IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5
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AS DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ NO BRASIL DA TRANSIÇÃO SECULAR: 1897‐1912
Ramsés Nunes E Silva [email protected]
(UEPB)
Resumo A dimensão histórica que teceria o embate de universos cristocêntricas e laicstas entre o final do Oitocentos e o início do século XX se constituiria numa factualidade palpável nos dois lados do Atlântico.Especificamente no que diz respeito à elaboração de práticas que se contrapunham. Todavia, naquela conjuntura, os suportes normatizadores sócio‐culturais que se constituiriam voltados para os espaços instrucionais, caracterizados como internatos, se mostrariam complexos. Especialmente por se mostrarem proponentes de uma escola confinada múltipla. Nossa pesquisa, fruto de uma tese de doutoramento, se lança exatamente sobre as representações elaboradas para os internatos confessionais a partir do combate à secularização da instrução na transição entre os dois séculos.Tece olhares sobre a culturas manifestadas para o confinamento refletindo sobre a forma como as instituições confessionais dialogaram/combateram a nova conjuntura instrucional. Especificamente a que se abateu em Pernambuco e Paraíba a partir da congregação Damas da Instrução Cristã. Instituição belga dedicada à implantação de alguns dos mais importantes internatos entre os dois estados. Também espaço de manifestação do que entendemos serem práticas instrucionais de confinamento elaboradas no transcurso das adaptabilidades e das dicotomias, do disciplinamento e das equiparações, do apartamento da secularização mas também do uso de alguns de seus símbolos.Para tanto desdobramos uma análise dos manuscritos internos e particulares que foram produzidos pela instituição e por dados protagonistas ligados à ela, ao longo da fundação de sua primeira escola‐internato no Brasil, para comparar com as demandas sócio culturais delimitadas pela expansão das práticas escolares consideradas profanas.Manifestação que impelia instituições como as Damas em sua confessionalidade a se afirmarem enquanto bases de fixação dos ditames da Sé romana. Aspecto de forma alguma simplista haja vista o internamento ter se mostrado adaptável às condições da secularização educacional no Brasil. Palavras‐chave: Internatos. História da Educação. Instituições Católicas.
O quadro mundial de conflito que era discursivo e que foi responsável pela construção da
imagem dos internatos junto às esferas culturais cristalizadas em favor de dada educação a ser
implantada entre os séculos XIX e XX prescrevia, independentemente da fundamentação, uma
instrução confinada em muitas de suas agendas. Algumas delas transformadas em estandartes de
luta entre as diversas alas da educação cristocêntrica.
Dado que, ao mesmo tempo, não é exatamente simples de inquirir, haja vista outros
condicionantes que eram políticos, econômicos e sociais. Os mesmos que acabavam por
influenciar diretamente, àquela altura, a implantação de determinados quadros pedagógicos
também de fundo cultural e de forma alguma neutros (CHARTIER, 1990, p.17). Este último aspecto,
um elemento histórico, como entendemos ter sido, da mesma forma, a necessidade postulada
para a fundação e manutenção de espaços de instrução denominados internatos, estando aqueles
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espaços apresentados como solução a múltiplos projetos. Entre eles, para os católicos, a fuga da
secularização. Fenômeno este cada vez mais firme ao se transpor a fronteira entre os dois citados
séculos.
Significativo é constatar que acabava mesmo em curso uma tentativa renovada de
monopólio da instrução, lançado ou reforçado junto à representação do confinamento na condição
de signo, fosse cristocêntrico ou, do contrário, laico (SCHUELER, 2008, p.6). Aspecto que acabou
por desaguar em dispositivos marcantes de fixação de preceitos, encetados nos dispositivos que se
queriam absolvidos. Especialmente se fossem legitimados por todo um cabedal de dísticos,
representações e matrizes filosóficas. Aquelas, lembremos, construídas pelos intelectuais europeus
que comporiam seus livros, moldando certo internato a partir de uma série de matizes.
Se a esfera do embate circunstancial contido ali, protagonizado em parte pela Igreja e
também pelas forças intelectuais secular laicas, a se desenrolar como verdadeira trama
mundialmente, foi tecida por discursos afirmativos, ela também acabou se materializando
exatamente na concretude das ações que se desenvolveram no sentido de se construírem colégios
a partir dos preceitos defendidos e universos culturais distintos, mas também muito próximos.
Afinal, a própria representação da secularização manifestada como base para a reação católica ao
ensino laico de forma múltipla se reforçou ano a ano como dispositivo simbólico da implantação
do liberalismo, da marcha pelo progresso e do evolucionismo, donde se moldava a interpretação
da instrução como aporte que fixava aquelas demandas e que faziam congregações e intelectuais
se lançarem a propor o internamento educacional.Este mesmo que se moldaria à representação da
sociedade que se normatizava secular.
Ali se queria a criança sob vigília, normatizada pela disciplinarização, ocupada pela vivência
contínua sob o olhar de mestres e inspetores. Respirava‐se “o ar do confinamento”, já dizia Perrot
(1991, p.45), e a cultura constituída dentro e fora dele como postulado que atingia diversas
iniciativas, embora aos católicos e protestantes se destinasse uma ênfase acirrada daquela ordem
discursiva em meados do Oitocentos sob pena de perda de territorialidade com as quais se
ressentia a escola confessional da secularização.
Aspecto verificável na última década do século XIX (BARROS, 1983; AZZI, 2008) e nas
primeiras décadas do século XX como disputabilidades de espaço, onde no Brasil os grupos
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escolares e liceus já se faziam presentes, mesmo que ainda não tão homogeneamente (PINHEIRO,
1994, p.240), e onde os colégios cristocêntricos se queriam projetar dominantes. Tanto os
dedicados à instrução de meninos quanto meninas. Bases sólidas para manifestação de repertórios
afirmativos que, se muitas vezes se contrapunham, na maioria dos projetos, também se ajustavam
às necessidades normativas impostas pelas legislações e atributos normativos implantados pelos
regimes governamentais.
A partir das Encíclicas e da Militância católica, que entendemos legitimariam e valorizariam
uma cultura instrucional de confinamento atuante, constituir‐se‐iam ações deliberativas que
tinham como efeito uma resposta imediata na Europa àquelas preocupações pontificiais que
também causavam impacto, entre as alas intelectuais católicas 1, sequiosas por espaço entre as
estruturas de poder. Entre elas as lançadas sobre a esfera pedagógica, sendo a instrução carro‐
chefe de uma campanha pelo retorno à tutela eclesiástica dos assuntos que diziam respeito à
formação. Nos círculos mais ortodoxos, também de uma legitimação expressa pela instrução da
infalibilidade da autoridade clerical.
Fossem as alas conservadoras ou progressistas, ambas se embrenhava num caldo
controverso que tentava ler a transição, apostando nas práticas inerentes ao novo momento.
Estando, como estavam já prescritas, a escola católica e daí o internato como sustentáculos do
front instrucional, voltados para o combate à secularização e laicização, distinguiu‐se finalmente
uma multiplicação dos esforços por criação, manutenção e expansão de espaços instrucionais sob
as mais diversas nomenclaturas (MOURA, 2000, p.12) 2. Principalmente após duros golpes
impingidos pelo liberalismo revolucionário (CAMBI, 1999,p.342).
Não só no sentido de fundamentar e exortar a existência de simbologias e signos
reforçando a escola cristocêntrica como antítese a escola laica, aspecto intenso, mas também no
tocante ao esforço despendido pelas congregações européias em se fazerem presentes fora do
velho continente (BARROS,1981, p.33), (SANTOS, 2000, p.113). O grande empenho da Sé Romana,
que havia se manifestado a partir da construção discursiva de uma escola católica como espaço de
1 O Comunismo, a Maçonaria, o casamento civil, a laicização da instrução correspondiam a algumas das discussões levantadas pelo Vaticano.
2 MOURA, Laercio Dias de, A educação Católica no Brasil, São Paulo: Loyola, 2000
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manutenção da moral confessional, enfim seria transformada em materialidade.
