8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no
Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Título: Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Resumo executivo
Tendo por base um modelo formatado como um projeto MDL florestal, 187 pequenos produtores
familiares (Anexo 1) implantaram reflorestamentos mistos, com espécies nativas ameaçadas de
extinção e espécies exóticas de rápido crescimento, em seis municípios na região noroeste do
Estado do Paraná, Brasil.
O modelo é inovador, pois concilia conservação ambiental, formando bancos de conservação
genética de espécies ameaçadas, garantindo a sobrevivência de populações locais dessas
espécies; a produção econômica e a inclusão social, pois gera renda com a florestal e créditos de
carbono atendendo ao Protocolo de Kioto e, finalmente, a ciência, pois usa conceitos avançados
de genética de população, de modelagem florestal e de sensoriamento remoto em sua estrutura.
As propriedades têm menos de 30 hectares. Em cada uma foram reflorestados de 1 a 5 ha. As
áreas reflorestadas do projeto somam 379 ha e eram principalmente de pasto e degradadas.
Todas foram geo-referenciadas, projetadas sobre imagens de satélite, demarcadas como reserva
legal das propriedades através do SISLEG e registradas em cartório.
A implantação dos reflorestamentos ocorreu em 2006 e teve o apoio financeiro de 50% do
investimento pelo Programa Paraná Biodiversidade. A seleção de produtores participantes deu-se
através do Conselho Regional de Biodiversidade, após consultas a organizações de pequenos
produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região, bem como
autoridades locais e regionais quanto ao interesse em participar do projeto.
As espécies nativas secundárias foram cuidadosa e cientificamente selecionadas dentro da região,
já com o intuito de constituir bancos de germoplasma de espécies nativas relevantes da região.
Cada reflorestamento é manejado seguindo os princípios de sucessão florestal natural. A indução
inicial de um mix de espécies exóticas e nativas pioneiras serve de base para o desenvolvimento
de um ambiente favorável para o crescimento e regeneração natural de espécies nativas
secundárias iniciais e tardias. As exóticas e nativas pioneiras são desbastadas ao longo do tempo,
deixando espaço para o crescimento e a regeneração natural das nativas mais importantes.
A espécie exótica utilizada é o Eucalyptus grandis por apresentar bom desenvolvimento na região.
As espécies nativas foram selecionadas em função de: i) sua importância e representatividade
ecotípica na região, ii) seu potencial para manejo e para a produção sustentável de madeira e
sementes, e iii) seu papel na sucessão de espécies na paisagem. Foram priorizadas as que, sob
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manejo sustentável, produzem madeira e sementes de maior valor comercial. O plantio foi através
de dois delineamentos para a disposição das espécies nativas: um em bloco e outro em faixa.
Para o projeto de MDL foi contabilizado o carbono seqüestrado com eucaliptos. O carbono
seqüestrado pelas nativas plantadas e regeneradas naturalmente ao longo do projeto será
utilizado para descontar o estoque inicial de carbono da linha de base como áreas de pastagens
ou qualquer eventual vegetação não florestal presente. Com base em um dos delineamentos
propostos, o em blocos, o total de ao longo do período de 20 anos do projeto é de 102.094 tCO2.
Ao final do ciclo de 20 anos do projeto, todas as árvores exóticas estarão cortadas, bem como a
maioria das nativas pioneiras plantadas, que também devem ter findado o seu ciclo natural. Assim,
permanecerão apenas as nativas secundárias iniciais e tardias plantadas, junto com nativas
regeneradas naturalmente, conforme prescreve o princípio da sucessão florestal.
Como resultados esperados, destacam-se:
Em termos ecológicos, é a reconstituição da floresta nativa, o estabelecimento de reservas legais e
a formação de bancos de germoplasma de espécies nativas da região.
Em termos sociais, é a melhoria da qualidade de vida dos produtores com a geração de renda
através do pagamento do crédito de carbono, e da venda de madeira dos desbastes e colheita
final, bem como de sementes de espécies nativas coletadas nos bancos de germoplasma.
Em termos econômicos, com a replicação em grande escala do modelo ora proposto, é o estimulo
à atividade madeireira, em particular, a indústria de processamento de madeira, com agregação de
valor à produção regional.
A coordenação é do Programa Paraná Biodiversidade, da Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos. O projeto conta com a EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas,
dando suporte na elaboração do modelo e delineamento do reflorestamento, bem como na
identificação de matrizes de nativas na região para a coleta de sementes. Conta também com a
EMATER e o Instituto Ambiental do Paraná na implantação e monitoramento do projeto.
A inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono requer atenção especial por parte de
instituições que priorizem os aspectos sociais e ecológicos. Quando um projeto de carbono
incorpora a agenda social e ambiental já existente, há maior perspectiva deste de contribuir ao
desenvolvimento sustentável da região. Assim, este projeto encontra-se em avançada fase de
negociação com a Petrobras, com grandes perspectivas de sucesso. Os recursos serão
destinados aos produtores e à replicação do projeto em outras regiões.
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Descrição dos objetivos:
Os objetivos do Projeto são:
Promover biodiversidade através da implantação de reflorestamentos para a reconstituição
de florestas nativas em pequenas propriedades familiares, em seis municípios na região
noroeste do Estado do Paraná, Brasil.
Formatar estes reflorestamentos como um projeto de carbono, sob o âmbito do Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto, buscando a inclusão de pequenos
produtores no mercado de carbono.
Utilizar reflorestamentos mistos, plantando espécies nativas ameaçadas de extinção junto
com espécies exóticas de rápido crescimento, em áreas de pasto, lavoura e degradadas.
Geo-referenciar estas áreas, projetá-las sobre imagens de satélite, demarcá-las como
reserva legal das propriedades através do SISLEG e registra-las em cartório.
Possibilitar a implantação deste módulo por 187 pequenos produtores familiares, sendo
67 de assentamentos de reforma agrária, que deverão servir de modelo para a replicação
do projeto em outras regiões.
Manejar cada reflorestamento seguindo os princípios de sucessão florestal natural,
desbastando exóticas e nativas pioneiras ao longo do tempo, deixando espaço para o
crescimento e a regeneração natural das nativas, de forma que permaneçam no final
apenas espécies nativas.
Transformar estes reflorestamentos em bancos de germoplasma de espécies nativas da
região.
