Otite Média Aguda
Mariela C. Nascimento
www.paulomargottocom.br Brasília, 11 de maio de 2015
Internato em Pediatria (6ª Série) da Faculdade de Medicina daUniversidade Católica de Brasília
Introdução
• É uma das doenças mais comuns na infância
• É mais prevalente nos dois primeiros anos de vida
• Sendo mais comum aos 2 anos, após essa idade há declínio
• 50% das crianças pode ter mais de 1 episódio
Fatores de risco
1. Idade: menores de 2 anos2. Sexo: menino3. Raça: branca4. Pobreza5. Aleitamento artificial6. Tabagismo passivo7. Exposições a outras crianças8. Anomalias congênitas
Etiologia
• Agentes mais comuns:– S. pneumoniae (30-50%)– H. influenza (25-30%)– M. catarrhalis (10-15%)
Obs: com a vacinação p/ pneumococo esse perfil tem mudado em alguns países:
– H. influenza sendo mais frequente
• Em hospitalizados e neonatos: – S. do grupo A– S. aureus– bactérias gram-negativas
• Rinovírus e o vírus sincicial respiratório (VSR)
Patogênese• Disfunção da trompa de Eustáquio
• Obstrução da trompa produção de muco, meio ideal de crescimento de bactérias colonizadoras da nasofaringe
• A associação:• Muco + bactérias reação inflamatória piogênica com formação de abscesso
• Abscesso gera abaulamento da m. timpânica -> otalgia• Se não tratada -> perfuração da membrana (autodrenagem) ->
otorréia
Clínica
• Crianças > 2 anos:– Otalgia – febre – astenia – Inapetência – hipoacusia flutuante
Clínica
• Em < 2 anos• Sinais indiretos de otalgia:
– Leva a mão ate o ouvido, irritabilidade, choro intenso, dificuldade para dormir
– Febre– Anorexia, náusea e vômito– Dado que ajuda: Rinofaringite prévia
Otoscopia:
TransparenteBrilhanteMóvel
OTM
Diagnóstico: clínico
1.Hiperemiada2.Opacificada3.Pontos esbranquiçados4.Convexa5.Abaulada 6.Imóvel
Otalgia Otorréia
Tratamento
• Analgésicos: paracetamol, ibuprofeno, dipirona• Antibióticos: • Se OMA leve ( TAX < 39C e otagia leve)
– Amoxicilina 80-90mg/kg/dia– Azitromicina/claritromicina (alérgicos)
– Se falência terapêutica após 48 horas:• Amoxicilina + clavulonato• Clindamicina ou ceftriaxone (alérgicos)
Tratamento
• Se OMA grave ( TAX > = 39C e otalgia grave)– Amoxicilina + clavulonato– Ceftriaxone (alergico)
Se falência terapêutica após 48-72 horas- Ceftriaxone- Clindamicina + Timpanocentese
OTITE MÉDIA CRÔNICA
• Persistência de sinais de OMA > 3 meses
• Tipos principais de OMC: • 1. secretora• 2. supurativa• 3. colesteatomatosa
OMC secretora
• Compromete a audição (hipoacusia)
• Se bilateral: – Atrapalha o desenvolvimento cognitivo da criança
de ate 18 meses
OMC supurativa e a colesteatomatosa
• Perfuração timpânica• Otorréia crônica• Risco de surdez • Supuração do osso temporal (matoidite)• Infecção do SNC (meningite, abscesso)
Colesteatoma
• Metaplasia do epitélio timpânico-> massa cística
-> inflama e infecta -> otorréia fétida e sanguinolenta
-> perda de audição
Principais indicações de cirurgia
• OMC secretora com hipoacusia > 25 dB por + de 6 meses
• ou Bilateral por mais de 3 meses
• OMC supurativa ou colesteatoma
CRUPE (laringotraqueobronquite)• É a forma mais comum de obstrução aguda das vias aéreas
superiores, gerando dificuldade ao respirar, sobretudo ao inspirar
• Geralmente é de origem viral
• O vírus parainfluenza tipo 1, 2 e 3, em 75% dos casos, influenza, adenovírus, VSR, vírus do sarampo
• Bactérias: • Complicação da crupe viral• Agentes: S. aureus, M. catarrahalis e H. influenzae não tipável
Epidemiologia
• É mais comum em crianças entre 3 meses e 5 anos
• Pico de incidência aos 2 anos
• Mais comum no sexo masculino
• Transmitida pela inalação de gotículas contidas no ar
Patogênese
• A infecção se inicia na nasofaringe -> laringe -> traquéia ->, brônquio -> alvéolo
• Inflamação difusa da mucosa + aumento de secreções + edema com estreitamento critico da traquéia
• 1 mm de edema= 50% de obstrução da traquéia
Manifestações clínicas -• No início:
• Rinorréia clara, faringite, tosse leve e febre baixa
• Com 18-48 h:– sinais de obstrução das vias aéreas – estridor inspiratório
leve (tosse metálica-ladrante)
A obstrução vai aumentando: O estridor torna-se contínuo + piora da tosse + rouquidão (sd.