A transposição de instituições escolares católicas para o Brasil, e mais especificamente para
cidades como Recife, decorreria como uma verdadeira onda de ocupação que desaguaria nos
portos da América Latina3. Outra manifestação ligada àquela conjuntura seria a intervenção direta
dos arcebispos na fundação de colégios diocesanos e congregacionais na tentativa de seguirem à
risca os ditames consagrados pelas seguidas encíclicas, servindo aqueles líderes como agentes dos
interesses tanto da Sé romana quanto dos poderes locais.
Ação que seria centrada, segundo Azzi (2008, p.11), no que representava uma tentativa de
arrolamento de funções a serem reconquistas àquela sociedade brasileira a laicizar‐se, e que, até
então, segundo o que argumentava a Igreja, depredava as funções secularmente destinadas a
serem de competência desta instituição. Por ocasião da proclamação da República e da
Constituição de 1891:
Segundo os prelados com a organização do Estado leigo, a partir da proclamação do regime republicano, a instituição eclesiástica fora marginalizada da vida pública e social. Por essa razão estavam eles realizando um esforço afim de reconquistar uma situação de privilégio para a crença católica, sob a alegação de que se tratava de um direito assegurado pela própria tradição cultural do pais. De fato, a idéia ampla de sacralidade se afunila, em termos concretos, num plano para recatolicizar o pais (BARROS, 1981, grifos nossos) 4.
De pronto: foi marcante a efetiva expansão das organizações eclesiásticas, mundo afora, e a
respectiva fundação de uma cada vez maior quantidade de congregações vinculadas ao trabalho
docente, bem como colégios ligados diretamente aos interesses dos governos pontificiais locais e
regionais. Ao mesmo tempo, distinguia‐se uma diversificação de searas conflitivas que poderiam
atingir as pretensões de implantação da escola católica, donde um acirramento da transposição de
uma quantidade expressiva de instituições religiosas em direção à América do Sul se manifestava.
Não sem motivo. Segundo Barros (1981, p.34): "O vaticano concentrou recursos no revigoramento do
trabalho missionário".
Todo aquele aparato legitimador acabou transformado em tijolos e cimento, suficientes
3 O Porto de Recife seria de suma importância nesse aspecto, pela transitoriedade das congregações que desembarcando ali se deslocavam para outros estados.
4 BARROS, Sergio Miceli de, A Elite Eclesiástica Brasileira (1890‐1930), Tese de Doutorado, Unicamp: SP, 1981,
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para enraizar aquelas instituições que se articulariam fora da Europa, tanto se aliando às
deliberações episcopais quanto aos interesses de lideranças locais. Atributo usual enquanto práxis
onde se planificaria – e realizaria – certa barganha na formação das elites agrárias e urbanas, sob a
batuta de congregações dedicadas à instrução masculina ou feminina.Não sem oposição, como no
caso das instituições instrucionais protestantes, assistencialistas e benemerentes e respectiva
imprensa secularista. Esta não poucas vezes dedicada à crítica aos colégios católicos. Aspecto
contraditório, pois que se baseavam muitas instituições seculares ou laicas nas práticas de
confinamento justamente como simbologia e como representação cultural.
O que evidentemente se diferenciava, naquele momento, era a profusão de iniciativas
católicas, estimuladas, também contraditoriamente, a se adaptarem inclusive às realidades
impostas pelas agendas republicanas e do liberalismo secularizante. Afinal, a própria Igreja
brasileira estava dividida entre um clero quiçá liberal, dado a dialogar a partir de um discurso
centrado numa Igreja nacional, e outra mais preocupada em ratificar uma pretensão
universalizante da Sé representada pelo ultramontanismo. De significativo era a preocupação
daquelas alas católicas com a tomada de espaço necessário à ratificação de seus preceitos
dogmáticos pela instrução (BARROS, 1981, p.34). A manifestação no Brasil daquele arrefecimento
católico, em várias frentes, a partir da presença no país de congregações dedicadas a instrução,
representou fenômeno real ao se materializar como disposição que abria uma frente, mesmo que
de âmbitos diferenciados, mais ou menos homogênea, no sentido de se instalarem novamente
escolas católicas pelo território brasileiro. Especialmente no Nordeste, tanto nas capitais quanto no
interior. Condição diferenciada do enclausuramento em que se encontravam educadoras e
educandos nos chamados recolhimentos coloniais5. Um aspecto que se fez realizar marcadamente
ao se reforçar e/ou reformar uma estrutura que também já existia sob condições específicas. A
representação de culturas instrucionais de confinamento redimensionaram distinções enquanto
base para as instituições totais que se representavam, no decorrer também e, especialmente,
dessa nova conjuntura.
No Nordeste da transição e em cidades que haviam acelerado seus processos de
5 Estavam em anexo aos conventos beneditinos, franciscanos capuchinhos, escolas internato de confissão católica.
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urbanização nos anos finais do século XIX, tais como Recife (GUERRA, 1992,p.123), na última
metade do Oitocentos já estava a se manifestar a patronagem do Bispo Dom Manuel de Rêgo
Medeiros a interceder junto ao Cardeal Antonielli, secretário de Pio IX, para voltarem os padres da
Companhia de Jesus ao estado, e para ali fundarem um internato. No lugar do antigo liceu
provincial funcionaria o primeiro internato jesuíta Oitocentista, denominado Colégio São Francisco
de Sales (BELLO,1978, p.169) 6.
Um fator que, de outra forma, também delimitou a inclusão sensível da feminilização e
normatização do próprio catolicismo brasileiro (NUNES, 2001, p.491) que encetava a presença da
mulher, circunstancialmente, sob a ingerência da autoridade clerical. Assim, toda uma conjuntura
de reestruturação da classe eclesiástica se fazia presente a partir da colocação em prática dos
ditames prescritivos lançados pelas lideranças regionais da Igreja no sentido de propiciarem as
melhores condições para a criação de nichos católicos que se dispusessem a proteger certa
clientela discente e, se possível, terem seus internatos subvencionados. Ação que não ficou restrita
à ordem discursiva.Pelo contrário, reafirmava‐a e intensificava ao longo dos anos.
Atendiam aquelas instituições ao chamado pontifício pela afirmação da confessionalidade
da educação a partir de circunstâncias determinadas, como já bem sabemos, mas também a
fenômenos sociais que se manifestavam em curso. Entre eles, a distribuição e delimitação de um
magistério feminino de base religiosa, a partir da arregimentação de freiras como educadoras.
Fenômeno inclusive que já era efetivo mesmo antes de se apresentar em marcha uma feminização
do magistério laico. As religiosas, passo a passo, saiam dos claustro e dedicaram‐se a educação
(NUNES, p.491).
Foi expressiva a arregimentação sob o escrutínio de intelectuais e lideranças, as mais
diversas, pela implantação da tutela de seus filhos exercida pela figura da freira, que inclusive
passou a ser vista como uma opção no sentido de representar uma imersão tutelada da mulher no
mundo do trabalho ou em graus de instrução e relações de poder (NUNES, p.494).
Da mesma forma, em detrimento da imagem discursiva criada por certos círculos
intelectuais católicos ou secularistas do educador padre, aquele ainda era presença firme nos
6 Segundo Bello (1978, p.169) situado a Rua do Hospício, Recife. Estaria no centro dos conflitos da chamada "Questão Religiosa" que tornaria inviável a permanência dos jesuítas no Brasil, pelo apoio dado a D.Vital em sua empreitada.
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liceus e escolas normais espalhados pelo país, característica mantida firme em estados como, por
exemplo, Pernambuco e Parahyba do Norte. Somente a Igreja e seus agentes eram publicizados
pelos círculos católicos como os detentores de uma legitimidade suficientemente reconhecível em
matéria de administração da instrução. O aparato educacional atrelado às instituições escolares
católicas, enfim, se mostraria em pleno processo de implantação. No âmbito do reforço realizado
pelos líderes da Igreja, entre eles Pio IX (1846 – 1878) e Leão XIII (1878 – 1903), em seus longos
pontificados, responderiam prontamente salesianos, maristas, Irmãs dorotheias, Irmãs do Sacre
Couer, Damas da Instrução Cristã, entre outras ordens, que foram fundadas na Europa e se
instalaram em Pernambuco. Segundo Nunes (2001, p.23):"Dessas iniciativas, a mais carregada de
efeitos para as mulheres foi a criação de uma rede formidável de escolas católicas, sob a direção de
religiosas estrangeiras".
