Gasto Fiscal no Brasil: Tudo pelo Social e Dívida para o Setorial
Mansueto Almeida – 11 de dezembro de 2013
Reunião CDPP – São Paulo
Estrutura da Apresentação
• Relembrando a Dinâmica do Gasto Público Federal no Brasil
• Dinâmica do Gasto Público Federal: 2004-2008 versus 2008-2012;
• Governo Dilma – Análise da Despesa
• Conclusão
Parte I
O padrão do Gasto Fiscal no Brasil – crescimento planejado.
Gasto Público Total no Brasil
• Pelos dados do FMI, Brasil tem uma despesa pública total (inclusive juros) de 40% do PIB.
• De 188 países, Brasil está na 56º posição entre os países com maior despesa (% do PIB).
• Na América Latina, os campeões de gasto (% do PIB) são: Venezuela = 45,4%, Argentina = 44,6%, Equador = 44,3% e Brasil = 40%.
DESPESA NÃO FINANCEIRA GOV. FEDERAL – 1991-2011 – % DO PIB
Carga Tributária – 1947 – 2012 - % do PIB
Fonte: IBGE e IBPT:2009-2011
10
15
20
25
30
35
40
1970; 261993; 25.3
2012; 36.2
Fatos Estilizados• Entre 1991 e 2012, o gasto primário do governo federal
(exclusive transferências a estados e municípios) passou de 11,1% para 18,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil.
• Apesar desse crescimento do gasto, o país passou, sistematicamente, a gerar superávits primários para pagar os juros da dívida interna e externa, a partir 1999.
• Equilíbrio fiscal baseado no crescimento da receita – arrecadação quebra barreira do 25% do PIB (1970-1994) e passa para 35%-36% do PIB, em 2011/12.
Estrutura do Gasto Público pós-1998: crescimento da despesa e superávit primário
• Um dos problemas das análises do gasto público é que as contas são apresentadas de forma muito agregada.
• Gastos sociais importantes -recursos do bolsa-família, as despesas do Ministério da Saúde com o Fundo Nacional de Saúde (FNS), gastos do Ministério da Educação com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)- ficam “escondidos” na rubrica geral OCC.
• É justamente para evitar o problema acima que utilizo o
conceito de “custeio administrativo”, que é uma conta residual.
Gasto Não Financeiro do Governo Federal (% do PIB) - 1999-2012
Fonte: Tesouro Nacional e SIAFI. OBS: exclui capitalização da Petrobrás em 2010.Elaboração: Mansueto Almeida
PESSOAL INSS
CUSTEIO ADMINIS-TRATIVO
CUSTEIO SAUDE E
EDUC.
CUSTEIO GASTOS SOCIAIS
INVEST. OUTROS TOTAL
1999 4,5% 5,5% 1,6% 1,8% 0,6% 0,5% 0,1% 14,5%2000 4,6% 5,6% 1,5% 1,8% 0,6% 0,7% 0,1% 14,7%2001 4,8% 5,8% 1,0% 1,8% 0,9% 1,2% 0,1% 15,6%2002 4,8% 6,0% 1,1% 1,8% 1,0% 1,0% 0,1% 15,7%2003 4,5% 6,3% 1,2% 1,7% 1,0% 0,4% 0,1% 15,1%2004 4,3% 6,5% 1,2% 1,7% 1,2% 0,6% 0,1% 15,6%2005 4,3% 6,8% 1,5% 1,8% 1,3% 0,6% 0,1% 16,4%2006 4,5% 7,0% 1,4% 1,7% 1,6% 0,7% 0,1% 17,0%2007 4,4% 7,0% 1,5% 1,8% 1,6% 0,8% 0,1% 17,1%2008 4,3% 6,6% 1,1% 1,8% 1,6% 0,9% 0,1% 16,4%2009 4,7% 6,9% 1,1% 1,9% 1,9% 1,1% 0,1% 17,7%2010 4,4% 6,8% 1,1% 2,0% 1,8% 1,2% 0,1% 17,4%2011 4,3% 6,8% 1,1% 2,0% 1,9% 1,1% 0,1% 17,5%2012 4,2% 7,2% 1,3% 2,2% 2,1% 1,1% 0,1% 18,2%
1999-2012 -0,3% 1,7% -0,2% 0,5% 1,5% 0,6% 0,1% 3,7%
Despesa Primária 1999-2012• De 1999 a 2012, a despesas primária cresce 3,7 pontos do PIB. Em
dois anos de governo Dilma, a expansão da despesa primária já foi de 0,8 ponto do PIB, apesar da queda do investimento público.