Crupe) batimentos de asas do nariz e retrações intercostais
Manifestações clínicas -laringotraqueobronquite
• Os sintomas são piores a noite
• Gradativamente a doença vai regredindo
• É auto-limitada, com duração entre 3-5 dias
Diagnóstico É clínico Criança com história recente de resfriado evoluindo
c/ a tríade:
– Rouquidão– Tosse metálica– Estridor (sd. do Crupe)
Diagnóstico
• Radiografia do pescoço
– Sinal da torre• Estreitamento da via aérea infraglótica pelo edema
inflamatório
Tratamento
• Crupe leve:– Tratamento em casa, observar sinais de gravidade– Internar qdo:
• Epiglotite identificada ou suspeita• Estridor progressivo• Estridor intenso em repouso• Dificuldade respiratória• Hipóxia• Inquietude • Cianose/palidez
Tratamento • Conduta:
– Criança colocada em uma atmosfera com alta umidade– Monitorização– Corticóide
• Dexametasona 0,15 – 0,6 mg/kg dose única VO ou IM• Budesonida inalatória 2 mg/dose, 2x por 5 dias
NBZ c/ adrenalina 0,25-0,75ml a 2,25% em 2-3ml de SF a cada 20 min
Observar entre 2-6 horas na emergência, se o estridor voltar -> repete adrenalina
Diagnóstico diferenciais:
• Epiglotite – Emergência médica– Forma mais grave de obstrução inflamat. das vias aéreas sup– Intenso edema da epiglote e dos tecidos adjacentes + sepse– Faixa etária + comum: 2-5 anos
– Agentes mais comuns: • S. pyogenes, • S. pneumoniae 3 + comuns , na atualidade• S. aureus • H. influenzae tipo B ( tem caído, devido à vacinação)
Quadro clínico• inicio abrupto• Insuficiência respiratória precoce
• Curso fulminante:– Febre alta, dor de garganta– Sialorreia, dispneia– Obstrução respiratória rapidamente progressiva e
prostração– em horas pode haver obstrução completa da via aérea e
morte
Diagnóstico • Padrão-ouro: epiglotite vermelho-cereja pela
laringoscopia
• Deve-se evitar a visualização c/ abaixador de língua: laringoespasmo reflexo --> parada cardiorespiratória
• Leucocitose > 20.000/mm³ c/ desvio à esquerda
• Radiografa lateral cervical: sinal do polegar – na pratica não está indicada
Tratamento
• Internação em UTI pediátrica• Indicado intubação traqueal ou traqueostomia• Antibióticos --> pela bacteremia
– Ceftriaxona– Cefotaxima– Ampicilina-subactam– Amoxicilina-clavulonato
Laringite estrudulosa aguda –crupe espasmódico
• É semelhante ao crupe espasmódico• Faixa etaria: 1-3 anos• Achados de infecção ausentes• Etiologia: controversa • Fatores alérgicos + psicológicos -> importantes• Início súbito: à noite
– Coriza leve a moderada– Rouquidão– Acorda c/ tosse metálica + dispnéia
Referências • Manual ilustrado de pediatria. Tom Lissauer, Graham Clayden
[tradução Arnaldo Prata Barbosa]. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
• HANY SIMON JUNIOR. IV Manual de otorrinolaringologia pediatrica da IAPO: laringites na infância. Pediatria da IAPO, Rio de Janeiro, v. 3, n. 5, p. 103-106, ago. 2009.
Dda Maristela