THE DAY AFTER
ED
IT
OR
IA
L
Já se passaram alguns dias do término do XVII CONGRESSO LATINO AMERICANO DE
QUIMICA TEXTIL, realizado sob a responsabilidade da ABQCT, na cidade de São Paulo,
portanto, com muita isenção, pois o calor dos acontecimentos já se dissipou, podemos afirmar
que foi um grande sucesso. Analisada a repercussão, seja de onde for, não há dúvidas de que
foi um sucesso TOTAL.
Sucesso este que podemos creditar à nossa Associação, pois se creditássemos a alguém
ou a um grupo específico cometeríamos injustiças seguramente, porque, de fato, foi o resultado
do trabalho de muitos, de todos aqueles que têm simpatia pela Química Têxtil e, principalmen-
te, entenderam a sua importância no contexto econômico e social de nosso País.
A ABQCT, neste contexto, representa a todos que direta ou indiretamente contribuíram para
esse estrondoso sucesso, mas como sempre ressaltei, antes e durante o evento, destaco a
participação incondicional dos patrocinadores. Sem eles a realização desse grandioso evento
seria impossível. Não devemos esquecer também da disposição sempre presente dos
representantes da FLAQT, que não pouparam esforços para facilitar tudo que era possível.
Em meados de 2001, quando começamos a ensaiar os primeiros passos na estruturação
de um grande time, que fosse capaz de levar a bom termo o desafio que nos cabia num
momento tão difícil de nossa economia, tínhamos em mente algumas metas bem definidas do
que queríamos para esse evento, que eram:
- foco específico na Química Têxtil;
- alto teor científico;
- atender às necessidades de atualização técnica;
- reforçar a imagem do Brasil;
- fornecer qualidade de informação a baixo custo;
- muita organização e muito profissionalismo.
Hoje, com base nas repercussões nacional e internacional e na pesquisa de satisfação, é
possível concluir que felizmente atingimos todos os objetivos com a performance sonhada,
deixando no ar a sensação agradável de "quero mais".
A mensagem que fica é de que devemos aproveitar a sinergia criada em tono desse evento
para nos motivar a organizar outros com a mesma qualidade.
Muito obrigado a todos vocês que acreditaram que seria possível e se juntaram à nossa
querida ABQCT.
Antonio Ajudarte Lopes FilhOPresidente da ABQCT
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOSE COLORISTAS TÊXTEIS
Membro titular FLAQT
AATCC Corporate Member
site: www.abqct.com.br
DIRETORIA NACIONAL
Presidente : Antônio Ajudarte Lopes FilhoVice-Presidente : José Clarindo de Macedo1º Secretário : Calil Hafez Neto2º Secretário : Haroldo Castanho Pedro1º Tesoureiro : Agostinho de Souza Pacheco2º Tesoureiro : Tiago J. FonsecaDiretor Técnico : Frits V. Herbold
Núcleo Santa Catarina
Coordenador Geral : Carlos Eduardo E. Ferreira AmaralVice-Coordenador : Clovis RiffelSecretário: Wilson França de Oliveira FilhoTesoureiro : Gilmar Jadir BressaniniSuplente : Lourival Schütz Junior
Núcleo Rio de Janeiro
Coordenador Geral : Francisco José FontesVice-Coordenador : Francisco Romano PereiraSecretário : Ricardo Gomes FernandesTesoureiro : Emanuel de Andrade SantanaSuplente : Antonio Wilson Coelho
Núcleo Rio Grande do Sul
Coordenador Geral : Clóvis Franco EliVice-Coordenador : Eugênio José WitriwSecretária : Maria Julieta E. BiermannTesoureiro : José Ariberto JaegerSuplente : João Alfredo Bloedow
CORPO REVISOR
A revista Química Têxtil conta com uma equipe técnicapara revisar os artigos que são publicados. Os autoresdevem enviar seus artigos para publicação com pelomenos 3 meses de antecedência. A equipe é formadapelos seguintes profissionais:
Abrão Jorge Abrahão IPT Antônio Ajudarte Lopes Filho Rosset Ivonete Oliveira Barcellos FURB Luiz Cláudio R. de Almeida SENAI/CETIQT Úrsula Axt Martinelli FURB Vidal Salem VS Consultoria
EXPEDIENTE
Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasilei-ra de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aquipublicados são de inteira responsabilidade dos autores.Periodicidade : Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.)
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Distribuição : mala-direta: associados da ABQCT, indústri-as têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC.
Circulação : São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro,Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná.
Jornalista Responsável :Solange Menezes (MTb 14.382)e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727
Produção Editorial : Evolução ComunicaçõesImpressão : Ipsis Gráfica
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CORRESPONDÊNCIA
At. Dr. LUÍS GALAGGIAv. dos Anjos Têxteis, nº 86. Paraíso - Céu.Meu caro amigo, Dr. Luís Galaggi.Escrevo-te porque sinto muita falta de você, da solicitude com a qual me recebia,da atenção com a qual me ouvia, da presteza com a qual recebia as amostrasdos produtos novos e dos catálogos que te trazia, das tuas avaliações sempresérias, profundas e incontestáveis.Sinto falta das visitas que te fazia à 6:30hs da manhã e do café que tomávamosjuntos e apressadamente porque você tinha sempre muito o que fazer. Sinto faltadas discussões técnicas que tratávamos sobre máquinas, processos, produtos ecorantes. Sinto falta do teu sorriso maroto e do brilho dos teus olhos azuis quandovislumbravas uma solução técnica insólita que não queria me revelar.Que péssimo jogador de pocker você teria sido!!!Mas você decidiu ir embora, freqüentar outro mundo e deixar este mundo têxtilbrasileiro mais pobre.Que pena para todos nós que aqui ficamos!!!Entretanto, para quem te conheceu pessoalmente ou por ouvir falar (e forammuitos) você deixou uma filosofia de vida profissional e pessoal que serácopiada e seguida. Pode ter certeza!Onde você estiver, receba um grande abraço de teu amigo.
Luciano Migliaccio.
SUMÁRIOEditorial .............................................................................................. 3
Mais de 600 congressistas participaram do XVII Congresso LatinoAmericano de Química Têxtil ................................................................... 5
Panorama atual dos efeitos antimicrobianos na indústria têxtil(Comissão de Auxiliares Têxteis do CIT - INTI) ............................................... 24
Biodegradação de efluente têxtil e nove corantes técnicos utilizan-do fungos basidiomicetos(Luciana Antonelli Rosolen, Regina T. R. Monteiro, Priscila M. Dellamatrice,Hélio M. Kamida) ........................................................................................... 44
Elaboração de receitas de tingimento visando uma melhor quali-dade do artigo e economia de processo(Vitor Alexandre dos Santos) ......................................................... 54
Degradação de soluções aquosas de corantes reativos utilizando-seprocesso de co-precipitação seguido de fotocatálise heterogênea(Kely V. Souza, Elaine L. Tiburtius, Fernando Wypych, Sandra G. Moraes,Francisco A. Camargo, Nelson Durán e Patrício P.Zamora) ........................... 58
Microemulsão: A nova tecnologia na remoção da cor de efluentes(Leocádia T.C. Beltrame, Tereza N.C. Dantas, Afonso A. Dantas Neto, José H.Nascimento.) ............................................................................................ 64
Produtos & Serviços ...................................................................... 76
Depois de dois anos de preparativos, os organizadores
do XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil
puderam respirar aliviados, pois os resultados supera-
ram suas expectativas. O evento, que aconteceu de 4 a
7 de agosto em São Paulo SP, contou com mais de 600
congressistas de vários países da América Latina e Eu-
ropa, que disputaram as poltronas dos auditórios nas 39
conferências e três painéis apresentados.
As palestras migraram de temas atualmente aplica-
dos nas indústrias, como estamparia e tingimento, para
objeto de estudos acadêmicos, como a nanotecnologia.
"Essas novas tecnologias são coisas que as pessoas ain-
da não acreditam mas que vão chegar, sem dúvida", prevê
Vidal Salem, consultor têxtil. "É um tema que ainda está
na linha de pesquisa, mas com certeza vai chegar muito
rápido à nossa realidade".
A nanotecnologia tem por objetivo adicionar funcio-
nalidade à superfície das fibras. Essa técnica é particu-
larmente atraente pela espessura, homogeneidade e se-
qüência de camadas que podem ser precisamente con-
troladas pela arquitetura molecular, estrutura e interações
eletrostáticas. Ela oferece a possibilidade de criar na
construção de fibras ou acabamentos um fenômeno ca-
paz de armazenar energia e informações, detectar os
problemas e corrigi-los através da tecnologia
nanomolecular.
“Gostei muito dos seminários, mas alguns temas es-
tão muito distantes da realidade do Perú. Minha área de
interesse é o meio ambiente, pois o problema de conta-
minação no meu país é muito
grande”, disse o peruano
Eduardo Guerreiro, especialis-
ta em Índigo da Cia. Nuevo
Mundo S.A. Ele não estava
sozinho com sua preocupação,
pois as conferências que abor-
daram temas relacionados a ra-
cionalização e reaproveita-
mento de recursos naturais fo-
ram bastante concorridas.
Uma opção apresentada
para a preservação do meio
ambiente foi o Color Fast
Finish, na conferência de
Markus Ringelsbacher, do De-
partamento de Química Têxtil
Mais de 600 congressistas participaram do
XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil
Painel de Nanotecnologia
Enrique Meltzer, SecretárioExecutivo da FLAQT
Antonio Ajudarte,Presidente da ABQCT
Solange Menezes
5
da BASF - Alemanha. Nesse processo, a coloração e o
acabamento são feitos de uma só vez, economizando
água, produtos químicos, energia e tempo, uma vez que
não requer tratamento posterior.
Outra apresentação que teve como tema a preser-
vação dos recursos naturais foi a de Manoel
Zauberman, da Inpal S/A Indústrias Químicas, que
falou sobre Engomagem, Preparação e Meio Ambi-
ente. Segundo ele, por estar integrada na linha com-
pleta de produção, sua empresa pode trazer à indús-
tria, produtos e processos que permitem uma
engomagem com melhores eficiências na tecelagem,
facilmente removíveis, permitindo uma preparação
econômica, sem agredir as fibras, além de ser com-
patíveis aos tratamentos de efluentes.
"Eu vivo em Portugal e tenho conhecimento da reali-
dade européia e americana, mas com a globalização es-
sas tecnologias são adequadas a qualquer país, embora
uns sejam mais competitivos que outros", ressalta o pro-
fessor Mahomed Ussman, da Universidade da Beira In-
terior, Covilhã - Por-
tugal. Segundo ele,
essas inovações são
aplicadas ao mercado
a medida que são so-
licitadas, o que torna
o processo lento, pois as indústrias e o mercado nem
sempre estão preparados para receber novas tecnologias.
“Muitas novidades apresentadas ao mercado pelas em-
presas já eram conhecidas dos pesquisadores há muito
tempo, mas estavam aguardando o momento certo de
serem absorvidas pelo mercado. Mas é certo que quem
chega com o produto primeiro no mercado estará sem-
pre na frente”, diz Mahomed.
Odair Bathke, coordenador comercial da Albrecht
Equipamentos Industriais Ltda., concorda com as co-
locações do professor Mahomed quando diz o Con-
gresso facilitou o contato com os clientes. “Estamos
vendo as necessidades, as dificuldades que eles têm, e
isso norteia os fabricantes para saber qual rumo to-
mar”, informa. Durante o evento, ele percebeu que
existe uma necessidade muito grande de trocar infor-
mações entre os congressistas latino americanos, prin-
cipalmente sobre processos, novos tecidos - como
elastano - e tecidos especiais. “Existe uma ansiedade
de saber como o outro está fazendo”.
Os auditórios lotaram em todas as palestras. As questões levantadas pelo público mostram o grau de interesse pelos temas apresentados
Paulo Skaf, Presidente daABIT, durante cerimônia
de abertura
6
A expressiva participação de acadêmicos brasileiros
e de outros países no Congresso mostrou que o merca-
do está receptivo a novas tecnologias e as universida-
des estão ativas no desenvol-
vimento delas. “É uma sur-
presa muito boa ver a parti-
cipação de tantos profissio-
nais de outros países e tenho
certeza de que eles estão se
beneficiando com essas in-
formações”, diz Kelson dos
Santos Araújo, consultor in-
dependente em Ciências das
Cores e Colorimetria. “Te-
nho certeza que os técnicos,
industriais e os profissionais
aqui presentes estão muito
satisfeitos com o nível das
conferências”.
O professor José
Valldeperas Morell, do Ins-
tituto de Pesquisa Têxtil da
Universidade de Tarraça -
Espanha, também ficou mui-
to satisfeito com o resultado
do Congresso, não só pela
grande participação de pro-
fissionais e acadêmicos de
vários países latino-america-
nos, mas também pela
pertinência dos temas abor-
dados. "A recuperação da
indústria têxtil fez com que
passasse o desânimo e o
Congresso coincidiu com
esse momento", observa.
"Estão abordando temas de
grande interesse por sua no-
vidade, como estamparia di-
gital, nanotecnologia e teci-
dos inteligentes, mas
também tem o aperfeiço-
amento da tecnologia
tradicional, acompa-
nhando o momento de
transição da indústria".
Segundo ele, a mai-
or parte das palestras ti-
veram origem nas uni-
versidades porque, infe-
lizmente, os grandes
centros de pesquisa das
grandes multinacionais
já não estão tão atuan-
tes como há 20 anos,
mas por outro lado há
uma integração maior
entre empresas e univer-
sidades. “Acho que as
universidades estão aqui
para mostrar novos co-
nhecimentos que vão
dar frutos daqui a qua-
tro ou cinco anos; mas também podemos ver técnicas
desenvolvidas há quatro ou cinco anos que estão dan-
do frutos agora”, diz ele, acrescentando que o equilí-
brio do Congresso está na apresentação desses dois
pólos. “Tem temas de grande interesse por sua novi-
dade, como estamparia digital, nanotecnologias e teci-
dos inteligentes - que são ponta de lança - mas tam-
bém tem a tecnologia tradicional. Nem tudo é mal na
tecnologia já conhecida e nem tudo é para amanhã nas
novas tecnologias. Tudo tem sua importância, porque
as indústrias precisam preparar sua infra-estrutura para
essas novas tecnologias e esse período de transição
tem que se balancear em todos os aspectos”.
Com o final do evento, o Brasil passa para a Argen-
tina a responsabilidade de preparar a próxima edição do
Congresso Latino Americano de Química Têxtil. Desde
já estamos torcendo pelo sucesso do evento.
Markus Ringelsbacher,da BASF - Alemanha
Jürgen Andreaus,da FURB - Brasil
Mahomed Ussman,da UBI - Portugal
Kelson dos Santos Araújo,Consultor independente - BR
Presença feminina no Congresso:no alto, Julie Clemmons, da
Novozymes - EUA.Acima, Leocádia Beltrame,
da UFRN - Brasil
8
MISSÃO CUMPRIDA. POR ORA!!!
Gastão Leonidas de CamargoPresidente da FLAQT
A FLAQT, a ABQCT e a Comissão Organizadora,
no sábado, dia 08, concluíram com um jantar festivo o
XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil.
É uma etapa, não o término de um trabalho.
Foram quase 3 anos de muita atividade, preocupa-
ções, dúvidas, sacrifícios pessoais, esquemas frustrados,
porém, sem nunca perdemos a fé, a coragem e a força
de luta pelo objetivo maior, que era o nosso Congresso.
Nos últimos meses, somando-se a tudo isso, peque-
nas vitórias e acertos iam dando forma a um horizonte
mais promissor, antevendo uma realização vencedora.
Estamos convencidos que o foi.
Conferencistas e congressistas, falando e escutando,
ensinando e aprendendo, trocando informações, comen-
tando resultados obtidos, formaram uma irmandade tão
coesa que, em muitos casos, o tempo para conferências
x debates tornou-se pequeno demais, exigindo continui-
dade nos corredores.
Números:
Números significativos não podem deixar de ser men-
cionados:
- Conferências: ......................................................... 39- Painéis: .................................................................. 03- Congressistas: ........................................................656
Brasileiros:........................................................... 478Visitantes:............................................................ 178Acompanhantes:.................................................... 32
- Crachás: ..................................................................829
Fatos:
Num evento como o nosso Congresso, certos fatos
ficam marcantes para cada um. Para mim, não posso
deixar de mencionar:
- A vinda de colegas da América Central e da América
do Norte, que muito nos prestigiaram.
- O número recorde de participantes em um Congresso
de Química Têxtil da América Latina.
- O interesse na participação técnica, por parte dos Con-
gressistas.
- O brilhante trabalho do Frits Herbold, viajando e
contactando conferencistas em diferentes países e lide-
rando um Comitê Técnico incansável e de alto nível,
que permitiu a excelência dos resultados.
- O trabalho e o apoio incondicional de toda a Diretoria
da ABQCT, do Vice-Presidente da FLAQT, da Comis-
são Organizadora e de toda a Equipe de Apoio.
- A reeleição de membros da Diretoria Executiva da
FLAQT que tão bem trabalhou para a realização do
Congresso.
Gastão Leônidas de Camargo, presidente da FLAQT,durante abertura do Congresso
10
- O entusiasmo e a alegria contagiante no congraçamen-
to e atividades sociais.
- A beleza da solenidade de abertura e do jantar de en-
cerramento.
- Destaque para a visita que uma delegação equatoriana,
com nosso acompanhamento, fez à empresa
STENVILLE TEXTIL, em Jundiaí, SP.
O Sr. George Tomic, com uma solicitude marcante, nos
atendeu sem segredos, comprovando que, nos dias atuais,
apenas ver as instalações e processos de uma empresa não
é o bastante. Importante é tomar decisões certas.
A carta de agradecimento que fiz a ele e abaixo trans-
crevemos fala por si:
Prezado Senhor Tomic,
Em nome da FLAQT, da ABQCT e da Comissão
Organizadora do XVII Congresso Latino Americano de
Química Têxtil, quero agradecer a excelente visita que
realizamos na sua empresa.
A liberdade dada aos visitantes, as informações pre-
cisas e valiosas, além de objetivas e claras, foram mui-
to apreciadas e mostram grandeza empresarial. Mais
do que andar livremente pelas instalações de sua em-
presa, valeu o tempo que o senhor, fugindo de seus afa-
zeres, dispensou ao grupo equatoriano dos senhores
Ricardo Flor Gordon, Hugo Paredes, Richard Flor,
Marco Gordillo e a mim mesmo, relatando suas expe-
riências, informações estatísticas e mais que tudo seu
axioma que considero muito verdadeiro para o suces-
so de um empreendimento.
Seriam quatro situações, no nosso mundo altamen-
te informatizado:
1. Informação certa + raciocínio errado – insucesso
2. Informação errada + raciocínio certo – insucesso
3. Informação errada + raciocínio errado – insucesso
total
4. Informação certa + raciocínio certo – sucesso
Por raciocínio entende-se o conjunto de conheci-
mentos adquiridos, inteligência emocional, poder
decisório e ação.
Agarrar os 25% representados pela quarta premis-
sa é o segredo de um empreendimento vitorioso. Isto é
o que ocorreu nos 10 anos de crescimento da Stenville.
Partindo de uma produção de 20 toneladas mensais,
em janeiro de 1992, chega ao início de 2003 com 200
toneladas mensais.
Devemos considerar que isso ocorreu numa época de
crise no mercado têxtil quando muitas empresas diminuí-
ram a produção ou chegaram a cerrar suas portas.
Por tudo o que nos foi proporcionado, peço aceitar
os nossos agradecimentos e, mais do que isso, os votos
sinceros que a trajetória vitoriosa de sua empresa con-
tinue como foi até agora.
Atenciosamente,
Gastão Leonidas de CamargoPresidente da FLAQT
Registro também, com sinceros agradecimentos,
as firmas:
§ Doehler S.A. - Joenville - Santa Catarina
§ Karsten S.A. - Blumenau - Santa Catarina
§ Cia. Hering - Blumenau - Santa Catarina
§ Kyly Malhas - Pomerode - Santa Catarina
§ Malwee Malhas Ltda. - Jaraguá do Sul - Santa Catarina
§ Siderquímica S.A. - São José dos Pinhais - Paraná
§ Quimisa - Brusque - Santa Catarina
Que, atendendo a nossa solicitação, abriram suas por-
tas para visitas de congressistas do exterior. São empre-
sas líderes em diferentes setores, que têm orgulho em
mostrar o que fazem e um exemplo a ser seguido.
- Uma de nossas colaboradoras, a Madleine Ferraz, teve
a gentileza de mandar, logo após o término do Congres-
so, para os componentes das Diretorias, uma mensa-
gem relatando um fato que, inclusive, já figurou num
filme. É a história do menino que, por qualquer circuns-
tância, de repente está num palco, dedilhando um tema
simples no piano onde, em seguida, se apresentará um
famoso pianista. O pano se abre e o veterano pianista
não interrompe o menino mas, ao contrário, insiste para
12
que prossiga e então, a quatro mãos, a melodia vai cres-
cendo até um final arrebatador para a platéia.
