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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES
PÚBLICOS – ANADEP, entidade de classe de âmbito nacional, inscrita no
CNPJ/MF 03.763.804/0001-30, com sede estatutária em Brasília, na SCS Quadra
01, Bloco M, Edifício Gilberto Salomão, conjunto 1301, CEP 70305-900, por seus
advogados (Doc. 1), vêm à presença de Vossa Excelência, com fundamento no
artigo 102, I, “l”, da Constituição da República e art. 156 do RISTF, apresentar a
presente
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
(com pedido de medida liminar)
contra ato produzido no âmbito do Estado de Santa Catarina que violou a
autoridade de julgado desse Egrégio Supremo Tribunal adotado como solução da
Ação Direta de Inconstitucionalidade 4270/SC, conforme exposição de fatos e
fundamentos que passa a expor.
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1-DO CABIMENTO DA PRESENTE RECLAMAÇÃO
A fim de garantir o efetivo cumprimento das decisões
emanadas pelo Supremo Tribunal Federal, foi instituído no art. 102, I, “l” da
Constituição Federal e também pelo Regimento interno da Suprema Corte, em seu
art. 156, a Reclamação Constitucional.
Assim, quando se descumprir decisão de turma ou do
plenário, seja por ato do próprio STF (Ministro; Turma, quanto à decisão do
Plenário; órgão administrativo) ou por ato externo ao tribunal, o STF, de ofício ou
mediante reclamação do interessado, pode determinar o quê de direito para a
garantia de sua autoridade.
Da mesma forma, quando outra entidade ou órgão do
Poder Judiciário, Legislativo ou Executivo, agir invadindo a esfera da competência
constitucional do STF, cabe a reclamação para que o STF determine medida
tendente a preservar sua competência. Este modelo federal tem sido aplicado por
outros tribunais do País.
Admite-se então a ação de reclamação contra atos do
Tribunal tendentes a descumprir ação direta de inconstitucionalidade. É caso de
preservação da autoridade da decisão prolatada pelo Supremo Tribunal Federal.
Sobre esta questão:
EMENTA: RECLAMAÇÃO. PRELIMINAR:
CABIMENTO DE RECLAMAÇÃO POR DESRESPEITO
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A DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
PROLATADA EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. MÉRITO: ALCANCE
DA DECISÃO PROLATADA NA ADI Nº 598, QUANTO
AO EDITAL DE CONCURSO, E DESCONSTITUIÇÃO
E CASSAÇÃO DE ATOS EXORBITANTES DESTE
JULGADO. I - Preliminar. A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal admite, excepcionalmente, reclamação
para preservar a autoridade de decisão prolatada em
ação direta de inconstitucionalidade, desde que haja
identidade de partes e que a prática de atos concretos
fundados na norma declarada inconstitucional promane
do órgão que a editou. Precedentes. II - Mérito. Inteligência da
decisão prolatada na ADI Nº 598-7-TO, a qual declarou
inconstitucionais: a expressão "inclusive para fins de concurso público de
títulos e provas", contida no par. único do art. 25 da Lei nº 157/90; o
art. 29 e seu pár. único do Decreto nº 1.520/90; e todo o Edital do
Concurso "Pioneiro do Tocantins" e, conseqüentemente, do concurso
realizado. 2. Reclamação conhecida e julgada procedente, em parte, para
declarar a nulidade do "Termo de Acordo" firmado entre o Estado e o
Sindicato dos Funcionário do Fisco do Estado do Tocantins -
SINDIFISCO nos autos da Ação Cautelar Inominada nº 10/93 e do
Decreto nº 123/95 e, ainda, para cassar o acórdão proferido na Medida
Cautelar Inominada nº 10/93 e a decisão que homologou o referido
Termo de Acordo, por serem exorbitantes do julgado desta Corte na
ADI nº 598. 3. Reclamação julgada improcedente quanto: ao Decreto
nº 124/95; aos pedidos genéricos e não especificados, por serem
incompatíveis com a natureza do processo reclamatório; e quanto aos
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demais atos locais, cuja existência não foi comprovada nos autos.
(Rcl 556, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal
Pleno, julgado em 11/11/1996, DJ 03-10-1997 PP-49230
EMENT VOL-01885-01 PP-00049)
Desta forma, frente ao flagrante descumprimento da
determinação insculpida na ADI 4270/SC, cabe a presente Reclamação
Constitucional para determinar o imediato cumprimento daquela decisão.
2-DA LEGITIMIDADE DA REQUERENTE
A Associação Nacional dos Defensores Públicos é
entidade de classe de âmbito nacional, com associados em todos os estado-membros
da Federação (com exceção apenas de Goiás, Paraná)1, fundada em 03 de julho de
1984 e, nos termos de seu estatuto “congrega defensores públicos do país, aposentados ou não,
para a defesa de suas prerrogativas, direitos e interesses”.
