* Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Sergipe
UFS/PROHIS, sob orientação do Prof. Dr. Eder Donizeti da Silva. [email protected]
História, arquitetura popular e desígnios, a urgência de novos olhares.
José Antônio de Sousa*
Resumo
O que é arquitetura popular? Quais os seus desígnios? E o que merece ser
observado hoje em dia na academia, consoante as tônicas da história, arquitetura e
antropologia. A partir da teoria da semiótica e da arquitetura abre-se um campo de
investigação para se apurar as relações que há entre o espaço construído, programado e
habitado, como as apropriações, as necessidades funcionais do homem que o acessa seja para
morar e trabalhar repletos de significados. O conceito de práticas e representações utilizados
por historiadores são vistos como possibilidades de analisar a arquitetura, a moradia e o
trabalho, seus desígnios nas ações humanas intangíveis, camuflados numa relação arquitetura-
artefato. Ao fazermos essa reflexão coloca-se em questão o dualismo cultura popular (saberes
locais) e erudita (movimento acadêmico). A justificativa para esse tipo de abordagem se dá
em função dos pouquíssimos trabalhos sejam técnicos ou de áreas fins como a própria
historiografia, identificados desde 2006 em nossa região, ao adentramos no universo das
moradias no Alto Sertão da Bahia. Algumas leituras tem nos ajudado em busca de
questionamentos e reflexões como: (Roger Chartier, 1990); (Michel de Certeu, 2008); (Lúcio
Costa, 1975); (Nestor Reis, 76); (Carlos Lemos, 1979); (Betânia Brendle, 1996); (Gunter
Weimer, 2005), entre outros.
Palavras-chave: Arquitetura popular, desígnios, sertão, moradia e trabalho.
A pesquisa
“O homem do povo sabe construir, é arquiteto por intuição, não erra; quando
constrói uma casa a constrói para suprir as exigências de sua vida; a
harmonia de suas construções é a harmonia natural das coisas não
contaminadas pela cultura falsa, pela soberba e pelo dinheiro”. (Lina Bo
Bardi)
O artigo História, arquitetura popular e desígnios, a urgência de novos olhares, é
uma discussão sobre a importância de um estudo pelo historiador sobre a história e memória
das relações entre técnica, moradia e trabalho presentes em arquiteturas de caráter popular. O
interesse foi impulsionado ao adentrar no universo das moradias no município de Macaúbas -
Alto Sertão da Bahia. Essa análise representa nossos projetos de estudos atuais, que têm a
arquitetura como objeto de investigação. Procuramos dar o encaminhamento às pesquisas, a
partir de algumas problematizações pautadas nas dimensões historiográficas, fontes, métodos,
recorte temporal e espacial. Consideramos a circularidade de ideias com outras ciências como
a própria arquitetura e a antropologia.
O objetivo desse artigo é refletir num primeiro momento sobre o que é arquitetura
popular? Esse tipo de expressão está muito presente em nosso cotidiano, repleto de
significados, em suas relações entre o espaço construído, programado e habitado, mas além da
função primordial de moradia, outras lhe competem como os aspectos do trabalho e logo da
economia. A metodologia da pesquisa funda-se assim em revisão bibliográfica e práticas
projetuais em campo como visitas in loco em algumas moradias, utilização de entrevistas
semiestruturadas, levantamento documental, fotográfico e arquitetônico. Justifica-se esse tipo
de abordagem em função dos pouquíssimos trabalhos sejam de arquitetos, historiadores e
outros campos, como se observa na atualidade as recentes contribuições da arqueologia
urbana. Outra justificativa é a necessidade de registrarmos nossos próprios hábitos e aspectos
socioculturais relacionados a este objeto que às vezes passam despercebidos em nosso
cotidiano, e por vezes correm o risco de caírem no esquecimento. Ao documentar esse objeto,
ou seja, sua materialidade como fonte primária e a seguir os seus elementos como fontes
secundárias, que vem se perdendo por conta de processos de demolições, substituições,
descaracterizações e das intempéries, do esquecimento, a relação história e memória é
subsidiada.
A revisão bibliográfica para abordar a arquitetura popular, apresenta-se para nós
pesquisadores como um campo vasto, do ponto de vista da literatura arquitetônica, mas num
viés historiográfico e antropológico pede novos estudos. Assim algumas leituras iniciais nos
parecem ser interessantes. Na historiografia e num viés da história cultural cita-se os
historiadores Roger Chartier e Michel de Certeu. Com relação aos aspectos da literatura
especifica sobre arquitetura, citam-se trabalhos gerais como de Lúcio Costa, 1975; Nestor
Reis, 1976; Carlos Lemos, 1979. Entre estudos regionais destacamos os trabalhos de Maria de
Betânia Brendle, 1996; Gunter Weimer, 2005. No que concerne à antropologia, os estudos de
Clifford Geertz 1973, são promissores para uma relação etno-história para os estudos dos
signos e significados na arquitetura e os seus problemas em questão.