A idéia que nos veio dessa linda imagem é que, leva-
da ao nosso trabalho, seria: o estudante ou já o jovem
profissional, ousando em conduzir ou realizar um traba-
lho, novo ou difícil para ele, recebe do pianista vetera-
no, (nesse caso, os conferencistas, a ABQCT, a FLAQT
ou todos eles em conjunto, de braços abertos), o apoio,
o acompanhamento, e principalmente o incentivo para
grandes futuras realizações na profissão que escolheu.
Obrigado, Madi!
Passamos agora o bastão para os colegas argentinos,
que realizarão, temos certeza que com muito brilho, o XVIII
Congresso, em Buenos Aires. Esperamos que, na data que
decidirem, já possamos estar contando com a filiação de
Cuba e ainda do México, Honduras e Guatemala, que nos
honraram com sua participação em São Paulo.
Da minha parte, deixando a presidência da FLAQT ofi-
cialmente, ao término deste ano, desde já estou me colo-
cando à disposição da FLAQT e da ABQCT para, que
sempre que solicitado, contribuir no que puder ser útil.
Uma coisa que me entusiasma é ajudar a dar corpo a
uma idéia que temos desenvolvido em conjunto com o Pre-
sidente da ABQCT, qual seja a da formação de um BAN-
CO DE DADOS técnicos e de “chão de fábrica”, além de
informações sobre serviços e utilidades disponíveis no
mercado, para que, em conjunto com Universidades, Es-
colas Técnicas e empresas, possamos facilitar a vida do
técnico e do empresário têxtil, encurtando caminhos na
solução de problemas ou na elaboração de projetos novos.
Coisas boas estão para vir brevemente. Principalmen-
te, as “becas” para estudo na Universidade de Catalunha,
o intercâmbio de idéias para aperfeiçoamento do ensino
especializado na Química Têxtil, a Adesão ao Pacto Mun-
dial organizado pela ONU, que nos abrirá muitas portas.
É só esperar!
ABTT PRESTA HOMENAGEM À ABQCT E FLAQT
Acima, JoãoLuiz Pereira,
secretário daABTT, entre-
ga troféu aAjudarte,
presidenteda ABQCT.
Ao lado,Gastão,
presidenteda FLAQT, e
Ajudarte comos troféus.
No ano em que se celebra os 40 anos de existência daFLAQT - Federação Latino Americana de Químicos Têx-teis e os 30 anos de atividades da ABQCT - AssociaçãoBrasileira de Químicos e Coloristas Têxteis, a ABTT -Associação Brasileira de Técnicos Têxteis resolveu pres-tar uma homenagem às entidades e ofereceu um troféucomemorativo a cada uma delas.
A FLAQT foi fundada em 12 de novembro de 1964,com o objetivo de estreitar os laços entre as entidadesassociadas. É uma associação sem fins lucrativos, inte-grada por associações de oito países da América Latina.
A ABQCT foi fundada em 11 de dezembro de 1974,com o objetivo de congregar os técnicos da área químicatêxtil e aprimorar seus conhecimentos, e é membro daFLAQT desde 30 de outubro de 1985.
A ABTT foi fundada em 2 de novembro de 1962, e temcomo objetivo promover o intercâmbio de idéias e experi-ências entre os profissionais têxteis do Brasil.
Este ano, a ABTT e a ABQCT firmaram uma parceriaque oferece os mesmos descontos nos eventos promovi-dos pelas duas entidades a todos os associados de ambas.Isso já aconteceu no XVII Congresso Latino Americanode Química Têxtil e será praticado também no XXI Con-gresso Nacional dos Técnicos Têxteis, promovido pelaABTT, de 7 a 11 de setembro de 2004, em Natal RN, enos demais eventos da ABTT e da ABQCT.
14
“A ABTT - Associação Brasileira de Técnicos Têx-
teis , gostaria de felicitar a FLAQT - Federação Latino
Americana de Química Têxtil e a ABQCT - Associação
Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis pela reali-
zação do XVII Congresso Latino Americano de Quími-
ca Têxtil, em São Paulo.
Foi para nós motivo de súbta honra termos participa-
do, juntamente com vários companheiros da ABTT, dos
principais momentos do evento, destacando aos senho-
res nossa satisfação com a parceria entre nossas entida-
des, que propiciou ter sido este o primeiro aconteci-
mento no qual sócios de ambas entidades tiveram con-
dições privilegiadas.
Esta parceria, temos absoluta certeza, possibilitará
a presença de um número cada vez maior de participan-
tes em eventos de nossas entidades, contribuindo para
estreitar ainda mais nossos laços de amizade e nortear a
defesa de interesses comuns.
Recebam nossos sinceros cumprimentos pela impe-
cável organização e riqueza dos temas apresentados.”
ABTT - Associação Brasileira de Técnicos TêxteisReinaldo Aparecido Rozzatti - Vice-PresidenteJoão Luiz Martins Pereira - Secretário Geral
www.abtt.org.br - [email protected]
"Como patrocinador e participante deste Congresso,
quero expressar meus cumprimentos pela excelente qua-
lidade das palestras ministradas e pela organização da
mesmo. A direção da ABQCT sempre poderá contar
com o nosso apoio para eventos desta natureza.”Calquim
Calil Hafez [email protected]
“A Clariant sentiu-se muito honrada em ser um dos
patrocinadores da FLAQT/Brasil 2004. A organização
do evento foi muito elogiada por nossos colaboradores
latino-americanos, assim como por nossos clientes par-
ticipantes. Os temas selecionados para as apresentações
tiveram a abragência ideal para a realidade atual do seg-
mento têxtil. A programação das atividades também
esteve bem coordenada, atendendo ao interesse de to-
dos os participantes.
A solenidade de abertura teve participantes ilustres
do segmento textil, apresentando uma visão clara do
nosso desafio futuro na região para consolidação do
segmento têxtil latino-americano no mercado interna-
cional. A solenidade de encerramento foi muito sim-
pática, revelando-se como uma oportunidade rara de
congraçamento entre todos os afiliados, num ambiente
fino e muito agradável.
Agradecemos à ABQCT pela oportunidade propor-
cionada à Clariant de expor seu know-how, num ambi-
ente tão favorável.”Clariant
Orlando [email protected]
“De novo recebam os nossos parabéns pela boa or-
ganização do Congresso da FLAQT recente, e espera-
mos podermos nos ver antes do próximo Congresso em
Buenos Aires.”Premier Trading Co. LLC - USA
Michael J. [email protected]
www.PremierTradingLLC.com
Congressistas, conferencistas, delegações estrangeiras epatrocinadores cumprimentam a ABQCT pelo sucesso do
XVII Congresso Latino Americano de Química Têxtil
16
“... Gostaria de parabenizá-los pelo sucesso do evento.
Não é só opinião minha, mas de todos os participantes
com os quais tive contato, o evento superou em muito
as nossas espectativas, foi muito enriquecedor profissi-
onalmente. Quiséramos houvesse um evento desses por
ano e nossa indústria daria um salto em termos de qua-
lidade de seus profissionais. Muitos falavam inclusive
do orgulho que estavam sentindo em participar do setor
têxtil. Voltei cheio de idéias e novos conhecimentos
adquiridos nas palestras de colorimetria e outras que
pude ter o privilégio de participar ativamente, fazendo
perguntas e obtendo respostas exclarecedoras. ‘Fantás-
tico’ é o que digo quando alguém que não foi me per-
gunta a respeito.”
CibaCarlos Alberto Pereira
“El presente es con el fín de felicitarlo, igual que
a la Comisión Organizadora por el magno Evento
con motivo del XVII Congreso Latinoamericano de
Química Textil celebrado en días pasados en São
Paulo-Brasil.
La Celebración estuvo muy disciplinada, elegante, y
de gran altura en todos los aspectos. Los Conferencis-
tas y participantes muy destacados en el rol que les
correspondió actuar. Me gustó muchísimo la ceremonia
de apertura, y algo fuera de serie fue la actuación de la
Orquesta y Coral Marinelli
Gracias por la atención tan amable de todos Ustedes
a quienes saludo.”
Rosabel de CastilloCaracas-Venezuela
“A Sintequimica patrocinou dois pacotes - o C e o D
- e teve um retorno excelente, apesar de algumas falhas
devido à distribuição tardia dos cartazes de divulgação
do Congresso.
Foi muito bom termos colocado uma recepcionista
uniformizada com o tecido estampado em Inkjet e o logo
de nossa empresa no Hall onde aconteciam os "coffee
breaks", distribuindo nossos folders, catálogos e litera-
turas, enquanto nosso pessoal técnico-comercial aten-
dia os congressistas durante os intervalos das palestras.
Nosso objetivo era divulgar mais e melhor a
Sintequímica, tanto para nossos patrícios, como para
os visitantes internacionais, incentivando com isso
nossas exportações. Não deu outra - após o término
do Congresso, obtivemos um número expressivo de
contatos para novos negócios em diversos países, den-
tre eles USA, Venezuela, Colômbia, Perú, Chile, Ar-
gentina e Equador. As nossas certificações ISO9001/
2000 e ISO14001 surtiram um efeito extremamente
positivo sobre esses novos e futuros clientes. O in-
vestimento foi plenamente justificado e tivemos um
grande retorno.
Participamos também do painel de InkJet Printing,
tendo como moderador nosso diretor José Clarindo de
Macedo, fato que muito nos envaideceu: lá estava a
Sintequímica, presente entre tantos participantes de
peso, cujos conhecimentos técnicos da nova tecnologia
eram extremamente relevantes. Isso nos encheu de or-
gulho e incentivo para continuarmos trabalhando e pa-
trocinando eventos como este, tão importantes e es-
senciais para nosso setor.
Com relação ao nível técnico, a organização e a par-
te social, creio que foi o melhor Congresso já apresen-
tado em nosso país, desde o Hino Nacional da abertura,
até o jantar de encerramento. Tivemos que dividir nos-
sos profissionais nas palestras simultâneas para poder-
mos aprender tudo o que era oferecido. Até hoje ainda
realizamos reuniões para discutirmos as tecnologias e
as inovações apresentadas.
Finalizando, a Sintequímica ficou satisfeita e orgu-
lhosa por ter participado como patrocinadora. Contem
conosco para outros eventos deste nível!!!Sintequímica do Brasil Ltda.
José Clarindo de Macedowww.sintequimica.com.br
17
“Por medio de esta comunicación quiero expresarle aos
organizadores de este congreso mis más sinceras felicitaciones por la
organización y realización de este magno evento.
El lugar elegido para su realización, la información sobre la agenda,
la logística de los hoteles, el recibimiento de las delegaciones, el acto
inaugural, el temario, el nivel científico de algunas de las conferencias,
la calidad de las exposiciones, la puntualidad en los distintos actos, la
clausura y en general todas las actividades desarrolladas dentro del
marco del XVII Congreso Latino
Americano de Química Textil realiza-
do por la ABQCT y convocado por la
FLAQT me merecieron el calificativo
de “EXCELENTE”.
Enka de Colombia S.A.Humberto Restrepo S.
Servicio Técnico en Procesos [email protected]
"Estive no Congresso, gostei muito
das palestras."
Kelly C. RibeiroEstudante UNICAMP
"Vocês conseguiram realizar um exce-
lente trabalho com alto profissionalismo.
Mais uma vez, parabéns"
Cesar V. Pinho, Ciba
"Não teve um participante sequer
que não teceu inúmeros elogios a res-
peito de toda a organização do con-
gresso, desde as dependências, a parte
sócio-cultural, organização, pontuali-
dade e mais importante o nível técni-
co apresentado que é toda a essência
desse tipo de evento.
Abraços extensivos a todos do co-
mitê e tomo a liberdade em resumir
em uma mensagem final: "Sucesso e
superação da missão cumprida."
Luiz Wagner de Paula, Ciba
"Primeiro agradecemos a possibilida-
de que nos foi estendida por intermédio
da nossa representada Kuesters em par-
ticipar deste evento. De nossa parte, pos-
so falar que este foi muito bem organiza-
do, com palestras de alto nível e sem
dúvida trouxe ao nosso mercado têxtil
mais um padrão de como deve ser feito
um evento deste porte, com seriedade,
responsabilidade e respeito a todos os en-
volvidos. Parabéns!"
Maurício Vaz, PML
"Parabéns por este evento memorável."
Raimar FreitagSecretário geral da Oeko-Tex - Suiça
"... Gostaria de cumprimentá-los pela
excelente performance conseguida."
Norberto CaneladaTexpal - Brasil
“Thanks a lot for your kindness and
for allowing me to participate as a
speaker at FLAQT. I was humbled by the
amount of people attending my talk and
the amount of questions and further
contacts I received afterwards. Best
regards and thanks again for allowing me
to experience the wonders of Brazil."
Juan Hinestroza
Conferencista - NCSU - EUA
"Por parte da Eloquímica e Quimisa,
gostaria de agradecer e parabenizá-los
pelo evento. Acompanhamos o seu tra-
balho e podemos ter uma idéia da quan-
tidade de esforço envolvida para obten-
ção deste resultado tão satisfatório."
Maria Cristina Santos Cunha Lima
Eloquímica Grupo Quimisa - BrasilKarl-Hans Blank, DyStar Alemanha
Pascal Renger, Ciba Suíça
Joni Dutra Neves, Texima Brasil
18
"...Chegamos ao fim da maratona que foi a realiza-
ção desse congresso. Tenho a certeza absoluta de que
atingimos a todos os nossos objetivos, graças ao traba-
lho e colaboração de muitos".
Antonio Ajudarte, presidente da ABQCT
"Nossa responsabilidade foi grande, porém, com um
final gratificante devido ao sucesso alcançado. Todos os
convidados internacionais, bem como o sr. Connelly, pre-
sidente da AATCC, que quer futuramente mais sinergia
com nossa ABQCT, pois sua impressão foi muito positi-
va quanto a organizãção, nível técnico e social. Ele disse
isso antes da apresentação de sua palestra, onde o Laér-
cio era o coodernador. O professor Mr. Peter Hauser, da
NCSU, também elogiou muito e, neste caso, ele veio com
a esposa e teve passei-
os realizados nos city
tours por nós organiza-
dos com tradução em
inglês, o que muito a
impressionou. Querem
voltar e tenho certeza
que poderemos contar
com a NCSU."
José Macedo, vice-presidente da ABQCT
"I want to thank the
FLAQT committee for
the invitation to speak
at the congress. The
technical program was
first-rate and I gained
valuable information
from the presentations. The social program was also very
nice. My wife enjoyed the cultural tour she attended and
we both enjoyed the closing banquet. In summary, my
congratulations to the FLAQT committee for providing
an excellent technical conference with an interesting so-
cial program."
Peter Hauser, conferencista, NCSU - EUA
“ ...Independente de qualquer avaliação formal, as ma-
nifestações vindas dos congressistas foram sempre ex-
tremamente positivas, expressando muita satisfação. O
encerramento no Clube Monte Libano foi o coroamento
desse sucesso.
Parabéns a todos os colegas e obrigado pela oportu-
nidade de fazer parte desse capítulo, que marcará para
sempre os Congressos da FLAQT."
José Roberto Genari, "mestre-sala" e congressista
"Foi realmente um evento muito especial, tanto em
termos profissionais como pessoais. A assistência à
minha palestra no sábado foi muito boa e bastante
participativa. Passados alguns dias, ainda estou "di-
gerindo" todas as informações e contatos novos obti-
dos estando, assim, muito satisfeito por ter participa-
do desse evento tão importante da área têxtil. Mais
uma vez meu agradecimento extensivo a toda Direto-
ria da ABQCT."
Kelson dos Santos Araújo, conferencista
Consultoria em Cores - Brasil
"Aos amigos que tanto se empenharam na organiza-
ção do Congresso da FLAQT, desejo manifestar e com-
partilhar com vocês a minha alegria pelo sucesso do
evento. Abraços para todos."
Vidal Salem, "mestre-sala" e congressista
"Fiquei muito feliz em poder participar e cooperar
com o excelente andamento do Congresso. Continuo a
disposição para todo e qualquer evento da ABQCT."
Laércio Ferragina, "mestre-sala" e congressista
No alto, o conferencistaMarkus Ringelsbacher -
Basf Alemanha.No centro, WolfgangSchrott, da DyStar
Alemanha.Ao lado, Oscar Haffar, doGrupo Intex - Venezuela.
20
"Estou muito feliz e agradecido por ter sido convida-
do para dar minha pequena contribuição para esse gran-
dioso congresso.Parabenizo a todos que participaram
para que esse evento se realizasse do modo que foi, pelo
grande sucesso do congresso. Parabéns!!! Estou orgu-
lhoso também da boa impressão que nossos países vizi-
nhos levaram."
Haroldo Castanho Pedro, "mestre-sala"e congressista
“Só uma palavrinha de parabéns pela organização
da sua conferência e de agradecimento pelo atendimen-
to de que fui objeto, nomeadamente pelo alojamento no
hotel Meliá de que gostei muito.”
Jaime I. Naylor da Rocha GomesUniversidade do Minho - Portugal
“A GII é uma organização de especialidades quími-
cas, representantes de fornecedores globais para as áreas
têxteis, couros, pigmentos (tintas e plásticos), papel e re-
vestimentos em madeira, que promove a integração total
dos recursos. Por isso, foi criado sobre três pilares: ima-
ginação e integração ilimitadas. A GIII representa, no
Brasil, a M. Dohmen / LG Alemanha - Coréia, em
corantes; a Wonderful / Jiansu Taifeng - China, o maior
produtor mundial de índigo; a Chromatech de Leeds -
Inglaterra, em auxiliares têxteis e a SunChemical - Perfor-
mance Pigments, para tintas, plásticos e especialidades.
Pela primeira vez a GIII participa do XVII Congres-
so Latino Americano de Química Têxtil e da FEBRATEX
Feira Brasileira para Indústria Têxtil.
O congresso em geral foi bom com palestras muito in-
teressantes e outras nem tanto. As acadêmicas foram as
melhores e a dos fornecedores, algumas boas, mas em ge-
ral não trouxeram grandes novidades para os técnicos bra-
sileiros. A possibilidade de troca de experiências e net-
working foi muito aproveitada por todos. A organização, o
marketing e a presença da maioria das empresas da cadeia
têxtil, apoiando o congresso, foram pontos de destaque".
GIII - Grupo de Imaginação e Integração Ilimitadas
Eduardo Guimarães - presidente da GIII
“En nombre de la delegación del Ecuador al XVII
Congreso Latinoamericano de Química Textil, agradezco
por las atenciones brindadas en el seno de este evento y
hacemos votos por el exito futuro y la unidad de la ABQCT
y FLAQT. Además, un especial agradecimiento por la
invitación hecha para conocer la empresa textil Stenville.”
Asoción Ecuatoriana de Quimicos y Tecnicos TextilesRicardo Flor G.
"Achei que o congresso foi muito bem organizado, com
estrutura de primeira qualidade. Os programas foram
cumpridos e as infor-
mações vieram de en-
contro às necessida-
des que estão surgin-
do no mercado têxtil."
BASF S.A.Marcelo Paciello da
SilveiraCoordenador de Vendas
- São Paulo
“Para a Texsilon,
não houve surpresas
quanto à realização do
17º Congresso da
FLAQT, orquestrado
pelas mãos competen-
tes da equipe
organizadora do even-
to, a Diretoria da
ABQCT. Temos parti-
cipado de outros con-
gressos da FLAQT e
No alto, o conferencistaOlli Lemola, da Stork -
Países Baixos.No centro, Freddy
Rewald, FEI - Brasil.Ao lado, Manoel
Zauberman,da Inpal - Brasil
22
podemos afiançar com segurança que o nível técnico
dos trabalhos apresentados, assim como a organização
total do evento, foi perfeita em todos os detalhes, desde a
abertura até o encerramento na festa de confraternização.
Parabéns a toda equipe organizadora, vocês realizaram
uma obra maravilhosa e que nos enche de orgulho.”
Texsilon
Luiz Scalon
“A Golden Química do Brasil Ltda. vem, através de
seus funcionários e diretoria, parabenizar a presidência,
diretoria e membros da comissão organizadora da
ABQCT e FLAQT pelo extraodinário Congresso reali-
zado. O profissionalismo, competência e bom gosto que
pautaram tanto os eventos técnicos como os sociais fo-
ram motivos de orgulho para toda a comunidade têxtil
brasileira.
Os congressistas da Golden Quimica tiveram a opor-
tunidade de assistir cerca de 90% das palestras e, em-
bora muito alertado pela equipe diretiva da FLAQT, parte
dessas palestras tiveram cunho estritamente comercial,
o que lamentamos profundamente, embora esse fato não
diminua o brilho do evento. As empresas devem estar
mais conscientizadas de que o público num congresso
dessa magnitude, vai em busca de novos conhecimen-
tos técnicos.
Sentimos na obrigação de mencionar esse fato, mas
estamos à disposição para colaborar em eventos com o
padrão do que foi executado.Golden Química do Brasil Ltda.
Diretoria
23
Os agentes antimicrobianos têm um papel importan-
te no controle dos microorganismos perigosos, mas o
desenho, a aplicação e o mecanismo de ação de tais
agentes não estão isentos de problemas. O objetivo fi-
nal não é a erradicação das bactérias e fungos, mas o
controle de suas populações.
