ISSN 2176-1396
GTR, PROFESSORES MAIS EXPERIENTES E A FORMAÇÃO
CONTINUADA DO PARANÁ
Marcos Vinicius Messino Godoi1 – SEED/PR - PUCPR
Eixo – Formação de Professores
Agência Financiadora: PUCPR
Resumo
Diante das dificuldades enfrentadas em sala de aula, do avanço tecnológico e da necessidade
de adequação ao tempo/espaço escolar, reveste-se de suma importância analisar como é
aproveitada pelos professores da rede estadual do Paraná a modalidade de formação continuada
possibilitada pelos Grupos de Trabalho em Rede (GTRs), parte das ações que decorrem do
PDE-PR. O presente trabalho tem por objetivo verificar e compreender como é aproveitada a
rede de formação por meio da divulgação da prática pedagógica dos professores PDE-PR para
os demais professores da rede estadual de ensino, na constituição dos Grupos de Trabalho em
Rede (GTRs). O estudo se sustentou em produções acadêmicas sobre formação continuada, na
legislação federal e estadual sobre a carreira docente versus formação continuada. Além desses
aportes foi realizado um levantamento de dados estatísticos no portal “Dia a Dia Educação”
para identificar os trabalhos executados no PDE e os GTRs em andamento no ano de 2017. A
análise dos dados converge, a seu modo, com a produção acadêmica de outras pesquisas e
reflexões sobre o cotidiano escolar, fortalecendo a conceituação e a tendência já observada de
que essa modalidade de formação é uma alternativa para melhorar a qualidade do ensino, bem
como contribui para a ressignificação da identidade e profissionalização docente (GATTI;
BARRETO, 2009). Identificou-se, ainda, que no estado do Paraná, a formação continuada sob
a modalidade GTRs é, ao mesmo tempo, um aproveitamento e uma solução por seus custos e
abrangência. Sobre a participação dos professores nessa modalidade de formação, pelas linhas
de estudo que lhes são ofertadas foram observados alguns desequilíbrios na procura destas
linhas de estudo, assim como na quase ausência de temáticas que abordem as TIC’s e as
políticas educativas, nomeadamente naquelas que fundam os conhecimentos e desempenho dos
estudantes em avaliações estaduais, nacionais e internacionais (Língua Portuguesa e
Matemática)
Palavras-chave: Formação continuada. Professor PDE. GTR. Uso de tecnologias. Políticas
educativas.
1 Professor da rede estadual de ensino do Paraná. Mestrando em Educação pela PUCPR. Membro do grupo de
pesquisa “Políticas, Formação do Professor, Trabalho Docente e Representações Sociais (POFORS)”. Bolsista
PUCPR. E-mail: [email protected]
4966
Introdução
De acordo com Oliveira (2011), a formação continuada de professores da rede pública
estadual de ensino do Paraná é uma necessidade em face da má qualidade dos cursos de
licenciatura e rotatividade dos profissionais. O autor salienta, ainda, que os cursos de formação
continuada por meio da Educação a Distância (EaD) são uma possibilidade para a formação
continuada, no que fomentam o aprofundamento do conhecimento específico dos professores
em cada área de sua atuação, ao mesmo tempo que lhes proporciona aproximação com as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), uma vez que, entre outros, viabiliza-lhes
[...] conhecimento sobre as ferramentas da informática pelos professores que atuam
na educação básica. A educação a distância pode ser utilizada como forma de facilitar
o processo de formação continuada e ao mesmo tempo proporcionar uma
familiarização do professor com os recursos da informática (OLIVEIRA, 2011, p. 15).
Com base nas ponderações de Oliveira (2011), é possível inferir que, no espaço/tempo
escolar, ocorram debates, trocas, que fomentem o processo formativo dos professores,
possibilitando-lhes vivenciarem ambientes propícios ao trabalho coletivo, os quais
contribuirão para a promoção de ações, que favorecem e potencializem a efetiva realização do
trabalho docente mais qualificado, com a consequente melhoria da educação.
