O Poder da Mente
Roger Baum
Copyright © 2007 da edição: Editora DCL – Difusão Cultural do Livro
DIRETOR EDITORIAL: Raul Maia
EDITORA: Eliana Maia Lista
ASSISTENTE EDITORIAL: Ana Claudia Vargas
TRADUÇÃO: Luiz Roberto S. S. Malta
REVISÃO TÉCNICA: Elisabeth Torii
REVISÃO DE PROVAS: Ana Paula de Mello Castilho Cecília Madio
GERENTE DE ARTE: Sandro Silva Pinto
CAPA E PROJETO GRÁFICO: 13treze Design
DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL: Entreletras Júlio Giusti Balisa José Marcos Rigamont
ASSESSORIA DE IMPRENSA: Paula Thomaz
SUPERVISÃO GRÁFICA: Roze Pedroso
GERENTE DE VENDAS E DIVULGAÇÃO: Lina Arantes Freitas
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Baum, Roger O poder da mente / Roger Baum. — São Paulo : DCL, 2007.
ISBN 978-85-368-0229-9
1. Mente – Corpo 2. Parapsicologia I. Título.
06-9191 CDD – 133.8
Índices para catálogo sistemático:
1. Poder mental : Parapsicologia 133.8
1a edição • agosto • 2007
Editora DCL – Difusão Cultural do Livro Ltda.Rua Manuel Pinto de Carvalho, 80 – Bairro do Limão
CEP 02712-120 – São Paulo/SPTel.: (0xx11) [email protected]
SUMÁRIO
Introdução ............................................... 9
PRIMEIRA PARTE
O fenômeno PK ................................................... 11
Diversas teorias sobre o fenômeno PK .......... 12
As “proezas” de Home .................................. 12
As teorias de Maxwell .................................. 13
A partícula pósitron ...................................... 14
Uma teoria popular ...................................... 14
As propriedades físicas dos metais ................ 15
O fenômeno da ressonância ......................... 16
A telecinese ....................................................... 18
Controvérsias originadas pela telecinese ....... 20
Angelica Cottin ........................................... 21
Eusapia Palladino .............................................. 22
Novos fatos ................................................. 25
As fraudes de Eusapia Palladino ................... 26
Novas investigações ..................................... 27
Outros médiuns de telecinese ......................... 29
Daniel Douglas Home ................................. 29
Os irmãos Davenport .................................. 31
Os irmãos Schneider .................................... 32
O decalque .................................................. 34
Nina Kulagina ............................................. 37
A misteriosa mesa de Porreras ...................... 38
A mesa de Nulles ......................................... 38
As conclusões do professor D’Arbó .............. 41
Explicações sobre a telecinese ........................ 43
Clariaudiência ................................................... 45
O caso da Sorbonne ..................................... 45
O caso de Aleister Crowley .......................... 46
A parapsicologia como ciência que estuda
os poderes da mente ........................................... 48
O medo da verdade ...................................... 49
O verdadeiro conhecimento ......................... 50
Fantasmas e aparições ........................................ 52
Os fantasmas na Inglaterra .......................... 52
O fato .......................................................... 54
Os fantasmas da Torre de Londres ............... 55
Sugestão, hipnotismo e magnetismo,
três poderes mentais de grande importância ..... 57
O que é o psiquismo transcendental ............. 57
Sugestão ...................................................... 57
Sugestão anormal ........................................ 58
Curandeirismo ............................................ 61
Fascinação ................................................... 64
Como as impressões externas atuam ............. 65
Hipnotismo ................................................. 68
Magnetismo ................................................ 69
Outros estados derivados do poder da mente ..... 70
Letargia ....................................................... 70
Catalepsia .................................................... 71
Sonambulismo ............................................ 72
Desdobramento da personalidade ................ 73
Perda dos cinco sentidos .............................. 74
Ação do magnetismo a distância e a
prazo fi xo..................................................... 75
SEGUNDA PARTE
O desenvolvimento dos poderes psíquicos ......... 76
Os fenômenos espontâneos .......................... 77
As condições para o desenvolvimento ........... 78
As correntes cósmicas .................................. 79
Como conseguir êxito na vida ....................... 80
As três leis do êxito ...................................... 81
Arrastados pela maré ................................... 82
Agindo em prol do bem-estar fi nal ............... 82
Como estas leis se aplicam ao
desenvolvimento psíquico ............................ 83
Regras a seguir ............................................. 84
O cultivo dos dons espirituais e psíquicos ......... 85
O desenvolvimento dos poderes psíquicos .... 86
Controle dos fenômenos .............................. 87
Exercícios para o desenvolvimento
do poder mental ........................................... 87
O domínio do Eu ......................................... 88
Como o espírito nos une .............................. 89
A meditação ................................................ 89
O poder do pensamento ............................... 90
O uso da vontade ......................................... 91
O autodesenvolvimento essencial ................. 92
O medo e como eliminá-lo ................................. 92
A fé salva aquele que naufraga ...................... 93
Os efeitos nocivos do temor sobre o corpo .... 94
Medo X Razão ............................................ 95
Emoções malignas ....................................... 96
Como uma enfermidade é provocada
pelo medo .................................................... 97
O medo é contagioso ................................... 98
O medo de ser hipnotizado .......................... 99
O magnetismo pessoal ......................................100
As existências inesgotáveis ..........................101
O fator físico ..............................................102
O fator mental ............................................102
O fator espiritual ........................................103
Como infl uir sobre os outros .......................104
Como impedir a infl uência alheia ................107
Aplicação saudável ......................................107
A telepatia ........................................................108
Como a telepatia atua .................................108
Os diversos tipos de mensagens telepáticas ..109
A telepatia e suas experiências práticas ........110
Como garantir o êxito .................................111
Experiências mais complicadas ....................112
Como impedir que as más infl uências afetem o
nosso psiquismo..........................................113
A clarividência .................................................114
Clarividência subjetiva ................................115
Clarividência objetiva .................................115
Clarividência de raios X ..............................116
Clarividência cataléptica .............................116
Clarividência telepática e outras ..................117
Diagnóstico por clarividência ......................119
A explicação da clarividência .......................120
Teoria do sentido astral ...............................120
Teoria da infl uência espiritual .....................121
Teoria do tubo astral ...................................121
Teoria da criação da forma de pensamento ...121
Teoria da percepção direta ...........................121
Por que e como vemos na clarividência? .......122
Exercícios de desenvolvimento ....................123
A polarização e como usá-la ........................124
A fé e a crença .............................................125
Os fatores de desenvolvimento
da clarividência ...........................................126
Como distinguir o verdadeiro do falso .........127
A solução do mistério..................................127
Os sonhos ...........................................................129
O que é dormir? ..........................................129
Os sete sonhos mais comuns .......................130
As causas dos sonhos ..................................131
A interpretação dos sonhos .........................131
Os casos de POLTERGEIST ......................................132
O estudo do poltergeist ................................133
Um caso de poltergeist ................................... 135
Roger Baum
INTRODUÇÃO
Atualmente, nem os pesquisadores mais retrógrados se
atrevem a negar que o ser humano possui uma espécie
de sexto sentido que é, defi nitivamente, o Poder Mental.
Esse Poder Mental é uma faculdade inerente a todos
os seres humanos, embora algumas pessoas tenham essa
capacidade mais desenvolvida do que outras, da mesma
forma como ocorre, por exemplo, com a inteligência ou o
desenvolvimento muscular. Não existe ser humano que seja
exatamente igual aos demais. Isto se dá não só no aspecto
físico, como no cerebral, no moral e no psíquico.
Cada ser humano é único, afi rmação que vale
também para o sexto (ou talvez sétimo?) sentido, que é
o Poder da Mente.
Este poder possibilita uma série de fenômenos,
muitos dos quais ainda sem explicação óbvia, como a
telepatia, o poltergeist, o movimento de objetos a distância,
a clarividência etc.
Atualmente, existem máquinas e até câmeras fo-
tográfi cas criadas para detectar e registrar com exatidão
a manifestação de tais fenômenos e o grau de poder de
indivíduos mais dotados.
O Poder da Mente
Neste livro que ora se inicia, porém, pretendemos
nos limitar aos diversos Poderes Mentais que, em
maior ou menor grau, todos possuímos, sendo possível
desenvolvê-los mediante certas técnicas aplicadas com
a devida constância.
Se o objetivo fosse apenas demonstrar o Poder
Mental como força psíquica inerente aos homens, bastaria
estudar individualmente os diversos fenômenos e as suas
aplicações determinadas por seu possuidor.
Entretanto, neste livro, o Poder Mental é abor-
dado como ramo da Parapsicologia, ciência ainda não
reconhecida pelos mais céticos, cujo campo de estudo são
os fenômenos que se afastam do contexto normal huma-
no e, podemos dizer, também do divino – no sentido do
Universo desconhecido, cujas forças ainda permanecem
ignoradas em sua maior parte.
Sabemos que somente uma parte mínima do
cérebro humano é utilizada. Pois bem: o Poder capaz de
originar fenômenos paranormais tão assombrosos, como a
telepatia ou a clarividência, resulta do uso de uma porção
maior que o normal de regiões cerebrais.
Roger Baum
PRIMEIRA PARTE
O FENÔMENO PK
Em 1975, durante um programa da Televisão Espa-
nhola, especifi camente no programa “Directísimo”,
os telespectadores presenciaram um espetáculo certamen-
te insólito. Uri Geller foi capaz de dobrar uma colher de
metal usando apenas “a força da sua vontade”.
Os fenômenos não pararam aí. Um prato que-
brou-se após ser delicadamente esfregado. Em seguida,
o israelense pôs em funcionamento um relógio que estava
parado havia muitos anos, deformou uma pequena chave
e terminou a atuação reproduzindo com grande exatidão
um desenho que horas antes o apresentador do programa
tinha feito e colocado em um envelope fechado.
Fez ainda mais: atendendo ao pedido de Uri Geller,
centenas de telespectadores comprovaram que o poder da
mente podia ser compartilhado: realizaram eles mesmos,
proezas em seus lares, como dobrar garfos e colheres e
pôr em funcionamento relógios imprestáveis.
O Poder da Mente
Antes e depois desse programa, Uri Geller apresen-
tou a sua força mental perante numerosos auditórios do
mundo inteiro, ensejando debates quase violentos, pró e
contra sua capacidade mental. Alguns aceitavam os fenô-
menos como manifestação autêntica do poder da mente,
enquanto para outro, o fato não passava de truque.
Embora o fenômeno de dobrar objetos metálicos
já fosse conhecido havia séculos, sendo muito comum na
fenomenologia PK, coube a Uri Geller, mediante a popu-
larização que obteve, torná-lo conhecido mundialmente.
DIVERSAS TEORIAS SOBRE O FENÔMENO PK
Diversas teorias foram desenvolvidas a respeito do
fenômeno PK. Algumas admitem que o fenômeno pode
ocorrer fora do âmbito dos sentidos conhecidos, enquanto
outras procuram enquadrá-lo nas leis já conhecidas.
Entre as diversas teorias, destacam-se as que pro-
curam explicar os fenômenos físico-químicos ocorridos
pela intervenção da pessoa por meio da ação intermole-
cular, apoiadas na “escala de magnitude molecular”. Cabe
recordar algumas experiências históricas, realizadas por
médiuns conhecidos, como Home e Eusapia Palladino.
AS “PROEZAS” DE HOME
Em diversas ocasiões, Home “fracionou” a essência
do limão em seus vários componentes, destilou álcool
Roger Baum
contido em alguns licores e separou a essência das fl ores
– tudo diante de testemunhas de reconhecida seriedade,
como o químico William Crookes, a quem era muito
difícil enganar neste conhecimento.
Também pode ser considerado como feito seme-
lhante a “transferência” de partículas corantes azuladas,
quando a médium Eusapia Palladino fazia trejeitos como
se estivesse usando uma lapiseira da referida cor.
AS TEORIAS DE MAXWELL
Para explicar esses fenômenos, alguns pesquisa-
dores do começo do século XX recorreram às teorias do
físico Clark Maxwell, para quem o conhecimento humano
das coisas é meramente estatístico, sendo ignorado por
completo o que ocorre em cada molécula isoladamente.
Deste modo, se imaginarmos um ser inteligente, mas
diminuto o bastante para atuar em escala molecular, essa en-
tidade, denominada “demônio de Maxwell” , poderia repetir
todas as proezas de Home, separando fi sicamente o perfume
de uma fl or, extraindo o álcool da aguardente etc.
Maxwell acrescentava que, se tais façanhas são
impossíveis tão-somente em razão de a nossas dimensões,
a faculdade PK poderia dar ao ser humano a possibilidade
de realizá-las, uma vez que se trata de energia aplicada a
porções de matéria extremamente diminutas, ou seja, às
moléculas individuais.
O Poder da Mente
A PARTÍCULA PÓSITRON
Outra teoria, ainda mais audaciosa, atribui os
fenômenos PK a uma partícula chamada pósitron. Esta
entidade, nascida de sugestões matemáticas puramente
hipotéticas, carece de carga, e, em repouso, possui massa
igual a zero. Com relação à sua origem, H. A. C. Dobbs
supõe que ela seja formada a partir de partículas normais
de matéria, ou seja, núcleos ou elétrons.
Estas propriedades extraordinárias, que lhe permi-
tem ser batizada de “partícula fantasma”, fazem pensar no
pósitron como o fator de inter-relação entre a matéria, a vida
e o pensamento. Concretamente, pode-se imaginar que os
fenômenos de telecinese, de levitação e, principalmente, de
psicocinese têm como base um efeito antigravitacional, de
origem psíquica, provocado pelo pósitron.