No que se refere à pertinência temática, também
presentes os requisitos necessários à legitimidade. O estatuto da Requerente define
suas finalidades, nos termos que se seguem:
1 A ausência de associados nesses estados se explica exatamente pela inexistência da instituição da Defensoria Pública.
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“Art. 2º - São finalidades da Associação Nacional de Defensores
Públicos – ANADEP:
I- representar e promover, por todos os meios, em âmbito nacional,
a defesa das prerrogativas, dos direitos e interesses individuais e
coletivos dos seus associados efetivos, em juízo ou fora dele,
velando pela unidade institucional da Defensoria
Pública, nos termos do art. 5º, inciso XXI, da
Constituição Federal, após prévia aprovação e autorização
assemblear;
II- prestar apoio às Associações de Defensores
Públicos dos Estados, da União, do Distrito
Federal e dos Territórios;
(...)
IV- colaborar com os Poderes Constituídos no
aperfeiçoamento da ordem jurídica, fazendo
representações, indicações, requerimentos ou sugestões à legislação
existente ou a projetos em tramitação;
(...).”
Considerando ser função da ANADEP velar pela
unidade institucional da Defensoria Pública e prestar apoio aos defensores públicos
estaduais, é evidente o seu interesse em garantir a existência de Defensoria Pública,
organizada e efetivamente implantada de acordo com os preceitos constitucionais,
em todos os estados da Federação. Trata-se de tema de grande relevância, não
apenas por sua importância institucional e política, mas por representar a
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concretização da autonomia do órgão, consagrada na Constituição Federal da EC
45/04.
Assim, frente a flagrante legitimidade da Reclamante
para representar os defensores públicos, foi a ANADEP quem intentou a Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 4270/SC, que culminou na decisão não cumprida
pelo Estado de Santa Catarina, decisão esta que legitima o cabimento da presente
Reclamação.
Por conseguinte, requer-se o reconhecimento da
Requerente como legitimada a acionar esta E. Corte pelo mecanismo da Reclamação
previsto no artigo 102, I, “l”, da Constituição da República e art. 156 do RISTF.
3 -DOS FATOS
Trata-se, na origem, da ação direta de
inconstitucionalidade de nº 4270/SC, em face do art. 104 da constituição e da lei
complementar 155/1997 do Estado de Santa Catarina. Os dispositivos impugnados
autorizavam e regulamentavam a prestação de serviços de assistência judiciária pela
Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Santa Catarina (OAB/SC), em
substituição à defensoria pública.
Ocorre que, o resultado prático das normas
questionadas era a inexistência do cargo de defensor público na estrutura do Estado
de Santa Catarina: o serviço de assistência judiciária era, e ainda é, prestado por
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advogados particulares, escolhidos sem processo de seleção prévia, pela própria
OAB/SC.
As disposições impugnadas naquela ADI também
representavam contra o descumprimento do dever de criar e manter serviço público
de assistência jurídica por meio de órgão de Estado (art. 5º, LXXIV, e art. 134,
caput e parágrafos 1º e 2º, da Constituição federal).
A situação normativa existente no Estado de Santa
Catarina também representava violação aos princípios da competência legislativa dos
entes federados, uma vez que conforme exposto as razões da ANADEP o art. 134
dispunha que lei complementar federal – no caso a LC 80/1994 – disporia sobre as
normas gerais aplicáveis à defensoria pública dos Estados. Lembrando ainda que a
LC 80/1994 previa, em seus artigos 110 e 112, a criação de cargos efetivos de
defensor público, preenchidos mediante aprovação em concurso público. Essas
regras, de nítido caráter impositivo, não poderiam deixar de ser observadas pelo
Estado de Santa Catarina, requerendo sua análise à esse Ínclito Tribunal.
A requerente acrescentou ainda àquele pleito que a
promulgação da lei complementar estadual impugnada, por resultar da derrubada de
veto total oposto pelo Governador de Santa Catarina a projeto de Lei aprovado pela
Assembleia Legislativa daquela unidade da Federação, representaria, também,
violação ao princípio da simetria, uma vez que, dispondo sobre defensoria pública,
conteria matéria de iniciativa legislativa privativa do Chefe de Estado, conforme art.
61, § 1º, II, d, da Constituição.
