradores tinham que usar esse combustível para acen-der os lampiões ou lamparinas.
Com o comércio, o casal foi tocando a vida. Tiveram oito fi-lhos. Em agosto de 1938, vítima de câncer, Augusto morreu aos 54 anos, deixando Ângela, ou Angeli-na como era chamada pelos fami-liares, para cuidar dos filhos e do negócio.
BenjamimCom o tempo, os filhos mais
velhos buscavam seus caminhos, encontrando empregos em outras regiões. O sexto filho, Benjamim, também parecia seguir a mesma rota. Na maioridade, foi para o Rio de Janeiro servir ao Exército. Findo o tempo de serviço obriga-
tório, em 1950, porém, ele voltou para Curitiba, para auxiliar a mãe no negócio. Tinha a ajuda do ir-mão José, o Bepe, e da irmã ca-çula, Leonilda, que até hoje traba-lha no local. E por ali continuou, assumindo a empresa após a mãe retirar-se da vida no comércio.
Benjamim casou-se em 1953 com Lídia Pilati.
Na época em que Benjamim assumiu o negócio, o bairro ainda carecia de infra-estrutura básica, oferecendo poucos serviços aos moradores. Com isso, muitas ve-zes, ele tinha que usar sua cami-nhonete F 100 para fazer um tipo de serviço social, como transportar famílias, levar doentes a hospitais, fazer carretos para os clientes etc.
FerragensEm 1962, Vitório Pilati, casado
com uma das filhas de Augusto, Catarina Basso, entrou na socieda-de no armazém. A sociedade du-rou até 1988, quando o armazém ficou trabalhando somente com os produtos com que trabalha ate hoje, e a parte de ferragens, ferra-mentas e materiais de construção ficou com o sócio, dando origem à Fermatti Materiais de Construções, vizinho ao supermercado.
Desde o início do século pas-sado, o atual supermercado fun-cionava em uma antiga casa de madeira. O atual prédio só seria construído na década de 1970.
Benjamim e Lídia tiveram cinco filhos. O mais velho, Renato Olivir é engenheiro florestal e trabalha em Sinop (MT); o quarto, Ronei, é funcionário do Banco do Brasil. Os demais, Joceli, a segunda filha, Ru-bens, o terceiro, e Janete, a caçula, assumiram o negócio em 1988.
Lídia faleceu precocemente, aos 60 anos, em 1990. Tempos depois, ele se casaria com Terezinha Ma-canhão.
Nos últimos anos, Benjamim enfrentou um câncer, e quando estava quase curado, surgiu o al-zheimer. Com isso, ficou 16 meses hospitalizado, alimentando-se por aparelhos. Em maio último, ain-da em estado vegetativo, ele teve alta do hospital e foi levado para a casa da filha Janete. Ele está com 83 anos, completados em 15 de janeiro.
Apesar da tristeza com o esta-do do pai, os três filhos e a irmã Leonilda dão continuidade ao tra-balho de Benjamim e à história dos Basso no Pilarzinho.
Basso, uma história centenária
Se um jovem de hoje viajasse no tempo e
entrasse no Armazém Basso nos anos 50
se depararia com uma série de produtos
nas prateleiras que nem saberia para que
serviam. O querosene, por exemplo, era um
campeão de vendas. Mas, compravam o
produto não para usá-lo na limpeza como
hoje. Antes, ele era usado para iluminar as
casas. Numa época em que ainda não havia
chegado a luz elétrica à região, ele era o
combustível para os lampiões e lamparinas.
Um dos artigos mais curiosos que se vendia
naquele tempo era a tripa de porco. Rubens
Basso explica que a “tripa seca” era usada
para se fazer salame e outros embutidos,
muito consumidos pelos moradores de
então. Outra mercadoria que não podia
faltar era o fumo de rolo, opção para os
fumantes numa época em que nem se
imaginava que um dia até fumar em bares
seria proibido.
Os produtos oferecidos atendiam às
necessidades básicas da região, que ainda
era formada por chácaras onde se produzia
a maior parte dos alimentos consumidos.
Então, vários produtos hoje comuns no
mercado, como milho e seus derivados,
batata, leite, frutas, hortaliças, ovos, óleo
(usava-se banha) e carnes in natura não
eram oferecidos. Em compensação, como
ninguém tinha geladeira, vendia-se muito
charque e torresmo. Lenha, ferramentas
para a lavoura, materiais para construção,
cera, louças e panelas também tinham
muita saída, assim como linhas, agulha,
cordas para amarrar animais, uma infinidade
de miudezas para o lar e até roupas rústicas.
Nesta época, o Basso também comercializava
galinhas, mas não como hoje, depenadas,
cortadas, limpas e às vezes até temperadas.
Na época, elas eram vendidas vivas. Ao lado
do mercado, havia um cercado, onde os
clientes escolhiam a que levariam para casa,
para botar ovos ou para virar o prato do dia.
Quem não deve sentir saudade dessa época
são as mulheres. Antes de levar um
galináceo ao fogo, elas tinham primeiro que
matá-lo, depois depená-lo em água fervente,
cortá-lo, limpá-lo e temperá-lo, e só então
colocar o bicho na panela ou no forno. Sem
contar, claro, o trabalho para acender o fogo
feito com lenha. Melhor hoje, não? (DSF)
Tempos de tripa e queroseneLeonilda e os sobrinhos Rubens eJoceli em frente ao atual prédio.
Família chegou da Europa no século XIX e fincou raízes na região
O casal Luiz e Rosachegou da Europa em 1888.
Casamento de Angelina com
Augustinho,pouco antes da
compra do armazém.
Benjamim e a esposaLídia em foto de 1985.
Arquivo familiar
Mar
co A
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Revitalização da importante é desejo antigo dos moradores da região
JÁ ERA HORA
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Os moradores do Pilarzinho, São João e Santa Felicidade têm um bom motivo para comemo-rar. Depois de anos e anos de espera, finalmen-
te começaram, na manhã do último dia primeiro, a re-forma e o alargamento da Rua Fredolin Wolf, uma das mais importantes vias da região. Esburacada, estreita, em grande parte sem acostamento e calçadas, além de enfeiar a região que concentra algumas das principais atrações turísticas da cidade, a Fredolin como está é um risco diário principalmente para pedestres e ciclis-tas. Com a assinatura da ordem de serviços pelo pre-feito Luciano Ducci, no último dia 31, esta situação tem data para estar completamente resolvida: 31 de maio de 2011.
Este é o prazo que o consórcio vencedor da licita-ção, formado pela empresa paranaense Gaissler Mo-reira e a argentina Dos Arroyos, tem para entregar os 7.765 metros de obras entre a Manoel Ribas, no Santa Felicidade, e a Nilo Peçanha, no Pilarzinho, abrangen-do trechos também das ruas Saturnino Braga, Domin-gos Moro e São Salvador. O projeto, orçado em R$ 17.914,90 prevê pistas de 7 a 11 metros de largura, recape completo, calçadas com ciclovias em todo o trecho, nova rede de drenagem, nova sinalização e plantio de 800 árvores. As obras fazem parte do pro-grama Pró-Cidades, que tem financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contra-partida de 50% do município.
A Prefeitura diz que com a revitalização consolida-rá uma nova alternativa de acesso rápido entre Santa Felicidade, São João e Pilarzinho, beneficiando uma população de 80 mil pessoas, melhorando também os acessos aos parques Tanguá e Tingui e a saída da Ópe-
ra de Arame, cartões-postais de Curitiba localizados entre o Abranches e o Pilarzinho.
Poucas desapropriações »Apesar da extensão da obra, a sua execução não
exigirá grandes desapropriações, como explica o chefe do setor de Projetos Viários do Ippuc, Márcio Augusto de Toledo Teixeira. Segundo ele, ao todo serão nove desapropriações, mas todas de pequenas áreas. Marcio Teixeira explica que na própria concepção do projeto foi buscado o mínimo de intervenção em propriedades particulares. Daí o fato de a via ser projetada para ter várias larguras, de sete a 11 metros, conforme as pe-culariedades de cada trecho. Na Domingos Moro, por exemplo, ficará em sete metros. Da Saturnino Braga até o Parque Tingui, ela terá 11 metros, com duas faixas de tráfego por sentido e estacionamento. Do Tingui até a Rua José Ribeiro de Cristo, serão nove metros, com duas faixas subindo e uma descendo, e estacionamen-tos em alguns pontos. Da José Ribeiro de Cristo até Nilo Peçanha, sete metros de pista e remansos (estacio-namentos em forma de baias) em alguns locais.
A maior desapropriação será no Bairro São João, na confluência da Fredolin com a rua Ari José Vale. Ali será desapropriado um grande terreno, onde será construído um “bolsão de retorno” para os veículos.
Márcio Teixeira explica que os proprietários de ter-renos a serem atingidos pelas obras serão chamados pela Prefeitura para conversar sobre os detalhes da desapropriação e indenização. No caso de muros que precisem ser afastados, a Prefeitura se encarregará de derrubá-los e reconstruí-los no novo local, sem custos para o proprietário.
As equipes estão trabalhando em dois trechos da avenida,
entre as ruas Edson Campos Matesich e Ari José Valle,
em Santa Felicidade, numa extensão de 480m, e entre as
ruas Graziele Wolf e Melchíades Silveira do Valle, no bairro
São João, próximo ao Parque Tingui, numa extensão de
670m. Os dois trechos foram bloqueados totalmente e nos
próximos dois meses, os motoristas terão que passar por
desvios, que estão sinalizados.
No primeiro trecho de obras, o desvio é feito pelas ruas Edson
Campos Metesich, Praxedes Silva Avelleda e Edison Nobre
de Lacerda, para quem vem de Santa Felicidade para o
bairro São João. No sentido contrário, o desvio é feito pelas
mesmas ruas. Parte do segundo trecho de obras opera em
meia pista. A partir da rua Graziele Wolf, o bloqueio é total e
o desvio é por ela (Graziele Wolf) e pela Raposo Tavares, na
divisa com o município de Almirante Tamandaré. Também
neste caso, o desvio é o mesmo nos dois sentidos.
Moradores, comerciantes e a população em geral deverão
estar atentos às informações a respeito do andamento dos
trabalhos. Sempre que houver necessidade de desvios,
eles serão sinalizados. Pedestres e ciclistas também
devem estar atentos à sinalização. Por enquanto, não
há mudanças nas linhas de ônibus, mas os usuários das
linhas que utilizam as vias também precisarão observar os
informativos quanto a possíveis alterações temporárias nos
itinerários, caso seja necessário durante o período de obras.
Comerciantes e moradores da região terão acesso aos seus
imóveis.
Finalmente, a reforma da Fredolin
Bloqueios exigem atenção
Início das obras: 1.º de junho de 2010
Previsão de término: 31 de maio de 2011
A avenida será alargada e terá de sete
até 11 metros, conforme o trecho
Ciclovia compartilhada com sinalização exclusiva.
Rampas para idosos e pessoas com deficiência
Vários cruzamentos terão faixa adicional
para conversões à esquerda
Rotatórias em alguns cruzamentos
Do Parque Tanguá até a rua Grazielli Wolf haverá duas faixas
para quem segue em direção a Santa Felicidade.
Como ficará a “nova Fredolin”
JÁ ERA HORA
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
5 »
Revitazada, a Fredolin Wolf deverá ser um convite ao pedalar. Os
ciclistas terão uma ciclovia compartilhada com os pedestres
nos 7,6 km da obra. Para incentivar a boa convivência entre
pedestres e ciclistas, todo o trecho terá uma sinalização
especial, baseada num manual de sinalização exclusiva
elaborado pelo IPPUC.