Este trabalho apresenta um panorama e a situação
atual dos produtos e a forma de atuar dos agentes
antimicrobianos. Industrialmente, os agentes
antibacterianos ou antifúngicos são aplicados durante
o processo de acabamento ou são incluídos na própria
estrutura da fibra.
São descritos antecedentes históricos, as definições
dos termos em microbiologia, os mecanismos de repro-
dução e controle dos microorganismos, as composições
químicas dos agentes utilizados, a forma de aplicação
nos têxteis, o mecanismo de ação e sua durabilidade
durante o uso normal da prenda.
1. Antecedentes históricos e sua relação biocida
Como referência, talvez uma das mais antigas, mui-
to importante e relacionada com este tema, podemos citar
o ritual bíblico da vaca queimada. A gordura quente fun-
dida, ao escorrer e entrar em contato com as cinzas, for-
mava por saponificação uma mistura alcalina de sabão
em pó. Essas cinzas saponificadas eram diluídas em re-
cipientes, formando assim uma lixívia aquosa que era
utilizada para borrifar tudo o que estivera em contato
com cadáveres. Dessa maneira, temos uma explicação
do uso do sabão para se obter um efeito desinfetante em
razão de sua propriedade de limpeza.
Os agentes tensoativos descobertos no século XX,
utilizados para todos os processos têxteis úmidos e em
especial para a lavagem dos materiais (fibras, tecidos e
prendas), contribuem para diminuir as possibilidades de
formações microbianas e fungos ao eliminar as sujeiras
e em especial os contaminantes orgânicos, principalmen-
te óleos e gorduras. Podemos dizer que o sabão e os
tensoativos têm "por si só" uma ação letal sobre muitas
formas de microorganismos.
O descobrimento do poder biocida dos tensoativos
quaternários de amônio, que data do ano 1935, condu-
ziu a sua posterior aplicação no campo têxtil. Podemos
citar o fenol, halógenos (cloro, bromo, iodo) e sais me-
tálicos, como os primeiros biocidas industriais utiliza-
dos no começo do século XX. A indústria têxtil, no sé-
culo XX não utilizou processos de aplicação de biocidas,
salvo em casos muito destacados, como por exemplo, a
lavagem comercial de fraldas. Cabe destacar, que na Ar-
gentina existiram sérios problemas de toxicidade em
pessoas por utilizarem derivados de mercúrio que mais
tarde foram proibidos.
Na fabricação de lonas, especialmente de uso na intem-
périe (toldos, caminhões etc.), foi necessária a aplicação
de acabamentos especiais para evitar a formação de fun-
gos. Nesse caso, foram utilizados sais de cobre e outros
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtiln° 76/set.04
Panorama atual dos efeitos antimicrobianosna indústria têxtil
Comissão de Auxiliares Têxteis do Centro de Investigação e Desenvolvimento Têxtil (CIT) do INTIArtigo publicado na Revista Galaxia nº 167 - Argentina
Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT
24
produtos. Os ensaios consistem em deixar um pedaço da
lona durante um certo tempo enterrado no solo e avaliar
em seguida a perda de resistência e a descoloração.
Quanto a fibra de lã, sendo seu principal problema a
destruição pela traça, tornou-se necessário um tratamento
com produtos especiais, de formulação muito similar a
dos corantes de alta afinidade. A lã mal lavada ou con-
taminada com restos de ensimagem conduz a rápidas
formações de fungos da família aspergillus niger, que
terminam infectando todos os lugares em contato com a
mesma. Isso torna necessária a descontaminação de pi-
sos, paredes, caminhões onde se transporta a lã etc.
Quanto a utilização nos processos, podemos citar
vários casos indiretos. A aplicação das engomagens de
fios, por ser originalmente feita com amidos, fécula,
caseína ou misturas, e na atualidade com produtos sin-
téticos (álcool polivinílico, acrilatos etc.), torna neces-
sário o uso de conservantes para evitar a putrefação e
formação de fungos.
O uso de ensimagens nos processos de fiação, elabo-
rados com óleos naturais, ácidos graxos ou óleos sinté-
ticos, e que são utilizados em emulsão ou soluções
coloidais, requer a utilização de conservantes para evi-
tar a decomposição, tanto no processo como sobre as
fibras. Sobre isso podemos dizer que os óleos minerais
contêm geralmente altas concentrações de pseudomonas,
as quais trabalhando em conjunto com leveduras e
enzimas (sulfatasas) levam a decomposição dos sulfa-
tos da água, que se reduzem formando ácido sulfídrico
altamente tóxico para o ser humano, além de deteriora-
rem e colorirem a lã.
A utilização de água contaminada nos processos
úmidos, geralmente proveniente de poços pouco pro-
fundos, pode levar a contaminações com fungos, que
mancham os materiais durante seu armazenamento e
modificam a tonalidade dos corantes. Isso deve ser so-
lucionado mediante o uso de biocidas especialmente
selecionados. Dado o potencial de periculosidade que
implica a inclusão de um agente bactericida em um pro-
duto têxtil, se optou por utilizar aqueles que estão inclu-
ídos desde longo tempo na relação de produtos que não
causam problema quando em contato íntimo com a pele
(como cosméticos). Esses produtos são utilizados há
mais de vinte anos, período durante o qual foram avali-
ados em cada caso quanto a sua toxicidade, sem que se
tenha reportado casos de efeitos nocivos.
2. Biocidas (bactérias e fungos)
Há muitas décadas são utilizados agentes antimicro-
bianos para controlar a proliferação de bactérias e fun-
gos. Os agentes antimicrobianos têm um papel impor-
tante no controle da população de microorganismos pe-
rigosos, mas a aplicação e o mecanismo de ação de tais
agentes não estão isentos de problemas. Em primeiro
lugar, o mais habitual é usar um projeto simples para
controlar o amplo espectro de organismos chamados
micróbios, seja do tipo bacteriano ou fúngico. De uma
forma geral, quanto mais ampla é a atividade do agente,
mais tóxica é a substância química para as outras espé-
cies de ordem superior, incluindo o homem. Em segun-
do lugar, o objetivo final do efeito antimicrobiano não é
a erradicação completa de todas as bactérias e fungos
mas sim o controle de sua população.
Existem micróbios em quase todos os ambientes,
desde as calotas polares até os desertos mais áridos.
Alguns micróbios são capazes de resistir temperaturas
muito extremas, desde 100ºC até -180ºC. Os órgãos in-
ternos e o sangue costumam estar livres de micróbios e
a elevada acidez do estômago costuma ser uma boa bar-
reira para as bactérias que desejem entrar no organismo
humano. Na pele limpa sempre existem níveis básicos
de bactérias e fungos, com uma população típica de 100-
1000 micróbios por centímetro quadrado. Nesses níveis,
os micróbios não produzem nenhum problema de saúde
e nem de mau cheiro.
As bactérias e fungos vivem bem em condições quen-
tes e úmidas. Como se multiplicam por divisão em duas,
o crescimento da população segue uma simples progres-
são geométrica de 1, 2, 4, 8, 16, 32.... Em condições
ideais, esse processo pode ter lugar a cada vinte minu-
26
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
tos, o que significa que em um período de 8 horas, uma
simples bactéria pode gerar 1,6 milhões descendentes.
Quando as bactérias ou fungos alcançam níveis excessi-
vos aparecem os problemas de odor, descoloração e pos-
sível infeção. Muitos dos odores característicos associa-
dos com a boca, axilas e pés são devidos a grandes popu-
lações que proliferam em condições quentes e úmidas.
O mau cheiro resulta da digestão de nutrientes trans-
pirados por parte dos microorganismos e a conseguinte
liberação de produtos secundários pestilentos. Mesmo
que as bactérias sejam muito prolíficas, costumam ser
eliminadas através de uma simples lavagem. Os níveis
excessivos de fungos são os responsáveis por infeções
tipo "pé de atleta" em locais de chuveiros coletivos e
por contaminação de colchões e roupa de cama. Os fun-
gos demoram mais tempo para se estabelecerem do que
as bactérias mas são mais difíceis de serem eliminados
e podem resistir bem aos ciclos de lavagens. É evidente
que os problemas associados com bactérias e fungos são
diferentes e, portanto, devem ser diferentes os métodos
utilizados para controla-los. Por exemplo, o controle de
ácaros em roupa de cama e colchões.
Os ácaros pertencem à família dos aracnídeos, me-
dem entre 0,1 e 0,5 mm, isto é, são invisíveis a olho nú.
Vivem entre as fibras têxteis e não dependem de ne-
nhum substrato em especial. Preferem as mesmas con-
dições climáticas dos fungos e bactérias, ou seja, umi-
dade e temperaturas cálidas.
A quantidade de células que se desprendem diaria-
mente do corpo humano, suor, gordura e pele tem um
peso aproximado de 1,5 gramas, o que é suficiente para
nutrir mais de um milhão de ácaros. Mas, normalmente
essas células são demasiadamente secas e com um con-
teúdo de óleo demasiadamente alto para servir de ali-
mento direto aos ácaros. Os fungos contribuem para
decompor a capa oleosa dessas partículas, tornando-as
mais digestíveis para a alimentação dos ácaros. Com as
condições de umidade e temperatura adequadas, o am-
biente fica favorável para a multiplicação dos ácaros.
Em uma geração de 3 a 4 meses, uma colônia original
de 1000 indivíduos pode se converter em uma de mais
de 40000. As fezes dos ácaros secam e se dividem em
partículas de tamanho microscópico que podem ser ex-
pulsas da cama pelo movimento e pela carga estática.
Esses dejetos contêm os agentes alérgicos que provo-
cam as reações alérgicas. A presença de um tratamento
antimicrobiano pode deter o crescimento dos fungos
responsáveis pela degradação das células epiteliais e
assim cortar o ciclo de reprodução dos ácaros.
3. Produtos têxteis e seus usos
No campo têxtil os tratamentos antimicrobianos se
dirigem aos seguintes usos finais:
- uso desportivo;
- camisas e jaquetas;
- entretelas;
- meias e roupa interior.
Na área industrial, são solicitados para:
- roupas de trabalho e tecidos para a indústria farmacêu-
tica e alimentícia;
- filtros para acondicionadores de ar, filtros em geral e
aspiradores de pó.
Para a higiene hospitalar são usados em:
- roupas para cirurgia, laboratórios, odontologia e etc.;
- roupa de cama, forro de colchões;
- proteção bucal;
- gases, bandagens e fitas adesivas.
4. Definições
A microbiologia é uma ciência que, em uma das suas
ramificações, estuda o efeito degradante dos microor-
ganismos sobre os alimentos, cosméticos, produtos far-
macêuticos etc. A conservação química foi introduzida
ao redor de 1880, com o uso do ácido salicílico, ácido
bórico e sal (cloreto de sódio).
Essa é a classificação dos microorganismos:
- Bactérias (Gram+ e Gram-): são organismos
unicelulares que têm um único cromossoma e não pos-
suem envoltura nuclear. São os menores microorga-
27
Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
nismos, com um diâmetro médio de 1 mícron. Muitas
espécies são patogênicas e outras intervêm em ciclos da
natureza. Segundo sua forma aproximada são divididos
principalmente em:
. Cocos (esferas)
. Bacilos (bastões)
. Espiroquetas (espirais)
. Actinomicetas (forma indeterminada)
- Fungos (leveduras e mofos): são organismos com um
núcleo organizado e paredes celulares rígidas, carecem
de clorofila. Diferentemente das bactérias, são constitu-
ídos de múltiplas células.
- Vírus: é constituído por material genético (ADN ou
ARN) e uma cobertura protéica; só se reproduzem em
um organismo vivo e devem ser parasitas de uma célula
hospedeira.
- Esporos: célula que se separa do organismo mãe e
que, em condições favoráveis, desenvolve um novo or-
ganismo adulto. Também são definidas como bactérias
encapsuladas.
- Algas: organismos vegetais pluricelulares que vivem
em ambientes úmidos ou líquidos. Possuem capacidade
de fotossíntese, captam a luz e a convertem em energia.
Podem ser macro ou microscópicas.
medicamentos. São substâncias naturais ou sintéticas que
destroem ou inibem a proliferação de microorganismos.
Antibióticos: são os produtos antimicrobianos de ori-
gem natural.
"Cidas" : é o sufixo que indica substâncias que matam
organismos do tipo indicado no prefixo; podem ou não
matar outro tipo de microorganismo.
Bactericida: é um produto que mata bactérias, mas não
necessariamente seus esporos, que é o estado no qual
permanecem os microorganismos quando as condições
lhes são adversas.
Germicida: é um agente "cida" de amplo espectro.
Fungicida: é o agente que mata os fungos.
Esporicida: agente que destroi os esporos microbianos.
"Státicos" : se faz acompanhar de um prefixo que in-
dica sobre qual tipo de microorganismo exerce a ação.
Esses produtos provocam a interrupção do crescimen-
to dos microorganismos mas não sua morte, como fa-
zem os "cidas".
Bacteriostático: é o agente que previne o crescimento
das bactérias mas que não necessariamente as mata.
Nem a elas e nem os seus esporos.
Fungistático: é o agente que inibe o crescimento dos
fungos mas nem sempre os mata.
Desinfetante: é um agente que mata ou reduz, sobre
objetos inanimados, a população de microorganismos a
níveis que normalmente são inócuos para a saúde, mas
não aos seus esporos.
Antisséptico: é um agente germicida suficientemente ino-
fensivo para ser aplicado sobre a pele ou mucosas, mes-
mo não sendo sempre seguro para a aplicação interna.
Esterilização: destruição ou ausência de microorga-
nismos.
Infeção: os microorganismos penetram no hospedeiro.
Contágio: os microorganismos passam de um hospe-
deiro a outro.
5. Atividade antimicrobiana - Métodos AATCC
Existe uma série de ensaios para quantificar a eficá-
cia do efeito antimicrobiano. O teste AATCC 147 é, em
4.1. Definições de palavras conexas
Agentes antimicrobianos: são todas as preparações
para prevenir, destruir ou abrandar qualquer bactéria,
fungo ou virus em qualquer âmbito exceto em huma-
nos, plantas e animais ou em alimentos, bebidas ou
28
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
geral, o mais usado, mas em alguns casos específicos
são adotados sistemas de ensaio diferentes, como o
AATCC 100 ou os testes suíços SNV-195, 920 e 921.
5.1. Método AATCC 147
Esse método é um procedimento qualitativo, cujo ob-
jetivo é demonstrar se o agente bactericida com o qual
estamos tratando o material têxtil oferece atividade
antibacteriana. As amostras do material a ser testado, in-
cluindo amostras de controle feitas do mesmo material
sem tratar, são colocadas em íntimo contato com um gel
nutritivo, o qual tenha sido previamente inoculado com
os microorganismos. É usada uma família bacteriana pa-
drão, em geral se pode usar Staphylococcus Aureus como
representativa dos organismos Gram positivos.
O resultado é determinado observando a zona de ini-
bição que se produz sobre o gel ao redor da amostra que
está sendo testada; essa zona é uma área bem determi-
nada na qual não existe crescimento de microorganismos
e que ocorre como resultado da difusão do agente
antibacteriano proveniente do material têxtil.
Meio de Cultivo: em geral se usa um gel ajustado a um
pH de 7,0 com hidróxido de sódio.
Amostras: podem ser circulares ou retangulares de
25x50 mm.
Procedimento: coloca-se o gel nutritivo em placas de
Petri. A seguir borrifa-se o gel com a solução de
inoculação bacteriana (semeadura) em locais determi-
nados, em formas de estrias, e coloca-se a amostra a ser
testada. A prova é incubada durante 18 a 24 horas.
Avaliação dos resultados: as placas de Petri são exami-
nadas verificando-se tanto a interrupção do crescimento
bacteriano nas estrias quanto a zona de inibição ao redor
da amostra. Para avaliar a atividade antibacteriana, os ma-
teriais tratados devem ser comparados com o material de
controle (sem tratar) e com um material que já possua
atividade antibacteriana estabelecida. Para que o agente
antibacteriano seja reconhecido como tendo uma aceitá-
vel atividade bactericida, não deve haver colônias bacte-
rianas em baixo da amostra, na área de contato com o gel.
5.2. Método AATCC 100
Diferentemente do Teste 147, esse método oferece um
procedimento para avaliar o grau de atividade antibac-
teriana. Se o que se pretende verificar é a presença ou não
de atividade antibacteriana, um procedimento qualitativo
como o Teste 147 é perfeitamente aceitável. Porém, se
pretendemos efetuar uma avaliação quantitativa da ativi-
dade antibacteriana, necessitamos efetuar o Teste 100.
Praticamente o que se faz é o seguinte: os materiais
tratados são testados primeiro usando o método 147;
aqueles que apresentam atividade antibacteriana são a
seguir avaliados quantitativamente pelo método 100.
6. Material têxtil antimicrobiano
Para conferir a um material têxtil propriedades antimi-
crobianas existem dois caminhos: incorporar o agente
antimicrobiano à fibra ou aplica-lo
depois, como um acabamento. O pri-
meiro caso somente é viável com as
fibras sintéticas que descreveremos
com o título de fibras antimicrobi-
anas, o segundo caso corresponde a
aplicação de produtos antimicro-
bianos sobre fibras (praticamente
qualquer tipo), fios, tecidos ou pren-
das confeccionadas (ver cap. 6.2 -Pro-
dutos de acabamento antimicrobiano)
30
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
6.1. Fibras antimicrobianas
a) R.STAT - A empresa R.STAT, de origem francesa,
produz uma fibra de poliamida 6.6 para ser usada em
princípio como fibra antiestática, mas que também pos-
sui propriedades antibacteriana e cujos direitos foram
comprados da Rhone-Poulenc para sua fabricação. É
uma fibra de poliamida 6.6 com uma capa de 0.2 microns
de espessura de sulfureto de cobre. Essa capa é fundida
no processo de fabricação na face externa da fibra e está
intimamente integrada dentro do polímero, asseguran-
do uma resistência permanente às condições normais de
uso e a diversos tratamentos químicos.
A propriedade antibacteriana da fibra é gerada pelos
íons de cobre. Esses íons escapam gradualmente da fi-
bra e se fixam nos grupos tiol (SH) que se encontram
nas enzimas da membrana das bactérias. Dessa maneira
afeta seu metabolismo, inibindo sua capacidade respi-
ratória e prevenindo sua multiplicação. Ao inibir sua
multiplicação e não elimina-las, impede que todas as
bactérias morram e dessa maneira protege as bactérias
que atuam como barreira de proteção das infeções.
A fibra tem ação somente antibacteriana, não tem
ação antifúngica. Lamentavelmente, essa fibra é de cor
castanho avermelhado, a qual limita seu uso que pode-
ria ser para meias, roupa interior, máscaras, luvas etc..
O sulfureto de cobre é tóxico mas em dosagens mui-
to altas, a dosagem letal é superior a 1000 mg/kg.
b) Amicor - a empresa Fibras Acordis produz, com o
processo da Courtelle, duas variedades de fibras acrílicas,
fabricadas pelo método de tiocianato de fiação em úmi-
do: Amicor AB com ação antibacteriana e Amicor AF
com ação antifúngica. Na Amicor AB é incorporado o
produto Triclosan no processo de fabricação, sob a for-
ma de partículas sólidas e não de dispersão molecular, o
que lhe confere solidez aos diversos tratamentos úmi-
dos; a maior parte do aditivo se agrega a matriz da fibra
e uma pequena proporção aparece na superfície da mes-
ma ou próximo a ela.
Esse revestimento superficial é o responsável pela ati-
vidade inicial; durante os ciclos de lavagem e desgaste,
esse revestimento inicial migra para as fibras e/ou
substratos vizinhos, oferecendo uma zona de proteção;
por conseguinte, permanece continuamente em migração
pela ação das lavagens e do uso. Quando o aditivo é eli-
minado da superfície por migração se estabelece um gra-
diente de concentração entre as partículas ricas em aditivo
situadas no interior da fibra e as da superfície das mes-
mas com pouco aditivo. Como resultado, o aditivo se di-
funde do interior para a superfície e a natureza muito po-
rosa desse tipo de fibra ajuda a difusão. Esse mecanismo
pode ser interpretado como um processo de difusão lenta
que se ativa ao lavar ou usar a fibra.
Para a Amicor AF com ação antifúngica o fabricante
não declara que princípio ativo utiliza. Qualquer uma
das duas fibras, sozinha ou em conjunto, podem ser
misturadas com outras fibras, em porcentagens não
menores do que 30% para que tenham o efeito deseja-
do. Podem ser misturadas com qualquer fibra e aceitam
todos os processos de tingimento, mas quando mistura-
das com algodão, devem ser alvejadas somente com água
oxigenada pois os alvejamentos a base de perclorato
diminuem sua atividade antimicrobianas; resiste muito
bem as lavagens até 74ºC.
c) Permafresh - é uma fibra de polipropileno desenvol-
vida pela Plasticisers Fibres, radicada no Reino Unido,
cujo agente antimicrobiano é o Ultrafresh DN 50, pro-
duzido pela empresa canadense Ultrafresh. Esse produ-
to tem sido utilizado por mais de 15 anos em outras fi-
nalidades diferentes, mas lamentavelmente essas duas
firmas não declaram qual é o princípio ativo do mesmo.
