Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA
ISSN: 2447-455X
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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FACULDADE SÃO FRANCISCO DE JUAZEIRO
Diretor acadêmico/administrativo: Richard Douglas
COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO – PUBLICIDADE E PROPAGANDA
Coordenadora: Teresa Leonel
COLEGIADO DE FISIOTERAPIA
Coordenadora: Bruna Angela Antonelli
COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO
Coordenadora: Giovanna Aléxia Meireles
COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Coordenador: Wellington Dantas de Sousa
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – NUPPEX
Coordenadora: Késia Araújo
Supervisor de projetos: Pablo Michel Magalhães
Design gráfico
Tiago Vieira Ribeiro De Carvalho
Layout para internet
Luécito de Sousa Filho
OBJETIVO DA REVISTA
A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,
integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo científico,
divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem como as colaborações
advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à comunidade científica e à
sociedade em geral contribuições através dos debates aqui promovidos.
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Conselho Editorial
Administração - Ciências Contábeis
Prof. Fabio Feitosa da Silva - Especialista
Prof. Hesler Piedade Caffé Filho - Mestrando
Prof. José Adelson Gonçalves de Almeida - Especialista
Prof. Mario Cleone de Souza Junior - Mestre
Prof. Wellington Dantas de Sousa - Mestrando
Prof.ª Erika Jamir - Mestrando
Prof. Augusto Jorge - Mestre
Fisioterapia
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Prof.ª Caroline Dieder Dalmas de Andrade - Mestre
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Prof.ª Paula Telles Vasconcelos - Mestre
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Comunicação
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Prof. Cecilio Ricardo de Carvalho Bastos - Mestrando
Prof.ª Késia Araújo - Especialista
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Prof.ª Vera Medeiros - Mestre
Áreas convergentes
Prof.ª Eliene Matos e Silva - Doutora
Prof.ª Jordânia de Cassia de Araújo Costa - Mestre
Prof. Jorge Messias Leal do Nascimento – Mestre (Doutorando)
Prof.ª Maria Aline Rodrigues de Moura – Mestre
Prof.ª Maria da Conceição Araújo Carneiro – Mestre (Doutoranda)
Prof. Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães – Mestre
Prof. Ronilson Sousa – Mestre
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SUMÁRIO
DOSSIÊ TEMÁTICO – 2º CONINTA
“CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO PARA UMA SOCIEDADE CIDADÔ
O PAPEL DA EQUIPE DE SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER INFANTO-
JUVENIL PELOS FAMILIARES .................................................................................... 8
Patrícia Shirley Alves de Sousa
Larissa Lorena de Carvalho
Joice Requião Costa
Emanuella Lisboa Baião Lira
Marcelo Domingues de Faria
MORTALIDADE NEONATAL NO BRASIL: FATORES EPIDEMIOLÓGICOS
........................................................................................................................................... 17
Emanuella Lisboa Baião Lira
Joice Requião Costa
Patrícia Shirley Alves de Sousa
Herydiane Rodrigues Correia Wanderley
Marcelo Domingues de Faria
CONTEXTUALIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA COM
ENFOQUE EM FATORES DE RISCO .......................................................................... 26
Joice Requião Costa
Emanuella Lisboa Baião Lira
Patrícia Shirley Alves de Sousa
Herydiane Rodrigues Correia Wanderley
Marcelo Domingues de Faria
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA BASEADA NO MODELO DA
CIF PARA PACIENTES COM AVC. ............................................................................. 33
Carlos Dornels Freire De Souza
Adriana Rodrigues
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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Aline Gonçalves Da Paixão
Danilo Sobral Da Silva Fernandes
Diogenes Ferreira Dos Passos
Einstein Zeus Alves De Brito
A ESCOLA COMO EDUCADORA NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO ÉTICO. ENTRE
AS POSSIBILIDADES E DESAFIOS. .............................................................................. 43
Normilza Moura
EMOAFETOPOLITIZAÇÃO: UM OLHAR DESAFIADOR SOBRE A EDUCAÇÃO
CONTEXTUALIZADA ................................................................................................ 56
Maria Da Conceição Araújo Carneiro
A ECOSOFIA E A FORMAÇÃO DO SUJEITO AMBIENTALMENTE CONSCIENTE:
A CONTRIBUIÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA.
...................................................................................................................................... 67
Kellison Lima Cavalcante
Rafael Santana Alves
CARRAPICHO VIRTUAL: EXPERIÊNCIA DE EDUCOMUNICAÇÃO E
PROTAGONISMO COM JOVENS DO VALE DO SALITRE, JUAZEIRO (BA).
......................................................................................................................................... 75
Érica Daiane Da Costa Silva
AS NOVAS MÍDIAS NA WEB 2.0 E OS SEUS REFLEXOS NA PRÁTICA DOCENTE
NO ENSINO SUPERIOR ................................................................................................ 86
Tiago Vieira Ribeiro De Carvalho
Késia Araújo
Jonas Martins
Ricardo Amorin
Dinani Amorim
A FALTA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FATOR DE RISCO PARA
OS EMPREENDEDORES INDIVIDUAIS DA CIDADE DE SENHOR DO BONFIM-BA
....................................................................................................................................... 95
Keila Daniela Souza De Carvalho
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL NA GESTÃO EMPRESARIAL DAS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NA CIDADE DE JUAZEIRO-BA
..................................................................................................................................... 122
Romaine Caline Barbosa Dos Santos Vieira
Carla Patrícia Dos Santos Falcão
Florisvaldo Cunha Cavalcante Junior
Wellington Dantas De Sousa.
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO FATOR DE EFICIÊNCIA,
EFICÁCIA E COMPETITIVIDADE NA GESTÃO EMPRESARIAL ............................ 140
Florisvaldo Cunha Cavalcante Junior
Elis Magalhães Santos De Freitas
Wellington Dantas De Sousa.
O PODER DOS ATACAREJOS: ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS DO COMÉRCIO
REGIONAL PARA COMBATER A EVASÃO DA RENDA E TRAZER O EQUILÍBRIO
DO MERCADO REGIONAL DE ALIMENTOS NO NORTE DA BAHIA.
..................................................................................................................................... 149
José Adelson Gonçalves De Almeida
CRESCIMENTO ECONÔMICO E A ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DA RENDA EM
PETROLINA-PE ............................................................................................................ 159
Antônio José Gomes Pedrosa
ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES RELACIONADAS AO TEMA EXAME DE
SUFICIÊNCIA DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NO PERÍODO DE
2014 A 2015. ...................................................................................................................... 177
Rita Regina Marques Costa
Jamila Cristina Almeida De Jesus.
ARTIGOS LIVRES
A UTILIDADE DE UMA OBRA LITERÁRIA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA
.................................................................................................................................................... 189
Inaldo Moreno
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MARKETING SOCIETAL: COMPREENDENDO SUA APLICAÇÃO NAS
ESTRATEGIAS DAS ACADEMIAS DE JUAZEIRO-BA ................................................ 206
Cleiane Alves dos Santos Pionorio
Erika Maria Jamir de Oliveira
Géssica Tamires Barbosa Silva
Lilian Filadelfa Lima dos Santos Leal
Victor Cunha dos Santos Souza
A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DE MARKETING PARA O DESEMPENHO
COMPETITIVO NA REDE DE POSTOS RAUL LINS .................................................... 214
Amanda Vargas Moraes
Erika Maria Jamir de Oliveira
Gessica Shirlei Silva de Mattos
Lara Lorena Rodrigues de Castro
Sheyla Maria Domingos dos Reis
A APLICABILIDADE DO MIX DE MARKETING NA EMPRESA HAVAIANAS
PETROLINA-PE .................................................................................................................... 224
David Reinaldo Dantas
Erika Maria Jamir de Oliveira
QVT - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A FELICIDADE COMO VALOR
ORGANIZACIONAL ........................................................................................................... 234
Janine De Lamare Cordeiro Moura
Valéria Miranda dos Santos
Hesler Piedade Caffé Filho
RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – CONINTA
.................................................................................................................................................... 251
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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O PAPEL DA EQUIPE DE SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER INFANTO-
JUVENIL PELOS FAMILIARES
Patrícia Shirley Alves de Sousa1
Larissa Lorena de Carvalho2
Joice Requião Costa3
Emanuella Lisboa Baião Lira4
Marcelo Domingues de Faria5
INTRODUÇÃO
O conceito primordial de saúde, proveniente do pensamento grego antigo, atribuía ao ser
humano que tinha um corpo saudável a consequencia de obter uma mente sã. Com a
industrialização, o mesmo passou a ser compreendido como um estado de ausência de afecções
e enfermidades (SCHWARTZ, 2001). Somente em 1946, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) amplia a definição desta, passando, por sua vez, a ser entendida como um completo
bem-estar físico, mental e social (SARLET, 2010).
Por conseguinte, essa evolução revela a imprescindibilidade da formação e atuação de
equipes multidisciplinares de saúde capazes de desenvolverem atitudes, diálogos e competências
firmados na transdisciplinaridade e interdisciplinaridade. Uma vez que, o ser humano não é
apenas um corpo físico, nem tampouco só consciência ou exclusivamente emoção. Ponderar
esses aspectos isoladamente é relegar a um segundo plano o todo e a integridade, que devem ser
foco permanente dos profissionais que lidam com a saúde (MENEZES; MORÉ; BARROS,
2008).
Como todas as enfermidades, o câncer é uma patologia que necessita dessa atuação e
visão interdisciplinar por parte dos profissionais de saúde. Em 2030, a carga global estimada
será de 21,4 milhões de casos novos de câncer, e 13,2 milhões de mortes por câncer, em
consequência do crescimento e do envelhecimento da população, bem como da redução na
mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países em desenvolvimento
(INCA, 2014).
1 Enfermeira.
Professora substituta do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Mestranda no Programa de Pós-
Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista em Saúde da Família pela UFPel. E-mail:
[email protected] 2 Odontóloga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. E-mail:
[email protected] 3 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista
em Nefrologia pela UNINTER. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista
em Enfermagem Neonatal pela FPS. E-mail: [email protected] 5 Médico Veterinário. Professor Adjunto da UNIVASF. Mestrado e Doutorado em Ciências pela USP. E-mail:
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No Brasil, assim como em outros países, o câncer já representa a primeira causa de morte
(7% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, em todas as regiões
(INCA, 2016). Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência além das leucemias
(que afeta os glóbulos brancos), são os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático)
(INCA, 2012).
Diante do surgimento do câncer infanto-juvenil, os familiares passam a conviver com
diversos sentimentos, como culpa, negação, medo, confusão, raiva, desgosto e angústia
(ABRALE, 2006). Segundo Menezes et al. (2007), como as famílias consistem na principal
forma de apoio ao doente, estas fazem inúmeras adaptações em sua vida e rotina. Algumas
adotam até a mesma dieta restritiva do doente, reduzem a carga profissional e de atividade de
lazer visando ter mais disponibilidade para suprir as necessidades do mesmo.
Além do aparecimento da doença, a hospitalização é uma experiência estressante, dadas as
situações em que ela ocorre, e envolve profunda adaptação do paciente às várias mudanças
decorrentes do processo de internação, independentemente da idade. A internação imediata, a
separação de casa e do convívio familiar, além dos procedimentos terapêuticos que, muitas
vezes, agridem o paciente física e emocionalmente, são fatores desestruturantes tanto para a
criança quanto para os demais membros da família (COSTA; MOMBELLI; MARCON, 2009).
Uma forma de conduzir esse evento complexo é compreender como as famílias enfrentam
e suportam os problemas surgidos diante de uma doença grave, levando em conta também a
percepção de cada membro da mesma em relação ao câncer, suas fantasias e dificuldades em
acostumar-se com a situação (PENNA, 2004).
Enfrentamento é a tradução do termo inglês coping, definido como o esforço de
comportamento e cognição do indivíduo voltado para manobrar um acontecimento estressante,
fazendo-o entender quais os fatores que irão influenciar o resultado final do processo
(FOLKMAN, 2011). Para isso, é preciso que o indivíduo seja resiliente, ou seja, capaz de
superar e ressignificar de forma positiva as situações adversas, manejando a doença e o
tratamento ao logo do tempo (PAULA JÚNIOR; ZANINI, 2011).
São cinco as principais funções do enfrentamento. A primeira versa sobre diminuir as
condições ambientais que acarretam dano; a segunda faz referência a aceitar eventos ou
realidades negativas procurando a adaptação aos mesmos; a terceira visa manter uma
autoimagem positiva em relação ao evento adverso; a quarta sugere a manutenção do equilíbrio
emocional, e a quinta reporta-se à conservação de relacionamentos satisfatórios com os outros
(GIMENES, 2003).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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Perante o exposto, desenvolveu-se uma pesquisa na ala de oncologia pediátrica do
Hospital Dom Malan – Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
visando analisar o processo de enfrentamento adotado por familiares/responsáveis de crianças e
adolescentes com câncer e hospitalizados. Este trabalho é um recorte da Dissertação de
Mestrado: ‘CÂNCER EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: o enfrentar da doença pelos
familiares’, do programa de pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade
Federal do Vale do São Francisco, tendo como finalidade compartilhar o papel da equipe de
saúde no enfrentamento do câncer infanto-juvenil pelos familiares.
MATERIAIS E MÉTODOS
Previamente à sua realização, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, através do parecer
CAAE 45724915.7.0000.5196 de 28/07/2015.
Trata-se de um estudo descritivo, fenomenológico com abordagem qualitativa, realizado
no período de agosto a novembro de 2015, momento em que se atingiu o desvelamento do
fenômeno, no Hospital Dom Malan localizado no Município de Petrolina (PE), que trabalha sob
a gestão do IMIP, uma entidade filantrópica que atua nas áreas de assistência médico-social,
ensino, pesquisa e extensão comunitária.
Os participantes do estudo foram compostos por 16 familiares/responsáveis das crianças
ou adolescentes em tratamento para o câncer infanto-juvenil internados no Hospital Dom Malan.
Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, com base em roteiro contendo
questões norteadoras e de apoio. Cada familiar/responsável assinou o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) e foi entrevistado individualmente. Após cada entrevista gravada, as
falas foram transcritas para não se perder os modos pelos quais os familiares/responsáveis se
expressaram, tanto física quanto verbalmente. Foi atribuída a letra F seguida do número em
ordem crescente dos familiares/responsáveis, visando garantir o sigilo e anonimato dos mesmos.
Os discursos dos familiares/responsáveis foram transcritos e analisados partindo-se de
quatro momentos, conforme orientação de Martins e Bicudo (1989):
1. leitura geral e atentiva da descrição de cada discurso, de modo que o pesquisador possa captar
o sentido do todo: neste momento, ele procura se aproximar do lugar onde o sujeito
experienciou aquela dada situação, de forma a não ser um mero expectador;
2. leituras das entrevistas, quantas vezes forem necessárias, pelo pesquisador para buscar
identificar unidades de significado (U.S.), ou seja, coloca-se em evidência os significados da
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11
descrição, que não se encontram prontos no texto, mas que tem a ver com a disposição do
pesquisador frente às suas perspectivas e interrogação;
3. obtendo as U.S., o pesquisador tentar expressar o “insight” contido em cada uma delas, de
maneiras a aproximá-las fazendo as convergências possíveis de todas as U.S. obtidas dos
discursos/entrevistas, através de expressões concretas dos sujeitos, de modo a construir
categorias reveladoras do fenômeno em estudo;
4. o pesquisador, para chegar à estrutura do fenômeno, sintetiza e integra os “insights ”contidos
nas U.S., buscando uma descrição consistente desse fenômeno tal como ele se mostra de sua
estrutura.
O processo de desvelamento numa pesquisa fenomenológica ocorre durante a entrevista e
também na sua análise. Na entrevista, o pesquisador se detém à busca da vivência, manejando a
entrevista de maneira a conseguir o relato das vivências de determinadas situações e, ao mesmo
tempo, tendo o cuidado de direcionar o sujeito a dar determinadas respostas. Já durante a análise
dos dados, o pesquisador analisa as vivências dos sujeitos no que tange ao que eles
experienciaram e foi relatado, mas também ao que não foi dito, mas ficou implícito nas suas
expressões (MARTINS; BICUDO, 1989).
RESULTADOS
Caracterização dos familiares/responsáveis
Dos 16 familiares/responsáveis participantes do estudo, 14 eram mães (87,5%), uma avó
(6,25%) e um pai (6,25%). A mãe, normalmente, é a cuidadora principal e, em muitos casos, a
única, visto ser a integrante da família a cuidar em período integral de seu filho (FARIA;
CARDOSO, 2010).
A cor de pele predominante entre os familiares foi a parda (50%), a média de idade foi 41
anos e 87,5% eram casados/união estável. Corroborando com estes achados, por Fagundes et al.
(2015) estudaram dez indivíduos observando as percepções de cuidadores de crianças em
tratamento oncológico, mostrando que a maioria dos entrevistados também tinham a cor parda,
eram casados e a idade variava entre 23 e 42 anos.
Conforme classificação econômica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE (2014), 93,75% dos entrevistados pertencem a classe E [com rendimento de até 2 salários
mínimos (SM), ou seja, R$1449,99]. Em relação a escolaridade, 50% possuía Ensino
Fundamental completo.
Caracterização das crianças e adolescentes
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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Todos os pacientes estavam em tratamento quimioterápico (100%) e possuíam terapêutica
superior a 15 dias. Desses, 10 indivíduos (62,5%) eram do sexo masculino e seis (37,5%), do
feminino. A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é o tipo de neoplasia mais frequente na oncologia
pediátrica do hospital, sendo a patologia de 14 dos 16 pacientes (87,5%), seguida pelo
neuroblastoma (6,25%) e linfoma de Hodgkin (6,25%). Segundo dados do INCA (2014), a LLA
é o tipo de neoplasia maligna mais comum na infância e acomete mais meninos do que meninas,
confirmando os achados da pesquisa.
A Figura 1 especifica as idades das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no
hospital e evidencia a prevalência entre 2 a 5 anos, confirmando dados do INCA (2016).
Figura 1 - Gráfico evidenciando idade das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no
IMIP - Petrolina, 2015.
Desvelamento fenomenológico
Após transcrição e análise dos discursos, conforme orientação de Martins e Bicudo
(1989), identificou-se seis unidades de significado (U.S.) que permitiram explicar o fenômeno
em questão: “Como ocorre o enfrentamento de familiares/responsáveis das crianças e
adolescentes hospitalizados com neoplasias”, conforme mostra a Figura 2. Nesse artigo abordar-
se-á sobre a equipe de saúde e hospital.
Figura 2 - Unidades de Significado dos discursos dos familiares/responsáveis das crianças e
adolescentes em tratamento oncológico no IMIP – Petrolina, 2015.
25%
12,50%
31,25%
6,25%
12,50%
6,25% 6,25%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Idade
Idade
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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Percebeu-se nos discursos que o atendimento da equipe de saúde é considerado ótimo
pelos familiares. Todavia, um fator que dificulta o processo de enfrentamento pela família é o
fato de a comunicação entre a equipe de saúde e os membros familiares mostrar-se confusa,
ambígua ou não realizada. Como pode-se evidenciar nas falas.
“Desde que nós chegamos aqui eles nos tratam muito bem. Nunca faltou nada. Graças a
Deus! Eu só sinto falta de informação, entende? Teve melhora, não teve. Só isso. No
restante, eles são ótimos! ... ” (F8).
“ ... às vezes eu não entendo se meu filho melhorou ou não. Eles não explicam direito ...”
(F16).
Dittz et al. (2008) destacam a importância do cuidador receber o acompanhamento dos
profissionais, tanto da enfermagem como de outros membros da equipe multidisciplinar, já que a
permanência no hospital gera ansiedade, e esses profissionais podem auxiliá-lo na diminuição
dessa emoção que, muitas vezes, é decorrente das intensas relações de cuidado que envolve uma
hospitalização.
No tocante ao ambiente hospitalar, constatou-se um desconforto em relação ao mesmo.
“Podia ser mais colorido né? Quando é para gente ‘vim’ pra cá já começa o choro...”
(F6).
“... sem contar que a gente dorme nessa cadeira. Mas o importante é a saúde dele...” (F2)
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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Dittz et al. (2008) e Milanesi et al. (2006) concordam que o ambiente hospitalar propicia
o aumento da tensão e ansiedade tanto nos pacientes como nos cuidadores, que se deparam com
uma série de mudanças, normas e regras que lhe são impostas.
Estudo sobre percepções de familiares de pessoas portadoras de câncer sobre encontros
musicais durante o tratamento neoplásico realizado por Silva, Marcon e Sales (2014),
comprovou que o encontro mediado pela música promove a abertura do ser para o diálogo e o
vínculo entre enfermeiro, cliente e família, ampliando as possibilidades de interação entre os
sujeitos envolvidos no processo de cuidar das pessoas que convivem com o câncer e subsidiando
aos familiares/ acompanhantes a elaboração de estratégias de enfrentamento e a transcendência
de suas vicissitudes.
CONCLUSÃO
Existe uma lacuna na comunicação entre a equipe de saúde e familiares de crianças e
adolescentes com câncer e hospitalizados, seja pela falta ou até mesmo através da qualidade da
informação transmitida, influenciando diretamente no processo de enfrentamento desses
familiares.
Um ambiente hospitalar mais colorido, bem como as próprias roupas dos profissionais são
alternativas simples que influenciariam de forma positiva no processo de enfrentamento da
família e paciente.
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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MORTALIDADE NEONATAL NO BRASIL: FATORES EPIDEMIOLÓGICOS
Emanuella Lisboa Baião Lira6
Joice Requião Costa7
Patrícia Shirley Alves de Sousa8
Herydiane Rodrigues Correia Wanderley9
Marcelo Domingues de Faria 10
RESUMO
A Mortalidade Infantil (MI) é considerada com um dos principais indicadores sociais de uma
população. Apesar da redução desse índice nos últimos 10 anos, o Brasil ainda possui níveis
alarmantes, destacando-se os óbitos neonatais como responsáveis por 50% dos óbitos infantis. A
pesquisa tem como objetivo listar as principais causas e fatores relacionados aos óbitos
neonatais, bem como os índices de mortalidade neonatal nos últimos 10 anos, encontrados na
literatura e no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Trata-se de uma revisão
sistemática, considerando artigos publicados nos últimos 5 anos, em português, nas bases de
dados LILACS, SCIELO e BDENF. A coleta de dados foi realizada no mês de julho de 2016,
partindo dos seguintes descritores: “Mortalidade infantil”, “Causas de morte” e “Fatores
Epidemiológicos”. Foram encontrados 178 trabalhos, porém foram selecionados 13 artigos para
análise. Foi realizado a busca de dados epidemiológicos, referente aos últimos 10 anos, no
Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) no Portal da Saúde do Ministério da Saúde.
Constatou-se que a taxa de mortalidade neonatal no Brasil vem mantendo níveis elevados, com
pouca modificação do componente neonatal precoce. Dentre as causas destacou-se as Afecções
perinatais e as malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. A
prematuridade, o baixo peso ao nascer e fatores socioeconômicos maternos como idade, renda e
escolaridade, foram os principais fatores de risco para a mortalidade neonatal. Espera-se que
essa investigação sirva de subsídios para o planejamento de atividades de vigilância em saúde,
referentes aos fatores de risco para a mortalidade neonatal.
Palavras-chaves: Mortalidade Infantil. Recém-nascido. Causas de Morte
INTRODUÇÃO
A Mortalidade Infantil (MI) é considerada um dos principais indicadores sociais de
uma população. Apesar da redução desse índice nos últimos 10 anos, o Brasil ainda possui
níveis alarmantes, destacando-se os óbitos neonatais como responsáveis por 50% dos óbitos no
primeiro ano de vida (BRASIL, 2007).
6 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista
em Enfermagem Neonatal e Pediátrica pela FPS. E-mail: [email protected] 7 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista
em Nefrologia pela UNINTER. E-mail: [email protected] 8 Enfermeira.
Professora substituta do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Mestranda no Programa de Pós-
Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista em Saúde da Família pela UFPel. E-mail:
[email protected] 9 Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela FIP. E-mail: [email protected] 10 Médico Veterinário. Professor Adjunto da UNIVASF. Mestrado e Doutorado em Anatomia dos animais
domésticos e silvestes pela USP. E-mail: [email protected]
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
18
Os óbitos neonatais correspondem também a 36% dos ocorridos em menores de cinco
anos em todo o mundo. Em países em desenvolvimento, verifica-se que a mortalidade neonatal
possui índices ainda expressivos, correspondendo a mais de 50% das taxas de mortalidade
infantil (RADES; BITTAR; ZUGAIB, 2004).
Para melhor entendimento, França e Lansky (2008) caracterizam a Taxa de
Mortalidade Infantil (TMI) como todos os óbitos de crianças menores de um ano, sob o número
de nascidos vivos (multiplicado por 1000). Reforçam que a mortalidade infantil é dividida em
mortalidade neonatal (de 0 a 27 dias de vida), que subdivide-se em neonatal precoce (de 0 a 6
dias de vida) e neonatal tardio (de 7 a 27 dias de vida); e mortalidade pós-natal (de 28 dias a 1
ano de vida).
As principais taxas de mortalidade neonatal no Brasil são as perinatais, predominando
nas primeiras vinte e quatro horas de vida, fase de continuidade do processo de crescimento e
desenvolvimento fetal. O nascimento prematuro está relacionado a 75% da mortalidade
neonatal, sendo a causa mais comum de morbidade neonatal, associado a fatores demográficos e
obstétricos (CARVALHO; GOMES, 2005).
É de suma importância a detecção de fatores de risco e de áreas de risco para a
priorização de cuidados de saúde. Para enfrentar esse desafio, em 1975, o Ministério da Saúde
desenvolveu o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), com a finalidade de coletar
dados sobre a mortalidade no país, possuindo variáveis fundamentais, a partir de diagnósticos
médicos, para desenvolver indicadores epidemiológicos que beneficiam a gestão em saúde
(BRASIL, 2016).
Assim, o Brasil vem se preocupando com as taxas de mortalidade neonatal,
implementando medidas de intervenções com ações de qualificação desde o acompanhamento
pré-natal à assistência neonatal na sala de parto e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
(BRASIL, 2005).
Fica evidente que compreender detalhadamente os fatores epidemiológicos que
determinam a Mortalidade Neonatal no Brasil representa uma necessidade premente no
momento atual. Por esse motivo, esta pesquisa teve o objetivo de listar as principais causas e
fatores relacionados aos óbitos infantis, dispostos na literatura, bem como apresentar os índices
de mortalidade neonatal nos últimos 10 anos no Brasil.
METODOLOGIA
Para redação deste artigo, foi realizada revisão sistemática, cuja metodologia
proporciona a incorporação de vários tipos de estilos de pesquisas, com o objetivo de investigar
o entendimento de um fenômeno (GIL, 2002).
A coleta foi realizada entre julho e agosto de 2016, considerando artigos de periódicos
científicos publicados nos últimos 5 anos, no idioma português, disponíveis em textos completos
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
19
nas bases de dados Literatura Latino-Americana e Ciências de Saúde (LILACS), Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF).
O levantamento bibliográfico partiu dos seguintes descritores: I) Mortalidade Infantil;
II) Recém-nascido e; III) Causas de Morte, segundo os Descritores em Ciências da Saúde
(DECS). Primeiramente, foi realizada a busca nas bases de dados SCIELO e BDENF com os
descritores “Mortalidade Infantil” e “recém-nascido” e, em seguida, com os descritores
“Mortalidade Infantil” e “Causas de Morte”. Na base de dados LILACS, realizou-se apenas uma
busca com os três descritores, chegando ao total de 178 artigos. Porém, após leitura de títulos e
resumos (foram selecionados 11 artigos para análise. Alguns dados epidemiológicos referentes à
Mortalidade neonatal no Brasil, nos últimos 10 anos, foram pesquisados no Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM), através do Portal do Ministério da Saúde.
Como estratégia de análise, foi realizada a síntese de conhecimento das obras
selecionadas, com a apresentação das principais causas e fatores relacionados aos óbitos
neonatais. Assim, chegou-se a discussão dos principais destaques, fundamentada na literatura
pertinente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Brasil, a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) apresenta tendência decrescente: em
2007, foram estimados 45.360 óbitos e, em 2015, 37.291 óbitos. Os níveis atuais são, entretanto,
ainda muito elevados e tornam a situação do país preocupante no cenário mundial, pois a taxa
atual é semelhante à dos países desenvolvidos no final da década de 1960. Países como Japão,
Canadá, Cuba, Chile e Costa Rica conseguiram diminuição significativa e simultânea da
mortalidade pós-neonatal e neonatal, enquanto, no Brasil, não houve mudança apreciável do
componente neonatal nas últimas décadas (SIM, 2016; UNICEF, 2015).
Nos últimos 10 anos, houve diminuição de óbitos neonatais de 2007 para 2010, caindo
de 30.821 para 27.687 óbitos, mantendo-se estável até 2015, quando foram registrados 26.297
óbitos. Até o mês de junho do ano de 2016, já foram notificados 4.750 óbitos neonatais.
Constatou-se, ainda, que os maiores índices estão presentes na região sudeste, e em algumas
regiões, como Norte, Sul e Centro-Oeste, esse índice manteve-se estável durante esse período.
Dados podem ser observados na Figura 1 (SIM, 2016).
Figura 1. Número de óbitos neonatais (masculinos e femininos) notificados, nos
últimos dez anos. [1] País [2] Região
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
20
Fonte: SIM - Junho de 2016
A Figura 2 apresenta a tendência dos componentes neonatal precoce e neonatal tardio,
do ano de 2012 a 2016, observou-se que, em todos os anos, o componente neonatal precoce
deteve a maior proporção do total de óbitos. No ano de 2015, dos 26.297 óbitos neonatais,
20.013 foram neonatais precoces; e 6.284, neonatais tardios (SIM, 2016).
A componente mortalidade neonatal precoce não apresenta redução no período,
podendo ser explicada pelo aumento da viabilidade fetal. A melhora na qualidade na assistência
em saúde, maiores investimentos ao atendimento à gestante de risco e às unidades de terapia
intensiva neonatal fazem com que os índices de mortalidade fetal diminuam e esses óbitos
deslocam-se para o período neonatal precoce (LANSK et al., 2007).
Figura 2. Número de óbitos neonatais (masculinos e femininos)
notificados, nos últimos cinco anos, segundo grupo etário.
Fonte: SIM - Junho de 2016
A concentração de óbitos neonatais precoces, que é correspondente ao período da
primeira semana de vida, denota a relação com a falta de assistência voltada à gestante e ao
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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recém-nascido antes, durante e após o parto, principalmente no atendimento imediato ao bebê e
na unidade de cuidados neonatais (FRANÇA; LANSK, 2008).
Para que ocorra o nascimento saudável do bebê é necessário que o hospital tenha
estrutura adequada da sala de parto e de recepção do recém-nascido, pois é onde o bebê recebe
os primeiros cuidados, principalmente na manutenção do padrão térmico e respiratório. É
necessário atendimento de qualidade nesse momento para que ocorra uma redução impactante
na mortalidade neonatal (BITENCOURTO; GAIVA, 2014).
Ainda é observado o despreparo da equipe no cuidado imediato das complicações
antes, durante e após o parto, como na estabilização fisiológica da mãe e na reanimação do
recém-nascido. Existe um número elevado de mortes por asfixia intraparto, até mesmo em
recém-nascidos a termo e com peso ideal para a gestação, situações que poderiam sem evitáveis,
sendo causado apenas devido ao despreparo da equipe de saúde (FRANÇA; LANSKY, 2009).
No que se refere às causas dos óbitos, segundo o CID-10 (Classificação Internacional
de Doenças e Problemas relacionados à saúde) pôde-se observar na Figura 3 que as Afecções
perinatais (Cap. XVII) correspondem à maior proporção, com 60% dos casos, seguidos de
Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Cap. XVII), com 22%;
Doenças infecciosas e parasitárias (Cap. I), com 4%; Sinais e achados de anormalidades em
exames clínicos e laboratoriais (Cap. XVIII), Causas externas de morbidade e mortalidade (Cap.
XX) e Doenças do Aparelho Respiratório (Cap. X), com 3%; Doenças endócrinas nutricionais e
metabólicas ( Cap. IV), Doenças do Sistema Nervoso (Cap. V), e Doenças do Sistema
Circulatório ( Cap. IX), com 1% (SIM, 2016).
O elevado índice de óbitos causados por afecções perinatais é considerado preocupante,
visto que aquelas relacionadas aos partos prematuros ou crescimento uterino tardio estão, na
maioria das vezes, estão associadas às consultas de pré-natal de má qualidade (ROCHA et al.,
2011).
Figura 3. Número de óbitos neonatais (masculinos e femininos)
notificados, no ano 2015, segundo capítulo da CID10.
Fonte: SIM - Junho de 2016
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
22
Estudo realizado no estado do Rio Grande do Norte constatou que a prematuridade e o
baixo peso ao nascer correspondem aos principais fatores de risco da Mortalidade neonatal
precoce. Também foram apresentados outros fatores de risco como mães sem escolaridade, da
raça negra e gestação gemelar. Os autores consideram que esses fatores necessitam de atenção
especial dos serviços de saúde no pré-natal, parto e puerpério, com assistência em tempo
oportuno e de qualidade, prevenindo intercorrências, sequelas e até mesmo a morte neonatal por
causas que poderiam ser evitáveis (TEIXEIRA et al., 2016).
A prematuridade é um problema de saúde mundial de grandes dimensões, pois possui
relação com diversos fatores desencadeantes dos óbitos em recém-nascidos. Além disso, traz
repercussões clínicas ao bebê, que necessita de cuidados complexos, podendo perdurar por toda
a vida, devido as suas sequelas (TEIXEIRA et al., 2016; AQUINO et al., 2007).
Outros estudos verificaram que idade e escolaridade materna possuem relação com a
mortalidade neonatal. Verificou-se risco de morte três vezes maior em bebês de mães muito
jovens (menores de 15 anos), comparando com bebês de mães entre 20 e 34 anos. Em relação à
escolaridade da mãe, constatou-se risco elevado de óbitos neonatais cujas mães não possuíam
instrução (RODRIGUES et a., 2013; LIMA et al., 2012).
Para Haiddar, Oliveira e Nascimento (2001), a escolaridade materna tem importante
efeito na mortalidade. Destacam a relação entre menor escolaridade com ocorrência de partos
prematuros, bebês com baixo peso ao nascer e menores números de consultas de pré-natal,
decorrentes, provavelmente, da menor condição social e das dificuldades de acesso aos serviços
de saúde.
Apesar dos fatores que levam ao óbito neonatal serem variados e atuarem com
diferentes intensidades, é necessária a adoção de medidas mais diretas nos serviços de saúde e
também na comunidade, que garantam atendimento adequado ao binômio mãe-filho desde o
pré-natal, parto e em todo período neonatal. Este atendimento proporcionaria a detecção, em
tempo hábil, de outros fatores de risco para morte neonatal, como os relacionados aos
nascimentos de pré-termos e anóxia neonatal (RADES; BITTAR; ZUGAIB, 2004).
Bitencourt e Gaiva (2014) afirmam que existem políticas públicas para a melhoraria da
assistência à gestante e ao recém-nascido, porém existe falta de planejamento execução e
fiscalização das ações, provocando assim ineficácia das consultas de pré-natal e da assistência
no parto. A precariedade de estrutura física para o atendimento obstétrico e neonatal de alto
risco, também está relacionada diretamente nos indicadores de mortalidade neonatal no país.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo ajudou a elucidar as tendências brasileiras de mortalidade neonatal.
Constatou-se que a taxa de mortalidade neonatal, no Brasil, vem mantendo níveis elevados, com
pouca modificação do componente neonatal precoce (0 a 6 dias de vida), que ocupa papel
importante no excesso de mortes infantis. Dentre as principais causas, destacaram-se as afecções
perinatais e as malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. A
prematuridade, o baixo peso ao nascer e fatores socioeconômicos maternos, como idade, renda e
escolaridade, foram os principais fatores de risco para a mortalidade neonatal.
Por fim, espera-se que essa investigação sirva de subsídio para o planejamento de
atividades de vigilância em saúde, referentes aos fatores de risco para a mortalidade neonatal,
sugerindo outros estudos imprescindíveis que abordem, por exemplo, a relação dos fatores de
risco com o acesso ao serviço de pré-natal, parto e puerpério. O trabalho indica a necessidade de
mais estudos dirigidos aos fatores socioeconômicos maternos, o monitoramento desse indicador
e a manter a sua relevância nas estratégias das políticas públicas.
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Infância e Adolescência no Brasil. Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF. 2015.
p.40.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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CONTEXTUALIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA COM
ENFOQUE EM FATORES DE RISCO
Joice Requião Costa
11
Emanuella Lisboa Baião Lira12
Patrícia Shirley Alves de Sousa13
Herydiane Rodrigues Correia wanderley14
Marcelo Domingues de Faria15
INTRODUÇÃO
São consideradas doenças crônicas não transmissíveis, as Doenças Cardiovasculares,
Neoplasias, Diabetes mellitus e Doenças Respiratórias que apresentam múltipla etiologia,
associação às deficiências e incapacidades funcionais, longos períodos de latência, curso
prolongado e origem não infecciosa (BRASIL, 2006).
A denominação doença renal crônica (DRC) refere-se à quadro sindrômico, de perda
progressiva da função renal e, na maioria das vezes, irreversível. É caracterizada pela
deterioração das funções bioquímicas e fisiológicas de todos os sistemas do organismo,
consequência do acúmulo de catabólitos (toxinas urêmicas), resultando em alteração do
equilíbrio hidroeletrolítico e ácido básico, acidose metabólica, hipovolemia, hipocalemia,
hiperfosfatemia, anemia, distúrbio hormonal, hiperparatireoidismo, infertilidade, retardo no
crescimento, dentre outros (RIELLA, 2003).
Com a deterioração da função renal, os produtos do metabolismo proteico (que formam
os componentes da urina) acumulam-se no sangue causando desequilíbrios na bioquímica do
organismo e nos sistemas cardiovascular, hematológico, gastrintestinal, neurológico e
esquelético, além de alterações na cútis e no aparelho reprodutor (THOMÉ et al., 2006).
Na DRC, são característicos os distúrbios dos vasos sanguíneos, glomérulos, túbulos,
interstício renal e das vias urinárias inferiores, que podem ser ocasionados por: alterações
metabólicas, vasculares, renais, imunológicas, tubulares primários, obstrução do trato urinário
por cálculos renais, hipertrofia da próstata e constrição uretral, bem como por distúrbios
congênitos (GUYTON; HALL, 2006).
11
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF.
Especialista em Nefrologia pela UNINTER. E-mail: [email protected] 12
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF.
Especialista em Enfermagem Neonatal pela FPS. E-mail: [email protected] 13
Enfermeira. Professora substituta do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Mestranda no Programa de Pós-
Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista em Saúde da Família pela UFPel. E-mail:
Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela FIP. E-mail: [email protected] 15
Médico Veterinário. Professor Adjunto da UNIVASF. Mestrado e Doutorado em Ciências pela USP. E-mail:
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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A perda da função renal evolui gradativamente e irreversivelmente. Por ser lenta e
progressiva, resulta em processos de adaptação que, até certo ponto, mantém o portador
assintomático. Se não for adequadamente tratada e controlada, pode levar à morte. Na DRC, o
portador necessita de tratamento renal substitutivo como hemodiálise, diálise peritoneal e
transplante renal (SESSO, LOPES, 2011).
Os principais sinais da uremia causada pela diminuição progressiva da função renal são:
fraqueza, fadiga, confusão mental, cefaleia, prurido, edema, halitose amoniacal, náusea, emese,
anorexia, constipação, diarreia, anemia, infertilidade, cãibras musculares, doença óssea, entre
outros (GRICIO; KUSUMOTA; CÂNDIDO, 2009).
Na fase terminal da insuficiência renal crônica, destaca-se a incapacidade dos rins
manterem sua função no meio interno, levando a intensificação da sintomatologia urêmica no
portador causada pelas alterações fisiológicas e bioquímicas da doença. O aumento dos sintomas
necessita de correção e terapia renal substitutiva. Por ser uma enfermidade que provoca
alterações físicas, psicológicas e sociais, culmina na redução da capacidade física e profissional
e limitações sociais, podendo gerar alterações na saúde mental do portador (REIS et al., 2008).
A DRC é considerada um sério problema de saúde pública devido à elevada prevalência
na população mundial e ao seu impacto na morbimortalidade dos indivíduos acometidos. No
Brasil, a prevalência de portadores crônicos em tratamento hemodialítico aumentou de 24.000,
em 1994, para 100.000, em 2010 (BASTOS; BREGMAN; KISZTAJN, 2010).
Muitas organizações públicas de saúde, particularmente nos países desenvolvidos, estão
direcionando especial atenção ao estudo da epidemiologia da DRC, centrando os esforços no
diagnóstico precoce e na instituição de intervenções imediatas, com o objetivo de alterar o curso
da doença. Conhecer a situação epidemiológica atual e os principais fatores de risco para o
desenvolvimento da DRC pode subsidiar as equipes de saúde na implantação de estratégias de
prevenção e diagnóstico precoce, minimizando os riscos, inúmeras complicações, ocorrência de
co-morbidades e demais desfechos devastadores decorrentes da doença. Assim o presente estudo
pretende identificar, na literatura, o atual contexto epidemiológico e fatores de risco para o
desenvolvimento da DRC.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura cuja metodologia proporciona a
incorporação de vários tipos de estilos de pesquisas, com o objetivo de investigar o
entendimento de um fenômeno (GIL, 2009).
Para tanto, foram consideradas como fontes bibliográficas, artigos de periódicos
científicos publicados e disponíveis em textos completos nas bases de dados "Literatura Latino-
Americana e Ciências de Saúde" (LILACS), “Medical Literature Analysis and Retrievel System
Online” (MEDLINE) e “Scientific Electronic Library Online” (SciELO), além de serem
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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estipulados os limites de período, compreendido entre 2007 e 2015 e idioma português. A coleta
de dados foi realizada durante o mês, de julho de 2016. Neste trabalho, procurou-se encontrar
estudos de qualidade com informações pertinentes, fiáveis e atualizadas sobre a epidemiologia e
fatores de risco da DRC. Neste sentido, de forma a encontrar a informação sobre a temática em
estudo, foram selecionados como descritores “Doença renal crônica”, “Fatores de risco” e
“Epidemiologia”, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS).
Foram selecionadas 126 publicações. Dessas, eliminadas 83 que estavam em inglês e 8
em espanhol. Das 35 produções em português, 19 foram eliminadas pois não estavam
relacionadas diretamente com os aspectos epidemiológicos e fatores de risco para DRC. Após
leitura exploratória dos estudos, foram escolhidos 14 trabalhos para análise.
Para análise e síntese do material foram realizados os seguintes procedimentos: a) leitura
exploratória, b) leitura seletiva e c) leitura crítica ou reflexiva, assim, chegou-se a discussão dos
principais destaques, fundamentada na literatura pertinente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA DRC
Desde 1999, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), divulga o Censo Brasileiro de
Diálise, mostrando que os centros de terapia de hemodiálise respondem a um inquérito referente
às características da unidade, prevalência e incidência de pacientes, modalidades de tratamento
dialítico, entre outras. Através desta ferramenta, pode-se ter acesso à realidade sobre a doença
renal crônica no país.
Atualmente, em todo o Brasil, existem 700 estabelecimentos habilitados para oferecer
tratamentos renais pela rede pública de saúde, atendendo mais de 120 mil pacientes. Entre 2010
e 2015, foram habilitados 50 novos serviços. De acordo com o relatório dos censos da SBN,
houve aumento do número de pacientes em diálise no país na última década, com cerca de
84,14% de portadores em tratamento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2015).
No Brasil, o número de pacientes em terapia renal substitutiva é inferior ao de países
desenvolvidos, o que pode ser explicado pela baixa participação dos centros de diálise no censo,
porém, o fato mais alarmante refere-se ao precário acesso aos serviços de saúde. Acredita-se que
50 a 70% dos brasileiros que têm doença renal crônica terminal morrem sem usufruir de
qualquer modalidade de tratamento (SESSO et al., 2011).
A incidência de novos pacientes cresce cerca de 8% ao ano, resultado, principalmente, da
crescente epidemia dos fatores de risco cardiovasculares. A doença renal crônica resulta em
hospitalizações frequentes e eleva o custo socioeconômico (CRAVO et al., 2011).
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Pouco se sabe sobre a prevalência, a morbidade e a mortalidade da doença renal crônica
em estágios iniciais no Brasil, pois os dados sobre morbimortalidade de doentes renais crônicos
apresentados no país são muito restritos à população em tratamento hemodialítico (SALGADO
FILHO; BRITO, 2009).
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A DRC
A Organização Mundial de saúde (OMS) recomenda aos diversos países o aumento da
vigilância para doenças crônicas não transmissíveis, com ênfase nos fatores de risco mais
comuns às mesmas. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, várias doenças
podem concorrer para a anulação funcional permanente dos rins. Atualmente, a mais frequente é
a Nefropatia diabética. Os portadores de hipertensão arterial, pielonefrite aguda e
glomerulopatias também são considerados grupos de risco na origem da DRC e serão discutidos
a seguir:
a) Nefropatia diabética
O Diabetes Mellitus (DM) é considerado fator importantíssimo de risco para DRC,
representados por até 30% dos casos de diabetes tipo I; e 20%, nos diabéticos tipo 2. A
ocorrência de nefropatias tem origem multifatorial, dependendo de fatores ambientais, genéticos
e da hiperglicemia. O glomérulo é a principal estrutura renal comprometida nesta situação, pois
o quadro de hiperglicemia sérica constante causa nefroesclerose (RIELLA, 2008).
A nefropatia diabética é um tipo de doença glomerular e, atualmente, é classificada como
a maior causa isolada da DRC em vários países da Europa, Japão e EUA, chegando a atingir
parcela importante dos portadores em tratamento dialítico, responsabilizando-se por quase 50%
desta população (DAUGIRDAS; BLACKE, 2008).
A nefropatia também caracteriza-se pela lesão renal associada à albuminúria, a qual é um
dos principais marcadores da doença e que tem assumido posição de destaque dentre as causas
de doença renal grave, relacionando-se fortemente a complicações cardiovasculares (AJZEN;
SCHOR, 2005).
É recomendado que a albuminúria seja verificada como rotina nos portadores diabéticos,
pois os níveis elevados associam-se diretamente à evolução da DRC além da sua progressão
(SALGADO FILHO; BRITO, 2009).
b) Hipertensão arterial
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Estudos epidemiológicos prospectivos estabeleceram com clareza a relação causal entre
hipertensão arterial (seja sistólica ou diastólica) e insuficiência renal crônica. A prevalência da
hipertensão arterial na população adulta é superior a 25%. Muitos desses indivíduos não têm
ciência, e entre os que sabem, menos de 30% são adequadamente tratados. Portanto, há
potencial para que nos próximos anos a hipertensão arterial continue a ser causa importante de
DRC (THOME, et al. 2006).
Nos pacientes com DRC, a própria doença é considerada importante fator de risco para
mortalidade por complicações cardiovasculares. Essa ocorrência está intimamente relacionada
ao aumento da obesidade, DM e síndrome metabólica que aceleram a progressão da DRC
(OLLER et al, 2012).
A Hipertensão arterial é um dos maiores fatores de risco para a progressão da DRC,
sendo classificada como importante alvo terapêutico. Para o controle da HA seria ideal que o
valor da pressão arterial estivesse abaixo de 130/80 mmHg sem a presença de proteinúria; e de
125/75 mmHg, na presença da proteinúria maior que 1g/dia (AJZEN; SCHOR, 2005).
Alguns estudos identificam como fator de risco na população hipertensa com função
glomerular reduzida a presença de proteinúria; e também caracterizam como fatores associados
à presença de Diabetes Mellitus e tabagismo. O tratamento da HA consiste numa medida efetiva
para prolongar a sobrevida renal dos pacientes com DRC das mais variadas etiologias, assim o
controle da HA é uma importantíssima medida terapêutica na redução da progressão da DRC
nos pacientes em diferentes estágios da doença na fase pré-dialítica (DAUGIRDAS; BLACKE,
2008).
c) Pielonefrite Aguda
A pielonefrite aguda é descrita como infecção urinária que acomete o parênquima renal e
o sistema coletor. Os agentes infecciosos mais comuns são bactérias Gram negativas, incluindo
E. coli (82%, em mulheres; e 73%; em homens), Klebsiella (2,7% em mulheres; e 6,2%, em
homens), Proteus, Enterobacter e Pseudomonas. As bactérias Gram positivas são menos
frequentes, incluindo E. faecalis e S. aureus. A via de infecção renal pode ser ascendente, com
bactérias Gram negativas provenientes do trato urinário inferior; ou hematogênica (mais rara),
geralmente associada a foco infeccioso extra renal como tuberculose pulmonar ou miliar,
endocardite, diverticulite ou abscesso oral (DAUGIRDAS; BLACKE, 2008).
A pielonefrite aguda não complicada é o resultado de infecção do trato urinário que
ascendeu da bexiga para o rim e ocorre tipicamente em mulher jovem saudável. Em sua forma
severa é também responsável pelo desenvolvimento da DRC. O prognóstico da pielonefrite
aguda não complicada é bom desde que o diagnóstico seja rápido e o tratamento seja adequado
para evitar complicações (OLLER et al., 2012).
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d) Glomerulopatias
As doenças glomerulares são causas frequentes de DRC, sobretudo nos países em
desenvolvimento, associadas, normalmente, à infecções na infância. São responsáveis por,
aproximadamente, 11,4% dos pacientes em diálise no Brasil. Em sua maioria, apresenta curso
insidioso e assintomático ocasionando demora no diagnóstico, o que contribui para pior
sobrevida renal e clínica do paciente (SBN, 2013).
A progressão da glomerulopatia é identificada pelos marcadores proteinúria e níveis de
TFG. Esse acompanhamento deve ser realizado por meio do controle da pressão arterial, nível
do edema, controle de disfunção metabólica e proteinúria com a intenção de minimizar a
ocorrência de mortalidade (DAUGIRDAS; BLACKE, 2008).
Estudos epidemiológicos das doenças glomerulares apresentam importância para a
melhoria na compreensão e incidência da doença, além de estimar a adoção de estratégias
diferenciadas para novas formas de prevenção e tratamento (OLLER et al., 2012).
e) Doença renal policística do adulto
A doença renal policística do adulto é a mais comum das doenças císticas hereditárias.
Suas manifestações clínicas incluem, além dos cistos renais, cistos em outros órgãos, como
fígado e pâncreas. O diagnóstico é confirmado pelo histórico familiar e exames de imagens. É
considerada a causa mais frequente de doenças hereditárias que evoluem para DRC, sendo
responsável por 5 a 10 % de pacientes em terapia renal substitutiva (DAUGIRDAS; BLACKE,
2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado desse estudo permitiu a identificação dos principais fatores de risco para a
doença renal crônica, dentre eles: a) Diabetes Mellitus na presença de Nefropatias diabéticas; b)
Hipertensão arterial; c) Pielonefrite aguda e; d) Glomerulopatias. Constatou-se, também, que o
cenário epidemiológico da DRC, atualmente, causa preocupação em vista das consequências
devastadoras da doença. É necessário destacar a importância do sistema nacional de informações
e notificações e divulgação de dados epidemiológicos de pacientes classificados como grupo de
risco para desenvolvimento da DRC no país, permitindo o planejamento da assistência e
efetividade do tratamento, minimizando as complicações. Por fim, espera-se que esse estudo
possa contribuir para novas pesquisas voltadas ao impacto da DRC e subsidiar decisões para
melhorar a assistência aos pacientes.
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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA BASEADA NO MODELO
DA CIF PARA PACIENTES COM AVC
Adriana Rodrigues de Sousa Santos16
;
Aline Gonçalves da Paixão17
;
Danilo Sobral da Silva Fernandes18
;
Diogenes Ferreira dos Passos19
;
Einstein Zeus Alves de Brito20
;
Carlos Dornels Freire de Souza21
RESUMO
Introdução: A CIF tem finalidade de proporcionar uma linguagem unificada e padronizada
envolvendo uma estrutura que visa descrever a saúde e seus estados relacionados, viabilizando
auxilio à comunicação e troca de informações. Existem dois principais tipos de AVC: isquêmico
e hemorrágico. Os acidentes vasculares cerebrais em algumas situações são antecipados por um
ou mais Acidente Isquêmico Transitório (AIT). Objetivo: Demonstrar a importância de uma
avaliação fisioterapêutica em pacientes com AVC baseada no modelo da CIF, tornando o
profissional de fisioterapia mais capacitado em registrar dados cinético-funcionais e definir
metas de tratamento que beneficiem a vida do paciente em todos os âmbitos. Delineamento
Metodológico: Estudo de caso tendo em vista uma proposta de avaliação baseada no modelo da
CIF a partir de um caso clínico de um paciente que apresenta sequelas decorrente de AVC.
Resultados: Após os dados colhidos na avaliação pode-se fazer o diagnóstico fisioterapêutico
cinético-funcional de Hemiparesia espástica à esquerda, como limitação da funções e estruturas,
da atividade e participação e da qualidade de vida Discussão: Para esses pacientes que sofreram
AVC, a adoção do modelo de funcionalidade e incapacidade durante a avaliação é considerada
fundamental para a compreensão das múltiplas dimensões afetadas pela doença, tendo em vista
que seus parâmetros fornece ao fisioterapeuta a possibilidade de identificar as capacidades e as
limitações nos três níveis que envolvem a saúde e desenvolver um plano de tratamento que
atende as reais necessidades do paciente. Conclusão: No presente estudo ficou evidente a
importância da aplicação de uma avaliação baseada na CIF em pacientes com AVC, pois nesses
pacientes deve ser imprescindível o conhecimento dos quatro domínios básicos que norteiam a
CIF.
PALAVRAS-CHAVE: Acidente Vascular Cerebral (AVC); Acidente Isquémico Transitório
(AIT); Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF); Fisioterapia.
INTRODUÇÃO
A International Classification of Funtioning Disability and Health (ICF) foi aprovada em
maio de 2001 pela Assembleia Mundial da Saúde, tendo em vista a necessidade de conhecer as
diferentes dimensões do processo de adoecimento. Posteriormente, através do Centro
Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais
16
Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail:[email protected]; 17
Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail:[email protected]; 18
Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail: [email protected]; 19
Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail: [email protected]; 20
Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail: [email protected]; 21
Professor do Curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco; e-mail:[email protected]
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em Língua Portuguesa, a ICF foi traduzida para língua portuguesa tendo como título
“Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF” (FARIAS;
BUCHALLA, 2005).
A CIF tem finalidade de proporcionar uma linguagem unificada e padronizada envolvendo
uma estrutura que visa descrever a saúde e seus estados relacionados, viabilizando auxilio à
comunicação e troca de informações. Essa classificação foi organizada em quatro domínios
distintos: funções do corpo, estruturas do corpo, atividades e participação e fatores ambientais
(RUARO et al., 2012).
Os profissionais da fisioterapia necessitam de um modelo teórico para que este venha
conduzir a sua prática e pesquisa, demarcando assim, seu papel na sociedade. Desse modo, a
CIF surge como um modelo teórico e adequado, possibilitando aos fisioterapeutas a adequada
compreensão do processo saúde-doença vivenciado pelos indivíduos, desde o início da doença
até suas consequências funcionais (SAMPAIO et al., 2005).
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre devido uma alteração do fluxo sanguíneo no
cérebro. A Organização Mundial de Saúde define como “sinais de distúrbio focal ou global da
função cerebral, de evolução rápida, durando mais de 24 horas ou ocasionando a morte sem
outra causa aparente além daquela de origem vascular” (PEREIRA et al., 2013).
Existem dois principais tipos de AVC: isquêmico (por falta de irrigação sanguínea) e
hemorrágico (por hemorragia sanguínea). O mais comum é o isquêmico, resultando na perda do
suprimento sanguíneo para uma região do encéfalo devido à obstrução de uma ou mais artérias
que o irrigam. O AVC hemorrágico pode ocorrer de modo intracerebral ou subaracnóidea, sendo
o primeiro resultante de um aneurisma ou trauma no interior das áreas extravasculares do
cérebro e o segundo, caracterizado por ser uma hemorragia entre o cérebro e os ossos do crânio.
Os dois hemorrágicos irão aumentar a pressão intracraniana, gerando lesão dos tecidos cerebrais
e restringindo o fluxo sanguíneo distalmente (FERLA et al., 2015).
Machado (2011) complementa que os acidentes vasculares cerebrais, em algumas
situações, são antecipados por um ou mais Acidente Isquêmico Transitório (AIT), definido
como um fenômeno cerebrovascular que resulta em déficit neurológico revertido de modo
espontâneo em até 24 horas. Apesar de existir reversão, o risco destes pacientes em desencadear
um AVCi aumenta de 20-30% nos próximos 30 dias. Contudo, deve-se considerar o AIT uma
urgência neurológica, devendo o tratamento ser iniciado o mais rápido possível.
Caso não seja tratado precocemente, o AVC pode resultar em maiores prejuízos
neurológicos e levar à incapacidade, e até mesmo a óbito. As manifestações clínicas mais
frequentes envolvem a fraqueza muscular, espasticidade e padrões motores atípicos
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(PIASSAROLI et al., 2011). Makiyama et al., (2004) relatam em seu estudo que a prevalência
de AVC é de nível elevado do mesmo modo que a taxa de sobrevida, onde aproximadamente
90% dos sobreviventes irão desenvolver algum tipo de comprometimento, tornando assim, uma
das principais causas de incapacidade em adultos.
Os principais fatores de risco para desencadear o AVC são a hipertensão arterial sistêmica
(HAS) seguida de doenças cardíacas como as embolias, diabetes mellitus (DM),
hipercolesterolemia, obesidade, consumo de álcool e uso de tabaco (SÁ et al., 2014).
Oliveira e Silveira (2011) afirmam que a capacidade em saber que esses pacientes podem
sofrer influências dos fatores contextuais (ambientais e pessoais) e dos impactos positivos e
negativos, torna a utilização da CIF de grande importância para o diagnóstico e tratamento
fisioterapêutico. Vale ressaltar que uma doença ao ser diagnosticada em um paciente, não
resultará um mesmo impacto em outros pacientes.
O presente estudo tem como objetivo demonstrar a importância de uma avaliação
fisioterapêutica em pacientes com AVC baseada no modelo da CIF, tornando o profissional de
fisioterapia ainda mais capacitado em registrar dados cinético-funcionais e definir metas de
tratamento que beneficie a vida do paciente em todos os âmbitos.
DELINEAMENTO METODOLÓGICO
Trata-se de um estudo de caso tendo em vista uma proposta de avaliação baseada no
modelo da CIF a partir de um caso clínico de um paciente que apresenta sequelas do AVC. O
estudo foi realizado na cidade de Juazeiro-BA, através de visita domiciliar realizada por alunos
estagiários do 8° período de Fisioterapia, durante o Estágio Supervisionado I- Saúde Coletiva.
A avaliação foi fundamentada com base no modelo biopsicossocial estabelecido pela CIF,
através dos seguintes pilares – Funções e estruturas do corpo; Atividade e Participação; Fatores
ambientais e pessoais.
A análise da função e estrutura do corpo foi realizada através de uma criteriosa avaliação,
onde o exame físico demostrou a funcionalidade por meio de instrumentos, como a avaliação de
amplitude de movimento- através da goniometria; avaliação da força muscular; avaliação do
tônus e trofismo muscular; avaliação da marcha; avaliação de equilíbrio e coordenação motora;
avaliação postural; avaliação de reflexos tendíneos; avaliação de movimentos involuntários;
avaliação de dor ao movimento (tendo como base a escala analógica de EVA); avaliação da
movimentação quanto a passividade e extensibilidade; além das manobras deficitárias
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(mingazzini, braços estendidos, barré, raimiste, queda dos membros inferiores em abdução e
manobra de firmar jornal).
No que diz respeito à atividade e participação, a avaliação foi realizada com uma ênfase
voltada à execução de tarefas especificas e a participação referida pelo paciente em seu contexto
social, tendo em vista o grau de incapacidade.
Os fatores ambientais foram evidenciados através de uma avaliação ergonômica, onde
tentou-se determinar os agentes facilitadores e eventuais barreiras encontradas em seu domicilio,
os fatores que foram levados em consideração nessa análise ergonômica foram: iluminação, uso
de tapetes, dimensionamento dos degraus, características do piso e localização de móveis e
objetos pela casa.
Já os fatores pessoais, foram estabelecidos mediante a observação contínua do paciente e
perguntas relacionadas ao assunto, na tentativa de determinar as particularidades da sua
interação social, além disso, dados pessoais do paciente foram obtidos. Por fim, aplicou-se um
questionário de qualidade de vida específico para pacientes com AVC (ECVI-38), que avaliou 3
domínios: capacidade física, aspectos emocionais e aspectos sociais, parâmetros semelhantes
aos estabelecidos pela CIF.
RESULTADOS
Paciente A.J.S., sexo masculino, 61 anos, com história familiar de hipertensão, relata ter
sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 30/08/2008. Após a alta hospitalar, foi
iniciado o tratamento fisioterapêutico, onde o paciente relata ter feito fisioterapia por um
período de três anos, apresentando melhoras consideráveis das sequelas desencadeadas pelo
AVC, após o inicio do tratamento fisioterapêutico.
Após a aplicação e avaliação do paciente através de uma ficha de avaliação
fisioterapêutica, (conforme modelo utilizado pelos estagiários) foi constatado que o paciente
apresenta importantes restrições tanto em suas AVD’s, como também em sua interação social,
apresentando como queixa principal dores fortes na cabeça, ombro, braço e perna esquerda.
Apresenta instabilidade na marcha, diminuição de ADM, sensação de cansaço, o que faz ter
dificuldades em permanecer de pé impossibilitando de realizar as atividades de lazer e suas
AVD’s.
Apresenta ainda dificuldades em realizar movimentos finos com as mãos e um déficit de
sensibilidade em hemicorpo esquerdo, o que levou à impossibilidade de retornar a sua principal
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ocupação pré-AVC. Além desses fatores, o paciente relatou sentir-se desmotivado por conta das
restrições causadas pelas sequelas, impossibilitando-o de atividades sociais.
O ambiente domiciliar aparenta ser ergonômico para suas necessidades, com portas largas,
banheiro amplo e rampa na entrada, agindo como facilitadores para o paciente. Porém, o piso
escorregadio aumenta o risco de instabilidades posturais, além de atuar como barreira para suas
AVD’s. Após os dados colhidos na avaliação pode-se fazer o diagnóstico fisioterapêutico
cinético funcional de Hemiparesia espástica à esquerda.
No organograma 1, são apresentadas as principais características da avaliação do paciente.
Organograma 1- Dados do paciente evidenciado pelo modelo biopsicossocial estabelecido pela CIF.
FATORES AMBIENTAIS
Facilitadores
. Portas largas
. Banheiro amplo
. Rampa na entrada da casa
Barreiras
. Piso escorregadio
FATORES PESSOAIS
Facilitadores
. Cognitivo preservado
. Desejo de melhorar
Barreiras.
. Sente-se desmotivado por realizar
atividades sociais e lazer
FUNÇÕES E
ESTRUTURAS DO
CORPO
. Hemiparético;
. ↓ da ADM (lado
acometido - esquerdo);
. Pele normal, sem
cicatrizes;
. Padrão de Wernick
mann;
. Algia no ombro,
cotovelo e joelho (lado
acometido);
. Hiperreflexia lado
acometido);
. R. Babinsk presente.
. Defícit de marcha e
equilíbrio.
ATIVIDADES
. Dificuldade na
marcha;
. Impossibilidade
de realizar
atividade como
andar de bicicleta;
. Impossibilidade
de realizar
atividades com
MMSS e MMII
esquerdos.
PARTICIPAÇÃO
. Impossibilidade de voltar
ao trabalho;
. Não participa de
atividades com os amigos e
em eventos sociais.
CONDIÇÃO DE SAÚDE
Paciente com sequelas do
AVC (hemicorpo esquerdo)
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DISCUSSÃO
O modelo biopsicossocial estabelecido pela CIF vem para romper o paradigma de saúde-
doença e transforma-lo em saúde-ambiente, além de focar não só na visão biológica, mas sim
biológica, psicológica e social, tratando o indivíduo de acordo com suas particularidades
intrínsecas e extrínsecas (OMS, 2004). Mângia et al., (2008) complementam dizendo que esse
novo modelo de avaliação busca superar o modelo biomédico, que levava em consideração
apenas a incapacidade de uma maneira redutiva.
A CIF representa um modelo que se baseia em uma abordagem biopsicossocial, usada
com o objetivo de integrar várias dimensões da saúde, por isso, o modelo também é chamado de
integrativo (ARAÚJO, 2013). Riberto (2011) afirma que esse modelo integrador deve pautar-se
na análise de domínios, a saber: funções e estruturas do corpo, atividade e participação, além
dos fatores ambientais e pessoais.
Verdiani et al., (2016) evidenciam que os programas de reabilitação vêm passando por
uma mudança de conceito de saúde, levando agora em consideração termos mais amplos que
avaliam fatores sociais, psicológicos e ambientais. Segundo Araujo et al., (2015) o uso da CIF e
consequentemente desse modelo biopsicossocial representam o caminho que garante uma
abordagem mais ampla.