Entretanto, ressalta-se que não basta, somente, o interesse por parte dos professores
para que se efetivem nos espaços/tempo escolares em que atuam sua formação continuada.
Isso, porque é inegável, por sua importância, a influência das políticas educacionais para o
processo de formação continuada de professores, as quais, além de reafirmarem a necessidade
dessa formação, bem como um dos fatores para melhorar as condições de oferta da educação,
tangenciam-na como um dos componentes de valorização profissional e progressão de carreira.
É nesse cenário que destacamos, como exemplo o enunciado do Art. 67 da Lei nº
9.394/1996:
Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação,
assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do
magistério público,
II - Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico
remunerado para esse fim; [...] (BRASIL, 1996).
Acerca desse contexto, a produção acadêmica tem contribuído para o âmbito da
formação continuada nos últimos anos, como forma de tentar explicar essa tendência e
4967
promover alternativas para melhorar a qualidade do ensino, bem como para a ressignificação
da identidade e da profissionalização docente, Gatti e Barreto (2009, p. 199), aludem:
O interesse pelo tema da Formação Continuada difundiu-se nos últimos anos,
envolvendo políticos da área de educação, pesquisadores, acadêmicos, educadores e
associações profissionais. Há uma grande mobilização em torno do assunto, a
produção teórica é crescente, eventos oficiais e não oficiais propiciam debates e
razoável circulação de análises e propostas e os sistemas de educação investem cada
vez com maior frequência no ensaio de alternativas de formação continuada
de professores. Apesar disto, os resultados obtidos com os alunos, do ponto de vista
de seu desempenho em conhecimentos escolares, não têm ainda se mostrado
satisfatórios, fato que tem posto, no Brasil, os processos de educação continuada em
questão.
Esse panorama inquietante nos impeliu a indagar sobre: Quais são os sentidos
atribuídos pelos professores sobre a formação continuada?; Quais mudanças essa formação
traz para o trabalho realizado na escola?; Como é organizada a formação continuada dos
professores da rede estadual na esteira do PDE-PR?; Como os professores mais experientes2
contribuem para que outros professores continuem buscando por formação.
No encalço de algumas dessas respostas foi definido o objetivo da presente pesquisa:
verificar e compreender quais os possíveis efeitos para a formação dos demais professores da
rede estadual por meio da divulgação da prática pedagógica dos professores do PDE-PR, tendo
por foco os Grupos de Trabalho em Rede (GTRs).
Coordenadas Metodológicas
Os trabalhos e dados utilizados para o desenvolvimento deste trabalho foram de cunho
bibliográfico, sendo necessário, também, recorrer a outras análises, especificamente limitadas
às informações do PDE/GTR – 2016/2017.
Em relação às fontes bibliográficas foram procurados autores que tratavam do tema
formação continuada, bem como fontes oficiais dos governos federal e estadual, tais como:
leis, decretos, plano de carreira, orientações etc.
2 Professores mais experientes, expressão usada para os professores com mais de 10 anos de atuação na rede
estadual de ensino no Paraná, selecionados para participar do PDE-PR e que por ocasião do GTR, atuam formando
outros professores da rede estadual. O GTR é uma das ações do PDE, que busca estreitar os laços entre os
professores que participam do PDE e os demais professores da Rede. Essa atividade é realizada por meio de
plataforma online, em que os professores PDE desenvolvem um curso com base nas pesquisas e temáticas que
estão preparando para ser colocada em prática na escola em que atuam. A contribuição dos professores PDE com
a formação dos professores que participam dos GTRs de acordo com a proposta do PDE está no
redimensionamento das práticas mediante estudos e discussões entre os professores.
4968
O Quadro 1 mostra a relação de produções acadêmicas e fontes oficiais utilizadas na
presente pesquisa.
Quadro 1: Relação de trabalhos por autor, categoria, título e ano de publicação.
Autor (es) Categoria Título Ano
ENS, Romilda Teodora; GISI,
Maria Lourdes.