• Para explicar o crescimento da despesa é suficiente olhar para INSS e despesas sociais (seg. desemprego + abono salarial, bolsa-família, e LOAS). Essas duas contas explicam 84% do crescimento da despesa de 1999 a 2012.
• As contas que mais crescem são exatamente aquelas afetadas pela regra de reajuste do salário mínimo. Difícil controlar o crescimento da despesa primária com a regra atual do salário mínimo.
Uma outra forma de olhar o gasto público - Função
• Há diversas forma de se olhar o gasto público primário. Uma outra forma é dividir o gasto total não financeiro (pessoal, custeio e investimento) por função.
• Qual a vantagem? Olhar apenas para despesa de custeio pode “subestimar” algum tipo de gasto no qual a despesa com pessoal seja elevada.
• Por essa nova ótica, há alguma surpresa?
Gasto Primário Governo Federal (Despesa Liquidada) – Função 2002-2012- % do PIB -
Gasto com pessoal + custeio + investimento.
OBS: não inclui encargos especiais (Função 28)
Fonte: Balanço do Setor Público
Pontos Importantes
• De 2007 a 2012, as funções educação, trabalho (seguro desemprego e abono salarial) e assistência social estão entre aquelas de crescimento acima da média.
• Mas quando se olha o gasto por função como % do PIB, os suspeitos de sempre aparecem.
• A grande surpresa do período recente é o crescimento do gasto com educação que, na divisão tradicional por categoria de despesa, fica escondido.
Rec. Vinculada e Despesa com Função Educação – R$ bilhões de maio de 2012
20022003
20042005
20062007
20082009
20102011
20120.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
24.5727.93
62.86
Rec Vinculada Despesa
Gasto com Educação – Gov. Federal - % do PIB
Fonte: Balanço do Setor Público Nacional e SIAFI
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20120.5%
0.6%
0.7%
0.8%
0.9%
1.0%
1.1%
1.2%
1.3%
1.4%
1.5%
0.9%0.8%
0.7% 0.8% 0.7%0.8% 0.8%
1.1%1.2%
1.3%
1.4%
Número de Servidores Ativos – Min. da Educação
19971998
19992000
20012002
20032004
20052006
20072008
20092010
20112012
150,000
160,000
170,000
180,000
190,000
200,000
210,000
220,000
230,000
240,000
174,966 180,895
237,427
Fonte: Boletim Estatístico de Pessoal - MPO
Relação entre o Custeio dos Programas de Educação e Saúde divido pelo Gastos Sociais (INSS+ LOAS + Segur. Desemprego e Abono Salarial – 1999-2010
Setor Público: Estimativa do Gasto Social no Brasil = 23,5% do PIB
Previdência (incluii LOAS); 12.0%
Saúde (SUS); 4.5%
Educação Pública; 5.5%
Bolsa- Familia; 0.5%
Seguro desemprego e abono salarial; 0.9%
Gasto Público Total na China = 25% do PIB; Gasto Público na Índia = 27% do PIB; Gasto Público Total Brasil = 38,5%-40% do PIB
Fonte: FMI, SIAFI, Tesouro Nacional, e Banco Mundial
Parte 2- Dinâmica do Gasto Público Federal: 2004-2008 versus 2008-2012
Olhando para o padrão do crescimento do gasto público antes e depois da crise há
alguma mudança?