UMA TEORIA POPULAR
A teoria mais popular é a que considera o efeito PK
como uma transmissão de ondas eletromagnéticas. Bem
aceita até o começo do século XX, esta hipótese resolvia
o problema que atormentava os parapsicólogos da época:
afi nal, eles eram seres vivos ou fantasmas?
Na época, a telepatia era explicada como um pro-
cesso análogo à radiotransmissão, efetuado de mente a
mente, e os fenômenos de tipo físico-psicocinético foram
analisados de forma semelhante. A descoberta, em 1924,
Roger Baum
dos processos elétricos cerebrais constituiu um novo e
sólido argumento a favor desta teoria.
A possibilidade de correntes elétricas cerebrais já
tinha sido levada em conta havia muito tempo, mas foi
o psiquiatra alemão Hans Berger quem, em meados dos
anos 1920, conseguiu o primeiro registro eletroencefa-
lográfi co (EEG) humano, caracterizado pelas chamadas
ondas alfa, de freqüência 8-12 Hz.
Apesar de tudo, a teoria eletromagnética foi aban-
donada gradualmente, já que não podia explicar várias
manifestações parapsicológicas, como a pura clarividência
e a precognição. Finalmente, a teoria das ondas eletromag-
néticas perdeu completamente o crédito nos experimentos
levados a cabo na “Fundação da Mesa-Redonda”, pelo
telepata holandês Peter Hurkos. Os referidos experimen-
tos consistiram em fechar Peter Hurkos numa câmara
de Faraday, (um recinto fabricado com cobre e ligado a
um gerador de 250 mil volts, o que o torna totalmente
isolante) dando-se a circunstância de que a comunicação
telepática foi celebrada em condições melhores estando
o telepata dentro da câmara do que fora dela.
AS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS METAIS
A impossibilidade de outros fatores físicos darem
origem a fenômenos PK, concretamente o ato de dobrar e
de romper metais, levou alguns cientistas modernos, como
o professor John Taylor, a pensar nos campos eletromag-
O Poder da Mente
néticos de força como explicação menos inconsistente que
a ciência atual poderia oferecer para os poderes de Uri
Geller e outros como ele.
O metal é um corpo sólido, cujos elementos constitu-
tivos, ou íons, estão dispostos de maneira ordenada, ocu-
pando os nós de uma rede cristalina especial. Estes íons,
ou átomos do metal que perderam um elétron, mantêm-se
em equilíbrio mediante cargas negativas (gás eletrônico)
que se deslocam livremente entre eles.
A estrutura descrita explica muitas das proprieda-
des físicas dos metais, como a excelente condutividade
elétrica, por exemplo.
Entretanto, a estrutura cristalina dos metais não é
totalmente rígida. Na realidade, os íons efetuam oscilações
de pequena amplitude em torno dos nós, que são menores
quanto mais baixa a temperatura. Com a elevação da tem-
peratura, cresce a amplitude das oscilações dos corpúsculos
até que todo o edifício cristalino desmorona, dando origem
a deformações como as que Geller produz.
Porém, o exame das colheres de prata que Uri Geller
dobrou não demonstrou elevação de temperatura nas peças,
o que levou o professor Taylor a buscar outro possível fator
deformador, como o fenômeno da ressonância.
O FENÔMENO DA RESSONÂNCIA
Na Física clássica, quando a freqüência de uma
oscilação excitante como a da corrente elétrica cerebral
coincide com a freqüência própria do corpo excitado (por
Roger Baum
exemplo, o metal de uma colher), a amplitude da oscilação
deste alcança um valor máximo. Diz-se então que o exci-
tante e o excitado encontram-se em ressonância.
Os fenômenos de ressonância desempenham um
papel muito importante na mecânica. O número de giros
das máquinas não pode coincidir com a freqüência da os-
cilação das partes submetidas às trepidações, a fi m de evitar
amplitudes que possam representar um perigo de ruptura
ou de avaria, conhecida como fadiga do metal.
Um regimento que atravessa uma ponte marchando
pode provocar na estrutura metálica da ponte amplitudes
de oscilação que engendram tensões muito superiores às
previstas, podendo chegar a derrubar a ponte. Existem
casos bem conhecidos a respeito.
Seja como for, mesmo reconhecendo a capacidade
que a ressonância tem de dobrar e fraturar metais, é difícil
imaginar que este processo seja devido à capacidade bioe-
létrica humana, entre outras razões, porque:
1. O campo eletromagnético originado pelos pro-
cessos elétricos do cérebro é tão tênue que é incapaz de
dar conta da intensidade do PK e da distância em que,
por vezes, opera. O descobridor da eletroencefalografi a,
Hans Berger, demonstrou a impossibilidade de as ondas
EEG originarem fenômenos psicocinéticos.
2. As ondas eletromagnéticas são limitadas pelos
obstáculos materiais e sua intensidade diminui na razão do
quadrado da distância, o que não ocorre no fenômeno PK.
O Poder da Mente
3. A freqüência das ondas cerebrais beta, ou seja, das
ondas EEG geradas por uma pessoa acordada e com os olhos
abertos, é quase análoga à corrente alternada (50 Hz), e não
se sabe a capacidade desta última de produzir fenômenos de
dobra nos condutores metálicos pelos quais passa.
Além disso, não se deve esquecer que, nos últimos
anos, a reputação de Uri Geller foi tornando-se cada vez mais
duvidosa, uma vez que suas atuações em público começaram
a ser rodeadas de circunstâncias que prejudicavam a investi-
gação honesta. Com isso, aumentou a convicção de que o PK
não pode ser explicado mediante teorias físico-químicas.
A TELECINESE
Entre a série de manifestações de classifi cação Psi-
Kappa (PK) atribuídas ao poder da mente humana,
encontra-se a telecinese, uma das mais cativantes. Trata-se
de um fenômeno muito singular entre os produzidos no
âmbito da moderna parapsicologia.
Telecinese é a faculdade, da qual determinadas
pessoas são dotadas, de infl uir diretamente sobre obje-
tos, movendo-os a distância sem tocá-los e sem utilizar
nenhum meio auxiliar – apenas o poder mental.
Essa faculdade já foi estudada pela Sociedade
de Pesquisas Psíquicas desde sua fundação, em 1882, é
Roger Baum
considerada como uma manifestação extraordinária do
que então se conhecia como “objetos enfeitiçados” ou
movimentados por “duendes”. Entretanto, as manifes-
tações desta classe de fenômenos são muito anteriores
aos estudos na referida Sociedade. A infl uência da
mente sobre os objetos é um fato que remonta à mais
longínqua Antiguidade.
Com efeito, os historiadores gregos e romanos
narram com eloqüência os portentosos fenômenos
produzidos por sacerdotes egípcios. Moisés, aprendiz
da classe sacerdotal egípcia, foi capaz de provocar uma
série de fenômenos que deixaram o faraó e os próprios
sarcedotes tão assombrados e assustados, que a saída
dos judeus do Egito foi permitida, segundo relata a
Bíblia (Êxodo).
As milenares narrações da Índia também se
referem a fenômenos telecinéticos, embora com nomes
diferentes.
Na época atual, são freqüentes os relatos de qua-
dros que caem subitamente ou portas e janelas que se
abrem e se fecham violentamente, sem qualquer motivo
aparente. A popularidade que alcançaram, durante algum
tempo, as chamadas “casas mal-assombradas”, ou a crença
tão difundida na existência de “duendes” em determinados
lugares, são testemunho fi el da presença constante dos
fenômenos telecinéticos nos sítios mais diversos e nos
ambientes mais díspares. Apesar disso, até a fundação
da Sociedade de Pesquisas Psíquicas em Londres, estes
O Poder da Mente
apaixonantes casos não eram analisados sistematicamente.
Um dos fundadores da Sociedade, o fi lólogo Frederic
William Henry Myers, perguntou-se em 1903:
Poderia emanar do organismo humano uma
força capaz de pôr objetos em movimento sem
nenhum contato físico com eles?
O próprio Myers propôs uma resposta, esclare-
cendo a questão:
Se isto fosse possível, produzir-se-ia um fenô-
meno de telecinese.
A força capaz de originar movimentos em objetos
situados a distância foi denominada por Myers de telergia.
CONTROVÉRSIAS ORIGINADAS PELA TELECINESE
Embora a existência do efeito seja admitida,
alguns cientistas rejeitam o nome telecinese como defi -
nição para o fenômeno. Para eles, o nome telecinese não
corresponde à realidade, pois não se trata de um movi-
mento (kinesis) levado a efeito de longe (tele), e sim de
um movimento efetuado pelo contato da telergia.
Não obstante, diz-se também que os autores que
desejam negar a existência da telecinese, visto que ela se
realiza mediante alguma forma de contato, desviam o tema
para uma discussão estéril de simples nomenclatura.
Roger Baum
O certo é que, como em quase todos os fenômenos
estudados pela paraciência, não existe uma explicação
racional que responda a todas as interrogações. Ou seja,
a causa ou as causas capazes de produzir tais efeitos con-
tinuam ignoradas e criam confusão a respeito dos fatos
telecinéticos ou psicocinéticos.
A possibilidade de uma força mental desconhecida
ser projetada a distância com poder sufi ciente para mo-
ver objetos ou móveis constitui uma das hipóteses mais
admitidas nos círculos científi cos dedicados à pesquisa
parapsicológica. De certo modo, talvez fosse mais correto
falar em psicocinese do que em telecinese, uma vez que a
ação resulta da telergia.
Essa conclusão foi encontrada após numerosos
estudos, pesquisas, experimentos e análises. Não há a
menor dúvida de que ela se produz espontaneamente, de
forma consciente ou inconsciente, e de que sua existência
é um dos desafi os mais apaixonantes que a parapsicologia
propõe aos pesquisadores de todos os tempos.
Como prova disso, existem inúmeras evidências
que corroboram os resultados obtidos durante as pesquisas
levadas a efeito pelos cientistas. Vejamos, como exemplo,
o caso de uma garota de catorze anos.
ANGELICA COTTIN
Angelica Cottin compareceu perante os membros
da Academia de Ciências de Paris em 9 de março de 1846,
O Poder da Mente
apresentada por vários médicos que se declaravam inca-
pazes de achar uma explicação para o caso dela: Angelica
tinha encantado a casa em que vivia.
Na casa localizada na aldeia de Bourgvigny, na
Normandia, as mesas moviam-se, os objetos mudavam de
lugar e as portas e janelas se abriam e fechavam sozinhas,
sem interferência de ninguém. Os familiares da garota
pediram ao pároco da aldeia que a exorcizasse, mas o bom
sacerdote preferiu, prudentemente, entregar Angelica
aos médicos, que também não conseguiram identifi car a
origem de fatos tão insólitos.
Por este motivo, Angelica Cottin foi conduzida à
presença dos integrantes da Academia de Ciências, para
que fosse devidamente examinada. Não obstante, ante
a presença imponente dos pesquisadores não ocorreu
nenhum dos fatos assombrosos registrados na aldeia,
levando a douta assembléia à seguinte conclusão:
As comunicações dirigidas a esta Academia
referentes à senhorita Angelica Cottin devem
ser consideradas como nulas ou inexistentes.
EUSAPIA PALLADINO
Em 1854, na pequena aldeia de Minervino, em Apulia,
na Itália, nasceu aquela que foi talvez a mais famosa
telecinesista de todas as épocas: Eusapia Palladino.
Roger Baum
Órfã desde pequena, viu-se obrigada a ocupar-se
de trabalhos no campo, razão pela qual não pôde compa-
recer à escola senão durante poucos meses. Na verdade, era
analfabeta. Entretanto, ela era excepcionalmente capaz de
originar efeitos telecinéticos os mais deslumbrantes.
Ao redor dela, os objetos se movimentavam, ou-
viam-se ruídos e produzia-se toda espécie de fenômenos
inesperados. Após ser examinada por diversos médicos,
Eusapia foi levada a Nápoles a fi m de ser apresentada
ao mais célebre psiquiatra da época, Cesare Lombroso.
Este, que já tinha sido informado dos dotes da jovem
Eusapia, convocou outros colegas a fi m de procederem a
uma escrupulosa investigação.
Sumamente céticos, os doutores examinaram cuida-
dosamente o aposento onde o exame seria realizado. Não
contentes, amarraram as mãos e os pés de Eusapia, tendo
dois cientistas colocado os pés em cima dela, de forma que
fi casse imobilizada. Várias velas foram acesas no recinto
para que a jovem pudesse ser devidamente observada.
O que ocorreu a seguir superou em muito a ca-
pacidade de assombro daqueles pesquisadores. Logo que
Eusapia começou a concentra-se, uma campainha colocada
sobre uma escrivaninha trasladou-se até a mesa ao redor da
qual estavam reunidos os cientistas. Quase imediatamente,
uma mesa da sala contígua penetrou lentamente na sala em
que se realizava a sessão, sem que ninguém a tocasse.
Como é fácil supor, Lombroso e os demais não
puderam ocultar o assombro, sendo obrigados a render-
O Poder da Mente
se à evidência. Em seguida, publicaram um manifesto
declarando que lamentavam (principalmente Lombroso)
ter negado, de maneira tão repetida e obstinada, os fatos
e a possibilidade de sua realização.
A popularidade de Eusapia Palladino, a partir de
1891, ultrapassou todas as fronteiras. Depois daqueles
experimentos, cientistas do mundo inteiro visitaram a
jovem para submetê-la a observações.