No que tange a fisioterapia, a mesma necessita de um modelo teórico que guie sua prática
e demarque seu papel na sociedade, o que possibilitará uma melhor compreensão do processo
vivenciado pelo indivíduo, que abrange desde a instalação da doença até suas consequências
funcionais (SAMPAIO et al., 2005). Ruaro et al., (2012) afirmam que a CIF oferece um padrão
de classificação que permite a padronização da linguagem acerca da funcionalidade e,
consequentemente, da construção progressiva de escalas que classifique o fenômeno saúde-
doença-funcionalidade-cuidado.
Oliveira e Silveira (2011) complementam que, ao utilizar a CIF, o fisioterapeuta torna-se
capaz de registrar dados funcionais e definir metas de tratamento com uma maior certeza de
eficácia em todos os âmbitos que norteiam a vida do paciente, além de apresentar uma boa
relação custo-benefício, tendo em vista que a mesma favorece a utilização de recursos
amplamente disponíveis e compatíveis com as reais necessidades do paciente.
No que diz respeito ao indivíduo pós-AVC, sabe-se que o mesmo pode se deparar com
sequelas motoras significativas, e estas além de diminuírem sua funcionalidade atuam como
barreiras fazendo com que eles não consigam retornar às suas atividades pré-AVC
desencadeando assim alterações psicológicas e sociais afetando as relações interpessoais e
fazendo com que a família também seja afetada por todo esse processo (MARQUES, 2006).
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Para esses pacientes que sofreram AVC, Oliveira e Silveira (2011) evidenciam a relevante
importância da adoção do modelo de funcionalidade e incapacidade na avaliação dos mesmos,
tendo em vista que ela proporciona uma avaliação e posterior intervenção elaboradas para cada
caso especifico, sendo considerado um modelo extremamente importante, tendo em vista que
seus parâmetros viabilizam uma visão biopsicossocial do paciente, fornecendo ao fisioterapeuta
a possibilidade de identificar as capacidades e as limitações nos três níveis que envolvem a
saúde e assim, desenvolver um plano de tratamento que atende as reais necessidades do
paciente.
O paciente relatado no estudo sofreu alterações estruturais que restringiram tanto suas
AVDs, como toda a sua vida em geral, gerando instabilidade na marcha, diminuição de ADM,
sensação de cansaço, além da dificuldade na realização de movimentos finos e déficit de
sensibilidade no hemicorpo esquerdo, sendo restrito tanto em suas atividades diárias, como
também na participação social. As fortes dores apresentadas no ombro, cabeça, braço e perna
esquerda limitam e incapacitam ainda mais o paciente, tornando-o uma pessoa dependente de
familiares e amigos.
Além disso, uma importante queixa apresentada pelo paciente diz respeito a incapacidade
de conseguir se deslocar longas distâncias sozinho, além da incapacidade de dirigir e realizar
movimentos finos, principalmente com a mão no lado afetado. As incapacidades e limitações
descritas nesse estudo deixam a vida social do paciente ainda mais comprometida.
A CIF promove uma visão do processo de funcionalidade e incapacidade humana em um
sistema de classificação hierárquica, segundo um esquema de ramificação, constituído por
componentes (funções e estruturas do corpo, atividade e participação), domínios e categorias.
Cada um desses componentes possui vários domínios e cada domínio diversas categorias,
constituindo por fim unidades de classificação de saúde e dos estados da saúde (FARIA et al.,
2012).
Carmo et al., (2015) esclarecem que, apesar da taxa de mortalidade diminuída, o AVC
ainda é umas das doenças mais incapacitantes do mundo. Assim sendo, a busca de critérios para
avaliação dessas incapacidades torna-se cada mais pertinente, necessitando de uma
padronização.
Os processos patomecânicos do pós-AVC influenciam também no ambiente em que esses
indivíduos estão inseridos, uma vez que as alterações motoras refletem em uma maior
probabilidade de instabilidades globais, principalmente por aumentar o risco de quedas e
acidentes domésticos, além de objetos passarem a funcionar como barreiras, uma vez que
dificultam a locomoção e interação social. Pensando nisso, o modelo da CIF explora parâmetros
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que fornecem uma maior ênfase nos quesitos ambientais, levando a uma avaliação detalhada das
questões extrínsecas que envolvem os indivíduos inseridos nesse processo (FONTES et al.,
2010).
Outro pilar apresentado pela CIF são os quesitos pessoais apresentados por cada paciente,
e como todo o processo envolvendo a incapacidade pode influenciar diretamente as suas
particularidades emocionais. Com isso outro ponto negativo apresentado pelo paciente em
questão foi o fato do mesmo não conseguir retornar a sua principal ocupação antes do AVC,
como descrito por Oliveira et al., (2011), este é um fator que favorece ao surgimento de doenças
psicológicas, devido as incapacidades e limitações, como a depressão, o que leva a uma piora
das relações familiares e sociais do paciente.
Terroni, et al., (2009) enfatizam que a depressão é um grave problema que afeta os
indivíduos pós-AVC, existindo inúmeros casos, porém com poucos diagnósticos, assim sendo,
os processos depressivos apresentados pelos indivíduos apresentam associações com fatores, tais
como: pensamento de suicídio, perda de apetite, fadiga, ansiedade, alterações psicomotoras e
humor depressivo, fazendo necessário cada vez mais uma avaliação que explore os aspectos
psicossociais desses indivíduos.
CONCLUSÃO
No presente estudo ficou evidente a importância da aplicação de uma avaliação baseada na
CIF em pacientes com AVC, pois nesses pacientes deve ser imprescindível o conhecimento dos
domínios básicos que norteiam a CIF: a estrutura e função corporal, atividade, participação,
além fatores ambientais e pessoais. Buscar formas de avaliação de cada um desses domínio é o
desafio ao fisioterapeuta, sobretudo pela escassez de instrumento para avaliação de fatores
ambientais e pessoais.
Sugere-se a realização de mais estudos envolvendo condutas fisioterapêuticas que
complementem o modelo da CIF, além da apresentação deste modelo aos acadêmicos e
profissionais, principalmente os fisioterapeutas, para que tenham o conhecimento de como a
inclusão do modelo da CIF torna suas condutas mais eficazes e o tratamento mais dinâmico.
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
43
A ESCOLA COMO EDUCADORA NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO ÉTICO. ENTRE
AS POSSIBILIDADES E DESAFIOS.
Normilza Cristina Moura da Silva22
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de fazer algumas considerações sobre o papel da escola
enquanto instituição responsável pela formação acadêmica das futuras gerações, crianças e
jovens. Neste contexto aumenta a sua responsabilidade com a dupla finalidade do ensino: o
desenvolvimento intelectual e a formação ética do sujeito. Baseando-se num estudo
bibliográfico buscou-se nas concepções teóricas de Freire, Sacristán, Sastre e Moreno, Morin
apontar reflexões a respeito da função deste ambiente educativo que hoje vai além da
preparação cognitiva do estudante para o exercício de determinadas funções sociais; a escola
enquanto educadora tem compromisso com uma educação que ajude o aluno construir sua
identidade cultural, tornando-se um sujeito pensante, cidadão critico, reflexivo e
consequentemente um sujeito ético. Nessa perspectiva a prática escolar enfrenta possibilidades
e desafios no desenvolvimento e construção desse processo.
Palavras- Chaves: Educação escolar; formação ética; desafios e perspectivas;
.
Introdução
A escola enquanto instituição social fruto da sociedade moderna recebeu a incumbência
da formação das novas gerações em relação aos conhecimentos produzidos e valorizados pela
humanidade, além de proporcionar a socialização do sujeito para o convívio social. Dessa
forma, durante muitos anos, a escola esteve centrada na tarefa de transmissão dos
conhecimentos historicamente acumulados, constituindo-se num local privilegiado de ascensão
social e de acesso à cultura produzida pelo homem.
No entanto, hoje, com as inúmeras mudanças e transformações que ocorreram dos
diversos setores da sociedade, a escola tem assumido funções que vão além da transmissão de
conteúdos. Nesta perspectiva pretendemos refletir sobre o papel da instituição escolar no
contexto atual, enquanto um espaço comprometido com a formação cidadã, humana e ética do
aluno. Para isso, buscou-se fazer um estudo bibliográfico ressaltando as ideias de Freire, Morin,
Sacristán, Sastre e Moreno Vaz, que contribuem para uma visão de escola mais global e mais
complexa, coerente e conectada com as necessidades de construção de um ambiente
22
Mestre em educação pela Universidade de La Empresa. Professora da Faculdade de Capim Grosso-
FCG- Curso de Pedagogia, professora do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães. Email:
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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humanizado, tendo em vista as possibilidades da comunidade escolar promover práticas
educativas reflexivas que ajude aos educandos a construir o seu agir ético.
Reflexões a Respeito da Função Social da Escola no Contexto Atual
Com o processo de democratização e acesso das camadas populares à escola pública,
esta, passa a ser analisada sob o ponto de vista dos críticos da educação tradicional, como
reprodutora do sistema social e econômico dominante, também como mantedora do status quo.
Neste sentido sua função social estaria reserva a preparação do sujeito para desempenhar certos
papéis sociais de acordo a sociedade estratificada. Ou seja, a escola enquanto um aparelho
ideológico da classe burguesa ajudaria a legitimar as desigualdades sociais.
No entanto, porém, queremos situar a nossa discussão a partir das teorias críticas e pós
críticas que procuraram levantar reflexões , debates, críticas e questionamentos a respeito da
organização e funcionamento da escola tradicional, suscitando assim novas perspectivas em
relação ao processo educativo. Queremos situar a escola enquanto um espaço que privilegia o
homem como sujeito ativo da sua própria educação. Um ambiente que valoriza a pluralidade de
identidades, o multiculturalismo e a subjetividade do sujeito.
A escola provocadora de mudanças, parte da premissa que a educação tem um caráter
contínuo e permanente e que o homem é um sujeito atuante no seu processo educativo. Segundo
(FREIRE, 1981, p. 28) “A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é
homem. O homem deve ser sujeito da sua própria educação. Não pode ser o objeto dela.” Neste
contexto tanto a escola quanto o educador exercem um trabalho pedagógico e político pois estão
envolvidos na tarefa de ajudar os educandos a construírem uma consciência crítica e
desenvolverem seu potencial criativo. Morin ( 2004, p.65) reafirma o desafio educativo a ser
trilhado pelo espaço escolar.“A educação deve contribuir para a autoformação da pessoa
(ensinar a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão.”
A escola enquanto instituição social, que promove a socialização, a produção cultural e
a formação dos educandos deve fundar sua prática educativa na reflexão contínua, incluindo o
afeto, a tolerância, o compromisso e a esperança. Ela deve capacitar o sujeito para agir e
intervir no mundo tornando um ser capaz de promover mudanças no meio social. Sacristán ,
(2002, p. 212) comenta, “a atitude educativa por excelência, quando é entendida como uma
ação exercida reflexivamente, não consiste em reproduzir a cultura, e sim em tornar possível
que os indivíduos sejam seus possuidores e não os possuídos.” Dessa forma entendemos que a
escola deve formar para que o aluno torne-se sujeito autônomo, capaz de apropriar-se da
cultura, modificando, refazendo e melhorando.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
45
O mundo contemporâneo está vivendo um intenso avanço da ciência e da tecnologia,
caracterizado pelos interesses da economia de mercado, estamos submersos ao processo da
globalização. A lógica global impõe a política de seus interesses econômicos, comerciais,
culturais e ideológicos à população em geral, e também, ao sistema educativo. Não se pode
negar que esse cenário trouxe inúmeras consequências para a sociedade atual, pois a
globalização tem dupla face. Ao mesmo tempo promove a integração e a segregação,
privilégios e carências, riqueza e pobreza, a exploração dos recursos naturais e esgotamento
deles.
A globalização não é social, humanizadora, ela é exclusivamente econômica, assim
cresce de maneira assustadora o número de excluídos condenados à fome e a miséria; as
pessoas, os países extremamente pobres ficam a margem do atual contexto de desenvolvimento.
Vivemos a “ era da tecnologia da informação e da comunicação” mas o conhecimento e o
capital produzido e acumulado, ainda não foi capaz de minimizar a miséria humana. Neste
contexto em que o homem perde a dimensão humana, social, ecológica do mundo para a lógica
da economia de mercado a mensagem da educação escolar é essencial e imprescindível.
A escola faz parte desse contexto social, portanto, seus limites e possibilidades são
relevantes e consideráveis, primeiro por ser um espaço de formação humana e segundo por ser
também um espaço de produção e transmissão de conhecimentos científicos, culturais e
valorativos. Assim por meio de uma educação reflexiva, espera-se que a escola provoque a
formação de homens questionadores, reflexivos, capazes de construir conhecimentos de maneira
autônoma, responsável, crítica e comprometida consigo mesmo, com o outro e com o nosso
destino comum enquanto sociedade planetária.
Estamos vivendo um cenário contemporâneo caracterizado pela globalização, por
mudanças que se processam rapidamente, as noções de tempo e espaço não são mais as mesmas.
Um mundo bombardeado de informações e conhecimentos, que se renovam constantemente a
um ritmo que impressiona. Neste sentido a ética ocupa os espaços de discussão nos mais
variados setores da sociedade. Para Freire em um dos seus últimos escritos, intitulado: Do
direito e do dever de mudar o mundo, publicado no livro pedagogia da indignação ressalta o
seguinte,
Mecanicistas e humanistas reconhecem o poder da economia globalizada hoje.
Enquanto, porém, para os primeiros nada há o que fazer em face de sua força
intocável, para os segundos não apenas é possível, mas se deve lutar contra a
robustez do poder dos poderosos que a globalização intensificou ao mesmo
tempo que debilitou a fraqueza dos frágeis (2000, p.27).
Nesse sentido que se justifica a educação de homens, mulheres politicamente e
criticamente para a enfrentar essas mudanças sociais e ao mesmo tempo contrapor a esse modelo
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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econômico vigente estabelecendo novas referências de valores humanizantes. Segundo Sacristán
( 2002, p.234) seria necessário a “ defesa de determinados valores, o desenvolvimento de certos
princípios que se consideram um progresso para os indivíduos.” Daí a necessidade da escola
praticar uma educação humanizadora, ética que ajude o sujeito resgatar sua identidade humana
que possa ajudar na construção de um espaço melhor para viver.
Ainda evidenciando o pensamento de Freire que nos ajuda a justificar a necessidade da
construção de uma prática educativa que vislumbra a esperança, a utopia, o sonho, não uma
utopia ingênua, mas uma utopia calcada na construção de uma prática comprometida e coerente.
Ele afirma a necessidade de se repensar o modelo da sociedade atual, tendo em vista os efeitos e
interesse da economia capitalista,
Se as estruturas econômicas, na verdade, me dominam de maneira tão
senhorial, se, moldando meu pensar, me fazem objeto dócil de sua força, como
explicar a luta política, mas, sobretudo, como fazê-la e em nome de quê? Para
mim, em nome da ética, obviamente, não da ética do mercado, mas da ética
universal do ser humano, para mim, em nome da necessária transformação da
sociedade de que decorra a superação das injustiças desumanizantes. (FREIRE,
2000, p.27)
Certamente, a educação escolar no cenário atual deve se reconhecer como um ambiente
de reflexão e ação tendo como base os problemas que aflige as sociedades locais e globais. E
para abordar os problemas complexos que a sociedade vive hoje, a escola precisa ir além do
trabalho com os conteúdos e conhecimentos conceituais, ela precisa investir na formação para
cidadania, para a construção de atitudes e comportamentos éticos.
Para Zabala (2002), educar o indivíduo para ser capaz de responder, aos problemas
apresentados pelo contexto social, de maneira comprometida consigo mesmo e com a sociedade,
é o que se espera de uma educação para a cidadania. Neste sentido é que a escola pode se
apresentar como educadora na construção do agir ético do individuo. Uma vez que para Freire
(2000, p. 37) “Não há educação sem ética.” E ainda acrescenta o mesmo autor destacando a
função da prática educativa escolar.
Transformar a experiência educativa em puro treino técnico é amesquinhar o
que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter
formador. Se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não
pode se dar -se alheio a formação moral do educando. Educar é
substantivamente formar. ( FREIRE, 1996, p. 19)
Portanto a educação escolar não pode preocupar-se apenas como a instrução, ela deve
conciliar na sua prática educativa os dois aspectos que são inerentes à formação humana hoje. A
educação técnica,que se preocupa com o desenvolvimento do intelecto, e a educação ética, que
se preocupa com a formação da personalidade. Freire (1996, p.18) diz que “Não é possível
pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela.” Portanto, no contexto
contemporâneo, levando em consideração o paradigma da complexidade, a instrução técnica e
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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formação ética na educação escolar interagem simultaneamente, assumindo um caráter
complementar. Não se pode negar hoje a multiplicidade de funções que a escola assume, mas
esta multiplicidade se dá em função da própria natureza da formação integral e plena do
indíviduo. Educar para o desenvolvimento pleno do sujeito exige-se do espaço escolar a
responsabilidade e o comprometimento com o ser humano em toda a sua plenitude. Educar neste
contexto exige uma concepção complexa, holística multidimensional da realidade e do ser.
A escola enquanto educadora na construção do agir ético, precisa antes de qualquer coisa
refletir sobre a ética que se quer construir junto com os alunos. Pois, de acordo com Freire,
“Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se
educam em comunhão, mediatizados pelo mundo (1981, p. 79).” Nesse contexto a ética de que
estamos falando, não pode ser ensinada, transmitida, como um conjunto de valores eleitos,
proclamados e definidos pela escola e pelos professores.
A escola deverá exercer o papel de mediadora no processo de construção do sujeito ético.
Para Freire ( 1996, p.33) “ a prática educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de
decência e de pureza.” Dessa forma precisa se articular uma prática educacional reflexiva, a
partir das próprias relações vividas no interior do espaço educativo. Se a escola pretende cultivar
valores como o respeito, a paz, a solidariedade, a justiça precisa definir conjuntamente com os
alunos e a comunidade escolar, o que considera valorativo para as relações que pretendem viver.
O aluno precisa ser sujeito ativo e participativo nesse processo.
Portanto, as atividades escolares devem favorecer aos alunos o exercício da reflexão
permanente, da vivência democrática, da participação, do diálogo. A escola deve ajudar os
alunos a pensar e refletir sobre os valores éticos eleitos pela comunidade educativa, como
importantes para as relações estabelecidas dentro e fora do espaço escolar. A ética a ser
trabalhada na escola deve priorizar e focalizar a qualidade das relações entre os agentes da
própria instituição escolar. Segundo os PCN ( 1998) as relações sociais efetivamente vividas no
interior na escolar são na verdade os melhores educadores.E nesse processo de debates, de
argumentações, da criticidade que começa a emergir o sujeito ético.
Educar para a construção da personalidade e o agir ético do aluno no mundo, requer que
a escola adote uma posição em relação aos problemas sociais, econômicos que repercutem no
espaço da escola , colocando estas questões para que possam ser pensadas e refletidas
dinamicamente com os educandos. Definir um projeto conjunto estabelecendo os valores que
devem ser cultivados, potencializados, e os contravalores que devem ser eliminados em relação
as atitudes concretamente vividas. Segundo Sartre e Moreno (2002, p.58)
Formar os(as) alunos(as), desenvolver sua personalidade, fazê-los(as)
conscientes de suas ações e das consequências que acarretam, conseguir que
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aprendam a conhecer melhor a si mesmo(as) e às demais pessoas, fomentar
cooperação, a auto confiança e a confiança em suas companheiras e seus
companheiros, com base no conhecimento da forma de agir de cada pessoa, e
beneficiar-se das consequências que estes conhecimentos lhes proporcionam.
A realização destes objetivos leva a forma de convivência mais satisfatória e a
melhoria da qualidade de vida das pessoas, qualidade de vida que não se
baseia no consumo, e sim em gerir adequadamente os recursos mentais...
Intelectuais e emocionais - para alcançar uma convivência humana muito mais
satisfatória.
A escola pode ser educadora na construção do agir ético do educando, na medida em
que redefinir seu projeto curricular colocando na práxis educativa o exercício do agir ético,
como eixo central de todo o trabalho pedagógico. Agir ético deve perpassar todo o contexto
escolar, de forma a estar impregnado transversal implícito e explicitamente nas ações
educativas desenvolvidas.
Isto quer dizer elaborar propostas que visem educar para a autonomia, cidadania, e para
a capacidade de diálogo, tendo em vista a construção de princípios éticos que permitam aos
alunos a se indignar com os problemas vividos localmente e também universalmente. Uma vez
que o local e o global se entrelaçam no mundo atual. Educar para ajudar na construção do agir
ético supõe uma escola que se comprometa com a formação de sujeitos dialógicos, críticos
dispostos a refletir sobre as relações pessoais, sobre sua participação social e sobre a capacidade
de auto regulação para aprender a conviver junto. Esta vivência ética acontece na comunicação
oral e gestual, ou seja, na vivência dialógica. São nas relações comunicativas entre o eu, tu, nós
que a natureza da ética e as construções intersubjetivas do agir ético se efetiva.
Em suma, a escola educadora deve disseminar a vivência desse tipo de relação, pois
contribui para a formação de uma comunidade ética educativa, espaço propício para o exercício
do agir ético. Nesse caso a escola possibilita aos alunos analisar criticamente o ambiente
cotidiano, aproximando seus hábitos e condutas com os princípios éticos que vão construindo.
Ensinar o exercício da coerência é ensinar agir eticamente, na medida que coloca-se para o
educando o desafio do pensar e agir reflexivamente a respeito das seus ações e condutas. A
escola comprometida com os sujeitos e seus atos, ajudará aos alunos a tornarem-se mais críticos,
mais conscientes, mais pensantes, mais colaboradores que podem se juntar a outros em busca de
uma sociedade mais justa solidária, e mais humana.
Faz-se necessário o fortalecimento na comunidade escolar dos princípios éticos como o
respeito mútuo, justiça, a solidariedade, diálogo, isso servirá de referência para a eleição de
outros valores que serão estabelecidos coletivamente por todos os membros do ambiente
escolar, tendo em vista a construção de uma escola mais comprometida com o ensino e
aprendizagem do agir ético dos seus alunos e alunas. A aprendizagem do agir ético leva tempo,
tempo histórico, tempo biológico, tempo social e cultural, conforme assinala (VAZ, 2002,
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p.292) “o agir ético é sempre um agir histórico e um agir situado”. Em síntese, aprender agir
eticamente é aprender agir reflexivamente no seu próprio ambiente de vivência, nos momentos
de tomada de decisões, nos diálogos que exigem a criação de respostas e argumentos mais
adequados, assim as relações éticas e o agir ético vão sendo construídos no dia a dia, a cada
instante, a cada situação concreta vivida no âmbito interno e externo da comunidade educativa.
Desafios para o Ensino e Aprendizagem da Ética no Cotidiano da Escola
A construção de um espaço escolar ético onde as relações pessoais e sociais sejam
guiadas pelo agir ético dos sujeitos, ainda encontra algumas barreiras a serem ultrapassadas pela
comunidade educativa e por os indivíduos que a compõem. Tendo em vista a abordagem e os
argumentos exposto até agora, sobre a função da escola no contexto contemporâneo, fica
evidente que ela tem que ir além do trabalho restrito de transmissão de conteúdos. Pois ocupar-
se da educação integral das crianças e jovens é assumir o compromisso com a promoção plena
do indivíduo, sua formação ética e intelectual.
Hoje em dia, ganha atenção e força a ideia de que a educação escolar assume cada vez
mais responsabilidades no processo educativo das crianças e jovens. Sabe-se que ela não é a
única responsável por esse processo, no entanto, não se pode eximir sua importância na
formação humana do educando. O desenvolvimento do agir ético por parte do aluno será
concretizado, com a orientação atenciosa da comunidade escolar, que aguçando o senso de
compromisso, responsabilidade e reflexão no seu próprio processo de aprendizagem, estará
contribuindo de alguma forma para o aprimoramento da aprendizagem em relação ao agir na
convivência com o outro.
Incentivar a convivência democrática, a discussão sobre temas éticos, direitos humanos,
diversidade, sustentabilidade e inclusão social no espaço escola e na sala de aula, fazendo uma
ponte com os assuntos trabalhados nas disciplinas que compõem o currículo, exercitando assim
o pressuposto da transversalidade nas praticas desenvolvidas, supõe uma modificação de
mentalidade a respeito da função social da escola. Dessa forma uma prática escolar que coloca a
formação ética cidadã dos seus alunos como eixo central e transversal do seu projeto
educacional, precisa em primeiro plano trabalhar com sua equipe a mudança de paradigma. Pois
de nada adianta proclamar novas práticas procedimentais e atitudinais, se a mentalidade dos
educadores ainda esta totalmente arraigada nos velhos paradigmas.
Dificilmente se conseguirá avançar nas práticas educativas criativas, inovadoras,
comprometidas com a verdadeira formação integral do ser, se as práticas continuam centradas
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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na visão linear, reducionista, mecanicista do sistema educativo. De acordo com Morin, ( 2002,
p. 135) “a complexidade fundamental de um sistema é associar em si a ideia de unidade, por um
lado, e a de diversidade ou multiplicidade, do outro, que em princípio se repelem e se excluem”
Neste sentido a organização escolar precisa redimensionar seu trabalho numa perspectiva
mais ampla, que leve em consideração a realidade, o indivíduo como um sistema complexo,
capaz de apreciar todos os aspectos que o compõem. Capaz também de considerar a inter-
relação desses aspectos que assegure um pensamento aberto, dinâmico, que une e que liberta. A
escola, os educadores na verdade precisa reaprender continuamente sobre sua função, pois
diante de um contexto de mudanças e transformações constantes faz-se necessários novos
posicionamentos mais dialógicos, mais democráticos, mais educativos que de fato possam
ajudar na construção do sujeito ético.
Em suma podemos dizer baseando-se nas ideias de Álvarez et al (2002), que a primeira
dificuldade encontrada para trabalhar a ética no cotidiano da escola, decorre da necessidade de
mudança de concepção de mundo e de educação. Ainda existe uma inércia por parte de algumas
escolas e de alguns professores, que afirmam ser sua função exclusivamente a de ensinar
conteúdos, preparar o aluno intelectualmente para enfrentar a concorrência dos vestibulares e
do mercado de trabalho. Estes resistem em abraçar os novos paradigmas, que orientam e
conduzem a prática educativa para uma ação mais ampla, mais integral, mais interligada às
múltiplas necessidades do ser humano no seu processo de formação. Dessa primeira
dificuldade, decorrem várias outras as quais mencionaremos a seguir.
Um segundo desafio a ser superado pela escola se refere à compreensão da concepção de
transversalidade e interdisciplinaridade. Pode-se afirmar que ainda é tímida na formação inicial
e continuada dos profissionais da educação um sólido embasamento no currículo que condições
para esses profissionais desenvolverem uma prática centrada nesses pilares. Trabalhar a ética na
perspectiva da transversalidade e da interdisciplinaridade exige do profissional da educação uma
abertura para além da organização curricular estabelecida, é preciso estar atento ao currículo
oculto, às possibilidades de trabalhar projetos comuns, pesquisas de interesse educacional e
social, desenvolvidas a partir das suas próprias práticas que colaborem com o desenvolvimento
de temas que efetivamente vão auxiliar na formação integral do aluno.
Terceiro elemento a ser considerado nesse processo é a pouca experiência que os
espaços escolares tem em trabalhar coletivamente. O trabalho em equipe é pouco exercitado
pelos profissionais da educação, ainda se percebe as práticas centradas no individualismo e
isolamento disciplinar. No entanto, quando se pensa numa formação holística, integral, faz-se
necessário pensar em objetivos comuns, que demanda a participação e colaboração de todos os
envolvidos no processo de formação da criança, isto requer uma nova aprendizagem, aprender a
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trabalhar com o outro, aprender o verdadeiro sentido do trabalho coletivo que é a busca de
resultados comuns, o alcance de objetivos que satisfazem a toda equipe e não apenas a um ou
outro membro da equipe de trabalho. O sucesso de um representa o sucesso de todos os seus
membros, de forma que o todo é tão importante quanto as partes que compõem esse todo. Nessa
direção se o ensino da ética for objetivo central de cada disciplina e do projeto maior da escola é
possível que a instituição escolar tenha êxito nessa tarefa, uma vez que o objetivo maior da
unidade escolar estar perpassando também os objetivos das disciplinas, dos conteúdos enfim, de
todas as atividades desenvolvidas no ambiente interno e externo da escola
O quarto aspecto a ser pensado se refere à carência de material e recursos disponíveis
para trabalhar os diversos temas que envolvem a transversalidade em especial o tema ética. A
formação do sujeito ético exige da escola e dos professores a seleção de matérias que sirvam de
apoio, para a reflexão, para facilitar a discussão e o diálogo sobre o tema. A construção do
sujeito reflexivo não se dará apenas pelo discurso e pelos projetos trabalhados, mas consistirá
também no planejamento contínuo pelos professores através das disciplinas que selecionará
leituras, filmes, atividades de pesquisa, jogos, debates, palestras e outros meios que estiverem a
disposição para proporcionar aos alunos momentos ricos de aprofundamento e discussão sobre a
temática.
O quinto desafio a ser enfrentado é a necessidade de colocar em exercício as atividades
direcionadas a formação ética do aluno(a). Em geral se percebe muitos projetos pedagógicos
recheados de um discurso e de uma rica fundamentação teórica sobre a formação integral do
sujeito, formação ética e cidadã, mas na prática cotidiana pouco ou quase nada se faz em busca
dessa aproximação entre o discurso proclamado e a prática executada. Dessa forma é pertinente
citar o seguinte pensamento,
É preciso testemunhar a nossos filhos que é possível ser coerente, mais
ainda, que ser coerente é um final de inteireza de nosso ser. Afinal a coerência
não é um favor que fazemos aos outros, mas uma forma ética de nos comportar.
Por isso, não sou coerente para ser compensado, elogiado, aplaudido.
(FREIRE, 2000, p. 22)
Uma escola que pretende tornar seu projeto de formação ética o ponto de partida para a
formação plena, precisa esforçar-se para diminuir a distância entre o que se ensina e o que se
faz, além de criar mecanismos para tornar essa aprendizagem significativa para os alunos, no
sentido de tornar esse ambiente rico em procedimentos, conteúdos, fatos e atitudes que
assegurem a construção de comportamentos reflexivos e consequentemente a construção de
sujeitos éticos.
Por fim, o sexto e último desafio apontado aqui, diz respeito a organização dos tempos,
espaços e meios para o trabalho sobre ética. É preciso pensar e organizar estes elementos de
maneira mais flexível e dinâmica. Culturalmente se percebe que o ensino e aprendizagem se dão
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de maneira centrada na sala de aula em horários fixos delimitados pela matriz curricular. É
necessário que a escola e os professores ampliem as possibilidades para a formação desse
sujeito. Pensando assim numa formação articulada, interligada aos vários tempos, espaços e
meios que a criança tem a sua disposição. A exemplo do currículo oculto, das vivências
extraescolares, dos problemas pessoais e sociais vividos no cotidiano que se constituem objetos
de estudo e discussão sobre a temática em questão.
De modo geral é preciso levar em consideração também que as dificuldades vividas hoje,
para conduzir o ensino da ética de forma mais dinâmica e reflexiva no espaço escolar, esta
relacionado ao processo histórico pelo qual passou a educação escolar brasileira. Nos primeiros
séculos da colonização o ensino esteve atrelado a visão religiosa, os jesuítas foram os únicos
responsáveis pela educação em nosso país durantes anos. Eles desenvolveram uma educação
voltada para a fé e a cultura católica. Dessa forma a ética cristã trabalhada pela companhia de
Jesus tinha como princípios fundamentais a procura da perfeição do homem por meio dos
ensinamentos e difusão do catolicismo, apreço a obediência absoluta aos superiores, a hierarquia
e a disciplina rígida.
Portanto, a educação no Brasil no período colonial, imperial e primeiros anos da
república estava a serviço de uma sociedade aristocrática e escravocrata. O acesso das camadas
populares a escola era restrito e os poucos que conseguiam frequentar, bastava-lhe pouca
instrução, mera preparação e treino para o exercício de determinadas funções, dessa forma a
retórica teve o papel mais importante que a criticidade e a criatividade.
Mesmo com os movimentos ocorridos no Brasil, por volta dos anos vinte e trinta do
século passado, que defenderam uma escola nova, pública, gratuita e democrática, com
propostas pedagógica inovadora, que considerava o aluno sujeito ativo no processo ensino e
aprendizagem. A escola brasileira continuou durante muito tempo centrada no ensino
tradicional, em práticas repetitivas, mecânicas e tecnicista. No início dos anos sessenta com a
instalação da ditadura militar a perspectiva crítica, social e política praticamente não existiu no
espaço escolar. O processo ensino e aprendizagem passa a ser mais rígido, controlador e
mecânico. O papel da escola consistia em formar um cidadão dócil, obediente, dotado de uma
formação para o cumprimento dos deveres cívicos e patrióticos, transmitir assim o
conhecimento intelectual e normas morais para a manutenção do regime político social vigente.
Neste contexto, o ensino da ética restringia-se à educação moral e cívica que deveriam
contribuir para formar sujeitos totalmente conformados, passivos, capazes de concordar com
tudo sem questionar e consequentemente sem refletir sobre seu entorno e sua realidade.
Só no final dos anos setenta e toda a década de oitenta com o surgimento de outras
tendências pedagógicas como as progressistas, o próprio processo de redemocratização do país,
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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a formulação da nova constituição democrática, que se observa o discurso latente de um
processo ensino e aprendizagem pautados em novos modelos e novas práticas mais
construtivistas e reflexivas.
Ao fazer essa breve retrospectiva, pretende-se mostrar que a dificuldade de se trabalhar
hoje no espaço escolar uma prática educativa que prima por uma educação integral, que concebe
o ensino e aprendizagem da ética como indispensável a formação plena do educando, que
concebe a transversalidade como uma proposta a ser implementada a partir do envolvimento e
comprometimento da equipe escolar, com a percepção e exercício de uma nova mentalidade
paradigmática, está sem dúvida também ligado ao processo histórico educacional , que reflete de
alguma maneira no processo de formação dos educadores.
Sabe-se que os educadores são produtos da sua formação acadêmica, política, social e
cultural, estes aspectos sem dúvida refletem no seu fazer pedagógico. Dessa forma quando não
se têm na formação inicial e continuada dos professores uma sólida e aprofundada
fundamentação teórica relacionada ao tema, temos um ciclo que se repete: uma vez formados
sem essa base de conhecimentos teórica - prático no que se referem as dimensões aqui
discutidas, da ética , da transversalidade, da interdisciplinaridade, forma-se alunos também sem
a preocupação dessas questões. É pertinente citar Perrenoud (2002, p. 52) reafirmando a
necessidade de desenvolver práticas reflexivas que adquiram significados concretos para o
ensino da ética, “[…] um profissional reflexivo nunca deixa de se surpreender, de tecer vínculos,
porque o que ele observa alude aos seus marcos conceituais, que podem provir de uma longa
prática reflexiva pessoal e de saberes privados, que ele permitiu ser construída ao longo dos
anos.” Se considerarmos que a natureza da ética é essencialmente reflexiva, o seu ensino no
contexto escolar não pode se dar fora do contexto das práticas pedagógica que priorizam a
reflexão permanente da ação.
Considerações Finais
Se compreendermos o ato de educar como uma relação dinâmica entre as crianças e os
adultos nos diferentes contextos de vivências, é na relação cotidiana do viver e do conviver que
aprendemos a praticar certos comportamentos e atitudes. Recorremos à ideia de Maturana,
(2000, p.91) para explicar o nosso pensamento “Somos o que conversamos, e é assim que a
cultura e a história se encarnam em nosso presente”. Portanto, se a escola pretende educar a
partir de certos princípios éticos, faz-se necessário colocá-los como eixo central da convivência,
podemos construir um espaço escolar ou outro de acordo com o que é produzido no seu interior,
de acordo as conversações, os diálogos que são praticados pelos sujeitos que compõe esse
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espaço. Para a construção desse lugar como diz Maturana (2000) é preciso estar disposto
emocionalmente para comprometer-se com a construção do ambiente que queremos viver e
conviver.
Portanto, em relação aos aspectos ressaltados em nossas reflexões, percebemos que para
trabalhar o tema ética na escola, faz-se necessário mudar a nossa concepção de mundo, de
sociedade, de escola e da prática educativa do professor. Como diz Petraglia (1995, p. 77) “ É
preciso que os educadores iniciem o processo de reforma do pensamento, [..] é preciso
persistência e dedicação quando se acredita na próprias ideias”. Neste sentido tanto a escola
como os educadores, poderão a partir da educação provocar uma reforma no pensamento que
resultem em atividades mais conscientes criativas e dinâmicas. Situações educativas que sejam
capazes de ensinar a ética segundo Morin (2003) não por meio de lições de moral, mas sim “
deve formar-se mentes com base na consciência de que o ser humano é, ao mesmo tempo,
indivíduo, parte da sociedade, parte espécie”. Desse modo, o desenvolvimento de um trabalho
que prioriza a ética no cotidiano escolar, deve compreender a realização de atividades que
valorizam a autonomia, a participação, a compreensão, o trabalho coletivo, a consciência de que
o ser humano tem responsabilidade na construção da cidadania terrena.
Portanto, colocar em prática, na vivência cotidiana os princípios éticos construídos
conjuntamente na escola, exige da comunidade educativa um elevado grau de comprometimento
e reflexão com sua ação desenvolvida. Pois não se pode agir de forma contrária aos princípios
que ensinamos; nem tão pouco nos mantermos indiferentes a determinadas situações que exigem
um posicionamento de reflexão e de diálogo. Para ensinar a ética na escola, as pessoas que
trabalham nesse espaço precisam estar dispostas a abertura com o outro, o comprometimento, a
interação afetiva, o cuidado com seus pares e com a comunidade, precisa desenvolver a
sensibilidade, a capacidade de pensar reflexivamente, criticamente tomando consciência da
necessidade de efetivação de atitudes concretas.
Assim, frente ao exposto pressupomos que apesar das dificuldades apresentadas para um
trabalho contínuo que evidencia a ética no contexto escolar, é possível trilhar caminhos que
apontem para uma prática escolar educadora capaz de contribuir para a formação de alunos
críticos, pensantes, reflexivos e construtores do seu agir ético.
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EMOAFETOPOLITIZAÇÃO: UM OLHAR DESAFIADOR SOBRE A EDUCAÇÃO
CONTEXTUALIZADA
Maria da Conceição Araújo Carneiro23
RESUMO
Este artigo discute a importância da emoção, do afeto e do processo de politização do educando enquanto
ferramentas fundamentais para o processo ensino-aprendizagem, daí o termo:
EMOAFETOPOLITIZAÇÃO. As dimensões: emocional, afetiva e política devem ser trabalhadas nas
práticas pedagógicas, na perspectiva de melhor formar o educando mais centrado, crítico, participativo,
autônomo, com sua autoestima trabalhada, de modo que possa tomar consciência da sua realidade,
podendo nela intervir, e assim assumir a constituição de sua aprendizagem e de sua história.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, Emoção, Afeto, Politização.
INTRODUÇÃO
Pensar a escola em tempos globalizados requer um recorte histórico do que tem ocorrido
neste espaço educativo, nesta direção é relevante analisar como esta instituição ao longo de sua
história tratou e/ou trata: a emoção, o afeto, a cognição e a politização do educando e suas
implicações para formação da pessoal humana crítica, reflexiva, transformadora e cidadã. É
notório que o foco da escola sempre foi desenvolver o aspecto intelectual do educando, por
séculos se mostrou indiferente aos aspectos emocionais, afetivos e políticos do sujeito,
negligenciando a educação emocional, cidadã do indivíduo, tratando todos e todas de forma
homogênea.
Comennius já se perguntava: é possível ensinar a todos da mesma forma? O modelo
epistemológico que ainda hoje voga no Brasil, se for interpelado não responde as demandas
atuais da sociedade , visto que não faz sentido nenhum há muitos e muitos anos, essa defasagem
é respaldada num modelo cartesiano que visualiza uma lógica mercadológica advinda do
capitalismo selvagem que se materializa numa prática pedagógica fria e indiferente a formação
humana, hoje tão aclamada em todo os discursos educacionais.
Lançar sobre a educação na perspectiva de um olhar sobre o afeto, a emoção e a
politização do educando talvez não seja uma proposta inovadora já que tem se multiplicado
estudos nessa área, mas, se faz extremamente necessária já que todos os olhares técnicos e
racionais não foram e nem serão suficientes para diagnosticar a fundo e promover as mudanças
23
Maria da Conceição Araújo Carneiro, Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ. [email protected]
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necessárias. Neste contexto lanço o termo: “EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” termo novo e
provocador que será desdobrado etimologicamente ao longo deste artigo.
A Emoafetopolitização pode ser compreendida como uma reflexão e sugestão para o
fazer pedagógico que agrega um conjunto de concepções a cerca da contribuição do afeto, da
emoção e do processo de politização do indivíduo no contexto educacional ,sendo fundamental a
compreensão da base epistemológica que respalda essa prática.
A princípio é crucial explicar a terminologia: “EMOAFETOPOLITIZAÇÃO”, a
expressão surge da junção de três dimensões fundamentais a formação da pessoa humana:
emoção, afeto e política, para melhor compreensão, veja cada uma delas:
Dimensão emocional - por acreditar ser esta responsável por conflitos de todas as
ordens na sociedade, desde uma simples discussão até mesmo tragédias de
repercussões: nacional e internacional;
Dimensão afetiva – por ser a afetividade ferramenta capaz de nortear as atitudes
dos educandos de modo a produzir: o diálogo, a proximidade, a tolerância, o respeito
e o amor a si e a todos com os quais estabeleçam relações estáveis ou passageiras.
Dimensão Política – por esta a responsável por posturas que conduzem ao
exercício da cidadania, a transformação da sociedade numa perspectiva mais justa,
inclusiva e igualitária.
Para melhor visualização e entendimento da dimensão da
“EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” no contexto de uma prática pedagógica emancipadora e cidadã
faz-se necessário aprofundar o estudo deste trabalho com o objetivo de melhor visualizar o
diálogo entre autores no que se refere a afetividade, emoção e politização, na perspectiva de
evidenciar pontos convergentes entre autores clássicos e contemporâneos, uma vez que
pensamentos e pluralidade de sentidos tornam uma reflexão mais enriquecedora, o que
consequentemente contribuirá para melhor compreensão do objeto de estudo deste artigo.
Autores clássicos: um olhar sobre a emoção, afeto e politização na educação.
Neste olhar sobre a base epistemológica que respaldam a terminologia em questão e
consequentemente a sua prática traz para o bojo desta discussão autores de extrema relevância
para o estudo da temática analisada, como referencial clássico foi feito uma aprofundamento24
*Faculdade São Francisco de Juazeiro-FASJ. E-mail:[email protected]
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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maior em relação a Piaget, Vygotsky e Wallon procurando durante todo o estudo focar pontos
comuns , os quais analisaremos ao longo do texto.
Entre os autores clássicos encontram-se pontos comuns no que se refere as dimensões:
afetivas, emocionais e políticas no contexto da prática educativa,logo os autores abaixo integram
a base epistemológica da emoafetopolitização : Piaget, Vygotsky e Wallon.
Wallon dá ênfase ao papel da emoção no desenvolvimento humano, uma vez que as
relações que as crianças vivenciam com outras pessoas que cuidam delas desde o seu
nascimento é permeada de emoções, afetividade, posições políticas, valores e não somente de
cognição.
É necessário esclarecer que a teoria walloniana é baseada em quatro elementos
fundamentais que dialogam o tempo todo: afetividade, emoções, movimento e formação do eu.
Essa teoria repudia a visão fragmentada do desenvolvimento humano, visando uma
compreensão do ponto de vista dos aspectos: do ato motor, da afetividade e da cognição, bem
como do ponto de vista das relações que o indivíduo estabelece com o seu meio.
O pensamento pedagógico Walloniano deixa claro a especificidade do educador
enquanto eixo da ação pedagógica, devendo este procurar mobilizar os aspectos afetivos e
cognitivos presentes na prática pedagógica com intuito de interagir com os educandos buscando
entendimento destes aspectos.
Outro autor de extrema relevância para este trabalho é Lev Semenovich Vygotsky, vez
que assume uma posição teórica segundo a qual o indivíduo nasce biológico, porém através das
vivências no contexto cultural se constitui em sujeito sócio-histórico-político.
Vygotsky defende que nenhuma forma de comportamento é tão forte quanto aquela
ligada a emoção. Confirmando assim que se quisermos suscitar ao aluno formas de
comportamento de que necessitamos é fundamental nos preocupar com suas emoções.
Segundo a teoria de Vygotsky a afetividade assume sem dúvida um papel importante, em
seus escritos referente a emoção e a politização do indivíduo no processo de interação social,
oferecendo contribuições significativas para a educação, deixando muito claro que é possível a
compreensão do pensamento humano tomando como referência sua base afetiva, isto é, as
razões que dão origem aos pensamentos e estas encontram suas origens nas emoções.
Ainda segundo o autor o conhecimento só acontece a partir de uma intensa interação
entre os indivíduos. Também questionava o dualismo entre as dimensões afetivas e cognitivas
quando mencionava que a psicologia tradicional pecava em separar os aspectos intelectuais dos
afetivos.
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No tocante ao termo “EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” é extremamente relevante a
contribuição de Jean Piaget, autor renomado e de reconhecimento no âmbito educacional.
Segundo Piaget: não existem estados afetivos sem elementos cognitivos, assim como não
existem comportamentos puramente cognitivos, quando se refere aos papéis da assimilação e da
acomodação cognitiva.
No que tange a afetividade Piaget afirma ser esta uma fonte de energia de que a cognição
se utiliza para seu funcionamento, vez que na relação do sujeito com o objeto, com as pessoas e
consigo mesmo, existe uma energia que direciona seu interesse para uma ou outra situação.
Este autor reconheceu a afetividade como agente motivador da atividade cognitiva, vez
que afetividade e atividade cognitiva constituem termos complementares: “afetividade seria a
energia, o que move a ação, enquanto razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar
desejo, sentimentos variados e obter êxito nas ações.
Piaget, Vygotsky e Wallon sugerem que na prática pedagógica não se pode mais
trabalhar com disjunção entre o campo da racionalidade, da afetividade e da emoção para
explicar o funcionamento psíquico. O comportamento e os pensamentos humanos se sustentam
na indissociação de emoções e pensamentos, de aspectos afetivos e cognitivos que irão
fundamentar a construção de valores, crenças, enfim contribuirão significativamente para
formação da pessoa humana sobretudo na dimensão política.
É consenso entre os três estudiosos, que o processo de ensino e aprendizagem deve
incluir a afetividade, a emoção e o processo de politização de forma significativa. Estes
sinalizam que o processo de aprendizagem deve envolver um total comprometimento do
discente tão físico, quanto intelectual, moral, político e emocional, sendo que a afetividade, em
especial a motivação, desempenha papel importante nessa tarefa, vez que, em geral, o
comportamento do ser humano é permeado pela emoção e se esta for bem conduzida permite a
formatação do homem/mulher numa perspectiva politizada para atuar numa sociedade de
conflitos, intolerância e violenta de forma mais ajustada, convergindo para o respeito a
diversidade, a prática da inclusão e ao exercício da cidadania.
Piaget e Vygotsky ambos cognitivistas e interacionistas em suas teorias apresentam
pontos convergentes e divergentes, o fundamental neste estudo é o aprofundamento teórico,
visando compreender o melhor possível suas abordagens para que haja maior clareza quanto ao
objeto de estudo em questão: a “EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” no contexto das práticas
pedagógicas e sua implicação no processo ensino-aprendizagem.
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Ambos entenderam o conhecimento como adaptação e como construção individual e
concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são autorregulados. Porém, discordaram
quanto ao processo de construção, ambos viram o desenvolvimento e aprendizagem da criança
como participativa, não ocorrendo de maneira automática.
Por outro lado, estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual, porém cada um
começou e perseguiu por diferentes questões e problemas. Enquanto Piaget estava interessado
em como o conhecimento é construído, Vygotsky estava interessado na questão de como os
fatores sociais e culturais influenciam o desenvolvimento intelectual, aqui a emoafetopolitização
encontra terreno fértil para sua aplicabilidade e validade no âmbito educacional.
No que se refere ao desenvolvimento cognitivo Segundo Piaget, a origem do
desenvolvimento cognitivo dá-se do interior para o exterior, ocorrendo em função da maturidade
da pessoa. O autor considera que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo,
porém sua ênfase recai no papel do ambiente para o desenvolvimento biológico, ressaltando a
maturidade do desenvolvimento.
A abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget, o desenvolvimento é de fora para
dentro, através da internalização. Vygotsky afirma que o conhecimento se dá dentro de um
contexto, afirmando serem as influências sociais mais importantes que o contexto biológico.
Em linhas gerais, para a teoria vygotskiana, o desenvolvimento ocorre em função da
aprendizagem, ao contrário do pensamento de Piaget que assegura ser a aprendizagem uma
consequência do desenvolvimento. O desenvolvimento cognitivo para Piaget, é o de
equilibrarão, existiria uma interação entre o indivíduo e o meio, ligados com outros fatores
como: experiências, genética, maturação biológica, formando os esquemas, a assimilação, a
acomodação, a adaptação e a assimilação.
Ao analisar a teoria de Vygotsky em relação a teoria de Wallon percebe-se que este
defende a cultura e o social como pontos de relevância para formação do indivíduo. Porém este
não analisa essa formação apenas no que tange ao aspecto cognitivo; atribui grande significado a
um aspecto que durante muito tempo foi tido como secundário dentro das salas de aula, as
relações afetivas, sociais e culturais, evidenciando que a “EMOAFETOPOLITIZAÇÃO” é uma
prática viável ao fazer educativo e bem operacionalizada contribuirá significativamente para o
desenvolvimento do indivíduo critico, participativo e cidadão
Vygotsky ao desenvolver seus estudos, concluiu que o desenvolvimento infantil é
socialmente construído, pois as transformações da sociedade e da cultura interferem no
desenvolvimento do sujeito e transforma a relação que este mantém com a realidade e ao mesmo
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tempo a consciência dele sobre ela, assim práticas emoafetivopolitizadoras encontra forte
ressonância na visão Vygotkyana.
Um dos pontos que chama a atenção da teoria de Vygotsky que neste estudo, refere-se
as influências das interações sociais no desenvolvimento cognitivo e político que de modo geral
quando foca as influências das interações, aborda-se a questão da cultura, determinadas
ideologias, religiões, classes sociais, sistema econômico, presença ou ausência de escolarização ,
características da linguagem, riqueza ou pobreza do meio etc., evidenciando a importância dos
saberes sociais e da emoafetopolitização e suas implicações na formação integral da pessoa,
trazendo para discussão a relevância das dimensões: política, emocionais e afetivas no contexto
das relações pessoais, familiares e sociais.
Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, para o autor o
desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não são
capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e,
para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um
desenvolvimento conflituoso, aqui Wallon deixa muito claro a importância da inteligência
emocional ser focada e trabalhada pela escola, para que efetivamente se pense numa formação
integral do educando.
Wallon sem dúvida foi o autor que soube muito bem privilegiar a relação entre os
domínios afetivo e cognitivo, na medida em que criou uma teoria de desenvolvimento da
personalidade. Ocupando-se em estudar a passagem do orgânico ao psíquico, verificou que,
nesse processo, ocorre concomitantemente o desenvolvimento de ambos os domínios. O
desenvolvimento da personalidade oscila entre movimentos ora afetivos, ora cognitivos, que são
interdependentes; em outras palavras, à medida que a afetividade se desenvolve, interfere na
inteligência e vice-versa.
Wallon compartilha com Vygotsky a mesma matriz epistemológica, o materialismo
histórico e dialético, sendo que, para Wallon (1981), a emoção é o principal mediador, enquanto
que, em Vygotsky (1993, 1991), o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel, posto que as
relações estabelecidas entre os indivíduos tornou-se fundamental ao olhar atento deste autor.
Piaget, Vygotsky e Wallon sugerem que na prática pedagógica não se pode mais
trabalhar com disjunção entre o campo racionalidade , da afetividade , da emoção e da interação
para explicar o funcionamento psíquico. O comportamento e os pensamentos humanos se
sustentam na indissociação de emoções e pensamentos, de aspectos afetivos e cognitivos, nesta
direção a “Emopolitização “ responde as demandas defendidas pelos autores.
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É consenso entre os três autores estudiosos, que o processo ensino-aprendizagem deve
incluir a afetividade de forma significativa. Estes sinalizam que o processo de aprendizagem
deve envolver um total comprometimento do discente tanto físico, quanto intelectual, político e
emocional, sendo que a afetividade, em especial a motivação, desempenha papel importante
nessa tarefa, vez que, em geral o comportamento do ser humano é permeado pela emoção.
O lugar da emoção, do afeto e da politização do indivíduo na educação contextualizada.
Por outro lado ao abordar o processo de conscientização e politização do educando,
Freire afirma:
“A conscientização não pode existir fora da “práxis”, ou melhor, sem o ato ação-
reflexão. [...] Por isso mesmo, a conscientização é um compromisso histórico. É também
consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de
sujeitos que fazem e refazem o mundo. [...] A conscientização não está baseada sobre a
consciência, de um lado, e o mundo, de outro; por outra parte, não pretende uma separação. Ao
contrário, está baseada na relação consciência-mundo. [...] A conscientização supõe. Por sua
vez, o superar a falsa consciência, quer dizer, o estado de consciência semi-intransitivo ou
transitivo ingênuo, e uma melhor inserção crítica da pessoa conscientizada numa realidade
desmitificada”. (FREIRE, 1980, p. 26 e 90).
Segundo Freire, a educação deve ser vista como ato educativo de conhecimento e
portanto um ato político, deve ser encarada enquanto prática de liberdade, logo como ferramenta
de conscientização, tendo como ponto de partida a realidade que por sua vez precisa ser
compreendida e transformada,para que assim possa ser libertadora .
Nesta perspectiva afirma Gadotti: em si mesmo, não é libertador, o será se estiver
associado a um compromisso político em favor dos excluídos. Ela é uma ferramenta essencial
para intervir no mundo, para Freire, “A libertação é o fim da educação. A finalidade da
educação será libertar-se da realidade opressiva. A educação visa à libertação, a transformação
radical da realidade, para melhorá-la, para torná-la mais humana, para permitir que os homens e
as mulheres sejam reconhecidos como sujeitos da sua história e não como objetos”. (GADOTTI,
1999, p. 9).
Para Tiba (2002, p. 18) o desenvolvimento cognitivo do homem está fortemente ligado
aos fatores sociais, biológicos, psicológicos e afetivos:
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É preciso ter consciência que o ser humano passa por fases de desenvolvimentos em
tempos individuais e que a aprendizagem acontece desde o seu nascimento até o fim de
sua vida, e que este processo de aprender, envolve situações afetivas, sociais e
biológicas, que devem ser conhecidas pelo ensinante para que possa encontrar
subsídios nas teorias pedagógicas ou nos processos práticos para atingir o objetivo que
é levar à criança a apropriação do conhecimento com liberdade de pensamento.
A aprendizagem é mais proveitosa quando o aluno é conduzido a refletir e a estabelecer
relações entre os aspectos afetivos e cognitivos. Deve haver sempre um entrelaçamento entre
esses dois aspectos, pois as emoções são disposições corporais que vão definir as ações e a partir
de um determinado estado emocional, age-se de determinado modo e não de outro. Ao ocorrer
uma mudança na emoção, consequentemente, transforma-se a ação.
No processo educacional estão envolvidos professores e alunos e estes, carregam dentro
de si experiências adquiridas no âmbito familiar: bloqueios, medos, ansiedades, e outros traumas
que acabam atrapalhando o processo de aprendizagem porque geram insegurança, assegura
Chalita (2004). Para conseguir que esse aluno se prontifique a assimilar os conhecimentos, o
professor deve estar preparado para se aproximar da sensibilidade do aluno, deve estar
preparado para educar com afeto.
Esse sentimento conduz à valorização da pessoa humana, tanto nos fatos externos como
nas causas subjetivas, valoriza tudo o que está dentro do homem como os medos, os conflitos e
anseios. Valoriza ainda todos os fatos e acontecimentos externos a ele, fatos do passado e as
perspectivas futuras. Sabe-se que em toda e qualquer atividade que é realizada com amor os
resultados são excelentes.
O afeto tem duração (freqüência) no tempo e gera a inteligência relacional que se
expressa por meio de sentimentos como amor, amizade, empatia, solidariedade, altruísmo,
ternura, compaixão. Estudos recentes, afirma Cury (2003), concluem que a afetividade é a fonte
de todos os tipos de inteligência: cinestésico-corporal, verbal, intrapessoal, interpessoal, lógico-
matemática, visual, auditiva, semântica, musical, espacial, social, naturalista, religiosa, etc.
O emocional tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade
e este, por sua vez, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais. Em outras palavras,
afetividade é o termo utilizado para identificar um domínio funcional abrangente e, nesse
domínio funcional, aparecem diferentes manifestações: desde as primeiras, basicamente
orgânicas, até as diferenciadas como as emoções, os sentimentos e as paixões. Assim:
Porque, para se educar bem, o intelecto só não basta. Para se educar bem, é preciso
mexer com uma dimensão da personalidade que vem sendo ignorada na maioria dos
conselhos dados aos pais nos últimos trinta anos. É preciso mexer com a emoção
(GOTTMAN, 2001, p. 20).
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As emoções e os sentimentos compõem a vida afetiva do homem e esta, se constitui em
um aspecto de fundamental importância na sua vida psíquica. As emoções e os sentimentos são
como alimentos de psiquismo e estão presentes em todas as manifestações da vida humana.
É cada vez mais notório o apelo entre psicólogos e educadores no sentido de humanizar o
conhecimento, e até os próprios professores, com o objetivo de desenvolver o lado cognitivo
paralelo ao afetivo. Assim é coerente citar as publicações das obras: Inteligências Múltiplas
(GARDNER, 1995) e Inteligência emocional (GOLEMAN, 1995), que muito colaboraram para
que a emoção ganhasse um espaço significativo no âmbito educacional.
Um documento digno de ser abordado neste artigo trata-se do Relatório de Delors,
publicado no Brasil em 1998, com o título: “Educação: Um Tesouro a Descobrir. Relatório da
Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI,coordenado por Jacques Delors.
Neste documento encontram-se os quatro pilares da educação, além de apresentar propostas
visando a melhoria das práticas pedagógicas dos educadores no cotidiano escolar.
Nos quatro pilares da educação encontramos respaldo que sugere práticas
emoafetopolitizadoras que por sua vez evidencia forte preocupação com a produção do
conhecimento: aprender a conhecer e o aprender a fazer e principalmente com a formação
humana e a operacionalização destes pilares no que se refere a politização do sujeito no aprender
a ser e aprender a conviver.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As leituras realizadas conduzem a uma reflexão, que é reconhecer a importância da
emoção, do afeto e do processo de politização do educando no processo de ensino-aprendizagem
e considerar que o aluno é um ser cheio de sentimentos que precisam aflorar junto com a
cognição. Esses passos são fundamentais para a formação de um cidadão e para a efetivação da
cidadania de cada aluno.
No espaço da sala de aula o aluno vivencia experiências afetivas, emocionais, sociais e
políticas que determinarão o sucesso ou não, de sua aprendizagem. É aí que o trabalho do
professor ganha grande dimensão na sua relação com o aluno, porque as estratégias que ele usa
para abordar os conteúdos escolares, as atividades propostas e a forma de avaliar, influenciarão
de forma determinante a construção afetiva da relação professor-aluno.
Não podemos pensar na evolução da pessoa humana sem necessariamente considerar sua
evolução pessoal, afetiva, emocional e política, nesta direção devemos pensar no
desenvolvimento emoafetopolitizador a partir da percepção e auto-percepção que a pessoa
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produz por si: o que penso? o que sei? As crenças que tenho a cerca da vida e da sociedade são
positivas ou negativas? Qual a imagem que tenho de mim? Qual a imagem que as pessoas têm
de mim? Como vejo a sociedade? Como percebo minha realidade? Como conduzo minha vida e
minha história?
Esses questionamentos proporcionam inquietações no sujeito conduzindo-o a reflexões
que irão favorecer uma ressignificação na sua forma de ver e sentir o mundo e a si mesmo,
melhorando-o como pessoa, visto que o indivíduo começa a se reformular e a se melhorar em
todos os sentidos à medida que começa a se apropriar do seu contexto emocional, social, político
e afetivo, daí a importância do desenvolvimento desses fatores para uma sociedade que
apresenta inúmeros problemas como: violência, preconceito, intolerância, agressividade.
Enfim, vale ressaltar que esse debate não se encerra apenas pelo que aqui foi exposto,
contudo, deixa uma forte reflexão que em muito poderá contribuir para melhoria de uma prática
pedagógica mais eficaz que favoreça a uma formação mais afetiva, emocional, critica e
politizada capaz de perceber nas relações humanas e numa sólida formação um caminho
possível rumo a uma educação de qualidade que atualmente a sociedade demanda.
REFERÊNCIAS
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DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a
descobrir. São Paulo: Cortez, 1996.
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GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática 1. ed. Porto Alegre :Artes
Médicas, 1995.
GENTILI, Pablo (org.)(1995) Pedagogia da exclusão (Petrópolis, Vozes) 3a.ed.
GOLEMAN, D. Inteligencia emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Trad. Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
GOTTMAN, J. Inteligência emocional e a arte de educar nossos filhos: como aplicar os
conceitos revolucionários da inteligência emocional para uma compreensão da relação entre pais
e filhos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
MORIN, E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 10. e2d. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
________ Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro – 2 ed. – São Paulo: Cortez;
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TIBA, I. Quem ama educa. São Paulo: Gente, 2002, pp. 18-28.
WALLON, H. Psicologia e Educação da Criança. Lisboa: Universidade, 1981.
VYGOTSKY, L S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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A ECOSOFIA E A FORMAÇÃO DO SUJEITO AMBIENTALMENTE
CONSCIENTE: A CONTRIBUIÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE
AULA
Kellison Lima Cavalcante25
Rafael Santana Alves26
Resumo: A Ecosofia permite compreender que a natureza e os seres humanos fazem parte do
mesmo ecossistema comunicativo, propondo assim, discussões entre meio ambiente e filosofia.
Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo refletir sobre o pensamento ecosófico, como um
instrumento de conhecimento do sentido humano na natureza e a contribuição no processo de
aprendizagem no mundo contemporâneo, através de uma discussão teórica do assunto abordado.
Fundamentou-se a partir de aspectos provenientes do pensamento de Félix Guattari, que
contribuiu e auxiliou na problematização da prática acadêmica. A Ecosofia proposta por
Guattari aborda a nossa compreensão, como parte do meio em que vivemos, e como aprendemos
e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as três ecologias: a do meio ambiente,
a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental). Assim, é possível compreender que
a Ecosofia é mais que uma reflexão sobre ecologia, natureza e subjetividade humana, é uma
busca por ações concretas, levando em consideração a interação do homem com o meio
ambiente. Dessa forma, a Ecosofia estimula uma ampla consciência ambiental, possibilitando
extrair do campo da aprendizagem e do conhecimento o potencial de nos tornarmos capazes de
compreender o que o nosso planeta precisa e rever nossas ações.
Palavras-chave: filosofia; ecologia; meio ambiente.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade atual discute com frequência sobre as questões ambientais, destacando a
preocupação na extinção dos recursos naturais, das várias formas de vida e o consequente fim da
própria espécie humana no planeta. Isso se deve, principalmente, à crescente ação de
deterioração da natureza, provocada pelo homem. Assim, a crise ambiental é resultado da nossa
sociedade, que interfere na natureza, sem preocupar-se com o futuro.
Guattari (2009) afirma que os modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem
no sentido de uma progressiva deterioração do nosso planeta. Nesse sentido, os problemas
ambientais da contemporaneidade são resultados das ações humanas sem projeção consciente ao
longo do tempo, prejudicando o futuro da natureza. Assim, torna-se relevante a discussão
ecosófica abordada pelo filósofo francês Félix Guattari, que procurou concatenar de modo
25 Graduando em Licenciatura em Filosofia (UFPI – Polo Juazeiro-BA), Mestre em Tecnologia Ambiental
(ITEP/UFPE) e-mail: [email protected]; 26
Graduando em Licenciatura em Pedagogia (UFPI – Polo Juazeiro-BA), Mestrando em Educação, Cultura e
Territórios Semiáridos (UNEB) e-mail: [email protected].
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lógico e heterogêneo os conceitos do que é natural e do que é cultural, relacionando natureza e
meio ambiente com o humano.
De acordo com Guattari (2009), vivemos no planeta sob a aceleração das mutações
técnico-científicas que podem ser identificadas no tempo atual, onde vivemos uma crise
ambiental, de revoluções políticas, sociais e culturais. Através de três registros. Assim, a
proposta ecosófica defendida por Guattari busca resposta e ações para a problemática ambiental
que vivenciamos no cotidiano.