A pesquisa aborda primeiramente Algumas ideias sobre arquitetura, conceitos e
aplicações. Em seguida trabalha-se de modo específico com a vertente da arquitetura popular
e os seus desígnios. Após algumas considerações sobre esse objeto, buscamos chamar a
atenção de nosso leitor para as possibilidades de estudos numa perspectiva entre História e
arquitetura: a urgência de novos olhares, para a realidade deste objeto, sobretudo no que diz
respeito a suas poucas abordagens no campo historiográfico. Ao fazer essa afirmação
‘urgência’ fomos tocados pela realidade em que há poucos trabalhos numa dialógica entre
história e arquitetura, e veremos aqui como as possibilidades de abordagens feitas por nós
historiadores é uma realidade. O princípio da interdisciplinaridade é interessante para analisar
de forma mais concreta as relações possíveis que há entre: arquitetura, história e antropologia
e suas eventuais contribuições para o estudo do tema aqui tratado. Nas considerações finais
abrangem as discussões levantadas preliminarmente e como estas percepções podem tocar os
questionamentos levantados, a iniciar pelo próprio título o que é uma arquitetura popular?
Nos últimos anos temos buscado em nossas práticas projetuais em campo, objetar
a arquitetura enquanto elemento material da cultura, fonte primária para a história e memória.
Esse tipo de fonte nos apresenta dois aspectos, o primeiro é o que diz respeito ao seu caráter
intrínseco tais como: materiais, técnicas construtivas, as partes físicas, elementos decorativos,
usos e funções entre outras. O segundo aspecto a ser observado em uma edificação como
fonte para a história seria o aspecto extrínseco, de sua datação, contexto, autoria na
construção, novos e antigos proprietários e informações sobre suas intervenções seja para
acrescentar, remover um dado elemento compositivo. Esses dois aspectos apresentam-se para
nós pesquisadores, como uma complexidade dado uma série de limitações às quais nos
encaminham em busca de novas possibilidades de fontes e métodos para analisar esse objeto
como a antropologia interpretativa na ótica do simbólico. Perspectivas interessantíssimas
como fontes e métodos de pesquisa para o historiador são observadas em trabalhos que
interpretam as dimensões dos elementos materiais da cultura, como a ideia de patrimônio
cultural, que, diga-se de passagem, ampliou bastante seus conceitos, práticas e abordagens nas
políticas preservacionistas em nosso país.
O universo das tipologias de partidos arquitetônicos populares em nosso país é
extremamente rico e diverso por conta de nosso processo de formação que tem na base
diferentes grupos étnicos, que ao longo da história marcaram nossa sociedade como seus
fazeres, oriundos de seus costumes. A emergência de pesquisa dentro da historiografia nos
impõe, desperta curiosidades e problemas quanto ao seu entendimento, como os caminhos de
discernimento sobre sua caracterização, classificação, especificações, comparações e
contextualizações diante de sua realidade, portanto diversa e complexa, daí nos aparece
questionamentos do tipo: como foram construídas as edificações de caráter popular? Como se
processa as relações entre moradia e trabalho no espaço programado e apropriado/habitado?
Por que e como ocorrem as hierarquizações dos espaços e suas respectivas funções de o quem
o acessa? E eis a grande questão posta aqui, o que é arquitetura popular?
A arquitetura popular está presente em todos os lugares, são expressões locais,
típicas de condições econômicas, naturais e culturais, ou seja, é um produto histórico que nos
informa sobre as relações entre homem e natureza, como as casas de pescadores em regiões
litorâneas, ribeirinhas, moradias em florestas e campos numa variedade de lugares e climas,
cujo processo histórico e natural gerou sistemas híbridos de técnicas, que provêm de
influências indígenas, ibéricas e africanas, erigindo um conjunto arquitetônico popular amplo,
rico a ser interpretado. Essas manifestações constituem-se elementos representativos de
nossas expressões históricas e culturais. No que se refere às pesquisas historiográficas, o
problema de abordar esse objeto pode ser minimizado partir da circularidade de ideias entre
diversos campos do saber, como a sociologia, antropologia como auxílio para a história.
