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GEOGRAFIA (AULA 07) – RELEVO BRASILEIRO
E DO RIO GRANDE DO SUL
1. INTRODUÇÃO
O relevo apresenta diferentes formações que são consequências das ações de agentes
endógenos (resultado da energia do interior do planeta que se manifestam pela dinâmica ou tectônica
das placas) e agentes exógenos (associados ao clima da área como as chuvas, ventos e geleiras, que
criam ou dão as formas esculturais ao relevo através de um processo erosivo). O relevo brasileiro está
assentado sobre diferentes estruturas geológicas, ou seja, o conjunto de diferentes rochas de um lugar.
Essas estruturas podem ser dos seguintes tipos:
Escudos Cristalinos ou Núcleos Cratônicos – São rochas magmáticas muito antigas, das eras
Pré-Cambriana e Paleozóica (entre 900 milhões e 4,5 bilhões de anos – veja tabela geológica na
página 5). Sofreram forte processo erosivo, apresentando-se desgastadas e com baixas
altitudes (também são os mais estáveis do ponto de vista tectônico). Ex: Escudos das Guianas,
Brasileiro, Canadense, Siberiano e o Guineriano.
Bacias Sedimentares – Com o passar das eras, os escudos cristalinos foram atacados por
processos erosivos e, sendo assim, sedimentos foram transportados e acumulados em
depressões existentes nas superfícies dos escudos (bacias). Temos bacias originárias das eras
Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. As bacias sedimentares recobrem parcialmente as áreas
cratônicas ou de plataformas, ocupando 75% da superfície emersa da Terra, embora em
volume as rochas sedimentares sejam bem menos representativas do que as ígneas e
metamórficas.
Representação do cráton, escudo e plataforma coberta em recorte no território brasileiro. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama
geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 2004, p. 331.
Faixas Orogênicas ou Dobramentos – A crosta terrestre sofreu, ao longo da história da Terra,
movimentos produzidos por forças internas (chamados orogenéticos), que deram origem a
cadeias de montanhas. São áreas de complexidade rochosa e estrutural, geradas pelos
dobramentos. As cadeias orogênicas encontram-se preferencialmente nas bordas dos
continentes, nos limites com os oceanos Pacífico e Índico e no mar Mediterrâneo.
Fonte da figura: TERRA, Lygia; COELHO, Marcos Amorim. Geografia geral: o espaço natural e socioeconômico. São Paulo: Moderna,
2005, p. 176.
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Os dobramentos são divididos em antigos e recentes. Os primeiros datam do Pré-Cambriano
(serras do Mar e Mantiqueira no Brasil) e o segundo na Era Terciária e deram origem às mais altas
cadeias de montanhas da terra – Himalaia, Alpes, Pireneus, Andes e Rochosas.
A estrutura geológica das terras emersas brasileiras é constituída por bacias sedimentares
(64%) e escudos cristalinos ou crátons (36%), tectonicamente estáveis. Por se encontrar no meio da
placa tectônica Sul-americana, o Brasil não possui dobramentos modernos. Os escudos cristalinos
formaram-se na era Pré-Cambriana e no início da era Paleozóica; são, portanto, antigos e apresentam
altitudes modestas. Embora as rochas que constituem os escudos ou cinturões orogênicos sejam muito
antigas (datadas do Pré-Cambriano entre 2 e 4,5 bilhões de anos), suas bacias sedimentares são o
resultado de deposição mais recente (era Mezozóica há 81 milhões de anos), com exceção da
Amazônica sedimentada no Terciário e do Pantanal no quaternário. Na era Cenozóica (período Terciário,
8,5 milhões de anos) pela ação da epirogênese – movimentação tectônica com lento soerguimento e
rebaixamento de grandes áreas da crosta -, o continente sul-americano sofreu soerguimentos desiguais
em seu território permitindo que as bacias sedimentares brasileiras ficassem em níveis altimétricos
elevados. Seu modelado de formas arredondadas (serras do Mar e da Mantiqueira) resulta do
intemperismo e da erosão que se sucederam por diferentes tipos de climas em períodos da história
geológica da terra.
Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna,
2009, p. 150, 151.