Artigo Políticas Educacionais no Brasil e a Formação de
Professores
2011
GATTI, Bernadete A.;
BARRETO, Elba de Sá.
Livro Professores do Brasil: impasses e desafios 2009
OLIVEIRA, Claudio
Aparecido de.
Dissertação A educação a distância no programa de
desenvolvimento educacional - PDE no Paraná: Limites
e possibilidades
2011
PITON, Ivania Mariani. Artigo Formação docentes em tempos de políticas neoliberais:
o modelo emblemático de Faxinal do Céu
2011
SAVIANI, Dermeval. História
das ideias pedagógicas no
Brasil.
Livro História das ideias pedagógicas no Brasil 2010
BRASIL. Lei nº 9.394/1996,
de 20 de dezembro de 1996
Lei Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional 1996
PARANÁ. Lei complementar
103, de 15 de março de 2004
Lei Institui e dispõe sobre o Plano de Carreira do
Professor da Rede Estadual de Educação Básica do
Paraná e adota outras providências
2004
PARANÁ. Lei complementar
130, de 14 de julho de 2010
Lei Regulamenta o Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE
2010
PARANÁ. Orientação Nº
001/2017 – PDE
Orientação Grupo de Trabalho em Rede – GTR 2017 – Turma
PDE 2016: Orientações para inscrição no GTR
2017
Fonte: Organizado pelo autor, 2017.
Além desse aporte teórico e legal, apresentado no Quadro 1, foi realizado um
levantamento de dados estatísticos sobre a turma PDE-PR-2016 e sua relação com a turma
GTR-2017, lembrando que o GTR é uma das atividades que o professor PDE-PR deve
desenvolver para dar continuidade ao processo dessa formação continuada.
Para fomentar a formação científica de alunos do ensino médio, decidiu-se trabalhar
com a colaboração destes para efetivar a busca dos dados no portal “Dia a Dia Educação” e
análise inicial dos mesmos. O levantamento desses dados estatísticos foi realizado por alunos
do terceiro ano B, ano 2017, do ensino médio do Colégio Estadual Prefeito Joaquim da Silva
Mafra, localizado em Guaratuba/PR. Os alunos foram divididos em grupos e orientados a fazer
os seguintes levantamentos: quantidade de trabalhos PDE-PR, inscritos no GTR, abordagem
de políticas educacionais e inserção da tecnologia digital, circunscritos às 17 linhas de estudo.
Para a execução dessa parte do trabalho realizada com os estudantes, foram
disponibilizados os arquivos da relação de inscritos no GTR 2017, turmas 1 e 2, e da relação
de propostas de “produção didática” por professor em curso PDE-PR 2016/2017, separadas
por linha de estudo, título, resumo e palavras-chave.
4969
Resultados da pesquisa: o que dizem os textos selecionados?
A formação continuada de professores no Brasil sofreu um novo direcionamento na
década de 1990 com as reformas nas políticas educacionais para a formação de professores e
profissionalização docente, como pode ser verificado:
O cenário das políticas de formação de professores no Brasil, a partir dos anos 90, tem
como plano de fundo as políticas neoliberais que atendem ao projeto de um Estado
que busca redirecionar a educação para interesses do mercado, fazendo com que a
regulação assuma o caráter central (ENS; GISI, 2011, p.29).
Por conseguinte, de modo geral, a escola vem sofrendo mudanças no que tange à
interferência de políticas e propostas de trabalho, bem como para a formação continuada. Isso
porque ocorreu uma descentralização do poder do Estado sobre a educação, no que este passou
a delegar tal função a mecanismos do poder privado (PÍTON, 2011). Sendo assim, o trabalho
dos professores passou a ser condicionado por esse novo ideário. A este respeito, Saviani (2010,
p. 446) argumenta que “levando em conta a educação brasileira tal como se desenvolve nas
escolas, as diferentes tendências pedagógicas se fazem presentes, ao mesmo tempo, na prática
pedagógica dos professores”.