Gasto Primário do Governo Central - Pré-crise (2004-2008) e Pós-Crise (2008-2012) - % do PIB
OBS: educação e saúde incluem apenas custeioFonte: Tesouro Nacional e SIAFI
2004 2008 2012Assistência Social 0,70% 0,90% 1,20%
Trabalho 0,50% 0,70% 0,90%
Previdência (INSS) 6,50% 6,60% 7,20%
TOTAL-1 7,70% 8,20% 9,30%
Saúde 1,40% 1,30% 1,50%
TOTAL -2 9,10% 9,60% 10,80%
Educação 0,30% 0,40% 0,70%
TOTAL-3 9,40% 10,00% 11,60%
Pessoal 4,30% 4,30% 4,20%
TOTAL-4 13,70% 14,30% 15,80%
Investimento 0,60% 0,90% 1,10%
TOTAL-5 14,30% 15,20% 16,90%
Outros 1,30% 1,20% 1,40%
TOTAL 15,60% 16,40% 18,30%
Crescimento em pontos do PIB – Despesa Primária 2004-2008 versus 2008-2012
GASTOS SOCIAIS SAÚDE EDUCAÇÃO PESSOAL INVESTIMENTO OUTROS TOTAL-0.5%
0.0%
0.5%
1.0%
1.5%
2.0%
0.5%
0.0%
0.1%0.0%
0.3%
-0.1%
0.8%
1.1%
0.1%
0.3%
-0.1%
0.2% 0.2%
1.9%
2004-20082008-2012
OBS: Gastos sociais = LOAS+ Bolsa Família + INSS + Seg. Desemprego e Abono Salarial
80% do crescimento
Principais Pontos• Gasto público no Brasil desde 1999 cresce (% do PIB) puxado por
INSS e gastos sociais (LOAS, seguro desemprego, abono salarial, bolsa família). gastos afetados pela regra de reajuste do salário mínimo.
• Se olharmos o gasto por função desde 2002, além das contas acima, o gasto com educação mostra forte crescimento em 2007-2012: aumento da receita de impostos + mudanças institucionais (DRU) e FUNDEB.
• Investimento público no Brasil não cresceu nos últimos dois anos (% do PIB) – sem o Minha Casa Minha Vida.
Programas Sociais versus Programas Setoriais
• Custo dos programas setoriais não é claro para a população nem tão pouco para especialistas;
• Custo se divide em duas partes: custo financeiro e custo primário. Não é muito claro o critério;
• Governo conciliou agenda social do pós-crise com intervenção setorial porque aumentou a divida pública bruta.
Saldo dos Empréstimos para Bancos Públicos – 2007-2012
Gasto Social aparece no orçamento e gasto com Produção e Infraestrutura fica fora do Orçamento: dívida bruta.
• Portaria nº. 357, de 15 de outubro de 2012 do Ministério da Fazenda (clique aqui). De acordo com o inciso III do Art. 7o dessa portaria:
• Art. 7o……..• I – ………
• II – ……….
• III – os valores apurados das equalizações a partir de 16 de abril de 2012, relativos às operações contratadas pelo BNDES, serão devidos após decorridos 24 meses do término de cada semestre de apuração e atualizados pelo Tesouro Nacional desde a data de apuração até a data do efetivo pagamento.
Volume autorizado do PSI – 2010-2013 – R$ bilhões
Desembolsos do PSI até setembro de 2013 = R$ 238,7 bilhões
Fluxo de Pagamentos acumulados do PSI - 2010-NOV/2013 – R$ 1,4 bilhões acumulados atualizados pelo IPCA
Balanço do BNDES (AGO/2013): Créditos perante o Tesouro Nacional = R$ 14,6 bilhões.