O pedido da ora Reclamante foi apoiado pelo
Advogado-Geral da União que sustentou que a criação e implantação da defensoria
pública de âmbito estadual, organizada em instituição própria e com carreira
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específica, seria norma constitucional de observância obrigatória, lembrando ainda
que já subsistia lei complementar nacional que estabelecia normas gerais sobre a
constituição da defensoria pública (LC 80/1994), promulgada com fundamento em
competência concorrente, fato que torna obrigatória a observância, pelo Estado-
Membro, da respectiva norma geral (art. 24, XIII, e § 3º).
Também o Ilmo. Procurador-Geral da República
apontou omissão do Estado de Santa Catarina na prestação de assistência jurídica.
Tendo como apoio precedentes desta Corte, afirmando ainda que a Constituição
impunha aos Estados-membros o dever de criar e manter órgão de assistência
judiciária organizado sob a forma de defensoria pública.
As seguintes entidades e pessoas foram admitidas como
amicus curiae: Conectas Direitos Humanos, Instituto Pro Bono, Instituto Terra,
Trabalho e Cidadania, Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Santa Catarina, e
Associação Juízes para a Democracia.
Após trâmite regular, com a manifestação de diversos
interessados, o processo foi julgado do dia 14 de março de 2012, sendo que, por
maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação direta, com
eficácia diferida a partir de 12 (doze) meses, a contar da data do julgamento –
Publicação em 14/03/2012 (Doc. 3) - conforme o inteiro teor que se segue:
Ementa: ART. 104 DA CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO DE SANTA CATARINA. LEI
COMPLEMENTAR ESTADUAL 155/1997.
CONVÊNIO COM A SECCIONAL DA ORDEM
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DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB/SC)
PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE
“DEFENSORIA PÚBLICA DATIVA”.
Inexistência, no Estado de Santa Catarina, de
órgão estatal destinado à orientação jurídica e à
defesa dos necessitados. Situação institucional que
configura severo ataque à dignidade do ser
humano. Violação do inc. LXXIV do art. 5º e do
art. 134, caput, da redação originária da
Constituição de 1988. Ações diretas julgadas
procedentes para declarar a inconstitucionalidade
do art. 104 da constituição do Estado de Santa
Catarina e da lei complementar estadual 155/1997 e
admitir a continuidade dos serviços atualmente
prestados pelo Estado de Santa Catarina mediante
convênio com a OAB/SC pelo prazo máximo de 1
(um) ano da data do julgamento da presente ação,
ao fim do qual deverá estar em funcionamento
órgão estadual de defensoria pública estruturado
de acordo com a Constituição de 1988 e em estrita
observância à legislação complementar nacional
(LC 80/1994).
(ADI 4270, Relator(a): Min. JOAQUIM
BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em
14/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-188
DIVULG 24-09-2012 PUBLIC 25-09-2012).
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Assim, foi determinado ao Estado de Santa Catarina, na
pessoa de seu governador, que criasse a Defensoria Pública Estadual e a colocasse
em pleno funcionamento no prazo de 12 meses, entretanto, a determinação judicial
está sendo desrespeitada e desconsiderada, sendo cumprida somente em parte, tal
desrespeito à determinação da Suprema corte não pode subsistir, conforme
passamos a evidenciar.
4– DA VIOLAÇÃO DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Este Colendo Supremo Tribunal Federal, no julgamento
da ADI 4270/SC, reconheceu, no controle concentrado com efeitos vinculante e
erga omnes, a inconstitucionalidade do art. 104 da constituição do Estado de Santa
Catarina e da lei complementar estadual 155/1997.
Nesta oportunidade, restou fixado o entendimento da
necessidade de criação da Defensoria Pública no Estado de Santa Catarina dentro
do prazo de 12 meses contados a partir da publicação do acórdão. Todavia, os
contornos estreitos da reclamação constitucional exigem o abandono de discussões
outras, com a fixação no ponto específico em que houve a violação da decisão erga
omnes e vinculante do Supremo Tribunal. Assim, a presente reclamação é,
simplesmente, o meio apropriado para determinar a extensão da determinação e o
cumprimento da decisão na sua totalidade.
Como podemos depreender da fl. 8 do voto do E.
Relator do decisium aqui defendido ficou acertada a continuidade dos serviços
prestados pela OAB/SC pelo prazo de 12 meses, sendo que após, deveria estar em
pleno funcionamento a Defensoria Estadual Catarinense, conforme trecho do voto:
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Em outras palavras, a argumentação das requerentes é suficiente
para infirmar o conteúdo das modificações supervenientes, não
havendo que se falar em convalidação de qualquer
espécie após o presente juízo pela
inconstitucionalidade total dos dispositivos.