Possibilitar renda aos produtores através da venda da madeira colhida no manejo, bem
como de sementes de espécies nativas coletadas nos bancos de germoplasma.
Estimular a atividade madeireira, em particular a indústria de processamento de madeira,
com agregação de valor à produção regional, conciliando a conservação com a produção.
Trabalhar para a replicação em grande escala do modelo ora proposto em outras regiões,
uma vez que é um projeto de alta replicabilidade, com possibilidade de uso do mesmo
modelo para mais de 300.000 produtores apenas no Estado do Paraná.
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Apresentação do projeto
Título: Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no Estado do Paraná: um
modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Introdução
A maioria das propriedades rurais brasileiras não cumpre com a exigência de ter áreas de Reserva
Legal e Preservação Permanente, estabelecida no Código Florestal Brasileiro.
No Estado do Paraná, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, através do Programa
Paraná Biodiversidade, em trabalho conjunto com a Emater-PR, o Instituto ambiental do Paraná e
a Embrapa – Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, vem identificando modelos que facilitem
aos pequenos produtores o cumprimento desta exigência legal.
No começo do século XX, o Paraná era coberto em grande parte por florestas exuberantes, mas,
com a ocupação agrícola, de uma maneira muito rápida, essas florestas foram substituídas por
agricultura. Colonizadores viam a floresta como uma fonte de madeira valiosa, pronta para ser
cortada e para financiar o desenvolvimento agrícola trazido pelas culturas de café, grãos e
pecuária. Governantes, universidades, instituições de pesquisa, extensão rural e bancos
incentivavam a substituição da floresta, oferecendo aos proprietários crédito, tecnologias e planos
estratégicos de desenvolvimento da produção1.
Muito pouco se falava do valor da floresta como provedora de serviços importantes, como proteção
de água e solos, manutenção da biodiversidade e, conseqüentemente, de equilíbrio na natureza,
de beleza cênica, captura de carbono, entre outros.
Todo este processo ocorreu, e ocorre em outros Estados onde ainda há florestas, à revelia de leis
como o Código Florestal, que em 1965 determinava, para o Estado do Paraná, a manutenção de
áreas de preservação permanente em topos de morro, pendentes acentuadas e matas ciliares, e a
manutenção de uma reserva legal florestal correspondente a 20% da área de cada propriedade, a
1 Embora os campos não sejam florestas, pois não tem árvores, também foram ocupados por agricultura,
pecuária e silvicultura intensiva. Apesar deles não terem árvores nativas para custear o plantio, a conversão em atividade agrícola foi rápida devido ao baixo custo de preparo de solo e ao relevo apropriado para mecanização.
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ser manejada para conservação e produção, preferencialmente com florestas nativas.
Hoje, grande parte das áreas férteis e planas do Estado são totalmente ocupadas por agricultura,
pecuária e silvicultura intensiva. As florestas nativas ficaram confinadas a algumas poucas
unidades de conservação e a áreas de relevo acentuado ou de difícil acesso, mas mesmo assim,
sofreram um processo de corte seletivo, com a retirada das árvores de maior valor.
Os remanescentes florestais em bom estado de conservação são raros e devem ser vistos pelo
Estado como bens valiosos. Qualquer diminuição em sua área é irreparável, pois são as últimas
reservas de algumas espécies da fauna e da flora paranaense, fortemente ameaçadas de
extinção. De alguma forma, o Estado e a sociedade devem encontrar estratégias para protegê-los,
seja pela criação de unidades de conservação ou por mecanismos que transfiram renda para seus
proprietários.
No entanto, apenas manter estes remanescentes valiosos deixaria o Paraná com uma baixa
cobertura florestal – não mais do que 5% do Estado em termos otimistas – mal distribuída e
fragmentada em uma matriz de agricultura intensiva, cheia de ameaças como queimadas,
pulverizações de defensivos agrícolas, invasibilidade de algumas espécies de pastagem e árvores.
Vale frisar que o processo de fragmentação, por si só, gera uma série de problemas aos
ecossistemas isolados, como desaparecimento das espécies, endogamia e crescimento excessivo
de certas populações transformando-as em pragas, dentre outros.
A adoção de políticas de incentivo à recuperação de florestas, aumentando a cobertura florestal na
maioria das regiões e enriquecendo florestas empobrecidas em outras é uma necessidade
premente, sendo a reserva florestal legal o local natural para sua implementação. Políticas de
fomento devem considerar a propriedade como um todo, visando o equilíbrio da conservação e
também a produção de madeiras de valor.
A recuperação das florestas naturais em áreas de reserva legal no Estado é uma oportunidade
única para a construção de corredores florestais que concentrarão os remanescentes em bom
estado de conservação e para gerar renda para produtores e para o Estado do Paraná.
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O projeto:
O projeto está baseado um modelo de reflorestamento implantado em 187 pequenas propriedades
(Anexo 1), para o estabelecimento de reservas legais em áreas de pasto, lavoura e degradadas
em pequenas propriedades na região noroeste do Estado do Paraná, Brasil.
A implantação dos reflorestamentos modelo teve apoio financeiro do Programa Paraná-
Biodiversidade. A seleção de produtores participantes, a fim de permitir a máxima transparência,
deu-se através do Conselho Regional de Biodiversidade, após consultas a organizações de
pequenos produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região,
bem como autoridades locais e regionais quanto ao interesse em participar do projeto.
As áreas reflorestadas do projeto somam 379 ha, as quais foram todas geo-referenciadas e
projetadas sobre imagens de satélite Geocover de 1990 e Spot de 2005, conforme mostram as
figuras 9, 10 e 11 ( Anexo 2), envolvendo seis municípios da região.
Busca-se difundir atividades produtivas ecologicamente sustentáveis, através da implantação de
módulos agroecológicos, com práticas que conciliem a conservação com a produção. O objetivo
principal é promover a biodiversidade local através da criação de corredores que conectem
fragmentos florestais ao longo de bacias hidrográficas.
Dos 187 produtores, 120 produtores são independentes e 67 assentados da reforma agrária.
Todos enquadram-se na categoria de pequenos produtores familiares com propriedades abaixo de
30 ha. As áreas a serem reflorestadas variam de 1 a 5 ha, as quais serão demarcadas como
reserva legal das propriedades através do SISLEG e registradas em cartório.