A ciclovia da Fredolin será interligada futuramente com a que
está em fase de licitação na Toaldo Túlio. Com as duas obras
concluídas, será possível ir de bicicleta, com segurança, da
Ópera de Arame até a BR 277. Ou seja, não haverá mais desculpa
para quem alega não usar bicicleta por falta de uma via
apropriada na região.
Quando anunciadas as obras de revitalização da Fredolin Wolf, os
moradores e comerciantes ao redor da Capela Nossa Senhora
do Pilar já tinham uma pergunta na ponta da língua: como
ficará a confluência das as ruas Domingos Moro, São Salvador
e Bruno João da Silva ? É que este local é considerado um dos
mais perigosos da região. Como não há sinalização ou redutor
de velocidade, e como os motoristas não têm visão da pista
contrária devido à curva fechada e ao prédio da Capela, é um
perigo constante. Principalmente para as centenas de crianças
que estudam no Bento Munhoz e outras escolas da região, que
têm que passar pelo local diariamente.
A equipe do Do Quintal apurou junto ao Ippuc o que está
projetado para o local. O chefe do setor de projetos viários
do órgão, Márcio Teixeira, adiantou que, além da sinalização,
será construída uma meia lua, ou uma meia rotatória, no
cruzamento. Com ela, os motoristas que vêm pelos dois
sentidos da Domingos Moro ou da São Salvador em direção à
Nilo Peçanha, terão um local de parada para fazer a confluência.
Já para aumentar a segurança dos pedestres, estão previstas a
construção de duas “ilhas” do lado da São Salvador, que serão
bases para a travessia.
Para a abrir espaço para as mudanças, será necessária a
desapropriação de uma faixa do terreno que fica na esquina
da São Salvador com a Bruno João da Silva. Segundo Marco
Teixeira, será desapropriada uma faixa de três metros. O corte
abrangerá uma dezena de velhos cedros. Como, porém, essa
árvore não é nativa, e portanto não está protegida de corte
como no caso do Pinheiro do Paraná, a prefeitura espera não ter
entraves para a desapropriação.
Curva da capela preocupa
Convite ao pedalar
“O Brasil para na faixa. Só falta Curitiba”. A pla-ca, em cima de um triciclo, fica diariamente ex-posta em frente à Opera de Arame, alertando os motoristas que passam pela João Gava para que respeitem a faixa de pedestres no local. Raros, porém, são os que fazem isso.
Autor da placa, o comerciante Jairo Araujo da Cunha, conhecido como o Gaúcho da Ópera, iniciou a campanha há quatro anos, após cons-tatar diariamente os problemas de moradores e de turistas para atravessarem a movimentada via. Proprietário de uma loja de lembranças em fren-te à Ópera, ele promoveu nos últimos meses um abaixo-assinado que reuniu o nome de cinco mil pessoas, entre turistas e moradores da região, pe-dindo a construção de uma passarela elevada no local.
O documento foi entregue em maio à Câ-mara Municipal. O vereador Professor Galdino (PSDB), que encaminhou o pedido, disse que a Prefeitura considerou mais eficiente a instalação de uma lombada eletrônica e que o secretário de governo de Curitiba, Luiz Fernando Jabur, lhe ga-rantiu que ainda em junho ela seria instalada.
Jairo da Cunha diz que agora a expectativa é pela instalação do equipamento o mais rápido possível, isso porque o radar que havia no local foi retirado justamente para dar lugar à lomba-
da eletrônica. Sem ela, a velocidade média dos veículos aumentou, agravando o problema para os pedestres atravessarem a via em horários de maior movimento.
O novo equipamento obrigará o motorista a diminuir a velocidade para 40 km/h e o penaliza-rá, caso exceda o limite estipulado.
Campanha »O desrespeito à faixa de pedestres é um pro-
blema crônico no Brasil e responsável por grande parte dos mortos e feridos no trânsito urbano. No ano passado, por exemplo, o tema da Campanha Nacional do Trânsito foi justamente esse. Em Curitiba, foi lançada a campanha “O trânsito é de todos, a faixa é do pedestre”. No material educa-tivo, orientava-se o pedestre a atravessar na faixa e o motorista a respeitá-la. Para quem atravessa a faixa, a orientação é que nos cruzamentos sem semáforo a pessoa faça um sinal com a mão, in-dicando aos motoristas a intenção de atravessar para que ele pare o carro. Onde há semáforos é preciso respeitar o sinal.
O artigo 214 do Código de Trânsito Brasi-leiro (CTB) prevê, desde 1998, a penalização para quem desrespeitar a faixa de pedestres. A multa é de R$ 192 e mais a perda de sete pontos na carteira de habilitação.
João Gava terálombada eletrônica em frente a Ópera
Gaúcho da Ópera: campanha para fazer o curitibano parar na faixa de pedestres.
Um dos problemas mais generalizados no Abranches é a questão do trânsito. Ruas esburacadas, falta de calçadas e si-nalização deficiente são um perigo constante.
Os alunos da Escola Estadual Sebastião Saporski, na rua Maria de Lourdes Mickosz, entre o Abranches e o Taboão, convivem com o problema inclusive em frente ao estabele-cimento de ensino. Só há calçada numa faixa estreita do lado do colégio. Já do outro lado, além de não haver espaço para pedestres, uma extensa erosão na lateral da pista torna o tre-cho ainda mais perigoso. Também trafegam ônibus em alta velocidade pela rua, que desemboca na Rua Mateus Leme, centenas de metros depois, ao cruzar a Rua José Carlos Ri-beiro Ribas.
A diretora Mercedes Antônia Gonçalves diz que já can-sou de pedir providências. Única escola estadual na região, a Sebastião Saporski mantém cerca de mil alunos do ensino fundamental e médio.
O trecho também não tem local para estacionamento. Para poder abrigar parte dos carros dos professores, a comu-nidade escolar teve que improvisar um espaço até então to-mado por mato, bem em frente ao colégio.
A diretora Mercedes Gonçalves em frente ao colégio: risco diário de acidente.
Perigo diário
Projeto inovador põe os próprios moradores para definirem o futuro do local onde vivem
XXXXXX
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
6 »
Com pouca divulgação, sem estardalhaço, está começando por qua-se toda a cidade uma ação que poderá transformar profundamente, para melhor, os bairros e a própria relação dos moradores entre si e
com os locais em que vivem. Trata-se do projeto Rede de Desenvolvimen-to Local, coordenado pelo Sesi, mas elaborado pela própria comunidade. Ou seja, são os próprios moradores que apontam as carências de sua re-gião, definem soluções e, juntos, trabalham para que elas virem realidade.
Dentre os bairros abrangidos pelo Do Quintal, os pilarzienses estão numa etapa adiantada do projeto. Grupos de moradores já estão traba-lhando para transformar, em dez anos, o Pilarzinho no bairro de seus so-nhos.
O projeto foi lançado em 2007 pela Rede de Participação Política do Empresariado do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep/Sesi), atingindo as principais cidades do interior. Neste ano, chegou a Curitiba, onde pretende atingir 70 dos 75 bairros da cidade.
A ação é simples, mas pode ter resultados formidáveis e permanentes. Tudo começa com os agentes comunitários, estudantes universitários
treinados pelo Sesi, que contatam líderes locais, presidentes de associa-ções, enfim, pessoas ativas do bairro.
Estas, por sua vez, convidam outras pessoas que se interessam pelo fu-turo do local onde moram, que por sua vez chamarão outras, formando uma rede representativa do bairro.
A partir deste núcleo, iniciam-se as reuniões, onde os moradores proje-tam como gostariam que o bairro fosse em 2020. Nas reuniões seguintes, são levantados as carências do bairro, o que ele tem a oferecer e traçados planos para se chegar ao “bairro dos sonhos” dos moradores. A última fase é colocar tudo isso em prática.
No Abranches, Vista Alegre e Mercês, as agentes comunitárias estão na fase de mobilizar os líderes locais para participarem do projeto. No São Lourenço, a agente está sendo treinada para em seguida iniciar o trabalho local. Já no Pilarzinho, a primeira etapa começou em março e agora os par-ticipantes já estão trabalhando para colocar em prática as primeiras ações rumo ao bairro de seus sonhos.
Como participarSe você quer também contribuir para
deixar o seu bairro um local melhor
para se viver, entre em contato com
o agente de sua área e fique sabendo
como participar:
Abranches: Mariana Daros.
Telefone: 9608-3822.
E-mails: [email protected] e
Pilarzinho: Michelle Norberto, telefone
9982-9284 e Vinicius (9960-3350)
ou pelos e-mails
Mercês: Camila Braga Karam,
telefones 3271.7423 e 8803-7781.
E-mail: [email protected]
São Lourenço: A agente está em fase
de treinamento. Tão logo termine,
será divulgado o seu contato.
Vista Alegre: Fernanda B. Penteado.
Telefone: 8841-2779.
Informações sobre o projeto e seu
andamento nos bairros estão no site
www.rededeparticipacaopolitica.org.br
A Rede de Desenvolvimento do Pilarzinho deu no último dia primeiro de junho o passo mais importante rumo ao “bairro dos sonhos”. Neste dia foi celebrado o pacto dos participantes em tor-no dos objetivos comuns. Os grupos de participantes apresenta-ram oito ações em várias áreas a serem implantadas até outubro deste ano. Os coordenadores dos grupos agora estão em busca de pessoas do bairro que se disponham a participar das ações. Veja a seguir a lista das primeiras ações para começar a melhorar o bair-ro. Escolha uma ou mais ações em que você queira contribuir de alguma forma – mesmo que seja só para apoiar a iniciativa - e en-tre em contato com os agentes do Sesi no Pilzarzinho, Michelle Norberto, telefone 9982-9284 e Vinicius (9960-3350) ou pelos e-mails [email protected] ou [email protected], para ser encaminhado ao grupo respectivo.Seja você também um membro atuante da comunidade:
1 - Cães abandonados – Está se formando uma comissão para buscar soluções para o problema de cachorros soltos na rua. O primeiro passo é uma campanha de castração de cães e de cons-cientização dos moradores para não abandonar os animais.
2 - Alfabetização de idosos – Aulas já estão sendo ministra-das para 12 pessoas. Idéia é ampliar o trabalho.
3 - Fortalecimento do comércio – Intenção é criar uma asso-ciação comercial para unir os comerciantes e mostrar aos morado-res locais que eles podem fazer a maior parte de suas compras no próprio bairro.
4 - Lazer da terceira idade – Coordenado pela professora Sô-nia Brush, já existe um grupo que realiza passeios mensais com idosos. Intenção é ampliar essa ação.
5 - Comissão de segurança – Grupo está buscando soluções para o problema da criminalidade no bairro. Primeiro passo é um levantamento junto ao comércio local sobre a incidência de cri-mes na região nos últimos meses.
6 - Fortalecimento da Associação dos Pais e Mestres- Inten-ção e divulgar a importância da participação dos pais no dia-a-dia das escolas do bairro.
7 - Feiras de ciências e cultura – Grupo de alunos do colégio Bento Munhoz puxa a iniciativa de abrir as escolas nos finais de semana para realização de eventos voltados à comunidade.
8 - Saneamento do Clube Golfinho – Amplo espaço abando-nado na Rua São Salvador virou foco de proliferação de doenças. Grupo busca solução para o problema.
O projeto articulado pelo
Sesi é uma ótima
chance dos jovens locais
colocarem em prática o
chamado “protagonismo
juvenil” . O termo,
incorporado à educação
pelo pedagogo mineiro
Antônio Carlos Gomes
da Costa, designa o
papel de frente que os
adolescentes poderiam
– e deveriam – ter em
relação ao seu meio. O
educador defende que
o jovem deve participar
ativamente do meio
social, mobilizando-se por
melhorias da comunidade
onde vive, contribuindo
assim para o seu próprio
crescimento pessoal.