Em linha com a proposta formulada pelas requerentes e com o
precedente da ADI 3.819, rel. min. Eros Grau, DJe
28.03.2008, sugiro que a Corte exija a continuidade
da prestação dos serviços atualmente ofertados
com fundamento nas normas questionadas durante
o prazo de seis meses, ao fim do qual deve estar
definitivamente criada e em funcionamento a
defensoria pública do Estado de Santa Catarina.
(ADI 4270/SC, fl. 8)(grifo e corte nossos).
Em suposta obediência à ordem emanada por este Eg.
Supremo Tribunal Federal, o Governador do Estado de Santa Catarina enviou e,
posteriormente, foi aprovada a lei complementar estadual nº 575/2012, que veio à
luz com inúmeros vícios constitucionais.
Com a lei complementar estadual acima referida, foi
então criada a defensoria pública do Estado de Santa Catarina, tendo ainda sido
realizado o I Concurso de ingresso na carreira de Defensor Público do Estado de
Santa Catarina. Entretanto, além dos equívocos na norma, em desrespeito à
determinação para colocação em funcionamento do órgão, foram previstas apenas
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60 (sessenta) cargos de Defensor Público, número esse, bem inferior aos 509
(quinhentos e nove) cargos necessários para o Estado, conforme recente estudo
elaborado pelo IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada em parceria com
a ANADEP, denominado Mapa da Defensoria Pública do Brasil.
Destaca-se que, até mesmo a Ordem dos
Advogados do Brasil, Seccional de Santa Catarina, reconhece que a
Defensoria Pública em Santa Catarina ainda não foi efetivamente
implantada. (Doc. 4)2
Ainda, em total desrespeito à decisão que se busca
cumprimento, após o término do I Concurso de ingresso na carreira de Defensor
Público do Estado de Santa Catarina, a Reclamante teve ciência da nomeação de
apenas 45 (quarenta e cinco) Defensores Públicos do total de 157 (cento e cinquenta
e sete) aprovados no certame.
Ora Excelências, tem-se que a nomeação de apenas 60
(sessenta) Defensores Públicos não atende à parte final do acórdão, conforme pode-
se depreender de trecho da ementa, in verbis: “(...) ao fim do qual deverá estar em
funcionamento órgão estadual de defensoria pública (...)” , uma vez que um
número tão exíguo de Defensores é insuficiente à implantação da Defensoria, tendo
em vista a grande quantidade de jurisdicionados que necessitam de seus serviços e a
grande quantidade de comarcas que estes devem atuar, sendo que a nomeação de
apenas 45 deles, é violação ainda mais latente ao Mandamus.
Com a nomeação de apenas 45 Defensores Públicos,
percebe-se a inércia do Governo de Santa Catarina em implantar corretamente a
Defensoria Pública no Estado, mantendo em vigor a Defensoria Dativa e
2 http://www.conjur.com.br/2013-jul-15/oab-sc-recomenda-advogados-dativos-nao-atuem-
pagamento-divida
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desafiando a decisão desta Corte Suprema, mantendo intacta a estrutura daquilo que
este Supremo chamou de “substituição do interesse público pelo interesse corporativo dos
membros da OAB”, sob o pretexto de implantação de convenio suplementar.
Em recente entrevista ao programa jornalístico
“Fantástico3”, da Rede Globo, o Defensor Público Geral demonstrou publicamente
o interesse na manutenção do convênio. Por outro lado, o Conselheiro da OAB,
Eduardo de Melo e Souza, afirmou que o convênio suplementar está em retrocesso,
pois os advogados dativos tem medo de não receber seus honorários, ainda que o
processo de implantação da Defensoria Pública local não tenha sido concluído.
A Situação da Defensoria/SC é extremamente precária,
eis que, em 9 de abril de 2013, foram nomeados Defensores Públicos para servir
apenas 7 (sete) unidades regionais das 21 (vinte e uma) previstas na mencionada Lei
Complementar, quais sejam, Florianópolis, Joinville, Itajaí, Lages, Chapecó,
Blumenau e Criciúma. Isto significa que apenas 7 (sete) comarcas de um total
de 110 (cento e dez) possuem assistência jurídica aos necessitados.
Atualmente os hipossuficientes do interior do Estado
não dispõem de qualquer forma de assistência, não tendo “direito de ter direitos”.
Ou seja, quem não reside nas 7 (sete) referidas cidades e não tem condições de pagar
um advogado em Santa Catarina não tem acesso à Justiça, direito fundamental
previsto na Constituição.
Em contrariedade à decisão aqui reclamada tem-se que
a recente criada Defensoria Pública que deveria atuar de forma efetiva, não foi ou
não vem sendo devidamente estruturada e instalada pelo Governo Estadual.
