Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
“BONITO PARA SEMPRE”
Material de apoio ao educador
BONITO
2006
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Apresentação
E
sta apostila foi concebida e desenvolvida para servir de apoio aos professores
do Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre. Os textos que
compõem a Apostila abordam a problemática e o manejo adequado do lixo e dos
recursos hídricos e a importância das matas ciliares, além de disponibilizar
sugestões de atividades para que o professor possa tratar desses assuntos em
sala de aula sem comprometer a disciplina.
As pesquisas sobre o meio ambiente somadas ao papel do professor e à Educação
Ambiental são fundamentais para o desenvolvimento de comunidades sustentáveis. Nosso
desejo com este projeto é formar multiplicadores do conhecimento ambiental e cidadãos
que incentivem atitudes em favor de um planeta são e mais justo.
Esperamos que você nos ajude a conservar a natureza da nossa região, sensibilizando seus
alunos sobre a importância e benefícios de conviver em harmonia com a natureza.
Instituto das Águas da Serra da Bodoquena
Instituto das Águas da Serra da Bodoquena – IASB
Rua Cel. Pilad Rebua, 1186 Centro
79.290-000 Bonito – MS
Tel: (0xx67) 3255-1920
www.iasb.org.br
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre - Material de Apoio ao Educador é uma publicação do
Instituto das Águas da Serra da Bodoquena.
Este projeto, em sua primeira fase, foi possível graças ao apoio financeiro da Promotoria de Justiça –
Comarca de Bonito. Esta segunda fase será desenvolvida com recursos próprios da instituição, doados
também pela Promotoria, e com a ajuda de parceiros.
Vários textos da apostila foram adaptados a partir de publicações brasileiras e estrangeiras sobre lixo,
recursos hídricos, mata ciliar e educação ambiental. Algumas das atividades práticas sugeridas foram
extraídas do Caderno de Educação Ambiental Água para Vida, Água para todos – Guia de Atividades.
Outras referências de pesquisa e consulta encontram-se no final da publicação.
Organização da apostila de Educação Ambiental
Janaina Couto Mainchein - IASB
Liliane Lacerda – IASB
Facilitadores da Oficina
Elionete Garzoni – Consultora
Janaina Couto Mainchein – IASB
Liliane Lacerda - IASB
Organização do Evento
Janaina Couto Mainchein – IASB
Liliane Lacerda – IASB
Nádila Pereira - IASB
Agradecimentos
- Promotoria de Justiça – Comarca de Bonito
- Prefeitura de Bonito
- Empresários locais
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Sumário
Ouça a Natureza..............................................................................................5
O que é o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena?.............................6
O Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre.........................7
Temas ambientais a serem trabalhados no Programa...............................8
Capítulo I - Um pouco sobre a importância da nossa região...................10
Capítulo II – Agora vamos falar sobre o Lixo..............................................19
Sugestões de Atividades Sensibilizadoras – Tema Lixo..............................50
Capítulo III – Matas Ciliares.........................................................................59
Sugestões de Atividades Sensibilizadoras – Tema Mata Ciliar..................69
Capítulo IV – Planeta Terra ou Planeta Água?..........................................78
Sugestões de Atividades Sensibilizadoras – Tema Água..........................106
Considerações finais ...................................................................................115
Referências Bibliográficas...........................................................................117
Anexos............................................................................................................119
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Façamos uma Reflexão:
Ouça a Natureza
Este trabalho tem por objetivo estimular o Cidadão através da
consciência ecológica. Esta consciência permite ao indivíduo encontrar-
se consigo mesmo, manter um contato mais profundo com a natureza, e,
também, refletir sobre a possibilidade de contribuir para um mundo
melhor e mais sadio.
Ouvir a natureza não é só adentrar por ela em silêncio, colhendo
os sons dos animais e da mata, é, antes de tudo, conhecê-la e respeitá-
la. É protegê-la e revitalizá-la.
Nosso trabalho de educação ambiental começa neste apelo à
consciência.
Ouça a Natureza!
Faça uma reflexão sobre a vida!
Faça algo por si mesmo, a natureza quer lhe ensinar!
Ouça a Natureza.
Os homens despidos de vontade querem voar e acabam se
arrastando, perseguem a perfeição e se afundam...
Nunca dizem FAÇO, que é a fórmula do homem são: preferem dizer
FAREI, que é o lema da vontade enferma.
Vista área do rio
Salobra – Parna Serra
da Bodoquena
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O que é o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena?
O é uma organização não-governamental sem fins lucrativos,
com caráter técnico, científico e ambiental, criada em Bonito/MS por proprietários
rurais, ambientalistas e demais segmentos da comunidade local, com a finalidade de
recuperar, conservar e proteger os rios, as matas e a biodiversidade existente na região
da Serra da Bodoquena.
O IASB originou-se da Associação Amigos do Mimoso, onde pessoas de vários
segmentos preocupadas com as condições de conservação da região se reuniram em 2001
para buscar soluções a fim de minimizar o processo de degradação do referido rio. Em
2004, a Associação Amigos do Mimoso ampliou sua base de atuação, passando a se
chamar Instituto das Águas da Serra da Bodoquena.
Atualmente a instituição conta com o apoio de 54 associados de diversos ramos:
Proprietários rurais, empresários do turismo, autoridades, comerciantes, ambientalistas,
guias de turismo, entre outros.
Dessa forma, com o apoio dos sócios, há cinco anos, o IASB vem desenvolvendo
diversas ações ambientais, que vão desde a sensibilização da comunidade, através de
reuniões e mobilizações e, atividades práticas de mutirão de limpeza nos córregos e
rodovias, coleta seletiva de lixo nas propriedades rurais, doação de tambores de lixos,
colocação de placas de orientações nas principais estradas, consulta freqüente ao Diário
Oficial do Estado para verificar pedidos de licença de desmatamentos, participação em
conselhos e comitês, dentre outras ações. Além de realizar diversos sobrevôos em
microbacias localizadas na região da Serra da Bodoquena para diagnosticar as condições
de conservação ambiental das matas ciliares e a ocupação do solo, o IASB também faz
parcerias com órgãos públicos municipais e estaduais para recuperar estradas que
estavam provocando o assoreamento de rios e a erosão dos solos. Ainda nesta ação,
também dá incentivo e apoio às atividades de redução de processos erosivos em
pastagens e lavouras, como a construção de curvas de nível e caixas de retenção de águas
pluviais.
Quanto aos projetos executados pela instituição, o IASB, através de um convênio
firmado com a Prefeitura de Bonito – Conselho Municipal de Meio Ambiente, realizou o
programa de Implementação e Melhoria do Viveiro de Essências Florestais da Região da
Serra da Bodoquena/MS. Este trabalho foi de extrema importância, pois contribui na
recuperação das áreas degradadas do município de Bonito e região. Já em parceria com o
IBAMA, Polícia Ambiental, Promotoria de Justiça e Prefeitura de Bonito, através da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Obras e Secretaria
Municipal de Educação, o IASB realizou o Programa de Educação Ambiental “Bonito para Sempre” - Fase I.
Seja um amigo da natureza filie-se!
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
O Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre...
O Projeto de Educação Ambiental Bonito para Sempre tem a finalidade de
sensibilizar a população bonitense sobre as questões ambientais, enfocando
principalmente, o manejo adequado do lixo urbano e recursos hídricos bem como a
importância das matas ciliares. Para tanto estaremos envolvendo nas atividades
estabelecidas neste programa, os alunos das 8ª séries, professores e moradores vizinhos
das escolas participantes, buscando estimulá-los a entender, transformar e melhorar o
meio ao seu redor em busca de uma melhor qualidade de vida. Esperamos que estes alunos
se tornem multiplicadores dos princípios para conservação do nosso meio ambiente.
Objetivo geral
Esse programa tem como objetivo promover Educação Ambiental nas escolas
públicas e privadas de Bonito MS. Desenvolvendo atitudes e habilidades de sensibilização
e cidadania nos alunos de 8ª séries, perante as problemáticas ambientais existentes no
entorno e na escola, além de estabelecer uma interação entre educadores e educandos no
que se refere à sensibilização necessária a uma práxis educativa ambiental.
Objetivos Específicos
Envolver os professores através da Oficina, de modo a engajá-los para que o
programa possa ter continuidade;
Incentivar a participação do aluno na conservação do meio ambiente;
Avaliar os alunos antes e depois da participação nas atividades de estudo;
Promover “Mutirão de Limpeza”, inicialmente no córrego restinga;
Criação do “Mural Ambiental” para ser doado às escolas participantes;
Publicação da “Cartilha Ecológica”;
Palestra de sensibilização com a comunidade Bonitense.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
TEMAS AMBIENTAIS A SEREM TRABALHADOS NO PROGRAMA...
No Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre serão abordados,
especificamente, os temas resíduos sólidos, água e mata ciliar. No entanto, na primeira
parte da apostila, falaremos um pouco sobre a nossa região e sua importância. Em
seguida, faremos uma reflexão sobre o que consideramos lixo. Na seqüência vamos falar
um pouco sobre a importância da água nas nossas vidas. Por último, será tratado a função
das matas ciliares e o seu papel fundamental no meio ambiente. Ao final de cada capítulo,
o professor encontrará algumas sugestões de atividades sobre cada tema e também
sobre outros assuntos que são tratados em sala de aula no dia-a-dia.
Boa leitura!
Antes de iniciarmos,
vamos fazer uma pequena reflexão sobre a:
O tema ambiente enche as páginas do jornal, o mundo político, uma questão que
está na “boca de todos”, no centro de interesses de grandes tratados e acordos
internacionais, sem que percebamos mais o quanto nossa vida mudou. Somos todos
condicionados pela gestão ambiental: tentamos não fumar, usamos lâmpadas de baixo
consumo, procuramos reciclar o lixo, e tudo o mais. Vemos que o ser humano acaba
Educação Ambiental
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
exercendo uma postura com o meio ambiente acreditando que o mundo é exclusivamente
de nossa espécie.
A Educação Ambiental através de uma forma dinâmica procura desenvolver uma
consciência crítica sobre as problemáticas ambientais mundiais, alertando sobre nossas
ações diárias. O governo, reconhecendo a importância da Educação Ambiental, integrou à
constituição a obrigatoriedade deste tipo de ensino, tanto no âmbito formal como no
informal.
Desenvolver um “olhar” e apurar ainda mais o ato de “ver”, significa refletir de
forma crítica sobre o meio urbano do qual fazemos parte, algo fundamental para o tipo
de educação que nos propomos.
A questão ambiental exige uma reflexão sobre as ações e o olhar do ser humano
sobre a natureza, saber que estas concepções mudam de cultura para cultura, de acordo
com valores interpessoais e contextos históricos. Nos fazem repensar também os
elementos que compõem a natureza, e quais os impactos que as interações entre eles
causam na vida planetária. Através da ciência, tecnologia e trabalho intelectual, o homem
pôde desenvolver e transformar o mundo sobre seu julgo, que resultou em alguns
desequilíbrios globais, trazendo à tona uma preocupação que transcende barreiras
políticas e culturais.
Vamos começar com o próprio Programa de Educação Ambiental Bonito para
Sempre, formar grupos de pessoas com vontade de aprender e trocar experiências, onde
a escola é uma aliada na busca de conhecimentos e mobilização local sobre os problemas
ambientais.
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CAPÍTULO I
Um pouco sobre a importância da nossa região...
A Serra da Bodoquena...
Última área imaculada de Floresta Atlântica no interior do Brasil, a Serra da
Bodoquena pode ser definida genericamente como um estreito e longo bloco rochoso que
se destaca na imensa planície pantaneira, reconhecida pela Organização das Nações
Unidas para Educação, Ciência e Cultura – Unesco – como reserva da biosfera. É a região
onde se encontram o Pantanal, o Cerrado e o Chaco. Portanto, única no Brasil e no mundo.
Considerada há décadas por organizações governamentais e não governamentais como
uma das áreas mais prioritárias para a preservação da Floresta Atlântica, é conhecida
pela beleza dos rios que cortam suas terras e formação de cavernas.
Lá se encontra uma variedade enorme de indiscutível beleza, principalmente para a
prática de atividades turísticas e de estudos científicos, apresentando, portanto,
aspectos cênicos de grande relevância nacional. Na Serra da Bodoquena, que, em idioma
indígena, significa atoleiro em cima da serra – a prodigalidade da natureza explode num
dos mais belos cenários do planeta.
Você sabia que existiam Animais pré-históricos por aqui?
No final da Era Cenozóica, entre as épocas Plioceno, iniciada há cerca de 5,2
milhões de anos, e o fim do Pleistoceno, uma época em que ocorreram várias glaciações,
iniciada há cerca de 1,6 milhões de anos, e encerrada por volta de 10 mil anos atrás, a
Serra da Bodoquena foi habitada por mamíferos fantásticos de grande porte:
Parna Serra da
Bodoquena –
Bodoquena/MS
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Tigre-dente-de-sabre
haplomastodonte, o tigre-dente-de-sabre, a preguiça gigante, o
toxodonte, parecido com um hipopótamo. O glyptodonte, um tatu do
tamanho de um Fusca, possuía espessas placas que faziam parte da
forte carapaça que revestia sua parte dorsal, protegendo-o de
predadores. A preguiça gigante que chegava até quatro metros de
altura e o cavalo fóssil brasileiro do gênero equus eram animais de
presa fácil dos poderosos tigre-dentre-de-sabre.
Em 1992, mergulhadores brasileiros e franceses encontraram ossos de uma
preguiça gigante no fundo das águas da Gruta do Lago Azul, em Bonito, contribuindo para
comprovar que a região já abrigou espécies que existiam no período Pleistoceno.
Recentemente, no município de Jardim, no local
denominado Buraco do Japonês, foram encontrados
fósseis de um mamute – espécies de cerca de três
metros e meio de altura, que se assemelhava a um
imenso elefante peludo. Os arqueólogos da
Universidade Federal de mato Grosso do Sul já
encontraram um maxilar de uma preguiça gigante – que
media cerca de quatro metros de altura – no
Assentamento Canaã, município de Bodoquena.
Mamute e Toxodonte
A cristalinidade de nossas águas está relacionada ao
calcário...
Rio da Prata - Jardim/MS
O planalto calcário da Bodoquena se
desenvolve sobre rochas carbonáticas que
tiveram origem entre 550 e 570 milhões de anos,
ao fim da Era Pré-Cambriana, quando ali se abriu
um oceano. Neste oceano primitivo não haviam
forma evoluídas de vida e proliferavam grandes
quantidades de microorganismos microscópicas
que proporcionaram intensa sedimentação
carbonática.
Teria assim se depositado grande quantidade deste sedimento que em
profundidade se transformou na rocha calcária. Estas rochas voltaram à superfície
através de um longo período de erosão e a exposição deste maciço rochoso originou a
Serra da Bodoquena com sua paisagem distinta das demais regiões devido a grande
quantidade de calcário.
Para quem chega às cidades que bordejam a serra, pelo seu lado leste, causa
estranheza o fato de não se observar nenhuma serra. Isto se deve ao fato da Serra da
Bodoquena se constituir um planalto com escarpa voltada para oeste, para o Pantanal.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Esta escarpa apresenta por volta de 200 m de desnível e proporciona uma magnífica vista
do pantanal na região de Morraria, a oeste de Bodoquena. No Planalto da Bodoquena, ou
Serra da Bodoquena, como é mais conhecida, se desenvolveu o que os cientistas chamam
de relevo cárstico. Este relevo é caracterizado por feições de dissolução como cavernas,
rios subterrâneos e dolinas, sendo que estas últimas são cavernas que tiveram seu teto
desabado.
O grande número de atrativos turísticos procurados na região se deve à presença
do calcário, rocha sedimentar de origem química que apresenta minerais solúveis,
principalmente a calcita, que ao se dissolverem na água possibilita que as mesmas
permaneçam limpas, pois o calcário não apresenta impurezas como argilas, as quais
poderiam turvar as águas. O resultado é uma região com águas de extraordinária
cristalinidade e coloração (verde ou azulada), caracterizada por grande beleza cênica,
relevância ecológica e ambientes de recreação. Portanto, a presença do calcário é a causa
de Bonito, e toda a Serra da Bodoquena, ser tão bonita.
A existência de carbonato de cálcio dissolvido, junto com a ação de algas e musgos,
ocasiona o crescimento de depósitos carbonáticos. Os depósitos, ao acompanharem o
fluxo das águas, possibilitam o “crescimento das cachoeiras”, ao contrário da erosão que
ocorrem em outras quedas d’água do país. As incrustações carbonáticas que se formam
nas cachoeiras e sobre os troncos de árvores, folhas e pedras e até garrafas e latas são
denominadas tufas calcárias, de grande valor cênico, e, portanto, muito procurados como
atrativos turísticos. São depósitos carbonáticos muito frágeis, pois dependem das
condições de qualidade das águas e são de alto interesse científico para o conhecimento
geológico.
Sobre as cavernas...
Por meio desse processo formam-se salões gigantescos e túneis de dezenas de
quilômetros. Existem no Brasil quase 3.000 cavernas, sendo que cerca de 40 encontram-
se na região da Bodoquena. Muitas certamente ainda não foram descobertas.
As cavernas formam-se geralmente
em solos de calcário, que são rochas
solúveis. As águas das chuvas tornam-se
ácidas com a incorporação do gás
carbônico (CO2) da atmosfera e, ao
atravessarem a camada superficial do
solo, onde a concentração desse gás é
maior ainda, estas águas, agora ácidas,
infiltram-se nas inúmeras fraturas
existentes, as quais, através da dissolução
vão se alargando e formando espaços vazios que se juntam entre si.
Abismo Anhumas - Bonito-MS
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As regiões calcárias onde ocorrem cavernas chamam-se carste, paisagem
recortada por vales profundos e morros escarpados, como a Serra da Bodoquena, um dos
maiores sítios espeleológicos do Brasil. As cavernas da região são caracterizadas por
salões de grandes dimensões. São raras as que apresentam condutos e rios subterrâneos
como normalmente ocorrem nas cavernas de outras regiões cársticas brasileiras.
As formações minerais existentes no interior das cavernas, a “decoração”, são
chamadas de espeleotemas, conhecidos como estalactites (pendurada no teto),
estalgmites em forma de cilindros (partem do chão formadas a partir do material que cai
da estalactite), helectites, pérolas, dentre outros. Outros espeleotemas encontrados,
muitos deles com formas bizarras, são as cortinas, os escorrimentos, as cascatas de
pedra e os travertinos, um tipo de espeleotema formado pelo represamento de pequenas
quantidades de água rica em sais de cálcio.
Os espeleotemas são formados depois que as cavernas já existem, ocorrendo
infiltrações de águas pelas fendas que, ao encontrarem as cavernas, evaporam e os sais
se cristalizam. Por exemplo, a presença de estalactites em cavernas submersas – uma
marcante característica das cavernas da Serra da Bodoquena – comprova que elas
durante muito tempo foram secas, o que constitui um fenômeno importante para as
pesquisas geológicas.
A Serra da Bodoquena é classificada como o quinto Sítio Espeleológico do Brasil e,
as grutas e cavernas dessa região, conservam um conjunto patrimonial e científico de
relevância multidisciplinar, em virtude de seus registros geológicos, geomorfológicos,
paleontológicos e biológicos.
Agora vamos falar sobre a Água...
Dada à sua forma, disposição e localização, a Serra da Bdoquena funciona como um
divisor de águas, portanto, área de cabeceiras fluviais, cujos rios vertem para leste,
oeste, norte e sul. Além de se constituir no reservatório de água que abastece todos os
atrativos turísticos, a Serra da Bodoquena é essencial para a preservação do Pantanal,
pois muitos rios nascem nas suas bordas, com diversos afloramentos de lençol freático.
Dentre as cavernas da Serra da
Bodoquena, destaca-se a Gruta do Lago
Azul. Conta uma lenda na região que a Gruta
foi descoberta por um índio terena em
1924. No fundo desta há um lago
subterrâneo de 87 metros de profundidade,
que atinge coloração azul intensa com a
incidência dos raios solares que penetram
pela sua grande entrada. Gruta do Lago Azul – Bonito/MS
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Do lado oeste partem os Córregos Jatobá e Tarumã, o Rio Aquidaban e seus
afluentes Mastigo, Liena e Água Limpa, o Rio Branco e seus tributários como o Lau-de-Já,
Felício e Baguaçu, o Rio Tereré e o Rio Amonguijá. Da escarpa leste, partem
principalmente os Rios Formoso e Prata. Para o sul correm os Rios Perdido e Jacadigo. E
para o centro-oeste-norte da serra segue o esplêndido Rio Salobra, em seu majestoso
canyon, afluente do Rio Miranda.
Para se ter uma idéia da importância da Serra da Bodoquena, de acordo com o
Diagnóstico Ambiental do Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai – PCBAP -, as
características hidrológicas dos rios e a geologia da Serra da Bodoquena, fazem desta
região a mais importante e significativa das cinco áreas de recarga dos aqüíferos, isto é,
formação geológica porosa – solo ou rocha que contém água – de toda a bacia do Alto
Paraguai.
Especificamente em Bonito, podemos citar a
Bacia Hidrográfica do Rio Formoso, formada pelo
próprio Rio Formoso e os seus principais afluentes:
o Rio Mimoso e os Córregos Retiro, Formosinho e
Bonito. No Córrego Bonito deságuam os Córregos
Restinga e Saladeiro (na margem esquerda); e, na
margem direita, merecem destaque o Córrego São
João e o rio Sucuri.
A Fauna...
A rica biodiversidade da região é um dos fatores mais importantes para a
exuberância da fauna encontrada – ainda pouco estudada – onde os animais encontram um
habitat que lhes proporciona alimento abundante e a proteção de que necessitam.
Na Serra da Bodoquena podem ser encontrados animais já extremamente raros e
ameaçados de extinção como a onça pintada, harpia, ariranhas, lontras, tatu canastra,
veado-campeiro, tamanduá-bandeira e outras mais comuns como a arara azul, arara
vermelha e queixada, dentre outras.
Onça Pintada
Ariranha
Harpia
São conhecidos, até o momento, nesta região, mais de 340 espécies de aves, 60
mamíferos e 50 espécies de peixes (FCR, 2006).
Rio Sucuri – Bonito/MS
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A Flora...
Suas condições naturais fazem com que a Serra da Bodoquena seja considerada a
maior extensão de florestas naturais preservada do estado de Mato Grosso do Sul e uma
das maiores áreas de floresta estacional decidual do país, conhecida como Matas Secas.
É uma floresta que perde um pouco mais da metade de suas folhas durante o período
seco do ano. Este tipo de floresta não apresenta grandes áreas contínuas no Brasil.
Condições peculiares tais como sua localização em áreas de confluência de diversos
biomas como o Pantanal, o Chaco e o Cerrado, possibilitaram a extraordinária diversidade
de espécies vegetais e animais que ali podem ser encontradas. Dentre elas se destaca
expressivos aglomerados de perobas, bálsamos, canafístulas, cerejeiras, barrigudas,
açoita-cavalos, gonçalos-alves, goiabeiras do mato, jatobás da mata, alecrins, angicos,
castelos, pau-marfins, guatambus, aroeiras, angelins, maris-pretas, amoras, ximbuvas e
bacuris.
Aroeira
Angico
Peroba
Bazrriguda
Entre as manchas de matas e cerrados, há uma grande faixa de mistura desses
dois domínios, conhecida cientificamente como ecótono, ou seja, área de contato ou
tensão ecológica, onde se apresentam características e espécies dos dois ambientes.
Portanto, devido à exuberância dos processos vitais e mistura relativa de espécies
circundantes, apresentam rica biodiversidade, proporcionando igualmente uma
extraordinária beleza cênica.
De um modo geral, a vegetação da Serra da Bodoquena e seu entorno, faz parte do
domínio dos cerrados, apresentando particularidades associadas às condições ambientais
locais. Nesse domínio dos cerrados, devido às condições ambientais e geográficas locais
como o relevo e suas formas, o clima úmido e solos mais férteis com uma presença maior
de água, encontram-se grandes manchas de Floresta Atlântica. Portanto, entende-se por
Floresta Atlântica, dentre outras formações vegetais, as Florestas Estacionais
Semideciduais e Deciduais do estado de Mato Grosso do Sul.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Cobertura Vegetal da Bacia do Rio Formoso
A Serra da Bodoquena integra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE – os ecossistemas atlânticos de que faz parte a vegetação ainda
conservada da Floresta Atlântica e ecossistemas associados. A inclusão da Serra da
Bodoquena como Floresta Atlântica no Mapa de Vegetação do Brasil, do IBGE, 1993,
demonstra a importância de se continuar preservando os demais ecossistemas da região:
Cerrado, Pantanal.
O Parque Nacional da Serra da Bodoquena...
Mas, o que é um Parque?
Os parques nacionais, uma das modalidades de unidades de conservação no Brasil
(de proteção integral), são áreas especialmente criadas para preservar a fauna e flora,
inclusive os grupos e/ou espécies ameaçadas de extinção, para proteger os recursos
hídricos – rios, lagos, cachoeiras, nascentes - e também para conservar formações
geológicas. Os parques – além de impulsionar o turismo – também têm a função de
proporcionar meios para a educação ambiental, pesquisa e lazer.
Criação do Parque Nacional da Serra da Bodoquena...
Surpreendendo fazendeiros e ambientalistas, em 21 de setembro de 2000, Dia da
Árvore, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro do Meio Ambiente, José
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Sarney Filho, assinam o decreto criando o Parque Nacional da Serra da Bodoquena,
primeira unidade de conservação federal criada no Estado de Mato Grosso do Sul. Com
76.481 hectares, a área compreende parte dos municípios de Bonito, Bodoquena, Jardim
e Porto Murtinho.
De acordo com Savi (2001), o perímetro proposto para o Parque Nacional da Serra
da Bodoquena é composto por duas áreas distintas, porém próximas e com extrema
importância a sua conectividade. Tanto para integridade do patrimônio genético, na
viabilidade de populações, na matriz de sobrevivência de espécies chaves da cadeia
alimentar e nos processos ecológicos fundamentais relacionados ao clima, solos,
hidrografia entre outros. A separação destas duas áreas ocorre pela rodovia que
transpõe a Serra da Bodoquena, apresentando a região norte com 27.797 hectares e a
área sul com 48.684 hectares. A primeira área engloba o rio Salobra e a outra, maior, o
rio Perdido.
O decreto estimou o prazo de cinco anos para a realização do Plano de Manejo, que
é o instrumento de planejamento da unidade de conservação que define as áreas de
visitação pública, áreas reservadas somente para pesquisa, construção de infra-estrutura
do parque como sua sede administrativa, centro de visitantes, localização das trilhas, etc.
