O PROCESSO DE
SOCIALIZAÇÃO DOS
GRUPOS INDÍGENAS
SOCIOLOGIA
Professora Maira Conde
O processo de socialização dos grupos
indígenas
Sumário
I. Índio ou Indígena?
II. Educação para a Diversidade: a lei 11.645/08
III.Definição de socialização
IV.Práticas socioculturais dos povos indígenas
V. População e demografia
VI.Documentário: Socialização do Indico
Através da Religião
VII.Referências
Índio ou Indígena?
A denominação índio ou indígena, segundo os dicionários da língua
portuguesa, significa nativo, natural de um lugar.
É também o nome dado aos primeiros habitantes (habitantes nativos)
do continente americano, os chamados povos indígenas. Mas esta
denominação é o resultado de um mero erro náutico.
O navegador italiano Cristóvão Colombo, em nome da Coroa
Espanhola, empreendeu uma viagem em 1492 partindo da Espanha
rumo às Índias, na época uma região da Ásia.
Castigada por fortes tempestades, a frota ficou à deriva por muitos
dias até alcançar uma região continental que Colombo imaginou que
fossem as Índias, mas que na verdade era o atual continente
americano.
Índio ou Indígena?
Você sabia que existe diferença entre as palavras índio e indígena? A
palavra índio mudou de conotação ao longo da história, e virou apelido. Um
apelido traz sempre um aspecto negativo e reforça algo ruim.
A palavra índio também tem uma conotação ideológica muito forte e faz
com que as pessoas liguem a aspectos ruins, como achar que índio é
preguiçoso, selvagem, canibal ou atrasado.
Por outro lado, existem pessoas que ao falar índio pensa no aspecto
positivo romantizado, aquele mais pacífico, bonito, da floresta e inocente.
São os chamados estereótipos, nesse caso o de “bom selvagem”.
A palavra tribo também traz uma significação que minimiza a importância
das populações indígenas. Prefira usar grupos indígenas, não tribos.
Educação para a Diversidade: a lei 11.645/08
Nos dias atuais os povos indígenas estão em evidência,
principalmente em termos culturais e históricos.
Esse protagonismo indígena é causado pela lei 11.645
de 10 de março de 2008, com esta lei vamos ter pela
primeira vez na história do Brasil, a obrigatoriedade do
ensino de história e cultura indígena nas nossas
instituições de ensino.
A lei 11.645/08 reforça ainda que se deva ensinar a
história e a cultura africana e afro-brasileira, preceitos
antes estabelecidos com a lei 10.639/03.
Educação para a Diversidade: a lei 11.645/08
Até a aprovação da Lei 11.645 em março de 2008, os povos indígenas e a
identidade e cultura indígena vivenciaram quase cinco séculos de
negligência, de agressão à sua cultura, identidade e memória, de uma
negação aos seus direitos e sua diversidade, e até mesmo as suas etnias
como construtoras não apenas do povo brasileiro, mas da própria história
do país.
Educação para a Diversidade: a lei 11.645/08
Os indígenas, chamados também de gentios, bárbaros, selvagens,
silvícolas, negros da terra, e uma gama de expressões depreciativas,
foram considerados ao longo do período colonial e imperial, homens de
intelecto atrasado e inferior, sem fé, sem rei e sem lei. Povos que viviam
da barbárie, brigando um com os outros, e até mesmo devorando uns aos
outros.
Em suma, vamos ter nas escolas, na historiografia e na literatura, as
seguintes concepções para os indígenas:
O indígena como ser genérico, onde as pluralidades das identidades
étnicas ficam completamente apagadas;
O índio tido como ser exótico;
O índio romântico, vinculado a ideia de "bom selvagem", apresentado
sempre no passado como figura ambígua de herói e perdedor;
O índio fugaz que anuncia um fim inexorável seja pelo extermínio físico
ou pelo processo de aculturação.
Educação para a Diversidade: a lei 11.645/08
Cabe ao Estado e as instituições de ensino garantir que através da lei
11.645 , além de aspectos da história e da cultura indígena, que sejam
divulgados os seguintes preceitos:
Todo o individuo indígena que nasceu em solo brasileiro ou vive há vários anos
no país e possui documentos de identidade é reconhecido como cidadão da
República Federativa do Brasil, possuindo direitos e deveres perante o Estado;
Os povos indígenas possuem direitos exclusivos (como a questão da posse da
terra em reservas, e o direito a uma educação diferenciada), assim como
consta na Constituição de 1988 e nas de mais leis que a sucedem;
Os indígenas possuem direito a cotas nas universidades;
Vivem em aldeias, comunidades, vilas e nas cidades, em todas as regiões do
país;
Alguns mantêm suas tradições ancestrais e até mesmo o estilo de vida;
Se vestem, falam, trabalham e vivem como qualquer outra pessoa;
Se desmoralizados de alguma forma que agride sua identidade racial e cultural
estão sujeitos a processar o individuo ou entidade pelo crime de racismo.
Definição de socialização
“O processo de socialização transforma a
matéria-prima humana num ser social”
CHINOY, Eli. Sociedade uma introdução à Sociologia. 3.ed. São Paulo:Cultrix, 1973. p. 120 – 132.
Definição de socialização “Socialização é um processo pelo qual o indivíduo internaliza as regras
sociais. ”
Funções da Socialização:
1 – prepara o individuo para os papeis que irá desempenhar fornecendo:
• Repertório necessário de hábitos, crenças, valores
• Padrões apropriados de reação emocional e modos de percepção
• As habilidades e os conhecimentos requeridos
2 – Transmite o conteúdo da cultura de uma geração a outra, provê à sua
persistência e continuidade.