3 http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/falta-de-defensores-publicos-
afeta-a-vida-de-milhares-de-brasileiros/2464822/
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A violação à determinação do deste E. STF é tão frontal
que, em encontro com o Presidente da OAB catarinense, o Ilmo. Secretário da
Fazenda do Estado, Antônio Gavazzoni, afirmou que “o modelo de Defensoria Dativa de
Santa Catarina funcionava muito bem. Queremos manter a parceria, pois não tenho dúvida que
99% da assistência judiciária gratuita no Estado será feita com apoio da OAB, pois a Defensoria
Pública não terá como atender às demandas”4
Entretanto, esse posicionamento mudou, pois
conforme as manifestações constam na Carta de Rio do Sul, emitida pelo colégio de
presidentes subseções da entidade em Santa Catarina, os advogados repudiam a
postura do governador Raimundo Colombo (PSD) pelo que chamam de "desrespeito
ao devido acesso à Justiça do cidadão5", recomendando ainda que os advogados do estado
não aceitem nomeações feitas por magistrados nos processos de assistência
judiciária. (Doc 4).
Com o presente writ não se busca a discussão sobre
estrutura, tempo hábil ou mesmo orçamento para a implantação imediata da
Defensoria, mas se busca, pelo menos, a nomeação dos aprovados no 1º Concurso
Público para Defensores do Estado de Santa Catarina, tratando-se in casu de respeito
à decisão reclamada a fim de verem respeitados os direitos fundamentais dos
Hipossuficientes.
Sob os mantos da Constituição, é questão de ordem
pública que haja Defensores Públicos em número suficiente para o atendimento,
com qualidade, de quem não tem recursos suficientes para pagar um advogado. E,
pelo visto, o Estado tem orçamento para tanto, pois, enquanto direciona R$ 12
milhões para a criação da Defensoria Pública, ao mesmo tempo, destina R$ 22
4 http://www.oab-sc.org.br/noticia/8149
5 http://www.conjur.com.br/2013-jul-15/oab-sc-recomenda-advogados-dativos-nao-atuem-
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milhões para a contratação de advogados para exercerem a mesma função dos
Defensores, usurpando, sem necessidade, uma função essencial à Justiça,
questionamento retratado nas fls. 5 do voto do Relator na ADI 4270/SC:
“À primeira vista, é muito pouco provável que se possa afirmar
que o cidadão catarinense esteja plenamente satisfeito com a
prestação de assistência judiciária por meio de advogados dativos
indicados pela seção estadual da Ordem dos Advogados. As cifras
apresentadas pelo Governo do Estado e pela própria OAB
sugerem, apenas, que a proporção de advogados dativos em relação
à população total do Estado seria maior em Santa Catarina do
que em outros estados nos quais foi criada a defensoria pública.
Esses números não trazem, entretanto, qualquer possibilidade de
juízo seguro sobre a qualidade dos serviços efetivamente prestados,
até porque não existe comparação possível em razão da
inexistência de defensoria naquele Estado.”
Essa diferença de tratamento orçamentário, em
total descumprimento da determinação judicial encampada, por si só já
retrata que a Defensoria Pública está servindo como um mero suplemento de
um modelo que foi declarado inconstitucional por esta Corte Suprema, feito
por intermédio de convênio com a OAB/SC. O certo seria o contrário, se o
convênio fosse apenas um complemento da atuação institucional da
Defensoria Pública.
Deste modo, é evidente que a nova lei complementar
catarinense descumpre a determinação desta egrégia Corte, uma vez que com o
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orçamento destinado para a Defensoria Pública, assim como pela quantidade ínfima
de cargos de Defensores Públicos, na prática mantém de forma primária o convênio
com a OAB/SC.
Inclusive, neste ponto, ainda durante a tramitação do
projeto de lei complementar na Assembleia Legislativa catarinense, o douto
Procurador-Geral da República, por meio do Ofício PGR/GAB/N 972, de 16 de
julho de 2012 (Doc 6), expediu recomendação ao Governador alegando que aquele
projeto em tramitação não respeitava a decisão do STF na ADIs 3.892 e 4.270 nos
seguintes termos:
“[...] Em conclusão, considerando o número de comarcas
existentes nesse Estado, aliado a um quadro diminuto de
Defensores Públicos, é inevitável concluir que a assistência
judiciária aos necessitados, em Santa Catarina, continuará a ser
prestada mediante convênio com a OAB, modelo claramente
proscrito pelo STF.
Assim, cabe-me recomendar a substituição do referido projeto de
lei complementar por outro que esteja em harmonia com o art.