E o projeto de
desenvolvimento
comunitário criado pelo
Sesi é um espaço perfeito
para o jovem demonstrar
o que acha do bairro, o
que considera que deve
ser criado ou melhorado.
E o que pode fazer para
que isso aconteça.
Membros do Grêmio
Estudantil do Colégio
Bento Munhoz
perceberam isso, e estão
participando ativamente
do projeto do Pilarzinho.
Entre as propostas que
o grupo defende, e já
está lutando por isso, é
a de que o colégio abra
aos finais de semana
para realização de feiras
de ciências e eventos
culturais.
Jovens que têm idéias para
melhorar a região onde
moram devem entrar em
contato com o agente
comunitário de seu
bairro, pelos telefones
divulgados nesta edição.
construindo o bairro dos sonhos
Uma das reuniões no Colégio Bento Munhoz: união para melhorar o bairro.
A hora do jovem mostrar sua voz
Força jovem: membros do Grêmio Estudantil do Bento
Munhoz trabalham por um bairro melhor.
as ações estão em cursoe todos podem contribuir
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Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
7 »
Entre as pessoas inconformadas com algo errado, há basicamente
dois tipos: as que reclamam, mas não fazem nada para mudar
a situação; e as que arregaçam as mangas e vão à luta. A
professora Sônia Brusch faz parte deste segundo grupo. Mesmo
tendo seu dia tomado por dois empregos, uma pós-graduação
e tendo que cuidar dos dois filhos adolescentes, ela ainda
consegue tempo para se dedicar à melhoria da qualidade de
vida dos moradores do bairro onde vive, o Pilarzinho.
Professora de História e lecionando para sete turmas do ensino
fundamental no Colégio Estadual Bento Munhoz, Sônia
se indignou com o que acontecia a 100 metros da escola.
Ela presenciou o atropelamento de uma criança por um
motociclista, quando a aluna ia para o ponto de ônibus da rua
Hugo Simas, próximo à Cruz do Pilarzinho. Dias depois, estava
envolvida numa campanha para melhorar a segurança no local.
Com seus alunos, produziu cartazes sobre segurança no trânsito
e puxou um abaixo-assinado de pais pedindo providências.
Depois de uma maratona por órgãos públicos, ela conseguiu
que uma equipe da Diretran avaliasse o que poderia ser feito.
Decidiu-se transformar a lombada que havia a cerca de 50
metros do semáforo, na confluência com a Hugo Lange, numa
‘travessia elevada para pedestres”. Nos primeiros dias, foi tudo
bem, pois os agentes de trânsito estiveram no local. Hoje,
porém, são raríssimos os que param na faixa. Sônia voltou
a pedir providências à Diretran, e foi informada que estão
estudando uma nova ação, que poderia ser até a instalação de
um radar ou câmaras para flagrar as infrações. A professora
está aguardando.
Primeiras letras »Sônia dá aulas no Bento Munhoz à tarde e à noite. De manhã
trabalha na Unidade de Saúde Vista Alegre. E foi ali que ela
conheceu o senhor Sebastião Barbosa, de 72 anos. Num dia, ele
comentou que seu sonho é de um dia poder tirar uma carteira
de identidade que não tenha o carimbo “analfabeto”. O fato
comoveu a professora. Sabendo que haveria mais pessoas
iletradas no bairro, ela fez cartazes e anunciou que daria aulas
de alfabetização de graça. Isso foi em março. Hoje são 12
pessoas que três vezes por semana se reúnem numa sala do
Bento Munhoz para dar os primeiros passos no universo das
letras.
E isso tudo não cansa? Sônia diz que sim, mas que é gratificante.
“Estou fazendo bem para mim e para eles”, diz ela. A professora
afirma que nada paga ver a alegria e o brilho nos olhos dos
idosos que, de certa forma, começam uma nova vida ao
aprender a escrever.
Uma vez por mês, a professora leva os alunos para um passeio.
Para não haver custo para os alunos, ela conseguiu parceiros
no bairro: a empresa de ônibus Nossa Senhora do Carmo cede
ônibus, motorista e combustível ; e a panificadora Companhia
do Pão doa pães, bolos e salgadinhos para a confraternização.
Ou seja, tudo foi conseguido pela própria comunidade. Faltava
apenas alguém que tomasse a frente.
E o que poderia ser feito se houvesse dezenas ou centenas de
Sônias por aqui? Vale pelo menos uma reflexão, não? (veja
no www.doquintal.com.br, mais detalhes sobre o trabalho e o
depoimento dos alunos da professora Sônia). (DSF)
Professora dá exemplo
Sim, nós podemos!
O escândalo na assembléia
Da redação
Uma das propostas tiradas dos encontros dos moradores do Pilarzinho foi a de lutar pelo fortalecimento do comércio local. A
idéia é que um comércio forte e bem diversifica-do atrairia mais moradores a fazerem boa parte de suas compras por aqui mesmo, evitando des-locamentos desnecessários para o centro ou ou-tras regiões da cidade. Ou seja, seria bom para os moradores locais, para os comerciantes e até para o trânsito na área da central, que seria em parte desafogado.
Para se chegar a esse objetivo, o primeiro pas-so está sendo juntar os empresários para criarem a Associação Comercial, Industrial e Empresarial do Pilarzinho e Região (Aciep). Até foi lançado um site, o www.aciep.com.br, que já recebe ade-sões e informa sobre os objetivos da iniciativa.
Uma das coordenadoras da ação é a sócia-pro-prietária da papelaria Jollis, na Hugo Simas, Lore-na Drescher. Segundo ela, a idéia surgiu ao perce-ber que há um grande potencial comercial ainda
não explorado no bairro. E que, unindo as empre-sas, seria possível realizar ações para fortalecer o setor e atrair mais clientes e consumidores.
Uma delas, por exemplo, poderiam ser pro-moções conjuntas de todo o comércio. Outra possibilidade, seria unir esforços para lutar pela instalação de agências bancárias e dos correios no bairro. Sabe-se que muita gente que vai ao banco no centro, acaba fazendo compras por lá, não devido ao preço ou qualidade do produto, mas por já estar por lá mesmo. Ou seja, a simples existência de serviços bancários já ajudaria a in-crementar as vendas locais.
Lorena lembra, porém, que por enquanto o objetivo é unir os comerciantes para criar a asso-ciação e só então é que serão definidas as ações . A primeira reunião para expor os objetivos da associação foi no dia 2 de julho. Quem não parti-cipou, mas quer se associar ou saber mais sobre a iniciativa, entre no site ou ligue para um dos três coordenadores: Lorena (33390010), Amarilda (8820-0007) e Adélcio (8853-3806).
Pilarzinho quer criar associação comercial
Lorena Drescher: união para
fortalecer o comércio e o
bairro.
Primeiras letras: professora Sônia orienta o aluno Sebastião.
DSF
DSF
Desde março, os paranaenses acompanham o es-cândalo de corrupção na Assembléia Legislativa que, segundo a série de reportagens do jornal Gazeta do Povo e da RPC-TV, seria responsável por uma sangria de mais de R$ 100 milhões nos cofres públicos. Além da indignação diante do que seria o maior desvio de dinheiro público da história do Paraná, chama atenção a falta de mobilização da população. O próprio pre-sidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM) disse, em maio, que não havia pressão popular para que ele deixasse o cargo. É hora do eleitor cobrar uma postura
ética do deputado em quem votou. Para acompanhar o que ele vem fazendo na AL, acesse o site WWW.vi-gilantesdademocracia.com.br, do Sistema Fiep. Já para manifestar sua indignação contra os “fantasmas da As-sembléia”, participe da campanha “O Paraná que que-remos”, organizada pela OAB/PR, e que já havia reu-nido até 30 de junho, o apoio de 1.353 empresas, 577 entidades de classe e 31.399 pessoas. Para apoiá-la, acesse o site WWW.novoparana.com.br. Se nada disso resolver, aí então só restará ao eleitor mostrar o cartão vermelho em outubro a quem não o respeita. (DSF)
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Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Há três décadas, ex-seminarista produz imagens de santos para igrejas e fiéis
Pilarzinho de todos os santosSão Francisco de Assis, barba bem aparada e com passarinhos ao redor,
observa Nossa Senhora Aparecida, que ao lado tem santo Antônio à espera da próxima moça que irá lhe pedir um marido perfeito. Logo
adiante, a Virgem de Guadalupe divide espaço com Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que passa o tempo a abençoar a cidade que a escolheu como padroeira. Para os descrentes, a cena pode parecer ficção. Mas, é pura rea-lidade numa rua bucólica do Pilarzinho. Ali, na Humberto de Campos, 56, estes e mais uma infinidade de outros santos e santas esperam tranquilos para viajar. Em breve irão estar em igrejas de Curitiba e região ou em resi-dências de várias partes do país e do exterior.
A façanha de reunir tanta santidade em tão pouco espaço é da família Joly. Nos anos 70, Vilson Joly, um ex-seminarista, concluiu que embora sentisse não ter vocação para seguir carreira eclesiástica, poderia continuar no caminho religioso a partir da reprodução das imagens de santos cató-licos. Ali surgia a semente, como o grão de mostarda da passagem bíblica, que germinaria e se tornaria anos depois uma respeitada fábrica de ima-gens de santos.
O começo não foi fácil. Após fazer um curso de pintura em gesso,Vilson começou a adquirir as peças, pintá-las e vendê-las. Nesta época, ainda nos anos 70, saía humildemente de casa com uma sacola com suas primeiras produções para oferecer para as paróquias de Curitiba. A qualidade das re-produções foi o suficiente para que o negócio prosperasse. Daí a produzir suas próprias peças foi um passo.
O negócio cresceu e, ao lado de Vilson passaram a trabalhar o seu ir-mão, Eduardo, o Dudu, a irmã Neuza Maria e a mãe, dona Carmem. Logo foi necessário contratar funcionários para atender à demanda. Há dois anos, o irmão abriu uma subdivisão na empresa, passando a atuar na área de forros e decoração em gesso (veja matéria ao lado).
Avesso à publicidade, Vilson pediu para não ser fotografado pela re-portagem do Do Quintal e nem quis informar qual o número de santos produzidos e vendidos atualmente por mês. De qualquer forma, a quan-tidade é menor do que a de alguns anos atrás, devido à concorrência com as imagens feitas em polietileno e pintadas industrialmente. Mas, Vilson tem uma clientela fiel entre paróquias de Curitiba e região. Como são pe-ças frágeis, difíceis de transportar, Vilson diz não ter interesse em buscar mercados distantes.
Mesmo assim, os seus santos já chegaram a vários países das Américas e da Europa, levados por turistas ou viajantes que passaram por Curitiba nos últimos 30 e poucos anos.
Vilson só afirma que a quantidade que ele comercializa é justamente aquela que ele tem condições de produzir e por isso não tem interesse em aumentar sua clientela. “Nunca pensei em ficar rico com isso”, resume.
Mais falante, o irmão Dudu diz que não é pela quantidade que os santos de Vilson se destacam, mas pela qualidade das peças, principalmente pela pintura, toda feita artesanalmente, com o uso de pincéis, e não com sprays ou mecanicamente, como acontece nas grades linhas de produção. O traba-lho minucioso dos pintores é que garante a qualidade artística às imagens. Apesar de retratar santos, as imagens ficam assim “mais humanizadas”.
Dudu com Nossa Senhora do Guadalupe: santos por todos os lados.