Desde 2005, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) – escritório Parna Serra da Bodoquena vem desenvolvendo estudos
para realizar o plano de manejo. Neste ano (2006) estão sendo apresentados os
resultados encontrados pela expedição de pesquisadores que percorreram a área do
parque durante semanas. A partir desta apresentação, o Plano de Manejo deve ser
finalizado até o ano de 2007.
Impactos ambientais na região...
Apesar da sua significância, Bonito enfrenta pressão crescente de atividades
humanas. As principais ameaças à integridade ecológica da área são práticas
não-sustentáveis de agropecuária que resultam em destruição de habitats,
erosão e sedimentação do ambiente aquático rio-abaixo. Incluem: (I) cada vez
mais ocorre pressão por parte do desenvolvimento econômico para converter
habitats naturais em pastagem; (II) destruição das matas ciliares (através de queimadas
e derrubadas); (III) excesso de lotação de gado nos pastos; (IV) práticas não
sustentáveis de agricultura.
A microbacia do Rio Formoso merece destaque especial devido à fragilidade do
ecossistema e de sua grande importância para o setor turístico. O contato primário com a
água exige maior rigor no controle das fontes de poluição. Segundo Mariani (2000) as
margens de alguns córregos pertencentes a essa bacia, como o Córrego Bonito, Restinga
e Saladeiro encontram-se bem degradadas, devido à retirada de mata ciliar, despejo de
esgoto a céu aberto, lixo e entulhos. Para ele, há prejuízos ambientais também pela falta
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
de drenagem pluvial, com a deposição de matéria orgânica e detritos nas nascentes e no
córrego Restinga, e prejuízos patrimoniais devido à água que inunda a rua, sem contar as
questões envolvendo saneamento e qualidade de vida da população.
Lixo às margens do córrego Restinga Erosão e falta de mata ciliar na margem do rio
Mimoso
Área de Mata Ciliar convertida em pastagem Lixo e entulhos jogados em terreno baldio
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CAPITULO II
Agora vamos falar sobre o
Em primeiro lugar, o que é lixo?
De acordo com a Wikipédia: “Lixo, ou resíduo, é qualquer material, que é
considerado inútil, supérfluo, repugnante ou sem valor, gerado pela atividade humana, e a
qual precisa ser eliminada”. O conceito de lixo é uma concepção humana, porque em
processos naturais não há lixo, apenas produtores inertes’.
Já no site do Ambiente Brasil encontramos que são: “(1) Resíduos sólidos
produzidos e descartados, individual ou coletivamente, pela ação humana, animal ou por
fenômenos naturais, nocivos à saúde, ao meio ambiente e ao bem-estar da população. (2)
Todo tipo de sobra de víveres e resíduos resultantes da faxina e trabalhos rotineiros nos
navios, portos organizados, instalações portuárias, plataformas e suas instalações de
apoio” (Lei 9966/00).
No dicionário da língua portuguesa Houaiss diz que é: (1) Resto que não se
aproveita. (2) Imundície. E no site Preserve o mundo: “Algo que se joga fora ou que não se
usa mais”.
E, na Cartilha de Limpeza Urbana, lixo é, basicamente, todo e qualquer resíduo
sólido proveniente das atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações
urbanas, como folhas, galhos de árvores, terra e areia espalhados pelo vento, etc.
Mas você sabia que...
A palavra “lixo” deriva do termo latim lix que significa cinzas!
Em diversos dicionários significa coisa inútil, imprestável. Já a palavra inútil quer
dizer desnecessário. E algo desnecessário só tem um único destino: o lixo.
Mas, será mesmo que todas as coisas que estão no lixo são de jogar fora? Não
valem nada? Não tem utilidade nenhuma? Dentro de nossas casas ansiamos por um
ambiente limpo e agradável, longe de sujeira. Devemos no distanciar de locais insalubres,
porém do lado de fora há uma imensa sujeira, por todos os lados.
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Na verdade, o lixo é um fenômeno que está em todos os momentos da vida,
inclusive em pequenas situações que nem nos damos conta. Podemos descobrir que
através do lixo são denunciados alguns hábitos diários.
Como forma de ilustração, leia a crônica a seguir:
Lixo
Luis Fernando Veríssimo
Dois vizinhos encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a
primeira vez que se falam:
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610?
- E o senhor do 612?
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu o quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Hummm. Notei também que o senhor usa muita comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em
seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às
vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
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- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo...
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu
lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de
papel.
- É, chorei bastante. Mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muitas revistas de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi
a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e goste muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
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- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da
pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa
vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É nossa parte mais
social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha.
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu? Texto extraído do livro “O Analista de Bagé”, L&PM Editores – Porto Alegre, 1981, pág. 83.
O lixo produzido por cada um de nós é como se fosse um retrato do nosso
comportamento, o que fazemos e o que desperdiçamos. Um pouco disso pode ser
percebido nesta crônica, onde duas pessoas que nunca se viram pessoalmente sabem
quase tudo uma da outra por causa do lixo que ambas jogam fora.
A nossa idéia em relação ao lixo é justamente essa. Jogamos fora e achamos que
ele não mais nos diz respeito. Mas é engano. Precisamos ser responsáveis até pelo lixo
que produzimos, pois afinal ele nos retrata.
Por isso, de agora em diante, devemos olhar de frente para a questão do lixo. Não
se pode mais cultivar o comportamento de uma sociedade que não assuma suas
responsabilidade quanto a se evitar os desperdícios. Essa consciência do exercício da
cidadania é um grande desafio, a ser trabalhado na população. São necessárias medidas
concretas, mesmo em âmbito local. Dentro de casa, podemos selecionar o material a ser
reutilizado, reduzir o consumo e reciclar.
A geração de resíduos, ou de lixo, está intimamente ligada ao aumento de consumo
e a cultura do descarte que, na sociedade moderna, acabaram associando o acúmulo de
produtos a uma melhor “qualidade de vida”. Mas qual a real associação entre qualidade de
vida e o aumento desenfreado de consumo?
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Aí começa a problemática do lixo...
Você sabe para aonde vai o seu lixo quando é lançado
fora do local adequado ou quando descartado corretamente
e extrapola a capacidade de armazenamento desses locais?
Podem ir para os rios, mares, lagoas etc. Poluindo esses mananciais de água,
poderemos viver o caos num futuro próximo. Sabe-se que 97% da Terra é
constituída por água de mares, oceanos, geleiras e rio, mas apenas 0,3% dessas
águas são aproveitadas para sobrevivência humana e animal. Se fosse possível
recorrer a dessalinização das águas salgadas dos oceanos e mares, gastaríamos
uma quantidade incalculável de recursos financeiros, que certamente não
viabilizaria tal procedimento
E você sabe qual o tempo estimado de decomposição de alguns
materiais na natureza?
Papel e papelão 3 a 6 meses
Tecidos de fibras naturais 3 meses a 1 ano
Plásticos em geral alguns levam até 500
anos, outros não se “desmancham”
Madeira pintada cerca de 13 anos
Vidro 1 milhão de anos
Chiclete 5 anos
Borracha indeterminado
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Pensando nessa problemática que tal levar o lixo mais a sério? Ele é problema de
todos nós. Entretanto, a solução pode passar por uma profunda mudança de atitude. Que
tal começar antes que os rios sequem e que a natureza fique poluída?
O lixo jogado a céu aberto é considerado um dos maiores problemas a ser vencido
pelo homem. Educar as pessoas a cuidar melhor do meio-ambiente não é tarefa fácil! Do
lixo coletado pelas empresas 35% poderiam ser reciclados ou até mesmo reutilizados. O
restante transformado em adubo que beneficiaria o meio ambiente. Entretanto, isso não
é o que vem acontecendo com tanto freqüência apesar das campanhas educativas.
“O Lixo é paradoxal: dá uma idéia de pobreza, embora seja a
expressão evidente da riqueza”.
Em muitos centros urbanos e na periferia de cidades a produção
de lixo supera a quantidade de aterros sanitários. E muitos deles estão
instalados em locais impróprios ou em terrenos que facilitam a
contaminação do solo e do lençol freático (água que se acha
armazenada no subsolo).
Com tamanho desperdício de alimentos, embalagens em excessos
na hora da compra além da falta de planejamento dos aterros
sanitários, os resíduos sólidos são jogados de forma irracional a todos os lugares.
Em média uma pessoa produz 500g a 1 kg de lixo diário. Imagine isso dentro de
uma família, de um bairro, uma cidade, um País! Acredita-se que os brasileiros produzem
em média 100 mil toneladas de lixo por dia. Eles são recolhidos do meio ambiente
doméstico, hospitalares, ruas, terrenos baldios, parques e jardins, etc. Quem sofre os
efeitos dessa poluição ambiental é a natureza, que briga com o tempo e a nossa saúde.
A composição média do lixo doméstico do brasileiro é de:
65% de matéria orgânica
25% de papel
4% de metal
3% de vidro
3% de plástico
PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DE MATO
GROSSO DO SUL = 1 MILHÃO E 500 MIL KG AO DIA
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DESTINAÇÃO FINAL DO LIXO NO BRASIL (IBGE/1991)
76% lixão (a céu aberto)
13% aterros controlados
10% aterros sanitários
1% reciclagem / compostagem / incineração
CÁLCULOS DO LIXO
Para calcular a quantidade de lixo que já produzimos em nossas vidas, façamos as
contas considerando que cada brasileiro gera, em média, meio lixo diariamente:
Produção do Lixo = Idade x 365 x 0,5Kg
A tipologia do Lixo
A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. Os
diferentes tipos de lixo podem ser então, agrupados em quatro classes, a saber:
Lixo residencial
Resíduos sólidos gerados nas atividades diárias em casas, apartamentos, etc.
Lixo comercial
É aquele produzido em estabelecimentos comerciais, cujas características
dependem da atividade ali desenvolvida.
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Lixo público
São os resíduos da varrição, capina, raspagem, etc., provenientes dos logradouros
públicos (ruas e praças, por exemplo), bem como móveis velhos, galhos grandes, aparelhos
de cerâmica, entulho de obras e outros materiais inservíveis deixados pela população,
indevidamente, nas ruas ou retirados das residências através de serviço de remoção
especial.
Lixo de fontes especiais
É aquele que, em função de determinadas características peculiares que apresenta,
passa a merecer cuidados especiais em seu acondicionamento, manipulação e disposição
final, como por exemplo o lixo industrial, o hospitalar e o radioativo.
Nas atividades de limpeza urbana, os tipos doméstico e comercial constituem o
chamado lixo domiciliar, que junto com o lixo público, representam a maior parcela dos
resíduos sólidos produzidos nas cidades.
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As peças de um lixo
Quais os produtos que compõem o lixo? Vamos conhecer um
pouco da origem desses materiais...
O lixo não é uma massa homogênea. Existe o lixo “seco” –
papéis, vidros, latas, que em geral podem ser reciclados -, e o
“molhado”, que corresponde à parte orgânica dos resíduos,
como as sobras de alimentos, cascas de frutas, dentre outros,
que podem ser usados na compostagem.
A classificação pode seguir alguns outros critérios:
Origem do material
Composição química
Riscos potenciais ao meio ambiente (tóxicos)
De modo geral, os principais produtos presentes em grande quantidade no lixo esão
listados abaixo, com algumas curiosidades sobre os mesmos.
Plástico
Derivado do petróleo, após sua extração do
fundo dos mares e lagos, é levado para
refinarias, onde passa por um processo
industrial. Existem 03 (três) diferentes formas
de reciclagem do plástico:
1 – Mecânica: depois de utilizar o plástico das mais variadas maneiras, pode-se
transformá-lo em grânulos, que serão reutilizados na fabricação de sacos de lixo, solados
e mangueiras.
2 – Energética: esta se dá a partir da incineração. Quando o resíduo plástico é
queimado libera um calor muito forte, um calor bem próximo ao produzido pelo óleo
combustível. Nesse caso pode ser reaproveitado sob a forma de energia.
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3 – Química: é uma tecnologia recente. As moléculas do plástico são quebradas por
aquecimento. O plástico vira óleo e gases, que são novamente utilizados como matéria-
prima na indústria petroquímica.
Metal
Os seis tipos de metais mais conhecidos e utilizados pelo
homem são: ferro, cobre, estanho, chumbo, ouro e prata. Por
exemplo, as latas de conserva são feitas de folhas de flandres,
que é uma mistura de aço e estanho. Calcula-se que em 25 anos
as reservas de estanho estejam esgotadas e, em 50 ocorra o
mesmo com o cobre, chumbo, mercúrio, zinco, ouro e prata.
Hoje no Brasil, apenas 10% das latas de aço
consumidas são recicladas.
O alumínio é obtido a partir do minério bauxita, salientando que nosso país possui a
terceira maior reserva mundial, no Estado do Amapá. Portanto, lembre-se dos danos
provocados na Floresta Amazônica e com suas populações locais...
Resumidamente o processo de reciclagem de latas de alumínio obedecem a seguinte
seqüência: venda ao consumidor – consumo – coleta de latas vazias – prensagem das latas
– refusão em novo lingote (barra de metal fundida) – fabricação da chapa de alumínio –
fabricação das latas.
Em cada 1000 kg de alumínio reciclado há uma economia de 5000 kg de bauxita.
Vidro
A fabricação do vidro se divide em 03 (três)
fases fundamentais:
1 – Mistura de matéria-prima (feldspato,
areia, cal e sódio);
2 – Fusão dos materiais;
3 – Recozimento, que proporciona resistência
aos objetos.
O vidro é 100% reciclável, com exceção dos
espelhos, produtos de cerâmica, potes de barros
vitrificados, cristal, lâmpadas incandescentes e
fluorescentes, vidros de janelas de carro e tubos de
TV.
O processo é bem simples: todos os vidros são triturados e os cacos fundidos
novamente.
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Papel
O papel foi inventado na China, por volta do século II
a.C., mas apenas no século XI chegou a Europa. No início, o
papel era feito de trapos de roupas de linho ou de
pergaminho, feito de pele de carneiro, curtida e polida.
Hoje, como sabemos, é fabricado a partir da celulose,
extraída de árvores, especialmente dos eucaliptos.
Para a produção de papel virgem, são gastos 100 mil
litros de água para fabricação de 01 tonelada. A reciclagem
reduz o volume de água para 02 mil litros!
Em poucas palavras a produção do papel ocorre assim: os troncos das árvores são
descascados e picados, seguem para digestores (para o cozimento em soda cáustica) =
celulose + água = prensagem e secagem = bobina de papel. Essa massa é colocada em
grandes quantidades de água, e depois colocada em uma mesa plana, sobre uma tela que
dará forma ao papel. Os papéis velhos para a reciclagem são chamados de “aparas”. O uso
de aparas na indústria do papel reduz pela metade o consumo de energia e também são
mais baratas que a celulose. Uma tonelada de aparas recicladas pode substituir o corte
de 10 a 20 árvores.
Matéria orgânica
É todo o material proveniente de restos de alimentos, de
plantas e tudo o que já teve vida um dia. Grande parte do lixo
produzido no Brasil, aproximadamente 65%, é constituído de
matéria orgânica. Esse dado pode tornar-se alarmante se
pensarmos que esse tipo de lixo indica o quanto de alimento que
está sendo desperdiçado pela população.
Os compostos orgânicos podem ser reaproveitados utilizando-os como adubo
natural na agricultura.
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Resíduos perigosos
Os resíduos industriais e alguns domésticos, como restos de
tintas, solventes, aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas
fluorescentes, medicamentos vencidos, pilhas e outros, contêm
significativa quantidade de substâncias químicas nocivas ao meio
ambiente. São materiais que não ocorrem naturalmente, ou se
ocorrem aparecem de forma difusa, tanto no que se refere as
estruturas moleculares quanto no próprio espaço.
Esses “coquetéis” moleculares, que constituem os objetos que usamos diariamente,
como os mencionados anteriormente, levam um período indeterminado de decomposição e
reintegração ao meio natural. Como foram criados recentemente, muitos ainda não têm
um tempo de decomposição determinado. Estima-se, por exemplo, que uma área que tenha
sofrido ataques nucleares, demore em torno de 2500 anos para se regenerar.
Entulho
A construção civil é uma das mais antigas
atividades humanas. Gera, entretanto, um
subproduto em grande quantidade: os famosos
entulhos. Atualmente na Europa há um
desperdício equivalente a 200 milhões de
toneladas anuais entre concreto, pedras e
recusos minerais valiosos.
Com essa quantidade de material daria para construir uma rodovia com seis faixas
interligando as cidades de Roma e Londres. Reciclar esse material estaria contribuindo
para a preservação de recursos minerais, urbanização e a limpeza do município.
A
gora, quais são os novos componentes do lixo, como
agridem o ambiente, quais seriam as soluções?
Leia o texto abaixo e descubra o que muitas organizações da sociedade civil e
governos têm feito para minimizar a produção do lixo tecnológico.
Agora tem o lixo eletrônico...
No início do século passado, o lixo urbano era rico em restos de alimentos, poda de
jardins, produtos domésticos, têxteis e restos de construção. Ainda hoje o lixo é
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composto em sua maior parte por materiais orgânicos, mas é bem maior do que no início
do século. A história toda ganhou fôlego na última década, quando, para se livrar de
pilhas, baterias de celulares usadas e toda a parafernália tecnológica vinda com os
computadores na carona da globalização, ninguém sabia o que fazer. Enquanto isso, quem
sofreu foi o meio ambiente. Nos aterros sanitários que recebem o lixo comum, começou a
surgir, aos poucos, uma nova categoria de lixo: o lixo eletrônico, que, com seus metais
pesados, é considerado um risco à saúde da população e ao meio ambiente.
São computadores, telefones celulares, televisores e outros tantos aparelhos e
componentes que, por falta de destino apropriado, são incinerados ou depositados em
aterros sanitários. Além de ocupar muito espaço, peças e componentes de micros feitos
de metais pesados possuem efeitos tóxicos para a saúde humana. O chumbo dos tubos de
imagem, o cádmio das placas e circuitos impressos e semicondutores, o mercúrio das
baterias, o cromo dos anticorrosivos do aço e o plástico dos gabinetes. São ameaças
concretas que requerem soluções a curto prazo. Se ingeridos em grande quantidade, os
elementos tóxicos podem causar males que vão da perda do olfato, da audição e da visão,
até o enfraquecimento ósseo, danos ao sistema nervoso, edemas pulmonares, osteoporose
e câncer.
Como esses elementos não são biodegradáveis, a reciclagem é um dos meios de
tratar esses resíduos; o outro é a substituição de metais pesados por outros menos
tóxicos. A tendência é que os fabricantes sejam responsabilizados por receber os
equipamentos descartados para dar-lhes um fim ambientalmente correto. No Brasil os
fornecedores de telefones celulares já têm que receber de volta as baterias fora de uso.
O plástico das baterias é reaproveitado em outros produtos, como cestos de lixo e
bandejas. E os elementos tóxicos das pilhas, servem para produzir corantes.
Que máquinas fazem parte do nosso cotidiano?
Antes de pensar em jogar fora seus dejetos eletrônicos, conheça
algumas situações onde eles ainda podem ser úteis.
A contradição é evidente, especialmente no nosso país, onde a preocupação com o
lixo tecnológico está apenas começando, além de que somente uma pequena parcela da
população tem acesso e possui uma máquina como o computador.
Até 2002, dos 170 milhões de brasileiros, somente 15,5%
tinham acesso ao computador, o que representa cerca de 25 milhões
de pessoas. Em 2000, esse percentual era de 10,28%. Apesar do
acréscimo de usuários de computador, sabemos que a maioria continua
excluída desse acesso, mas sofrem as conseqüências ambientais, ou
seja, nós mesmos acabamos prejudicados.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Muitos já ouviram falar de termos como spam ou lixo eletrônico, aquele sem-fim
de mensagens inúteis com propagandas, correntes e malas diretas virtuais que entopem
as caixas de correios. É um problema que afeta o cotidiano dos usuários da Internet, e é
suficiente para causar alguma irritação, principalmente quando junto com a chateação
vem um vírus embutido no e-mail.
É a sucata eletrônica, formada pelos restos das máquinas que hoje ficam obsoletas
em períodos cada vez mais curtos. E não é uma sucata qualquer: os componentes de um
computador têm vários elementos químicos que podem causar sérios danos ambientais,
além de metais preciosos, que podem (e devem) ser reaproveitados. A grande questão é
saber como reciclar os dejetos eletrônicos da melhor maneira.
Alguns dados sobre a composição dos computadores:
O que se tem feito é armazenar esses equipamentos em aterros industriais
superprotegidos. Em países onde o movimento ambientalista é mais forte, a reciclagem é
o método mais incentivado. Não dá tempo que a indústria crie o computador
biodegradável. O interesse pela sucata eletrônica é que muitos computadores possuem
metais preciosos em sua composição, como a prata e o ouro, além de valiosos, podem ser
98% reutilizados. Uma das maiores empresas de reciclagem da Itália, a Geodis Logistics,
garante que 94% dos componentes de um microcomputador são reaproveitáveis.
Em Fortaleza já é possível reaproveitar boa parte dos dejetos tecnológicos antes
de jogá-los no lixo. Equipamentos ultrapassados para uns podem ser a porta de acesso de
muitos ao mundo da informática, além de fonte de lucro para sucateiros. Para quem quer
se livrar do entulho e até ganhar algum dinheiro, existem compradores de peças velhas
de micros nos anúncios classificados.
Existem entidades que reciclam computadores e impressoras velhos e repassam as
pessoas carentes gratuitamente ou cobrando um custo mínimo. O CDI - Comitê para a
Democratização da Informática, por exemplo, é uma organização não-governamental que
recebe doações de máquinas velhas para montagem de escolas de informática em
entidades de assistência a carentes. O conserto das máquinas e componentes os micros
podem ser vendidos por preços que variam de duzentos a 250 reais. E são máquinas
consideradas ultrapassados ou inúteis, pois muitas são processadores 486 e discos
rígidos com baixa capacidade de armazenamento. Prova de que, doando ou vendendo, os
Mas existe um outro tipo de lixo surgido com a
evolução tecnológica e a atualização periódica de
equipamentos como computadores e telefones celulares, e
que pode trazer danos bem mais sérios que a aporrinhação
causada por um e-mail indesejável.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
usuários que quiserem se livrar dos dejetos eletrônicos podem fazê-los seguir um longo
percurso antes que eles cheguem à rampa de lixo.
Em informática a mais popular forma de reaproveitamento de produtos é a dos
cartuchos de impressora. Os cartuchos “remanufaturados” economizam 5 litros de
petróleo na produção de um novo, e ainda, cada cartucho demora 50 anos em média para
se decompor.
(Fonte: Jornal “O Povo” - 03/05/02 / www.sfiec.org.br)
Características Físicas do lixo
Compressividade (redução do volume)
Teor de unidade (quantidade de água)
Peso específico (peso dividido pelo volume)
Per capta (produção diária Kg/hab/dia)
A quantidade de lixo produzido por pessoa, chamado "per capita", varia com os
mesmos fatores da composição do lixo. A determinação da quantidade de lixo "per capita", é um dos dados de grande importância para projetos de acondicionamento,
coleta, transporte e tratamento final do lixo.
Alguns valores "per capita":
Cidade Per capita
Kg/hab/dia
Brasil 0,50 à 1,00
EUA 1,80
Índia 0,10 à 0,25
Características Químicas
Poder calorífico (quantidade de calor desprendida na combustão)
Teor de matéria orgânica (% de matéria orgânica)
Relação carbono nitrogênio C/N (determina o grau de degradação da matéria
orgânica)
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Potencial de hidrogênio pH (alcalinidade ou acidez)
Características Biológicas
Por conter alto teor energético (água, abrigo e alimento), algumas espécies (micro
vetores e macro vetores) utilizam o lixo como nicho ecológico.
O quadro abaixo apresenta o tempo de sobrevivência dos agentes patogênicos
(micro vetores) prejudiciais à saúde do homem
Micro vetor Doença Dias
Coliformes fecais Gastroenterites 35
Leptospira Leptospirose 15 – 43
Mycrobacterium turbeculoso Tuberculose 15 - 180
Áscaris lumbricoides Ascaridíase 2000 - 2500
Endamoeba histolytica Amebíase 8 – 12
Esses vetores em contato com o homem são responsáveis pelo surgimento de
doenças respiratórias, epidérmicas, intestinais.
Enfermidades relacionadas como os resíduos sólidos transmitidas pelos macros
vetores
Macro Vetores Forma de transmissão Enfermidades
Rato e pulga Mordida, urina fezes e picada Leptospirose, peste bubônica, tifo murino
Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre tifóide, cólera, amebíase
Mosquito Picada Malária, F. amarela, dengue, leishmaniose.
Barata Asas, patas, corpo e fezes F. tifoide, cólera, giardíase
Gado e porco Ingestão de carne contaminada Teníase, cisticercose
Cão e gato Urina e fezes Toxoplasmose
O rato do esgoto gesta 4 a 6 vezes por ano, com 8 à 12
filhos por cria, e aos 2 à 3 meses alcança sua maturidade sexual.
Há registros de peste bubônica na humanidade em Roma (150
DC), no Egito (540 à 542) e na Europa (1.345 à 1.349) onde 43
milhões de pessoas vieram a falecer.
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Tratamentos & Destinos
Nas antigas civilizações, os processos de eliminação de lixo visavam basicamente
afastar e cobrir os resíduos, atitudes que, em razão do “perfil do lixo” então existente,
eram plenamente satisfatórias. Hoje em dia a questão é muito mais preocupante,
considerando o aumento do número da população consumidora, e, o próprio esgotamento
dos recursos naturais. Recentemente começamos a perceber que, assim como não podemos deixar o lixo
acumular dentro de nossas casas, é preciso conter a geração de resíduos e dar um
tratamento adequado ao lixo. Se as pessoas jogam lixos nas ruas, em terrenos baldios,
leitos de rios, valas, encostas de morros e outros locais que não são próprios, prejudicam
tanto a população local bem como os moradores da cidade e o próprio espaço habitado.
Há algumas formas de tratamento do lixo e sua disposição no
ambiente:
Há várias maneiras erradas de disposição final do lixo sendo praticadas pelas
cidades brasileiras:
Elas refletem o desconhecimento dos aspectos sanitários e ambientais envolvidos,
o despreparo técnico e a falta de recursos econômicos da maioria dos Municípios para
enfrentar o problema. O que se faz, nestes casos, é "dar sumiço" logo no lixo, se possível,
escondendo-o da vista da população.
O caminho que não deveria ser o final...