134 da Constituição Federal e especialmente que preveja (i)
número de cargos de Defensor Público compatível com as
necessidades do Estado e com as características de suas comarcas;
(ii) escalonamento para o provimento de todos esses cargos; (iii)
que todos os cargos de administração superior da instituição sejam
exercidos de forma privativa por membros da carreira.[...]”
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Apesar da recomendação feita pelo d. Procurador Geral
da República, o Governador manteve-se inerte, sendo aprovado o projeto de lei que
deu origem à Lei Complementar Estadual 575/2012.
Efetivamente, a nova legislação estadual é recalcitrante
no cumprimento do decisium do STF, uma vez que a prestação indireta dos serviços
típicos da Defensoria Pública por advogados permanecerá nos moldes proscritos
pelo STF.
A norma mantém previsão de convênios, para que,
mediante novo ajuste, continuem a ser contratados advogados e, conforme já
demonstrado, há no orçamento do Estado valores reservados para o pagamento de
“convênio” em valor superior ao destinado para Defensoria Pública.
Em vez de indicar a terceirização do serviço de
Defensoria Pública, a Lei deveria criar um número mínimo de vagas suficientes para
atender todas as 113 comarcas do Estado, sob pena de violação da decisão do STF,
uma vez que restou pacificada a impossibilidade de vir a ser exercida a função pela
Defensoria Dativa.
Incorre em erro, porque a decisão do STF não deixou
margens para discricionariedade na criação da Defensoria Pública. Por certo, não
se encontra na discricionariedade do legislador estadual a opção que fez de,
por exemplo, manter praticamente toda a assistência judiciária aos cuidados
da OAB.
Ainda, por mais que sejam possíveis convênios, para
encontrar coerência e coadunação com o entendimento consolidado deste STF
(ADI 4163/SP), eles deverão ser supervisionados por Defensores Públicos
concursados, devendo ser implementados apenas de forma suplementar.
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Também não há fundamento para uma eventual
alegação da reserva do possível (ausência de orçamento), pois o Governo
destinou a quantia de R$ 22 milhões para a contratação de advogados para
desempenharem parte das funções dos Defensores Públicos (sim, porque
resume-se à atuação judicial, litigiosa, sem preocupação com a prevenção ou
a solução extrajudicial dos conflitos). Portanto, não cabe o argumento de que
não há orçamento para contratar mais Defensores Públicos, pois o Governo
já demonstrou interesse claro em formalizar um convênio com a OAB/SC, o
que na prática é bem mais dispendioso.
Ademais, a assistência judiciária gratuita é direito
fundamental, compondo o núcleo essencial dos direitos humanos, como prevê o
inc. LXXIV do art. 5º e o art. 134, caput, da redação originária da Constituição de
1988, constituindo o mínimo existencial do indivíduo, não podendo a tese da
reserva do possível se sobrepujar a esse direito fundamental.
Além do não cumprimento quanto a estruturação do
órgão estadual, a Lei Orgânica Estadual da Defensoria Pública foi editada com
inúmeros vícios.
Merece destaque a previsão de que a Chefia da
Defensoria Pública, Subdefensoria e Corregedoria serão exercidas por
advogados comissionados, escolhidos dentre aliados políticos do Governador
do Estado. Ou seja, a Lei Complementar catarinense que cria a Defensoria
Pública estadual viola tanto a LC nº 80/94 quanto a Constituição da
República ao entregar a Chefia da nova DPE a pessoas estranhas a seus
quadros, preferindo garantir a supremacia do critério político na questão da
implantação da Defensoria Pública.
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Nesta seara, este Douto Supremo Tribunal Federal já
decidiu pela inconstitucionalidade da nomeação de pessoas estranhas aos quadros da
Defensoria para cargos de Defensor Público-Geral, seu substituto imediato e de
Corregedor-Geral da Defensoria Pública em ADI proposta pela Reclamante,
assentando entendimento no sentido de que tais cargos são privativos dos membros
de carreira, consoante extrato do julgamento da ADI 2903, relatado pelo Ministro
Celso de Mello, in verbis:
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE – (...) FIXAÇÃO,
PELA UNIÃO, DE DIRETRIZES GERAIS E,
PELOS ESTADOS-MEMBROS, DE NORMAS
SUPLEMENTARES - LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL QUE ESTABELECE CRITÉRIOS
PARA INVESTIDURA NOS CARGOS DE
DEFENSOR PÚBLICO-GERAL, DE SEU
SUBSTITUTO E DE CORREGEDOR-GERAL DA
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO - OFENSA
AO ART. 134, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA, NA REDAÇÃO QUE LHE DEU A
EC Nº 45/2004 -LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL QUE CONTRARIA,
FRONTALMENTE, CRITÉRIOS MÍNIMOS
LEGITIMAMENTE VEICULADOS, EM SEDE DE
NORMAS GERAIS, PELA UNIÃO FEDERAL -
INCONSTITUCIONALIDADE CARACTERIZADA
- AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE.