A tomada de consciência ecológica futura não deverá se contentar com a preocupação
com os fatores ambientais, mas deverá também ter como objeto devastações ambientais no
campo social e no domínio mental (GUATTARI, 2009, p. 41). Dessa forma, torna-se
imprescindível a compreensão da formação do sujeito ambiental atualmente em sala de aula,
inserido no processo de inclusão nas práticas ecológicas e ações ambientais para buscar soluções
para as ações antrópicas de destruição. Assim, sem transformações das mentalidades e dos
hábitos coletivos haverá apenas medidas ilusórias relativas ao meio material.
Para Guattari (2009), a Ecosofia é um modelo prático e especulativo, ético-político e
estético, não sendo uma disciplina, mas sim uma simples e eficaz renovação das antigas formas
de concepção do ser humano, da sociedade e do meio ambiente.
Nesse sentido, essa pesquisa partiu da problemática que Guattari (2009) afirma que os
modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem no sentido de uma progressiva
deterioração. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo refletir sobre o pensamento
ecosófico, como um instrumento de conhecimento do sentido humano na natureza e a
contribuição no processo de aprendizagem no mundo contemporâneo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
De acordo com Gil (2002), este trabalho caracteriza-se em uma pesquisa qualitativa,
requerendo o uso do método exploratório e descritivo a partir da dialética referente ao assunto
em questão e abordando uma análise de experiências e abordagens teóricas sobre a Ecosofia no
processo de formação do sujeito ambientalmente consciente e a contribuição da aprendizagem
em sala de aula, além da observação sistemática para delineamento de conceitos educacionais.
Assim, consistiu em uma análise e interpretação dos aspectos provenientes do pensamento de
Félix Guattari, que contribuiu e auxiliou na problematização.
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Dessa forma, este trabalho foi realizado inicialmente a partir de um estudo teórico do
pensamento ecosófico de Guattari (2009) e para a investigação científica consistiu na utilização
do método dialético, para que resultados significantes e satisfatórios sejam atingidos.
Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se
transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer
solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade.
Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social,
político, econômico, etc. Empregado em pesquisa qualitativa (GIL, 2002, p.
72).
Assim, a dialética consistiu na exposição de fotografias para estudantes de cursos
Técnicos e de Graduação do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) para
discussão e compreensão da ecosofia proposta por Félix Guattari, em dois momentos: um no
Campus Petrolina e outro no Campus Petrolina Zona Rural (Figura 1).
Figura 1 – Exposição e discussão com os estudantes: (a) Campus Petrolina e (b) Campus
Petrolina Zona Rural.
Fonte: os autores
As fotografias e as discussões retratam a ação humana de degradação do Rio São
Francisco no município de Petrolina-PE, resultantes de pesquisa científica do primeiro autor. A
partir das fotografias da realidade ambiental local foi despertado o interesse de compreensão e
diálogo entre os estudantes. Algumas fotografias podem ser observadas na Figura 2.
(a) (b)
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Figura 2 – Algumas fotografias usadas na exposição e discussão.
Fonte: Cavalcante (2014)
Assim, as fotografias foram utilizadas para concatenar o pensamento ecosófico com a
problemática ambiental da realidade vivenciada por estudantes do IF Sertão-PE, no município
de Petrolina-PE. Os diálogos foram guiados pela proposta de Guattari (2009), divididos em
ecologia ambiental, mental e social par entendimento da realidade local dos estudantes e a
contribuição da aprendizagem para a formação do sujeito ambiental.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O conceito de Ecosofia foi criado pelo filósofo francês Félix Guattari, que expressa as
formas como os sujeitos interagem entre si e com o meio ambiente, a partir do conhecimento de
práticas ambientais sustentáveis no processo de educação e aprendizagem escolar. De acordo
com Guattari (2009) a Ecosofia aborda a nossa compreensão, como parte do meio em que
vivemos, e como aprendemos e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as três
ecologias: a do meio ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental).
Ecologia do meio ambiente - onde tudo é possível de acontecer, quanto às
evoluções flexíveis e quanto às piores catástrofes ambientais; “cada vez mais,
os desequilíbrios naturais dependerão das intervenções humanas”,
principalmente quanto à regulação das relações entre o oxigênio, o ozônio e o
gás carbônico; Ecologia social - deve trabalhar as relações humanas,
reconstruindo-as em todos os níveis do socius; Ecologia subjetiva ou mental -
será levada a reinventar a relação do sujeito como o corpo, a psique
(inconsciência) e o consciente (GUATTARI, 2009, p. 52).
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71
O pensamento ecosófico consiste em despertar a condição humana no meio ambiente
como consequência das nossas ações sem projeção consciente, que vêm ocorrendo ao longo das
gerações e que culminaram nos graves desequilíbrios ecológicos da contemporaneidade, além de
enfatizar a formação de um novo ser humano, com base nas três ecologias propostas pelo
filósofo. Guattari (2009) ressalta que os modos de vida humanos individuais e coletivos
evoluem no sentido de uma progressiva deterioração. Assim, o enfoque do pensamento do
filósofo através da Ecosofia está no fracasso em entendermos e aprendermos sobre a
problemática ambiental, sobre as ações que a causaram e suas implicações ou projeções ao
longo do tempo.
Nesse sentido, os problemas ambientais são resultados da evolução da sociedade, em
seus aspectos econômicos, políticos, sociais e educacionais, que sintetizam a subjetividade da
condição humana. Assim, essa subjetividade significa a nossa percepção sobre o mundo em que
vivemos e sobre nós mesmos, nosso modo de pensar e agir para preservar e cuidar do meio
ambiente. De acordo com a Ecosofia proposta por Guattari, o que está em questão é a maneira
de viver daqui em diante sobre esse planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-
científicas e do considerável crescimento demográfico.
Assim, a Ecosofia consiste no entendimento e desenvolvimento de novas práticas sociais
e analíticas na busca da criação de novas subjetividades. Como afirma Guattari (2006):
Não seria exagero enfatizar que a tomada de consciência ecológica futura não
deverá se contentar com a preocupação com os fatores ambientais, mas deverá
também ter como objeto devastações ambientais no campo social e no domínio
mental. Sem transformações das mentalidades e dos hábitos coletivos haverá
apenas medidas ilusórias relativas ao meio material (p.173).
Nessa perspectiva, de acordo com Devall e Sessions (2004), Sofia vem do grego
‘sabedoria’, o que relaciona com a ética, as normas, as regras e a prática, assim, a Ecosofia
implica um deslocamento da ciência para a sabedoria. Assim, o que precisamos no mundo
contemporâneo é a expansão do pensamento ecológico em direção ao pensamento da Ecosofia.
A condição humana passa a ser um ser integrado no meio, um ser completo, holístico, que
conjuga aspectos biológicos, mentais, sociais e espirituais.
A Ecosofia insere-se no contexto de uma força potencializadora e/ou uma ação para
refletir sobre as problemáticas existentes no e pensar a educação e o meio ambiente, como
destaca Guattari (2009):
A Ecosofia não considera a dimensão do meio ambiente como sinônimo de
natureza coloca em igualdade a qualidade das relações sociais, bem como a
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72
qualidade da subjetividade humana, construídas a partir das relações do ser
humano consigo mesmo, dos seres entre si, com o ambiente planetário (p. 32).
Assim, as condições do meio ambiente não podem ser dissociadas da nossa condição de
existência no planeta. Essa condição está associada diretamente a nossa formação ecológica em
sala de aula, a nossa formação como um sujeito ambientalmente consciente. O ser humano
precisa aprender a desenvolver um pensamento transversal para compreender de fato e implantar
em sua essência, a fim de entender as frágeis relações que regem as aspectos globais do nosso
planeta, em uma esfera mais abrangente e os aspectos locais e pertinentes ao nosso
desenvolvimento.
A Ecosofia tem como princípio a formação de cidadãos capazes de compreender o
ambiente em que vivem e buscar respostas para os problemas de um modo geral, como éticos,
científicos, culturais e, sobretudo ambientais. Em sala de aula, a Ecosofia tem como finalidade
estimular o educando a observar e compreender o mundo, como sendo parte integrante dele,
oferecendo assim, a possibilidade de agir, com respeito e consciência. É importante destacar
que, nesse contexto, a escola tem a finalidade de proporcionar condições para que o educando
tenha uma aprendizagem baseada na Educação Ambiental.
Diante desse cenário, o homem nasce para ser educado, e tem na formação escolar a
possibilidade de mudança e construção de um mundo ambientalmente mais consciente. Dessa
forma, as três ecologias descritas na Ecosofia de Félix Guattari na formação do estudante tornam
evidentes as problemáticas que estão acontecendo na nossa natureza, que exige cuidados
especiais para poder preservar e criar condições para manter o equilíbrio do meio ambiente.
Assim, a Ecosofia em sala de aula se configura como uma necessidade social, criando uma
conscientização de que todos devem cuidar e preservar o meio ambiente para as futuras
gerações, formando indivíduos atuantes.
Nós dependemos do meio ambiente para nossa sobrevivência desde a evolução dos
nossos ancestrais. Porém, como parte integrante da natureza e, sobretudo um ser social capaz de
provocar alterações no meio em que vivemos, podemos a partir da Ecosofia no convívio escolar,
provocar mudanças permanentes para cuidar da nossa natureza.
Dessa forma, foi possível identificar através da discussão com os estudantes que a
Ecosofia consiste em um modelo prático nos campos ético e político, que tem como finalidade a
ressignificação da concepção de ser humano, de sociedade e de meio ambiente. Assim, foi
possível identificar características da realidade vivenciada pelos estudantes na prática da
Ecosofia, como distribuído na Tabela 1.
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Tabela 1 – Compreensão das características da Ecosofia
ECOLOGIA DE GUATARRI (2009) SENTIDO PARA OS ESTUDANTES
AMBIENTAL
- Catástrofes;
- Desenvolvimento ou evolução;
- Intervenções humanas;
- Natureza.
MENTAL
- Criar novos pensamentos e ações;
- Relação do sujeito com o corpo;
- Entender a finalidade do trabalho
desenvolvido;
- Entender a finalidade do sujeito no meio
ambiente.
SOCIAL
- Compreender as relações humanas;
- Formas de pertencer ao meio social;
- Formas de corrigir coletivamente o meio
em que vive em sociedade.
Fonte: dados da pesquisa.
De acordo com Meksenas (1994), o gênero humano desenvolve de tal modo sua
consciência no tempo que chega um momento onde não basta sentir o mundo criando valores
(mitos) sobre o mundo. Surge o desejo de descobrir as leis que regem o nosso mundo, a querer
entender o mundo de modo racional e procurar soluções para os problemas resultantes de nossas
ações. Nesse sentido, é possível destacar que a filosofia se opõe ao mito, pois a consciência
filosófica não se limita a sentir o mundo. Assim a Ecosofia tem como finalidade interpretar de
modo racional os questionamentos e problemas do nosso meio ambiente para, em seguida,
questionar a realidade.
Nessa perspectiva, o pensamento ecosófico de Guattari possibilita a relação do ser
humano com a realidade que o produz e o atravessa, em suas múltiplas dimensões. Assim,
através da compreensão das três ecologias torna-se imprescindível a nós, como seres humanos e
parte indissociável do meio ambiente, a procura da conciliação dessa relação de possibilidade no
nosso Planeta para minimizar os riscos de problemas ambientais e intervenções humanas na
natureza.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ecosofia proposta por Guattari aborda a nossa compreensão, como parte do meio em
que vivemos, e como aprendemos e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as
três ecologias: a do meio ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental).
Assim, foi possível compreender que a ecologia ambiental tem como características a
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possibilidade de ocorrência naturalmente. A ecologia mental está relacionada aos conceitos de
desempenho e benefício humano como ser ambiental e consciente. Dessa forma, a ecologia
social tem como princípio o convívio humano em sociedade e a busca pela solução coletiva dos
problemas ambientais tanto na esfera local como global.
A Ecosofia apresenta aspectos fundamentais para desvelar a relação que nós precisamos
entender para a conscientização ambiental, garantindo a continuidade do mundo em que
vivemos, preservando a natureza e os seres vivos. Foi possível compreender que a Ecosofia é
mais que uma reflexão sobre ecologia, natureza e subjetividade humana, é uma busca por ações
concretas, levando em consideração a interação do homem com o meio ambiente. Dessa forma,
a Ecosofia estimula uma ampla consciência ambiental, possibilitando extrair do campo da
aprendizagem e do conhecimento o potencial de nos tornarmos capazes de compreender o que o
nosso planeta precisa e rever nossas ações.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTE, K. L. Potencial dos efluentes das estações de tratamento de esgoto
doméstico de Petrolina-PE para irrigação de sorgo sacarino. 2014. 121 f. Dissertação
(Mestrado em Tecnologia Ambiental) – Instituto de Tecnologia de Pernambuco, Recife, 2014.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto
Alonso Muniz. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.
DEVALL, B.; SESSIONS, G. Ecologia profunda: dar prioridade à natureza na nossa vida.
Águas Santas: Edições Sempre-em-Pé, 2004.
GALLO, S. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GUATTARI, F. As três ecologias. 20ª ed. Trad. Maria Cristina F. Bittencourt. Campinas:
Papirus, 2009, 56p.
______. Caosmose: um novo paradigma estético. 4ª reimpressão. Rio de Janeiro: Editora 34,
2006.
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CARRAPICHO VIRTUAL: EXPERIÊNCIA DE EDUCOMUNICAÇÃO E
PROTAGONISMO JUVENIL EM COMUNIDADES DO VALE DO SALITRE,
JUAZEIRO (BA)
Érica Daiane da Costa Silva27
Introdução
Da experiência com a pesquisa-ação durante minha conclusão do curso de graduação
em Comunicação Social – habilitação em jornalismo em multimeios pela Universidade do
Estado da Bahia – UNEB em 2010 surgiu o Carrapicho, informativo comunitário impresso que
tinha o objetivo de divulgar notícias acerca do Vale do Salitre, interior de Juazeiro (BA). A
primeira edição foi elaborada junto com atores/atrizes da comunidade de Alfavaca a partir de
oficinas de comunicação, ministradas durante o meu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.
Com o propósito de retomar a produção de notícias locais e estimular a formação política
de jovens e sua intervenção na comunidade, em 2015, fruto de um trabalho de educomunicação
que desenvolvi voluntariamente com adolescentes das comunidades de Alfavaca e Baraúna, foi
produzida e lançada a segunda edição do Carrapicho. Um ano depois, diante da ampliação do
acesso à internet nas comunidades do Salitre, e motivada por uma premiação organizada pela
Brasil Foundation, através do Prêmio de Inovação Comunitária “Outra parada”, escrevi a
proposta do Carrapicho Virtual, projeto que visava estender o informativo para o ambiente
virtual e que foi selecionada entre 72 iniciativas financiadas em todo o país.
A partir de oficinas de educomunicação e sessões de Cinema ao ar livre nas
comunidades, o projeto envolveu diretamente uma média de 60 adolescentes e crianças, as
quais produziram vídeos, fotografias e textos para a página Carrapicho Virtual lançada na rede
social Facebook. O novo canal de comunicação da região do Salitre divulga notícias a partir de
um processo de produção de conteúdos baseado na responsabilidade com a informação, dando
visibilidade a pautas de relevância social para a região, prezando pela função social dos meios
de comunicação e contribuindo assim com a democratização da Comunicação. A gestão
compartilhada também se faz presente na proposta do Carrapicho Virtual, que tem como
27
Especialista em Ensino da Comunicação Social Universidade do Estado da Bahia – UNEB ; Graduada em Comunicação Social – Jornalismo em Multimeios pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB; Graduada em História pela Universidade de Pernambuco – UPE; Militante da luta pela Democratização da Comunicação; Atualmente é docente no curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ; Idealizadora e Facilitadora do Projeto Carrapicho Virtual.
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objetivo central a formação política e técnica desses/as sujeitos, bem como o fortalecimento do
sentimento de pertencimento à região.
A iniciativa conta também com apoio das associações comunitárias das duas
comunidades e tem contribuído para a formação crítica-ativa desses/as jovens, as/os quais se
organizam a partir de reuniões mensais e de grupo de discussão no aplicativo whatsapp.
Educomunicação e protagonismo da juventude
A escola tradicional tem se distanciado do cumprimento de seu papel enquanto
propulsora de uma educação libertadora, que, conforme definia Paulo Freire, está ancorada na
relação dialógica entre educador/a e educando, os quais, juntos, irão construir o conhecimento.
A comunicação social não se difere de tal realidade, uma vez que também não tem exercido a
função social que lhe é atribuída, desconsiderando a própria condição de direito humano.
É com base nessas constatações que passa a existir a contraposição dos modelos de se
comunicar e educar. É isso que justifica, por exemplo, a existência de um modelo de
comunicação predominante e um contra-hegemônico, bem como uma educação convencional e
uma prática educativa diferenciada. De modo geral, a contra-hegemonia surge dos movimentos
sociais que, preocupados com a emancipação popular necessária à mudança da sociedade,
passam a propor formas de sensibilização. Tal sensibilização se faz necessária porque parte-se
da ideia de que o modelo dominante aliena os indivíduos, na perspectiva de garantir a aceitação
do que lhes é imposto.
Os meios de comunicação, teoricamente, divulgadores da informação de qualidade,
isenta e preocupada com o bem estar social, na prática, não cumprem por completo esta função.
No Brasil, a Lei que regula o setor é de 1962, portanto, ultrapassada, pois o contexto midiático
atual se difere e muito daquela época. A insatisfação com a mídia “oficial” desperta a reação de
diversos movimentos que ao longo dos anos defendem a bandeira da democratização da
comunicação, tomando por base a Declaração Universal dos Direitos Humanos que apresenta a
comunicação como direito.
Busca-se, portanto, a existência dos processos comunicativos horizontalizados, de forma
que a população possa ser tanto receptora quanto produtora/emissora de informação e que possa
ainda se apropriar de mecanismos de controle social, tendo em vista o caráter público dos meios
de comunicação que operar mediante uma concessão pública.
Diante da realidade da comunicação brasileira, há uma urgência em repensar as formas
de se fazer comunicação, atentando para sua função, inegavelmente, educativa. Com o propósito
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de ensaiar um modelo que diferenciado e visto como o mais democrático, a mídia contra-
hegemônica, que compreende uma gama de possibilidades de se fazer comunicação, insere-se
em um novo modelo proposto no qual deve haver, de fato, a valorização da diversidade sócio-
cultural e dos princípios democráticos que devem estar expressos nas formas de construção
coletiva. É neste contexto, que surge então um campo de estudo e de intervenção social – o qual,
estudiosos/as da comunicação e da educação, chamaram de educomunicação – que propõe o
engajamento consciente dos indivíduos na estrutura social a qual pertencem.
Este novo campo se propõe a refletir acerca do uso das tecnologias, a fim de estimular a
utilização das mesmas em prol de uma real democratização e não em favor da reprodução de um
sistema alienante e opressor. Para Soares (1996), a prática educomunicativa se configura como
um espaço de discussão e cidadania e assume posição estratégica na organização social. É,
portanto, uma forma de enfrentamento às estruturas que manipulam a opinião pública em favor
da difusão de uma ideologia dominante, ou seja, em favor dos valores sócio-culturais e do poder
econômico de uma minoria.
A educomunicação coloca como indispensável, de imediato, a necessidade de educar
os/as cidadãos e cidadãs para recepção crítica e ativa. Para isso, é necessário o incentivo à
leitura crítica dos meios e à produção e difusão de conteúdos que fujam à regra dos veículos de
comunicação convencionais. Uma discussão que já vem sendo feita há algum tempo alerta
também para a necessidade da inovação pedagógica no âmbito da educação formal e informal,
atentando para a existência das novas tecnologias da informação que se multiplicam a cada dia.
O advento das novas tecnologias, de acordo com Jesus (1986), possibilita transformar
toda a prática da comunicação social, mudança esta que, por extensão, envolveria os currículos
escolares, as instituições educacionais formadoras dos profissionais, os projetos desenvolvidos
nos cursos, os sindicatos e mesmo o exercício prático das profissões. Isto teria reflexo na
cultura, na livre expressão, na defesa dos interesses e direitos humanos. Entretanto, para que isso
ocorra é essencial a disposição dos diversos setores da sociedade, com esse propósito de
promover o exercício da cidadania e, consequentemente, a existência de uma sociedade livre de
desigualdades e opressões.
Neste sentido, muitas iniciativas tem legitimado a eficácia desse campo teórico-prático,
proporcionando a existência de um fenômeno que Soares (2003) chama de “ecossistemas
comunicativos”. O mesmo autor, na obra Sociedade da informação ou da comunicação?,
descreve o amplo e importante alcance deste novo campo:
às correntes de fundamentação psicossocial e cultural soma-se a vertente política que
aponta para a necessidade de esclarecer a população sobre a importância de
democratizar os recursos e instrumentos de comunicação, caso se queira preservar a
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democracia em outros campos da vida social. Não se está falando de outra coisa senão
de educação para cidadania. (SOARES, 1996, p. 58).
Anna Penido, no texto Educação pela Comunicação aborda a observação crítica, a
experimentação, interatividade, inclusão, criatividade, cooperação e a participação como
exemplos de princípios fundamentais desta prática que, para a autora, constitui-se em uma
metodologia de ensino-aprendizagem. Penido (2008, p. 49) pressupõe a existência de quatro
etapas essenciais nesse processo: preparação, planejamento, produção e disseminação. Essas
ações geram impactos na vida social das pessoas e das comunidades, que, uma vez mobilizadas,
mostram-se mais participativas, críticas e pró-ativas em torno de questões do seu
interesse; valorizam e lidam melhor com a diversidade e as ações de caráter coletivo e
possuem maior nível de criticidade, acesso e apropriação em relação às tecnologias e os
meios de comunicação.
A juventude é considerada um público potencial com o qual podem ser desenvolvidas
experiências de educomunicação. Entretanto, não há restrição para a execução de tal atividade,
pois a intenção é desenvolver atitudes e comportamentos, habilidades e conhecimentos a partir
das diversas formas de exercer o direito à comunicação.
No caso da experiência do Carrapicho, inicialmente trabalhei com um público misto de
jovens, adultos, crianças e idosos. Em seguida, optei por focar na juventude como público
produtor de informação, porém, numa perspectiva de atingir toda a população consumidora dos
conteúdos produzidos por esses/as jovens.
Tanto as duas edições impressas do Carrapicho, quanto o estágio atual de propagação
na internet, a educomunicação tem sido o ponto de partida. Durante as oficinas, encontros e
reuniões, as/os participantes discutem a comunicação como direito, bem como conhecem
algumas técnicas de jornalismo e noções básicas de produção audiovisual, com destaque para
fotografia e vídeo. A definição das pautas é outro elemento essencial da formação e do
andamento da rotina produtiva, uma vez que isto acontece em conjunto com as/os participantes.
A escolha das pautas é embasada pela discussão acerca da importância do veículo
abordar conteúdos de interesse da comunidade, a exemplo de problemas coletivos recorrentes,
bem como tratar das potencialidades e valorizar a identidade regional. Assim, caracterizamos
esta experiência como uma iniciativa de educomunicação, uma vez que, conforme Soares
(2003), uma das definições deste campo de intervenção ainda em estudo é a ação crítica e pró-
ativa, na qual os sujeitos são instigados a produzirem conteúdos e assim intervir na sociedade.
O engajamento das/dos adolescentes, aos poucos, vão permitindo um movimento de
produção de sujeitos praticantes da cidadania crítica-ativa, conceito que prevê a existência de
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um/uma cidadão/cidadã consciente do seu lugar na sociedade e capaz de assumir um
compromisso social e coletivo com a melhoria desta sociedade da qual se sente parte.
No entendimento desses/as jovens, a mídia livre Carrapicho vem para provocar e
conscientizar as/os leitores e leitoras acerca da realidade local, como pontua Roseane Santos, de
13 anos, uma das educomunicadoras: “aqui no Salitre tem que ter jornal... temos que falar das
estradas, das empresas que estão chegando e destruindo o Salitre...”. Em outra frente de atuação,
o apoio da comunidade, Sônia Ribeiro, uma das lideranças da comunidade de Baraúna destaca
que esse projeto contribui para que “os filhos do Salitre não esqueçam suas origens e sintam
orgulho de ser salitreiros e salitreiras”.
Convergência Midiática e Mídia Livre
Nas últimas décadas temos visto o crescimento das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC’s) e também das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação
(TDIC’s), apontadas como importantes instrumentos de mediação das relações humanas e de
construção do conhecimento. Tenho observado que a escola convencional, inclusive as
Unidades que estes/as jovens participantes do Carrapicho frequentam, pouco tem aproveitado as
possibilidades de educomunicação através do uso das TIC’s e TDIC’s.
No entanto, sobretudo a partir da ampliação do acesso a internet, a necessidade de
potencializar o uso da rede por parte desses/as jovens foi se tornando visível no Vale do Salitre.
O uso das redes de dados móveis através do celular só tem aumentado nos últimos anos nas
comunidades rurais de Juazeiro com a chegada do sinal de telefonia móvel de determinada
operadora. Em nível nacional, uma pesquisa da CETIC.br, divulgada em 2014, identificava que
82% dos/das jovens entre 9 e 17 anos, acessam internet pelo celular e que destes 73% são
adeptos/as das redes sociais. O facebook, segundo a mesma pesquisa, é usado por 78% deste
mesmo público.
Percebi então que é preciso aprofundar a discussão quanto ao poder da mídia e o uso
desta enquanto formadora de opinião desses/as adolescentes do Salitre, o que poderia
tranquilamente ser feito para além do ambiente escolar, numa perspectiva de trabalhar pontos
essenciais para a construção dos ecossistemas comunicativos, conceito defendido por teóricos
que vem discutindo a educomunicação no Brasil.
O cenário de convergência midiática se fortalece ainda mais a partir da ação da
juventude com relação ao uso conjugado das diversas mídias. As habilidades desenvolvidas por
uma criança e/ou adolescente no que se refere ao manuseio dos aparelhos, dos programas, das
plataformas, redes sociais, etc, só reforça a lógica defendida pelas teorias da comunicação de
que cada vez mais somos apreendidos pelas nuances da “Sociedade da Informação”.
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Ao iniciar esses/as jovens no campo da educomunicação, há uma grande investida
educativa no sentido de promover um bom uso dos instrumentos de comunicação cada dia mais
disponíveis e acessíveis a esse segmento da sociedade. Ou seja, há um ambiente propício para a
educomunicação, o que fortalece ainda outro conceito também em construção: o de mídia livre
ou midialivrismo, que, para Malini e Antoun (2013) são práticas da sociedade civil que se
opõem ao modo de se fazer comunicação dos conglomerados empresariais de mídia, os quais
formam ou controlam a opinião pública desde o nível local até o internacional. Para os autores,
há ainda o midialivrismo ciberativista que
reúne experiências singulares de construção de dispositivos digitais, tecnologias e
processos compartilhados de comunicação, a partir de um processo de colaboração
social em rede e de tecnologias informáticas, cujo principal resultado é a produção de
um mundo sem intermediários da cultura, baseada na produção livre e incessante do
comum, sem quaisquer níveis de hierarquia que reproduza exclusivamente a dinâmica
de comunicação um-todos (Malini e Antoun, 2013, p. 21 e 22)
A experiência com a produção de conteúdo disseminado pelas edições impressas do
Carrapicho e atualmente com o Carrapicho Virtual só reafirma a necessidade da mídia livre se
fortalecer como instrumento de promoção da cultura e da consciência política frente ao
monopólio dos meios de comunicação no Brasil. Com forte tendência à regionalização dos
conteúdos, o Carrapicho se estabelece como um canal de mídia livre e conquista seu público que
gosta de ser a notícia, que sente-se contemplado ao ver sua realidade (positiva ou negativa)
sendo exaltada ou denunciada em uma canal midiático capaz de dialogar com o mundo inteiro
através da rede mundial de computadores.
Quando esse canal passa a ocupar também o espaço da internet, a possibilidade de
mostrar ao mundo o que há de bom ou o que precisa melhorar no Vale do Salitre promove uma
aceitação enorme da proposta, a qual conquista admiradores também por ser algo produzido em
sua essência por adolescentes. A adesão às notícias (medida pelos indicadores de reprodução e
interação existentes na rede social facebook) pela população local ou por simpatizantes ou ainda
por parentes que vivem distantes, expressa a ineficácia dos conglomerados de mídia com relação
às pautas regionais e à diversidade, sobretudo cultural.
Partindo de tudo isso, somando-se às possibilidades de convergência midiática hoje tão
latente no Salitre e à participação das/dos adolescentes no Carrapicho desde a primeira edição,
confirmei o potencial deste público e a possibilidade de iniciá-los/las em práticas
educomunicativas constantes. Além disso, sempre tive como referências positivas, além das
teorias, experiências práticas desenvolvidas em outros locais do país, especialmente na região
Nordeste, como é o caso da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda (CE) e do Projeto Mídia
Jovem, em Aracaju (SE). Na região do Sertão do São Francisco, sempre me chamou atenção a
experiência de algumas rádios comunitárias, bem como o case de comunicação popular
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desenvolvido pelo Setor de Comunicação da Diocese de Juazeiro, quando tinha à frente o bispo
D. José Rodrigues de Souza, que criou a Rede de Correspondente populares.
Um aprendizado promovido pelo conhecimento destas experiências e especialmente
pelo Carrapicho Virtual é de que o acesso desses jovens aos recursos tecnológicos, a exemplo de
celulares, câmeras digitais, internet – e o uso conjugado de tudo isso, a chamada convergência –
facilita o diálogo sobre a importância das mídias na educação e da educação para a mídia,
principalmente, possibilitando assim uma ação educomunicativa a partir desses recursos.
Importante destacar que o que mais diferencia esta formação do cotidiano das salas de aula são
as metodologias. A base da educomunicação é a participação. Os sujeitos devem ser
protagonistas das discussões, dos meios de comunicação criados, dos conteúdos produzidos,
enfim da ação proposta (Soares, 2003). Nos processos de construção levou-se em conta a
importância do grupo planejar, executar, avaliar para reconstruir, princípios básicos para a
efetivação deste campo prático-teórico que se consolida como uma intervenção social.
Neste sentido, ao tomar como referência as abordagens de Soares (2003), é possível
dizer que as atividades desenvolvidas pelo Projeto Carrapicho desde 2010 são parte de uma
experiência concreta de educomunicação. Para ele, uma vez que se contempla as duas área, há
uma relação entre a teoria e a prática, há uma intervenção social e uma reflexão sobre esta
prática, pode-se apontar a existência de experiências educomunicativas.
Primeiros resultados
Mesmo as primeiras edições do Carrapicho tendo sido algo pontual, já era possível
observar o crescimento das/dos jovens ao se envolverem com o tema do direito à comunicação,
com ênfase na crítica da mídia. Essa constatação aparece de forma mais nítida no momento em
que o grupo discute as pautas a serem noticiadas no Carrapicho, as quais refletem uma
necessidade latente de visibilizar a região, uma ausência fortemente sentida na mídia
convencional.
Os elementos postos pelos/as jovens na discussão acerca da mídia e suas influências
também evidenciam o quanto a participação no Projeto Carrapicho vem fazendo diferença na
formação desse grupo. Os exemplos trazidos ao debate durante as oficinas e encontros,
sobretudo mediante a observação de produtos midiáticos como telenovelas, noticiários,
programas de humor e músicas, confirmam a legitimidade do processo de emancipação dos
sujeitos, um dos objetivos da educomunicação.
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Na experiência do Carrapicho Virtual – que começa a se estabelecer como um canal de
mídia livre gestionado, em sua essência, por adolescentes – já se desenha as áreas da
educomunicação pontuadas por Soares (2011), sendo: (1) educação para comunicação; (2)
expressão comunicativa através das artes; (3) a mediação tecnológica nos espaços educativos;
(4) a pedagogia da comunicação; (5) a gestão da comunicação nos espaços educativos; e (6)
reflexão epistemológica sobre a prática. Isto por si só já se configura como um frutífero cenário
de resultados significativos que só tem a contribuir com a educação formal, não formal, com a
formação pessoal desses/as jovens e, consequentemente, com o engajamento social na
coletividade gerando processos geradores de transformações.
Há ainda outros resultados, os quais impactam muito mais para fora, porém sem deixar
de produzir efeitos também sobre o grupo. Trata-se da boa referência criada acerca da região, as
possibilidades de releituras, quebra de estereótipos construídos, os quais nas últimas décadas
contribuíam para uma imagem negativa do Vale do Salitre, especialmente no tocante a falta de
água e de perspectivas de desenvolvimento. O Carrapicho Virtual sinaliza a existência de jovens
atuantes, conhecedores da realidade local e social e politicamente comprometidos/as com sua
região. Apresenta ainda a preponderância de uma população que acompanha as novidades da
tecnologia, que se conecta com o mundo e que produz informação, a própria informação.
Considerações Finais
Parece indiscutível a necessidade da apropriação das diversas mídias como forma de
romper com as estruturas de poder que dominam política, econômica e culturalmente a
sociedade. Para tanto, é preciso repensar as estratégias de formação diante do contexto atual de
massificação das possibilidades tecnológicas que vem interferindo diretamente nas rotinas e
formas de comportamento das pessoas, especialmente da juventude.
É evidente que a educação para a mídia precisa ser mais explorada e que se o ambiente
formal da educação não tem dado conta disto, é preciso articularmo-nos em torno de outros
espaços potenciais capazes de promover uma emancipação da juventude, iniciando-lhes numa
prática cidadã onde cada um e cada uma estejam conscientes e comprometidos/as em promover
mudanças positivas, reconhecendo e considerando seu lugar na sociedade.
Os resultados desta experiência educomunicativa no Salitre já são visíveis e permitem
reafirmar que estas duas áreas, comunicação e educação, são mesmo inseparáveis, daí a origem
do termo educomunicação. Percebo, no entanto, que estas duas áreas do conhecimento precisam
ser melhores aproveitadas no âmbito escolar, viabilizando assim uma ação mais ampla, com
resultados concretos para além da escola, mas na sociedade de modo geral.
O atrativo da tecnologia deve ser tomado como motivo maior de envolvimento da
juventude e a partir disso criar os ecossistemas comunicativos, tornando esses/as jovens sujeitos
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de seus anseios, dos problemas coletivos, da busca por soluções, começando pelo universo do
lugar onde vivem, sem perder de vista todo o contexto onde estão inseridos/as, seja a
comunidade, o bairro, o município, porém se propondo a enxergar a região, o país, a sociedade.
A prática que vem sendo desenvolvida por estes/as agentes educomunicadores/as do
Carrapicho passa a fazer sentido a partir do momento que a ação desenvolvida seja algo
consciente para eles e elas, o que irá contribuir com a formação dos/das mesmos/as enquanto
seres humanos mais críticos/as e comprometidos/as com as causas sociais e coletivas. Por fim,
faz um sentido inquestionável também para todas as pessoas envolvidas indiretamente, a
população consumidora e apoiadora da iniciativa, uma vez que há uma animação popular com a
experiência e ainda o usufruto de um conteúdo de qualidade que passa a circular na mídia, com
forte atenção para o que se passa ao seu redor, o que pouco se vê na mídia considerada oficial.
Vale ainda destacar, a título de prestação de contas à sociedade, que o recurso oriundo da
premiação da Brasil Foundation foi o suficiente para investir apenas em oficinas do Projeto
Carrapicho Virtual no período de abril a junho de 2016. Porém, após a culminância do Projeto, a
deliberação do grupo de 22 jovens, as/os que decidiram abraçar a proposta, foi de que a
iniciativa permaneceria independente de financiamento. Neste caso, o andamento do projeto se
dá a partir da ação voluntária de cada membro envolvido/a, da comunidade que apoia e de um
conjunto de internautas que tem consumido as informações produzidas pelo Carrapicho Virtual.
Há, portanto, um enorme caminho a ser percorrido. Contudo, já se sabe que a aposta na
educomunicação é algo central na formação de crianças e adolescentes, buscando o
fortalecimento dos sujeitos de forma significativa e assim contribuindo com uma sociedade mais
plural, constituída de indivíduos mais autônomos e sabedores do seu papel enquanto
interventores na realidade.
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AS NOVAS MÍDIAS NA WEB 2.0 E OS SEUS REFLEXOS NA PRÁTICA
DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Tiago V.R. Carvalho28
Késia Araujo11
Jona Martins11
Ricardo J. R. Amorim11 29
Dinani G. Amorim11 12
Resumo. Este artigo reflete sobre o impacto das novas mídias no processo de docência no
Ensino Superior, buscando relacionar as mudanças que ocorreram a partir do novo paradigma da
convergência, contextualizando-os com a prática docente em sala de aula, confrontando as
lógicas de ensino do paradigma anterior com as demandas que esse novo modelo exige, tanto na
elaboração de novas propostas de ensino, quanto no novo perfil do docente, que não mais é
detentor do conhecimento e tampouco de seu compartilhamento.
Palavras-chave: Novas mídias, Convergência, Educação, Docência, Web 2.0.
INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade as relações sociais são direcionadas por condicionantes que vão
além do simples contato humano. Esses processos ocorrem mediados por inúmeros elementos
sociais, entre eles, podemos destacar os oriundos da revolução da microeletrônica, tais como, os
computadores, tablets e celulares. Até que ponto as novas mídias na web 2.0 poderão auxiliar as
práticas docentes no processo ensino-aprendizagem? (CAJAIBA, 2016).
O presente artigo, busca encontrar subsídios bibliográficos para a retórica de encontrar
soluções nas práticas docentes com a mediação das novas mídias na web 2.0 fazendo um
paralelo entre a teoria e prática no sentido de auxiliar o processo ensino-aprendizagem.
E esses condicionantes possibilitaram novos olhares para as estruturas sociais, entre elas,
a educação, seja a nível básico ou superior, pois, esse processo formativo passou a ser
estruturado de maneira diferenciada, onde os espaços físicos e temporais não são mais barreiras
para a formação dos sujeitos.
28
PPGESA – Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação Cultura e Territórios Semiáridos - Universidade
do Estado da Bahia (UNEB) Departamento de Ciências Humanas - DCH III – Juazeiro – BA – Brasil. -
Colegiado de Computação - Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE) – Petrolina, PE –
Brasil.
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87
Desse modo, o assunto tratado nesse artigo são as possibilidades que as novas mídias
propiciam à educação bem como os seus impactos. Assim, a proposta temática é a utilização
dessas mídias computacionais no processo educacional, apresentando-as como elementos
facilitadores do processo de ensino e aprendizagem. Instrumentos esses que agilizam a gestão, o
planejamento, a avaliação e a práxis pedagógica, beneficiando a formação do educando.
Os serviços dessas mídias conferem agilidade e clareza nos processos de orientação,
realização de atividades e a oportunidade de acessar todos estes recursos de qualquer lugar
através de internet.
A internet pode ser utilizada com finalidade educativa, pois, possui características que
permitem a mediação e apropriação dos conhecimentos construídos socialmente, nela existem
serviços disponibilizados por empresas aos sujeitos, favorecendo a interação entre sujeitos e o
compartilhamento de informações, itens importantes quando remetidos à aprendizagem.
São exemplos dessa condição, as plataformas de elaboração de documentos, planilhas e
slides que foram migradas, integralmente, para a internet, com adição de novas ferramentas,
facilitando assim, o uso desses recursos, muitas atividades feitas manualmente pelo sujeito,
como cópia de segurança, compartilhamento de arquivos, envio de formulários/questionários de
pesquisas científicas são executadas automaticamente pelos provedores desses serviços.
É possível contemplar que a tarefa de empreitar tais objetivos e demandas é árdua por
contemplar tantos aspectos, mas que pode ser otimizada e aprimorada através da aquisição e
utilização de novas tecnologias, mas como Saccol, Schlemmer e Barbosa (2011, p.31)
observam:
... se adotarmos uma concepção epistemológica de que o conhecimento é fruto
de construção do indivíduo feita em colaboração com professores e colegas,
devemos selecionar tecnologias que permitam interação intensiva entre as
pessoas, por exemplo, por meio de ambientes virtuais que disponibilizem
fóruns, chats, espaços para compartilhamento de projetos, arquivos de interesse
comum.
Nessa perspectiva de escolha de novas tecnologias é preciso considerar o fator da
avaliação, que é a culminância da atividade acadêmica como evidencia Severino (2008, p.
29) “quaisquer que sejam as modalidades de tarefas passadas aos alunos, é preciso que haja
orientação clara a respeito do que estará sendo esperado e avaliado, fornecendo-lhes diretrizes
técnicas para a realização dessas tarefas”.
Mesmo falando dos meios, o propósito desse uso de novas mídias não será uma
inteligência individual mas sim a inteligência coletiva, termo cunhado por Levy (2007) que
parte do princípio que nenhum de nós pode saber de tudo, havendo a necessidade de juntarmos
as peças, associarmos recursos e unirmos habilidades em prol de uma construção de
conhecimento mais ampla e impossível de ser construída individualmente.
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Diante disso, Jenkins (2006) observa no seu “paradigma da convergência” que essa
convergência dos meios possibilita uma cultura participativa que resulta em uma inteligência
coletiva, nada será mais estático, os direitos de propriedade são questionados e não há mais
controle do conteúdo gerado. Desta forma a convergência dos meios possibilita o fluxo de
conteúdos por meio de múltiplos suportes midiáticos; a cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos, gerando comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que
vão a quase qualquer parte em busca de experiências de entretenimentos que desejam.
Reafirmando Jenkins, Levy (2007, p. 28) diz que:
[...] uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada,
coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências. [...] Ela visa ao reconhecimento das habilidades que se
distribuem nos indivíduos, a fim de coordená-las para serem usadas em prol da
coletividade. A coordenação dos inteligentes coletivos ocorre com a utilização
das tecnologias da informação e comunicação [...].
Isso demonstra o quão importante é o papel da tecnologia da informação como
mediadora de inteligência distribuída.
NOVAS MÍDIAS
Consideraremos novas mídias todas aquelas advindas a partir do novo paradigma da
convergência e que possuam características da web 2.0.
A tecnologia em que a Web 1.0 se baseia é ao mesmo tempo ‘tradicional’ e
revolucionária: por um lado, tira proveito do modelo da imprensa escrita usado
há Séculos, por outro permite distribuir conteúdos a custos muitíssimo baixos,
ou mesmo nulos – (Clinton, 200530
).
Dessa forma, a Web 2.0 traz dinamismo aos sites e weblogs (blogs), possibilitando que
conteúdos possam ser publicados, distribuídos e compartilhados de forma descentralizada, ou
seja, sem a necessidade de uma filtro editorial de uma grande mídia, possibilitando que usuários,
por motivações pessoais, em uma cultura participativa, produzam coletivamente gerando uma
inteligência maior que a individualmente possível Jenkins (2006).
30
Disponível em <http://blog.unto.net/on-web-20.html> . Acesso em 14 de junho de 2016.
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NOVAS MÍDIAS E PRÁTICAS DOCENTES
O desafio é grande. Em um mundo conectado e tecnológico, em que as informações e
relações são líquidas e tecnologias até então restritas estão presentes nos bolsos e pulsos dos
alunos encontram-se os professores. E as faculdades. Atrasadas em suas estruturas fordistas e os
professores, orientados a cumprirem ementas burocráticas e lógicas didáticas desatualizadas
com o novo universo conectado e fluido. De um lado professores analfabetos digitais ou
utilizando a classificação de Prensky (2001) - Imigrantes digitais, lutando contra suas próprias
limitações e do outro alunos - nativos digitais - desinteressados, crentes que podem encontrar
tudo que precisam a poucos cliques. No final, quem está certo? Como tornar mais fluidas as
sólidas estruturas educacionais do ensino superior brasileiro? Como despertar a atenção de
alunos dispersos e com acesso aos mesmos conteúdos dos professores? Lévy apresenta o novo
professor como um mediador.
A principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos
conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua
competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o
pensamento. O professor torna-se um animador da inteligência coletiva dos
grupos que estão a seu encargo (LEVY, 1999, p. 171).
A passividade na relação aluno-professor está tão ultrapassada quanto a que existia na
era do rádio ou da televisão, em que espectadores bovinamente consumiam o conteúdo
preparado por editorias por vezes tendenciosas. Assim como a Televisão não acabou, o
professor não deixará de existir. Ele apenas deve aprender a conviver com outros atores
educativos, que assim como ele, formam, educam e ensinam. Conectado, alunos compartilham,
trocam experiências e coletivamente constroem conhecimento e inteligência coletiva, por meio
das novas mídias e tecnologias.
Além de propiciar uma rápida difusão de material didático e de informações de
interesse para pais, professores e alunos, as novas tecnologias permitem, entre
outras possibilidades, a construção interdisciplinar de informações produzidas
individualmente ou em grupo por parte dos alunos, o desenvolvimento
colaborativo de projetos por parte de alunos geograficamente dispersos, bem
como a troca de projetos didáticos entre educadores das mais diferentes regiões
do País. Conforme as velocidades de transmissão das redes vão aumentando,
novas aplicações para fins educacionais vão se tornando viáveis, tais como
laboratórios virtuais. (Takahashi, 2000, p.46).
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REPRIMIR OU MEDIAR?
Talvez a resposta de todas essas questões seja a reflexão individual de cada docente em
sua prática de ensino, já que não há uma regra clara para isso. Qual deve ser a nova postura do
professor nesse novo cenário? Impor sua autoridade máxima e recolher todos aparelhos
tecnológicos no início das aulas? Ou integrá-los em sua prática docente? Se integrá-los, como
utilizá-los? Como mensurar efetivamente os resultados dessa integração? Como apresentar
resultados de desempenho docente se o professor não foi o responsável por apresentar o
conteúdo? Já que o professor não mais detém o conteúdo, basta um monitor para mediar o
conhecimento? Quais são os limites de um mediador? De quem é a responsabilidade da
formação e treinamento tecnológico docente? E discente? E sem nem todos tiverem os mesmos
acessos? E se um discente for um analfabeto digital?
A autonomia do professor na escolha e utilização do melhor meio para realizar
o seu melhor ensino complementa-se com a exploração crítica das formas como
uma mesma informação pode ser veiculada nas diferentes mídias. A exploração
das informações obtidas, o debate, a crítica, a reflexão conjunta, a liberdade
para apresentação de posicionamentos divergentes, o estímulo à troca
permanente, a conversa, a mediação e a construção individual e coletiva crítica
do conhecimento são ações que devem estar presentes na nova pedagogia da
sala de aula no ensino presencial, preocupada com a aprendizagem criativa e
interativa, a participação significativa e contínua e a interação entre aprendizes
e professores (KENSKY, 2003, p.101).
O novo docente deve refletir diariamente sobre essas e outras questões em sua prática
docente líquida, uma vez que a partir de agora, nada mais será estático, sólido ou eterno em sua
relação em sala de aula.
ALUNOS CONECTADOS, PROFESSORES DESLIGADOS
Se o mundo mudou, como podemos continuar ensinando da mesma forma de sempre?
Em relação à incorporação de novas mídias, no caso do professor, o grande desafio não é
apenas aprender um novo jeito de ensinar. O maior desafio será abdicar de comportamentos já
cristalizados e inventar um novo papel, menos autoritário (e não menos importante) de orientar e
motivar a aprendizagem. Essa transformação não será fruto de um trabalho individual, mas de
um movimento de mudança da própria sociedade, que irá acontecer conforme forem aparecendo
e confrontando-se demandas, resistências e pressões culturais, econômicas e políticas.
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DESAFIOS PARA O FUTURO
A inserção das tecnologias e utilização adequada às demandas que se apresentam no
âmbito educacional mostra-se verdadeiramente importante, e para como as novas mídias pode-
se contemplar benefícios educacionais progressivos no trato e aperfeiçoamento de suas várias
possibilidades.
Os tempos de compartilhamento são marcados por uma infinidade de informações que
são repassadas de forma instantânea, onde os indivíduos se identificam com causas comuns
sendo representados através de vídeos, frases, textos, imagens, áudios etc.
Os autores Viktor Mayer – Shchonberger e Kenneth Cukier (2013) definem bem esta
nova era com uma abordagem clara sobre o advento do Big data, onde enfatizam o poder do
cruzamento de dados e a importância dos mesmos para nos conduzir nas descobertas sobre
soluções plausíveis para problemas que assolam a humanidade. Para os autores, esta nova era
desafia a maneira como vivemos e interagimos com o mundo. Segundo estes estudiosos, este
novo tempo marca o início de uma importante transformação aliada às novas tecnologias. A
revolução da informação passa por um processo de crescimento desenfreado, onde, diariamente,
aumentam assustadoramente os números de dados no mundo.
Analisando este novo contexto em que estamos inseridos, retomamos a análise de Geertz
(2008), onde este autor simplifica que toda e qualquer ação só poderá ser avaliada mediante a
sua ocorrência. Em relação ao comportamento humano, ele ultrapassa barreiras quando o
assunto beneficia aos anseios sociais de um determinado grupo.
Compartilhar ideias é um fenômeno histórico, inserido no processo cultural e social das
civilizações humanas. Muito antes do advento da internet e dos sites de compartilhamento,
trocar ideias, informações, práticas, estilos de viver, dentre várias outras coisas, era atividade
constante entre os povos. Logicamente, este processo serviu tanto para o bem quanto para o mal:
a Alemanha Nazista foi um Estado fundamentado no pensamento fascista de Hitler,
compartilhado de forma massiva pelo seu partido e, por conseguinte, de grande parte dos
alemães simpatizantes da causa; por outro lado, o movimento internacional dos direitos
humanos no pós Segunda Guerra foi o resultado de uma série de ideias em torno da dignidade
humana e do respeito às diversidades em todo o globo. O que devemos ressaltar é que este
compartilhar possui uma grande potencialidade, sendo fruto de uma cultura que, segundo Geertz
(2008), constrói os indivíduos puramente à sua imagem. Utilizar esta ferramenta com sobriedade
e responsabilidade é o grande desafio a todos aqueles que lidam com a comunicação
interpessoal.
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No contexto escolar, a interdisciplinaridade surge propondo um novo jeito de agir e
pensar, onde o conhecimento é compreendido como um processo de ensino-aprendizagem,
mediado pelas tecnologias e suas implicações sugerindo assim, uma integração de conteúdos
onde o aluno deverá ser capaz de fazer diversas leituras através das mais variadas linguagens do
universo tecnológico e informacional em que ele está inserido.
O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a coparticipação de
outros sujeitos no ato de pensar o objeto. Não há um “penso” e não o contrário. (COELHO,
2006, p.66).
A proposta para este novo pensar pedagógico, é promover trocas em prol da unidade
humana, onde o pensar e o agir caminhem juntos na intensificação do diálogo entre a
metodologia e o conceito, integrando-os simultaneamente nos diferentes campos do saber
enquanto ser social, sujeito e objeto do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo tem como principal proposta alertar os docentes de nível superior sobre
as diversas realidades existentes em sua prática docente, apresentando o novo paradigma que
vivemos, onde que alunos possuem acesso aos mesmos conteúdos que seus docentes e que além
disso, vivemos em um mundo líquido, em que tudo se transforma: o relacionamento que temos
com os alunos, o relacionamento com as novas mídias, a sociedade e nós mesmos.
Em sua reflexão sobre o papel do professor diante das inovações tecnológicas, Elia
(2011) deixa claro que os professores atuais se tornaram meros passadores de conteúdo, e que
por ser processual, tudo isso é reversível. Ele alerta sobre o novo papel mediador que o
professor deve ter na fase atual das EAD/TIC, que deve acima de tudo resgatar a preparação e
motivação do “velho professor de 60 anos atrás”, questionando a viabilidade prática dessa
mediação com qualidade.
Ribeiro et al (2011) em sua análise sobre o curso de extensão, “Planejamento Criativo e
Pesquisa: em jogo o conhecimento do aluno e do professor” reforça a necessidade da construção
de um novo Objeto de Aprendizagem, reforçando o novo papel do professor nesse novo cenário
da web2.0. Ribeiro ainda complementa:
Sabe-se que, com o uso das ferramentas do computador, o aluno tem a
possibilidade de aprender através de um ciclo de imaginar, criar, brincar,
compartilhar e refletir. Porém, para que isso ocorra, o professor também precisa
tomar consciência do seu papel nessa sala de aula virtual e como as ferramentas
podem auxiliá-lo em sua prática pedagógica. Pretende-se, assim, promover
situações em que os professores e ciberinfantes possam, a partir de uma
experiência reflexiva, engajar-se, de forma criativa e científica, num processo
dinâmico, participativo e interdisciplinar de aprendizagem. (RIBEIRO, 2011,
p.319)
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Reforçando a importância da necessidade de reformulação do papel do professor em sala
de aula LOSSO et al (2011) materializa a discussão com a utilização de um dos principais
protagonistas da web2.0: os blogs, que oferecem a possibilidade do alunos também ser o autor,
juntamente com o professor, exigindo uma nova postura deste que passará a ter um papel
essencial no processo, o de mediador.
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A FALTA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FATOR DE RISCO PARA
OS EMPREENDEDORES INDIVIDUAIS DA CIDADE DE SENHOR DO BONFIM-BA
Keila Daniela Souza de Carvalho31
RESUMO
O planejamento estratégico e seus elementos são de grande importância como ferramenta
essencial para auxiliar os empreendedores no gerenciamento dos seus empreendimentos, de
forma a definir a direção a ser seguida. O artigo objetivou identificar se os empreendedores
individuais da cidade de Senhor do Bonfim-BA utilizam o planejamento estratégico durante o
gerenciamento do seu negócio e analisar a falta dessa ferramenta na gestão e as consequências
da ausência da mesma que acarretam riscos para as empresas, levando muitas vezes ao
fracasso.Para a obtenção das informações necessárias foram realizadas pesquisas bibliográficas
para destacar a importância do planejamento estratégico e suas vantagens, além de uma
pesquisa de campo com a aplicação de questionário fechado, abordando os elementos do
planejamento e outros aspectos como:quem gerência e qual a escolaridade, qual o ramo de
atividade, qual o motivo da abertura da empresa, há quanto tempo existe e etc a fim de
conhecer a situação em que se encontram os empreendedores da cidade citada.De acordo o
resultado, 66% dos questionados não possuem o planejamento e a ausência dessa ferramenta
pode direcionar o empreendimento ao fracasso. Concluiu-se que, os empreendedores
individuais da cidade de Senhor do Bonfim-BA estão em um cenário de vulnerabilidade e
expostos a situações de riscos.
Palavras-chaves: Planejamento estratégico, gerenciamento, fracasso.
ABSTRACT
The strategic planning and its elements are of great importance like a essential tool to assist
entrepreneurs in management their enterprises, in order to define the direction to be followed.
The article aims identify whether individual entrepreneurs of Senhor do Bonfim-BA utilize
strategic planning for management of your business and, analyze the lack of this tool in the
management and the consequences of its absence which carry risks for companies often leading
to failure. To obtain the necessary information, literature searches were performed to highlight
the importance of strategic planning and its advantages, plus a field research with an application
of closed, addressing the elements of planning and other aspects such as who manages and what
your schooling, which branch of activity, the reason to opening of the company, etc. in order to
know the situation in which they are entrepreneurs in cited city. According to the result, 66% of
the questioned not have the planning and the absence of this tool can direct the entrepreneurs to
failure, Concludes that individual entrepreneurs of Senhor do Bonfim- BA are in a scenario of
vulnerability and exposure to risk situations.
Keywords: Strategic planning, Management, Failure.
1 INTRODUÇÃO
31
Graduada em Administração de Empresas na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina.
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É significativo o aumento de pessoas que buscam ser dono do seu próprio negócio, com
suas responsabilidades e atribuições ditadas por si, fazendo o que sabem e o que gostam estando
satisfeito. Os empreendedores individuais estão surgindo com inovações sem medo de errar
arriscam e investem tudo o que tem, alguns procuram orientações outros simplesmente encaram
o mercado. Para alguns essa atitude de arriscar já se torna um grande desafio superado e
felizmente contam com a sorte e conseguem manter-se no mercado encarando os novos
obstáculos.
É comum muitos empreendedores desenvolver seus negócios sem ideias claras de qual
caminho estão tomando, aonde pretendem chegar, como chegar. Estes se deparam com situações
de riscos que na maioria das vezes afetam diretamente e são fatores determinantes para o
fracasso do negócio.
É importante lembrar que, as pessoas não estão mais acomodadas, buscam soluções
diferentes das empíricas, o achismo não lidera mercado, a concorrência cada vez mais está
acirrada e pronta pra derrubar aqueles que atuam desprevenidos, com falta de informações.
A falta do planejamento hoje é um dos principais fatores que levam os empresários a
fecharem as portas, por isso á importância de elaborar este projeto para traçar os riscos que estão
por vim decorrente de um erro crucial. Alguns trabalhos científicos abordaram o planejamento
estratégico com ferramenta competitiva, indicador de falência, mas todos em abrangência
nacional, o tema proposto é dirigido aos empreendedores situados na cidade de Senhor do
Bonfim- BA, visando contribuir com a prevenção e diminuição dos riscos decorrentes da falta
do planejamento estratégico.
Portanto, este trabalho pretende ajudar os empreendedores individuais a nortear a direção
do seu empreendimento, a partir de conceitos científicos fica fácil identificar quais aspectos
mais importantes que se deve ter mais foco para localização dos problemas e desafios. E
permitir a compreensão do planejamento estratégico e suas vantagens. Vale ressaltar que, as
dificuldades existem para que haja crescimento e melhoria na qualidade dos produtos e ou
serviços oferecidos no mercado.
No contexto econômico, os empreendedores fazem parte ao que se refere á contribuição
do desenvolvimento e crescimento econômico da cidade, com geração de renda, diminuição da
taxa de desemprego e supri as necessidades da população.Na busca de conhecimento sobre os
empreendedores individuais, é necessário fazer levantamento sobre há quanto tempo existe o
negócio, qual o ramo de atuação, se houve ajuda por parte de instituições locais, quem faz o
gerenciamento e qual a escolaridade do responsável para gerir os negócios entre outros.
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O presente artigo teve como objetivo identificar se os empreendedores individuais da
cidade de Senhor do Bonfim-BA utilizam o planejamento estratégico durante o gerenciamento
do negócio. É importante frisar que, essa ferramenta é de suma importância para auxiliá-los a
direcionar seu empreendimento.
O presente artigo é resultado de pesquisas que descreve a importância do planejamento
estratégico como técnica essencial para os empreendedores individuais, esclarece as vantagens
para elaboração do planejamento e seus principais elementos. Além disso, foi necessário
demonstrar o crescimento dos empreendedores individuais no Brasil, classificar as empresas
segundo o seu porte e apontar o cenário de riscos.
A metodologia utilizada foi descritiva, explicativa e para a concretização das
informações foram realizadas pesquisas bibliográficas, observação sistemática não participante
além de pesquisa em campo na cidade de Senhor do Bonfim-BA com a utilização do
questionário fechado para obtenção dos dados.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CRESCIMENTO DOS EMPREENDEDORES NO BRASIL
Conforme o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa – 2013 (Sebrae-NA/
Dieese), no ano de 2012foram registrados no Brasil um total de 6.405.122 milhõesde empresas,
das quais 5.963.168 milhões são micro, 377.902 mil são pequenas empresas, 44.835 mil são
média empresa e 25.620 grande empresa. Contabilizou-se que no final do ano 2013 foram
registrados mais de 923 milde Empreendedores Individuais (Eis). No total geral de julho 2009 a
dezembro de 2013, o registro foi de 3.659.781 milhões como mostra o gráfico do SEBRAE.
Gráfico 1- Número Acumulado de MEI (Dez/ 2013)
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Na tabela aponta a distribuição e a participação de cada estado, vale destacar que a Bahia
representou 6,7% do total.
Tabela – Participação Estadual no total do MEI
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Depois de identificado o quantitativo dos Micros empreendedores
individuaisdistribuídos em todo o país, é importante observar a classificação por setor
de atividade,onde cada um exerce influência no mercado nacional.
Gráfico 2: Distribuição de MEI por grande setor acumulado até dezembro de
2013
De acordo com a publicação no portal Brasil (2012),
No Brasil, o empreendedorismo se popularizou a partir da década de
90, o quecontribuiu para a crescente participação desse tipo de empresa na
economiado país. O papel de destaque da modalidade ganhou ainda maisforça com
aentrada em vigor da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2007, e da
Leido Microempreendedor Individual, em 2008.
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2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS SEGUNDO SEUDO PORTE
Para Maximiano (2006:7) ”uma empresa é uma iniciativa que tem o objetivo de fornecer
produtos e serviços para atender á necessidade de pessoas, ou de mercados, e com isso obter
lucro”.
É importante destacar que, alguns órgãos a citar como exemplo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Pesquisa) classifica o porte das empresas com base na quantidade de funcionários
existentes. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social) classifica
segundo o porte com base no faturamento, com sua própria normatização e classificação.
2.2.1 MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
Segundo a Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008 Microempreendedor Individual é a pessoa
que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário, tendo o registro no
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas-CNPJ. Para ser Microempreendor individual, é
necessário faturar no máximo até R$ 60.000,00(sessenta mil) reais por ano e não ter participação
em outra empresa como sócio ou titular. O MEI também pode ter um empregado contratado que
receba o salário mínimo ou o piso da categoria.
2.2.2 MICROEMPRESA (ME)
Conforme a Receita Federal, “consideram-se micro empresa, para efeito do Simples, a pessoa
jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais)”.
2.2.3 EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP)
Considera-se empresa de pequeno porte, para efeito do Simples, a pessoa jurídica que tenha
auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil
reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). (RECEITA
FEDERAL)
2.2.4 EMPRESA DE MÉDIO PORTE
Consideram-se as empresas de médio porte, aquelas que tenham auferido no ano-calendário
receita bruta anual superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e igual ou
inferior a R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais), conforme a lei de nº 10. 165, de 27 de
dezembro de 2000.
2.2.5 EMPRESA DE GRANDE PORTE
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De acordo com a lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Consideram-se as empresas de
grande porte que tenha auferido no ano-calendário receita bruta anual superior a 300.000.000,00
(trezentos milhões de reais).
Segundo Bernardi (2003:59)
Não é incomum, do ponto de vista sistêmico e holístico, encontrar empresas de
menor porte altamente saudáveis, muito bem integradas e harmônicas,
lucrativas e com boa imagem no mercado. Também não é incomum encontrar
situações contrarias em grandes empresas. A diferença é a massa crítica,
recursos, capital e outras facilidades que o porte propicia.
2.3 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
“Planejamento estratégico é metodologia administrativa que permite estabelecer a direção a ser
seguida pela empresa, e que visa ao maior grau de interação com o ambiente, onde estão os
fatores não controláveis pela empresa”. (OLIVEIRA 2009:143)
Para Maximiano (2006:70) “Não importa se tem dois ou dois mil funcionários, qualquer
empresa precisa ser organizada. Organizar é definir as responsabilidades de cada pessoa ou
grupo de pessoas que trabalha para empresa”.
Com a globalização e a alta tecnologia as características no mercado são intensas mudanças,
concorrência acirrada, clientes cada vez mais exigentes, portanto, o planejamento estratégico
torna-se indispensável para diminuição dos riscos e conquista para o sucesso. Esse planejamento
deverá ser contínuo, ininterrupto com maior flexibilidade sendo adaptado para alcançar de forma
generalizada todos os envolvidos no ambiente interno e externo. Um planejamento quanto mais
detalhado, especifico e analítico mais eficaz será. Vale lembrar que as organizações vivem em
processo de adaptação, em virtude das interferências externas. E convivendo com um ambiente
de imprevisibilidade é importante que os empreendedores estejam aptos a enfrentar o futuro com
um plano traçado.
O Planejamento Estratégico aborda a empresa em sua totalidade, de forma holística, ou seja,
abrangente, enquanto o planejamento tático é mais especifico, abordando uma área da empresa,
e o planejamento operacional é voltado para as particularidades de um determinado
setor.Através do planejamento estratégico é possível definir missão, visão, princípios e valores
da empresa, definir metas e objetivos.Assim:
Planejamento estratégico é uma atividade técnica administrativa que, através da
análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas
oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da
sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a
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organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos.
(FISCHMANN; ALMEIDA, 1991, p. 25)
Pode-se afirmar que o planejamento estratégico está vinculado aos objetivos organizacionais que
afetam a viabilidade e o desenvolvimento da organização. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009)
Levando em consideração que a todo o momento atuamos em diferentes cenários, onde somos
bombardeados de informações, o ambiente externo constantemente sofre alterações e com isso
influencia diretamente na tomada de decisões que na maioria das vezes necessita traçar
estratégias para obter vantagens. Estratégia são ações definidas por alguém para servir de
norteadores em um determinado momento, para atingir tais objetivos.
Para Chiavenato (2009, 4) “estratégia é definida basicamente como um curso de ação escolhida
pela organização a partir da premissa de que uma futura e diferente posição poderá oferecer
ganhos e vantagens em relação a situação presente”.
Portanto, a importância do planejamento estratégico do negócio está na elaboração e,
principalmente, tem como objetivo direcionar os rumos que a empresa deve dar, através de
respostas precisas como: qual o contexto da empresa hoje? Onde pretende chegar? O que fazer
para chegar lá? Quanto tempo é necessário? Isso possibilita o empreendedor a coordenar e
controlar o plano de ação e através do caminho traçado buscar atingir todas as metas descritas.