O matiz patrimonialista, assim como as instâncias que se disporiam a aceitar e a promover
a chegada ao Nordeste do Brasil, nos primeiros anos da Republica, de congregações como as
Damas da Instrução Cristã, em Pernambuco, bem como a fundação de Colégios Salesianos
condicionados a atenderem a iniciativa dos Arcebispados para uma demanda por escolas
confinadas para meninos seria apenas uma das representações e manifestações às quais
pertenciam a grande descontinuidade causada pela cultura que se queria cada vez mais reafirmar:
a que se fizesse confinada.
Podemos daí identificar que por vias distintas se chegava a um denominador cultural em
comum. Na instalação de congregações estrangeiras e na fundação dos colégios diocesanos se
prontificavam as lideranças católicas, quer fossem bispos ou madres superioras representando suas
congregações, a legitimarem aquele propalado universalismo dos colégios católicos como espaços
de resistência ao mundo tornado secular. Não podemos esquecer, todavia, que algumas condições
díspares são determinantes nos processos de embate manifestados no trânsito das sociedades
européias com seus projetos de instrução. Já na realidade brasileira, com uma condição diversa, o
quadro cultural era complexo.
Primeiro por serem as realidades estruturais e de relações de poder no velho mundo muito
mais dicotomizadas, a exemplo: mundo liberal laicista versus mundo espiritual‐clerical. No Brasil,
essas mesmas relações eram cimentadas por certas continuidades onde os partícipes das
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estruturas de poder na República eram muitas vezes padres, que recentemente comungavam de
privilégios na monarquia.
Outrossim era que a recepção das congregações se ajustaria a interesses muito mais
centrados nas relações oligárquicas que independentemente das reformas pedagógicas e da
reestruturação republicana patrocinada pelos sucessivos governos aderiria a cultura instrucional
de confinamento. Da mesma forma, os colégios internos representativos das dioceses que
acabariam por sedimentarem nichos de escolas secundárias dedicadas a reafirmar a necessidade
de negar a laicidade da instrução como referencial.O mesmo fenômeno que se constituía
implicitamente na reafirmação apologética e na publicização do internato como solução de
problemas morais para a sociedade que se afirmaria nos periódicos circulando entre os meios
letrados.
No tocante à implantação daquelas instituições no transcurso entre o Oitocentos e o século
XX, estados como Pernambuco já apresentava algumas instituições de grande importância, mesmo
antes da chegada de congregações como as Damas da Instrução Cristã em 1897, entre eles o
Ginásio Pernambucano.
Para Silva (2003, p.42), aquele momento no interstício entre os dois regimes se configuraria
como primordial na delimitação de frentes de ocupação católica dos espaços de instrução dados a
confinar. Afinal, a opção por instituições disciplinares que se constituíssem no vácuo de certa
inaptidão do Estado para instruir as elites urbanas e agrárias era um fator que se somava ao
movimento mundial de patronage7,um instrumental poderoso na fixação dos colégios Diocesanos
e Congregações dedicas a instrução de confinamento. Para Silva (2003, p.46): "Simultaneamente
vários setores da Igreja passaram a demonstrar uma certa vitalidade, provocando o surgimento de
uma série de novas congregações religiosas"
Iniciada a década de 1890 e utilizando certa concórdia momentânea entre o Estado
republicano e a Igreja (CURY, 2001; SCHWARTZMAN, 1996; SILVA, 2004) as lideranças clericais se
lançariam a manobrar no sentido de proverem suas dioceses de congregações e colégios
7 Fenômeno de arregimentação das ordens religiosas para iniciarem atividades de instrução. Durante a transição representaria uma das principais formas de cooptação realizadas pelos bispos para apoiarem a instalação de colégios internos na Europa e no Brasil.
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diocesanos que se responsabilizariam pela manifestação dos preceitos romanizadores e
ultramontanos de instrução. Inegavelmente, entre eles, os internatos. Uma cultura do
confinamento e das práticas de internar se projetariam cada vez mais fortes, reforçados por uma
sociedade disciplinar.
A arregimentação papal feita por Leão XIII, no sentido de se constituírem tanto a fundação
de congregações dedicadas a instrução católica, quanto o lançamento das mesmas em missão
apostólica no Brasil, no combate a secularização de costumes, estaria na mesma seara de ações em
que situava‐se a fundação dos colégios Diocesanos que seriam reforçados por todo o território
eclesiástico brasileiro. Acabavam sendo aquelas ações representativas de parte de uma dimensão
combativa de natureza muito próximas. Incidiam diretamente sobre o inciso 72 da constituição de
1891. Especialmente naquela última década do século XIX quando, sobre designações diferentes,
os católicos marcariam posição na afirmação do confinamento como instrumental educacional.
Evidentemente, com algumas disparidades, dadas às convergências de esforços e origem das
respectivas intervenções, que eram de tempo e lugares diferentes, e em alguns aspectos
estruturais e de fundamentação distintos. Uma dimensão de representação que se afirmaria sob
estandartes correlatos embora fossem dedicados a instrução feminina ou masculina.
Aspecto que devemos identificar para melhor compreendermos certo gráu de circulação de
dados prescritivos, elementos normativos e aparatos de poder mais específicos e locais. A
diferença recairia, entre outros aspectos, na dimensão das congregações femininas dotadas de
constituições específicas coadunadas pelas encíclicas. Dentro desse espírito de combatividade e
missionarismo se prontificaram aquelas instituições a deslocarem‐se da Europa para o Brasil. Ali
adaptando‐se às condições materiais, políticas, e dentro da estrutura e hierarquia da Igreja,
também diocesanas.
Todo um aparato fundamentado no apoio às lideranças diocesanas seria proporcionado pela
facilitação protagonizada pelos bispos em carácter intervencionista donde atuavam como
intermediários entre as deliberações do Vaticano e as congregaçõesdas donde acabavam como
patronos. Na condição de Bispos seriam efetivamente, como representantes de Roma, como
"agentes" exercendo plenos poderes para arregimentar congregações e instalá‐las a serviço dos
dispositivos atrelados à instrução prescrita pela Sé romana, que se propagavam
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intermitentemente, naqueles últimos anos do século XIX. Na Europa, papel que também era
realizado por padres seculares a executarem funções de coadjutores dos interesses daqueles
Bispos na "nova cruzada". Transformando a convocação daquelas instituições, a se lançarem à
América do Sul, numa frente de combate aos modelos instrucionais considerados secularizantes.
Não significa que os objetivos se restrigissem a essa missão, pelo contrário, estavam
firmemente cimentados em relações muito mais complexas e constituídas ao longo da formação
de uma estrutura sólida de alianças e programas muito bem definidos de "conquista de espaço".
No Brasil, inclusive, significaria uma espécie de continuidade, sob outros condicionantes, das
relações oligárquicas que já tinham fomentado uma ordem societária clerical de grande influência
política (CARVALHO, 2003, p.45). Algumas dessas relações se afirmando na fundação de bases de
poder a partir de uma elite letrada que se formaria por intermédio das instituições católicas. Uma
parte dela atuando futuramente nos cargos eletivos e de relações de poder, nas mais diversas
esferas. Haja vista a grande parte de seus rapazes e moças ingressarem na vida política,
bacharelística e religiosa na condição de padres, freiras advogados e políticos. Funções de alto
prestigio na nova conjuntura que se avizinhava tanto na Europa quanto no Brasil. Um fenômeno
comum à realidade da instituição educacional que resolvemos abordar, dentro de nossa análise
sobre as culturas instrucionais de confinamento.
As Damas da Intrução Cristã no Brasil
As Dames D`Intruction Cretienne 8, enquanto congregação dedicada a instrução, foi fundada
a partir de um grupo de religiosas francesas de mesmo nome, que se instalaria em Gand, Belgica,
no ano de 1808, ainda como instituto, onde iniciaram suas atividades de instrução na primeira
metade do século XIX. Se instalariam no antigo mosteiro das monjas bernardinas na abadia de
Dooresele a convite do bispo local. Devido aos conflitos das guerras napoleônicas, segundo
Lantschooot (1981, p.) esse núcleo inicial de religiosas retornaria a França inaugurando um período
de apartamento entre as duas designações, ficando as Damas da Instrução Cristã como uma
8 Denominadas em nosso artigo a partir de agora pela abreviação DIC (Damas da Instrução Cristã).
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legítima congregação belga dedicada a educação a partir de 1814.