Vilson Joly não só teve sucesso na atividade que escolheu, como “arrastou” a família para o mun-do do gesso. O irmão Eduardo, ou Dudu, trabalhou vários anos com a produção e venda de imagens até que há cerca de dois anos pegou um novo caminho.
Passou a produzir e instalar forros de gesso e outros mate-riais de acabamento e decora-ção, como divisórias, estátuas etc. Já a irmã Neuza Maria atua na pro-dução e venda de santos, só que em
tamanhos menores que os traba-lhados pelo irmão Vilson. Também mantém uma lojinha para expo-sição e venda de imagens, ao lado da fábrica. Seus principais clien-tes são pequenos comerciantes e participantes de feiras artesanais. A mãe, Dona Carmem, também não ficou de fora. Ela se especia-lizou em restauração de imagens. Com seu meticuloso trabalho, ela atende a igrejas de toda a região, que a procuram quando têm algu-ma imagem danificada. (DSF)
Família no gesso
Funcionário modela peça.
Douglas de Souza Fernandes
Fotos: Marco André Lima
aparecida reinaabsoluta
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Há três décadas, ex-seminarista produz imagens de santos para igrejas e fiéis
Pilarzinho de todos os santos
O trabalho artesanal na pintura garante santos “humanizados”.
Santos das mais diversas origens dividem espaço na Humberto de Campos.
A procura por santos muda de acordo com a época do ano. Entre junho e julho, o campeão é Santo Antônio, seguido de longe por São João e São Pedro; em janeiro, Cosme e Damião; em novembro e dezembro, a Divi-na Família e o presépio; na Quaresma, Jesus Morto e Jesus Ressuscitado e a Pietá (ou “piedade”, que representa Jesus morto nos braços da Virgem Maria) .
Mas, alguns santos têm boa saída o ano inteiro. Entre eles, o Santo Expe-dito, São Francisco de Assis, Santa Terezinha e o “santo casamenteiro” citado na abertura.
Mas, a campeã de todos os tempos, no entanto, continua sendo a Virgem Maria. Há muitos séculos, a mãe de Jesus é retratada em várias imagens, cujos nomes tra-zem os locais de suas aparições ou a forma em que ela é invocada pe-los fiéis. Daí terem surgido mais de mil Nossa Senho-ras, que de fato é uma só: a de Fátima (Portugal), a de Lourdes (França), de Guadalupe (México), do Pilar (Espanha) etc. Em relação às graças recebidas, tam-bém há inúmeras: Nossa Senhora Auxiliadora, das Mercês, da Divina Providência, da Luz, da Ajuda, do Bom Caminho, Desatadora de nós, do Divino Pranto, do Bom Parto e muitas outras.
Dentre todas as imagens em que ela é retratada, po-rém, Nossa Senhora Aparecida mantém a majestade ab-
soluta. De longe, ela é a mais requisitada duran-te o ano todo, não só aqui mas em todo o país.
A devoção por ela só tem aumentado no Brasil desde 1717, quando sua imagem foi
encontrada por pescadores no Rio Paraíba do Sul, então no município de Guaratinguetá,
no interior paulista. Daí o nome “Apareci-da”. Seu nome completo, porém, é Nossa
Senhora da Imaculada Conceição Apa-recida. O “Imaculada Conceição” lem-
bra que a mãe da Virgem Maria, Santa Ana, a concebeu pura, sem pecado.
(DSF) Depois do primeiro milagre
atribuído a ela – o de transfor-mar uma pescaria até então
sem resultados numa desco-munal apreensão de peixes -, o segundo foi o da mul-tiplicação de fiéis. Primeiro
ela ficou exposta na casa de um pescador, mas logo foi preciso
construir uma capela para os milhares de devotos que não paravam de chegar; depois vieram a Basílica Ve-lha, a criação do município de Aparecida e mais re-centemente, a Basílica Nova, que só perde em gran-diosidade para a Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Em 1930, ela foi coroada pelo papa Pio XII como Rainha e Padroeira do Brasil. Desde 1980, por de-creto federal, os brasileiros têm o dia 12 de outubro como feriado para sua devoção. Para os milhões de fiéis, no entanto, todo dia é dia de reverenciá-la.
Há 36 anos, instalava-se na Avenida Victório Viezzer, próximo ao en-tão Grupo Escolar e hoje Colégio Estadual Bom Pastor, no Vista Alegre, uma indústria de imagens de santos que empregaria pelos anos seguintes dezenas de crianças e adolescentes do bairro. A fábrica, mantida pela So-ciedade Educadora São Francisco Xavier, havia sido trazida do interior paulista, pois o terreno onde funcionava fôra desapropriado para dar pas-sagem à Rodovia Imigrantes.
Em Curitiba, ela ficaria ligada à Escola de Orientação e Formação de Menores e serviria para levantar recursos para as obras xaverianas e tam-bém para dar emprego e formação profissional para crianças a partir de 10 anos, numa época em que se permitia o trabalho infantil em algumas modalidades.
Hoje, o Centro de Produção de Artigos Religiosos e Missionários con-tinua funcionando a todo vapor, vendendo seus produtos para paróquias de várias partes do País. Só que não emprega mais mão-de-obra infantil, mudança feita após o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescen-te, no início da década de 1990.
Se hoje o trabalho infantil é condenado pela sociedade em geral, na-quela época muitos viam nele uma forma de ajudar crianças de famílias pobres, ao ensinar uma profissão e ao mesmo tempo tirá-las dos “perigos da rua”.
Em pouco tempo, já eram 30 crianças e adolescentes trabalhando em dois períodos: quem estudava de manhã, trabalhava à tarde e vice-e-versa. Os que tinham entre 16 e 18 anos operavam as quatro máquinas. Os entre 10 e 15 anos faziam a pintura das peças, sob a supervisão de três professo-ras da Escola de Pintura.
“Bairro pobre”O Vista Alegre de 1974 era considerado um “bairro pobre”. Todo o
comércio se limitava a uma mercearia, não havia saneamento básico, nem asfalto ou qualquer outra indústria. Ainda havia muitas chácaras e não era difícil encontrar vacas pastando tranquilamente pelas ruas cheias de mato e buracos. Em reportagem do extinto Diário do Paraná, de 10 de agosto de 1974, o repórter dizia que um dos problemas do Vista Alegre era “o grande número de garotos que perambulam pelas ruas, invadindo pro-priedades e furtando pequenos objetos”.
O tempo passou, o bairro se urbanizou e teve seu perfil completamen-te mudado, mas a indústria continua funcionando no mesmo endereço (Victorio Viezzer, 767).
Hoje, com sete funcionários adultos, a fábrica produz, além de ima-gens de santos, terços e outros produtos religiosos. A secretária, Agnes Lopes, diz que a indústria atende a paróquias do Sudeste, Norte e Nor-deste do País. As imagens são feitas em polietileno, injetado em formas. Alem do custo reduzido, o material é muito mais resistente que o gesso, facilitando o transporte a longas distâncias. (DSF)
NR: Pessoas que tenham trabalhado quando criança nesta indústria e que queiram relatar sua experiência, entre em contato conosco: [email protected] ou entre no site www.doquintal.com.br .
Do tempo em que criança trabalhava
Em 1974, o Diário
do Paraná noticiava
o trabalho na fábrica e
a situação precária do bairro Vista
Alegre.
Nos anos 70, indústria de imagens dava emprego a crianças do Vista Alegre
Apelidado de Canhotinha de Ouro, o baixinho fez história defendendo as cores do bairro
Esse caso de amor com a região co-meçou na segunda metade dos anos 60, impulsionado pelo pai, Glauco, o Gogô, que também jogou por um bom tempo no Flamengo do Bom Retiro. Ize veio pela primeira vez para o Operário Pilarzinho em 1966, lem-bra Nelson Rubens Fabri, presidente do Conselho Deliberativo.
Fabri já foi de tudo dentro do Operário, de atendente do bar a pre-sidente, em 1984, e acompanha por dentro a história do clube há mais de 50 anos. Aos 73 anos, ele assistiu a várias gerações de jogadores, mas diz não ter dúvidas de que Ize foi um dos melhores que já passaram pelos times daqui. “Ele desequilibrava...”, resume.
Interesse alvinegro »Ainda adolescente, o jogo refina-
do do baixinho curitibano chamou a atenção de “olheiros” de todos os cantos. Em 1967, ainda defendendo as cores do Operário, Ize jogou pela Seleção Paranaense de Amadores, inclusive no Rio de Janeiro. Daí sur-giu a proposta do alvinegro-carioca. Sílvia, irmã de Ize, diz que ele só não aceitou o convite por causa da morte da mãe, Dinorá, ocorrida pouco tem-po antes. O seu pai achou que o filho deveria continuar aqui para ajudar a família neste momento.
Para os amigos, porém, o que pesou foi que Ize tinha uma afinida-de muito grande com seu círculo de amizades e que, no fundo, preferia ficar por aqui mesmo. Seu lado bo-êmio teria falado mais alto. Ele não queria mudar seu estilo de vida e isso desagradou aos clubes interessados. E ele ficou.
Tempos depois foi levado para o Vasco do Pilarzinho por uma curta temporada, retornando em seguida para o Operário. Em 1970, iria nova-mente para o Vasquinho, onde se sa-graria campeão da Primeira Divisão de Amadores, inclusive fazendo o gol do título de 1970, de falta, o segundo dos 2 x 1 contra o Trieste, nos últi-mos momentos da partida. O curio-so é que nesta temporada no Vasqui-nho, Ize jogou de quarto-zagueiro e não como meia-atacante, que era a sua especialidade.
Depois, voltou novamente para o Operário, de onde não sairia mais. Jogou no time principal até o início dos anos 80, depois foi para o de ve-teranos, no qual jogaria até o início dos anos 90. Nesse período, O ope-rário nunca foi campeão da divisão principal. Nelson Fabri conta que o clube não tinha recursos para montar times mais competitivos, e que mui-tos jogavam por amor à camisa. Para compensar a falta de dinheiro, o clu-
be ajudava os jogadores na forma do possível. Ize, por exemplo, teve facili-tada a compra do terreno onde cons-truiria sua casa, uma retribuição aos bons serviços do atleta para o time. Apesar da estrutura modesta do clu-be, o Operário ergueu várias taças nos anos 70, entre elas o bi-campeo-nato da Copa Pinheirão e a Copa Ci-dade de Curitiba.
Feliz »Profissionalmente, Ize trabalhava
como hidrometrista, fazendo análi-ses e medição de rios para a extinta Superintendência de Recursos Hí-dricos e Meio Ambiente (Surehma). Mas, sua paixão era o futebol,e a par-tir dela fincou profundas raízes no bairro. Em 1974, casou-se com Maria da Luz Ribas Pinto, com quem teve três filhos: Adilson, Aliocha e Adria-no.
Ize morreu em 2008. Ele nunca se afastou do Pilarzinho. Passada sua juventude, ainda jogou nos veteranos do clube. Quando não tinha mais condições físicas para estar dentro do campo, tornou-se um espectador assíduo dos jogos. Para quem convi-veu com ele, como a esposa Maria, Ize morreu feliz. Pois fez sempre o que gostava. Onde jogou foi sempre considerado um dos melhores. Fez história.
