Plano de Reequilbrio Financeiro
Municpio do Cartaxo
Setembro de 2012
Verso Final
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 2/173
ndice
1. Introduo 6
2. Os Emprstimos de Longo Prazo 11
2.1. O Emprstimo ................................................................................................................................... 11
2.2. Os Compromissos a Consolidar ................................................................................................. 12
3. Caracterizao Demogrfica e Socioecnomica do Concelho 15
4. Enquadramento econmico 17
5. Anlise da situao econmico-financeira do Municpio 23
5.1. Receita ................................................................................................................................................. 24
5.2. Despesa ............................................................................................................................................... 29
5.3. Conta de Gerncia e Fluxos de Caixa ....................................................................................... 34
5.4. Balano ................................................................................................................................................ 35
5.4.1. Dvidas a terceiros (excluindo dvida bancria) 38
5.4.2. Dvidas a terceiros Emprstimos bancrios 40
5.5. Compromissos Assumidos Via Contratos Programa ......................................................... 41
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 3/173
5.6. Endividamento Lquido e Endividamento de Mdio e Longo Prazo ........................... 42
5.7. Sntese da Situao Econmico-Financeira .......................................................................... 44
6. Avaliao da Situao Econmico Financeira do Municpio segundo
o Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro 45
6.1. Desequilbrio Financeiro Estrutural ........................................................................................ 45
6.2. Impossibilidade de Recurso a Mecanismos Alternativos de Reequilbrio
Financeiro ....................................................................................................................................................... 47
7. Plano de Conteno da Despesa 49
7.1. Recursos Humanos ......................................................................................................................... 50
7.2. Aquisio de Bens e Servios ...................................................................................................... 52
7.3. Encargos Correntes ........................................................................................................................ 54
7.4. Transferncias correntes e subsdios ..................................................................................... 56
7.5. Outras Despesas Correntes ......................................................................................................... 56
7.6. Despesas de Capital ........................................................................................................................ 57
7.7. Mapa da Evoluo da Despesa Corrente ................................................................................ 57
8. Plano de Maximizao da Receita 60
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 4/173
8.1. Receita Corrente .............................................................................................................................. 61
8.1.1. Transferncias Correntes 61
8.1.2. Impostos Municipais Diretos 62
8.1.3. Taxas, Multas e Outras Penalidades 64
8.1.4. Rendimentos de Propriedade 65
8.1.5. Vendas de Bens e Servios 66
8.1.6. Impostos Indirectos e Outras Receitas Correntes 66
8.1.7. Evoluo da Receita Corrente 67
8.2. Receita de Capital ............................................................................................................................ 69
8.2.1. Transferncias de Capital 69
8.2.2. Alienao de Patrimnio 71
9. Planeamento Financeiro para o Municpio nos Anos 2012-2032 72
10. Despesas de Capital e Investimento 76
11. Previso do Perodo Temporal para a Recuperao da Situao
Financeira do Municpio 79
11.1. Evoluo do Endividamento de Mdio e Longo Prazo ..................................................... 79
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 5/173
11.2. Evoluo do Endividamento Lquido ...................................................................................... 81
11.3. Evoluo da Cobertura da Despesa Corrente pela Receita Corrente .......................... 84
12. Concluso 86
Anexo I Dvidas a Terceiros a Setembro de 2012 88
Anexo II Evoluo das Dvidas a Terceiros nos ltimos 5 anos 120
Anexo III Mapa Emprstimos 2011 162
Anexo IV Emprstimos PAEL e Reequilbrio Financeiro 164
Anexo V Investimentos Previstos 166
Anexo VI Quadro de Pessoal 170
Anexo VII Formulrios PAEL 173
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 6/173
1. Introduo
O Municpio do Cartaxo assume um papel central no desenvolvimento socioeconmico
da regio, sendo a sua interveno crtica para o suster do agravamento das assimetrias
regionais. No seguimento do anterior plano de saneamento financeiro, o Municpio tem
desenvolvido esforos na manuteno de uma gesto de tesouraria equilibrada e no
cumprimento das condies contratuais referentes aos pagamentos. No entanto, este
esforo de gesto de tesouraria foi estruturalmente afetado pela atual situao de
extrema crise que o pas atravessa e pelas consequentes medidas de conteno que
foram impostas.
A atual crise econmica que j se arrasta h quase quatro anos veio trazer dificuldades
acrescidas ao concelho do Cartaxo, nomeadamente em termos de emprego e nveis de
atividade econmica, que tm tambm influenciado de sobremaneira o equilbrio
financeiro municipal. Acresce s dificuldades financeiras, a plena conscincia da
necessidade da autarquia continuar uma poltica de investimento com reflexos na
qualidade de vida futura dos muncipes e da necessidade de intervir socialmente de
forma a mitigar os efeitos da crise no Municpio.
A fragilidade da gesto de tesouraria consequncia tambm de limitaes
estruturantes da economia e sociedade local e da crescente dificuldade em atrair
investimento privado. A limitada capacidade financeira do Municpio e as dificuldades
em cativar investimento agravam as j evidentes assimetrias.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 7/173
Em particular, o Municpio viu goradas expectativas de desenvolvimento e de
investimento com o cancelamento da construo do novo aeroporto na Ota, e a
correspondente quebra de investimentos com contrapartidas da Administrao Central
que lhe estavam associados.
Torna-se agora imperativo implementar um plano ponderado e alargado para a
resoluo da atual situao econmico-financeira do Municpio, sendo urgente dotar o
Municpio da robustez financeira necessria para implementar os mecanismos
necessrios ao desenvolvimento social e econmico local.
Serve o presente plano para ajustar o plano de saneamento financeiro anteriormente
apresentado, adaptando-o s atuais circunstncias econmico-sociais via elaborao de
um plano de reequilbrio financeiro compatvel com as exigncias do Artigo 41 da Lei
das Finanas Locais (Lei 2/2007, de 15 de Janeiro) e do Decreto-Lei 38/2008, de 7 de
Maro, que respeite as recomendaes do Guia para Elaborao e Apresentao do
Plano de Reequilbrio Financeiro publicado pela Direco Geral das Autarquias Locais,
e que preconize os pressupostos fundamentais previstos para o Programa de Apoio
Economia Local (Lei 43/2012, de 28 de Agosto), na sua verso Programa I, observando
o Municpio no presente uma situao de desequilbrio financeiro estrutural. Nos
termos do Artigo 5 do PAEL acompanha este Plano Financeiro, como Anexo, o conjunto
de formulrios de adeso previstos na Portaria 281-A/2012, de 14 de Setembro.
O plano de reequilbrio financeiro aqui apresentado, em conjunto com o recurso ao
Programa de Apoio Economia Local (PAEL), concretiza a nica soluo financeira legal
para o Municpio, soluo que permite a resoluo dos compromissos financeiros e o
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 8/173
equilbrio financeiro do Municpio a longo prazo. Uma vez obtidas todas as aprovaes
necessrias, a concretizao deste plano resultar na obteno de um emprstimo no
mbito do PAEL e de emprstimos de reequilbrio financeiro municipal que permitiro a
consolidao de todos os passivos financeiros do Municpio, em especial dvidas
bancrias, dvidas a fornecedores e fornecedores de imobilizado e dvidas a outros
credores, assim como dvidas avultadas potenciais resultado de processos judiciais e
revises de preos.
A implementao deste plano e o recurso ao PAEL permitir a solvncia de todos os
compromissos financeiros do Municpio e o aliviar da presso sobre a liquidez de curto
prazo, dotando o Municpio de capacidade operacional que hoje se v severamente
limitada devido ao curto prazo de exigibilidade de grande parte dos compromissos
referidos.
A substituio das dvidas existentes por uma dvida consolidada de longo prazo ir
permitir o aliviar a gesto da tesouraria e a solvncia do Municpio do Cartaxo,
libertando recursos cruciais ao investimento e ao desenvolvimento da regio.
Com a implementao do presente Plano sero supridas as imposies da Lei 8/2012,
de 21 de Fevereiro Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso, constituindo
na sua gnese este documento um Plano de Liquidao dos Pagamentos em Atraso.
No presente plano relata-se a evoluo da situao financeira do Municpio do Cartaxo
nos ltimos exerccios e estabelece-se o plano e a previso de ajustamento financeiro
municipal, em especial a previso temporal para a resoluo da atual situao de
desequilbrio financeiro estrutural, de acordo com o estabelecido no Artigo 8 do
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 9/173
Decreto-Lei 38/2008, de 7 de Maro, e o ajustamento municipal, nos termos da alnea d)
do n 1 do Art. 6 do Programa de Apoio Economia Local (Lei 43/2012, de 28 de
Agosto).
O presente plano de reequilbrio financeiro, tal como previsto no n 4 do Artigo 41 da
Lei das Finanas Locais (Lei 2/2007, de 15 de Janeiro), tem como base os requisitos
impostos pelos Artigos 9 e 11 do Decreto-Lei 38/2008, de 7 de Maro, e cumpre ainda
os requisitos impostos pelo Artigo 6 do Programa de Apoio Economia Local (Lei
43/2012, de 28 de Agosto), compreendendo uma anlise fundamentada da situao
econmico-financeira do Municpio e da sua evoluo at ao momento, assim como
medidas especficas para o ajustamento municipal e o atingir de uma situao financeira
equilibrada no futuro e uma aferio do seu impacto oramental.
So ainda apresentados, conforme requerido no Decreto-lei 38/2008, as previses de
despesa de investimento, bem como as suas fontes de financiamento, e uma previso
temporal do prazo de recuperao da situao econmico-financeira do Municpio.
Conclui-se o plano com uma apresentao agregada dos fluxos financeiros previsionais
do Municpio e, consequentemente da sua situao financeira, para o perodo de
vigncia do emprstimo acima mencionado.