Em 1822 o governo Holandês, ao qual estava subordinado momentaneamente o belga,
suprimiria a congregação, estando dispersas as religiosas até fevereiro de 1823. Naquele ano seria
revogado o decreto de supressão. Na perspectiva estrutural nascia como instituição total apoiada
pela iniciativa da administração diocesana (CAMARA, 1996, p. 8‐9). Seria inicialmente liderada pela
religiosa Agathe Verhelle 9, responsável pela fundamentação da congregação como instituição
dedicada a instrução.
Em 1826, já encaminhavam petição ao Vaticano onde solicitavam a Leão XIII aprovação e
reconhecimento da Congregação e de seus colégios como representantes dos esforços católicos
por colégios confessionais e internatos.
O parecer favorável delimitado pela Congregação dos Bispos e Regulares em Roma aprovaria,
a 1º de agosto de 1827, tanto a instituição como congregação instrucional quanto suas
constituições. (LANTSCHOOT, 1980), (CAMARA, 1996). Aquele documento em seu Código II do
livro anexo às Constituições do Instituto das Damas da Instrução Cristã 10, apresentava a
designação que estabelecia: o serviço preferencial dos jovens e pobres. Assim como em seu art.1, a
missão do Instituto, tornado congregação posteriormente, de se dedicar a educação católica.De
acordo com o documento desdobrava‐se: Na educação dos jovens: escolas maternais, escolas
primárias e secundárias, universidades, grupos de estudo, grupos de jovens 11.
É de se observar a condição inclusive de designação nominal da Congregação apresentada
frente ao Vaticano. Já que se prontificavam não só a denominação enquanto congregação
instrucional, mais uma faceta militante que abraçaria a disponibilização da prática instrucional
como "missão". Verdadeira jornada missionária fundamentada sob o estandarte da educação
confinada como lustre cultural.
9 Irmã Aghate Vehele seria responsável direta pela fundamentação doutrinária da congregação. Primeira Superiora Geral designaria e produziria o modelo conventual a ser instalado, bem como o internato propriamente dito fundado em Ponto Uchoa, bairro da grande Recife.
10 Constituições do Instituto das Damas da Instrução Cristã, Cópia Manuscrita, Arquivo Escolar, Abadia de Doreesele, 1827.Uma cópia desse documento se encontra arquivada na sede da Congregação Damas da Instrução Cristã em Gand, e apresenta uma organização textual fundamentada como regra monacal aplicável a um convento ou a um internato. Constituindo‐se num conjunto de prescrições a serem seguidas pelas freiras da congregação sob a condição de educadoras cristãs a serviço das designações oriundas do Vaticano.
11 CONSTITUIÇÕES, 1827, Ibid, p.23
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Na Bélgica, se lançariam a fundar internatos e a construir alianças entre as forças políticas
locais, as dioceses. e os demais representantes clericais. Apresentando os serviços instrucionais
que projetavam uma instrumentalização alinhada com as características da chamada "sociedade
disciplinar". Ao mesmo tempo, os processos instrucionais adotados designavam a escolha do
internato como dimensão de uma cultura que designava o confinamento dos discentes como uma
instrumentalidade factível. Tanto pela dimensão da congregação dada a contrição, silêncio e
meditação como símbolos cotidianos quanto pela possibilidade de implantação ou adaptação
daqueles critérios monásticos às escolas, sendo o internato e seus signos atrelados ao núcleo
organizacional pedagógico das mesmas. A Década de 1820 e, especialmente a de 1830, foi de
importância crescente na difusão e fundação dos colégios internos sob a batuta das DIC na Bélgica.
As DIC surgiriam essencialmente naquela conjuntura como uma instituição dedicada a
instrumentalização do internato como espaço educacional, mas também como esforço doutrinal
no qual estavam noviças, a aprenderem o ofício educacional, freiras já detentoras do hábito, e
educandos sob a prescrição de um catolicismo avesso a secularização instrucional. Estando a
religiosa Aghate Vehele nos primeiros anos da instituição, não só como liderança maior, mas como
uma incentivadora da organização de escolas católicas que se dispusessem a exercerem sobre o
alunado o confinamento instrucional como prática usual. Foi assim na fundação daqueles colégios
na primeira metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX.
Segundo Lantschoot (1980, p.) as DIC, desde o primeiro momento, se dispunham a atuarem
enquanto escolas internato, basicamente sob a prescrição de tarefas instrucionais adaptadas da
regra largamente expandida pelos preceitos organizacionais dos jesuítas que as inspirariam. As DIC
se constituiriam destarte a serviço de forma purista e engajada aos potentados hierárquicos da
Igreja especialmente durante os duros conflitos que se abateram naos países baixos durante a
primeira metade do século XIX 12.
(…) a jovem comunidade desejou seguir as Regras da Companhia de Jesus, adaptadas às mulheres. Não possuíam o texto dessas regras, mas as Damas o conheciam de cor e, assim, sem grande dificuldade Madre Agathe, ajudada por
12 Uma série de condições conjunturais perpassaram conflitos que atingiram o instituto educacional. Os mesmos foram da invasão napoleónica ao território belga, passando pela dura perseguição anti clerical que se abateria nos anos 1820 e 1830 do Oitocentos na Europa. Conflitos esses que foram protagonizados por uma série de golpes administrativos burocráticos que colocavam em periogo a existência da Congregação.
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algumas irmãs po‐se ao trabalho, para redigi‐lo (…) Foi ainda esse espírito de obediència à Igreja que lhes inperou o requerimento a Leão XIII, do qual resultara a aprovação da sociedade e das Regras das Damas da Instrução Cristã a 10 de agosto de 1827 (LANTSCHOOT, 1980, p.7‐8, grifos nossos) 13
As DIC acabaram representando uma congregação das mais importantes dentro da cultura
católica francófona da Bélgica que se dedicaria a reforçar a cultura instrucional de confinamento.
Instalando instituições totais (GOFFMAN, 1999) em profusão no território Belga. Ao incorrerem os
debates que se incidiriam sobre a o cientificismo e o evolucionalismo, frutos da secularização de
costumes, estavam já a organizar as malas para desembarcarem no Porto de Recife. Prontamente
fariam parte da frente de esforços pontificiais a se manifestarem por décadas como esforços
materiais no processo de defesa de uma recatolicização da sociedade (ZAGHENI, 1999), (MARTINA,
1996).
Levando em consideração aquela arregimentação pontificial14, de grande importância na
relação direta da Congregação instrucional com o papado e, segundo o Journal de La Maison de La
Sant Famile de Olinda 15, já a 17 de novembro de 1894, o Monsenhor Antoine Stillemans oriundo
da cidade de Gand, em visita a Congregação a convite da Madre Ignace Pollenus ‐ superiora Geral
das DIC ‐ realizava a leitura de uma carta que representava um importante marco no tocante a
representação daquele manifestação missionarista. Principalmente para o que se constituiria dali
em diante como ação organizativa para o desenvolvimento das atividades fora da Europa. Entre as
quais a que estava prestes a aderirrema as religiosas das DIC:
Le 17 Novembre 1894, Monseigneur Antoine Stillemans, Evêque de Gand, a invité la Reverende Mère Ignace Pollenus (…) Puis Monseigneur leur a donné lecture d'une touchante lettre qui il avairt reçue de la Sainteté Leon XIII que invite les
13 LANTSHOOT, Paula Van, A Reverenda Madre Aghate Verhelle, Tradução Monique Califice, Centro de Asssesoria Pedagógica, Fortaleza, 1980, p.7‐12
14 Fenómeno análogo à arregimentação disponibilizada pelos líderes clericais em Pernambuco e na Parahyba do Norte no mesmo período, como consta na documentação levantada por esta pesquisa nos Arquivos Eclesiásticos dos dois estados.