O espaço/tempo do professor na escola contribui de forma indireta ou direta para a sua
formação. Segundo Machado, Yunes e Silva (2014, p.515) “a formação continuada
desencadeada no espaço da escola constitui uma das facetas do processo de desenvolvimento e
formação que ocorre durante a trajetória dos docentes, ou seja, durante o período em que o
sujeito exerce sua profissão”.
A Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394/1996, e a legislação complementar que a altera
em vários pontos, regulamenta a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio) e superior, definindo como meta a ser aplicada em todo o território nacional a
formação inicial e continuada e a valorização dos profissionais da educação, bem como
indicando as responsabilidades dos órgãos Federais, Estaduais e Municipais quanto a esses
aspectos.
Atendendo ao especificado na LDB, o Estado do Paraná, quase 10 anos depois, instituiu
um Plano de Carreira Docente, composto por 47 artigos, os quais definem a estrutura da carreira
docente, remuneração, vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE-PR),
definindo quais atividades de formação e qualificação profissional propiciam progressão na
carreira, em vigência para o magistério público paranaense (PARANÁ, 2004).
4970
No que concerne à formação continuada de professores, esta é contemplada nos
princípios propostos para a carreira docente no Paraná, sendo que o art. 3.º da Lei
Complementar 103/2004 estabelece que:
[...] o Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná
objetiva o aperfeiçoamento profissional contínuo e a valorização do Professor através
de remuneração digna e, por consequência, a melhoria do desempenho e da qualidade
dos serviços prestados à população do Estado (PARANÁ, 2004).
Nesse documento é ressaltada a formação continuada de professores, como um dos
princípios. Para resumir, são apresentadas as propostas de formação ao efetivo docente, as
quais podem ser sintetizadas em três blocos. O primeiro, definido no Parágrafo único do art.
32, como segue:
Os Professores em exercício nos Estabelecimentos de Ensino terão direito, além das
férias previstas no caput deste artigo, a um recesso remunerado de 30 (trinta) dias,
condicionado ao cumprimento do calendário escolar, composto de 200 (duzentos) dias
letivos e 10 (dez) dias destinados a atividades de formação continuada (grifos nossos)
(PARANÁ, 2004).
Além disso, a Lei Complementar nº 103/2004, apresenta o Programa de
Desenvolvimento Educacional- PDE/PR, como um programa de formação continuada aos
professores da Rede que estão no nível 2, classe 11 da carreira docente, ou seja, com
aproximadamente 14 anos de rede, como professor concursado. A implementação desse
Programa ocorreu no ano de 2007, tendo por suporte ações da Secretaria de Estado da
Educação. O objetivo foi, desde então, proporcionar aos professores da rede pública estadual
subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas,
e que resultassem em redimensionamento de sua prática, por meio de cursos nas modalidades
presenciais e a distância.
O Programa se tornou uma política pública, a partir da promulgação da Lei nº130/2010,
na qual se evidencia uma organização diferenciada no que articula escola e universidade, e no
que estabelece como parâmetros que essa formação aconteça por e pela pesquisa ao longo de
dois anos. No primeiro ano, o professor PDE fica afastado 100% de suas funções, para realizar
estudos na universidade, participar de seminários e encontros, e desenvolver o material didático
com base nas inquietações e dificuldades que reconhece no meio escolar em que atua. No
segundo ano, o professor deve aplicar o material desenvolvido na escola na qual emergiram
4971
seus questionamentos. Ressalte-se, que o PDE é o único meio para o professor avançar para o
último nível da sua carreira no Estado do Paraná.
De acordo com a Orientação 001/2017, do estado do Paraná, postada no portal “Dia a
Dia Educação”, o Grupo de Trabalho em Rede – GTR é uma atividade de Formação Continuada
destinada aos professores da Rede Pública Estadual de Ensino, que tem como objetivo socializar
as produções de professores da Rede – utilizando o Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA,
da Secretaria de Estado da Educação.