Alguns dos elementos do plano exigidos pelo Artigo 11 do Decreto-Lei 38/2008, de 7
de Maro e pelo Artigo 6 do Programa de Apoio Economia Local (Lei 43/2012, de 28
de Agosto) compreendem aes de previso e estimao para horizontes temporais
muito alargados, que se estendem para alm do mandato dos presentes rgos
autrquicos. Consequentemente, apesar do cuidado, rigor e prudncia tidos em conta na
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 10/173
sua elaborao, estes elementos devem ser encarados como indicadores e orientadores
da linha econmico-financeira a seguir pelo Municpio, podendo ser demonstrada no
futuro a necessidade de ajustamentos pelos rgos competentes, no caso de a
conjuntura assim o exigir.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 11/173
2. Os Emprstimos de Longo Prazo
Nesta seco so apresentadas as caractersticas dos emprstimos de consolidao de
passivos financeiros a contratar e um resumo dos compromissos cuja resoluo
depende da contratao do mesmo emprstimo.
2.1. O Emprstimo
A Assembleia Municipal do Cartaxo dever deliberar a contratao de emprstimos de
longo prazo no valor aproximado de 45 milhes de euros com o objetivo principal de
consolidao dos passivos financeiros do Municpio, no mbito do Artigo 41 da Lei das
Finanas Locais (Lei n 2/2007, de 15 de Janeiro) e no mbito do Programa de Apoio
Economia Local (Lei 43/2012, de 28 de Agosto).
O emprstimo a contratar no mbito do Programa I do PAEL ter maturidade de 20
anos e ausncia de diferimento de perodo de amortizao, sendo o montante de
financiamento estimado de 17.667.910. Para efeitos de clculo so consideradas neste
plano prestaes mensais constantes de capital e juros e que o emprstimo ter incio
de amortizao em Janeiro de 2013, aps a sua total utilizao.
Os emprstimos a contratar junto de instituies financeiras, e que consolidaro dvida
bancria e outras dvidas vencidas remanescentes face ao emprstimo no mbito do
Programa I do PAEL tero as seguintes condies, similares ao emprstimo no mbito
do PAEL:
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 12/173
1. Montante Mximo a Contratar: diferena entre o montante global de
aproximadamente 45.000.000 e o montante contratado no mbito do PAEL, e
que se estima em 27.500.000 (45.000.000 totais menos 17.667.910
estimados de emprstimo PAEL)
2. Finalidade: Emprstimo de Longo Prazo no mbito do art. 41 do Decreto-Lei n
2/2007, de 15 de Janeiro
3. Prazo do Emprstimo: 20 anos
4. Perodo de Carncia de Reembolso de Capital: No existente.
5. Reembolso de Capital/Pagamento de Juros: Prestaes mensais constantes de
capital e juros, para o perodo total do emprstimo.
6. Taxa de Juro: Taxa de Juro varivel, relativa Euribor a 6 meses, base 360 dias.
7. Comisses: No ser cobrada qualquer tipo de comisso ou encargos,
nomeadamente de gesto, organizao, montagem da operao, liquidao
antecipada ou pela no utilizao do emprstimo.
8. Garantias: De acordo com a legislao em vigor.
2.2. Os Compromissos a Consolidar
Os compromissos assumidos pelo Municpio do Cartaxo alvo de consolidao totalizam
aproximadamente 45 milhes de Euro e respeitam na sua essncia a cinco grandes tipos
de processos de criao de dvida dvidas a fornecedores, dvidas a fornecedores de
imobilizado, dvida a entidades do sector empresarial local, dvida relativa a
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 13/173
emprstimos bancrios e passivos contingentes relacionados com processos judiciais
em curso e revises de preos.
De facto, no que respeita s dvidas do Municpio do Cartaxo, cerca de 17.7 milhes de
euros, a financiar pelo PAEL, representam dvidas a fornecedores, fornecedores de
imobilizado e sector empresarial local, as quais se encontravam j em atraso em Maro
de 2012.1 Adicionalmente, sero consolidados num emprstimo (ou emprstimos) de
reequilbrio financeiro dvidas relativas a dvidas a fornecedores, fornecedores de
imobilizado, sector empresarial local, emprstimos bancrios e dvidas resultantes de
processos judiciais em curso e revises de preos, num montante global de 27.5 milhes
de Euros. O montante de passivos contingentes relativos a processos judiciais em curso
foi determinado com base em estimativas dos servios jurdicos.
O quadro seguinte apresenta os montantes a consolidar, com base em dados de
Setembro de 2012 e o clculo da forma de financiamento.
O detalhe destes compromissos pode ser observado no Anexo 1 e Anexo 2 apresentados
no final deste documento. Os compromissos apresentados so assim de urgente
resoluo para o Municpio.
1 O montante apurado de responsabilidades de dvida em atraso, que j se apresentavam em atraso a
Maro de 2012 de 17.667.910, sendo o montante a financiar pelo Programa I do PAEL, nos termos do
n 2 do Art. 1 e do n 1 do Art. 3 da Lei 43/2012, de 28 de Agosto.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 14/173
Dvida CP do Municpio, Montantes PAEL e Montantes Reequilbrio Financeiro
Setembro de 2012
Dvida Montante em Atraso (+90 dias) desde 31-Maro (ELEGVEL PAEL) 17.667.910
Montante em Atraso (+90 dias) ps 31-Maro* 3.778.408
Montante em Atraso (-90 dias) 1.661.555
Montante sem Atraso 889.410
Montante Total Dvida Curto Prazo 23.997.282
Emprstimos Bancrios a Consolidar (valor 30 Jun 2012)* 20.211.933
Processos Judiciais em Curso e Revises de Preos 1.397.285
Total Dvidas CP + Emprstimos MLP + Outras Dvidas Potenciais 45.606.501
*1.445.889,94 de emprstimos considerados em dvidas de CP vencidas por no pagamento
Financiamento
Financiamento PAEL 17.667.910
Emprstimo Reequilbrio Financeiro 27.500.000
Total Financiamento PAEL + Reequilbrio Financeiro 45.167.910
Dvida "Normal" de Curto Prazo do Municpio 438.591
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 15/173
3. Caracterizao Demogrfica e Socioecnomica do Concelho
Situado a cerca de 60 Kms a norte de Lisboa, o Concelho do Cartaxo confina com os
concelhos de Almeirim, Azambuja, Salvaterra de Magos e Santarm. A localizao do
Municpio e a sua proximidade Capital tornam o Municpio algo voltil nas suas
tendncias de captao de populao. O Municpio do Cartaxo est inserido na regio
estatstica (NUTS II) do Alentejo e na sub-regio estatstica (NUTS III) da Lezria do
Tejo.
Ao longo dos ltimos anos o Municpio do Cartaxo tem efetuado investimentos
significativos numa rede de infraestruturas e equipamentos que cobrem praticamente
todas as reas: Educao, Sade, Rede Viria, Infraestruturas de Desporto e Lazer,
Equipamentos de Apoio Atividade Econmica, Recuperao de Patrimnio, entre
outros. Os investimentos realizados so o principal sustento do excelente nvel de
qualidade de vida que caracteriza o conselho.
O territrio estende-se ao longo de uma rea total de 158 km2 dividido por 8 freguesias,
com 24.458 mil habitantes, o que representa um ligeiro aumento face a 2001, numa
proporo equilibrada entre os dois sexos.
A faixa de populao dos 40 a 60 anos constitui a maioria, com cerca de 28% da
populao total, seguida dos 20 aos 40 anos com 25%. A populao com mais de 65
anos representa 21%. Aproximadamente 25% da populao tem formao de ensino
secundrio ou superior.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 16/173
Ao nvel da economia local, os 15.828 ha que formam a rea do concelho apresentam a
seguinte distribuio: a) 11.892 ha para cultura agrcola; b) 2.475 ha de rea florestal; e
c) 1.461 ha ocupados com a rea social ou inculta. A vinha ocupa um papel de destaque
na agricultura local com uma rea de cerca de 40% com um impacto muito significativo
na economia local. A produo de cereais, horto-industriais, hortcolas e frutos assume
tambm um desempenho de destaque. Na indstria, o concelho caracteriza-se por uma
indstria muito prxima da agricultura, pecuria e cermica.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 17/173
4. Enquadramento econmico2
A economia portuguesa enfrenta um dos mais duros desafios da sua histria recente. A
crise despoletada em 2008 transformou-se numa crise de dvida soberana na rea do
euro, com imediatas e severas restries no acesso ao crdito. As condies de acesso
aos mercados de financiamento internacionais deterioraram-se de forma acentuada ao
longo de 2010, criando fortssimos entraves ao normal desenvolvimento da economia.
Os mercados penalizam fortemente a crescente dvida externa com um aumento
continuado dos juros tornando bem visveis as debilidades da nossa economia.
A economia portuguesa no conseguiu corrigir os desequilbrios macroeconmicos
acumulados, nomeadamente, a persistncia de um dfice oramental muito elevado,
designadamente em termos estruturais e a manuteno de elevadas necessidades
lquidas de financiamento da economia. A conjugao destes dois determinantes aliados
a um baixo crescimento da economia, contriburam de forma negativa e gravosa para a
credibilidade sobre a sustentabilidade das finanas pblicas e sobre a capacidade de
Portugal honrar os compromissos financeiros. Mais do que nunca, as fragilidades da
economia portuguesa so agora bem visveis e colocam-nos sobre forte presso dos
mercados externos, em especial devido ao agravar da situao da dvida externa.
O continuado agravar da crise e presso sobre a economia portuguesa resultou num
pedido de assistncia financeira internacional, concretizado no incio de Abril de 2011 e
2 Esta anlise baseada no Relatrio do Conselho de Administrao - Relatrio e Contas - Gerncia de 2010 do Banco de Portugal e em dados retirados do portal Pordata (www.pordata.pt).
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 18/173
que dita fortes regras de controlo oramental para Portugal com reflexo forte e imediato
no poder de compra e, por arrastamento, no desenvolvimento da economia.
O sector autrquico em particular foi severamente afetado pela crise e pelo pedido de
assistncia internacional, nomeadamente no que respeita execuo de receita
municipal. A menor dinmica econmica leva a uma menor capacidade de angariao de
receita municipal, a que se associa o corte de transferncias da Administrao Central,
em particular as redues de transferncias do Fundo de Equilbrio Financeiro
implementadas pelo Governo na execuo do Programa de Estabilidade e Crescimento 2
e as quebras induzidas pelo Oramento de Estado para 2011 e pelo MEMORANDO DE
ENTENDIMENTO SOBRE AS CONDICIONALIDADES DE POLTICA ECONMICA
assinado entre o Governo Portugus, a Unio Europeia, o Banco Central Europeu e o
Fundo Monetrio Internacional.