A situação dos produtores participantes, bem como dos demais produtores de sua categoria nos seis municípios cobertos pelo projeto, apresentaram o seguinte cenário inicial:
Propriedades abaixo de 30 ha;
Não possuiam SISLEG;
Não possuiam reserva legal averbada;
Viviam principalmente da atividade agropecuária, cujo sistema de produção é composto por: gado de corte, gado leiteiro, sericicultura, café, mandioca, cana de açúcar, milho,
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laranja e soja;
Enquadravam-se na categoria de produtor de baixa renda;
As áreas a serem reflorestadas estava sendo usadas para pasto ou cultivo agrícola desde 1990.
Cada reflorestamento é manejado seguindo os princípios de sucessão florestal. Assim, a floresta
nativa é restabelecida através da indução inicial de um mix de espécies exóticas e espécies
nativas pioneiras, servindo-se para o desenvolvimento de um ambiente favorável para o
crescimento de espécies nativas secundárias iniciais e tardias. Essas espécies são escolhidas
visando à formação de bancos de conservação genética de nativas ameaçadas de extinção.
O módulo de seqüestro de carbono é um dos módulos agroecológicos, cuja atividade está sendo
formatada como um projeto de carbono de reflorestamento de pequena escala sob o âmbito do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto.
Estratégia do módulo de seqüestro de carbono
A estratégia do módulo de carbono baseia-se sobre um modelo de reflorestamento seguindo os
princípios de sucessão florestal. Ao longo do projeto as espécies exóticas de crescimento rápido
de valor comercial são desbastadas para dar espaço para a regeneração natural e o crescimento
das espécies nativas plantadas. Ao mesmo tempo a retirada de madeira proporciona um ganho
monetário para os proprietários, o que constitui um atrativo para a sua participação e a potencial
replicação do modelo.
Ao final do ciclo de 20 anos do projeto, todas as árvores exóticas serão cortadas, bem como a
maioria das nativas pioneiras plantadas também devem ter findado o seu ciclo natural,
permanecendo apenas as nativas secundárias iniciais e tardias plantadas, junto com as nativas
regeneradas naturalmente durante o período, conforme prescreve o princípio da sucessão
florestal.
As espécies nativas secundárias são cuidadosa e cientificamente selecionadas dentro da região já
com o intuito de constituir bancos de germoplasma de espécies nativas relevantes da região. Ao
final do projeto, ter-se-á formado um mosaico de reflorestamento de nativas com material genético
de qualidade, com possibilidades tanto de venda de sementes nativas certificadas como o manejo
sustentável de madeira.
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As etapas de negociação entre as instituições envolvidas na implantação do projeto dentro do
Projeto PR-BIO, a EMATER e o IAP e as secretarias envolvidas SEMA, (Meio Ambiente) SEPL
(Planejamento) e SEAB (Agricultura) já foram superadas. Com relação aos envolvidos
(“stakeholders”) em nível de campo, foram realizadas consultas a organizações de pequenos
produtores, cooperativas, representações de assentados da reforma agrária da região, bem como
autoridades locais e regionais quanto ao seu interesse em participar do projeto. O projeto conta
com a EMBRAPA por meio do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas, em Colombo, PR, como
parceira, dando suporte técnico na elaboração do modelo e delineamento do reflorestamento, bem
como a identificação de matrizes de nativas na região para a coleta de sementes. O projeto conta
também com o apoio da EMATER e IAP regional como parceiros na implantação e monitoramento
do projeto. Por se tratar de um projeto de longa maturação, selou-se um acordo interinstitucional,
onde se elaborou um cronograma de ação e atribuição de responsabilidades entre todas as
instituições e entidades participantes, visando à institucionalização das ações previstas dentro das
respectivas instituições
Localização do projeto
O projeto localiza-se na região do extremo noroeste da Messorregião geográfica Noroeste
Paranaense, abrangendo 6 municípios: Querência do Norte, Santa Cruz de Monte Castelo, Porto
Rico, Loanda, São Pedro do Paraná, Santa Isabel do Ivaí. Figuras 1 e 2.
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As áreas do projeto são discretas e localizam-se nas propriedades dos pequenos produtores
participantes e nos assentamentos de reforma agrária, totalizando 379 ha, distribuídos conforme
mostra a Tabela 1. Os nomes de todos os produtores participantes estão na Tabela 2 do Anexo 1.
A Figura 3 mostra a imagem Spot de 2005 com a plotagem das áreas discretas a serem
reflorestadas e georreferenciadas nos municípios do projeto. A Figura 4 mostra um detalhe da
mesma imagem e a Figura 5 destaca as áreas de reserva legal coletiva a serem reflorestadas nos
três assentamentos de reforma agrária no Município de Querência do Norte.
Tabela 1 - Distribuição de produtores por município e áreas discretas reflorestadas no Projeto.
Municípios cobertos pela área do projeto
no de produtor
área estabelecimento
área reflorestada
Santa Cruz de Castelo Branco 21 451,1 32,7
Porto Rico 24 185,9 37
Santa Izabel do Ivaí 12 186,7 21,5
Loanda 43 283,25 70,6
São Pedro do Paraná 20 341,9 29,7
Querência do Norte: PA Luís Carlos Prestes 43 876,47 104
Querência do Norte: PA Antônio Tavares 14 339,5 67,5
Querência do Norte: PA Margarida Alves 10 213,9 16
Total 187 2.878,72 379
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Com relação ao potencial hídrico das águas superficiais, a região é favorecida pela presença de
quatro bacias hidrográficas, dos rios Paraná, Ivaí, Piquiri e Paranapanema, todos com curso
parcial na mesorregião. Os seis municípios abrangidos pelo projeto de carbono se inserem entre o
Rio Paraná e o Rio Ivaí, na porção noroeste da mesorregião, fazendo parte da bacia hidrográfica
dos dois rios (Figura 6).
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Figura 6. Bacias hidrográficas da região do projeto.
Espécies e variedades florestais selecionadas
As espécies florestais selecionadas seguem o princípio de sucessão florestal no processo de
formação de uma floresta natural. Estas se classificam em espécies pioneiras (P), secundárias
iniciais (SI) e secundárias tardias (ST).