15 A partir deste momento designado em nosso artigo, por sua abreviação em Português: DCSFO (Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda) O respectivo documento é um Diário Manuscrito relativo a fundação da Congregação no Brasil e sua permanência em Olinda nos primeiros anos entre o final do século XIX e os primeiros dias do século XX.. Também contém nesse respectivo documento informações sobre a conjuntura missionária anterior a vinda da congregação ao Brasil. O mesmo documento está localizado no Arquivo do Colégio Sede de Recife, possuindo uma cópia arquivada na sede europeia que nos designamos a visitar. Incorre em minuciosa descrição das atividades desenvolvidas pela instituição dia a dia, bem como sua rotina instrucional.
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Communautés, au nom de Dieu, à se deivouer pour cooperer à la reforme de Lá Amérique du Sud, Pervertie por l`ignorance et le immoralité (DCSFO, Manuscrito, 1894, p.1‐2, Grifos nossos)16
Dois aspectos contundentes se constituem na respectiva passagem documental. A própria
cooptação institucional delimitada de forma a fazer a congregação aderir à solicitação papal e
outro de menção incisiva, na respectiva passagem do manuscrito, e em outras passagens, à
"pervertie, ignorance e immoralité", objetivações como que signos de um porvir, que estavam
centradas exatamente na construção discursiva da qual se depreendia o texto concomitantemente
à ideia de que estariam em missão instrucional. Mas não era tudo.
Afinal, se tecia à época um olhar lançado à América a partir de um eixo que era tanto de
crítica a mundaneidade secular, alí presente, quanto o premente etno‐cêntrismo de que era a
Europa e o catolicismo romanizado que ditaria a práticas a se adotarem na guerra de morte
instalada contra o secularismo e a laicidade. Centralidade na qual estavam inseridas a Congregação
e as religiosas, cabendo a mesmas desembarcarem em terras inóspitas sob a missão de civilizar a
juventude à luz do catolicismo, bem como contra a secularização de costumes. Manifestação da
qual se declaravam inimigas.
À América do Sul estava destinada a recepção de uma nova dimensão instrucional,
salvacionista, da qual as DIC se consideravam, pontas de lança, seja enquanto missionárias da qual
se revestiam discursivamente seja como "desbravadoras" de uma prática que pretendiam reforçar.
Notadamente a partir dos espaços instrucionais que fundassem. Disposição cultural na qual
também estavam imersas e na qual se instrumentalizaria o confinamento como prática de reforço
àquela objetividade. Ainda mais sendo a Congregação experiente na construção de internatos e
sua propagação havia décadas na Europa, como já observamos.
Estavam as DIC por se lançarem sobre um espaço que, enfim, era também visto como
atrasado, necessitado e frouxo em suas convicções dogmáticas. Mesmo que a universalidade da
condição católica as colocasse no status de "iguais na fé" e na prática cristocêntrica. As DIC se
16 DCSFO, Manuscrito, 1894, p.1‐2, Tradução do original: Em 17 de novembro de 1894, o bispo Anthony Stillemans, Bispo de Ghent, convidou a Reverenda Madre Ignace Pollenus (...) Em seguida, o bispo deu a ler uma carta comovente que ele recebeu da Santidade Leão XIII, que convidava as Comunidades, em nome de Deus, para dedicarem‐se por cooperar na reforma da América do Sul, pervertida pela ignorância e imoralidade.
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dispunham usualmente como estando a se sacrificar no apartamento da Europa; na viagem ao
desconhecido; na fixação em terras americanas; e na missão improvável; como nos apresenta a
carta enviada pelo pai da religiosa Loyola Steyaert, a primeira líder das chamadas pioneiras a se
instalarem no Brasil:
Gand, 13 de agosto de 1896. Minha filha bem amada. Minha resolução era inrrevogável de jamais dar meu consentimento a uma expatriação – mas lendo tua carta senti um violento combate se travar dentro de mim. De um lado o amor emenso que tenho por ti, a separação para sempre , nesta terra – e do outro, a suprema e adorável vontade de Deus.Sabes qunto me custou tua entrada no convento‐Eu acreditva ter terminado aí o sacrifício e me alegrava com a felicidade de te ver de tempos em tempos, perfeitamente feliz em tua vocação hoje, com uma linguagem celeste me dizes, pai, é preciso terminar o Holocausto (CARTA, Gand, 13 Agosto de 1896, grifos nossos) 17
Perceptível é que de forma alguma se descolava a "pertença" daquelas religiosas do Velho
Mundo, à qual suas vivências e leituras estavam vinculadas e do qual se ressentiriam suas
necessidades cristalizadas no que Chartier (1990, p.17) chamaria de "lutas de representações" nas
quais também estavam aquelas freiras a se prontificarem, à medida que assumissem o projeto do
Vaticano e se lançarem a educar fora da Europa. Desapegadas de bens, distantes de suas famílias,
mortificadas por um espírito de sacrifício que se constituía em falas recorrentes na escritura
imediatamente anterior à partida.Aspecto que desponta por exemplo do DCSFO: "L`unique moyen
de parvenir, avec L`aide de Dieu, à ce crit, c'est de se sacrifier pour L'Éducation et L`Instruction
Chretienne de la jeunesse. Le Saint Pére vous inirte, mesdames, à cette noble mission" 18
Se refletirmos sobre aqueles discursos postulados pela congregação perceberemos, de
imediato: à medida que se projetavam como paladinas de uma concepção de mundo sacralizado
as religiosas das DIC efetivavam uma defesa de lugar, mais especialmente por ser este um dado à
revelia das mesmas enquanto atores sociais (CHARTIER, 1990). Construção que podemos daí
refletirmos não ser inerente àquela congregação.
A descrição realizada pelo DCSFO de junho de 1895, aborda um fato que se circunscreve
exatamente na realização, dos dois lados do Atlântico, de ações circunstanciais ligando a reação
17 CARTA, Gand, 13 Agosto de 1896. Cópia traduzida constante no Arquivo da Congregação em Ponto Uchoa, Recife. 18 DCSFO, 1895, p.13 Tradução do original: `A única maneira de conseguir isso, com a ajuda de Deus (…) este critério é o sacrifício pela educação e instrução cristã da juventude. O Santo Padre conclama senhoras, a esta nobre missão.
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católica brasileira à europeia. Convocadas a se posicionarem frente às novas deliberações do
missionarismo, e convidadas pelos beneditinos belgas a se deslocarem ao Brasil, sob a proteção
dos monges daquela congregação ‐baseados em Olinda‐ as DIC entrariam em nova fase.
Ce 14 Juin 1895 Visite à dooresele, du revend Pére Dom Van Caloen de Bruges Benedictin de Maredisons (Belgique)(...) Visité a Dooresele se saint Religieux ayant eté chargé par Leon XIII. D`aller visité em son mom la Amerique du sud pour en connaître la position réelle et pour reformer les monasteres des Benedictines hélas lrin dégenerés leur sublime vocation est nommé prieur du couventes benedictins belges, à Olinda prés de Pernambuuco, au Brasil ( DCSFO 14 Jun, 1895, p.5, grifos meus) 19.
Aliás, a identificação no DCSFO da convocação como um signo da submissão ao projeto de
Leão XIII de recatolicização da América seria uma constante. Acompanharia as representações da
congregação religiosa naquele documento descritivo, tecidas como dísticos do projeto educacional
das Damas. Um projeto que além de exaltar a instrução católica disponibilizava projeções de
afirmação do confinamento instrucional necessário, segundo descreveriam, para dar bom termo a
missão da qual se achavam imbuídas. Principalmente como ratificação discursiva da ação
missionária no curso da descrição da instalação da congregação no Brasil, como uma simbologia de
abnegação ao chamado legitimista da Sé romana.