Desenvolveram dois tipos de fibras: "Permafresh" e "
Permafresh Plus", sendo que este último possui um ren-
dimento mais elevado. Ambos podem ser misturados
com outras fibras dando ao tecido final propriedades
antimicrobianas.
d) Existe uma fibra desenvolvida recentemente pela
DuPont que contém o agente antibacteriano "Allerban",
31
Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
do qual não conhecemos a composição química. Essa
fibra é formada por uma combinação de poliéster
"Dacron" com uma seção circular de 4 canais e 75 mm
de longitude e uma fibra acrílica que contém o agente
antimicrobiano; ambas fibras são misturadas antes de
serem cortadas. A DuPont aconselha seu uso para al-
mofadas, colchas e edredons e alega que resiste a lava-
gens até 60ºC.
e) MicroSafe - essa fibra de acetato de celulose é fabricada
pela firma italiana Celanese, a qual incorpora durante a
fiação um composto de fenoxi halogenado como agente
antimicrobiano. Esse aditivo não é solúvel em água e se
encontra uniformemente distribuído em toda a fibra. Du-
rante o uso, o aditivo que se encontra na superfície da
fibra migra para as fibras vizinhas dando proteção a todo
o material; então o aditivo do interior da fibra vai mi-
grando para a superfície e restabelece o equilíbrio. O com-
posto fenoxi halogenado ataca a membrana citoplasmática
das bactérias e dessa forma interfere em suas funções
metabólicas evitando sua proliferação; é inócuo para os
seres humanos e animais por ser incapaz de romper a gros-
sa membrana das células do sangue e da pele.
Segundo o fabricante, essa fibra pode ser misturada
com qualquer outro tipo de fibra, tanto as naturais como
as sintéticas; na mistura deve estar presente um mínimo
de 15% desse material. Foi comprovado com os ensaios
correspondentes que nessas condições resiste até 200
lavagens a 70ºC.
6.2. Produtos de acabamento antimicrobiano
Os produtos antimicrobianos para uso têxtil devem
cumprir as seguintes condições:
- cobrir um espectro microbiano relevante;
- ser de uso seguro para o fabricante e para o consumi-
dor têxtil, com boa tolerância da pele;
- fácil de aplicar;
- resistente a numerosas lavagens;
- não apresentar efeitos adversos sobre o têxtil após sua
aplicação.
Por isso, classificaremos os produtos antimicrobianos
em produtos comerciais e em desenvolvimento, fruto
da investigação de Institutos ou Universidades e que
poderiam ser utilizados na indústria.
6.2.1. Produtos comerciais
a) Reputex 20 (PHMB)
Poly(hexamethylene biguanide hydrochloride) ou
cloridrato de polihexametilen biguanida é um composto
químico fabricado pela empresa Avecia (ex. Zeneca), que
tem sido usado por muitos anos em uma grande varieda-
de de aplicações antimicrobianas, em piscinas ou em pro-
dutos de uso pessoal. O PHMB é uma molécula relativa-
mente segura e tem muito baixa toxicidade nos mamífe-
ros. Por ser um polímero com uma grande quantidade de
grupos catiônicos, possui muitos enlaces com a celulose,
dai provém sua excelente solidez as lavagens repetidas.
O PHMB é muito solúvel em água e facilmente apli-
cável sobre algodão, fibra sobre a qual tem muito bom
esgotamento. Sobre fibras sintéticas não tem bom esgo-
tamento, por isso, para que esse produto tenha
efetividade o algodão deve estar presente em 30% da
mistura pelo menos. Como tem boa estabilidade térmi-
ca (215ºC) pode ser usado nas fibras sintéticas, sendo
incorporado ao polímero quando as mesmas são
fabricadas. O PHMB pode ser aplicado por esgotamen-
to, foulard ou spray, este último é recomendado para
casos especiais como "tecido nãotecido".
Por esgotamento se aplica em uma faixa de 0,25 a
2% durante 30 minutos a 40ºC com pH 7/8; nessas con-
dições seu esgotamento é quase completo. Por ser
34
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
catiônico não pode ser aplicado junto com alvejantes
óticos, além disso o tecido deve estar livre de restos de
cloro ou água oxigenada proveniente do alvejamento.
Por foulardagem pode ser aplicado em presença de
amaciantes não-iônicos e catiônicos, não necessita
termofixação e também é compatível com a maioria das
resinas tradicionais. Caso se queira que ele funcione tam-
bém como fungicida, deve ser utilizado em concentra-
ções superiores a 2%. Os materiais têxteis tratados com
PHMB não sofrem modificações em suas propriedades,
não afeta sua resistência mecânica, absorção de água,
não modifica o toque e tem boa solidez a lavagem, re-
sistindo pelo menos a 50 lavagens.
Como o PHMB tem bom esgotamento, o banho resi-
dual pode ser despejado sem problemas porque com a
alta diluição que se produz com os demais efluentes da
tinturaria é quase imperceptível no conjunto. No caso
de restos de banhos de foulard, devem ser diluídos an-
tes de serem eliminados como efluente.
b) Sanitized e Actigard
Estas marcas de produtos comercializados pela
Clariant englobam vários compostos com princípios ati-
vos diferentes, os quais passamos a descrever a seguir e
que têm as seguintes características gerais:
- Atuam sobre os microorganismos, atacando a parede
celular dos mesmos e afetando dessa maneira seu pro-
cesso metabólico, por isso interrompe o mecanismo de
crescimento e reprodução dos mesmos.
- Tem ação bacteriostática sobre a maioria das bactérias
Gram positivas e Gram negativas e em alguns casos que se-
rão mencionados em particular, sobre leveduras e fungos.
- Em geral são aplicados sobre todos os tipos de fibras;
sobre poliéster puro ambos os produtos necessitam ensai-
os prévios para que se consigam os melhores resultados.
- São aplicados em concentrações variando entre 0,7 a
1,0% por esgotamento e/ou foulardagem, sempre com o
banho a pH 4,5/5. Por esgotamento é aplicado durante
15 a 20 minutos a 60ºC, sendo possível a aplicação em
menor temperatura, mas nesses casos deve ser aumen-
tado o tempo de processo. No caso de foulardagem, é
aplicado geralmente a 40ºC e logo a seguir fixado a 140/
160ºC. Os dados sobre a aplicação desses preparados
são gerais e podem variar um pouco de um para outro.
- A biodegradabilidade desses produtos está entre os
50 e 100%.
A seguir descreveremos o uso e alguns detalhes dos
mesmos:
- Sanitized T90-04: composto fenoxihalogenado, com
um derivado da isotiazolinona. É recomendado para o
uso de têxteis que estão em contato com a pele; tem
ação biostática sobre bactérias, fungos e leveduras; tem
caráter aniônico; pode ser aplicado por esgotamento ou
foulardagem; possui muito boas solidezes a lavagem e
limpeza a seco e sua biodegradabilidade é de 70 a 100%.
- Sanitized T96-20: composto fenoxihalogenado. É re-
comendado para a proteção higiênica de têxteis que fi-
cam em contato com a pele. Tem somente ação bacte-
riostática, tem caráter aniônico, pode ser aplicado por
esgotamento ou foulardagem, possui muito boas soli-
dezes a lavagem e limpeza a seco e sua biodegra-
dabilidade é maior do que 95%.
- Sanitized F83-12: composto de amônio quaternário
com um derivado da isotiazolinona. É recomendado para
a aplicação sobre plumas e material de enchimento de
almofadas, mantas, sacos de dormir etc. Tem ação
biostática sobre bactérias, fungos e leveduras; tem cará-
ter catiônico; é aplicado por esgotamento e no último
banho dado que não possui solidez a lavagem; sua
biodegradabilidade é de 50 a 100%.
- Sanitized TB83-35: preparado com derivados da
isotiazolinona, tem sua aplicação aconselhada para ta-
petes, tapeçaria do lar e automotora, malas, valises,
filtros etc. Como não tem solidez a lavagem, se reco-
menda usar com compostos fluorcarbonados ou
ligantes, a solidez é dada pelo sistema ligante utiliza-
do, tem ação biostática sobre bactérias fungos e leve-
duras, tem caráter aniônico; é aplicado por foular-
dagem, por espátula ou sistema de espuma, sua
biodegradabilidade é de 50 a 100%.
35
Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
Além desses produtos, existem outras combinações
com os mesmos princípios ativos e em alguns casos com
um composto orgânico de zinco para cobrir um amplo
espectro do mercado têxtil, e como exemplo temos:
- Actigard: é um preparado químico a base de isotiazolina
e um derivado de permetrina, cuja função principal é eli-
minar os ácaros dos têxteis. Esse produto evita a prolife-
ração de mofo e dessa forma ataca a cadeia de alimenta-
ção dos ácaros, além de também atuar sobre o organismo
dos mesmos. É recomendado para ser utilizado sobre
qualquer fibra têxtil, exceto polipropileno. Por não pos-
suir solidez a lavagem, deve ser usado sobre materiais
têxteis que não sejam submetidos a lavagens com fre-
qüência, tais como almofadas, tecidos para mobiliário,
cobertura de colchões, materiais de enchimento de todos
os tipos de fibras etc. É um produto aniônico e pode ser
aplicado por esgotamento, foulard ou spray em concen-
tração ao redor de 1% sobre o peso do material e pode ser
combinado com receitas usuais de acabamentos têxteis.
Admite várias limpezas a seco, resiste os raios UV. Sua
biodegradabilidade é de 70 a 100% e os dejetos de mate-
riais tratados não causam danos ao meio ambiente.
c) Tinosan AM 100
e assim tem muita afinidade sobre as fibras sintéticas
(poliéster, poliamida) nas quais se difunde para o inte-
rior das mesmas durante sua aplicação e daí provém
sua altíssima solidez a lavagem. Pode se dizer que tem
um efeito antimicrobiano permanente. Como não pos-
sui afinidade sobre o algodão, não pode ser aplicado
sobre mercadorias de algodão puro, mas sim em suas
misturas com fibras sintéticas. É aplicado por esgota-
mento sobre fibras sintéticas e suas misturas com al-
godão no banho de tingimento, a 5% sobre o peso do
material e não necessita de nenhum tratamento térmi-
co e nem outro processo especial.
O Tinosan AM 100 atua sobre as bactérias reagindo
com a membrana celular das mesmas e desta maneira
interfere em seu metabolismo, de tal forma que estas
não podem se multiplicar, por isso é um agente
bacteriostático que não tem impacto negativo na flora
normal da pele. Em concentrações elevadas apresenta
ação bactericida.
Existem ensaios positivos de aplicação por
foulardagem em presença de fluorcabonados para
vestimentas de cirurgia, de tecido nãotecido de poliés-
ter/polpa de madeira, e outro de polipropileno por pro-
cesso simples de foulardagem, secagem e fixação (ref.:
Textile Chemist and Colorist - Vol 31 nº3 - Março 1999).
Como o Tinosan AM 100 tem muito bom esgotamento,
o banho residual pode ser despejado sem problemas
porque, com a alta diluição que se produz com os de-
mais efluentes não se pode detecta-lo.
6.3. Produtos em desenvolvimento
a) HidantoínaO 2,4,4’-Tricloro-2’-hidroxidifenil éter (Triclosan),
fabricado pela empresa CIBA Especialidades Quími-
cas, é um composto químico utilizado desde muitas
décadas em sabões, loções, desodorantes, produtos
bucais, dermatológicos e produtos para o lar. O
Triclosan é insolúvel em água, por isso pode ser incor-
porado as fibras têxteis em sua fabricação. Para o uso
em acabamento, pode ser aplicado em forma de
emulsão (nessa forma é denominado Tinosan AM 100)
36
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
Esse trabalho, desenvolvido pela Universidade da
Califórnia, utiliza como agente funcional a hidantoína, de-
rivada da monometilol-5,5-dimetilhidentoína (MDMH),
que é um composto bifuncional que possui um grupo reativo
com a celulose e outro ativo ao cloro para formar uma união
do tipo halamina. A função antimicrobiana durável e
regenerável dos têxteis tratados deve ser atribuída às pro-
priedades de oxidação reversíveis da estrutura da halamina,
neste caso do anel de hidantoína. Os derivados halogenados
da hidantoína são compostos amplamente utilizados nas
piscinas como desinfetantes.
O têxtil tratado é ativado em sua ação bactericida por
um processo comum de lavagem com cloro, por conse-
guinte, o têxtil tem poder bactericida que se regenera cada
vez em que se lava o produto em presença de cloro. O
MDMH é aplicado por foulardagem em banho ácido e
seco logo a seguir. A quantidade de produto que se com-
bina com a celulose pode variar regulando-se a concen-
tração de uso de acordo com a atividade biocida deseja-
da, a concentração usual é de aproximadamente 2%. Foi
comprovado que esse tratamento resiste a mais de 50 la-
vagens e pode se regenerar mais de 11 vezes em banhos
de alvejamento diluídos; também foi observado que o
efeito biocida é mais durável em tecidos de poliéster/al-
godão do que em algodão 100% e o tratamento demons-
tra uma grande eficiência contra um amplo espectro de
bactérias Gram positivas e Gram negativas (ref.: Textile
Chemist and Colorist - Vol. 30 nº6 - Janeiro 1999).
b) Cobre com resina
Essa proposta foi desenvolvida pelo Centro Nacio-
nal de Investigação do Cairo, Egito, e aproveita as pro-
priedades bactericidas do cobre, propriedades estas que
também possuem outros metais. Para tornar esse trata-
mento resistente às lavagens a aplicação é feita junto
com uma resina. Foram testadas as resinas
carboximetilamido (CMS) e trimetilol melamina (TMM)
em presença de Cu2+. O processo de aplicação usado foi
por foulardagem em dois passos, primeiro se prepara
uma solução com CMS e TMM a ph 5,5/5,8 com ácido
fosfórico, foularda-se e seca. A seguir, foularda-se em
um segundo banho com sulfato de cobre, secagem e fi-
xação. Esse tratamento resiste pelo menos 4 lavagens e
pode ser utilizado em têxteis usados em cirurgia, para
filtros de ar e esterilização e desinfeção de água prove-
niente de rios. Não tem ação fungicida. (American
Dyestuff Reporter, Março 1998).
c) Compostos de zircônio
No Centro de Investigações de New Orleans,
Louisiana, EUA, estão investigando o uso de certos
metais com propriedade de formar complexos, como por
exemplo o zinco, alumínio, titânio e zircônio. Com o
zircônio foram obtidos os melhores resultados, para isso
foi utilizado o acetato de zircônio que tem a proprieda-
de de formar uniões com outros compostos (piritiona,
tetraciclina, oxitetraciclina) e com a celulose; desta ma-
neira forma complexos zircônio/celulose por um lado e
pelo outro com o componente a unir. O complexo de
zircônio dissolvido em solução aquosa se deposita so-
bre o têxtil. Estes são polímeros de grande peso
molecular nos quais os átomos de zircônio estão unidos
através de pontes hidroxi ou oxi.
Em tais estruturas o zircônio está unido a outros gru-
pos ligantes (L) até completar seu número de coordena-
ção que é 8. A forte retenção do zircônio pela celulose
foi atribuída a formação de quelatos.
Estrutura típica de compostos de zirconio em soluções aquosas
L = ligante
O método que dá melhor resultado é o de foulardagem
em duas etapas; primeiro se foularda com acetato de
zircônio, secagem e fixação a 140ºC. A seguir, aplica-
se uma segunda foulardagem com sal de Pyritiona, seca-
se a 100ºC e se lava durante alguns minutos com água
38
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
limpa e morna. As quantidades usadas são de 4,5% de
acetato de zircônio e de 1,5% de Pyritiona, ambos cal-
culados sobre o peso do material. Ese processo afeta
muito ligeiramente o tecido branco.
Se em lugar de Pyritiona for usado Tetraciclina, o
têxtil altera sua nuance original para uma mais acasta-
nhada e com as lavagens pode ficar mais acastanhada
ainda. O tratamento mais recomendável seria acetato de
zircônio com Pyritiona que resiste mais de 50 lavagens
como antibacteriano e mais de 20 lavagens como
fungicida. (Textile Research Journal, Fevereiro 1981).
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40
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
Este trabalho teve por objetivo verificar a degrada-
ção dos corantes têxteis dos grupos reativos e dispersos
Amarelo Palanil 3G, Amarelo Drimaren CL-R, Amare-
lo Indanthren 5GF, Vermelho Drimaren CL-5B, Verme-
lho Indanthren FBB, Vermelho Dispersol C-4G, Azul
Dispersol C-2R, Azul Drimaren CL-R e Azul Indanthren
RCL. Foi realizada a incubação dos fungos, Pleurotus
ostreatus e Pleurotus sajor caju, produtores de enzimas
lacases e peroxidases em abundância, em meio sólido
contendo os corantes. O efluente de uma indústria têx-
til que utiliza esses corantes em seu processo de pro-
dução e coloração de tecidos foi incubado com adição
de palhada de trigo moída e os mesmos fungos. A ava-
liação da degradação foi por observação visual, por
espectrofotometria e por toxicidade.
Dos nove corantes em estudo, oito descoloriram, com
a exceção do corante Vermelho Indanthren FBB, o fun-
go. P. sajor caju mostrou descolorir mais rápido e com-
pletamente a maior parte dos corantes quando compa-
rado ao fungo P. ostreatus. O efluente tratado com am-
bos os fungos apresentou uma menor toxicidade do que
o não tratado para semente de alface e alga Selenastrum
capricornutun. As Hydras mostraram alta sensibilidade
tanto para o efluente tratado como para o não tratado.
1. Introdução
Os reagentes utilizados nos processos têxteis apre-
sentam uma composição química muito variada, inclu-
indo compostos orgânicos e inorgânicos (Brás et al.,
2002). Os corantes são substâncias intensamente em-
pregadas para a coloração de vários substratos, tais
como: alimentos, plásticos, materiais têxteis etc. São
retidos por adsorção física, formação de soluções, sais
ou complexos com metais, retenção mecânica ou por
constituição de pontes químicas covalentes (Contato,
1995). Dentre os resíduos industriais, os corantes pro-
venientes das indústrias têxteis são os mais difíceis de
serem tratados (Yuzhu et al., 2001). Isto ocorre por-
que os corantes possuem origem sintética e estrutura
aromática complexa o que faz dos mesmos produtos
estáveis e de difícil biodegradação (Fewson, 1998;
Seshadri et al., 1994).
Há estruturas muito variadas como ácidos, básicos,
dispersos, azo, diazos, entre outros. Os corantes sintéti-
cos são extensivamente empregados na indústria têxtil,
onde estima-se que 10 a 15% são perdidos no efluente
após o processo de coloração (Cegarra, 2000, Balan,
2002). A grande diversidade e complexidade desses
efluentes, aliados a imposições de legislação que exi-
gem tratamentos eficientes, vêm estimulando o desen-
volvimento de novas técnicas que buscam o melhor e o
mais adequado tratamento.
Recentemente, muitos estudos estão se voltando para
o uso de microrganismos capazes de degradar corantes
em resíduos industriais. Entre os microrganismos impli-
cados com a descoloração de corantes têxteis estão as
bactérias, fungos, algas e mais recentemente os consór-
cios de culturas de bactérias (Banat et al., 1996).
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtiln° 76/set.04
Biodegradação de efluente têxtil e nove corantes técnicosutilizando fungos basidiomicetos
Luciana Antonelli Rosolen, Regina T. R. Monteiro, Priscila M. Dellamatrice, Hélio M. Kamida*Centro de Energia Nuclear na Agricultura - Piracicaba - SP - e-mail: [email protected]
44
A capacidade dos fungos da decomposição branca,
incluindo o gênero Pleurotus, sugere que esses organis-
mos possam ser utilizados no tratamento dos resíduos
das indústrias relacionadas a corantes (Balan &
Monteiro, 2001). Na literatura, encontramos relatos de
degradação de corantes utilizando enzimas do sistema
ligninolítico, como a lignina peroxidase (LiP), manganês
peroxidase (MnP), lacase e a fenoloxidase. (Archibald
& Roy, 1992; Thurston, 1994; Schliephake & Lonergan,
1996; Kirby, 1999). As principais enzimas produzidas
pelos microrganismos ligninolíticos e envolvidas no pro-
cesso de degradação podem ser produzidas concomitan-
temente ou não (Scrinivasan et al., 1995). Lignina
peroxidase (LiP), manganês peroxidase (MnP) e lacase
têm sido também utilizadas em descoloração de diver-
sos corantes sintéticos (Ollikka et al., 1993; Chivucula
& Renganathan, 1995; Heinfling et al., 1998).
O gênero Pleurotus é amplamente difundido na na-
tureza e bem adaptado ao clima tropical e subtropical,
com maior capacidade ligninolítica que outros cogume-
los comestíveis cultivados (Rajarathnam et al., 1992;
Buswell et al.,1996). O cogumelo P. ostreatus tem sido
demonstrado ser um grande produtor de xilanase,
carboximetil celulase (CMCase) e lacase (Sannia et al.,
1989; Elisashvili et al., 1992; Palmieri et al., 1993) como
também de aril álcool oxidase (Sannia et al., 1991;
Garzillo et al., 1992) e de manganês peroxidase (Becker
& Sinistyn, 1993).