Além disso, deve-se ter flexibilidade para adequar sempre que houve percalços na trajetória. O
foco não deverá estar somente nos problemas ou nos objetivos, a motivação é um aspecto
primordial, pois todos deverão estar empenhados em um único propósito.Empresários precisam
colocar em prática o uso do planejamento para verificar suas ações e traçar estratégias para a
empresa, isso serve tanto para abertura quanto para crescimento.
2.4 VANTAGENS AO ELABORAR O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Planejar consiste em “definir objetivos (qual situação deverá ser alcançada), definir um ou mais
cursos de ações (caminhos para atingir o objetivo), definir meios de execução (previsão dos
recursos necessários para realizar do objetivo)”.(MAXIMIANO, 2011: 61)
O planejamento estratégico não é o sucesso do negócio, mas para obter sucesso é preciso
enfrentar a incerteza do futuro, com seus riscos, incertezas e ás vezes certezas. Para isso, a
empresa precisa estar preparada para encarar os acontecimentos, digamos que, prever boa parte
dos fatos que estão por vir.
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103
Boas Ideias vêm á mente, mas para torna-la realidade é preciso construir passo a passo. Para o
empreendedor organizar essas ideias é necessário organiza-las através do planejamento que será
seu mapa de percurso. Irá nortear na busca de informações sobre seu ramo, os produtos ou
serviços oferecidos aos seus clientes, apontarão os pontos fortes, os fracos que precisam ser
trabalhados para melhorar e contribui para identificação da performance da gestão do negócio.
A elaboração do planejamento é um desafio e tanto, requer persistência, comprometimento, uma
pesquisa é um trabalho que deve haver muita dedicação e criatividade.Estratégico são tudo o que
gera importantes decisões do mais alto nível, ou seja, geralmente essas decisões são tomadas
pelos proprietários, diretores. O empreendedor quando faz um planejamento adequado
determina seus objetivos a curto e longo prazo, define como usar os recursos disponíveis,
escolhe as estratégias de ação e identifica as oportunidades.
Para Maximiano (2011: 65)
A empresa é uma ilha cercada de ambiente por todos os lados. O ambiente é
feito principalmente de mercado, concorrência e muitos outros elementos,
todos eles oferecendo ameaças e oportunidades: conjuntura econômica, ação do
governo, mudanças tecnológicas e muitos outros que o empreendedor deve
monitorar constantemente. Quanto mais complexos esses elementos ou mais
rápida a mudança, mais necessário se torna o planejamento estratégico.
A empresa possui seu ambiente interno que deve estar altamente preparada para rápidas
mudanças que são influenciadas pelo ambiente externo. Quando a organização tem um plano de
execução dificilmente saberá lhe dar com essas dificuldades, pois os cenários já foram previstos
para o futuro, através do planejamento fica mais fácil direcionar qual posição tomar quando o
ambiente externo coloca-os em situações de riscos, as decisões se tornam mais fáceis e as perdas
caso aconteçam estarão sob controle e estimadas.
Sai na frente com vantagem por saber direcionar ou equilibrar os processos dentro da empresa,
até mesmo quando um fornecedor não cumpre a entrega da matéria prima na data certa, o
concorrente que possui um bom planejamento tem outros fornecedores que pode suprir a falta de
outro e assim a produção não ficará prejudicada, são em pequenos detalhes que enxergamos a
vantagem de elaboração do planejamento estratégico. Para que o planejamento seja uma
vantagem deve ser encarado como um instrumento eficiente, e acompanhando
permanentemente, desde que seja organizado e benfeito.
Quanto mais claras as ideias e mais objetivas, os resultados são mais fáceis de serem alcançados,
pois as informações foram levantadas pelo próprio empreendedor o qual depositou confiança e
se adequa ao tamanho e a atividade da sua empresa. O empreendedor passa a enxergar novas
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104
oportunidades, novos cenários, novos mercados de maneira sucinta a empresa será bem
sucedida.
Desde a antiguidade traçar um plano estratégico era fundamental para ganhar grandes batalhas,
os militares tinham que pensar antes de agir, descrever o cenário antes de ir as lutas, conhecer o
território para derrotar o inimigo. Até mesmo nas competições olímpicas, os competidores
reuniam-se para descrever as estratégias para obter êxito, visando atingir os objetivos desejados,
mesmo sabendo a dimensão dos desafios eram articulados os resultados.
No meio político também fazem uso do plano de forma estratégica para dimensionar o público
alvo, descrever como serão atingidos, de que forma, quais os meios que serão utilizados para
atraí-los, apontar os pontos fortes e fracos, onde está às oportunidades, identificar os
concorrentes que representam ameaças.
Percebem-se as vantagens que o planejamento estratégico traz pra quem dele faz uso. Os dados
citados apontam os riscos que cada vez mais os empreendedores enfrentam devido á falta do uso
dessa ferramenta, se quer ser bem sucedido no anseio profissional, para ter realizações parte da
premissa de elaborar um plano, não existe mágica, não existe fórmula o planejamento é o
norteador.
Para alcançar os resultados, Chiavenato (2010) afirma que “um curso de ação a ser escolhido
pela organização a partir da premissa de que uma futura e diferente posição poderá oferecer
ganhos e vantagens em relação à situação presente”.
Existe apenas um caminho certo que levará a algum lugar que pode fazer o empreendimento ser
bem sucedido, através de uma importante ação que somente o empreendedor poderá fazer pelo
sucesso da sua empresa que é planejar e planejar. Não basta ter criatividade e persistência, tem
que ser objetivo, não basta apenas sonhar tem que transformar em realidade.
Como afirma Dornelas (2005: 95)
Não existem fórmulas mágicas para isso, o que se aconselha aos
empreendedores é a capacitação gerencial continua, a aplicação de conceitos
teóricos para que adquiram a experiência necessária, e a disciplina no
planejamento periódico das ações que devem ser implementadas na empresa.
Planejamento estratégico consiste em uma continua análise e tomada de decisões acerca dos
pontos fortes e pontos fracos da empresa, identificação das oportunidades e ameaças que
permeiam o meio ambiente, com isso faz-se necessário constituir objetivos estratégias e ações
que possibilitam eficácia na competitividade.
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105
2.5ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Ambiente interno
“É constituído por todo o conjunto de recursos e capacidades pertencentes á organização ou
disponíveis para seu uso, reunidos e organizados para elaborar, produzir e distribuir produtos ou
serviços destinados ao seu mercado alvo”(MOTA, 2009: 29)
Rezende (2008:62) afirma que “o meio ambiente está intimamente relacionado com os sistemas
organizacionais. Todas as organizações para que possam funcionar plenamente, necessitam ser e
estar envolvidas com o ambiente interno e o externo.”.
Negócio
“Pode ser conceituado como o ramo ou segmento em que a organização atua. É o entendimento
do principal beneficio esperado pelo cliente da organização”. (REZENDE, 2008: 38)
Missão
Segundo Chiavenato (2010: 62) “A missão representa a razão da existência de uma organização.
Significa a finalidade ou motivo pelo qual a organização foi criada e para que ela deve servir”.
Salim et al. (2005:44) afirma que “a missão da empresa é a função que ela vai exercer junto ao
mercado, provendo-lhe de produtos e/ou serviços”.
Visão
A visão deve ser clara e objetiva determinando sua perspectiva a longo prazo. Para Chiavenato(
2010:65)
Todas as organizações devem ter uma visão adequada de si mesmas, dos
recursos de que dispõe do tipo de relacionamento que deseja manter com seus
clientes e mercados, do que quer fazer para satisfazer continuamente as
necessidades e preferências dos clientes de como irá atingir os objetivos
organizacionais, das oportunidades e desafios que deve enfrentar.
Salim et al (2005:43) entende que “a visão é uma direção estratégica. É onde queremos chegar
no futuro. A visão é que determina o destino de uma organização”.
Principais diferenças entre Missão e Visão, de acordo com Salim et al (2005:45)
A visão é o que se sonha para o negócio, enquanto a missão identifica o negócio;
A visão diz para onde vamos, enquanto a missão diz onde estamos;
A visão é o passaporte para o futuro, enquanto a missão é a “carteira de identidade” da
empresa;
A visão energiza a empresa, enquanto a missão dá rumo a ela;
A visão é inspiradora, enquanto a missão é motivadora.
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106
Objetivos e Metas
O objetivo é definido “como o alvo que se pretende atingir, os anseios da empresa. Enquanto as
metas é a quantificação desses objetivos determinada sempre ao longo de um período de tempo”
(CLEMENTE, 2004, p. 45)
Oliveira (2009: 148) entende que a meta,
É a etapa que é realizada para o alcance do objetivo ou desafio. São fragmentos
dos objetivos e desafios e sua utilização permite melhor distribuição de
responsabilidades, como também melhor controle dos resultados concretizados
pelos diversos participantes das equipes de trabalho.
Valor
Para Oliveira (2009: 147) representa “o conjunto de princípios, crenças e questões éticas
fundamentais de uma empresa, bem como fornece sustentação a todas as suas principais
decisões”. São as virtudes fundamentais que a empresa constrói.
Políticas
Maximiano (2006:61) expressa que “políticas focalizam o comportamento das áreas funcionais e
as relações da organização com seus funcionários, clientes, competidores ou qualquer outro
aspecto de sua atuação”.
“Toda organização, independente de seu tamanho, negócio ou atividade e meio de atuação,
possui cultura, filosofia e políticas, podendo ser definidas formalmente ou praticadas
informalmente”. (REZENDE,2008:61)
Ambiente externo
Consiste em tudo aquilo que está externo a organização, e é agente influenciador para as
tomadas de decisões da empresa. São alguns exemplos que caracterizam o ambiente externo:
clientes, concorrentes, mudanças tecnológicas, ação e controle do governo, mudanças na
economia, mudanças na legislação eetc. (MAXIMIANO, 2000)
Técnica SWOT
A técnica SWOT é a identificação e análise. De acordo com Have (2003:179) “Qualquer
empresa que empreenda um planejamento estratégico em algum momento avaliará suas forças e
fraquezas. Combinada com um levantamento de oportunidades e ameaças no ambiente externo
da empresa”. SWOT é uma combinação de palavras de origem estrangeira que significa
(Strenghts-Forças, weaknees- Fraquezas, opportunities- oportunidades e threats- Ameaças).
Have (2003: 181) afirma que “o valor de uma análise de SWOT está principalmente no fato de
que ela constitui uma auto avaliação para a administração”.
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107
2.6 CENÁRIO DE RISCOS
Para Bernardi (2003:56) “No Brasil, a despeito dos esforços de modernização do país, verifica-
se ainda que as vulnerabilidades empresariais são visíveis e acentuadas, quando comparadas a
padrões mundiais e que há necessidade de mudança”.
O índice de mortalidade nos primeiros anos de existência das micro e pequenas empresas (MPE)
brasileiras é de aproximadamente 70%, e na região nordeste este cenário corresponde a 20%.
Segundo Dolabela (1999: 33) “A quantidade de empresas que fecham prematuramente, ou seja,
a mortalidade infantil entre empresas nascentes é elevada em todo o mundo”.
Em se tratando da razão para abertura de empreendimentos, classificam-se em por oportunidade
e por necessidade, Segundo IBGE, oportunidade representou no Brasil 10,7%, enquanto na
região Nordeste representou 10,3%. Empreendedores por necessidade 4,7% no Brasil, e na
região Nordeste 6,6%.
Muitos dos empreendimentos ainda são por necessidade, representam aqueles que muitas das
vezes não conseguem espaço no mercado de trabalho e então decide abrir seu próprio negócio
para ter alguma renda e contribuir com o sustento da família, ou até mesmo ser a única renda
familiar. Desenvolvem atividades no empreendimento porque é a única opção que sabem, ou ás
vezes não entendem nada sobre o negócio e buscam atender a demanda de forma empírica.
Por outro lado, empreendedores visualizam grandes oportunidades e investem naquilo que
acreditam ser um empreendimento de sucesso, estes geralmente tem visão de onde querem
chegar, quando estão motivados buscam ajuda em órgãos e trabalham com mais empenho.
De acordo com a pesquisa realizada pelo SEBRAE SP, os fatores de riscos dos empreendedores
nacionais, indicaram que, em 1º (primeiro) lugar está a falta do planejamento, sendo a principal
causa do fracasso, além de outros fatores tais como; deficiência de gestão, politicas de apoio
insuficiente, conjuntura econômica e problemas pessoais e familiares. Além dos fatores externos
influenciarem, os fatores internos seguem sendo principais fatores de riscos. Sabe-se que um
planejamento falho ou a falta do mesmo são suficientes para provocar o declínio do negócio.
A falta do planejamento também é falta de conhecimento sobre negócio, falta de informações
sobre órgãos de apoio que estão à disposição daqueles que pretendem abrir um empreendimento.
A busca de órgãos de apoio em 2012 são as seguintes:
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Órgãos de Apoio BRASIL (%) NORDESTE (%)
Não procurou Nenhum 82,1 83,6
Associação Comercial 1,8 0,8
SENAC 1,5 1,5
SEBRAE 12,9 11,8
SENAI 1,2 0,0
SENAR 0,0 0,0
SENAT 0,2 0,3
SINDICATO 0,7 0,8
Nenhuma das opções acima. 2,4 2,8
Fonte: GEM Brasil 2012 apud SEBRAE
Sabe-se que os empreendimentos não estão isentos dos riscos, então quanto mais existem as
mudanças maiores serão as imprevisibilidades que estão sujeitos a enfrentar. As MPEs (micro e
pequenas empresas) normalmente planejam de modoinformal e irregular, o que acarreta em um
risco, o próprio ato de não planejar.
O planejamento estratégico muito pouco é usado pelos EI’s e até mesmo micro e pequenas
empresas não utilizam por não conhecer a ferramenta e por achar que já são maduros no
mercado, por ter seus clientes fiéis, no final do mês tem lucros então de forma ignorante
preferem optar pelo empirismo, deixando a empresa sem alternativas para eventuais
acontecimentos.
Segundo Hashimoto (2006: 4), “o risco é composto por três fatores básicos: as anomalias ou
variações aos quais produtos, processos e serviços estão sujeitos: probabilidade de ocorrência de
tais anomalias e a gravidade das consequências dessas ocorrências”.
Se ao combinar esses elementos for grande, então o risco também será grande. Exemplificando
temos que, o risco sendo avaliado em uma determinada anomalia, um produto já existente no
mercado não ter boas vendas, determina-se quais as probabilidades de não conseguir vender, o
que acarreta para a empresa se não houve vendas. São premissas que devem ser levadas em
considerações, avaliando o grau de gravidade.
Há uma disparidade entre empreender e abrir um negócio, digamos que um casal ao desejar
abrir um mercadinho de esquina, notadamente decide iniciar um negócio sem fazer um
planejamento, classificamos que este está correndo riscos, iniciando um pequeno negócio sem
caracterização. Diferentemente de uma rede de franquias que identifica seus mercados
consumidores, fornecedores, padroniza processos e ferramentas, define o fluxo de distribuição,
reduz a ineficiência e etc.
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O Empreendedor individual já se depara com um cenário de riscos quando não planeja, a partir
daí, toma decisões precipitadas, aumenta o desperdício dos recursos e muitas das vezes não
identificam as oportunidades.
A grande verdade é que sem planejamento não conseguimos atingir metas,
objetivos. E sem metas e objetivos não há sentido ou razão para a existência de
uma organização, seja ela pública ou privada. É como navegar sem destino e
sem equipamento de orientação.Através do planejamento estratégico podemos
determinar a melhor maneira de associar os recursos disponíveis com a
necessidade da sociedade, pondo em prática mudanças contínuas que levem à
maior produtividade e à melhor qualidade dos serviços prestados. (FREITAS,
2009)
Existem as armadilhas que os empreendedores costumam cair quando não planejam suas ações,
logo falta dinheiro porque retiram os recursos do proprietário e depois tiram do caixa para
contas da família, investem uma boa parte do capital em ativos fixos e esquece de reservar para
o giro do caixa, sem planejamento do negócio fica difícil a obtenção de crédito por partes das
instituições financeiras, não tem condições de honrar os credores, perdem a credibilidade dos
fornecedores e a empresa cada vez mais inadimplente corre o risco de perder qualidade dos
produtos ofertados, perde clientes e quem ganha com isso são os concorrentes que estão na
frente sabendo sobressair e possui planejamento estratégico.
3 METODOLOGIA
3.1 Tipos de Pesquisa
Os tipos de pesquisa utilizados foram: bibliográfica, descritiva, explicativa e pesquisa em
campo.
Bibliográfica
A pesquisa bibliográfica é utilizada para “conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema”. (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007: 60) Foi utilizada a bibliográfica para citar através de diferentes autores acerca do
assunto proposto, cada um com suas contribuiçõessendo fontes de subsídios para abordar o
planejamento estratégico.
Descritiva
Cervo;Bervian; Silva (2007:61) afirma que “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e
correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Esse tipo de pesquisa abrange
diferentes áreas como econômica, politica, comportamento no convívio social dos indivíduos,
religião etc.Foi utilizado esse tipo de pesquisa para investigar a realidade que os
empreendedores individuais enfrentam devido à falta do planejamento estratégico.
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110
Explicativa
A pesquisa explicativa é “o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque
explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e delicado”. (GIL, 2008)
Foi utilizada a pesquisa explicativa para conhecer as situações e quais relações que os fatores
devem ser observados como influenciador decorrente da falta do planejamento estratégico, essa
pesquisa foi desenvolvida abordando os principais elementos que precisam ser coletados e
registrados para realização do estudo dos empreendedores individuais na cidade de Senhor do
Bonfim- BA.
Pesquisa de Campo
De acordo com Rodrigues (2006: 89) a pesquisa de campo “é realizada a partir de dados obtidos
no local (campo) onde o fenômeno surgiu, e ocorre em situação natural, espontaneamente”.
Foi utilizada a pesquisa de campo para abordar o objeto a ser pesquisado, através disso, foram
coletados nos locais informações precisas onde o fenômeno está ocorrendo, ou seja, é um
levantamento de dados diretamente no local, e até mesmo uma observação direta na cidade
deSenhor do Bonfim-BA.
3.2 INSTRUMENTOS; TÉCNICAS E MÉTODOS
Observação
Segundo Marconi; Lakatos (2008: 275) “a observação é uma técnica de coleta de dados para
conseguir informações utilizando os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Examina fatos ou fenômenos que se deseja estudar”.
Foi utilizada a observação sistemática não participante, onde “o pesquisador entra em contato
com a comunidade, grupo ou realidade estudada, sem integrar-se a ela. Apenas participa do
fato”. (MARCONI; LAKATOS, 2008: 276)
Questionário
O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir
com mais exatidão o que se deseja. É necessário estabelecer, com critério, as
questões mais importantes a serem propostas e que interessam ser conhecidas,
de acordo com os objetos. Devem ser propostas perguntas que conduzam
facilmente ás respostas de forma a não insinuarem outras colocações.(CERVO;
BERVIAN; SILVA, 2007: 53)
Portanto, o questionário tem como vantagem simples aplicação e as respostas são codificadas o
que facilita a análise dos dados. Foi aplicado questionário estruturado fechado para fazer a
coleta de dados, com questões objetivas e diretas a fim de obter respostas mais precisas sobre os
elementos do planejamento estratégico, bem como outros aspectos tais como há quanto tempo
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existe o empreendimento, quem gerência e qual a escolaridade, qual o ramo de atividade, se
houve busca de informações em alguma das instituições.
3.4 SUJEITOS E ESPAÇO
Acidade de Senhor do Bonfim–BA foi criado em 1885, possui uma área de 827,487km², o
bioma da cidade é a caatinga a densidade demográfica (hab/km²) é 89,93, clima semi-árido. De
acordo com o censo de 2010 possui 74.419 (setenta e quatro mil e setecentos e dezenove)
habitantes. Dentre os quais 38.399 (trinta e oito mil trezentos e noventa e nove) são mulheres e
36.020 (trinta e seis mil e vinte) são homens. A cidade tem como distritos: Carrapichel, Igara,
Missão do Sahy, Quiçé e Tijuaçu. (IBGE)
O sujeito da pesquisa foram os empreendedores individuais enquadrados pelo MEI (micro
empreendedor individual) com faturamento bruto anual até R$ 60.000,00 reais, situados na
cidade de Senhor do Bonfim–BA, Vale ressaltar que, o local da pesquisa foi no local onde a
atividade comercial é realizada.
Em senhor do Bonfim, até Janeiro de 2014 existem cerca de 1.382 (mil trezentos e oitenta e
dois) empreendedores individuais cadastrados. Foram entrevistados 100(cem) empreendedores
que tem o empreendimento localizado no comércio da cidade, o que representou um percentual
de 7,24% do total.
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Com o intuito de conhecer as características dos empreendedores individuais e coletar dados
sobre a utilização do planejamento estratégico dos mesmos, fez necessário à realização da
pesquisa no local onde as atividades são realizadas, através de questionário estruturado fechado.
Os resultados apurados foram:
Gráfico 01: Há quanto tempo sua empresa existe?
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Fonte: Própria autora.
Na primeira pergunta do questionário foi possível mensurar a quanto tempo os empreendedores
estão exercendo suas atividades e de acordo com o resultado 40% mencionaram que estão a
mais de 05 (cinco) anos.
Gráfico 02: Qual a área de atuação do seu negócio?
Fonte: Própria autora.
Para ter uma noção das atividades exercidas pelos empreendedores, foram incluídas algumas
áreas no questionário. Diante disso, 37% dos questionados estão enquadrados em outros tipos de
ramo, ou seja, diferente das alternativas apresentadas no questionário proposto.
Gráfico 03: Para abertura da sua empresa o Sr(a) pediu informações junto ás intituições?
6%
16%
15%
7%
6% 10%
40%
inferior a 1 ano
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
mais de 5 anos
4%
8%
4%
11%
2%
24% 8%
2%
37%
Mídia/ Entretenimento
Tecnologia decomputaçãoSupermercado
Padaria/lanchonete
Artesanato
Comércio de produtosem geralSalões de beleza
instalação e reparaçãoautomotivaoutros
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113
Fonte: Própria autora.
Ao que se refere à busca de informações aos órgãos de apoio que estão à disposição para ajudá-
los na abertura do empreendimento, verificou-se que 72% dos empreendedores não procuraram
nenhuma das instituições existentes na cidade onde foi realizada a pesquisa.
Gráfico 04: Quem gerência a empresa?
Fonte: Própria autora.
Em relação à pessoa responsável para gerenciar o empreendimento, constatou-se que 88% do
totaldas empresas são gerenciadas pelo próprio empresário.
Gráfico 05: Qual a escolaridade da pessoa que gerência a empresa?
72%
22%
2% 0%
4%
Não
Sebrae
Sindicato
Ass. Comercial
Outros
88%
6%
4% 2%
Empresário (a)
Cônjuge
Filho(a)
Outros
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Fonte: Própria autora.
Em relação à escolaridade da pessoa responsável por fazer o gerenciamento do empreendimento,
observa-se que 51% concluiu o ensino médio completo.
Gráfico 06: A empresa possui planejamento estratégico?
Fonte: Própria autora.
Para abordagem do tema principal do presente artigo, foi fundamental questionar se as empresas
possuem planejamento estratégico, e acordo com os dados coletados 66% afirmaram que não
possuem.
Gráfico 07: A empresa possui definida a missão?
13%
11%
51%
16%
9% 0% Ens.
Fundamental
Ens. Médioincompleto
Ens.Médiocompleto
Superiorincompleto
Superiorcompleto
Semescolaridade
34%
66%
Sim
Não
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Fonte: Própria autora.
Para ter conhecimento sobre quais elementos do planejamento estratégico a empresa possui, foi
questionado se tem determinada a missão do empreendimento.Diante dos resultados, 63%
informaram que não possuem a missão definida.
Gráfico 08: A empresa possui definida a visão?
Fonte: Própria autora.
Em relação à visão como elemento essencial do planejamento estratégico,71% dos
empreendedores questionadosinformaram que não possuem definida a visão do negócio.
Gráfico 09: A empresa possui objetivos e metas quantificados?
37% 63%
Sim
Não
29%
71%
Sim
Não
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
116
Fonte: Própria autora.
Em se tratando da definição dos objetivos e metas para direcionar seus negócios, 52%
afirmaram que não detém dessas informações quantificadas.
Gráfico 10: A empresa identifica as oportunidades de criatividade e inovação disponíveis?
Fonte: Própria autora.
Ao questionar os empreendedores sobre as oportunidades de criatividade e inovação
disponíveis, 71% responderam a alternativa sim.
Gráfico 11: A empresa identifica quais são as fraquezas e ameaças?
48%
52%
Sim
Não
71%
29%
Sim
Não
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Fonte: Própria autora.
Como quesito importante para análise dos ambientes interno e externo, foi questionado se os
empreendedores identificam as fraquezas e ameaças que afetam a empresa. Diante da apuração
67% informaram que sim.
Gráfico 12: Qual o motivdo para a abertura da empresa?
Fonte: Própria autora.
Diante do resultado, 53% dos questionados relatou que a experiência no ramo foi a principal
razão para abertura dos empreendimentos.
Gráfico 13: Na sua visão a empresa está em uma situação?
67%
33%
Sim
Não
53%
26%
21%
Exp. no ramo
Alternativa deocupação e renda
oportunidade
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Fonte: Própria autora.
Por fim, o último questionamento da pesquisa junto aos empreendedores serviu de indicador
referente à situação atual das empresas. De acordo com o resultado, 34% relatou que a empresa
encontra-se em uma posição que precisa melhorar.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como enfoque identificar na cidade de Senhor do Bonfim-BA, se os
empreendedores individuais utilizam o planejamento estratégico e com isso analisar a situação
de vulnerabilidade, devido á falta da utilização dessa ferramenta para gerenciar seus negócios.
Vale lembrar que cada vez mais a concorrência está acirrada, e para se destacar das demais faz
necessário buscar conhecer o ambiente interno e externo, com isso melhorar, adaptar-se e
principalmente sobressair diante das instabilidades econômicas.
Foram abordados conceitos de diferentes autores para dar embasamento à pesquisa, de modo
que, tenha a sustentação necessária para a devida aplicação do planejamento estratégico e que
seja fundamental a utilização dessa ferramenta no empreendimento, diminuindo os riscos ou até
mesmo a incidência de falência.
Observou-se diante dos resultados apresentados que a grande maioria não buscou nenhum órgão
de apoio para auxiliá-los, e que mais da metade dos empreendedores decidiram abrir a empresa
por conta própria, arriscando e apostando na experiência do ramo, alternativa de ocupação e
renda e até mesmo por ter enxergado uma oportunidade.Vale destacar que, apesar de a maioria
não possuir planejamento estratégico, a empresa identifica quais são oportunidades de
criatividade e inovação que estão disponíveis no mercado, ou seja, estão identificando as
mudanças que ocorrem no cenário o qual estão inseridos. Outro fator relevante é referente à
31%
31%
3%
34%
1%
Boa
Confortável
Ruim
precisa melhorar
Não sabe
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identificação das fraquezas e ameaças, onde 67% dos empreendedores individuais conseguem
descobrir, mesmo de forma empírica o que afeta o ambiente interno.
Pode-se concluir que, 66% dos questionados não utiliza o planejamento estratégico em suas
empresas, acarretando inúmeras consequências por não saber qual a missão, ou seja, por quais
motivos fora criada, não ter a visão definida, isto é aonde pretende chegar, não apresentar os
objetivos e metas quantificados para desempenhar as atividades em busca do alcance uma vez
que estabelecidas. Em relação aos valores, princípios e políticas quando não determinados há
uma lacuna das virtudes, crenças, comportamentos e questões éticas que influenciam nas
atitudes e nas decisões diárias.
Baseando-se no fato de que, 34% dos empreendedores individuais classificaram a situação da
empresa como que precisa melhorar, é possível confirmar que não utilizam a ferramenta para
gerenciar seus negócios e que estão diante de um cenário de vulnerabilidade. Entende-se
também que,a falta do planejamento estratégico é um fator que pode ser decisivo e direcionar as
empresas ao fracasso.
A partir dos resultados da pesquisa, pode-se mencionar os possíveis riscos que os
empreendimentos estão sujeitos decorrentes da falta do planejamento estratégico, tais como;
serem sucumbidos pelos concorrentes, ter clientes insatisfeitos,empreendedores
frustrados,oferecer produtos e serviços que não atendem as necessidades, expectativas e
exigências dos clientes, ter dificuldade de enxergar as oportunidades, insignificância da
existência, ser desconhecido no mercado,não ter competência para competir no mercado, não ter
informações suficientes sobre o ramo que atuam, ter péssima relação com fornecedores, inaptos
a mudanças que o mercado impõe e descontrole do gerenciamento.
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
122
A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL NA GESTÃO EMPRESARIAL DAS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NA CIDADE DE JUAZEIRO-BA
Romaíne Caline Barbosa dos Santos Vieira
Carla Patrícia dos Santos Falcão
Florisvaldo Cunha Cavalcante Júnior32
Wellington Dantas de Souza
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo analisar a percepção dos profissionais em contabilidade
acerca da gestão empresarial das micro e pequenas empresas da cidade de Juazeiro-BA. Para
tanto, foi executada uma pesquisa descritiva por meio da aplicação de questionário direcionado
aos profissionais que prestam serviços contábeis para MPEs. As MPEs respondem por mais de
um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, um resultado que vem crescendo nos últimos
anos, segundo dados do Sebrae Nacional. Dada a relevância da temática, o estudo, que teve uma
amostra por conveniência de 31 entrevistados, dentre outros resultados, apresentou que a
maioria dos empresários, diante da percepção dos profissionais contábeis, não utilizam as
informações contábeis como principal ferramenta na gestão empresarial, não enxergam a
relevância das informações geradas como diferencial e, dessa forma, possivelmente
comprometem a continuidade dos negócios.
Palavras-chave: Micro e pequenas empresas. gestão empresarial. informação contábil.
1. INTRODUÇÃO
No atual contexto empresarial, a informação é um recurso imprescindível para as
empresas, podendo verdadeiramente representar uma vantagem competitiva para determinadas
organizações (McGEE E PRUSAK, 1994; BEUREN, 2000).
Num ambiente assim a tomada de decisão se torna imprescindível e, por conseguinte, a
qualidade e o uso das informações do seu empreendimento fundamentais (SILVA et al, 2010).
O processo decisório é questão de pesquisa tanto para grandes quanto para pequenas empresas e
requer atenção dos gestores devido à dificuldade com os problemas diários, sendo necessárias
informações concretas que supram a carência de informações administrativa e financeira dos
gestores (MOREIRA et al, 2013).
Segundo Oliveira (1999, p. 37) “a informação é o produto da análise dos dados
existentes na empresa, devidamente registrados, classificados, organizados, relacionados e
interpretados em um determinado contexto, para transmitir conhecimento e permitir a tomada de
decisão de forma otimizada”.
32
Faculdade São Francisco de Juazeiro – Núcleo de Pós-Graduação NUPEX –
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
123
Na identificação de necessidades de informação, o profissional da informação deve
observar duas características de grande valor, seja na fase de elaboração da estratégia
empresarial ou em sua execução, que se consubstanciam na variedade de informações
necessárias e na disponibilidade das mesmas (BEUREN, 2000).
Melo e Prieto (2013) destacam que as MPEs são os amortecedores dos efeitos das
flutuações ocorridas nas atividades econômicas. Mantêm o patamar em certas regiões e
apresentam potencial de assimilação, adaptação, introdução, e algumas vezes a geração de novas
tecnologias de produtos e processos, contribuindo para a descentralização das atividades
econômicas. Ainda são capazes de dinamizar a economia dos pequenos municípios e até mesmo
dos bairros das grandes metrópoles, (CEZARINO; CAMPOMAR, 2007).
Atkinson et al. (2000) salientam que a Contabilidade possui o papel de gerar informações
ao empresário de modo a favorecer tomadas de decisões mais acertadas e em tempo hábil.
Horngren, Sundem e Stratton (2006) complementam que o objetivo básico da informação
proveniente da Contabilidade é o de auxiliar seus diversos usuários no processo decisório, sendo
importante para isso que tais informações sejam compreendidas de forma concreta, para que
possam contribuir para um melhor resultado.
Diante disso surge o seguinte problema de pesquisa: qual a percepção dos
profissionais em contabilidade quanto à gestão empresarial das micro e pequenas
empresas em Juazeiro-BA?
Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a percepção dos profissionais em
contabilidade quanto a gestão empresarial das micro e pequenas empresas de Juazeiro-BA. Para
tanto, foi utilizado um estudo descritivo com aplicação de questionário.
Desse modo, a pesquisa está estruturada em seções, além desta introdução, a segunda
seção trata do referencial teórico, a terceira apresenta os aspectos metodológicos do estudo, a
quarta compreende a análise e discussão dos dados, e por fim, as considerações finais.
2.REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS NA GESTÃO DAS MPEs
Uma qualidade essencial para as informações contábeis tornarem-se úteis aos gestores,
é que sejam entendidas pelos usuários, gerando comunicação entre o emissor e o receptor destas,
de forma que as decisões possam ser tomadas com eficiência (RIBEIRO FILHO; LOPES;
PEDERNEIRAS, 2009).
Segundo Marion (1988), a contabilidade representa um instrumento que auxilia a
administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos,
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124
mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou
comunicados, que contribuem sobremaneira para tomada de decisões.
Para alcançar a eficiência e eficácia na gestão empresarial, é imprescindível adotar uma
série de critérios de controle que venham dar suporte em todos os níveis do processo de tomada
de decisão.Segundo Chiavenato, toda organização deve ser analisada sob o escopo da eficácia e
da eficiência, ao mesmo tempo:
Eficácia é uma medida normativa do alcance dos resultados, enquanto
eficiência é uma medida normativa da utilização dos recursos nesse processo.
(...) A eficiência é uma relação entre custos e benefícios. Assim, a eficiência
está voltada para a melhor maneira pela qual as coisas devem ser feitas ou
executadas (métodos), a fim de que os recursos sejam aplicados da forma mais
racional possível (...) (CHIAVENATO, 1994, p. 70).
Magalhães e Lunkes (2000) corroboram dizendo que as informações serão construídas
mediante a integração de diversos subsistemas, que recebem dados de vários setores da empresa,
inclusive, da contabilidade. Tratando-se de informações contábeis e gestão empresarial, o
planejamento tributário é uma ferramenta importante, que segundo Nilton Latorraca (2000, p.
58):
Costuma-se, então, denominar de Planejamento Tributário a atividade
empresarial que, desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta os
atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os ônus
tributários em cada uma das opções legais disponíveis. O objeto do
planejamento tributário é, em última análise, a economia tributária. Cotejando
as várias opções legais, o administrador obviamente procura orientar os seus
passos de forma a evitar, sempre que possível, o procedimento mais oneroso do
ponto de vista fiscal.
Conforme informações do Sebrae(2007), frequentemente o gerenciamento de uma
empresa é visto como essencial, mas é tratado de maneira reativa ou, ainda, com pouca
responsabilidade. Pode-se afirmar que grande parte das micro e pequenas empresas que morrem
nos primeiros dois anos de vida sofrem desse mal: escolha incorreta dos indicadores de
desempenho e/ou gestão empresarial deficiente.
Diante desse contexto, pode-se notar que perante um conturbado cenário em que se
encontra a economia nacional e mundial, as empresas devem adotar mecanismos de controle
para gerenciar com eficiência e eficácia, com vista na melhoria dos seus resultados e manter-se
firme no mercado.
2.2 A REPRESENTATIVIDADE E RELEVÂNCIA DAS MPEs PARA A ECONOMIA
Conforme informações do Sebrae Nacional (2014), as MPEs vêm adquirindo, ao longo
dos últimos 30 anos uma importância crescente no país, pois é inquestionável o relevante papel
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
125
socioeconômico desempenhado por estas empresas. As informações a seguir corroboram tal
afirmativa em diversas dimensões da realidade nacional:
As MPEs geraram, em 2011, 27,0% do valor adicionado do conjunto de atividades
pesquisadas (PIB). Esse percentual vem aumentando na série histórica, iniciada em
1985, quando esse indicador representava de 21,0% do valor adicionado (PIB), e em
2001, 23,2%;
Serviços e comércio representaram, em 2011, 19% do valor adicionado, enquanto a
indústria totalizava 7,8%;
Em relação ao número de empresas as MPEs representaram, em 2011, nas atividades de
serviços e de comércio, respectivamente, 98% e 99% do total de empresas formalizadas;
Em relação ao emprego, as MPEs representavam 44% dos empregos formais em
serviços, e aproximadamente 70% dos empregos gerados no comércio;
Cerca de 50% das remunerações do setor formal de comércio foram pagas, em 2011, por
MPE.
A tabela a seguir demonstra o valor adicionado das Micro e Pequenas Empresas na
Economia Nacional entre os anos de 2009 a 2011.
Tabela 1
% DO VALOR ADICIONADO DAS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS
ANO
2009 2010 2011
Serviços 9,0% 9,3% 10,0%
Comércio 9,5% 9,2% 9,1%
Indústria 8,6% 8,3% 7,8%
Micro e Pequenas Empresas 27,1% 26,7% 27,0%
Fontes: Sebrae e FGV, a partir de dados do IBGE 2009 a 2011.
No Brasil, o Sebrae (2014) classifica as empresas pelo número de funcionários conforme
o setor em que atua. A tabela a seguir demonstra pelo número de pessoas ocupadas na empresa.
Tabela 2 - Critério de classificação do porte das empresas por : pessoas ocupadas.
PORTE ATIVIDADES ECONÔMICAS
SERVIÇOS E COMÉRCIO INDÚSTRIA
Microempresa Até 09 pessoas ocupadas Até 19 pessoas ocupadas
Pequena Empresa De 10 a 49 pessoas ocupadas De 20 a 99 pessoas ocupadas
Média Empresa De 50 a 99 pessoas ocupadas De 100 a 499 pessoas ocupadas
Grande Empresa Acima de 100 pessoas Acima de 500 pessoas
Fonte: Sebrae 2014.
Já a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que define o regime
tributário do Simples Nacional, classifica-as conforme o faturamento bruto anual, sendo de até
R$ 360 mil para as Microempresas - ME e entre uma faixa superior a R$ 360 mil e inferior R$
3,6 milhões as Empresas de Pequeno Porte-EPPs.
Micro e pequenas empresas assumem características próprias de gestão, competitividade
e inserção no mercado (CEZARINO; CAMPOMAR, 2007; LEONE, 1999). Melo e Prieto
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126
(2013) afirmam que as MPEs são fundamentais para promover o crescimento econômico, criar
empregos e renda, melhorando as condições de vida da população, cuja contribuição é
reconhecida principalmente na capilaridade que estes negócios proporcionam.
Santos, Silva e Neves (2011), afirmam que as particularidades das MPEs as levam ao
enfrentamento de problemas bem específicos, com proporções diferentes dos vivenciados por
empresas de maior porte. Para os autores, as MPEs são atrativas pela rentabilidade, mas em
virtude da gestão ineficiente, essas organizações acabam suscetíveis a deficiências financeiras e
operacionais, deixando-as expostas a imprevistos comuns à natureza dos negócios.
2.3 GESTÃO EMPRESARIAL DAS MPEs
A evolução tecnológica característica da sociedade contemporânea institui a necessidade
de adaptação ao novo contexto de mudanças econômicas e mercadológicas. A crescente
disseminação de informações demanda novos desafios aos gestores das instituições, impactando
a necessidade de planejamento das operações em meio à alta volatilidade do mercado e do fluxo
constante de informações (Gardelin, Rossetto &Verdinelli, 2013).
O avanço da tecnologia em todas as áreas da sociedade exige das empresas meios
confiáveis de obtenção de informações, como a existência é primordial para a tomada de
decisões é imprescindível na busca pelo sucesso empresarial (RIBEIRO; FREIRE; BARELLA,
2012).
Segundo Pacheco, Gomes e Silveira (2013), a inovação tem sido considerada um dos
principais fatores responsáveis por ganhos de competitividade e crescimento empresarial no
contexto econômico cada vez mais globalizado que as empresas estão inseridas. Assim, cada vez
mais faz-se necessário que as micro empresas acompanhem essa evolução para que possam
competir no mesmo nível que as suas concorrentes.
De acordo com Ferreira (2009), essas mudanças estão fazendo com que os empresários
tenham que se adaptar a um modelo de gestão dinâmica e atuante. Existem empresas que não
utilizam as informações contábeis no seu processo gerencial. Alguns gestores, geralmente por
desconhecimento ou por falha na assessora contábil, baseiam as tomadas de decisões apenas em
suas experiências (PASSOS, 2010).
Para Hoffmann e Chemalle (2013), a inteligência competitiva ainda não é difundida de
forma sistemática em MPEs, não por falta de métodos adequados, mas principalmente pela
conscientização dos empresários e atores envolvidos na identificação da importância da busca
por diversos tipos de informações adequadas ao apoio a processos produtivos e estratégicos,
propiciando um diferencial competitivo através de inovação, compartilhamento de recursos e a
inserção em novos mercados.
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127
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa consiste em um estudo descritivo, que, na concepção de Gil (2002) tem
como objetivo descrever as características da população e de fenômenos. Quanto aos
procedimentos técnicos realizou-se pesquisa de campo, em que se realizou uma análise
qualitativa, definindo a população e amostra analisada. Segundo Marconi (2010, p.69):
Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações
e/ou conhecimento acerca de um problema para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese que queira comprovar, ou, ainda descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles.
A pesquisa buscou aferir aspectos qualitativos, como percepção dos contadores quanto a
gestão empresarial das micro e pequenas empresas de Juazeiro-BA. Para Minayo (2001), a
pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Foi utilizada a pesquisa bibliográfica, tendo como fonte de consulta livros, artigos,
revistas, monografias e sites da internet para fundamentação. “A pesquisa de campo consiste na
observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles
referentes e nos registros de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los”
(MARCONI, 1996, p. 75).
Com o objetivo de verificar a percepção dos contadores que prestam serviços para micro
e pequenas empresas da cidade de Juazeiro-BA, foram aplicados 31 questionários, tendo como
público os profissionais da área contábil, sendo 23 contadores e 8 técnicos em contabilidade. A
ferramenta utilizada para obtenção de dados foi por meio de questionário.
A amostragem utilizada foi por conveniência. Segundo Gil (2008) constitui o menos
rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é destituída de qualquer rigor
estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam,
de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos
exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.
De acordo com Marconi (1996 p. 88) “questionário é um instrumento de coletas de
dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidos por escrito
e sem a presença do entrevistador”.
O questionário foi constituído por 17 perguntas, sendo 16 objetivas de múltipla escolha e
1 discursiva. O mesmo foi enviado através de mensagem eletrônica com o intuito de responder
ao problema de pesquisa proposto sobre a percepção do profissional contábil quanto a gestão
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128
empresarial das micro e pequenas empresas na cidade de Juazeiro-BA. Os dados foram
tabulados em planilhas eletrônicas.
4. ANÁLISE DOS DADOS
O presente estudo buscou uma descrição da percepção dos contadores quanto a gestão
empresarial das micro e pequenas empresas de Juazeiro-BA. Abaixo serão apresentados os
resultados obtidos na pesquisa.
Inicialmente serão analisados os dados descritivos dos profissionais que fizeram a
composição da amostra. Desse modo, o gráfico 1 apresenta o sexo dos participantes da pesquisa.
Gráfico 1 – Sexo dos participantes da pesquisa.
Fonte: dados da pesquisa 2016.
De acordo com a pesquisa, dos 31 entrevistados 16 (52%) são do sexo feminino e 15
(48%) masculino, o que demonstra um equilíbrio entre homens e mulheres que estão atuando na
profissão contábil no mercado local. No gráfico 2 apresenta-se a faixa etária.
Gráfico 2 - Faixa etária:
Fonte: dados da pesquisa 2016.
No que se refere à faixa etária, a maioria concentra-se nos intervalos entre 31 a 50 anos,
o que representa 78% dos entrevistados. Em relação ao nível escolaridade, apresenta-se no
gráfico 3 seus resultados.
46%
48%
50%
52%
Masculino Feminino
Masculino
Feminino
0%
10%
20%
30%
40%
50%
20 a 25Anos
26 a 30Anos
31 a 40Anos
41 a 50anos
Acima de50
20 a 25 Anos
26 a 30 Anos
31 a 40 Anos
41 a 50 anos
Acima de 50
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129
Gráfico 3 - Nível de escolaridade:
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Quanto ao nível de escolaridade, a pesquisa revelou que 23 (74%) dos entrevistados têm
curso superior em Contabilidade e 8 (26%) curso técnico. Isso mostra que houve melhora na
qualidade desses profissionais, a partir da busca pelo curso superior, o que fortalece a classe
contábil. O porte das empresas é evidenciado no gráfico 4.
Gráfico 4 - Porte das empresas que prestam serviços contábeis:
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Para a caracterização do porte das empresas que os entrevistados prestam serviços
contábeis, foi utilizado o critério segundo a Lei 123/2006 que define o porte das micro e
pequenas empresas conforme o faturamento.
Das micro empresas, a pesquisa demonstrou que 3% dos entrevistados tem até 9 clientes,
16% responderam que tem entre 10 a 40, 45% tem entre 41 a 60, 16% entre 61 e 80 e nenhum
entrevistado declarou ter mais de 80 clientes em sua carteira.
Entre as empresas de pequeno porte, a pesquisa mostrou que 45% dos entrevistados tem
entre 10 a 40 clientes, 10% tem entre 41 a 60, 3% entre 61 e 80 e 23% tem mais de 80 clientes
em sua carteira.
A pesquisa também buscou informações sobre médias empresas, o que apresentou os
seguintes números: 19% dos entrevistados tem até 9 clientes, 26% tem entre 10 a 40 clientes,
6% tem entre 41 a 60 e 3% tem mais de 80 clientes em sua carteira. No tocante às atividades
principais das empresas (gráfico 5), observa-se os resultados a seguir.
0%
20%
40%
60%
80%
Superior Técnico
Superior emContabilidade
Técnico emContabilidade
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Até 9Clientes
de 10 a 40Clientes
de 41 a 60Clientes
de 61 a 80Clientes
Mais de 80Clientes
Micro
Pequena
Média
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130
Gráfico 5 - Atividades principais das empresas:
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Com este gráfico observa-se que, entre 50% a 70% dos clientes dos entrevistados são do
segmento do comércio, de 20% a 50% são serviços e até 20% dos clientes são da indústria. Isso
demonstra a predominância da atividade do comércio na utilização dos serviços contábeis
terceirizados, seguido das empresas de serviços e por fim as indústrias. Para o gráfico 6, têm-se
as respostas da pergunta relacionada aos demonstrativos contábeis mais solicitados.
Gráfico 6 - Demonstrações/relatórios contábeis mais solicitadas.
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Pode-se perceber que dentre as demonstrações contábeis mais solicitadas o Balanço
Patrimonial é o mais requisitado com 87%, seguido da DRE (58%) e por último o Balancete
(45%). A DMPL representou apenas 3%, o que mostra a pouca utilização dessa demonstração
entre as micro e pequenas empresas. Com relação à Periodicidade das demonstrações
disponibilizadas (gráfico 7), o estudo apresenta seus achados.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Comércio Serviço Indústria
Até 20%
20% a 50%
50% a 70%
70% a 100%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
DRE BalançoPatrimonial
DMPL Balancete
DRE - Demonstração doResultado do Exercício
Balanço Patrimonial
DMPL - Demonstraçãodas Mutações doPatrimônio Líquido
Balancete
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131
Gráfico 7 - Periodicidade das demonstrações disponibilizadas
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Quanto à periodicidade das demonstrações que são disponibilizadas pela contabilidade,
os profissionais responderam que fazem com uma frequência de três meses (39%), seguido de
anual (35%) e mensal (23%). Os respondentes informaram se os Clientes utilizam as
informações contábeis como apoio na gestão empresarial no gráfico 8.
Gráfico 8 - Clientes que utilizam as informações contábeis como apoio na gestão empresarial.
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Este gráfico demonstra que 39% dos empresários sempre utilizam as informações
contábeis como apoio na gestão empresarial, ou pelo menos de maneira parcial, o que é muito
bom em se tratando de preocupação com a tomada de decisões.
Gráfico 9 - As empresas, na sua maioria, utilizam as informações contábeis para qual finalidade?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Anual
Semestral
Trimestral
Mensal
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Utilizam Parcialmente
Não Utilizam
Sim, Sempre Utilizam
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1 2 3 4 5
1. Analisar custos
2. Formar preço devenda
3. Analisar balanço
4. Acompanharmetas
5. Outra (Banco eLicitações)
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132
De acordo com as informações da pesquisa, observamos que a grande utilização das
informações contábeis são para a participação de processos licitatórios e atender a exigências
bancárias (29%- outros), seguido da utilização para análise dos balanços(26%), análise de custos
(23%), acompanhar metas (19%) e por último na formação do preço de vendas (16%). Nessa
alternativa alguns entrevistados informaram que as informações contábeis são utilizadas para
mais de uma finalidade.
Gráfico 10 - Os clientes entendem que as informações fornecidas pela contabilidade são importantes
para o suporte à gestão empresarial?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Ratificando o gráfico anterior, pode-se perceber neste, que a utilização só se dá nos
períodos em que precisam para se habilitar em processos de geração de receitas, anualmente
(32%), 29% disseram que não consideram importantes as informações contábeis, seguido de
16% que afirmam utilizarem constantemente para gerir os negócios e os 26% até acham
importantes as informações contábeis, porém só as utilizam a cada três ou seis meses.
Gráfico 11 - Quem analisa a informação contábil na empresa?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
As informações contábeis são analisadas em 65% dos casos por proprietários, que são os
maiores interessados em se habilitar nos processos ou na obtenção de recursos em instituições
financeiras, seguidos dos gerentes (13%) que neste assumem a função de gestor, ou quando
interessados no futuro da empresa em que trabalha.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1 2 3 4 5
1. Sim, utilizamconstantemente paragestão empresarial2. Sim, mas utilizamanualmente
3. Sim, mas utilizam apenasa cada trimestre
4. Sim, mas utilizam apenasa cada semestre
5. Não consideramimportante
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Proprietário
Sócio
Diretor
Gerente
Outro
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Gráfico 12 - As informações contábeis expressam a realidade econômica/financeira e patrimonial das empresas?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
De acordo com o gráfico, 48% dos entrevistados afirmaram que as informações
contábeis expressam a realidade econômica/financeira e patrimonial apenas em algumas
empresas; 35% fornecem informações incompletas para os escritórios, ficando estes
impossibilitados de emitir informações precisas para a tomada de decisões; 16% afirmaram que
todas expressam a realidade da empresa; e 3% disseram que não expressam a realidade, uma vez
que as informações não são apresentadas à contabilidade em tempo hábil.
Gráfico 13 - Da sua carteira de clientes, quantas empresas possuem gestores aptos para tomar
decisões a partir das informações contábeis e quantas não dispõem?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
O gráfico mostra que 61% dos entrevistados afirmaram queapenas 30% dos gestores são
aptos para a tomada de decisões, 23% disseram que são 50% e apenas 13% afirmaram que 70%
dos gestores são aptos. Quanto aos gestores que não são aptos para tomada de decisões, 29% dos
entrevistados asseguraram que 70% dos gestores não são, 20% afirmaram que 30% e 50% não
são aptos. Isso nos mostra a ineficiência na gestão empresarial.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 2 3 4 5
1. Sim, todas expressam arealidade da empresa
2. Não, pois as informaçõesfornecidas pelo cliente sãoincompletas
3. Não, pois não há observânciaao principio da entidade
4. Não, pois as informações nãosão apresentadas àcontabilidade em tempo hábil
5. Apenas de algumas empresas
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
São aptos Não são aptos
30% dos Gestores
50% dos Gestores
70% dos Gestores
100% dos Gestores
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134
Gráfico 14 - O empresário fez algum curso de empreendedorismo ou cursos afins da área empresarial antes
de abrir o negócio?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Dos profissionais de contabilidade entrevistados, 68% afirmam não saber se os
empresários fizeram algum curso de empreendedorismo ou cursos afins da área empresarial
antes de abrir seu negócio, e os que afirmaram terem feito, foram cursos oferecidos pelo
SEBRAE (13%), o que mostra o desinteresse e despreparo por parte dos empresários.
Gráfico 15 - Os empresários das MPEs investem em seus colaboradores para melhorar o desempenho dos
seus negócios e tornarem-se mais competitivos?
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Pelos entrevistados que tem uma convivência direta com os colaboradores das MPEs,
pode-se perceber que raramente os empresários investem em capacitação (74%);6%
asseguraram que os empresários investem; 6% afirmaram que não investem; e 13% não
souberam responder. Isso demonstra que os empresários ainda precisam adotar políticas de
gestão que tornem seus colaboradores mais habilitados para gestão e competitividade no
mercado. Em relação ao gráfico 16 que questionou se o profissional contábil conseguia
descrever a estrutura organizacional das MPEs, tem-se os seguintes dados:
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
1 2 3 4
1. Sim, fez curso pelo Sebrae
2. Sim, fez curso superior naárea empresarial
3. Nunca fez curso na áreaempresarial
4. Não sei
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Sim Não Raramente Não sei
Sim
Não
Raramente
Não sei
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
135
Gráfico 16 - Estrutura organizacional das MPEs
Fonte: dados da pesquisa 2016.
Percebe-se que os empresários das MPEs acham desnecessário ter uma
estruturaorganizacional (52%), que não há definição de funções (26%) nessas empresas, que não
há condições motivadoras (10%); apenas 13% afirmaram que há estrutura organizacional
eficiente. Isso demonstra um cenário totalmente desfavorável para o crescimento saudável da
entidade, uma vez que uma boa estrutura organizacional é fator indispensável para a
competitividade das MPEs.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo investigar a percepção dos profissionais em contabilidade
quanto a gestão empresarial das micro e pequenas empresas. Para levantamento dos dados foram
entrevistados 31 profissionais da área contábil que prestam serviços para MPEs em Juazeiro-
BA.
A análise dos dados revelou que muitos empresários ainda utilizam as informações
contábeis numa baixa frequência no que se refere à gestão empresarial, considerando a alta
relevância dessas informações no planejamento.
Foi constatado na pesquisa que apenas 48% MPEs têm suas informações contábeis
expressando a realidade econômica/financeira. Percebe-se que os empresários não são
capacitados o suficiente e nem investem nos seus colaboradores para o processo de tomada de
decisão de forma eficiente, a partir das informações contábeis e demais fatores úteis nesse
processo. Isso nos leva a entender a grande falha quanto a visão do que é gestão empresarial,
fator esse que gera desequilíbrio e compromete a continuidade.
O estudo apresenta limitações no número de profissionais pesquisados, uma vez que a
aplicação dos questionários deu-se num período de grande movimentação nos escritórios de
contabilidade devido à DIRPF, o que alguns profissionais justificaram indisponibilidade de
tempo para participar da pesquisa.
Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se, portanto, que seja realizado um
estudo para verificar os processos internos no que tange às informações administrativas,
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 2 3 4
1. Não há definição de funções
2. Os sócios achamdesnecessario ter umaestrutura organizacional3. Não há condiçõesmotivadoras
4. Há estrutura organizacionaleficiente
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
136
contábeis e financeiras.Portanto, o objetivo proposto foi alcançado ao identificar a percepção
dos profissionais que prestam serviços contábeis para MPEs. Constatou-se que em relação às
MPEs de Juazeiro-BA há um baixo nível no tocante à gestão, justamente pela falta de
conhecimento ou pouco preparo do assunto.
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
140
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO FATOR DE EFICIÊNCIA,
EFICÁCIA E COMPETITIVIDADE NA GESTÃO EMPRESARIAL
FLORISVALDO CUNHA CAVALCANTE JÚNIOR33
ELIS MAGALHÃES SANTOS DE FREITAS
WELLINGTON DANTAS DE SOUZA
RESUMO
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma ferramenta que se adequadamente implementada nas organizações,
é decisiva para a eficiência, eficácia, comprometimento dos colaboradores e consequentemente favorece a gestão
empresarial das entidades. A problemática desta produção será evidenciar como a QVT pode gerar eficiência,
eficácia e comprometimento nas organizações. O objetivo geral deste artigo é analisar como a QVT gera eficiência,
eficácia e comprometimento nas organizações. Será abordado à importância da valorização do capital intelectual
para a alavancagem dos negócios da entidade. Para discorrer sobre os objetivos propostos, o instrumento
metodológico utilizado será a pesquisa bibliográfica, baseado em referencias consultadas em bibliotecas físicas e
digitais. Os principais autores que abordam a temática são Cavalcante, Barbosa e Estender (2015), Denise (2014),
Drucker (2002), Ducci e Elgenneni (2009). Com as ações de QVT implementadas o processo de gestão empresarial
será dinamizado, os colaboradores se sentirão motivados e envolvidos com a gestão. A eficiência e eficácia serão
notadas e a organização alavancará seus resultados, seus clientes externos estarão satisfeitos e a missão institucional
atendida. Conclui-se que é preciso uma visão estratégica por parte dos gestores empresariais, que antes de cobrar
resultados ele precisa entender que sem o apoio do capital humano a missão institucional dificilmente será a
atendida. Para haver eficiência, eficácia e comprometimento dos empregados é indispensável que se tenha QVT,
que estes sejam valorizados, desta forma gestão terá subsídios para manter a entidade competitiva no mercado.
Palavras-chave: Eficiência. Eficácia. Motivação. Qualidade de Vida no Trabalho.
Introdução
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma ferramenta que se adequadamente
implementada nas organizações, é decisiva para a eficiência, eficácia, comprometimento dos
colaboradores e consequentemente favorece a gestão empresarial das entidades.
No Brasil, este conceito começa a ser discutido com maior frequência e já se pode ter
uma ideia das tendências nesta década. “As empresas estão se preocupando em valorizar mais o
ser humano, possibilitando autonomia nas suas decisões, descentralizando, capacitando melhor
seu corpo gerencial, instituindo flexibilidade de funções e apoiando o trabalho sinérgico”.
(MARTINS, 2016, p. 02).
33
Instituto Federal de Educação do Sertão Pernambucano – IFSERTAO-PE – Colegiado do Curso Superior de Gestão de Tecnologia da Informação. [email protected]
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
141
É de conhecimento geral que o capital humano faz toda diferença para a eficácia,
eficiência e competitividade da gestão das empresas, colaboradores desvalorizados, sem
perspectivas, provocam prejuízos imensuráveis para as entidades.
Muito embora a empresa não seja formada somente por seres humanos, deve-se
compreender que estes constituem o fator principal de qualquer organização, pois,
máquinas, computadores e recursos materiais, financeiros, patrimoniais ou mesmo
mercadológicos não desenvolvem atividades produtivas se não houver um indivíduo
fazendo uso deles, neste contexto e perfeitamente perceptível a importância das pessoas
para se atingir dos objetivos organizacionais.
Neste contexto, o proposito desta produção é mostrar como a QVT pode contribuir com
os resultados das organizações, através de colaboradores motivados, valorizados, com um
ambiente de trabalho humanizado. Outrossim, a problemática desta produção será evidenciar
como a QVT pode gerar eficiência, eficácia e comprometimento nas organizações?
Segundo Martins (2016, p. 02)
Nos países avançados, ultimamente, as empresas estão preocupadas em conscientizar
os indivíduos quanto aos benefícios do correto gerenciamento de seu estilo de vida,
evitando agressões ao seu estado físico e psíquico. O indivíduo consciente de como agir
em relação a sua saúde, com estilo de vida saudável, certamente produzirá mais, usará
menos o sistema assistencial de saúde, faltará menos e se integrará melhor dentro da
estrutura do trabalho.
Freitas e Souza (2012, p. 03) ressaltam que:
Em um mercado, em que as áreas da tecnologia e ciência vêm ditando o ritmo de
aceleração no desenvolvimento das empresas desde os primórdios da industrialização,
o reconhecimento do valor do trabalhador dentro da organização é crescente e teve
início através da quebra do paradigma do conhecimento onde, as pessoas deixaram de
ser vistas como geradores de custo e passaram a ser vistas como geradores de receita,
ou seja, passaram a ser reconhecidas como o capital ativo mais importante das
empresas.
Os autores deixam claro que a preocupação com as pessoas devem ser prioridade para a
gestão, pois os resultados de uma QVT consolidada são indiscutíveis, um ambiente de trabalho
saudável além de reduzir diversos custos facilita o processo de gestão, pois os lideres terão um
corpo funcional motivado para o alcance dos objetivos institucionais.
A relevância deste estudo consiste em disseminar a importância da valorização dos
colaboradores para a eficiência, eficácia e competitividade das empresas, pois o capital
intelectual tem papel preponderante nos resultados da organização, empregados motivados e
inseridos em um ambiente acolhedor resulta em clientes satisfeitos e consequentemente
alavancagem nos resultados das empresas.
Segundo Ribas e Duran (2012, p. 33) o empregado deve ser “estimulado, motivado,
ouvido, compreendido, desta forma, a organização pode e deve criar um ambiente altamente
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
142
motivador e propício para o desenvolvimento da criatividade, criando comprometimento e
estimulando o colaborador a sentir-se parte da organização”.
Na visão de Feitas e Souza (2012, p. 04) estes fatores atrelados à “qualidade de vida e
saúde dos trabalhadores é o principal combustível para a produtividade da empresa. No
momento que as pessoas ficam satisfeitas a tendência é a proporcionalidade de resultados cada
vez mais desejáveis”.
“A preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de
suas tarefas é atualmente considerada uma estratégia competitiva. O enfoque nos trabalhadores,
permitindo ambientes de trabalho produtivos e saudável” (FREITAS e SOUZA, 2012, p. 04)
Percebe-se que muitos gestores estão sempre focados em resultados, eficiência e
eficácia, esquecendo que antes de tudo é preciso valorizar as pessoas e lhes proporcionar um
ambiente de trabalho agradável, a partir dai, pode se cobrar e esperar resultados satisfatórios. A
motivação para elaboração desta produção textual é enfatizar que o capital humano é o balizador
para o sucesso ou insucesso da gestão empresarial dos empreendimentos.
Dutra (2008, p. 06) “afirma que cada vez mais as empresas buscam o
comprometimento das pessoas, que só se concretiza à medida que elas percebam que a relação
com a organização lhes traga valor, e que é garantia de criação e sustentação dos diferenciais
competitivos”. Por esta razão a empresa antes de tudo precisa pensar na satisfação do
funcionário com o ambiente de trabalho antes de cobrar comprometimento dos colaboradores.
Neste contexto, o objetivo geral deste artigo é analisar como a QVT gera eficiência,
eficácia e comprometimento nas organizações. Será abordado à importância da valorização do
capital intelectual para a alavancagem dos negócios da entidade.
Para discorrer sobre os objetivos propostos, o instrumento metodológico utilizado será
a pesquisa bibliográfica, baseado em referencias consultadas em bibliotecas físicas e digitais. Os
principais autores que abordam a temática são Cavalcante, Barbosa e Estender (2015), Denise
(2014), Drucker (2002), Ducci e Elgenneni (2009), Dutra (2008), Fernandes, e Machado
(2007), Freitas e Souza (2012), Martins, (2016), Oliveira (2014), Ribas e Duran (2012), Wood,
Tonelli, Cooke (2012). Os quais estão citados na produção textual e devidamente referenciados
no final do trabalho.
Desenvolvimento
Qualidade de Vida no Trabalho – QVT
No processo de gestão, a qualidade de vida no trabalho tem papel preponderante para o
alcance dos objetivos organizacionais, pois a motivação para o trabalho, adaptabilidade as
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
143
mudanças no ambiente organizacional, criatividade e desenvolvimento de ideias inovadoras, são
amplamente comprometidos quando não há qualidade de vida no ambiente corporativo.
Segundo Fernandes e Machado (2007, p. 01) “A Qualidade de Vida no Trabalho tem
por objetivo fazer com que os trabalhadores se sintam bem em trabalhar na empresa e fazer do
ambiente de trabalho, um lugar agradável e produtivo”.
Um colaborador motivado só traz benefícios para gestão, pois certamente o individuo
vai interagir de forma sinérgica com a organização, colaborando com seus resultados e
superando as expectativas do cliente.
Compreender a importância de se criar condições para que os empregados participem
efetivamente do seu trabalho, tendo orgulho e lutando pelo futuro da empresa tem sido
uma estratégia fundamental diante da economia competitiva, pois estando as pessoas
comprometidas com o trabalho, com os resultados, estarão contribuindo
com a apresentação de sugestões visando melhorias continuas, sentindo-se integrantes
do processo, com sua permanência na empresa, bem como, na luta pela sobrevivência
da mesma. (MARTINS, 2003, p. 5).
Erroneamente, muitas empresas coagem seus funcionários em busca de resultados, faz
um monitoramento continuo sobre a qualidade do atendimento que esta sendo prestado ao
cliente, mas muitas esquecem que a base esta na QVT. Quando ela esta impregnada na empresa,
estas demandas automaticamente são atendidas, e se houver alguma inconformidade, os ajustes
são facilmente realizados.