Ize, o craque do PilarzinhoBaxinho, driblador, com um pé esquerdo certeiro, fosse nos lançamentos precisos ou
nas cobranças de faltas, sempre colocando a bola onde queria. O “canhotinha de ouro”, como foi apelidado ao desfilar sua técnica pelos clubes da região, como o Flamengo
do Bom Retiro, e o Vasco e Operário, do Pilarzinho, fez história. Foi cobiçado pelos então grandes clubes da capital, o Coritiba, Atlético e Ferroviário. Também chamou a atenção de clubes poderosos da época, como o Botafogo do Rio de Janeiro, que tentou levá-lo, numa época em que mantinha em seu escrete pesos-pesados como Jairzinho, o furacão da Copa de 1970, Paulo César Caju, que teria futuramente duas copas no currículo, Zagallo, o técnico de 1970, e Gérson, também tri-campeão mundial e também apelidado de canhotinha de ouro pela precisão do pé. Apesar disso, Ize, ou Izidoro Costa Pinto, nunca deixou o Pilarzinho.
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Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
10 »
Pelos times do Pilarzinho e região passou muita gente boa de bola nas últimas décadas. Alguns se destacariam em outros clubes, inclusive profissionais. Uns tinham bons chutes, outros driblavam muito bem, ou tinham facilidade para desarmar o adversário, e por aí vai. Ize, por sua vez, conseguia reunir várias dessas características ao mesmo tempo.
Dirson Mateus Glodsienski, o Pé, chegou a jogar algumas vezes com Ize, mas somente em “peladas”, mas se lembra bem do que o baixinho conseguia fazer dentro das quatro linhas. Pé, que jogava na zaga, diz que Ize fazia tudo bem. Driblava, lançava,chutava com força e colocado e era um bom cabeceador, embora a baixa estatura. “Era bem rápido, defendia, atacava. Fora de série. Era bonito de ver”, recorda.
Carmelino Basso, que foi diretor financeiro do Operário por 27 anos consecutivos, e um dos responsáveis por trazer Ize para o Operário pela primeira vez, também diz que não houve ninguém no clube que se assemelhasse ao “canhotinha de ouro”.
A polivalência de Ize ficou clara em 1970, quando sagrou-se campeão da divisão principal do futebol amador pelo Vasco do Pilarzinho jogando como quarto-zagueiro.
Durante mais de uma década, Ize fez dupla com Otavinho, ou Otávio Hein Filho. Otavinho, considerado um dos melhores centro-avantes que pisaram os gramados amadores da capital, jogava “por música” com o então meia-esquerda. As tabelinhas saíam naturalmente, deixando os adversários desorientados. No auge da dupla, do final dos anos 60 à metade dos 70, os dois repetiram uma façanha. Otavinho lembra que por três vezes, em partidas diferentes, houve três gols em que só eles dois tocaram na bola. Ou seja, na saída de jogo, um passa a bola para outro e começa uma tabelinha que só termina na rede adversária. Coisa de craque.
Uma dupla perfeita
Foto dos anos 70, data não identificada: em pé, Queijo (massagista), o goleiro Clóvis, César, Marião, Euclides, César Suruge, Renato, Roberto (o Robe), o goleiro Cunha e o candidato a vereador Haroldo Armnstrong. Agachados: Moisés, Aristão, Carlinhos, Gaynor, Otavinho, Ize e Wilson.
Ize (esq) em uma das passagens pelo Vasquinho.
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Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Ize só cultivou sólidas amizades com quem
convivia, como deixou parte de seu
legado de bom jogador para os filhos.
Adilson, hoje com 35 anos, e Aliocha, 33,
lembram que, ainda crianças pequenas,
o pai os levava ao campo do Operário
para assistir aos jogos. Mas, como
eram muito pequenos para prestar
atenção às partidas, passavam o tempo
brincando no barranco e nos pinheiros
que existiam ali antes da construção
das arquibancadas no Bôrtolo Gava.
Aliocha não jogou em clubes como o seu
pai, mas mostra habilidade nos torneios
dos quais participa, muitos ligados à
imprensa, já que ele é hoje o chefe do
departamento fotográfico dos jornais O
Estado do Paraná e Tribuna do Paraná.
Já Adilson e o caçula, Adriano, hoje com
29 anos, participaram da conquista
de um título que daria muito orgulho
ao pai. Os dois estavam no time titular
do Operário em 2000, quando o clube
conquistou pela primeira e única vez o
título da Primeira Divisão de Amadores.
Um antigo sonho da torcida pilarziense.
Adilson já não joga mais pelo time
principal. Adriano estava na equipe
que ajudou o Operário a voltar no ano
passado à elite do futebol amador do
Paraná. Neste ano, só não está jogando
devido a uma contusão no tornozelo.
Também baixinho, habilidoso e jogando
de meia-atacante, Adriano lembra o tipo
físico e o estilo de jogo do pai. Adilson
conta que há alguns anos assistia a um
jogo do Operário junto com amigos de
seu pai e que há tempos não vinham
ao bairro, quando um deles comentou
que tinha um jogador que era muito
parecido com o Ize. Só aí ficou sabendo
que o jovem que se destacava no jogo
era o caçula do velho amigo.
Filho de peixe...
Adilson, dona Maria, Adriano e seu filho João Vitor neto de Ize.
1ª Rodada – 03/07/10 »Sábado às 13h30 e 15h30
Vila Fanny FC X Op. Pilarzinho SCTrieste FC X Combate Barreirinha FCVila Hauer EE X U. Nova OrleansAce Urano X Osternack FCUberlândia EC X U. Capão Raso FCUre Santa Quitéria X Sobe Iguaçu
2ª Rodada – 10/07/10 »Sábado às 13h30 e 15h30
Ope. Pilarzinho SC X Uberlândia ECCombate Barreirinha FC X Vila Hauer ECU. Nova Orleans X Vila Fanny FCOsternack FC X Ure Santa QuitériaU. Capão Raso FC X Trieste FCSobe Iguaçu X Ace Urano
3ª Rodada – 17/07/10 »Sábado às 13h30 e 15h30
Vila Hauer EC X Op. Pilarzinho SCUre Santa Quitéria X C. Barreirinha FCU. Nova Orleans X Ace UranoUberlândia EC X Osternack FCTrieste FC X Sobe IguaçuU. Capão Raso FC X Vila Fanny FC
4ª Rodada – 24/07/10 »Sábado às 13h30 e 15h30
Op. Pilarzinho SC X U. Capão Raso FCSobe Iguaçu X Combate Barreirinha FCOsternack FC X U. Nova OrleansTrieste FC X Vila Hauer ECVila Fanny FC X Uberlândia ECAce Urano X Ure Santa Quitéria
5ª Rodada – 31/07/10 »Sábado às 13h30 e 15h30
U. Nova Orleans X Op. Pilarzinho SCUberlândia EC X Trieste FCUre Santa Quitéria X Vila Fanny FCAce Urano X Vila Hauer ECU. Capão Raso FC X Sobe IguaçuCombate Barreirinha FC X Osternack FC
Confira a tabela da série A do Campeonato Amador1.ª Fase/1.º Turno
Quatro dias após completar 59 anos, o Operário Pilar-zinho reestréia na elite do futebol amador de Curitiba com a intenção de se manter entre os grandes. É o que
afirma o presidente do clube, José Roberto de Souza Santos, o Betinho. Em 2009, ele conduziu o Operário de volta à Série A. Com o time reforçado, Betinho diz que o primeiro objetivo da temporada é ficar entre os oito primeiros no campeonato deste ano. Assim, o “Gigante do Bôrtolo Gava” comemoraria os seus 60 anos de fundação, em 2011, entre os grandes da capital.
Para isso,o presidente anuncia reforços e mudanças em rela-ção ao time que chegou às semifinais da Taça Paraná deste ano. As mudanças começam pela comissão técnica ainda na Taça Paraná, quando o técnico Zé Maria deixou o clube e foi substi-tuído por Wilsinho, que até então atuava como lateral do time.
Para essa nova empreitada, Wilsinho tem os seguintes joga-dores à disposição: goleiros: Jura e Rodrigo; laterais-direitos: Merci e Renan; laterais esquerdos: Dionatan e Evertinho;
Zagueiros: Uissan, Faísca, Pico e Eri; volantes: Paraguaio, Molão e Robson Paiva; meias: Paulinho, Peter (Tangua), e Italo; atacantes: Dinda, Eder, Fernando e Fabio.
Entre os destaques do time, está o late-ral Dionatan, que já jogou na divisão pro-fissional em Portugal e que foi trazido do Combate. Betinho também cita como im-portantes reforços o meia Ítalo, que veio
do Inter de Campo Largo e Fábio, o centro-avante que foi o arti-lheiro da Taça Paraná deste ano jogando pelo Colombo.
A força da torcida »Betinho, sobrinho do ex-treinador de juniores do clube, Él-
cio Santos, acompanha o Operário Pilarzinho desde criança. Em 2008, além de torcedor fanático, tornou-se vice-presidente da gestão de Renê Pilati Júnior, que continua atuante na direto-ria. No ano passado, toda a diretoria e comissão técnica uniram esforços para colocar o alvirubroanil de volta à série A, depois de quatro anos amargando a divisão de acesso.
Agora que o Operário reconquistou seu lugar, Betinho es-pera que a apaixonada torcida também volte em peso a apoiar o time nos jogos do campeonato. Afinal, nestas quase seis dé-cadas de existência, gerações e gerações de moradores tiveram no Operário um fator de união e de orgulho. A própria história do clube se confunde com boa parte da história do bairro, com
a presença sempre forte das famílias pio-neiras, passando o amor pelo clube de pais para filhos. E é hora de reavivar esse amor, afinal, no ano que vem esse “casa-mento” entre moradores e clube com-pleta suas Bodas de Diamante.
Operário Pilarzinho lutapara se manter na elite
Betinho foi premiado como melhor presidente de 2009 no futebol amador.
O Do Quintal já nasceu com cara de gente grande. Em seu primeiro
mês já está andando e começou a fa-lar. E já pensa no futuro: quer crescer
para ajudar a também crescer e me-lhorar o quintal onde mora.
Ajude esta criança a se desenvol-ver e a por em prática seus ideais: leia
o Do Quintal, indique a amigos, cri-tique ou elogie, dê sugestões sobre os assuntos que você quer ver no jornal.
Adote esta idéia.
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grande
Do Quintal
CRACK E VIOLÊNCIA
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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adolescência interrompidaUso da droga já virou epidemia e o principal combustível para assassinatos de jovens em Curitiba
Acada semana do ano passado, em média, três adolescentes foram assassinados em Curiti-ba e Região Metropolitana, conforme dados
do IML. Em outubro de 2009, o jornal Gazeta do Povo noticiava que, desde janeiro, 117 adolescen-tes entre 12 e 18 anos já haviam sido mortos, algo em torno de 10% do total de assassinatos no perío-do. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, no ano passado Curitiba e RM registraram 1.523 assassinatos, 20,4% a mais que 2008. Desse total, cerca de 40% das vítimas tinham entre 16 e 25 anos.
E se o índice era altíssimo, ficou ainda pior nes-te ano. Dados oficiais mostram que em Curitiba as mortes violentas aumentaram 58 % no primeiro tri-mestre de 2010 em relação ao ano passado.
Na maioria absoluta dos casos de assassinatos envolvendo adolescentes, existe um fator em co-mum: a ligação com o crack. E o número de crian-ças e jovens mortos em Curitiba é só a ponta do iceberg. Segundo o coordenador do Centro de So-cioeducação da capital, Francesco Serale, somente em 2008, 2.972 adolescentes passaram pelo Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciaddi). Desses, 95% seriam usuários de crack.