Para participar do GTR é necessário ser professor da Rede Estadual de Ensino QPM
(Quadro Próprio do Magistério), QUP (Quadro Único de Pessoal) ou PSS (Processo Seletivo
Simplificado). Todos devem estar cadastrados nesse Portal para efetivar sua inscrição no GTR.
Formando formadores: PDE/2016 X GTR/2017
O PDE, turma 2016/2017, disponibilizou aos candidatos 17 linhas de estudo, nas quais
se inscreveram 1825 professores. Os percentuais de vinculação dos professores que atuavam
na rede por linha de estudo são distintos (Gráfico 1).
Gráfico 1: Percentual de professores por linha de estudo
Fonte: organizado pelo autor, com base nas informações do portal Dia a Dia Educação, 2017.
Pode-se verificar que a linha de estudo na qual mais professores realizaram seus estudos
específicos no PDE foi a da Língua Portuguesa. Um dos fatores que podem colaborar para isso
é a quantidade de professores dessa linha na rede de ensino, devido ao número de aulas
semanais (5) por turma, razão similar à que ocorre com a linha de estudo Matemática. Em
4972
contraposição, a Sociologia, abordada apenas no ensino médio, conta com apenas 4 professores
realizando, nesse período, o PDE.
O Gráfico 2 apresenta a quantidade de professores da rede estadual de ensino que se
inscreveram, por linha de estudo, para participar do GTR, bem como a média de inscritos por
projeto PDE-PR, em suas respectivas linhas de estudo.
Gráfico 2: Quantidade de inscritos no GTR x média por turma
Fonte: organizado pelo autor, com base nas informações do portal Dia a Dia Educação, 2017.
Nota-se que apenas em quatro linhas de estudos foi atingida a média limite de inscrições
por turma: Educação Especial, Filosofia, Química e Sociologia. Comparando o Gráfico 2 com
o 1 registram-se situações que divergem em relação as linhas de estudos de Língua Portuguesa
e Matemática. As mesmas são as que têm o maior número de professores PDE, porém uma das
menores médias de inscritos nos GTRs por turma. Nesse sentido, surgem dois questionamentos:
Não há número suficiente de professores para ocupar as vagas no GTR? Ou isso se deve ao
pouco interesse dos professores em participar dos programas de formação continuada, ofertados
pelo estado do Paraná?
Em sociedades cada vez mais globalizadas, a exigência da capacitação dos indivíduos e
a democratização ao acesso da informação e à suas tecnologias (TIC’s) é um fato, o que não é
diferente no sistema educacional. Em face desse contexto, procurou-se verificar se os
professores PDE incluem em seus trabalhos o termo “tecnologia digital”, utilizando as mesmas
1382 675 1634 3081 2048 676 320 454 2337 2160 2112 1677 3038 2977 3675 640 80
19,74
14,67
14,72
20,01
14,95
13,25 20,0015,66
16,93 20,0013,99
13,86
13,27 13,17
18,19
20,00 20,00
0500
1000150020002500300035004000
GTR 2017 - Quantidade de inscritos e média de inscritos, por turma, do PDE 2016/2017
4973
em suas práticas pedagógicas. O Gráfico 3 apresenta a incidência da temática das tecnologias
digitais em cada uma das linhas de estudo.
Gráfico 3: Utilização das TIC's por linha de pesquisa (PDE 2016/2017)
Fonte: organizado pelo autor, com base nas informações do portal Dia a Dia Educação, 2017.
Percebe-se que poucos foram os trabalhos que utilizaram ou fizerem indicação ao uso
das tecnologias da informação e comunicação (TIC’s), inclusive as digitais, Essas estão mais
presentes em quatro linhas de estudo: Física, Língua Estrangeira Moderna e Química, nas quais
quase metade dos professores que realizaram o PDE (2016-2017) abordaram as TIC’s como
instrumento pedagógico.
As políticas educacionais se fazem presentes no âmbito escolar, por meio delas são
criados programas para formação continuada, assim como o PDE/PR; é em espaços/tempo
como este, que são discutidas novas propostas pedagógicas, fatores que influenciam em muito
a rotina da comunidade escolar. O Gráfico 4 apresenta o percentual de projetos que abordam o
tema política em seus resumos.