Em sua residência, em Milão, Eusapia recebeu a
visita do escritor e pesquisador Alexander Nikolaievich
Aksakov, procedente de Moscou; do futuro prêmio Nobel
de Medicina, Charles Richet, de Paris; do barão Karl
de Prel, da Alemanha; do grande astrônomo Giovanni
Schiaparelli, entre muitos outros.
Depois de uma longa série de sessões levadas a efeito
durante aquele ano, os integrantes da comissão científi ca
encarregada de comprovar os fenômenos originados por
Eusapia declararam taxativamente que “nas condições em
que tiveram lugar, nenhum dos fenômenos produzidos
poderia ter sido provocado por meios artifi ciais”.
Em todas as sessões, Eusapia provocou assombro
genuíno nos pesquisadores, originando fenômenos tele-
cinéticos de todos os tipos. Para registrar devidamente os
fenômenos, os cientistas utilizaram câmeras fotográfi cas,
placas luminosas e até telas fosforescentes. Os joelhos e os
pés da jovem eram sempre controlados por pesquisadores
que se postavam ao lado dela.
Roger Baum
NOVOS FATOS
Entre 1893 e 1894, o professor Julius Ochrowicz
convidou a jovem a ir até Varsóvia a fi m de submetê-la
a experimentos.
Da Polônia, onde foi submetida a controles elé-
tricos, Eusapia foi para a França, tendo ali participado
de diversas sessões, controladas pelo professor francês
Charles Richet, pelos ingleses Oliver Lodge e Frederic
W. Myers, pelo parapsicólogo alemão Barão Alber von
Schrenck-Notzing e pelo casal Sidgwick. Os experimen-
tos tiveram lugar na ilha mediterrânea de Rouband, junto
de Toulon, no castelo de Carqueiranne.
Naquele local, enquanto os cientistas prendiam
as mãos de Eusapia entre as deles, um piano próximo do
local onde estava a jovem começou a tocar sem que nin-
guém premesse as teclas. Para obter uma verifi cação mais
efetiva do fenômeno e também para evitar que Eusapia
pudesse produzi-lo com algum objeto oculto na boca,
Richet colocou a mão entre os dentes da examinada. Pois
bem: em que pese ela estar com as mãos dominadas e com
a boca sob controle direto, as teclas do piano voltaram a
soar de maneira inconfundível.
Tempos depois, Richard Hodgson pediu à Socie-
dade de Pesquisas Psíquicas da Inglaterra que convidasse
Eusapia a fi m de examiná-la.
Após de mais de vinte sessões celebradas em
Cambridge, a comissão investigadora, composta, além do
O Poder da Mente
próprio Hodgson, por Sidgwick, Myers e Lodge, declarou
unanimemente a existência de fraudes nos fenômenos
levados a efeito por Eusapia Palladino.
AS FRAUDES DE EUSAPIA PALLADINO
Segundo os membros da mencionada comissão, os
pés e as mãos de Eusapia movimentavam-se a uma velo-
cidade assombrosa, produzindo a falsa impressão de um
fenômeno psíquico. Para Myers, “trata-se de um truque
que deve ter sido praticado inúmeras vezes, pois de outro
modo não seria possível atingir tal grau de perfeição”.
Henry Sidgwick também declarou: “as manobras
descobertas em Cambridge demonstraram que Eusapia
Palladino é uma embusteira; por conseguinte, recomendo
que suas representações sejam repelidas”.
A despeito da gravidade das acusações, Eusapia
continuou suas experiências diante de testemunhas da
Europa inteira. Numa dessas apresentações, realizada
no Instituto Psicológico Geral de Paris, o doutor Robert
Amadou assegurou haver observado que Eusapia tinha
conseguido movimentar as folhas de uma planta utili-
zando um fi o de cabelo previamente arrancado por ela
própria. “Vários membros do Instituto, advertidos por
Amadou, também viram a fraude.”
Mesmo assim, no fi m de 45 sessões, os pesquisa-
dores declararam:
Roger Baum
“Os deslocamentos (avanços ou retrocessos e
elevações parciais ou completas) de certos objetos
pesados, como cadeiras e mesas, estão provados por
registros. Alguns movimentos parecem originar-
se pelo simples contato das mãos ou das roupas da
pessoa investigada, embora às vezes tais movi-
mentos tenham lugar sem o menor contato.”
NOVAS INVESTIGAÇÕES
Em 1908, a Sociedade de Pesquisas Psíquicas da
Inglaterra propôs a Eusapia uma nova série de experimen-
tos. Com este propósito, quando já tinham falecido Myers,
Sidgwick e Hodgson, três novos pesquisadores vieram a
Nápoles com a intenção de examinar Eusapia.
Durante a sessão, ela conseguiu levantar uma mesa,
movimentar uma cadeira e deslizar um cadeirão para a
frente e para trás, com movimentos alternados.
Enquanto produzia estes fenômenos, a jovem per-
maneceu com as mãos atadas aos braços da cadeira na qual
estava sentada, e seu vestido foi bem recolhido (usavam-
se, então, roupas muito amplas), para que não pudesse
entrar em contato com nenhum dos objetos da pesquisa, e
Fielding, um dos pesquisadores, estava estendido no chão
e segurava com suas mãos os pés de Eusapia.
Ante a evidência, os pesquisadores realizaram
onze sessões durante as quais observaram mais de qua-
trocentos fenômenos.
O Poder da Mente
Depois desse trabalho estafante, os três membros
da Sociedade de Pesquisas Psíquicas redigiram um in-
forme, no qual declaravam:
“Eusapia Palladino não foi surpreendida em
fraude nem uma só vez.”
E o resumo do informe acrescentava:
“Vemo-nos obrigados a reconhecer que os fenômenos
produzidos por Eusapia só podem ser explicados por
meio da intervenção de um fator totalmente alheio
às capacidades físicas normais.”
A despeito do grande valor desta declaração, dois
anos mais tarde, enquanto efetuava uma série de experi-
mentos nos Estados Unidos, Eusapia foi surpreendida várias
vezes cometendo fraude. A controvérsia chegou ao limite
máximo em torno de sua pessoa e de seus dotes excepcionais.
Deviam classifi cá-la como embusteira vulgar? Será que o
prestígio dela se devia a seu poder de sugestão?
Charles Richet, na obra Trinta anos de pesquisa
psíquica, após haver assistido a mais de duzentas sessões
com Eusapia, afi rmou:
“Inclusive, ainda que não houvesse no mundo ou-
tras manifestações como as realizadas por Eusapia
Palladino, suas atuações bastariam para demons-
trar cientifi camente a realidade da telecinese.”
Roger Baum
Os truques aos quais Eusapia Palladino indubita-
velmente recorreu durante a sua dilatada carreira foram
considerados apenas como “lamentáveis incidentes numa
carreira extraordinária...”
OUTROS MÉDIUNS DE TELECINESE
DANIEL DOUGLAS HOME
Aquele que é considerado o mais importante realiza-
dor de fenômenos telecinéticos nasceu em Currie,
perto de Edimburgo, na Grã-Bretanha, em 20 de março
de 1833. Aos nove anos de idade, emigrou com os pais
para os Estados Unidos, onde residiu algum tempo.
Aos dezessete anos, após interessar-se pelos
fenômenos parapsicológicos, descobriu em si mesmo
faculdades paranormais poderosas. Em sua presença, ob-
jetos moviam-se e ouviam-se pancadas misteriosas, entre
outros fenômenos não menos inexplicáveis e espetaculares
produzidos por ele.
Em 1855, Home regressou à Inglaterra, onde ini-
ciou uma intensa relação com os meios metapsíquicos da
época. Este momento marca o início da sua extraordinária
carreira em diferentes áreas da parapsicologia.
Com referência a suas assombrosas experiências
telecinéticas, o visconde de Adare, escritor e pesquisador,
O Poder da Mente
em cuja mansão Daniel D. Home levou a cabo muitos
de seus experimentos, cita em sua obra Experiences in
Spiritualism with Daniel D. Home (Londres, 1869):
“Em plena luz, repetidamente, e nas mais di-
versas circunstâncias, Douglas Home conseguiu
movimentar objetos situados em diferentes
lugares. Numa das sessões, ele levantou uma
mesa no ar dezessete vezes, e em outra ocasião
a mesa fi cou suspensa a quase meio metro do
chão durante vários minutos. Outra vez, a
mesa ergueu-se a sessenta centímetros do chão,
deteve-se e continuou elevando-se até um
metro e meio...”
Por sua vez, a Sociedade Dialética de Londres,
após presenciar uma das extraordinárias atuações de
Daniel Home, publicou um informe, no qual declarou:
“Existe uma força capaz de movimentar objetos pesados
sem contato pessoal; essa força depende da presença de
seres humanos”.
Apesar de seus extraordinários dotes, Home teve
que enfrentar detratores. Porém, a despeito disso, suas
atuações excepcionais acabaram por superar a maioria
das dúvidas e um bom número de oponentes acabou por
se converter em importantes testemunhas.
A um deles, o pesquisador Phillip Davis, Home
confessou pouco antes de morrer:
Roger Baum
“Servi-me dos conceitos espíritas para dar a
minhas atuações uma aparência mística que
é muito grata às massas, mas jamais acreditei
na intervenção dos espíritos na execução dos
fenômenos que produzi.”
Desta maneira, Home determinou claramente
um fato que podia resultar decisivo nas pesquisas poste-
riores: a segurança de que os fenômenos psicocinéticos e
telecinéticos deviam ser atribuídos a forças procedentes
do ser humano, desestimulando qualquer interpretação
de índole espírita.
OS IRMÃOS DAVENPORT
Seguiram-se a Daniel Douglas Home, em ordem
cronológica e de importância, os irmãos Davenport.
Durante a década de 1860 a 1870, nos Estados
Unidos, causou verdadeira sensação a aparição de um
fenômeno extraordinário, aparentemente de caráter tele-
cinético. Os causadores de tais fenômenos foram os irmãos
Davenport, que deram diversas exibições públicas de seus
supostos dotes paranormais.
Nas exibições, os irmãos eram atados de braços
e pernas em suas respectivas cadeiras, sendo o público
convidado a comprovar a fortaleza e a segurança das
ataduras, inclusive chegando a revistá-los em busca de
algum artifício ou mecanismo oculto que pudesse ser
utilizado como truque. Em ato contínuo, uma escuridão
O Poder da Mente
quase completa tomava o ambiente e vários instru-
mentos musicais começavam a surgir, fl utuando no ar e
interpretando melodias muito simples.
Os instrumentos iam aparecendo um após outro.
No fi m, o estrondo de todos juntos tornava-se ensur-
decedor. A exibição acabava de maneira repentina. As
luzes eram acesas depois de os instrumentos se desva-
necerem, e os irmãos Davenport novamente podiam ser
vistos solidamente amarrados em suas cadeiras. Era um
espetáculo magnífi co e assaz surpreendente, sem que
ninguém pudesse detectar a mínima sombra de fraude
na atuação dos irmãos.
Mas, certa ocasião, um espectador pediu para
amarrar, ele próprio, os dois irmãos. Tendo o indivíduo
amarrado muito bem a dupla, a sessão resultou em fracasso.
Depois do descrédito, os Davenport tentaram refazer-se
na Inglaterra, sem êxito, seguindo para o anonimato.
OS IRMÃOS SCHNEIDER
Willy e Rudy Schneider nasceram, respectivamen-
te, em 1903 e 1908, na localidade de Braunau-Am-Inn,
que signifi ca “Braunau junto ao rio Inn” (a mesma cidade
em que nasceu Adolf Hitler), na Áustria, no seio de uma
família muito afeiçoada às práticas espíritas.
Com a idade de dezesseis anos, Willy já demons-
trava certos dotes parapsicológicos, movimentando objetos
e móveis apenas com a sua presença, sem tocá-los.
Roger Baum
Quando se inteirou desta circunstância feno-
menológica, o Barão von Schrenck-Notzing, grande
pesquisador, visitou a família Schneider diversas vezes,
para examinar o jovem Willy.
Este, que à época estudava odontologia, acabou mu-
dando-se em 1921 para Munique, capital da Baviera, onde
residia o supracitado barão, protagonizando ali inúmeras
sessões, nas quais submeteu-se a todo tipo de provas.
Numa sessão, celebrada em 4 de maio de 1922,
um professor de física da Universidade de Munique foi
testemunha dos movimentos de uma mesa, da elevação
de uma campainha que soava, do erguimento de um lenço
do chão até uma mesa e de uma caixa de música que soou
sem que fosse tocada.
Noutra sessão, o ganhador do prêmio Nobel de
Literatura, Th omas Mann, autor de A montanha mágica
e de Morte em Veneza, observou como um lenço evoluía
várias vezes ante seus olhos, sem que ninguém o tocasse.
O célebre escritor fi cou tão assombrado com o fato, que
o descreveu com as seguintes palavras:
“O lenço tinha erguido-se a partir do chão e
fl utuava no ar. À vista de todos, com movi-
mento rápido, seguro, enérgico e quase sempre
gracioso, o lenço elevou-se até a lâmpada. Raios
me partam se minto. Aconteceu perante meus
olhos atentos. E não aconteceu uma vez, mas
nove vezes...”