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Formas de tratamento e disposição final de lixo urbano:
A destinação ou disposição final, como o próprio nome sugere, é a última fase de
um sistema de limpeza urbana. Geralmente esta operação é efetuada imediatamente após
a coleta. Em alguns casos, entretanto, antes de ser disposto o lixo é processado, isto é,
sofre algum tipo de beneficiamento, visando melhores resultados econômicos, sanitários
e/ou ambientais.
Quando o processamento tem por objetivo fundamental a diminuição dos
inconvenientes sanitários ao homem e ao meio ambiente, diz-se então que o lixo foi
submetido a um tratamento.
Várias são as formas de processamento e disposição final aplicáveis ao lixo urbano.
Na maioria das vezes, ocorrem associadas. As mais conhecidas são:
Lixão
Definições: (1) Local onde o lixo é simplesmente despejado
no solo, sem qualquer tratamento, causando poluição do
solo, do ar e da água. (2) Área em que está localizado um
depósito de lixo sem qualquer cuidado com o meio ambiente
e com a saúde pública. (3) Forma inadequada de disposição
final de resíduos sólidos, que consiste na descarga do
material no solo sem qualquer técnica ou medida de
controle.
No Lixão (ou Vazadouro, como também pode ser denominado o lixão) não existe
nenhum controle quanto aos tipos de resíduos depositados e quanto ao local de disposição
dos mesmos. Nesses casos, resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade
são depositados juntamente com os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor.
Nos lixões pode haver outros problemas associados, como por exemplo, a presença
de animais (inclusive a criação de porcos), a presença de catadores (que na maioria dos
casos residem no local), além de riscos de incêndios causados pelos gases gerados pela
decomposição dos resíduos e de escorregamentos, quando da formação de pilhas muito
íngremes, sem critérios técnicos.
A figura a seguir ilustra um esquema de lixão ou vazadouro (Proin/Capes &
Unesp/IGCE, 1999).
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FIGURA ESQUEMÁTICA DE UM LIXÃO OU VAZADOURO
No entanto é um processo de custo elevado, exigindo um tratamento de filtragem
sofisticado, que elimine a toxicidade dos gases emitidos. Os restos finais são levados
para o descarte final nos aterros controlados;
Compactação: reduz o volume dos resíduos,
facilitando o transporte e sua destinação final;
Trituração: diminui o tamanho dos materiais
presentes no lixo, reduzindo o volume, o que
facilita o transporte e a destinação final;
Incineração: combustão e queima
controlada que transforma sólidos, semi-sólidos,
líquidos e gasosos em dióxido de carbono, outros
gases e água. O calor liberado durante a
operação pode ser utilizado, ente outras coisas
para a produção de vapor, utilizado na geração
de energia elétrica e aquecimento domiciliar.
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Compostagem
Deixar de aproveitar esse material é um grande
desperdício, já que representa mais da metade do lixo doméstico.
Construindo o monte de composto passo a passo:
Processo controlado de decomposição
biológica da matéria orgânica presentes no
lixo, utilizando-se microorganismos
existentes nos resíduos, em condições
ambientais adequadas. Esse processo gera um
produto biologicamente estável, chamado de
composto orgânico. Transformam-se em
excelentes fertilizantes para o solo, podem
ser usado em hortas, jardins e vasos.
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Tabela 1 - Composição de alguns materiais de origem vegetal de
interesse para compostagem (base seca).
M. O.: Matéria Orgânica
N: Nitrogênio
C/N: Carbono/nitrogênio
Tabela 2 - Composição de alguns materiais de origem animal, de
interesse para compostagem (base seca).
APLICAÇÃO DO COMPOSTO...
A adubação orgânica com composto vai depender da fertilidade natural e do grau
de degradação do solo, bem como das exigências de cada cultura. Quanto mais pobre e
degradado estiver o solo, maiores dosagens decomposto serão aplicadas, a partir de 3
kg/m2 ou 30 t/ha.
Para culturas anuais, o composto pode ser aplicado entre 10 e 20 dias antes do
plantio, a uma profundidade de até 15 cm, em solo recém-preparado ou em sulcos. Quando
a adubação for de cobertura, deverá ser feita em sulcos distantes de 10 a 20 cm, acima
da linha de plantio.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Em se tratando de culturas perenes, deverá ser aplicado na cova de plantio,
misturado à terra, e em semicoroas acima de cada planta, por ocasião da adubação de
cobertura.
Dicas de compostos!!!
No caso de composto caseiro, o ideal é separar o lixo doméstico. O material
inorgânico (latas, plásticos, vidros e borrachas) deverá ser encaminhado para reciclagem.
O material orgânico (cascas de ovos, de frutas e legumes, papéis, borra de café, etc.),
dará origem ao composto. Juntar estes materiais e cobrir com uma camada fina de terra
para evitar a proliferação de moscas. Molhar e revolver até obter cheiro e umidade
característicos.
Aterros sanitários:
Antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico para
selecionar a área a ser destinada para sua instalação não comprometa o meio ambiente. É
feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona
plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados
são captados (drenados) através de tubulações e escoados para lagoa de tratamento.
Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que
permitem desvio dessas águas, do aterro.
A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através de
balança. É proibido o acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados durante a
decomposição são captados e podem ser queimados com sistema de purificação de ar ou
ainda utilizados como fonte de energia (aterros energéticos).
Segundo a Norma Técnica NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve
ser construído em áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o
mais alto nível do lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m
de solo insaturado. O nível do solo deve ser medido durante a época de maior
precipitação pluviométrica da região. O solo deve ser de baixa permeabilidade (argiloso).
É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no
solo, particularmente, lixo domiciliar que fundamentado em critérios de
engenharia e normas operacionais específicas, permite a confinação
segura em termos de controle de poluição ambiental, proteção à saúde
pública; ou, forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no
solo, através de confinamento em camadas cobertas com material
inerte, geralmente, solo, de acordo com normas operacionais
específicas, e de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, minimizando os impactos ambientais.
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O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de qualquer
curso d´água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas redondezas
para evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores.
Devem ser construídos poços de monitoramento para avaliar se estão ocorrendo
vazamentos e contaminação do lençol freático: no mínimo quatro poços, sendo um a
montante e três a jusante, no sentido do fluxo da água do lençol freático. O efluente da
lagoa deve ser monitorado pelo menos quatro vezes ao ano.
Aterros controlados
É uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos
ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este
método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os
com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois similarmente
ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é minimizada. Porém, geralmente
não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas
subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases
gerados. Este método é preferível ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que
causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro sanitário.
Na fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo a
minimizar riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente controlada. O
biogás é extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A deposição faz-se por células que
uma vez preenchidas são devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-
se diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado,
efetuando-se o recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1,0 a
1,5 metro de espessura. Posteriormente, a área pode ser utilizada para ocupações "leves"
(zonas verdes, campos de jogos, etc.).
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB - 1989, realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - e editada em 1991, a
disposição final de lixo nos municípios brasileiros assim se divide:
76% em lixões;
13% em aterros controlados e 10% em aterros sanitários;
1% passam por tratamento (compostagem, reciclagem e incineração).
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Reciclagem
A reciclagem é uma das alternativas de tratamento sólido
considerada mais vantajosa atualmente. Do ponto de vista ambiental
ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água e
ainda diminui o volume de lixo e a poluição. Além disso, a reciclagem
pode ser muito rentável. A importância de sabermos quais os
materiais a que chamamos “lixo” é para
chegarmos a conclusão de que é formado
por produtos caríssimos se pensarmos em todo o processo da
produção! De acordo com o economista Sabetai Calderoni,
autor do livro “Os bilhões perdidos no lixo”, afirma que o Brasil
perdeu R$ 4,6 bilhões, não promovendo a reciclagem adequada
do lixo, especialmente o residencial. Nesse lixo a grande
quantidade de produtos de origem orgânica pode ser
transformada em adubo, um processo que baratearia os custos da produção agrícola,
substituindo os fertilizantes usados em excesso. A reciclagem nada mais é do que
reutilizar o resíduo para a fabricação de outro bem de consumo ou até mesmo o mesmo
bem. É o papel usado utilizado para fabricar papel novo, o pneu usado para fabricação de
tapetes de borracha, etc.
O que aparentemente não serve para nada,
podemos aproveitar muita coisa.
Reciclar papel.... Significa fazer papel empregando como matéria-prima papéis, cartões, cartolinas e
papelões, provenientes de:
Rebarbas geradas durante os processos de fabricação destes materiais, ou
de sua conversão em artefatos, ou ainda geradas em gráficas;
Artefatos destes materiais pré ou pós-consumo
Atualmente, a matéria-prima vegetal mais utilizada na fabricação do papel é a
madeira, embora outras também possam ser empregadas. Estas matérias-primas são hoje
processadas química ou mecanicamente, ou por uma combinação dos dois modos, gerando
como produto o que se denomina de pasta celulósica, que pode ainda ser branqueada, caso
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se deseje uma pasta de cor branca. A pasta celulósica, branqueada ou não, nada mais é do
que as fibras celulósicas liberadas, prontas para serem empregadas na fabricação do
papel.
A pasta celulósica também pode prover do processamento do papel, ou seja, da
reciclagem do papel. Neste caso, os papéis coletados para esse fim recebem o nome de
aparas. O termo apara surgiu para designar as rebarbas do processamento do papel em
fábricas e em gráficas e passou a ter uma abrangência maior, designando, como já foi
dito todos os papéis coletados para serem reciclados.
As aparas provêm de atividades comerciais, e em menor quantidade de residências
e de outras fontes, como instituições e escolas.
As aparas de papel podem ser recolhidas por um sistema de coleta seletiva, ou por
um sistema comercial, utilizado há anos, que envolve o catador de papel e o aparista.
Hoje, a força que impulsiona a reciclagem de papel ainda é econômica, mas o fator
ambiental tem servido também como alavanca. A preocupação com o meio ambiente criou
uma demanda por "produtos e processos amigos do meio ambiente" e reciclar papel é uma
forma de responder a esta demanda.
Assim, os principais fatores de incentivo à reciclagem de papel, além dos
econômicos, são: a preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a
minimização da poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros.
Dentre estes, certamente o último é o que tem tido maior peso nos países que adotam
medidas legislativas em prol da reciclagem.
Reciclar plástico...
Plásticos são artefatos fabricados a partir de resinas (polímeros), geralmente
sintéticas e derivadas do petróleo. Quando o lixo é depositado em lixões, os problemas
principais relacionados ao material plástico provêm da queima indevida e sem controle.
Quando a disposição é feita em aterros, os plásticos dificultam sua compactação e
prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, pois criam
camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de
biodegradação da matéria orgânica.
Sendo assim, sua remoção, redução ou eliminação do lixo são metas que devem ser
perseguidas com todo o empenho. A separação de plásticos do restante do lixo traz uma
série de benefícios à sociedade, como, por exemplo, o aumento da vida útil dos aterros,
geração de empregos, economia de energia, etc.
Divisão dos Plásticos
Os plásticos são divididos em duas categorias importantes: termofixos e
termoplásticos.
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Os termofixos, que representam cerca de 20% do total consumido no país, são
plásticos que, uma vez moldados por um dos processos usuais de transformação, não
podem mais sofrer mais novos ciclos de processamento, pois não fundem novamente, o
que impede nova moldagem.
Os termoplásticos, mais largamente utilizados, são materiais que podem ser
reprocessados várias vezes pelo mesmo ou por outro processo de transformação. Quando
submetidos ao aquecimento a temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem, fundem
e podem ser novamente moldados. Como exemplos, podem ser citados: polietileno de
baixa densidade (PEBD); Polietileno de alta densidade (PEAD); poli (cloreto de vinila)
(PVC); poliestireno (PS); polipropileno (PP); poli (tereftalato de etileno) (PET); poliamidas
(náilon) e muitos outros.
Identificação dos Tipos de Plásticos
Essa metodologia é baseada em algumas características físicas e de degradação
térmica dos plásticos.
Polietilenos de baixa e de alta densidade:
Baixa densidade (flutuam na água);
Amolecem à baixa temperatura (PEBD = 85°C; PEAD = 120°C)
Queimam como vela, liberando cheiro de parafina;
Superfície lisa e "cerosa".
Polipropileno:
Baixa densidade (flutuam na água);
Amolece à baixa temperatura (150°C);
Queima como vela, liberando cheiro de parafina;
Filmes, quando apertados nas mãos, fazem barulho semelhante ao celofane.
Poli(cloreto de vinila):
Alta densidade (afunda na água);
Amolece à baixa temperatura (80°C);
Queima com grande dificuldade, liberando um cheiro acre de cloro;
É solubilizado com solventes (cetonas).
Poliestireno:
Alta densidade (afunda na água);
Quebradiço;
Amolece à baixa temperatura (80 a 100°C);
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Queima relativamente fácil, liberando fumaça preta com cheiro de "estireno";
É afetado por muitos solventes.
Poli(tereftalato de etileno):
Alta densidade (afunda na água);
Muito resistente;
Amolece à baixa temperatura (80°C);
Utilizado no Brasil em embalagens de refrigerantes gasosos, óleos vegetais, água
mineral, etc.
Outros
Reciclagem primária ou pré-consumo:
É a conversão de resíduos plásticos por tecnologia convencionais de processamento
em produtos com características de desempenho equivalentes às daqueles produtos
fabricados a partir de resinas virgens. A reciclagem pré-consumo é feita com os
materiais termoplásticos provenientes de resíduos industriais, os quais são limpos e de
fácil identificação, não contaminados por partículas ou substâncias estranhas.
Reciclagem secundária ou pós-consumo:
É a conversão de resíduos plásticos de lixo por um processo ou por uma combinação
de operações. Os materiais que se inserem nesta classe provêm de lixões, sistemas de
coleta seletiva, sucatas, etc. são constituídos pelos mais diferentes tipos de material e
resina, o que exige uma boa separação, para poderem ser aproveitados.
Reciclagem terciária:
É a conversão de resíduos plásticos em produtos químicos e combustíveis, por
processos termoquímicos (pirólise, conversão catálica). Por esses processos, os materiais
plásticos são convertidos em matérias-primas que podem originar novamente as resinas
virgens ou outras substâncias interessantes para a indústria, como gases e óleos combustíveis.
Reciclar metal...
Os metais são materiais de elevada durabilidade, resistência mecânica e facilidade
de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens em
geral.
Quanto à sua composição, os metais são classificados em dois grandes grupos: os
ferrosos (compostos basicamente de ferro e aço) e os não-ferrosos. Essa divisão
justifica-se pela grande predominância do uso dos metais à base de ferro, principalmente
o aço.
Entre os metais não-ferrosos, destacam-se o alumínio, o cobre e suas ligas (como
latão e o bronze), o chumbo, o níquel e o zinco. Os dois últimos, junto como o cromo e o
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
estanho, são mais empregados na forma de ligas com outros metais, ou como
revestimento depositado sobre metais, como, por exemplo, o aço.
A grande vantagem da reciclagem de metais é evitar as despesas da fase de
redução do minério a metal. Essa fase envolve um alto consumo de energia, e requer
transporte de grandes volumes de minério e instalações caras, destinadas à produção em
grande escala.
Embora seja maior o interesse na reciclagem de metais não-ferrosos, devido ao
maior valor de sua sucata, é muito grande a procura pela sucata de ferro e de aço,
inclusive pelas usinas siderúrgicas e fundições.
A sucata é matéria-prima das empresas produtoras de aço que não contam como o
processo de redução, e que são responsáveis por cerca de 20% da produção nacional de
aço. A sucata representa cerca de 40% do total de aço consumido no País, valor próximo
aos valores de outros países, como os Estados Unidos, onde atinge 50% do total da
produção. Ressalta-se que o Brasil exporta cerca de 40% da sua produção de aço.
É importante, ainda, observar que a sucata pode, sem maiores problemas, ser
reciclada mesmo quando enferrujada. Sua reciclagem é também facilitada pela sua
simples identificação e separação, principalmente no caso da sucata ferrosa, em que se
empregam eletroímãs, devido às suas propriedades magnéticas. Através deste processo é
possível retirar até 90% do metal ferroso existente no lixo (IBS, 1994).
Reciclar vidro...
O vidro é obtido pela fusão de componentes inorgânicos a altas temperaturas, e
resfriamento rápido da massa resultante até um estado rígido, não-cristalino.
O processo de produção do vidro do tipo sodacal utiliza como matérias-primas,
basicamente, areia, barrilha, calcário e feldspato. Um procedimento comum do processo é
adicionar-se à mistura das matérias-primas cacos de vidro gerados internamente na
fábrica ou adquiridos, reduzindo sensivelmente os custos de produção.
O vidro é um material não-poroso que resiste a temperaturas de até 150°C (vidro
comum) sem perda de suas propriedades físicas e químicas. Esse fato faz com que os
produtos possam ser reutilizados várias vezes para a mesma finalidade.
A reciclagem de vidro significa enviar aos produtos de embalagens o vidro usado
para que este seja reutilizado como matéria-prima para a produção de novas embalagens.
O vidro é 100% reciclável, não ocorrendo perda de material durante o processo de
fusão. Para cada tonelada de caco de vidro limpo, obtém-se uma tonelada de vidro novo.
Além disso, cerca de 1,2 tonelada de matéria-prima deixa de ser consumida.
Além da redução do consumo de matérias-primas retiradas da natureza, a adição
do caco à mistura reduz o tempo de fusão na fabricação do vidro, tendo como
conseqüência uma redução significativa no consumo energético de produção. Também
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
proporciona a redução de custos de limpeza urbana e diminuição do volume do lixo em
aterros sanitários.
Mas afinal, você deve estar se perguntando: como reciclar?
Com a colaboração do consumidor, podemos facilitar ainda mais o
processo de reciclagem. A reciclagem do material é muito importante,
não apenas para diminuir o acúmulo de dejetos, como também para
poupar a natureza da extração inesgotável de recursos.
Veja como fazer a coleta seletiva e dar a sua parcela de
contribuição na preservação do meio ambiente.
A Coleta Seletiva é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como
papéis, plásticos, vidros e metais que podem ser separados do lixo orgânico na sua casa,
no seu trabalho, e em qualquer lugar que o lixo seja produzido. Desta forma desviamos
dos aterros sanitários e lixões, resíduos sólidos que poderiam ser reciclados contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida da população sem prejuízos à saúde e ao meio
ambiente causados pelo lixo.
Estatísticas provam que o Brasil perde aproximadamente US$ 4 bilhões ao ano por
não aproveitar todo o material reciclável, pois o mesmo depois de separado pode ser
transformado em outro semelhante. O processo de reciclagem funciona assim: 1° o lixo é
separado nas unidades geradoras: vidro, plástico, metal e papel como citado
anteriormente (o orgânico é entregue na coleta normal e não é reciclável, o seu destino é
realmente os lixões e aterros, porém o seu tempo de deterioração é bem menor que os
outros resíduos causando menos danos ao meio ambiente). Após a separação os
recicláveis são levados para os postos de coleta para serem trocados por algum valor
monetário.
O lixo separado também pode ser entregue, voluntariamente, para a instituição
responsável pela coleta, ou até mesmo diretamente aos catadores de lixo que tem na
coleta seletiva o meio de sustento próprio e de sua família. Então o material reciclável, ou
seja, o material que pode ser reaproveitado é conduzido para as indústrias e, assim, há a
economia da matéria-prima evitando a extração de recursos naturais que muitas vezes
não são renováveis em prol da fabricação de novos produtos.
Cada 50 quilos de papel usado, transformado em papel novo (reciclado) evitam que
uma árvore seja cortada. Aí você pode pensar: - "Nossaaa! 50 kg é muito! Não utilizo esta
quantidade de papel!" Mas se você pensar a quantidade que já jogou fora no decorrer de
sua vida... Dá muita coisa né? E imagina se cada um fizer a sua parte? Contribuiremos
para a preservação das nossas árvores, melhoraremos a qualidade do nosso ar, e ainda
ajudaremos na manutenção do nosso ecossistema. O papel que não é reciclado é levado
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
para os lixões e aterros sanitários e no decorrer da sua degradação é transformado em
metano que tem potencial de aquecimento global 21 vezes maior que o gás carbônico.
E ainda, 50 kg de alumínio usado e reciclado evitam que seja extraída do solo cerca
de 5000 kg de minério, a bauxita. Uma garrafa plástica ou de vidro pode levar 1 milhão de
anos para decompor-se. Uma lata de alumínio, de 80 a 100 anos.
Depois destas informações já sabemos o quão nocivo é a ausência de programas de
reciclagem na nossa sociedade, e como podemos contribuir para a qualidade do meio em
que vivemos. Todos nós devemos nos conscientizar que o problema do lixo é público e que
somos responsáveis pelo seu destino.
SÍMBOLO COR MATERIAL
AZUL PAPEL
VERMELHO PLÁSTICO
AMARELO METAL
VERDE VIDRO
Reduzir, Reutilizar e Reciclar são as
palavras-chave para quem quer ser um
defensor do meio ambiente!
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Mas e no nosso município, como está a situação???
A cada ano aumenta a quantidade de lixo e o planeta continua do mesmo tamanho.
Torna-se difícil encontrar locais para depositar o lixo produzido por uma sociedade que
consome cada vez mais. Essa também é uma realidade de Bonito. Há uns tempos atrás
nosso município possuía o que chamamos de “Lixão”, mas atualmente possui um depósito
de lixo, sendo uma forma de aterro controlado com produção média de 9 toneladas de
lixo por dia em baixa temporada e mais de 12 toneladas de lixo ao dia em alta temporada.
Existe também em nossa cidade uma UPL – Unidade de Processamento do Lixo,
inaugurada desde 2000 para o destino dos materiais orgânicos para compostagem, porém
não foi ativada efetivamente. Somente ao final do ano de 2003, alguns catadores
organizados informalmente foram separar e compactar os materiais recicláveis neste
local. Hoje em dia, a UPL funciona diariamente através da cooperativa de catadores com
o apoio da Prefeitura de Bonito.
O sistema de coleta seletiva foi implantado na rua principal da cidade, a Pilad
Rebua e em alguns locais, como o Paço Municipal, Praça Central e Auto Posto Bacuri,
existem pontos de coleta de materiais recicláveis, os PEV’s (Postos de Entrega
Voluntária). O caminhão que recolhe os materiais recicláveis e deposita-os diretamente
na UPL, onde serão selecionados, prensados e embalados para comercialização.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Sugestões de Atividades Sensibilizadoras – Tema “LIXO”
Berenice Gehlen Adams
Sugestão 01 – Conceitos ambientais e seus significados
Objetivos: Refletir sobre diferentes conceitos relacionados ao meio ambiente e
perceber como cada um tem uma visão específica de cada conceito, de acordo com seu
contexto.
Público alvo: Crianças, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Papel, lápis ou caneta e quadro.
Desenvolvimento:
- Iniciar uma conversação sobre o meio ambiente, levantando questões como: O que é
meio ambiente? Qual é, para você, o principal problema ambiental e por quê? O que é
lixo? O que é natureza?
- Após a conversação, escrever no quadro 5 expressões: meio ambiente; ecologia; lixo;
consumismo; natureza (podendo optar por outras expressões).
- Pedir que cada participante escreva, em uma folha, com poucas palavras, o que entende
por cada expressão.
- Recolher as folhas e redistribuí-las aos participantes.
- O monitor solicita que, um a um, os participantes leiam a interpretação das expressões
para o grande grupo. Um é escolhido para iniciar. A pessoa autora das interpretações
lidas pelo primeiro, se apresenta, podendo justificar suas impressões, e em seguida lê as
interpretações da folha que pegou, e assim por diante.
- Enquanto isto, o monitor faz uma tabela no quadro, no seguinte formato:
Meio ambiente Ecologia Lixo Consumismo Natureza
Abaixo de cada palavra o monitor irá escrevendo, de forma sintetizada, as
interpretações lidas.
- Após todos terem lido as interpretações e o monitor ter preenchido o quadro, fazer um
fechamento analisando as idéias sintetizadas do quadro.
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Sugestão 02 – Atividades para a semana do meio
ambiente e para outros dias também
Berenice Gehlen Adams
Objetivos: Realizar atividades voltadas para a conscientização ambiental na semana do
Meio Ambiente.
Público alvo: Crianças, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Diversos.
Desenvolvimento:
- Iniciar uma conversação sobre o meio ambiente, e destacar a importância da data 5 de
junho, Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia.
- Perguntar se sabem o porquê da escolha deste dia para comemorar o Dia Mundial do
Meio Ambiente e da Ecologia. Se não souberem, explicar que a Assembléia Geral das
Nações Unidas decidiu marcar essa data em comemoração a primeira grande conferência
internacional dedicada ao tema de meio ambiente: a Conferência das Nações Unidas
sobre o Desenvolvimento Humano, iniciada em 5 de junho de 1972 , em Estocolmo, Suécia.
- Realizar as atividades listadas abaixo, na medida do possível:
1) Coletar informações de jornais locais sobre o meio ambiente – nesta época a mídia
impressa divulga ações ambientalistas e ecológicas – para montar um álbum coletivo.
2) Realizar uma oficina de sucata, para a construção de maquetes ou brinquedos.
Solicitar que tragam sucata com antecedência.
3) Elaborar com a turma um texto sobre a importância da separação do lixo e criar um
panfleto para ser distribuído na comunidade. Cada criança leva em torno de 5 panfletos
para entregar aos seus vizinhos.
4) Visitar um aterro sanitário, ou lixão.
5) Assistir a um vídeo que trate sobre as questões ambientais.
6) Convidar alguém da área do meio ambiente ou de educação ambiental para conversar
com a turma.
7) Proporcionar um passeio a um ambiente natural.
8) Criar uma música sobre meio ambiente.
9) Propor trabalhos com diferentes técnicas artísticas utilizando a temática Meio
Ambiente e depois fazer uma exposição.
10) Plantar árvores ou fazer canteiros com flores ou hortaliças.
11) Fazer dramatizações referentes ao meio ambiente.
12) Visitar um horto ou parque ecológico.
13) Passear pelos arredores da escola a fim de perceber como anda o ambiente que
circunda a escola.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
14) Realizar uma campanha do agasalho ou de alimentos para favorecer alguma
entidade carente, para promover a solidariedade.
- Ao final das atividades, fazer um fechamento da semana do meio ambiente, ressaltando
que as atividades realizadas podem ser feitas no decorrer do ano letivo, não somente
nesta semana comemorativa. O meio ambiente deve ser lembrado todos os dias.