Para Cavalcante (2015, p. 7) “O grande desafio das empresas está em desenvolver
ferramentas motivacionais e assim conseguir com que os funcionários venham desempenhar
suas funções com qualidade, garantindo uma eficácia organizacional”.
A motivação seria a melhor ferramenta para o uso dos gestores na obtenção de extrair o
maior potencial de cada colaborador, utilizando palestras e investindo nos funcionários,
“disponibilizando alguns cursos profissionalizantes para ajudar no desenvolvimento do capital
intelectual da empresa, envolver o colaborador através de um programa de remuneração variável
ou por habilidades”. (CAVALCANTE, 2015, p. 8).
Eficiência e Eficácia Organizacional
As organizações, sejam elas públicas ou privadas, sempre estão em busca da eficiência
e eficácia em seus negócios, mais uma vez, o capital intelectual assume papel preponderante
para concretização dos resultados organizacionais, ou seja, sem a QVT dificilmente uma
entidade será eficiente e eficaz.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
144
Peter Drucker (2012) afirma que a eficiência consiste em fazer certo as
coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos
recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima, etc. Enquanto
que a eficácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial.
No mercado competitivo no qual as empresas estão inseridas, se faz necessário a
economia de recursos, redução de tempo nas tarefas, atendimento rápido e com qualidade. Uma
empresa eficiente é fruto de um corpo funcional motivado e valorizado, por isso que a gestão
deve focalizar nas pessoas para maximizar seus resultados.
Entretanto, a eficiência sem a eficácia não é vantagem competitiva para a empresa, pois
é preciso além de economia de tempo, materiais e dinheiro é necessário fazer certo, atingir os
objetivos e metas, além de superar as expectativas dos clientes, acarretando desta forma a
alavancagem do negócio.
Quadro 1- Eficiência X Eficácia
Fonte: Denise et al (Adaptado)
No quadro acima a autora esquematiza como a eficiência deve ser complementada pela
eficácia, pois além da racionalidade de recursos é preciso manter a qualidade para conquistar e
manter o cliente, fazendo com que a empresa cumpra sua missão.
Comprometimento dos Colaboradores
Conforme discutido anteriormente, a QVT é uma ferramenta chave para o alcance da
eficiência e eficácia nas organizações, mas para sua plena execução é preciso que haja
comprometimento dos colaboradores. Acerca do comprometimento é preciso uma atuação
proativa dos lideres no sentido de saber envolver, desenvolver e reconhecer seus empregados.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
145
Na prática é possível gerenciar talentos e conseguir o comprometimento dos funcionários
com políticas e práticas (ou seja, ações) que permitam: o envolvimento desses funcionários,
o desenvolvimento e o reconhecimento (OLIVEIRA, 2014).
Acerca da temática, Oliveira (2014) exemplifica no quadro abaixo:
Antes: As pessoas eram vistas como
recursos.
Antes: Uma empresa oferecia ao seu
funcionário um salário razoável, benefícios e
garantia de estabilidade de emprego e
esperava em troca sua lealdade, assiduidade
e pontualidade.
Atualmente: As pessoas são vistas como
parceiras ou colaboradoras das
organizações.
Atualmente: As empresas necessitam
compartilhar responsabilidades e do
comprometimento dos seus funcionários
com o resultado, e podem oferecer em troca
a oportunidade para o seu auto-
desenvolvimento.
Quadro 2 – Evolução da valorização do Capital Humano
Fonte: Oliveira 2014 (p. 04)
A autora aborda que é preciso enxergar as pessoas como parceiras da organização e não
como mão de obra, é preciso compartilhar as responsabilidades e saber reconhecer, valorizar e
desenvolver seus colaboradores.
Wood JR; Tonelli; Cooke (2012) ainda complementam que
Se o indivíduo não assume responsabilidades e não tem iniciativa, ele dificilmente
contribuirá para o resultado. E se a empresa não proporcionar um ambiente que garanta
autonomia aos funcionários, que os incentive a produzir com motivação, também não
conseguirá aproveitar as competências individuais dos seus funcionários.
Garantir o comprometimento e desenvolvimento do ativo humano para a
implementação de objetivos estratégicos e a busca de melhores resultados é um processo
complexo que deve ser arquitetado. “As organizações devem elaborar estratégias, políticas,
práticas, bem como conceber uma estrutura de Recursos Humanos que contribua com essa
gestão”. (RIBAS e DURAN, 2012, p 32).
No próximo quadro, é possível visualizar como envolver e desenvolver os
colaboradores de uma organização.
Para ENVOLVER os funcionários é
preciso que a organização invista em:
Para DESENVOLVER os funcionários
na prática é preciso:
Comunicação: Para que todos saibam
onde a organização quer chegar e como
Treinamento contínuo: para que as
habilidades pouco desenvolvidas ou
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
146
ela quer chegar. Isto nos lembra da missão
e visão de uma empresa não lembra?
inexistentes sejam adquiridas pelos
funcionários.
Trabalho em Equipe: O trabalho em
equipe coloca todos os funcionários no
mesmo patamar, não tem chefe nem
subordinado, todos tem que superar as
diferenças e se concentrar nas
necessidades da empresa.
Promoção: para dar-lhes a oportunidade
de crescerem com um novo desafio, um
novo cargo ou função dentro da empresa.
Descentralização das decisões: Ou seja,
dar aos funcionários a oportunidade de
participar dos processos de decisão, ou até
mais, permitir que eles decidam qual a
melhor solução para um problema e
situação.
Feedback contínuo: é preciso avaliação
contínua da evolução do colaborador,
se este apresenta desvios que não são
corrigidos, tanto o empregado como sua
atuação na organização ficam
comprometidos.
Quadro 3: Esquematização de Envolvimento e Desenvolvimento de colaboradores
Fonte: Oliveira (2014, p. 30)
Neste contexto é nítido que para envolver é preciso haver um processo de comunicação
eficiente, onde o colaborador tenha ciência da missão da empresa, incentivo ao trabalho em
equipe e divisão de responsabilidades.
Já o desenvolvimento esta atrelado ao treinamento frequente para que o funcionário
adquira as habilidades necessárias para a eficiência, a promoção, e a avaliação contínua através
do feedback, pois o colaborador precisa saber seus pontos fortes e fracos para interagir
eficientemente com a organização.
Ducci e Elgenneni apud Rocha (1997, p. 136) complementam que
O desenvolvimento não inclui apenas a formação no sentido de aumentar a qualidade
em ordem a executar uma tarefa específica, mas a educação no sentido mais geral, de
forma a aumentar o nível de conhecimento e a capacidade de respostas às mudanças
no ambiente exterior a organização.
Importante ressaltar também que para que os funcionários mantenham suas condutas de
comprometimento é preciso reconhecer suas atuações. Dividir os lucros da empresa com os
funcionários, de acordo com o desempenho (Oliveira, 2014).
Com estas ações implementadas o processo de gestão empresarial será dinamizado, os
colaboradores se sentirão motivados e envolvidos com a gestão. A eficiência e eficácia serão
notadas e a organização alavancará seus resultados, seus clientes externos estarão satisfeitos e a
missão institucional atendida.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
147
Conclusão
O proposito desta produção foi mostrar como a QVT pode contribuir com os resultados
das organizações, através de colaboradores motivados, valorizados, com um ambiente de
trabalho humanizado. Foi aborado como a QVT gera eficiência, eficácia e comprometimento
nas empresas. Com base no estudo bibliográfico foi possível analisar como a QVT é importante
para a gestão empresarial.
Em vista dos argumentos apresentados, conclui-se que é preciso que a questão da
Qualidade de Vida no Trabalho seja levada a sério pelas empresas, ademais, os benefícios
advindos da sua implantação são imensuráveis para a gestão das organizações. Pessoas
motivadas e valorizadas são fundamentais para a alavancagem dos negócios da entidade.
Percebeu-se que muitas empresas sofrem com a questão da alta rotatividade e
absenteísmo, situações que certamente seriam sanadas com uma QVT corretamente
implementada, pois os funcionários acima de tudo precisam ser valorizados como ser humano,
ser reconhecido, ter autonomia e perspectivas de crescimento.
Verificou-se que a QVT contribui com a eficiência da organização, ademais, quando há
um ambiente de trabalho agradável, haverá economia de recursos, redução de tempo nas tarefas,
atendimento com qualidade e satisfação do público externo.
Do mesmo modo, a eficácia também é favorecida quando há um ambiente laboral
aconchegante, pois as falhas serão minimizadas, os objetivos serão almejados, os resultados
serão maximizados, os gestores terão mais facilidade para liderarem e a organização será
referencia em seu ramo de atuação.
É imprescindível que todos se conscientizem que para haver comprometimento dos
colaboradores é preciso enxergar as pessoas como parceiras da organização e não como mão de
obra, é preciso compartilhar as responsabilidades e saber reconhecer, valorizar e desenvolver
seus colaboradores. É necessário treinar, desenvolver e dividir os lucros conforme a atuação dos
colaboradores.
Conclui-se que é preciso uma visão estratégica por parte dos gestores empresariais, que
antes de cobrar resultados ele precisa entender que sem o apoio do capital humano a missão
institucional dificilmente será a atendida. Para haver eficiência, eficácia e comprometimento dos
empregados é indispensável que se tenha QVT, que estes sejam valorizados, desta forma gestão
terá subsídios para manter a entidade competitiva no mercado.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
148
REFERÊNCIAS
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Organizações. 2014.
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DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2008.
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https://www.colaboraread.com.br/aluno/webaula/index/0089974202?atividadeDisciplinaId=971
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RIBAS, Andréia e DURAN, Cristiana. Gestão de Pessoas nas Organizações. 2012.
WOOD JR, Thomaz; TONELLI, Maria José; COOKE, Bill. Recursos humanos: para onde vai a
gestão de pessoas? GVExecutivo. Volume 11. 2ª Ed, 2012.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
149
O PODER DOS ATACAREJOS: ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS DO COMÉRCIO
REGIONAL PARA COMBATER A EVASÃO DA RENDA E TRAZER O EQUILÍBRIO
DO MERCADO REGIONAL DE ALIMENTOS NO NORTE DA BAHIA.
José Adelson Gonçalves de Almeida34
Resumo
As grandes mudanças no mercado regional, nacional e internacional, motivadas pelo processo
de globalização exigem o aumento da competitividade no mercado. Esse artigo mostra a
estrutura de mercado dos atacarejos instalados no Município de Juazeiro, norte da Bahia. Que
estão movimentando o comércio varejista de alimentos, através de uma estrutura oligopolista
competitiva. Esse protótipo evidencia as desvantagens do comércio varejista regional, para o
enfrentamento ao modelo implantado, que enfatiza a possibilidade de ocorrência de evasão da
renda do Município de Juazeiro, a partir de dados estatísticos oficiais. Porquanto o objetivo
desse trabalho é apresentar estratégias competitivas, frente à estrutura mercadológica dos
atacarejos. O modelo protecionista definido entre as estratégias abraça o cooperativismo, como
forma de dissolver as limitações relativas às disparidades econômicas entre, a estrutura dos
atacarejos e o comércio local, com finalidade de equacionar as diferenças no mercado delineado,
e buscar o seu equilíbrio.
Palavras-chave: Oligopólio competitivo; Consequências; Cooperativismo.
Introdução
A competição se intensificou de forma drástica nas ultimas décadas em praticamente
todas as partes do mundo (PORTER, 1999. P. 07). Ainda segundo Porter “o interesse pela
competitividade das nações, dos estados e das cidades aumentou rapidamente, em razão da
difusão e da intensificação da competição”. Segundo (PINDYCK e RUBINFELD 2002, p. 250), o
modelo de competição total baseia-se em três suposições básicas: aceitação de preços,
homogeneidade de produtos e livre entrada e saída de empresas. A teoria neoclássica apresenta
diversos modelos de concorrência, porém a discussão a seguir é restrita, ao oligopólio
competitivo, que se caracteriza por um pequeno número de empresas de grande porte, que
concorrem com um quantitativo grande de pequenas empresas, em uma economia de mercado.
Trazendo esta realidade para a região norte da Bahia, com ênfase no munícipio de Juazeiro,
pode-se observar a presença de uma estrutura oligopolista competitiva, que está afetando a
34 Economista graduado pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE, Especialista
em Gestão de RH pela Universidade de Pernambuco – UPE. Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro –
FASJ. Coordenador da Empresa Júnior e Escritório modelo de contabilidade da/FASJ. E-mail
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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permanência de empresas de menor porte no mercado regional, por não estarem preparadas
estrategicamente para esta competitividade.
A Presença de projeto de viabilidade econômica ou até mesmo de um plano de negócio,
que poderia auxiliar as empresas da referida cidade, na tomada de decisão, não é uma prática
comum, fato observado em conversas com empresários locais e regionais. Essa ocorrência torna
as empresas regionais vulneráveis, aos empreendimentos comerciais com características
oligopolistas. Com o aspecto dos oligopólios, frente às empresas regionais, a livre concorrência
desaparece e as corporações usam o seu poder de mercado e, assim, com influencia sobre os
preços das mercadorias, os atacarejos conseguem controlar a maior fatia da demanda regional no
mercado varejista de alimentos, e produtos de uso doméstico, através de práticas restritivas à
concorrência, com fim de ampliar seus lucros, apesar da ausência de barreiras a entrada de
novos concorrentes potenciais.
O objetivo deste artigo é discutir a alternância, entre o grau da concorrência oligopolista
competitiva, com alto poder sobre o marcado, diante da vulnerabilidade das empresas do mesmo
seguimento, mas, com poder econômico inferior, no município de Juazeiro e região. E ainda
trazer para esta discussão, modelos de estratégias competitivas, metodologias e práticas
econômicas, que podem proporcionar estreitamento da distancia concorrencial, com
possibilidades de alcançar o equilíbrio deste mercado.
Atacarejos
Atacarejos, uma combinação de atacado e de varejo, que atualmente briga, cada vez
mais, com as redes clássicas (HSIEN, CÔNSOLI e GIULIANI, 2010, p. 98).
O comércio atacadista e varejista transformou-se, no mercado brasileiro, e mundial. O que antes
eram entendidos como dois modelos distintos, e auxiliares, ou seja, o atacado como suporte
logístico para o varejo.
A diferença entre os atacadistas e os varejistas não consiste apenas em seus fins
contrapostos. De acordo com (KOTLER, 1998, p. 511). Os atacadistas, na maioria das vezes,
atuam em regiões de maior comercialização do que os varejistas, e também trabalham com
transações maiores do que estes. Os atacadistas não priorizam o espaço da localização de seus
empreendimentos, e a estrutura física que as lojas possuem, pelo fato de comercializar seus
produtos com compradores jurídicos, ou seja, os varejistas, e não com clientes finais. Segundo
(PARENTE 2000, P. 22) o varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de
venda de produtos e serviços para atender uma necessidade pessoal do consumidor, portanto,
qualquer estabelecimento que tenha como atividade principal comercializar produtos e serviços
para o consumidor final. Agora, o atacadista e o varejista, estão agregados em uma estrutura
estratégica fortemente competitiva: os atacarejos. Essa é a origem da distribuição em massa,
segundo (DA SILVA 1990, p. 24). Até o inicio dos anos 1990, os canais de distribuição não
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
151
ocupavam lugar de destaque no Brasil, pelo fato da economia brasileira encontra-se em três
setores, fechada para o resto do mundo. Hoje no mercado globalizado a economia se encontra
em franca expansão, e as relações comerciais com os consumidores estão cada vez mais
complexas, pois estes, têm em tempo real, informações sobre produtos e serviços ofertados no
mercado, independente da região geográfica. Porquanto, as logísticas e canais de distribuição os
“atacarejos” são planejados estrategicamente como um diferencial de relação com os
consumidores, essa estrutura se enquadram segundo a teoria econômica como oligopolista.
Estrutura de marcado oligopolista.
Essa estrutura de mercado geralmente apresenta um numero pequeno de empresas.
Segundo “(ROSSETTI, 2003 p. 403) as indústrias automobilísticas, química de base, siderurgia e
de celulose e papel são exemplos de oligopólios constituídos efetivamente por número pequeno
de empresas produtoras”. Entretanto de forma pontual pode ter um número maior de empresas, o
que se evidencia nos setores de alimentos, por exemplo. O quantitativo não caracteriza perda da
hegemonia no mercado, devido as suas altas taxas de participação, e por ter o mercado
dominado por um encurtado grupo de maior potencial econômico financeiro.
A estrutura oligopolista de alimentos que se instalou em Juazeiro, fundamentado na
competitividade de mercado, se mostra extremamente superior ao modelo existente no comércio
e serviço local e regional. Pode se observar, que não existe um efetivo poder de reação das
empresas regionais no formato unilateral, diante do poder econômico dos atacarejos,
caracterizados pelo alto poder de compra e planejamentos estratégicos, apoiados na relevância
de percepção da ciência econômica a partir da lei de oferta e demanda. Segundo (PINDYCK,
2010 p. 20), “a análise da oferta e da demanda é uma ferramenta essencial e poderosa que pode
ser aplicada a uma ampla variedade de questões interessantes e importantes”. Esta afirmativa
esclarece sobre as possibilidades de entendimento e análise seguras nas condições econômicas
regionais e mundiais que afetam o preço de marcado e a produção. A interferência do Governo
no controle dos impactos do salário mínimo, de preços e subsídios à produção, e ainda como os
consumidores são afetados a partir das decisões governamentais concernentes aos tributos, e as
cotas de importação.
Na sequencia são apresentados gráficos que demonstram as alterações do mercado, de
acordo com a lei da oferta e demanda “coeteris páribus”:
P D = a - b(P) 2 1
D 13 16 Q Fonte: PINDYCK, 2010 p. 22
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
152
A curva de demanda negativamente inclinada mostra que o aumento no preço do produto
gera uma redução da demanda. A função demanda comprova que substituindo o preço por outro
maior gera uma queda na quantidade demandada. Partindo deste pressuposto, é possível
entender que a implantação da estrutura oligopolista de alimentos no Município de Juazeiro, se
deu, viabilizado pelo potencial demográfico, e devido aos elevados preços dos produtos
comercializados na região pelas empresas locais, conjunturas positivas identificadas pelos
atacarejos, que tem como principal fator competitivo o controle sobre os preços.
P S S = a + b(P) 2
1
13 16 Q
Fonte: PINDYCK, 2010 p. 20
A curva de oferta, positivamente inclinada tem efeito positivo sobre o aumento no preço
dos produtos, isso implica em aumento da oferta em caso de aumento dos preços. Essa
afirmativa pode ser comprovada através da função oferta, que apresenta aumento da oferta de
produtos, quando o preço aumenta. De acordo com a lei de oferta, e as práticas comerciais no
mercado efetivadas pelas empresas locais e regionais pode-se evidenciar, que, essa é a porta de
entrada dos atacarejos na região. O amplo poder de negociação com a indústria, neste caso, de
alimentos, favorece a estrutura de mercado oligopolista na redução dos preços cobrados aos
consumidores da região. Isso cria um hiato¹ entre a estrutura oligopolista e empresas locais, que
não possuem concentração de capital monetário apropriado para concorrer em par de igualdades
com os atacarejos.
Município de Juazeiro da Bahia: alterações em sua economia
TABELA – 1 ESTATÍSTICA DO CADASTRO CENTRAL DE EMPRESA EM JUAZEIRO: 2007 / 2014
Fonte: IBGE cidades / 2016
A tabela 1 mostra os dados estatísticos nominais das empresas instaladas.
A função abaixo permite que sejam comparados os períodos, ano a ano, e observadas às
variações socioeconômicas no município de Juazeiro, cidade referência do estudo:
∆ = ab / aa – 1 x 100
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Numero de unidades locais 3.604 3.684 3.921 4.239 4.227 4.044 4.372 3.961
Pessoal ocupado Assal. 22.281 23.568 27.014 27.114 27.297 20.028 31.854 32.622
Pessoal ocupado total 26.201 27.584 31.340 31.843 32.092 33.748 36.848 37109
Salário médio mensal 2,2 2,2 2,1 2,1 2 2,1 2,1 2,1
Salários e outras
remunerações em mil reais: 244.540 279.028 331.493 400.436 449.508 529.075 618.570 704.978
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
153
∆ = variação ab = ano base / aa = ano anterior
TABELA – 2 ESTATÍSTICA % DO CADASTRO CENTRAL DE EMPRESA EM JUAZEIRO: 2007 / 2014
Fonte: IBGE cidades / 2016
Hiato¹ diferenças de estruturas competitivas: efetivas x potenciais, que se definem a partir do poder econômico,
capacitação de mão de obra e da tecnologia.
Na tabela 2 observou-se que, no ano 2007 comparado a 2006, ocorreu redução de (3,38%)
no número de unidades empresariais instaladas no município de juazeiro, fato que não envolve,
ainda, a instalação dos atacarejos na região. De 2008 a 2010 houve crescimento médio positivo
de 5,39%, e volta a ficar (0,28%) negativo em 2011 comparado a 2010.
Na variável ocupação de trabalhadores, pode-se observar que apenas no ano de 2009, há
um real crescimento do número de ocupados assalariados de 14,62%. Nos períodos seguintes:
2010 e 2011, o aumento efetivo da geração de empregos pelas empresas locais no município de
Juazeiro foi de 0,37% e 0,67% consecutivamente. Resultados inferiores ao ano de 2007 em
relação a 2006, que teve crescimento de 0,71%. O crescimento total médio de pessoal ocupado é
de 3,87% no período, e a renda média no município de Juazeiro no mesmo período segundo o
IBGE é de: 2,15 salários mínimos por pessoa ocupada.
TABELA – 3 PIB, POPULAÇÃO, PIB PER CAPITA E VAGAS DE EMPREGO EM JUAZEIRO: 2002 / 2015
Fonte: IBGE cidades / 2016; MTE - CAGED 2016.
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Numero de unidades locais -3,38% 2,22% 6,43% 8,11% -0,28% -4,33% 8,11% -9,38%
Pessoal ocupado Assal. 0,71% 5,78% 14,62% 0,37% 0,67% -26,63% 59,05% 2,41%
Pessoal ocupado total 2,00% 5,22% 13,62% 1,60% 0,78% 5,16% 9,19% 0,71%
Salário médio mensal 2,2 2,2 2,1 2,1 2 2,1 2,1 2,1
Salários e outras
remunerações em mil reais: 17,48% 14,10% 18,80% 20,80% 12,25% 17,70% 16,92% 13,97%
Anos PIB preço cor. Δ % Popul. Δ % PIB Percapita Δ % Vagas de empregos
2002 912.795.000,00 - 176.577 - 5.169,39 - 944 C. RE AL % 0,53
2003 864.809.000,00 -5,26 188.667 6,41 4.583,79 -11,33 2.013 1,07
2004 935.240.000,00 7,53 193.136 2,31 4.842,39 5,64 396 0,21
2005 1.136.053.000,00 17,68 203.263 4,98 5.589,08 15,42 480 0,24
2006 1.290.252.000,00 11,95 208.422 2,48 6.190,57 10,76 -84 -0,04
2007 1.465.446.000,00 11,95 213.297 2,29 6.870,45 10.98 728 0,34
2008 1.471.189.000,00 0,39 237.627 10,24 6.191,17 -9,89 223 0,09
2009 1.770.834.000,00 16,92 243.897 2,57 7.260,58 17,27 1.869 0,77
2010 1.919.843.000,00 7,76 197.965 -23,20 9.697,89 33,57 1.069 0,54
2011 1.993.417.000,00 3,69 199.761 0,90 9.979,01 2,90 12 0,01
2012 2.135.551.000,00 6,66 201.499 0,86 10.598,32 6,21 2.243 1,11
2013 2.591.068.000,00 17,58 214.748 6,17 12.065,62 13,84 1.123 0,52
2014 * - 216.588 0,85 - 598 0,28
2015 * - 218.324 0,80 - -686 -0,31
183,86% 41.747 133,41% 10.928 4,83
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
154
O primeiro atacarejo implantado em Juazeiro data de setembro de 2008, e marca uma
baliza no crescimento do PIB local, partido de um crescimento de 0,39% no ano de sua
fundação, para 16,92% no ano seguinte. Crescimento, que pode ser atribuído a grande
concentração de consumidores de municípios limítrofes com Juazeiro, que consumiram no
atacarejo.
Não há motivos para comemorar o crescimento do PIB, pois o aquecimento do comércio
local de alimentos, não caracteriza ganhos reais para o município, como pode ser observado na
comparação do crescimento do número de empresas instaladas no ano de 2011, em relação a
2010, que apresenta crescimento negativo, de acordo com o IBGE.
A partir do ano 2010, o PIB do município de Juazeiro, tem uma redução bastante
significativa, se repetindo o fato em 2011. No censo de 2010, o IBGE apresentou redução da
população de Juazeiro em – 23,20%, isso fez com que a renda percapita tivesse aumento
significativo, com variação de 33,57% em relação ao ano de 2009. Fato preocupante é que a
maioria os indicadores mostram reduções significativas, a exemplo da renda percapita que
reduziu seu crescimento de 33,57% no ano de 2010, para apenas 2,9% em 2011.
Na avaliação do crescimento real da geração de empregos, pode se observar que o
período que antecedeu a chegada dos atacarejos em Juazeiro da Bahia teve crescimento real
médio de 1,91% e 2,92% nos oito anos seguintes, com resultado final de: 10.928 vagas mantidas
em catorze anos. Esse crescimento comparado a o aumento da população no mesmo período:
41.747 habitantes.
Segundo o IBGE, 2010 66% da população nesse mesmo ano, compõe em Juazeiro a
População Economicamente Ativa –PEA. Assim o número de vagas mantidas no período seria:
27.553, ao invés de 10.928. Na coluna geração de emprego real na tabela ( 3 ), é possível
observar que a presença dos atacarejos em Juazeiro não influenciou o aumento na geração de
emprego real. Afirmativa que pode ser confirmada nos últimos anos da pesquisa: em 2012 o
crescimento real foi de 1,11%, nos anos 2013, 2014 e 2015, os resultados foram decrescentes:
0,52, 0,28 e (- 0,31).
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155
TABELA – 4 PIB preços correntes - IPC - Inflação - PIB real - Taxa de crescimento
Fontes: IBGE cidades / 2016 – VASCONCELOS. Micro e macro /2002. – BACEN: histórico de inflação.
Na tabela 4 são resumidos e confirmados os resultados das tabelas anteriores. Nesta, são
mostrados os números, que esclarecem as alterações na economia do município de Juazeiro da
Bahia. O ano de 2009 pode ser lembrado como o ano perfeito, para o crescimento econômico: o
PIB cresceu 16,92%, comparado com 2008 e, a inflação foi a mais baixa do período: 4,31%, o
crescimento real da economia foi de 15,39%. Além da geração de emprego que aumentou
significativamente em relação a 2008. Já nos 2011 e 2012, os resultados apurados a partir de
dados oficiais do IBGE cidades – 2016, não são nada animadores. Têm as duas maiores taxas de
inflação do período, os dois menores crescimentos reais do município, além da menor renda
percapita, mostrada na tabela 3. A partir da avaliação da conjuntura dos dados, é possível
afirmar, que houve um desaquecimento da economia do município de Juazeiro a partir de 2010.
Manifesta redução do efeito multiplicador da moeda em circulação neste município, devido à
concentração do consumo nas lojas atacarejos, e, a saída das rendas das famílias de Juazeiro, e
dos municípios limítrofes, por duas condições básicas: as matrizes das lojas atacarejos, para
onde são enviados os lucros líquidos, não estão instaladas na região, e, não são efetivados
reinvestimentos dos recursos coletados pelas lojas atacarejos, no município de Juazeiro. Nesse
contexto, compreende-se a necessidade da implantação de medidas protecionistas para a
economia da região norte da Bahia.
Planejamento e estratégias competitivas para enfrentar a concorrência dos atacarejos
A concorrência pode ser percebida como a capacidade da empresa de articular e conduzir
estratégias competitivas, que viabilize expandir, de forma contínua, um lugar de destaque no
mercado. “A organização é, portanto, identificada como um espaço de planejamento e
coordenação da produção que se estrutura ao redor de suas diversas áreas de competência”
PIB Indice Geral de Preços PIB real
a preços Indice Taxa A preços constantes 2006
Anos correntes Base Inflação R$ Taxa
R$ 2006 = 100 % (1) / (2) * 100 Crescimento
"1" "2" "3" "4" %
2006 1.290.252.000,00 100 0 1.290.252.000,00 0
2007 1.465.446.000,00 104,46 4,46 1.402.877.657,00 8,73
2008 1.471.189.000,00 110,62 5,90 1.329.948,472,00 -5,20
2009 1.770.834.000,00 115,39 4,31 1.534.651.183,00 15,39
2010 1.919.843.000,00 122,21 5,91 1.570.937.730,00 2,36
2011 1.993.417.000,00 130,15 6,50 1.531.630.426,00 -2,50
2012 2.135.551.000,00 137,75 5,84 1.550.309.256,00 1,22
2013 2.591.068.000,00 145,89 5,91 1.776.042.224,00 14,56
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
156
(FERRAZ, 1995, p.3). O planejamento das estratégias competitivas de uma firma abrange a
necessidade de observação dos resultados, centrado nos objetivos, que envolvem os pontos
fortes e fracos, oportunidades e ameaças da concorrência no segmento. As ações e reações dos
concorrentes necessariamente precisam ser observadas em sua conjuntura, porquanto as
estratégias para conquistar o espaço no mercado precisam ser montada no período com projeção
futura. É real a dificuldade nesse enfrentamento, devido ao domínio dos atacarejos no mercado,
principalmente pela condição de entrante que assume o comércio varejista do norte da Bahia. Se
contrapondo aos atacarejos, que estão em um processo dinâmico de expansão no setor varejista
da região e do Brasil, com tendência à entrada de novos grupos internacionais. Isso não
inviabiliza a organização cooperada dos empresários regionais nessa competição de mercado
com os atacarejos, haja vista que o sucesso do projeto se dará de acordo o planejamento e as
estratégias fundamentadas no alcance da demanda efetiva dos consumidores.
Os principais municípios do norte da Bahia, e Petrolina município pernambucano, somam mais
de 1,1 milhão de habitantes, em um raio de aproximadamente 250 Km. A região se destaca
na produção de frutas para exportação, principalmente Juazeiro na Bahia e Petrolina no Estado
de Pernambuco, que juntas concentram a maior densidade demográfica da região em estudo.
TABELA 5: PRINCIPAIS CIDADES DO NORTE DA BAHIA E PETROLINA-PE. – 2016
Fonte: IBGE cidades 2016
O PIB a preços correntes do ano de 2013, nesta região, segundo o IBGE cidades, foi de
12,2 bilhões de reais, com destaque para o setor terciário e agricultura irrigada.
A economia da região pesquisada dispõe de condições favoráveis à reversão da situação de
domínio do mercado local pelos atacarejos, condicionante balizada num projeto protecionista
fundamentado no associativismo.
Cidade: População: PIB a preços correntes em mil R$
Capim grosso 31.181 253.282,00
Campo formoso 73.118 480.939,00
Curacá 35.320 216.868,00
Casa nova 72.798 402.432,00
Euclides da Cunha 61.618 469.640,00
Itiuba 37.500 188.529,00
Jacobina 83.435 854.910,00
Jaguarari 34.304 423.697,00
Juazeiro 220.253 2.591.068,00
Petrolina-PE 337.683 4.905.327,00
Remanso 42.481 241.284,00
Sobradinho 23.650 310.684,00
Senhor do bomfim 80.769 746.643,00
Uauá 25.853 139.319,00
1.159.963 12.224.622,00
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157
Considerações finais
As teorias das estruturas de mercado podem, e são utilizadas como fator positivo de
orientações para as projeções de estratégias competitivas. Nesse contexto, os empresários do
mercado varejista de alimentos do norte da Bahia necessitam de forma cooperada, objetivar o
equilíbrio do mercado, para evitar os vazamentos da renda para outras regiões do país, e impedir
a saída de divisas internacionais do Brasil em forma de lucro líquido: Renda Liquida Enviada ao
Exterior - RLEE, projetar o aumento do efeito multiplicador da moeda na região, e
assim aumenta a concentração de riquezas e beneficiar o crescimento do PIB regional e
brasileiro, através do equacionamento do poder de compra e dos preços praticados.
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159
CRESCIMENTO ECONÔMICO E A ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DA
RENDA EM PETROLINA-PE, 2000.
Antonio José Gomes Pedrosa
RESUMO
Nos anos 90 o município de Petrolina-PE apresentou elevado crescimento econômico (70,7%),
acima dos padrões produtivos do seu estado (30,7%) e do país (45,3%). No mesmo período, os
dados do IPEA apontaram para elevados índices de pobreza e indigência no município. O
presente estudo tem como objetivo identificar o impacto da desigualdade de renda sobre efetiva
participação da sociedade no que diz respeito ao processo de melhoria das condições de vida,
entre 1991-2000. A partir dos instrumentos de aferição da desigualdade econômica foi possível
mensurar o nível da discrepância entre os diferentes estratos sociais bem como o grau de
concentração de renda no município. Apesar de relativa melhora quando comparada com dados
nacional e estadual os resultados apontaram para uma elevada desigualdade de renda, bem
como, elevado grau de concentração do produto social em direção a uma parcela reduzida dessa
sociedade. Evidenciando-se que a exclusão econômica, que aflige parte significativa da
população, está associada a desigualdade de renda e não a insuficiência de recursos.
Palavras-chaves: Crescimento Econômico, Pobreza e Distribuição de Renda.
1. INTRODUÇÃO
Nos anos 90 o município de Petrolina-PE apresentou elevado crescimento econômico
(70,7%), acima dos padrões produtivos do seu estado (30,7%) e do país (45,3%). No ano 2000,
com PIB (Produto Interno Bruto) de R$725 milhões o município entrava na lista das dez
maiores economias do seu estado. O sucesso da atividade econômica, pressupõe que a maior
parte da população dessa sociedade seja beneficiada pela prosperidade material em curso.
O crescimento econômico constitui um processo através do qual a renda per capita de
uma dada sociedade se eleva persistentemente. Assim sendo, ao longo do tempo, para a maior
parte da população, devam ocorrer melhorias no padrão de vida material, nas condições de
saúde, maior tempo de vida, ampliação no exercício da cidadania, e maiores oportunidades de
aperfeiçoamento pessoal (CACCIAMALI, 2002).
Apesar do bom desempenho da economia de Petrolina ocorrido na última década do
século XX, os dados do IPEA apontam para elevados índices de pobreza e indigência no
município, levando parte significativa de população a não usufruir da prosperidade material
gerada no município. Portanto, fica caracterizado que o crescimento econômico local não está
Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ). Professor Substituto da Universidade do
Estado da Bahia (UNEB), Campus VII. Graduado em Economia pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE). Especialista em Administração e Finanças pela Uninter.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
160
conseguindo alcançar seu objetivo de melhorar o padrão de vida da maior parte de sua
população.
Respostas à exclusão econômica e social da população de Petrolina, pode estar ligada
diretamente a distorções na distribuição de renda do município. Barros, Henriques, e Mendonça
(2001) afirmam que a desigualdade na distribuição de renda pode ser responsável pelo
crescimento econômico não conseguir atingir o objetivo de melhoria nos padrões materiais dos
indivíduos.
Nesses termos, questiona-se se a desigualdade na distribuição de renda do município de
Petrolina, no período 1991-2000, pode ser responsável pela prosperidade material local não
conseguir gerar efetiva participação da sociedade no que diz respeito ao processo de melhoria
das condições de vida?
Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo elaborar um referencial de
discussão a respeito da magnitude da desigualdade na distribuição de renda em Petrolina,
analisando suas proporções e dimensões, no período 1991-2000. Acredita-se que os elevados
níveis de pobreza e indigência do município, que vêm excluindo parte significativa da
população a melhores condições de vida, estaria associada a desigualdade de renda e não a
insuficiência de recursos.
O presente trabalho está organizado em cinco seções, iniciando com esta primeira em
que em que se faz a introdução da temática. Em seguida tem-se o tópico dos aspectos teóricos e
a abordagem empírica, fundamentando o estudo em questão. Na terceira seção foram realizadas
considerações a respeito dos aspectos metodológicos da pesquisa. Na quarta seção apresenta-se
a análise e as discussões dos resultados encontrados. Na última seção, realizou-se as
considerações finais da pesquisa.
2. ASPECTOS TEÓRICOS E ABORDAGEM EMPÍRICA
2.1 Crescimento Econômico: Aspectos Conceituais e Desempenho da Economia de
Petrolina na Década de 90.
a) Aspectos Conceituais
Na sociedade contemporânea, a riqueza ou o crescimento econômico é proveniente do
aumento da produção (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Esta por sua vez é medida pelo
Produto Interno Bruto (PIB). Quando se pretende avaliar o desempenho da atividade econômica,
verifica-se a variação do PIB. Períodos de crescimento do PIB são chamados de expansão ou
crescimento econômico, e os de variação negativa do PIB, de recessão (BLANCHARD, 2011).
A taxa de crescimento econômico é identificada por meio da variação positiva do PIB
real (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Este indicador mede a produção e sua variação ao longo
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
161
do tempo eliminando o efeito do aumento nos preços no nível da atividade econômica apurada
em um determinado período. O PIB real é calculado pelo somatório das quantidades de bens e
serviços finais multiplicadas por preços constantes, em vez de preços correntes (BLANCHARD,
2011).
Comumente, quando economistas se preocupam com as variações da atividade
econômica, suas atenções se voltam para a interação entre produção, emprego e renda. O
crescimento econômico normalmente é acompanhado pela redução do desemprego e aumento da
disponibilidade de mais empregos e geração de renda (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Além
disso, quando ocorre crescimento econômico, a produção de bens e serviços de uma
determinada economia aumenta, tornando possível uma elevação da prosperidade material da
sociedade.
Em resumo o crescimento econômico tem papel fundamental no desenvolvimento das
sociedades contemporâneas, bem como, torna-se condição essencial para a prosperidade
material dos indivíduos. Assim sendo, o melhor padrão de vida material da sociedade está
condicionado ao desempenho da atividade econômica.
b) Desempenho da Economia de Petrolina na Década de 90
As informações da Tabela 01, a partir do recorte temporal de 1985–2000, permitem uma
análise comparativa da geração de riqueza (PIB a preços constantes) e do desempenho
econômico (crescimento do PIB a preços constantes) do município de Petrolina com os
diferentes níveis geográficos: municipal (10 maiores economias de seu estado no ano de 2000),
estadual (Pernambuco) e nacional (Brasil). Os dados utilizados na tabela foram fornecidos pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Tabela 01 – Produto Interno Bruto (R$) e Crescimento Econômico (%), 1985-2000.
Nível Geográfico PIB em mil (R$)
Ano 1985
PIB em mil (R$)
Ano 2000
Cresc.%
(85-00) Classificação
Recife 7.617.142,00 9.811.667,89 28,8% 7º
Jaboatão dos Guararapes 1.633.997,68 2.167.342,72 32,6% 6º
Ipojuca 142.644,85 1.380.166,28 867,6% 1º
Cabo de Santo Agostinho 689.198,15 1.237.679,23 79,6% 3º
Olinda 922.336,44 1.024.205,18 11,0% 8º
Caruaru 417.455,30 783.507,58 87,7% 2º
Petrolina 424.910,77 725.486,07 70,7% 5º
Paulista 1.110.229,07 697.172,96 -37,2% 10º
Igarassu 363.171,50 329.075,28 -9,4% 9º
Garanhuns 190.580,68 329.056,89 72,7% 4º
PE 20.628.845,12 26.959.112,38 30,7%
Brasil (milhões) 1.819.571.619 2.643.750.064 45,3% Fonte: IPEADATA, 2016.
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162
De acordo com dados do IPEA, no ano de 2000, com um PIB real de R$ 725,4 milhões,
Petrolina estava entre as dez maiores economias do seu estado. No intervalo de 1985 (R$424,9
milhões) a 2000 (R$725,4), a economia de Petrolina evoluiu 70,7%, registrando o 5º maior
crescimento econômico dentre as 10 maiores economias de Pernambuco. Considerando o
mesmo recorte temporal (1985-2000), o desempenho econômico de Petrolina conseguiu superar
as médias de crescimento estadual (30,7%) e nacional (45,3%).
O padrão de vida médio de uma sociedade pode ser medido pelo nível do PIB real per
capita, que representa a razão entre o PIB real e a população daquela economia (BLANCHARD,
2011). A taxa de crescimento do PIB real per capita é o mais importante dos indicadores
macroeconômicos (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Afinal, por meio deste indicador torna-se
possível identificar a capacidade de geração de riqueza por pessoa de uma determinada
economia.
Nesses termos, constatado a magnitude da geração de riqueza do município de
Petrolina (entre as 10 maiores economias do estado de Pernambuco) e a evolução da economia
(70,7%) entre 1985-2000, a Tabela 02, utilizando o PIB real per capita, revela a capacidade do
município de Petrolina gerar riqueza por habitante, fazendo um comparativo a partir da mesma
série temporal (1985-2000) e os mesmos níveis geográficos tratados na Tabela 01.
Tabela 02 – PIB per capita (R$) e Crescimento do PIB per capita (%), 1985-2000.
Nível Geográfico PIB per capita
1 (R$)
Ano 1985
PIB per capita (R$)
Ano 2000
Cresc.%
(85-00) Classificação
Recife 5.867,33 6.895,52 17,5% 6º
Jaboatão dos Guararapes 3.354,41 3.726,80 11,1% 7º
Ipojuca 3.140,30 23.281,76 641,4% 1º
Cabo de Santo Agostinho 5.425,22 8.090,62 49,1% 4º
Olinda 2.701,68 2.783,91 3,0% 8º
Caruaru 1.953,49 3.089,13 58,1% 2º
Petrolina 2.422,44 3.319,73 37,0% 5º
Paulista 5.249,53 2.658,56 -49,4% 10º
Igarassu 4.548,91 3.999,60 -12,1% 9º
Garanhuns 1.844,19 2.794,56 51,5% 3º
PE 2.894,12 3.404,64 17,6%
Brasil (milhões) 12.392,75 15.569,86 25,6%
Fonte: IPEADATA, 2016. 1Para o cálculo do PIB per capita de 1985, devido à ausência do PIB para o ano de 1990, utilizou-se da média entre
o PIB de 1985 e a população de 1990.
Segundo dados da Tabela 02, em 1985 o PIB real per capita de Petrolina era de
R$2.422,44 um pouco abaixo da média estadual (R$2.894,12). Passados quinze anos, em 2000,
esse valor sobe para R$3.319,73 aproximando-se da média estadual (R$3.404,64). Os dados
revelam, que entre 1985 e 2000, o indicador de riqueza por pessoa de Petrolina, cresceu 37,0%
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163
registrando o quinto melhor desempenho entre as dez maiores economias do estado. A evolução
desse indicador conseguiu ainda superar os desempenhos estadual (17,6%) e o nacional (25,6%).
Com o desempenho positivo do PIB real per capita no período estudado (1985-2000), o
resultado evidencia que na última década do século XX o crescimento econômico do município
de Petrolina foi superior ao crescimento populacional. Nesses termos, os dados apontam para
uma relativa melhora no padrão médio de vida desses munícipes, que pode se traduzir em
melhores condições de vida.
Estudos (CHAGAS E TONETO JR., 2003; DIVINO et al., 2012; KROTH, 2006;
OLIVEIRA, 2004; IRFFI et al., 2009), apontam para diversos determinantes que podem
contribuir para o crescimento econômico dos municípios. Seja sob o aspecto do planejamento
estatal, seja através dos fatores de produção (capital humano), já conhecidos pela literatura
convencional, ou mesmo pelos aspectos estruturais de uma determinada localidade. Dessa
forma, qualquer desses fatores podem ter contribuído para o crescimento econômico de
Petrolina, no período 1985-2000.
Comprovado a capacidade de geração de riqueza no município de Petrolina para cada
habitante, cabe agora destacar as condições de vida material de sua população. A partir de dados
do IPEA investigou-se os níveis de pobreza e de indigência do município, bem como suas
dimensões e evolução considerando o recorte temporal 1991-2000. A base de sustentação do
que caracteriza pobreza e indigência, no presente estudo, segue a teoria econômica tradicional
que tem a dimensão renda como seu principal parâmetro.
2.2 Condições de Vida Material: Níveis de Pobreza e indigência no Município de Petrolina
(anos 90)
Em vista do crescimento econômico vivido pelo município de Petrolina ao longo da
década de 90, a Tabela 03 traz dados, levantados no IPEA, de como se comportou os índices de
pobreza (%) e indigência (%) na sociedade do município. Mantendo-se os mesmos níveis
geográficos aqui estudados: municipal (10 maiores economias do estado), estadual
(Pernambuco) e nacional (Brasil).
Segundo o IPEA o % de pobres representa o percentual de pessoas com renda
domiciliar per capita inferior a R$75,50, equivalentes a 1/2 do salário mínimo, já o % de
indigentes representa o percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a
R$37,75, equivalentes a 1/4 do salário mínimo, ambos indicadores têm os seus valores
monetários vigentes em agosto de 2000. O universo de indivíduos é limitado àqueles que são
membros que vivem em domicílios particulares permanentes.
Segundo dados do IPEA, a partir da Tabela 03, nota-se que em 1991 mais da metade
(54,53%) dos indivíduos que viviam em domicílios particulares permanentes recebiam abaixo
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164
de 1/2 do salário mínimo, ou seja, encontravam-se em condição de pobreza. No mesmo ano,
26,66% desse universo encontrava-se em condições de indigência, vivendo com menos de 1/4
do salário mínimo vigente em agosto de 2000. Entretanto, é possível visualizar uma relativa
melhora ao longo da década, entre 1991 e 2000 o % de pobres caiu 18,4% e o % de indigentes
caiu 22,0%.
Tabela 03 – % de Pobres e % de Indigentes, 1991-2000.
Nível Geográfico
% de Pobres % de Indigentes
1991 2000 Var. %
(91-00) 1991 2000
Var. %
(91-00)
Cabo de Santo Agostinho (PE) 56,43 50,66 -10,2% 27,70 25,54 -7,8%
Caruaru (PE) 42,29 35,32 -16,5% 16,31 14,14 -13,3%
Garanhuns (PE) 54,79 48,10 -12,2% 27,70 25,43 -8,2%
Igarassu (PE) 65,45 53,04 -19,0% 34,92 28,82 -17,5%
Ipojuca (PE) 77,31 60,40 -21,9% 42,87 30,20 -29,6%
Jaboatão dos Guararapes (PE) 44,40 39,09 -12,0% 21,06 17,36 -17,6%
Olinda (PE) 38,19 33,55 -12,1% 17,00 14,35 -15,6%
Paulista (PE) 34,90 30,44 -12,8% 14,51 12,60 -13,2%
Petrolina (PE) 54,53 44,52 -18,4% 26,66 20,79 -22,0%
Recife (PE) 38,39 31,51 -17,9% 17,44 13,56 -22,2%
Pernambuco 60,04 51,31 -14,5% 33,84 27,73 -18,1%
Brasil 40,08 32,75 -18,3% 20,24 16,32 -19,4%
Fonte: IPEADATA, 2016.
Conforme Tabela 03, comparando com as dez maiores economias do estado de
Pernambuco, em 1991 e 2000, Petrolina era a 5º município em % de pobres e % de indigentes.
Por outro lado, Petrolina apresentou o terceiro melhor desempenho na redução de % de pobres (-
18,4%) e na redução de % de indigentes (-22,0%). Ainda, em números relativos, em 1991, com
54,53% de pobres Petrolina estava abaixo do índice estadual (60,04%) e acima dos padrões
nacional (40,08%), o mesmo ocorre para o % de indigentes.
Quando comparado o aspecto evolutivo (1991-2000) Petrolina apresenta melhores
resultados, seja em % de pobres (-18,4%), seja em % de indigentes (-22,0%), que os padrões
estadual (-14,3% e -18,1%) e nacional (-18,3% e -19,4%). Mesmo com a melhora ao longo do
período analisado (1991-2000), o município de Petrolina encontra-se acima dos padrões
nacional: (1) em % de pobres em 2000, Petrolina (44,52%) e Brasil (32,75%); e (2) em % de
indigentes em 2000, Petrolina (20,79%) e no Brasil (16,32%).
Em resumo, os dados do IPEA, a respeito do município de Petrolina, de acordo com a
Tabela 03, entre 1991 e 2000, apontam para uma queda (-18,3%) no % de pobreza e no % de
indigentes (-22,0%). Por outro lado, no período estudado, nota-se que existiu uma persistência
no elevado número de pobres e de indigentes no município, que por sua vez compromete a
melhoria das condições materiais de vida da população.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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O crescimento do PIB real per capita de 37,0%, em Petrolina, no período 1985-2000
(conforme Tabela 02), que representa a geração de riqueza por pessoa, certamente contribuiu
para reduzir o % de pobres (-18,4%) e o % de indigentes (-22,0%), conforme dados da Tabela
03. Mesmo com a relativa melhora, os dados da Tabela 03, fornecidos pelos IPEA, revelam que
o número de pessoas nas condições de pobreza e indigência ainda estão acima da média
nacional.
As evidências empíricas mostram que o padrão médio de vida de Petrolina não
acompanhou na mesma proporção a evolução do crescimento econômico ao longo dos anos 90.
Mesmo com certa melhora na redução dos níveis de pobreza e indigência, há uma parcela
significativa da população de Petrolina à margem do progresso material.
Respostas à magnitude da exclusão econômica no município de Petrolina, entre 1991-
2000, evidenciada pelos dados do IPEA, poderiam encontrar explicações no processo de
desigualdade na distribuição de renda. Haja vista que distorções na estrutura de repartição da
renda pode em certa medida neutralizar os impactos do crescimento econômico na melhoria dos
padrões de vida dos indivíduos.
2.3 Implicações do Crescimento Econômico e da Desigualdade de Renda Sobre as
Condições de Vida: Uma Abordagem Empírica
No limiar do século XX, foram realizadas no Brasil diversos estudos (BARROS;
HENRIQUES; MENDONÇA, 2000; MARINHO, 2003; BARRETO, 2005; HOFFMANN,
2001; MEDONÇA e BARROS, 2001) na tentativa de explicar a causalidades do crescimento
econômico e desigualdade de renda com relação a redução do nível de pobreza, tendo como
recorte temporal as últimas décadas do século XX.
Entre as principais pesquisas realizados no Brasil (BARROS, HENRIQUES e
MENDONÇA, 2000; HOFFMANN, 2001; MEDONÇA e BARROS, 2001) os especialistas
partem da premissa em comum de que a redução da pobreza, sob a ótica da dimensão renda,
estaria diretamente ligada ao crescimento econômico e/ou redução do grau de concentração de
renda.
Outros estudos revelaram o impacto do crescimento econômico e da concentração de
renda sobre a redução da pobreza, seja nos estados brasileiros, no período de 1985-1999
(MARINHO, 2006; RIBEIRO, CAVALCANTI, 2015), seja no Brasil, nas últimas décadas do
século XX (BARROS; HENRIQUES; MENDONÇA, 2000).
Após constatação, em comparações internacionais, que o Brasil era um país rico, a
hipótese central era a de que o “Brasil não era um país pobre, mas um país com muitos pobres”
(BARROS; HENRIQUES; MENDONÇA, 2000, p.01). Segundo os autores, os elevados níveis
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de pobreza que acometiam a sociedade brasileira, estavam ligados diretamente com a estrutura
da desigualdade de renda no País.
Os países da América Latina, e em particular o Brasil, destacavam-se pela elevada
desigualdade da distribuição de renda (HOFFMANN, 2001). Na explicação do autor, as
distorções da desigualdade no processo distributivista da renda, estaria na formação e evolução
econômico-social dessas antigas colônias de Portugal e Espanha ainda no século XVI.
Para se ter uma ideia da magnitude da desigualdade de renda o Brasil, no final do anos
80, de acordo com os dados da Pesquisa por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1989, o índice
de Gini do rendimento das pessoas ocupadas com rendimento positivo atingiu 0,630. Com esse
patamar o Brasil se colocava entre o mais desigual país do mundo com dados confiáveis sobre a
distribuição de renda (HOFFMANN, 2001).
Segundo as pesquisas (BARROS; HENRIQUES; MENDONÇA, 2000);
(HOFFMANN, 2001); (MENDONÇA e BARROS 2001) a origem da pobreza no Brasil não
estava associada a insuficiência de recursos, já que se tratava de uma economia pujante, mas em
decorrência do enorme grau de desigualdade na distribuição de renda que persistia em manter-se
estável ao longo das últimas décadas do séculos XX.
Os autores chegaram à conclusão de que os elevados níveis de pobreza no país eram
mais sensíveis as alterações na redução do grau de desigualdade na distribuição de renda do que
nos impactos gerados a partir do crescimento econômico (BARROS; HENRIQUES; E
MENDONÇA, 2000). Em certa medida justificada pelas distorções ocasionadas pela estrutura
do processo distributivo do País.
A preocupação com o estudo das formas de distribuição dos valores da riqueza
produzida, não diz respeito somente ao Brasil, e data de meados do século XIX. Desde aquela
época, estudos do produto e da renda nacional, eram pontos de partida para as análises setoriais,
indispensáveis ao processo da divisão da riqueza entre os fatores responsáveis pela sua geração
(HOFFMANN, 2001).
O valor das riquezas criadas deve ser repartido ou distribuído entre aqueles que as
produziram. Cada um dos agentes, pela repartição, será retribuído conforme sua função no
processo conjunto da criação de riquezas traduzidas em bens e serviços. Aos proprietários será
destinada a renda ou o aluguel; o trabalhador o salário; o capitalista, o juro; o empresário, o
lucro e ao Estado, caberá retirar da riqueza social os recursos necessários, na forma de impostos,
taxas ou contribuições (GASTALDI, 2005).
As modalidades de repartição dos valores e serviços criados assumem grande
importância, com repercussão imediata sobre todos os fenômenos sociais e econômicos.
Notadamente em situações de desigualdades de rendas e pelo crescente distanciamento entre os
ricos e os pobres dentro das comunidades, criando complexos e perigosos problemas, a
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representar a questão social, em face dos atritos e antagonismo entre as classes sociais no
processo repartitivo (GASTALDI, 2005).
Mesmo na literatura econômica basilar, entende-se que paralelamente ao processo de
crescimento econômico, a maior parte da população seja a principal beneficiária das mudanças
em curso (CACCIAMALI, 2002). Haja vista que a redução da pobreza deva ser acompanhada
pelo crescimento da economia (BARRETO, 2005), e que distorções no processo distributivo
pode impedir o alcance pretendido do progresso econômico aos mais necessitados, estudos sobre
a evolução da distribuição da renda mostram-se fundamentais.
3. CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Diante do objetivo da pesquisa, que visa identificar o comportamento e a dimensão da
desigualdade na distribuição de renda no município de Petrolina nos anos 90 (1991-2000), foi
realizado um levantamento de dados no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os
dados foram devidamente compilados, estruturados, apresentados em tabelas e gráficos na seção
análise dos resultados.
Para alcançar os objetivos pretendidos na pesquisa, inicialmente buscou-se comprovar a
desigualdade de rendimentos (apropriação e disparidades) e posteriormente o grau de
concentração de renda e sua evolução na distribuição de renda em Petrolina, nos anos 90. Fez-se
uso de diferentes níveis geográficos: municipal (as dez maiores economias do estado de
Pernambuco no ano 2000); estadual (Pernambuco); e nacional (Brasil). Os diferentes níveis
permitiram parametrizar os resultados encontrados do município de Petrolina com outros
padrões.
A investigação ocorreu basicamente a partir da interpretação de quatro medidas e/ou
instrumentos tradicionais em pesquisas dessa natureza:
(1) A apropriação de renda pelas camadas (quintis) mais extremas da sociedade:
a participação (%) na renda gerada no município pelos 20% mais ricos e a
participação (%) obtida pelos 20% mais pobres;
(2) a razão entre a média de renda dos 10% + ricos e a renda média dos 40% +
pobres. Quanto maior o número encontrado maior será a desigualdade de
rendimentos;
(3) Curva de Lorenz – pode ser derivada a partir do referencial de eixos
cartesianos da seguinte maneira: a) Classifica-se, num dos eixos, a percentagem
acumulada das pessoas ou das famílias que recebem até um determinado nível
de renda; b) no outro eixo, classifica-se a percentagem acumulada da renda
agregada calculada para cada percentagem da população obtida no item
anterior; c) com estes dados, traça-se a curva de Lorenz correspondente;
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(4) Coeficiente de Gini – constitui uma das medidas usuais para se medir o grau
de concentração da renda de uma localidade, região ou sociedade. Este índice é
obtido através da curva de Lorenz, a partir da área formada entre a curva e a
linha de equidistribuição. Quanto mais próximo de 1 maior grau de
concentração e sua proximidade de 0 representa menor grau de concentração ou
distribuição mais equânime da renda.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Desigualdade na Repartição de Renda em Petrolina, Década de 90.
Dividindo a sociedade em quintis nos extremos encontra-se os 20% + pobres (camada
mais pobre) e os 20% + ricos (camada mais rica) revelando, pela estratificação, a estrutura da
repartição da renda de uma determinada economia. Na Tabela 04, a partir dos dados do IPEA,
foi possível verificar a distribuição de renda e sua evolução (1991-2000) do município de
Petrolina, fazendo uma análise comparativa com os diferentes níveis geográficos trabalhados até
aqui: municipal (10 maiores economias de seu estado), estadual (Pernambuco) e nacional
(Brasil).
Tabela 04 – Estrutura de Repartição da Renda (%): os 20% + pobres e os 20% + ricos, entre 1991 e 2000.
Nível Geográfico
20% + pobres 20% + ricos
1991 2000 Var. (%) 1991 2000 Var. (%)
Recife (PE) 1,6 1,4 -12,5% 71,7 72,6 1,3%
Jaboatão dos Guararapes (PE) 2,3 1,8 -21,7% 65,6 68,5 4,4%
Ipojuca (PE) 4,9 2,5 -49,0% 52,0 58,6 12,7%
Cabo de Santo Agostinho (PE) 3,5 2,1 -40,0% 55,1 59,8 8,5%
Olinda (PE) 2,3 2,1 -8,7% 64,4 64,9 0,8%
Caruaru (PE) 3,4 2,6 -23,5% 60,0 62,3 3,8%
Petrolina (PE) 2,6 1,7 -34,6% 67,4 68,2 1,2%
Paulista (PE) 3,0 2,7 -10,0% 58,9 57,5 -2,4%
Igarassu (PE) 2,9 1,2 -58,6% 56,5 58,8 4,1%
Garanhuns (PE) 2,7 1,6 -40,7% 64,8 65,2 0,6%
Pernambuco (1) 2,2 1,7 -22,3% 69,8 69,8 0,0%
Brasil (2) 1,9 1,8 -4,2% 67,2 67,6 0,5%
Fonte: IPEADATA, 2016.
(1) e (2) Em virtude da ausência de dados para os respectivos anos (1991 e 200) no IPEADATA, os dados que
seguem foram coletados no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Observa-se inicialmente que a estrutura de repartição da renda se assemelha em
praticamente todos os níveis geográficos trabalhados na Tabela 04, revelando que a
concentração de renda em direção a uma camada da sociedade não se mostra característica de
qualquer economia em particular tratada na pesquisa.
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Em 1991, os 20% + pobres do município de Petrolina detinham 2,6% da renda
municipal, enquanto os 20% + ricos ficavam com 67,4% da renda gerada no município.
Comparada com as 10 maiores economias do estado, a estrutura de distribuição de renda de
Petrolina (67,4%), registrava a 2ª pior concentração de renda ficando atrás somente da capital
Recife (71,4%). É possível observar uma relativa melhora com relação ao grau de concentração
do estado (69,8%), e uma leve piora com relação a concentração de renda do padrão nacional
(67,2%).
Ao longo da última década do século passado (1991-2000) os dados mostram que
houve uma piora (-34,6%) na participação dos 20% + pobres, caindo de 2,7% da renda
municipal para 1,6%. A camada mais pobre, no período analisado, teve sua participação
reduzida na distribuição da renda no decorrer dos anos. Nota-se que, em números relativos, os
dados apontam para uma maior concentração de renda para a camada mais rica, 68,2% em 2000
contra 67,2% em 1991. Passados dez anos (1991-2000), os dados do IPEA, compilados na
Tabela 04, apontaram para uma tendência de piora da desigualdade na distribuição de renda no
município de Petrolina.
A Tabela 05 apresenta a razão entre a renda média dos 10% mais ricos e a dos 40%
mais pobres para os diferentes níveis geográficos. O indicador de desigualdade mostra que
quanto menor for a razão entre essas rendas médias, mais equânime será a estrutura distributiva,
com os mais pobres obtendo uma renda média de valor relativamente próximo à dos mais ricos.
Tabela 05 – Desigualdade de Renda: a razão entre a renda média dos 10% + ricos e a dos 40% + pobres, 1991-
2000.
Nível Geográfico
A razão entre os 10% + ricos e os 40% + pobres
1991 2000 Var. (%)
Recife (PE) 39,07 41,75 6,86%
Jaboatão dos Guararapes (PE) 25,18 30,23 20,06%
Ipojuca (PE) 10,41 17,38 66,95%
Cabo de Santo Agostinho (PE) 13,66 19,68 44,07%
Olinda (PE) 24,46 25,30 3,43%
Caruaru (PE) 17,09 20,56 20,30%
Petrolina (PE) 26,06 30,87 18,46%
Paulista (PE) 17,10 16,25 -4,97%
Igarassu (PE) 15,06 20,83 38,31%
Garanhuns (PE) 23,69 27,82 17,43%
Pernambuco 31,86 38,87 22,00%
Brasil 26,471 22,95
2 -13,30%
Fonte: IPEDATA, 2016. 1 Dado de 1990.
2 Dado de 1999.
Conforme dados na tabela 05, a razão entre a média de renda dos 10% + ricos com a
dos 40% + pobres, confirma a evolução de piora na distribuição de renda em Petrolina. Em 1991
a renda média dos 10% + ricos era 26 vezes maior que a renda média dos 40% + pobres. Note
que em 2000, a desigualdade nos rendimentos médios intensificou-se, a classe dos 10% + ricos
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170
detinham uma renda média superior aproximadamente 31 vezes maior do que a renda média
recebida pelos 40% + pobres.
No período 1991-2000, quando comparado com os demais municípios estudados, com
exceção da capital Recife, os dados do IPEA revelam que Petrolina apresenta a maior
desigualdade de renda entre as classes analisadas. Essa desigualdade acentua-se no transcorrer
dos anos 90, acompanhando os padrões de deterioração da distribuição de renda no estado de
Pernambuco (+22,0%), e segue na contramão dos padrões declinantes da redução da
desigualdade no Brasil (-13,30%).
Os dados do IPEA, expostos na Tabela 05, ajudam a delinear a magnitude da
desigualdade na distribuição de renda no município de Petrolina no período compreendido entre
1991 a 2000.
4.2 Mensuração da Concentração de Renda: Curva de Lorenz e o Índice de Gini
Os gráficos (Curva de Lorenz) que seguem nesta seção apresentam a evolução dos
padrões de distribuição de renda para diferentes níveis geográficos: municipal (as 10 maiores
economias do estado de pernambucano), estadual (Pernambuco) e nacional (Brasil), no período
de 1991 a 2000. No eixo vertical encontram-se as classes de rendimento em distribuições
acumuladas, por meio de números relativos, e no eixo horizontal, encontra-se a camada da
sociedade estratificada em quintis cumulativos também em números relativos. Os gráficos
também apresentam o índice de Gini.
a) Evolução do Grau de Concentração de Renda em Petrolina (1991-2000)
O Gráfico 01, a partir dos dados do IPEA, apresenta um maior distanciamento da Curva
de Lorenz de Petrolina no ano 2000 com relação a linha de equidistribuição. Note que a Curva
de Lorenz em 1991 está relativamente mais próxima da linha de equidistribuição. Isso quer dizer
que, no recorte temporal (1991-2000), houve uma piora com relação ao grau de concentração de
renda no município. A distância das curvas à linha de equidistribuição demonstra elevada
concentração de renda no município. Essa constatação pode ser respaldada pelo índice de Gini
que alcança 0,628 (em 1991), e 0,644 (em 2000), aproximando-se da extrema desigualdade
(1,0).
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Gráfico 01 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina (1991-2000).
Fonte: IPEADATA, 2016.
b) Evolução do Grau de Concentração de Petrolina com relação e as 10 maiores economias
do estado Pernambucano (1991-2000)
Gráfico 02 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e as 10 maiores (1991).
Fonte: IPEADATA, 2016.
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Gráfico 03 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e as 10 maiores (2000).
Fonte: IPEADATA, 2016.
Os Gráficos 02 e 03 revelam que os padrões de distribuição de renda de Petrolina estão
abaixo dos padrões das 10 maiores economias do estado de Pernambuco. Esta constatação pode
ser observada para os dois períodos analisados (1991 e 2000). Repare que a Curva de Lorenz do
município de Petrolina encontra-se mais distante da diagonal de equidistribuição, apresentando
maior grau de concentração de renda. Note que o Índice de Gini dos 10 maiores municípios do
estado pernambucano aproxima-se de zero (perfeita igualdade), evidenciando menor grau de
concentração de renda.
c) Evolução do Grau de Concentração de Petrolina com relação ao estado de Pernambuco
(1991-2000)
Gráfico 04 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Pernambuco (1991).