Le but de la visité du reveerend Dom Gerard était de nous demandé de la part du nunce apostolique, si nous persévérions dans notre projet faire une fondation de notre orde, dans L`Amerique meridionale. Dans les cas affirmatif il vernait nous proposer Olinda,Ville episcopale (DCSFO 14 Jun, 1895, grifos meus) 20
A escolha de Pernambuco e Olinda, especialmente, estaria atrelada à ajuda que se
prontificaram os beneditinos a dar a Congregação, mas especialmente às instalações monacais
daqueles monges que serviriam momentaneamente de internato e hospedariam as primeiras
missionárias da DIC. Aspecto destacado seguidamente no DCSFO nos preparativos para a partida
das primeiras missionárias para o Brasil. Inclusive com um apurada troca de informações realizada
19 DCSFO 14 Jun,1895, p.5 Tradução do Original (manuscrito): Neste 14 de junho de 1895 o Reverendo Padre Dom Van Caloen de Bruges, beneditino de Meridisons Bélgica visitou Dooresele. O santo padre foi cobrado por Leão XIII. De ir visitar sua mãe na América do Sul para saber a posição real e reformar o mosteiro beneditino degenerado de sua sublime vocação. Foi nomeado prior do convento beneditino belga em Olinda, Pernambuco no Brasil.
20 DCSFO, 14 Jun, 1895, p‐6 Tradução do Original (manuscrito) A proposito da visita do Reverendo Dom Gerard foi‐nos perguntado da parte do nuncio apostólico se perseveraríamos em nosso projeto de fundar uma ordem na América do Sul. Em caso afirmativo ele tinha para oferecer Olinda, cidade episcopal.
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pelos protagonistas envolvidos com a transferência da congregação. Entre os principais Dom
Michel Horn (Procurador da Congregação) e Madre Superiora Ignace Pollenus, entre os meses de
junho e julho de 1896, quando trocariam cartas sobre as condições de instalação da congregação
em Olinda. Em uma delas, a Superiora Ignace Pollenus respondia em agradecimento às
informações cedidas: "Je Vous remercie bien sincerement de tous les bons renseignements que
vous me donnez Je Voudrais pouvoir profiter de L`excellente ocasion que vous signalez pour le
Brésil, Le 30 prochain" 21
Tal procedimento de circulação de informações se constituiria regular e de suma importância
na projeção de ações a serem cumpridas para instalação de um internato, tanto no período
imediatamente anterior ao embarque das primeiras missionárias escolhidas para o
desenvolvimento das atividades instrucionais, bem como nos primeiros anos de fundação e
expansão dos colégios da congregação, como veremos em tópico posterior.
De qualquer forma, ainda na Europa, a 7 de junho de 1896, a congregação receberia uma
designação oficial enviada a Anvers, Bélgica, por Leão XIII, que mudaria de forma considerável a
trajetória da Congregação Damas ao ser designada entre outras instituições de língua francesa 22, a
se prontificarem a transferirem‐se de forma imediata para a América do Sul. Incursão como "ponta
de lança" na arremetida da Igreja contra o indiferentismo e o avanço das escolas não católicas. A
madre superiora Ignace Pollenus após votação da congregação :
Anvers Belgique Au nom de la Trinité définitivement accepter la fondation d'un collège et couvent à Olinda, Pernambuco, Brésil à la demande de Sa Sainteté le Pape Léon XIII, pour la plus grande gloire de Dieu et le salut des âmes.Avec humilité et confiance absolue dans notre époux céleste,agissant hardiment que gardes d'honneur, afficher le drapeau du Sacré‐Coeur qui empoisonne longícuas, que grâce à notre travail et de sacrifices apôtres (DCSFO, Manuscrito,30 Jun, grifo nosso) 23.
21 CARTA, Gand, Dooresele, 1 Abril de 1896. Tradução do original (manuscrito) Muito obrigado sinceramente por todas as informações corretas que você me dá. Eu gostaria de poder desfrutar de Excelente ocasião L `você reporta para o Brasil, os 30 próximos;
22 Em Recife já se encontravam freiras de outros países desenvolvendo atividades de ensino, como é o caso das italianas Irmãs Mestras de Santa Dorotéia, ou Dorotéias, que se fundamentavam nos ditames da religiosa Paula Frassinetti e mantinham um grande internato, o São José, no bairro do mesmo nome.
23 DCSFO, 30 de Junho, 1896 Tradução do original (manuscrito): Antuérpia Bélgica, em nome da Trindade aceito definitivamente a fundação de uma faculdade e Mosteiro de Olinda, Pernambuco, no Brasil a pedido de Sua Santidade o Papa Leão XIII, para a maior glória de Deus e a salvação das almas. Com humildade e confiança em
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Era o Papa Leão XIII, naquela circunstância, um dos principais incentivadores, e tornava‐se
exatamente patrono da mesma forma, tanto de propostas de expansão que sedimentavam as
arquidioceses, nas quais os Colégios Diocesanos eram os protagonistas, quanto daquelas iniciativas
de transferência a qual vinculava‐se as DIC. As dificuldades se fariam constituídas à medida que a
transferência da congregação significava um contato com o catolicismo brasileiro dado a
adaptabilidades e a um choque cultural que seria encarado segundo o relato do DCSFO como
próprios da missão que consideravam ser da competência e da alçada de instituições tais como as
Damas.
A julgar pela experiência na fundação e manutenção de pensionats que na Bélgica se
expandiram durante a primeira metade do oitocentos, constituídos por instituições panopticas
(FOUCAULT, 2005) os esforços das DIC se juntariam de forma candente aos que tomariam outras
congregações que se instalaram em Pernambuco durantes os 40 anos seguintes, pela
recristianização da sociedade (AZZI, 1998).
A pertinência da instalação de um espaço de confinamento era então consensual e
perpassava a própria dinâmica que se proclamava como um projeto ou expedição em direção ao
Brasil. A 7 de outubro de 1896 era informada, por carta, às casas existentes na Bélgica sobre o
grupo de religiosas a ser constituído e oficializado para fundar uma escola. Escola que serviria de
pensionat gerido pela congregação a se instalar no mesmo espaço. Segundo informava a Carta
Oficial expedida de Dooresele a 7 de outubro de 1896 oficializava‐se:
La Reverende Mére de Dooresele annonce aux differentes Maisons la Nomination de premieres missionares pour Olinda, Dooresele 1 Vendredi du 7 Oût 1896 Mes bien chères filles En corde Jésus,Voici, L'Heure de la manifestation de la Sainte Volonté de Dieu pour la homination de nos chères missionaires du Couvent de la Sainte Famille à Olinda que le divir coeur benisse et feconde la fondation brasilienne pour sa plus grande gloire et le salut des âmes! 1ª Superieure Madamoselle Mere Loyola Steyart, 2ª Assistante Mére Marie Alphonse Cloes, 3ª Mere Marie Elisabeth Dobbelaere, 4ª Mere Barbe Duchaine (CARTA, 7 Out, 1896, grifos nossos)24
nosso cônjuge celestial, agindo com ousadia como guardas de honra, hastear a bandeira do Sagrado Coração sob longícuos venenos, através de nosso trabalho e sacrifícios Apóstolos.
24 CARTA, 7 de Outubro de 1896, Tradução do original (manuscrito) A Reverenda Madre Superiora anuncia as diferentes casas a nomeação das primeiras missionárias para Olinda. Minhas meninas queridas Concorda Jesus, Eis que a hora do Evento Da Santa Vontade de Deus para a nomeação dos nossos queridos missionários do Convento
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Sobre uma condição ritualística constituída a partir de uma série de comemorações e missas,
ainda na Bélgica, à partida das missionárias, o translado das DIC transcoreria normalmente. De
toda forma se representaria a viagem, minuciosamente, na descrição do DCSFO que se constituiu
desde o embarque no Velho Continente à abertura das primeira sala de aula em Olinda.
Em Recife era apresentada uma pequena nota fazendo referência à chegada de 8 religiosas
das Damas, segundo o Jornal do Comércio a 16 de Outubro de 1896. Poucos indícios afinal
levariam a crer que aquela congregação tomaria o rumo que se constataria nos anos seguintes. No
computo geral das DIC, factualmente, uma constatação era imediata: passariam a projetar
rapidamente a montagem de um internato naqueles proximos meses.
O internato enquanto dispositivo escolar ou instrumentalidade, constituindo todo um
universo representativo, tecido pela catolicidade, ou pela laicidade, como um signo dado a
representar‐se, fazia parte da esfera de disposições construídas pela Congregação Damas como
uma condição básica para funcionamento a contento daquela instituição, inclusive para sua
manutenção. Sendo para tanto primordial sua instalação no Brasil em conformidade com os
interesses da respectiva comunidade católica a que estaria vinculada.