O Poder da Mente
Tempos depois, nos meses de setembro e outubro,
Willy foi submetido a observações no Instituto Psicológico
de Munique, a pedido do professor Erich Becher, famoso
fi lósofo, psicólogo e naturalista. Durante as referidas
sessões, observou-se com a máxima clareza como uma
papeleira (tipo de móvel com gavetas, alto) erguia-se do
chão, como uma máquina de escrever datilografava sozinha
e, de novo, como uma caixa de música tocava sozinha.
As experiências continuaram com grande intensida-
de, enquanto o poder telecinético do jovem Willy causava
maravilha e assombro entre os professores e pesquisadores.
Por fi m, em março de 1925, a saúde dele piorou, obri-
gando-o a abandonar os experimentos que à época realizava
em Londres, tendo sido internado numa clínica suíça.
O DECALQUE
Entretanto, após a retirada do irmão mais velho,
Rudi, o menor da família, iniciou também uma fulmi-
nante carreira semelhante à do irmão Willy, como se
fosse um autêntico decalque daquele. Em 1929, Rudi
foi convidado a visitar Londres a fi m de ser submetido
a estudos pelos membros do Laboratório Nacional de
Pesquisas Psíquicas. Harry Price, um dos observadores
mais assíduos destas sessões, escreveu:
“A autenticidade das manifestações produzidas
pelo jovem Schneider durante suas sessões im-
Roger Baum
pressionou centenas de pessoas, entre as quais
se contam cientistas, médicos, comerciantes e
jornalistas...”
No mesmo livro, intitulado Rudi Schneider, pu-
blicado em 1930, Price relatou experiências pessoais dos
seguintes fenômenos provocados por Rudi:
“...fortes movimentos das cortinas, desliza-
mentos de uma papeleira e de uma mesinha de
café, repicar de campainhas, música espontânea
numa cítara de brinquedo, pancadas perceptí-
veis na mesa...”
Em nome do Conselho do Laboratório Nacional
de Pesquisas Psíquicas, Rudi recebeu um certifi cado
que testemunhava favoravelmente sobre a autenticidade
daqueles surpreendentes fenômenos.
Um ano depois, em 1930, Rudi foi examinado em
Paris pelo doutor Eugene Osty. Nas sessões celebradas no
Instituto Metapsíquico, foram usados pela primeira vez
raios infravermelhos para detectar qualquer anomalia ou
truque na conduta do jovem. Entretanto, não foi detectada
qualquer anomalia ou fraude.
Tempos depois, em outras pesquisas levadas a
efeito em Londres por membros da Sociedade de Pes-
quisas Psíquicas, chegou-se à conclusão de que, no caso
do jovem Rudi, qualquer forma de manipulação era
impossível. Os cientistas presentes às sessões concluíram
O Poder da Mente
que os movimentos a distância conseguidos por Rudi
Schneider eram causados por uma “força invisível à luz
normal que, além disso, possui a qualidade de impedir a
ação das câmeras fotográfi cas”.
Porém, pouco depois, as faculdades de Rudi come-
çaram a diminuir, progressiva e rapidamente. Tentativas
posteriores foram totalmente infrutíferas. Rudi Schneider
tinha perdido as faculdades telecinéticas.
Durante um tempo bastante prolongado, os estudos
telecinéticos foram abandonados. Muitas fraudes haviam
sido descobertas em muitos países europeus e isso contribuiu
em grande parte para o desinteresse dos pesquisadores.
Entretanto, alguns parapsicólogos estranharam o
silêncio. O próprio Keller perguntou:
“Será que este silêncio se deve, quiçá, às cir-
cunstâncias de uma época prestes a se defrontar
com novas descobertas científi cas na física, na
química, na biologia e na psicologia? Será que
talvez o motivo se ocultava por detrás das ago-
niantes pressões a que foram submetidos homens
e povos perto de sofrerem a sangrenta catástrofe
da Segunda Guerra Mundial? Ou por causa,
mais tarde, das conseqüências da mesma?”
Só é possível responder por meio de conjecturas.
Contudo, com o decorrer do tempo, algumas questões
puderam ser esclarecidas. A telecinese, como expressão
Roger Baum
paranormal de uma série de fenômenos, não estava
extinta. De certa forma, ela ressuscitaria das mãos da
psicocinese.
NINA KULAGINA
A partir de 1965, começaram a surgir notícias dos
possíveis dons telecinéticos de Nina Kulagina, mas até 1968
não foi possível levar a cabo, por parte dos peritos ocidentais,
qualquer pesquisa para comprovação dos fenômenos.
Uma testemunha dos fenômenos foi o doutor
Ullman, diretor do Centro Médico Maimônides, do
Brooklyn, Nova York, que observou como Kulagina con-
seguia movimentar pequenos objetos apenas passando a
mão sobre eles, estando a certa distância dos mesmos.
Segundo o doutor G. A. Sergeiev (do Laboratório
Utkomsky) à época investigador soviético, que estudou
o interessante caso,
“a maioria das pessoas mantém uma tensão
elétrica três ou quatro vezes mais elevada
nas partes posteriores do cérebro do que nas
anteriores. Já no cérebro de Nina Kulagina,
a tensão mensurável na parte posterior é cin-
qüenta vezes mais alta do que na anterior”.
A partir de 1970, Nina Kulagina foi mostrando
dons cada vez mais extraordinários, fazendo fl utuar no
ar todo tipo de objetos pequenos e bolas.
O Poder da Mente
A MISTERIOSA MESA DE PORRERAS
Este é um caso autêntico, como o caso de Belmez,
dentro do território espanhol, e como o da mesa de Nulles,
que descreveremos mais adiante.
Na província de Tarragona, na Espanha, no povoa-
do de Porreras, a partir de certo dia, uma velha mesa tor-
nou-se um autêntico espetáculo, e as pessoas aproveitavam
o tempo livre para se deslocarem até o referido povoado,
perto de Reus, a fi m de consultar a enigmática peça.
Os curiosos aproximavam-se da mesa e lhe formu-
lavam perguntas, que ela respondia segundo a inspiração
do momento. Foram muitos os casos presenciados, e todos
estão de acordo em que ali não havia nenhum truque,
mesmo considerando-se a boa-fé de quase todos os as-
sistentes, sendo tampouco possível acreditar cegamente
em tais afi rmações.
Entretanto, não foi a mesa de Porreras que cha-
mou a atenção científi ca, mas sim a de outro povoado da
mesma província, Nulles.
A MESA DE NULLES
Segundo um relato feito pelo professor D’Arbó,
os fatos ocorreram da seguinte maneira:
Entre os que assistiam às demonstrações da mesa
de Porreras, achava-se em certa ocasião a família Saumell,
e os três irmãos fi caram tão assombrados e intrigados ao
Roger Baum
ver como aquela mesa movimentava-se, que ao regressarem
ao seu povoado, Nulles, decidiram fazer uma prova por
conta própria com uma velha mesa de nogueira que estava
abandonada num canto da casa deles. Efetuaram as provas,
e, ante seu genuíno assombro... a mesa ergueu-se do chão!
Aquilo foi uma faísca que fez o povo arder de emoção.
Naturalmente, a notícia propagou-se rapidamente por
toda a comarca e por toda a província. Todos ansiavam
ver a mesa mover-se, perguntando-lhe coisas, às quais a
mesa respondia, ou então viam-na dançar, caminhar sobre
dois pés e subir e descer uma escada.
Nulles era um pequeno povoado de aproxima-
damente quinhentos habitantes, localizado na divisão
administrativa de Valls. Se antes era praticamente des-
conhecido, a partir desse caso ocorreu um espetacular
aumento de visitantes, especialmente nos dias festivos.
O número de visitantes na casa dos Saumell tornou-se
tão grande, que a mesa foi removida para a Câmara
Municipal. Posteriormente, foi levada para o bar do
povoado, onde todos podiam vê-la, admirá-la e pergun-
tar-lhe o que quisessem. Para participar da experiência
era necessário pagar cinqüenta pesetas, cuja arrecadação
era destinada a um fundo comum para construir um
complexo esportivo no povoado.
Pois bem: a questão apresenta vários aspectos
interessantes. Em primeiro lugar, para mover a mesa de
Nulles era indispensável colocar as mãos sobre ela. Esta-
belecendo contato com a mesa por meio do dedo polegar
O Poder da Mente
e do dedo mínimo de cada mão unidos, conseguia-se que
ela se movimentasse com maior intensidade. A mesa
também se movimentava quando alguém tocava com os
dedos separados, porém não tanto e nem tão bem.
As pessoas que conseguiam movimentar a mesa com
maior efi cácia eram os irmãos Saumell: Mari Carmen, Rosa
María e Juan. Dos três, Rosa María era quem se destacava.
O professor D’Arbó levou a cabo uma série de
experimentos e viu claramente que quando Rosa María
retirava as mãos de cima da mesa, esta se movimentava
muito mais fracamente ou cessava todo movimento, o
que indicava claramente que a jovenzinha (na ocasião
dos experimentos, Rosa María tinha só dez anos) era
o elemento catalisador do fenômeno, possuindo maior
sensibilidade psicofísica, própria da puberdade.
Não obstante, acrescenta D’Arbó, não era apenas
Rosa María que conseguia movimentar a mesa, posto
que todas as pessoas que tentaram alcançaram êxito, com
maior ou menor intensidade.
Era possível formular perguntas à mesa sobre o
passado e o futuro, embora com relação a este ela fra-
cassasse completamente, diferentemente do que ocorria
com relação ao passado. Em razão disso, concluiu-se que
a mesa de Nulles não era precognitiva.
A mesa caminhava sobre os pés se isto lhe fosse
ordenado, com a imposição prévia das mãos sobre ela.
Também, pelo mesmo sistema, levantava uma pessoa
com até noventa quilos sentada sobre ela.
Roger Baum
Às vezes, segundo a vontade do manipulador, a
mesa dançava: enquanto Rosa María com uma das mãos
fazia gesticulações, como que dirigindo uma orquestra,
com a outra apoiada sobre a superfície da mesa ia diri-
gindo-a para que acompanhasse o ritmo.
Não obstante, o que mais deixava as pessoas estu-
pefatas era o fato de a mesa subir e descer escadas. Diz o
prof. D’Arbó: “Até chegarmos a Nulles com uma equipe
completa da Televisão Espanhola, a mesa apenas passeava
pela escada da Câmara Municipal de Nulles. Porém, para o
programa Giravolt, a mesa foi levada para a rua e permitiu-
se um ‘passeio’ por uma antiga escadaria do povoado.
“Com relação às possíveis levitações ou suspen-
sões no ar, devo esclarecer que não são certas,
posto que nunca, em nenhum momento nem
em nenhuma ocasião, a mesa perdeu contato
com o solo. Embora a mesa se erga, ela o faz
só com três pés, e o quarto continua apoiado
fi rmemente no chão. Se a mesa levitasse sozi-
nha, seria um exemplo claro de telecinese, mas
não é o caso.”
AS CONCLUSÕES DO PROFESSOR D’ARBÓ
Segundo a opinião do professor D’Arbó, com base
na teoria de Chevreult apresentada ofi cialmente na França
em 1854, posteriormente confi rmada e aceita por cien-
tistas da categoria de Faraday e Babinet, os movimentos
da mesa de Nulles e também os da de Porreras têm as
seguintes causas:
O Poder da Mente
“A mesa de Nulles move-se do mesmo modo que se movem as outras mesas com as mesmas caracte-rísticas conhecidas no mundo todo, por uma série de movimentos neuromusculares produzidos pelo ser humano, de tipo inconsciente, originados pelo subconsciente, como uma reação nervosa que o ser humano exterioriza através dos dedos da mão, sem sequer saber disso conscientemente.
É por esta mesma razão que a mesa responde cor-retamente às perguntas formuladas sobre tempos passados ou presentes, perguntas para as quais os próprios operadores que têm as mãos sobre a mesa conhecem consciente ou inconscientemente as res-postas e as exteriorizam, facilitando o acerto.
Por exemplo: pode-se perguntar à mesa quantas mãos há sobre ela, e a mesa sempre acerta. Por outro lado, perguntada sobre quantas chaves ou cigarros alguém leva no bolso, a mesa pode fracas-sar, uma vez que a resposta depende do que saiba – ou não – o subconsciente de quem pergunta.
A mesa pode responder a todo tipo de perguntas, mas de fato são as próprias pessoas que se pergun-tam e respondem a si mesmas, manejando a mesa, razão pela qual ela fracassa estrondosamente quando se trata de perguntas relativas ao futuro, a menos que o interrogador tenha faculdades de clarividência.
Se alguém com faculdades parapsicológicas interagir com a mesa, seja médium ou pessoa ex-traordinariamente sensível, certamente infl uirá
Roger Baum
diretamente sobre ela e conseguirá fazê-la respon-
der corretamente a perguntas futurológicas.”
Estas são as palavras do professor D’Arbó, que
esteve em Nulles com a equipe de TV e realizou diversas
provas. Entretanto, cabe-nos dizer agora:
Se a mesa de Nulles, como a de Porreras e outras
que existiram pelo mundo afora com idênticas faculdades,
move-se somente devido ao que poderíamos chamar de
“pressão do subconsciente”, através dos dedos da mão,
como é que o próprio professor D’Arbó assinalou que a
mesa movimentava-se mais e melhor sob o comando de
Rosa María? É indiscutível, então, que os movimentos
da mesa de Nulles eram dirigidos pelo poder mental da
– então – pequena Rosa María e talvez de alguns curio-
sos que, eles próprios ignorando o fato, possuíam poder
mental superior ao dos demais circunstantes.
EXPLICAÇÕES SOBRE A TELECINESE
A telecinese consiste, sem sombra de dúvida, em um
poder da mente, talvez muito mais espetacular do
que a telepatia, que, mesmo assim, é o mais interessante
e primordial de todos.