Fonte: IPEADATA, 2016.
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173
Gráfico 05 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Pernambuco (2000).
Fonte: IPEADATA, 2016.
Os Gráficos 04 e 05 revelam que o grau de concentração de renda de Petrolina mostra-
se praticamente no mesmo patamar dos padrões do estado pernambucano, seja para 1991, seja
para o ano 2000. Nos dois períodos, repare que a Curva de Lorenz do município de Petrolina,
embora apresente mais próximo da linha de equidistribuição, praticamente se sobrepõe a Curva
de Lorenz de seu estado. O índice de Gini ajuda a reforçar a constatação, basta notar que os
indicadores estão próximos, em 1991 Petrolina (0,628) e Pernambuco (0,650) e em 2000
Petrolina (0,644) e Pernambuco (0,660).
d) Evolução do Grau de Concentração de Petrolina com relação ao Brasil (1991-2000)
Gráfico 06 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Brasil (1991).
Fonte: IPEADATA, 2016.
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Gráfico 07 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Brasil (2000).
Fonte: IPEATADA, 2016.
Os Gráficos 06 e 07 mostram que o grau de concentração de renda de Petrolina
apresenta-se praticamente no mesmo patamar dos padrões brasileiro, seja para 1991, seja para o
ano 2000. Nos dois períodos, repare que a Curva de Lorenz do município de Petrolina, embora
apresente mais próximo da linha de equidistribuição, praticamente se sobrepõe a Curva de
Lorenz do Brasil. O índice de Gini ajuda a reforçar a constatação, basta notar que os indicadores
estão próximos, em 1991 Petrolina (0,628) e Brasil (0,630) e em 2000 Petrolina (0,644) e Brasil
(0,640).
5. CONSIDERAÇÕES
O objetivo com o presente estudo foi elaborar um referencial de discussão a respeito da
desigualdade na distribuição de renda, analisando suas proporções e dimensões, caracterizadas a
partir do crescimento econômico no município de Petrolina, no período 1991-2000. Para tanto
foi observado o comportamento das variáveis: (1) de geração de riqueza; (2) de desigualdade na
distribuição de renda; e (3) do grau de concentração de renda.
Ao longo dos anos 90 o município de Petrolina apresentou elevado crescimento
econômico, bem acima dos padrões produtivos do seu estado e do país. O sucesso da atividade
econômica, pressupõe que a maior parte da população dessa sociedade seja beneficiada pela
prosperidade material em curso. Entretanto, os dados fornecidos pelo IPEA, mostraram uma
forte tendência a elevados níveis de pobreza e de indigência, onde parte significativa de sua
população encontra-se à margem do progresso econômico.
Respostas à exclusão econômica e social da população de Petrolina, pode estar ligada
diretamente a distorções na distribuição de renda do município. Estudos afirmam que a
desigualdade na distribuição de renda tem sido o principal responsável pelo crescimento
econômico não conseguir atingir o objetivo de melhoria nos padrões materiais dos indivíduos.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
175
A partir de dados do IPEA, a pesquisa identificou elevada desigualdade na distribuição
de renda, bem como elevado grau de concentração de renda. Em 2000, Os 20% mais pobres
recebiam 1,7% da renda gerada no município, enquanto os 20% mais ricos ficavam com 68,2%.
No mesmo ano, a diferença entre a renda média dos 10% mais ricos com relação a dos 40%
mais pobres era de aproximadamente 31 vezes. O índice de Gini que mede a concentração de
renda mostrou-se acima do padrão nacional. Com relação ao início da década de 90 esses
números são uma evolução piorada dos padrões de desigualdade de renda e concentração de
renda no município de Petrolina.
Os dados do IPEA mostraram que os anos 90, no município de Petrolina, foi marcado
pela crescente riqueza do município e, em paralelo, pelo aumento substancial da desigualdade na
distribuição de renda e da pobreza. Esse ponto de inflexão, por si só oferece justificativas
plausíveis para novas pesquisas e delineamentos a respeito da evolução da desigualdade na
distribuição de renda no município de Petrolina.
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HOFFMANN, Rodolfo. Distribuição de renda e crescimento econômico. Estudos avançados, v.
15, n. 41, p. 67-76, 2001.
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Análise A Partir Das Estruturas Econômicas Do Brasil Contemporâneo. In: Anais do XXXIV
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RIBEIRO, Lilian Lopes; CAVALCANTE, Antônio Jorge Santana. Crescimento Econômico,
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
177
ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES RELACIONADAS AO TEMA EXAME DE SUFICIÊNCIA DO
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NO PERÍODO DE 2014 A 2015
Rita Regina Marques Costa35
Jamila Cristina Almeida de Jesus36
RESUMO
Este estudo tem como objetivo apresentar levantamento e análise das publicações nos periódicos
contábeis relacionadas ao tema Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no
período de 2014 a 2015. O referido exame foi criado pelo CFC para habilitar os profissionais com
conhecimentos médios exigidos pelo mercado de trabalho. A base teórica que sustenta a pesquisa é o
estudo de Broitti (2014), com foco para o período de 1989 a 2013, que corresponde à primeira e segunda
fase de aplicação do exame. Quanto ao método utilizado, optou-se pelo quanti-qualitativo, uma vez que
se realizou levantamento bibliométrico dos trabalhos científicos publicados no período proposto, com
identificação do objetivo por periódicos. A comparação dos resultados encontrados demonstrou que o
tema ainda é pouco abordado na proporção da sua relevância, visto que não apresenta representatividade
em relação ao número de periódicos do período estudado. Apesar do exame representar instrumento de
habilitação ao exercício profissional, não tem expressividade nas pesquisas cientificas, haja vista que, das
50 publicações pertencentes aos 30 periódicos investigados, apenas 2, o que corresponde a 6%,
demonstram melhor resultado em relação à pesquisa anterior, que identificou, dentre 437 publicações de
30 periódicos, apenas 15 registros, ou seja, menos de 1%. Destarte, o resultado apresentado demonstra
ainda uma tendência da Revista Brasileira de Contabilidade, como o principal periódico a tratar do tema.
Palavras-chave: Contabilidade. Exame de Suficiência. Formação professional. Produção científica.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea está cada vez mais globalizada, impondo, portanto,
mudanças significativas, seja no ambiente pessoal ou no profissional. Na área contábil, em
específico, tais mudanças são visíveis não só pelos avanços tecnológicos - que aperfeiçoaram o
processamento de dados transformando-os em informações e a divulgação destas, melhorando a
comunicação, mas também pelas mudanças decorrentes das exigências dos órgãos reguladores
da profissão.
Para Padoveze (2010), a complexidade das organizações e o volume de suas transações
exigem profissionais cada vez mais capacitados, que atendam às suas expectativas. Destarte,
para satisfazer essas novas demandas, a atuação profissional contábil não deve se limitar apenas
35
Especialista em Auditoria (FVC), Gestão Pública Municipal (UNIVASF). Docente na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da Faculdade do Vale do São Francisco (FASJ) Email: [email protected] 36
Especializanda em Gestão Pública Municipal (UNIVASF). Contadora da União Contábil. Email: [email protected]
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
178
a fornecer informações financeiras e não-financeiras aos seus usuários, sendo, pois,
imprescindível buscar qualidade nos seus serviços. Assim posto, a Ciência Contábil tem como
finalidade identificar as necessidades dos seus usuários, lhes fornecendo informações objetivas,
qualificadas e úteis (CORDEIRO; DUARTE, 2006).
Segundo Oliveira Neto e Kurotori (2009 apud Broietti 2014), a nova sistemática contábil
global e a necessidade de um profissional com um perfil atualizado germinaram de uma
preocupação em relação aos cursos de graduação no Brasil, aos docentes, aos discentes e às
instituições, no sentido de resguardar a qualidade dos serviços prestados aos seus clientes e o
mínimo de conhecimento ao desempenho do contabilista.
Preocupado em garantir à sociedade um profissional melhor qualificado, o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) implementou programas de fiscalização preventiva, de
educação continuada e exames de certificação, dentre os quais se destaca o exame de
suficiência. Este tem o objetivo de resguardar a qualidade dos serviços prestados aos seus
usuários e o atendimento de um nível mínimo de conhecimento necessário ao desempenho das
atribuições deferidas ao Contabilista (BUGARIM et al, 2014). O exame foi instituído, pela
primeira vez, pelo CFC, em 1999, por meio da Resolução nº853/99, entretanto em 2004 foi
suspenso.
Posteriormente, reconhecendo esse novo panorama acima exposto, o CFC, juntamente
com os Conselhos Regionais, impôs uma nova avaliação pela Resolução nº 12.249, de 2010,
definindo, no artigo 2º, que:
Exame de Suficiência é a prova de equalização destinada a comprovar a obtenção de
conhecimentos médios, consoante os conteúdos programáticos desenvolvidos no curso
de bacharelado em Ciências Contábeis e no Curso de Técnico em Contabilidade
(BRASIL, 2010).
O CFC entende que a obrigatoriedade do exame contribui para melhorar a qualidade dos
cursos de graduação e a qualificação dos profissionais do universo contábil, visto que, para que
o contador possa se registrar no órgão que representa sua profissão, não basta somente a
conclusão do curso de bacharelado, sendo necessária também sua aprovação no Exame de
Suficiência.
Através de um levantamento bibliométrico, utilizando como base os 15 anos decorridos
entre a primeira institucionalização do exame de suficiência (1999) até 2013, e abrangendo todo
o universo contábil, incluindo os cursos de graduação e os cursos técnicos, Broietti (2014)
apresenta em seu estudo a quantidade de publicações em periódicos de Contabilidade que
abordaram esse tema.
Segundo o autor, pesquisas acerca dos artigos publicados sobre o tema, ainda é pouco
estudado e explorado em termos científicos, diante da importância para a classe, visto que é
condição essencial para habilitação profissional. Diante da relevância do referido estudo, surgiu,
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
179
então, o interesse em identificar, por meio desta pesquisa que ora se apresenta, se houve
mudanças significativas em relação aos dados apresentados pelo autor. Para tanto, buscou-se
identificar quantas publicações foram realizadas nos anos de 2014 e 2015 e se apresentam o
tema como um dos mais discutidos no universo contábil, refletindo ou não a credibilidade que o
exame de suficiência traz.
Em síntese, o presente trabalho tem como objetivo demonstrar, a partir da pesquisa de
Broietti (2014), os números de publicações sobre o exame de suficiência nos anos referidos,
verificando, ainda, se ele se revela significativo por ser mecanismo para habilitação de
profissionais contábeis no mercado de trabalho.
Para melhor organização das informações, o artigo foi estruturado em seções, sendo a
primeira introdução, onde foram expostos, respectivamente, o tema da pesquisa, o problema, o
objetivo e a justificativa, seguidos do referencial teórico, metodologia, análise dos dados
coletados e considerações finais.
2 REFERENCIAL TEORICO
Faz parte da atividade desenvolvida pelo profissional contábil avaliar de forma eficaz o
patrimônio da entidade e analisar rigorosamente todas as variações ocorridas em determinado
período de tempo. De acordo com Oliveira (2005, p.27):
A contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objetivo é o
Patrimônio, busca, por meio de apreensão, da quantificação, da classificação do
registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das
mutações sofridas pelo patrimônio da Entidade particularizada, a geração de
informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos
físicos, quanto monetários.
Por ser uma profissão legalmente regulamentada, a contabilidade está sujeita à
legislação específica, por isso foram criados, por meio do Decreto-lei n.º 9.295/46, o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de Contabilidade, cujo objetivo é
promover o registro profissional e a fiscalização do exercício dos Contadores e dos Técnicos em
Contabilidade no país, com o objetivo de impedir e punir as infrações sobre as violações
apuradas. De acordo com §1º, do art. 1º, Resolução CFCn.º1370/11, é de competência dos
Conselhos de Contabilidade:
I –registrar, fiscalizar, orientar e disciplinar, técnica e eticamente, o exercício
da profissão contábil em todo o território nacional;
II – regular sobre o Exame de Suficiência, o Cadastro de Qualificação Técnica
e os Programas de Educação Continuada;
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
180
III – editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e
profissional, bem como os Princípios Contábeis.
No art. 6º da mesma Resolução (CFC nº 1379/11,pag. 6) ressalta-se que:
O CFC é responsável pela “regulamentação das atividades-fim do Sistema
CFC/CRCs, bem como a fiscalização e o controle das atividades financeiras,
econômicas, administrativas, contábeis e orçamentárias dos Conselhos de
Contabilidade”.
Por conseguinte, as atividades contábeis somente podem ser exercidas por profissionais
habilitados pelo Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Para garantir o cumprimento dessa
lei, foi instituído, pelo CFC, o exame de suficiência, por meio da Resolução CFC nº 853/99
(alterada pela Resolução CFC nº 933/02,). O exame tem como objetivo resguardar a qualidade
dos serviços prestados aos seus usuários e verificar a existência de um nível mínimo de
conhecimento necessário ao desempenho das atribuições deferidas ao Contabilista.
A comprovação do conhecimento médio adquirido pelo estudante na graduação ou no
curso técnico, a fim de que ele possa atender às exigências do mercado, com conhecimento
técnico, se tornou obrigatória a partir de 2010, com a Lei nº 12.259/10, que possibilitou ao CFC
instituir e dispor sobre o Exame de Suficiência. Neste contexto, os art. 17 e 18, parágrafos
XXXIII e XXIII, da Resolução n.º CFC 1370/11 estabelecem que:
O CFC é responsável por dispor sobre o Exame de Suficiência Profissional
como requisito para concessão do registro profissional, cabe ao CRCs tomar as
providências necessárias à realização dos Exames de Suficiência para
concessão do registro profissional, observada a disciplina constituída pelo
Conselho Federal.
Desde então, as Instituições de Ensino Superior (IES) passaram a se preocupar com a
preparação de seus alunos para o referido Exame. Assim, não cabe mais às instituições apenas
desempenhar o papel de transmitir conhecimento e construção científica, elas devem formar
profissionais especializados em áreas específicas, com capacidade para exercerem a profissão
com competência e zelo.
Para Pimenta (2002, p.164) a universidade tem o dever de “propiciar o domínio de um
conjunto de conhecimentos, métodos científicos, que assegurem o domínio científico e
profissional do campo específico e estes devem ser ensinados criticamente”. O autor
complementa afirmando que também é papel da universidade conduzir o aluno na busca pelo
conhecimento, pelo aperfeiçoamento em determinado campo, desenvolvendo a capacidade de
pensamento e contribuindo para o desenvolvimento do país.
Segundo Peleias (2006, p.15), é atribuição das universidades “a transmissão da cultura, a
investigação científica, a educação dos novos homens de ciência e de cultura, o ensino das
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
181
profissões e, finalmente, a prestação de serviços à sociedade, mediante ao desenvolvimento das
atividades denominadas de extensão”. Para ele, o Exame de Suficiência é uma contribuição para
a melhoria e o fortalecimento do conceito dos profissionais contábeis, pois é uma avaliação
destinada a comprovar os conhecimentos dos futuros profissionais contábeis, sendo responsável
pelo reconhecimento profissional, garantindo maior excelência e modernização nos serviços
contábeis prestados. Portanto, pode ser considerado um grande feito para a contabilidade no
Brasil.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa, quanto à abordagem, caracteriza-se como qualiquantitativa, visto que se
utilizou de recursos estatísticos para a coleta e tratamento dos dados e para análise dos
resultados. A respeito desse tipo de pesquisa, Fonseca (2002, p. 20) esclarece que:
A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as
causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta
da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que
se poderia conseguir isoladamente.
Quanto aos objetivos, se refere a uma pesquisa descritiva. Conforme Cerco e Bervian
(2002, p. 67), nesse tipo de pesquisa “são investigados documentos a fim de se poder descrever
e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características”.
Como instrumento, optou-se pela pesquisa bibliográfica, que consiste no levantamento
de informações usadas no desenvolvimento da pesquisa. De acordo com Silveira (2000, p. 70):
A pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando-se resolver um problema ou
adquirir conhecimento a partir do emprego predominante das informações
advindas de material gráfico, sonoro e informatizado, assim é utilizada neste
trabalho, por meio de pesquisas, via internet e artigos.
Na análise dos dados, por sua vez, utilizou-se como base os resultados apresentados pela
pesquisa de Broietti (2014), apresentada no 5º Congresso UFSC de Controladoria e Finanças &
Iniciação Cientifica em Contabilidade, que compreendeu o período de 1998 a 2013, utilizando
como amostra 30 periódicos. Os periódicos escolhidos pelo autor foram somente os periódicos
nacionais e classificados segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), que possuem o conceito “A”, “B” e “C” e que publicam assuntos
relacionados à contabilidade. Conforme Broietti (2014), este conjunto de
procedimentos de avaliação, conhecido como sistema “Qualis”, indicam a qualidade em que
cada periódico se encontra, classificando-os em uma posição em indicativos de qualidade, que
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182
vão do A1 (mais elevado, melhor classificação), passando por A2, B1, B2, B3, B4, B5, ao C
(pior classificação).
Para garantir condições de comparação entre os resultados do autor e os desta pesquisa,
manteve-se a análise das publicações nos mesmos periódicos, sendo o novo intervalo
compreendido entre 2014-2015 e utilizando como critério a busca pela palavra-chave “exame de
suficiência” no título, e/ou em resumo.
Em seguida, foram utilizadas a estatística descritiva e análise de correspondência para a
seleção dos dados, recorrendo-se à análise bibliométrica, referenciada na teoria de Bradford,
sobre produtividade de periódicos em relação a determinado assunto, e na teoria de Lotka, que
descreve a frequência de publicações por autor. O método bibliométrico, geralmente é utilizado
para se fazer levantamento da quantidade e qualidade de artigos sobre um tema que é
considerado relevante para uma determinada área. Segundo Faro (2007), pode-se medir os
padrões estatísticos encontrados em diversos tipos de publicação, não se limitando aos
livros, considerando variáveis como: autoria, fonte, origem geográfica e citações. Assim, a
opção por esse critério foi por proporcionar verificar a ocorrência do termo “Exame de
Suficiência” nas publicações dos periódicos nacionais.
4 ANÁLISE DO RESULTADO
Na pesquisa de Broietti (2014), considerando os 15 anos por ele estipulados, foram
identificados 30 periódicos da área contábil, num total de 437 publicações, conforme quadro
abaixo:
Quadro 1: Relação dos Periódicos
Revista de Contabilidade e
Finanças
Revista de Gestão, Finanças e
Contabilidade
Revista de Ciências Contábeis
– RCIC
Revista contemporânea de
Contabilidade
CAP- Accountingand
Management (TECAP -
UTFPR)
Revista Eletrônica de
Contabilidade da UFSM
Contabilidade, Gestão e
Governança
Revista Catarinense da
Ciência Contábil
Revista Paulista de
Contabilidade
Enfoque: Reflexão contábil
Revista de Contabilidade da
UFBA Contabilidade Vista e Revista
RACE: Revista de
Administração,
Contabilidade e economia Revistas de Estudos Contábeis
Revista Contemporânea de
Negócios
Revista Ambiente Contábil
Revista de Administração e
contabilidade da FAT
Revista Contabilidade do
Mestrado da UERJ
Sociedade, Contabilidade e
Gestão
Revista Mineira de
Contabilidade
Revista de Controle e
Administração do RJ
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Pensar Contábil
RACI. Revista de
Administração e Ciências
Contábeis do IDEAU
Revista de Administração e
Contabilidade (Univ.Vale do
Rio dos Sinos)
RACEF: Revista de
Administração,
Contabilidade e Economia
da FUNDACE Razão Contábil (São Paulo)
Revista Brasileira de
Contabilidade do CFC
Registro Contábil:
RECONT
Revista Contabilidade e
Informação
Revista Eletrônica de
Contabilidade
Fonte: Broietti (2014).
Entre esses periódicos, apenas 9 contaram com edições publicadas referente ao tema
Exame de Suficiência, totalizando, assim, 15 artigos publicados, discriminados, conforme o
quadro abaixo:
Quadro 2: Edições por periódico, no período 1989 -2013, que abordam o Exame de Suficiência
Periódicos Sigla
Período de
publicação
Edições
publicadas por
periódicos
Total de
Exemplares que
tem artigos
Relacionados ao
Exame de
Suficiência
Contabilidade Vista e Revista CVR 1989 -2012 65 3
Revista Conteporranea de Negócios RCN 2007-2011 5 1
CAP- Accountingand Management
(TECAP - UTFPR) CAP 2006-2012 6 1
Revista Contabilidade do Mestrado
da UERJ RCM 1995-2003 41 1
Revista de controle e Administração
do RJ RCA 2005-2012 16 1
Revista de Administração e
Contabilidade (Universidade Vale
do Rio dos Sinos) RAC 2004-2013 31 2
Revista Eletrônica de Contabilidade
da UFSM REC 2004-2012 11 1
Revista de Contabilidade e Finanças RCF 1996-2013 61 2
Revista Brasileira de Contabilidade RBC 1971-2013 201 3
TOTAL 437 15
Fonte: Broietti (2014).
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184
Nesse período, o periódico que mais constou publicações foi a Revista Brasileira de
Contabilidade (RBC), seguido pela revista Contabilidade Vista e Revista (CVR). Conforme o
autor, o número de artigos encontrados com alguma relação direta sobre o assunto não atingiu
1% dos exemplares consultados por periódico, conforme se verifica no quadro abaixo:
Quadro 3: Proporção de Artigos sobre o Exame de Suficiência por periódico
Fonte: Dados da Pesquisa de Broietti (2014)
No que diz respeito à análise do período de 2014-2015, foram identificados um total de
50 publicações, entretanto apenas 1 periódico apresentou artigos sobre exame de suficiência.
Comparando com os 9 periódicos identificados na pesquisa anterior, apenas a
Revista Brasileira de Contabilidade, que anteriormente teve 3 publicações, apresenta 2
publicações, como se verifica no quadro abaixo:
Quadro 3: Edições Publicadas por periódicos no período 2014-2015
Periódicos Sigla
Período de
publicação
Edições
publicadas
por
periódicos
Total de
Exemplares
que têm
artigos
Relacionados
ao Exame de
Suficiência
Contabilidade Vista e Revista CVR 2014-2015 6 0
Revista Contemporânea de Negócios RCN 2014-2015 2 0
CAP- Accountingand Management
(TECAP - UTFPR) CAP 2014-2015 2 0
Revista Contabilidade do Mestrado RCM 2014-2015 6 0
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
185
da UERJ
Revista de controle e Administração
do RJ RCA 2014-2015 4 0
Revista de Administração e
Contabilidade (Univ. Vale do Rio
dos Sinos) RAC 2014-2015 8 0
Revista Eletrônica de Contabilidade
da UFSM REC 2014-2015 4 0
Revista de Contabilidade e Finanças RCF 2014-2015 6 0
Revista Brasileira de Contabilidade RBC 2014-2015 12 2
TOTAL 50 2
Fonte: O Autor
Ao analisar os objetivos dos artigos encontrados, verificou-se que o artigo de Rogério
João Lunkes, Fabrícia Silva da Rosa, Dayana Fernandes da Silva, Rosana Bernardes (2014)
teve por objetivo identificar e analisar os temas abordados na Contabilidade Gerencial nas
quatro primeiras edições do Exame de Suficiência para bacharéis em Ciências Contábeis. Já o
artigo de Idalberto José das Neves Júnior, Simone Alves Moreira, Roberto Gonçalves dos Reis,
Rogério Lacerda de Faria (2015) teve por objetivo analisar a percepção dos respondentes quanto
à importância do Exame de Suficiência como ferramenta de avaliação de qualidade na formação
profissional do contador. Segue quadro com identificação do título, ano e nome do artigo:
Quadro 4: Relação dos artigos sobre exame de suficiência, no período de 2014-2015
Periódico Nome do Artigo
Ano
Publicação Autores
Revista
Brasileira de
Contabilidade
do CFC
Análise do Exame de Suficiência
do CFC: um estudo sobre as
questões de Contabilidade
Gerencial 2014
Rogério João Lunkes,
Fabrícia Silva da Rosa,
Dayana Fernandes da Silva ,
Rosana Bernardes.
O Exame de Suficiência contábil
na percepção dos inscritos que se
submeteram à prova no Distrito
Federal 2015
Idalberto José das Neves
Júnior, Simone Alves
Moreira, Roberto Gonçalves
dos Reis, Rogério Lacerda
de Faria
Fonte: Elaborado pelos autores, com base nos dados desta pesquisa.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
186
Ao se comparar os dados dois períodos analisados, considerando as devidas proporções
de publicações, identificou-se que na pesquisa anterior o percentual de artigos relacionados ao
Exame de Suficiência não chegou a 1% de publicações e com hegemonia da região Sul e
Sudeste do país. Já no período de 2014-2015 esse percentual passou para 4% concentrada na
região Sul e Centro-Oeste. Embora o percentual tenha aumentado, continua inexpressivo em
relação ao número total de publicações da área contábil.
5 COSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa atingiu seu objetivo de demonstrar os números de publicações nos últimos
dois anos e se o mesmo se revela significativo em relação à temática de interesse no universo
contábil. A comparação dos resultados demonstrou um número inexpressivo de publicações e
suscitou questionamento se o tema é devidamente trabalhado e divulgado durante a formação
dos discentes pelos docentes, juntamente com as IES, na proporção do seu grau de importância,
visto que é condição essencial para a habilitação profissional.
Entende-se, pois, que a finalidade do exame não é só de habilitar, mas também de
possibilitar formar profissionais capacitados para uma atuação satisfatória na sociedade. Assim,
torna-se essencial estimular questionamentos e suscitar o interesse pela investigação sob
diversos aspectos, tais como: analisar se as questões cobradas estão em conformidade com o
currículo mundial; verificar na percepção desses profissionais se existe correlação do
desempenho com aprovação no exame e investigar que fatores contribuem para o resultado aqui
apresentado.
Posto isso, ressalta-se a importância de novas pesquisas com uma amostra mais
abrangente, a fim de compreender a percepção dos alunos nas principais IES por região e se os
mesmos a consideram como ferramenta eficaz de habilitação profissional. É interessante ainda
investigar o porquê do tema não estar entre as temáticas mais discutidas no universo contábil,
além de investigar se a inexpressividade do resultado aqui apresentado tem alguma relação com
o numero de aprovação.
De fato, é notório que o tema aqui exposto apresenta relevância para o exercício
profissional, entretanto, não no mesmo grau das demais pesquisas acadêmicas. Isso suscita a
necessidade de maior divulgação e questionamentos durante a formação do docente da área
contábil, propor novas reflexões sobre o tema, além de contribuir para que corpo docente e as
Instituições auxiliem no melhor desempenho dos egressos no mercado de trabalho, tanto quanto
no aprimoramento do profissional contábil, através da formação continuada.
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187
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
189
A UTILIDADE DE UMA OBRA LITERÁRIA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA.
Inaldo Moreno de Sousa37
RESUMO
O presente trabalho busca contribuir para o estudo e a utilização de vários recursos no ensino de
Geografia, permitindo assim realizar relações interdisciplinares com outras matérias a exemplo
da Literatura. Demonstra também alguns exemplos de autores e suas respectivas obras literárias
como Euclides da Cunha em “Os Sertões”, José de Alencar e o romance O Guarani,assim como
o outro Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto que podem ser trabalhadas em sala
de aula de forma construtiva e interativa. Romances, poemas e crônicas são materiais valiosos
para mostrar, através de diversos pontos de vista diferentes, como o homem e o ambiente se
interagem. A importância de construir um ensino interdisciplinar reside também na integração
do ensino à realidade, formando discentes capazes de compreender a sociedade da qual fazem
parte como indivíduos.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Ciência Geográfica, Textos Literários.
ABSTRACT
This paper seeks to contribute to the study and use of various resources in the teaching of
geography, thus perform interdisciplinary relationships with other materials such as the
Literature. It also shows some examples of authors and their literary works such as Euclides da
Cunha in "The Hinterlands", José de Alencar O Guarani and romance, Morte e Vida Severina by
João Cabral de Melo Neto that can be worked in class constructively and interactive. Novels,
poems and chronicles are valuable materials to show, through several different viewpoints, as
the man and the environment interact. The importance of building an interdisciplinary teaching
in the integration of to reality, making students able to understand the society of which form
part as individuals.
Keywords: Interdisciplinary, Geographical Science, LiteraryTexts.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a Geografia a exemplo de algumas disciplinas, tem buscado em
outras áreas um trabalho de forma interdisciplinar, lançando mão de outras fontes de informação
37 Graduado no curso de Licenciatura Plena em Geografia com Especialização em Educação Ambiental
pelo Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF), Mestre em Ciências da Educação
pela Unisal (Universidade San Lorenzo/Uniaméricas), Professor Efetivo do Centro de Ensino Superior
do Vale do São Francisco (CESVASF), Professor de Geografia, Artes e Ecumenismo na Escola
Professora Odete Lustosa (EPOL), Colégio Nossa Senhora do Patrocínio (CNSP) -
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
190
e redes- cobrindo nestas disciplinas, a exemplo da Literatura, um instrumento que instigue o
interesse do aluno e proporcione curiosidade sobre a leitura e compreensão do espaço e da
paisagem como um todo. A ciência geográfica, ao redefinir o seu principal objeto de estudo, o
espaço, remete-se a uma análise mais perceptiva, participativa e, consequentemente, reflexiva.
Assim, objetiva-se uma renovação no imaginário geográfico, para reafirmar a sua importância e
necessidade na compreensão das transformações espaciais e como o homem se comporta diante
de tais mudanças ao seu entorno. Considerando a Geografia uma disciplina indispensável à
análise sócio-espacial, percebe-se como esta, na contemporaneidade, vem reafirmando o seu
objeto de estudo, não só técnico-científico, mas, principalmente à educação nas escalas local,
regional e global.
Reportando-se a Tomasi (2004, p.13), faz-se a seguinte colocação:
“Na evolução do conhecimento geográfico é possível verificar a busca
por diversas abordagens, das relações entre homem e natureza, numa
constante dicotomização e posteriormente entre sociedade e natureza
buscando apreender uma visão mais totalizante do espaço em suas
investigações.”
De acordo com os PCN's (1999, p.39/40) a Geografia é em si um saber
interdisciplinar, e abandonou sua posição de se constituir como uma ciência de síntese, ou seja,
capaz de explicar o mundo sozinha, por isso a cada dia busca a necessidade de relacionar-se com
outras ciências, ultrapassando seus limites conceituais sem, no entanto, perder sua identidade e
especificidade. Na sua busca por pensar o espaço enquanto totalidade, de estabelecer uma
unidade na diversidade da paisagem geográfica e de abrir outras possibilidades mediante a visão
de conjunto. A Ciência Geográfica pode ajudar a romper a fragmentação factual e
descontextualizada.
2. O ENSINO DE GEOGRAFIA E A LITERATURA
Para trabalhar os textos literários na disciplina de Geografia, o professor, antes de
tudo, precisa definir os seus objetivos de leitura e escolher as publicações (bibliografias) que
melhor se adaptem aos conteúdos a serem ensinados aos seus discentes. Os pontos que serão
focados em sua forma de aprendizagem devem demonstrar clareza. Definido o livro, há duas
opções a ser seguida: usar com o objetivo de finalizar o estudo de um assunto e ilustrar os
conteúdos que a turma aprendeu nas aulas anteriores ou apresentá-lo aos alunos para dar início à
discussão gerando algumas problemáticas através do tema que será aprofundado com o apoio do
livro didático.
O processo de ensino da Geografia no Brasil, diferentemente de outros países,
continua negligenciando os textos literários como embasamento informacional e de construção
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do conhecimento, apesar de toda riqueza espacial representada pela literatura nacional. Apesar
de a literatura ser pouco utilizada nas análises do espaço geográfico ela tem sido apontada pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais como possibilidade interdisciplinar com a Geografia.
Reportando-se, ainda, aos PCN's entende - se que é possível aprender a disciplina Geografia a
partir da leitura de obras de autores consagrados de nossa literatura.
Autores renomados como José de Alencar e o romance O Guarani, que está inserido
na corrente filosófica do Romantismo que se baseia, a princípio, nas ideias do pensador
iluminista Jean Jacques Rousseau, segundo o qual o Homem é visto como ser originalmente
puro sendo corrompido pela sociedade. Esse texto literário pode ser utilizado tanto pela
Geografia quanto pela História, Sociologia e Filosofia dentre outras disciplinas. Outras obras de
Alencar que também podem ser trabalhadas de forma interdisciplinar tanto pela Geografia
quanto por outras disciplinas, uma vez que o autor não se limitou a escrever romances
classificados como indianistas, temática relacionada com a primeira geração romântica, há, de
forma bem clara em suas produções literárias, romances que também tratam de problemáticas
regionais e urbanas diagnosticadas e que perduram nos dias atuais.
Embora tenha sido feita referência à obra de José de Alencar, classificada na
literatura brasileira como romântica, os estudos entre Geografia e Literatura têm sido realizados
principalmente com autores das correntes Realista e Naturalista, justamente por estes buscarem
dar a suas obras um caráter documental e de denúncia aproximando ao máximo a ficção da
realidade com o intuito de propor discussões políticas acerca das temáticas abordadas. Temos
como autores dessas correntes: Machado de Assis, Lima Barreto, Aluízio de Azevedo e muitos
outros. Podemos citar o escritor Euclides da Cunha que com sua brilhante obra, demonstra a
fragilidade e as mazelas de uma região castigada pela seca e fortemente marcada por um
fanatismo religioso local. Neste cenário completamente inóspito, Euclides da Cunha cobriu o
conflito de Canudos para o jornal O Estado de São Paulo. Sua intenção naquele momento era
escrever uma série de reportagens e voltar. Mas sua vida e sua obra transformaram-se pelo
impacto do que viu. Das páginas do diário que escreveu no interior da Bahia nasceu uma das
mais importantes obras da literatura brasileira: Os Sertões.
A obra, de difícil classificação, apresenta características de tratado científico e de
investigação Sócioantropológica, de matéria jornalística e, também, de texto literário.
Com clara visão determinista, o romance liga-se ao Naturalismo e a visão do homem
como produto no meio em que vive. Euclides, porém, dá ao determinismo fortes contornos
regionalistas, e sua obra intensifica, em cerca de três décadas, a linha mestra da prosa de ficção
da segunda geração modernista: o romance regionalista.
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“Euclides relata a gênese do líder messiânico com tonalidades fortes:
“[...] E surgia na Bahia o anacoreta sombrio cabelos crescidos até os
ombros, barba inculta e longa; face escaveirada, olhar fulgente;
monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordado ao
clássico bastão em que se aporá o posso dos peregrinos [...]”.
No romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, pode-se identificar
claramente uma crítica ao nacionalismo absurdo representado na figura deste personagem
fictício e, também, ao nacionalismo, extremismo nacionalista que pode se tornar perigoso nas
mãos de ditadores autoritários muitas vezes detentores de poderes absolutos, como o
coronelismo da época e que, ainda, perdura até dos dias atuais em pequenos centros sertanejos.
Por isso, alguns críticos literários acreditam que o livro de Lima Barreto escrito em 1915 é uma
profecia sobre os regimes autoritários nazi-fascistas que drasticamente viriam a se fortalecer a
partir de 1930. Em seus romances, Lima Barreto, também descreve algumas passagens sobre o
subúrbio carioca sua população e seu modo de vida fazendo assim uma crítica à forma como o
Estado age em relação a essa parcela do espaço urbano.
Veja nestes fragmentos como Lima Barreto descreve o subúrbio em Triste Fim de
Policarpo Quaresma (p.86-87):
“Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa em matéria de
edificação de cidade. A topografia do local, caprichosamente
montanhosa, influi de certo para tal aspecto, mais influíram, porém os
azares das construções. Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem
plano qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiram como se fossem
semeadas ao vento, e conforme as casas as ruas se fizeram. Há algumas
delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem
vielas; dão circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com
ódio tenaz e sagrado.”
No romance Clara dos Anjos (p.52 - 55) o literato segue mostrando o processo de
ocupação do subúrbio carioca e a negligência do Estado neste processo. O subúrbio
propriamente dito é uma longa faixa de terra que se alonga desde o Rocha ou São Francisco
Xavier até Sapopemba tendo para eixo a linha férrea da Central.
Para os lados, não se aprofunda muito, sobretudo quando se encontra com
colinas e montanhas que tenham a sua expansão; mas, assim mesmo, o subúrbio
contínua invadindo, com as azinhagas e trilhos, charnecas e morrotes. Passa-se
por um lugar que supomos deserto, e olhamos, por acaso, o fundo de uma grota,
donde brotam ainda árvores de capoeira, lá damos com um casebre tosco, que
para ser alcançado torna-se preciso descer uma ladeira ta quase a prumo. [...]
Há casas, casinhas, casebres, barracões, choças por toda a parte onde possa
fincar quatro estacas de pau e uni-las por paredes duvidosas. Todo o material
para essas construções serve: são latas de fósforos distendidas, telhas velhas,
folhas de zinco, e, para as nervuras das paredes a taipa, o bambu, que não é
barato. [...]
Nos fragmentos citados dos romances de Lima Barreto destacam-se, com mais
clareza, as questões urbanas que mostram como a expansão da cidade em direção ao subúrbio
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segregou espacialmente a população mais pobre e como a ausência do Estado neste processo de
expansão ocupação do subúrbio carioca lhe conferiu características específicas. No entanto a
contribuição desse autor para o ensino de geografia e de outras disciplinas é muito maior. Lima
Barreto escreveu romances que denunciam a escravidão, fazem críticas ao ufanismo republicano
e a maneira como as mulheres eram educadas durante aquele período. Lessa (2001, p.224) nos
fala que Lima Barreto em seus romances, não se especializa nem é atraído pelos transgressores.
Fala dos cinzentos e "não - folclorizáveis”, fala dos anônimos que sustentam e mantêm viva a
cidade. Fala com carinho e sem mistificação do povo dos subúrbios e do escalão humilde da
pirâmide social, relatando, assim, a crueza da condição humana imposta àquelas pessoas.
Conforme Teixeira (2007) no romance naturalista O Cortiço, Aluísio Azevedo traça
um painel da sociedade brasileira representando em seus personagens os fatos sociais e políticos
da época. O romance retrata a transformação na organização espacial na Cidade do Rio de
Janeiro, particularmente do bairro de Botafogo, a partir da construção de O Cortiço, o autor
descreve minuciosamente o cotidiano dos habitantes deste tipo de residência popular, suas
expectativas futuras, seus hábitos, seus sentimentos em relação àquele ambiente.
Azevedo dá à obra um enfoque de denúncia social, a obra tem como foco delatar a
miséria, a prostituição e a exploração, apontando, ainda, as falhas do sistema ao expor
minuciosamente a exploração dos cortiços. O romancista, inteligentemente, utilizou suas obras
como veículos de divulgação do que se queria possivelmente combater: a especulação
imobiliária e o enriquecimento dos proprietários das habitações coletivas. Podemos afirmar que
a obra de Azevedo é um importante meio para entendermos o panorama do espaço geográfico
carioca no final do século XIX.
Em Vidas Secas, Graciliano Ramos chama a atenção do leitor para as adversidades
naturais e as injustiças sociais as quais o povo nordestino está exposto. O autor nos mostra os
caminhos que seus personagens percorrem e como os mesmos sofrem com a aridez do lugar, a
exploração e o abuso por parte dos poderosos coronéis, a humilhação cotidiana e, o pior, a
escassez de água e comida. A obra de Graciliano Ramos nos permite realizar uma aproximação
com diversas disciplinas, assim como todas as obras literárias citadas neste estudo, pois as
mesmas representam momentos da construção da sociedade brasileira que, com sua integração
com o meio físico e a partir das relações sociais estabelecidas pelos seus membros, imprimiram
ao longo do tempo características especificas ao espaço geográfico brasileiro.
Diversos outros literatos representaram a cidade do Rio de Janeiro em suas obras
para se fazer uma leitura do espaço geográfico da cidade e das relações sociais que se
desenvolviam em um momento de construção da sociedade brasileira, sociedade esta que
buscava uma identidade nacional. O Rio de Janeiro foi referência principal da literatura
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nacional, talvez por já ter sido capital imperial e da República. A cidade está presente nas obras
A Moreninha de Manoel de Macedo, Senhora de José de Alencar, O Encilhamento de Visconde
de Taunay, entre outras.
3. PROPOSTA PEDAGÓGICA UTILIZANDO A OBRA DE JOÃO CABRAL DE
MELO NETO “MORTE E VIDA SEVERINA” E “O QUINZE” DE RAQUEL DE
QUEIROZ.
A obra Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto pode ser utilizada com
os alunos para demonstrar os aspectos da paisagem nordestina do semiárido, seu povo, sua
cultura e crenças e o êxodo rural já que na obra fica evidente a passagem do personagem central
que sai do Sertão passando pelo Agreste, Zona da Mata até chegar ao Litoral na busca de
sobrevivência e melhoria de vida. Podem-se levar os alunos, através de exercícios, a
identificarem os aspectos destes lugares (zonas). Outra proposta que pode ser feita com esta
obra, é a relação do homem com o lugar em que vive. Através de Morte e Vida Severina, pode-
se criar uma relação entre ambos e demonstrar para os alunos sobre isso.
Uma estratégia que merece destaque seria mostrar, também, o valor intrínseco do
espaço no qual o homem nordestino vive, a ponto de criar uma identidade com o lugar.
Colocando estes exemplos, pode-se aplicar ao aluno como atividade, uma pesquisa sobre a
situação do Nordeste em todos os aspectos, seja social, econômico, cultural, político e natural,
além disso, incentivar os alunos a buscar, pesquisar, interpretar e prospectar ideias e
questionamentos a partir das obras clássicas de mesmo estilo para observarem melhor a
geografia humana do Sertão e as paisagens naturais e urbanas do Nordeste. Propor, também,
discussões sobre o Nordeste no século 21 contrapondo-o aos relatos literários das obras
propostas e a realidade atual
Desta forma, utilizando-se a obra Morte e Vida Severina, pode-se ensinar sobre a
região Nordeste em escola de todo o Brasil.
O Quinze, de Rachel de Queiroz (1910-2003), é um romance que traz um exemplo
bem típico do semiárido nordestino: a saga dos retirantes cearenses na seca de 1915. A obra em
questão é um romance com todos os caracteres modernistas e neorealistas. Modernistas a
despeito das normas vigentes da geração de 30 a 45 em que, com a atenção voltada para o
nacionalismo, para a cultura brasileira, surge então a ficção em prosa regionalista, em que a
autora, com 20 anos, escreve este, se não único romance verdadeiramente regional e social. Nele
pode ser destacada a saga dos flagelados representantes da desastrosa seca no ano de 1915. Estes
personagens: Chico Bento e sua família, Conceição, Vicente, mãe Nácia, também respondem
pela sociedade do Logradouro e do município de Quixadá, interior do Ceará, com suas crenças,
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costumes e tradições: “Ô meu boi! Ô lá meu boi é! Meu boi manso! Ô ê... ê...ê...” (QUEIROZ:
1930, p. 23).
Depois de mencionar fatos de que a seca leva o homem nordestino ao desespero e a
consequente saída do seu ambiente natural em busca de sobrevivência outros lugares (os
retirantes) é de imensurável importância citar o evento da migração como um problema social.
Do século XIX atéo século XXI, milhares de nordestinos migraram e continuam migrando para
o sul e sudeste do Brasil. Um grande exemplo é a formação de megalópoles como em São Paulo
e no Rio de Janeiro. Esses Estados formam um aglomerado populacional de 51.333.752
(cinquenta e um milhões trezentos e trinta e três mil e setecentos e cinquenta e dois habitantes).
(A ESCOLA EM CASA: 2005, p. 274).
O inesquecível Patativa do Assaré em sua descrição literária sobre o lamento do
sertanejo (Triste Partida), que migra para outro estado retratando todo sofrimento que o mesmo
se depara através do seu deslocamento da seguinte forma:
“Nós vamos a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Cá e pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
Ai, ai, ai, ai
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
Meu Deus, meu Deus
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
Ai, ai, ai, ai
Em um caminhão
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
Meu Deus, meu.”
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4. CONCLUSÃO
Acredita-se, realmente, que as propostas aqui abordadas sejam de possível e fácil
aplicação em sala de aula, visto que a produção literária nacional é rica em autores (escritores)
que buscam em suas obras retratar as diversas paisagens, regiões, biomas, panoramas sociais e
urbanos sem esquecer-se dos aspectos políticos, sociais e culturais da sociedade que as tornam
muito importantes em diferentes temporalidades. Muitos são os literatos que nos propõem um
olhar fictício com viés histórico e, ainda, podem nos auxiliar na busca pelo entendimento da
construção do espaço geográfico como produto histórico e social, pois para entendermos o
espaço, principalmente como ele é hoje devemos estar atentos aos processos que influenciaram
e que de alguma forma continuam influenciando ainda hoje a produção do espaço geográfico
como um todo.
Através de renomadas obras literárias, no caso deste artigo, que têm como um
exemplo Morte e Vida Severinade João Cabral de Melo Neto, O Quinze, de Rachel de Queiroz,
o estudo de espaço, lugar e regionalismo do Nordeste ficam notadamente evidentes, deixando o
aprendizado muito mais fácil, além da magia que a literatura proporciona em relação as suas
obras. Ficam claras a importância e a contribuição que às obras literárias podem dar ao processo
de ensino/aprendizagem da Geografia. É só escolher as obras que melhor se adaptem à sua
proposta de trabalho e verificar o que ela pode proporcionar de interdisciplinaridade para
formação critica e conhecimento do se aluno.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARALDI, Adriana Rosinha. Construção do conhecimento através da interdisciplinaridade
In. REGO Nelson, SUERTEGARYDirce, HEINDRICH Álvaro Orgs. Geografia e Educação:
Geração de Ambiências. Porto Alegre: Universidade/UFRGS, 2000.
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Editorial So l90.Barcelona. Espanha. 2004.
BASTOS, A.R V.R. Geografia e Romances Nordestinos das Décadas de 1930 e 1940: Uma
Contribuição ao Ensino. Dissertação de Mestrado em Geografia, Departamento de Geografia/
USP.1993.
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apresentação dos temas transversais, ética / Secretária de Educação Fundamental. -Brasília:
MEC/SEF, 1997.
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KAERCHER, Nestor André. A Geografia é o nosso dia-a-dia. In CASTROGIOVANI, A. C.;
CALLAI, H.C.; SHÄFFER, N.O.; KAERCHER, N.A.; (Orgs) Geografia em sala de aula:
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MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas para vozes. 34ª ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
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2004.
SOMMA,Miguel L. Alguns Problemas Metodológicos no Ensino de Geografia. In:
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Práticas e Reflexões. 4ª ed. Porto Alegre: AGB, seção Porto Alegre, 2003.
TEIXEIRA, Ana Lúcia. O entendimento da organização espacial da cidade do Rio de
Janeiro a partir da obra de Aluísio de Azevedo: O Cortiço / Ana Lúcia Teixeira, 2007.
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MARKETING SOCIETAL: COMPREENDENDO SUA APLICAÇÃO NAS
ESTRATEGIAS DAS ACADEMIAS DE JUAZEIRO-BA
Cleiane Alves dos Santos Pionorio38
Erika Maria Jamir de Oliveira39
Géssica Tamires Barbosa Silva40
Lilian Filadelfa Lima dos Santos Leal41
Victor Cunha dos Santos Souza42
RESUMO:
Objetivou-se com este trabalho identificar e compreender o marketing societal nas estratégias
organizacionais das academias da cidade de Juazeiro, estado da Bahia, como também
compreender sua importância com relação às necessidades e desejos dos usuários destes
serviços. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, exploratória - descritiva com duas unidades
empresariais (academias). Os gestores analisados reportam que, o marketing societal
possibilitou a expansão e o sucesso da cartela de serviços ofertados no segmento de academias
de exercícios físicos, logo, existia deficiência na oferta em quantidade e qualidade desses
serviços na cidade de Juazeiro-BA. Conclui-se que, as empresas analisadas faz o uso do
marketing societal, além disso, constatou-se que há uma agregação de oferta de serviços visando
à manutenção e fidelização destes usuários às academias de exercícios físicos.
Palavras-chaves: Marketing Societal, Estratégia, Academias
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos houve um aumento significativo na quantidade e na qualidade das
academias da cidade de Juazeiro, estado da Bahia. Os investidores desta segmentação
perceberam a necessidade que a população tinha não só de uma academia, mais de serviços afins
que agregassem valores a sua busca por saúde, bem-estar, estética e a redução ou perda do
sedentarismo, ou seja, a preocupação com a qualidade de vida.
Devido a estas relevâncias, surge à motivação à pesquisa para compreender a aplicação
do marketing societal neste mercado, quanto o seu estudo, sua importância e aplicação nas
estratégias destas organizações, com relação às necessidades e desejos do público alvo.
O marketing societal tem como propósito agregar ao produto ou ao serviço
responsabilidade social, tornando-se um aspecto fundamental na gestão da organização. Esta
orientação é estimulada pela tomada de consciência por parte do consumidor, do impacto que o
consumo pode causar na sociedade quando considera apenas uma visão de curto prazo, ou seja,
38
Graduanda em Administração – [email protected] - Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ) 39
Orientadora – Especialista em MBA em Gestão Empresarial – [email protected] - FASJ 40
Colaboradora - Graduanda em Administração – [email protected] - FASJ 41
Colaboradora - Graduanda em Administração – [email protected] - FASJ 42
Colaborador - Graduando em Administração – [email protected] - FASJ
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a orientação de marketing societal tem como objetivo preservar ou melhorar o bem-estar do
consumidor e da sociedade.
O objetivo da pesquisa está atrelado à identificação e a compreensão do marketing
societal nas estratégias organizacionais das academias da cidade de Juazeiro, estado da Bahia.
Como também compreender sua importância com relação às necessidades e desejos dos usuários
destes serviços.
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1. CONCEITO E A IMPORTÂNCIA DO MARKETING.
O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais.
Para a American Marketing Association, o marketing constitui em atividade composta de
conhecimentos e os processos de criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor
para consumidores, clientes, parceiros e sociedade como um todo, de modo que, beneficie a
organização e seu público interessado (KLOTER 2013, p. 3).
Além das funções citadas acima, o marketing também determina quais os mercados-
alvo que a organização pode atender melhor, planejar e desenvolver produtos, serviços e
programas adequados para atender e satisfazer o mercado, bem como fazer com que toda a
organização comece a pensar em servir os consumidores, independente do seu cargo, suas
atividades ou a etapa do processo o qual está inserido (CORRÊA et al., 2012, p. 4).
São muitas as definições de marketing e podemos confrontá-la até mesmo pela
perspectiva social que conceitua o papel do marketing como “proporcionar um padrão de vida
melhor”. Já a visão gerencial da definição é que o marketing é a “arte de vender”.
Para Drucker, a venda é apenas a ponta da pirâmide da definição dor marketing, para
ele sempre haverá a necessidade de vender, mas o objetivo do marketing é tornar supérfluo o
esforço da venda. Tendo como objetivo conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou
o serviço possa se adequar a ele e se vender sozinho, ou seja, a única coisa necessária seria
tornar o produto disponível (DRUCKER 1973, p. 64-65).
O marketing é importante tanto para o crescimento das empresas como também para a
sua sobrevivência. Segundo Kotler (2013) o marketing é essencial para a aceitação de novos
produtos, quanto à permanência dos produtos já existentes. Os profissionais do Marketing estão
sempre procurando novas ferramentas para satisfazer clientes e superar a concorrência, dessa
forma deve conhecer os gostos, necessidades e desejos dos clientes, sabendo que esses
comportamentos mudam constantemente e as empresas deverão estar sempre sintonizados para
acompanhar essas modificações. Com a alta competitividade do mercado empresarial e, com
inúmeros empreendimentos preparados com a finalidade de alcançar seus objetivos, as empresas
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não podem ignorar essa “ferramenta” (marketing), pois a mesma e fundamental para capturar e
fidelizar clientes. O marketing esta cada vez mais presente na rotina das pessoas desde uma
simples compra de sorvete ate a compra de um imóvel (SILVEIRA, 2009).
2.2.AS ORIENTAÇÕES DO MARKETING
A única justificativa econômica e social para a existência de uma empresa é a
satisfação dos desejos e necessidades do cliente e ao mesmo tempo em que as necessidades da
organização também são atendidas. Assim, apenas é possível obter resultados efetivos com um
plano de marketing, quando as orientações produzir trocas mutualmente satisfatória entre a
empresa e o mercado (LAMB 2001, p. 8).
As empresas vivem em novas realidades filosóficas, que orientam os esforços de
marketing, em conformidade com uma visão holística. Para entender melhor essa evolução, é
preciso retornar aos seus conceitos.
A orientação de para produção pode ser considerada com um dos conceitos mais
antigos. Ela pressupõe que os consumidores preferem produtos que possuam baixo custo, como
também de fácil acesso. Nesse tipo de orientação, a gerência se preocupa com a eficiência,
preços acessíveis e distribuição facilitada a todos. Esse tipo de orientação pode ser encontrado
em países em desenvolvimento, como a China, que apresenta expansão de mercado e mão de
obra barata.
A orientação para o produto pressupõe que os consumidores preferem a
qualidade, o desempenho e a inovação de produtos. No entanto, é preciso ter um cuidado maior
por parte da gerência que se “ludibriam” por apresentar produtos melhores acreditando que os
consumidores virão ao encontro da loja com a intensão de adquirir os produtos por imediatismo.
Além de melhorias, os consumidores podem ver algo como preços, forma de distribuição ou
adequação nas vendas.
A orientação para vendas atendem ao principio que os consumidores não são tão
espontâneos ao ir a uma organização, e adquirir um produto de forma imediata ou em
quantidades suficientemente boas. Essa orientação é utilizada em produtos pouco procurados,
como seguros ou sepulturas, que ninguém procura diariamente, mas em períodos ocasionais.
A orientação de marketing surge por volta dos anos 50, como uma filosofia de “sentir-
e-responder”, centrada no cliente. Esta orientação não da prioridade a escolha do cliente certo,
mas sim ao produto certo ou/e a preferencia do mercado.
A orientação de marketing societal agrega a organização, bem como ao produto
ou/e serviço à questão da responsabilidade social com um aspecto fundamental na gestão. Esta
orientação é impulsionada pela tomada de consciência por parte do consumidor do impacto que
o consumo pode causar na sociedade quando considera apenas uma visão de curto prazo. Para
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Kotler (2013, p.16) a tarefa da organização é determinar as necessidades, os interesses e desejos
dos mercados-alvo e, oferecer as satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que a
concorrência, de uma maneira que preserve ou melhore o bem-estar do consumidor e da
sociedade. Restando saber se a adoção desta orientação gera atitudes positivas e compra
(KLOTER 2013, p. 16-17).
2.3.MARKETING SOCIETAL
O Marketing Societal destaca-se em relação ao Marketing Tradicional pelo fato de que,
é atribuído ao mesmo à valorização do bem estar do consumidor, diferindo do anterior, que
busca de modo imediato à satisfação do consumidor em curto prazo. Nesse contexto, torna-se
necessário ressaltar que, o Marketing Societal fornece aos clientes informações dos produtos,
tanto os positivos á sua aquisição ou não, implicando na decisão de adquiri-lo ao próprio cliente
(SILVA et al., 2010).
Kotler (1978, p. 62) reporta uma reformulação do conceito de Marketing, definindo o
conceito de Marketing Societal “[...] é uma orientação para as necessidades dos consumidores,
apoiado pelo Marketing Integrado, objetivando gerar a satisfação dos consumidores e o bem-
estar dos consumidores em longo prazo, como meio para se atingir os objetivos
organizacionais”.
O surgimento do Marketing Societal, fornece subsídios para produção com tendência á
sustentabilidade, uma vez que, preocupa-se com a sociedade em termos de satisfação atrelada à
qualidade de vida, logo, o mesmo busca associar o interesse do lucro sinalizado pelas empresas,
desejos dos consumidores e interesse da sociedade. Nesse sentido, é importante inserir a
temática “ÉTICA”, logo, os aspectos inseridos nesse contexto, diz respeito aos seres humanos, e
para isso, constatamos que esse tipo de Marketing apresenta muita similaridade ao chamado
Marketing Verde (KOTLER, 2000).
Sendo assim, é imperativo contextualizar o Marketing Verde, pois este está focado na
satisfação do consumidor individual, no bem estar da sociedade em longo prazo e na
minimização dos impactos ambientais para atingir os objetivos organizacionais, possibilitando
assim, uma economia com atributos e responsabilidade multilaterais.
2.4.QUALIDADE DE VIDA
A aplicação do marketing societal nas academias está relacionada ao oferecimento de
qualidade de vida de seus usuários, proporcionando saúde e bem-estar em longo prazo. A
preocupação com a qualidade de vida é crescente e está atribuída a valorização de controle de
sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. Sendo assim, a
qualidade de vida é abordada por alguns autores, como sinônimo de saúde, felicidade, satisfação
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210
pessoal, condições de vida e estilo de vida e por outros como um conceito mais abrangente, em
que as condições de saúde seriam um dos aspectos a serem considerados. (PEREIRA, et al.,
2012)
3. METODOLOGIA
Para a coleta de dados foi realizado uma pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa,
quanto à inserção do marketing societal nas estratégias das academias da cidade de Juazeiro,
estado da Bahia. A proposta foi trabalhar com o conceito de marketing societal e à sua aplicação
para mostrar a importância desta orientação nas estratégias organizacionais.
Nesta pesquisa foi aplicado um questionário possuindo três perguntas com o objetivo de
obter informações quanto à iniciativa do investimento e o público alvo a serem atendidos em
cada uma das organizações, os métodos estratégicos da aplicação do marketing societal e os
aspectos diferenciais de cada uma quanto ao seu destaque no amplo mercado da cidade.
Esse questionário foi aplicado em forma de entrevista com os gestores de duas academias da
cidade em estudo, que possuem o mesmo padrão e oferecem serviços complementares ao seu
público alvo. Esta pesquisa teve como objetivo compreender as diversas aplicações do
marketing societal nesta segmentação de mercado e como elas se comportam diante das
necessidades e desejos de seus clientes. Após a coleta de dados, os mesmos foram confrontados
com o referencial teórico pesquisado.
4. RESULTADOS E DISCURSÕES
Os gestores reportam que, através de suas experiências no mercado e atentos às necessidades
e desejos da população local, conseguiram expandir seus negócios e consequentemente ofertar
uma maior cartela de atividades e serviços.
As empresas pesquisadas foram: Academia Refea Center e Academia Pró Vigor. A amostra
foi determinada por possuírem padrão de qualidade e oferecerem diversos serviços
complementares para seus usuários que contribuem para atender as necessidades e desejos
destes, como métodos estratégicos da aplicação do marketing societal em suas academias.
As entrevistas realizadas revelaram opiniões e relatos convergentes entre os diferentes
gestores e ainda com o referencial teórico desta pesquisa.
A primeira questão tratou-se sobre as razões que os levaram a investir nesta segmentação de
mercado e a determinação do público alvo. As opiniões foram semelhantes e complementares.
Para a gestora da academia REFEA CENTER “as razões que nos levaram a investir primeiro foi
à escassez”. E para o coordenador da academia PRÓ VIGOR “a carência da região e do local foi
uma das razões, talvez a principal”.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
211
Quanto às necessidades observadas para o investimento nesta segmentação foram
divergentes, para a gestora da academia REFEA CENTER, a necessidade observada foi
“vincular a atividade física a uma clinica de fisioterapia e a estética, porque, fora do município
de Juazeiro isto já estava bem, o público aceitava isso de uma forma perfeita e observamos que
Juazeiro não tinha.”. Já o coordenador da academia PRÓ VIGOR salientou que “a necessidade
estava atrelada à cobrança da população local, já que na localidade da academia existem quatro
grandes condomínios e muitas vezes os condôminos saiam para fazer suas atividades em
Petrolina, ou no centro de Juazeiro”. Com relação ao público alvo, a gestora da academia
REFEA CENTER relata:
... Chegamos à conclusão que não teríamos um público alvo em questão de
divisão de classe, em relação à criança, idoso e pessoas especiais. O público
que tentaríamos atingir era relação à classe financeira, atingir um público de
acordo com a cultura e a necessidade da região, do que era necessário há cinco
anos.
Em contrapartida o coordenador da academia PRÓ VIGOR salienta que “... o objetivo é
atingir todos os públicos, fazendo com que haja certa flexibilidade para que esse público mesmo
sendo de classe menos favorecida possa conhecer o local, se apaixonar e ficar conosco”.
Tendo em vista que a iniciativa dos investimentos em academias no município vem
atender as necessidades e demandas da população, Kloter (2013, p. 8) conceitua necessidade
como requisitos básicos do ser humano, já a demanda são os desejos por produtos ou serviços
específicos sustentados pela capacidade de compra. Quanto à escolha do público alvo ele afirma
que para cada mercado-alvo escolhido, a empresa desenvolve uma oferta de mercado, que é
posicionada na mente dos consumidores-alvo como algo que fornece um ou mais benefícios
(KLOTER 2013, p. 8-9).
A segunda questão buscava compreender quais os métodos aplicados na organização
para que os clientes saiam do sedentarismo e eleve a sua qualidade de vida, saúde e o bem estar,
salientando que os métodos que visam suprir esses aspectos podem ser considerados estratégias
da aplicação do Marketing Societal dentro dessas academias. Para a gestora da academia
REFEA CENTER, mostrar a importância para o aluno de iniciar suas atividades após a
avaliação física do educador, a preocupação com a frequência daquele aluno, estimulação e
motivação do mesmo para que continuem suas atividades, a pluralidade de modalidades de
atividades oferecidas, bem como a vinculação da academia com o Centro de Estética e
Fisioterapia são fatores estratégicos para suprir os aspectos questionados durante a entrevista.
Para o coordenador da academia PRO VIGOR “... é fundamental termos métodos padrões para
que possamos falar a mesma língua. Dentro destes padrões, a gente se preocupa com a questão
do bem-estar aplicando em incentivos, motivações e cobrando do associado à frequência.”
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
212
Quando fala-se de marketing societal aplicado à academias, sua aplicação está atrelada
na oferta de bem-estar a longo prazo para seus usuários, para Kloter (1978, p. 62) o marketing
societal é uma orientação voltada para as necessidades dos consumidores, objetivando gerar
satisfação destes e o bem-estar em longo prazo, como meio de se atingir os objetivos
organizacionais (KLOTER, 1976, p. 62).
A terceira questão buscava relacionar os aspectos que os diferenciam no amplo
mercado de academias na cidade de Juazeiro-BA. A gestora da academia REFEA CENTER
acredita que o principal diferencial deles está trelado a junção de um clinica de fisioterapia e
estética à atividade física “trouxemos esse diferencial. Clinica de fisioterapia e estética e a
academia, a gente vincula todos esses serviços”. Outro diferencial segundo a gestora está na
prevenção, “muitos médicos infelizmente hoje não liberam algum tipo de paciente lesionado, eu
sou contra, um professor da REFEA é contra, porque não precisa ficar em casa engordando,
desmotivado, sedentário por causa de uma lesão. Iremos tratar a lesão, o cliente vai para o salão
e aquele segmento será tratado.”.
E sobre o mesmo, o coordenador da academia PRÓ VIGOR acredita que “... demostrar
carisma, segurança, uma verdadeira interação, uma verdadeira amizade, pois a cada dia
precisamos estar conquistando o associado e esses aspectos são fundamentais para que a
empresa possa funcionar e fidelizar o cliente.”. A questão da oferta de modalidades diferentes de
atividades, bem como eventos aberto não só aos associados como também para o público
externo são importantes, na visão do coordenador “... a empresa que não busca inovação, não
busca novidades, fica para trás.”.
É visível que para se destacar no amplo mercado de academia na cidade de Juazeiro-
BA, as academias precisam possuir uma administração de marketing eficaz, para Kloter (2013,
p. 25-26) o desenvolvimento de estratégias e planos de marketing, a conexão com os clientes, a
construção de marcas fortes, bem como a entrega e comunicação de valor aos consumidores são
pontos chaves para esse diferencial e o sucesso em longo prazo (KLOTER 2013, p. 25-27).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que as empresas analisadas no presente estudo faz o uso do Marketing
Societal, logo, o perfil empresarial das mesmas é embasada na oferta da qualidade de vida de
seus associados. A aplicação do marketing societal em ambas as empresa, está atrelada ao
desejo de suprir as necessidades da população local em longo prazo, a qual tornou-se exigente
ao longo dos anos quando a questão envolve saúde e atividade física. Constatou-se também a
agregação de oferta de serviços visando à manutenção e fidelização destes usuários.
Como perspectivas futuras, sugere-se a ampliação desse estudo, de modo a abarcar
mais unidades empresariais, como também, expandir para outros setores da sociedade
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
213
empresarial, tanto especificadamente no município de Juazeiro, estado da Bahia, como em todo
o Submédio Vale do São Francisco.
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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em: <www.marketingpower.com/AboutAMA/Pages/DefinitionofMarketing.aspx>, 2007;
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Setembro, 2010.