Essa perspectiva ajustava‐se ao franco desenvolvimento e expansão da iniciativa particular da
instrução que se manifestaria em Pernambuco no ultimo decênio do século XIX, segundo Bello
(1978, p‐165). Condição da qual se beneficiaria também a congregação nos anos imediatamente
seguidos a fundação da primeira maison da congregação.
Ação alinhada com o que se previa nas Encíclicas e junto as lideranças católicas em
Pernambuco. Aquelas mesmas que publicaram no período seguidas cartas pastorais convocando os
católicos a aderirem a um projeto comum frente à secularização (RIBEIRO, 200, p.112). Não
resguardando‐se a Congregação, evidentemente, de cumprir com o aparato legislativo a que estava
atrelada. Condição verificável com a procura por ajustamento da instituição às demandas
prescritas pelo regime republicano para a instrução. Neste aspecto, corroborando um aspecto de
da Sagrada Família em Olinda. Deve‐se abençoar o sagrado coração e frutífera fundação brasileira para sua maior glória e salvação das almas!
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nossa tese 25, de que mesmo validando prescrições culturais confessionais, afirmando o
confinamento cristrocêntrico não se dicotomizava de todo dos aparatos simbólicos da
secularização. Pelo contrário.Contradição fulcral na tessitura do confinamento enquanto
representatividade cultural.
Ao instalar‐se em Olinda, em seus primeiros dias, era de efetiva importância a sua
intermediação em conjunto com a submissão de suas religiosas a dinâmica da diocese
pernambucana, envolta nas disputabilidades de representação sobre o monopólio de uma série de
nichos de poder em Recife, entre eles os escolares, dentro daquilo que Ribeiro (2009, p.112)
chama de estratégias de mobilização da Igreja. Não é à toa que as primeiras visitas empregadas
pelas missionárias das DIC se fizessem junto às lideranças locais, entre elas o Bispo Dom Manuel
dos Santos Pereira, e o presidente do Estado Joaquim Correia de Araújo, do qual solicitariam
isenção pelas bagagens sob o artifício de (MESQUITA, 1996) representarem uma instituição que
teria um papel importante no ensino das camadas médias. Argumento não de todo aceito pela
liderança civil pernambucana no computo de taxas alfandegárias das quais a congregação não seria
isentada. Aspecto que denota uma constatação.
A congregação e suas escolas internato estariam projetadas, afinal, a se desenvolverem na
dinâmica das relações entre os dispositivos do Estado e do interesse privado. Dificilmente só
respondendo a uma das partes. Na manifestação da secularização da instrução estariam também a
dispor do confinamento, mas atentas ao uso das instrumentalidades da laicidade constitucional,
entre elas as da liberdade de culto, donde os currículos impregnados da romanização católica
estariam a efetivar‐se26. Este apenas um dos vários simbolismos daquele hibridismo cultural.
É também pertinente lembrar que estava sendo instalado não apenas uma escola, mas um
convento, responsável direto pela manutenção das atividades escolares, donde proveriam
educadoras religiosas nas décadas seguintes 27. O respectivo espaço seria notadamente instalado
como o planejado no Convento de São Francisco em Olinda. O Colégio, propriamente dito,
25 Recentemente defendida junto ao PPGE (Programa de Pós Graduação em Educação) da UFPB, com o título: O Internato que se tece:As culturas instrucionais de confinamento e as Damas da Instrução Cristã‐1891‐1937.
26 A primeira turma de internas no Colégio Interno a funcionar no Convento teriam como disciplinas a História Sagrada, Instrução religiosa, Francês, aritmética, Inglês, geometria, português.
27 DCSFO, 1 jun, 1897
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funcionaria naquele espaço, segundo o DCSFO de outubro de 1896 28 como estrutura simplificada
com a utilização das antigas dependências do convento. Já instaladas e relatando as primeiros
momentos na montagem do internato, quando da organização e reforma parcial do futuro
internato, realizada dias antes da abertura das aulas, relata‐se no DCSFO de 1896:
O Convento se prepara para receber as primeiras alunas e o trabalho realmente é exaustivo Madre Elisabeth se responsabilizava pela contabilidade e documentação muito pequena, na época, constando quase unicamente de um certificado de batismo. Tudo o mais era apenas registrado nos livros: nome, filiação, data de nascimento, número de matrícula. Os dormitórios estavam prontos e o refeitório já se munia do necessário (DCSFO, Novembro, 1896, grifos meus)
Fora esse aspecto mais pontual, em termos burocráticos e funcionais, uma das características
maiores do período, no que diz respeito a fundamentação do confinamento como esfera cultural,
aspecto que era representação da Congregação Damas como um signo foi exatamente o uso da
experiência de internamento de uma forma eclética, onde a observação de instrumentais de
outras ordens e congregações instaladas no Brasil, seriam prontamente adotadas. Notadamente,
não se verificaria um número tão vasto de simbologias delimitadas unicamente pelas DIC para a
instalação dos internatos, tão só pela aplicabilidade de experiências que vão ser ponderadas, se
adaptáveis, quando possível.
Meses antes, a 17 de outubro segundo o DCSFO, realizando uma visita de observação29, as
DIC acompanhadas do procurador de São Bento, entre elas Madre Loyola e Madre Marie Elisabeth,
Madre superiora e secretária, respectivamente, foram ao Recife visitar o Colégio de São José,
(MESQUITA, 1996, p.72‐73) da Congregação Doroteias 30. Perspicazes observadoras, as religiosas
belgas se prontificariam a confirmar diferenças e dispositivos que se apresentavam em curso nos
internatos e que já funcionavam a contento em Recife. Assim relatavam suas impressões:
Uma acolhida encantadora, uma capela, uma bela sala de recepção, 120 pensionistas, 22 religiosas aí estabelecidas a 30 anos. Todos os pensionatos para rapazes ou moças são chamados colégios. Não há mais vagas e todos os dias
28 DCSFO, 20 Out, 1897 29 Entre as características adotadas a partir da experiência de outras congregações a construção de vastas salas de recepção denominadas parlatórios seria um exemplo.
30A Congregação fundada na Itália pela religiosa Paula Francinetti estava instalada em Recife desde 1875 desenvolvendo atividades instrucionais a partir de seu internato, o Colégio São José. Representará durante toda a primeira metade do século XX uma importante referência para as Damas na instrução católica confinada. Aquela congregação fundaria colégios internatos espalhados por Pernambuco e Paraíba.
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recusam novos pedidos. As religiosas nos puseram á parte de muitas peculiaridades do país, desconhecidas para nós. Deram‐nos os Estatutos do seu colégio, um dos maiores de Recife (DCSFO, Outubro, 1896, Grifos nossos).
O procedimento não aparentava ser uma unicamente uma cortesia eclesiástica, mas tão
somente uma prática que corroboraria a identificação por parte da DIC das condições de
manifestação da cultura instrucional de confinamento que as Dorotéias vinham aplicando
localmente e que as próprias religiosas belgas intentavam instalar, à medida que entendessem e
adaptassem de alguma forma os usos e costumes dos brasileiros. Naqueles dias de organização e
implantação do internato inclusive já intensificavam outras estratégias de afirmação, entre elas as
aulas de português com uma professora contratada para ministrar o idioma 31.
Aspecto de grande importância que se sobressai na documentação que remete aquele
período é a incutida nas práticas especialmente de consenso normativo de que a instrução a bom
termo só poderia advir do confinamento. Em nenhum momento se manifesta a intenção inicial de
fundarem um externato, haja vista serem empenhados os esforços sempre crescentes no sentido
de se fixarem como instituto religioso e colégio interno.