A arquitetura popular como fonte de estudo para a história ganha assim uma
dimensão interessante, ao sair da relação arquitetura-artefato partindo para uma
fundamentação de seus aspectos sociais, ou seja, das relações humanas extraídas de aspectos
econômicos, culturais, religiosos. Essa dimensão seria o aspecto da intangibilidade extraída,
portanto, das relações arquitetura-artefato como as formas de saber fazer, morar, trabalhar,
sua inventividade, estratégias de sobrevivência e resistência, perante os condicionantes
naturais como meio ambiente e clima, as condições econômicas. Esses aspectos intangíveis
quando traduzidos, nos transporta para a lógica de criação, as quais atreladas às demandas
sociais do homem, notadamente as funções de moradia e trabalho, onde as sociabilidades
estão presentes num cotidiano marcado por símbolos. Traduzir esses símbolos,
materializados, por exemplo, em uma técnica, em determinado ornamento, na ocupação
espacial de um cômodo é compreender os seus significados, a essência e a lógica, é um
desafio para o historiador que deverá romper suas limitações e buscar desnaturalizar o que
pode nos parecer normal, como nos encontrar, situarmos dentro de uma realidade das coisas e
do homem em meios aos simulacros.
Ao abordar a arquitetura popular, nós pesquisadores acabamos inevitavelmente
por cair no problema da dualidade que há entre cultura popular e erudita ou arte popular e
erudita como sendo realidades existenciais que coabitam juntas numa relação de forças
conflituosas entre dominantes e dominados. Como então adentrar nesse universo de partidos
arquitetônicos distintos? Como abordar a arquitetura popular sem cair em generalizações,
predisposições, reducionismos e maniqueísmos perante essa dualidade? Sabemos que o
sentido da cultura e da arte na sociedade deve ser encarado em sua diversidade e alteridade,
cada qual com seus valores e significados como postulam importantes críticos de arte.
Os estudos sobre a arquitetura popular ainda são poucos no Brasil nos
departamentos de arquitetura e engenharia cuja tendência é abordar a rquitetura moderna,
contemporânea, mas escassos ainda nos departamentos de história. Se olharmos para a própria
história da preservação do patrimônio no país quanto ao que foi preservado, suas listas, talvez
tenhamos uma noção sobre essa escassez e lacunas, uma vez que o conhecimento
acadêmico/erudito e de influência na academia europeia, logrou prestígio por muito tempo na
política de preservação sob um paradigma da “cidade-monumento” ou cidade-documento”. É
fato que a insurgência cultural é uma das consequências dessa dualidade, que contribuíram
para essa situação de desprezo, exclusão, reconhecimento, preservação da arquitetura dos não
arquitetos, de sujeitos provenientes de camadas desfavorecidas pelas elites. Nossa futura
pesquisa vai de encontro a essa realidade no sentido de buscar produzir um estudo de caso
sobre a arquitetura popular no município de Macaúbas-Ba, uma realidade local, regional, em
um trabalho de história, arquitetura e memória. Mas a ideia não é uma novidade, temos
estudos mesmo que escassos, eles iniciaram com Gilberto Freyre sobre “Sobrados e
mocambos” publicado em 1936, os levantamentos em 1942 realizados pelo restaurador José
Rescalda que já documentava no interior do Ceará através de um inventário cultural um
conjunto de arquiteturas de casas populares construídas de barro e cobertas de palha, entre
outros conforme a publicação “Inventários de identificação: um programa da experiência
brasileira”, editado pelo Iphan em 1998.
Algumas ideias sobre Arquitetura
É recorrente quando se fala de história, estética e conceito arquitetônico, a
profusão de uma série de princípios levantados por Vitrúvio na antiguidade. Temos observado
em nossas leituras que uma série de autores ao delimitar a essência do que seja arquitetura,
recorrem ao “Tratado de Vitrúvio”. Essa obra foi considerada uma espécie de “Bíblia dos
arquitetos” e utilizada com muita frequência durante o renascimento. Há uma dezena de obras
publicadas, as quais lhe atribui à condição de fundador da estética da arquitetura. O arquiteto
Carlos Lemos em “O que é Arquitetura” diz que alguns de seus tratados ficaram dispersos e
vagos quando do desaparecimento de muitos dos seus desenhos, os quais ilustravam suas
teorias e que essa lacuna abriu espaço para interpretações variadas (Lemos, 2003, p. 23).
Segundo Lemos a grande contribuição vitruviana encontra-se em seus princípios, entre eles:
“solidez, utilidade e a beleza” e que estão ligados aos outros seis grandes princípios, os quais
definem essa lógica, são eles: Ordenamento/dimensão das partes, disposição/arranjo
conveniente das partes, Euritmia/harmonia, Simetria/medida e cálculo das relações entre as
partes/, conveniência/disposição das partes, destino das dependências/ e distribuição/
comodidade do lugar e prudência no fazer a obra dentro das possibilidades. (Lemos, 2003, p.
23/24).