Sugestão 03 – Oficina de brinquedos com sucata
Berenice Gehlen Adams
Objetivo: Realizar uma oficina de brinquedos com sucata proporcionando uma reflexão
acerca dos produtos que consumimos.
Público alvo: Crianças, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Sucata (solicitar antecipadamente), tesoura, cola, fita adesiva,
canetinhas, tinta.
Desenvolvimento:
- Iniciar uma conversação sobre a sucata que cada participante trouxe para a atividade.
- Pedir que cada um escolha uma das embalagens para falar sobre o produto: preço, tipo
de embalagem, tipo de produto, etc. Pode ser feito um debate a partir das
apresentações, sobre a possibilidade de reciclagem e sobre a importância de diminuirmos
o consumo.
- Após a conversação, colocar toda a sucata no centro da sala e conversar sobre a
elaboração de brinquedos feitos com sucata, salientando que a receita para a construção
do brinquedo é uma só: criatividade. Cada um inventa um brinquedo. O tempo para a
atividade vai depender muito de cada grupo.
- Finalizado os trabalhos, cada um apresenta o brinquedo que criou e o grupo combina o
que poderão fazer com os brinquedos: exposição, dar para crianças da Educação Infantil
da escola...
Algumas dicas de brinquedos: carrinhos, fantoches, objetos, memória, quebra-cabeças,
boliche, maquetes, etc.
Sugestão de dinâmica 04 – Idéia puxa idéia
Berenice Gehlen Adams
Objetivos: Integração, contextualização de temas e percepção da inter-relação de
idéias, a partir de uma brincadeira que culminará em produção de textos.
Público alvo: Crianças, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Quadro ou painel para escrever palavras.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Desenvolvimento:
- Fazer um grande círculo e iniciar uma conversação sobre um dos assuntos: resíduos,
desmatamento, poluição, qualidade de vida, ambiente, água, consumismo, etc. (o assunto
pode ser escolhido pelo grupo ou pelo monitor).
- Após a escolha do tema, debater o porquê da escolha e aprofundar o assunto com
comentários gerais de todo grupo sobre o que pensam do assunto.
- Após a conversação, fazer uma rodada de “idéia puxa idéia”. Cada um deverá dizer uma
palavra que seja relacionada com o assunto em questão. Se o grupo for grande, fazer no
máximo, duas rodadas. Se o grupo for pequeno, fazer várias rodadas. Um objeto pode ser
passado de mão em mão – deixando a atividade mais lúdica - para cada um dizer sua
palavra. Cada palavra é anotada no quadro ou painel.
- Dividir a turma em três ou quatro grupos e solicitar que, utilizando as palavras do
quadro, criem um texto reflexivo sobre o assunto debatido.
- Para finalizar, cada grupo lê o texto produzido para todos.
Sugestão 05 – Análise de objetos quanto a sua
complexidade
Berenice Gehlen Adams
Objetivo: Promover integração, e reflexão sobre contextualização da produção de
objetos, analisando os fatores que influenciam a sua produção.
Público alvo: Crianças com mais de 10 anos, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Cada participante traz de casa um objeto de sua escolha (solicitar
antecipadamente), papel para painel, canetas coloridas.
Desenvolvimento:
- Fazer um grande círculo e iniciar uma conversação sobre os objetos trazidos quanto:
sua significação (pessoal: explicar o porquê da escolha daquele objeto); contextualização
de produção (onde é produzido, como é produzido, do que é feito, de onde vem, qual a sua
utilidade, quantas pessoas foram envolvidas na produção, etc.).
- Após a conversação, fazer uma análise (individual, ou em duplas) dos produtos - objetos
(se sua forma de produção é poluente, se o material é reciclado, se é de muita utilidade,
se é um produto necessário), em forma de texto (cada um faz esta análise do seu
produto).
- Compartilhar a análise com os demais participantes.
- Em um painel, cada participante desenha o seu produto, e o painel fica exposto na sala.
- Finalizar com uma reflexão sobre a atividade.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Sugestão 06 – Criando com objetos naturais e objetos
construídos
Berenice Gehlen Adams
Objetivos: Promover integração e contextualização de objetos quanto a sua origem: se
natural ou construída.
Público alvo: Crianças, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Uma sacola contendo objetos naturais e objetos construídos:
folhas de árvores, frutas, caixas, latas, galhos, pedras, canetas, etc. (Sugiro que tenha a
mesma quantidade de objetos naturais e de objetos construídos. A quantidade total vai
depender do número de participantes, sendo que deverá ter um para cada um).
Desenvolvimento:
- Fazer um grande círculo e iniciar uma conversação sobre objetos naturais e objetos
construídos.
- Após a conversação, deixar passar pelo grupo uma sacola, de onde cada participante
retira um objeto.
- Cada um falará do seu objeto quanto a sua origem, forma, cheiro, se é usado para
alguma coisa, se é liso, grande, colorido, etc.
- Depois, dividir a turma conforme o tipo de objeto: um grupo dos objetos naturais e
outro grupo dos objetos construídos. Cada grupo elaborará um pequeno texto que fale
sobre o conjunto de objetos – podem ser textos poéticos e/ou criativos.
- Finalizar com uma apresentação dos textos elaborados e conversar sobre a atividade.
Sugestão 07- Atividades com poemas
Berenice Gehlen Adams
Objetivos: Promover integração, descontração, reflexão e momentos criativos a partir
de poemas.
Público alvo: Crianças, Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Poemas
Desenvolvimento:
- Dividir a turma em quatro grupos.
- Entregar um poema (abaixo) para cada grupo.
- Cada grupo debate sobre o poema.
- Após o debate, o monitor solicita que inventem uma forma criativa de apresentar o
poema.
- Finalizar com uma apresentação dos grupos e conversar sobre a atividade.
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Poemas para Educação Ambiental Autora: Berenice Gehlen Adams
Separe
Separe, separe, separe o seu lixo
Pois você é cidadão
Que respeita o ambiente.
Separar é muito fácil
Preste muita atenção.
Todo lixo que for de plástico
Vai para o latão
Da cor...
Vermelha.
Separar é muito fácil
Preste muita atenção.
Todo lixo que for de papel
Vai para o latão
Da cor...
Azul.
Separar é muito fácil
Preste muita atenção.
Todo lixo que for de vidro
Vai para o latão
Da cor...
Verde.
Separar é muito fácil
Preste muita atenção.
Todos os restos de alimento
Galhos, folhas naturais
Vão para o latão
Da cor...
Laranja.
Separe, separe, separe o seu lixo
Pois você é cidadão
Que respeita o ambiente.
Vamos ver se você ainda sabe?
Plástico na lata vermelha
Papel na lata azul
Vidro na lata verde
Metal na lata amarela
E na lata laranja vão os
Restos de alimentos, galhos e folhas.
Separe, separe, separe o seu lixo
Pois você é cidadão
Que respeita o ambiente.
Diversidade
Respeitar as diferenças
De raças, culturas e crenças
Traz a paz e união
E amor no coração.
A diversidade é divertida
E muito colorida
Se todos fossem iguais
Nada seria diferente
E de repente
Tudo perderia a sua graça.
Diversidade é variedade
Diferença é distinção
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Eu sou diferente de você
E somos todos irmãos.
A diversidade é divertida
Ninguém é melhor ou pior
Todos têm o seu valor
Criança, adulto, idoso
Homem ou mulher
Negro, branco ou amarelo
Essa é a variedade
Que compõem a humanidade.
Diversidade é variedade
Diferença é distinção
Eu sou diferente de você
Somos todos irmãos.
Respeitar as diferenças
De raças, culturas e crenças
Traz a paz e união
E amor no coração.
Viver para gastar?
Veja como você anda
Só pensa em comprar
Vive para trabalhar
E gastar, gastar, gastar.
Quanto mais você trabalha
Para comprar tudo o que vê
Você esquece do principal
Que é viver, viver, viver.
Você não tem tempo pra nada
Não pode nem se divertir
Você precisa trabalhar
Para ter grana pra comprar.
E a vida vai passando
E você vai trabalhando
Vai consumindo, vai gastando
Vai esquecendo de viver.
Quanto mais você trabalha
Para comprar tudo o que vê
Você esquece do principal
Que é viver, viver, viver.
Sou natureza
Aqui é lugar de ampliar os sentidos
Onde as cores são mais vivas
Os cheiros são mais suaves
Os ruídos ecoam
E vão ao coração
Lugar de magia
Reino dos contos
De duendes e fadas
Sou um cogumelo
Sou um grilo
Sou a libélula que abraça o arbusto
Sou a flor sino a gotejar
O orvalho da madrugada
Sou o lagarto
Que se entrega ao sol
Preguiçosamente
E sou um sapo
Que emerge do açude de carpas
Eu, tão perto de todas as formas de vida
E tão longe preso
Pelas grades da cidade.
Todos os poemas são de autoria de Berenice Gehlen Adams.
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Sugestão 08 – Buscando soluções para problemas
ambientais locais
Berenice Gehlen Adams
Objetivos: Promover momentos de reflexão, integração e criatividade.
Público alvo: Adolescentes e Adultos.
Material necessário: Papel para painel, canetinhas coloridas.
Desenvolvimento:
- Dividir a turma em quatro grupos.
- Apresentar, para cada grupo, a seguinte questão:
Uma comunidade vem enfrentando problemas com o lixo. As pessoas despejam o lixo em terrenos baldios, e, quando chove muito, esse lixo se espalha pelas ruas. Após a chuva é aquele caos. Alguém vem pedir a ajuda de vocês para resolver o problema. O que vocês fariam para ajudar? Discutam e escrevam no painel algumas sugestões para minimizar este problema.
- Cada grupo debate sobre a questão apresentada e elabora uma apresentação, de forma
criativa, no painel (pode ser em cartolina ou papel pardo), as sugestões que encontraram
para amenizar o problema.
- Solicitar que cada grupo apresente e explique o seu painel.
Obs. A questão pode ser substituída por outra que tenha relação direta com a
comunidade com a qual está sendo trabalhada.
Sugestão 09 - O Supermercado e os materiais recicláveis
O Supermercado, local símbolo do consumo, onde as pessoas compram produtos de
necessidade básica e acabam levando produtos supérfluos em função do bombardeio de
promoções, tentações irresistíveis criadas pela publicidade.
Para realização dessa atividade, deve-se formar grupos de alunos para visitas no
supermercado. Um grupo fica encarregado de fazer um levantamento dos produtos que
utilizam embalagem plástica.
O outro grupo fica responsável por verificar se os produtos em spray apresentam
um aviso “não contém CFC” em suas embalagens (produto que destrói a camada de ozônio,
gás que nos protege do excesso de radiação ultravioleta que pode aumentar a ocorrência
de doenças de pele e a produção agrícola promovendo o aquecimento do planeta).
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Após o levantamento dos produtos que utilizam embalagens plásticas, comparar um
produto atual com tempos passados, de forma com que os alunos percebam que o
descarte dessas embalagens no meio ambiente leva muitos anos para se deteriorarem,
interferindo na qualidade ambiental. As indústrias optaram pelo uso de embalagens
plásticas por serem mais baratas, com isso aumentam se os benefícios e socializam os
custos com a população. O grupo do spray apresenta aos demais o resultado do trabalho.
Atividades semelhantes podem ser desenvolvidas com outros produtos como
detergentes (biodegradáveis, ou não), inseticidas (se indicam cuidados com o ambiente).
Também se pode abordar questões relacionadas à exploração dos recursos naturais, como
por exemplo o petróleo, recurso não-renovável e poluente, matéria-prima essencial para
fazer embalagens plásticas.
Sugestão 10 - O lixo gerado na escola
Essa atividade visa fazer um estudo a respeito do lixo gerado na escola, descrever
as suas categorias e identificar formas de redução da quantidade produzida.
Os alunos devem ser divididos em grupos. Cada grupo ficará encarregado de
determinar o tipo e montante, em número ou massa, do lixo produzido. Dentro dos grupos,
alguns alunos se encarregam do lixo orgânico (sobras de alimentos, etc.) e os demais do
lixo inorgânico (papel, vidro, metais, etc.).
Cada grupo deverá apresentar o seu resultado. Ao final, após cada grupo ter
descrito o conteúdo de uma lata de lixo, pode-se estimar o montante de lixo produzido
pela escola, por dia, mês e ano, portanto, ter uma idéia do desperdício e o total dos
resíduos produzidos.
Um aspecto importante dessa atividade é estimular, na discussão, a busca de
alternativas para diminuição da produção do lixo, considerando os aspectos tecnológicos e
comportamentais. De forma abrangente, pode-se enfocar os problemas produzidos por
resíduos sólidos, os benefícios da coleta seletiva e a reciclagem. Como complemento
dessa atividade pode ser feita uma visita a unidade de compostagem ou de reciclagem.
Referência Bibliográfica: DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992.
Colaboração: Juliana da Costa Miranda, aluna regular do Curso de Licenciatura em Geografia
[noturno], IGCE/UNESP, campus de Rio Claro.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
CAPÍTULO III
O QUE SÃO AS MATAS CILIARES?
Para a legislação brasileira o termo mata ciliar significa qualquer formação
florestal ocorrente nas margens de cursos d’água.
Você sabia que as Matas Ciliares são consideradas uma
Área de Preservação Permanente, as APP’s???
Como assim, Área de Preservação Permanente???? O que
significa isso???
As APP’s são áreas de grande importância ecológica e social, que têm a função de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o
Matas Ciliares
São florestas ou outros tipos de cobertura
vegetal nativa que ficam às margens de rios,
igarapés, lagos, lagoas, olho d’água, nascente e
represa, responsáveis pela qualidade da água. O
nome “mata ciliar” vem do fato de serem tão
importantes para a proteção de rios e lagos como
são os cílios para nossos olhos.
Mata Ciliar no Rio formoso
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações
humanas.
O Art. 2º do Código Florestal considera de preservação permanente, as seguintes
áreas cobertas ou não por vegetação nativa, localizadas nas áreas rurais e urbanas:
Ao longo de cada lado dos rios ou de outro qualquer curso de água (Matas
Ciliares), em faixa marginal, cuja largura mínima deverá ser:
O de 30 metros para os cursos de água de menos de 10 metros de largura;
O de 50 metros para os cursos de água que tenham de 10 a 50 metros de
largura;
O de 100 metros para os cursos de água que tenham de 50 a 200 metros de
largura;
O de 200 metros para os cursos de água que tenham de 200 a 600 metros
de largura;
O de 500 metros para os cursos de água que tenham largura superior a 600
metros;
Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de água naturais ou artificiais;
Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer
que seja a situação topográfica, num raio mínimo de 50 metros de largura
No topo de morros, montes, montanhas e serras;
Nas encostas ou parte destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100%
na linha de maior declive;
Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadores de mangues;
Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em
faixa nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais;
Em altitudes superiores a 1.800 metros, qualquer que seja a
vegetação.
Em Bonito, conforme a Lei Orgânica “Fica proibido
o desmatamento, a descaracterização e qualquer outro
tipo de degradação ao meio ambiente no trecho de
cinqüenta metros das margens de todos os rios e
mananciais do Município”.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
No Estado de Mato Grosso do Sul existe uma série de Leis, Decretos e Resoluções
que auxiliam na proteção das matas ciliares. As principais leis ambientais de Mato Grosso
do Sul de proteção às áreas ripárias são: Lei nº 1.871/98 (Estabelece a forma de
conservação da natureza, proteção do meio ambiente e defesa das margens nas áreas
contíguas aos rios da Prata e Formoso), Lei nº 2.043/99 (Dispõe sobre a apresentação de
projetos de manejo e conservação de solos e dá outras providências), Lei nº 2.223/01
(Responsabiliza os proprietários e arredantários de imóveis rural e urbano, pela poluição
hídrica dos rios-cênicos, e dá outras providências) e o Decreto nº 11.408/03 (Disciplina o
licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades localizados nas áreas de
preservação permanente, e dá outras providências).
No município de Bonito, no Art 1º da Lei Municipal Nº 989/2003 o Rio Formoso é
considerado um rio cênico, aplicando-se a proteção ambiental prevista nas Leis Estaduais
Nº 2.223/01 e Nº 1.871/98. O Art. 1º desta lei considera como Faixa de Proteção
Especial um trecho de 300 metros de largura, sendo 150 metros em cada margem dos
rios da Prata, Formoso e seus afluentes. As atividades que podem ser desenvolvidas
nestas áreas, segundo o § 1º do Art 2º são o ecoturismo, a pecuária e a apicultura.
Portanto, ainda de acordo com esta Lei, a agricultura só pode ser implantada fora da
faixa dos 150 metros estabelecidos, e obrigatoriamente ter curvas de nível com
dimensionamento feito por profissional habilitado (Art 7º). Segundo o Art 4º da Lei
Municipal Nº 396/86, cabe aos proprietários a recomposição e o reflorestamento da
faixa mínima de vegetação permanente de que trata a Legislação Federal. O não
cumprimento destas medidas pode enquadrar-se na Lei de Crimes Ambientais (Nº
9.605/98 e Decreto Nº 3.179/99).
E QUAL É A IMPORTÂNCIA DA MATA CILIAR AO LONGO DAS
MARGENS DE UM RIO?
Infelizmente, mesmo estando protegidas por legislação federal e municipal, as
Matas Ciliares vêm sendo progressivamente alteradas, chegando a ser destruídas. Elas
atuam como barreira física, regulando os processos de trocas de nutrientes entre os
sistemas terrestre e aquático e impedindo que a terra desbarranque, evitando-se o
chamado “assoreamento” (obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um
estuário, rio ou canal. Pode ser causador de redução da correnteza. No Brasil é a maior
causa de morte de rios, devido à redução de profundidade). Se não houver essa proteção,
fatalmente ocorrerá o fim da água, pois haverá o aterramento dos rios.
A presença das Matas Ciliares também reduz significativamente a possibilidade de
contaminação dos cursos d’água por sedimentos, resíduos de adubos, defensivos
agrícolas, conduzidos pelo escoamento superficial da água no terreno, desempenhando o
papel de filtro.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Explicando um pouco melhor...
Em primeiro lugar, pode-se afirmar que as raízes das árvores ajudam a fixar o solo
junto às margens, dificultando o desmoronamento dessas margens para dentro do rio, o
que irá assoreá-lo, o que é ruim, pois ficará
prejudicada a biota do rio, em especial a do
fundo, além de “enterrá-lo”;
A mata ciliar funciona, também, como uma
espécie de barreira, segurando materiais
terrosos que chegam com as chuvas (enxurradas)
e com isso impede ou dificulta o assoreamento do
curso d’água. Essa barragem pode estar
segurando também toda espécie de materiais
estranhos que irão afetar a qualidade das águas
do rio, como os excessos de adubo e agrotóxicos
utilizados na lavoura e outros lixos;
Promovem a integração com a superfície da
água, proporcionando cobertura e alimentação para peixes e outros componentes da
fauna aquática;
Através de suas copas, interceptam e
absorvem a radiação solar, contribuindo para a
estabilidade térmica dos pequenos cursos d’água;
As sementes das árvores servem de alimento
para os peixes do rio e fazem aparecer uma avifauna,
isto é, as aves encontram ali moradia (árvores) e
riqueza de alimentação para, também, cumprir o seu
papel de semear outros sítios, longe dali, através de
seus dejetos com sementes;
As matas ciliares cumprem a importante
função de corredores para a fauna, pois permitem que animais silvestres possam
deslocar-se de uma região para outra, tanto em busca de alimentos como para fins de
acasalamento.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
É por tudo isso que devem ser coibidos, e existem leis para isso, os aterros das
margens, as construções ribeirinhas, os depósitos de lixo e a estocagem de matérias
primas e produtos nessas margens.
Vamos fazer a nossa parte,
protegendo as matas ciliares da
região!!!
E quais são as causas da degradação das matas ciliares???
As pastagens é a principal razão da destruição das matas ciliares. A maior umidade
das várzeas e a beira dos rios permitem melhor desenvolvimento de pastagens na estação
da seca e, por essa razão, os fazendeiros recorrem a essa opção mais simples;
O desmatamento é outra causa. Alguns produtores rurais
desmatam para que os igarapés aumentem a produção de água no período
de estiagem. Esta realidade deve-se ao fato de as árvores deixarem de
“bombear” água usada na transpiração das plantas. Contudo pesquisas
mostram que esta prática, com o tempo, tem efeito contrário, pois com a ausência da
mata ciliar ocorre o rebaixamento do nível do lençol freático (de água);
As queimadas, utilizadas como prática agropecuária para renovação de pastagens
ou limpeza da terra, aparecem como causas de degradação. O efeito das queimadas leva
ao empobrecimento progressivo do solo.
Assim, os solos sem cobertura florestal reduzem
drasticamente sua capacidade de retenção de água de chuva,
causando duas conseqüências gravíssimas:
A primeira que é imediata resulta nas enchentes;
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
A segunda de médio prazo, em vez de infiltrar no solo, á água escoa sobre a
superfície formando enormes enxurradas que não permitem o bom abastecimento do
lençol freático, promovendo a diminuição da água armazenada. Com isso, reduzem-se as
nascentes. As conseqüências do rebaixamento do lençol freático não se limitam as
nascentes, mas se estendem aos córregos, rios e riachos abastecidos por ela. As
enxurradas, por sua vez carregam partículas do solo iniciando o processo de erosão. Se
não controladas, evoluem facilmente para as temidas voçorocas. A voçoroca é formada
pela combinação de processo de erosão e demonstram um desequilíbrio do ambiente.
A Mata Ciliar e a Diversidade de espécies vegetais...
O processo de desmatamento tem levado à fragmentação das florestas e à
extinção de espécies animais e vegetais. A fragmentação ocorre quando uma grande
extensão de habitats é transformada em numerosas manchas menores, com áreas totais
pequenas e isolada uma das outras.
A Mata Ciliar é extremamente complexa e sua dinâmica está assentada na
interação planta x animal. Os animais são responsáveis pela manutenção das diferentes
espécies de plantas nos ecossistemas, através de sua participação nos processos de
polinização e dispersão de sementes.
A polinização é a transferência do pólen da flor de uma árvore para outra árvore
da mesma espécie. Para o perfeito funcionamento desse processo, as plantas
desenvolveram atrativos nas flores para os animais. Insetos, pássaros e morcegos, ao se
alimentarem e visitarem diversas flores executam o processo de polinização na Mata
Ciliar.
Aproximadamente 95% das espécies arbóreas têm como polinizadores esses
animais. A dispersão é o transporte e distribuição das sementes pelos animais e pelo
vento, tendo influência direta na estrutura da mata. Os animais enterram, regurgitam ou
defecam as sementes, que vão fornecer novos indivíduos.
Uma das principais características da Mata Ciliar é o fato de as espécies
apresentarem poucos indivíduos por unidade de área. Essa característica permite a alta
diversidade de espécies nessas florestas: em 1,0 ha podem ocorrer mais de 200 espécies
arbóreas diferentes. Essa diversidade pode ser reduzida pelas modificações causadas
pelo processo de fragmentação e sua recuperação e manutenção são promovidas através
de práticas de revegetação e proteção ambiental das áreas. No processo de revegetação,
deve-se levar em conta que tanto a alta diversidade como os polinizadores e dispersores
devem estar presentes para assegurar a continuidade da mata no futuro.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Dinâmica da Mata Ciliar...
A dinâmica da Mata Ciliar é o processo pelo qual as espécies se regeneram e se
desenvolvem naturalmente. Isso se dá através da queda das árvores, provocando a
formação de clareiras de diferentes tamanhos, que são ocupadas por novos indivíduos de
diferentes espécies. A variação das clareiras no espaço e no tempo dá origem a um
mosaico de diferentes estágios sucessionais.
O fator principal que influencia a colonização das clareiras é a luz. Algumas
espécies são bastante tolerantes à sombra e têm seu crescimento inibido quando
expostas a níveis elevados de luz. Outras espécies adaptam-se à plena luz, enquanto
outro grupo exige luz somente num estágio de seu ciclo de vida. Diferentes tamanhos e
formas de clareiras produzem situações diversas de micro clima, possibilitando que
diferentes grupos de espécies se estabeleçam.
As espécies da Mata Ciliar e os grupos ecológicos...
A separação das espécies arbóreas em grupos ecológicos é uma maneira de
possibilitar o manuseio do grande número de espécies da floresta tropical, mediante seu
agrupamento por funções semelhantes e de acordo com as exigências. Diferentes
critérios para a classificação das espécies têm sido utilizados, com base principalmente
na resposta à luz das clareiras ou ao sombreamento do dossel.
As diferentes classificações compreendem três grupos...
O primeiro grande grupo, que é o das pioneiras, têm rápido crescimento, germinam
e se desenvolvem a pleno sol, produzem precocemente muitas sementes pequenas,
normalmente com dormência, as quais são predominantemente dispersadas por animais.
São também denominadas de especialistas de grandes clareiras (> 200m2). Na Mata
Ciliar, ocorrem em pequeno número de espécies, com um grande número de indivíduos.
As principais espécies arbóreas pioneiras que ocorrem em Bonito e que têm sido
utilizadas em plantios de florestas de proteção são: Açoita-cavalo (Luehea grandiflora),
Angelim-liso (Andira inermis), Angico-branco (Anadanthera colubrina), Aroeira-
pimenteira (Schinus terebinthifolius), Canafístula (Peltophorum dubium), Canela-preta
(Ocotea pulchella), Canjerana (Cabralea canjerana), Embaúba (Cecropia pachystachya),
Embira-de-sapo (Lonchocarpus muehlbergianus), Farinha-seca (Albizia hassleri), Ingá-
feijão (Inga marginata), Jaracatiá (Jacaratia spinosa), Jerivá (Syagurs romanzoffiana),
Bocaiúva (Acrocomia aculeata), Sangra-d’água (Cróton urucurana), Tamboril
(Enterolobium contortisiliquum) e Tarumã (Vitex megapotamica); dentre outras.
O segundo grande grupo, que é o das climácicas, têm crescimento lento, germinam
e se desenvolvem à sombra e produzem sementes grandes, normalmente sem dormência.
São denominadas também tolerantes, ocorrendo no sub-bosque ou no dossel da mata. As
espécies deste grupo ocorrem também em pequeno número, com médias e altas
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
densidades de indivíduos. São espécies características do grupo das climácicas em nosso
município as seguintes: Cabreúva (Myroxylon peruiferum), Figueira (Ficus citrifolia),
Guanandi (Calophyllum brasiliensis), Jatobá (Hymenaea courbaril), Genipapo (Genipa americana) e Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron); dentre outras.