Epidemia »Potente, mais barata que a cocaina e com ofer-
ta abundante, o entorpecente que chegou ao Brasil na década de 80 sob o estigma de “droga de pobre”, “coisa de menino de rua”, hoje já avançou pela clas-se média e por todas faixas etárias. Em Curitiba, atinge inclusive crianças na primeira infância. Se-gundo Inês de Oliveira, presidente do Conselho Tutelar da Regional Boa Vista, as substâncias psi-coativas como o crack, a maconha e o álcool tem atingido adolescentes em idades cada vez menores, sendo comum crianças com seis, sete anos de idade já dependentes. É que essas crianças vêm de famí-lias desestruturadas, nas quais já existem casos de dependência. Ela conta ser comum casos de três,
quatro pessoas da mesma família que precisam de internamento para tratamento clínico.
Para Inês Oliveira, a questão do uso do crack pelo adolescente é um problema que deve ser trata-do como uma epidemia que tomou conta não só do Paraná como do país. Hoje, o problema, segundo a conselheira, é muito mais de saúde pública, um problema social do que criminal.
Uma das cinco conselheiras da Regional do Boa Vista, Inês Oliveira chama atenção para o fato de o Estado não contar com um número suficien-te de clínicas ou casas terapêuticas especializadas para atender o contingente de jovens que precisa de atendimento imediato para evitar uma dependência maior: “É preciso uma política pública de prevenção capaz de atender a esses jovens quando eles ainda estão no início da dependência. Isso impediria que eles cometam atos infracionais por causa do vício.”
Pais desesperados »Outro conselheiro do Boa Vista, Marcos Rocha
conta que há casos de pais que chegam ao Conse-lho Tutelar desesperados, pedindo ajuda para sal-var os filhos que já estão ameaçados por traficantes porque começaram a comercializar crack para man-ter sua dependência. “Teve um pai que chegou aqui pedindo ajuda porque se ele fosse cuidar do filho, perdia o emprego e se fosse trabalhar perdia o filho. É uma situação gravíssima que só tem aumentado. Tem muitas famílias perdendo seus filhos, vendo fi-lhos seus morrendo por causa do crack.”
Por isso, Inês Oliveira chama atenção para a im-portância de uma política pública que trate o alas-tramento do crack como um problema de saúde, educação e inclusão social. “São necessários pro-gramas do governo federal direcionados à família, com inserção no mercado de trabalho, escolas com períodos integrais que permitam que esses pais tra-balhem, clínicas especializadas para o atendimento dessas famílias, enfim, é um caso de saúde pública que a polícia não vai conseguir, sozinha, conter”.
“Quando chega um caso de uma criança, de um adolescente, nós temos de atender a toda a família, porque toda a família sofre”, explica a conselheira Inês Oliveira. É por isso que é necessário, segundo o também conselheiro Marcos Rocha, uma ação conjunta entre sociedade, escola, órgãos de saúde, juntamente com os conselheiros tutelares e assistentes sociais do município. Segundo ele, muitas vezes uma família inteira é dependente e encontra apenas uma vaga para o tratamento em clínicas especializadas. Para Inês, mais do que construir penitenciárias, o Estado precisa construir clínicas para oferecer tratamentos terapêuticos para resgatar esses jovens.
Curitiba tem nove conselhos tutelares, cada um reúne com cinco conselheiros. A Regional do Boa Vista atende a 13 bairros com uma população estimada de 300 mil habitantes e cerca de 100 mil crianças e adolescentes. Segundo o Conselho Tutelar, a região registra uma demanda muito alta de atendimento, principalmente porque reúne bairros que se tornaram um foco de compra e venda de entorpecentes. Bairros como Pilarzinho, São Lourenço, Vila Esperança, Jardim Aliança, Atuba, Abranches, Barreirinha sofrem o impacto da epidemia do crack por serem uma área fronteiriça com municípios como Colombo e Almirante Tamandaré, que apresentam altos índices de criminalidade.
Faltam clinicas
O crack é produzido a partir do cozimento da pastas de cocaína com bicarbonato de sódio ou amônia. O nome vem do barulho que a pedra faz ao ser queimada. Fumado, ele chega ao cérebro em poucos segundos, provocando intensa euforia e autoconfiança. O efeito dura de 5 a 10 minutos, seguido de profunda depressão, o que leva o usuário a ficar desesperado por uma nova dose e assim, sucessivamente. A seguir algumas das conseqüências de seu uso:
INToxICAção O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.
DESNuTRIção O dependente perde o apetite e o sono. Os casos de desnutrição são comuns.
PulMõES A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, deixando o usuário vulnerável a doenças como pneumonia e tuberculose.
CoRAção Aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, podendo provocar infarto.
oSSoS E MúSCuloS O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos.
SISTEMA NEuRolóGICo O crack provoca lesões no cérebro, causando deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor e dificuldade de ter relacionamentos afetivos. Podem ocorrer psicoses, paranóia e alucinações.
SExo O desejo sexual diminui. Os homens têm dificuldade para conseguir ereção.
MoRTE Pacientes podem morrer de doenças cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas ao enfraquecimento do organismo (tuberculose). A causa mais comum de óbito é a exposição à violência e a situações de perigo, por causa do envolvimento com traficantes, por exemplo.
Oito motivos para dizer NÃO ao crack O usuário de crack ou outras drogas e que queira receber tratamento para deixar a dependência deve ir à unidade de saúde mais próxima de sua residência. Dali ele será encaminhado para a triagem de um dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade. O tratamento é definido caso a caso, indo desde o acompanhamento psicológico até o internamento, nos casos de situações agudas. Cerca de 85% dos tratamentos são feitos no próprio ambulatório. O restante é encaminhado para a desintoxicação e para comunidades terapêuticas.
Pelo programa Cara Limpa, desenvolvido pela Prefeitura e Núcleo Terapêutico Menno Simons, são atendidas crianças e adolescentes encaminhados pelos Conselhos Tutelares. Uma equipe multidisciplinar faz uma triagem dos jovens, elabora um plano terapêutico e define os encaminhamentos necessários.
Serviço: Denúncias, pedido de informações sobre os serviços, podem ser fetos pelo telefone 156, da Prefeitura Municipal, ou para o Disque 100 do Ministério Público. Através desses números, os conselhos tutelares entrarão em contato com a família, na tentativa de resgatar esses jovens.
Já para as denúncias de narcotráfico, o número é o 181.
Informações sobre como participar da Rede de Colaboração Curitibana e Metropolitana de combate ao uso de drogas e prevenção à violência, ligue 3250 7700.
Onde procurar ajuda
Fotos: arquivo
Ângela Maria Ribeiro
CRACK E VIOLÊNCIA
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Promotora lembra papel dos pais e escolasPara a promotora de Justiça da Infância e Juventude de Curitiba, He-
loise Bettega Kuniyoshi Casagrande, é importantíssimo que haja uma ampla e eficaz política de ação preventiva ao uso de substâncias entor-pecentes. Ou seja, contendo o mal no início, seria evitada necessidade da atuação do Poder Público na outra ponta, quando o adolescente já está comprometido e envolvido na prática infracional.
A promotora afirma que, embora os índices diferenciem-se de local para local, tem se verificado a presença cada vez maior dos entorpe-centes nas ocorrências policiais. Segundo ela, a maioria dos casos diz respeito a adolescentes de quinze a dezessete anos, mas a Promotoria tem percebido que os adolescentes vem se envolvendo na prática infra-cional cada vez mais cedo: “Não são raros os casos em que atendemos adolescentes de treze ou quatorze anos”.
A promotora admite que “o consumo do crack está alastrado entre os adolescentes, causando o desespero de familiares e maior envolvi-mento com atos infracionais”. Para ela, porém, tão importante quanto uma política pública é a efetiva atenção e fiscalização dos pais e demais familiares e dos responsáveis no ambiente escolar quanto ao adolescen-te. “É dentro de cada lar , no dia-a-dia, na escola, que o adolescente deve ser observado, para que o problema possa ser resolvido quando ainda está no início”, defende ela.
Para sociólogo, droga é efeito, não a causaEspecialista, da UFPR, diz que as vítimas estão sendo transformadas em rés
Pedro Bodê: “Quem são as principais vítimas?”
Para o sociólogo e coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Fede-ral do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, afirmar
que a violência que hoje toma conta dos centros ur-banos se deve às drogas é uma atitude reducionista. Para ele, o uso de entorpecentes não é a causa dessa “tragédia social” e sim o efeito dos reais problemas que tal explicação silencia. “Trata-se de um processo em que as vítimas são transformadas em rés’, consi-dera.
Segundo Bodê, ver as drogas como a causa da violência, levando o debate para a área penal dificul-ta que a questão seja tratada sob a perspectiva social. Ele lembra também que ao responder ao problema encarceirando mais jovens, coloca-se em segundo plano o que deveria ser a política pública voltada ao adolescente, como facilitar o acesso deles ao trabalho ou aos processos educativos e escolares.
Segundo o sociólogo, é simples entender a ques-tão, basta que nos perguntemos quem são as princi-pais vítimas de violência. “São os jovens, negros e da população periférica. É um resultado concreto, trata-se de um processo de extermínio”.
Mas, lembra Bodê, o uso do crack não é restri-to aos mais pobres. Ele diz que desde os anos 90, a droga vem sendo consumida pela classe média. Mas, quem aparece são os consumidores de rua. “O que acontece é que essa maior visibilidade supostamen-te criminosa da população pobre se deve a uma ten-dência de esconder os casos quando ligados à classe média”
Para Pedro Bodê é preciso que o uso de drogas seja tratado como uma questão de saúde pública. O sociólogo defende a descriminalização, levando a discussão para a esfera da saúde, educação e regula-mentação.
Promotora lembrapapel dos pais e escolasUma questão social
O delegado do 4º Distrito de Curitiba, Marcos An-tonio de Góes Alves, também afirma que o tráfico e o consumo de substâncias psicoativas como o crack é uma questão de ordem social e alerta para a necessidade de que tanto os pais quanto as escolas devem estar atentas às atitudes desses adolescentes para detectar seu envol-vimento em fase inicial. Recém chegado do Rio de Janei-ro, onde era capitão da Polícia Militar, o delegado afirma que Curitiba, a exemplo de outras capitais, já pode falar de uma epidemia do crack. “O que acontece aqui é que o problema da droga está difundido de uma forma diferen-te. Lá (no Rio) a gente sabe para onde apontar, existem grades quadrilhas de tráfico. Aqui essas quadrilhas não se criam, a polícia do Paraná desbarata rapidinho. A questão é que a venda do crack, por exemplo, é mais diluída, um comércio mais rápido e difícil de controlar”.
Para o delegado, é fundamental entender que se trata de uma questão muito mais social do que criminal e que exige uma política pública de tratamento e prevenção. “...prova disso é que o índice de criminalidade envolvendo as drogas atinge muito mais as classes baixas da socieda-de. Os usuários da classe média podem manter sua de-pendência”. (AR).
Bairrista, eu?
Todo leitor merece um jornal que fale de seu bairro, que lembre sua história e conte o que há de novo em sua região. Acreditando nisso, surge o Do Quintal para atender aos bairros Vista Alegre, Pilarzinho, Mercês, Abranches e São Lourenço. Com boa informação, queremos con-tribuir para a melhoria da qualidade de vida na área onde moramos. Afinal, quanto mais o mo-rador souber sobre o seu bairro, mais ele poderá fazer para ajudar a manter o que há de bom e mudar o que precisa ser mudado.
Defendemos o bairrismo em seu bom sentido, ou seja, o amor e o respeito pelo local onde vivemos, mas, sem menosprezar outros bairros e regiões.
Por isso, o Do Quintal tem orgulho em dizer que é bairrista, sim senhor.
Mostre que você também é: leia e anuncie no jornal Do Quintal:Tel: 3527-0501, 8819-8717. E-mail: [email protected]: www.doquintal.com.br
Governo acordaEmbora com atraso de alguns anos,
o meio político finalmente está
despertando para o avanço do crack.