Teixeira Coelho em “A construção do sentido da arquitetura” buscando entender
na linguagem arquitetônica a importância da semiologia, em seus estudos, também destaca
alguns princípios vitruvianos “ordenamento, disposição, proporção e distribuição” que são
inerentes à compreensão do conceito de espaço (Coelho Netto, 2009, p.18). Assim lê-se no
“Tratado de Arquitetura” de Vitrúvio:
“Na realidade, a arquitetura consta de ordenação, que em grego se diz taxis,
disposição, à qual os gregos chamam diathesis, eurritmia,
comensurabilidade, decoro e distribuição, esta em grego dita oeconomia”.
(Maciel, 2007, p.74 op. Cit. Vitruvius Pollio).
Nestor Goulart em: “Quadro da arquitetura no Brasil” pontua que no Brasil
esses princípios podem ser vistos no rigor das escadarias, colunatas, frontões em estilo
neoclássico. Percebe-se assim a preocupação com princípios estéticos, mas que estão
imbuídos numa lógica dos aspectos da construção em si como a questão da técnica que se
somam ao artístico. O discurso acadêmico dessa maneira vai atrelando-se fortemente na
tratadística italiana, como exemplo de rigor, de erudição. Mas e as expressões arquitetônicas
populares?
Para Leonardo Benévolo historiador da arquitetura e da cidade antiga, é
surpreendente o conceito de arquitetura de William Morris, “Ela representa o conjunto das
modificações e alterações operadas, devido às necessidades humanas, na superfície terrestre”
(Benévolo, 2009, p. 87). Benévolo analisando a relação entre “arquitetura e técnica” no livro:
“A cidade e o arquiteto: Método e história na arquitetura” diz que a arquitetura compõe o rol
das grandes artes universais, fazendo interlocução, por exemplo, com a pintura e a escultura.
Benévolo analisa que a arquitetura enquanto arte e como tal, carrega em si suas técnicas que
constituem atividades distintas e obedecem a modelos e correntes escolásticas universais,
desenvolvendo-se nas escolas politécnicas e academias de belas artes que ao longo da história
de suas atividades construíram um conhecimento diverso, que segundo ele envolvem
pluralidades de especializações.
Segundo Carlos Lemos em “Arquitetura Brasileira” a arquitetura seria então,
“toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com
determinada intenção plástica, para atender as necessidades imediatas, ou a expectativas
programadas e caracterizadas por aquilo que chamamos de partido” (Lemos, 1979, p.09). Essa
definição nos reporta a maneira como o homem se relaciona com o meio ambiente, na
construção e ocupação de áreas de acordo com suas necessidades e nesse sentido, o conceito
de Lemos abre prerrogativas para enquadramento da arquitetura popular como arte. Lemos
trabalhando com afinco a concepção de “partido arquitetônico”, diz que essa realidade deriva
do que ele denomina de condicionantes ou determinantes entre eles: técnica construtiva que
envolve recursos humanos, materiais e poder econômico do empreendedor associado ao
programa de necessidades, segundo usos e costumes do proprietário, e que está a pedir
modificações, em meio às demandas sociais que em parte contribuem para compor a
dimensão cultural de uma sociedade.
Veremos mais adiante no tópico arquitetura popular e desígnios, a importância
de alguns desses conceitos para nossas objeções e suas respectivas correspondências, onde
localizamos uma série de trabalhados desenvolvidos por arquitetos como: Paul Oliver;
Bernard Rudofsky ao organizarem uma enciclopédia de arquitetura popular pelo mundo com
contribuição de arquitetos brasileiros como Maria Betânia U.C. Brendle sobre arquitetura
popular e suas fachadas em Pernambuco e Günter Weimer ao analisar a arquitetura popular de
imigração Alemã e em outras partes do Brasil. O trabalho de C. Flores sobre a arquitetura
popular na Espanha.
O programa de necessidades, por exemplo, nos oferece num primeiro momento
informações sobre a relação da arquitetura e seu uso pelo proprietário, uma vez que a planta e
o programa de necessidades são importantes condicionantes do partido arquitetônico que nos
ajudam a compreender a dinâmica social e econômica do lugar, pondo a arquitetura como
elemento social interligada aos condicionantes do crescimento populacional, urbano,
desenvolvimento econômico e suas relações diretas com suas funções que conferem os
sentidos e lógica social de determinados grupos sociais.
Planta baixa e desenho/fachada de exemplar na zona rural Macaúbas-Ba, por Lucas Baisch,2011.