2. Procedimentos experimentais
2.1 Corantes
Foram avaliados nove corantes técnicos: Amarelo
Palanil 3G, Amarelo Drimaren CL-R, Amarelo
Indanthren 5GF, Vermelho Drimaren CL-5B, Vermelho
Indanthren FBB, Vermelho Dispersol C-4G, Azul
Dispersol C-2R, Azul Drimaren CL-R e Azul Indanthren
RCL cedidos por uma indústria têxtil na forma em que
esta os adquire. O efluente da mesma indústria, recém
amostrado, tratado apenas com acerto do pH e da tem-
peratura, pronto para ser descartado no rio, também foi
avaliado. Foi utilizado 0,2 g ou 0,4 g de corante dissol-
vido em 10 ml de água destilada, conforme a intensida-
de da cor. Em câmara de fluxo laminar a solução de
cada corante a ser testado foi esterilizada por filtração
em unidades filtrantes com membrana durapore, de 25
mm de diâmetro e 25 µm de poro. Para cada teste foi
utilizada a concentração de 0,08 mg/ml de corante em
cada frasco, quando foram necessárias concentrações
de 2% e 0,16 mg/ml de corante em cada frasco quando
eram necessárias concentrações de 4%.
2.2 Espécies de fungos
Foram empregados os fungos basidiomicetos P.
ostreatus e P. sajor caju, ambas espécies capazes de
produzir grande quantidade de enzimas ligninolíticas e
pertencentes à coleção de culturas do Laboratório de
Ecotoxicologia do CENA/USP.
2.3 Meios de culturas
Foram utilizados para cultivar os fungos os meios de
Malte (MEA- Merk), de Batata (BDA- Diagnolab) e Meio
Mínimo (Pontecorvo et al., 1953). Todos os meios de cul-
tura foram empregados após a esterilização em autoclave
por 20 minutos a 121ºC e a 1 atm. Para estoque das cul-
turas foram utilizados grãos de trigo, cozidos e esteriliza-
dos (Bononi et al., 1995). Foram acrescentados aos mei-
os de 15 a 20 g de palhada de trigo para os ensaios de
degradação, quando necessário, como fonte de lignina.
2.4 Procedimentos
Inicialmente foram realizados procedimentos para
avaliar a capacidade de degradação dos corantes pelos
fungos selecionados e posteriormente foram determina-
das as atividades das prováveis enzimas atuando na de-
gradação e a toxicidade do efluente.
2.4.1 Descoloração em meio de cultura sólido
Foi preparado um litro de meio mínimo com 2% de
ágar e 1,5% de palhada de trigo. Esse meio foi separa-
45
Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
do em seis frascos Erlenmeyer de 250 ml e levados à
autoclave para esterilização por 20 minutos a 121ºC.
Posteriormente, foi adicionado em cada frasco, 1
ml de cada solução corante a 2% ou 0,4%, no meio
morno (45°C). O meio colorido foi vertido em placas
de Petri. Foram preparadas placas em triplicata para
cada espécie testada. As placas foram inoculadas, no
centro, com discos de 1 cm de diâmetro, retiradas das
bordas das culturas crescidas em meio MEA, por oito
dias. As placas foram incubadas a 28 ± 2ºC, sob con-
dições de escuro, por um período de 21 dias. Placas
não inoculadas serviram de controle.
2.5 Degradação do efluente acrescido de ágar
Em frasco Erlenmeyer de 500 ml foram colocados
250 ml do efluente, 5 g de ágar e 3,75 g de palhada de
trigo e foram autoclavados por 20 minutos a 121°C. Em
seguida, esse meio foi vertido em placas de Petri, sendo
quatro placas inoculadas com discos de 1 cm de diâme-
tro retirado das bordas das placas das culturas de P.
ostreatus e P. sajor caju, previamente crescidos em meio
BDA por 8 dias. Placas não inoculadas serviram de con-
trole. Todos os tratamentos foram incubados à tempera-
tura de 28 ± 2ºC durante 15 dias.
2.5.1 Degradação do efluente
Foram preparados sete frascos Erlenmeyer de 125 ml,
contendo em cada 5 g de palhada de trigo previamente
moída e 30 ml do efluente. Foram autoclavados a 121°C
por 20 minutos. Posteriormente, os frascos foram inocu-
lados com discos, de 1 cm de diâmetro, contendo micélio
das culturas a serem testadas, previamente crescidas em
BDA por 8 dias. Foram feitas triplicatas para cada cultu-
ra e para o controle. Os frascos inoculados e o controle
foram incubados à temperatura de 28 ± 2ºC por 15 dias.
2.5.2 Extração do efluente para análise de atividade
enzimática e toxicidade
O efluente foi então extraído com 30 ml de água
destilada, adicionada em cada frasco. Com auxílio de
uma espátula, foi homogeneizado e colocado em agi-
tador por 15 minutos. Em seguida, apertando a palhada
com uma espátula, o líquido dos frascos foi vertido
para frasco Erlenmeyer, combinando o extrato das três
réplicas de cada tratamento. O extrato foi centrifugado
por 10 minutos a 1.000 g, logo após foi filtrado a vá-
cuo em papel de filtro comum e, então, em filtro de
0,45 µm, sendo em seguida filtrado a 0,22 µm, ficando
pronto para ser utilizado nas determinações.
2.5.3 Testes de toxicidade
Bioensaios com sementes de alface (Lactuca sativa)
foram realizados segundo metodologia sugerida por
Dutka (1989), em que se avalia a inibição da germina-
ção e alongamento da raiz após um período de exposi-
ção de 48 horas.
Bioensaios com alga Selenastrum capricornutum fo-
ram realizados segundo metodologia descrita por Blaise
et al. (2000). Esse teste é recomendado para medir
fitotoxicidade em águas e efluentes.
Bioensaios com Hydra attenuata foram realizados
de acordo com os procedimentos padronizados pelo
Centre Saint-Laurent (Blaise & Kusui, 1997), o qual
permite verificar a letalidade (estágio tulipa e desinte-
gração dos organismos) e mudanças morfológicas para
sub-letalidade (estágio bulbo e short) após 24, 48, 72 e
96 horas de exposição.
2.5.4 Determinação da atividade ligninolítica:
Lacase, Peroxidase e Manganês Peroxidase
A quantificação das enzimas ligninolíticas presentes
nos extratos dos substratos foram realizadas como des-
crito abaixo. Os mesmos extratos fervidos por 10 minu-
tos foram empregados como controle.
Na quantificação das atividades enzimáticas foi em-
pregada a equação (1).
(1)
onde: A = absorbância
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
46
E = coeficiente de absorção molar
R = quantidade de solução enzimática
t = tempo da reação em minutos
UI.l -1 (unidade internacional litro-1, onde in-
ternacional significa µmol min-1)
2.5.4.1 Manganês Peroxidase (Kuwara et al.,1984 )
A atividade dessa enzima foi determinada avaliando-
se a oxidação do vermelho de fenol (E610
= 4460 mol/cm)
na presença de manganês e peróxido de hidrogênio H2O
2.
A reação obtida mediante a mistura de 0,5 ml de so-
bre-nadante, 0,1 ml de lactato de sódio 0,25 M, 0,05 ml
de MnSO4, 0,2 ml de albumina bovina 0,5%, 0,1 ml de
vermelho de fenol 0,1%, 0,05 ml de H2O
2 em tampão
succinato de sódio 0,2 M (pH = 4,5). A reação foi inter-
rompida pela adição de 0,04 ml de NaOH 2,0 N. A
absorbância lida a 610 nm e a atividade expressa em UI/l-
1. As leituras foram feitas no tempo zero e após 10 minu-
tos.
2.5.4.2 Lacase (Szklarz et al., 1989 modificado)
Na determinação da atividade da enzima lacase foi
empregada a siringaldazina, como substrato enzimático.
A mistura da reação foi composta de 0,6 ml de
sobrenadante (obtido através da centrifugação do filtra-
do - 3.000 g por 10 min); 0,2 ml de tampão citrato fosfato
0,05 M (pH 5,0), 0,1 ml de siringaldazina (0,1% em
etanol) e 0,1 ml de água destilada. A oxidação da
siringaldazina (E525 = 65000 mol. cm-1) até quinona foi
acompanhada no tempo zero e após 10 minutos a 525
nm, sendo a atividade expressa em UI.l-1.
2.5.4.3 Peroxidase (Szklarz et al., 1989 modificado)
Na determinação da atividade da enzima peroxidase
foi empregada a siringaldazina, como substrato
enzimático. A mistura da reação foi composta de 0,6 ml
de sobrenadante, 0,2 ml de tampão citrato fosfato 0,05
M (pH 5,0), 0,1 ml de siringaldazina (0,1% em etanol),
0,1 ml de água oxigenada 2,0 mM. A oxidação da
siringaldazina foi acompanhada no tempo zero e após
10 minutos a 460 nm. O cálculo da atividade enzimática
seguiu a equação (2):
(2)
onde:
∆∆∆∆∆ Abs = Absorbância final - Absorbância inicial
εεεεε = coeficiente de extinção da enzima, dependente do
comprimento de onda em que é lida (460 nm = 29400
L.M.cm -1, 525 nm = 65000 L.M.cm-1, 610 nm = 4460
L.M.cm-1)
R = volume, em ml, do sobrenadante utilizado na reação
T = tempo de reação
3. Resultados e discussão
3.1 Meio Mínimo acrescido dos corantes
O Meio Mínimo acrescido dos corantes aqui estudados
mostrou ser adequado para o crescimento das espécies de
P. sajor caju e P. ostreatus, não ocorrendo inibição de cres-
cimento na presença dos corantes. Dois dos nove corantes
foram degradados mais rapidamente por ambos os fungos
(Tabela 1). As placas com o corante Azul Drimaren CL-R,
inoculadas, apresentaram o início da degradação no quarto
dia de incubação. Aos sete dias de incubação as placas
inoculadas com P. sajor caju estavam totalmente descolo-
ridas, já a completa descoloração ocorreu somente aos doze
dias de incubação. A medida que os fungos cresciam foi
possível observar o halo de descoloração.
Para que fosse notada a degradação do corante
Vermelho Drimaren CL-5B foi necessário que am-
bos os fungos tomassem todo o diâmetro da placa,
isso ocorreu aos 16 dias de incubação e aos 21 esta-
vam totalmente descoloridas.
Ambas as espécies apresentaram boa capacidade de
degradação dos corantes, sendo que na maioria dos ca-
sos, a degradação acompanhou a taxa de crescimento dos
fungos. Por outro lado, alguns dos corantes testados apre-
sentaram degradação somente após o micélio crescer por
toda superfície do meio. Verificou-se também que a de-
47
Tecnologia BiotecnologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
gradação nas placas com P. sajor caju foi mais rápida e
completa que com P. ostreatus.A partir do nono dia, os
corantes Vermelho Indanthren FBB, Amarelo Drimaren
CL-2R e Azul Indanthren RCL não apresentavam sinais
de degradação comparados aos demais corantes.
Através das análises visuais de degradação da cor
foi observado que os corantes azuis são facilmente
degradáveis pelos fungos, os corantes vermelhos ou são
pouco ou não degradam, como é o caso do corante Ver-
melho Indanthren FBB. Assim pode-se concluir que essa
denominação Indanthren envolve uma estrutura que não
é degradável quando está presente o grupo cromóforo
responsável pela cor vermelha. Os corantes Azul
Indanthren RCL, Amarelo Palanil 3G, Amarelo
indanthren 5GF Azul Dispersol C-2R e Vermelho
Dispersol C-4G foram degradados por P. ostreatus e P.
sajor caju. O corante Amarelo Drimaren CL-2R foi de-
gradado apenas por P. sajor caju.
O efluente acrescido de ágar em placas de Petri apre-
sentou uma coloração marrom escura após a autoclavagem.
Até o sexto dia de incubação com os fungos não foram
observados sinais de descoloração, sendo que P. sajor caju
morreu após esse período. O desenvolvimento do fungo P.
ostreatus foi aparentemente normal, entretanto, não ocor-
reu descoloração no período de 15 dias de incubação.
3.2 Atividade enzimática
Os fungos P. ostreatus e P. sajor caju incubados por
15 dias a 28º C em palhada de trigo contendo o efluente
têxtil, mostrou atividade de lacase, manganês peroxidase
e peroxidases. P. ostreatus produziu as três enzimas em
maior quantidade do que o fungo P. sajor caju (Tabela
3) e dentre as três enzimas produzidas, a MnP, foi a que
houve maior produção. P. sajor caju apresentou expres-
siva atividade apenas de MnP, pequena de peroxidase e
não produziu lacase. Ambos os fungos apresentaram
MnP em maior quantidade, mostrando ser
essa enzima relacionada ao processo de de-
gradação do efluente.
3.3. Toxicidade do efluente
O efluente controle e o inoculado com as
duas espécies de Pleurotus mostrou efeito tó-
xico para germinação das sementes de alface,
nas concentrações de 100 e 50%, como mos-
tra a Tabela 4. A inibição de crescimento das
raízes das sementes germinadas foi maior no
controle comparado aos tratamentos inocula-
dos, sendo o valor de IC50
(Concentração de
Inibição de 50% do crescimento) para o con-
trole de 21,37%, para P. ostreatus 75,28% e
P. sajor caju 48,91%. Portanto, o crescimen-
to das raízes foi beneficiado com o tratamen-
to do efluente com P. ostreatus.
A exposição das algas ao tratamento con-
trole (sem inóculo) causou inibição de 100%
do crescimento dos organismos. O tratamen-
to do efluente com os fungos mostrou sinais
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
50
de que não foi tóxico para os organismos, inibindo o cres-
cimento somente na concentração 100% (Tabela 5). Pode-
se concluir que para a alga, os tratamentos realizados com
os fungos não afetaram o metabolismo de crescimento e
de desenvolvimento, sendo tóxico para os organismos,
apenas o tratamento controle.
Exposição das Hydras, por 24 h, ao efluente trata-
do com ambos os fungos foi drástico, causando a mor-
te de todos os indivíduos, incluindo os organismos no
branco. No efluente não inoculado, só permaneceram
vivos os organismos presentes no branco (meio hidra).
Sendo a hidra um organismo muito sensível, foi con-
cluído, após três repetições do experimento, que hou-
ve a produção de compostos voláteis devido à degra-
dação do efluente pelos fungos, ocasionando a morte
dos organismos e que o próprio efluente, sem trata-
mento, é tóxico para as hidras.
Conclui-se que o efluente é tóxico para vários orga-
nismos, entretanto, pode ser destoxificado através da
degradação pelos fungos ligninolíticos.
4. Referências Bibliográficas
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5. AgradecimentosAgradecemos à Toyobo do Brasil Industria Têxtil Ltda, SPe ao CNPq pelas bolsas de estudo e pesquisas concedidas.
Tecnologia Biotecnologia Química Têxtil - n° 76/set.04
52
A Poliamida
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma
metodologia de pesquisa em laboratório, para a aplica-
ção prática em tinturaria, em desenvolvimentos de recei-
tas de cor. A proposta visa a obtenção de melhoria da
qualidade final de solidez em artigos tintos com a avalia-
ção dos pontos de saturação dos corantes nas fibras de
poliamida, ou seja, a determinação das quantidades má-
ximas a se utilizar de cada corante, caracterizando um
alto índice de solidez a úmido.
A poliamida é uma fibra sintética artificial, produzida
pela primeira vez como poliamida 6.6, em 1935, nos Esta-
dos Unidos, pela Du Pont, inicialmente utilizada na fabri-
cação de escovas. Em 1937, na Alemanha foi desenvolvi-
da a poliamida 6, a partir daí foram desenvolvidos outros
tipos dessa fibra, como por exemplo poliamida 4, 8, 11 etc.
A fibra de poliamida é quimicamente constituída pe-
las cadeias a seguir:
Poliamida 6.6: HOOC - (CH2)
4 - CO - HN - (CH
2)
6 - NH
2 + H
20
Poliamida 6: (- NH - (CH2)
5 - CO -)
n
Os grupos amínicos destacados nas estruturas acima
são essenciais para a absorção de corantes aniônicos,
dos quais faz parte a família dos corantes ácidos e
metalizados.
Os métodos de tintura de poliamida dependem da
solidez em úmido exigida, do tipo de poliamida, e da
necessidade da compensação das diferenças de afinida-
des entre os filamentos, o chamado barramento. De uma
forma geral, os corantes ácidos possuem em sua estru-
tura molecular grupos sulfônicos de caráter aniônico.
Exemplos de corantes ácidos:
Tecnologia Tingimento Química Têxtiln° 76/set.04
Elaboração de receitas de tingimento visando umamelhor qualidade do artigo e economia de processo
Vitor Alexandre dos Santos - Depto Técnico da Golden Química
54
A reação do corante ácido com os grupos amínicos con-
siste na formação de um sal entre a união do corante e
grupo aniônico da fibra (fig. 1.4):
mento com fixador para cores mais intensas.
As fibras poliamídicas caracterizam-se por se torna-
rem fortemente catiônicas a pHs inferiores a 6,5 e ab-
sorverem o ânion do corante com muito maior rapidez.
Com essas condições, os sítios ativos (nessa etapa ain-
da vazios) são mais facilmente acessíveis. Entretanto,
uma grande questão que nos deparamos diariamente é
responder a seguinte questão: “Qual a quantidade de
sítios ativos para aquele determinado fio, em outras pa-
lavras, qual é o grau de saturação da fibra?”
Atualmente existem diversos fabricantes de corantes,
e cada um elabora seu catálogo, sendo muito provável
que a fibra utilizada na confecção de cada um seja dife-
rente da fibra que será utilizada dentro de diversas tin-
turarias, existindo ainda muitas vezes a necessidade de
se utilizar artigos de microfibras; essas particularidades
irão produzir diferentes efeitos de solidez em relação
aos catálogos, devido aos diferentes graus de saturação
de cada fibra. Portanto, a sugestão do presente trabalho
é de que cada tinturaria monte seu próprio banco de
dados, com os seus próprios artigos e corantes; após a
bateria de testes realizados, possamos conhecer qual é
a concentração máxima que permitirá índices de soli-
dez satisfatórios para a determinada aplicação.
Com a realização deste trabalho, esperamos propor-
cionar economia de corantes, um menor risco no pro-
cesso de tingimento devido à ausência de corante não
ligado à fibra que ainda circularia no banho e melhores
índices de solidez; resumidamente racionalizaremos o
uso dos corantes ácidos.
A análise do tingimento na poliamida (corante ácido)
será feita através do estudo das solidezes para diferentes
concentrações até que se encontre o grau de saturação para
determinada fibra. Nos tingimentos ácidos visa-se obter
receitas com altos índices de solidez e esgotamento.
Procedimento experimental
Inicialmente devem-se selecionar os diversos corantes
e artigos que serão utilizados para se obter o grau de
saturação.
Podem-se variar as classificações de corantes áci-
dos, quanto à igualização, migração, entre outros. Aqui
iremos nos limitar a divisão em corantes do tipo A, que
compreendem os corantes de boa igualização, boa afi-
nidade em meio levemente ácido (pH 4,0 - 5,5). Esses
corantes apresentam boas propriedades de migração e
igualização. Entretanto, devido à baixa solidez à úmi-
do, são adequados quando se trata de tons claros.
Um segundo grupo são os corantes do grupo B, de
boa afinidade em meio neutro (6,0 - 7,0); sua velocida-
de de tintura é maior que do grupo A e sua capacidade
de migração é mais baixa. Sem dúvida, as tinturas resul-
tantes são mais sólidas à úmido, comparadas ao do gru-
po A, mas talvez seja necessária a aplicação de trata-
Tecnologia TingimentoQuímica Têxtil - n° 76/set.04
55
O ponto de partida inicial para a concentração de corante
pode ser o valor apresentado pelo fabricante no catálogo.
Para economizar tempo, podem-se inicialmente ser execu-
tadas mais duas provas além desta, uma 15% acima do
valor e o outra 15% inferior ao valor de catálogo. Pipetar a
quantidade de corante referente às concentrações estipula-
das e realizar o tingimento, nas mesmas condições do pro-
cesso industrial. Se no processo industrial for aplicado o
fixador, deverá ser executado cada tingimento, metade com
e metade sem fixador, daí avaliar-se-á também a caracte-
rística de solidez de cada corante ao se aplicar o fixador.
Deverão ser avaliados os testes de solidez de cada
tingimento. Nesse momento, avaliamos somente em teste
de solidez à água forte, sendo que isso deverá variar de
acordo com a finalidade de cada artigo.
Apresentamos abaixo alguns exemplos de corantes
testados neste trabalho, lembrando que aqui foi utiliza-
da uma fibra composta de 92% de poliamida fio 160/
136 e 8% de elastano 40 denier (fig. 1.5).