No dia 20 de junho, o presidente
Lula assinou o decreto que instituiu
o Plano Integrado de Enfrentamento
ao Crack e outras Drogas, que
investirá este ano R$ 410 milhões na
prevenção, combate e tratamento
de usuários. Segundo o ministro da
Saúde, José Temporão, o plano é
integrar ações de educação, saúde,
cultura e combate ao tráfico.
236 mil pedrasA delegada do Departamento de
Combate ao Narcotráfico da Polícia
Civil (Denarc), Ana Carvalho,
informou que até maio já haviam
sido apreendidos 59 kg de crack em
Curitiba. Estima-se que com cada
quilo se produza até 4 mil pedras.
Reprodução
Ângela Maria Ribeiro
Uma pessoa trabalha mais de trinta anos e chega à terceira idade na esperança de curtir um pouco mais a vida. Junto com a aposentadoria aparece
o desejo de viajar, de entrar numa academia, ter mais tempo para ler e se dedicar a pas satempos. Mas a fan-tasia é duramente atropelada pela realidade. No Brasil, grande parte dos idosos que se aposentam é obrigada a voltar a trabalhar para conseguir sobreviver ou acaba virando arrimo da família, tendo que sustentar (ou aju-dar a sustentar) a família dos filhos e netos.
Se não fosse assim, eles não teriam que recorrer tan-to a empréstimos como vêm fazendo nos últimos tem-pos. Somente em janeiro deste ano, os aposentados e pensionisas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) emprestaram, por meio do crédito consignado, a quantia de R$ 2,16 bilhões.
O montante é 118,6% maior do que o liberado no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 990 mi-lhões. Em comparação com 2008, a diferença da soma de recursos liberados para o mês é de 360%, pois os empréstimos somavam R$ 469 milhões.
Dinheiro fácil »O dinheiro emprestado para o aposentado tem ju-
ros mais baixos que o do cheque especial (em torno dos 10% ao mês) e do empréstimo pessoal (4% a 7% ao mês) e é justamente aí que reside o problema. Fi-lho endividado em vez de assumir um empréstimo no banco no seu nome muitas vezes recorre ao pai ou a mãe, a quem a justificativa do juro mais barato e a ne-
cessidade do ente querido sempre convencem. Este foi um dos motivos para o crescimento dessa modalidade de empréstimo.
Outro motivo foi a alteração das regras para os em-préstimos feitas pelo governo federal para enfrentar a crise financeira do ano passado. Entre os atrativos para aumentar o volume de empréstimos e ajudar os ban-cos, foi ampliado o limite de comprometimento de renda dos aposentados ou pensionistas, que passou de 20% para 30%. Também foi reduzido o teto de juros para esse tipo de crédito, que passou de 2,50% ao mês para 2,34%.
Mas nem todos os bancos chegam a cobrar a taxa máxima, pois dos 53 listados pela Previdência, 15 ope-ram abaixo desse patamar.
Empréstimos de R$ 1.400 »Em janeiro, a maioria dos que tomaram crédito tem
renda de um salário mínimo. Essa faixa salarial movi-mentou R$ 1,01 bilhão em 721 mil contratos realiza-dos no período. A média do valor por empréstimo fi-cou em R$ 1.400.
A maior parte dos tomadores de crédito contratou o parcelamento de 49 a 60 meses, o prazo mais longo permitido para esse tipo de crédito. Na comparação entre os meses de janeiro, o balanço mostra que o be-neficiário do INSS está deixando de utilizar o cartão de crédito para conseguir os recursos e dá preferência para o empréstimo pes soal. O número de operações com cartão caiu 81,1%.
dinheiro fácil, mas perigoso
Cada vez mais aposentados e pensionistas recorrem ao crédito consignado
MAIOR IdAdE
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Cuidados antes de emprestarPrimeiro, analise friamente se o empréstimo é realmente necessário.•
Compare as taxas de juros oferecidas. O teto permitido é de 2,34%, •
mas vários bancos cobram abaixo disso.
O limite de comprometimento de renda é de 30%, mas busque não •
passar dos 20% para não ter as finanças prejudicadas.
O banco é obrigado a informar previamente a taxa mensal e anual de juros, •
o número das prestações e a soma total a pagar pelo empréstimo.
Ao assinar o contrato,o beneficiário deve exigir sua via.•
É vedada por lei a contratação de empréstimos por telefone e também a cobrança •
da Taxa de Abertura de Crédito (TAC) ou qualquer outra taxa ou impostos
Ninguém é obrigado a fazer o empréstimo no banco em que recebe o pagamento•
O beneficiário que se sentir enganado ou prejudicado, deve registrar sua •
reclamação no INSS, pela internet (www.previdencia.gov.br) ou pelo telefone 135.
Aos 71 anos, seu Pedrinho roda o bairro Vista Alegre oferecendo seus produtos sem agrotóxico. São couves, alfaces, rúcula, temperos e brócolis. Preço único: R$ 1. É assim que ele complementa a aposentadoria de pouco mais de R$ 500. Diz que sobrevive e se orgulha de ser econômico. “Eu sempre dei muito valor no dinheiro e não desperdiço não, mas viver com R$ 514 não dá. Se não fosse a horta não teria nem o fusquinha, diz o aposentado, que já perdeu as contas de quanto já ajudou os filhos.
“Mais a filha do que o filho. Ela tá separada, tem duas crianças e vez por outra precisa de alguma coisa. Aí eu dou meus pulos...vejo o que tenho e ajudo, mas é difícil. Empréstimo no banco não faço não. Isso não é certo.”
Pode parecer radical, mas Pedro Govaski aprendeu a ser assim com o pai dele, um lavrador de Almirante Tamandaré que mandou o filho para Curitiba para ele ganhar a vida. Foi o que ele fez. Dos 17 aos 63 anos tinha dois empregos – era açougueiro nos dias de semana e jardineiro nos fins de semana – até que o INSS aceitou o pedido de aposentadoria. Safenado e com três hérnias de disco, o corpo parece não combinar com a disposição, mas ele não se faz de vítima. Separado da mulher há 33 anos, por incompatibilidade de gênios, Pedrinho diz que não sente problemas em morar sozinho. Casar, ele diz não querer mais. “Agora, namorar já é outra coisa”, diz, sem detalhar sua situação sentimental.
Sua única decepção é não ter conseguido incutir nos filhos o respeito pelo dinheiro.
“Do jeito que as coisas estão eu só sinto não ter passado pra eles o bom senso pra economizar. Tem gente que ganha 500 e consegue poupar alguma coisa e outro que ganha um milhão e ainda deve...eu não queria que eles tivessem dívidas. Isso vira uma bola de neve, que é difícil resolver”. (CB)
Lindamir de Sá, 67 anos, se aposentou em março. Pela segunda vez. A primeira foi aos 52 anos. “Na primeira vez achei que ia curtir a vida e até foi assim por uns meses, mas aí um filho perdeu o emprego. E eu não podia deixar minha neta parar a faculdade no último ano. Assumi as contas e hoje ele tá formado e feliz, mas tô pagando até hoje”, resume.
Para pagar o último ano do curso de veterinária da neta e ajudar o filho na fase difícil Lindamir recorreu a empréstimos consignados. Ela não se arrepende. “Fiz o que tinha que fazer pela minha família”, explica, para continuar dizendo que precisou voltar a trabalhar aos 56 anos, quando as contas já eram muito maiores do que a renda da aposentadoria.
“Foi um sufoco. Empréstimos consignados são um pepino, comem a renda da gente, mas a gente faz na emergência, pra acudir um filho, comprar um remédio, mas não é bom negócio”, diz a ex-funcionária da Universidade Federal do Paraná, que agora faz planos de quitar as dívidas (sim, ainda faltam parcelas daqueles empréstimos em 60 meses) e se dedicar a ginástica e aos passeios com os netos.
Lógico que são planos. Ela deu essa entrevista na semana em que se aposentou e, feliz da vida, planejava uma temporada na praia. “Deixa eu curtir um pouquinho essa fase porque problemas sempre vêm...”, despediu-se. (CB)
“Fiz e foi um sufoco”
“Empréstimo eu não faço”
Christiane Beller
Aposentada faz empréstimo para ajudar filho e neta
Seu Pedrinho: “Ajudou meus filhos, dou meus pulos, mas empréstimo no banco eu não faço”.
HIStóRIAS Ou LENdAS?
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
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Pirata, túneis e outros mistériosTodos os bairros têm histórias e es-
tórias (*). Tem aquelas registradas em livros por historiadores, que
garantem o caráter oficial dos relatos. E há aquelas passadas de boca em boca por vá-rias gerações, e que acabam virando as cha-madas “lendas urbanas”. O problema é sa-ber até onde vai a realidade e onde começa a imaginação.
O Mercês,Vista Alegre, Pilarzinho e Abranches também têm as suas. A seguir, mostramos algumas das mais famosas. Nas próximas edições o Do Quintal investigará o que há de real e de ficção em cada caso. Se você souber de algo que ajude a desvendar esses mistérios, entre em contato conosco.
- O Pirata das Mercês: Um almirante in-glês de nome Summers desertou da mari-nha britânica por volta de 1840 e passou a saquear embarcações até que, acuado pelos patrícios, se escondeu em Paranaguá e de-
pois veio para Curitiba, onde seu nome foi abrasileirado para Zulmiro. E foi na região das Mercês, que ele teria feito um túnel que iria até as Ruínas de São Francisco, no cen-tro da cidade, onde escondeu todo o seu te-souro nunca descoberto.
- Túnel dos jesuítas ou dos leprosos – Próximo ao atual Parque Gutierrez, no Vis-ta Alegre, havia um túnel, que também iria até o centro da cidade. Para alguns, ele foi construído por jesuítas, para fugirem de perseguições religiosas. Há quem diga, po-rém, que o túnel fora escavado por lepro-sos, pois começava próximo a um hospital de portadores de hanseníase. Também se-ria para escapar de possíveis perseguido-res, contrários a presença dos doentes na região.
-Túnel do Clube Concórdia – Diz-se que embaixo do clube de imigrantes alemães, nas Mercês, foi cavado um túnel que iria até
o centro histórico da cidade. Se-ria uma rota de fuga criada pelos germânicos durante a Segunda Guerra Mundial, que contrapôs Brasil e a Alemanha.
- Dom Pedro II no Abranches: É fato comprovado que o imperador Dom Pedro II esteve em Curitiba, em 1880. Mas, há a versão divulgada por descendentes de po-loneses do bairro, que ele teria visitado a Capela do Abranches e almoçado, junto com a imperatriz Teresa Cristina, na Casa Paroquial. Verdade?
-Cruz do Pilarzinho – O maior símbolo do bairro, a Cruz levantada entre a Hugo Si-mas e Amauri Lange tem uma origem con-troversa. Há os que defendem que a primei-ra versão foi erguida em 1870 pela família Polak, como marco da posse da terra. Outra versão diz que ela surgiu bem antes e mar-cava de fato o local onde um boiadeiro, ou “cangaceiro,” foi morto quando seu bando passava pelo local.
-Capela de 218 anos – Sabe-se que a Capela Nossa Senhora do Pilar, na rua São Salvador, foi construída em 1932. A contro-vérsia é sobre quando foi construída a cape-la original, feita em barro, lenha e capim. Na própria capela consta o ano de 1792. Não há conhecimento, porém, de documento que comprove esta data.