No que respeita ao enquadramento Macroeconmico, a evoluo do Produto Interno
Bruto (PIB) reflete um agravar do abrandamento econmico com um decrscimo de
1,6%, o que reflete um forte abrandamento do consumo. As estimativas para os anos
vindouros so de recesso na ordem dos 3 a 4% ao ano, sem que haja certezas sobre a
impossibilidade de um cenrio ainda mais gravoso.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 19/173
O agravar da crise tambm exps a debilidade da nossa balana comercial, ainda que a
mesma apresente uma ligeira correo com uma desacelerao das importaes, por
fora do abrandamento do consumo, e um aumento das exportaes. No entanto,
Portugal precisa de reforar as medidas de equilbrio da balana comercial, devendo as
exportaes assumir um papel determinante na resoluo da atual crise e contribuir
para uma reduo da dvida externa. Impe-se a necessidade de dinamizar as nossas
exportaes como ferramenta de angariao de capitais externos.
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
PIB
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
Balana comercial
Exportao
Importao
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 20/173
A inflao evolui no mesmo sentido do PIB, apresentando um perfil ascendente ao longo
do ano, refletindo um aumento dos preos das importaes, em particular das matrias-
primas, da tributao indireta, apesar da deteriorao acentuada das condies no
mercado de trabalho. O aumento da carga fiscal um forte determinante deste aumento
da inflao, que se traduz num agravar do poder de compra. Adicionalmente, a crise
teve efeitos na valor do Euro face a divisas estrangeiras, que levou a um encarecimento
das matrias primas e outras importaes.
O desemprego apresenta uma evoluo de extrema gravidade para perto dos 13% e os
cenrios so para uma taxa de desemprego que pode chegar aos 15% a 20%, caso no
sejam tomadas medidas eficazes para a sua reduo. Apesar do crescimento temporrio
do PIB, observou-se uma reduo nos nveis de empregabilidade, refletindo as
expectativas negativas sobre a evoluo da economia.
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Inflao
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 21/173
A evoluo das taxas de juro (apresentamos apenas a Euribor a 12 meses) continua a
ser dominada pelo efeito da interveno dos reguladores que limitaram as taxas de juro
e injetaram liquidez no mercado numa tentativa sem sucesso para dinamizar a
economia. No futuro prximo as taxas de juro continuaram a ser fortemente utilizadas
como mecanismo de incentivo economia, ainda que se espera o recurso a outras
ferramentas. Estas medidas falharam em parte pela falta de liquidez do sector
financeiro que imps uma subida de spreads, que podem no financiamento ao sector
pblico atingir valores muito elevados.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
Desemprego
0
1
2
3
4
5
Euribor (%) (12m)
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 22/173
A crise continuar-se- a agravar e as repercusses so imprevisveis. Os cenrios
futuros apontam um crescimento negativo e uma contrao das economias, que ser
mais sentida nos pases da zona euro que mais dependem do financiamento (caso da
Grcia, Portugal, Irlanda, Itlia e Espanha).
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 23/173
5. Anlise da situao econmico-financeira do Municpio
O anterior plano de saneamento financeiro veio-se a demonstrar insuficiente face ao
desenrolar da atual crise financeira que j se arrasta h 4 anos e cuja resoluo parece
distante. Na realidade, a crise tomou contornos gravosos de um nvel impensvel,
impondo um esforo de conteno oramental sem precedentes e extremas dificuldades
na angariao de receitas. Ao mesmo tempo, a crise sublinhou a importncia dos
Municpios no apoio ao desenvolvimento social e no colmatar de graves problemas
sociais.
As extremas necessidades de liquidez para fazer face s obrigaes vencidas e
vincendas colocam a gesto de tesouraria corrente do Municpio do Cartaxo sobre forte
presso, sendo urgente a sua resoluo. A atual posio econmico-financeira do
Municpio encontra-se severamente fragilizada, como mencionado acima, no tendo
sido passvel de ser solucionada via o anterior plano de saneamento financeiro.
Apesar dos esforos da atual gesto do Municpio na conteno de despesas, e de vrias
tentativas de solucionar a atual situao financeira, o nvel de compromissos do
Municpio do Cartaxo impe de facto fortes limitaes capacidade do Municpio em
participar no desenvolvimento econmico, social e cultural da regio, agravando as
assimetrias j evidentes. Adicionalmente, o forte cariz econmico da crise tem vindo a
impor extremas dificuldades gesto de tesouraria, no permitindo solues
temporrias ou de recurso.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 24/173
A anlise do enquadramento econmico deve tomar em considerao as dimenses
sociais, culturais e econmicas que o Municpio observa, com particular relevo para a
necessidade de interveno da autarquia para dinamizar e suavizar as consequncias de
uma economia local caracterizada por sectores em fortes dificuldades, facto que se
reflete diretamente na qualidade de vida dos muncipes. A presente seco apresenta a
anlise da situao econmico-financeira do Municpio do Cartaxo, nos termos do n 1
do Artigo 4 do Decreto-Lei 38/2008, e de acordo com o Guia para Elaborao e
Apresentao do Plano de Reequilbrio Financeiro publicado pela Direco Geral das
Autarquias Locais.
Apresenta-se em detalhe a evoluo da receita, despesa e conta de gerncia para o
perodo de 2007 a 2011. Adicionalmente, analisamos em detalhe os valores
apresentados em Balano, em especial as rubricas do passivo face sua relevncia para
o plano financeiro aqui apresentado e que visa a consolidao de passivos financeiros.
5.1. Receita
A Tabela 1 apresenta em maior detalhe a composio e evoluo da receita durante o
perodo em anlise, sendo que as receitas correntes e totais tm vindo a apresentar um
decrscimo, apesar de esforos do Municpio em angariar receitas prprias (receitas
correntes excluindo as transferncias correntes).
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 25/173
Tabela 1 - Evoluo da receita
O total da receita em 2011 apresentava uma quebra de 5% (800 mil euros) face a 2007,
sendo que tal evoluo mascara alguns detalhes preciosos para a avaliao da evoluo
da receita. Em primeiro lugar, a contratao do emprstimo de saneamento financeiro
em 2008 e ainda o incio das receitas da concesso da explorao das guas e
saneamentos em 2010, com efeitos tambm em 2011. Expurgando estes efeitos da
anlise, observamos uma queda significativa ao nvel das receitas, conforme veremos
em maior detalhe de seguida.
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011 % Absoluta
Impostos directos 3.780 3.331 3.048 2.917 3.012 -20% -768
Impostos indirectos 267 173 118 73 93 -65% -173
Taxas, multas e outras penalidades 274 168 110 130 150 -45% -124
Rendimentos da propriedade 1.421 1.128 19 6.961 1.578 11% 157
Transferncias correntes 3.921 3.972 4.867 4.923 5.238 34% 1.318
Venda de bens e servios correntes 4.061 3.177 2.681 3.008 2.266 -44% -1.795
Outras receitas correntes 39 54 44 24 73 86% 34
Venda de bens de investimento 73 870 19 17 53 -28% -20
Transferncias de capital 1.861 1.646 1.686 1.639 2.699 45% 838
Activos financeiros 8 9 11 8 6 -28% -2
Passivos financeiros 1.000 13.970 760 775 740 -26% -260
Rep. no abatidas nos pagamentos 0 0 0 0 0 0% 0
Total 16.705 28.499 13.364 20.475 15.908 -5% -796
Receitas correntes 13.763 12.003 10.888 18.036 12.411 -10% -1.352
Receitas de capital 2.942 16.496 2.476 2.439 3.497 19% 555
Outras receitas 0 0 0 0 0 0% 0
(Valores em milhares de euros)
Variao 2007-11Ano
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 26/173
A Figura 1 apresenta a evoluo das grandes rubricas da receita durante o perodo em
anlise. No que diz respeito s receitas de capital, gostaramos de salientar a
contratao do emprstimo de saneamento financeiro em 2008, bem visvel no grfico.
As receitas de capital, expurgadas do referido emprstimo em 2008, tm-se mantido
relativamente estveis, com um ligeiro aumento em 2011. Em termos globais, as
receitas de capital cresceram 19% entre 2007 e 2011. No entanto, em termos relativos
(Figura 2) pode notar-se o pouco peso das receitas de capital.
Na realidade, as receitas de capital esto muito aqum das necessidades e
responsabilidades do Municpio em termos de receitas de capital, impondo fortssimas
restries capacidade de investimento do Municpio, obrigando o mesmo a procurar
solues alternativas para financiar investimentos de carcter sociocultural cruciais
para o bem-estar da sociedade local, ou a ter de abdicar dos mesmos.
O Municpio viu-se mesmo obrigado a recorrer durante o perodo de saneamento
financeiro contratao de passivos financeiros de curto prazo numa mdia anual de
750 mil euros.
Ainda ao nvel das receitas de capital, salientamos o crescimento das transferncias de
capital que se situam 45% acima do valor de 2007, num total de 2,7 milhes de euros.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 27/173
Figura 1 Evoluo das receitas
Figura 2 Evoluo da composio relativa da receita
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
2007 2008 2009 2010 2011
Total
Receitas correntes
Receitas de capital
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2007 2008 2009 2010 2011
Receitas de capital
Receitas correntes
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 28/173
As principais receitas correntes referem-se s transferncias correntes (42%), impostos
indiretos (24%) e vendas de bens e servios correntes (18%).
Da anlise da Tabela 1, sublinhamos o decrscimo de 10% ao nvel das receitas
correntes durante o perodo em anlise. Salientamos que a evoluo negativa se observa
em todas as receitas prprias, exceo dos rendimentos de propriedade, que
apresentam um crescimento de 157 mil euros.
A evoluo das receitas prprias correntes pode ser observada na Figura 3.
Figura 3 Evoluo dos componentes das receitas correntes (excluindo
transferncias)
As receitas correntes prprias (receitas correntes excluindo transferncias da
Administrao Central) apresentam um decrscimo de 27% (2,7 milhes de euros), o
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
2007 2008 2009 2010 2011
Impostos directos
Impostos indirectos
Taxas, multas e outras penalidades
Rendimentos da propriedade
Venda de bens e servios correntes
Outras receitas correntes
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 29/173
que reflete a dificuldade do Municpio em angariar receita e as respetivas consequncias
ao nvel da execuo do anterior plano de saneamento financeiro.
Destacamos os rendimentos de propriedade que apresentam um crescimento de 11%,
mas para as quais importa notar que incluem as receitas da concesso da explorao
das guas no montante de 6,9 e 1,6 milhes de euros em 2010 e 2011, respetivamente.
Expurgando estes efeitos, o crescimento desta rubrica tambm negativo para valores
prximos de zero, agravando a queda das receitas totais para 14% e a queda das
receitas correntes para 21%.
A queda das receitas prprias significa um forte revs na implementao da poltica de
saneamento financeiro. As externalidades econmicas abalaram fortemente o tnue
equilbrio financeiro e colocando em causa a capacidade financeira da autarquia.
5.2. Despesa
A Tabela 2 e Figura 4 apresentam a evoluo da despesa paga, que em termos agregado
apresenta um crescimento de 9% entre 2007 e 2011, um crescimento nominal abaixo
da inflao, pelo que se traduz num decrscimo real. Observamos controlo da despesa
corrente paga que apresenta um crescimento de apenas 3% no perodo em anlise.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 30/173
Tabela 2 - Evoluo da despesa
Figura 4 Evoluo comparativa da receita e da despesa
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011 % Absoluta
Despesas com o pessoal 5.972 6.820 7.731 7.616 6.479 8% 507
Aquisio de bens e servios 4.273 6.318 1.714 3.786 4.043 -5% -230
Juros e outros encargos 887 1.308 948 769 1.173 32% 286
Transferncias correntes 1.319 1.066 1.362 1.019 1.300 -1% -19
Subsdios 0 0 0 0 0 0% 0
Outras despesas correntes 256 176 240 132 122 -52% -134
Aquisio de bens de capital 2.938 9.029 422 1.102 2.556 -13% -382
Transferncias de capital 895 727 878 2.073 632 -29% -263
Activos financeiros 10 16 18 26 68 575% 58
Passivos financeiros 403 1.419 1.710 2.169 2.092 419% 1.689
Outras despesas de capital 0 0 0 0 0 0% 0
Total 16.954 26.881 15.022 18.692 18.465 9% 1.511
Despesa corrente 12.707 15.689 11.994 13.322 13.117 3% 410
Despesa de capital 4.247 11.192 3.028 5.370 5.348 26% 1.101
(Valores em milhares de euros)
Variao 2007-11Ano
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
2007 2008 2009 2010 2011
Despesa corrente
Despesa de capital
Receitas correntes
Receitas de capital
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 31/173
Observando em maior detalhe a despesa corrente (Figura 5), verificamos que a
generalidade das rubricas apresenta um decrscimo, sendo as despesas com pessoal e
os juros e outros encargos as excees. As primeiras, com um crescimento de 8% (500
mil euros) abaixo da inflao, j as despesas com juros e encargos escalaram 32% em
2011 para 1,2 milhes de euros, por fora do pagamento de juros do atual plano de
saneamento financeiro e por fora do agravar do custo de capital. Neste momento, a
rubrica de juros e outros encargos representa 9% da despesa de corrente e 6% da
despesa total, representando um esforo considervel para a tesouraria do Municpio
do Cartaxo.
Figura 5 Evoluo dos componentes da despesa corrente
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
2007 2008 2009 2010 2011
Despesas com o pessoal
Aquisio de bens e servios
Juros e outros encargos
Transferncias correntes
Subsdios
Outras despesas correntes
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 32/173
As despesas com pessoal tm-se mantido estveis, apesar de um aumento entre 2009 e
2010, resultando os aumentos verificados de necessidades de contratao devido a
transferncia de competncias da esfera central para a esfera municipal. A diferena
entre 2007 e 2011 representa um crescimento a uma taxa de aproximadamente 2%
anual, abaixo da taxa de inflao mdia para o perodo.
As despesas com a aquisio de bens e servios apresentam tambm um significativo
esforo de conteno, ainda que nos anos de 2010 e 2011 apresentem um crescimento
significativo. O aumento verificado em 2008 resulta da regularizao de dvidas de
aquisio de bens e servios passados, por efeito do emprstimo de saneamento
financeiro contratado.
A nossa anlise tem por base a despesa paga. Assim, as extremas dificuldades de
tesouraria que resultaram no plano de saneamento financeiro em 2008 levaram
existncia de montantes elevados de despesa paga nesse exerccio. Com a aprovao do
emprstimo subjacente ao referido plano, a autarquia procedeu ao pagamento de
elevadas dvidas anteriores num curto espao de tempo, o que resulta em valores de
despesa paga bastante elevados para esse ano, os quais no so comparveis.
Ao nvel da despesa de capital, salientamos o esforo que representam os compromissos
com passivos financeiros que cresceram de 400 mil euros em 2007, para 2,1 milhes em
2011, um crescimento de 419%. Estes valores somados despesa com juros e outros
representam 18% da despesa total e 25% da despesa corrente.
Destacamos ainda a capacidade de sacrifcio que o Municpio demonstrou para manter
uma poltica de investimentos ativa, ainda que insuficiente para fazer face s
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 33/173
necessidades socioeconmicas sentidas e agravadas pela crise. O Municpio v-se
limitado para assumir um papel determinante do desenvolvimento local.
A Tabela 3 detalha a Tabela 2, apresentando a despesa com salrios, por vnculo, entre
os anos de 2007 e 2011. Conforme podemos observar tem de facto havido um esforo
significativo na conteno dos custos com pessoal, apesar de transferncias de
competncias para a esfera municipal.
Tabela 3 - Detalhe de Evoluo de Despesas com Pessoal, por vnculo (base Conta de Gerncia)
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 34/173
5.3. Conta de Gerncia e Fluxos de Caixa
A Tabela 4 apresenta a evoluo da conta de gerncia do Municpio do Cartaxo durante
perodo de 2007 a 2011.
Tabela 4 Conta de Gerncia
O saldo final da conta de gerncia em 2011 insuficiente para fazer face s dvidas
vencidas. A autarquia, conforme veremos adiante, apresentava dvidas de curto prazo a
terceiros que no instituies financeiras num montante de perto de 23 milhes de
euros no final de 2011, aos quais devem ser acrescidos os valores das prestaes anuais
dos emprstimos.
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011
Saldo da Gerncia Anterior 887 648 2.310 608 2.421
Execuo oramental 808 559 2.177 520 2.302
Operaes de Tesouraria 79 89 132 88 118
Receitas correntes 13.763 12.003 10.888 18.036 12.411
Receitas capital 2.942 16.496 2.476 2.439 3.497
Receitas outras 0 0 0 0 0
Total Receitas 16.705 28.499 13.364 20.475 15.908
Operaes de Tesouraria 1.013 1.245 1.296 1.319 1.340
Total Recebimentos + Saldo Anterior 18.605 30.392 16.970 22.402 19.669
Despesas correntes 12.707 15.689 11.994 13.322 13.117
Despesas capital 4.247 11.192 3.028 5.370 5.348
Total Despesas 16.954 26.881 15.022 18.692 18.465
Operaes de Tesouraria 1.003 1.202 1.340 1.289 962
Total Pagamentos 17.957 28.083 16.362 19.981 19.427
Saldo Final da Conta Gerncia 648 2.310 608 2.421 242
Execuo oramental 559 2.177 520 2.302 -254
Operaes de Tesouraria 89 132 88 118 496
(Valores em milhares de euros)
Ano
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 35/173
5.4. Balano
A anlise dos fluxos financeiros, via estudo da evoluo da despesa paga, receita
cobrada e conta de gerncia, agora complementada com uma descrio da posio
financeira do Municpio com base nos Balanos apresentados entre 2007 e 2011 e com
especial nfase nas dvidas a terceiros.
A Tabela 5 apresenta a evoluo das principais rubricas do Balano no perodo em
anlise. Comeamos por salientar que do ponto de vista contabilstico o Municpio
apresenta fundos prprios negativos de 9,2 milhes de euros, reforando a situao
financeira do Municpio.
Tabela 5 - Balano
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011 % Absoluta
Activo Lquido
Bens de Domnio Pblico 26.144 26.092 26.164 25.525 24.914 -5% -1.230
Imobilizaes Incorpreas 955 932 908 884 0 -100% -955
Imobilizaes Corpreas 18.296 18.220 18.875 20.038 22.089 21% 3.793
Investimentos Financeiros 173 168 186 223 364 111% 191
Existncias 306 357 328 268 247 -19% -59
Dvidas de Terceiros 23.132 41.603 41.601 34.647 15.506 -33% -7.626
Depsitos em I. Fin. e Caixa 648 2.310 608 2.421 243 -63% -405
Acrscimos e Diferimentos 3.379 2.205 2.863 3.952 2.085 -38% -1.294
Total do Activo Lquido 73.034 91.886 91.533 87.958 65.448 -10% -7.585
Fundos Prprios e Passivo
Fundos Prprios 15.582 16.774 16.226 16.227 -9.159 -159% -24.742
Provises p/riscos encargos 0 479 552 518 684 0% 684
Dvidas a Terceiros MLP 11.897 24.448 23.544 22.135 20.817 75% 8.920
Dvidas a Terceiros CP 16.030 6.402 14.322 19.611 23.791 48% 7.760
Acrscimos e Dif. 29.524 43.784 36.889 29.468 29.316 -1% -208
Total Fundos P. e Passivo 73.034 91.886 91.533 87.958 65.448 -10% -7.585
(Valores em milhares de euros)
Variao 2007-11Ano
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 36/173
O ativo reflete a poltica de investimentos do Municpio, que, mesmo com dificuldades
de tesouraria, observou investimento em reas que devem ser da responsabilidade das
autarquias. Em termos lquidos, todas as rubricas do imobilizado apresentam um
crescimento. No entanto, preciso compreender que o valor lquido reflete tambm as
amortizaes, ocultando o efeito bruto do investimento, que pode ser observado na
Tabela 6. As rubricas do imobilizado cresceram 4% e 7% em termos lquidos e brutos,
respetivamente.
Tabela 6 - Evoluo do imobilizado corpreo e bens de domnio pblico
Painel A - Com base no balano (bruto)
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011
Bens domnio pblico -- 933 1.108 406 450
Imobilizaes incorpreas -- 0 0 0 0
Imobilizaes corpreas 448 1.294 1.673 2.682
Investimentos financeiros -5 18 38 141
Total investimento -- 1.376 2.420 2.116 3.272
Painel B - Com base no mapa da despesa
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011
Investimentos 902 3.937 218 642 1.745
Locao financeira 114 185 105 107 109
Bens domnio pblico 1.922 4.907 98 353 703
Total investimento 2.938 9.029 422 1.102 2.556
(Valores em milhares de euros)
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 37/173
Figura 6 Evoluo do imobilizado corpreo e bens de domnio pblico
As dvidas de terceiros atingiram o valor mximo de 41,6 milhes de euros em 2008 e
2009, perodo aps o qual iniciaram uma tendncia de forte decrscimo para 15,5
milhes de euros. Este decrscimo representa em grande parte a correes de
expectativas de recebimentos de incentivos no mbito do Quadro Comunitrio de Apoio
(QREN) e de o gorar de expectativa de investimentos comparticipados pela
Administrao Central relacionados com o projeto do novo aeroporto na Ota, entretanto
abandonado.
Em 2008 com a aprovao do plano de saneamento financeiro, as dvidas a terceiros
reduziram-se a dvidas correntes, com dvidas de curto prazo excluindo financiamento
bancrio no montante de 5,6 milhes de euros. Nos anos seguintes, o valor agravou-se
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
2007 2008 2009 2010 2011
Bens domnio pblico (Lquido)
Imobilizaes corpreas (Lquido)
Bens domnio pblico (Bruto)
Imobilizaes corpreas (Bruto)
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 38/173
de forma significativa e, em finais de 2011, ascendia a 23,1 milhes de euros, aos quais
devem ser somados os montantes de emprstimos em dvida.
O aumento da dvida de curto prazo reflete as dificuldades sentidas pelo Municpio em
cumprir com as obrigaes e a necessidade urgente de proceder a um reequilbrio
financeiro. A substituio das dvidas existentes por uma dvida consolidada de longo
prazo ir permitir o aliviar a gesto da tesouraria, libertando recursos cruciais ao
investimento e ao desenvolvimento da regio, nomeadamente a execuo de alguns
investimentos no mbito do Quadro de Referncia Estratgica Nacional (QREN).
s dvidas de curto prazo acrescem 21,6 milhes de euros de financiamentos bancrios,
dos quais 20,8 de mdio e longo prazo, e cujos compromissos ao nvel de amortizao
da dvida e juros impe sobre a gesto de tesouraria alguma presso. No ano de 2011, o
Municpio pagou prestaes de emprstimos bancrios no montante de 3,3 milhes de
euros, dos quais 1.2 milhes dizem respeito a juros e outros encargos. Este montante,
isoladamente, corresponde a 18% da receita total e a 25% das receitas correntes,
impondo dificuldades gesto de tesouraria, cujo equilbrio proposto no plano de
saneamento foi irreversivelmente abalado pela atual e duradoura crise econmica e
pelo aparecimento de novos compromissos.
5.4.1. Dvidas a terceiros (excluindo dvida bancria)
As dificuldades a que j aludimos comeam tambm a refletir-se ao nvel das dvidas a
terceiros no financeiros, o que fortalece a necessidade de proceder a um reequilbrio
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 39/173
financeiro. Apesar de todos os esforos desenvolvidos, as dvidas a terceiros esto
novamente a crescer e representam j 145% da receita total e 186% da receita corrente.
Conforme evidencia a Tabela 7, as dvidas a terceiros representavam no incio de 2011,
aps o saneamento financeiro, 44,6 milhes de euros, dos quais aproximadamente 21,6
dvida a instituies financeiras, o que equivale a um aumento de 60% face a 2007 e
de 45% face a 2008, data do anterior saneamento financeiro.
Tabela 7 Dvidas a terceiros
Esta situao reflete-se no prazo mdio de pagamentos de 255 dias a Dezembro de
2011.
Diversas razes podem ser apontadas para justificar a deteriorao desta situao, s
quais j aludimos, no entanto importante realar que o Municpio acredita que a
situao pode ser resolvida com uma redefinio do plano vigente, reduo da despesa
corrente e reestruturao da dvida nos moldes propostos no presente documento.
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011 % Absoluta
Curto prazo
Fornecedores - CP 4.711 1.692 4.895 2.570 4.563 -3% -148
Estado e OEP - CP 342 112 376 515 1.235 261% 893
For. imobilizado - CP 9.361 2.686 4.687 2.227 3.679 -61% -5.682
Outros credores - CP 817 1.111 3.605 13.525 13.574 1562% 12.757
Emprstimos obtidos - CP 800 800 760 775 741 -7% -59
Subtotal 16.030 6.402 14.322 19.611 23.791 48% 7.760
Mdio e longo prazo
Emprstimos obtidos - MLP 11.897 24.448 23.544 22.135 20.817 75% 8.920
Subtotal 11.897 24.448 23.544 22.135 20.817 75% 8.920
Total 27.927 30.849 37.866 41.746 44.608 60% 16.681
(Valores em milhares de euros)
Variao 2007-11Ano
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 40/173
O Anexo 1 complementa a tabela acima com informao detalhada sobre todas as
dvidas a terceiros existentes em Setembro de 2012, as quais sero liquidadas
imediatamente aps a aprovao deste plano pela Comisso de Acompanhamento do
PAEL e pelos Ministrios competentes e subsequente visto do Tribunal de Contas aos
emprstimos de consolidao financeira que este estudo fundamenta.
5.4.2. Dvidas a terceiros Emprstimos bancrios
O restante passivo refere-se essencialmente a dvidas a instituies de crdito. A
evoluo deste componente da dvida mostra que o Municpio tem vindo a solver os
seus emprstimos (Tabela 8). O aumento observvel em 2008 diz respeito contratao
do emprstimo de saneamento financeiro.
Tabela 8 Dvidas a instituies financeiras (Emprstimos bancrios)
O endividamento total creditcio no final do exerccio de 2011 era de 21,6 milhes de
euros, dos quais 5,4 milhes de euros correspondem a emprstimos excecionados.
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011 % Absoluta
Emprstimos de curto prazo 800 800 760 775 741 -7% -59
Emprstimos de mdio e longo prazo 11.897 24.448 23.544 22.135 20.817 75% 8.920
Emprstimos Excecionados 7.183 6.880 6.327 5.744 5.407 -25% -1.776
Emprstimos No Excecionados 4.714 17.567 17.217 16.390 15.410 227% 10.696
Total 12.697 25.248 24.304 22.910 21.558 70% 8.861
(Valores em milhares de euros)
Ano Variao 2007-11
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 41/173
O Anexo 3 complementa a informao presente na Tabela 8 e demonstra de forma
explcita todos os compromissos com dvida bancria assumidos pelo municpio em 31
de Dezembro de 2011.
mesma data, o crdito no excecionado ascendia a 16,2 milhes.
Em 2011, os encargos financeiros com juros referentes a emprstimos ascenderam a 1,2
milhes de euros, contribuindo fortemente para o agravar da situao de presso sobre
a gesto corrente de tesouraria. Uma conjuntura econmica caracterizada por um
aumento das taxas de juro de referncia, que se encontram em valores historicamente
baixos, permite antecipar um agravamento das dificuldades de tesouraria.
O endividamento creditcio ser por via deste plano consolidado/reestruturado em
crditos de reequilbrio financeiro com maturidade de 20 anos, conforme descrito no
Ponto 2. O detalhe temporal dos encargos financeiros esperados resultantes desses
emprstimos apresentado no Anexo 4.
5.5. Compromissos Assumidos Via Contratos Programa
A Cmara Municipal do Cartaxo, com vista ao suprimento de carncias infra-estruturais
do Concelho celebrou, nos ltimos exerccios, contratos programa com a Empresa
Municipal, os quais permitiram investimentos de aproximadamente 8.000.000.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 42/173
Estes investimentos esto relacionados fundamentalmente com a gesto de
equipamentos sociais, desportivos e recreativos.
As transferncias anuais estimadas para o equilbrio financeiro destas entidades, em
especial o pagamento do servio da sua dvida contratada para os investimentos
efetuados e o financiamento da sua atividade corrente, so de uma mdia de 750.000
euros anuais, e esto previstos em detalhe na seco 9, onde se efetua o planeamento
financeiro do Municpio de Longo Prazo.
Apesar de o Sector Empresarial Local do Municpio do Cartaxo poder vir a ser absorvido
pelo Municpio em resultado da Lei 50/2012, de 31 de Agosto (Regime Jurdico da
Atividade Empresarial Local e das Participaes Locais) o montante despendido anual
ser similar ao atualmente previsto, apenas configurando despesa direta ao invs de
transferncias. Este facto no obstar assim ao equilbrio financeiro do Municpio nos
termos previstos neste plano.
5.6. Endividamento Lquido e Endividamento de Mdio e Longo Prazo
A Lei das Finanas Locais (Lei n 2/2007) alterou significativamente o enquadramento
legal e poltico do endividamento municipal, enquadramento que foi alterado
recentemente novamente pelos Oramentos de Estado.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 43/173
A Tabela 9 apresenta um resumo da evoluo dos endividamentos de curto prazo,
lquido e de mdio e longo prazo do Municpio do Cartaxo no perodo 2007 a 2011.
Tabela 9 Limites endividamento
Descrio Ano
2007 2008 2009 2010 2011
Endividamento de CP Limite 812 825 806 801 747
Endividamento de CP 800 800 760 775 741
Margem/excesso 12 25 46 26 6
Endividamento MLP Limite 8.116 8.248 8.060 8.008 16.624
Endividamento MLP 5.514 18.367 17.977 17.165 16.150
Margem/excesso 2.602 -10.119 -9.917 -9.157 474
Endividamento lquido Limite 10.145 10.310 10.075 10.010 0
Endividamento lquido 0 0 0 0 21.730
Margem/excesso 10.145 10.310 10.075 10.010 -21.730
(Valores em milhares de euros)
No ano de 2011 observou-se um agravamento do excesso de endividamento, tendo sido
o limite de endividamento lquido ultrapassado em 21.7 milhes de euros.
O processo de consolidao financeira proposto neste estudo permitir no entanto um
respeito pelos limites legais de endividamento a prazo, conforme pode ser observado no
Ponto 11.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 44/173
5.7. Sntese da Situao Econmico-Financeira
A Tabela 10, abaixo apresentada, efetua uma sntese da situao econmico-financeira
do Municpio, com base no Guia para Elaborao e Apresentao do Plano de
Reequilbrio Financeiro publicado pela Direco Geral das Autarquias Locais.
Para alm da informao contida na Tabela abaixo, importante referir que as dvidas
totais do Municpio no final de 2011 ascendiam a 44,6 milhes de euros, dos quais quase
21,6 respeitam a endividamento creditcio.
Tabela 10 Sntese da Situao Econmico-Financeira
Descrio
2007 2008 2009 2010 2011
Saldo do exerccio anterior 887 648 2.310 608 2.421
Receitas totais 16.705 28.499 13.364 20.475 15.908
Despesas totais -16.954 -26.881 -15.022 -18.692 -18.465
Outras operaes de tesouraria 10 43 -44 30 378
Saldo do exerccio 648 2.310 608 2.421 242
Poupana corrente 1.055 -3.685 -1.106 4.714 -706
Poupana de capital -1.305 5.304 -552 -2.931 -1.850
Saldo oramental -249 1.619 -1.658 1.783 -2.557
Dvidas a fornecedores 14.889 5.489 13.186 18.322 21.815
Capital em dvida 12.697 25.248 24.304 22.910 21.558
Receitas municipais 9.923 8.911 6.051 13.138 7.230
Transferncias da administrao central 5.782 5.618 6.553 6.562 7.938
Emprstimos 1.000 13.970 760 775 740
Despesas com o pessoal 5.972 6.820 7.731 7.616 6.479
Investimentos 2.938 9.029 422 1.102 2.556
Juros e amortizaes 1.291 2.727 2.657 2.938 3.289
(Valores em milhares de euros)
Ano
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 45/173
6. Avaliao da Situao Econmico Financeira do Municpio
segundo o Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro
6.1. Desequilbrio Financeiro Estrutural
O Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro, visa densificar de forma clara as regras
aplicveis aos dispositivos de consolidao de passivo financeiro e reprogramao de
dvida disposio dos Municpios, por via de emprstimos de saneamento financeiro e
reequilbrio financeiro, no mbito dos Artigos 40 e 41 da Nova Lei das Finanas Locais
(Lei n 2/2007, de 15 de Janeiro). Em particular, o Decreto-Lei n38/2008, de 7 de
Maro, procede, nos seus Artigos n 3 e n 8 a uma clara identificao das situaes nas
quais se deve declarar um Municpio como estando em situao de desequilbrio
financeiro conjuntural, e estrutural, respetivamente.
O Municpio do Cartaxo, devido conjuntura j descrita em termos de receita, ao
elevado nvel de investimento efetuado nos ltimos anos e da assuno de novas
competncias, observou um incremento da presso sobre as contas do Municpio,
especialmente no que respeita a dvidas creditcias e de curto prazo, e encontra-se de
momento em situao de desequilbrio financeiro estrutural, a qual passvel de ser
resolvida por recurso ao Programa I do Programa de Apoio Economia (Lei 43/2012,
de 28 de Agosto) e a um emprstimo (ou emprstimos) de reequilbrio financeiro ao
abrigo do Artigo 41 da Lei 2/2007, de 15 de Janeiro, com o objetivo ltimo de
consolidao de passivos financeiros.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 46/173
Conforme mencionado na anlise da evoluo recente da situao financeira do
Municpio, verificamos que a situao do Municpio se enquadra em pelo menos trs das
situaes previstas no Artigo 8, nmero 1 do Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro.
Este nvel de enquadramento suficiente para se fundamentar a necessidade de recurso
ao Programa I do Programa de Apoio Economia Local ou a um emprstimo de
reequilbrio financeiro nos termos do Artigo 41 da Lei das Finanas Locais (Lei n
2/2007, de 15 de Janeiro).
De facto, o Municpio observa uma ultrapassagem do limite de endividamento de mdio
e longo prazo previsto no Art. 39 da Lei das Finanas Locais, e um endividamento
lquido superior ao limite de 175% das receitas previstas no n 1 do Artigo 37 da Lei
das Finanas Locais, estando assim nas condies previstas no nas alneas a) e b) do
Artigo 8 do Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro.
Adicionalmente, o Municpio do Cartaxo observa ao final de 2011 um montante de
dvidas de curto prazo a fornecedores, fornecedores de imobilizado e outros credores
de mais de 21 milhes de Euros, excedendo largamente os 50% das receitas totais do
ano anterior previstos na alnea c) do nmero 1 do Artigo 8 do Decreto-Lei n38/2008,
de 7 de Maro.
No que respeita ao rcio dos passivos financeiros totais, incluindo o valor dos passivos
excecionados para efeitos de clculo de endividamento lquido, podemos observar
atravs da anlise do Balano do Municpio e do detalhe das dvidas a terceiros, que o
rcio da dvida total do municpio (a qual excede 44.6 milhes de Euros) face receita
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 47/173
total (no montante de 15.9 milhes de Euros) se aproxima dos 300% considerados na
alnea d) do nmero 1 do Artigo 8 do Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro.
Finalmente, considerando a resoluo de Conselho de Ministros n. 34/2008, publicada
no DR n. 38, 1. srie, de 22 de Fevereiro, o prazo mdio de pagamento verificado no
Municpio em 2011 fixou-se em 255 e excede j os 6 meses previstos na alnea d) do
Artigo 3 do Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro como fundamentadores da
contrao de um emprstimo de reequilbrio financeiro.
Os factos acima, de acordo com o previsto no Artigo 8, nmero 1 do Decreto-Lei
n38/2008, de 7 de Maro so suficientes para justificar a declarao de desequilbrio
financeiro estrutural e para se fundamentar o recurso ao Programa I do Programa de
Apoio Economia Local ou a um emprstimo de reequilbrio financeiro nos termos do
Artigo 41 da Lei das Finanas Locais (Lei n 2/2007, de 15 de Janeiro).
6.2. Impossibilidade de Recurso a Mecanismos Alternativos de
Reequilbrio Financeiro
O n2 do Artigo 8 do Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro impe a necessidade de
fundamentao da impossibilidade de recurso a mecanismos alternativos ao
Emprstimo de Reequilbrio Financeiro aqui apresentado, designadamente a
impossibilidade de recurso a um plano de saneamento financeiro.
A atual situao financeira do Municpio do Cartaxo passvel apenas de resoluo por
meio da adoo de um plano de reequilbrio financeiro. De facto, a adoo de um menos
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 48/173
restritivo e mais curto temporalmente plano de saneamento financeiro est legalmente
vedada pela alnea b) do n4 do Artigo 40 da Lei 2/2007, de 15 de Janeiro, que impede
a contrao de um novo emprstimo de saneamento financeiro a municpios j em
processo de saneamento financeiro, facto que se aplica ao Municpio do Cartaxo.
De qualquer forma, a adoo de um plano de saneamento financeiro no seria suficiente
para suprir as necessidades financeiras do Municpio, sem um claro agravar dos nveis
de servio prestado aos muncipes.
O prazo mximo de 12 anos previsto pelo Artigo 40 da Lei das Finanas Locais (Lei
2/2007, de 15 de Janeiro) para o plano de saneamento financeiro manifestamente
insuficiente para regularizao da situao econmico-financeira do Municpio do
Cartaxo.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 49/173
7. Plano de Conteno da Despesa
Nos termos do Artigo 11 do Decreto-Lei n38/2008, de 7 de Maro, o plano de
reequilbrio financeiro para o Municpio deve incluir medidas de conteno da despesa,
em particular despesas com pessoal, e uma estimativa do impacto financeiro dessas
medidas. O recurso ao Programa I do Programa de Apoio Economia Local implica
tambm de acordo com o Artigo 6 do PAEL Lei 43/2012, de 28 de Agosto, a
elaborao de um plano com horizonte temporal equivalente ao do emprstimo (neste
caso 20 anos) em que se apresentem medidas de reduo da despesa corrente e de
capital.
Nesta seco apresentado o plano de conteno da despesa a implementar no
Municpio do Cartaxo e, em particular, na Tabela 11 apresentado um mapa previsional
da evoluo da despesa corrente no perodo entre 2012 e 2032.
No Municpio do Cartaxo, desde 2008 com a implementao do anterior plano de
saneamento financeiro, tm j vindo a ser introduzidas aes para a conteno da
despesa corrente, as quais incluem, fundamentalmente, medidas de melhoria na gesto
de recursos humanos, reduo dos custos com aquisio de bens e servios e ainda uma
maximizao do aproveitamento dos fundos comunitrios. No entanto, apesar das
medidas implementadas, com a reduo de receitas municipais verificada, e a
maximizao de investimentos no mbito do QREN, e ainda a interveno ao nvel
econmico-social, em especial no emprego, o Municpio caminhou para atual situao de
desequilbrio financeiro estrutural. Consequentemente, a atual situao financeira do
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 50/173
Municpio leva necessidade de uma interveno estrutural ao nvel do controlo de
despesa.
Adicionalmente, e conforme previsto na alnea b) do Artigo 6 do PAEL Lei 43/2012,
de 28 de Agosto, sero intensificados os mecanismos de controlo interno no Municpio
do Cartaxo, e ser reforada a eficcia de implementao dos procedimentos atualmente
existentes.
Assim, a execuo fundamental deste plano manter como linhas principais
orientadoras a prossecuo do trabalho que tem vindo a ser feito para reduo de
despesa, com reforo das medidas de conteno e maior operacionalizao e eficincia
das medidas j implementadas, por via a incrementar a eficincia do Municpio.
7.1. Recursos Humanos
Os Custos com Pessoal representam a parcela mais significativa das despesas correntes
do Municpio, sendo tambm aquelas nas quais a interveno municipal no que respeita
a reduo de custos pode ser mais reduzida, pelo forte cariz de interveno social do
Municpio, em especial num clima de recesso econmica como o vivido na regio.
As aes de gesto de recursos humanos a implementar incluem assim essencialmente
uma melhoria dos procedimentos de gesto de pessoal, uma reduo de horas
extraordinrias e ajudas de custo, um incremento na qualificao e das condies de
trabalho e uma reduo do nmero de colaboradores do Municpio onde e quando
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 51/173
possvel, medidas essas que j comearam a ser implementadas com resultados (quebra
de 15% na despesa com pessoal de 2011) e que permitiro, no s uma reduo da
despesa, mas tambm uma melhoria ao nvel da eficincia e eficcia dos recursos
humanos do Municpio do Cartaxo.
O Municpio dever observar, no longo prazo, uma reduo efetiva do seu nmero de
colaboradores pela aplicao da regra de no contratao de quaisquer funcionrios e
beneficiando de situaes de aposentao ou desvinculao. Outra ao primordial na
poltica de gesto de recursos humanos, e que est j em vigor, ser o observar de uma
reduo substancial dos encargos com horas extraordinrias e ajudas de custo. Este
facto possvel via uma melhor gesto, reorganizao e afetao dos recursos
existentes.
Adicionalmente a estas medidas de reduo efetiva dos custos com pessoal, sero ainda
desenvolvidas aes de beneficiao da qualidade dos recursos humanos do Municpio,
nomeadamente programas de formao, requalificao e mobilidade interna, com
recurso a fundos comunitrios de forma a no incrementarem a despesa corrente do
Municpio. Estas aes permitiro ganhos claros de eficincia nos servios prestados,
incremento da assiduidade e reduo de custos associados doena dos funcionrios,
ganhos esses mais que compensadores do custo das aes descritas.
O efeito estimado das medidas de reduo de pessoal, ajudas de custo e horas
extraordinrias de forma prudente uma reduo do valor total de despesas com
pessoal em 2012 em termos reais face a 2011, beneficiando do corte dos subsdios de
natal e frias na funo pblica, estimada em 18% na totalidade do valor da despesa de
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 52/173
pessoal municipal. Em 2013, 2014 e 2015 previsto que as medidas implementadas
levem a uma quebra adicional do montante global gasto com despesas com pessoal de
4%, por no renovao de algum pessoal temporrio e pelas medidas acima descritas.
Posteriormente, estimado que o valor de despesa com pessoal se mantenha em 2016,
com aumentos salariais compensados pela reduo de efetivos e poupanas efetuadas. A
partir de 2016 considerado que as despesas com pessoal aumentem taxa de inflao
estimada.
Esta previso de reduo prudente e conservadora, no sendo considerado um
possvel maior nvel de poupana, nomeadamente devido a progresses na carreira e
constante transferncia de competncias da Administrao Central, que obrigam a uma
maior contratao de pessoal.
7.2. Aquisio de Bens e Servios
A aquisio de bens e servios representa a segunda parcela mais significativa da
despesa corrente do Municpio. A conteno dos nveis de despesa com a aquisio de
bens e servios impe-se ao Municpio, fundamentalmente devido s restries
financeiras que o Municpio observa.
Dever assim o Municpio impor uma despesa mnima em cada rubrica, apenas para a
manuteno da qualidade dos servios prestados pelo Municpio, e de manuteno e
conservao suficientes para a manuteno do patrimnio autrquico em total
operacionalidade.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 53/173
Com o objetivo de reduo da despesa da melhoria dos servios prestados, sero
desenvolvidas aes que passam pela centralizao das compras do Municpio, reduo
das despesas com energia, comunicaes e seguros, e a renegociao dos contratos de
prestao de servios ao Municpio, entre outras. As despesas com energia,
combustveis e transportes so uma das principais despesas do Municpio. Na atual
conjuntura estas despesas tm observado no seu globo um incremento substancial de
preo, especialmente devido ao aumento do preo dos combustveis. A implementao
de medidas de gesto logstica, em particular a melhor gesto da frota de veculos e das
rotas de transportes, conjugada com a reduo da iluminao pblica, permitiro
poupanas considerveis no consumo destes servios.
A alterao do processo de contratao pblica pelo Decreto-Lei 18/2008, de 29 de
Janeiro, em vigor desde 29 de Julho de 2008, cria uma oportunidade fulcral para a
alterao dos procedimentos de aquisio de bens e adjudicao dos servios prestados
no Municpio de Cartaxo, podendo por si s ser fonte de poupana.
As medidas a implementar e a sensibilizao de todo o organismo municipal para a
necessidade de poupana levam-nos a considerar uma reduo substancial da despesa
global com esta rubrica de fornecimentos e servios externos de aproximadamente 10%
em 2012, 20% em 2013 e a sua manuteno at 2015, ano a partir do qual
considerada a evoluo taxa de inflao. Esta evoluo das Aquisies de Bens e
Servios estimada pode ser observada na Tabela 11.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 54/173
7.3. Encargos Correntes
Os encargos financeiros so, juntamente com as despesas com pessoal e com a aquisio
de bens e servios, um dos maiores custos correntes que o municpio enfrenta.
O Municpio do Cartaxo no tem qualquer inteno de contratao de novos
emprstimos financeiros para alm do emprstimo no mbito do Programa I do PAEL e
de emprstimos de reequilbrio financeiro que consolidem as suas dvidas totais num
montante global aproximado de 45 milhes de Euros em emprstimos a 20 anos, at
reposio da capacidade de endividamento do Municpio, integral cumprimento dos
limites de endividamento e de endividamento de mdio e longo prazo.
Na estimao dos encargos correntes durante a vigncia do plano de reequilbrio
financeiro so assim considerados os encargos de juros respeitantes ao emprstimo no
mbito do Programa I do PAEL e a emprstimos de reequilbrio financeiro que
consolidem a dvida restante.
Os pressupostos de clculo dos encargos com juros respeitam considerao de uma
taxa de juro de 3.65% para o emprstimo do PAEL (custo mdio estimado de
financiamento da repblica Portuguesa acrescido de 0.15%, de acordo com o n 1 do
Artigo 6 da Portaria 281-A/2012 que regula o PAEL) e uma taxa de juro mdia
estimada de 6.25% para o prazo total do emprstimo de reequilbrio financeiro a
contratar.
O valor de juros estimados pressupe o pagamento em 20 anos, sem carncia de
reembolso de capital, com prestaes mensais constantes. O prazo do emprstimo
assim o mximo permitido pelo Programa I do PAEL e pelo Art. 41 da Lei das Finanas
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 55/173
Locais, Lei 2/2007 de 15 de Janeiro, no entanto com um perodo de carncia inferior ao
mximo legal de 5 anos.
O plano financeiro dos emprstimos a contratar pode ser observado no Anexo 4. O
aumento de juros estimados face a 2011, apesar de negativo para o Municpio resulta
no s do aumento do capital em dvida, mas tambm de estimativas de longo prazo da
taxa de juro pela aplicao de princpios de prudncia, esperando-se de facto no vir a
ser verificado na realidade num futuro prximo.
Sero ainda mantidos em prtica no Municpio procedimentos rigorosos de acordo dos
prazos de pagamento dos novos fornecimentos a efetuar ao Municpio, que continuem a
refletir de forma real as capacidades de pagamento do Municpio, evitando mora e os
encargos associados a esta, conforme ocorreu nos ltimos exerccios. Estes
fornecimentos no devero no entanto observar prazos de pagamento superiores a 60
dias, prazo alvo mximo de pagamento no Municpio para o futuro.
Apesar de se encontrar descrito o nvel de encargos com o plano de reequilbrio
financeiro na anlise do planeamento financeiro do Municpio efetuada na Tabela 13 do
Ponto 9 deste documento, tendo em conta de forma independente as amortizaes de
emprstimos, na previso da despesa corrente apresentada na Tabela 11 os encargos
correntes so j considerados na descrio da evoluo da despesa corrente ao longo do
perodo de vigncia deste plano.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 56/173
7.4. Transferncias correntes e subsdios
As transferncias correntes e subsdios a realizar para freguesias, organizaes sem fins
lucrativos, associaes do concelho, e outros, com vista a fazer face a despesas
indispensveis e relativas a Protocolos e Transferncias de competncias, representam
uma fonte fundamental para o desenvolvimento e dinamizao econmico-social, pelo
que a sua gesto deve ser cuidada e prudente, de forma a garantir o cumprimento dos
objetivos associados.
Entre as medidas de conteno de despesa a implementar inclui-se a formulao de
critrios objetivos para a concesso de apoios e subsdios a associaes, clubes
desportivos e outras entidades, com reduo total estimada em 400 mil Euros em 2012
(31%) e de 50% adicionais em 2013 e 5% em 2014, com crescimento taxa de inflao
nos anos seguintes.
Esta evoluo das Transferncias Correntes e Subsdios estimada pode ser observada na
Tabela 11.
7.5. Outras Despesas Correntes
O Municpio observa historicamente outras despesas correntes de valor residual.
neste plano considerada uma reduo de 50% nestas despesas correntes e a sua
manuteno doravante.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 57/173
7.6. Despesas de Capital
O Municpio do Cartaxo dever apenas executar investimentos na vigncia do Plano
estritamente fundamentais para o bem estar e o desenvolvimento econmico-social do
concelho.
Assim, as despesas de capital a executar sero relacionadas fundamentalmente com
investimentos de reposio, investimentos estruturais e fundamentais para o Concelho,
e ainda o servio de dvida relativo aos emprstimos a contratar no mbito deste plano.
Adicionalmente, apenas sero executadas obras j avanadas no mbito do QREN ou
comparticipadas pela administrao central, mas tambm elas estruturantes para o
concelho.
No planeamento financeiro integrado do Municpio apresentado na Seco 9 - Tabela 13
e na anlise do Investimento apresentada na Seco 10 assim considerado
individualmente o investimento no mbito do QREN e comparticipado pela
administrao central, as amortizaes de capital e as restantes despesas de
investimento e capital.
7.7. Mapa da Evoluo da Despesa Corrente
A Tabela 11 apresenta abaixo a evoluo prevista da despesa corrente e a sua variao
para o perodo de vigncia do plano financeiro apresentado neste documento.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 58/173
So consideradas as redues despesa corrente resultantes das medidas acima
apresentadas, e uma taxa de inflao de 2% anuais para todo o perodo, tendo como
referncia a taxa de inflao alvo da zona Euro.
Tabela 11 Evoluo da Despesa Corrente
Caracterizao 2010 2011 2012 2013 2014 2015
01 Pessoal 7.616,16 6.479,36 5.283,76 5.072,40 4.869,51 4.674,73
-15% -18% -4% -4% -4%
02 Aquisio bens e servios 3.785,80 4.043,31 3.638,98 2.911,18 2.911,18 2.969,41
7% -10% -20% 0% 2%
03 Encargos correntes 768,77 1.172,97 1.500,00 2.363,63 2.295,69 2.224,09
53% 28% 58% -3% -3%
04 Transferencias correntes 1.019,31 1.299,75 899,75 449,88 427,38 435,93
-30% -31% -50% -5% 2%
05 Subsidios 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
-30% -5% -5% 2% 2%
06 Outras despesas correntes 131,70 121,60 60,80 60,80 60,80 60,80
-8% -50% 0% 0% 0%
Total 13.321,74 13.116,99 11.383,28 10.857,89 10.564,57 10.364,96
Caracterizao 2016 2017 2018 2019 2020 2021 01 Pessoal 4.674,73 4.768,22 4.863,59 4.960,86 5.060,08 5.161,28
0% 2% 2% 2% 2% 2%
02 Aquisio bens e servios 3.028,80 3.089,37 3.151,16 3.214,18 3.278,47 3.344,03
2% 2% 2% 2% 2% 2%
03 Encargos correntes 2.148,63 2.069,07 1.985,19 1.896,74 1.803,46 1.705,08
-3% -4% -4% -4% -5% -5%
04 Transferencias correntes 444,65 453,54 462,61 471,86 481,30 490,93
2% 2% 2% 2% 2% 2%
05 Subsidios 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2% 2% 2% 2% 2% 2%
06 Outras despesas correntes 60,80 60,80 60,80 60,80 60,80 60,80
0% 0% 0% 0% 0% 0%
Total 10.357,60 10.441,00 10.523,34 10.604,44 10.684,10 10.762,11
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 59/173
Caracterizao 2022 2023 2024 2025 2026 2027
01 Pessoal 5.264,50 5.369,79 5.477,19 5.586,73 5.698,47 5.812,44
2% 2% 2% 2% 2% 2%
02 Aquisio bens e servios 3.410,92 3.479,13 3.548,72 3.619,69 3.692,08 3.765,93
2% 2% 2% 2% 2% 2%
03 Encargos correntes 1.601,29 1.491,80 1.376,27 1.254,36 1.125,69 989,88
-6% -7% -8% -9% -10% -12%
04 Transferencias correntes 500,75 510,76 520,98 531,39 542,02 552,86
2% 2% 2% 2% 2% 2%
05 Subsidios 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2% 2% 2% 2% 2% 2%
06 Outras despesas correntes 62,02 63,26 64,52 65,81 67,13 68,47
2% 2% 2% 2% 2% 2%
Total 10.839,47 10.914,74 10.987,67 11.057,99 11.125,39 11.189,58
Caracterizao 2028 2029 2030 2031 2032 01 Pessoal 5.928,69 6.047,26 6.168,20 6.291,57 6.417,40
2% 2% 2% 2% 2%
02 Aquisio bens e servios 3.841,24 3.918,07 3.996,43 4.076,36 4.157,89
2% 2% 2% 2% 2%
03 Encargos correntes 846,51 695,14 535,32 366,54 188,28
-14% -18% -23% -32% -49%
04 Transferencias correntes 563,92 575,20 586,70 598,44 610,41
2% 2% 2% 2% 2%
05 Subsidios 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2% 2% 2% 2% 2%
06 Outras despesas correntes 69,84 71,24 72,66 74,11 75,60 2% 2% 2% 2% 2% Total 11.250,20 11.306,91 11.359,32 11.407,02 11.449,57 (valores em milhares de Euros)
As despesas de capital e investimento podem ser observadas nas seces 9 e 10 de
forma independente.
A despesa dever observar na totalidade do plano um equilbrio efetivo com a receita
angariada, por forma a no ser observada em qualquer momento a criao de dvidas a
fornecedores e dvidas no creditcias que levem o Municpio a deter prazos mdios de
pagamento superiores a 60 dias, prazo alvo mximo de pagamento no Municpio para o
futuro.
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 60/173
8. Plano de Maximizao da Receita
O Decreto-Lei 38/2008, de 7 de Maro, na alnea f) do n 2 do seu Artigo 4, e a alnea c)
do n 1 do Artigo 6 do Programa de Apoio Economia Local Lei 43/2012, de 28 de
Agosto, impem que paralelamente ao plano de reduo de despesa sejam
implementadas medidas de maximizao de receita. As medidas a tomar incidem
fundamentalmente na implementao eficaz do regulamento das taxas municipais, na
maximizao de receita de impostos e na maximizao da receita com os servios
prestados pelo municpio, paralelamente a um mecanismo de fiscalizao mais eficaz.
No entanto, devido atual conjuntura econmica e ainda reduo das transferncias
correntes do Oramento de Estado para 2011, o Municpio do Cartaxo prev neste
estudo as suas receitas tambm com bastante prudncia, atitude j demonstrada no
Plano de Conteno de Despesa anteriormente apresentado.
Nesta anlise so estudadas de forma independente a Receita Corrente e a Receita de
Capital, tomando como referncia para efeitos de clculo os valores de receita
efetivamente cobrados nos exerccios de 2010 e 2011, anos de crise com a consequente
dificuldade de angariao de receita, e a correo pela inflao.
So ainda considerados incrementos ou redues resultantes de medidas ou factos
abaixo detalhados.
A Tabela 12 abaixo representa a previso da evoluo prevista da receita corrente, por
classificao econmica agregada, para o perodo de vigncia do plano financeiro, 2012
a 2032. Consequentemente, as previses de evoluo da receita de capital so baseadas
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 61/173
meramente na evoluo das transferncias de capital e na captao de receitas do
Municpio do Cartaxo respeitantes ao Quadro de Referncia Estratgica Nacional
(QREN) ou outras comparticipaes em investimentos por parte da Administrao
Central, alvo de anlise mais detalhada na seco deste plano respeitante ao
investimento e planificao financeira global do Municpio Seces 9 e 10.
8.1. Receita Corrente
8.1.1. Transferncias Correntes
As transferncias correntes so a principal receita financiadora da despesa corrente do
Municpio acima descrita e tm vindo a observar um elevado nvel de estabilidade.
Recentemente, no entanto, foi decretada a reduo das transferncias correntes do
Oramento de Estado, reduo essa prevista pelo Plano de Estabilidade e Crescimento 2
(PEC 2) e adicionalmente pelos Oramentos de Estado para 2011 e 2012.
Como o montante destas receitas est fora da esfera de influncia do Municpio, devido
recente conjuntura econmica nacional, a previso efetuada abaixo da mdia de
evoluo das transferncias correntes. Como tal, para 2012 considerado que as
receitas correntes observaro o montante constante do Mapa XIX do Oramento de
Estado para 2011, apenas acrescidas de um montante residual, valor prudente das
transferncias normais recebidas adicionalmente relativas a transferncias de
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 62/173
competncias e outros, o que representa uma quebra estimada de 2%. Na restante
vigncia do plano considerado que estas receitas se mantm at 2014 e que evoluem
taxa de inflao esperada de 2% no restante perodo. Poder no entanto ser observado
um aumento deste tipo de receita, pelo aumento da participao varivel no IRS, a qual
dever observar a imposio de taxa mxima nos termos da alnea a) do nmero 2 do
Artigo 6 do Programa de Apoio Economia Local Lei 43/2012, de 28 de Agosto.
assumida ainda uma observncia do princpio do equilbrio financeiro vertical no caso
de assuno de novas competncias por parte dos Municpios, com uma total
correspondncia entre incrementos de receita e despesa nestas situaes.
8.1.2. Impostos Municipais Diretos
No que respeita a impostos directos, de realar num primeiro nvel o montante anual
do Imposto Municipal de Imveis (IMI) e do Imposto Municipal sobre Transmisses
Onerosas de Imveis (IMT).
De facto, o IMI representa uma receita significativa e estvel do Municpio, tendo
observado mesmo em 2011 valores cobrados de aproximadamente 1.7 milhes de
Euros, um crescimento de 9% face a 2010.
No futuro, e em especial em 2012 e at 2016, expectvel que o valor cobrado deste
imposto venha a aumentar, devido imposio da taxa de imposto prevista na alnea i)
do Artigo 11 do Decreto Lei 38/2008 e por remisso na alnea d) do n 2 do Artigo 6
Municpio do Cartaxo
Plano de Reequilbrio Financeiro 63/173
do Programa de Apoio Economia Local Lei 43/2012, de 28 de Agosto, s reavaliaes
de imveis no Concelho, (medida 1.32 do Memorando de entendimento da Troika),
alterao da tributao sobre o patrimnio com vista a aumentar a receita de IMI
(medida 1.22 do Memorando de entendimento da Troika), ao terminar de perodos de
iseno deste imposto, e ainda a medidas de maximizao da receita por parte da
administrao central. Apesar de existirem estimativas mais otimistas no que respeita
receita de IMI, considerando o princpio da prudncia, estimamos que este imposto
crescer 11% em 2012 (em linha com a execuo oramental at Maio de 2012), 30%
em 2013 e 15% em 2014, com entrada em vigor das medidas acima, e ainda a evoluo
da receita deste imposto taxa de inflao durante a restante vigncia do plano.
O IMT, no entanto, um imposto extremamente dependente da conjuntura econmica e
em particular do dinamismo econmico e demogrfico do concelho. Este imposto, e o
que ele substitui, o Imposto Municipal de SISA, observaram de facto uma contrao nos
valores cobrados pelo Municpio nos ltimos exerccios. Na atual conjuntura econmica
negativa, com um nvel de receita deste imposto extremamente baixo em 2010 e 2011,
apesar das medidas presentes no Oramento de Estado para 2012, com final de algumas
isenes e benefcios no que respeita a este imposto e a necessidade de imposio de