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Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/a-importancia-de-um-
plano-de-marketing-para-as-empresas/27200/>, Acesso em 07 de Novembro de 2015.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
214
A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DE MARKETING PARA O DESEMPENHO
COMPETITIVO NA REDE DE POSTOS RAUL LINS
Amanda Vargas Moraes43
Erika Maria Jamir de Oliveira44
Gessica Shirlei Silva de Mattos45
Lara Lorena Rodrigues de Castro46
Sheyla Maria Domingos dos Reis47
RESUMO
Opresente artigo tentou compreender a estratégia de marketing utilizada na rede de postos Raul
Lins, em Juazeiro-BA e Petrolina-PE. Os postos de gasolina Raul Lins apresentam semelhanças
em suaestrutura, nos preços e nos serviços que são oferecidos. Devido ao crescimento do setor
de abastecimento, e, por consequência a elevação da concorrência neste setor percebe-se a
importância em desenvolver uma estratégia que o diferencie no mercado, aumentando e
fidelizando o número de clientes. Os resultados da estratégia de marketing são amplamente
estudado atualmente, pois uma estratégia bem desenvolvida agrega valor a organização,
fidelizando o público alvo. Esse artigo tevecomo objetivo entender a estratégia utilizada nos
postos Raul Lins, analisando as ferramentas, técnicas e meios utilizados. Dessa forma, foi
aplicado um questionário aos funcionários e proprietários dos postos, feito uma pesquisa
bibliográfica, através de livros e artigos publicados em língua portuguesa no período de 1996 a
2008. Esta pesquisa evidencia a necessidade de planejar e aplicar estratégias de marketing, para
que a organização se diferencie no mercado em relação aos concorrentes e a escolha certa do
mercado-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da
entrega e da comunicação de valor superior para o cliente.
Palavras chave: Estratégias de marketing, Diferenciação, Planejamento.
1. INTRODUÇÃO
O setor de abastecimento vem aumentando com o crescimento do país com projetos de
longo prazo e expectativas, esse movimento coloca em evidência o mercado de trabalho com
maior procura por profissionais especializados, novas criações na estratégia de gestão, a fim de
garantir a lucratividade e a competitividade das empresas. Em um mercado competitivo, torna-
se essencial conhecer a fundo as estratégias dos seus concorrentes para assim ganhar vantagens
competitivas. Cada empresa possui a sua estratégia de acordo com as suas necessidades e
possibilidades.
O foco principal da análise desse estudo é a importância da estratégia de marketing
para o desempenho competitivo na rede de postos de combustível Raul Lins, e devido ao
43
Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected] 44
Professora Orientadora - Faculdade São Francisco de [email protected] 45
Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected] 46
Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected] 47
Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected]
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
215
crescimento e expansão do mercado, surgiu a necessidade de se destacar no mercado, Apesar
dessa concorrência, as empresas regionais que abrangem esse setor, não inserem o marketing e
suas estratégias como um diferencial frente aos outros concorrentes.
Segundo Kotler e Keller (2006, p.215), a estratégia é um plano de como chegar lá.
Cada negocio deve estabelecer sua própria estratégia para atingir suas metas. Ferrell e Hartline
(2005, p.29), citam que a estratégia de marketing basicamente se define em como a empresa irá
satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes.
A partir daí, observa-se que o marketing é utilizado para entender quais são as
necessidades dos consumidores finais e intermediários, através do processo de pesquisa pode-se
analisar o comportamento dos consumidores e o mercado para facilitar que segmentos de
consumidores poderão ser satisfeitos para se obter a diferenciação dos produtos e analisar os
canais de distribuição para melhorar a competitividade.
Este artigo pretende contribuir com a rede de postos de combustíveis Raul Lins de
Juazeiro-BA e Petrolina-PE, analisando a importância e a forma como o marketing é visto e
elaborado: as ferramentas, técnicas e estratégias utilizadas, se estão alcançando os objetivos
almejados, na busca de satisfazer as necessidades da organização e clientes. Com isso, contribuir
para um melhor direcionamento da empresa no mercado regional e maior satisfação dos clientes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Kotler(1999, p.113) aponta que o marketing identifica as necessidades e desejos dos
clientes, ajudando a empresa a decidir sobre produtos e serviços adequados para uma maior
satisfação do público alvo e maior rentabilidade da organização.Em um mercado tão
competitivo como o atual é necessário alguns fatores que diferenciem uma empresa da
outra. Assim também podemos definir marketing como (re)conhecimento do mercado, como ele
se comporta, de planejar e executar desde o estabelecimento dos preços até a distribuição de
ideias.
Segundo Ferrell, (2000,p.26) a elaboração de um plano de marketing,torna - se
fundamental para atingir as metas. Desta forma, o empresário planeja todo o diferencial do
produto ou serviço, de forma a obter os melhores resultados, gerindo melhor os recursos,
medindo as expectativas, sem perder de vista a diversidade das percepções. Assim, embora os
postos de gasolina apresentem um layout homogêneo, ela pode apresentar propostas de
marketing que a torne diferenciada no mercado.
O propósito de elaborar uma estratégia de marketing é inovar para o cliente, fazer com
que o público alvo se identifique com as propostas de venda e serviço que a empresa oferece.
Por isso, ao iniciar o plano de marketing, é importante que a organização saiba qual é seu
público alvo, evitando assim resultados ruins devido a não realização de um estudo sobre o
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
216
mercado e comportamento onde a organização pretende instalar seu
negócio(MCCARTHY;PERREAULT 1997, p.43).
Com um mercado cada vez mais competitivo e exigente, o marketing usado há dez anos
já está ultrapassado e para que se alcance um resultado, é necessário que a organização esteja
sempre inovando. Com isso, podemos atribuí-lo como uma função empresarial que cria valor
para o cliente e vantagem competitiva para a organização. Isso só é possível através de uma boa
gestão estratégica entre as principais variáveis do marketing: produto, preço, comunicação e
marketing. O marketing é muito mais do que atividade direcionada a venda! O mesmo começa
antes mesmo do produto existir, está presente na fase de criação, e em todas as fases de vida de
um produto ou serviço, sendo elemento fundamental para o seu sucesso e presente na relação da
empresa com o cliente (POTTER1990, p.18).
2.1 ESTRATÉGIAS DE SEGMENTAÇÃO PARA O DIFERENCIAL
Para Kotler(2008, p.135) os consumidores têm hábitos de compras variados, gostos
diferenciados, de acordo com suas necessidades, preferências, estilos de vida, etc. Assim sendo,
não se pode tratar todos da mesma forma, o que se pode fazer é uma estratégia para reunir
grupos de pessoas com características, preferências e gostos semelhantes e tratá-los como se
fossem iguais. Tais diferenças são frutos de discussões do processo decisório da empresa. Daí a
importância da estratégia de segmentação de mercado com instrumento de visualizar suas
vantagens.
De acordo com Tavares (2000, p.343) a segmentação é a estratégia utilizada pelas
organizações para auxiliá-la a penetrar em focos escolhidos, alinhando a oferta à demanda, o
produto ao mercado. É uma estratégia poderosa, cujas implicações decorrem da escolha de
segmentos bem definidos para o delineamento de estratégias competitivas. Assim, primeiro
segmenta-se o mercado,escolhe-se o segmento que deseja atuar, formas de diferenciação dos
produtos e serviços de modo a atender as necessidades e desejos do público-alvo.
Siqueira (2005, p.47) destaca a importância da segmentação para que as organizações
possam definir melhor seu mercado-alvo, ou seja, que consumidores pretendem atender. Dessa
forma classifica as estratégias de acordo com a finalidade de cada uma, dividindo-as em:
Estratégia de segmentação de não diferenciada:Nesse tipo, a empresa escolhe por
explorar todo o seu mercado potencial, em todas as regiões geográficas possíveis. Levando em
consideração que se utiliza apenas um plano de marketing, único e válido para todo o mercado.
Estratégia de segmentação por diferenciação: Nesse caso a empresa reconhece e
algumas diferenças significativas que possam existir em seus segmentos alvo, e escolhe em
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217
tratá-los de formas diferentes, preparando e executando plano de marketing especifico,ou seja,
mais de um plano para cada segmento que decida tratar diferenciadamente.
Estratégia de concentração: Por diversos motivos, a empresa escolhe um
segmento como prioritário, como o mais importante e decide colocar todos os objetivos e
esforços apenas nele, fazendo-o como um plano de marketing especifico para aquele segmento.
É mais usado em segmentação geográfico.
Ainda de acordo com os Professores do Departamento de Mercadologia da FGV-
EAESP e Convidados (2006, p.303),
Podem, também, incorporar ao tema estratégia os conceitos de penetração de
mercado e ocupação de mercado. Penetrar em algum mercado significa estar
presente nele, ainda que de maneira pouco representativa (participação de
mercado pequena). Ocupar mercado significa ter nele uma posição forte,
bastante significativa em termos de concorrência e, portanto, de participação de
mercado.
De acordo com a mesma pesquisa, a organização que escolher por uma estratégia de
não diferenciação poderá ter um grande índice de penetração, mas não necessariamente uma
grande ocupação em todos os segmentos explorados. Por outro lado a empresa que opte pela
estratégia de concentração estará sempre buscando uma grande participação no mercado. Os
conceitos de penetração e ocupação serão bem aplicadas quando as empresas estiverem
colocado em pratica os seus trabalhos, de diferentes segmentação de mercado e executando suas
estratégias.
2.2 IDENTIFICANDO OS CONCORRENTES
Há duas visões de concorrência: a industrial, que é a concorrência formada por todas
aquelas que oferecem produtos substitutos aos da empresa e a visão de mercado, que farão parte
da concorrência todos aqueles que tenham como objeto satisfazer as mesmas necessidades ao
mesmo grupo de consumidores. O caminho pra identificar o mesmo passa por relacionar estas
duas visões com o segmento de produto/mercado em que a empresa se
insere. Segundo Porter (1990, p.193), a organização precisa conhecer seus concorrentes, fazer
um comparativo e visualizar áreas que possam retirar vantagens competitivas.
De acordo com Kotler (2000, p.195), o objetivo é a empresa identificar seus
concorrentes e suas estratégias, buscando saber o que cada concorrente pretende e o
comportamento de cada um, incluindo porte, histórico, administração atual e situação financeira.
É importante também saber se a matriz o está dirigindo para o crescimento e para o lucro. Uma
forma alternativa é a de que cada concorrente obtenha um conjunto de objetivos sendo eles,
lucratividade atual, aumento da participação de mercado, fluxo de caixa e liderança no
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218
atendimento. Enfim a empresa deve monitorar os planos de expansão e suas estratégias em
relação aos seus concorrentes, determinado seu mercado alvo.
2.3 COMO ATRAIR, CONQUISTAR E MANTER CLIENTES
Os clientes são a razão de existência de qualquer empresa. No entanto, qualquer
organização precisa primeiramente definir o seu público alvo, para depois buscar fidelizar esse
público, através da oferta de um produto que supere as expectativas e tenha um preço justo. Para
isso, as empresas que estão atentas ao mercado, aos avanços tecnológicos e as novidades que
surgem no mercados serão bem sucedidas entendendo, portanto, que o cliente é parte do seu
negócio, e portanto dependem dele e não o contrário: as organizações não prestam favores aos
seus clientes, ao contrário, é um favor a oportunidade que tem de servi-los(KOTLER2003 p.85-
88).
Dessa forma,Kotler(2003, p.90) afirma ainda que para conquistar e manter
o clienteé fundamental procurar caminhos que ofereçam mais do que o cliente espera. É preciso
ser criativo e surpreender o consumidor, procurando conhecer melhor o perfil de cada cliente,
suas necessidades e expectativas.
2.4 ESTRATÉGIAS DE DIFERENCIAÇÃO PARA VANTAGEM COMPETITIVA
Para Oliveira (1996, p.59) a finalidade da estratégia é apresentar caminhos a serem
seguidos para que se possa alcançar os objetivos e desafios estabelecidos pelas organizações.
Seguindo o pensamento do autor, as estratégias devem ser feitas de forma que se aproveitem
todas as oportunidades possíveis, e utilizando a estratégia certa no momento certo.
Coelho (1997, p.213) complementa afirmando que o ponto central da estratégia de liderança é a
empresa fazer com que seu custo total seja menor do que o de seus concorrentes. O custo mais
baixo funciona como mecanismo de defesa da empresa contra a rivalidade de seus concorrentes,
especialmente no tocante à guerra de preços.
Porter (2009, p.115) afirma que diferenciação consiste em oferecer produtos/serviços
únicos segundo a percepção dos clientes, com tal qualidade que valha a pena pagar mais para ter
uma solução diferenciada. Dessa forma, a mesma é muito importante em qualquer organização,
pois é ela que permite o crescimento do seu empreendimento, tornando possível o aumento das
margens de venda. Segundo o mesmo autor, existem alguns tipos de diferenciação:
Diferenciação por preço
É a que se caracteriza como vantagem competitiva, com preço menor preço para o
mercado, de fácil visibilidade para o consumidor. A diferenciação por preço se trata de redução
de custo não associada à redução de preço, mas à melhor integração do produto ofertado à
cadeia produtiva ou ao processo de compra do cliente”.
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219
. Diferenciação por Imagem
Essa diferenciação procura desenvolver uma imagem que o torne inovador dos demais,
podendo ser criada através de propaganda, como também através de técnicas de promoção, que
seja algo diferencial dos seus concorrentes.
Diferenciação por Qualidade
Esta estratégia se caracteriza por oferecer algo com o custo mais alto, o que
consequentemente elevaria o preço de mercado. Basicamente o produto pode ser considerado
por confiabilidade e menor probabilidade de falhas, maior durabilidade.
Diferenciação por Design (projeto)
É oferecido um produto ao mercado, com características diferentes em relação ao
mesmo produto de seus concorrentes. Vale ressaltar que o importante nesse tipo é que o produto
seja diferente, mas não necessariamente melhor.
2.5 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS EMPRESAS
Segundo Porter (1989, p.130), uma empresa sem planejamento “corre o risco de se
transformar em uma folha seca, que se move ao capricho dos ventos da concorrência”. Por isso a
importância do planejamento estratégico, já que seu objetivo é orientar e reorientar os negócios
e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios.
Dessa forma, Porter (1989,p.132) define Planejamento Estratégico como sendo uma
técnica gerencial que é fundamental para o sucesso da empresa. Por meio do planejamento de
uma organização, é possível fazer uma análise de oportunidades e ameaças, pontos fortes e
fracos para o cumprimento da sua missão e visão. Ele norteia a organização onde possa
aproveitar novos espaços e evite riscos, gerindo recursos com maior eficiência, eficácia e
efetividade, com qualificação no atendimento das demandas da sociedade. Portanto, podemos
dizer que planejar é decidir antecipadamente, o que fazer, como fazer, quando fazer, e com quais
recursos.
Nesse sentido, ao ter a visão e missão da empresa bem definidos e alinhados aos
objetivos da organização, consegue-se monitorar e avaliar clientes, concorrentes, distribuidores,
fornecedores e todos aqueles que afetam sua capacidade de obter lucro.
3. METODOLOGIA
A partir da definição do tema e escolha do objeto (local) a ser estudado, foi observado
que o tipo de pesquisa que melhor nortearia o trabalho realizado é a pesquisa qualitativa, já que
esta, segundo Lakatos (1999,p.25), destaca aspectos psicológicos, opiniões, comportamentos e
atitudes do público alvo. Outro fator que define o estudo realizado como uma pesquisa
qualitativa é a preocupação com o aprofundamento do tema, ao mesmo tempo que possa ser
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compreendida pelas pessoas. Assim, ela também é considerada explicativa, pois explica os
dados encontrados no material analisado.
Também foi realizado um questionário com perguntas referentes ao plano e estratégia
de marketing dos Postos Raul Lins, satisfação dos funcionários e clientes, etc.Foram
considerados sujeitos desta pesquisa, funcionários da rede de postos de combustíveis Raul Lins
em Juazeiro-BA e Petrolina-PE, com faixa etária entre 20 a 50 anos de idade. A pesquisa foi
feita com 10 colaboradores de ambos os sexos, incluindo proprietários onde tornará a pesquisa
clara e democrática, na expectativa de colher dados de acordo com a realidade da classe social e
cultural a que estes pertencem.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A utilização da estratégia de marketing nas empresas é fatorque impulsiona o seu
diferencial e valor competitivo. É preciso que as empresas adotem uma postura de trabalho
voltada para o incremento de novas ideias e que fomente o gosto pelo desafio, reconhecendo o
potencial ilimitado de seus produto/serviço e de seus elementos humanos, os quais são os
responsáveis diretos pelo bom desempenho das atividades desenvolvidas pela empresa.
Sendo assim o artigo teve como objetivo identificar se o processo de estratégia de marketing da
Rede de Posto Raul Lins de Petrolina-PE e Juazeiro-BA atende as necessidades dos gestores de
cada unidade pesquisada.
O que motivou a escolha de uma rede de postos, como alvo da pesquisa foi o questionamento de
como é realizada a estratégia de marketing em um segmento de mercado (postos de gasolina)
que apresenta uma estrutura rígida para o planejamento de marketing. Para isso, além da
bibliografia pesquisada, conversamos com os funcionários e gestores da empresa, em busca de
saber mais acerca da história, finanças, estratégias, relacionamento com os funcionários e
fornecedores, etc.
Com base no questionário aplicado um dos pontos destacados aos gestores, foi “a
satisfação da estratégia de marketing aplicada na rede, se o seu posicionamento havia
diferencial frente aos concorrentes”. Dos dez colaboradores entrevistados, somente um indicou
“a necessidade de um planejamento estratégico mais eficaz e a necessidade de mais
investimento nas ações de marketing a fim de proporcionar um melhor atendimento às
expectativas dos consumidores”.
Um problema que ficou evidenciado, diante dos resultados, foi que o marketing ainda
não alcança os objetivos da organização. Todos concordaram que“há uma necessidade de
diferenciação no atendimento, melhorianos sistemas tecnológicos de informação e maior
inserção nas mídias social”.Tanto o gerente de Juazeiro, quanto o de Petrolina, ressaltaram que
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
221
“o método atual utilizado pela organização de atrair, conquistar e manter clientes não é
suficiente”.
Nesse sentido, Zacarelli (2003,p.87) afirma que as estratégias têm como elementos
essenciais a identificação de pontos fortes e fracos existentes nas empresas bem como as
ameaças e oportunidades inseridas no ambiente mercadológico no qual a empresa se encontre.
Para o responsável pela estratégia de marketing da empresa, “a rede deve buscar e
aplicar novas ferramentas, pois, embora seja uma empresa bem consolidada no mercado e ter
uma grande carteira de clientes, falta um departamento especifico para desenvolver estratégias
e planejamentos relacionados ao marketing”.Giglio (1996,p.185), afirma que marketing é o
processo de ações orientadas para o cliente, que tem como complemento o marketing integrado,
visando gerar a sua satisfação e bem-estar no longo prazo e para isso precisa ser pensado e
desenvolvido por pessoas que entendam do assunto.
Comprovando no que foi dito no referencial teórico de que as empresas para serem bem
sucedidas no atual mercado competitivo, devem estar voltadas para o cliente, a rede de postos
Raul Lins revelou uma preocupação com a qualidade dos produtos (combustíveis) e dos serviços
com vistas a atender as necessidades e satisfação dos seus clientes. No entanto, percebemos
através do questionário aplicado na empresa, que falta mais criatividade, organização e
direcionamento nas ferramentas aplicadas, para que possam aumentar seu público-alvo.
Todos os respondentes foram unânimes em dizer que “fazem uso de estratégia de
diferenciação por qualidade, e uma mesma segmentação não diferenciada de mercado nas duas
cidades, assim levando apenas um plano de marketing para toda a região, explorando o seu
mercado potencial”.Dessa forma a empresa interage com a região onde está localizada, já que o
marketing é um processo social e administrativo pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que
necessitam e o que desejam através da criação e troca de produtos e valor com outras pessoas
(KOTLER 2000, p. 78).
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender o comportamento do consumidor é tarefa complexa, porém necessária para
que uma organização se mantenha em um mercado competitivo e tenha destaque frente aos
concorrentes. O comportamento do consumidor é um conjunto de referências que servem de
suporte para o conhecimento das culturas, valores, crenças e desejos. Para entender realmente
como os consumidores tomam suas decisões de compra, as empresas devem identificar quem
participa do processo de decisão e as pessoas que podem ser influenciadores ou usuárias
KOTLER (1998, p.115).
Para Porter (1986, p.39) toda empresa que quer se manter competitiva no mercado,
deve criar sua estratégia de vantagem competitiva para assim poder competir, atuar e sobreviver
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222
no mercado. Empresas que não tiverem uma estratégia bem definida tendem a ter um
desempenho pior em relação à definição das estratégias.
Sendo assim a pesquisa proporcionou um leque de informações na área de marketing,
onde apontou relevância do processo de estratégias aplicadas dentro do contexto organizacional.
Mostrou ainda que conquistar clientes não é uma tarefa fácil, é preciso estar munido de
conhecimentos técnicos e específicos, pois uma estratégia errada acarreta prejuízos para a
empresa.
Entendemos que a Rede de Postos Raul Lins, precisa melhorar o atendimento aos
clientes, utilizando de estratégias de marketing, principalmente o Marketing 3.0 de Kotlher,
utilizando-se de mídias sociais, e-mail marketing, agilizando assim o processo de comunicação
com seus clientes internos e externos. Notamos ainda que a Rede de Postos, poderia implantar
um setor de marketing na sua própria organização, dando maior celeridade e agilidade para
facilitar o relacionamento com os colaboradores.
REFERÊNCIAS
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224
A APLICABILIDADE DOS PROGRAMAS DE MARKETING NA EMPRESA
HAVAIANAS DA CIDADE DE PETROLINA-PE
David Reinaldo Dantas48
Erika Maria Jamir de Oliveira49
Resumo
O marketing é uma área que engloba ações imprescindíveis para as empresas. Apresentando
elementos úteis e fundamentais das características de imagem, qualitativas e quantitativas dos
produtos e/ou serviços para o público-alvo numa relação de troca e transferência de informações
a fim de alcançar objetivos, e satisfazer as necessidades de seus clientes. Através da
administração dos programas de marketing é possível diferenciar, segmentar e posicionar
estratégias para agregar valor e construir relações. O foi objetivo investigar a aplicabilidade dos
subestratos do programa (produto, preço, praça e promoção) dos atuais 4 P’s do Marketing na
franquia havaianas em Petrolina-PE. Além disso, os resultados confirmam e correlacionam
diante do exposto na literatura selecionada, os meios que a empresa cria e estabelece valor para
disputar e manter-se competitiva no mercado.
Palavras- chaves: estratégia, programas, marketing.
1. Introdução
O cenário vivenciado pelo mundo na primeira década do século XXI caracterizado pela
turbulência e competitividade agressiva desafiou muitas organizações a se manter, e até mesmo
a sobreviver. Considerando essa dura realidade, o marketing é imprenscindível para enfrentar
tais desafios, tendo em vista que, operações, contabilidade, finanças não terão sentindo se não
houver demanda por produtos (bens ou serviços) suficiente para que a empresa obtenha
resultados que a sustentem (KOTLER; KELLER, 2012, p. 2).
Essa elevada competitividade ocasionada por mudanças nos fatores do ambiente externo
(concorrentes, governo, economia, acionistas, fornecedores e exigências de clientes) podem
ocasionar redução nas vendas. No entanto, as organizações podem elaborar programas
estratégicos com vistas ao ambiente externo, mas, partindo do ambiente interno. Uma
interessante possibilidade é traçar estratégias de crescimento de marketing, pois, o produto, o
preço, a promoção e a praça mantém e abrem novas oportunidades de vendas e lucros podendo
tornar a organização competitiva (AMARAL, 2000, p. 54).
48
Graduando em Administração- Faculdade São Francisco de Juazeiro. E-mail: [email protected] 49
Professora efetiva da Faculdade São Francisco de Juazeiro/FASJ. Colegiado de Administração. Professora temporária da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina/FACAPE. MBA em Gestão Empresarial/ Centro Universitário Maurício de Nassau/UNINASSAU. Pós-graduanda em Gestão Pública Secretaria de Educação a Distância/UNIVASF. E-mail: [email protected]
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225
Segundo Cobra (2007, p. 68) a ausência de um plano de marketing bem elaborado é hoje
um dos principais fatores que levam os empresários a fecharem as portas, pois, dessa forma, não
identificam as falhas para corrigir os erros e nem sabem ao certo onde investir para atrair
consumidores, por muitas vezes arriscam sem ter o escopo, por isso importância de elaborar este
programas para traçar os pontos que são fundamentais para o crescimento sustentado da
organização.
As organizações necessitam de parceiros que estejam engajados com os objetivos
propostos, a missão e visão da empresa, abrangendo e estimulando as condições que facilitam o
alcance de suas expectativas e necessidades de curto, médio e longo prazo. Além disso, deve
atuar maciçamente através do marketing para permitir a continuidade das atividades rotineiras e
atingir o público alvo permitindo interatividade com o consumidor (MAXIMIANO, 2008, p.
80).
O objetivo desse artigo é descrever o Marketing e seus elementos como técnica essencial
para as empresas, a fim de identificar as vantagens da elaboração de programas de marketing e
observar se existe a aplicabilidade destes na franquia havaianas. O motivo da escolha da
empresa havaianas, se deu pelo fato da boa manutenção aparente dos programas da referida
organização.
2. Referencial teórico
2.1 Definição de Marketing
Para Las Casas (2006, p. 26) Marketing,
“é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes
às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e
necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados
objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio
ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem estar
da sociedade”.
Conceituada como uma área amplamente abrangente tem-se que, o marketing envolve
relações de comercialização sempre em busca de agregar valor e satisfação para o cliente.
Segundo Kotler (2004, p. 12) Marketing “é o conjunto de atividades humanas que tem por
objetivo facilitar e consumar relações de trocas”. Ainda sobre conceito de marketing é descrito
como “o processo através do qual a economia é integrada à sociedade para servir às
necessidades humanas” (DRUCKER; ROCHA; CHRISTENSEN, 1999, p. 15). Marketing “é o
processo de planejamento e execução de concepção, do preço, da promoção e da distribuição de
ideias, bens e serviços, para criar trocas que satisfaçam objetivos” (KOTLER; ARMSTRONG,
1998, p.40).
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
226
Através do estudo de marketing tem-se o conhecimento da percepção dos aspectos
identificáveis do produto a ser comercializado assim como do serviço oferecido, favorecendo os
procedimentos inerentes ao negócio e maximizando os recursos e materiais. Preocupando-se
com o processo de satisfação. Para Chiavenato (2009, p. 04) “estratégia é definida basicamente
como um curso de ação escolhida pela organização a partir da premissa de que uma futura e
diferente posição poderá oferecer ganhos e vantagens em relação à situação presente”.
2.2 Atualização dos 4 Ps
McCartthy apud Kotler; keller (2102, p. 23) estratificou as atividades de marketing em
ferramentas de mix de marketing em quatro tipos amplos, denominando-as em 4 Ps do
marketing: produto, preço, praça e promoção. O quadro 1 mostra as variáveis do antigo mix de
marketing.
Quadro 1. Os 4Ps do mix de marketing
PRODUTO
Variedade
Qualidade
Design
Características
Embalagem
Serviços
Garantias
PREÇO
Preço de lista
Descontos
Bonificações
Prazo de pagamento
Condições de financiamento
PRAÇA
Canais
Cobertura
Sortimentos
Locais
Estoque
Transporte
PROMOÇÃO
Promoção de vendas
Propaganda
Força de vendas
Relações públicas
Marketing direto
Fonte: KOTLER; KELLER, 2012, p. 23.
Entretando, em decorrência da complexidade e riqueza do marketing, esses 4 Ps não
contempla todo cenário. Atualmente o conjunto de atividades que representa o marketing
moderno envolve: pessoas, processos, programas e performance (KOTLER; KELLER, 2012, p.
23). Como mostra o quadro 2.
Quadro 2. Evolução da administração de marketing
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227
4 Ps DO MIX DE MARKETING 4 Ps DA MODERNA ADMINISTRAÇÃO DE
MARKETING
Produto
Praça
Promoção
Preço
PESSOAS
PROCESSOS
PROGRAMAS
PERFORMANCE
Fonte: KOTLER; KELLER, 2012, p. 23.
2.2.1 Pessoas
Envolve o marketing interno e os funcionários como elementos fundamentais para a
consecução de um programa de marketing bem sucedido, pois este terá um desempenho tão bom
quanto as pessoas dentro da organização. Remete também a importância da organização
enxergar consumidores como seres humanos, buscando a compreensão de sua vida em maior
abrangência (KOTLER; KELLER, 2012, p. 23).
2.2.2 Processos
Incidi em toda estrutura incorporada à administração de marketing. As organizações
devem instaurar um conjunto certo de processos que orientem as atividades e programas,
visando envolver-se em relacionamentos de longo prazo, mutualmente benéficos (KOTLER;
KELLER, 2012, p. 23).
2.2.3 Programas
Os programas tratam das atividades da organização que se direcionam aos seus
consumidores. Englobam os antigos 4 Ps (produto, preço, promoção e praça), e uma diversidade
de outras atividades de marketing. Essas atividades podem tomar diversas formas, vituais ou
reais, entrentanto, elas devem ser integradas, causando assim, um efeito sinérgico com os
objetivos organizacionais (KOTLER; KELLER, 2012, p. 23).
2.2.3.1 Produto
É algo que pode ser ao mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e para
satisfazer desejos ou uma necessidade. O produto é o bem, serviço, informações, lugares, algo
material ou imaterial, ou seja, é aquilo que é oferecido para ser o objeto de interesse de um
estabelecido público-alvo, a fim de satisfazer os consumidores. Convém que, o produto
apresenta diversas variedades de produtos, qualidade, design, características, nome da marca,
embalagem, tamanhos, serviços, garantias, devoluções. Estes pontos devem-se ser definidos
claramente para que se possa transferir e agregar valor ao ofertado. Antes de tudo, é importante
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
228
definir a fatia de mercado de acordo com o mercado novo ou mercado existente, e atentar-se a
diversificação do produto (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 204).
2.2.3.2 Preço
É entendível como a quantificação, a mensuração que induz o poder de compra, a
precificação do determinado produto. É o valor agregado em uma relação de necessidade x
desejo x condições de pagamento, pautado na realidade do cliente, uma vez que, este acompanha
critérios e inúmeros meios de realizar a compra para satisfazer o desejo do consumidor que são
através de preço da lista, descontos, concessões, prazo de pagamento, condições do
financiamento (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 206).
O estabelecimento de preço é bastante delicado, pois não deve ser muito alto, o que
implica na falta de interesse na hora da compra, pois existem outros similares e substitutivos que
estarão alocados na mesma prateleira, no mesmo local de venda, na mesma seção, no mesmo
endereço. E nem relativamente baixo, pois deprecia o produto e o consumidor não aprecia e
causa inúmeras duvidas na hora de comprar. O preço por sua vez, pode ser promocionais, por
segmentos diferentes, por regiões geográficas, por sazonalidade e personalizado o que é comum
para os serviços (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 207).
2.2.3.3 Praça
É toda a preocupação e planejamento através da logística para alocar os produtos e
tornar disponível ao consumidor por meio de canais, distribuição, variedades, locais, estoque,
transporte. Envolve a escolha do fornecedor dentro do raio de atuação, distribuidores diretos
(sem intermediários) e indiretos (com intermediários), varejistas etc. Tem como objetivo a
facilidade de distribuição e entregas de forma rápida para cumprimento de prazos, sendo
acessível e conveniente para ser adquiridos. Através da praça define-se a localidade ou
delimitação geográfica onde o a empresa irá atuar, onde e como alcançar os consumidores seja
através do comercio on-line ou lojas físicas. Este ponto é susceptível a problemas, pois engloba
outros fatores que muitas vezes são oriundos dos gargalos logísticos. Se não estiver mensurado e
calculados os riscos está sujeito ao bloqueio de toda estratégia de marketing (KOTLER,
ARMSTRONG, 2007, p. 210).
2.2.3.4 Promoção
É a forma de promover o produto, a marca, a empresa através de meios para atrair e
lembrar os consumidores da existência do produto ou serviço e diante mão despertar a
curiosidade, o interesse e o desejo do consumo de acordo com a necessidade. Portanto, estimula
a demanda através das informações que são repassadas mediantes corretos canais de
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
229
comunicação. Para atingir tais objetivos utiliza-se de promoção de vendas, através de meios que
induzam o cliente a comprar para concorrer a outros produtos, propaganda, força de vendas,
relações públicas demostrando participação no âmbito social colaborando com a comunidade
por meio de ações sociais institutos de caridades, marketing direto, internet, politicas de
fidelização, telemarketing, comunicação no ponto de venda, marketing de patrocínio e venda
pessoal (KOTLER, ARMSTRONG, 2007, p. 212).
Schultz (1994, p. 27) estabeleceu alguns pontos para elaboração do mix de Marketing,
dicas fáceis e exequíveis para atingir e não perder o foco tanto do produto quanto do cliente,
englobando meios de entregas e fixar na mente dos consumidores a marca. São as seguintes:
1. Esqueça o Produto: estude as vontades e as necessidades do consumidor ou Cliente. Você não
pode mais vender tudo o que consegue fabricar, pode apenas vender o que alguém
especificamente quer adquirir.
2. Esqueça o Preço: compreenda o custo para o consumidor satisfazer sua vontade ou
necessidade.
3. Esqueça o Ponto de Distribuição (Praça): e pense na Conveniência de comprar.
4. Esqueça a Promoção: pois a palavra de ordem da década de 90 é a Comunicação.
Alguns autores apontam a necessidade de elaboração e identificação de questões que
apontam as falhas, erros que por vezes passam despercebidos ao olhar dos gestores e demais
envolvidos.
2.2.4 Performance
A performance captura a gama de possíveis indicadores de resultado (financeiros e não
financeiros), além das implicações que transcendem a própria organização como a
responsabilidade social e a ética (KOTLER; KELLER, 2012, p. 23).
3. Metodologia
A metodologia utilizada foi descritiva, explicativa e para a concretização das
informações foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisa em campo com o instrumento
de questionário. Cervo; Bervian; Silva (2007, p. 61) afirma que “a pesquisa descritiva observa,
registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. O método
utilizado na investigação junto à empresa foi através do questionário, abordando perguntas
específicas em busca de respostas para hipóteses voltadas ao composto do mix de marketing,
contendo os 4P’s. A empresa observada foi a franquia havaianas situada na cidade de Petrolina-
PE.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
230
“O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita
medir com mais exatidão o que se deseja. É necessário estabelecer, com
critério, as questões mais importantes a serem propostas e que
interessam ser conhecidas, de acordo com os objetos. Devem ser
propostas perguntas que conduzam facilmente ás respostas de forma a
não insinuarem outras colocações” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007
p. 53).
Foi aplicado um questionário com indagações sobre marketing, que tem como principal
vantagem a simples aplicação e as respostas que facilitaram a análise através da estruturação
aberta para fazer a coleta de dados. As informações foram correlacionadas através das respostas
do instrumento aplicado junto a empresa em questão e análise mediante relatos, observações do
comportamento do mercado.
4. Resultados da pesquisa
A empresa franqueada Havaianas está localizada na cidade de Petrolina-PE, atuante na
comercialização de calçados denominados sandálias que são produzidas a partir de borrachas,
conhecidas mundialmente como alpargatas. A partir dos dados coletados permitiu a transcrição
de elementos constituentes dos “programas” marketing são relevantes para analisar a pesquisa
esclarecendo objetivos propostos.
Foi analisado na empresa Havaianas a aplicabilidade do subestrato de um dos atuais 4Ps,
os “programas” que entre suas atividades, analisam a gestão do produto, preço, praça e
promoção. Esses componentes agregam valor ao produto tornando diferencial competitivo a
medida que sobressaí perante os demais (considerados concorrentes) que estão expostos no
mercado, uma vez que, através da administração dos programas de marketing fixou na mente
dos consumidores, sendo referência quando remete ao assunto de alpargatas.
Seus produtos têm inúmeras campanhas que marcaram e que fizeram história através do
glamour, personalidade e estilo, sendo estas características que a empresa ao longo do tempo
tentou firmar na mente dos consumidores. De forma a assegurar que estão beneficiando em
quase todos os quesitos e não somente calçar, mas tem o compromisso de proporcionar conforto,
qualidade, tendência, segurança e durabilidade.
Atualmente o mercado da havaianas é considerado maduro, ou seja, bastante conhecido
em diversos países e que atende diversos gostos, sendo adequado para todas as idades e tem em
seu portifólio diversidade e variedade para atender aos segmentos existentes que vai desde o
modelo tradicional ao modelo mais sofisticado, a sandália de borracha é um item considerado
básico e fundamental no cotidiano do brasileiro.
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231
Kotler; Armstrong (2003, p. 204) afirmam que o produto representa a diversidade e
variabilidade em aspectos como, qualidade, design, características, embalagem, tamanhos,
serviços, garantias, devoluções. Devendo ser definidos de forma transparente visando a
transferência de gerar valor ao produto (bem ou serviço) ofertado.
Observa-se também a excelente gestão do componente “preço” das sandálias havaianas,
podendo atender as diferentes classes sociais. A organização produz uma grande diversidade de
modelos que tem preços também diversificados a depender do produto.
As estratégias adotadas para diferencia-las no mercado competitivo estão de acordo com
necessidade do cliente, se este busca apenas um produto para uso ocasional o modelo tradicional
satisfaz com um preço acessível, por outro lado se busca uma sandália que além da qualidade
tenha estilo, tiras delicadas e trabalhadas, estampas coloridas com ilustrações que traduz
afinidade com a personalidade este requer um preço mais elevado, e proporcionam satisfação.
Estabelecer o preço é uma atividade delicada, considerando a diversidade de opções
disponíveis no mesmo local, isso poderá reduzir as vendas. Entretanto, se for muito baixo
deprecia a imagem do produto (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 206).
A empresa busca sempre inovar o seu “produto”, em seus modelos e design, colocando
disponível modelos que atraem olhares tanto feminino, quanto masculino, busca conhecer os
gostos, as tendências de cores, vibrantes ou suaves de acordo com a estação, estampas coloridas,
design moderno, retrô, sofisticado, ou seja, pesquisa qual a tendência do público infantil,
adolescente e mais conservador para os mais idosos.
A forma como empresa havaianas administra sua “praça” é considerado um grande
diferencial, pois a exposição de seus produtos em locais que são estratégicos e de fácil acesso,
ou seja, encontram-se em supermercados, em lojas de conveniências, farmácias, shoppings, lojas
de roupas, lojas de material esportivo, lojas de artigos em geral, e principalmente em lojas de
calçados, ou seja, o produto está sempre disponível onde o consumidor frequenta, não passa
despercebido, pois encontra-se em locais que diariamente o cliente passa.
Os processos relacionados a gestão da praça visam estabelecer a localidade ou
delimitação geográfica onde a empresa irá atuar e como alcançar os consumidores seja através
do comércio real e virtual (KOTLER, ARMSTRONG, 2007, p. 210).
A “promoção” da havaianas é feita por meio de campanhas promocionais que é sempre
bastante difundida, baseia-se em suas campanhas frisar a ideia que além de ser legitimas, todo
mundo usa, sem distinção e restrição, sempre com inovação com humor, criatividade, passam a
imagem que o produto pode ser usados em diversas situações e ocasiões. Investem em
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
232
publicidade e propaganda através de outdoors, cartazes, redes sociais, patrocínios, e
principalmente em horários considerados nobres nos canais de televisão.
5. Considerações finais
Verificou-se que a empresa pesquisada utiliza os elementos de marketing em seu
planejamento e ação, sendo estes essenciais para a tomada de decisão e meios de manter e
garantir o nível de satisfação dos clientes através de preço, qualidade do produto, pontos de
entrega e promoção extremamente eficiente e eficaz.
Cabe ressaltar que, por ser uma empresa franqueada sua autonomia em relação á
exploração de marketing é um tanto quanto restrita, mas por outro lado a rede de lojas
Havaianas realiza investimentos periodicamente e que são bastante estendidos por alguns meios
de comunicação a fim de estar presente no cotidiano do seu público alvo. Portanto, constatou-se
que a empresa Havaianas em Petrolina-PE segue o modelo padrão que é imposto pelo
franqueador, a fim de obter uniformidade e manter normas e procedimentos que lhe são
repassadas.
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234
QVT - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A FELICIDADE COMO
VALOR ORGANIZACIONAL
Janine De Lamare Cordeiro Moura50
M.s. Valéria Miranda dos Santos51
Me. Hesler Piedade Caffé Filho52
RESUMO
O objetivo do presente artigo é fazer uma análise das principais abordagens e contribuições de
pesquisadores sobre a qualidade de vida no trabalho (QVT), incluindo temas recentemente
discutidos e contextualizá-los com as práticas vividas em uma grande organização do setor
energético, tendo como base sua regional em Sobradinho – BA. O trabalho explana sobre uma
nova abordagem, que se contrapõe a perspectiva hegemônica disseminada nas organizações,
cujo o objetivo é desenvolver a qualidade de vida do colaborador a partir do seu ponto de vista,
lançando um novo olhar sobre as práticas de QVT e tentando compreender melhor as reais
necessidades do capital humano. A metodologia utilizada foi a pesquisa documental. São
observados os métodos que orientaram as práticas de QVT desenvolvidas na organização
escolhida, cujo conceito de qualidade de vida é fortemente disseminado, apresentando um leque
variado de práticas que visam trazer melhorias para a vida de seus colaboradores, características
preponderantes para escolha do objeto do estudo de caso.
Palavras-chave: Qualidade. Vida. Trabalho. Felicidade. Satisfação.
1. Introdução
A qualidade de vida no trabalho alcançou um patamar de grande importância dentro das
organizações. Com aumento da competitividade, fruto da globalização, as empresas enxergaram
a necessidade de buscar formas de se destacarem no mercado. Desse modo, houve uma
intensificação dos investimentos feitos em novas tecnologias, marketing e qualificações
profissionais que se tornam cada vez mais importantes para obtenção de bons índices de
produtividade e competitividade organizacional.
As diversas atividades organizacionais, as próprias máquinas e todo o aparato
tecnológico são conduzidos por pessoas, sendo estas as principais responsáveis pelo alcance dos
resultados. Com base nisso, é notória a importância do capital humano. A boa relação dessas
pessoas com o trabalho faz toda a diferença para obtenção dos resultados esperados.
50
Pós-graduanda em Gestão empresarial. Faculdade de São Francisco de Juazeiro-BA. Campus Juazeiro. Email: [email protected].
51 http://lattes.cnpq.br/0047832268197786 (74) 36117672
3 http://lattes.cnpq.br/7527346637492629 (74) 36117672
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
235
Os autores Fernandes, Gomide Júnior, & Oliveira (2011) acreditam que a saúde
organizacional esta atrelada a uma coesão entre a empresa e empregado, supondo que as
variáveis comportamentos éticos organizacionais e confiança do empregado na organização
podem impactar na variável saúde organizacional. Eles mencionam ainda os estudos de Jaffe
(1995) sobre a influência da organização saudável sobre a saúde de seus membros e da
comunidade por ela afetada. Também citam Peterson e Wilson (2002) que argumentaram sobre
as consequências nocivas da ênfase exclusiva na saúde do trabalhador, podendo acarretar
restrições que comprometeriam a empresa diante do mercado global. Assim como, também
relacionaram o foco apenas na saúde organizacional com a criação de um ambiente negativo e,
em longo prazo, podendo estimular o aparecimento de doenças crônicas, o estresse e ausência de
comprometimento.
As organizações modernas enfrentam o desafio de se manterem inovadoras. Para tanto,
houve uma aceleração no ritmo de trabalho, exigindo um pessoal mais capacitado, com
múltiplas habilidades e um bom nível de especialização. Segundo Ferreira (2012) citado por
Pacheco (2014), o cenário moderno das empresas vem apresentando trabalhos mais complexos e
que envolvem formas heterogêneas no desempenho de funções. Elói (2013) cita em sua
publicação um estudo do grupo ManPower sobre as competências mais exigidas, tendo sido
realizado em 2011 e aplicado em aproximadamente 60 países, de diversos setores sediadas em
41 países.
Entre as competências mais solicitadas pelos empregadores são a capacidade de
trabalho em grupo, de seguida as habilidades interpessoais, o entusiasmo e
motivação, profissionalismo, atenção aos detalhes, competência de resolução
de problemas, adaptabilidade e flexibilidade, pensamento crítico e pensamento
criativo. (Elói 2013).
Esses novos contextos exigem do sujeito que exerce função gerencial uma atuação mais
dinâmica e ativa no enfrentamento das causas que comprometam o bem-estar dos trabalhadores
e a efetividade organizacional. O papel do gestor não se limita ao papel de motivar seus
colaboradores e cobrar os resultados, agora eles também são responsáveis por comunicar a
estratégia e garantir o alinhamento dos processos para o alcance da estratégia organizacional,
atuando como orientadores do desenvolvimento das pessoas e das competências organizacionais
(Alho & Carvalho, 2007).
Paiva e Couto (2008) atentam para a importância do gestor, dentro dessa nova
perspectiva organizacional, por ser um elo entre a alta gerência e o nível operacional, havendo
uma grande pressão sobre o mesmo. Ainda segundo a lógica dos autores, mediante os estudos de
Hackman e Oldham (1975), a percepção dos gestores sobre a importância de suas atividades nos
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236
resultados organizacionais reflete e ajuda na manutenção da QVT (Qualidade de Vida no
Trabalho), pois, inspira-os a desempenhar suas atribuições com prazer e afinco.
A gestão da qualidade de vida vem ganhando cada vez mais espaço e com o advento de
novas percepções sobre o tema, a teoria vem conquistando novos dilemas e avanços que estão
fazendo grande diferença na vida dos trabalhadores. Do ponto de vista de Carvalho (2014) “a
empresa moderna, e que deseja sobreviver e consolidar-se no mercado competitivo, deve
investir no seu Capital Intelectual, desenvolvendo ações que melhorem o nível de Qualidade de
Vida dos indivíduos”. Esse pensamento reafirma a necessidade das empresas desenvolverem e
qualificarem seu pessoal de maneira a elevar e aplicar corretamente suas habilidades e
competências. O autor se posiciona a favor da continua aplicação dos conceitos de QVT e
sublinha que:
A preocupação com Qualidade de Vida no Trabalho e com a satisfação dos
colaboradores, não pode ser vista como forma de modismo das empresas, mas
deve ser uma ferramenta de suma importância para o desenvolvimento das
organizações que têm foco na produtividade, no mercado de trabalho
(Carvalho, 2014).
Acreditando na importância da QVT para um bom desempenho das atividades e da
melhoria constante dos resultados, a pesquisa desenvolvida neste trabalho contextualiza a teoria
com o que tem sido praticado na Companhia hidroelétrica do vale do São Francisco na busca
por melhorias contínuas.
2. Referencial teórico
2.1. Gestão de Pessoas e o Desenvolvimento da Qualidade de Vida no Trabalho
No âmbito da gestão de pessoas dentro das organizações pode-se perceber a expansão
das atividades agregadas ao setor. Quando se pensa em RH - Recursos Humanos, logo vem a
mente as atividades de recrutamento, seleção e treinamento, contudo, esta área da administração
tem muito mais a oferecer.
Nos últimos anos, em meio ao intenso movimento pela qualidade e produtividade, as
empresas perceberam que sua principal vantagem competitiva é decorrente das pessoas que
nelas trabalham. A correta alocação do capital intelectual pode potencializar pontos fortes ou
ainda reforçar as fragilidades de uma organização.
Torna-se cada vez mais notável a atenção dada aos programas voltados para a
qualidade de vida dos parceiros internos e isso tem transformado o modo com que algumas
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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organizações enxergam o trabalhador. Barbosa (2016) complementa este pensamento quando
afirma:
As pessoas devem ser visualizadas como parceiras das organizações. Como
tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, competências e,
sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a inteligência que
proporciona decisões racionais e que imprime significado e rumo aos objetivos
globais. Neste sentido, as pessoas constituem parte integrante do capital
intelectual da organização. As organizações bem-sucedidas se deram conta
disso e tratam seus funcionários como parceiros do negócio e fornecedores de
competências e não mais como simples empregados contratados.
Observa-se que intuito de compreender as necessidades dos colaboradores, atuando de
modo a tentar satisfazer os seus objetivos, tornam as empresas mais fortes.
Sejam nos investimentos em benefícios, na estrutura física ou no próprio
reconhecimento dos esforços dos funcionários e no aumento da participação dos mesmos nas
decisões da empresa, a gestão de pessoas deve estar envolvida com tudo que possa trazer
melhorias dentro e fora da organização.
2.2. Qualidade de Vida no Trabalho
A origem da qualidade de vida no trabalho teve início na década de 50 e foi marcada
pelos estudos de Eric Trist e colaboradores, do Tavistock Institute, Rodrigues (1991). Seus
estudos analisam a relação indivíduo-trabalho-organização com o desenvolvimento da
abordagem sócio-técnica. Neste sentido, o modo como o trabalhador percebe as suas tarefas
diárias relaciona-se com a forma que as atividades são organizadas e do seu conteúdo.
Na década de 70 os estudos de Walton (1973), de acordo com o trabalho conduzido por
Ferreira, R., Ferreira, M., Antloga e Bergamaschi (2009) ganham relevância, propondo o
equilíbrio entre o trabalho e a vida, com destaque para o papel social da organização. Ainda
segundo os autores, os estudos Walton apresentam oito fatores que expressam a QVT, sendo
elas:
Compensação justa e adequada é a busca pela equidade interna e externa no pagamento dos
salários.
Condições de trabalho tem em vista a preservação da saúde e análise das reais condições
oferecidas para que o trabalhador possa executar suas tarefas.
Uso e desenvolvimento das capacidades seria o adequado aproveitamento dos talentos e
incentivos para que o indivíduo possa aplicar suas capacidades e assim melhorar seu
desempenho, atuando de forma mais autônoma.
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238
Chances de crescimento e segurança envolvem as questões que lidam com as possibilidades
de desenvolvimento de carreira, segurança no emprego e o crescimento pessoal.
Integração social na empresa infere na valorização das relações, na igualdade de
oportunidades e na ausência de atos discriminatórios.
Constitucionalismo refere-se à aplicabilidade das leis referentes aos direitos dos trabalhadores e
ao respeito à privacidade e liberdade de expressão.
Trabalho e espaço total de vida associam-se ao conceito de que entre a vida particular e o
trabalho deveria haver um equilíbrio.
Relevância social do trabalho é responsável pela averiguação do papel social da empresa para
com o meio no qual esta inserida, também envolve a visão do empregado sobre a organização e
as práticas realizadas para aumentar a qualidade dos produtos ou serviços.
Esses fatores atentam para a diversidade de necessidades dentro da organização e a
influência dessas na qualidade de vida dos indivíduos, englobando questões que vão além do
gerenciamento de riscos físicos, tornando indispensável o exercício de bons relacionamentos,
cumprimentos de leis e respeito aos direitos, motivação e administração do desenvolvimento das
pessoas. Os estudos de Walton procuram equilibrar a produtividade com os programas de
qualidade de vida no trabalho.
Ainda na década de 70 é possível observar estudos voltados para a defesa da
humanização das formas de gestão do trabalho. De acordo com Pedroso, Pilatti, Santos, C., e
Santos Jr. (2010) os estudiosos Hackman e Oldham (1975), pioneiros na quantificação de
instrumentos de avaliação da qualidade de vida no trabalho, criaram um escore denominado
“Potencial Motivador do Trabalho” que avalia as propriedades motivadoras do trabalho. A
quantificação do grau de significação do trabalho é realizada através de um questionário que
considera as cinco dimensões essenciais do trabalho: Variedade da tarefa, identidade da tarefa,
significância da tarefa, autonomia e feedback.
Na variedade da tarefa observa-se o quanto é exigido do trabalhador no tocante a
variação de operações/procedimentos ou uso de equipamentos para o desempenho de suas
funções, assim como também na variedade de talentos e habilidades. A identidade da tarefa esta
relacionada com o quanto o funcionário realiza atividades completas e é capaz de identificar os
resultados obtidos mediante os seus esforços. A significância da tarefa refere-se ao impacto da
atividade/serviço realizado na vida de outros trabalhadores e no meio ambiente. A autonomia
associa-se a liberdade de atuação que o trabalhador pode ter na execução das atividades. O
feedback envolve o recebimento de informações sobre o desempenho nas atividades por parte
dos funcionários, deixando-os cientes de que o trabalho esta sendo bem executado ou não.
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Observa-se nas cinco dimensões citadas uma preocupação com a percepção do
funcionário diante das atividades exercidas e do retorno de seus esforços. As tarefas
desenvolvidas impactam na vida dos indivíduos e no meio ambiente no qual estão inseridos de
modo a influenciar no seu grau de motivação para o trabalho.
A preocupação com os recursos intangíveis da organização é um fato ainda recente na
história da administração, pessoas são imprescindíveis para a obtenção do sucesso de uma
empresa. São elas as responsáveis pela realização de todo o processo produtivo. Logo, é fácil
perceber que a temática vai bem mais além de um simples “analgésico” para o mal-estar, como
diz Ferreira (2011). É preciso enxergar o que faz o colaborador feliz em seu ambiente de
trabalho, não pensando somente nos ganhos que essa realização trará para organização.
De acordo com Sampaio (2012) a QVT53
é um “guarda-chuva teórico” onde não há um
conceito universal para o tema, mas que este repousa sobre três conceitos nucleares: o
humanismo (motivação e satisfação), participação do empregado em discussões de gestão e o
bem-estar.
O humanismo esta inserido numa abordagem que busca o atendimento das
necessidades humanas, fazendo com que a lucratividade e produção não sejam os únicos
objetivos organizacionais. A participação do empregado em decisões ou nos grupos
autogerenciados, assim como o humanismo, tem suas origens na sociotécnica. Ainda segundo o
autor, a inserção da participação do empregado é justificada devido a sua associação com o
humanismo e aumento da qualidade de vida. O bem-estar vai além das condições biológicas,
relacionando-se com o estado psicológico, o ambiente social e espiritual do indivíduo. Sampaio
(2012) cita em seu trabalho Morin & Gagné (s.n, p. 9) que se referem ao bem-estar como um
equilíbrio entre o corpo e a mente.
Ainda segundo o autor supracitado, baseado nos estudos de Sirgy e colaboradores
(2001), a qualidade de vida no trabalho seria a satisfação das necessidades do trabalhador, dando
passagem para o comprometimento organizacional, a satisfação com o trabalho e outros
domínios da vida pessoal. Chiavenato (2006) corrobora com os estudos de Sirgy e colaboradores
(2001) quando afirma que “Qualidade de vida implica em criar, manter, e melhorar o ambiente
de trabalho”, acrescentando que isto pode se dar através da higiene e segurança (condições
físicas) ou com melhorias nas condições psicossociais. Todo planejamento voltado para o bem-
estar físico e mental do pessoal implicará em melhorias na qualidade de vida dentro e fora da
organização.
A QVT seria o grau de satisfação das necessidades pessoais e organizacionais, ela afeta
comportamentos importantes e diretamente relacionados com a produtividade a exemplo da
motivação, criatividade e vontade de inovar.
53
Qualidade de Vida no Trabalho.
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240
Os estudos de Gallie (2003), citado por Sampaio (2012), destacam empresas com sede
em países desenvolvidos que oferecem maior participação dos funcionários no processo de
decisões, dando ao colaborador o poder de influenciar nas decisões de mudança organizacional,
além disso, as frequentes reuniões deixam o canal aberto para que possam expressar suas
opiniões. Essa maior participação e consulta implica em maior qualidade nas tarefas.
Diante do exposto, é notória a necessidade impostergável de se aplicar a QVT como um
objetivo estratégico. A humanização das forças de trabalho é enxergá-las com a mesma presteza
com que exercem seus afazeres diários e de buscar a cidadania nas relações organizacionais.
Mesmo não havendo um consenso sobre o que é ou qual melhor programa de qualidade de vida
aplicado, sabe-se a necessidade de se trabalhar o lado humano das pessoas, tendo a compreensão
que eles são parte essencial da empresa e seus esforços devem ser compensados,
entendendo nem sempre ser possível deixar os problemas pessoais “da porta para fora” e que
qualidade de vida não se resume a programas assistencialistas.
Ainda há muito para se investigar nesse âmbito. Existem diversas maneiras de se
aplicar a QVT, contudo, o mais importante para obtenção do resultado esperado é a
compreensão das reais necessidades do empregado. Quais as suas perspectivas? Elas são
atingíveis? Como posso motivar meu funcionário mesmo diante das pressões que o mercado
exige e do estresse decorrente? Estas são, com certeza, questões relevantes que um bom gestor
deveria observar dentro do seu próprio contexto, elegendo os melhores caminhos para se aplicar
as técnicas de qualidade de vida no trabalho.
2.3. Abordagem hegemônica
De modo geral é possível identificar duas abordagens de QVT: a abordagem
hegemônica e a contra-hegemônica. De acordo com Ferreira (2011), importante estudioso da
qualidade de vida no trabalho, a abordagem hegemônica remonta a ótica da “restauração corpo-
mente”. Tem caráter assistencialista, o funcionário é responsável por sua qualidade de vida no
trabalho, a natureza é compensatória e voltada para a produtividade da organização. Ou seja, são
paliativos que tentam, em sua essência, aliviar as condições de mal-estar causadas pelo trabalho.
É comum serem oferecidas atividades voltadas para o bem-estar físico como a massagem e a
ginástica laboral.
Nesta abordagem é possível destacar alguns eixos. O primeiro tem por foco a
produtividade da organização. Segundo Ferreira (2011), essas ações estão carregadas de
referências à “maximização dos resultados”, do “bem-estar organizacional” e “necessidades da
empresa”. Neste sentido, observa-se uma preocupação com os objetivos organizacionais e o
intuito de aumentar o rendimento dos funcionários. Geralmente são atividades práticas e rápidas,
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241
que proporcionam um momento de descontração e relaxamento, incentivando o colaborador a
desenvolver com mais empenho seu trabalho nas horas subsequentes.
O segundo eixo diz respeito ao foco no indivíduo, neste cenário temos ações que
objetivam, ainda de acordo com Ferreira (2011), dar suporte/apoio/ajuda no gerenciamento de
consequências negativas advindas das tarefas realizadas no trabalho. Como exemplo é possível
citar a “Gestão do estresse”, atividades de lazer, entre outras.
Neste eixo, a abordagem é voltada para a reeducação da saúde emocional de seus
funcionários, tratar as pessoas que possam de alguma forma atrapalhar o equilíbrio das
atividades organizacionais. Ferreira (2011) aponta esta ótica como uma tentativa de excluir da
organização emoções nocivas ao ambiente empresarial.
O caráter assistencialista da abordagem é evidenciado nos programas de cunho
compensatório, para aliviar a tensão do estresse e mal-estar causados pelo contexto produtivo.
Para Ferreira (2011) estas atuações melhoram o desgaste causado pelo trabalho, porém, não
resolvem o problema em definitivo.
Ainda seguindo o pensamento de Ferreira (2011), a ótica de restauração corpo-mente
demonstra ser uma forma eficiente e eficaz no trato de indicadores clássicos, tais como:
absenteísmo, desmotivação e rotatividade. Contudo, não tem o contexto de produção de bens e
serviços como a variável que necessita de mudança, sendo o trabalhador o fator mutável
conforme verificamos em Ferreira, et al (2009). Ou seja, as causas existentes no ambiente que o
tornam adoecedor permanecem, evidenciando a característica paliativa da modalidade
hegemônica de QVT.
Para Ferreira (2011) as ações de cunho assistencialista são importantes e válidas, o
problema se instaura quando a promoção de QVT restringe-se somente a práticas de caráter
assistenciais. Deixar as causas reais do mal-estar no ambiente de trabalho intocáveis pode tornar
o problema ainda mais complexo.
2.4. Abordagem contra-hegemônica
Os processos de reestruturação dos meios de produção têm criado um descompasso
entre as práticas hegemônicas de qualidade de vida no trabalho e as necessidades latentes dos
trabalhadores.
Na realidade, os fatores que causam o mal-estar no ambiente de trabalho são mais
complexos e exigem um programa de QVT mais estruturado e voltado para as necessidades do
ambiente em questão.
Ao abordarem, de forma enfática, a “adequação” como aspecto estruturador das
condições de trabalho, os trabalhadores estão reivindicando tudo aquilo que a
Ergonomia da Atividade preconiza e de longa data vem insistindo: adaptação
do trabalho a quem trabalha (Ferreira, 2011).
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242
A abordagem contra-hegemônica tem suas bases na ergonomia e lança um novo olhar
sobre as práticas de QVT. De caráter preventivo, trata o assunto como um meio de se conquistar
o equilíbrio biopsicossocial, tendo como foco a remoção dos fatores causadores de mal-estar no
ambiente de trabalho. “Os fios que tecem a abordagem contra-hegemônica dão origem a uma
QVT coletivamente construída, radicalmente diferenciada da abordagem assistencialista”
Ferreira (2011).
Para o autor supracitado, responsável pelos passos iniciais da perspectiva contra-
hegemônica, O modo mais apropriado para se construir uma concepção de QVT é baseando-se
na realidade das organizações, questionando aos próprios trabalhadores e a todos que atuam
numa dada organização sobre o que eles pensam sobre qualidade de vida no trabalho.
Acreditando seguramente que a opinião dos colaboradores é essencial no processo de
melhoria da qualidade de vida no trabalho e este posicionamento se contrapõe a visão clássica
disseminada nas organizações Ferreira (2011) completa seu pensamento:
É por meio da voz, dada ao trabalhador, e da consideração dos seus gestos, das
suas opiniões, sentimentos e vivências que se compreende o seu trabalho real,
ou seja, a sua atividade. Compreende-se, sobretudo, em que circunstâncias as
exigências das situações de trabalho colocam em risco o bem-estar no trabalho.
Esse pressuposto da centralidade da fala se contrapõe à visão clássica das
ciências do trabalho de que, por meio da tarefa ou do trabalho prescrito, é
possível planejar e executar um trabalho. Essa perspectiva analítica coloca o
trabalhador no centro do processo, autor de cada etapa, ser pensante e que age
sobre sua realidade.
Os estudos da abordagem contra-hegemônica adota a ergonomia da atividade como
guia na aplicação das práticas de QVT. Acreditando na individualidade e na capacidade de
mudança das pessoas, a teoria está sempre aberta a adaptações e inovações. O preceptor desta
abordagem compara a teoria contra-hegemônica a um software livre que aprimora-se com o
tempo.
3. Objetivos
3.1. Objetivo Geral
Descrever as atividades de qualidade de vida desenvolvidas na Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco.
3.2.Objetivos Específicos
Construir um referencial teórico sobre o tema abordado;
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243
Descrever as práticas de qualidade de vida no trabalho de caráter hegemônico e contra-
hegemônico realizadas na empresa objeto de estudo;
4. Metodologia
A metodologia desta pesquisa é fundamentada em investigações teóricas com o
propósito de contextualizar as abordagens relacionadas à qualidade de vida no trabalho com a
realidade praticada em determinada organização. Permitindo assim, a ampliação do
conhecimento dos diversos trabalhos utilizados como referencial bibliográfico do presente
trabalho.
O estudo científico é realizado através de uma pesquisa documental na qual foi feito
um levantamento de referenciais teóricos em fontes diversificadas (artigos, web sites, jornais
científicos, entre outros), com a finalidade de verificar a origem de práticas de QVT
desenvolvidas na empresa objeto deste estudo.
A respeito do objeto de estudo, a maior parte dos documentos utilizados no
levantamento dos dados podem ser encontrados no site da empresa (https://www.chesf.gov.br) e
no site da Fachesf (www.fachesf.com.br) responsável pela gestão do plano de saúde e outros
serviços dentro da Chesf.
Os dados levantados são transcritos e relacionados com as teorias abordadas. As ações
referentes à QVT da organização em estudo estão separadas, segundo sua abordagem
orientadora. A pesquisa tem caráter predominantemente qualitativo.
4.1.Caracterização do objeto de estudo
A empresa em estudo está há 68 anos no mercado. É subsidiária da Eletrobrás
vinculada ao ministério de minas e energia e tem como atividade principal a geração,
transmissão e a comercialização de energia elétrica.
Explorando a bacia hidrográfica do Rio São Francisco, conta com uma sede em Recife
e 10 regionais (Salvador-BA, Sobradinho-BA, Paulo Afonso-BA, Fortaleza-CE, Terezina-PI,
Brasília-DF, Aracajú-SE, Rio Largo -AL, Natal-RN, Campina Grande-PB).
Criada no governo de Getúlio Vargas, durante o período do Estado novo (1945), tem
como missão produzir, transmitir e comercializar energia elétrica com qualidade, de forma
rentável e sustentável. Possui uma termoelétrica e dez usinas hidroelétricas, sendo a maior delas
a de Xingó com 3.162 MW de potência.
Os valores da empresa giram em torno do respeito às pessoas, justiça e equidade,
compromisso com a sociedade, ética e transparência e respeito ao meio-ambiente. Tem como
visão garantir o crescimento sustentável até 2019.