2010 2011 2012 20130
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0
488.6
822.8
124.2
R$ milhões de novembro de 2013
É justo discutir o gasto social enquanto subsidiamos os ricos?
2009 2010 2011 2012 -
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0
12.0
14.0
16.0
18.0
5.8 6.2 7.2
16.7
Saldo do FIES - R$ bilhões correntes
Fonte: relatório resumido de gestão do exercício de 2012 – FIES. P. 21.
Ano 20120: Estoque do FIES = R$ 16,7 bilhões versus Estoque do PSI = R$ 227 bilhões
Parte 3 – Gasto Público no Governo Dilma
Forte expansão da despesa puxada pelos gastos sociais, estagnação do investimento público federal (% do PIB) e crescimento do
custeio administrativo.
Despesa Primária Governo Central – 2010-2013 (JAN-OUT)
PESSOAL INSS CUSTEIO
ADMINIST.CUSTEIO SAUDE E
EDUC.GASTOS SOCIAIS INVEST. OUTROS TOTAL
JAN-OUT/2010 132,79 205,47 37,16 60,37 57,82 36,99 2,42 533,01 JAN-OUT/2011 145,13 226,85 36,33 66,52 66,60 41,43 2,70 585,56 JAN-OUT/2012 150,05 256,67 41,86 75,55 78,87 50,90 2,90 656,80 JAN-OUT/2013 163,21 290,06 62,83 85,34 90,50 53,69 3,18 748,81
R$ bilhões correntes (MCMV incluído como investimento
% do PIB
PESSOAL INSS CUSTEIO
ADMINIST.CUSTEIO SAUDE E
EDUC.GASTOS SOCIAIS INVEST. OUTROS TOTAL
JAN-OUT/2010 4,4% 6,8% 1,2% 2,0% 1,9% 1,2% 0,1% 17,7%JAN-OUT/2011 4,2% 6,6% 1,1% 1,9% 1,9% 1,2% 0,1% 17,1%JAN-OUT/2012 4,1% 7,1% 1,2% 2,1% 2,2% 1,4% 0,1% 18,1%JAN-OUT/2013 4,1% 7,4% 1,6% 2,2% 2,3% 1,4% 0,1% 19,0%
2010-2013 -0,3% 0,5% 0,4% 0,2% 0,4% 0,1% 0,0% 1,3%
OBS: custeio administrativo cresce fortemente puxado pela conta do CDE e compensação ao RGPS.
Crescimento JAN-OUT 2012-2013 – R$ bilhões correntes
PESSOAL; 13.2
INSS; 33.4
CUSTEIO ADMINIST.; 21.0
CUSTEIO SAUDE E EDUC.; 9.8
GASTOS SOCIAIS;
11.6 INVEST.; 2.8 OUTROS; 0.3
Chart Title
Fonte: SIAFI e Tesouro Nacional. Crescimento da despesa primária = R$ 92 bilhões (14% nominal). Sem CDE e compensação RGPS crescimento da despesa teria sido de R$ 78,6 bilhões (12%).
Gasto Público Federal Por Função – JAN-NOV 2013 = R$ 821,7 bilhões
Fonte SIAFI: GND-1,3,4,5 menos empréstimos e repartição de receita
Transferência de renda: INSS+ previdência pública + LOAS + Bolsa Família + Seguro Desemprego e Abono Salarial.
Gasto Público Federal Por Função – JAN-NOV 2013 = R$ 821,7 bilhões – Divisão Percentual
Transferência de renda: INSS+ previdência pública + LOAS + Bolsa Família + Seguro Desemprego e Abono Salarial.
Fonte SIAFI: GND-1,3,4,5 menos empréstimos e repartição de receita
Fonte: Tesouro Nacional e Projeções Mansueto Almeida.
PIB nominal cresce 9% em 2013 e 2014
Crescimento nominal da despesa = 13% em 2013 e 12% em 2014
Conclusão