Mercado simbólico: um modelo de comunicação para políticas públicas
Comunicação, opinião pública e poder | Prof. Ms. Natalício Júnior
J. [Estel] SantiagoTamysie RibeiroTássya Menezes
Inesita Soares de Araújo[Dra. em Comunicação – ECO/UFRJ]
OBJETIVOS
Propor um modelo para análise e planejamento estratégico da
comunicação nas políticas públicas
Adequar a prática comunicativa nos processos de intervenção social
Representar os processos sociais de formação dos sentidos e a prática
comunicativa na intervenção social
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• Modelo da “Comunicação & Desenvolvimento”
1950. Base: Shannon & Weaver
INTRODUÇÃO
3Adaptado de SHANNON e WEAVER (1949, apud Redfield, 1967, p.6), disponível em http://www.scielo.br/img/revistas/rac/v13n3/a06fig02.gif
• Modelo da “Comunicação & Desenvolvimento”
1950. Base: Shannon & Weaver
Comunicação como moldagem de atitudes e comportamentos
Bipolar, linear, unidirecional e vertical
“processo de repasse de mensagens de um pólo a outro (...) códigos
reconhecíveis (...) eliminar ruídos”
Comunicação informação
o Fim do confronto de interesses
o caráter funcionalista da comunicação
INTRODUÇÃO
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Anos 80. Inversão do foco do processo comunicativo:
o receptor responsável pela produção dos sentidos
Ainda oculta:
o determinações estruturais
o as relações de poder
o contradições
INTRODUÇÃO
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• Outras possibilidades
Mediações e negociações
Consumo (CERTEAU; 1994; CANCLINI, 1995)
Mediações culturais (BARBERO, 1993; OROZCO, 1997)
Táticas e estratégias (CERTEAU, 1994)
INTRODUÇÃO
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• Modelo da “Comunicação como mercado simbólico”
Representar a prática comunicativa nos processos de intervenção social
que dão concretude às políticas públicas
1.teorias preexistentes (já vistas)
2. formulação básica
2.1 lugar de interlocução
3. representação gráfica
DESENVOLVIMENTO
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• Comunicação como modo de um mercado
Sentidos sociais | bens simbólicos:
o produzidos
o circulam
o são consumidos
Indvíduos e comunidades discursivas negociam sua mercadoria
o qual mercadoria? perceber, classificar e intervir (mundo e sociedade)
o busca de poder simbólico (constituir a realidade)
DESENVOLVIMENTO
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• Ou seja... conceituando
Comunicação: processo de produção, circulação e consumo
o do quê? sentidos sociais
o como? discursos
Processo porque mercado simbólico...
o circuito dinâmico, produtivo, mediado por permanente negociação
o quem opera? Indivíduos ou comunidades discursivas
o Comunidade discursiva: pessoas que produzem e fazem
circular discursos; neles se reconhecem e são reconhecidos
DESENVOLVIMENTO
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• Ou seja... conceituando
“Lugar de interlocução”:
o ocupação do interlocutor no mercado
o entre centro e a periferia discursivos
o confere poder de barganha
o uso de estratégias
DESENVOLVIMENTO
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• Ou seja... conceituando
Estratégias:
o se apoiam em fatores de mediação
o favorecem OU dificultam fluxo entre as posições centro-periferia
Fatores de mediação:
o pessoal, grupal, coletiva ou organizacional
o material ou simbólica
o articulação em contexto determina o lugar de interlocução
DESENVOLVIMENTO
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• A construção social dos mercados
Perspectiva institucionalista:
o mercado é social e cultural (valores)
o escolha vai além do preço
o acesso à informação: assimétrico
o mercado: sustentado por conjunto de instituições
o relações por interesses em jogo confronto e luta
DESENVOLVIMENTO
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• O ato da fala
Bakhtin (1988) e Bourdieu (1993)
Fenômeno simbólico da língua como uma teoria da ação
Mercado simbólico como competência para usar a fala
Fala = produto preço (interpretação e avaliação)
O preço influencia a produção! Por quê?
Há preocupação com a audiência (reflexos na forma e conteúdo)
o tensão, restrição, anulação (“silêncio da intimidação”)
Quando se fala se diz o que quer + algo além pela maneira de dizer
DESENVOLVIMENTO
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• O ato da fala
Aceitabilidade: o que dizer, quando e onde
Gera coerção do discurso por “competência”
No mercado simbólico
o competência linguística é desigual: possuidores/despossuídos
o ela é diferencial social E produtor de diferenças sociais
DESENVOLVIMENTO
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RESULTADOS
• Se comunicação como mercado simbólico...
Prática comunicativa: ato de ativar o circuito produtivo dos sentidos
sociais
Espaço evidente: produção e circulação
Espaço não-evidente: receptor/consumidor é produtor de novos sentidos
o por quê? modifica ato e modo de consumir...
Assim, consumo é espaço essencial da comunicação
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• Matriz de análise dos fatores de mediação
Fontes: espaços simbólicos que organizam e produzem mediações
o História, Cultura, Religião
Campos: espaços sociodiscursivos de natureza abstrata
o Instituições (Estado, Igreja...)
o temáticas e práticas sociopolíticas (saúde coletiva, código ambiental)
Instâncias: espaços sociodiscursivos concretos, de estrutura formal
o organização X, Y ou Z; famílias
Comunidades discursivas
Fatores: natureza e amplitude diversas, emanam dos contextos
o motivações e interesses, relações, competências...
RESULTADOS
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RESULTADOS
• Processo de produção–circulação–consumo
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Ondulação: contínua transformação dos sentidos no processo de circulação
RESULTADOS
• Interlocutores: negociação articulada
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Interlocutor vs. emissor e receptor
RESULTADOS
• Interlocutores: negociação articulada
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Interlocutor: agente e espaço de negociação de sentidos
RESULTADOS
• Interlocutores: negociação articulada
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Espiral: desigualdade dos interlocutores no circuito produtivo
RESULTADOS
• Modelo completo
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• Últimas palavras
Mercado simbólico se opõe ao “pensamento único”
Possibilidade de uma luta: funcionamento + equitativo do mercado simbólico
Possível mais discussões nos contextos teórico, metodológico e empírico
Requer crivo teórico e metodológico dos especialistas da comunicação
Necessidade de experimentação como modelo organizador do planejamento
estratégico da comunicação aplicada às políticas públicas
RESULTADOS
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REFERÊNCIAS
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ARAÚJO, I. A reconversão do olhar: prática discursiva e produção do sentido na intervenção social. São Leopoldo: Unisinos, 2000.
ARAÚJO, I. Mercado Simbólico: interlocução, luta, poder – Um modelo de comunicação para políticas públicas. 2002. Tese (Doutorado) - Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988.
BARBERO, J. M. De los medios a las mediaciones: comunicación, cultura y hegemonia. Barcelona: Gustavo Gilli, 1993.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.
CANCLINI, N. G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1995.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: UnB, 2001.
MATTELART, A. Comunicação-Mundo: história das idéias e das estratégias. Petrópolis: Vozes, 1999.