Entre esse dois grupos, Pioneiras e Climácicas, está a maioria das espécies,
classificadas como o grupo das secundárias, também denominadas de especialistas de
pequenas clareiras, oportunistas, nômades ou intermediárias. Essas espécies apresentam,
como principal característica, a capacidade de suas sementes germinarem à sombra, mas
requerendo a presença da luz para seu desenvolvimento. São espécies características do
dossel ou do estado emergente. Na Mata Ciliar, ocorrem em grande número de indivíduos
por área. São as secundárias as responsáveis pela alta diversidade dessas matas. Neste
grupo destacam-se, dentre outras, as espécies Aguaí (Chrysophyllum marginatum),
Amendoim-do-campo (Pterogyne nitens), Chá-de-bugre (Cordia sellowiana), Espeteiro
(Casearia gossypiosperma), Guaritá (Astronium graveolens), Ipê-amarelo-casca-lisa
(Tabebuia vellosoi), Marinheiro (Guarea guidonia), Paineira (Chorisia speciosa) e Pindaíva
(Duguetia lanceolata).
As matas ciliares e os animais da região de Bonito...
As Matas Ciliares podem apresentar uma fauna muito diversificada, composta
principalmente por vários grupos de insetos aquáticos, peixes, crustáceos e oligoquetas
(minhocas), principalmente porque, além dos recursos alimentares disponíveis, este
subsistema apresenta uma vegetação densa e de difícil acesso, tornando-o um importante
refúgio para a fauna, que conta ainda com a água em caso de fuga. Nas Matas Ciliares da
região de Bonito pode-se encontrar o maior mamífero do Brasil, a anta
(Tapirus terrestris), bem como a paca (Agouti paca), de hábitos
noturnos e, a cotia (Dasyprocta azarae), de hábitos diurnos e por isso
mais frequentemente observada.
Aparentemente as espécies frugívoras e herbívoras como:
antas, veados, porco-do-mato, e roedores de grande porte,
desempenham um papel importante na manutenção da diversidade de
árvores através da dispersão de sementes e da predação. Também nas Matas Ciliares
vivem pequenas comunidades de macaco-prego (Cebus apella) e quati
(Nasua nasua).
Não podemos deixar de mencionar que a fauna
presente nas Matas Ciliares na Bacia do Rio Formoso
também está representada por várias espécies ameaçadas
de extinção, como a onça-pintada e a onça-parda, a
jaguatirica, os gatos-do-mato, o tamanduá-bandeira, o veado-campeiro, a
lontra e a ariranha.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Dentre as aves, destacam-se as araras, papagaios, tucanos,
dentre outros. São conhecidas até o momento, nesta
região, mais de 340 espécies de aves, 60 mamíferos
e 50 espécies de peixes.
Já a Herpetofauna (répteis), de um modo geral,
tem baixos níveis de diversidade de espécies e endemismo. E, a
Anurofauna (anfíbios), permanece pouco conhecida.
Impactos decorrentes do mau uso das matas ciliares...
A remoção das matas ciliares e o uso de suas terras para atividade econômica mais
impactante podem ter diversas conseqüências graves ao proprietário rural e ao meio
ambiente. Vejamos algumas:
O solo desprotegido fica exposto a ação das águas da chuva, propiciando a
lixiviação das camadas superficiais do solo, com conseqüência remoção dos nutrientes
fundamentais ao crescimento de diversas espécies vegetais. Em outras palavras, o solo
acaba desprotegido e seu uso inviabilizado, ocasionando prejuízo ao proprietário da área
degradada:
A erosão acaba causando o assoreamento do leito do rio, diminuindo sua
profundidade e seu traçado, alterando todo seu regime original de água;
Como já foi falado, a mata ciliar funciona como um “filtro” de substância que
ocorrem pela superfície junta com as águas pluviais, antes de chegarem ao leito dos rios.
Sua remoção pode ocasionar a contaminação dos cursos de água por defensivos agrícolas
e outras substâncias tóxicas utilizadas nas lavouras ou outras atividades;
A intensa turvação das águas, decorrente do processo erosivo, prejudica as
espécies animais e vegetais que vivem no rio, como exemplo, os peixes que utilizam da
visibilidade para localizar os alimentos;
A água turva prejudica ainda o uso dos cursos d’ água em atividades turísticas,
fator que deve ser especialmente considerada em uma
região onde esta é uma das principais fontes de renda e
geração de empregos, como é o caso de Bonito;
A ausência de mata ciliar elimina o efeito esponja,
fazendo com que os rios encham e sequem muito
rapidamente de acordo com os índices pluviométricos.
Conseqüentemente, o volume de água que desce o rio
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
durante uma forte chuva é muito maior do que o normal, ocasionando problemas como,
queda de barrancos e árvores, enchentes e eventuais quebra/queda de formação rochosa
sob cachoeiras. Por outro lado, na estação seca a ausência de mata faz com que o volume
de água no rio fique muito abaixo do desejável, ocasionado falta de água para as
comunidades e a vida selvagem que dependem destes cursos de água para sua
sobrevivência.
Nesse sentido, é muito importante que a população urbana e,
principalmente rural, se conscientize que não podem intervir na mata
ciliar. A derrubada de arvores nativas, isto é, naturais do Brasil,
também é proibida, mas no caso de área de proteção permanente (APP),
como a mata ciliar, mesmo árvores exóticas não podem ser derrubadas.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Sugestões de Atividades Sensibilizadoras – Tema “Matas
Ciliares”
Sugestão 01 – Discussão sobre matas ciliares
Sugestão 02 – A fonte da vida
A conscientização do uso da água, como instrumento de equilíbrio para a qualidade
de vida, pretende alcançar alunos com tempo previsto de uma etapa.
O projeto inicia-se com o estudo de meio com visita ao córrego Bonito.
O roteiro é traçado de forma que o aluno seja orientado a observar o percurso
desde a saída da escola até o retorno à unidade.
Os registros são anotados em um formulário ou uma planilha para facilitar a
colocação dos dados que posteriormente serão discutidos em sala para comparar os
diferentes níveis de observação de cada aluno buscando um consenso para finalizar uma
produção do grupo.
Sensibilização dos alunos das demais séries:
Estudo do meio “in loco”.
o Visita ao córrego Bonito.
Estudos comparativos:
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
o Córrego Bonito x Rio Formoso.
Observação para posterior relato:
o Paisagem no córrego.
o Paisagem urbana.
Observação de características e funções da mata ciliar.
Produção de texto:
o Os alunos devem redigir um texto cujo tema é fundamentado na história do
Córrego Bonito. O trabalho pode ser realizado em grupo ou de forma
individual.
Seminário
o A classe dividida em dois ou três grupos deve apresentar todas as
produções e registros, referentes ao estudo do meio.
Exposição das atividades sobre o estudo do meio.
Sugestão 03 – Benefícios prestados pelos ecossistemas
Todos os temas são trabalhados a partir de conceitos. Nesta primeira parte,
tratamos dos serviços ecossistêmicos oferecidos pela natureza. O ponto de partida para
o uso destas atividades é fazer com que cada aluno perceba a realidade a sua volta.
Objetivo Geral das Atividades: Demonstrar a interdependência ser humano x ambiente
natural.
A) Pesquisa e debate
Material: Papel, lápis ou caneta.
Procedimento: Solicite aos alunos uma pesquisa escrita sobre quais espécies da fauna e
da flora habitam o entorno da escola e as localidades próximas às suas residências. De
posse dos resultados, realize debates sobre a importância de cada espécie na
manutenção da sustentabilidade da região e do planeta.
B) Reflexão e debate
Material: Papel, cartolina ou papel cartão, lápis ou caneta.
Procedimento: Trabalhe a importância das Unidades de conservação e áreas de
preservação. Peça que a turma, dividida em grupos e munida de papel de desenho,
cartolina ou cartão, lápis preto e colorido, desenhe as áreas de preservação existentes
nas proximidades da escola. Questione as condições ambientais das áreas que estão no
seu entorno.
- O que tem a sua volta sofre alguma pressão?
- No entorno das áreas de preservação no seu município têm potencial para
assentamentos ou invasões?
- Faça cada aluno perceber sua comunidade local buscando em conjunto as alternativas
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
de mudanças.
C) Visita senso perceptiva
Material: Papel de desenho, lápis de cor, canetinha ou caneta para anotações,
alimentação/lanche.
Procedimento: Realize passeios nas áreas que fazem limite com a escola para que eles
percebam a vegetação, sintam a temperatura, a umidade do ar e percebam as diferenças
de formas, cores e espécies. Questione as relações observadas a sua volta: o equilíbrio, a
harmonia, as dependências e a conectividade.
D) Trilha senso perceptiva
Material: Segue abaixo instruções para o tema
Procedimento: Crie trilhas senso-perceptivas dentro da escola para desenvolver a
percepção das pessoas e aumentar sua sensibilidade através de todos os sentidos –
audição, olfato, tato, paladar, visão e outros. É importante ressaltar que a trilha deve ser
totalmente coberta, podendo ser montada, inclusive, em uma sala fechada, fazendo
ziguezagues pelo espaço interior. Toda a trilha deve estar camuflada, não só a entrada.
Usar cortina preta, lençol escuro, colcha de pano, tapume ou outro obstáculo visual
qualquer.
Instruções para criação de uma trilha senso-perceptiva/Trilha da Vida:
Material:
- Peça ao viveiro municipal ou a algum parceiro, mudas de espécies nativas.
- Encha uma bacia ou uma caixa d’água pequena ou qualquer outro recipiente com água,
instalando algum dispositivo que a faça jorrar dando idéia de uma nascente ou pequena
cachoeira.
- Utilize areia e gramíneas para fazer diferença de piso: primeiro areia, posteriormente
gramíneas.
- Separe algumas caixas vazias de verdura, ou de outro tipo, em número suficiente para
margear toda a trilha. Coloque-as dispostas nas laterais, duas a duas, uma sobre a outra.
- Em cada caixa de cima, alterne com mudas de plantas nativas, exóticas (não nativa da
região), objetos usados pelos seres humanos, formas que representem os animais (pode
usar bichos de pelúcia) para causar sensações e reações nas pessoas que passarem pela
trilha.
- Toda a trilha deverá ser interligada por uma corda (ou barbante) esticada e antes de
cada dupla de caixas, deve haver um nó indicando um novo acontecimento: água ou plantas
nativas ou plantas exóticas ou objetos utilizados pelo ser humano (Ex. telefone velho,
pneu, etc).
- Dois professores ou voluntários deverão ficar no interior da trilha para apoio, caso
necessário, pois os alunos estarão com seus olhos vendados. No final da trilha, cada
participante deverá tirar a venda se surpreendendo com a própria imagem refletida em
um espelho à sua frente.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
- Após o exercício da trilha, cada participante deverá desenhar o caminho que fez e o que
percebeu. O desenho deve ser feito sem que o participante possa conferir a trilha.
- Finalmente solicitar que o grupo fique em círculos e sugerir que realize relatos das
percepções adquiridas no interior da trilha.
Esquema exemplo para construção da trilha dentro de uma sala fechada.
Legenda:
= caixas com plantas, bacias com água
= nós
= corda
Sugestão 04 – Água limpa
A) Material: Bacia, garrafa pet, balde e canecos. Pedaços de pano e papel, terra,
tampinhas de garrafa, etc.
Procedimento: Experimente colocar bacias, garrafas e jarras com água limpa e potável e
faça os alunos beberem usando canecos ou copos. Depois comece colocando algum tipo de
refresco em pó (de pacote) sugerindo ser algum tipo químico de poluição. Mande repetir a
beberagem. A seguir, coloque no recipiente, gradativamente, objetos como pedaços de
pano, guardanapos, lápis, borrachas, ou até mesmo terra representando todo tipo de
rejeitos que os seres humanos jogam nos rios e águas. Mande beber ou se lavar nesse
resultado.
Anote as reações. Realize um debate em sala. Faça um relatório.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
B) Reflexão e debate
Material: Papel, lápis ou caneta para anotações.
Procedimento: Escrever a frase abaixo no quadro negro e provocar reflexão e debate.
“Todos têm direito à vida, não importa a raça ou a cultura. A diversidade cultural é
bonita. Todos os tipos de discriminação devem acabar.” 5º Princípio dos Protetores da
Vida.
C) Erosão
Material: 2 caixas de papelão, tesoura, 2 pedaços de plástico do tamanho das caixas, 1
jarra com água, terra, placa de grama ou capim.
Procedimento: Cortar as laterais de duas caixas em forma de V, colocar sobre cada
caixa um dos pedaços de plástico. Recobrir o plástico da primeira caixa somente com
terra e o plástico da segunda caixa com uma placa de grama. Despejar com uma jarra
certa quantidade de água sobre ambas as caixas e avaliar o efeito que a enxurrada
provoca sobre um solo com cobertura e outro sem cobertura vegetal. Fazer anotações,
debater e elaborar relatório sobre os efeitos provocados pela enxurrada.
- O que provoca a erosão?
- Avaliar a importância de não deixar o solo descoberto;
- Estudar diferentes tipos de solo;
- Mapear as áreas de risco do município;
- Estudar diferentes formas de agricultura.
Sugestão 05 – Indigestão de um curso d’água
Do que precisaremos
Aparelho de som ou apito, sucatas, como jornais amassados, garrafas e sacolas de
plástico, embalagens de papel, latas, ilustrações com cenas de utilização e consumo dos
recursos naturais, pedaços de papelão de diferentes tamanhos, pintados de azul para
representar a água, marrom para a terra, verde para as áreas verdes, cinza para as
cidades. Como substitutos: folhas de papel, marcação no chão com giz ou graveto, cordas
em forma de círculo; apito e desenhos feitos pelos participantes.
Por onde começar
Escolheremos uma área livre ou a sala de aula. Pintaremos os papelões e
produziremos as ilustrações com recortes de revistas ou desenhos, colando-as nas faces
coloridas de verde, azul, marrom e cinza. Reuniremos os participantes num grande círculo
e, no meio, espalharemos os papelões de tamanhos variados com as faces coloridas
voltadas para cima. Explicaremos o objetivo da atividade: todos devem terminar o jogo
em cima dos papelões coloridos que sobrarem. Fazer a comparação com a dança das
cadeiras: as pessoas que ficam sem assento saem da brincadeira. Aqui, retiraremos os
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
papelões, mas todos permanecerão até o fim, ocupando os espaços que sobrarem. Caso
seja possível, sugerimos que todos tirem os sapatos.
Como proceder
Ao som de uma música, os participantes dançam em volta dos papelões. Quando a
música pára, todos ocupam os papelões disponíveis, ficando em pé, com todo o corpo
dentro de um pedaço de papelão. A música toca novamente e todos saem para dançar.
Sem música, contaremos uma história e retiraremos alguns papelões e a dança continua
até a próxima parada da música. Os participantes repetem o exercício, tentando
encontrar os espaços disponíveis. Com a diminuição do espaço, basta colocar uma parte do
corpo, encostada no papelão, nem que seja a ponta do dedo do pé. Perguntar no decorrer
da atividade: Há espaço para todo mundo? Está confortável para todos? Forneceremos as
sucatas e as figuras que representem os usos da água e do meio ambiente para que as
pessoas segurem. Quando a música pára, quem está com o lixo deve apoiá-lo no papelão,
diminuindo o espaço disponível para as pessoas. O jogo prossegue, diminuindo
gradativamente os papelões, até sobrar um único papelão, dificultando, assim, o espaço a
ser ocupado pelas pessoas. Lembrar que junto estarão suas necessidades de uso do
Planeta e a disposição do lixo gerado. Após a descontração, reunimos o grupo para
verificar as impressões. Os papelões representam os recursos naturais do Planeta, como
a água. Pessoas usam a água como se a tivéssemos em abundância e diminuem a qualidade
dos recursos hídricos pela poluição.
Compararemos o que acontece a um rio, quando são lançados o lixo, o esgoto
doméstico e industrial e o solo carregado pela erosão. O rio sofre e sente-se pesado,
cansado, assim como quando comemos demais. Poderemos caracterizar este processo
como uma indigestão. É o ponto de colapso do rio, quando ele acaba morrendo e não gera
mais vida.
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Sugestão 06 – A ciranda do equilíbrio
O nosso desafio
Em 1854, o chefe indígena Seatle dizia em carta ao presidente dos EUA: “Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, como o sangue une uma família. Há uma ligação em tudo.” Os elementos da natureza
funcionam como um sistema integrado de interrelações. Qualquer alteração afeta a
condição de vida na Terra. Manter o equilíbrio é um grande desafio que exige o
envolvimento de todos.
Do que precisaremos
Sacos de lixo, etiquetas adesivas ou crachás com desenhos representativos de formas de
água, de pessoas e animais de diversas origens, de árvores e outros elementos da
vegetação.
Por onde começar
Iremos elaborar as etiquetas de identificação, representando, com desenhos ou
gravuras, os elementos da natureza da região (manguezais, rios, cachoeiras, igarapés).
Escolheremos uma área livre de obstáculos para formar um grande círculo com os
participantes. Colocaremos uma etiqueta em cada participante, intercalando, em alguns
momentos, os elementos. Por exemplo: árvore, pessoa, animal, árvore, árvore, água, água,
árvore, pessoa, animal, e assim por diante.
Como proceder
Ensaiar os refrões da música, antes de iniciar a ciranda. Explicaremos aos participantes
que a brincadeira irá acontecer por etapas.
1ª Etapa:
Os participantes, de mãos dadas, fecham os olhos e começam a rodar, pausadamente,
cantando a música no ritmo da conhecida canção infantil Ciranda, cirandinha.
Na ciranda o equilíbrio estamos sempre a manter
Faço tudo com cuidado para o rio não sofrer.
Água limpa pra viver, vamos sempre precisar
Cuido sempre do planeta para a vida renovar.
Ao término da canção vamos parar a roda e pedir que todos abram os olhos e vejam o que
aconteceu. Explicaremos que, com a ajuda dos outros, ainda continuamos a formar uma
roda. Em seguida, diremos que com o aumento da população, nas regiões próximas aos
rios, as matas ciliares foram cortadas para a construção de moradias e para a
agricultura. Poderemos retirar, do círculo, algumas árvores representantes da mata
ciliar. Os participantes fecham os olhos e rodam novamente, sem que os elos cortados
dêem as mãos, cantando desta vez:
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Na ciranda o equilíbrio está perto de perder
Com as nossas atitudes, até rio pode morrer.
Jogo lixo, corto a mata, faço tudo sem pensar
Mas no fim a conseqüência todos vão vivenciar
Vamos parar a roda, pedir para abrirem os olhos e perguntar:
– O que aconteceu? O círculo continua igual? O círculo não está mais perfeito. Já
estamos alterando o seu equilíbrio.
Nesta etapa, entregaremos “lixos” para alguns representantes da água e
pediremos que os segurem com as duas mãos. A água foi se tornando poluída, pesada,
cansada, como se estivesse com indigestão. Questionar:
– Como vocês ficam quando comem muito? Dá uma moleza, um cansaço e uma dor de
cabeça. Os rios também sentem as conseqüências dos resíduos que jogamos neles.
Pedir que fechem os olhos e rodem novamente, cantando a mesma canção. Ao parar
a roda, pediremos que abram os olhos e mostraremos o que aconteceu com o círculo, sem
a mata ciliar e com a água poluída. Nesse momento, algumas pessoas e animais estarão
sozinhos e dispersos. Não existe mais a relação de equilíbrio e integração entre o ser
humano, os animais, as matas e os recursos naturais. Com as águas contaminadas e poucas
árvores, algumas pessoas e animais ficarão doentes. Alguns prostrados no chão, outros
acabarão por morrer, indo todos para fora do círculo. Pediremos que fechem os olhos
novamente e rodem, sem que os elos dêem as mãos. Cantar:
Na ciranda o equilíbrio está perto de acabar
Com a água poluída todo mundo vai sofrer
O que eu fiz, não me preocupo em a vida renovar
Com as nossas atitudes até gente vai morrer.
Quando a roda parar, solicitaremos que abram os
olhos e concluam o que aconteceu com o círculo. Cada
participante deve ser estimulado a relatar suas
sensações.
2ª Etapa:
Reconstruiremos, aos poucos, o círculo, retirando o lixo da água, recompondo a mata
ciliar. Com alguns elos formados novamente, os animais e pessoas conseguirão obter novas
condições de vida e voltarão ao círculo. Ao fazermos a ciranda rodar, os participantes
irão sentir novamente o equilíbrio. É importante ouvir a sensação dos que participam, a
cada etapa executada, e construir o conhecimento no final da atividade a partir das
vivências do grupo.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Para ir mais além
Podemos conversar sobre os elementos importantes para a manutenção do
equilíbrio e da vida de todos. Assim como a falta da mata ciliar pode influenciar na
manutenção dos recursos hídricos, as nossas atitudes podem influenciar a falta de
qualidade da água. Refletiremos sobre a realidade local, discutindo as necessidades do
meio ambiente, sociais e econômicas. Que atitudes e comportamentos devem ser
mudados? Alternativas e soluções para prevenir e diminuir os problemas ambientais e
sociais que afetam o equilíbrio e a qualidade de vida. Em alguns casos, a situação está tão
alterada que é quase impossível termos de volta o ambiente original. Como evitar uma
situação como essa?
Como trabalhar em nossa comunidade
Atividades que utilizam representação visual, música e sensações são grandes aliadas
para trabalhar conteúdos técnicos com escolas e comunidades. Escolher uma situação ou
região onde está ocorrendo um risco de desequilíbrio ambiental e criar letras de cirandas
de acordo com a sua realidade.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
CAPÍTULO IV
PLANETA TERRA OU PLANETA ÁGUA?
Visto de fora, o planeta Terra deveria chamar-se Água, com algumas "ilhas" de
terra firme, pois cerca de 60% de sua superfície são representadas pelos vastos
oceanos. Estimam-se em cerca de 1,4 bilhões de quilômetros cúbicos o volume total de
água na Terra (70%.)
Mas quase toda a água do planeta está concentrada nos oceanos (97%). Apenas
uma pequena fração (menos de 3%) está em forma de rios e lagos e a maior parte desta,
está sob forma de gelo ou neve ou abaixo da superfície (água subterrânea). Só uma
fração muito pequena (cerca de 1%) de toda a água terrestre está diretamente disponível
ao homem e aos outros organismos, sob a forma de lagos e rios, ou como umidade
presente no solo, na atmosfera e como componente dos mais diversos organismos.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Ok! mas o que é Água???
Esta parte da apostila pode parecer meio absurda, pois todo
mundo sabe o que é água. Todo mundo já bebeu água, já utilizou para
alguma coisa.
Bem, a água é uma substância líquida, incolor, inodora e insípida, essencial a todas
as formas de vida, composto por um conjunto de moléculas chamadas H2O. Essas
moléculas são formadas de dois átomos de hidrogênio
(H2) e um átomo de oxigênio (O).
A água surgiu no decurso de reações químicas que
tiveram lugar no nosso planeta durante as primeiras
fases da sua formação. A camada gasosa que rodeia a
Terra apareceu como resultado, entre outros fatores, das
reações químicas provocadas pelo aparecimento
na sua superfície de um novo composto, isto é a água.
Foi na água que, há cerca de 3800 milhões de anos, surgiu a vida na Terra. Os
primeiros seres vivos de que são conhecidos fósseis, eram bactérias e algas azuis (seres
unicelulares) que viveram nos Oceanos Primitivos. Ao longo de milhões de anos, os seres
vivos evoluíram e espalharam-se pelos oceanos e continentes.
Propriedades da água...
A água possui muitas propriedades incomuns que são críticas para a vida: é um bom
solvente e possui alta tensão superficial (0,07198 N m-1 a 25ºC). A água pura tem sua
maior densidade em 3,984ºC: 999,972 kg m3 e tem valores de densidade menor ao se
esfriar e ao se aquecer. Como uma molécula polar estável na atmosfera, desempenha um
papel importante como absorvente da radiação infravermelha, crucial no efeito estufa da
atmosfera. A água também possui um calor específico peculiarmente alto (75,327 J mol-1
K-1 a 25 ºC), que desempenha um grande papel na regulação do clima global.
Como falado anteriormente, a água é um bom solvente e dissolve vários tipos de
substâncias, como vários sais e açúcar, e facilita sua interação química, que ajuda
metabolismos complexos.
Apesar disso, algumas substâncias não se misturam bem com a água, incluindo óleos
e outras substâncias hidrofóbicas. Membranas celulares, compostas de lipídios e
proteínas, levam vantagem destas propriedades para controlar as
interações entre seus conteúdos e químicos externos. Isto é
facilitado pela tensão da superfície da água.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Propriedades Fisicas e Químicas
Representação esquemática de uma molécula de água
Ponto de fusão
H2O: 0ºC (273,152518 K)
D2O: 3,82ºC
T2O: 4,49ºC
Ponto de ebulição
H2O: 100,0ºC (373,124 K)
D2O: 101,42ºC
T2O: 101,51ºC
Ponto crítico
H2O: TC= 647,096 K PC= 22,0664MPa d=322kg m3
D2O: TC= 643,847 K PC= 21,671MPa d=356kg m3
Constante dielétrica
H2O: 87,9 (OºC) 78,4 (25ºC) 55,6 (100ºC)
H2O: gelo lh 99 (-2OºC) 171 (-120ºC)
H2O: gás 1,0059 (10OºC, 101 325 KPa)
H2O: 78,06 (25ºC)
D2O: Água deiterada
T2O: Água tritiada
Distribuição
Cerca de dois terços da superfície da Terra está coberta
por água, 97,2% dos quais contêm os cinco oceanos.
O aglomerado de gelo do Antártico contém cerca de 90% de
toda a água potável existente no planeta.
A água em forma de vapor pode ser vista nas nuvens,
contribuíndo para o albedo da Terra.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Na Terra há cerca de 1 360 000 000 km³ de água que se distribuem da seguinte
forma:
1 320 000 000 km³ (97%) são água do mar.
40 000 000 km³ (3%) são água doce.
25 000 000 km³ (1,8%) como gelo.
13 000 000 km³ (0,96%) como água subterrânea.
250 000 km³ (0,02%) em lagos e rios.
13 000 km³ (0,001%) como vapor de água.
Os estados da água...
A água encontra-se em diversos estados. Na atmosfera ela está em estado gasoso,
proveniente da evaporação de todas as superfícies úmidas – mares, rios e lagos; em
estado líquido é a mais usual forma da água, encontrada nos grandes depósitos do
planeta, nos oceanos e mares (água salgada), nos rios e lagos (água doce) e também no
subsolo, constituindo os chamados lençóis freáticos em estado líquido. Para finalizar,
também encontramos a água no estado sólido, nas regiões frias do planeta. Do estado
gasoso, presente na atmosfera, a água se precipita em estado líquido, como chuva,
orvalho ou nevoeiro, ou em estado sólido, como neve ou granizo.