Órgãos de socialização:
• Família ou grupo de parentesco
• Religião
• Escola
• Meios de comunicação de massa
Definição de socialização
O processo de socialização segundo Peter Berger e Thomas
Lukmann é dividido em duas etapas:
A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo
experimenta na infância, e em virtude da qual torna-se membro da
sociedade. Através da socialização primária o indivíduo toma posse
de um “eu” e de um “mundo” objetivo, ou seja, é integrado a uma dada
realidade.
A socialização secundária é a interiorização de “submundos”
institucionais e baseados em instituições. A socialização secundária
produz as identidades. Nela ocorre a invenção de novos jogos, de
novas regras e de novos modelos relacionais. A partir de um processo
de diferenciação da realidade social que ocorre na socialização
secundária se implementam novas formas de socialização primária
Práticas socioculturais dos povos
indígenas
Indígena com tanga e apito na mão ficou nos tempo de Cabral. Hoje eles
estão em universidades, cursando Medicina, Direito, Letras e tantas e tantas
outras áreas do conhecimento. Eles também não têm mais nada a ver com
aqueles que ficavam fascinados com espelhos e as bugigangas trazidas
pelos portugueses. Os índios de hoje estão mais cientes dos seus direitos e
deveres.
Práticas socioculturais dos povos
indígenasSocialização Primária:
Em relação às brincadeiras e socialização das crianças indígenas, os
brinquedos são construídos e utilizados variam de acordo com as
matérias-primas encontradas no meio ambiente em que esses grupos
vivem, sendo que os brinquedos mais comuns são feitos de palha,
madeira ou barro.
Os brinquedos são, em geral, miniaturas de objetos do uso cotidiano de
cada sociedade e têm como objetivo divertir as crianças e educá-las
para o desempenho das tarefas que irão realizar quando adultas.
Nas culturas indígenas, o processo de socialização das crianças é
considerado tarefa de todos, cabendo às mães e aos pais a orientação
nas tarefas e comportamentos que a comunidade espera desse novo
membro do grupo. Cabe a todos desenvolver na criança o senso de
responsabilidade e o respeito às regras sociais de sua comunidade.
Práticas socioculturais dos povos
indígenas
Socialização secundária:
Lideranças estão preocupadas com influência da TV nos jovens;
muitos deixam de ir ao toré para ver novela. Apesar das telas dos
computadores serem raras nas aldeias de Pernambuco, as imagens
das TV ligadas nas novelas é bem nítida e, segundo muitos dos
próprios indígenas, um problema que pode até mesmo ameaçar a
manutenção de sua cultura.
Toré
Pausa para reflexão:
Que tipo de prática
nós da zona urbana
temos que é
semelhante ao toré?
Práticas socioculturais dos povos
indígenas
"Com os computadores e a internet, mudei muito. A Lian de hoje é
totalmente diferente daquela de antes da informática. Me abriu portas e,
além de tudo, fui aceita por pessoas que achava que não iriam me
aceitar. Com a internet, viajei o mundo. Fui até Portugal e à África. Eu
nem sabia que lá a realidade era tão forte. Perto deles, estamos até
muito bem." - Tânia "Lian" Silva, 26, indígena pankararu.
Pausa para reflexão:
Quais transformações o
acesso à internet trouxe a sua
vida e personalidade?
Práticas socioculturais dos povos
indígenasO legado cultural indígena está presente no nosso dia a dia, se multiplicou através
da socialização e foi transmitido através das gerações, não só no uso dos utensílios
de palha, barro, como nos costumes.
Andar descalço, tomar banho de rios, ficar de cócoras, em conversa com amigos,
foram elementos incorporados na nossa vivência e o uso da rede de dormir, tão
adaptada ao nosso clima, tornou-se um ícone da cultura nordestina e objeto de
grande importância na economia da nossa região.
Uma das maiores contribuições indígenas para a nossa gastronomia foi o uso dos
frutos e plantas nativas, como a mandioca, uma raiz que era a base alimentícia de
várias comunidades indígenas em diversas regiões, do país, principalmente no
Nordeste.
É marcante a influência indígena na Língua Brasileira. No período de colonização e
desbravamento do interior, os índios nomeavam coisas do lugar, como a flora e
fauna, rios e costumes para os europeus, de sorte que o tupi foi a língua mais falada
no Brasil até o século XVIII. O europeu necessitou aprender a língua do índio e
apesar do Português ser a Língua oficial, em documentos, o tupi era a língua falada.
População e demografia
Principais
etnias indígenas
do Brasil
População e demografia
Socialização do Índio através da Religião
Agora vamos assistir ao documentário “Socialização do Índio através da
Religião”
Documentário exibido na disciplina de Cultura Brasileira, baseado nas obras:
O Povo Brasileiro (Darcy Ribeiro) e Imanência Indígena (Tito Barros Leal)
produzido pela equipe do segundo semestre de Comunicação Social das
Faculdades INTA.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=xoo6cYCpF7w
Referências:
1. http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo6/etnico_raciais/os_indios_no_brasil.pdf
2. http://radios.ebc.com.br/cotidiano/edicao/2015-04/escritor-indigena-explica-diferenca-entre-indio-
e-indigena
3. http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2011/09/lei-11645-e-o-ensino-indigena.html
4. http://tribos-indigenas.blogspot.com.br/2011/06/socializacao-indigena.html
5. http://profantoniomouradiversidades.blogspot.com.br/2012/05/socializacao.html
6. http://cultura-afroindigena-brejodocruz.blogspot.com.br/2012/05/incorporacao-da-cultura-
indigena-no.html
7. http://fatosociologico.blogspot.com.br/2010/06/peter-berger-e-thomas-lukmann-individuo.html
8. http://pt.slideshare.net/marinamarcos/chpi-mdulo-4