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DEFENSORES
PÚBLICOS (ANADEP) - ENTIDADE DE CLASSE
DE ÂMBITO NACIONAL - FISCALIZAÇÃO
NORMATIVA ABSTRATA - PERTINÊNCIA
TEMÁTICA DEMONSTRADA - LEGITIMIDADE
ATIVA "AD CAUSAM" RECONHECIDA. – (...)A
edição, por determinado Estado-membro, de lei que contrarie,
frontalmente, critérios mínimos legitimamente veiculados, em sede
de normas gerais, pela União Federal ofende, de modo direto, o
texto da Carta Política. Precedentes. ORGANIZAÇÃO DA
DEFENSORIA PÚBLICA NOS ESTADOS-
MEMBROS - ESTABELECIMENTO, PELA
UNIÃO FEDERAL, MEDIANTE LEI
COMPLEMENTAR NACIONAL, DE
REQUISITOS MÍNIMOS PARA INVESTIDURA
NOS CARGOS DE DEFENSOR PÚBLICO-
GERAL, DE SEU SUBSTITUTO E DO
CORREGEDOR-GERAL DA DEFENSORIA
PÚBLICA DOS ESTADOS-MEMBROS -
NORMAS GERAIS, QUE, EDITADAS PELA
UNIÃO FEDERAL, NO EXERCÍCIO DE
COMPETÊNCIA CONCORRENTE, NÃO
PODEM SER DESRESPEITADAS PELO
ESTADO-MEMBRO - LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL QUE FIXA CRITÉRIOS DIVERSOS
- INCONSTITUCIONALIDADE. - Os Estados-
membros e o Distrito Federal não podem, mediante legislação
autônoma, agindo "ultra vires", transgredir a legislação
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fundamental ou de princípios que a União Federal fez editar no
desempenho legítimo de sua competência constitucional, e de cujo
exercício deriva o poder de fixar, validamente, diretrizes e bases
gerais pertinentes a determinada matéria ou a certa Instituição,
como a organização e a estruturação, no plano local, da
Defensoria Pública. - É inconstitucional lei complementar
estadual, que, ao fixar critérios destinados a definir a escolha do
Defensor Público-Geral do Estado e demais agentes integrantes
da Administração Superior da Defensoria Pública local, não
observa as normas de caráter geral, institutivas da legislação
fundamental ou de princípios, prévia e validamente estipuladas em
lei complementar nacional que a União Federal fez editar com
apoio no legítimo exercício de sua competência concorrente. (...)
(ADI 2903, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO,
Tribunal Pleno, julgado em 01/12/2005, DJe-177 DIVULG
18-09-2008 PUBLIC 19-09-2008 EMENT VOL-02333-
01 PP-00064 RTJ VOL-00206-01 PP-00134) (grifo e corte
nosso)
Como recentemente lembrado pelo Ministério Público
Federal por meio do ofício n.º PRM-JOI/SC-GABPRM2-DLR (Doc. 7)
encaminhado à Procuradoria Geral da República, apenas a título exemplificativo,
atribuições estratégicas como a direção e coordenação da Defensoria Pública,
instauração de processos disciplinares contra membros e servidores, determinação
de correições extraordinárias, aplicação de pena de remoção compulsória,
apresentação de plano de atuação da instituição, acompanhamento e avaliação de
estágio probatório, exercício do poder normativo no âmbito interno, opinamento
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sobre matérias pertinentes à autonomia funcional e administrativa da instituição
serão concentradas exclusivamente nas mãos de pessoas que não integram os cargos
efetivos da carreira, o que por si só já contraria o entendimento deste E. Tribunal.
Sendo ainda que na formatação apresentada, os novos
Defensores Públicos serão privados de sua independência funcional, pois ficarão
subordinados a uma chefia composta por indicações inequivocamente políticas,
feitas, sempre, pelo Chefe do Executivo. Com isso, por certo os novos Defensores,
em especial por estarem em estágio probatório, não terão a necessária
independência para ingressar, por exemplo, com ações em face do Estado de Santa
Catarina, latente também nesse ponto a violação a Decisão, frente a impossibilidade
da correta implantação e respeito a LC 80/1994.
Conclui-se destarte não ter havido o cumprimento da
“imposição de substituição do modelo de prestação indireta do serviço social de
assistência jurídica aos necessitados”, como afirmado pela Procuradoria Regional da
República, em flagrante descumprimento da decisão da Corte Superior, para,
unicamente, prestigiar os interesses individuais e classistas, além de se criarem cargos
políticos para a Chefia da nova Defensoria.