2. RELEVO BRASILEIRO
No Brasil são encontradas grandes unidades de relevo do tipo: planaltos, depressões e
planícies. Uma das classificações mais atuais é do ano de 1995, de autoria do geógrafo e pesquisador
Jurandyr Ross, do Departamento de Geografia da USP (Universidade de São Paulo). Seu estudo
estabelece 28 unidades de relevo. O relevo do Brasil tem formação muito antiga e resulta
principalmente de atividades internas do planeta Terra e de vários ciclos climáticos. A erosão, por
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exemplo, foi provocada pela mudança constante de climas úmido, quente, semiárido e árido. Outros
fenômenos da natureza (ventos e chuvas) também contribuíram no processo de erosão. O relevo
brasileiro apresenta-se em:
Planaltos
São formas de relevo elevadas e aplainadas, com altitudes superiores a 300 metros, marcadas
por escarpas onde o processo de desgaste é superior ao de acúmulo de sedimentos. Podem ser
encontradas em qualquer tipo de estrutura geológica. Nas bacias sedimentares, os planaltos se
caracterizam pela formação de escarpas em áreas de fronteira com as depressões. Formam também as
chapadas, extensas superfícies planas de grande altitude. Os planaltos são chamados de "formas
residuais" (de resíduo, ou seja, do que ficou do relevo atacado pela erosão). Quanto à estrutura
geológica, podemos considerar alguns tipos gerais de planaltos:
ESTRUTURA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
Bacias sedimentares Circundados por depressões periféricas Planalto da Amazônia Oriental, os
Planaltos e Chapadas da Bacia do
Parnaíba e os Planaltos e Chapadas
da Bacia do Paraná
Intrusões e
coberturas residuais
Conjuntos de morros isolados e serras que
indicam intrusões ou blocos de granito que
afloram à superfície
Planaltos Residuais Norte-
Amazônicos, chamados de Planalto
das Guianas
Cinturões orogênicos Relevos residuais, quase sempre de
rochas metamórficas associadas à
intrusivas
Planaltos e serras do Atlântico leste-
sudeste, os planaltos e serras de
Goiás-Minas e as Serras residuais do
alto Paraguai.
Núcleos cristalinos
arqueados
Correspondem a segmentos dos dobramentos
antigos soerguidos em forma de abóboda.
Planalto da Borborema, Escudo Sul-
Riograndense
O Planalto Brasileiro pode ser subdividido (informalmente) em três partes:
Planalto Atlântico: ocupa o litoral de nordeste a sul, com chapadas e serras;
Planalto Central: ocupa a região Centro-Oeste e é formado por planaltos sedimentares e
planaltos cristalinos bastante antigos e desgastados;
Planalto Meridional: predomina nas regiões Sudeste e Sul e extremidade sul do Centro-Oeste,
formado por terrenos sedimentares recobertos parcialmente por derrames de lavas basálticas,
que proporcionaram a formação do solo fértil da chamada terra roxa.
Planícies
São superfícies relativamente planas, onde o processo de deposição de sedimentos é superior
ao de desgaste. São unidades de relevo geologicamente muito recentes. Sua formação ocorre em
virtude da sucessiva depressão de material de origem marinha, lacustre ou fluvial em áreas planas.
Normalmente, estão localizadas próximas do litoral ou dos cursos dos grandes rios e lagoas As planícies
brasileiras podem ser subdividas em:
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Planícies costeiras: Encontradas no litoral como as Planícies e Tabuleiros Litorâneos, e a
Planície da Lagoa dos Patos e Mirim.
Planícies continentais: Situadas no interior do país, como a Planície do Pantanal. Na Amazônia,
são consideradas planícies as terras situadas junto aos rios
Depressões
São áreas rebaixadas em consequência da erosão. Nos limites das bacias sedimentares com os
escudos cristalinos (maciços antigos), processos erosivos formaram áreas rebaixadas, principalmente na
Era Cenozóica. As depressões, onze no total, recebem nomes diferentes, conforme suas características
e localização.
Depressões periféricas: Nas regiões de contato entre estruturas sedimentares e cristalinas,
como, por exemplo, a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense.
Depressões marginais: Margeiam as bordas de bacias sedimentares, esculpidas em estruturas
cristalinas, como a Depressão Marginal Sul-Amazônica.
Depressões interplanálticas: São áreas mais baixas em relação aos planaltos que as circundam,
como a Depressão Sertaneja e do São Francisco.
CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO, SEGUNDO JURANDYR L. S. ROSS
Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. Relevo brasileiro: uma nova proposta de classificação, in Revista do Departamento de Geografia da
USP, n.4, 1991.
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3. RELEVO DO RIO GRANDE DO SUL
Assim como o restante do país, o
relevo do Rio Grande do Sul é constituído
de um substrato rochoso muito antigo, não
sofrendo, há milhões de anos, influência
de atividade tectônica na crosta terrestre.
É livre de manifestações vulcânicas e
sísmicas.