Fique ligado
A Loira do BanheiroUma das mais famosas lendas urbanas do Brasil é a da Loira do Banheiro,
passada de geração a geração pelo menos desde os anos 70. São várias
versões, mas a mais difundida conta que havia em uma escola uma
estudante que sempre matava aula e ia fumar no banheiro. Um dia,
escorregou, caiu, bateu a cabeça no vaso sanitário, e morreu. Desde então
seu fantasma povoa todos os banheiros escolares. Para invocá-la, basta dar
três descargas e um chutezinho no vaso e virar-se para o espelho – que ela
estará lá, com as narinas tampadas por algodão e os olhos fixos em você.
Caindo feio »Autor de sucessos de
público e crítica como Febre de bola, Alta fideli-dade e Um grande garoto – todos adaptados para o cinema –, o inglês Nick Hornby também agrada em cheio com Slam. Com
leveza e humor, ele conta a história do jo-vem skatista Sam, que, de uma hora para outra, sofre um verdadeiro slam, na gíria dos skatistas, um grande tombo. Arremessado à paternidade aos 16 anos, quando estava no último ano do colégio, ele vê sua vida virar de cabeça para baixo. Aos 18 anos, Sam re-lembra tudo isso e depois faz uma viagem ao futuro. Imperdível. Slam (tradução de Paulo Reis; Rocco; 264 páginas, R$ 33,00),
Qual profissão? »Não bastasse a pressão
para que escolham já aos 16, 17 anos uma careira para toda a vida, o jovem ainda tem de enfrentar provas e mais provas de vestibular, cobranças fa-
miliares e uma ansiedade alucinante. Autor de vários títulos de orientação profissional, o escritor Ruy Leal tenta amenizar esta fase. Leal indica os principais passos para ser bem-sucedido não só na escolha da carreira, mas também no temido ingresso para o mer-cado de trabalho.
Superdicas para o jovem escolher bem sua profissão (Editora Saraiva, 136 páginas, R$ 9,50)
Em quadrinhos »Para quem torce o na-
riz quando ouve falar em literatura clássica, mas é louco por gibis ou grafic novels, o mercado edito-rial do país tem trazido boas notícias. Várias edi-toras descobriram o filão
ao verter clássicos para os quadrinhos.No ano passado, o Ministério da Edu-
cação (MEC) incluiu 19 HQs na lista do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) de 2009, que distribui livros para as bibliotecas das escolas dos ensinos médio e fundamental, entre elas o Alienista, de Ma-chado de Assis (Editora Ática) e O Sonha-
dor, de Will Eisner (Devir). A Ática também já lançou O Guarani, de José de Alencar, e O Cortiço, de Aluízio Azevedo.
Letras & Garranchos ““Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” (Mário Quintana)
Não pense só, escreva! »Você que é aluno do Bento Munhoz,
Bom Pastor, Guido Straube, Manoel Gui-marães e que tenha textos em prosa ou poesia, e que queira divulgá-los, mande-os para nós. Dentro do possível, vamos divulgá-los nas próximas edições impres-sas do Do Quintal e no nosso site (www.doquintal.com.br). Seja uma redação sobre qualquer tema da atualidade,uma crônica, artigo ou texto de conteúdo fic-cional. O importante é que você mostre o seu ponto de vista sobre seu mundo exterior ou interior. Envie para o e-mail [email protected] ou para o en-dereço: Rua Professor Ignácio Alves de Souza Filho, 343, CEP 82110-450, Colu-na Letras & Garranchos.
E fique ligado no nosso site, que em breve divulgaremos um concurso de re-dação com inscrições gratuitas e premia-ção em livros. Boa escrita!
Enem Quem for prestar o Exame
Nacional de Ensino Médio
(Enem) este ano terá um mês
a mais para se preparar. Ele
estava previsto para outubro,
mas devido às eleições neste
mês, foi adiado para 6 e 7 de
novembro. As inscrições vão
até o dia 9 de julho. A taxa é
de R$ 35. Alunos de escolas
públicas estão isentos.
6 milhõesNo ano passado, 4,1 milhões de
estudantes se inscreveram no
Enem e 3,2 milhões fizeram as
provas. Para este ano, espera-
se 6 milhões de inscritos. O
governo promete um Enem
com questões mais próximas
do dia a dia dos estudantes. No
primeiro dia, das 13h às 17h30,
as provas serão de ciências
da natureza e humanas, cada
uma com 45 questões. No
domingo, haverá uma hora
a mais para as provas de
matemática e linguagens,
incluindo uma redação.
Geração digitalQuanto tempo as crianças
e adolescentes passam
em frente à tela de um
computador, celular ou TV,
e para quê eles utilizam tudo
isso ? Para descobrir isso e
qual o seu impacto no meio
familiar e escolar, surgiu o
projeto Gerações Interativas,
que iniciou no último dia 20
a sua segunda pesquisa em
países de língua espanhola e
latino-americanos. O projeto é
aberto a alunos de 6 a 18 anos
de todas as escolas ligadas
à internet. Para participar,
a escola deve acessar o site
www.educarede.org.br , onde
receberá uma senha para ser
usada pelos alunos.
Boceje maisBocejar ajuda a resfriar o cérebro
e melhora a atenção, conclui
um grupo de psicólogos
norte-americanos. Segundo
eles, a função do bocejo
não é preparar o corpo
para dormir, mas esfriar o
cérebro para melhorar a
concentração. Então, se você
bocejar e alguém disser que
é por falta de atenção, pode
responder:”bocejo para
prestar mais atenção em
você”. O resultado do estudo
está no site da revista New
Scientist. Você já percebeu
que o bocejo é contagioso?
Já? Mas talvez o que você
não saiba é que agora esses
cientistas descobriram que
as pessoas gentis são mais
suscetíveis à transmissão
bocejo. Faça o teste.
O Do Quintal abrange o “quintal verde” dos
curitibanos. Nos bairros Pilarzinho, Mercês, Vista
Alegre, Bom Retiro e São Lourenço encontram-
se os principais bosques e parques da cidade.
Daí serem passagem obrigatória para os turistas
que aportam diariamente vindos de todos os
cantos do país e do exterior.
Se visitar esta região é um presente para os turistas,
morar nela é um privilégio. Colonizados a partir
do final do século XVIII, inicialmente boa parte
destes bairros foi o “celeiro” da cidade. Quando
o presidente da Província do Paraná, Zacarias
de Góes e Vasconcelos imprimiu uma forte
política imigratória para Curitiba, na metade
do século XIX, seu objetivo era exatamente
trazer agricultores para produzir alimentos
para a cidade. E com isso, enfrentar a carestia
e a escassez de alimentos que afligiam então
os curitibanos. Então, aos poucos brasileiros
descendentes de portugueses que já moravam
na região, vieram se somar levas de alemães,
poloneses e italianos, e, em menor número,
ingleses, franceses, prussianos, espanhóis e
outros. Logo a cena das carroças dos colonos
levando diariamente leite, cereais, hortaliças,
frutas e carnes para vendê-los no centro da
cidade já fazia parte da paisagem curitibana.
Passou o tempo, a produção agrícola deixou de ser
o forte da economia local e as chácaras foram
aos poucos subdivididas em lotes menores
destinados à habitação e ao comércio. Hoje,
são bairros que têm em comum mais que a
proximidade geográfica e as áreas verdes.
São bairros pequenos, somados têm 1.829, 70
hectares. Para se ter uma idéia, o maior bairro
curitibano, a Cidade Industrial (CIC), ocupa uma
área de 4.337,80 hectares, ou seja quase duas
vezes e meia o tamanho destes cinco bairros
juntos.
São bairros que mantêm uma boa qualidade de vida
e baixa densidade demográfica. Somadas as
populações do “coração verde da capital” , com
base nos números do Ippuc para 2010, chega-se
a pouco mais de 70 mil pessoas. A CIC tem 180
mil. Já somente o centro da cidade possui 33.631
pessoas espremidas em apenas 329 hectares.
Não bastassem os encantos naturais, essa região
tem ainda a vantagem de ser próxima do centro
da capital. Bom Retiro, o mais próximo, está a
2.288 metros em linha reta do chamado marco
zero da cidade, na Praça Tiradentes.
Pilarzinho, o mais distante, fica a apenas 4.706
metros. Já o mais afastado dos 74 bairros
curitibanos em relação ao centro, o Caximba,
fica a quase 23 quilômetros de distância em
linha reta.
Por essas e muitas outras que é um privilégio morar
por aqui, na região que já foi a que colocava o
alimento na mesa dos curitibanos e que hoje
alimenta os olhos de quem mora nela e quem a
visita.
Morar aqui é um privilégio
XXXXXXX
Do QuintalCuritiba, 26 de maio de 2010
16 »
Fonte: Ippuc* População projetada para 2010 a partir de dados do Censo de 2000. ** Distância em linha reta da divisa do bairro até o Marco Zero, na Praça Tiradentes. *** Metros quadrado de área verde por habitante do bairro.
Você alguma vez já viu uma gralha-picaça, um ga-turamo ou uma jacutinga? Se não viu e quer ver é só começar a prestar mais atenção nos pássa-
ros quando passear pelos parques da região. É o que propõe o Guia Fauna e Flora, em fase de finalização, e que deve ser lançado em breve pelo Instituto Muni-cipal de Turismo. Nas 90 páginas do guia são listadas as espécies de animais, basicamente os pássaros, e de árvores encontradas em 12 parques da cidade. A inten-ção, segundo a prefeitura, é promover o ecoturismo de observação, atividade bastante difundida em algumas regiões, como África e Estados Unidos, mas pouco co-nhecida no Brasil.
Além de orientar o turista, a publicação pretende servir de roteiro para os moradores locais andarem pe-los parques com um olhar mais atento. O guia listou as principais espécies de 12 parques. Na área de abran-gência do Do Quintal estão o Bosque Alemão, Univer-sidade Livre do Meio Ambientes (Unilivre), Parque das Pedreiras, Parque São Lourenço, Parque Tanguá e Parque Tingüi. Também entram o Passeio Público, Jardim Botânico, Parque Barigüi, Museu de História Natural, Bosque do Papa e o Zoológico. Desenvolvido pela RCL, empresa de consultoria em turismo e meio
ambiente, o guia não lista todas as espécies presentes nestes parques. Luiz Augusto Andreguetto, um dos sócios da RCL, explica que foram listadas as espécies encontradas no levantamento feito por três biólogos durante seis meses a partir da bibliografia que já havia a respeito.
“Desenvolvemos ações seguindo tendências da área e pensando em um novo conceito para o turismo em Curitiba”, diz a presidente do Instituto Municipal de Turismo, Juliana Vosnika.
observadores »No guia, os observadores são divididos em três ca-
tegorias, o contemplador, que tem pouco conhecimen-to, mas adora observar a paisagem; o curioso, que já observa as espécies da fauna e flora, mas não sabe de-talhes; e o aventureiro, que já pratica a observação de espécies e tem um conhecimento mínimo sobre eles.
A partir das categorias foram traçados três tipos de trilhas, com graus de dificuldade diferentes. A publica-ção também traz dicas sobre como evitar o impacto da poluição e a destruição das áreas verdes da cidade - não jogar lixo no chão, não perturbar a fauna local; e não arrancar pedaços das plantas.
Guia Fauna e Flora incentivará o ecoturismo de observação nos parques da região
Olha o passarinho!
O “coração verde” em números
Bairro População (*) Área Distância do Centro (**) Área verde (***)
Pilarzinho 32.354 713,10 ha 4.706 m 57,81 m2
Vista Alegre 12.538 369,10 ha 3.469 m 84.03 m2
Mercês 14.242 327,60 ha 2.410 m 42,58 m2
São Lourenço 8.689 225,50 ha 4.355 m 87.28 m2
Abranches 13.369 431,80 ha 6.869 m 141,53 m2
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