Por todo o exposto, em respeito à decisão do Supremo
Tribunal Federal e à população carente catarinense, requer-se a adoção das
providências que reputar pertinentes, no intuito de impor ao Estado de Santa
Catarina obediência à decisão deste Supremo Tribunal Federal.
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5– DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR
A demonstração efetiva de que houve violação da
autoridade de decisão do Supremo Tribunal Federal, adotada na ADI 4270/SC, é
suficiente para autorizar a concessão do provimento judicial liminar consistente na
determinação do cumprimento da decisão descumprida pelo Estado de Santa
Catarina.
O fumus boni iuris resta quantum satis comprovado,
visto a desobediência ao mandamus, transitado em julgado, emitido por esta Suprema
Corte nos autos da ADI 4270/SC, violando diretamente a determinação de que no
prazo de 12 meses deveria estar em pleno funcionamento a Defensoria Pública do
Estado de Santa Catarina e dar fim ao convenio com a OAB/SC, configurando-se
ainda o crime de desobediência insculpido no art. 330 do Código Penal Brasileiro.
O periculum in mora decorre do fato de que a
manutenção do modelo adotado, em estrito descumprimento da determinação do
STF, deixa os cidadãos hipossuficientes de Santa Catarina em ímpar situação de
abandono e descaso.
Ainda porque a assistência judiciária gratuita é direito
fundamental, elencado no inc. LXXIV do art. 5º e o art. 134, caput, da Constituição
de 1988, constituindo o mínimo existencial do indivíduo, sendo que sem o respeito
a esse direito fundamental, os jurisdicionados correm sérios riscos de lesão.
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6- DOS PEDIDOS
Ante o exposto, frente ao flagrante descumprimento da
determinação judicial insculpida na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
4270/SC e da inequívoca inconstitucionalidade perpetrada pela Lei Complementar
Estadual nº 575/2012 – Santa Catarina, pelos fundamentos acima expostos, requer:
i) A concessão de LIMINAR para determinar a imediata
convocação de no mínimo os 60 aprovados no I
Concurso de ingresso na carreira de Defensor Público
do Estado de Santa Catarina;
ii) A concessão de LIMINAR para afastar a eficácia do
artigo 9º da lei complementar estadual nº 575/2012, do
Estado de Santa Catarina;
iii) Seja, ao final, confirmada a medida liminar a fim de que
seja determinada a imediata convocação de todos os
aprovados no I Concurso de ingresso na carreira de
Defensor Público do Estado de Santa Catarina, ou
sucessivamente os 60 primeiros.
Pugna ainda, com fundamento no artigo 39, I, do
Código de Processo Civil, que todas as notificações de atos, termos processuais
e intimações sejam feitas exclusivamente em nome dos advogados IGOR
TAMASAUSKAS, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil OAB/SP sob o nº
Rua Bela Cintra, 756, Conjunto 12, São Paulo, SP
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173.163 ou PIERPAOLO CRUZ BOTTINI, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil OAB/SP sob o nº 163.657, ambos com escritório sito à Rua Bela Cintra,
756, Conjunto 12, CEP 01415-002, São Paulo – SP e Setor Hoteleiro Sul, Quadra
06, Conjunto A, Bl. E, Edifício Brasil XXI, Salas 1020 e 1021, CEP 70316-902,
Brasília – DF.
Atribui-se à causa, para fins fiscais, o mínimo de R$
1.000,00 (mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Brasília, 17 de julho de 2013.
Pierpaolo Cruz Bottini Igor Tamasauskas
OAB/SP 163.675 OAB/SP 173.163
Renato Ferreira Moura Franco
OAB/DF 35.464
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ROL DE DOCUMENTOS:
Doc. 1: Procuração;
Doc. 2: Cópia do Estatuto da ANADEP, da ata de eleição e da ata de posse da atual
diretoria;
Doc. 3: Cópia do Acórdão da ADI 4270 – SC e transito em julgado;
Doc. 4: Notícia CONJUR – Recomendação OAB-SC e Carta de Rio Sul
(http://www.conjur.com.br/2013-jul-15/oab-sc-recomenda-advogados-dativos-
nao-atuem-pagamento-divida)
Doc. 5: Notícia CONJUR (http://www.conjur.com.br/2013-abr-22/notas-curtas-
defensoria-nao-dara-conta-demanda-secretario-sc)
Doc. 6: Ofício PGR/GAB/N 972, de 16 de julho de 2012; e
Doc. 7: Ofício n.º PRM-JOI/SC-GABPRM2-DLR- encaminhado à PGR.