Avalia-se em cada corante em que ponto, ou seja,
em que quantidade de uso este não apresenta problemas
de solidez. Isso é determinado variando-se as quantida-
des empregadas no tingimento até que se determine esse
número exato. Daí origina-se a criação de um banco de
dados, tabelando-se as quantidades máximas de uso de-
terminadas de cada corante em cada fibra utilizada na
tinturaria, o que deverá ser utilizado como orientação
logo na elaboração de cores em laboratório, sendo algo
mais seguro, no que diz respeito ao resultado final de
solidez dos tingimentos em escala de produção; algo
que mesmo demandando certo tempo e trabalho inicial-
mente em laboratório, mas que certamente implicará em
reduções de tempo e custo na tinturaria quando ainda
mais se falando em índices de reprocesso.
ANUNCIE NA REVISTA QUÍMICA TÊXTILTEL. (11) 4195.4931 - E-MAIL: [email protected]
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 76/set.04
56
Introdução
A estreita relação existente entre o fenômeno de
poluição ambiental e a exacerbação da atividade in-
dustrial é um fato bastante documentado. Dentro do
contexto da indústria têxtil, os principais problemas
de impacto ambiental estão representados pelo ele-
vado consumo de água (aproximadamente 50 L por
Kg de tecido beneficiado) e pelo baixo aproveitamento
dos insumos. Em geral, estima-se que aproximada-
mente 90% das espécies químicas utilizadas no pro-
cesso têxtil (agentes engomantes, detergentes,
corantes etc.) são removidas após cumprir seu pa-
pel. Obviamente, esses dois fatores levam à geração
de grandes volumes de resíduos, contendo elevada
carga orgânica e forte coloração[1-3].
Nos últimos anos, a presença de corantes reativos
nos resíduos tem sido tratada com bastante preocupa-
ção. Embora a legislação seja relativamente omissa em
relação a esse parâmetro, a emissão de corantes do tipo
azo tem sido muito discutida, principalmente em função
do caráter carcinogênico e mutagênico de algumas es-
pécies que derivam da degradação natural desse tipo de
compostos (ex. aminas aromáticas e benzidinas)[4-8]. Em
função dessa realidade, muitas alternativas tem sido pro-
postas com o objetivo de remediar resíduos líquidos
oriundos do processo têxtil[9-10].
Processos biológicos, principalmente sistemas de la-
goas aeróbias e lodos ativados, são preferencialmente
utilizados. Esses processos permitem o tratamento de
grandes volumes de efluente, com uma eficiência relati-
vamente alta na remoção de DBO (Demanda Bioquími-
ca de Oxigênio). No entanto, os corantes reativos cos-
tumam ser resistentes a esse tipo de tratamento, mesmo
após tempos de retenção bastante prolongados.
Processos físico-químicos fundamentados em pre-
cipitação e floculação são largamente utilizados, com
eficiência relativamente alta. Infelizmente, por se tra-
tar de um processo não destrutivo, a disposição final
dos lodos continua sendo um problema crítico. Consi-
derando-se que grande parte da carga orgânica, inclu-
indo os corantes, encontra-se apenas adsorvida no lodo,
faz com que a disposição final deva de ser tratada com
bastante atenção.
Neste trabalho está se propondo um processo de de-
gradação de corantes reativos, combinando-se uma eta-
pa preliminar de precipitação química de óxido férrico
hidratado (Fe2O
3.nH
2O) seguida de fotocatálise hetero-
gênea, na presença do precipitado.
Poucos estudos envolvendo o processo de fotocatálise
heterogênea na presença de óxido férrico têm sido re-
portados na literatura[11-14]. Em geral, admite-se uma baixa
atividade fotocatalítica do óxido férrico[11, 12]. No entan-
to, estima-se que espécies dissolvidas, do tipo Fe(OH)2+
e Fe(OH)24+, apresentam elevada capacidade para for-
mar radical hidroxila[14] e, conseqüentemente, para de-
gradar substratos orgânicos.
Tecnologia Ecologia Química Têxtiln° 76/set.04
Degradação de soluções aquosas de corantes reativosutilizando-se processo de co-precipitação
seguido de fotocatálise heterogênea
Kely Viviane de Souza1, Elaine Lopes Tiburtius1, Fernando Wypych1, Sandra Gomes de Moraes1,Francisco A. de Camargo2, Nelson Durán2 e Patrício Peralta-Zamora1
1. Laboratório de Química Ambiental e de Materiais, Departamento de Química, Universidade Federal do Paraná[email protected] 2. Laboratório de Química Biológica, Instituto de Química, UNICAMP. [email protected]
58
Parte experimental
Reagentes
Os corantes azul reativo 19, laranja reativo 16, preto
reativo 5 e amarelo reativo (Sigma) foram utilizados sem
nenhum processo de purificação prévio (ver estrutura
na figura 1). Esses corantes foram utilizados em solu-
ção aquosa, em concentração de 100 mg L-1.
Outros reagentes foram de grau analítico P. A.
Processo de precipitação
Inicialmente, o processo de precipitação de óxidos
hidratados foi conduzido na presença de Zn2+ e Fe3+, uti-
lizando-se azul reativo 19 como corante modelo. Amos-
tras aquosas de 50 mL do corante foram adicionadas de
volumes variáveis de Zn(NO3)2 ou Fe(NO
3)3 (3 a 20 mL,
10 g L-1). Solução aquosa de NaOH (0,1 molL-1) foi adi-
cionada sob agitação constante, até precipitação dos res-
pectivos óxidos hidratados. O precipitado foi separado
por filtração e o sobrebadante reservado para análise.
Processo fotoquímico
No ensaios de degradação fotoquímica utilizou-se um
reator convencional de 150 mL de capacidade, equipado
com refrigeração por água, agitação magnética e sistema
de oxigenação. A radiação ultravioleta foi fornecida por
uma lâmpada a vapor de mercúrio de 125 W (Philips),
sem o bulbo protetor de vidro, localizada a uma distância
de 10 cm da superfície da solução. Oxigênio comercial
foi borbulhado durante todo o processo com uma vazão
de 100 mL min-1. Nesse reator, amostras de 100 mL de
solução de corante foram adicionadas de volumes
otimizados de solução aquosa de Fe3+ (10 gL-1) e quanti-
dade suficiente de base (hidróxido de sódio) para provo-
car a precipitação. Posteriormente, o processo fotoquímico
foi aplicado na presença do precipitado.
Controle analítico
A descoloração das amostras foi determinada
espectrofotometricamente nos comprimentos de onda de
máxima absorção de cada corante, utilizando-se um
espectrofotômetro HP 8452 A.
Determinações de Carbono Orgânico Total foram re-
alizadas em um TOC-Analyzer Shimadzu TOC-5000.
Análises por difratometria de raios-X foram realiza-
das em um aparelho Rigaku, utilizando-se silício como
padrão interno. Condições instrumentais: modo refle-
xão, 40 κV, 20 mA, CoKα=1,7902.
Resultadose discussão
De todos os pro-
cessos disponíveis
para o tratamento de
resíduos industriais lí-
quidos, o sistema de
precipitação química
seguido de floculação
parece corresponder a
um dos mais extensi-
vamente utilizados,
principalmente em
função da sua simpli-
cidade operacional,
59
Tecnologia EcologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
baixo custo e elevada eficiência. No entanto, o caráter
não-destrutivo desse tipo de processos faz com que séri-
as restrições possam ser apontadas, principalmente em
relação à disposição final dos lodos. Em geral, esses ma-
teriais sólidos são estocados na própria indústria, o que
demanda grandes áreas de depósito e implica um acúmulo
de passivos, ou são dispostos em aterros sanitários priva-
dos, o que implica significativos gastos adicionais. Ou-
tras alternativas estão sendo intensamente estudadas no
momento, grande parte das quais envolve a utilização dos
lodos como aditivo na fabricação de materiais de cons-
trução. Infelizmente, a elevada concentração de poluentes
adsorvidos no lodo faz com que aplicações desse tipo
devam ser criteriosamente estudadas.
Em função de toda a problemática que gira em torno
do lodo resultante do processo de precipitação-
floculação, o estudo de alternativas que facilitem a sua
disposição final ou permitam seu reaproveitamento são
absolutamente essenciais.
De acordo com antecedentes da literatura, a adsorção
dos substratos na superfície do fotocatalisador
corresponde a uma das principais etapas preliminares do
processo de degradação fotoquímica[15], uma vez que a
elevada reatividade do radical hidroxila e o conseqüente
baixo tempo de meia vida, impediria reações no bulk da
solução. Desta forma, a aplicação de radiação adequada
(tipicamente ultravioleta) em um sistema que contém os
substratos de interesse previamente adsorvidos em um
material com propriedades semicondutoras (ex. Fe2O
3 e
ZnO), representa uma excelente condição para a sua de-
gradação por processos fotocatalíticos heterogêneos.
Recentemente, um eficiente processo de degradação
de substratos de relevância ambiental, utilizando
fotocatálise heterogênea na presença de óxidos de ferro
(III) e zinco (II) resultantes de um procedimento de
precipitação prévia, foi registrado junto ao INPI[16].
Em uma primeira análise, é relativamente natural pen-
sar que a alcalinização de uma solução aquosa conten-
do Fe3+ ou Zn2+ deva levar à formação dos respectivos
hidróxidos, espécies que não apresentam as proprieda-
des que caracterizam um fotocatalisador. No entanto,
estudos preliminares mostraram que grande parte da
matéria orgânica adsorvida na superfície do precipita-
do, assim como a fração que remanesce em solução após
precipitação, pode ser degradada por aplicação de radi-
ação ultravioleta. Para explicar esse fato surgem três
alternativas:
i. Os substratos adsorvidos são fotosensíveis ao ponto
de serem eficientemente degradados apenas pela radia-
ção proporcionada.
ii. Os hidróxidos precipitados, de alguma forma,
catalisam a degradação fotoquímica dos substratos.
iii. A radiação ultravioleta proporcionada leva à forma-
ção dos respectivos óxidos (Fe2O
3 e ZnO),
semicondutores de elevada atividade fotoquímica que
propiciam a degradação dos substratos.
Uma vez que esse tipo de processo é observado até
com resíduos sabidamente resistentes à radiação
ultravioleta (efluentes papeleiros), a primeira alternati-
va pode ser imediatamente descartada. Para verificar a
veracidade das duas alternativas restantes, os precipita-
dos foram analisados por difratometria de raio-x, antes
60
Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 76/set.04
e depois de submetidos a irradiação ultravioleta. Utili-
zando-se as cartas do JCPDF (Joint Commitee on
Powder Diffraction Standard) como referência, é possí-
vel concluir que o processo de precipitação envolvendo
Zn2+ leva a formação de óxido de zinco (ZnO) de eleva-
da cristalinidade (figura 2, reflexões 1, 2 e 3), enquanto
que a reação envolvendo Fe3+ leva a formação de goethita
(FeO(OH), PDF:29-713) de baixa cristalinidade (figura
2, reflexões 4, 5 e 6).
Com essas evidências, a degradação fotoassistida dos
substratos adsorvidos, ou remanescentes em solução
após precipitação, pode ser explicada em termos de
mecanismos característicos da fotocatálise heterogênea.
Dentro desse contexto, eficiente degradação de
substratos de relevância ambiental tem sido reportada
utilizando-se processos fotoquímicos heterogêneos, con-
duzidos na presença de óxido de zinco[17] e (hidro) óxi-
dos de Ferro (III)[18].
Esclarecido o fenômeno responsável pelo processo
proposto, deu-se início ao estudo de otimização do pro-
cesso preliminar de precipitação, principalmente em re-
lação ao efeito da quantidade e natureza
do agente precipitante. Os resultados (fi-
gura 3) indicam que a precipitação do
óxido de zinco não promove uma signi-
ficativa descoloração do corante mode-
lo, nem mesmo quando utilizado em ele-
vadas concentrações. A baixa capacida-
de de adsorção apresentada pelo preci-
pitado, conseqüência da sua baixa área
superficial, leva a descolorações máxi-
mas inferiores a 20%. O (hidro) óxido
férrico, que precipita na forma de um
coloide de elevada área superficial, pro-
voca uma remoção de cor superior a 50%,
quando utilizado em concentrações aci-
ma de 1,4 g L-1 (volume superior a 7 mL).
Em função desses resultados, estudos
posteriores de degradação fotoquímica
foram conduzidos apenas na presença do
precipitado férrico, o qual foi produzido a partir de 10
mL de Fe(NO3)
3 (10 g L-1).
Aplicando-se o processo de precipitação nas condi-
ções otimizadas, verificou-se uma remoção relativamente
baixa dos corantes reativos da família azo (Figura 4).
No entanto, o processo fotoquímico subseqüente per-
mitiu, com exceção do corante amarelo, uma descolora-
ção superior a 80% em tempos de reação da ordem de
80 min. Em idênticas condições, o processo de fotólise
(ausência de fotocatalisador) provoca reduções de cor
inferiores a 5%, fato que demonstra novamente a parti-
cipação de processos fotocatalíticos heterogêneos. É
pertinente salientar que descolorações dessa magnitu-
de, mesmo trabalhando-se nas piores condições possí-
veis de irradiação (irradiação superficial), representam
um sólido argumento a favor do processo proposto.
A baixa eficiência de descoloração observada nos es-
tudos envolvendo o corante amarelo é devida a séria in-
terferência espectral provocada pela presença de Fe (III)
e não a uma limitação particular do processo proposto.
Finalmente, determinações de carbono orgânico to-
62
Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 76/set.04
tal de sólidos demonstraram que grande parte da maté-
ria orgânica, inicialmente removida por adsorção na su-
perfície do precipitado, é mineralizada nos tempos pra-
ticados. Em geral, mineralizações da ordem de 70% fo-
ram observadas em todos os casos.
Conclusões
Nas condições experimentais utilizadas, a precipita-
ção de FeO(OH) (goethita) permite a remoção dos
corantes em estudo com índices entre 5 e 50%. A apli-
cação de radiação ultravioleta, na presença do precipi-
tado, faz com que a descoloração atinja, em media, ín-
dices superiores a 80%. Embora a ocorrência de rea-
ções do tipo foto-Fenton não possam ser descartadas,
antecedentes da literatura sugerem que o processo de
degradação deve corresponder, principalmente, a
fotocatálise heterogênea. A degradação dos substratos
não adsorvidos, assim como a depuração do precipita-
do, representam uma excelente contribuição para o pro-
cesso de precipitação convencional.
Bibliografia
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[16] Processo de precipitação-irradiação para
remediação de efluentes de indústrias papeleiras. N°
Pedido PI9601686. Data do Depósito: 17/05/1996.
[17] Gouvêa, C. A. K., Wypych, F., Moraes, S. G.,
Durán, N., Nagata, N and Peralta-Zamora, P.,
Chemosphere, 2000, 40, 433.
[18] Mazellier. P. and Bolte, M., J. Photochem.
Photobiol. A: Chemistry, 2000, 132, 129.
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Tecnologia EcologiaQuímica Têxtil - n° 76/set.04
A cor do efluente resultante dos processos de
tingimento tem sido um dos principais problemas
ambientais enfrentados pela indústria têxtil. Os trata-
mentos biológicos convencionais são ineficientes na re-
moção da cor, o que levou ao desenvolvimento de tra-
tamentos terciários voltados para esse fim. Muitos des-
ses tratamentos possuem um alto custo de operação e
manutenção, tornando-os inviáveis economicamente.
A utilização de microemulsões surge como um podero-
so e inovador tratamento para remoção da cor.
Este trabalho apresenta a utilização de microe-
mulsão como agente na remoção da cor através dos
processos de extração e adsorção. O efluente utilizado
foi um banho de exaustão de corantes reativos (efluente
real) contendo os corantes Procion Amarelo H-E4R (CI
Reactive Yellow 84), Procion Azul H-ERD (CI Reactive
Blue 160) e Procion Vermelho H-E3B (CI Reactive Red
120). O sistema de colorimetria utilizado foi o CIE
L*a*b* (CIELAB) espaço de cor e (∆E*ab
) diferença
de cor. A remoção da cor alcançou índices superiores
a 98%, mesmo utilizando-se o banho de exaustão (que
é o efluente mais concentrado em corantes). Juntamente
com a cor, os metais pesados presentes nesse efluente
são removidos com índices superiores a 98%. Para
determinar a capacidade de carga da microemulsão,
repetiu-se o process, utilizando a mesma fase de
microemulsão, por até 15 vezes obtendo-se ainda óti-
mos resultados.
Introdução
As indústrias têxteis possuem uma das mais altas car-
gas poluidoras em seu efluente. As variações em seus
processamentos e produtos utilizados tornam o efluente
complexo, dificultando o tratamento (Moran et al.,
1997), (Talarposhti et al., 2001).
Entre os diferentes produtos utilizados na indústria
estão os corantes. De acordo com Abraham (1993), (in
Talarposhti et al., 2001), 700.000 toneladas de corantes
têxteis são produzidas anualmente, dos quais, 50% são
compostos azo (-N=N-) que, devido a seu comporta-
mento ambiental ser ainda desconhecido, são conside-
rados especialmente perigosos (Bustard et al, 1998). De
acordo com Laing (1991), 2 a 10% dos corantes aplica-
dos em processos de tingimento são descarregados no
efluente, dependendo da tonalidade e do corante utili-
zado (in Rozzi et al, 1998). Estudos mais recentes indi-
cam que aproximadamente 12% de corantes sintéticos
são perdidos anualmente durante a fabricação e em pro-
cessos de tingimento, sendo que nesse caso, 20% da
cor resultante é deixada no ambiente através de plantas
de tratamento de efluentes (Arslan et al., 2000).
Efluentes coloridos são esteticamente desagradáveis,
impedem a penetração da luz, prejudicam a qualidade
dos corpos de água e podem ser tóxicos aos processos
de tratamento, aos organismos de cadeia alimentícia e
para vida aquática (Talarposhti et al., 2001).
Os corantes, de modo geral, devem apresentar boas
Tecnologia Tingimento Química Têxtiln° 76/set.04
Microemulsão:A nova tecnologia na remoção da cor de efluentes
Leocádia Terezinha Cordeiro Beltrame1, Tereza Neuma de Castro Dantas2,Afonso Avelino Dantas Neto1, José Heriberto do Nascimento3.
1Departmento de Engenharia Química, 2Departmento de Química, 3Departamento de Engenharia Têxtil.Universidade Federal do Rio Grande do Norte. e-mail: [email protected]
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solidezes à luz, lavagem e suor e, portanto, apresentam
alto grau de estabilidade química e fotolítica a fim de
manter sua estrutura e cor. Devido à complexa estrutura
química, são resistentes à degradação, dificultando o
tratamento de efluentes (Talarposhti et al., 2001),
(Swamy e Ramsay, 1999).
A degradação das moléculas de corantes por microrga-
nismos aeróbios é provavelmente muito lenta, o que justi-
fica a alta percentagem de corantes resistirem ao tratamen-
to e potencialmente se acumular e, além disso, qualquer
degradação que porventura ocorra pode produzir molécu-
las menores e mais tóxicas ao ambiente como as aminas
(Talarposhti et al., 2001), (Swamy e Ramsay, 1999).
A remoção da cor de efluentes têxteis tem sido maté-
ria de considerável interesse nas duas últimas décadas,
não apenas pela potencial toxicidade de certos corantes,
mas principalmente pela fácil detecção nas águas
receptoras (Arslan et al., 2000). A coloração nas águas
receptoras tem motivado a consciência pública com rela-
ção às questões ambientais, coincidindo com níveis as-
cendentes de descargas coloridas (Willmott et al., 1998).
A cor em efluentes têxteis tem sido freqüentemente
associada a tingimentos com corantes reativos, onde até
50% dos corantes podem ser perdidos no efluente
(Arslan et al., 2000). Esses corantes não fixados e com
cores brilhantes são altamente solúveis em água e não
se adsorvem na biomassa (Rozzi et al., 1998), (Rettmer
et al., 2000) (Willmott et al., 1998), (Arslan et al., 2000)
(Nigan et al., 1996).
Embora recalcitrantes a tratamentos biológicos con-
vencionais, os corantes não apresentam ação inibidora
ao processo (Hobs, 1989), contudo, a presença de metais
pesados, além do efeito inibidor, possui também efeito
tóxico a esses tratamentos. Metais pesados como: cobre,
zinco, níquel, chumbo, cádmio e cromo podem reagir com
enzimas microbianas para retardar ou completamente ini-
bir seu metabolismo(Tchobanoglous e Burton, 1991).
Além disso, cobre, chumbo e zinco estão na lista de
poluentes prioritários da "US Environmental Protection
Agency" (Gupta e Torres, 1998). Em quantidades crôni-
cas, o cobre pode causar hemocromatose, cádmio afeta
enzimas importantes e pode causar danos aos rins en-
quanto que o chumbo possui vários efeitos tóxicos, inclu-
indo danos ao sistema nervoso central e periférico (Gupta
e Torres, 1998). Em quantidades menores, inferiores a 1
mg/L, o cobre, por exemplo, é tóxico para plantas aquáti-
cas e aos peixes (Tchobanoglous e Burton, 1991). De
acordo com Moran et al.(1997), cobre e zinco estão nor-
malmente presentes em corantes e auxiliares.