Certas águas continentais são enquadradas genericamente como água doce e até
inequivocamente estudadas como então, embora apresentem pequenas mas evidentes
concentrações de sais metálicos, ou seja alguma salinidade, portanto devendo ser vistas
como águas de “baixa salobridade” ou até mesmo “águas oligohalinas continentais”. São
águas que percorrem solos (internos e/ou expostos), contendo carbonatos de cálcio,
magnésio, sódio, etc.. Apresentam dureza e alcalinidade bem mais elevada que as
normalmente denominadas de “doce”. Como exemplo típico temos a maioria das águas
localizadas na região da Serra da Bodoquena/MS-Br, com alcalinidade e dureza
variando de 150mgCaCO3/l até acima de 300mgCaCO3/l.
O Ciclo da água...
Sistema de reciclagem da Natureza
A quantidade de água na terra é a mesma, apenas
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
ela se movimenta num ciclo fechado chamado ciclo
hidrográfico.
Reciclagem significa, segundo o Dicionário da Real Academia, submeter
repetidamente uma matéria a um mesmo ciclo para cumprir e incrementar os efeitos
deste (Dicionário de a Real Academia, XX Edição, 1984, Madrid). Nada se ajusta melhor a
esta definição que o ciclo HIDROLOGICO ou da água. O ciclo hidrológico é um movimento
continuo, um processo natural de reciclagem de moléculas de água da terra ao ar e de
regresso a terra.
Basicamente, o ciclo da água é da seguinte forma:
A energia solar esquenta a água dos oceanos, mares e massas terrestres,
transferindo-as à atmosfera como vapor de água. Uma vez na atmosfera, o vapor forma
as nuvens. As nuvens são transportadas por padrões de clima, que recebe influência da
topografia do terreno. Às vezes o vapor se condensa em forma de neblina ou nuvens e
eventualmente desce à Terra como precipitação, acumulando-se em águas superficiais e
sob o terreno. Ato contínuo, o processo de reciclagem, com o regresso da água para a
atmosfera, continua. Os processos chave do ciclo hidrológico são: evaporação,
transpiração, precipitação e a infiltração. Outros processos são a respiração e a
combustão.
Para seguir o movimento da água através deste ciclo, comecemos pelo lado direito
do desenho, onde a energia do sol está evaporando a água do mar até a atmosfera.
Enquanto o vapor ascende dos oceanos e do terreno, deixa atrás de si minerais, tais como
sais, que podem tornar a terra inabitável. Mas nos oceanos, este é só uma parte de um
processo natural, que não tem efeito daninho na vida marinha.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
O vapor de água invisível se une então a procissão de moléculas de água numa
viagem que o levará de regresso ao solo ou à água, em forma de precipitação. A
precipitação pode tomar uma das varias formas possíveis, mas sempre
começará como água congelada.
As moléculas de água se juntam e se lançam até a superfície da
Terra. Assim, a água termina como gota de chuva, cristal de neve ou
granizo, o que depende da estação do ano, da localização e do clima.
Nem toda a água chegará a Terra. Alguma se evaporará no
caminho entre as nuvens e a terra e então regressará a
atmosfera para iniciar de novo o ciclo.
Quando chegar a Terra, correrá sobre a superfície do terreno, se
infiltrará (enchendo os espaços porosos que existem entre as partículas que compõem o
solo), ou cairá num corpo de água (riacho, rio ou lago).
Este caminho pode ser interceptado mediante práticas de conservação, como a
construção de pequenas represas, platôs, e canais revestidos de grama. Estas práticas
permitem que a água se infiltre e se detenha como água superficial. Pequenas
quantidades de água são retidas e mantidas por plantas, edifícios, automóveis, maquinaria
e outras estruturas até que se evaporam e regressam à atmosfera.
À medida que os motores fazem seu trabalho de gerar potência aos veículos, parte
de seu descarte consiste de vapor de água que são lançados à atmosfera através do
processo de combustão e queima. E os animais, inclusive o homem, inalam vapor de água
quando respiram.
A maior parte de água se infiltra no terreno. Parte de água será absolvida pelas
raízes das plantas, para logo ser transpiradas ou expulsas ao ar através de suas folhas
em forma de vapor de água. Outra porção de água se moverá lentamente até os aqüíferos
subterrâneos, percolando através do solo até chegar ao leito de rocha. Eventualmente,
por meio de poços ou drenagem, a água subterrânea pode ser extraída e usada.
Outra parte da água ascendera lentamente através do solo e do leito de rocha até
chegar a superfície em forma de mananciais ou de poços artesianos.
O excesso de água correrá sobre a superfície do terreno até os corpos de água,
arrastando terra valiosa e todo o que se adere às partículas de terra. Então, o processo
de evaporação, assim como o da transpiração, respiração e combustão, começam de novo.
E a interminável reciclagem da água continua.
Água na Natureza, na Vida e no coração dos Homens...
O corpo humano é composto de água, entre 70 e 75%. Na média, a proporção de
água no corpo humano é idêntica a do planeta Terra.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Estranha coincidência.
Melhor não tirar nenhuma inferência ou
conclusão...
O percentual de água no organismo humano
diminui com a idade: entre 0 e 2 anos de idade é de 75 a 80 %; entre 2 e 5 anos cai para
70 a 75%; entre 5 e 10 anos fica entre 65 a 70%; entre 10 e 15 anos diminui para 63 a
65% e entre 15 e 20 anos atinge 60 a 63%. Aí vem um período de maior estabilidade,
como na vida psíquica, mas sem muitas garantias: entre 20 e 40 anos esse teor de água no
corpo humano fica entre 58 a 60%. Entre os 40 e os 60 anos, essa percentagem cai para
50 a 58%. A seiva parece diminuir ou ficar mais concentrada. Acima de 60 anos, o humano
segue sua desidratação. É como se nos idosos, metade da existência fosse água e o resto,
sólidos resíduos e recordações. No próprio corpo humano, os teores de água variam. Os
órgãos com mais água são os pulmões (mesmo se vivem cheios de ar) e o fígado (86%).
Paradoxalmente, eles têm mais água do que o próprio sangue (81%). O cérebro, os
músculos e o coração são constituídos por 75% de água.
Como toda essa água entra no corpo humano?
Menos da metade da água necessária ao corpo humano (47%) chega por meio de
copos de sucos, cerveja, água mineral, água fresca da moringa etc. Uma parte
significativa de água, o corpo absorve através da respiração celular (14%). O resto da
água necessária à vida chega através dos alimentos (39%). Vegetais existem para ser
bebidos e não comidos. Eles contêm uma porcentagem enorme de água: alface (95%),
tomate (94%), melancia (92%), couve-flor (92%), melão (90%), abacaxi (87%), goiaba
(86%) e banana (74%).
Toda água que entra no corpo, sai. Caso contrário seria um enorme ganho de peso,
cotidiano. Um quilo por litro.
Como a água sai do corpo humano?
Cerca de 20% sai pela transpiração e mais 15% pela respiração. Essas
porcentagens podem variar segundo o grau de atividade de cada indivíduo. Pelas urinas e
fezes é excretado o essencial da água absorvida (65%). A água circula pelo corpo humano
como nos ecossistemas. Muitos se preocupam em não poluir os rios. A poluição também
chega às suas veias e artérias em conseqüência de uma alimentação inadequada, da
absorção de drogas, da respiração de uma atmosfera contaminada etc. A água, um pouco
como o papel, aceita quase tudo.
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O corpo tenta metabolizar toda essa poluição, a dos lixos ingeridos
inconscientemente. Os rins filtram tudo o que podem. A bexiga acumula e excreta o
possível. Pode haver acúmulos de sujeira, placas de gordura nos encanamentos das veias,
vasos entupidos, um saneamento interno inadequado, pedras e cálculos renais etc. Beber
água sem nada, nem gás é permitir um maior poder de solução e de dissolução. Para água
corporal é difícil dissolver tanta coisa absorvida pela boca, sobretudo quando os próprios
líquidos ingeridos já vêm carregados de sais, açúcares, ácidos e acidulantes, corantes e
edulcorantes, extratos e antioxidantes, benzoato de sódio, sorbato de potássio e tantas
outras substâncias necessárias a um "refrigerante".
Tipos de Água
Água Pura
A água é pura quando só contém moléculas H2O. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) classifica como potável uma água com teor mineral de até 500 mg de H2O por
litro (mg/l). No Brasil, com cerca de 8% dos recursos hídricos do planeta, é considerada
aceitável uma água com teor mineral de até 150 mg/l. Em regiões menos providas, como o
Nordeste, esse percentual pode até ultrapassar a 200 mg. O que dizer de uma água que
jorra naturalmente com teor mineral inferior a 10 mg/l.
Água pura é a definição mais aproximada para a encontrada na fazenda Nova
Espadilha, em Taquiraí, no Mato Grosso do Sul. Com tal característica, essa água é ideal
para o preparo de produtos farmacêuticos e cosméticos porque reduzem etapas de
desmineralização, necessárias para a obtenção de produtos puros.
Água de Reuso
Reuso de água é a utilização dessa substância por mais de uma vez. Isto ocorre
espontaneamente na própria natureza, no ciclo hidrológico, ou através da ação humana, de
forma planejada ou sem controle. O reuso planejado da água pode ser feito para fins
potáveis ou não potáveis, tais como recreacional, recarga de lençol freático, geração de
energia, irrigação, reabilitação de corpos d'água e industrial. Os principais processos
industriais que permitem o uso de água reciclada são os de produtos de carvão, petróleo,
produção primária de metal, curtumes, indústrias têxteis, químicas e de papel e celulose.
Atenção: A Água de Reuso não é potável, muito pelo contrário; é poluída e pode estar
contaminada com inúmeras doenças de veiculação hídrica. Recomenda-se que seja
manuseada com equipamentos de proteção individual - EPI.
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Água salgada
Muitas regiões do planeta não possuem quantidade suficiente de água doce. O
aumento da população mundial e a poluição são outros fatores comprometedores ao uso
dessa água, que pode acabar se não forem tomadas medidas para seu uso sustentado e
garantia da sua renovação. Uma das alternativas para regiões que possuem escassez de
água doce é a utilização de água com alta concentração de sais, como a água salobra
(muito comum nos aqüíferos subterrâneos do Nordeste Brasileiro) e a água do mar. Para
torná-las potáveis, ou seja, apropriada ao consumo humano, é necessário fazer a
dessalinização.
Trata-se de um processo que exige alto investimento e recursos tecnológicos
complexos para a produção em larga escala. Neste caso, o preço da água para o
consumidor final torna-se muito mais elevado, devido à menor oferta e gastos envolvidos
para torná-la potável.
Na ilha de Chipre, a água do mar abastece a população e os lençóis freáticos que
foram reduzidos pela exploração exagerada. Diversos governos e instituições investem
em pesquisas para o desenvolvimento de processos de dessalinização que sejam
eficientes, adequados às características regionais e que tenham um custo reduzido, pois
esse tipo de tratamento é muito mais caro que o convencional.
Os principais processos de dessalinização são:
Osmose Reversa - o processo de dessalinização por osmose reversa ocorre quando
é exercida pressão em uma solução salina. A água atravessa uma membrana
semipermeável, com poros microscópicos, que retém sais, microorganismos e outras
impurezas.
Dessa maneira, a água pura "sai" da solução salgada e fica separada em outro local.
Um dos pontos principais desse processo é a fabricação de membranas osmóticas
sintéticas, uma tecnologia de ponta, criada inicialmente para uso em processos
industriais. O aumento constante da produção vem barateando o custo desse produto,
facilitando o acesso à tecnologia.
Dessalinização Térmica - é um dos processos mais antigos, imitando a circulação
natural da água. O modo mais simples, a "destilação solar", é utilizada em lugares
quentes, com a construção de grandes tanques cobertos com vidro ou outro material
transparente.
A luz solar atravessa o vidro, a água do líquido bruto evapora, os vapores se
condensam na parte interna do vidro, transformando-se novamente em água, que escorre
para um sistema de recolhimento.
Dessa forma, separa-se a água de todos os sais e impurezas. Em lugares frios ou
com carência de espaço, esse processo pode ser feito gerando-se calor através de
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energia. A melhor solução, neste caso, é a utilização de energia solar, que é mais barata,
não consome recursos como petróleo e carvão e não agride o meio ambiente.
Congelamento - quando congelamos a água, produzimos gelo puro, sem sal. Então,
através do congelamento/descongelamento pode-se obter água doce. Esse método não foi
testado em larga escala, porém, existem propostas para a utilização de calotas polares
(onde está boa parte da água doce do planeta) para obtenção de água pura.
No entanto, teme-se que a água de descongelamento de calotas polares possa
trazer problemas, como, por exemplo, uma nova propagação de vírus, já erradicados ou
controlados, que podem ter ficado congelados.
Água doce
Chama-se água doce a água dos rios e lagos, lençóis subterrâneos procedente de
um processo de precipitação (chuva, granizo neve) com uma salinidade próxima de zero,
por oposição à água do mar (que tem geralmente uma salinidade próxima de 35 gramas de
sais dissolvidos por litro) e à água salobra, ou dos estuários, que tem uma salinidade
intermédia.
O CONAMA pela resolução 20/86, classifica as águas no Brasil de acordo com a
sua salinidade. Salinidade inferior ou igual a 0,5% é água doce, com salinidade entre 0,5%
e 30% é água salobra e com salinidade superior a 30% é água salina.
Água mineral natural
Água caracterizada por ser uma água do subsolo protegida contra todos os tipos
de poluição e por ter um nível constante de sais minerais e outros compostos. Esta água
não é tratada, nem é acrescida de sais ou quaisquer outros elementos, tais como os
aditivos.
Água de mina
Água que deriva de uma formação subterrânea, da qual a água corre naturalmente
para a superfície terrestre. É de salientar que águas de diferentes minas podem ser
vendidas sob a mesma marca registada.
Água purificada
Água subterrânea ou de superfície previamente tratada para se adequar na íntegra
ao consumo humano. É basicamente igual à água das torneiras, porém adicionada de sais
minerais para imitar a água mineral verdadeira.
Água artesiana
Água que vem de poços profundos e que é aproveitada para consumo.
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Água gasosa
Água que sofre um tratamento e adicionamento de dióxido de carbono. No fim do
seu tratamento terá a mesma quantidade de dióxido de carbono que teria na fonte donde
foi extraída.
A questão da água engarrafada
Em condições normais o corpo exige dois
litros de água por dia. Sabendo isto, tem-se
verificado que as pessoas têm se virado em massa
para o consumo de água engarrafada para
satisfazer as necessidades do seu organismo, em
parte ou na sua totalidade.
Assistimos frequentemente a um número elevado de doenças e escândalos sobre
alimentos e bebidas, sobretudo em países industrializados. Assim, as pessoas procuram
nestes países segurança contra todas estes problemas que se levantam no nosso dia a dia.
Mas o aumento do consumo de água engarrafada também se verifica nos países em
desenvolvimento e menos industrializados que os anteriormente referidos. Nestes países
as doenças são mesmo visíveis e para as evitar, o consumo deste tipo de água dispara.
É consumida uma média de 85 litros de água engarrafada por pessoa,
anualmente.
Os europeus são os principais consumidores de água engarrafada, sendo que bebem
metade da água engarrafada de todo o mundo, tendo uma média de 85 litros por pessoa
num ano. Os mercados de água engarrafada mais promissores são a Ásia e Oceania, que
tiveram um crescimento de anual de 15% no período de 1999-2001.
Pode-se, por todos estes motivos, afirmar que o consumo de água engarrafada está
crescendo a olhos vistos em todo o mundo, pelo menos nos últimos trinta anos.
Atualmente, é considerado como sendo o setor mais dinâmico e um dos mais lucrativos de
toda a indústria de alimentos e bebidas, pois o consumo deste tipo de água aumenta cerca
de 12% em cada ano. Este aumento só se justifica pelo receio que a maior parte da
população tem em consumir água da torneira, pois a água engarrafada custa muito mais
caro do que o consumo da água da torneira que abastece as nossas casas.
Curiosidades...
O mercado de água engarrafada no mundo representa um volume de 89 biliões de
litros e está estimado em um valor de 25 biliões de euros.
75% do mercado é dominado por produtores e empresas locais.
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Mais de metade (59%) da água engarrafada bebida no mundo é água purificada os
restantes (41%) consomem água de mina ou mineral.
Enquanto que a água engarrafada se origina em fontes protegidas, como por
exemplo aquíferos no subsolo e nascentes, a água de torneira vem sobretudo de rios e
lagos.
Religião e filosofia
A água é considerada como purificadora na maioría das religiões, incluindo o
Hinduísmo, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo e Xintoísmo. O exemplo do batismo nas
igrejas cristãs é praticado com água, simbolizando o nascimento de um novo ser,
purificado com remissão dos pecados.
Seguindo um princípio semelhante, noutras religiões, incluíndo o Judaísmo e o
Islamismo, é ministrado aos mortos um banho de água purificada, simbolizando a
passagem para a nova vida espiritual eterna. Ainda no Islão, os fiéis apenas podem
praticar as cinco orações diárias após a lavagem do corpo com água limpa, no ritual de
ablução denominado "wudu". No Xintoísmo, a água é usada em quase todos os rituais de
limpeza dos crentes. Na Nova Versão Internacional Bíblia o termo "água" é mencionado
442 vezes.
Segundo outras crenças, acredita-se que a água tenha alguns poderes especiais. Na
mitologia Celta, Sulis é a deusa das nascentes termais. No Hinduísmo, o rio Ganges é
personificado como uma deusa, enquanto que Sarasvati é referida como a deusa dos
Vedas. A água é também um dos "tatvas" (5 elementos básicos da natureza hindús, onde
se incuem o fogo, a terra, o espaço e o ar). Em outras tradições, deuses e deusas são
mencionados como patronos locais de nascentes, rios ou lagos, como no exemplo da
mitologia grega e romana, onde Peneus era o deus do rio.
O antigo filósofo grego Empédocles, defendia que a água era um dos quatro
elementos da natureza básicos, em conjunto com o fogo, terra e ar, sendo respeitada
como a substância básica do Universo, denominada ylem.
Nas antigas tradições chinesas, a água era um dos cinco elementos, em conjunto
com a terra, o fogo, a madeira e o metal.
Escassez
A água tem se tornado um elemento de disputa entre nações. Um relatório do
Banco Mundial, datado de 1995, alerta para o fato de que "as guerras do próximo século
serão por causa de água, não por causa do petróleo ou política".
Em 30 anos, o número de pessoas saltará para 3 bilhões em 52 países. Nesse
período, a quantidade de água disponível por pessoa em países do Oriente Médio e do
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
norte da África estará reduzida em 80 por cento. A projeção que se faz é que, nesse
período, 8 bilhões de pessoas habitarão a terra, em sua maioria concentradas nas
grandes cidades. Daí será necessário produzir mais comida e mais energia, aumentando o
consumo doméstico e industrial de água. Essas perspectivas fazem crescer o risco de
guerras, porque a questão das águas torna-se internacional.
Em 1967, um dos motivos da guerra entre Israel e seus vizinhos foi justamente a
ameaça, por parte dos árabes, de desviar o fluxo do rio Jordão, cuja nascente fica nas
montanhas no sul do Líbano. O rio Jordão e seus afluentes fornecem 60 por cento da
água necessária à Jordânia. A Síria também depende desse rio.
A populosa China também sofre com o problema. O grande crescimento
populacional e a demanda agroindustrial estão esgotando o suprimento de água. Das 500
cidades que existem no país, 300 sofrem com a escassez de água. Mais de 80 milhões de
chineses andam mais de um quilômetro e meio por dia para conseguir água, e assim
acontece com inúmeras nações.
Um levantamento da ONU aponta duas sugestões básicas para diminuir a escassez
de água: aumentar a sua disponibilidade e utilizá-la mais eficazmente. Para aumentar a
disponibilidade, uma das alternativas seria o aproveitamento das geleiras; a outra seria a
dessalinização da água do mar.
Esses processos são muito caros e tornam-se inviáveis para a maioria dos países
que sofrem com a escassez. É possível, ainda, intensificar o uso dos estoques
subterrâneos profundos, o que implica utilizar tecnologias de alto custo e o rebaixamento
do lençol freático.
Desperdício e o Consumo de Água
"O uso mais nobre da água é para consumo humano e abastecimento
público"
Desperdício é aquela ação pela qual se usa mal, se
desaproveita ou se perde uma coisa. Portanto, quando
nos referimos ao desperdício da água estamos indicando
um conjunto de ações e processos pelos quais os seres
humanos usam mal a
água, desaproveitam
ou perdem.
Quando as pessoas desperdiçam algo, negam não só seu valor, mas
também expressam uma falta de visão do futuro, já que não estamos
conservando o que vamos necessitar para viver. Portanto, desperdiçar água
Falta d'água é o símbolo do flagelo da região
Nordeste. - Foto: Ed Ferreira/AE.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
indica falta de clareza sobre a importância fundamental deste valioso recurso para nossa
sobrevivência.
O desperdício é ainda mais grave se for considerado que a água não é um bem
ilimitado e sua perda pode nos levar a situações críticas de escassez. Devemos lutar
contra a escassez e eliminar as situações de desperdício.
Existem várias formas de consumo nas quais se utiliza a água:
o consumo humano ou doméstico
o consumo agrícola
o consumo industrial
o uso em atividades recreativas.
A água para consumo humano ou doméstico se utiliza na alimentação, o asseio
pessoal e na limpeza da casa e dos utensílios ou roupas, na lavagem de automóveis e na
irrigação de jardins. O consumo médio da água é mais ou menos de 120 litros diários por
pessoa.
Mas esta quantidade depende das condições de nossa casa, da instituição ou
instalações onde trabalhamos e das atividades que se realizam nelas.
Estima-se que a distribuição do consumo médio diário de
água, por pessoa, é aproximadamente a seguinte:
36% na descarga do banheiro;
31% em higiene corporal;
14% na lavagem de roupa;
8% na rega de jardins, lavagem de automóveis,
7% na lavagem de utensílios de cozinha, limpeza de casa, atividades de diluição e
outras e,
4% para beber e alimentação.
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Como se pode ver, no vaso sanitário se usa a maior quantidade de água, por isto, se
deve buscar equipamentos de baixo consumo para que a quantidade de água descarregada
por vez seja a menor possível. As pessoas acostumadas a receber diariamente água
potável às vezes não percebem seu verdadeiro valor e
importância e esquecem que um pequeno
vazamento ou o mau estado das instalações sanitárias
pode ser origem de um enorme desperdício de água e de perda
de dinheiro.
Somando perdas por instalações mal conservadas e
maus hábitos, o desperdício relacionado com o consumo
doméstico pode ser muito alto se não se adotam medidas
corretivas eficientes, tanto nos hábitos como nos processos de
manutenção das instalações.
A atividade agrícola é uma grande consumidora de água. Considera-se que no mundo
se utiliza quase 70% da água dos rios, lagos e aqüíferos, razão pela qual seu potencial
desperdício é um dos mais graves.
Em ocasiões, os sistemas de rega desperdiçam grandes quantidades de água.
Calcula-se que só chegam à zona de cultivos entre 15% e 50% da água que é extraída para
irrigação. Perde-se água por evaporação, por absorção e por fugas.
A atividade industrial também é uma grande consumidora, especialmente nos
países desenvolvidos. O cálculo é de que as indústrias chegam a utilizar entre a metade e
3/4 de toda a água extraída, em comparação com a média mundial que chega somente a
1/4.
Na indústria há consumos muito elevados em determinados processos produtivos,
por exemplo, no caso do aço, se chega a gastar 300 toneladas de água para produzir
somente uma tonelada deste metal. Também são grandes consumidoras as indústrias de
produtos químicos, polpa e papel, entre outras.
O consumo em muitas ocasiões tem relação com ações de refrigeração ou
transporte, pelo qual a indústria tem iniciado revisões de seus processos produtivos para
utilizar menos água e reusá-la.
As três categorias correntes de uso de água doce representam as seguintes
porcentagens de consumo, com respeito às extrações anuais de água:
Uso em agricultura 69%;
Uso em indústria 23%;
Uso doméstico (pessoal, familiar e municipal) 8%.
Fonte: ÁGUA: NÃO AO DESPERDÍCIO, NÃO À ESCASSEZ!
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A ÁGUA DO MUNDO: SINAL DE ALERTA
De toda a água existente no mundo, menos de 1% está disponível para
ser usada.
97,1%
2,15%
0,381%0,001%
Oceanos e Mares Calotas polares e Geleiras
Lagos e Rios Atmosfera
ÁGUA DISPONÍVEL NO BRASIL
Disponibilidade hídrica (em %). O Brasil é o país com maior disponibilidade de
recursos hídricos superficiais do mundo, mas a distribuição de água nas suas regiões é
desigual.
Norte – 68,5%
Nordeste – 3,3%
Centro-Oeste – 15,7%
Sudeste – 6,0%
Sul – 6,5%
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ÁGUA DISPONIVEL NO ESTADO DE MATO GROSSO DO
SUL
O estado de Mato Grosso do Sul tem grande disponibilidade de águas
superficiais e subterrâneas e possui duas importantes bacias hidrográficas: a bacia
hidrográfica do alto Paraguai e a bacia hidrográfica do rio Paraná. Dentre os aqüíferos
mais explorados destaca-se o Guarani, Bauru, Serra Geral, Furnas e o Pantanal.
BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANÁ
Área: 879.860 km2 (no país)
169.979.76 km2 (no estado)
Vazão medida do Rio Paraná: 10.371 m3/segundo.
Biomas: mata atlântica, cerrado e área úmida.
Principais atividades econômicas: pecuária, cultivo de soja, café, indústrias dos
setores de metalurgia, química, agroindústrias e pesca etc.
Número de sub-bacias: 9.
Principais impactos sobre os recursos hídricos: efluentes industriais e domésticos,
obras hidráulicas, hidrelétrica, poluição difusa decorrente do uso de agrotóxicos e
assoreamento dos rios.
Qualidade das águas: monitorada em 34 pontos de amostragem.
Situação da qualidade das águas: as águas de maneira geral apresentam qualidade
aceitável e trechos de rios comprometidos por poluição industrial e doméstica.
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BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO PARAGUAI
Área: 363.445 km2 (no país)
188.991 km2 (no estado)
Vazão medida do Rio Paraguai: 1.833 m3/segundo.
Biomas: cerrado, cerradão e área úmida, abriga o Pantanal considerado
pela Unesco como Reserva da Biosfera Mundial e Patrimônio Nacional pela Constituição
Federal.