No modelo florestal proposto são utilizadas também e, principalmente, as espécies exóticas como
pioneiras dando suporte para a sustentação das espécies nativas secundárias. A espécie exótica
utilizada é o eucalipto, especificamente o Eucalytus grandis por apresentar um bom
desenvolvimento na região. As espécies nativas utilizadas são as de ocorrência na região visando
à formação de bancos ativos de germoplasma.
As espécies nativas são selecionadas em função de: i) sua importância e representatividade
ecotípica na região, ii) seu potencial para manejo e para a produção sustentável de madeira e
sementes, e iii) seu papel na sucessão de espécies na paisagem. Dentre essas procurar-se-á
priorizar as que, sob manejo sustentável, produzirão madeira e sementes de valor comercial no
futuro.
As matrizes são criteriosamente identificadas para a coleta de sementes para a produção de
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mudas de qualidade. As espécies nativas potenciais são as de ocorrência na região onde se
localiza o projeto. As pioneiras são: Embaúba, Capixingui, Tapiá, Sangra d’água, Coração de
negro, Vacum, Jurubeba do mato, Grandiuva, Pau tucano. As secundárias iniciais potenciais
são: Camboatá, Ingá miúdo, Farinha seca, Curucaia, Ingá graúdo, Feijão cru, Embira de
sapo, Canafístula, Espeteiro, Sobrasil, Mamica de porca, Grão de onça. As secundárias
iniciais potenciais são: Guatéria, Peroba, Pateiro, Araçá, Guanandi, Canela, Canela folha larga,
Canelão, Canelinha, Jequitibá, Alecrim, Garapeiro, Jatobá, Óleo de copaíba, Guaiçara,
Catiguá, Figueria, Moreira, Cambuí, Pitangueira, Piúna, Pau d’alho, Limãozinho, Pau marfim
e Guatambu. A Tabela 3 traz a lista das espécies arbóreas nativas de ocorrência na região do
extremo Noroeste do Estado do Paraná potenciais para o Projeto, com o nome científico e a
família à qual pertence. As espécies de valor comercial estão destacadas em amarelo.
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Tabela 3 - Lista das espécies arbóreas nativas de ocorrência na região do extremo Noroeste do
Estado do Paraná potenciais para o Projeto de carbono.
FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME COMUM GRUPO ECOLÓGICO
Cecropiaceae Cecropia pachystachya Embaúba P
Euphorbiaceae Croton floribundus Capixingui P
Euphorbiaceae Alchornea triplinervia Tapiá P
Euphorbiaceae Croton urucurana Sangra d'água P
Leguminosae Papilionoideae Poecilanthe parviflora Coração de nego P
Sapindaceae Allophyllus edulis Vacum P
Solanaceae Solanum sp Jurubeba do mato P
Ulmaceae Trema micrantha Grandiuva P
Vochysiaceae Vochysia tucanorum Pau tucano P
Anacardiaceae Tapirira guianensis Camboatá SI
Leguminosae Mimosoideae Inga fagifolia Ingá miúdo SI Ingá miúdo SI SI
Leguminosae Mimosoideae Albizia hasslerii Farinha seca SI
Leguminosae Mimosoideae Parapiptadenia rigida Gurucaia SI SI
Leguminosae Mimosoideae Inga uruguensis Ingá graúdo SI
Leguminosae Papilionoideae Lonchocarpus muehlbergianus Feijão cru SI
Leguminosae Papilionoideae Lonchocarpus guilleminianus Embira de sapo SI
Leguminosae Caesalpinoideae Peltophorum dubium Canafístula SI
Flacourtiaceae Casearia gossypiosperma Espeteiro SI
Rhamnaceae Colubrina glandulosa Sobrasil SI
Rutaceae Zanthoxyllum rhoifolium Mamica de porca SI
Sapotaceae Pouteria caimito Grão de onça SI
Annonaceae Guatteria sp Guatéria ST
Apocynaceae Aspidosperma polyneuron Peroba ST
Elaeocarpaceae Sloanea guianensis Pateiro ST
Euphorbiaceae Securinega guaraiuva Araçá ST
Guttiferae Calophyllum brasiliensis Guanandi ST
Lauraceae Nectandra mollis Canela ST
Lauraceae Ocotea diospyrifolia Canela folha larga ST
Lauraceae Nectandra cissiflora Canelão ST
Lauraceae Nectandra falciflolia Canelinha ST
Lecythidaceae Cariniana estrellensis Jequitibá ST
Leguminosae Caesalpinoideae Holocalyx balansae Alecrim ST
Leguminosae Caesalpinoideae Apuleia leiocarpa Garapeiro ST
Leguminosae Caesalpinoideae Hymenaea stilbocarpea Jatobá ST
Leguminosae Caesalpinoideae Copaifera langsdorffii Óleo de copaíba ST
Leguminosae Papilionoideae Sweetia fruticosa Guaiçara ST
Meliaceae Trichilia hirta Catiguá ST
Moraceae Ficus obstosiuscula Figueira ST
Moraceae Chlorophora tinctoria Moreira STMyrtaceae Myrciaria tenella Cambuí ST
Myrtaceae Eugenia uniflora Pitangueira ST
Myrtaceae Plinia rivularis Piúna ST
Phytolaccaceae Gallesia integrifolia Pau d'alho ST
Rutaceae Esenbeckia febrifuga Limãozinho ST
Rutaceae Balfourodendron riedelianum Pau marfim ST
Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum Guatambu ST
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O Projeto de Carbono Florestal
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é um dos mecanismos de flexibilização previsto no
Protocolo de Kyoto. O Protocolo estipula que os projetos MDL devem contribuir ao
Desenvolvimento Sustentável do país hospedeiro, a critério do próprio país.
A inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono, via projetos de pequena escala,
requer uma atenção especial por parte de instituições que priorizem os aspectos sociais e
ecológicos, aqui representado pelo Estado e empresas parceiras. Quando um projeto de carbono
incorpora a agenda social e ambiental já existente na região (Estado), há maior perspectiva deste
de contribuir ao desenvolvimento sustentável da região. Assim, este projeto encontra-se em
avançada fase de negociação com a Petrobras, com grandes perspectivas de sucesso.
Neste projeto, os estoques de carbono selecionados incluem apenas a biomassa acima do solo,
especificamente: tronco, folhas e galhos. As raízes que correspondem a aproximadamente 20% da
biomassa da árvore, bem como as árvores nativas plantadas, foram utilizadas para definir a
metodologia da linha de base para compensar o carbono existente antes do projeto. Portanto, para
efeito de contabilização do carbono, foram contabilizados apenas os estoques de carbono acima
do solo dos eucaliptos, baseado no software SisEucalipto, da EMBRAPA.