Não existe uma explicação defi nitiva e clara para a te-
lecinesia. Os pesquisadores e cientistas que se dedicam a esta
classe de fenômeno têm opiniões diversas sobre o assunto.
O Poder da Mente
O professor Hans Bender, por exemplo, diz:
“Os fenômenos telecinéticos parecem ser motiva-dos por descargas afetivas, e por isto não atingem só a física, mas também a medicina.”
Por sua vez, H. C. Berendt garante, como carac-terística fundamental do fenômeno, o fato de que os casos mais espetaculares costumam produzir-se na presença de jovens, sobretudo impúberes ou, no máximo, já na puberdade:
“Ao que parece, nesta idade os problemas não resolvidos traduzem-se em profundas tensões psíquicas que se projetam telecineticamente para o exterior.”
Oscar González Quevedo afi rma:
“O inconsciente tem uma inteligência admi-rável... ainda que encontre muita difi culdade para se manifestar, tornando-se essa difi culdade especialmente notável nos casos experimentais, inclusive tratando-se dos mais bem dotados. Não é possível obrigar o inconsciente a sair de sua espontaneidade para se submeter a moldes preestabelecidos.”
Ultimamente, métodos mais sofi sticados de com-provação têm ajudado na busca de uma resposta satisfatória. Como diz Hans Bender:
“Somente a investigação científi ca e os métodos apropriados de observação e de experimentação são capazes de nos colocar frente uma resposta
adequada.”
Roger Baum
CLARIAUDIÊNCIA
Em parapsicologia dá-se o nome de clariaudiência à
faculdade mental de ouvir vozes misteriosas, sempre
de origem paranormal. Na maioria das vezes trata-se das
vozes de pessoas falecidas que conheciam o indivíduo que
as percebe, enquanto em outras ocasiões são de espíritos
ou entidades desconhecidos.
A clariaudiência é um fenômeno muito raro em
pessoas sãs, embora muitos médiuns, em estado de transe,
possam captar ruídos, vozes, sons e melodias.
Às vezes, captam-se palavras soltas, ao estilo das
psicofonias comuns, ou parágrafos que contêm uma
mensagem, que quase sempre é de advertência e até
premonição.
O termo parapsicológico é usado como sinônimo
de hiperacusia, considerado uma hiperestesia auditiva,
embora existam casos incompreensíveis de audições para-
normais que nada têm a ver com uma agudeza incomum
aos ouvidos.
O CASO DA SORBONNE
Certo professor da Universidade de Paris, a Sor-
bonne, avistou o espectro de um de seus colegas jogando
O Poder da Mente
livros no chão, ao mesmo tempo que dizia: “Não preciso
de mais nada...”
Pois bem: o fenômeno ocorreu pouco depois de o
referido colega ter falecido.
Existe uma multidão de casos parecidos, os quais
constituem, como assinala seu nome, clarividência audi-
tiva, seja ou não acompanhada de visão.
Se os parapsicólogos não demonstram muito in-
teresse por tais fenômenos, isto se deve a que os mesmos
são, em numerosas ocasiões, alucinações auditivas, razão
pela qual entram no terreno da psicologia.
Em geral, este tipo de alucinação tem relação
estreita com determinada excitação patológica dos re-
ceptores sensoriais do cérebro ou com afecção difusa do
sentido nervoso, originada por infecção ou intoxicação,
como no delirium tremens.
O CASO DE ALEISTER CROWLEY
As alucinações, visuais ou auditivas, estão relacio-
nadas, ao que parece, a uma dissolução da consciência e ao
mecanismo psicológico da projeção. Ou seja, o enfermo
projeta seus sentimentos sobre o mundo exterior na forma
de percepção, atualizando algumas de suas idéias latentes.
Deste modo, algumas pessoas crêem ser perseguidas
por vozes que as insultam, outras obedecem cegamente à
ordem de matar alguém porque uma voz desconhecida
assim o ordena, ou efetuam algum ato incomum porque
receberam ordens de outro mundo.
Roger Baum
Existe também a audição colorida, que consiste na
associação de algumas aparências visuais com sensações
auditivas. Nestes casos a percepção do som surge acompa-
nhada da percepção de determinada cor. Estas sensações
são arbitrárias e variam segundo as pessoas.
Um caso extraordinário de clariaudiência é o de
Aleister Crowley, o ocultista e mago inglês, que a si mes-
mo denominou “A Grande Besta 666”, como referência
ao Anticristo anunciado no Apocalipse.
Em 1904, enquanto estava no Cairo, uma voz estra-
nha, que se identifi cou como sendo o seu anjo da guarda
Aiwass, ditou-lhe, em várias sessões, o que se transformou
no Th e Book of the Law ou Liber Legis (O Livro da Lei).
Esse Livro da Lei contém, em forma de versos,
rituais esotéricos, segredos mágicos, profecias e refe-
rências aos deuses do Egito. Obcecado pelo ocultismo,
Crowley proclamou com sua obra, o início de uma nova
era que devia durar pelo menos dois mil anos. Na obra,
ele prediz a destruição da civilização atual e apresenta
um guia para a construção da nova era, com uma nova
civilização.
Será que a misteriosa voz do anjo Aiwass era
uma projeção do subconsciente de Crowley? Ou era
um espírito superior? Até o momento, todos os parapsicó-
logos do mundo têm sido incapazes de responder estas
perguntas.
O Poder da Mente
A PARAPSICOLOGIA COMO CIÊNCIA QUE ESTUDA OS PODERES DA MENTE
Existe, indiscutivelmente, um imenso domínio a
explorar. A busca da natureza do ser humano, de
suas possibilidades e de suas faculdades desconhecidas
é uma das tarefas mais estimulantes que se pode propor
aos homens do futuro.
Não resta a menor dúvida de que é possível
chegar ao conhecimento e à comunicação com “all and
everything” (tudo e todas as coisas), como disse Gurdjieff .
Os objetivos a levar em conta são transcendentais.
Na atualidade, busca-se elevar todos os recordes
esportivos. Por exemplo, gasta-se quantia imensa de
dinheiro no aprimoramento da raça eqüina, enquanto
ninguém se preocupa particularmente com o homem que,
como escreveu o abade Breuil, mal saiu das cavernas do
neolítico, possuidor das mesmas capacidades intelectuais
e morais de seus antepassados distantes.
Por sua vez, a parapsicologia caminha em busca
de outras verdades, de outras possibilidades, que se en-
Roger Baum
contram ao nível de um pensamento planetário, o que lhe
permite sair da rotina, dos nacionalismos, dos racismos e
de todos os chauvinismos.
Quem é que já compreendeu um fato patente:
quando uma descoberta fl utua no ar, sem comunicação
material, homens situados em pontos antipodais do planeta
muitas vezes descobrem a mesma coisa quase no mesmo
instante?
Os grandes descobrimentos sempre têm um nasci-
mento espontâneo em diferentes pontos do globo, quase
na mesma hora. Sem dúvida, somente a parapsicologia
é capaz de explicar o mistério dos maias e o da ilha da
Páscoa e do anão do Vale de Tiwaqa.
O MEDO DA VERDADE
A parapsicologia, para os que têm medo, é a opor-
tunidade de auto-conhecimento e de libertação de seus
tormentos. Mas quem é que tem medo? Primeiro, os que
se acham bloqueados pela angústia metafísica da morte
próxima, quer encerrando-se em obscura religiosidade,
quer exprimindo um agnosticismo mal-alinhavado.
Têm medo também aqueles cuja atitude interior é
diferente da moral que expressam, e cujas noções de bem
e mal são antropocêntricas: o bem para eles, o mal para
os demais. Estes têm muito medo de que seja possível
visitar seu “quartinho dos fundos mental” e por isso não
se arriscam a assinar um cheque em branco contra o
O Poder da Mente
próprio inconsciente. Sentem medo os que, após supera-
rem a idade na qual criaram ou inventaram, encerram-se
em seu passado ou em suas paixões. Há também quem
tem medo de perder o posto que ocupa, uma vez que as
novas verdades poderão fazê-lo perder a falsa segurança
alicerçada em conhecimento defasado.
O VERDADEIRO CONHECIMENTO
A parapsicologia permite conhecer o poder da mente
humana, na condição de ciência das faculdades, dos grandes
poderes, dos privilégios mal conhecidos pelo homem. Por-
tanto, é uma ciência-farol de todas as outras ciências. Como
disse Baudelaire: “É um farol que ilumina mil cidadelas”.
Para que serve a parapsicologia, ciência dos poderes
mentais? Ela serve, por exemplo, para crer no velho bonzo
de Saigon que certo dia pôde ensinar o coração de um
jovem bonzo que se suicidou ateando fogo em si mesmo,
anunciando antecipadamente que achariam seu coração
intacto, sem queimar. (Este fato foi divulgado pela imprensa
de diversos países, entre eles a França, no Paris-Match.)
Com toda certeza, o jovem bonzo concentrou todo o seu
poder psíquico para que a previsão se concretizasse.
Serve a parapsicologia, outrossim, para que o Dalai
Lama possa afi rmar que existem no Himalaia grandes
iogues de levitação, capazes de desintegra-se. Ao morrer,
eles são encerrados num local do Potala, que é aberto
três dias depois, quando não restam mais que roupas e
Roger Baum
botões. O professor Caycedo, de Barcelona, testemunhou
o caso.
Também em Viena, no palácio de Schöenbrunn,
conta-se que, no dia em que faleceu o Aguiazinha,1 sua
única amiga, uma fêmea de estorninho, também morreu.
A este respeito, Louisa Rhine, que em vida foi
esposa do célebre dr. Rhine, o grande parapsicólogo norte-
americano do século XX, colecionou também numerosos
testemunhos relacionados a cães.
Rezat Bayer, presidente da academia de parapsi-
cologia turca, juntamente com o professor Stevenson, da
Universidade de Colúmbia (EUA), apresentou um núme-
ro impressionante de casos de reencarnação de homens e
mulheres. Tratava-se de pessoas que recordavam sua vida
anterior encerrada brutalmente, no corpo das quais era
possível ver os sinais das brutalidades cometidas contra
elas. Além disso, eram capazes de descrever a casa, a cidade
ou o povoado onde tinham vivido em outra existência.
São casos atuais, fáceis de serem comprovados.
Finalmente, a parapsicologia serve para pensar
no futuro e para desenvolver uma forma de pensar uni-
versalista, sem se desligar da realidade e das ações e da
vida material. A parapsicologia serve para a descoberta
e o desenvolvimento dos poderes mentais humanos, dos
quais se deve fazer bom uso.
1 O “Aguiazinha” era o fi lho de Napoleão Bonaparte e Maria Luísa da Áustria, coroado como Rei
de Roma quando nasceu e que jamais chegou a reinar, tendo, ao contrário, vivido até sua morte
prematura como prisioneiro no castelo de Schöenbrunn, quase esquecido por sua própria mãe.
O Poder da Mente
FANTASMAS E APARIÇÕES
O ser humano possui, no sonho, o poder mental de
evocar pessoas e fatos, normalmente deturpados,
embora às vezes sejam vistos com claridade diáfana, como
se fossem reais. Na maioria dos casos, os sonhos evocam
acontecimentos ou pessoas queridas, ou seja, são mani-
festações pretéritas. Entretanto, existem exemplos do que
se denomina “sonhos premonitórios”, ou seja, proféticos.
Deles, como bem se sabe, a Bíblia e outros livros sagrados
de diferentes religiões estão repletos.
Isto indica que o poder da mente é capaz de reproduzir
fatos, acontecimentos e pessoas do passado ou de tempo mais
ou menos futuro. Entretanto, será que este poder mental não é
capaz de evocar as mesmas visões em estado de vigília? Neste
caso, essa poderia ser a explicação para a aparição de fantasmas
e outras evocações sumamente surpreendentes.
OS FANTASMAS NA INGLATERRA
Este caso está relacionado com a fotografi a, mas é
possível que as fotos obtidas e que continham o mistério
só tivessem gravado o que foi evocado pelo poder mental
de algum(ns) dos participantes.
Roger Baum
O fato aconteceu como segue:
Algum tempo atrás, cinco jovens espeleólogos
(exploradores de cavernas) ingleses descobriram, por
acaso, um fato sangrento ocorrido havia mais de du-
zentos anos. O descobrimento ocorreu devido a uma
série de fotografias feitas na gruta de Guidebeok,
na velha mina de Tor, situada em Winnats Pass, no
condado de Derby.
Para tirar as fotos, seguindo a norma, o fotógrafo
prendeu a respiração para que o bafo produzido por ela
em ambiente de baixa temperatura, como na caverna, não
prejudicasse a nitidez da fotografi a.
Mais tarde, as fotos foram reveladas e a cópia
do fotograma 5 chamou a atenção dos jovens explo-
radores, pois nela havia algo que não tinha sido visto
no interior da caverna. O aspecto era de uma nebulosa
fi gura feminina nua, com uma mão apoiada nos quadris,
numa postura clássica, que aparecia na parte superior
direita da foto.
Quanto mais estudavam a imagem, mais crescia
o assombro do grupo. Como não acharam nenhuma
explicação para o fenômeno, enviaram a foto e o relato
do ocorrido a uma revista internacional, especializada
em espeleologia. As pessoas da revista assombraram-se
ainda mais que os jovens, razão pela qual convocaram o
fotógrafo mais experiente em grutas da Inglaterra.