Principais atividades econômicas: pecuária intensiva, agroindústria, mineração de
ferro, manganês, calcário, pesca e turismo.
Número de sub-bacias: 6.
Principais impactos sobre os recursos hídricos: assoreamento dos rios, efluentes
industriais e urbanos.
Qualidade das águas: monitorada em 74 pontos de amostragem.
Situação da qualidade das águas: as águas de maneira geral apresentam qualidade
boa, mas há trechos de rios comprometidos por poluição industrial e doméstica.
Na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, está inserida a
Bacia Hidrográfica do Rio Formoso, aqui no nosso
município...
Situada a sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul, a Bacia Hidrográfica do Rio
Formoso localiza-se na região central do município de Bonito, com uma área de 1.334 km2,
aproximadamente 27% da área total do município. Está inserida na Bacia do Rio Miranda,
uma das seis sub-bacias da Bacia do Alto Paraguai (BAP). O seu principal formador é o rio
Formoso, com 73 km de extensão. Seus limites são divisores das bacias dos rios Bacuri
(ao norte); Perdido (a oeste); da Prata (ao sul), e Miranda (a leste).
As seções altas e médias do Rio Formoso são de interesse especial por
representar uma fonte de água pura e clara que alimenta os ambientes aquáticos do
Pantanal. Essas cabeceiras são protegidas pelo Parque Nacional da Serra da Bodoquena
que compreende um total de 76.481 hectares dividido em duas partes não contíguas. A
parte sul contém as cabeceiras dos rios Perdido e Mimoso, afluentes do Rio Formoso,
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compreendendo cerca de 4.000 hectares do Parque, que corresponde a cerca de 5% de
sua área. Os principais afluentes do rio Formoso são os rios Mimoso, Formosinho e Sucuri
e os córregos Bonito e São João.
A partir de sua foz no rio Miranda, além do próprio Rio Formoso, está entre os
seus principais afluentes da Bacia: o rio Mimoso e os córregos Retiro, Formosinho e
Bonito. No córrego Bonito deságuam os córregos Restinga e Saladeiro (na margem
esquerda); e, na margem direita, merecem destaque o córrego São João e o
rio Sucuri.
Localização Geográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso
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Contaminação da Água
É a introdução de elementos no meio hídrico em
concentrações nocivas à saúde do homem.
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Poluição da Água
É a alteração das características ecológicas do meio, isto é, de seus aspectos físicos,
químicos e biológicos.
A Água possui uma série de impurezas que irão imprimir-lhe características físico-
químicas e biológicas. A qualidade da água depende basicamente dessas características,
que irão influir no grau de tratamento a que devem ser submetidas.
Acidez da Água
A água é também acidificada quando entra em contato com matérias orgânicas em
decomposição, mais freqüentemente de origem vegetal, as quais libertam gás carbônico
além de outros, como gás sulfídrico, amoníaco, etc.; posteriormente transformados em
nitritos e nitratos.
# a acidez é medida através do pH, e pode ser de 0 a 14, o pH 7,0 é considerado neutro.
Cor da Água
A matéria orgânica em decomposição liberta também substâncias orgânicas
coloridas que são dissolvidas pela água ou postas em fino estado de suspensão,
denominado estado coloidal e que dão cor a água; também o ferro e o manganês
associados a estas substâncias podem ocasionar cor na água.
# A cor da água é medida numa escala de 0 a 100 UC, unidade colorimétrica.
Turbidez da Água
A partir de um certo tamanho, o material em suspensão na água é chamado de
turbidez podendo ser desde partículas de areia, de restos de folhas em suspensão, até
mesmo seres vivos, como algas, protozoários, bactérias que além de turbidez e cor,
podem conferir à água gosto e odor.
# A turbidez é medida por Unidades Nefélometricas de Turbidez - NTU, variando de 0,1
a 1000 NTU.
Impurezas da Água
- Naturais: Constituídas de substâncias encontradas normalmente na atmosfera e solo,
em forma de gases, sais e microrganismos.
- Artificiais: Constituídas de substâncias lançadas na atmosfera ou nas águas por
atividades humanas - poluição do ar, da água, do solo.
Quanto à Aquisição da Impureza da Água ... 97
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- Pelas águas meteóricas (de chuva): Poeiras, gases da atmosfera (carbônico, sulfídrico,
nitrico), substâncias radioativas.
- Pelas águas de superfície: Argila, silte, algas, microrganismos diversos, sais, substâncias
orgânicas e radioativas.
- Pelas águas subterrâneas: Microrganismos diversos (M.D.), sais, substâncias orgânicas.
Impurezas na água em suspensão ou em solução
- Suspensão Grosseiras: São facilmente flotados ou sedimentados, quando a água é
mantida em repouso.
- Suspensão Fina: Exigem um tempo muito grande para serem removidas por simples
sedimentação.
- Suspensão Coloidal: Não se removem por simples sedimentação, devido às propriedades
eletrostáticas dos colóides.
- Soluções: Para remoção das impurezas na forma coloidal e de soluções, é necessário
tratamento físico-químico.
Quanto à Ocorrência e Principais Efeitos ...
- Em Suspensão: Microorganismos dissolvidos (M.D.), mosquitos, larvas, bactérias, algas,
fungos, podem causar gosto, odor e turbidez; silte e argila causam turbidez; resíduos
industriais e domésticos causam turbidez; todos acima citados podem ser causa de
poluição e/ou contaminação da água.
- Em Estado Coloidal: Substâncias vegetais em degradação causam cor, turbidez, acidez,
odor e sabor na água; sílica causa turbidez.
- Em Solução: Sais de cálcio e magnésio, carbonatos e bicarbonatos causam alcalinidade,
dureza na ágaua e incrustração na tubulação.
Microrganismos da Água ...
- Peixes, crustáceos, algas, rotíferos, fungos, protozoários, etc.; nem sempre
patogênicos, causam às vezes gosto e odor e podem como no caso de algumas algas,
produzirem toxinas e entupir filtros na ETE (Estação de tratamento de Esgoto).
- Bactérias: A maioria desses organismos não são patogênicos, mas uma pequena
quantidade de espécie deles possui alto significado sanitário. As fezes de qualquer
pessoa, sadia ou doente, contêm, sempre, um grande número de bactérias que não causam
normalmente doenças, mas que, pelo contrário, são até mesmo benéficas por auxiliarem o
nosso processo de digestão. Assim sendo, a água que contém essas bactérias, chamadas
genericamente de coliformes, contém forçosamente, matéria fecal. Cada pessoa elimina
por dia cerca de 200 bilhões destas bactérias; o grupo coliforme não se
reproduz nas águas, só no intestino de animais de sangue quente. Há uma
correlação entre o número de coliformes e o número de patogênicos, de
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um modo geral, admite-se que uma água que contenha 10 a 20 coliformes por litro tem a
possibilidade de possuir também 1 germe patogênico, ou seja, uma possibilidade de
transmitir doença.
Doenças Relacionadas com a Água
De importância primaria: Cólera, Leptospirose, Febre tifóide, Febre paratifóide,
Disenteria bacilar, Amebíase, Esquistossomose, etc.;
O lixo torna a água não potável.
Em muitas ocasiões, a água de um rio ou um lago infiltra-se para lençóis freáticos
de onde, através de poços, é extraída para uso de pessoas e animais ou para ser
transportada de um corpo de água até Estações de Tratamento de Água. Se a água de
tais corpos foi contaminada com substâncias tóxicas como ácidos (sulfúrico, clorídrico,
nitratos), restos de solventes, pinturas, cultivos de bactérias e outras, derivadas de
atividades industriais, agrícolas, pecuárias, domésticas ou escolares, tal água já não é
potável para os animais.
O lixo deteriora a água como habitat dos seres vivos
As águas de um corpo d’água contaminada com grande quantidade de matéria
orgânica, como restos de alimentos humanos e animais (derivados de atividades
domésticas, agrícolas e pecuária) propiciam o crescimento desequilibrado de algas. Estas,
ao morrer, apodrecem e permitem a proliferação de bactérias que consomem o oxigênio
disponível na água. Os peixes e outros organismos aquáticos morrem por falta de oxigênio
suficiente. Desta maneira, organismos aquáticos morrem envenenados quando a água em
que vivem se encontra contaminada por substâncias tóxicas como ácidos, sais de restos
de solventes, pinturas, detergentes etc, estes provenientes de atividades industriais,
domésticas e escolares.
Os dejetos industriais afetam a água.
Calcula-se que são produzidos diariamente milhares de toneladas diárias de
dejetos industriais, dos quais 14.500 têm características perigosas, sendo geradas por
processos petroquímicos e químicos. Alguns exemplos de resíduos perigosos produzidos
pela indústria são aqueles que contêm: chumbo, cádmio, mercúrio, arsênico, cromo,
benzeno, fenol, prata, pesticida (DDT, “clordano, heptacloro, linano” etc) e muitos outros
mais.
Dicas para economizar Água:
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Agora que todos já sabem a verdade, acho que já podemos
contar nosso plano! Analisamos muito bem essa situação e chegamos a
uma conclusão: PRECISAMOS ECONOMIZAR ÁGUA
URGENTEMENTE! Se cada pessoa do
mundo fizer a sua parte, a água não vai
acabar, e a vida em nosso planeta será
preservada. Quer fazer a sua parte?
Então, comece a falar sobre esse problema
para todas as pessoas que você conhece,
siga as dicas de como economizar água que o Menino
Maluquinho tem para nós e mãos à obra!
Tomando banho
Você sabia que um dos recordistas de
consumo de água no Brasil é o chuveiro?
Um banho de 15 minutos gasta, em
média, 130 litros de água. Se a pessoa
for como eu, que toma banho todos os
dias, vai consumir, em um mês, 3.900
litros!
Para economizar, basta reduzir o tempo do banho: cinco minutos são
suficientes para lavar todo o corpo. Desligar o chuveiro enquanto se
ensaboa ou lava o cabelo também é uma boa maneira de economizar.
Viu como dá pra ficar cheiroso sem esbanjar? Agora, só não vale
dizer que não vai mais tomar banho para economizar água, pois essa
desculpa não cola mais!
Escovando os dentes
Esta dica todos conhecem, mas poucos praticam: quando
estiver escovando seus dentes, deixe a torneira fechada!
Gastamos, aproximadamente, 10 litros de água
quando escovamos os dentes por cinco minutos
com a torneira aberta. Para economizar, abra a
torneira apenas para molhar a escova e enxaguar a
boca.
100
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Lavando a roupa
Na hora de lavar a roupa, o segredo para economizar água é deixar
acumular peças e lavar tudo de uma só vez. Só ligue a máquina quando
ela estiver cheinha. As roupas muito sujas devem ser deixadas de
molho antes de serem lavadas, pois, com isso, a sujeira sai mais fácil
e com menos água. Ao lavar no tanque, deixe sempre a torneira
fechada enquanto ensaboa e esfrega as roupas.
Lavando a louça
Antes de começar a lavar a louça, devemos raspar os restos
de comida e deixar de molho as panelas ou as louças muito
sujas. Ensaboe tudo o que for lavar com a torneira fechada e
abra a torneira apenas na hora de enxaguar. Ah! E lembre:
nada de ficar pegando um copo limpo a cada vez que você for
tomar água, pois, para cada copo que você suja, são
necessários pelo menos dois outros copos de água para lavá-lo.
Lavando o carro e a calçada
Já ensinei pro meu pai como é fácil deixar o carro limpinho
sem precisar gastar muita água. É só usar um balde de água de
10 litros para molhar o carro e mais uns três ou quatro para
enxaguá-lo. Utilizar a mangueira para essa atividade gera um
grande desperdício. O mesmo serve para as calçadas. Devemos
usar a vassoura para retirar a sujeira e não o jato de água da
mangueira!
Utilizando o vaso sanitário
Agora você vai dizer: "O Maluquinho tá mesmo maluco! Todos sabem
como se usa a privada". E eu digo que muita gente não sabe usar o vaso
sanitário (vou dizer vaso sanitário que é mais chique, tá?) de forma
adequada, sabe por quê? Porque muitas pessoas acham que o vaso
sanitário é cesto de lixo e jogam papel, cotonetes, algodão, cigarros e
mais um monte de porcarias dentro dele. Isso pode entupir o
encanamento e fazer com que o lixo volte para a sua casa! 101
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Ui... que nojo! Outra dica: deixe a válvula da descarga sempre regulada e não fique
apertando-a sem necessidade, pois isso gasta muita água!
Cuidando das plantas
Para cuidar do jardim, substitua a mangueira por um
regador. Dessa maneira, você só joga água onde é
necessário, não afoga as coitadas das plantinhas e fica mais
perto delas. Isso mesmo, fica mais perto e dá mais carinho
para as plantas, ou você acha que elas só precisam de sol e
água?
Verificando os vazamentos
Vazamento é um problema! Uma torneira pingando, um cano furado ou uma válvula de
descarga desregulada pode desperdiçar milhares de litros
de água em um único dia. Certifique-se de que todas as
torneiras de sua casa estão bem fechadas e funcionando
direitinho e de que a válvula da descarga não está
desregulada e soltando mais água que o necessário. Para
verificar se existe algum vazamento, faça o seguinte teste:
feche todas as torneiras e registros da casa e veja se os
números do hidrômetro (aquele aparelho parecido com um
relógio que mede o consumo de água) estão movendo-se. Se isso ocorrer, é sinal de que
algum cano pode estar furado. Avise seus pais para que o problema possa ser resolvido
com urgência!
Viu como é fácil economizar? O planeta Terra precisa de nossa ajuda.
Não seja maluco de desperdiçar água!
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Conservação da Água
Pelo American Water & Energy Savers
Cada vez mais água cara está sendo jogada fora por
moradores, milhares de vezes por dia. Somente as descargas de
vasos sanitários somam quase inacreditáveis 40% do custo de água
dos residentes em geral. O resto é gasto em chuveiros, pias e uso
de água em geral. Provavelmente você pensaria que não há muito
mais que se pode fazer.
Bem, pense de novo!
Economizando água dentro de casa ...
1. Nunca jogue água pelo ralo quando pode haver um outro uso para ela, tal como regar
uma planta ou jardim ou para limpeza.
2. Verifique se sua casa não tem vazamentos, porque muitas habitações têm vazamentos
de água escondidos. Leia seu hidrômetro antes e depois de um período de duas horas
quando não houver uso de água. Se ele não mostra exatamente o mesmo número, há
vazamento.
3. Repare torneiras que pingam substituindo as peças velhas. Se sua torneira está
pingando numa velocidade de uma gota por segundo, você pode chegar a gastar 2.700
galões por ano o que se somará ao custo das utilidades de água e esgoto, ou
comprometerá seu sistema séptico.
4. Cheque se há vazamentos no tanque acoplado aos vasos sanitários, adicionando
colorante na água. Se o toalete está vazando, a cor aparecerá em 30 minutos. Cheque o
vaso sanitário por corrosões ou partes dobradas. Muitas partes são baratas, fáceis de
conseguir e instalar. (Dê descarga assim que o teste acabar, pois o colorante pode
manchar o tanque).
5. Evite dar descargas no vaso sanitário desnecessariamente.
Tecidos, insetos e outros dejetos devem ser jogados na
lixeira e não no vaso sanitário.
6. Tome duchas mais rápidas. Substitua a ducha alta por uma
versão de fluxo super baixo. Algumas unidades estão
disponíveis que permitem cortar o fluxo sem ajustar as peças
de temperatura da água.
7. Use máquinas de lavar pratos ou roupas apenas quando
tiver quantidades de peças para enchê-las ou ajuste-as para
o nível adequado à quantidade de peças que você está
lavando.
8. Quando lavar pratos a mão, encha a pia com água e sabão.
103
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Rapidamente enxágüe sob um fluxo de água pequeno da torneira.
9. Não use água corrente para descongelar carne ou outro alimento. Descongele-a.
10. Cheque sua bomba d’água. Se você tem um poço em sua casa, ouça se soluça ao ligá-la
e desligá-la enquanto a água não está em uso. Se sim, você tem vazamento.
11. Se a válvula do vaso sanitário agarra na posição de fluxo, com freqüência, deixando a
água correr constante, substitua-a ou ajuste-a.
Economizando água fora de casa ...
1. Regue gramados durante as primeiras horas da manhã, quando as temperaturas e a
velocidade do vento são menores. Isso reduzirá perdas com evaporação.
2. Não regue sua rua, sarjetas ou calçada. Posicione os aspersores de maneira que a água
vá para o gramado e os arbustos... não para áreas pavimentadas.
3. Erga a lâmina de cortar grama para no mínimo 3 polegadas. Um aparador mais alto
estimula o crescimento de raízes mais profundas, dá sombra para o sistema de raízes e
segura a umidade no solo melhor do que um gramado muito baixo.
4. Evite fertilizar demais o gramado. A aplicação dos fertilizantes aumenta a necessidade
d água. Aplique fertilizantes que tenham efeito lento, formas de nitrogênio insolúveis em
água.
5. Cubra o solo com serragem para manter a umidade. Serragem também ajuda a
controlar pragas que competem com as plantas por água.
6. Plante nativas e/ou gramíneas tolerantes a seca. Assim que pegarem, não necessitarão
ser regadas tão freqüentemente e normalmente sobreviverão a períodos de seca sem
qualquer rega. Agrupe as plantas com base em suas necessidades similares de água.
7. Não lave seu passeio ou entrada da casa com mangueira. Use uma
vassoura para limpar as folhas e outras sujeiras dessa área. Usando uma
mangueira para limpar um passeio pode gastar centenas de galões de
água
8. Use peças corretas na mangueira para evitar vazamentos,
especialmente junto à torneira.
9. Cheque todas as mangueiras, conectores e torneiras regularmente.
10. Considere a possibilidade de usar um lavador de carro comercial que
recicle água. Se você lava seu próprio carro, estacione na grama ao fazê-lo.
11. Evite a instalação de adornos paisagísticos com água (tais como fontes) a menos que a
água seja reciclável. Instale-os onde houver perdas mínimas devido à evaporação e
ventanias.
Dicas gerais para economizar água ...
1. Desenvolva a consciência de suas crianças sobre a necessidade de conservar água.
Evite a compra de brinquedos recreativos que requeiram um fluxo constante de água.
104
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
2. Conheça e siga todas as regras de conservação e racionamento de água que possam
estar em vigor em sua área.
3. Encoraje seus colegas de trabalho a promover a conservação de água em seu local de
trabalho.
4. Divulgue/escolha negócios que praticam e promovam a conservação de água
5. Avise a proprietários de imóveis, a autoridades locais ou à concessionária de água de
sua cidade sobre toda perda de água significativa (encanamentos rompidos, hidrantes
abertos, aspersores mal instalados, poços que tenham fluxos constantes abandonados
etc.).
6. Encoraje sua escola a ajudar a elaborar e promover a ética de conservação de água
entre as crianças e adultos.
7. Apóie projetos que levem a um crescente uso de água reciclada para irrigação e outros
usos.
8. Apóie esforços e programas que criam uma preocupação com relação à conservação da
água entre turistas e visitantes do nosso município. Tenha certeza de que os visitantes
entendam as necessidades e os benefícios de conservar água.
9. Encoraje seus amigos e vizinhos a fazer parte de uma comunidade consciente de sua
água. Promova boletins comunitários sobre a conservação de água, painéis de avisos e dê
exemplos.
10. Conserve a água porque é a coisa certa a fazer. Não desperdice água porque outra
pessoa está pagando a conta, por exemplo, quando gastamos água da escola.
11. Tente fazer uma coisa a cada dia que resultará em mais economia de água. Não se
preocupe se as economias são mínimas. Cada gota conta. E cada pessoa faz a diferença.
Então diga a seus amigos, vizinhos e colegas de trabalho: “Feche-a” e “Preserve-a”.
Curiosidades:
Segundo a ONU, "há água doce mais que o suficiente, no mundo, para satisfazer as
necessidades de todos, mas devemos dar a mesma atenção à extração e distribuição da
água, como daríamos à administração de qualquer indústria essencial".
Ainda de acordo com a mesma organização, "até 2025, dois terços da população
sofrerá escassez de água, de moderada a severa".
A FAO estima que "a cada 20 anos a demanda global por água doce dobra".
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Sugestões de Atividades Sensibilizadoras – Tema “Água”
As sugestões apresentadas poderão ser utilizadas e adequadas às quatro séries
iniciais, com a ressalva de se esperar resultados diferentes em cada faixa etária.
Sugestão 01 – Jogos
Alguns jogos podem ser confeccionados com/para os alunos, a fim de reforçarem,
de forma lúdica e criativa, os conceitos trabalhados. Exemplos:
Trilha – numa folha de cartolina ou similar, ou mesmo no chão, traça-se a trilha. Os
“perigos” da poluição dos rios e as coisas boas (boas ações, cuidado com a água...) vão
sendo discutidas com os alunos para definir quantas casas serão puladas. Um dado, que
também poderá ser construído por alunos, ajudará nesta atividade, que pode ser jogada
em dupla ou com mais componentes.
Veja um exemplo de trilha:
106
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Montagem - Numa grande folha de papel, desenha-se o trajeto de um rio ou
córrego. Pode-se representar um trajeto hipotético ou de um rio próximo e conhecido. O
professor deve providenciar previamente, desenhos que representem o bom e o mau uso
do rio e de sua bacia hidrográfica para irem sendo sobrepostos no desenho.
Pode-se montar um córrego como deveria ser e como pode ficar:
- uma bela nascente com mata ciliar e água limpinha;
- uma bela nascente e depois ir degradando o córrego até à fóz, com resíduos de
fábricas, esgotos, lixos...
A representação pode ser feita com base no próprio córrego que se está
estudando, portanto, mais próximo da realidade do aluno.
Esta representação anterior também pode constituir-se num jogo de quebra-
cabeça.
Com desenhos, fotos, recortes, etc. podem ser feito este quebra-cabeça. A base
pode ser feita de papelão, caixa de fósforos, cartolina. As fotos ou figuras serão coladas
sobre esta base e recortadas em forma de figuras geométricas ou aleatoriamente.
Este quebra-cabeça deve ser simplificado para as crianças menores e mais
sofisticado para os maiores.
Sugestão 02 – Teatrinho
Algumas peças de teatro podem ser montadas, com algumas cenas sobre a
degradação dos recursos ambientais e de algumas maneiras para recuperá-los. O trabalho
deverá ser em equipes, sendo algumas peças desenvolvidas pelos professores, outras os
próprios alunos podem inventar e encenar.
Podem-se focalizar assuntos como:
- assoreamento;
- mata ciliar;
- desperdício de água;
- preservação da água;
- utilização da água;
- "viagem" ao córrego;
- doenças que podem ser contraídas com a água
Um exemplo de teatrinho:
SOU UM RIO
CENÁRIO: A lousa vira cenário, pois nela representa-se o rio, de sua nascente à foz, de
limpo à sujo. Os desenhos podem ser feitos pelas crianças.
RIOZINHO (fala para os colegas):- Quando era pequenino quase não me notavam... crianças brincavam comigo, não jogavam sujeira não!
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
RIOZINHO MAIS VELHO (criança de mão dada com o Riozinho): Conheci um coleguinha que se chama Afluente. Com ele cresci bastante... Êle tinha bastante água e os peixinhos nadavam para cima e para baixo, procurando comida e brincando! Só que de uns tempo pra cá estão jogando lixo em nós!
Dão as mãos para outros coleguinhas e o Riozinho fala: Puxa! Como estamos grandes, bem pertinho da foz, mas que tristeza... assorearam meus amigos e neste ponto estou assoreado também.
Os outros Afluentes falam: -Lixo! Esgoto! Poluição! Sem mata ciliar! Estão acabando conosco! Sozinhos vamos morrer!
RIOZINHO: - Como vocês vão me ajudar? (Fala isto dirigindo-se para os coleguinhas que,
com a ajuda da professora),
Respondem (TODOS): vamos pedir aos adultos para não jogarem lixo, nem esgoto, nem provocarem erosão e assoreamento em nós para que possamos continuar produzindo água boa para todo o mundo).
Sugestão 03 – Livrinho
As crianças podem escrever pequenas histórias, ao longo do semestre, que deverão
ser agrupadas, formando um livrinho que. Pode ser feito de papel ou de pano onde as
redações receberão ilustrações, com formato de um livro de verdade.
Sugestão 04 – Feira de Ciências
Para encerrar o semestre, pode ser feita uma feira de ciências, unindo em uma
sala todas as experiências, jogos, desenhos, e resultados de outras atividades, formando
equipes com alunos de várias séries.
Os alunos poderão expor o que realizaram e aprenderam, de forma que se sintam
"transmissores" do saber que produziram e incorporaram. Poderão apresentar em um ou
dois dias, na semana do meio ambiente, na semana da água ou em outras datas também
expressivas.
Estas são algumas sugestões iniciais para atividades de Educação Ambiental, de
primeira à quarta série. Trabalhando desta forma, as crianças passarão pelos três níveis
de experiências anteriormente descritas e, através dessa forma lúdica de aprender,
partindo de sua realidade (concreta, palpável), poderão construir seu próprio conceito de
Educação Ambiental.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Modificando hábitos, hoje poderão cobrar dos pais, amanhã dos órgãos públicos...
tornando-se cidadãos críticos, conscientes.
Sugestão 05 – Atividades de Educação Ambiental de
Quinta à Oitava séries
Prosseguindo dentro do estudo de Educação Ambiental, teremos uma fase que vai
além do conhecimento vivenciado pelos alunos nas primeiras séries. Agora, os alunos
possuem condições cognitivas para refletir um pouco mais sobre as ações do homem e seu
meio e as formas de melhor conviver com este meio.
O ciclo da água merecerá maior e diferenciado enfoque a respeito dos seus antigos
e novos ritmos, isto porque, ao sofrer a ação humana (desmatamentos, desvio de cursos
de rios...), a água apresenta novas formas de relacionamento com os outros elementos da
natureza.
O que visamos nestas séries é, então, o aprofundamento da consciência ecológica
sobre a questão dos recursos hídricos e uma ação prática, por parte dos alunos já
conscientizados, em direção à preservação desses recursos.
Pretende-se, com isso, propiciar aos alunos a aquisição de conhecimentos básicos,
no sentido de desenvolver a prática de trabalho de campo, para que tenham subsídios
para a participação nas transformações sócio-econômicas e políticas da comunidade.