As áreas a serem reflorestadas no projeto são discretas, ou seja, não são contíguas, e pertencem
a produtores independentes. Essas áreas são todas elegíveis para projeto MDL florestal tanto
segundo os critérios do Protocolo de Kyoto quanto os critérios de definição de floresta no Brasil. As
áreas não apresentam formação florestal desde 1990, conforme exige o Protocolo de Kyoto e
segundo o critério de definição floresta pelo Governo Brasileiro. A definição de floresta
estabelecida pela Resolução No 2 do MCT do Brasil de 10 de agosto de 2005 são formações
vegetais que tenham valor mínimo de cobertura de copas das árvores com 30 por cento; valor
mínimo de área de terra de 1 hectare, e valor mínimo de altura de árvores com 5 metros.
A análise de elegibilidade foi feita com base na interpretação de detalhes de imagens de satélite,
onde se sobrepôs os pontos georreferenciados das áreas a serem reflorestadas do projeto sobre
as imagens. A metodologia para a identificação do uso da terra das áreas do projeto foi realizada
através da interpretação de imagens de satélite Landsat disponível na internet através de um
mosaico de imagens chamado Geocover. A combinação de bandas desta imagem é 7R, 4G e 2B,
8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no
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e a resolução é de 30 metros. Essa imagem apresenta um bom registro de coordenadas
geográficas e, por isto, não foi necessário fazer o georeferenciamento.
Foram sobrepostas nesta imagem, informações sobre limites municipais e propriedades de
agricultores, para verificar a espacialização das propriedades e o predomínio da ocupação do solo
em 1990 (Figuras 9,10 e 11 no Anexo 2). A partir das referidas imagens é possível observar a
situação do uso da terra em 1990 das áreas a serem reflorestadas dos produtores nos seis
municípios, com destaque às áreas de reserva legal coletiva dos três assentamentos localizados
no município de Querência do Norte.
A combinação de bandas desta imagem mostra a vegetação em tons de verde e o solo exposto
em tons de rosa. A floresta, portanto, apresenta tons de verde escuro com uma textura rugosa
devido a resposta espectral emitida pelos diferentes tipos de árvores que a compõem. A
agricultura apresenta uma coloração verde clara com textura lisa, devido ao crescimento
homogêneo da plantação e a interferência da resposta espectral do solo exposto que aos poucos
vai sendo coberto pela plantação. Isto faz com que a agricultura apresente diferentes tonalidades
de verde, conforme o estágio da plantação, porém sempre apresentando uma coloração
homogênea. Pode-se observar na figura 10, na área do assentamento, o predomínio de vegetação
rasteira, agricultura, com solo exposto, provavelmente terra arada, preparada para o cultivo.
Estas imagens corroboram com as informações sobre o processo histórico de expansão agrícola
na região, em que a maioria das áreas produtivas foi desmatada entre 1940 e 1970 e confirmam
que não há presença de formações florestais em 1990 nas áreas selecionadas para o
reflorestamento do projeto. Todos os proprietários participantes do projeto possuem título da terra
ou título de posse, conforme atestam as Fichas de Cadastro de participantes do projeto
preenchidas por ocasião de adesão.
A condição do título legal da terra foi especificada como um dos requisitos para participar do
projeto. As fichas se encontram sob guarda na EMATER regional Paranavaí, pertencentes à
Cooperativa de Produtores de Carbono no Noroeste do Paraná - COPCO, entidade
implementadora e responsável pelo projeto. Serão mantidas cópias das fichas cadastrais em forma
eletrônica na EMATER Regional e SEMA. Já as áreas de reserva legal coletiva dos
assentamentos são demarcadas oficialmente pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Agrária - INCRA quando da decretação dos mesmos. As reservas legais coletivas correspondem a
20% da área total do assentamento, correspondendo ao direito de uso do mesmo percentual ao
titular de cada lote. Segundo as fichas de cadastro, o uso atual do solo das áreas a serem
reflorestadas, sejam de produtores independentes ou de assentados de reforma agrária está em
forma de pasto, cultivo agrícola, descanso curto de 1 ou 2 anos, ou são áreas degradadas.
Estipulou-se que os produtores participantes são proprietários das árvores e consequentemente
dos créditos de carbono (CERs) a elas correspondentes. Os próprios produtores deverão realizar o
monitoramento do carbono através da COPCO e os CERs deverão ser repartidos pró-rata após
certificação e venda. A tecnologia empregada se baseia sobre um modelo de reflorestamento
fundamentada sobre duas premissas: que contribua para a conservação e que seja
economicamente viável. Nesse sentido, o modelo de reflorestamento procurou utilizar temporária e
parcialmente espécies exóticas que pudessem proporcionar uma entrada de recursos ao longo de
20 anos. Ao mesmo tempo utiliza também espécies nativas que se transformarão em um banco de
germoplasma de árvores nativas no final dos vinte anos do projeto.
O modelo de reflorestamento foi elaborado pela EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de
Florestas para atender as necessidades do projeto. O modelo utiliza o eucalipto e um mix de
espécies nativas pioneiras no primeiro ano como pioneiras na sucessão florestal. Essas servem
para estabelecer um ambiente favorável para a introdução de espécies nativas secundárias e
clímax no segundo ano. É esperado que o crescimento das árvores plantadas induza uma
regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque da área reflorestada, as quais se
desenvolverão na medida do desbaste dos eucaliptos. O eucalipto é selecionado por ser uma
espécie de crescimento rápido, ser adequado para as condições climáticas da região e apresentar
uma boa demanda no mercado regional. As espécies nativas são selecionadas em função de: i)
seu papel na sucessão de espécies na paisagem; ii) sua importância e representatividade
ecológica no ecossistema regional e; iii) seu potencial para manejo sustentável para a madeira e
sementes no longo prazo.
O modelo prevê dois delineamentos para a disposição das espécies nativas: um em bloco e outro
em faixa com o objetivo de testar o delineamento mais adequado para as condições da região para
futura aplicação. A escolha entre os dois delineamentos será orientada pelos técnicos da EMATER
regional em função das condições do lote bem como da preferência do produtor. É esperado que
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
os delineamentos apresentem graus diferenciados de dificuldade no momento da colheita dos
eucaliptos a fim de não danificar as nativas remanescentes (ver Figuras 12 e 13 no Anexo 4).