Após examinar a foto durante aproximadamente
cinco minutos, o especialista garantiu que a impressão era
O Poder da Mente
autêntica. Cada vez mais surpresos, os jovens levaram a
foto a diversos médiuns espíritas, sem lhes dar qualquer
explicação prévia ou mesmo fazer algum comentário. A
reação de todos foi unânime: tratava-se, sem dúvida, da
imagem do espírito feminino de uma mocinha brutal-
mente assassinada.
Então os jovens espeleólogos iniciaram uma exaus-
tiva investigação nos livros e arquivos da região em busca
de comprovação para a tese do assassinato.
O FATO
Em 1758, um jovem casal estava prestes a casar-se
na localidade próxima de Peak Forest, que era um sítio
onde casais cujas famílias não aprovavam seus amores
podiam casar-se livremente. Cinco operários que tra-
balhavam perto de uma mina de Odin fi caram sabendo
dos planos do jovem casal. Percebendo que os jovens
levavam um saquinho de moedas, resolveram segui-los. O
casal não conseguiu fugir de seus perseguidores e ambos
acabaram brutalmente assassinados e jogados no poço
de uma mina próxima. Os dados históricos conhecidos
indicam tratar-se da velha mina de Tor.
Também é histórico que os dois jovens vinga-
ram-se depois de mortos. Um dos assassinos quebrou
o pescoço no mesmo cenário do crime. Outro faleceu
ali perto, esmagado por uma pedra. O terceiro foi en-
contrado enforcado e o quarto morreu após longos e
Roger Baum
duros sofrimentos. O quinto e último confessou o crime
no leito de morte, o que permitiu que os cadáveres dos
jovens amantes fossem encontrados mediante escavações
efetuadas na mina.
Pelo visto, houve outros casos de encantamento
nessa mina, mas até a presente data, unicamente os
cinco jovens espeleólogos conseguiram fotografar, com
uma câmara “Instamatic”, e de maneira autêntica, sem
nenhum engano, o fantasma da moça assassinada há
duzentos anos.
OS FANTASMAS DA TORRE DE LONDRES
E. L. Swift, guardião das jóias da coroa inglesa,
certa vez descreveu, com profusão de detalhes, a fantástica
aparição de uma forma cilíndrica, semelhante a um tubo
de vidro cheio de um fl uido azul e branco, que se movi-
mentava em torno de seus aposentos, na Torre Martin. A
manifestação também foi vista e sentida por sua esposa,
mas não por seu fi lho e nem por sua cunhada.
Alguns dias depois, um integrante do serviço de
guarda morreu de espanto, literalmente, ao ver aparecer
diante de seus assombrados olhos um ser gigantesco, como
um osso, que vinha da porta da câmara das jóias da coroa.
Diz-se que a Torre Martin é visitada pelo espírito
do lorde Northumberland, seguramente o oitavo conde
deste título, o qual, ali estando preso por ter tomado parte
num suposto complô a favor da rainha Maria Stuart (exe-
O Poder da Mente
cutada por ordem de Elisabete I), faleceu misteriosamente
de três feridas a bala. Seu irmão, o sétimo conde, foi
decapitado na mesma Torre, e seu fi lho, o nono conde,
esteve encarcerado ali durante longos anos, embora seja
ignorado o local exato.
O fantasma de uma jovem princesa tem sido entre-
visto ao redor da Torre Sangrenta, e Ana Bolena, a esposa
de Henrique VIII, costuma aparecer na Torre Branca, na
mansão real da Torre Verde e em São Pedro ad Vincula,
onde ainda está enterrada e onde, às vezes, aparece sem
cabeça, sendo reconhecida por seus trajes.
Também têm sido vistos os fantasmas de Lady
Salisbury, decapitada por ordem do mesmo Henrique
VIII, e o de Sir Walter Raleigh. O último fantasma a
aparecer na sinistra Torre de Londres é o de Lady Jane
Grey, visto no 4030 aniversário de sua execução.
Diz também a lenda, ou a tradição, que a desgraça
perseguiu os que um dia executaram alguém nas masmor-
ras da Torre de Londres, se bem que isto não seja rigoro-
samente exato a não ser em poucos casos isolados.
A conclusão lógica que se pode extrair desses
fatos, que em sua maioria parecem comprovados, é que
talvez alguns dos guardiães da Torre, ou inclusive os
próprios muros, as próprias pedras do recinto, possuam
alguma força, uma espécie de poder mental, capaz de
fazer aparecer os espíritos dos que morreram violenta-
mente. Mas, será que isto é possível?
Roger Baum
SUGESTÃO, HIPNOTISMO E MAGNETISMO, TRÊS PODERES MENTAIS DE GRANDE IMPORTÂNCIA
O QUE É O PSIQUISMO TRANSCENDENTAL
O psiquismo transcendental abrange todas as manifes-
tações do espírito, em estados que se afastam, do que
se considera como normalidade, em que são oferecidas
provas incontestáveis, embora inconclusivas, de seu poder
de irradiação, de sua lucidez, de sua penetrabilidade, de sua
perceptibilidade. A estes estados denomina-se sugestão,
hipnotismo e magnetismo.
SUGESTÃO
A sugestão é um estado em que o espírito experi-
menta permanentemente as sensações ou idéias que lhe
são sugeridas. A sugestão aqui referida é a anormal.
Sugerir é inculcar uma idéia em outra pessoa, seja
de que tipo for. Sugestão é o estado em que se tem como
certa a idéia sugerida, que como tal é preconizada.
Quando uma criança nasce, a primeira coisa que os
pais fazem é sugerir-lhe a idéia de sua paternidade. Depois,
O Poder da Mente
de tudo quanto a rodeia e, mais tarde, de seus deveres
infantis. A criança cresce, vai para a escola e o professor
sugere-lhe a idéia das letras, dos números, da escrita e
outras disciplinas. Cresce mais ainda e seus amigos, e tam-
bém seu amado ou amada, constantemente lhe sugerem
novas idéias que se arraigarão, ou não, em sua mente. A
pessoa pode, ou não, acreditar nas sugestões que lhe são
apresentadas, dependendo de que isto fi que sugerido em
maior ou menor grau. Assim funciona o mecanismo da
sugestão e, em conseqüência, do espírito.
Esta é a sugestão normal, que pode calcar-se no
critério pessoal e no raciocínio, e que, baseando-se nas
idéias sugeridas e admitidas como certas, pode remontar
ao ideal indutivamente e descer aos detalhes dedutiva-
mente.
SUGESTÃO ANORMAL
A sugestão anormal ou paranormal é a que viola
toda idéia sugerida e admitida como boa e certa, criando
um meio fi ctício e um estado extranormal no indivíduo
sugestionável e sugestionado. O mecanismo desta suges-
tão paranormal é exatamente igual ao da normal, mas os
resultados são muito diferentes.
Para produzir a sugestão mental em condições
paranormais, é preciso ter ascendência sobre a pes-
soa a sugestionar e, conseqüentemente, lograr que a
referida pessoa renuncie à sua liberdade, voluntária e
decididamente.
Roger Baum
Então, apresenta-se aquilo que se conhece como
“estado de individualidade”, ou seja, a passividade no juízo,
no raciocínio e na volição, e a concordância absoluta com
as idéias que são sugeridas à pessoa. Depois desse estado
vem o da sugestão total, que é a credulidade cega e abso-
luta com relação a quanto lhe indique o sugestionador.
O agente sugestionador começa dizendo à pes-
soa, por exemplo, que está fazendo muito frio, um frio
intensíssimo, e a pessoa, se tiver sido bem sugestionada,
começará a tremer e a procurar algo com que se resguardar
do frio que se apodera de seu corpo.
Este estado apresenta uma particularidade que
lhe dá uma importância muito grande, consistindo em
tudo aquilo que, no estado de vigília ou sugestão normal,
apreende-se com difi culdade, aqui se aceita com extrema
facilidade. Por exemplo: difi cilmente se fará com que
um alcoólatra passe a detestar a bebida mediante uma
sugestão normal, mas na paranormal ele entenderá per-
feitamente os argumentos contra a bebida e renunciará
a ela, o que dá a idéia do poder benéfi co da sugestão
paranormal bem aplicada.
Uma idéia da razão de ser do fenômeno que
descrevemos pode ser alcançada se nos fi xarmos no que
acontece com a sugestão normal. Os dois mecanismos são
idênticos. Pois bem: que motivos uma criança tem para
crer que seu pai é Ernesto e não Miguel? E que motivos
tem para acreditar que o A não é o J e vice-versa? Que
motivos tem para saber que o verbo não é o substantivo,
O Poder da Mente
nem este a preposição? Somente o fato de que foi colocada
em sua mente a semente da sugestão. Uma vez bem sugestio-
nado, por mais que se diga ao menino que seu pai é Miguel e
não Ernesto, ele jamais acreditará. Toda informação contrária
se desmoronará ante a convicção adquirida pela sugestão.
Para tirá-lo de tal convicção será preciso sugestioná-lo de
novo, colocando-o previamente em estado de credulidade, o
mesmo no qual se achava no início da sugestão normal.
O que acabou de ser dito sobre o sugestionador e o
sugestionado é aplicável conjuntamente à pessoa do suges-
tionado, ou seja, alguém pode se auto-sugestionar, coisa que
fazemos com muito mais freqüência do que percebemos.
Por exemplo: pensamos na realização de um
plano e damo-lo por realizado com tais características
de certeza, que podemos dizer que o assistimos avançar
de fase em fase, até chegar à conclusão, vendo-o, apal-
pando-o. Este é um fenômeno de sugestão própria, ou
seja, de auto-sugestão.
Em outras ocasiões, a auto-sugestão não é tão alen-
tadora: quando pensamos, por exemplo, na morte de uma
pessoa querida ou odiada, ou ainda em perseguições das quais
podemos ser vítimas, estas auto-sugestões são tão funestas
que podem conduzir à monomania e à esquizofrenia.
Portanto, é necessário precaução contra as su-
gestões e as auto-sugestões, tanto mais porque é muito
difícil determinar onde termina a sugestão normal e onde
começa a paranormal.
Roger Baum
CURANDEIRISMO
É na sugestão paranormal, mais do que na nor-
mal, que entra em ação o curandeirismo. Denominam-se
“curandeiros” os que curam enfermos, ou tentam curá-
los, sem terem estudo de medicina ou outro título para
tal. Na melhor das hipóteses, utilizam-se de beberagens
à base de ervas e outros expedientes similares. Na maio-
ria das vezes, as curas ocorrem pela simples imposição
das mãos.
Sem receio de exagero e sempre dentro da crença
em sua existência real, Jesus Cristo, que viveu dois mil
anos atrás, foi o maior curandeiro que já existiu.
A ciência mística afi rma que se trata de milagres,
e efetivamente tal foi o caso por se tratar de situações
de cura por meios paranormais, ou seja, que escapam
à compreensão e à realidade do materialismo. Diz-nos
o Evangelho de Mateus:
Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando
nas sinagogas, pregando a boa nova do reino
e curando toda enfermidade e toda doença
no povo. E sua fama se estendeu por toda a
Síria e lhe traziam todos os que padeciam de
algum mal, os que se queixavam de diferentes
enfermidades e dores, endemoniados, lunáticos
e paralíticos, e os curava.
(...)
O Poder da Mente
E então um leproso, aproximando-se, postou-
se diante dEle dizendo: “Senhor, se queres,
podes limpar-me”. E Ele, estendendo sua mão,
tocou-o dizendo: “Quero, fi que limpo”. E ime-
diatamente desapareceu a lepra.
Tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se
dEle um centurião, suplicando: “Senhor, meu
servo jaz em casa paralítico, sofrendo muito”.
E Jesus lhe disse: “Eu irei e o curarei”. E res-
pondendo, disse o centurião: “Senhor, eu não
sou digno de que entres em minha humilde
morada; dize só uma palavra e meu servo fi cará
são. Porque também eu sou um subordinado,
mas tenho soldados à minha disposição, e digo
a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem;
e a meu escravo: Faze isto, e ele o faz”. Ao ou-
vir isto, Jesus se maravilhou e disse aos que o
seguiam: “Em verdade, em verdade lhes digo,
que em ninguém em Israel encontrei tanta fé.
Digo-lhes que virão muitos do Oriente e do
Ocidente e se sentarão à mesa com Abraão,
Isaac e Jacó no reino dos Céus; em troca, os fi lhos
do reino serão lançados às trevas exteriores, e
ali haverá pranto e ranger de dentes”. Então,
disse Jesus ao centurião: “Vai e faça-se contigo
segundo creste”. E naquele momento o servo
fi cou curado.
Roger Baum
Neste caso, achamo-nos ante uma cura a dis-
tância, ou seja, com projeção distante do poder mental.
Vejamos o milagre da cura da hemorragia, segundo o
Evangelho de Lucas:
Uma mulher que padecia de fl uxo de sangue
fazia doze anos, e que gastara com médicos
todos os seus haveres, sem conseguir ser por
nenhum curada, aproximando-se por detrás,
tocou a orla de seu manto (de Jesus), e instan-
taneamente cessou o fl uxo de sangue. Jesus disse:
“Quem me tocou?”. Como todos o negavam,
disse Pedro e os que o acompanhavam: “Mestre,
as multidões te rodeiam e te oprimem”. Mas
Jesus disse: “Alguém me tocou, pois me dei conta
de que uma força saiu de mim”.