Arquitetura popular e desígnios
Segundo Günter Weimer em “Arquitetura popular no Brasil” o termo
‘arquitetura vernacular’ é um neologismo, para ele o termo ainda não está dicionarizado
devidamente, sendo que o emprego mais correto seria ‘populus’, popular que remete a
conjunto de cidadãos, do que é próprio de camadas intermediárias de uma população
(Weimer, 2005, p.XL). As características gerais da arquitetura popular segundo Weimer
encontram-se na simplicidade dos materiais e técnicas utilizados, as limitações econômicas, a
adaptabilidade, criatividade perante o clima numa relação direta de sobrevivência do homem
com a natureza, sendo que o distanciamento do homem ao meio ambiente se dá em função do
aumento do seu poder aquisitivo e, portanto passando a consumir produtos industrializados.
Enquanto na arquitetura popular o homem imagina e cria, na arquitetura erudita e como já
dizia Lúcio Costa há uma intencionalidade plástica com emprego de técnicas programadas
com rigidez. Mas na arquitetura popular também há uma forma plástica segundo Weimer, ela
é o resultado natural das técnicas e materiais empregados em uma longa tradição histórica
como as populações africanas, isto é, se não ocorrer à imitação desta pela arquitetura erudita
(Weimer, 2005, p.XLII). Está ideia de intencionalidade plástica é um dos pontos mais
controversos ao pesquisador que deverá estabelecer limites, se é que existe limite segundo o
autor.
Outro ícone que merece destaque nos estudos sobre a arquitetura popular, são os
trabalhos de Maria de Betânia U. C. Brendle, em especial destacamos dois trabalhos. O
primeiro é o projeto “Arquitetura popular: estudo das fachadas de platibanda do interior do
nordeste” trabalho que documentou essa vertente arquitetônica em diversas regiões daquele
Estado, tendo feitos estudos do meio, estudo das formas construídas, tipologias, sistemas
construtivos, em seus estudos na década de 1990 a autora listou dezesseis aspectos da
arquitetura espanhola levantada por (Flores, 1973, p.14-62) denominados de “atributos e
qualidades dessa arquitetura popular” (Brendle, 1996, p.43-47). Alguns desses atributos
fazem uma correspondência de ideias como: geografia e tradição; preocupação utilitária; a
escala modesta de suas dimensões, as condições econômicas, o simbolismo, o aspecto
comunitário no construir entre outros.
Outro trabalho de Betânia é a “Arquitetura Popular - Projeto Brasil 500 - Anos
de Arquitetura” projeto que reuniu e publicou um significativo volume de trabalhos feitos por
diversos arquitetos e regiões brasileiras sobre: mocambo, arquitetura do candomblé,
arquitetura popular do litoral, arquitetura de favelas, casas proletárias, arquitetura popular de
imigração dentro outros.
Esse patrimônio edificado, constituído principalmente por casas de
proporções modestas e fachadas multicoloridas com platibandas pintadas a
cal e acentuado geometrismo, é a expressão da arquitetura popular na região
do nordeste brasileiro que não figura nos inventários oficiais. Esta
arquitetura está em constante processo de descaracterização tanto pela
própria natureza dinâmica do seu processo criativo... (Brendle, 1996, p.12).
A arquitetura popular é uma forma de expressão que designa um conhecimento
concebido e originado do povo, do homem comum, ou seja, do não arquiteto, sujeito
proveniente muitas vezes de lugares e classes populares desfavorecidas política, cultural e
economicamente. Na nova historiografia estudamos esses efeitos numa relação também entre
cultura erudita e popular, entre dominantes e dominados, Estado e poder. Esse tipo de
expressão é bastante influenciado por essa condição econômica, e daí um ponto crucial que
diferencia a arquitetura popular da erudita, segundo Betânia Brendle, é a que diz respeito à
escala, ou seja, o tamanho, diz ela que “a escala modesta da arquitetura popular, longe de ser
uma opção arquitetônica, é decorrente da situação financeira do proprietário e da
disponibilidade dos materiais de construção de cada região” (Brendle, 1996, p.12).
Dessa forma de acordo com os ensinamentos de Betânia a arquitetura, como
produto de manifestação, expressão material reflete na convivência do homem com a natureza
e a sociedade, de fatores políticos, étnicos e religiosos, nos remetendo a outras realidades
como as edificações de nossa região, onde o aspecto da modéstia, não é mesmo uma opção,
mas sim uma condição, como a disponibilidade de recursos financeiros para o emprego de
eventuais técnicas e ou materiais para sua construção, tendo que recorrer assim à natureza. E
como pontuou acima Weimer quando do progresso e desenvolvimento econômico essa
manifestação sofre naturalmente processos que culminam em mutações.
a arquitetura popular é o resultado do trabalho criador do “homem pobre”
refletindo as necessidades do seu dia-a-dia, utilizando a sabedoria popular
nos métodos de construção, na escolha de materiais de acordo com sua
disponibilidade (...) A arquitetura popular expressa uma “liberdade de
criação” através do uso de cores, de elementos decorativos, dos elementos
marcantes de sua plasticidade, na composição de uma arquitetura “despojada
e simples” (Brendle, 1996, p.14).