Como os alunos já possuem uma boa prática de leitura e de escrita, sugerimos as
seguintes atividades:
1) Elaboração de material didático (por professores e alunos) para uma aula
preparatória para o trabalho de campo. Dentro desta aula discutem-se conceitos, como:
Educação Ambiental e sua importância; poluição; contaminação; mata ciliar; papel da
vegetação na formação e manutenção do solo; importância da existência de vida na água
dos rios; causas da erosão; exploração dos recursos naturais predatória versus
sustentada; etc.
2) Apresentação de vídeos sobre água, seguida de uma discussão sobre o tema, em
forma de mesa redonda ou seminário.
3) Realização de Trabalho de campo. Selecionar o objeto temático, organizar as
atividades de campo, observar e fazer relatório. (Para isto seria interessante que cada
aluno possuísse um caderno para anotações ou folhas que pudessem ser apostiladas).
Na visita à área de nascentes do córrego Bonito, Restinga ou Saladeiro, mostrar
aos alunos as evidências de erosão; explicar que antes existia no local vegetação de brejo
e mata ciliar protegendo o solo e ajudando a reter a água no solo.
É fundamental utilizar o mapa e ir mapeando os diversos usos e ocupações do solo,
bem como os impactos ambientais identificados, discutir a respeito de como evitar o
109
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
solapamento dos barrancos; como diminuir a velocidade e quantidade de água que desce
pelo vale quando chove; quais seriam as causas e que soluções poderiam ser apontadas.
3.4) Levar sacolas de lixo para recolher os resíduos como garrafas plásticas, sacos
plásticos, latas de refrigerantes... numa atividade de limpeza ambiental.
3.5) Visitar um trecho do córrego (a jusante) para verificar a qualidade da água,
assim como a da área do entorno, podendo ser o trecho do próprio córrego mais próximo
à escola.
4) Elaborar cartazes, painéis com fotos, frases, figuras, experiência com plantas
em vários ambientes (os alunos podem anotar suas conclusões no mesmo caderno
destinado ao trabalho de campo).
5) Feita a coleta de água, discutir, apontar soluções.
6) Convidar um médico para falar sobre a importância da água em nosso organismo;
porque tomar água filtrada ou fervida; sobre as principais doenças transmitidas pela água
contaminada e como fazer para se prevenir; entre outros assuntos.
7) Levantamento das doenças existentes no bairro, que sejam de veiculação pela
água.
8) Produzir algum material escrito a partir dos trabalhos realizados pelos alunos e
divulgar os resultados através da TV, rádio, jornais... denunciando o lançamento de
esgoto do bairro em afluentes do córrego e outros impactos ambientais.
9) Entregar cópia desses materiais produzidos para a Prefeitura Municipal, órgãos
do Estado e entidades civis com atuação na bacia hidrográfica do córrego.
Cobrar dos órgãos como SEMA, Prefeitura Municipal, entre outros, soluções para
os problemas como o esgoto, lixo, etc.
Sugestão 06 – Atividades de Educação Ambiental de
Primeiro a Terceiro Colegial
A Educação Ambiental nas séries mais avançadas, além da conscientização, visa
desenvolver, também, um senso crítico nos alunos a partir do momento em que constroem
o conhecimento pela percepção e reflexão sobre a realidade vivenciada e experimentada
por eles.
Por estarem com uma capacidade de abstração mais desenvolvida, estes alunos
conseguirão com mais facilidade relacionar os conteúdos de Educação Ambiental
estudados na escola com sua vida em comunidade. Assim, aprenderão a buscar subsídios
para abraçar uma luta visando uma melhor qualidade de vida ambiental.
As sugestões, então, são as seguintes:
Levantamento de materiais sobre o tema Águas (pelos alunos) como jornais,
revistas, livros, vídeos, etc.
110
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
É desejável, de preferência, que estes materiais sejam reproduzidos ou expostos
em painéis (para serem lidos pelos alunos à medida que chegam à sala de aula) para que
todos recebam a informação e montem um arquivo próprio (pasta, caderno, apostila...).
2) Realização de Pesquisas de campo:
2.1) Discutir com os alunos o que é, como proceder e por que fazer pesquisas de
campo;
2.2) Levantamento de dados, realizado pelos alunos, com os agentes
transformadores integrantes do bairro (moradores, comerciantes, empresários,
dirigentes de associação de bairro) que possam qualificar as condições de vida no bairro;
2.3) Levantamento de dados quantitativos nos postos de saúde e escolas, para
obter o número de atendimento por tipo de doenças, número de alunos por escola...
2.4) Observar os resultados para, em seguida, transpor estes caminhos e
anotações para a planta do bairro, aproveitando para identificar os agentes
transformadores deste espaço e pontuá-los na planta (associação de bairro, escolas,
igrejas, comércio, indústria...).
3) Análise dos dados:
3.1) Produzir cartogramas com os dados. Pode ser feito sobre uma base
topográfica ou sobre uma maquete;
3.2) Detectar pontos críticos e destacar áreas de risco para a saúde dos
moradores.
4) Montar uma maquete geoambiental da bacia:
4.1) Reproduzir uma base topográfica e hidrográfica;
4.2) Sobrepor as informações já cartografadas.
5) Montar uma maquete sobre "O cíclo da Água". Seria interessante fazer uma
representação tridimensional de como ocorre o ciclo natural e artificial da água. Esta
ajudaria os alunos a entenderem quais os caminhos percorridos pela água, sua relação com
o relevo, solo, vegetação, energia solar e as ações antrópicas. Pode ser feita com
materiais simples e baratos (base de isopor e massa de farinha, sal e água pintada com
guache ou tinta para tecido; base de papelão, modelado com massa de papel velho
dissolvido em água e cola, ou ainda com base de argila.
6) Monitoramento:
Após comprovar a qualidade da água, o professor poderá realizar debates com os
alunos, convidar outras pessoas do bairro ou da comunidade para fazerem outros debates
(vários enfoques), além de orientar na elaboração dos resultados finais.
7) Produção de textos:
7.1) Elaboração de um relatório. Este pode ser feito em forma de artigo que possa
ser mandado para algum jornal, revista...)
7.2) Produção de material para divulgação à população como panfletos, jornais,
cartazes, etc.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
7.3) Organizar um seminário com a participação dos alunos, dirigentes de
associações, médicos sanitaristas, imprensa, etc;
7.4) Fazer a exposição dos trabalhos em forma de: painéis; teatro; poesia;
gincanas; desenhos e pinturas.
Sugestão 07 – Aquamóvel
O nosso desafio
A distribuição de água no planeta é desigual. Junto com a poluição, a escassez de água
gera uma das crises sociais e naturais que mais afeta a sobrevivência de todos. Atitudes
e comportamentos, coletivos e individuais, são essenciais para aumentar ou diminuir este
problema. Estimular o espírito de equipe e o cooperativismo para conservar os recursos
hídricos que ainda restam passa a ser o nosso desafio.
Do que precisaremos
15 copos plásticos para um grupo de até 50 participantes, jarros transparentes de
plástico ou garrafas plásticas reaproveitadas com o gargalo cortado, água, réguas
graduadas de papel, fita adesiva, grãos ou elementos, como restos de lixo ou tinta, que
representem a contaminação ou poluição da água.
Por onde começar
Escolheremos uma área ao ar livre como um jardim ou uma quadra. Posicionaremos os
copos, por exemplo, 7 com água limpa e 8 com água poluída, espalhados pela área,
escondendo-os em diversos locais, para serem encontrados. Intercalaremos copos que
contenham somente água, representando a água limpa, e copos que contenham água e
restos de lixo ou sujeira, representando a água contaminada. Colaremos, em cada jarro
plástico, uma régua graduada para medição dos resultados de cada grupo.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Como proceder
Algumas pessoas serão os tripulantes dos aquamóveis, com a função de abastecer seus
tanques coletores de água. Todos têm uma missão em comum: salvar a Terra antes que ela
se transforme num imenso deserto. Encontrar água é o grande desafio, mas ela não pode
estar contaminada. Outras pessoas do grupo exercerão a função de monitores que
observarão as ações dos tripulantes e o cumprimento das regras da atividade. Os
participantes formarão grupos de, aproximadamente, 5 a 8 pessoas. Cada grupo será um
aquamóvel, compondo um pequeno círculo, todos voltados com o rosto para fora, de
costas, e agrupados com os braços “enganchados”, como na ilustração. Os aquamóveis se
posicionarão em locais que apresentem o mesmo grau de dificuldade de acesso aos copos.
Para cada aquamóvel, forneceremos um jarro vazio graduado. Quando escutarem o sinal
de saída, todos os aquamóveis caminharão em direção a um copo com água. Ao encontrá-
lo, deverão abaixar-se, pegá-lo e jogar a água dentro do jarro. O objetivo é encher os
jarros com a maior quantidade possível de água limpa, durante um tempo estabelecido,
como, por exemplo, cinco minutos. Deixar claro que não é uma corrida, mas um desafio a
ser cumprido com a cooperação de todos.
Atenção para as regras:
• os braços não podem se soltar, pois todos os tripulantes estão interligados; se isso
acontecer, o aquamóvel entrará em colapso e se desmanchará;
• a água coletada não pode estar poluída ou contaminada;
• caso o grupo derrube a água do copo, deve abandoná-lo.
Os monitores anotarão as “infrações” cometidas pelos tripulantes, bem como observarão
o comportamento dos participantes podendo estabelecer “multas”, se for o caso. Após o
sinal de encerramento, todos os aquamóveis medirão a quantidade de água obtida em cada
jarro. Apesar da euforia dos vencedores, vamos refletir com os grupos: a relação da
quantidade de água coletada com a quantidade necessária para a sobrevivência de todos;
a facilidade ou dificuldade de encontrar água em boas condições e o porquê; o
comportamento dos grupos para obter água limpa. A idéia é não desperdiçar nenhum dos
jarros, sendo todos os aquamóveis vencedores e convidados a continuar a missão por
muitos anos.
Para ir mais além
• Reuniremos o grupo para discutir: Quais foram os comportamentos durante o desafio?
Houve competição? Espírito de equipe? Organização? Planejamento? Motivação?
Imaginaremos essas atitudes para a situação da água no Planeta. Pessoas competindo,
sem critérios, pelos mesmos recursos, enquanto outras vivem em completa escassez.
Como gerar a co-responsabilidade de cada um nesse cenário?
• Os monitores podem escolher formas construtivas de pagar as multas: promover a
limpeza de rios, córregos e áreas degradadas por um determinado período, monitorar a
água desperdiçada nas atividades diárias de um grupo e nos vazamentos, trabalhar como
113
Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
agentes comunitários de educação ambiental ou ministrar palestras na escola, entre
outras atividades.
Como trabalhar em nossa comunidade
Nem todos os participantes tiveram a mesma condição de acesso aos copos de água
durante a atividade. Em nossa sociedade, muitas comunidades não dispõem de água
encanada e nem tratada. Podemos fazer um diagnóstico das condições locais, trabalhando
as diferenças e a importância que a água tem na vida de pessoas que não têm acesso a
ela; comparando com aquelas que possuem acesso facilitado. Quais as limitações para o
desenvolvimento social, econômico e ambiental desta comunidade? Alguém já viveu uma
situação precária e hoje tem melhor qualidade de vida? Como isso foi possível e como os
participantes podem se mobilizar para que as pessoas tenham melhor acesso à água
limpa?
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A oficina com os professores é a 1ª etapa deste Projeto. As próximas etapas são
as atividades que envolveram os alunos (as) das turmas de 8ª séries durante este ano
letivo. O cronograma das atividades será entregue para cada escola participante,
podendo haver alterações conforme condições climáticas. O roteiro das atividades extra-
classe com os alunos compreendem o estudo do meio em cinco pontos: Córrego Restinga,
Viveiro Municipal, Aterro Controlado, Unidade de Processamento de Lixo (UPL), Estação
de Tratamento de Esgoto e Balneário Municipal respectivamente, fazendo parte ainda da
fase seguinte, o mutirão de limpeza e plantio de mudas.
Cabe ressaltar que durante as atividades extra-classe haverá o acompanhamento
dos coordenadores do projeto e do guia de turismo, juntamente com o professor.
Contamos com a participação dos (as) professores (as) para que este Programa de
Educação Ambiental atinja seus objetivos.
Destacando a continuidade deste programa, sabendo que trabalhar com Educação
Ambiental requer ações contínuas e que estas preferencialmente estejam ligadas à
realidade e a vida de cada um dos envolvidos, solicitamos o comprometimento dos
professores, no sentido de utilizar o material de apoio fornecido e demais referências
que serão sugeridas, no decorrer do período escolar. Essa medida de inserir educação
ambiental nas atividades do cotidiano escolar, sem dúvida é o que garantirá a
continuidade do programa e o alcance de resultados positivos.
Como desdobramento deste projeto está previsto ainda, após a realização das
fases de estudo dos meios, o lançamento de uma “cartilha ecológica”, onde cada turma
dividida em grupos desenvolverá uma cartilha contendo os temas que foram trabalhos
durante as fases do programa.
As cartilhas deverão ser encaminhadas à sede do até o dia 17 de
novembro de 2006, sendo que a equipe vencedora será definida pelos associados do
IASB e premiada com a visita no atrativo turístico “Estância Mimosa”.
Estamos à disposição para maiores esclarecimentos, bem como sugestões que
poderão contribuir no aprimoramento deste projeto.
Bom trabalho!!
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
“Por todo o mundo, as pessoas estão sofrendo as conseqüências
do descaso em relação aos problemas ambientais. Embora
afetem todo o planeta, são as nossas atitudes regionais que
determinam a manutenção ou não desse cenário. Por isso, é
muito importante a sua conscientização perante a realidade
ambiental do nosso município, sendo esta, uma das melhores
formas de revertermos este processo”.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BATTASSINI, Paula Sant’anna – Projeto Reciclagem – Bonito: 2005.
BEHR, M. VON – Serra da Bodoquena: História, Cultura e Natureza. Campo Grande: Free,
2001.
FUNDAÇÃO CÂNDIDO RONDON – Diagnóstico Ecossocioambiental de Bonito – Mato
Grosso do Sul: Relatório Preliminar, Julho de 2006.
MANÇO, Daniel De Granville – Programa para Recomposição da Mata Ciliar do Rio Mimoso
– Bonito: 2001.
MEGULHÃO, Maria Cornélia & VASAKI, Beatriz N. G. – Educando para a Conservação da Natureza: Sugestões de Atividades em Educação Ambiental – São Paulo: EDUC, 1998.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Educação. Santos, Cleuza Pereira (Coord.) –
Educação Ambiental: ação e conscientização para um mundo melhor – Belo Horizonte:
SEE/MG, 2002.
ÓRGÃO GESTOR DA PNEA – Coletivos Jovens de Meio Ambiente: Manual Orientador –
Brasília: 2005.
RODRIGUES, R. R. & LEITÃO FILHO, H. F. – Matas Ciliares: Conservação e Recuperação.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Fapesp, 2004.
Cartilha: “Fazendo Educação Ambiental” – 4ª ed. Recife: CPRH, 1999.
Cartilha: “Movimento das Águas” – SEMA/MS.
Folder: “Projeto Formoso Vivo”.
Oficina de Educação Ambiental – IESF/UNIGRAN.
Programa de Coleta Seletiva: Secos & Molhados – IBAMA/MS.
Sites:
www.agua.bio.br
www.apoema.com.br
www.canalkids.com.br
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
www.catalogosudeste.com.br
www.ecolnews.com.br
www.educar.sc.usp.br
www.fcr.org.br/rioformoso
www.gpca.com.br
http://meninomaluquinho.educacional.com.br
www.mundodaagua.com
www. problad.ufba.br
www.psleo.com.br/agua19.htm
http://pt.wikipedia.org
www.recicloteca.org.br
www.saaej.sp.gov.br
www.soaresoliveira.br
http://web.educom.pt/escolovar/agua.htm
www.wwf.org.br
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Anexo I
Projetos realizados em Bonito visando à proteção do rio
Formoso:
1 - PROJETO FORMOSO VIVO
O que é o Formoso Vivo?
O Projeto Formoso Vivo é uma das maiores ações já
realizadas em prol da conservação da Bacia do Rio
Formoso, no município de Bonito MS. Seu objetivo
central é recuperar as Áreas de Preservação
Permanente e de Reserva Legal das propriedades
situadas às margens dos rios da região de Bonito, adequando-se à legislação ambiental
vigente.
Quem financia o Projeto?
Uma política praticada pelo projeto, por intermédio da Promotoria de Justiça de
Bonito, é na medida do possível destinar recursos de indenizações ambientais do
município para execução de suas atividades, como tem acontecido até o momento. O
projeto também está contando com apoio financeiro de empresários da região, além da
Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Conservation International.
Como é realizado?
As ações previstas no Projeto Formoso Vivo são divididas em 3 fases: 1ª FASE:
Diagnóstico ambiental das propriedades localizadas às margens do rio. 2ª FASE:
Demarcação da Área de Preservação Permanente (50 metros da margem);
Elaboração de laudo ambiental orientando o proprietário sobre todas as
providências para recuperação das áreas degradadas;
Isolamento dessa área com cercas de arame liso, para evitar agentes
perturbadores;
Demarcação, averbação e geo-referenciamento das áreas de Reserva Legal;
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre os proprietários
com irregularidades em suas propriedades e Promotoria de Justiça.
3ª FASE:
Aplicação do plano de recuperação ambiental, executando as medidas previstas nos
TAC;
Monitoramento do desenvolvimento das mudas plantadas e das áreas isoladas para
regeneração natural da vegetação;
Fiscalização do cumprimento dos Termos de Ajustamento de Conduta.
O que pretende alcançar com estas ações?
O Projeto Formoso Vivo pretende recuperar a mata ciliar e
vegetação de entorno de todos os rios da região de Bonito,
adequando as propriedades às leis ambientais vigentes, o
que irá contribuir consideravelmente para conservação dos
recursos florestais e hídricos da região.
Por que isso é importante?
As matas ciliares são fundamentais para a conservação dos rios e mananciais,
funcionando também como pontes de conexão entre fragmentos florestais que garantem
a manutenção da biodiversidade regional. Além disso, os recursos hídricos têm grande
importância sócio-econômica para o município de Bonito, sendo responsável por atrair
cerca de 70 mil visitantes anualmente para a região.
Resultados já alcançados!
Reativação do viveiro de mudas de espécies nativas (com recursos de ICMS
Ecológico aplicado pela Prefeitura Municipal e indenizações ambientais destinadas pela
Promotoria de Justiça);
OBS: O Termo de Ajustamento de Conduta é uma
espécie de acordo firmado pela Promotoria de Justiça e o proprietário, em que se prevê a regularização da propriedade e recuperação das áreas degradadas.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Diagnóstico ambiental de todas as 75 propriedades localizadas às margens do Rio
Formoso;
Demarcação de Área de Preservação Permanente de mais de 60 propriedades às
margens do Rio Formoso;
Definição de alocação da Reserva Legal de mais de 60 propriedades às margens do
Rio Formoso;
Conscientização dos proprietários rurais sobre a importância das áreas às margens
dos rios, os quais vêm demonstrando consciência ecológica e receptividade ao projeto,
firmando-se como parceiros nesta empreitada.
Quem executa o Projeto?
O Projeto Formoso Vivo nasceu por iniciativa da Promotoria de Justiça de Bonito,
atendendo ao grande apelo ambiental do Rio Formoso. É executado pela Fundação
Neotrópica do Brasil, uma ONG voltada para a conservação da região. Há mais de 10 anos
desenvolve projetos e incentiva a formação de uma consciência ecológica, além de apoiar
iniciativas de instituições públicas e privadas. Neste projeto, atua em parceria com
IBAMA/PARNA da Serra da Bodoquena, Polícia Militar Ambiental, SEMA/IMAP e
Prefeitura Municipal de Bonito.
2 - Manejo Integrado da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso e Proteção
da Biodiversidade – “GEF Rio Formoso”
A meta do projeto é de contribuir para conservação e uso sustentável da
biodiversidade e promover o controle da degradação das terras na BHRF. Isto será
atingido com o enfrentamento direto às ameaças identificadas à Biodiversidade. As
intervenções do projeto serão focadas na alta e média BHRF e promoverão um aumento
no engajamento do público através da construção de uma conscientização local,
envolvimento e educação. O projeto beneficiará cerca de 150 agricultores com imóveis
com menos de 100 ha além de outros membros de grupos de interesse/beneficiários
(agentes locais de turismo, guias, empresários, artesãos, cidadãos de Bonito, funcionários
estaduais e municipais que trabalham com assuntos ambientais e de agricultura, etc.). A
principal fonte de renda daqueles agricultores é a pecuária bovina, seguida do cultivo de
culturas anuais.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Anexo II
OS DEZ MANDAMENTOS DA ECOLOGIA
01 – Ama a Deus sobre todas as coisas e a natureza como a ti mesmo.
02 – Não defenderás a natureza em vão com palavras, mas através de teus atos.
03 – Guardarás as florestas virgens, pois tua vida depende delas.
04 – Honrarás, a flora, a fauna, todas as formas de vida, e não apenas a humana.
05 – Não matarás.
06 – Não pecarás contra a pureza do ar deixando que a indústria suje o que a criança
respira.
07 – Não furtarás da terra a sua camada de húmus, raspando-a com o trator, condenando
o solo à esterilidade.
08 – Não levantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o progresso justificam teus
crimes.
09 – Não desejarás para teu proveito que a fonte e os rios se envenenem com o lixo
industrial.
10 – Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação é preciso destruir a paisagem:
a terra também pertence aos que ainda estão por nascer.
Autora – Ecléa Bosi RJ/1976.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Anexo III
Cultura ÚTIL. E o Planeta agradece...
Informações de um técnico da SABESP sobre o ÓLEO DE COZINHA
O que fazer com o óleo usado? Você sabe onde jogar o óleo das frituras em casa? Mesmo
que não façamos muitas frituras, quando o fazemos, jogamos o óleo na pia ou por outro
ralo, certo? Este é um dos maiores erros que podemos cometer.
Por que fazemos isto, perguntam vocês.
Porque infelizmente ninguém nos diz como fazer, ou não nos informamos. Sendo assim, o
melhor que tem a fazer é colocar os óleos utilizados numa daquelas garrafas de plástico
(por exemplo, as garrafas Pet de refrigerantes), fechá-las e colocá-las no lixo normal (ou
seja, o orgânico). UM LITRO DE ÓLEO, CONTAMINA CERCA DE 1 MILHÃO DE
LITROS DE ÁGUA, equivalente ao consumo de uma pessoa no período de 14 anos.
Obs: Se você optar em passar essa mensagem à diante para seus amigos, o meio ambiente
ficará muito grato, afinal é para o bem de todos.
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Anexo IV
CONSIDERAÇÕES SOBRE A SITUAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
EM BONITO
Em pesquisa junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o Instituto das Águas da
Serra da Bodoquena obteve as seguintes respostas quanto à situação dos resíduos sólidos
da nossa cidade:
1 – Quantas toneladas de lixo são produzidas diariamente em Bonito?
R: Em torno de 20 toneladas de lixo por dia.
2 – Qual a destinação final do lixo urbano em Bonito?
R: O lixo recolhido pelos caminhões de coleta é levado para o Aterro Controlado.
3 – E o lixo da Zona Rural. Qual a orientação dada aos produtores?
R: A orientação dada aos produtores é que todos, sem exceção, devem trazer seu lixo
para a cidade e depositá-lo diretamente no Aterro ou nos Postos de Entrega. Mas
sabemos que existem muitos moradores da zona rural que ou queimam ou enterram o lixo
em suas propriedades.
4 – Qual a capacidade do Aterro Controlado de Bonito?
R: O Aterro tem capacidade para a abertura de mais 10 valas (atualmente estão com 02
valas abertas) onde comportam 3.000 (três mil) toneladas de lixo cada. Ou seja, o Aterro
Controlado de Bonito tem capacidade de receber ainda em torno de 30.000 (trinta mil)
toneladas de lixo. Isso significa um tempo em torno de 05 anos de vida útil.
5 – Como fazer com os resíduos perigosos? Qual a orientação que a Secretaria dá
às pessoas?
R: Os resíduos de saúde (lixo hospitalar) são coletados pela Secretaria Municipal de
Saúde com veículo apropriado com destino ao Aterro Controlado onde são depositados em
valas especiais. As pilhas e materiais semelhantes deverão ser entregues no Foto Wadim.
6 – Em Bonito existe alguma cooperativa de catadores?
R: Na verdade não existe uma cooperativa e sim uma associação. Esta associação já está
registrada, mas ainda não saiu o número do CNPJ. Os associados vêm trabalhando na
Unidade de Processamento de Lixo (UPL).
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
7 – Quantos associados estão trabalhando na UPL atualmente?
R: Há em torno de 15 famílias (atualmente), mas há variações, tanto para maior quanto
para menor.
8 – Qual a renda média que estes associados recebem por mês?
R: R$ 300,00 (trezentos reais).
9 – Qual a quantidade de material reciclável vendida pela UPL?
R: Em torno de 23 toneladas/mês.
10 – Em Bonito existe a coleta seletiva?
R: Sim, mas apenas na rua principal da cidade, a Cel. Pilad Rebua. O caminhão passa nessa
rua em dias intercalados nas primeiras horas da manhã. Este material recolhido é
descarregado diretamente na UPL.
11 – A Secretaria tem alguma proposta de estender a coleta seletiva para todos os
bairros de Bonito?
R: Através do Projeto de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Fundação Banco do
Brasil está sendo comprado um caminhão de 3/4 de tonelada, lixeiras e contêineres para
que se possa estender a coleta seletiva para todos ou pelo menos a maioria dos bairros da
cidade.
12 – E para quem mora nos bairros e quer separar o seu lixo, existe algum lugar
onde poderiam estar depositando o material reciclável?
R: Quem quer separar o seu lixo, poderá estar levando os materiais recicláveis
diretamente na UPL ou depositá-los nos Postos de Entrega Voluntários (PEV’s). Em Bonito
existem 04 (quatro) pontos. Trata-se de contêineres que estão fixados no Auto Posto
Bacuri, na Praça da Liberdade em frente ao Banco do Brasil, na Associação Amigos da
Brazil Bonito e no Paço Municipal.
13 – Onde as pessoas podem receber maiores informações sobre a destinação do
lixo em Bonito?
R: A população poderá entrar em contato diretamente com a Secretaria Municipal de
Meio Ambiente no telefone (0xx67) 3255-3316 ou fazer-nos uma visita, na Rua Cel. Pilad
Rebua, nº. 1250, Centro.
Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente
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Projeto Bonito para Sempre – Material de Apoio ao Educador
Anexo V
Fotos Aterro Controlado e UPL de Bonito
Fotos Aterro Controlado – Vala
Fotos UPL – Pátio com material reciclável prensado
Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
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