70 46 111 154 137 51 16 29 138 108 151 121 229 226 202 32 4
28,57%23,91%
14,41%12,34%
13,14%
25,49%
25,00%
55,17%
13,04%9,26%
19,21%
48,76%
5,68%9,29%
5,45%
40,63%
25,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
0
50
100
150
200
250
Utilização de TIC's nos Projetos PDE 2016/2017
Número total de projetos Percentual, do número total, que utiliza TIC's
4974
Gráfico 4: Abordagem das políticas educativas nos projetos PDE: Percentual por Linha
Fonte: organizado pelo autor, com base nas informações do portal Dia a Dia Educação, 2017.
Observe-se que as linhas de pesquisa Pedagogia e Sociologia são as que mais
promoveram discussão de políticas educativas em seus projetos, seguidas pelas da História e
Filosofia, linhas que demonstram preocupar-se com uma formação docente mais consciente e
crítica para formarem seus estudantes para o exercício da cidadania na sociedade complexa e
exigente na qual vivem.
Considerações finais
A partir do objetivo de verificar e compreender como é aproveitada a rede de formação
por meio da divulgação da prática pedagógica dos professores PDE-PR para os demais
professores da rede estadual de ensino, na constituição dos Grupos de Trabalho em Rede
(GTRs) podemos dizer que, a presente investigação indica a importância de pesquisas do tipo
“Estado da Arte”. Mais do que isso, que estudantes do ensino médio podem começar a percorrer
caminhos que os incentivem a analisar criticamente o que leem, no caso com o auxílio de outro
pesquisador. Experiência rica para ambos, porque a cada revés e conquista podem sempre
aprender e ensinar. Assim aconteceu.
Os resultados indicam a participação distinta dos professores por linha de estudo (17)
propostas no Programa. Apesar do limite de vagas por turma (20), em apenas quatro esse limite
foi constatado: Educação Especial, Filosofia, Química e Sociologia. No entanto, as linhas de
estudo de Língua Portuguesa e Matemática foram as que mais receberam professores. A
importância de ambas, como já aludido pode ser pela maior presença de professores na rede
estadual, ou ainda pelo interesse destes em contribuírem para melhorar os desempenhos de seus
alunos em avaliações estaduais (no Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná - SAEP),
nacionais, como nas aplicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e
1,43%0,00%
7,21%7,14%
4,38%5,88%
12,50%
0,00% 2,90%0,93%
13,91%
1,65% 1,75%2,21%
16,34%
0,00%
25,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
Percentual, por eixo, de projetos PDE que abordam Políticas Educacionais
4975
usadas no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Avaliação Nacional da
Educação Básica e a Prova Brasil) e mesmo internacionais (PISA).
No entanto, essas não foram as linhas de estudo nas quais se observou preocupação dos
professores em desenvolverem projetos que tangenciassem as TIC’s (Gráfico 3) ou as políticas
educativas (Gráfico 4). Tais resultados nos inquietam, na medida em que para inserir social e
criticamente professores, inicialmente e, também, estudantes há que estes estejam aptos, além
de lerem textos impressos, capazes de usar as informações postadas pelas diversas tecnologias
de seu tempo, ou que sejam capazes de realizar uma leitura crítica de mundo.
A não discussão das políticas que regulam o trabalho do professor, nos mostram serem
os caminhos que a formação continuada segue, ainda sensíveis, por fazerem alusão à duas
perspectivas: a carreira docente e o desenvolvimento profissional/prática educativa. No que
tange a rede de ensino do estado do Paraná, é possível verificar que há mecanismos que
promovem a formação continuada, tais como, semana pedagógica, PDE –PR, GTR, cursos da
brigada escolar, etc. Porém, na prática, o que se evidencia, por exemplo, em semanas
pedagógicas é o desinteresse dos professores por essa modalidade de formação continuada, pela
forte rejeição aos mesmos, possivelmente pela falta de organização por parte da gestão escolar
na promoção de reflexões sobre os questionamentos levantados em relação às práticas
educativas, organização da escola e demais demandas do contexto escolar.