De acordo com Betânia Brendle há uma “tendência de atribuir o termo
espontâneo às manifestações de arte popular, e principalmente, ao ambiente construído pelo
próprio povo. Isto não tem fundamentação científica” (Brendle, 1996, p.15) Essas críticas às
pesquisas que utilizam termos como ‘anônima’ e ‘espontânea’ aplica-se, por exemplo, ao
pensamento de Paul Oliver, para ela já temos condições suficientes para identificar a autoria
da produção arquitetônica e que a repetição de modelos previamente estabelecidos, está longe
de ser espontâneo, refletindo assim a persistência nas tradições no construir.
Observamos assim como a arquitetura popular é um fenômeno existencial, uma
forma de arte produto da cognição humana, muito peculiar a um contexto, lugar e grupos
sociais, repletos de significados.
Ex
emplares em Macaúbas-Ba, fotos: Lucas Baisch, 2011
Estudos numa perspectiva entre História e arquitetura: a urgência de novos olhares
Os estudos história e arquitetura popular encaminham o pesquisador para um
campo diverso e complexo de relações sociais, como homem-casa, homem-trabalho, homem-
cotidiano. Os caminhos e investigações para se apurar essas relações podem partir de
disciplinas como: história cultural e história social, e nesse sentido percebe-se suas
contribuições para o fortalecimento das expressões e experiências humanas, hábitos, cotidiano
privado e doméstico, comportamentos do sujeito na história e em determinados lugares, as
perspectivas dos aspectos culturais, todas essas contribuições dos aspectos epistemológicos da
produção historiográfica podem nos ajudar, e ajudar o arquiteto a desenvolver também seus
temas de pesquisa que necessitam de apuração histórica. No que compete a literatura e mais
específica sobre a arquitetura linhas de pesquisa como a história da arquitetura e do
urbanismo, história da cidade e história urbana, geram trabalhos interessantes, os quais podem
estreitar nossas visões como historiador, ficando assim mais claras algumas questões ao
acessar textos sobre cultura da arquitetura, história conceito e evolução para tocar no objeto
de análise que estamos tratando aqui, congregando assim um uma dialógica entre arquiteto e
historiador dentro de um campo promissor de relações possíveis. Outro campo do saber muito
propício é a antropologia cultural, interpretativa, com a ideia do simbólico. O princípio da
interdisciplinaridade, ou circularidade de ideias, pode assim representar uma série de
alternativas, saídas, para um campo e mesmo complexo de relações possíveis entre diferentes
métodos de trabalhos entre: arquitetura, história e antropologia. Anteriormente no ocupamos
sobre arquitetura e arquitetura popular, agora veremos um pouco as possibilidades de abordar
a arquitetura numa relação entre história e a antropologia.
A contribuição da antropologia está presente em diversos trabalhos, mas um em
especial chama nossa atenção pelo grau de aceitação na academia, ou seja, as perspectivas da
teoria da semiótica/simbologia ou teoria de significados do antropólogo Clifford Geertz que
escreveu em 1973 “A interpretação das culturas”. Nota-se assim que a base de seu
pensamento está expressa na teoria da semiótica, “Teoria geral das representações que leva
em conta os signos sob todas as formas e manifestações que assumem” (Houaiss, 2001,
p.2543), nesta obra ele propõe analisarmos o conceito de símbolos que segundo ele contém
significados que precisam ser traduzidos e compreendidos. A semiótica seria assim uma
ciência para interpretação de significados que há no universo cultural a partir das vivências e
observações em campo, como ponto estruturante de um grande canteiro de trabalhos de
antropólogos denominado de etnografia, onde “praticar a etnografia é estabelecer relações,
selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um
diário” (Geertz, 1978, p.15). Desse modo é na etnografia que códigos sociais são
interpretados, decifrados, classificados dentro de hierarquias provenientes de clivagens, as
quais possuem sentidos, ou seja, significados, e por isso são denominados de simbólico ou
cultura do simbólico. Determinado código dessa maneira representa uma base, expressão
social e suas relações com determinados grupos de indivíduos, em um lugar e contexto.
Consideramos essa teoria importante e que de fato subsidia o historiador e arquiteto em suas
pesquisas, pois o que faz o historiador e o arquiteto se não uma busca pela interpretação da
cultura, de bens culturais, de traduzir códigos e suas linguagens dentro dos períodos da
história, associado a lugares, pessoas e o tempo.