Ao mesmo tempo, era dado pelas DIC o uso de manuais tais como os já identificados no
capítulo II deste estudo e organizava‐se a Congregação de forma a tornar factível a instalação de
instrumentais racionalizantes para os seus internatos. Movimento sincrônico no que tangia a
perceberem a diferença de categorização e funcionamento existente entre os pensionats belgas e
os colégios americanos aos quais descobriram desconhecer o funcionamento. É importante
perceber que os manuais que circularam nos espaços de Ponto de Uchoa inferem que fossem
importados e agregados ao acervo da futura biblioteca do colégio. Inclusive é contundente no
manuscrito Instruções32, pertencente a principal articuladora e mentora da instalação dos
internatos DIC a Superiora Madre Loyola Styaert que se encontre a marcação inicial quelques titres
de livres 33 na primeira página, de uma espécie de diário pessoal da fundação. No mesmo consta
uma lista em que se destaca além das obras já citadas a obra L`esprit et de la vie de sacrifice, dans
Lètat religieux, de autoria de S.M Girauld. Importante compêndio que servirá como um das
31 Como nos informa o DCSFO de 3 de maio 1897. 32 STEYAERT, Loyola, Instruções, Manuscrito, 1894‐1897 33 Literalmente: “uma lista de livros”.
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principais bases doutrinárias e prescritivas na fundamentação dos internatos DIC em Pernambuco.
Os trabalhos de arregimentação de alunas seguiriam um curso que se ampliaria sob dadas
condições. Embora as primeiras internas não representassem grande número, como consta do livro
de matrículas do nao de 1897, apresentado digitalizado nesta página, triplicariam nos meses
posteriores. No ano de 1898, segundo o livro de matrículas em sua terceira folha 34, já eram o
dobro de internadas.
Aspecto que teria um significado distinto sob um dado parâmetro de observação. A saber:
nos primeiros anos, segundo o Anuário Escolar da instituição 35, dentro de uma perspectiva de
provisoriedade, a construção das relações de ordem administrativa, especialmente o recebimento
de discentes na condição de internas se baseavam na arregimentação de alunas provindas das
elites da cidade 36. Não necessariamente a que se originava apenas dos espaços da urbe de Olinda,
ou Recife mas especialmente da Zona da Mata, e cercanias canavieiras, donde os antigos senhores
de Engenho alguns deles agora donos de Usinas, enviavam suas filhas para o confinamento,
segundo o Livro de Matrículas das Damas da Instrução Cristã 37 Dalí se constituiria uma
seletividade imediatamente algo que estratégica na corporificação das primeiras turmas discentes
sob regência de Madre Loyola Styeart.
Sendo nessa condição a diminuta quantidade de alunas, ou sua ampliação ano a ano, fator
não representativo de um fracasso na implantação do internato, mas a manifestação da
aplicabilidade na sustentação do alunado, ainda em espaço monacal, outrossim a sazonalidade das
oscilações da prosperidade ou arrefecimento das crises pelos quais passaria o Nordeste e suas
lideranças, bem como Pernambuco enquanto escoadouro da produtividade açucareira (GUERRA,
p‐1992, p.142‐145), (NETO, 2001, p.23).
Destarte Olinda e Recife se apresentarem como cidades entre o desenvolvimento capitalista e
a ruralidade; o parco saneamento e a expansão nos transportes. Contradições das quais se
queixavam os administradores do Estado naquela década de forma intermitente. É importante
34 Livro de Matrículas da Maison Dames Dîntruction Crétienne, 1898 35Anuário Escolar das Damas da Instrução Cristã, Vol.1 Manuscrito, 1896‐1905 36 As Damas optariam pela instrução feminina desde sua instalação. Aspecto que só seria modificado com a adoção do ensino para ambos os sexos somente em 1970.
37 Documento encartado no Livro De Fundação da Casa de Instrução em Ponto Uchoa, Recife.
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divisar que as reformas urbanas seriam contemporâneas a instalação do primeiro internato das
Damas e que uma parte das demandas por desenvolvimento urbano viriam a contrapelo da
instalações de colégios como os que montaria a congregação DIC.
De qualquer forma, era premente que Olinda e Recife desfrutasse de uma elite proprietária,
fosse comerciante ou agrária, que tinha por ordem cultural ‐ e base financeira suficientemente
sólida‐ o envio de rapazes e moças aos principias internatos católicos ou laicos que funcionavam de
maneira intermitente na capital do Estado ou no interior naqueles anos de transição.
Aliás, a Congregação Damas por ocasião de funcionamento de suas primeiras aulas iniciaria
suas atividades em Olinda modestamente, se comparada ao protagonismo já exercido pelos
colégios tais como o Ginásio Pernambucano e a Escola Normal, instituições funcionando como
externatos laicos, embora na prática andassem lentamente a manifestar a presença orgânica de
padres como lentes em suas estruturas e simbologias ainda sacrais. Mesmo tendo a constituição
de 1891 exposto a laicidade da instrução. Não é incoerente imaginar a forte arregimentação entre
os religiosos imbuídos da defesa de princípios cristocêntricos, em que pesem as diferenças
doutrinárias com as quais se apresentavam. É pertinente destacar que já a 14 de outubro de 1896
uma comissão de religiosas da congregação apresentassem no convento São Francisco em Olinda
a visitar as DIC e que aquelas prontamente visitassem o Colégio São José, das irmãs Dorotheas que
funcionava desde 1870 em Recife. Deste espaço observariam, desde a estrutura de funcionamento
do internato, número de discentes, entre outras normatividades que adotariam sem contudo
alardearem qualquer influência.
Seja como for, por ocasião da primeira festa escolar, comemorada a 2 de fevereiro de 1897
em homenagem ao aniversário de Madre Loyola Steyart encontravam‐se delimitadas simbologias
que se manteriam como marca das DIC em Pernambuco e que seriam aperfeiçoadas com os passar
dos anos e das décadas. Entre elas a instrumentalidade de premiação as melhores alunas do ano
escolar, os discursos estudantis mediados pelas religiosas, a homenagem pública das autoridades
eclesiásticas, entre outros artifícios.
A transferência da congregação após a compra de um terreno em Ponte de Uchoa em 1901
foi de suma importância, pelo caráter estratégico que possuía o terreno escolhido. Próximo ao
centro de Recife, mas não necessariamente ligado às ruas centrais, com um terreno amplo, onde
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segundo Styart (1897) nas instruções(1897): "as alunas poderão desenvolver suas atividades".
Especialmente próximo das linhas de contato e estradas que levavam as cercanias da cidade, de
onde partiam os trens que traziam as futuras internas, que seriam confinadas no colégio, das
fazendas e engenhos.
O anos imediatamente posteriores a transferência do colégio para o sítio de Ponte de Uchoa
foram de desenvolvimento e fixação da congregação culminando com a expansão dos colégios sob
regência de Madre Loyola Styeart. Entre as conquistas mais determinantes da década de 1910
seria ao aumento sensível do número de religiosas, inclusive com um noviciado local, o que
expandia a disponibilização de educadoras e religiosas brasileiras. Outro fator determinante foi a
fundação do colégio Santa Sofia em Garanhuns no ano de 1912. Esforço que somava‐se a
rivalidade instalada sobretudo pela fundação de outros escolas‐ internato em Pernambuco
naqueles anos. Um aspecto que vinha a se somar ao movimento mundial de reforço à catolicidade,
principalmente a partir de expansão dos quadros instrucionais de fundamentação católica. Uma
perspectiva pertinente apara entender aquele período como um momento de grande importância
para a história das escolas‐internato em Pernambuco. Especialmente as confessionais. A expansão
das DIC será uma processo permeado exatamente entre os últimos anos da década de 1910 e os
anos 1920.
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Documentos manuscritos
Anuário Escolar das Damas da Instrução Cristã, Vol.1 Manuscrito, 1896‐1905
CONSTITUIÇÕES DA DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ 1827, Ibid, p.23
DCSFO, Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda , 3 Mai, 1897, p.1
_______ Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda , 1 Jun, 1897, p.1
_______ Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda, 13 Jun,1895, p.13
_______ Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda, 14 Jun, 1895, p.5
_______ Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda, 14 Jun, 1895, p.6
_______ Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda, 30 Jun, 1896, p.2 ___________Diário da Casa da Sagrada Família de Olinda 20 Out, 1897,p.3
CARTA, Gand, Dooresele, Belgica, 13 Ago, 1896.
CARTA, Gand, Dooresele, Belgica 1 Abr.1896.
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Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5
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CARTA, Gand, Dooresele, Belgica, 7 Out, 1896.
CARTA, Gand, Doreesele, Bélgica,7 de Out, 1896.
Livro de Matrículas da Maison Dames D`Instruction Crétienne, 1898.