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Page 1: guerra dos seis dias1

8 | CADERNO DEZ! | SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 12/6/2007

c ro n o l o g i aO Oriente Médio é umadas regiões de maiorconflito no planeta ❚

AFP PHOTO | ARQUIVO

1 9 4 8.maiA ONU cria o Estado judeu deIsrael, na região da Palestina,após a II Guerra Mundial.Acontecem as guerrasárabes-israelenses. Os paísesárabes não reconhecem o Estadoisraelense ❚

Refugiada palestina no campoBaqaa, Jordânia, em 1969

1 9 6 7.junApós descobrir planos de invasãoda liga árabe, comandada peloEgito, Israel resolve não esperarpara ver. Em seis dias, toma daSíria as Colinas de Golã; do Egito,a Península do Sinai e a Faixa deGaza; e a Cisjordânia, quepertencia à Jordânia ❚

1 9 6 7.n ovA resolução 242 da ONU

determina que a ocupação dosterritórios conquistados naguerra dos seis dias é ilegal. Entreos 13 membros votantes, só osEstados Unidos [aliado históricode Israel] foram contra ❚

com um saldo de 15 mil mortos –60% árabes e 40% judeus ❚

GUERRA DOS SEIS DIAS ❚ Conflito fazaniversário e ainda está longe da paz

Muniçãopara mais40 anos

JIM HOLANDER | EFE

Grupo de extrema esquerda "Paz Agora" pede o fim da ocupação de terras palestinas na cidade de Hebron

RICARDO SANGIOVANNIr s a n g i o @ g r u p o a t a rd e . c o m . b r

Seis dias de bombardeios,quarenta anos para se arrepender.Se já soubesse, em junho de 1967,que esta seria a triste sina daGuerra dos Seis Dias, Israelcertamente teria evitado que o tirode largada fosse disparado.

A semana passada lembrou os40 anos do conflito no OrienteMédio, entre 5 e 11 de junho, queterminou com a vitória do exércitojudeu sobre Egito, Síria e Jordânia,e deixou sem pátria cerca de 700mil palestinos.

“Foi uma enorme derrotainfligida aos árabes por Israel",sintetizou o atual presidente daAutoridade Nacional Palestina[ANP] Mahmoud Abbas, na últimaterça-feira [5].

Pelo aniversário, a paz ganhouum presente de grego. Abbascancelou uma reunião com opremiê israelense Ehud Olmert,marcada para a quarta-feira [6].

Disse não ter recebido de Israel umrepasse de US$ 700 milhões emimpostos pagos por palestinos.Oficialmente, Olmert nemcomentou o assunto. Limitou-se,na sexta [8], a acenar com apossibilidade de desocupar ascolinas de Golã em troca de pazcom a Síria, no norte. E nada mais.

INTOLERÂNCIA – “Muita gente dizpor aí que árabes e judeus seodeiam desde a Antigüidade. Issoé mentira“, diz o historiador epesquisador na Universidade deBrasília, Anderson Batista. Eleconta que a região é coabitadapelos dois povos desde o século 7,com a chegada dos muçulmanos, eque eles sempre conviveram.

“A intolerância real começa em1948 e 1949, com a criação doEstado de Israel pela ONU e aguerra árabe-israelense. Depois de1967, essas diferenças seaprofundam e geram os episódiosde ódio mútuo hoje“.

Batista observa que não se deve

enxergar o conflito como umadisputa de bandidos e mocinhos.“A tendência, na visão romântica,é condenar Israel, que é mais rico emais forte. A guerra pode ter sidoum erro histórico, mas nas últimasdécadas surgiram gruposextremistas armados, tantoislâmicos quanto judeus. Agora,até manobras pela paz podem serperigosas“, explica.

Desde o início da década, Israelvem reduzindo a ocupação naCisjordânia e em 2005 retirou astropas que mantinha em Gaza. Apaz estaria próxima?

O historiador André Gattaz,autor do livro A Guerra daPalestina: da criação do Estado deIsrael à Nova Intifada, tem umavisão pessimista. “Israel estáconstruindo um muro de 600 kmcercando a Cisjordânia, dentro da

Palestina. A desocupação é parciale a parte cedida é toda cortadapor estradas israelenses. O exércitovai continuar ocupando a parteprodutiva, à margem do RioJordão. Os palestinos não têm ocontrole da água e dos recursosnaturais. É a destruição daesperança de dias melhores“.

A favelização das condições devida faz eclodir disputas internas.Desde o ano passado, Hamas eFatah [grupo fundado por YasserArafat] protagonizam uma disputadoméstica por poder que podeacabar em guerra civil.

E assim segue o conflito, dandomostras de que ainda completaráalguns aniversários. Como diria oescritor uruguaio EduardoGaleano, “na luta do bem contra omal, sempre é o povo quemcontribui com os mortos“.

*Em 2004, a CorteInternacional de Justiçaconsiderou ilegal aconstrução do muro queisola as fronteiras daCisjordânia. Israel ignorou adecisão e a construçãocontinua. Em 1967, 5 mesesapós a guerra dos 6 dias, aONU considerou ilegal aocupação dos territórios.Israel ignorou a decisão. Aocupação continua.

1 9 7 3.outO Egito devolve o ataquesurpresa, no Yon-Kippur [dia doperdão judeu]. A Guerra doYon-Kippur entra para a história

1 9 7 9.marNo acordo de Camp David, oEgito reconhece o Estado deIsrael. Em troca, recebe de voltaparte da Ppenínsula do Sinai,ocupada em 1967. A políticapacifista custa a vida dopresidente egípcio Anuar Sadat,morto por fanáticos islâmicos ❚

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