Manejo florestal
Os manejos dos reflorestamentos são muito semelhantes para os dois delineamentos. Os
resultados de produção de madeira previstos são de 478 m3 para o delineamento em bloco e 476
m3 para o delineamento em faixa cumulativo nos 20 anos. Para ambos, são previstos três
desbastes, (5, 10 e 15 anos), com corte sendo que no vigésimo ano será feito um corte total das
exóticas. Tabelas 4 e 5
Tabela 4 - Manejo florestal e simulação da produção de madeira de eucaliptos no modelo de reflorestamento proposto com delineamento das nativas em blocos.
Ano
desbastes remanescentes + regeneração natural sub-bosque
no pés >25 cm <25 cm total
Ano 0 - 1135 eucaliptos 425 nativas
Ano 5 613 eucaliptos 0 99 99 500 eucaliptos 425 nativas
Ano 10 198 eucaliptos 24,7 64,2 88,9 300 eucaliptos 425 nativas
Ano 15 99 eucaliptos 43,4 19,2 62,6 200 eucaliptos 425 nativas
Ano 20 200 eucaliptos 219 8,7 228 0 eucaliptos 425 nativas
Total 287 191 478
Ao longo dos 20 anos se processará uma dinâmica com relação às nativas, onde a maioria das
nativas pioneiras plantadas deverá ter completado o seu ciclo e morrerão (podendo ser utilizados
como lenha) e a regeneração natural de nativas no sub-bosque surgirá e desenvolverão na medida
em que mais espaço é aberto com os desbastes dos eucaliptos. O número de nativas que
efetivamente permanecerão no modelo é de difícil precisão por depender de uma série de
variáveis não controláveis no momento.
Para o delineamento das nativas em blocos, o modelo prevê um total inicial de 1666 covas com
espaçamento entre os indivíduos de 3m x 2m. Desses, 1261 (76%) são eucaliptos e 405 (24%)
são nativas, compostas por 360 pioneiras, 25 secundárias iniciais e 20 secundárias tardias
divididas em 5 blocos iguais. A localização dos blocos será definida pelo formato e relevo do lote.
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Tabela 5 - Manejo florestal e simulação da produção de madeira de eucaliptos no modelo de reflorestamento proposto com delineamento das nativas em faixa.
Ano
desbastes remanescentes + regeneração natural sub-
bosque no pés >25 cm <25 cm total
Ano 0 - 1111 eucaliptos 432 nativas
Ano 5 590 eucaliptos 0 m3 96 m3 96 m3 500 eucaliptos 432 nativas
Ano 10 198 eucaliptos 13,7 m3 75,5 m3 89,2 m3 300 eucaliptos 432 nativas
Ano 15 99 eucaliptos 44,1 m3 18,6 m3 62,7 m3 200 eucaliptos 432 nativas
Ano 20 200 eucaliptos 219,3 m3 8,6 m3 227,9 m3 0 eucaliptos 432 nativas
Total 277,1 m3 198,7 m3 475,8 m3
Para o delineamento das nativas em faixa, o modelo prevê um total inicial também de 1666 covas
com espaçamento entre os indivíduos é de 3m x 2m. Desses, 1234 (75%) são eucaliptos e 432
(25%) são nativas, todas dispostas em uma faixa central com as secundárias iniciais e tardias em
meio às pioneiras para reduzir o efeito de borda.
As mudas dos eucaliptos serão adquiridas no mercado regional respeitando os parâmetros de
qualidade. As espécies nativas para a formação do banco de germoplasma serão produzidas a
partir de sementes coletadas sob a orientação da Embrapa Florestas a partir de matrizes
identificadas e marcadas na região. As mudas de nativas serão produzidas pelo IAP, agência
ambiental do Estado, em seus viveiros regionais.
Para o plantio das árvores não se utilizará a aração e gradagem para o preparo do terreno e sim o
sistema de risco em linha para minimizar possível emissão de carbono do solo. Com relação ao
uso de fertilizantes é recomendado aos produtores um uso mínimo apenas para assegurar o
pegamento das mudas.
O início do projeto de reflorestamento de pequena escala se deu em 2006, período de implantação
do reflorestamento. O período de creditação do projeto é de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2027.
A justificativa para o período de 20 anos se deve ao modelo de reflorestamento proposto que não
conta com a repetição de ciclos. O período de 20 anos é o tempo necessário à maturação e corte
das exóticas para toras para serrarias e a consolidação do banco de germoplasma de nativas.
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
O período de vida operacional do projeto se coincide com o período de creditação do projeto, ou
seja, é de 20 anos de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2027.
O projeto escolherá o sistema de período de creditação renovável para deixar em aberto as
possibilidades de renovação quando do final dos 20 anos. Entretanto, a renovação ou não no final
do período ficará a critério da Cooperativa dos Produtores de Carbono do Noroeste do Paraná –
COPCO, os gestores efetivos do projeto. A atividade de reflorestamento está sendo implantada em
áreas de pequenas propriedades, onde o uso atual do terreno é em forma de pasto, lavoura,
pousio inicial ou são áreas degradadas.
Com o projeto o estoque de carbono sobre estas áreas irá aumentar com o plantio de árvores que
acumularão carbono na medida do crescimento das mesmas. As áreas reflorestadas serão
registradas no SISLEG - Sistema de Manutenção, Proteção e Restauração para Reserva Legal e
Áreas de Proteção Permanente e averbado em escritura em cartório. Há uma inércia muito grande
por parte dos pequenos produtores em aderir ao procedimento pelos custos administrativos
envolvidos no processo. Entretanto, a maior barreira reside nos altos custos de investimento para
a implantação de reflorestamentos – maior ainda para espécies nativas – e principalmente o custo
de oportunidade em relação a usos alternativos da terra com outras atividades agropecuárias.
Para pequenos produtores familiares as leis nacional e estadual facultam o plantio de espécies
exóticas no sistema multiestrata que mescla com espécies nativas. Esse tratamento diferenciado,
em princípio, lhes permitiria a implantação de pequenos reflorestamentos como atividade de renda
no longo prazo. Porém, para que os pequenos produtores ingressassem na atividade da
silvicultura, há ainda a barreira adicional do acesso a financiamento de longo prazo.
