FORMA - algo que se distingue de outra coisa pela sua organização. Só o que é organizado tem
forma.
FORMA VISUAL - é uma organização visual que resulta de uma perceção e de uma
representação.
O conceito de visão reporta‐se não só ao ato de apreender, mas também de compreender
visualmente as formas que observamos. O modo como criamos representações está de acordo
com o modo como as percecionamos.
PERCEÇÃO - O modo como cada sentido apreende o mundo (todas as componentes da nossa
experiência / tudo o que tem ou pode vir a ter uma dimensão visual) é completamente diferente
e a visão parece ser aquele que nos fornece mais informações.
1 – Visão e Forma Visual
N.B - 30% do córtex cerebral (destinado às funções superiores do ser humano) está dedicado
à visão.
A ideia de que a visão nos fornece informação neutra do mundo (sem interpretação) é uma pura
ilusão humana.
A nossa visão não só não é neutra em relação a nós (depende do sujeito), como também não é neutra em
relação ao mundo (nem todos os seres vivos, nem entre os próprio humanos veem de forma igual - A VISÃO
É SEMPRE UMA CONSTRUÇÃO, UMA ORGANIZAÇÃO VISUAL).
O que se projeta nos nossos olhos não são imagens mas LUZ. A visão é o resultado final de uma pura
construção cerebral e que é feita ao longo dos anos. (A visão é uma construção que leva tempo e na espécie
humana é das que leva mais tempo – o nosso cérebro elimina as nossas primeiras experiências visuais que
até cerca dos 6 meses são só manchas. Só praticamente a partir dos 5 anos de idade é que o nosso sistema
visual está em pleno funcionamento)
2 – Organização Visual
Ver é organizar o mundo e não a criação de uma cópia.
Mesmo as formas que nunca vimos, temos a capacidade de as reconhecer (ex. representações
do mundo através de mapas, da Terra; A representação que Fernão Magalhães propôs para
provar que o mundo não era plano: criou uma representação há 500 anos atrás de algo que só
se tornou visível há cerca de 50). Toda a nossa cultura visual deriva desta nossa capacidade de
criar relações entre as formas, imagens e objetos.
2 – Organização Visual
2 – Organização Visual
Leonardo da Vinci (1452 – 1519)
O olho é o órgão biológico onde se concentram as células foto recetoras (na retina) que
possuímos para receber a luz, absorvê‐la e dela retirar informação.
A ideia de que o funcionamento do olho humano é semelhante ao de uma máquina fotográfica
é errado. No olho humano não se projetam nem produzem imagens. NO OLHO APENAS
COMEÇA O PROCESSO DA PERCEPÇÃO VISUAL.
O processo de perceção humana só se inicia quando a luz atinge a retina. Da retina para a
frente o que circula já não é Luz mas Informação, sob a forma de sinais eletroquímicos.
3 – O olho
Cada olho está ligado ao cérebro através do nervo ótico que vai estabelecer a comunicação,
emitindo informação fragmentada e codificada em sinais eletroquímicos, transformando‐os
no cérebro num TODO, ORGANIZADO COM COERÊNCIA E SENTIDO = IMAGEM.
A informação que chega ao cérebro resulta já da primeira interpretação feita pelos neurónios
que cobrem a retina. É graças à presença de outras células com diferentes sensibilidades
lumínicas, como os cones e os bastonetes, que é possível a visão diurna (visão fotópica‐colorida
e nítida) e noturna (visão escotópica‐acromática e pouco nítida), respetivamente.
3 – O olho
3 – O olho
O córtex visual ocupa cerca de 30% do córtex cerebral e é uma das partes mais conhecidas do
cérebro. É no córtex visual que se encontra a “sede” da visão.
Todo o processo de perceção é inseparável do processo de interpretação. Aquilo que nós
vemos é resultado de comparações, inferências, hipóteses – é uma construção realizada pelo
cérebro que se pretende que seja o mais próximo possível da realidade. A APARÊNCIA DO
MUNDO É ALGO QUE NOS ESCAPARÁ SEMPRE – PODEMOS TER NO MÁXIMO BOAS
APROXIMAÇÕES.
4 – Cérebro e Perceção Visual
A nossa perceção visual apela a padrões complexos, por isso habitualmente o nosso córtex visual
funciona simultaneamente apesar da especialização de áreas.
A nossa visão unitária e com sentido baseia‐se no funcionamento integrado de todas as áreas.
É esta simultaneidade que dá a sensação da nossa visão ser instantânea.
Mas a perceção visual não depende só do córtex visual. Sabe‐se que ela está constantemente a
comunicar com outras partes do córtex como o linguístico, motor, entre outros – Comunicação
Intercortical.
4 – Cérebro e Perceção Visual
5 – Captação da Imagem
Além do carácter biológico a perceção engloba, igualmente um carácter psicológico e cultural.
Aquilo que vemos é algo que para nós faz sentido. Ver é criar, produzir, construir uma ideia
visual que faça sentido.
Existe sempre um problema de discrepância entre o mundo e a nossa perceção visual pois ela
resulta já de uma interpretação. As imagens não mostram apenas o que representam mas
também quem as viu e como as viu.
Este processo, não sendo puramente cognitivo, tem também em conta a individualidade de cada
sujeito de daí a sua enorme diversidade.
A nossa Perceção Visual é: