Prof. Marco Túlio de Mello
Prof. Dr. Sergio Tufik Centro de Estudo Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes (CEMSA)
Disciplina Medicina e Biologia do Sono
UNIFESP/EPM-Psicobiologia
O SONO
Alerta x Sonolência
O que pode causar sonolência em motoristas?
Marques e Menna-Barreto (2003)
Fadiga física e mental
Privação / restrição de sono
Muitas horas acordado (> 16 horas sonolência; > 19 horas sonolência)
Situações de monotonia
Homeostasia corpórea por resfriamento da temperatura central associados aos fatores acima
Entre outros
Alerta x Sonolência
Fatores associados a sonolência e alerta (de Mello M.T, 2008)
Induz a Sonolência Induz o Alerta
Fadiga física e mental Medidas multifatoriais – Higiene do sono
Privação / Restrição sono
Higiene do sono
Situações de monotonia
Situações de quebra de rotina (alarmes/luz/vibração)
Conforto térmico
Estresse térmico
Alerta x Sonolência
Fatores associados a sonolência e alerta (de Mello M.T, 2008)
Induz a Sonolência Induz o Alerta
Fadiga física e mental Medidas multifatoriais – Higiene do sono
Privação / Restrição sono
Higiene do sono
Situações de monotonia
Situações de quebra de rotina (alarmes/luz/vibração)
Conforto térmico
Estresse térmico
Proposta para a cabine do motorista durante a viagem
LOCALIZAÇÃO DO RELÓGIO BIOLÓGICO
NSQ
Núcleo Supraquiasmático do Hipotálamo
Ciclo Claro-Escuro
Principal Zeitgeber
Melatonina: Hormônio da Noite
Claustrat B, et al. Sleep Med Rev. 2005.
Luz - Melatonina
NSQ Glândula Pineal
Temperatura Corporal
Ciclo Vigília / Sono
Circadian Cycle
SCN Pineal Gland
Claustrat B, et al. Sleep Med Rev. 2005.
ATIVAÇÃO NSQ – LIBERAÇÃO MELATONINA
SONO
Wake System
GABAGAL
HIST
5-HT NE
ACh
WAKESLEEP
Saper CB, et al. Trends Neurosci. 2001.
SISTEMA ATIVADOR RETICULAR – INIBIÇÃO VLPO
VIGÍLIA
Sleep System
GABAVLPO
HIST
5-HT NE
ACh
ThalamusThalamus
WAKESLEEP
Saper CB, et al. Trends Neurosci. 2001.
ATIVAÇÃO VLPO - NÚCLEO PRÉ-ÓPTICO VENTRICULAR
SONO
SCN and the Sleep Switch
Adapted from: Saper CB, et al. Trends Neurosci. 2001; Pace-Schott HF, Hobson JA. Nat Rev Neurosci. 2002.
The Sleep–Wake Cycle
Kilduff TS, Kushida CA. Sleep Disorders Medicine: Basic Science, Technical Considerations,
and Clinical Aspects. 1999; based on Edgar DM, et al. J Neurosci. 1993.
The “Sleep Gate”
Lavie P. Annu Rev Psychol. 2001; Graphic adapted from Kilduff TS, Kushida CA. 1999 and Kennaway DJ, Voultsios A. J Clin Endocrinol Metab. 1998.
Homeostatic Signals
Kilduff TS, Kushida CA. 1999.
Integrating Homeostatic & Circadian Signals
Kilduff TS, Kushida CA. 1999.
The Sleep Switch
Adapted from Saper CB, et al. Trends Neurosci. 2001.
Best European Studies on Time, 2000
Início do Sono
Du
raçã
o d
o S
on
o (
h)
SONO DURANTE O DIA: MAIS CURTO
DISCIPLINA VS OPOSIÇÃO DO RELÓGIO
BIOLÓGICO
MOMENTOS DE SONOLÊNCIA
• O ser humano é
fisiologicamente
programado para
sentir 2 períodos
de sonolência ao
longo das 24 horas
(Garbarino et al.,2001)
MOMENTOS DE RISCO
www.nrc.go
v
Actograma de um motorista que trabalha em horário regular de trabalho.
Actograma de um motorista que trabalha em horários irregulares.
Comparação dos efeitos da concentração de álcool no sangue e da privação do sono no
desempenho de tarefas
Fonte: Shanta MW Rajaratnam &Josephine Arendt,
2001
TRABLHADORES POR TURNO
• Desempenho e erros e acidentes de trabalho
– Geralmente a eficiência acompanha a curva da temperatura corporal, dependendo do parâmetro avaliado
– Estudos mais recentes apontam para um aumento do risco de acidentes a partir de 9 hs de trabalho, o risco é dobrado a partir de 12 hs de trabalho, triplo a partir de 14hs de trabalho. Entretanto estudos mostram este mesmo risco a partir de 5hs ou 6 hs consecutivas de trabalho.)
Figura: Risco relativo médio na 1a e 2a quatro horas no trabalho (Folkard, 1997:427).
Duração do Trabalho (horas)
Ris
co R
ela
tivo
Duração do Trabalho (horas)
Ris
co R
ela
tivo
Figura 13: Risco relativo médio sobre o número de horas no trabalho (Folkard & Tucker, 2003:98).
Ris
co R
ela
tivo M
édio
Horas no Turno
Ris
co R
ela
tivo M
édio
Horas no Turno
OS LAPSOS DE ATENÇÃO AUMENTAM
APÓS PRIVAÇÃO DE SONO
A PIORA NO DESEMPENHO SE ACUMULA
COM RESTRIÇÃO CRÔNICA DE SONO
ASPESPECTOS RELACIONADOS
AO SONO
• 17 a 19% das mortes é porque algum motorista dormiu enquanto dirigia (Garbarino et al 2001);
• 6.421,32 mortes no transito relacionadas a sonolência ao volante, no Brasil;
• 17,60 óbitos por dia devido a sonolência ao volante;
• 0,73 óbitos por hora, devido a sonolência ao volante;
• Custo ano de R$ 704.476.595,88 (setecentos e quatro milhões, quatrocentos setenta e seis mil e quinhentos e noventa e cinco reais e oitenta e oito centavos);
Nova regulamentação para motoristas no
Brasil
Lei Federal 12.619/ 05/ 2012
Viagem sem o recurso das novas regras
São Paulo – Porto Alegre
Distância 1104 km
Viagem de Ida - sem as novas
regras
São Paulo –
Porto Alegre
Data: 14 de Agosto de 2012
Período de sono anterior a partida: 6 horas (monofásico)
Hora da Partida: 21h 30
Tempo Total Acordado antes da Partida: 13 horas
Tempo total de Viagem: 24 horas
Tempo Total Acordado até o Termino da Viagem: 21 horas
Qualidade do sono: Regular
Eficiência do sono: 77%
DADOS DA VIAGEM DE IDA – Sem a Lei
Intervalo inter-jornadas: somente 1 parada à noite / sono de 6 horas
Viagem de ida: sem as novas regras
= Período de trabalho = Período de sono = Período em vigília (fora do trabalho)
Dados reais da viagem – Efeito
agudo
Sem as novas
regras
São Paulo
Porto
Alegre
Sem as novas
regras
ZONA DE RISCO
Efeito agudo
Efetividade e Fadiga
Zona de Risco
Nível Fadiga: Alto
Efetividade
mínima
77,35%
Sem as novas
regras
Efetividade durante a Viagem
Data Início Data Término Efetividade %BCL
13/08/2012 21:00 14/08/2012 03:45 82,55 36,54
14/08/2012 12:05 14/08/2012 23:45 77,35 51,36
MÉDIA 79,95 43,90
Software de Fadiga
Nível de Fadiga
ALTO
-BCL: correlação com a porcentagem de álcool no sangue. Quanto maior, pior para segurança
- Valores em %
Sem as novas
regras Dados reais da viagem – Efeito
agudo
Prospecção de 30 dias
Efeito crônico
= Período de trabalho = Período de sono
= Período em vigília (fora do trabalho)
Dados projetados da viagem – Efeito crônico – 30
dias
Sem as novas
regras
São Paulo
Porto
Alegre
Sem as novas
regras
ZONA DE RISCO
Efeito
crônico
Efetividade e Fadiga
Zona de Risco
Nível Fadiga: Alto
Efetividade
mínima
74,85%
Sem as novas
regras
Sem as novas
regras
Efetividade durante a 30 dias
Média Mínima Ideal Quantidade de
vezes abaixo do
ideal
84.5 74.85 >90 15
%BCL durante a 30 dias
Média Mínima Ideal Quantidade de
vezes na zona de
risco
18.95 0 0 13
-BCL: correlação com a porcentagem de álcool no sangue. Quanto maior, pior para segurança
- Valores em %
Dados reais da viagem – Efeito
crônico
Viagem com o recurso das novas regras
Porto Alegre – São Paulo
Distância 1104 km
Viagem de Retorno - com as novas
regras
Porto Alegre –
São Paulo
Data: 20 de Agosto de 2012
Período de sono anterior a partida: 7 horas (monofásico)
Hora da Partida: 09:30h
Tempo Total Acordado antes da Partida: 3 horas
Tempo total de Viagem: 36 horas
Tempo Total Acordado até o Termino da Viagem: 9 horas
Qualidade do sono: Bom
Eficiência do sono: 84%
DADOS DA VIAGEM DE VOLTA – Com a Lei
Intervalo inter-jornadas: 3 paradas de 30 minutos a cada de 4 horas + 1 parada de 8 horas de sono
OBS: O tempo total da viagem aumentou em 12 horas
Viagem de volta: com a Lei
= Período de trabalho = Período de sono = Período em vigília (fora do trabalho)
Com as novas
regras
Dados reais da viagem – Efeito agudo
Porto Alegre
São Paulo
Seguindo a legislação
Com as novas
regras
Paradas 30 minutos
a cada 4 horas
Sono noturno
de 9 horas Paradas 30 minutos
a cada 4 horas
Efeito das pausas - Nova Lei
Nível Fadiga:
baixo
Efetividade
mínima
97,36%
Com as novas
regras
Efetividade durante a Viagem
Data Início Data Término Efetividade %BCL
20/08/2012 09:30 20/08/2012 13:45 98,25 0
20/08/2012 14:15 20/08/2012 18:00 97,36 0
20/08/2012 19:00 20/08/2012 22:15 98,08 0
21/08/2012 09:00 21/08/2012 13:00 100 0
21/08/2012 14:00 21/08/2012 18:15 98,73 0
MÉDIA 98.48 0
Software de Fadiga
Nível de Fadiga
MÉDIO
-BCL: correlação com a porcentagem de álcool no sangue. Quanto maior, pior para segurança
- Valores em %
Dados reais da viagem – Efeito
agudo
Prospecção de 30 dias
Efeito crônico
= Período de trabalho = Período de sono = Período em vigília (fora do trabalho)
Com as novas
regras
Dados projetados da viagem – Efeito crônico – 30
dias
Porto Alegre
São Paulo
Efeito Crônico
Com as novas
regras
Paradas 30 minutos
a cada 4 horas
Sono noturno
de 9 horas Paradas 30 minutos
a cada 4 horas
Efeito das pausas - Nova Lei
Nível Fadiga:
baixo
Efetividade
mínima
95,49%
Com as novas
regras
Efetividade durante a 30 dias
Média Mínima Ideal Quantidade de
vezes abaixo do
ideal
96.1 95.49 >90 Nenhuma
%BCL durante a 30 dias
Média Mínima Ideal Quantidade de
vezes na zona de
risco
0 0 0 Nenhuma
-BCL: correlação com a porcentagem de álcool no sangue. Quanto maior, pior para segurança
- Valores em %
Dados projetados da viagem – Efeito
crônico
Resultados
Finais
O intervalo mínimo de 30 minutos a cada 4 horas aumentou a duração total da
viagem, porém, elevou a efetividade da jornada e diminuiu os riscos de fadiga.
Jornadas noturnas são sempre mais perigosas que jornadas diurnas, mesmo
com duração menor e com o recurso das pausas.
Resultados
Finais
Foi possível inferir que jornadas acima de 20 horas totais ou 12 horas
ininterruptas, aumentam os riscos para a segurança, mesmo com as pausas.
Realizando uma projeção de 30 dias no mesmo percurso (efeito crônico) sem
as novas regras, os riscos para acidentes (associados a fadiga) aumentaram
significativamente.
Intervalos de sono ou cochilo, desde que realizados em ambientes
adequados, diminuíram significativamente os níveis de fadiga em qualquer
horário.
Pausas realizadas no período diurno para alimentação ou descanso, mesmo
sem um intervalo de sono, foram capazes de diminuir os níveis de fadiga, desde
que o tempo máximo acordado antes da pausa não ultrapasse 16 horas
seguidas.
Resultados
Finais As pausas realizadas durante o período noturno (entre 11 horas da noite e 06
horas da manhã), para descanso “sem sono” ou alimentação, não forma
capazes de diminuir significativamente os níveis de fadiga ou os riscos de
acidentes.
Considerações
Por meio de uma pequena amostra e um teste pontual, foi possível verificar
que as normas propostas pela nova lei, desde que seja respeitado outros
aspectos logísticos, são adequadas e podem diminuir significativamente o
nível de fadiga dos motoristas e conseqüentemente os índices de acidentes
nas estradas.
Petroleiro Americano encalha na costa do Alasca durante a noite, a 24 de Março de 1989. Foram derramados 260.000 barris de petróleo, com consequências ambientais trágicas. O Comandante tinha uma história de abuso de substâncias. O comando do navio foi entregue a um oficial que cometeu erros de manobra por fadiga excessiva e excesso de trabalho.
Mitler et al, 2000
O desastre foi provocado por erros humanos da madrugada e é considerado um acidente relacionado com a fadiga.
Mitler et al, 2000
A explosão do reactor nuclear a 26 de Abril de 1986 causou 2.500 mortes imediatas. Mais de 10 anos depois milhões de pessoas ainda estão afectadas e não é possível o regresso às casas e terrenos agrícolas.
“Uma Comissão Presidencial concluiu que executivos em posição chave dormiram menos de 2 horas na noite anterior e estavam a trabalhar desde a 1 h da manhã...”
Mitler et al, 2000
A 28 de Janeiro de 1986 no Centro Espacial Kennedy às 11:38 hs o Challenger foi lançado. Explodiu no ar 73 segundos depois.
Fonte: Asbjorn Habberstad