Rentabilidade econômica com venda da madeira de eucalipto
Para uma análise da perspectiva que o produtor pode ter em relação à produção madeireira, é
importante a leitura do texto abaixo, extraído na integra do site da Secretaria da Agricultura e do
Abastecimento do Estado do Paraná, em setembro de 2007 (http://www.seab.pr.gov.br)
A madeira representa o segundo produto de exportação no Agronegócio do Estado doParaná (23,02% em
2005). Embora tenha área, tecnologia e clima extremamente favoráveis para a produção florestal, estudos
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
apontam para a necessidade de plantio anual de aproximadamente 54.000 hectares de florestas para atender
a demanda existente no Estado, além do que já vem sendo plantado, sem considerar o índice de crescimento
anual médio do setor na ordem de 7,7%. Sua participação com 9,3% do valor bruto da produção do Estado
tem gerado aproximadamente 300.000 postos de trabalho na cadeia produtiva, baseados numa área florestal
plantada estimada em 820.000 hectares e um consumo anual de 34 milhões de metros cúbicos de madeira,
em mais de 1.300 empresas.
PERSPECTIVAS
Mesmo com a criação imediata de mecanismos que propiciem o incremento necessário de área florestal
plantada, o equilíbrio entre oferta e demanda somente poderá ser restabelecido a partir de 2021, haja vista
ao tempo exigido pelo cultivo florestal para produção de madeira com qualidade industrial e comercial
exigida. Caso não se desenvolvam tais mecanismos, os impactos negativos da falta de madeira serão "ainda
mais" fortemente verificados tanto na área econômica como social e ambiental, com:
Diminuição da produção industrial;
Encerramento de atividades em empresas;
Desemprego (perda de aproximadamente 40 mil postos de trabalho até 2012);
Pressões sobre os remanescentes florestais nativos;
Queda das exportações;
Diminuição do VBP estadual;
Não suprimento de cadeias produtivas integradas (avicultura, produção de grãos, cerâmicas, cal, etc.);
Aumento nas importações de madeira; dentre outras de menor impacto
Estes fatores indicam que produzir madeira é uma atividade das mais seguras para os produtores,
tanto em termos de perspectivas econômicas a médio e longo prazos, quanto à tolerância das
árvores a adversidades climáticas, pragas e doenças.
O desconto de R$1500,00 de custos de implantação e manutenção dos reflorestamentos, sem
considerar taxas de atratividade e projeções de aumento no preço de madeira ao longo do tempo,
com base nos dois primeiros em valores apresentados pela SEAB para toras de eucalipto,
indica que os produtores podem ter um retorno médio anual por hectare, R$1213,00 para o
delineamento com nativas em blocos e R$1197,00 para o delineamento com nativas em faixas.
Estes valores são superiores aos obtidos com agricultura e pecuária naquelas propriedades.
10 - 20 cm R$ 39,89
20 - 30 cm R$ 63,19
30 - 40 cm R$ 77,94
> 45cm R$ 96,58
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Gás Efeito Estufa seqüestrado nos 379 ha de reflorestamento
Foi contabilizado o carbono seqüestrado com eucaliptos, que possuem 75% das mudas plantadas.
O carbono seqüestrado pelas nativas plantadas e regeneradas naturalmente ao longo do projeto
será utilizado para descontar o estoque inicial de carbono da linha de base como áreas de
pastagens ou qualquer eventual vegetação não florestal presente como as capoeirinhas e
capoeiras.
Com base em um dos delineamentos propostos, o em bloco, ao longo do período de 20 anos do
projeto é de 102.094,26 tCO2, com média de 5.104 tCO2 por ano (Tabela 6 e Figuras 7 e 8).
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Tabela 6 - Estimativa de carbono sequestrado no projeto ao longo de 20 anos.
Anos
Estimativa anual do carbono sequestrado em 1 ha (toneladas)
Estimativa anual do CO2 sequestrado em
1 ha (toneladas)
Estimativa anual do CO2 sequestrado em 379 ha do projeto (toneladas)
Ano 1 - 2006 0,48 1,76 667,65
Ano 2 - 2007 8,21 30,13 11.419,54
Ano 3 - 2008 23,07 84,67 32.088,76
Ano 4 - 2009 39,74 145,85 55.275,56
Ano 5 - 2010 56,81 208,49 79.018,73
Ano 6 - 2011 36,96 135,64 51.408,77
Ano 7 - 2012 46,02 168,89 64.010,60
Ano 8 - 2013 54,83 201,23 76.264,69
Ano 9 - 2014 62,88 230,77 87.461,68
Ano 10 - 2015 70,93 260,31 98.658,66
Ano 11 - 2016 53,11 194,91 73.872,29
Ano 12 - 2017 58,68 215,36 81.619,77
Ano 13 - 2018 63,47 232,93 88.282,33
Ano 14 - 2019 67,78 248,75 94.277,24
Ano 15 - 2020 72,03 264,35 100.188,69
Ano 16 - 2021 61,14 224,38 85.041,46
Ano 17 - 2022 64,82 237,89 90.160,08
Ano 18 - 2023 67,61 248,13 94.040,78
Ano 19 - 2024 70,46 258,59 98.004,93
Ano 20 - 2025 73,40 269,38 102.094,26
Estimativa total de CO2 73,40 269,38 102.094,26
Número total de anos 20 20 20
Média anual de CO2 3,67 13,47 5.104
Fonte: Embrapa Florestas* estimativas a partir de delineamento em bloco. O plano de monitoramento do carbono está descrito no Anexo 3.