Mas quais são as ideias de teoria e empiria na antropologia, e como essa pode ser
acessada por arquitetos e historiadores? O método da “redução de escala de análise”, também
conhecida como “descrição densa ou microscópica”, seria uma ideia prática, para uma
estrutura de narrativa, porém segundo Geertz outros antropólogos fazem interpretações em
grande escala. (Geertz, 1978, p.31).
Segundo suas prerrogativas, um historiador ao selecionar um tema (arquitetura
popular e os seus desígnios no alto sertão da Bahia) este deverá recortá-lo, reduzindo o espaço
e o tempo a ser pesquisado, onde ao fazer a descrição densa, ou exaustiva deste objeto,
estaríamos nos aproximando mais de sua realidade histórica, algo menos superficial, numa
análise mais intimista com suas particularidades e especificidades, assim na arquitetura cada
um de seus elementos possui significados, o programa construtivo e seus materiais
empregados, a ideia de hierarquia e espacialidade, ou seja, ocupar determinado espaço por
alguém ou coisa, tem lá uma série de significados que precisam ser traduzidos, bem como
uma série de outros elementos das estruturas edificadas. Essa metodologia de reduzir a escala
contribuiu para o desenvolvimento da corrente da micro-história, a exemplo dos estudos
intensivos com determinado conjunto de documentos de onde se extrai das generalizações
suas especificidades, assim é possível relacionar esses estudos de casos na prática
historiográfica na perspectiva de Geertz onde “fatos pequenos podem relacionar-se a grandes
temas” (Geertz, 1978, p.34).
Na historiografia presenciamos aceitação acadêmica das ideias da historiografia
francesa, e numa perspectiva da história cultural, para a reescrita de uma nova história para
trabalhos que foquem novos, lugares, objetos, sujeitos e o seu cotidiano ainda pouco
conhecidos, essa demanda nos sugere uma história local pautada em estudos como o
cotidiano, os saberes e fazeres locais, memória coletiva”, identidade cultural, a observar as
semelhanças e diferenças, a permanência e mudanças de costumes, seja, pela abstração no
processo histórico e da lógica cognitiva das ações humanas que partem do individual para se
constituírem uma coletividade, cuja materialidade e imaterialidade simbólica são percebidas e
analisadas com “as maneiras de fazer” do “sujeito ordinário”, da “arte de viver” e as ideias de
“práticas e representações”, presentes nos estudos de Michel de Certeu e Roger Chartier,
respectivamente.
Michel de Certeu “A invenção do cotidiano - Artes de fazer” denominou de
“formalidade das práticas” e “as maneiras de fazer” as objeções do “sujeito ordinário”. Tais
reflexões sobre as evidências da cognição humana podem ser assim, extraídas na arquitetura
popular a partir da técnica, como aspecto que nos informa as maneiras de construir, os
materiais utilizados, mão de obra local, os condicionamentos econômicos, sociais e
geográficos, como o clima e como prática cultural. A partir daí abre-se outros dois
importantes processos de reflexão sobre as concepções da moradia e do trabalho. Segundo
Certeu há duas possibilidades gerais de desenvolver este tipo de abordagem, uma encontram-
se na “problemática da sociologia urbana” com os quais o pesquisador poderá levantar dados
quantitativos sobre o espaço e arquitetura e outra na “problemática da análise sócio-
etnográfica”, ou seja, o estudo propriamente dito do sujeito em sua vida cotidiana.
Assim as práticas e fazeres dos “sujeitos ordinários” como procedimento dialético
a ser lançado sobre determinados cotidianos, está na órbita tantos dos estudos de Certeu e
Chartier que também trabalha com o conceito de práticas, apropriações e representações para
produzir conhecimento sobre o cotidiano, permeado por uma história cultural a partir das
“operações historiográficas”. A “arte do fazer” assim seriam as tradições e astúcias que são
encobertas pela cientificidade e suas erudições, escreve Certeu que:
toda atividade humana pode ser cultura, mas ela não o é necessariamente ou,
não é forçosamente reconhecida como tal, pois, para que haja cultura, não
basta ser autor das práticas sociais; é preciso que essas práticas sociais
tenham significado para aquele que as realiza.” (Certeu 1994, p. 142).
Interpretar a lógica e o sentido social da arquitetura popular, seus feitos de cunho
social, prática cultural é mergulhar no universo de suas apropriações, inventividade, atos,
regras, valores, táticas em seu desenvolvimento perante o seu cotidiano, e isso nos implicam
em procurar embasar dentro dessa lógica social as apropriações e inventividade perante o jogo
das relações de poder. Certeu afirma que a “Inversão de perspectiva e criação anônima resulta
num processo natural de resistência “a força de sua diferença se mantinha nos procedimentos
de consumo”, essa resistência se dá perante o jogo de poder pode ser interpretado na relação
comparativa entre dominantes e dominados, nas “estratégias e táticas” (Certeu, 1994, p.40).