Apresenta altitudes modestas e
relevos suaves, devido o fato de que há
milênios a erosão vem rebaixando os perfis
mais elevados e arredondando as formas
mais abruptas. Em termos
geomorfológicos, o estado é divido em
rochas cristalinas, sedimentares e
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basálticas.
No Planalto (ou Escudo) Sul-Riograndense, destaca-se um grupo de rochas cristalinas do Pré-
Cambriano de granito e gnaisse. Esse grupo faz parte de um núcleo bem maior, no qual, há dezenas de
milhões de anos se formou a bacia sedimentar do Paraná. Essa bacia passou por intenso vulcanismo, o
magma subiu diversas vezes derramando-se por extensas fraturas abertas na crosta. Quando houve a
consolidação do magma, originou-se rochas basálticas que cobriram grande parte da bacia do Paraná,
incluindo o que é considerado hoje, o norte do estado.
Quando ocorreu o processo de orogênese na Cordilheira dos Andes, durante o período
Cenozóico, a bacia do Paraná soergueu-se, sofrendo grandes falhas em suas bordas. Sobre as juntas que
adviram dessas falhas, muitos rios se encaixaram, dando origem a gargantas e vales profundos. Os
sedimentos oriundos do planalto são transportados por esses rios, sendo depositados no leste do
território. Nesta região, aliada a erosão marinha, vão se formar uma larga faixa de terras baixas, com um
grande número de lagoas e lagunas com as mais variadas dimensões.
Assim, o relevo do Rio Grande do Sul possui diferentes unidades, com suas altitudes
características, tipos de rochas e formas predominantes: Planalto Meridional, Depressão Central, Escudo
Sul- Riograndense e Planície Costeira.
Ao norte está o Planalto Meridional, formado por rochas basálticas decorrentes de um grande
derrame de lavas, ocorrido na era Mesozóica. A nordeste do Estado encontram-se as terras mais altas
deste planalto, que alcançando 1.398m (Monte Negro) no município de São José dos Ausentes. Suas
bordas correspondem à chamada Serra Geral (escarpa).
Ao centro do Estado está a Depressão Central, formada em decorrência de processos erosivos.
Constitui-se por rochas sedimentares, dando origem a um extenso corredor que liga o oeste ao leste,
através de terrenos de baixa altitude. Ao sul localiza-se o Escudo Sul-riograndense, com rochas ígneas
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do período Pré-Cambriano e, por isto mesmo, muito desgastadas pela erosão. Sua altitude não
ultrapassa os 600m.
A Planície Costeira teve sua formação do período Quaternário da era Cenozóica, a mais recente
da formação da terra. Corresponde a uma faixa arenosa de 622km, com grande ocorrência de lagunas e
lagoas, entre as quais destacam-se a Laguna dos Patos e Mirim. O processo de formação desta região
tem caráter evolutivo, estando em constante mutação, como decorrência da sedimentação marinha e
flúvio-lacustre (rios e lagos).
★ DICA - Esquema interativo das unidades do relevo brasileiro:
www.ideiasnacaixa.com/laboratoriovirtual/relevo.html
FONTES:
BRASIL ESCOLA. Relevo Brasileiro. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/brasil/relevo-
brasileiro.htm>
COLA DA WEB. Aspectos Geográficos do Brasil. Disponível em:
<http://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/aspectos-geograficos-do-brasil>
GEOBAU – Caracteres Sobre Geografia e Afins. Estrutura Geológica do Brasil. Disponível em:
<http://marcosbau.com/geobrasil-2/estrutura-geologica-do-brasil/>
IDEIAS NA CAIXA. Unidades do Relevo Brasileiro. Disponível em:
<http://www.ideiasnacaixa.com/laboratoriovirtual/relevo.html>
INTERNATIONAL COMMISSION ON STRATIGRAPHY. Tabela Oficial do Tempo Geológico. Disponível em:
<http://www.stratigraphy.org/upload/ISChart2009.pdf>
MUNDO VESTIBULAR. O Relevo do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<http://www.mundovestibular.com.br/articles/4604/1/O-RELEVO-DO-RIO-GRANDE-
DO-SUL/Paacutegina1.html>
ROSS, Jurandir Luciano Sanches. Fundamentos da geografia da natureza. In: ROSS, Jurandir Luciano
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Sanches (org). Geografia do Brasil. 5.ed. São Paulo: Edusp, 2005.
SUA PESQUISA. Relevo Brasileiro. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/relevo/>
UNISA. Curso de Geografia. Introdução à Geomorfologia. Disponível em:
<http://no.comunidades.net/sites/pro/profelianageo/index.php?pagina=1548198047>
UNIVERSITÁRIO PRÉ-VESTIBULAR. Apostila de Geografia 2006.