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
Figura 7 – Carbono total estocado em 1 ha de eucaliptos no modelo de reflorestamentocom delineamento das nativas EM BLOCOS em 20 anos
Figura 8 – Carbono total estocado em 1 ha de eucaliptos no modelo de reflorestamento com delineamento das nativas EM FAIXA em 20 anos
Carbono total
0,47
8,03
22,58
39,41
55,64
36,96
46,45
55,31
63,41
70,93
53,11
58,68
63,47
68,25
72,03
61,51
64,82
67,61
70,46
73,40
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Idade (anos)
T/h
a
Carbono total
Carbono total
0,48
8,21
23,07
39,74
56,81
36,96
46,02
54,83
62,88
70,93
53,11
58,68
63,47
67,78
72,03
61,14
64,82
67,61
70,46
73,40
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Idade (anos)
T/h
a
Carbono total
Carbono Total em 1 ha
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
A coordenação é do Programa Paraná Biodiversidade, da Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos. O projeto conta com a EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas,
dando suporte técnico na elaboração do modelo e delineamento do reflorestamento, bem como a
identificação de matrizes de nativas na região para a coleta de sementes. Conta também com a
EMATER e o Instituto Ambiental do Paraná como parceiros na implantação e monitoramento do
projeto. Por tratar-se de um projeto de longa duração, selou-se um acordo interinstitucional, com
um cronograma de ação e atribuição de responsabilidades entre todas as instituições e entidades
participantes, visando à institucionalização das ações previstas por cada participante.
8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no
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Resultados
O projeto proporcionará os seguintes resultados diretos:
Em termos ecológicos:
Reflorestamentos implantados em 187 propriedades familiares, envolvendo um mix de
espécies exóticas e nativas ameaçadas
Realização do SISLEG nas 187 propriedades participantes, com registro no Instituto
Ambiental do Paraná (IAP);
Reservas legais averbadas em cartório para todas as propriedades
Implantação e consolidação de 187 bancos de germoplasma de espécies nativas
ameaçadas de extinção.
Florestas nativas sendo reconstituídas com manejo que segue os princípios da sucessão
florestal natural
Melhoria da biodiversidade, do ciclo hidrológico e do micro-clima regional.
Fixação de 102.000 t/CO2 ao longo dos 20 anos em 379 ha reflorestadas
Contribuição para o seqüestro de carbono, como uma das medidas para a
mitigação do aquecimento global.
O modelo é estratégico para a reconstituição de reservas legais com espécies nativas. Sua
consolidação contribuirá para a constituição de um Programa Estadual de Reflorestamento
de reservas legais com espécies nativas de qualidade no longo prazo.
Em termos sociais
Melhoria da qualidade de vida dos produtores com a geração de renda através de:
1. venda de madeira dos desbastes e colheita final,
2. venda de sementes de espécies nativas coletadas nos bancos de germoplasma.
3. pagamento do crédito de carbono, caso se efetive a provável venda do projeto
Contribuição para a permanência dos participantes no campo. A atividade de
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Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
reflorestamento, por criar um patrimônio fixo, tende induzir a permanência na propriedade
dos pequenos produtores de baixa renda, em particular os assentados da reforma agrária,
reduzindo-lhes a rotatividade.
Em termos econômicos
Receita com a produção da madeira de espécie exótica e o pagamento dos créditos de
carbono ao longo do ciclo do projeto;
Receita da coleta de sementes e do manejo sustentável das espécies nativas do banco de
germoplasma após o término do projeto;
Retorno médio estimado de R$1213,00 por ha/ano para o delineamento com as nativas em
blocos e R$1197,00 por ha/ano para o delineamento com nativas em faixas. Estes valores
são superiores aos obtidos com agricultura e pecuária naquelas propriedades.
Apoio com 50% do investimento de implantação das áreas reflorestadas do projeto piloto
pelo Paraná Biodiversidade. Os outros 50% ficaram a cargo dos participantes do Projeto,
em forma de mão de obra, a título de contraparte. Esse apoio corresponde ao valor de
antecipação de parte dos créditos de carbono ora proposto para futuros projetos.
A provável replicação em grande escala do modelo ora proposto promoverá forte estimulo à
atividade madeireira, em particular, à indústria de processamento de madeira, com
agregação de valor à produção regional, conciliando a conservação com a produção.
Em termos de continuidade, replicação do projeto e outras contribuições:
Aporte de recursos pelo Programa Paraná Biodiversidade para viabilizar o Projeto. Trata-se
de um investimento "semente" para alavancar a sinergia entre a missão do Programa e as
oportunidades de MDL de pequena escala. O projeto é de alta replicabilidade, com
possibilidade de uso do mesmo modelo para mais de 300.000 produtores apenas no
Estado do Paraná
Contribuição pelo Paraná Biodiversidade na gestão do Projeto de Carbono, bem como na
articulação da interação e compromisso das instituições e entidades parceiras. Esse
8o PRÊMIO von Martius de Sustentabilidade Implantação e manejo de florestas em pequenas propriedades no
Estado do Paraná: um modelo para a conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica.
assessoramento deve continuar até concluir a primeira certificação do carbono por EOD,
previsto para o final do terceiro ano do ciclo do projeto.
Formação da Cooperativa de Produtores de Carbono no Noroeste do Estado – COPCO,
após implantado o projeto de carbono. Esta Cooperativa irá constituir o gestor legítimo e
responde autônoma e juridicamente ao projeto. Haverá um processo de capacitação dos
participantes diretos para que estes conheçam os procedimentos do ciclo completo do MDL
e da compreensão da inserção do projeto no mercado de carbono.
A racionalidade do modelo de reflorestamento das reservas legais proposto neste projeto
prevê uma antecipação de recursos (no caso do projeto piloto com recursos do Estado e
em caso de replicação com recursos de créditos de carbono) que constitui uma ponte para
viabilizar reflorestamentos de pequena escala com inclusão social e melhoria do ambiente
local. Nesse sentido, a atividade do projeto contribui para o cumprimento da exigência legal
do estabelecimento da Reserva Legal em pequenas propriedades.
A consolidação do presente projeto servirá de subsídio para uma política pública estadual
para replicar o modelo em grande escala, guardadas as devidas adaptações necessárias
segundo o bioma, de modo que a antecipação de parte do valor do serviço do carbono
venha a viabilizar um modelo florestal ecologicamente sustentável e socialmente justo.
O programa poderá servir de modelo para outros Estados com situações
semelhantes às do Paraná.
Consideração final
A inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono requer atenção especial por parte de
instituições que priorizem os aspectos sociais e ecológicos. Quando um projeto de carbono
incorpora uma agenda social e ambiental já existente, há maior perspectiva deste de contribuir ao
desenvolvimento sustentável da região. Assim, este projeto encontra-se em avançada fase de
negociação com a Petrobras, com grandes perspectivas de sucesso. Os recursos serão
destinados aos produtores e à replicação do projeto em outras regiões.