Dessa forma, há a necessidade de tratamentos efica-
zes, anteriores ao tratamento biológico - largamente utili-
zado para remoção de cor e metais. Muitos métodos já
existem: alguns em escala laboratorial são ainda inviáveis
economicamente em larga escala; outros, com alto custo
de implantação e de manutenção. Assim a utilização de
microemulsões no tratamento de efluentes têxteis surge
como uma nova e eficiente tecnologia aplicada à remo-
ção da cor e de metais pesados presentes no efluente.
Microemulsões são dispersões líquido-líquido, forma-
das por líquidos de diferentes polaridades (normalmente
água e um componente orgânico) e uma mistura de agen-
tes tensoativos e/ou cotensoativos. Macroscopicamente,
aparentam ser líquidos monofásicos (homogêneos) de
aparência translúcida e isotrópica. Em proporções co-
nhecidas de seus constituintes, são capazes de se equili-
brar com outras fases aquosas ou orgânicas.
No caso de extração em meio aquoso, uma microe-
mulsão água em óleo (a/o) coexiste com uma fase aquo-
sa, o que é denominado Winsor II (WII) (Giasson et al.,
1998 e Ariel et al., 1999). Devido ao tamanho nanomé-
trico das gotículas de água dispersas no meio orgânico,
há uma maior área na interface, facilitando a transferên-
cia de massa em processos de extração.
A reatividade das microemulsões com metais tem
facilitado os vários métodos de extração e de adsorção
na remoção de metais pesados (Watarai, 1997). Castro
Dantas et al., 2003 utilizou microemulsões na remoção
de metais pesados como cromo, cobre, níquel, manganês,
ferro e chumbo; Castro Dantas et al., 2002, utilizou
microemulsão na extração de gálio a partir do licor de
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 76/set.04
66
Bayer; Castro Dantas et al., 2001-a e 2001-b utilizou
microemulsão como agente modificador de superfície dos
adsorventes diatomita e quitosana, respectivamente, para
remover cromo de soluções sintéticas de efluente de
curtume. Tendo em vista a eficiência das microemulsões
na remoção de metais, procurou-se investigar seu com-
portamento na remoção de cor de efluentes têxteis (Cas-
tro Dantas, et al., in press). O presente trabalho utiliza
microemulsão na remoção simultânea da cor e de metais
pesados eventualmente presentes no efluente têxtil.
Materiais e métodos
Composição do efluente
O efluente utilizado neste estudo é um efluente real
obtido de uma tinturaria de Natal, RN, proveniente da
primeira descarga após tingimento com corantes
reativos (corantes já hidrolisados). O banho continha
os corantes apresentados na tabela 1 com as respecti-
vas concentrações iniciais e 1,3 g/L de auxiliares de
tingimento, 15 g/L de carbonato de sódio (álcali) e 45
g/L de cloreto de sódio (sal).
Sistema de microemulsão
O sistema é formado por um tensoativo catiônico de
cadeia longa, álcool isoamílico como cotensoativo, que-
rosene como fase orgânica e o efluente como fase aquo-
sa. Para facilitar a representação de uma microemulsão
composta por quatro constituintes num diagrama
ternário, adota-se uma razão constante de cotensoativo/
tensoativo (C/T) como um pseudoconstituinte, que pode
ser plotado em um dos vértices do triângulo.
Diagrama de fases pseudo-ternário
As regiões do diagrama de fases foram determinadas
de acordo com a classificação de Winsor (Friberg e
Bothorel, 1988), que estabelece 4 tipos de regiões: W I,
quando a fase de microemulsão está em equilíbrio com
uma fase orgânica em excesso; W II, quando a fase de
microemulsão está em equilíbrio com uma fase aquosa em
excesso; W III, quando a fase de microemulsão está em
equilíbrio com a fase aquosa e orgânica, e W IV, quando
macroscopicamente existe uma única fase - microemulsão.
Para se determinar as regiões de Winsor em um dia-
grama pseudoternário, a fase orgânica é misturada com
o pseudoconstituinte (C/T) e a mistura é titulada com a
fase aquosa observando-se as variações possíveis, que
formarão as regiões de Winsor. O diagrama de fases
pseudoternário é então construído plotando-se as quan-
tidades das fases usadas no experimento.
Processo de extração
O processo de extração ocorre espontaneamente
quando os componentes são misturados. Neste estudo,
a razão C/T foi mantida igual a 2 e o pH do efluente foi
ajustado para 9. Os experimentos ocorreram à tempera-
tura ambiente (26 ºC).
Processo de adsorção
Na adsorção, utilizou-se diatomita como adsorvente.
Uma microemulsão formada pelo tensoativo catiônico
de cadeia longa, álcool isoamílico, querosene e água,
na região de W IV, foi utilizada para impregnar a
diatomita. Após impregnação, o adsorvente foi seco em
estufa a 65ºC por 48 h. O adsorvente seco foi misturado
ao efluente
com diferen-
tes concen-
trações por
um período
de 1 hora em
banho finito.
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Determinação da cor
Para determinação da cor utilizou-se o sistema
CIELAB, através do espaço de cor (L* a* b* ) e dife-
rença de cor (∆Ε*ab
) (Berns, 2000, Gonnet, 1998 e Yeh
e Thomas, 1995). Para a leitura das amostras, utilizou-
se um tintômetro Lovibond PFX-950, com intervalos de
comprimento de onda de 420 a 710 nm. Iluminante C e
observador padrão de 2º.
Determinação da concentração de corantes
A concentração de corantes no efluente é desconhe-
cida porque, durante o processo de tingimento, os
corantes se fixam nas fibras de diferentes formas que
dependem do tempo de contato, salinidade, temperatu-
ra e da isoterma de adsorção característica de cada
corante. Assim, para determinar a concentração de
corantes removidos durante a extra-
ção, preparou-se uma solução sin-
tética contendo os mesmos corantes
do efluente e mediu-se a
absorbância. A figura 1 apresenta as
curvas obtidas a diferentes compri-
mentos de onda para a solução sin-
tética e para o efluente.
Comparando as duas curvas,
pode-se observar que praticamente
se sobrepõem, com uma pequena va-
riação entre 580 nm e 640 nm. Essa
variação pode ser devida a erros
experimentais, bem como às diferentes condições
usadas na indústria. A solução sintética foi prepara-
da com 40,13 ppm de Azul Procion H-ERD, 35,05
ppm de Vermelho Procion H-E3B e 177,06 ppm de
Amarelo Procion H-E4R, formando um total de
252,24 ppm de corantes.
A solução sintética foi diluída a diferentes con-
centrações para as quais ∆Ε*ab foi medido em rela-
ção ao efluente. A figura 2 apresenta os resultados
obtidos e a curva de calibração.
Determinação de metais
O teor de metais foi determinado por espectrofotômetro
de absorção atômica de chama. O equipamento utiliza-
do foi o espectrofotômetro VARIAN SpectrAA-Plus.
Rede de Scheffé
A rede de Scheffé é uma metodologia aplicada a mis-
turas a três constituintes, em que uma série de proprie-
dades varia de acordo com a concentração relativa de
cada ponto de um triângulo equilátero. O modelo deter-
mina uma série de parâmetros de acordo com o grau
polinomial que melhor se ajusta à resposta, que pode
ser a diferença entre o valor calculado pelo modelo e o
valor real. A primeira etapa consiste em definir a região
de interesse com os pontos que compõem a rede, me-
dindo as respostas a cada ponto. Após obter o modelo,
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o comportamento das respostas é testado para se en-
contrar a melhor representação. Finalmente plotam-se
as curvas de isorespostas, que representam o comporta-
mento da propriedade avaliada (Ramos et al, 1997).
Resultados e discussões
Na primeira etapa, construiu-se o diagrama
pseudoternário com o tensoativo catiônico de cadeia
longa, álcool isoamílico, querosene e efluente. O dia-
grama obtido está representado na figura 3.
Neste diagrama, duas regiões foram observadas: uma
pequena região de W IV + S (constituída da fase de
microemulsão com um excesso de tensoativo) e uma
larga região de W II, onde ocorre a fase de microemulsão
e fase aquosa simultaneamente, propícia à extração (Ariel
et al, 1999 e Giason et al, 1998).
A rede de Scheffé está baseada nas variações das
propriedades de uma mistura de três constituintes como
função da concentração de seus constituintes e o trata-
mento estatístico das respostas demonstra o comporta-
mento dessa mistura no domínio estudado. No sistema
estudado, o efluente teve seu pH corrigido para 9 (o pH
normal é 10,44) porque a extração é melhorada ao
acidificar o efluente (Castro Dantas et al, in press) e a
razão utilizada para a mistura C/T foi 2 (duas partes de
cotensoativo para 1 parte de tensoativo).
Os pontos listados na tabela 2 foram preparados e a
remoção da cor foi medida. Os valores dos componen-
tes da cor (L*, a*, b*) das amostras e do efluente foram
determinados assim como a diferença de cor (∆Ε*ab)
entre o efluente inicial a as fases aquosas obtidas após a
extração. Os resultados estão apresentados na tabela 3.
A ampla região de W II encontrada é devida à alta
salinidade do efluente (45.000 ppm). Como a fase aquosa
deve estar em maior proporção por ser mais abundante
e sem custo adicional, escolheu-se a região próxima ao
vértice da fase aquosa (efluente) para estudo, a fim de
verificar seu comportamento na extração. Nessa região
construiu-se um triângulo eqüilátero com 10 pontos no
seu interior (figura 4), que representam 10 composições
diferentes de microemulsão. As frações mássicas des-
ses pontos encontram-se na tabela 2.
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 76/set.04
70
∆Ε*ab representa a diferença de cor tridimensional total
e pode ser obtido pela equação 1:
(1)
Onde: ∆L* = variação da luminância entre o efluente e a
fase aquosa obtida após a extração;
∆α* = variação das coordenadas de cor verde-verme-
lho entre o efluente e as amostras;
∆b* = variação das coordenadas de cor amarelo-azul
entre o efluente e as amostras.
Os 10 pontos analisados foram usados para determi-
nar o modelo estatístico. Através do programa Statistica
6.0, as matrizes dos modelos formadas pela combina-
ção da composição de cada ponto e os resultados obti-
dos na remoção da cor (∆Ε*ab) foram analisadas e o
modelo cúbico foi escolhido por apresentar o menor erro:
∆E*ab
= 68,04 XA + 948,152 X
O + 44,836 X
C/T –
1528,36 XA
XO + 139,787 X
A X
C/T – 5214,954 X
O X
C/T
+ 9168,79 XA
XO
XC/T
(2)
O erro admitido para validar o modelo foi 5% (Equa-
ção 3), onde ∆Ε*abEXP
corresponde aos resultados expe-
rimentais e ∆Ε*abCALC
os resultados obtidos através do
modelo:
(3)
Aplicando o modelo obtido (Equação 2), obtém-se
um erro de 2,19%, o que valida o modelo.
Para obter o comportamento da remoção da cor den-
tro do domínio estudado no diagrama
pseudoternário, utilizou-se o programa
Statistica 6.0. A Figura 5 apresenta as
superfícies de isoresposta obtidas:
Através da Figura 5, pode-se obser-
var a influência do componente C/T: a
remoção da cor é otimizada (região mais
escura) a medida que o valor C/T au-
menta (vértice superior do triângulo).
Isso é devido a alta reatividade do
tensoativo com os corantes reativos.
Pelo estudo das superfícies de isorespostas pode-
se observar que os pontos 1, 2, 3, 4 e 8 apresentaram os
melhores resultados de remoção de cor. Aplicando es-
tes resultados na curva de calibração (figura 2), obtém-
se para o ponto 1 o residual de apenas 4,49 ppm de
corante na fase aquosa, significando que mais de 98,22%
dos corantes foram removidos; para o ponto 2, o residu-
al na fase aquosa é de 7,35 ppm, com 97,09% dos
corantes removidos; no ponto 3, o residual é de 9,3 ppm,
sendo 96,31% dos corantes removidos; no ponto 4 o
residual é de 8,6 ppm, com 96,59% dos corantes remo-
vidos e finalmente no ponto 8, o residual de corantes foi
de 6,84 ppm com remoção de 97,29% dos corantes.
Considerando eficiência e teor de matéria ativa usa-
da, o ponto 4 poderia ser escolhido. Nesse ponto, a com-
posição é de 7% de tensoativo, 14% de cotensoativo
(álcool isoamílico), 10% de fase orgânica (querosene) e
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69% de fase aquosa (efluente). A figura 6 apresenta a
foto do efluente inicial e após o processo de extração
em que se observa a fase de microemulsão (colorida) e
a fase aquosa (incolor).
A capacidade de carga da microemulsão foi testada
e, para isso, a fase de microemulsão obtida no ponto 4
após a extração (já colorida) foi misturada com uma nova
amostra do efluente em pH 9, ocorrendo nova extração.
O processo foi repetido por 14 vezes e com bons resul-
tados (tabela 4).
De acordo com a tabela 4, observa-se pouca varia-
ção de resultados para as 15 extrações. Após a 15ª ex-
tração observou-se uma alta viscosidade na fase de
microemulsão devido a alta
concentração de corantes,
dificultando a continuidade
do processo.
Na amostra de efluente foi
verificada também a presen-
ça dos metais: cádmio, cobre,
cromo e ferro. Os teores de
cádmio, cromo e ferro foram
inferiores ao limite de
detecção do aparelho, porém
o cobre foi detectado. Após o
processo de extração, a fase
aquosa foi analisada nova-
mente para verificar se o processo foi eficiente na remoção
do metal. Os resultados estão expressos na tabela 5.
De acordo com os resultados obtidos, a extração de
cobre foi de 98,51%. Esses resultados demonstram a
eficiência do processo de extração por microemulsão
tanto na remoção da cor como de metais.
Verificou-se ainda a capacidade de remoção de cor
da microemulsão por adsorção utilizando-se diatomita
como adsorvente (granulometria -14 +20 - mesh). A
diatomita foi utilizada "in natura" e impregnada por uma
microemulsão (1 parte de diatomita para 2 partes de
microemulsão) composta pelo mesmo tensoativo
catiônico de cadeia longa (17,08%), álcool isoamílico
(34,17%), querosene (30,63%) e água (18,12%).
Após impregnar, a diatomita foi seca em estufa a 65º
por 48 h. O pH do efluente foi ajustado para 5 e mistu-
rado à diatomita "in natura" e diatomita impregnada em
diferentes proporções por 1 hora em banho finito. Os
resultados estão apresentados na figura 7. Neste caso,
∆Ε*ab
foi medido em relação à água destilada e
deionizada e, portanto, quanto menor o valor, mais pró-
ximo da coloração da água.
Como pode ser observada na figura 7, a eficiência
do tratamento por microemulsão é evidente. Para 15%
de adsorvente, a diferença de cor (∆Ε*ab) obtida entre
a fase aquosa e a água destilada e deionizada usada
como referência, foi de 8,05 para a diatomita impreg-
nada com microemulsão e 30,95 para a diatomita "in
natura". Os ensaios de adsorção estão ainda em fase
inicial, mas como pode ser observada, a eficiência da
microemulsão é inquestionável.
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Conclusão
A utilização de microemulsões na remoção da cor de
efluentes é uma técnica inovativa e ainda sem referênci-
as anteriores. O sistema utilizou um banho de exaustão
real, com corantes reativos e hidrolisados por ser mais
concentrado em corantes e considerado de difícil trata-
mento. Devido à alta afinidade da microemulsão com
esses corantes, obtiveram-se índices de remoção da cor
superiores a 98%.
A presença de metais pesados no efluente, conside-
rada problemática pelos tratamentos biológicos conven-
cionais, pode ser removida por microemulsão com índi-
ces superiores a 98%.
A fase de microemulsão obtida no processo de ex-
tração pode ser reciclada até 14 vezes, ainda com bons
resultados.
Em processos de adsorção, a microemulsão foi utili-
zada como modificador de superfície. A diferença de
cor (∆Ε*ab) obtida utilizando-se adsorvente tratado por
microemulsão em relação à água foi de 8,05, enquanto
que o mesmo adsorvente "in natura" apresentou 30,95.
Uma das principais vantagens da utilização de
microemulsão na remoção da cor está no fato de poder
ser utilizada imediatamente após o processo de
tingimento e com tempo mínimo, já que o processo de
extração ocorre imediatamente ao se misturar os
componetes da microemulsão.
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1. OBJETIVO
Este procedimento prescreve o método paraa determinação da solidez da cor de todos ostipos de tecidos e de fios submetidos à lavagema seco, e tão somente a ela, não envolvendo todoo processo de uma lavagem a seco comercial.
A lavagem a seco comercial normalmente en-volve outras operações, como a determinaçãoda solidez da cor aos manchamentos com águae com solvente, passagem a ferro com vapor etc,que são objeto de outros procedimentos.
A solidez à lavagem a seco, como indicadoneste procedimento, só significa o processo delavagem com percloroetileno, também designa-do tetracloroetileno (Cl4C2). Porém, se o Clienteassim o desejar, o procedimento pode ser reali-zado com outros solventes.
2. CAMPO DE APLICAÇÃO
Verificou-se que a presença de água absorvi-da na amostra e/ou no solvente, ou a presençade detergente e água na solução de lavagem aseco, não é um fator crítico na avaliação da soli-dez da cor. Este ensaio fornece resultados comuma correlação satisfatória com aqueles obtidosna lavagem a seco comercial.
Este procedimento não é adequado para aavaliação da durabilidade de acabamentos têx-teis, nem se destina à avaliação da solidez dacor a manchamentos e processos de remoção
IPTCONTROLE DE QUALIDADE TÊXTILProcedimento de Ensaio IPT DQ-LPTex-PE 19.0.10
Laboratório de produtos têxteisSolidez da cor de têxteis sob a ação da lavagem a seco
Par
te in
tegr
ante
da
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sta
Quí
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a T
êxtil
n°
76/s
et..2
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de manchas com os solventes da lavagem aseco.
3. REFERÊNCIA
ISO 105-D01 - 1993 TêxteisEnsaios para a solidez da cor - Solidez dacor à lavagem a seco.
4. NORMAS COMPLEMENTARES
4.1. DQ-LPTex-PE 10.0.15 - 2002Escala cinza para a avaliação da alteraçãoda cor nos ensaios de solidez da cor detêxteis.
4.2. DQ-LPTex-PE 10.0.16 - 2002Escala cinza para a avaliação da transfe-rência da cor nos ensaios de solidez da corde têxteis.
4.3. DQ-LPTex-PE 19.0.00 - 2002Princípios gerais dos ensaios de solidez dacor de têxteis.
5. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS
5.1. Aparelho para ensaios de solidez da cor soba ação da lavagem de têxteis, Polymat, Ahiba,código AHB-01, com controle de temperatura ecom regulagem da velocidade angular em (40 ±2) rpm, e copos de aço inoxidável de 500 mLcom tampas herméticas, banho de aquecimentocom polietilenoglicol;
5.2. Discos de aço inoxidável, com dimensõesde (30 ± 2) mm de diâmetro e (3,0 ± 0,5) mm deespessura, lisos e sem bordas rugosas, commassa de (20 ± 2) g.
5.3. Capela, código CAP-01, para a evaporaçãodo percloroetileno;
5.4. Estufa com circulação forçada de ar, marcaFabbe, código EST-01, ou estufa marcaCarbolite, código INC-01;
5.5. Tecido de algodão cru, padronagem tipo sar-ja, gramatura de (270 ± 70) g/m², livre deengomagem ou qualquer outro tipo de acaba-mento, cortado em retângulos de (240 x 120) mm,para a confecção de pequenos sacos com di-mensões internas de (100 x 100) mm, fechadospor costura em dois de seus lados;
5.6. Tecido-testemunha multifibras ou, tecidos-testemunha constituídos de uma só fibra, comas características e forma de utilização indicadasno Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE19.0.00 - 2002 - Princípios gerais dos ensaiosde solides da cor de têxteis;
5.7. Linha de costura crua ou alvejada, usada naconfecção dos sacos e seu fechamento para oensaio;
5.8. Proveta graduada, com capacidade mínimade 200 mL;
5.9. Percloroetileno, P.A. Esse produto, tambémdenominado tetracloroetileno (Cl
4C2), é toxico àinalação, ao contato com a pele e à ingestão. Opercloroetileno deve ser armazenado em um re-cipiente contendo, no fundo, carbonato de sódioanidro, para neutralizar qualquer ácido clorídri-co que venha a se formar;
5.10.Tubos de ensaio de 25 mm de diâmetropara a avaliação da transferência da cor daamostra para o solvente;
5.11. Papel ou tecido absorvente, para eliminaro excesso do solvente antes da secagem doscorpos-de-prova;
5.12. Material para a filtração do solvente após oensaio, para a avaliação da transferência da cor:
5.12.1. Suporte universal;
5.12.2. Anel de ferro de 7 cm de diâmetro parasuporte do funil;
5.12.3. Funil de vidro com 10 cm de diâmetro,haste curta;
5.12.4. Papel de filtro comum;
5.12.5. Copo béquer com 200 mL de capacidade.
6. ATMOSFERA PADRÃO DE ENSAIO
Este ensaio não requer atmosfera padrão decondicionamento e ensaio, para os corpos-de-prova, após sua secagem, para as avaliaçõesde alteração e transferência da cor.
7. PREPARAÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA
7.1. Para ensaios que utilizam o solvente paraavaliação da transferência da cor:
7.1.1. Se a amostra recebida for tecido ounãotecido, cortar um corpo-de-prova nas dimen-sões de (100 x 40) mm;
7.1.2. Se a amostra recebida for um fio, produzirum tecido de malhas e proceder conforme 7.1.1ou fazer uma pequena meada de fios paralelos,com 100 mm de comprimento, e com a mesmafazer um pavio com cerca de 5 mm de diâmetro,amarrando suas extremidades;
7.1.3. Se a amostra recebida é constituída defibras soltas, pentear e comprimir suficientematerial para formar uma manta nas dimen-sões de (100 x 40).
7.2. Para ensaios que utilizam tecidos-testemu-nha para avaliação da transferência da cor:
7.2.1. Se a amostra recebida for tecido ounãotecido, cortar um corpo-de-prova nas dimen-sões de (100 x 40) mm; costurá-lo com tecido(s)-testemunha, também com dimensões de (100 x40) mm, selecionados de acordo com o item 5.6.deste procedimento, e uni-los por costura emuma das arestas menores.
7.2.2. Se a amostra recebida for um fio, produzirum tecido de malhas e proceder conforme 7.2.1ou separar uma massa igual à metade das mas-sas combinadas de dois tecidos-testemunha de(100 x 40) mm cada, selecionados de acordo como item 5.6. deste procedimento, colocá-la unifor-memente espalhada entre eles e uni-los por cos-tura nas quatro arestas. Se utilizar o tecido-tes-temunha multifibras, usar como segundo tecido-testemunha o tecido de polipropileno não tingível;
7.2.3. Se a amostra recebida é constituída defibras soltas, separar uma massa igual a meta-de das massas combinadas de dois tecidos-tes-temunha de (100 x 40) mm cada, selecionadosde acordo com o item 5.6. deste procedimento,colocá-la uniformemente espalhada entre eles euni-los por costura nas quatro arestas. Se utili-zar o tecido-testemunha multifibras, usar comosegundo tecido-testemunha o tecido depolipropileno não tingível.
8. PROCEDIMENTO E APRESENTAÇÃO DOSRESULTADOS
8.1. Introduzir em um saco de tecido de algodãocru (item 5.5.) um corpo-de-prova e doze discosde aço (item 5.2.) para cada um dos ensaios.Fechar o saco por costura;
8.2. Adicionar ao recipiente cilíndrico de aço inóxde 500 mL de capacidade (item 5.1.), 200 mL de
percloroetileno utilizando a proveta graduada,tampá-lo hermeticamente e montá-lo no apare-lho Polymat, com o polietilenoglicol aquecido a(30 ± 2)°C e deixá-lo no aparelho em movimentopor 5 min. Após esse pré-aquecimento, colocarcada saco de tecido com seu conteúdo em umdos recipientes contendo percloroetileno pré-aquecido e iniciar o ensaio, deixando o aparelhogirar em 40 rpm, durante 30 min, na mesma tem-peratura de (30 ± 2)°C;
8.3. Remover cada saco de algodão do seu reci-piente de aço, abrir o saco, retirar o corpo-de-prova, espremê-lo suavemente e colocá-lo en-tre folhas de papel ou tecido absorvente pararemover o excesso de solvente;
8.4. Antes da secagem separa-se os corpos-de-prova preparados conforme 7.2 dos tecidos-tes-temunha para que sequem em separado. Secartodos os corpos-de-prova (itens 7.1 e 7.2), inici-almente ao ar por 3 h, na capela código CAP-01,e depois na estufa a (60 ± 5)°C por 1h; duranteesta operação, é conveniente deixar a porta daestufa entreaberta para não se formar uma mis-tura explosiva em seu interior, com vapores dopercloroetileno;
8.5. Avaliar a alteração da cor dos corpos-de-prova após condicioná-los ao ar por cerca de 1h, de acordo com o Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.15 - 2002 Escala cinza para aavaliação da alteração da cor nos ensaios desolidez da cor de têxteis;
8.6. Avaliar a transferência da cor dos corpos-de-prova preparados conforme 7.1 para osolvente usado no ensaio. Esse solvente é filtra-do em papel filtro comum, introduzido num tubode ensaio (item 5.9.) para ser comparado comoutro tudo de ensaio contendo o solvente puro.Os dois tubos de ensaio são colocados diantede uma cartolina branca posicionada no suporte
Eraldo Maluf - Laboratório de Produtos Têxteis - IPTtel. (11) 3767.4664 / e-mail: [email protected] - www.ipt.br
de corpos-de-prova e utilizando luz do dia da ca-bine código CAC-01, e são avaliados com o au-xílio da escala cinza de transferência da cor deacordo com o Procedimento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.16 - 2002 Escala cinza para aavaliação da transferência da cor nos ensaiosde solidez da cor de têxteis
8.7. Avaliar a transferência da cor dos corpos-de-prova preparados conforme 7.2 para o(s)tecido(s)-testemunha, de acordo com o Procedi-mento de Ensaio DQ-LPTex-PE 10.0.16 - 2002Escala cinza para a avaliação da transferênciada cor nos ensaios de solidez da cor de têxteis.Se utilizados tecidos-testemunha de única fibra,os dois tecidos devem ser avaliados; se for usa-do tecido-testemunha muti-fibras, a faixa da fi-bra que mais se tingir deve ser avaliada.
8.8. Apresentar no Relatório de Ensaio:
· O solvente utilizado, quando este for diferentedo percloroetileno;
· As avaliações numéricas de alteração da cor noscorpos-de-prova e da transferência da cor aosolvente utilizado e ao(s) tecido(s)-testemunha;
· Qualquer desvio deste procedimento, quandoocorrer.
9. NORMAS TECNICAMENTE EQUIVALENTES
AATCC 132 - 1998Colorfastness to drycleaning.
ABNT NBR 9 398 - 1986Materiais Têxteis - Determinação da soli-dez da cor a limpeza à seco.
BS EN ISO 105-D01 - 1995Textiles. Tests for colour fastness. Colourfastness to dry cleaning
NF EN ISO 105-D01 - 1995Textiles. Essais de solidité des teintures.Partie D01: solidité des teintures aunettoyage a sec.
DIN EN ISO 105-D01 - 1995Textilien - Farbechtheitsprüfungen - TeilD01: Bestimmung der Trockenreini-gungsechtheit (ISO 105-D01:1993);Deutsche Fassung EN ISO 105-D01:1995.
76
Clariant na 17ª São Paulo Fashion Week
A Clariant entrou definitivamente para o calendário
da moda brasileira, através do São Paulo Fashion Week.
Pela segunda vez consecutiva, a empresa apoiou o des-
file do estilista Caio Gobbi, desta vez lançando o inova-
dor acabamento Dryclean.
Ideal para ser utilizado em roupas esportivas, o
Dryclean mantém o corpo seco já que absorve rapida-
mente o suor, transportando-o para a superfície do teci-
do, acelerando a evaporação e mantendo a pele mais
seca durante e após o exercício.
O conceito Dryclean inclui um acabamento Sanitized®
que age como um desodorante integrado, proporcionan-
do uma sensação de conforto e frescor por mais tempo.
Além disso, os tecidos com o acabamento Dryclean são
macios e gelados - sensação perceptível ao toque.
Rhodia utiliza realidade virtualno projeto de expansão de fenol
A Rhodia inaugurou em junho a expansão de capaci-
dade de produção de fenol e acetona e está produzindo
agora 165 mil toneladas/ano de fenol e 101 mil tonela-
das de acetona, atendendo ao mercado brasileiro. Para
tornar viável tecnicamente a implantação desse projeto
na sua unidade de Paulínia (SP), a companhia utilizou
várias ferramentas tecnológicas, com destaque para a
chamada “realidade virtual”. Graças à avançada tecno-
logia do Walkinside, os usuários podem acompanhar os
projetos através da visão de um ser humano virtual e
verificar desobstruções (clash-detection), alcançar vál-
vulas e detectar designs de fábricas superlotadas, ao
contrário de outros aplicativos de visualização que per-
mitem ao usuário apenas sobrevoar o modelo.
Sintequímica obtém certificação ISO 14001
A unidade de Olinda-PE Matriz obteve a certificação
de seu sistema ambiental segundo a norma ISO 14001,
através de auditoria da DQS em julho de 2004. É com
satisfação que a empresa confirma seu compromisso
ambiental, podendo afirmar que seus produtos são ade-
quados ambientalmente e que seus processos produzem
o menor impacto possível sobre a natureza. Anexando a
certificação ISO 14001 à já existente ISO 9001:2000, a
Sintequímica está pronta para atender às normas
ambientais e à qualidade necessárias.
Eastman venderá parte do segmento Caspi
A Apollo Management, L.P., uma empresa de inves-
timento privado, e a Eastman Chemical Company anun-
ciaram a assinatura de um acordo para a aquisição, por
parte da Apollo, de alguns negócios e linhas de produ-
tos da Eastman, mais especificamente o segmento de
tintas, adesivos, polímeros especiais e tintas gráficas
(CASPI). Esta aquisição, negociada por US$ 215 mi-
lhões, está sujeita à aprovação do regulatório e a outras
condições ordinárias a fechamentos como este.
Com sede em Kingsport, Tennessee, E.U.A., a
Eastman fabrica e comercializa produtos químicos, fi-
bras e plásticos em todo o mundo. A companhia empre-
ga aproximadamente 15.000 pessoas em mais de 30 pa-
íses e teve, em 2003, vendas no valor de US$5.8 bi-
lhões. www.eastman.com.br.
Cartela de cores de fios e tecidos
A Game Textile é uma conceituada empresa que for-
nece insumos e acessórios para teste de controle de qua-
lidade para a indústria têxtil, química, couro, calçados,
borracha e automotiva. A empresa está também
direcionando seu trabalho para a prestação de serviços às
áreas de vendas, marketing e desenvolvimento de produ-
tos para as indústrias têxteis, revendedores de fios e teci-
dos. Nossos serviços consistem em desenvolvimento, cri-
ação, enrolamento e montagem de cartelas de cores, des-
de a sua idéia inicial na criação de layout até a montagem
final de seu produto. [email protected]
Curso de Combustão Industrial
Tem como objetivo transferir a técnicos do setor
industrial conceitos fundamentais em combustão,
gaseificação e formação de poluentes, bem como par-
te da experiência adquirida pelos pesquisadores do
Agrupamento de Engenharia Térmica do IPT na reso-
lução de problemas reais. Destina-se a profissionais
de formação superior que estejam envolvidos em ati-
vidades de projeto, desenvolvimento, operação,
gerenciamento ou análise de equipamentos de combus-
tão e gaseificação.
Programa do curso
· Estequiometria das reações de combustão
· Expansão de jatos e combustão de gases
· Combustão de líquidos
· Combustão de sólidos
· Formação de poluentes em processos industriais de
combustão
· Medição de variáveis de interesse em combustão in-
dustrial
· Trocas de calor entre chamas e superfícies
· Modelagem numérica aplicada à combustão
· Visita ao Laboratório de Combustão Industrial do IPT
Data e horário: 06 a 10/12 de 2004 das 8h30 às 18h00
Local: IPT - Cidade Universitária - São Paulo
Carga horária: 40 horas
Inscrição: a taxa de inscrição é de R$ 1.500,00, incluin-
do material didático, almoço no restaurante do IPT, ser-
viço de coffee-break, transporte em ônibus especial en-
tre o IPT e os principais hotéis de SP e churrasco de
confraternização.
Vagas: 45 vagas
Informações: Andréa (11)[email protected]
Gases especiais da White Martinsconquista ISO 9001/2000
A área de Gases Especiais da White Martins alcan-
ça a certificação a ISO 9001/2000, um dos certificados
de qualidade mais reconhecidos internacionalmente, por
seu laboratório móvel de análise de gases, o White Lab.
Criado em setembro de 2001 e fruto da experiência de
30 anos da empresa nesse segmento, o White Lab aten-
de hoje mais de 50 clientes como a Embrapa, Aterro
Sanitário Bandeirantes da Prefeitura de São Paulo, Petro-
bras, Aventis Pharma, Bayer, Boheringer etc.
Com uma equipe técnica altamente equipada e
qualificada, o White Lab realiza, entre outros, análises
cromatográficas em correntes gasosas (gás natural, deri-
vados de petróleo e efluentes industriais), análises de com-
postos orgânicos em amostras ambientais (como
BTEX e NO), monitoramento de efluentes gasosos em
chaminés (CO2 e hidrocarbonetos, por exemplo),
amostragem e análise de agentes químicos gasosos na área
de segurança do trabalho e calibração de equipamentos
de medição e ensaio (como monitores de O2 e de gás com-
bustível, equipamentos com princípio de operação por
condutividade térmica e ionização de chama).
Brasil exportamais de US$ 1,6 bilhão em têxteis
De acordo com pesquisa realizada para a Exponor
Brasil, depois da construção civil, o setor têxtil é o que
mais emprega no país. Trinta mil empresas do setor
são responsáveis por 1,5 milhão de empregos diretos.
Atualmente, a industria têxtil brasileira se apóia na ex-
78
Em novembro acontece o segundo SeminárioTechtextil South América em São Paulo
A terceira Techtextil South América, em novembro
de 2003, confirmou o crescente significado desta feira
para os fabricantes e usuários de tecidos técnicos e não-
tecidos no Brasil, em particular, e na América do Sul
em geral. Baseado no conceito mundial da Techtextil e
os efeitos sinergéticos resultantes, a terceira edição da
feira distinguiu-se por meio de significativos índices de
crescimento em ambos os lados, tanto do expositor como
dos visitantes. Para os expositores, porém, este aspecto
puramente qualitativo foi menos importante que o au-
mento na qualidade e internacionalidade dos visitantes,
em outras palavras, de seus (potenciais) clientes.
Com o intuito de proporcionar a todas as empresas
e profissionais interessados a oportunidade de se co-
municarem e descobrirem os mais recentes desenvol-
vimentos no ano em que a Techtextil South America
acontece, a Messe Frankfurt Feiras organizará o se-
gundo Seminário Techtextil South América, no ITM
Expo Feiras e Convenções, em São Paulo, no dia 29
novembro de 2004.
"Por meio da organização deste seminário, estamos
satisfazendo os desejos de muitos participantes de um
evento pequeno sob a égide da Techtextil South
America nos anos em que nenhuma feira vai aconte-
cer. Embora esperamos que o evento deste ano tam-
bém seja visitado por centenas de visitantes, a ênfase
para nós não está tanto no número de participantes,
mas sim, na qualidade destes. Ao mesmo tempo, este é
o evento de abertura da quarta Techtextil South America
que acontecerá em São Paulo no ano que vem, entre
22 e 24 de novembro de 2005", explica Michael
Jänecke, gerente internacional da marca Techtextil,
Messe Frankfurt GmbH.
A participação neste seminário é gratuita e as inscrições
já podem ser feitas: tel: (11) 4688-6000 c/Ana Maria
Prado; e-mail: [email protected].
O programa completo também pode ser obtido através
dos sites: www.techtextil.com; www.techtextil.com.br.
portação e na tecnologia para seguir em frente. No ano
passado, o Brasil obteve um faturamento recorde de
U$ 23 bilhões, com exportações acima de US$ 1,6 bi-
lhão, e um superávit comercial de US$ 595 milhões, o
maior nos últimos 11 anos. Isso representa um aumen-
to de 40% nas vendas externas do setor, em compara-
ção a 2002.
Os produtos líderes de exportação são os artigos
para o lar, como toalhas, roupões, lençóis e tecidos
para decoração. O Brasil é um grande produtor des-
ses artigos (802.638 milhões de peças em 2003) e
os confecciona com qualidade e sofisticação de for-
ma bastante competitiva, enviando produtos para os
Estados Unidos, Argentina e Comunidade Européia,
com objetivo de buscar novos mercados como
Rússia, África e Oriente Médio. Em 2002, já soma-
vam 2.700 empresas que exportavam para 149 paí-
ses e até junho de 2003, foram contabilizados 440
novos exportadores brasileiros que ingressaram no
mercado mundial.
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil
(Abit) demonstram que o setor de cama, mesa e banho
faturou no ano passado US$ 1,93 bilhão, o que represen-
ta cerca de 8,5% do total da receita da indústria têxtil.
Para 2004, segundo o Instituto de Estudos e Marketing
Industrial (IEMI), o setor está prevendo um crescimento
na ordem de 3 a 4%, incluindo exportações.
Além do mercado externo, os principais consumi-
dores desse segmento são o pequeno varejo tradicio-
nal, as grandes lojas de departamento, hiper/supermer-
cados, lojas especializadas, shopping centers, hotéis,
hospitais e restaurantes.
De olho na crescente evolução do setor de cama, mesa
e banho, a Exponor Brasil realizou de 18 a 21 de agosto
a Textilhome 2004 – 6° Salão Internacional de Cama,
Mesa, Banho e Têxteis para o Lar. A feira reuniu, em
uma área de 4,5 mil metros quadrados, cerca de 60 fa-
bricantes nacionais e internacionais do setor, que apre-
sentaram as novas tendências em homewear, para cerca
de 3.000 visitantes.
80
Anvisa publicou regras para utilização do
percloroetileno, produto utilizado como agente de lim-
peza em lavanderias, com o objetivo de proteger o meio
ambiente e a saúde da população e dos trabalhadores.
De acordo com o International Agency for Research on
Cancer (IARC), órgão com sede na Europa e reconheci-
do pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o pro-
duto provavelmente pode causar câncer.
A contaminação pode ocorrer quando a pessoa respira
ou ingere água ou alimento atingido pela substância que
escapa das máquinas de lavagem de roupa a seco na forma
de gás. Os sintomas são enjôos, fadiga, dores de cabeça e
até mesmo a perda da consciência. O percloroetileno tam-
bém é utilizado em tinturarias, indústrias têxteis, fabrican-
tes de CFC (clorofluorcarbono), de limpeza, desengraxantes
de metais e fábricas de borracha laminadas.
De acordo com a Resolução - RDC nº 161, de 23 de
junho de 2004, a partir de dezembro desse ano fica proi-
bida a instalação de novas máquinas que não tenham sis-
tema de absorção de gases capaz de esgotar o resíduo de
percloroetileno do tambor de lavagem. As máquinas an-
tigas de lavagem a seco deverão ser adaptadas, acrescen-
tando bandeja de recolhimento do produto, capaz de co-
letar todo o volume de solvente armazenado nos tanques.
Além disso, todas as máquinas deverão ser hermetica-
mente fechadas durante a operação, evitando a passagem
do vapor. Todos os produtos utilizados em lavanderias
devem ser registrados ou notificados junto a Anvisa.
As lavanderias instaladas em ambientes públicos que
utilizam ar condicionado, como shoppings centers e su-
permercados, devem possuir instalações com filtros de
carvão ativo até 1º de junho de 2005. O filtro objetiva
garantir que as concentrações de percloroetileno tenham
valores internos próximos dos externos. Esses locais
deverão ser avaliados a cada três meses a partir de me-
dições efetuadas por laboratório credenciado pela Anvisa
ou pelo Instituto de Metrologia, Normalização e Quali-
dade Industrial (Inmetro). Para as lavanderias localiza-
das em vias públicas, a medição do nível de exposição
se dará a cada seis meses, obedecendo aos limites esta-
belecidos na Portaria MTb nº 3.214/78.
Os resultados deverão ser apresentados aos trabalha-
dores, que também deverão ser treinados sobre os ris-
cos ambientais e ocupacionais do percloroetileno a par-
tir de 1º de dezembro de 2004. O rótulo do produto deve
conter a advertência: “O produto apresenta evidências
de carcinogênese em animais” no painel principal, com
pelo menos 3 mm de altura, além da recomendação do
uso de equipamentos de proteção individual e coletivo
(EPIs e EPCs).
Os materiais utilizados que tiverem resíduos de
percloroetileno devem ser identificados e descartados
como “perigosos”. As lavanderias deverão ter registros
semestrais de compra, consumo e do descarte do produ-
to, com quantitativo e destino dos mesmos, devendo per-
manecer disponíveis para fiscalização por um período de
20 anos. A Ficha de Informação de Segurança de Produ-
tos Químicos referente aos itens de manutenção e limpe-
za das máquinas deverá estar em local de fácil acesso.
Nos Estados Unidos, França e Itália, foi possível re-
duzir em até 70% o uso do percloroetileno nas máqui-
nas de lavagem a seco, com a troca por equipamentos
mais modernos e o uso de outros solventes similares,
como o wetcleaning.
As empresas que não obedecerem às novas regras
poderão ser autuadas pelas vigilâncias sanitárias esta-
duais e municipais com a Lei nº 6.437/77, que prevê
desde notificação até multas que podem variar de acor-
do do tamanho do estabelecimento e da gravidade da
infração. Mais informações: [email protected].
Máquinas de lavanderia serão adaptadaspara diminuir exposição ao percloroetileno
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