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O recrutamento e seleção das pessoas ocorrem por meio de Concurso Público,
conforme o Artigo 37 da Constituição Federal de 1988. A Chesf conta com mais de 4.500
funcionários e demonstra uma grande preocupação com a qualidade de vida, saúde e segurança
de seus colaboradores, proporcionando programas e ações na tentativa de estimular as pessoas à
adoção de estilos de vida saudáveis. Dentre os planos de benefícios é possível destacar, dentre
outros:
Assistência Educacional
Assistência à pessoa com deficiência
Atendimento ambulatorial
Educação ensino superior
Auxilio óculos e lentes
Complementação de auxílio-doença
Pecúlio por morte ou invalidez decorrente de acidente de trabalho
Plano de assistência patronal
Previdência privada
Seguros de vida e de acidentes pessoais
Auxilio transporte
Vale refeição e alimentação
Auxilio funeral
Dados relevantes da companhia elétrica:
Número de empregados 4.511
Produção anual de energia 25.080 GWh
Energia vendida 52.983 GWh
Distribuição da energia vendida Em regime de cotas - 86%
Ambiente de Contratação Livre - 14%
Clientes/Empresas Distribuidoras de Energia 47
Clientes/Empresas Consumidoras de Energia 18
Clientes/Empresas Comercializadoras de
Energia
6
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245
Patrimônio líquido R$ 8.848,3 milhões
Receita Operacional Bruta R$ 4.774,3 milhões
Receita Operacional líquida R$ 4.039,9 milhões
Fonte: https://www.chesf.gov.br Informação em 31/12/2015
4.2. Apresentação dos coletados
A empresa é responsável por um extenso programa de qualidade de vida, adotando
diversas modalidades. Podem-se observar práticas de QVT envolvendo tanto a abordagem
hegemônica quanto a contra-hegemônica.
4.2.1. Atividades de QVT de caráter hegemônico:
Suporte físico-laboral
Ginástica laboral
Suporte corporativo
Academia
Sala de convivência
Terapias corpo-mente
Massoterapia
Fisioterapia
Reeducação nutricional
Nutricionistas à disposição
Programas
Programa de tratamento ao tabagismo
Programa de prevenção e combate ao uso de álcool
ABPS (acompanhamento biopsicossocial): Voltado exclusivamente para os operadores.
MBPS (monitoramento biopsicossocial): Direcionado para os mantenedores (pessoal de
manutenção). Envolve cuidados psicológicos, atendimento médico e assistência social
disponível dentro da organização.
4.2.2. Atividades de QVT de caráter contra-hegemônico:
Dentistas à Disposição Dentro da Organização
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246
A empresa dispõe de profissionais da área odontológica para atendimento na própria
empresa. O funcionário não precisa sair do trabalho para realizar consultas e procedimentos
odontológicos. Isto é um fator importante, visto que muitos funcionários se deslocariam até
Petrolina-PE ou Juazeiro-Ba em busca de atendimento.
Fachesf-Saúde
A Fachesf oferece aos seus Participantes e beneficiários o Fachesf-Saúde, plano de
assistência à saúde sem fins lucrativos (autogestão), criado com o objetivo de assegurar aos
usuários (Participantes Ativos, Assistidos e dependentes) serviços médico-hospitalares, nos
termos do seu regulamento (ANS 31723-3, RN nº 16, de 05/12/02 MS), com diferentes opções
de cobertura e Rede Credenciada.
Plano de Assistência Patronal 54
Administrado pela Fachesf, o Plano de Assistência Patronal (PAP) concede o benefício
de medicina assistencial aos seus funcionários e dependentes. São serviços cobertos pelo PAP:
a) assistência médica, hospitalar e odontológica, inclusive tratamentos ortodônticos e
implantodontia;
b) assistência psicológica, fisioterápica, fonoaudiológica, nutricional e terapêutica ocupacional;
c) assistência à pessoa com deficiência;
d) assistência à pessoa com dependência química;
e) exames para complementação de diagnósticos e tratamentos realizados em clínicas
especializadas;
f) reembolso de aparelhos e próteses ortopédicas, órteses, aparelhos respiratórios e auditivos,
mediante prescrição médica;
g) reembolso de medicamentos, mediante prescrição médica;
h) reembolso de aparelhos para controle de dosagem de glicose, seringas para insulina, lancetas
e fitas, mediante explícita definição de quantitativo em parecer médico da Chesf ou da Fundação
Chesf de Assistência e Seguridade Social - Fachesf;
i) reembolso de leite sem lactose, mediante parecer e prescrição médica;
j) reembolso de óculos de grau, armações e lentes corretivas, mediante prescrição médica;
k) reembolso das despesas constantes das alíneas “a” a “e” anteriores, quando realizadas e
devidamente comprovadas, por profissionais não credenciados para o atendimento executado.
Plano de Aposentadoria
A Fachesf oferece o plano de Contribuição Definida (CD). Neste plano é possível
observar duas vantagens. A primeira refere-se à possibilidade de escolha do valor da
54
Dados coletados da página virtual da Fachesf. Disponível em: http://www.fachesf.com.br/pdf/pap_resolucao_normativa.pdf. Acesso em 12 de abril de 2016.
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247
contribuição mensal pelo participante e a participação da patrocinadora na contribuição com a
poupança. Na concessão da aposentadoria, o saldo existente na conta determinará o valor do
benefício.
Plano de Promoções/ Carreiras
Com um amplo programa de educação corporativa no intuito de desenvolver as
competências profissionais, a Chesf, através de parcerias com diversas instituições de ensino
promove cursos de capacitação, financiamentos de custos com pós-graduação, mestrados, entre
outros.
Baseado no conceito de competências e resultados, o plano de Carreira e remuneração
esta associado ao desempenho de seus funcionários que se autoavaliam e posteriormente são
avaliados por seus gestores, isto ocorre anualmente, onde os funcionários mais bem avaliados
recebem promoções salariais variáveis.
Programa Equilíbrio
Através do ASO – Atestado de Saúde Ocupacional – a Chesf procura acompanhar os
funcionários com resultados alterados, buscando solucionar o problema de saúde do mesmo. É
possível destacar os casos de colaboradores com resultado alterado referente às taxas de
triglicerídeos. Esses funcionários são encaminhados ao nutricionista para uma melhor avaliação
e posterior reeducação alimentar.
Programa Vivendo e Aprendendo
É um programa voltado para a alfabetização dos funcionários que não tiveram
oportunidade de aprender a ler e escrever. É um programa que eleva a alto estima, traz
realização pessoal e autoconfiança para os beneficiários.
Os dados adquiridos possibilitam a observação de uma grande variedade de práticas de
QVT atendendo diversas necessidades dos colaboradores, indicando que a teoria hegemônica e
contra-hegemônica podem orientar em conjunto um programa de qualidade de vida no trabalho
em prol de melhorias contínuas dentro e fora da organização, preocupando-se com os interesses
múltiplos.
5. Considerações finais
Os textos utilizados na elaboração do presente artigo deram o suporte necessário para a
contextualização da qualidade de vida no trabalho em um ambiente real, onde as atividades
desenvolvidas oferecem grande variedade de informações no que diz respeito aos aspectos mais
modernos em programas de QVT.
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A organização, objeto do estudo, percebe a importância de gerir aspirações, sonhos e
necessidades de seus colaboradores. É possível constatar o quanto a qualidade de vida é
essencial e as inúmeras possibilidades de se aplicar as teorias de QVT nas organizações.
O grau de periculosidade das atividades, por ter muitos trabalhadores envolvidos com
alta tensão, sugere a preocupação constante com o bem estar dos colaboradores. Atendendo a
necessidades distintas, o programa de qualidade de vida da organização em estudo dialoga e
tenta compreender a individualidade dos seus ativos intangíveis.
Diferenciada e inovadora, a proposta de unir as teorias, assistencialista e contra-
hegemônica, foram bem recebidas pela organização. É notável o envolvimento e participação
dos funcionários nas diversas atividades oferecidas em especial os programas voltados para a
melhoria da saúde do trabalhador.
A conclusão principal do presente artigo refere-se à importância dada a progressão e
expansão da qualidade de vida no trabalho nas organizações, em especial, a objeto de estudo.
Onde se pode perceber uma motivação constante em oferecer melhores condições de trabalho
aos seus colaboradores. Oferecendo respeito às diferenças e necessidades intrínsecas de cada
um, fazendo da felicidade um valor organizacional.
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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
251
RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – CONINTA
FISIOTERAPIA NA SAÚDE NA MULHER
Carine Freitas e Silva1
Edi Paulo da Silva1
Emanoela Andrade Santos1
Renivaldo Batista Dias1
Hugo José Cavalcanti Coelho Pereira2
Laís de Holanda (Orientadora)3
1Discente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro.
2Fisioterapeuta, Especialista em Morfolofia, Universidade Federal de Pernambuco
3Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro.
Resumo:
Atualmente, no Brasil, grande parte da população é composta por mulheres. A nova geração feminina
ocupa o mercado de trabalho; qualifica-se profissionalmente, responsabiliza-se pela família; preocupa-se
com estética e com a luta por igualdade. Expõe-se, assim, a diversos tipos e graus de riscos à saúde.
Desta forma, torna-se necessário aprofundamento de políticas de prevenção e planejamento de ações que
promovam a melhoria da qualidade de vida, da igualdade e dos direitos de cidadania da mulher. O
atendimento fisioterapêutico especializado em Saúde da Mulher surge então como uma ferramenta
fundamental para garantir, em todos os níveis de atenção à saúde e fases do desenvolvimento ontogênico,
ações de prevenção, promoção e reabilitação para esta população. O fisioterapeuta especializado pode
atuar desde a prevenção e o tratamento de infecções urinárias e disfunções sexuais até o
acompanhamento e a intervenção em pacientes gestantes e puérperas. O objetivo desta pesquisa foi
observar atividades fisioterapêuticas de promoção e educação em saúde na atenção primária, em visita à
Clinica SERFISIO, na cidade de Petrolina-PE. Fundamentado em entrevista com a fisioterapeuta D.C.G.,
que atua na área de saúde da mulher, conheceu-se a rotina de avaliação e a prática terapêutica com as
pacientes. Por conseguinte, tais práticas ratificaram a importância da ação da fisioterapia especializada na
elaboração de atividades preventivas, no atendimento eficiente e específico os quais geram resultados
satisfatórios e impacto positivo na qualidade de vida desta população.
Palavras-chave: atenção à saúde, prevenção, fisioterapia, saúde da mulher
INTEGRAÇÃO DO MARKETING COM GESTÃO DA PRODUÇÃO: MÉTODO
SERVQUAL COMO INDICADOR DE QUALIDADE DE SERVIÇOS E
INFORMAÇÕES NA BIBLOTECA DA FASJ
Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal1
Cleiane Alves dos Santos Pionório1
Jorge Messias Leal do Nascimento2
Érika Maria Jamir de Oliveira2
1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];
[email protected] 2Docentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];
RESUMO:
A relação do Marketing, Gestão da Produção e Estatística possibilita a compreensão à cerca da avaliação
de diferentes tipos de serviços de informações, em especial, os prestados por bibliotecas acadêmicas.
Nesse contexto, o método SERVQUAL constitui ferramenta para ser aplicado na mensuração da
qualidade de serviços de informações e, as expectativas e percepções por parte dos usuários desses
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
252
serviços. Objetivou-se com esse estudo, adaptar à aplicação da escala SERQUAL para uso da avaliação
da informação de serviços prestados pela biblioteca da instituição de ensino superior Faculdade São
Francisco de Juaziero-BA (FASJ). Realizou-se uma pesquisa de caráter quali-quantitativo, com
elaboração/adaptação e aplicação de questionário auto estruturado. O grupo amostral foi constituído de
23 discentes de uma população amostral 284 discentes, obtidos por amostragem probabilística aleatória.
Após a obtenção dos dados, procedeu-se as analises de Estatística descritiva e construções gráficas de
demonstrações estatísticas. Os principais resultados estão atrelados aos quesitos de informação: O acervo
atende as necessidade de informações?; Os livros e periódicos apresentam facilidade de serem
encontrados?; A quantidade de acervo atende à demanda discente? Para esses três quesitos, verificou-se
que houve maiores valores percentuais para a expectativa em relação à percepção dos serviços prestados
pela biblioteca da Fasj, obtendo-se segundo o fator confiabilidade, insatisfação dos usuários frente aos
serviços mencionados. A escala SERVQUAL demonstra que, os serviços de informações prestados pela
Biblioteca da FASJ não correspondem às expectativas de seus usuários, alcançando GAPs negativos
quanto à relação Percepção x Expectativa.
Palavras - chave: Acervo. Ensino. Interdisciplinaridade. Service Quality.
GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA PRODUÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: UM
ESTUDO EM DUAS IES PRIVADAS DA CIDADE DE JUAZEIRO-BA
Lara Lorena Rodrigues de Castro¹
Sheyla Maria Domingos dos Reis¹
Erika Maria Jamir de Oliveira²
1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];
[email protected] 2Docente do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo: Diante da elevada competitividade observada atualmente na cidade, faz-se necessário que os
coordenadores de curso das Instituições de Ensino Superior façam uso das ferramentas de Gestão de
Pessoas disponíveis. O trabalho teve como objetivo a análise da gestão por competências nas operações
de duas IES da cidade de Juazeiro-Ba. Por meio da pesquisa bibliográfica foi constatado que a Gestão
por Competências pode contribuir para resultados efetivos na operação dos docentes, além de
proporcionar o crescimento e visibilidade das IES em que está sendo aplicada. As entrevistas foram
realizadas por meio de um questionário estruturado, e, permitiram identificar quais são os critérios
utilizados pelos coordenadores para contratação dos professores das IES. Os resultados indicam que os
coordenadores das instituições fazem uso parcial das ferramentas de Gestão por Competências, ou seja,
aplicam algumas etapas, mas não de forma sistêmica. E ainda que, de modo geral, os entrevistados
possuem opiniões semelhantes sobre as questões levantadas na pesquisa.
Palavras-chave: Gestão por competências. Ensino superior. Gestão de Operações.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES E PESQUISA DE MARKETING: UM ESTUDO
SOBRE DECISÕES DE NOVA UNIDADE DE OPERAÇÃO DO GBARBOSA NA
CIDADE DE JUAZEIRO-BA
Bianca Rafaela de Souza Santo¹
Géssica Tamires Barbosa Silva¹
Erika Maria Jamir de Oliveira²
1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];
[email protected] 2Docente do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo
Localizar significa determinar o local onde será a base de operações, entretanto, para que essa escolha
seja bem sucedida, podem-se utilizar alguns parâmetros, um deles é a pesquisa de marketing. O objetivo
da presente pesquisa foi identificar se houve pesquisa de marketing no processo de tomada de decisão
com relação a localização de uma nova unidade operacional do GBarbosa em Juazeiro-BA. Incialmente,
buscou-se no Portal de Periódicos da CAPES, pesquisas realizadas com a mesma temática, em seguida
elaborou-se um quadro com os resultados encontrados, posteriormente por meio do estudo de caso e de
um questionário com perguntas de caráter descritivo-qualitativo, foi realizada uma pesquisa de campo, o
que possibilitou uma discussão verticalizada referente a integração da Pesquisa de Marketing e a Gestão
da Produção no GBarborsa. Os resultados indicam que além de ter sido realizada pesquisa, o profissional
de marketing desenvolveu uma análise ambiental, e ainda, que o administrador enxergou excelente
potencial da região, para uma escolha definitiva e bem sucedida da localização.
Palavras-chave: Tomada de decisão. Pesquisa de marketing. Localização de nova unidade produtiva.
PROCEDIMENTOS SUSTENTÁVEIS COM ENFOQUE NO PROCESSO
PRODUTIVO: UMA ANÁLISE EM UM RESTAURANTE SELF-SERVICE DA
CIDADE DE JUAZEIRO-BA
Amanda Vargas Moraes1
Gessica Shirlei Silva De Mattos1
Erika Maria Jamir De Oliveira2
1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];
[email protected] 2Docente do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo:
Em 2015 líderes mundiais adotaram na sede da ONU a nova agenda de desenvolvimento sustentável,
esta agenda é formada pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser
implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030. E o décimo
segundo objetivo é: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. O objetivo do presente
estudo consistiu em analisar os procedimentos sustentáveis com enfoque no processo produtivo em um
restaurante da cidade de juazeiro-BA. A pesquisa possui abordagem qualitativa, e para conhecer a
realidade do restaurante aplicou-se um questionário com o proprietário. Constatou-se que produção de
óleo de cozinha queimado, emissão de esgoto, desperdício de alimentos e desperdício de água, são os
principais impactos causados pelo restaurante. Apesar disso, percebeu-se que há uma preocupação por
parte do mesmo em diminuir os impactos causados por suas atividades, e que o mesmo considera a
preservação ambiental o principal motivo para a implementação e prática das ações sustentáveis no
restaurante.
Palavras-chave: Gestão da Produção, Sustentabilidade, Self-Service.
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EXISTE BELEZA EM VOCÊ - UMA NOVA PERSPECTIVA SOBRE BELEZA NA
TERCEIRA IDADE
Denise Da Silva Bispo1
Nielio Araujo De Souza1
Davi Dos Santos Monteiro1
Deborah Katalane Da Silva E Silva1
Diego Cacalcante1
Pablo Michel Magalhães2
1Discentes do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.
2Docente do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.
Resumo:
O presente estudo visa analisar o consumo cultural associado à beleza feminina na sociedade. Diante do
cenário atual, percebemos que o público a qual se destina a maior parte dessas informações tem mudado,
as mulheres jovens tem dado lugar às mais maduras quando o assunto é o consumo de cosméticos. Isto é
resultado da decaída da taxa de mortalidade, fazendo dessa forma, com que um novo mercado esteja em
ascensão: o da terceira idade. Portanto, o presente trabalho visa mostrar, através da elaboração de uma
campanha publicitária, uma nova perspectiva sobre a beleza deste público, até então, pouco explorado.
Para isto, utilizamos como principais fontes teóricas autores como Castro (2003), Souza (2004) e Morin
(2011)
Palavras Chave: Beleza, cosméticos, publicidade, campanha.
JOGO INFANTIL - HERÓI DO VELHO CHICO
Samuel De Souza Moraes1
Luan Emmanuel Pires Tupiná1
George Muniz1
Pablo Michel Magalhães2
1Discentes do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.
2Docente do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.
Resumo:
O presente estudo busca desenvolver um jogo infantil, tendo como foco a conscientização sobre o tema
da preservação do rio São Francisco. Uma vez que as crianças estão cada vez mais presas aos meios
eletrônicos, foi decidido utilizar este fator de maneira positiva, transmitindo diversão de forma educativa,
focando no objetivo principal que é a conscientização dos problemas pelos quais o rio São Francisco vem
passando. O conceito foi desenvolvido pelo próprio grupo, onde a abordagem é totalmente relacionada
com a realidade que presenciamos hoje, desde a criação da logo, do personagem e das fases. Como
principais teóricos, que fundamentam este trabalho, estão GODINHO, A. L. (2003), trazendo uma
descrição técnica do Rio São Francisco e o declínio da pesca. COSTA, L. D. (2009), ressaltando de
forma clara e objetiva a importância de jogos educativos serem também divertidos e efetivos, assim
como os jogos de entretenimento. BATISTA, A.D. (2010), destacando os direitos de preservação e
sustentabilidade por meio da lei e por fim, OLIVEIRA, F. N. (2013), falando sobre jogos educativos, a
sua importância e como fazer.
Palavras-Chaves: Jogo; Educação Ambiental; Conscientização; Crianças.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
255
DIREITO DA MULHER NA RELAÇÃO DE EMPREGO E CONTRATO DE
TRABALHO: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Edson Dias de Souza¹
Helga Carolina de O. dos Santos²
Micaelle Eugênia S. Pinheiro³
Wellington Dantas de Sousa4
¹ Graduando em Direito na Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina (FACAPE),e-
mail:[email protected].
² Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco de Juazeiro(FASJ),e-mail:
³ Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco de Juazeiro(FASJ),e-mail:
[email protected]; 4 Especialista em Docência do Ensino Superior, Coordenador do curso de Administração e Ciências Contábeis da
Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ), e-mail: [email protected].
RESUMO
A presente pesquisa, de caráter quantitativo, tem como escopo desenvolver um estudo para evidenciar a
evolução do direito da mulher na relação de emprego e contrato de trabalho. No Contexto histórico em
termos de valoração, o trabalho da mulher sempre foi menor valorado quando comparado com o trabalho
do homem. Várias são as justificativas, a saber, a mulher produz bens de pequeno valor no mercado, tem
menos anos de estudos, requer diferença na jornada de trabalho ou simplesmente dizem que a mulher
possui menor capacidade de se organizar em sindicatos para lutar por seus direitos. O fato é que
diferenças salariais existem até hoje e são justificadas historicamente como sendo normais. Assim sendo,
a pesquisa teve como objetivo desenvolver um estudo para buscar evidências da luta das mulheres pela
igualdade entre os gêneros no mercado de trabalho. É incontestável que a mulher necessita de um amparo
legal maior, devido à adequação física e psíquica, sendo, portanto, necessária uma legislação que as
ampare em seus direitos levando em conta, as necessidades anteriormente citadas. A pesquisa consistiu
num estudo de campo tendo como referência a Faculdade de Ciências Aplicada de Petrolina – FACAPE,
onde foi aplicado questionário de múltipla escolha aos professores da instituição, fundamentado por meio
de referências de autores sobre o tema. Através do instrumento aplicado, foi possível constatar e analisar
as diferenças salariais entre homens e mulheres docentes daquela instituição de ensino. Foi possível
perceber o grau de instrução e outros parâmetros salariais. O estudo também foi capaz de identificar as
diferenças entre a relação de emprego e contrato de trabalho entre gêneros. Para futuras pesquisas
recomendam-se estudos relacionado ao papel da mulher na sociedade e o valor do seu trabalho. O Estudo
em servirá de base de pesquisa para que o meio acadêmico e social possam garantir direitos trabalhistas
conquistados pelas mulheres no mercado de trabalho.
Palavras - chaves: Direito. Mulher. Emprego e Trabalho.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
256
EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA ESCOLA
PÚBLICA DE PETROLINA (PE)
Larissa Lorena de Carvalho1
Patrícia Shirley Alves de Sousa2
Dennis Marinho Oliveira Ramalho de Souza3
Marcelo Domingues de Faria4
1Mestranda no Programa de Pós-Graduação Ciências da saúde e Biológicas da UNIVASF, Graduação em
Odontologia pela UFPE. E-mail: [email protected] 2Mestranda no Programa de Pós-Graduação Ciências da saúde e Biológicas da UNIVASF, Especialista em Saúde
da Família pela UFPel, Graduação em Enfermagem pela UFPI. E-mail: [email protected] 3Professor Adjunto da UNIVASF, Colegiado de Engenharia Elétrica. E-mail: [email protected]
4Professor Associado da UNIVASF, Mestrado e Doutorado em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres pela
USP, Graduação em Medicina Veterinária pela UNIRP. E-mail: [email protected]
RESUMO:
INTRODUÇÃO
A prevenção é a maneira mais econômica e eficaz de se evitar o aparecimento e desenvolvimento
das principais doenças bucais. Dentro das várias atividades preventivas, a educação e a motivação do
indivíduo ocupam lugar de destaque e devem ser aplicadas com o objetivo de alterar hábitos e
comportamentos, promovendo a saúde e melhorando a higiene bucal do paciente (ARCIERI et al., 2013).
A educação em saúde bucal (ESB) é uma ação importante do processo de promoção da saúde,
exigindo características específicas que envolvem práticas, conhecimento, conscientização da população
e oportunidades de aprendizagem (PAULETO; PEREIRA; CYRINO, 2004). A ESB realizada na escola
permite o envolvimento da criança e adolescente na construção de novos conhecimentos, implicando em
mudança de atitudes, hábitos e cuidados. A escola deve ser um ambiente de suporte para a saúde,
permitindo participação da comunidade escolar, através de trabalho coletivo (MESQUINI; MOLINARI;
PRADO, 2006).
Diante do exposto, foi elaborado um programa de educação em saúde bucal numa escola
municipal de Petrolina (PE), visando à motivação dos alunos na melhoria da condição de saúde bucal. O
enfoque deste trabalho é a descrição de um Projeto de Educação em Saúde Bucal desenvolvido como
parte das atividades de uma Dissertação de Mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade
Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), com a finalidade de compartilhar a experiência e refletir
sobre a prática preventiva.
MATERIAS E MÉTODOS
Esse estudo é retrospectivo, descritivo, que relata experiências vivenciadas num projeto de ESB
desenvolvido nas dependências da Escola Municipal de Tempo Integral São Domingos Sávio, no
Município de Petrolina (PE), realizado em parceria com a Organização Não-Governamental (ONG)
Instituto de Educação de Petrolina (IEP), de novembro (2015) a junho (2016), não considerando o mês de
janeiro (2016), por ser época de férias escolares.
Esta proposta surgiu com o intuito de promover a melhoria da condição de saúde bucal dos
discentes desta instituição de ensino com faixa etária entre 6 a 14 anos. Participaram do projeto 144
alunos, devidamente autorizados, através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
assinado por cada responsável.
O principal objetivo do projeto foi permitir que os alunos desenvolvessem: a) capacidade
cognitiva - ampliando os conhecimentos em saúde bucal, e refletindo sobre o consumo consciente do
açúcar; b) capacidade psicomotora - através do treinamento mecânico para o controle do biofilme
dentário, por meio uso do fio dental e da escovação com creme dental.
Um plano de ação para promoção de saúde bucal e prevenção da cárie dentária foi instituído na
escola, através da entrega de escovas de dente, dentifrícios fluoretados, fios dentais e enxaguatório
bucais, a cada três meses, ou seja, em dezembro de 2015 e março e Junho de 2016. No período
compreendido entre novembro de 2015 a junho de 2016, após o almoço, houve escovação supervisionada
diariamente pelos professores da escola. Nos meses de fevereiro e maio de 2016, aconteceu a aplicação
de flúor gel (1,23%), diretamente na escova dos alunos.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
257
As atividades eram realizadas em grupo no pátio da escola e, algumas vezes, exclusivamente
com uma turma, dentro da sala de aula. Os mesmos temas eram abordados nas atividades de todas as
turmas, os quais ocorriam com diferenciação na linguagem utilizada e na didática, levando em
consideração a faixa-etária de cada grupo.
Os alunos assistiram filme educativo sobre saúde bucal intitulado “Missão saúde bucal”; tiveram
palestras abordando temas como identificação dos dentes, estrutura dentária, placa bacteriana, cárie,
gengivite, mau hálito, alimentação saudável, consumo de açúcar, frequência de consulta odontológica,
higiene bucal (escovação e fio dental) e flúor; receberam orientação e demonstração da técnica de
escovação e uso do fio dental e ganharam materiais impressos para desenhar e colorir, além de revistas
com jogos relacionados à saúde bucal.
Também foi realizado jogo de perguntas e respostas sobre conhecimentos em saúde bucal. Ao
término da resposta dada pelos alunos, um odontólogo fazia esclarecimentos sobre o conteúdo,
estimulando-os a refletir. Cada turma foi dividida em 2 equipes, sendo que a equipe com maior número
de acertos ganhava brindes. Nas questões foram abordados os mesmos temas das palestras.
Houve na instituição de ensino um evento intitulado “Família na escola”, neste episódio foi
realizada uma Oficina de saúde bucal aos alunos e familiares, com exibição de filme educativo com
orientações de higiene bucal, distribuição de panfletos sobre o tema, materiais para desenhar e colorir,
revistas com jogos relacionados à saúde bucal, distribuição de kits de higiene bucal (escova de dente e
creme dental) e aplicação tópica de flúor em familiares e alunos.
O projeto também avaliou o Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) de Greene e Vermillion
(1964), em dois momentos: 1) em fevereiro de 2016, antes da instalação do programa educativo
preventivo em saúde bucal e após 4 meses; 2) em junho de 2016, ao final do programa, sendo a sua
interpretação clínica IHO-S: 0,0-0,6 (Bom), 0,7-1,8 (Regular) e 1,9-3,0 (Ruim).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo da experiência, ficou evidente o aumento de conhecimento em saúde bucal adquirido
pelos alunos e a motivação deles na realização das atividades de higiene bucal. Turrioni et al. (2012)
observaram melhoria na higiene oral de alunos que participaram das ações preventivas na escola. Houve
incremento no número daqueles que apresentaram gengiva saudável ou inflamação leve no segundo
exame e também frequência superior de escovação no grupo escolar. Com relação ao consumo de doces,
apresentaram diminuição entre o 1º e o 2º exames. Verificou-se a importância do processo de capacitação
e do planejamento conjunto das ações entre os profissionais da escola e os profissionais de saúde.
O IHOS, avaliado em dois momentos, auxilia na verificação dos métodos de escovação e na
efetividade de programas de educação para a saúde bucal (ROVIDA et al., 2010). Este índice avalia o
acúmulo de biofilme dental (placa bacteriana) na superfície dentária. Tendo em vista que o biofilme
dental é o principal fator etiológico da cárie, o controle do biofilme deve ser feito para impedir que as
bactérias desmineralizem o esmalte dental. Esse índice avaliou se houve melhorias nas condições de
higiene oral dos escolares após a instalação do programa educativo e preventivo em saúde bucal.
Durante a primeira avaliação, o IHOS médio encontrado foi 1,94, considerado ruim. Na segunda
avaliação, obteve-se IHOS médio de 1,11, considerado regular. Pode-se observar diferença significativa
(p-valor<1%), indicando que, em média, o valor da segunda avaliação teve queda em relação à primeira
com nível de confiança de 99%.
Rodrigues, Matias e Ferreira (2016) desenvolveram, durantes os anos de 2012 e 2013, um projeto
de educação em saúde na escola denominado “Senhor Dente”, direcionado a 258 crianças de 3 a 6 anos
de idade, o qual consistiu na implementação da escovação dentária diária com o objetivo de determinar o
grau de redução da Placa Bacteriana nas crianças abrangidas pelo referido projeto, de forma a avalia sua
efetividade na redução das cáries dentárias. Os autores observaram que, após a implementação da
escovação dentária na escola, houve redução significativa do índice de Placa Bacteriana de 2,45,
podendo contribuir para a redução do risco de desenvolver a cárie dentária. Os resultados desse estudo
demonstraram a efetividade dos programas de saúde escolar que promovam a escovação dentária diária
nas escolas. Esses pesquisadores sugerem avaliar a duração desses projetos, como forma de otimizar os
recursos necessários para seu desenvolvimento.
Em 2013, foi realizado um estudo com 64 escolares de escola municipal de Itapagipe (MG), de 9
a 12 anos de idade, estabelecendo um programa de educação e motivação em saúde bucal. Os alunos
assistiram três palestras relacionadas a cuidados com a saúde bucal e participaram de atividades
supervisionadas que incluíram escovação e uso do fio dental. Foi aplicado questionário com as crianças
antes e após a realização de um método educativo. Após as orientações, 100% dos alunos responderam
saber sobre a cárie e a necessidade de higienizar a boca três ou mais vezes ao dia; 98,4% assinalaram que
se deve usar escova, creme dental e fio dental para higienização bucal; 79,6% dos alunos disseram que
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
258
comer muito doce, não escovar os dentes e não usar fio dental faz mal aos dentes. Houve melhora
significativa no número de respostas corretas obtidas após as atividades de orientação, o que demonstra
que os alunos aumentaram seus conhecimentos com relação à saúde bucal. Entretanto, os autores deste
estudo ressaltam que educação e aprendizado, com assimilação de conhecimentos em relação à saúde
geral e bucal, não significa necessariamente, a adoção efetiva dessas boas práticas para saúde, mas
espera-se que repercuta na prevenção e controle da doença cárie (CRUZ et al., 2015).
Evidenciou-se que ações educativas permitem a aquisição de novos conhecimentos, estimulam o
desenvolvimento de habilidades e aptidões pessoais, possibilitam a formação de atitudes preventivas e
permitem a criação de valores que levam o indivíduo à autonomia do cuidado com a própria saúde.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que o projeto de ESB permitiu o envolvimento dos alunos na construção de
novos conhecimentos, implicando em mudança de comportamentos, hábitos e cuidados. A escola deve
ser ambiente de suporte para a saúde, pois é corresponsável na formação de atitudes e valores,
favorecendo o desenvolvimento de ações para a prevenção de doenças, dentre elas, a cárie dentária.
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conhecimento de professores de Educação Infantil sobre saúde bucal. Educar em Revista, n. 47, p. 301-
314, 2013.
CRUZ, M. C. C.; ASSIS, M. F.; FERNANDES, T. C.; SIMONATO, L. E.; KINA, M.; SAKASHITA,
M. S. S. Método de educação em saúde bucal para estudantes. ARCHIVES OF HEALTH
INVESTIGATION, v. 4, n. 5, 2015.
MESQUINI, M. A.; MOLINARI, S. L.; PRADO, I. M. M. Educação em saúde bucal: uma proposta para
abordagem no Ensino Fundamental e Médio. Arquivos do Museu Dinâmico Interdisciplinar. 10: 16-
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PAULETO, A. R. C.; PEREIRA, M. L. T.; CYRINO, E. G. Saúde bucal: uma revisão crítica sobre
programações educativas para escolares. Ciênc Saúde Coletiva, v. 9, n. 1, p. 121-30, 2004.
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redução do índice de placa bacteriana: avaliação da efetividade de um projeto de saúde oral. Revista
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ROVIDA, T. A. S.; MOIMAZ, S. A. S.; ARCIERI, R. M.; GARBIN, C. A. S.; LIMA, D. P. Controle da
placa bacteriana dentária e suas formas de registro. Revista Odontológica de Araçatuba, v. 31, n.2, p.
57-62, 2010.
TURRIONI, A. P. S.; SALOMÃO, F. G. D. MONTI, J. F. C.; VAZQUEZ, F. L.; CORTELLAZZI, K.
L.; PEREIRA, A. C. Avaliação das ações de educação na saúde bucal de adolescentes dentro da
Estratégia de Saúde da Família. Ciênc. saúde coletiva, v. 17, n. 7, p. 1841-1848, 2012.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO COMBATE ÀS ARBOVIROSES
Bárbara Araújo RORIZ 1
Barbara Candeia MORAES 1
Fernanda Ferraz BIONE 1
Gabriela Brito MARCELINO 1
Juliana Lima BERNARDES1
Lívia PAIVA1
Maria Luiza Nunes COSTA1
Carlos Dornels Freire de SOUZA2
Caroline Dieder Dalmas de ANDRADE²,
Denyse Brito NUNES²
Denilson José de OLIVEIRA2
Marcus Amando Fernandes da SILVA²
Paula TELLES ²
Valéria MIRANDA²
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
2 Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO:
Arboviroses são doenças emergentes novas que promovem significativo impacto sobre o ser humano,
devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas limitadoras e morte ou pelas repercussões
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
sociais relacionadas com a sua prevalência, reveladoras de degradação ambiental. As doenças
reemergentes ou resistentes às drogas são as que reaparecem após período de declínio significativo ou
com risco de aumento no futuro próximo (PEDROSO, 2009.). Teve como objetivo realizar uma visita ao
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), visando informar a comunidade sobre as
arboviroses (Dengue, Zika e Chikungunya). Caracteriza-se por ser um relato que descreve as
experiências vivenciadas em grupos de mulheres que frequentam o Centro de Referência em Assistência
Social (CRAS) do Bairro Dom Avelar no município de Petrolina, Pernambuco. Dessa forma, as
experiências foram categorizadas pela temática em questão (arboviroses), tentando-se transmitir
informações sobre os aspectos relevantes e as principais dificuldades encontradas pela comunidade.
A partir da experiência vivenciada, pode-se concluir que há uma necessidade de reforma no método de
prevenção e orientação para com a comunidade. A uma maior necessidade de divulgação de informações
coerentes e verdadeiras com base em estudos científicos, pois foi observado um certo “conhecimento”
distorcido embasado em informações sensacionalista e populares. Diante do que foi vivenciado, foi
possível notar algumas informações distorcidas relacionados a forma de transmissão e prevenção, e com
isso houve a possibilidade de passar informações corretas para a conscientização da população e uma
possível redução de focos do agente agressor.
ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA GESTAÇÃO
Ana Carolina da Silva LEITE1
Camila Dasmasceno dos SANTOS1
Cínthia Roxanne Ferreira SILVA1
Claudiane Ribeiro DANTAS1
Geisa da Silva NASCIMENTO1
Mirelle Djane ALENCAR1
Monaliza Coelho PEREIRA1
Carlos Dornels Freire de SOUZA2
Denilson José de OLIVEIRA2
¹Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA, Brasil. E-mail:
[email protected] 2Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro.
RESUMO
Um momento sublime na vida de qualquer mulher é a gravidez. Momento esse que proporciona diversas
modificações e alterações no organismo materno, gerando diversas adaptações fisiológicas sendo
atribuídas a mudanças hormonais, aumento do útero e de tecidos, mudanças essas necessárias para
a adaptação e crescimento do embrião e depois do feto durante o período gravídico (CANESIN et al,
2010). Essas modificações podem ser tanto físicas como psicológicas, transformando a vida social,
familiar e profissional das mulheres. Hall (2001), afirma ser o fisioterapeuta, o profissional mais
apropriado para lidar com as múltiplas alterações musculoesqueléticas que ocorrem em resposta à
gravidez. Muitas dessas alterações podem tornar a mulher grávida mais vulnerável à dor e às lesões. O
trabalho da fisioterapia obstétrica, fazendo parte da equipe multidisciplinar, tem a intenção de melhorar a
qualidade de vida da grávida tanto no pré como no pós-parto imediato e/ou tardio. A boa qualidade de
vida, eficiência, frequência e extensão da assistência pré-natal revelam o grau de desenvolvimento de
uma nação. Estes são indispensáveis porque a gestação é um dos estudos chamados fisiológicos em que
mais ocorrem anomalias. Este trabalho teve como objetivo realizar uma avaliação e elaborar uma cartilha
informativa para uma gestante a partir de uma abordagem interdisciplinar da fisioterapia. O trabalho
baseou-se em um estudo de caso a partir da aplicação de uma avaliação fisioterapêutica em uma gestante
com 36 semanas. A participante foi selecionada de acordo com a disponibilidade da demanda da Unidade
de Saúde do bairro Angarí em Juazeiro – BA. A ficha de avaliação foi construída conforme os dados do
cartão da gestante, segundo informações prévias sobre o acompanhamento do pré-natal, anamnese, sinais
vitais, exame físico, testes clínicos e avaliação postural. O teste de caminhada de 6 minutos não foi
realizado devido a gestante estar entrando em trabalho de parto. Posteriormente, os acadêmicos
elaboraram uma cartilha com base nos principais achados da avaliação sobre orientações e cuidados
durante a continuidade da gestação, momento do parto e puerpério através de orientações sobre
exercícios, posturas, cuidados laborais e amamentação. Foi marcado um novo encontro com a gestante
após sete dias da avaliação para a entrega e explicação da cartilha além de esclarecer possíveis dúvidas
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
sobre as orientações e condutas. Para a confecção do trabalho, foi utilizado como base de dados Scielo,
Biblioteca Virtual em Saúde e Pubmed. A partir do trabalho proposto, pode-se perceber que a fisioterapia
pode atuar na avaliação, intervenção, orientações durante o período gestacional, parto, puerpério e não só
nas alterações que ocorrem durante a gravidez, mas também com dicas sobre a amamentação.
Palavras-chaves: Fisioterapia, gestação, atuação fisioterapêutica.
FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E A INTEGRALIDADE A SAÚDE
Joice De Souza Batista
Daniela Da Silva Rodrigues
Daltair Junior
CONTRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA PARA CONSTRUÇÃO
DA INTEGRALIDADE EM SAÚDE
Carine Freitas e Silva1
Edi Paulo da Silva1
Renivaldo Batista Dias1
Rosimeire Araújo dos Santos1
Carlos Dornels Freire de Souza
(Orientador)2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA, Brasil. 2 Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA, Brasil.
Resumo:
A saúde pública no Brasil é de responsabilidade do poder público, garantido pela constituição, e possui a
finalidade de garantir atendimento gratuito e eficiente para a população, dividido em estágios primário,
secundário e terciário de atenção, de acordo com o grau de complexidade patológica. Nessa perspectiva,
o trabalho em questão visa compreender a proposta de atuação do profissional fisioterapeuta inserido na
saúde pública, bem como os níveis de atenção à saúde e ao trabalho do profissional na atenção primária,
que pode se desenvolver em unidades básicas de saúde através do Núcleo de Atenção à Saúde da Família
(NASF); em núcleos de vigilância sanitária; em centros de referência e em núcleos de epidemiologia,
como epidemiologista ou como sanitarista (especialista em saúde pública), no cuidado amplo ao paciente
e suas complexidades físicas, biológicas e psicossociais. A metodologia aplicada consistiu-se na
elaboração de um questionário contendo doze perguntas com abordagem ampla, direcionada ao
Fisioterapeuta do Posto de Saúde do Bairro Angari, na cidade de Juazeiro-BA, com posterior análise de
discurso, assim como também foram consultados livros e revistas da área da fisioterapia. Observou-se
que existem amplas possibilidades de carreira e esta profissão não se limita às especialidades clínicas
normalmente pressupostas, a fisioterapia mostra-se transversa a diversas outras áreas da saúde. Os
resultados indicam que a atuação do fisioterapeuta na saúde pública, além de necessária, exige um olhar
mais sensível do profissional sob o paciente, estendendo-se a visão social e promovendo saúde e
cidadania em conjunto.
Palavras-chave: Saúde pública; fisioterapia; cidadania.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
REABILITAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA PARA HANSENÍASE: UMA PROPOSTA
TERAPÊUTICA A PARTIR DE ESTUDO DE CASO.
Anne Karoline NUNES¹
Dalma NASCIMENTO¹
Jobivânia SANTOS¹
Keity Izabely CONCEIÇÃO¹
Symara Ingritt COSTA¹
Carlos Dornels Freire de Souza2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
2 Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO
O objetivo desse trabalho foi traçar um plano terapêutico de acordo com as incapacidades em
decorrência das disfunções acarretadas pela Hanseníase. Foi feito um estudo de caso, em um paciente
com idade de 72 anos, acometido pela Hanseníase multibacilar virchowiava, com reação hanseniana tipo
2. Realizou-se uma avaliação onde foi identificado edema venoso agudo em ambos os membros
inferiores e lesões como: comprometimento do nervo mediano do membro superior esquerdo, nervo
tibial do membro direito e fibular no membro esquerdo, resultando respectivamente em perda de
sensibilidade do 1° ao 3° dedo na região palmar, perda parcial de sensibilidade na região plantar do 1°
metatarso e ausência na região do 3°, não realiza dorsiflexão do pé esquerdo. Na soma de Olhos Mãos e
Pés (OMP) obteve um total de 6 graus de incapacidade. Devido à sua carência quanto a hidratação
cutânea, estando relacionada a idade e Hanseníase, originou-se uma ulceração na região do terço distal da
perna esquerda. Foram realizadas as respectivas condutas: limpeza e remoção de tecido desvitalizado;
Laser de 660nm (3J/cm² , tempo: 6s, modo: varredura e pontual); Banho de hidratação; Orientações para
hidratação à domicílio; Massoterapia nos MMII e Elevação dos MMII; Liberação miofascial de tríceps
sural e técnicas de alongamento passivo e contrai-relaxa; Micromobilização grau 4 ( 3x 30 – articulação
talocrural), exercícios ativos assistidos, isométricos e exercício para músculos intrínsecos do pé;
Exercícios resistidos ( 3x 10 - carga progressiva); Circuito com exercícios proprioceptivo, equilíbrio e
treino de marcha. Concluiu-se que há eficácia no uso de intervenções fisioterapêuticas em casos de
hanseníase, quanto a funcionalidade e o aspecto da pele, resultando na melhora de qualidade de vida.
Palavras-chaves: Hanseníase; Proposta terapêutica; Fisioterapia.
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA INFÂNCIA NO
BRASIL NO PERÍODO ENTRE 2007 E 2013.
Yasmin Santos Carvalho Gama1
Lorena Brito Macedo Borges1
Nathália Carvalho Souza1
Aline Teixeira Ramos1
Renata Mirella Galdencio De Almeida1
Wilsara Estrela Fernandes1
André Luiz Souza Da Silva1
Paula Telles2
Valeria Miranda Dos Santos2
Denyse Brito Nunes2
Carlos Dornels Freire De Souza2
Denilson José De Oliveira2
Marcus Amando Fernandes Da Silva2
Caroline Dieder Dalmas De Andrade2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO
Introdução: A Leishmaniose Visceral (LV) trata-se de uma zoonose do tipo Antropozoonose, pois é
primariamente dos animais, porém transmissível ao homem. A LV tem estreita relação com as precárias
condições ambientais nas quais os indivíduos estão submetidos. É mister destacar que a população
infantil é um dos principais grupos de risco para o adoecimento. Objetivo: Descrever o perfil
epidemiológico da Leishmaniose Visceral na população infantil no Brasil, entre 2007 e 2013.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo, envolvendo todos os casos de
leishmaniose visceral diagnosticados e notificados no Brasil, entre 2007 e 2013. Foram utilizados dados
secundários extraídos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação-SINAN. As variáveis analisadas
foram: região de residência, sexo, faixa etária, zona de residência, raça, modo de entrada, critério de
confirmação, presença de co-infecção LV/HIV e desfecho epidemiológico. Foram calculados os
seguintes indicadores: taxa de incidência (geral e por sexo), de cura, de letalidade e de abandono de
tratamento. Por utilizar dados secundários, este trabalho dispensou autorização do comitê de ética.
Resultados: As regiões Norte e Nordeste representaram a grande maioria dos casos diagnosticados
(24,9% e 51,7%, respectivamente). Por outro lado, na região Sul, apenas 9 casos (0,1%) foram
registrados. A incidência da doença teve ligeiro declínio no período estudado, variando entre 4,60/100
mil e 3,21/100 mil. Quanto ao perfil epidemiológico, destaca-se: 52,32% dos indivíduos eram do sexo
masculino, 66,7% da raça parda, 68,8% residiam na zona urbana. 91,17% foram registrados como casos
novos e 84,06% confirmados laboratorialmente. A taxa de cura foi de 73,39%, a de abandono foi de
0,29% e a de letalidade foi de 3,53%. Discussão: A baixa imunidade da população infantil e a exposição
à ambientes de risco tem explicado a magnitude da doença nessa população. Além desses, outros fatores,
como as condições socioeconômicas e de moradia tem impactado na carga da doença. O declínio da
incidência da doença tem relação com as melhoras sanitárias e dos serviços de saúde experimentados nos
últimos anos. É preciso destacar que a letalidade pela doença ainda se configura como um problema a ser
superado. Conclusão: Podemos concluir que a LV na população infantil ainda é um grave problema de
saúde pública no Brasil, fundamentada pela elevada incidência e letalidade. Recomenda-se que políticas
públicas sejam desenvolvidas para acelerar a redução da carga da doença no país.
Palavras-Chave: Leishmaniose. Infância. Letalidade. Incidência.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE HIV/AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM
GRUPO DE ADOLESCENTES
Amanda de Oliveira PAIXÃO1
Débora Vitória Melo GABRIEL1
Brena Thaís dos Passos RIBEIRO1
Suzana Souza SANTANA¹
Jéssica Letícia Rodrigues MEDRADO1
Camylla Gomes CAMPOS1
Paula Teles VASCONCELOS²
Carlos Dornels Freire de SOUZA2
Denilson José de OLIVEIRA²
Caroline Dieder Dalmas de ANDRADE²
Marcus Amando Fernandes da SILVA²
Denyse BRITO²
Valéria Miranda dos SANTOS²
Bruna Angela ANTONELLI²
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO
O HIV é o vírus de imunodeficiência humana, agente causador da a AIDS (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida). Registrada pela primeira vez na década de 1980, hoje configura-se como
um dos mais importantes problemas de saúde pública do mundo. Este trabalho tem como objetivo relatar
a experiência da realização de educação em saúde na prevenção de HIV/AIDS com adolescentes de uma
escola pública no Município de Juazeiro/BA. Foi realizada uma palestra na escola Luiz Eduardo
Magalhães no dia 14 de junho de 2016 as 10:00 da manhã, com duração de 50 minutos, para um público
composto por 47 alunos do 2° e 3° ano do ensino médio. Na ação foram abordados os seguintes temas:
Definição do termo HIV e AIDS, modos de transmissão, uso de preservativos nos diferentes tipos de
relações sexuais e formas de prevenção. Além disso, foi aplicado um questionário para avaliar o
conhecimento dos alunos sobre o tema. 90% dos alunos presentes durante a palestra tinham um
conhecimento prévio sobre HIV/aids e vias de transmissão. Esses dados apontam que esses jovens
possuem alguns conhecimentos sobre o HIV/aids compatível com seu grau de escolaridade. A vivência
de educação em saúde proporcionou uma experiência desafiadora na construção do artigo, visto que esta
foi realizada superando o modelo tradicional em sala de aula, desenvolvendo uma
atividade interdisciplinar e de cunho social. Conclui-se que há necessidade de inclusão de discussões
permanentes, debates nas escolas sobre o tema em questão, favorecendo a participação ativa dos atores
envolvidos.
Palavras-Chaves: AIDS, educação em saúde, prevenção.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NA MICROCEFALIA
Gabriel Henrique Barbosa MIRANDA1
Géssica Luana Oliveira da SILVA1
Ingride Ítala Souza Alencar TELES1
Jéssica Pinheiro dos SANTOS1
Jéssica Silva Hermenegildo de SOUZA1
Maria de Fátima Nascimento dos REIS1
Priscilla Silva Hermenegildo de SOUZA1
Carlos Dornels Freire de Souza2
Denilson José de Oliveira2
Caroline Dieder Dalmas de Andrade
2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
Resumo:
O aumento das notificações de casos de microcefalia em Pernambuco, Brasil, e no Nordeste caracterizou
uma epidemia que levou o Ministério da Saúde a decretar emergência nacional de saúde pública.
Inicialmente, o Ministério da Saúde definiu como suspeitos recém-nascidos de 37 semanas ou mais de
idade gestacional (IG) e com perímetro cefálico (PC) de 32cm. O rápido aumento do número de casos
suspeitos de microcefalia em recém-nascidos vivos, a partir de agosto de 2015, em Pernambuco,
Nordeste do Brasil, chamou atenção dos médicos dos sistemas público e privado de saúde do estado. A
possível associação do aumento de casos de microcefalia com surtos de infecção pelo vírus Zika,
ocorridos no Brasil em meados de 2015, principalmente no Nordeste, passou a ser objeto de
investigações. Não existe um tratamento característico para a microcefalia, possuem meios que auxiliam
o desenvolvimento da criança. Cada criança apresenta sinais diversos e por esse motivo devem ser
atendidas por uma equipe médica multidisciplinares. A microcefalia causa sérias sequelas e ela pode
estar associada a desnutrição, drogas, toxoplasmose, zika, uma diversidade de anormalidade e síndromes
metabólicas e/ou genéticas, agressões ambientais, e causas ainda desconhecidas podem afetar
crescimento e desenvolvimento do cérebro. A Fisioterapia atua no tratamento da microcefalia utilizando
alguns métodos, como reabilitação, uso de órteses e próteses. São necessárias algumas ações para
diminuir alguns vetores, consequentemente diminui também as faixas de incidência e também a mal
formação congênita da microcefalia.
CONVERSANDO SOBRE A TUBERCULOSE COM PACIENTES DO CENTRO DE
INFORMAÇÕES EM DST-HIV/AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Ádria Caroline de SOUZA1
Ana Caroline Batista MAIA¹
Araly Carvalho Guimarães COELHO1
Hanna da Silva DIAS1
Jamilly Carvalho SANTOS1
Rita de Kássia Silva de Marques
FERREIRA1
Valquíria da Costa RIBEIRO1,
Bruna Ângela ANTONELLI²
Carlos Dornels Freire de SOUZA²,
Caroline Dieder Dalmas de ANDRADE²,
Denilson José de OLIVEIRA²,
Denyse Brito NUNES²
Marcus Amando Fernandes da SILVA²
Paula Teles VASCONCELOS²
Valéria Miranda dos SANTOS²
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO
Introdução: Em meados do século XVIII, a tuberculose foi evidenciada como uma doença de
representação romântica, sendo utilizada pelos poetas no seu projeto de negação do “mundo concreto” e
de expressão de sua desilusão para com a vida social. No entanto sabe-se que a tuberculose é uma doena
infecto contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). A infecção por
esse bacilo dá-se através do ar, da tosse, da fala ou do espirro de um indivíduo doente e a sua inalação
ocasiona alterações no organismo do indivíduo infectado. Objetivo: Esclarecer o que é a tuberculose,
para que a sociedade saiba o que fazer e como tratar evitando assim que o preconceito persista e que não
contribua para as consequências da progressão da patologia. Metodologia: A presente pesquisa trata-se
de um estudo de caso onde foram relatados a experiência vivenciada na execução de uma palestra
ministrada à pacientes da unidade do CIDHA- Centro de informações em DST- HIV/AIDS em Juazeiro-
Bahia. Na explanação da palestra foram abordados o tema tuberculose explicando conceitos e
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
esclarecendo as dúvidas da comunidade para uma melhor compreensão da doença, auxiliando assim um
melhor tratamento e consequentemente uma redução do número de casos na cidade. Além da execução
da palestra foi efetuada uma pesquisa nas bases de dados BVS e Scielo buscando artigos que
compreendessem o tema abordado para um melhor estudo de caso. Resultados: A população que
participou da palestra não tinha conhecimentos prévios sobre a doença nem mesmo que a fisioterapia
poderia atuar no tratamento, sendo assim válido todo o conhecimento transmitido durante a palestra para
que os ouvintes pudessem conhecer essa doença que é tão antiga e que mesmo assim desconhecida por
parte da população. Conclusão: A pesquisa contribuiu de forma positiva na vida dos pacientes ouvintes,
visto que agregou conhecimento para eles sobre uma patologia antiga que é pouco informada para a
população, principalmente para a população carente e com restrições ao acesso de informação.
Palavras- chave: Tuberculose. Fisioterapia na tuberculose. Preconceito na tuberculose.
H1N1 – A PREVENÇÃO COMO A MELHOR FORMA DE COMBATER A DOENÇA
Andréa Lira Pinheiro de SOUZA1
Eric Pereira de SOUZA1
Giovana Cristine Castro Amorim LINS1
Renata dos Santos Lopes ALMEIDA1
Sarah Patrícia Alves dos SANTOS1
Vitor Ravi Marques Miranda RODRIGUES1
Yure Santos Castro ALVES1
Carlos Dornels Freire de Souza²
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
Resumo:
Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicos do curso De Fisioterapia do terceiro
período da Faculdade São Francisco de Juazeiro, que desenvolveram uma atividade a título informativo
do componente curricular interdisciplinar: CONINTA. Essa atividade ocorreu no mês de Junho de 2016,
no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), localizado no Bairro Dom Avelar, no município
de Petrolina–PE. Diante esta realidade, a disciplina apresentou como proposta realizar um diálogo com
grupos de crianças de 07 a 12 anos, adolescentes, mães e gestantes do programa Mãe Coruja e com
idosos. Para tanto, os discentes realizaram uma palestra sobre o tema Influenza A/H1N1, com objetivo de
abordar os sinais e sintomas, formas de contagio, tratamento e prevenção, assim como retirar dúvidas dos
participantes. Também foram utilizadas técnicas de RTM como a Tapotagem. Durante esse diálogo foi
abordado questões no intuito de saber o conhecimento prévio dos presentes sobre o assunto. Além da
palestra, como forma de revisão foi mostrado uma animação em forma de vídeo de nome H1N1 com a
Turma da Mônica, que apresenta uma linguagem mais simples e divertida. Após o vídeo foi feito para as
crianças uma atividade lúdica, com desenhos e pinturas sobre a temática abordada e para os jovens e
adultos um pequeno questionário afim de saber o nível de absorção de conteúdo dos mesmos. Ao termino
da palestra foram distribuídos folhetos informativos sobre o tema.
Palavras-Chave: H1N1; Influenza; educação em saúde.
APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
NO CONTEXTO INTERDISCIPLINAR
Bruno Eugênio Ferreira¹
Carlos Eduardo De Almeida¹
Pamella Wanessa¹
Henrique Santos¹
Paula Teles Vasconcelos2
Carlos Dornels Freire Souza2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
2
RESUMO Introdução: A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polirradiculopatia desmielinizante de
inflamação aguda, autoimune, de apresentações geralmente com reversibilidade, os sintomas sucedem
episódios infecciosos, principalmente os de quadros virais. A ABP tem uma relevância maior sobre o
ensino tradicional, a troca do conhecimento fragmentado, ofertado em disciplinas, por uma problemática
real, que envolvam diversos aspectos educativos, favorece uma aprendizagem ampla, contextual e, ainda,
gera a integração dos conteúdos curriculares dos ciclos básico e clinico. Objetivo: Relatar a experiência
de aprendizagem baseada em problemas utilizando como disparadores de aprendizagem a Síndrome de
Guilain-Barré e a interdisciplinaridade. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência realizado a
partir de uma pratica com grupo tutorial, tendo como eixo direcional a aprendizagem problematizada.
Foram realizados quatro encontros com a participação de quatro alunos do 3° período de fisioterapia,
sendo dois desses com a presença da orientadora. Resultados: Por meio dos objetivos de pesquisa
identificados através da situação-problema proposta pela ABP, foi possível elucidar algumas questões
acerca da SGB, como sua causa (fisiopatologia da doença), os principais acometimentos, tipos de
tratamento dentro da Fisioterapia em cada fase da doença (aguda ou crônica), relacionar a atuação da
equipe multidisciplinar, principalmente o psicólogo e fisioterapeuta no processo de aceitação da
síndrome pelo paciente. Conclusão: O estudo em questão motivou a busca por maiores esclarecimentos
sobre a SGB num contexto de interdisciplinaridade, visando um conhecimento participativo e atuante dos
envolvidos em todo o processo de obtenção de informações. Despertando interesse e motivação na
construção do saber acerca do tema proposto e tornando os integrantes do grupo agentes construtores. O
uso da metodologia ativa estimulou de forma eficaz a pesquisa através da sequência dos 7 passos
propostos pela ABP.
GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA NA POPULAÇÃO IDOSA AFETADA PELA
HANSENÍASE NO ESTADO DA BAHIA: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO ENTRE
2001 E 2012.
Aryane Vallesca Mendonça de Sousa¹
Camila Oliveira da Silva¹
Leny Gleystiane Miguel Santana¹
Mariana Castro Lopes¹
Mariana Coelho Sento-Sé¹
Slayra Enels Silva Tranquilli¹
Wandreya Tainá Freire Godim¹
Carlos Dornels Freire de Souza2
Denilson José Oliveira2
Paula Telles2
Bruna Antonelli2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO
Introdução: Nos países em desenvolvimento são considerados idosos aqueles indivíduos com 60 anos e
mais. No Brasil, essa população já ultrapassa 23 milhões de pessoas. A hanseníase é uma doença
infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae e representa um dos mais importantes problemas de saúde
pública no Brasil, em razão da magnitude da doença e das graves incapacidades físicas que pode gerar.
Objetivo: Demonstrar a carga da doença em idosos no estado da Bahia, descrever o perfil
epidemiológicos e analisar o grau de incapacidade física nessa população.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal e descritivo envolvendo todos
os casos novos de hanseníase diagnosticados em idosos residentes no estado da Bahia, entre os anos de
2001 e 2012. Os dados foram obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação- SINAN, base
estadual; já os dados populacionais necessários foram coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística –IBGE. Após a coleta, foram calculados os coeficientes de detecção de casos novos na
população geral e na idosa. Além dos indicadores, foram traçados os perfis sociodemográfico e
epidemiológico. Por fim, foi conduzida a análise do grau de incapacidade física.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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Resultados: O coeficiente de detecção na população idosa é muito superior ao coeficiente na população
geral (pico de 53,09/100 mil e 28,44/100 mil, respectivamente). O coeficiente de detecção foi maior no
sexo masculino (45,10/100 mil) e na faixa etária 60-69 anos (43,03/100 mil). Foi observada também a
baixa escolaridade dos casos registrados (31,04% de analfabetos). A classificação operacional que
prevaleceu foi a multibacilar e a classificação clínica dimorfa. Quanto ao grau de incapacidade, foi
observada que a proporção de homens com incapacidades físicas foi maior do que o de mulheres. Por
outro lado, a proporção de mulheres com grau zero de incapacidade foi maior.
Discussão: Características do processo de envelhecimento, com a queda da imunidade tem explicado
porque a magnitude da hanseníase é maior na população idosa. Além disso, é pertinente destacar que
aspectos culturais de negligenciamento do corpo masculino tem relação com a maior ocorrência de
incapacidades físicas na população idosa do sexo masculino. Outro aspecto relevante diz respeito ao
diagnóstico tardio, uma vez que a grande maioria dos casos diagnosticados são dimorfos (classificação
clínica) e multibacilar (classificação operacional).
Conclusão: A doença se mantém com elevada magnitude no estado da Bahia, com destaque para a
população idosa. Nesse grupo, predomina o sexo masculino, a baixa escolaridade, a forma clínica
dimorfa e a classificação operacional multibacilar. Podemos concluir ainda que há diferença no grau de
incapacidade quando comparados os sexos, sendo os homens com mais incapacidades físicas do que as
mulheres. Recomenda-se que políticas públicas devem ser implantadas considerando tais peculiaridades.
Palavras-Chaves: hanseníase; idoso; GIF; incapacidade física.
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ASSOCIADA A ACUPUNTURA NA
PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA
Lucas Carvalho de Macedo¹
Victor Lucas Batista Nascimento¹
Carlos Dornels Freire de Souza2
Marcus Armando Fernandes da Silva2
Denilson José de Oliveira2
Bruna Ângela Antonelli2
¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.
RESUMO
Introdução. A Paralisia Facial Periférica é uma síndrome clínica de etiologia incerta, resultante da lesão
do nervo facial. Objetivo. Relatar a intervenção fisioterapêutica associada a acupuntura em indivíduo
com paralisia facial periférica, atendido no Laboratório Multifuncional da Faculdade São Francisco de
Juazeiro, no período entre março e junho de 2016. Método: Trata-se de um relato de caso. Inicialmente,
realizou-se a anamnese e o exame físico do paciente, usando o sistema de classificação de House-
Brackmann. Após a avaliação, foi traçado um plano terapêutico composto por 50 sessões de fisioterapia,
realizadas diariamente, exceto em finais de semanas e feriados. O programa foi composto por
eletroterapia com corrente Aussie, massoterapia, cinesioterapia, Facilitação Neuromuscular
Proprioceptiva e acupuntura. Resultados. Após o tratamento, o paciente foi reavaliado. Quanto a
classificação de House-Brakmann, a função motora foi classificada como normal, com alinhamento do
ângulo da boca, capacidade de fechamento palpebral alternado e sem lagoftalmo, de enrugamento da
testa, de assovio e de sugar usando canudo. Conclusões. A abordagem fisioterapêutica proposta mostrou-
se eficaz na recuperação neuromotora do paciente com paralisia facial periférica.
Palavras-Chave: Fisioterapia, paralisia facial, acupuntura, terapia por estimulação elétrica.
Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016
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FISIOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA
Carine Freitas e Silva1
Edi Paulo da Silva1
Renivaldo Batista Dias1
Rosimeire Araújo dos Santos1
Prof. Carlos Dornels Freire de Souza (Orientador)2
1Discente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro. 2Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro.
Resumo:
A saúde pública no Brasil é de responsabilidade do poder público, garantido pela constituição, e possui a
finalidade de garantir atendimento gratuito e eficiente para a população, dividido em estágios primário,
secundário e terciário de atenção, de acordo com o grau de complexidade patológica. Nessa perspectiva,
o trabalho em questão visa compreender a proposta de atuação do profissional fisioterapeuta inserido na
saúde pública, bem como os níveis de atenção à saúde e ao trabalho do profissional na atenção primária,
que pode se desenvolver em unidades básicas de saúde através do Núcleo de Atenção à Saúde da Família
(NASF); em núcleos de vigilância sanitária; em centros de referência e em núcleos de epidemiologia,
como epidemiologista ou como sanitarista (especialista em saúde pública), no cuidado amplo ao paciente
e suas complexidades físicas, biológicas e psicossociais. A metodologia aplicada consistiu-se na
elaboração de um questionário contendo doze perguntas com abordagem ampla, direcionada ao
Fisioterapeuta do Posto de Saúde do Bairro Angari, na cidade de Juazeiro-BA, com posterior análise de
discurso, assim como também foram consultados livros e revistas da área da fisioterapia. Observou-se
que existem amplas possibilidades de carreira e esta profissão não se limita às especialidades clínicas
normalmente pressupostas, a fisioterapia mostra-se transversa a diversas outras áreas da saúde. Os
resultados indicam que a atuação do fisioterapeuta na saúde pública, além de necessária, exige um olhar
mais sensível do profissional sob o paciente, estendendo-se a visão social e promovendo saúde e
cidadania em conjunto.
Palavras-chave: Saúde pública; fisioterapia; cidadania.