Ainda sobre a resistência do “homem ordinário” Certeu capitula que “o homem
ordinário” inventa o cotidiano com mil maneiras de “caça não autorizada”, escapando
silenciosamente a essa conformação, aos “murmúrios das sociedades”. Essa invenção do
cotidiano se dá graças ao que Certeau chama de “artes de fazer”, “astúcias sutis”, “táticas de
resistência”, ou seja, não consumir o produtos passivamente procurando outras vias de
consumo através de sutilezas que vão alterando os objetos e os códigos impostos e
estabelecendo assim uma reapropriação do espaço e do uso ao jeito de cada um.
A uma produção racionalizada, expansionista além de centralizada,
barulhenta e espetacular, corresponde outra produção, qualificada de
‘consumo’: esta é astuciosa, é dispersa, mas ao mesmo tempo ela se insinua
ubiquamente, silenciosa e quase invisível, pois não se faz notar com
produtos próprios, mas nas maneiras de empregar os produtos impostos por
uma ordem econômica dominante. (Certeu, 1994, p. 39).
Esses conceitos estão assentados nas interlocuções na busca por desvendar nos
estudos do cotidiano a realidade social, em sua lógica evolutiva e construtiva. As
representações constituem assim uma diversidade, marcada pelas diferenças e dependências
entre si, num jogo de tensões (Certeu, 1990, p. 16). Os indivíduos, são diferentes em sua
organização, posição social, gerando relações distintas, essa condição gera aspectos como
imposição, dominação, resistência, tradição, diversidade e apropriação na lógica das
representações.
Nos estudos de Roger Chartier em “A História Cultural: entre práticas e
representações” a arquitetura popular pode ser investigada partindo dos seus princípios de
materialização e extraídos desses princípios os aspectos intangíveis dos sujeitos, que está
expressado em suas práticas culturais, ou seja, o fazer.
História Cultural deve ser entendida como o estudo dos processos com
os quais se constrói um sentido, uma vez que as representações podem
ser pensadas como “[...] esquemas intelectuais, que criam as figuras
graças às quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se
inteligível e o espaço ser decifrado” (Chartier,1990,p.17)
É preciso levar em consideração que as nuances e diferenças de tais práticas, seja
na apropriação e sua ressignificação em meio à diversidade e o jogo de forças que Chartier
denomina de tensões entre outros autores de resistência. Há assim uma necessidade de
compreensão dos sujeitos através dos seus saberes e fazeres, os quais constroem parte de uma
unidade lógica, ou seja, a identidade cultural presente em nossa realidade social (Chartier,
1990, p. 9-10). Essa lógica social seria o entendimento da condição social, política ou
econômica do sujeito em meio a essas tensões e resistências no momento das “apropriações e
suas representações” as quais podem ser refletidas com a busca pela resposta das indagações
acima, que muitas vezes nos abstraímos sobre sua essência e lógica.
Considerações finais
A arquitetura popular é um fenômeno, fato, discurso de uma época, texto que nos
informa sobre algo, alguém, seus fatores e ocorrências em determinados lugares e contextos,
os quais precisam ser observados e problematizados em busca de explicações, apurações. Essa
ótica de análise urge por novos estudos e, sobretudo nos departamentos de história, pois além
de sua contribuição para o estudo das evidências de técnicas construtivas, dos hábitos de
morar e trabalhar presentes nestas estruturas edificadas, também pode contribuir para a
preservação de suas materialidades e imaterialidades, como a invenção, os desejos, sonhos do
homem, o capricho em lutar por morar de forma confortável, a preocupação com a estética, ou
seja, é uma fonte importante que gera diversas caminhos de pesquisas e interfaces para nós
historiadores e antropólogos, promovendo a circularidade de ideias.
De nossas apreensões sobre o viés da arquitetura popular e a partir de nossas
experiências sobre os estudos das expressões populares da arquitetura macaubense em
práticas projetuais, a arquitetura apresenta-se para nós como um elemento, uma perspectiva de
compreender a arte, os modos de fazer do sujeito expresso na materialidade, engendrada de
técnicas construtivas, das influências econômicas e da própria natureza como pontua Carlos
Lemos em sua denominação de “partido” que à priori abre nossas reflexões sobre a relação da
arquitetura com a sociedade. Vimos como a leitura dentre outros teóricos da arquitetura
podem estreitar a relação arquiteto e historiador e a contribuição da antropologia com o viés
da etno-história. A história social e seus aportes contribuem dessa forma para nossas
percepções sobre os usos e costumes entre eles as técnicas, funções de moradia, trabalho,
numa abordagem interdisciplinar.
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