Uma força (ou virtude) era sem dúvida o poder
emanado de seu cérebro, de sua mente. Deve ser levado em
conta, além disso, que somente Lucas (embora os outros
Evangelhos também relatem esta cura) se refere à perda
de “força” (virtude) por parte de Jesus. Talvez pelo fato de
Lucas ser médico? É bem possível. Mateus e Marcos, os
outros evangelistas que falam desta cura, não eram médi-
cos (embora os Evangelhos lhes sejam apenas atribuídos,
o que indica não haver certeza sobre a verdadeira autoria
dos relatos), enquanto Lucas o era, razão pela qual podia
estar inteirado do poder mental e seus efeitos sobre o
corpo humano e as doenças do mesmo.
O Poder da Mente
Curandeirismo existe e sempre existiu em todos os
tempos. Em algumas ocasiões, muitos médicos utilizam
a hipnose e a sugestão para curar seus pacientes, particu-
larmente quando se trata de enfermidades de caráter ner-
voso, pois quase todas as pessoas nervosas são altamente
sensíveis e, portanto, facilmente sugestionáveis.
FASCINAÇÃO
A fascinação é outro aspecto da sugestão, e os
resultados são os mesmos.
Para sugestionar é indispensável utilizar a lingua-
gem oral ou escrita, sobretudo a primeira. Já para fascinar,
é necessário impressionar com o olhar de uma maneira
súbita, enfeitiçadora e, cintilante, sustentada ou fugaz,
segundo os casos.
Diz-se, judiciosamente, que o olhar exprime tudo,
ou seja, que pelo olhar é possível exprimir as idéias nas
quais se baseia a sugestão. Portanto, pelo olhar podemos
sugestionar. Esta é uma dedução lógica que não tem
réplica, levando-se em conta a primeira premissa.
Todo amante compreende o que lhe diz o olhar
de sua amada. Toda mãe entende o que seu filhinho
quer lhe exprimir com o olhar. Todos nós entendemos
no olhar do próximo o amor, o ódio, a incompreensão,
o interesse.
Existe aqui, todavia, um dilema: compreende-se
que a sugestão repetida inculca uma idéia que acaba por
Roger Baum
formar um estado, mas não se compreende tão depressa
que o olhar obtenha os mesmos efeitos. Qual será o
processo que se dá?
Observemos o efeito que um olhar produz em nós.
Aparentemente, quem nos olha não nos envia nada de
material, quer nos olhe com amor, com ódio, com interesse
etc. Entretanto, sentimos terror, carinho, simpatia, bem-
estar, atração, submissão, respeito, indiferença e outros
estados de ânimo, segundo os olhares recebidos, que
iniciam em nós uma comoção involuntária. Dizemos que
um olhar nos impressionou e isto é uma grande verdade.
Mas por que é que nos impressionou, por que tocou tanto
nossa sensibilidade?
Simplesmente porque por meio do olhar nos é
transmitida uma força vigorosamente ativa, capaz de fazer
com que o sistema sensorial vibre mais rápido ou mais
lentamente do que o normal.
COMO AS IMPRESSÕES EXTERNAS ATUAM
É do conhecimento geral que o ser humano é
dotado de cinco sentidos, por meio dos quais percebe
todas as sensações externas e exterioriza os próprios
sentimentos.
Com efeito: por meio dos olhos o ser humano vê os
objetos, por meio dos ouvidos escuta os sons, por meio do
nariz capta os odores, fala e degusta pela boca, e por meio
das mãos, dos pés e de toda a pele percebe os objetos.
O Poder da Mente
Mas é necessário nos aprofundarmos mais na
questão e compreender como se vê, se ouve, se fala, se
degusta, se apalpa e se cheira.
Referem-se aos olhos, à boca, ao nariz, às mãos
etc., os fenômenos perceptivos mencionados, não porque
tais órgãos vejam, ouçam ou falem, mas sim porque ne-
les estão radicados nervos encarregados de conduzir ao
aparelho sensorial comum, que é o cérebro, as respectivas
impressões, de forma que se as sensações chegassem ao
encéfalo por outros meios, os referidos órgãos fi cariam
sem utilidade.
É preciso levar em conta também que sensações
como o som ouvido e o sabor degustado não afetam os olhos,
os ouvidos ou o paladar de uma maneira particular e privativa
da respectiva sensação, mas sim de modo geral e comum a
todas as sensações, que é a vibração, ainda que cada som e
cada visão tenham em si um número distinto de vibrações.
Dito com outras palavras: todas as impressões que chegam
ao encéfalo ou centro sensório comum são como as do tato
quando se toca um pedaço de gelo e um carvão em brasa,
que podem variar com respeito ao ritmo ou sensação da
impressão, mas não com respeito à sua natureza, posto que
todas as sensações procedem do contato com o objeto.
Conseqüentemente, ver, ouvir, falar, degustar, chei-
rar e apalpar resultam de sensações que são os efeitos de
modos vibratórios, tal como se obtêm diferentes sons de
uma guitarra segundo a corda que se toque, ainda que o
impulso dado à corda seja o mesmo para todos os tons.
Roger Baum
Isto compreendido, já é possível entender os efei-
tos do olhar, pois este fi ca reduzido a um maior ou menor
impulso dado a nosso sistema nervoso, como uma sacu-
didela produzida pela força impulsiva da vontade própria
ou alheia, refl etida por meio dos órgãos da visão, como
outra sacudidela de igual origem é a que refl ete nossa voz,
nossa mão num golpe e nosso paladar num asco.
Claro está que essa sacudidela nos afeta de maneira
ativa, produzindo um estado de consciência em consonân-
cia: se nos afeta de modo passivo, passivo também será o
estado que produzirá em nós, e assim sucessivamente com
todos os demais. Conclui-se, então, que o estado psíquico
em que nos revelamos estará sempre em consonância
com o meio que nos circunda, provocado por sugestão
ou causado pela auto-sugestão.
Pois bem: se o olhar é um modo de manifestação
como outro qualquer, e seus efeitos podem ser e são tão
radicais como os da voz, tudo quanto foi dito antes é
aplicável ao caso, visto que a sugestão e a fascinação, no
fundo, são a mesma coisa.
Além do olhar, qualquer objeto brilhante também
pode servir como agente fascinador. A luz é a força
vibratória que se comunica com o encéfalo pelo nervo
óptico, e toda luz pode decompor-se em prismas ou
feixes de maior ou menor vibração, segundo o objeto que
lhes sirva de interferência. Logo, o resultado em todos
os casos será o mesmo que o dos efeitos do olhar.
Na realidade, também existe a autofascinação, da
mesma forma como existe a auto-sugestão.
O Poder da Mente
HIPNOTISMO
Se a fascinação é uma fase da sugestão, o hipno-
tismo transcende a ambas.
Ao transpor os limites da credulidade e da su-
gestão, entra-se num período de sonolência que, em
progressão crescente, chega ao sonambulismo lúcido. Os
fenômenos que o sono em tal estado apresenta são tão
variados e ricos, que sua descrição não será apresentada
agora, bastando dizer, por enquanto, que o estado hipnó-
tico confunde-se freqüentemente com o magnético.
O hipnotismo transcendente da sugestão ori-
gina-se, como esta, da submersão do indivíduo em
transe profundo, mediante um contínuo fl uxo de idéias,
como que emanadas do hipnotizador e refl etidas pelo
sujeito, sempre refl etindo a vontade do primeiro – a
não ser que o segundo tenha chegado ao sonambulis-
mo lúcido. Neste caso, terá tornado-se independente
de seu tutor, seu guia, para agir por conta própria, e
de modo certamente bastante perigoso, pois a pessoa
adquire faculdades muito extraordinárias, em geral
inconcebíveis e não apreciadas.
Quando a pessoa volta ao estado de vigília, pode
recordar ou não o que se passou. Finalmente, toda pessoa
hipnotizada, como a pessoa fascinada, demonstra vontade
fraca e pode sofrer de um transtorno nervoso de suma
gravidade se não for comedida e, sobretudo, rigorosa com
o hipnotizador.
Roger Baum
MAGNETISMO
Ainda que semelhante ao hipnotismo nos fenôme-
nos menos transcendentais e idêntico nos transcendentais,
o magnetismo diferencia-se daquele radicalmente, tanto
em sua forma de atuar como na origem dos fatos que re-
presenta.
Assim como a fascinação é conseguida pelo olhar
e com o uso de um objeto brilhante, o magnetismo é
provocado por passes ou sopros.
Dá-se o nome de “passes magnéticos” à imposição
de mãos sobre a cabeça da pessoa e às correntes fl uídicas
que se estendem da cabeça aos pés ou aos braços e mãos,
tendo o magnetizador as mãos estendidas com as pontas
dos dedos um pouco para baixo.
Os passes transversais são os que o magnetizador
aplica levando as mãos completamente estendidas e
dando as correntes transversais como indica a palavra.
Estes passes são utilizados para desvirtuar tudo que se
fez mediante os passes longitudinais.
A teoria dos passes baseia-se na certeza de que o
homem irradia uma força, a força nêurica ou teúrgica,
que atua sobre o caráter homogêneo da pessoa e produz
a aceleração ou desaceleração no ritmo das vibrações.
Aplicam-se as mãos porque se admite que os pontos pelos
quais melhor fl ui esta força são as palmas das mãos e as
pontas dos dedos.
Usam-se também sopros cálidos ou frios, e suaves
ou fortes, com igual fi nalidade e idêntico motivo.
O Poder da Mente
Quando o magnetizador atua sobre uma pessoa,
sua intenção é somente a de magnetizá-la. Quando deseja
acabar com este estado, sua vontade deve ser manifestada
de igual maneira. Ou seja, não há interferência da vontade
do magnetizador em toda a gama de fenômenos que a
pessoa venha a produzir durante o seu período de magne-
tização; estes fenômenos têm de ser livres, espontâneos e
comprobatórios da faculdade de quem os provoca, sendo,
pois, os mais estimados entre todos os das diferentes séries
que a parapsicologia estuda.
OUTROS ESTADOS DERIVADOS DO PODER DA MENTE
LETARGIA
Um dos primeiros fenômenos que se apresenta no
hipnotismo e no magnetismo é o da letargia, que
consiste na insensibilidade que permite, por exemplo,
furar a pele com uma agulha, ou cauterizá-la com ferro
incandescente, sem que a pessoa sinta dor.
No estado letárgico chega a ser possível atravessar
a pessoa com uma espada sem que brote sangue pela
ferida, ou que o paciente apresente qualquer queixa.
Roger Baum
Esta espécie de anestesia tem seu oposto na hipe-
restesia, que é outro dos fenômenos que estão subjacentes
ao magnetismo e ao hipnotismo, e que consiste em causar
feridas, hemorragias, tatuagens etc., sem tocar na pessoa,
e só por efeito da vontade, ou seja, com o poder mental.
O doutor Borjón relatou o seguinte caso:
Outro dia, depois de adormecer a pessoa, um dos
professores escreveu o nome dela com um estilete
sobre os dois antebraços, dizendo-lhe: “Esta noi-
te, às quatro horas, você dormirá e sangrará pelas
linhas que acabo de traçar em seus braços”.
Na hora mencionada, a pessoa adormeceu,
os caracteres traçados na pele apareceram em
relevo e em vermelho vivo, e apareceram gotas
de sangue, assinalando o traçado.
Com relação à forma de atuar, o mecanismo é o
mesmo que os apresentados para a sugestão, a fascinação
e o hipnotismo, ou seja, o poder mental.
CATALEPSIA
Como a letargia, a catalepsia pode ser parcial ou
total. Nos dois casos, a parte afetada adquire a rigidez e
a resistência do aço. É possível moldar o corpo às formas
O Poder da Mente
mais violentas e anormais, sem receio de que a pessoa
mude-as. Ela permanecerá da forma como foi deixada até
permanecer a vontade expressa do hipnotizador.
Nesse estado, produz-se a insensibilidade. Outra
curiosidade que este fenômeno oferece é a de permitir
colocar a pessoa em estado de hemicatalepsia, condição
em que um dos lados permanece insensível, letárgico,
enquanto o outro não.
Tanto para a catalepsia como para a letargia é
necessário que a pessoa não tenha mergulhado nos graus
mais profundos da hipnose, inclusive estando desperta
e se dando conta do que acontece. Em contrapartida, o
mesmo não ocorre quando o fenômeno é originado por
magnetismo, já que neste todas as manifestações devem
ser precedidas de um sono profundo.
SONAMBULISMO
Com o sonambulismo, inicia-se a série de fenô-
menos hipnóticos nos quais a pessoa não se dá conta
do que faz.
Na realidade, este estado não é peculiar a nenhum
fenômeno mencionado anteriormente – é a todos. O que
se pode verdadeiramente garantir é que em determinado
grau apresenta-se a lucidez e o êxtase religioso, casos es-
tes que não têm nada de absoluto, posto que o primeiro
abarca numerosas fases e o segundo é tão intenso quanto
o desejo do hipnotizador.
Roger Baum
DESDOBRAMENTO DA PERSONALIDADE
Sem o desdobramento da personalidade não se
explicaria a grande quantidade de fenômenos que jus-
tamente mantêm este campo de ação, ultrapassando os
limites da pessoa.
Nos desdobramentos, surge da pessoa uma forma
fl uídica, vaporosa, que é o que os ocultistas chamam de
astral, e que constitui indiscutivelmente o agente da sensi-
bilidade e da percepção muito além do sistema nervoso.