O viés tomado na decisão para a execução desta pesquisa, envolvendo alunos do ensino
médio, compartilhando com eles desde a coleta de dados aos da sua análise, foi produtivo e
humanizador para todos. A escolha dos focos de análise dos resumos selecionados - TIC’s e
políticas educativas – evidenciou a necessidade de instigações sobre o uso destas nas ações
pedagógicas realizadas por professores.
Sugere-se, enfim, que além da oferta de quaisquer cursos de formação docente sejam
motivados, inclusive os professores orientadores desses trabalhos, para a importância dos temas
tratados nos GTRs.
Os dados levantados nesta pesquisa, no que tange o Grupo de Trabalho em Rede,
evidenciaram que a modalidade de formação pelo GTRs recebeu menos inscrições (28.966), do
que a oferta de vagas (36.500). Pois, como estabelece o documento síntese (Versão DS, 2016)
do Programa de Desenvolvimento Educacional, o GTR é uma proposta de integração entre os
professores PDE e os professores da escola para que haja articulação da proposta de intervenção
e construção do material didático desenvolvido pelos professores PDE (PARANÁ, DS, 2016).
4976
Além de que diante desse cenário a questão sobre professores mais experientes no papel
de formadores é uma realidade na proposta de formação continuada da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, sendo considerada como crédito para o ingresso de professores no PDE-
PR e, assim, chegarem ao terceiro e último nível da carreira docente.
No entanto, algumas questões ficam para futuras pesquisas, tais como: Quais são os
sentidos atribuídos pelos professores sobre a formação continuada?; Quais mudanças essa
formação traz para o trabalho realizado na escola?; De que maneira é organizado a formação
continuada aos professores da rede na esteira do PDE-PR?; Como os professores mais
experientes contribuem para que outros professores continuem buscando por formação? Quais
razões para terem remanescido mais de 7.000 vagas? Entre outras.
REFERÊNCIAS
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Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 248, 23 dez. 1996. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 28 mar. 2017.
ENS, Romilda Teodora; GISI, Maria Lourdes. Políticas Educacionais no Brasil e a Formação
de Professores. In: ENS, Romilda Teodora; BEHRENS, Marilda Aparecida. (Orgs.). Políticas
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GATTI, Bernadete A. (Coord.); BARRETO, Elba de Sá. Professores do Brasil: impasses e
desafios. Brasília: UNESCO, 2009.
MACHADO, Juliana Aquino. YUNES, Maria Ângela Mattar. SILVA, Gilberto Ferreira da. A
formação continuada de professores em serviço na perspectiva da abordagem ecológica do
desenvolvimento humano. Revista Contrapontos – Eletrônica, v. 14, n. 3, p. 512-526,
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Acesso em: 17 maio. 2017.
OLIVEIRA, Claudio Aparecido de. A educação a distância no programa de
desenvolvimento educacional – PDE no Paraná: limites e possibilidades. 2011. 168 f.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba/PR, 2011.
PARANÁ. Lei complementar 103, de 15 de março de 2004. Institui e dispõe sobre o Plano de
Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná e adota outras
providências. Diário Oficial do Estado do Paraná, Curitiba, PR, n. 6687, 15 mar. 2004.
Disponível em:
<http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=7470&i
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4977
PARANÁ. Lei complementar 130, de 14 de julho de 2010. Regulamenta o Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, instituído pela Lei Complementar nº 103/2004, que
tem como objetivo oferecer Formação Continuada para o Professor da Rede Pública de
Ensino do Paraná, conforme especifica. Diário Oficial do Estado do Paraná, Curitiba, PR,
n. 8262, 14 jul. 2010. Disponível em:
<http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=56184&
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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de
Políticas e Programas Educacionais. Coordenação Estadual do PDE. Programa de
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