Garantem os videntes que este duplo, que se ex-
terioriza em forma de torvelinhos, normalmente ocupa
uma distância mais ou menos afastada do organismo
físico, aparentando radiações, enquanto outras vezes vai
até onde deseja ir em graus mais profundos da hipnose,
ou seja, no sonambulismo lúcido, e lá para onde se dirige
o hipnotizador ao chegar a este estado.
Na verdade, só assim se explicam as simpatias e
antipatias insuperáveis, aparentemente injustifi cadas, visto
que não se baseiam nem na beleza nem na sabedoria, nem
no favor recebido ou em outra causa objetiva.
Seja ou não assim, o certo é que sem prévio desdo-
bramento da personalidade não dá para entender muitos
fenômenos, entre os quais podem consignar-se os registrados
na história, como a ubiqüidade de Jesus Cristo, Santo Antô-
nio de Pádua, São Francisco de Assis e outros, sem falar nos
casos de Apolônio de Tiana, Swedenborg, Franz Haller, e
assim sucessivamente, preenchendo uma extensa lista.
O Poder da Mente
PERDA DOS CINCO SENTIDOS
Um fato curioso observado em todas as pessoas é
a percepção de que, da mesma forma como é possível dar
aos sentidos maior agudeza perceptiva, também é possível
anular, ao menos em parte, sua percepção.
No momento em que uma pessoa está para ser
desperta da hipnose, ordena-se: “Você vai esquecer com-
pletamente tudo que aconteceu”. Em seguida, desperta-se
a pessoa. Ela não se recordará de nada, absolutamente
nada do que um minuto antes estava fazendo, ou por
que estava passando, ainda que incitemos sua memória
apontando os fatos ou relatando-os detalhadamente.
“Quando você despertar, terá esquecido o que
acabo de lhe dizer, mas tal dia e tal hora você fará isto
e aquilo...” Dizendo isso a outra pessoa, por exemplo, a
despertamos. De volta ao estado normal, a pessoa não
recordará senão que tal dia e tal hora terá de executar o
ordenado.
Pois assim como a memória, pode-se fazer desa-
parecer a visão. Se o hipnotizador ordena a uma pessoa
que ao despertar não veja determinada letra, tal objeto, tal
homem, ela ao despertar não os verá, por mais empenho
que ponha nisso e mesmo que esteja constantemente
vendo o que não deve ver. O mesmo acontece com os
demais sentidos, e tudo isto pode acontecer igualmente
no estado de vigília como no de sonambulismo, e ime-
diatamente após a crise hipnótica ou só depois de alguns
Roger Baum
dias ou meses. O professor Ochorowitz realizou estes
experimentos com grande êxito, inclusive fi xando um
prazo de três meses para a execução de suas ordens.
AÇÃO DO MAGNETISMO A DISTÂNCIA E A PRAZO FIXO
Quando um hipnotizador ou magnetizador domi-
na a mesma pessoa várias vezes, estabelece com ela certa
afi nidade de domínio que lhe permite, estando a distância,
exercer sobre a pessoa o mesmo poder, como se estivesse
presente. Basta uma palavra, transmitida mentalmente,
para que a pessoa sinta sua infl uência e obedeça-lhe ce-
gamente. Assim, ao magnetismo une-se a telepatia.
Um dos primeiros, na época moderna, a exercer
este poder foi o professor Ochorowitz. Ocorreu da se-
guinte forma:
Ochorowitz hipnotizava uma senhora para curá-la
de sua doença, e certo dia não pôde chegar à hora costu-
meira para dar-lhe as oportunas sugestões. Indo visitar
outro enfermo, ocorreu-lhe no caminho deixar adorme-
cida a senhora em questão, ordenando-lhe que dormisse
três horas, ao cabo das quais deveria acordar, vestir-se e ir
vê-lo em seu consultório, levando consigo a receita feita
no dia anterior.
Ochorowitz anotou minuciosamente a hora em
que tinha efetuado a sugestão, que era dez da manhã,
continuou seu caminho e retornou para casa ao meio-
O Poder da Mente
dia e meia. Às duas, chegou a enferma com a receita nas
mãos, e relatou-lhe que às dez horas tinha adormecido,
enquanto lia um romance de Júlio Verne (autor que, entre
parênteses, nada tem de soporífero), que despertara à uma
hora, e que não sabia por que teve vontade de vestir-se e ir
visitar o médico, levando a receita que ele tinha-lhe dado
na véspera para ver se desejava modifi cá-la. Quer dizer, a
sugestão tinha cumprido-se em todas as suas partes.
Depois, Ochorowitz experimentou a sugestão a
distância muitas vezes, sempre com grande êxito, assim
como o fi zeram Richet, Rochas, Iodka e outros. Tudo
confi rma a afi rmação de que o poder da mente sugestiona
e hipnotiza a distância.
SEGUNDA PARTE
O DESENVOLVIMENTO DOS PODERES PSÍQUICOS
Ao se falar dos poderes mentais, é muito natural dese-
jar saber de que forma eles podem desenvolver-se, e
ainda que não seja este o propósito da presente obra, será
realmente conveniente discorrer um pouco acerca da melhor
maneira de fi carmos predispostos a esse desenvolvimento.
Roger Baum
OS FENÔMENOS ESPONTÂNEOS
Para começar, é oportuno dar algumas noções de ca-
ráter geral a pessoas que tenham experimentado fenômenos
espontâneos em estado de vigília e àqueles que tenham tido
sonhos especiais, que julgam ter um signifi cado particular,
embora sem compreender qual seja.
Estes fenômenos espontâneos costumam pertencer
ao tipo mais simples de mediunidade, embora, na realidade,
sejam ao mesmo tempo um indício de poder psíquico, apesar
de pouco terem a ver com as verdadeiras mensagens medi-
únicas. São o resultado de certos poderes internos.
Quem experimenta fenômenos desta natureza
deve manter a saúde física na melhor condição possível,
a fi m de que suas energias não se esgotem e para que
o corpo possa continuar são e a mente clara para seus
juízos e critérios.
É essencial não recorrer a nenhuma espécie de
estimulante. Isto se aplica não só ao álcool, como ao chá
e ao café, sem falar nas drogas de qualquer classe, visto
que excitam os nervos e a imaginação, e amiúde originam
manifestações que não são fenômenos psíquicos autênti-
cos, mas somente resultado de transtorno nervoso.
Por outro lado, é recomendável utilizar frutas em
geral, sobretudo as ácidas, como a pêra, o pêssego, a maçã,
a cereja e o limão ou a laranja, uma vez que o sumo dessas
frutas atua sobre o fígado e limpa o sangue. Naturalmente,
estas precauções só devem ser adotadas pelos que desejam
O Poder da Mente
participar seriamente destes estudos, estando decididos a
experimentar os fenômenos mais importantes.
É preciso exercitar a mente em todos os canais
saudáveis. Não há por que fi car “matutando” excessi-
vamente ou refl etindo em demasia sobre as próprias
condições mentais.
É preciso aprender a viver fora da cabeça, di-
gamos assim, ou seja, no cosmo. Não é preciso fi car se
perguntando continuamente o que acontece no cérebro,
pois, caso contrário, seguramente a pessoa tropeçará em
difi culdades. Em resumo: é preciso levar uma vida sadia
e ativa e, nos repousos necessários entre os fenômenos
experimentados, pensar o menos possível.
AS CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO
Para conseguir determinadas manifestações, não
é recomendável, por um lado, sentar-se e esperar por
elas ou, por outro, tentar obtê-las durante mais de vinte
minutos ou meia hora todos os dias. No início, bastam
cinco minutos ou no máximo dez. Este período de tempo
pode ir se ampliando em paralelo com os progressos
alcançados. Isto é especialmente importante, e deixar de
cumprir esta regra é uma das grandes razões dos perigos
a que se vêem expostos os médiuns.
Supondo que alguém lhe apareça e dê conselhos
com relação ao caminho a seguir, certamente, não é
prudente obedecer sem examinar se é justo ou sensato
Roger Baum
o conselho, sem usar o próprio critério quanto ao acerto
desse conselho.
Mesmo supondo que quem apareceu seja real-
mente um espírito (estamos agora falando do poder
paranormal de evocar certas entidades espirituais), existe
sempre a possibilidade de que se apresente um espírito
malicioso ou embusteiro, fi ngindo dar um bom conselho,
quando na realidade só quer enganar.
Também cabe a possibilidade de a fi gura vista ser
meramente produto da imaginação do subconsciente.
Isto ocorre com freqüência, embora a fi gura pareça real
e o conselho pareça justo.
AS CORRENTES CÓSMICAS
Existem no mundo algumas correntes cósmicas
que vão em todas as direções, correntes de idéias contradi-
tórias que podem penetrar em nossa mente inconsciente,
inclusive contra a nossa vontade.
Algumas correntes são benéfi cas, enquanto outras
são prejudiciais. Certas pessoas são bastante fortes para
alcançar êxito contra os maiores obstáculos, enquanto
outras conseguem salvar-se parcialmente; mas algumas
não se salvam de jeito nenhum. Por este motivo, ocorrem
êxitos e fracassos na vida. Em parte, isto depende das
infl uências externas, e em parte de nós próprios. Não
somos capazes de controlar as infl uências externas, exceto
de maneira indireta, por meio de nós mesmos.
O Poder da Mente
COMO CONSEGUIR ÊXITO NA VIDA
Essa é a explicação para uma grande falha que
muitas pessoas cometem, imaginando que sempre podem
conseguir que as circunstâncias ajustem-se à sua vontade
e conveniência. Mas isto só é verdade em parte.
O certo é que jamais devemos querer exercer nosso
poder mental sobre os demais, mas sim sobre nós mesmos,
de maneira que isto nos faça mais fortes, mais positivos,
mais capacitados e mais efi cientes; e é assim, ao nos de-
senvolvermos neste sentido, que obteremos o triunfo.
A melhor maneira de controlar as circunstâncias é
controlar as nossas forças internas, a fi m de chegarmos a ser
melhores e mais competentes, com o que já gravitaremos para
melhores circunstâncias. É preciso recordar que “o semelhante
atrai o semelhante”. E como disse o doutor Larson:
As pessoas que fracassam e continuam fracas-
sando, fazem assim porque a força de sua mente
se acha habitualmente em estado negativo, ou
é mal orientada. Se o poder mental não atuar
positivamente e de maneira construtiva, vi-
sando a um determinado objetivo, a pessoa não
consegue triunfar.
Se a mente não for positiva, é negativa. As
mentes negativas fl utuam ao sabor da corrente.
Devemos nos lembrar de que estamos no centro
de todo tipo de circunstâncias, algumas a nosso
Roger Baum
favor e outras contra nós. Temos que traçar
nosso caminho ou vagar à deriva, conduzidos
pela corrente. Quase todas as correntes da vida
humana fl uem para o mundo comum e inferior.
Portanto, ao se deixar levar pela corrente, o in-
divíduo decai e o objetivo proposto fracassa.
AS TRÊS LEIS DO ÊXITO
Para conseguir êxito mental e espiritual (a mesma
regra aplica-se ao êxito material) é necessário observar
três regras fundamentais:
(a) Ter idéia clara do que se deseja. Sem objetivo
defi nido, não é possível alcançar grandes triunfos, posto
que a pessoa desperdiça energias rodeando o problema,
sem se dirigir ao ponto determinado.
(b) Ter pensamentos positivos e não negativos, o
que não signifi ca cerrar os dentes, franzir o cenho e querer
dominar o mundo. Signifi ca, ao contrário, possuir calma
e serenidade, segurança consigo mesmo e a convicção
íntima e certa do triunfo. Fisicamente, este estado de
coisas pode ser experimentado como uma sensação de
todo o sistema nervoso.
(c) Todas as idéias têm de ser construtivas, ou
seja, edifi cantes e tendentes ao objetivo a ser alcançado.
Se o indivíduo gastar uma pequena fração que seja de
sua energia pensante em outra direção qualquer, ele não
O Poder da Mente
poderá pretender ir muito longe em seu objetivo. Pensar
construtivamente signifi ca que é preciso ter idéias coeren-
tes e contínuas sobre aquilo que se deseja conseguir.
Quanto mais cedo se aprender isto, mais cedo se
alcançará o êxito. Os obstáculos da vida atual oferecem
grandes difi culdades. Até certo ponto, no entanto, podem
ser considerados como apoios para o caráter e o progresso,
pois quanto mais obstáculos tiver que superar, mais forte
será o caráter da pessoa. Ao mesmo tempo, pode-se cair
no exagero, e sempre se paga caro por isto.
ARRASTADOS PELA MARÉ
Quando se faz o melhor visando a conseguir algo
– e todo mundo sabe interiormente quando trabalha
bem – e as difi culdades parecem multiplicar-se ante o
progresso realizado, sob certas condições pode-se supor
que não é este o momento apropriado para buscar aquele
objetivo, razão pela qual é prudente considerar que as
circunstâncias estão impedindo exatamente que marche-
mos para um desastre. É possível ver-se arrastado pelas
correntes em vez de poder tirar proveito delas.
AGINDO EM PROL DO BEM-ESTAR FINAL
Existem certas correntes cósmicas que se entrecru-
zam em todas as direções através do universo psíquico.
Roger Baum
Quanto mais sensíveis ou receptivos formos a elas, mais
perceberemos quanto a nossa vida é guiada e dirigida por
um controle inteligente, maior que o nosso.
Todos cremos saber exatamente o que queremos
fazer, e o que é melhor para nós, mas nem sempre é
assim. Para uma mente mais ampla e mais abrangente
que a nossa, o contrário do que queremos poderá pare-
cer melhor para nosso bem-estar fi nal. Assim, é muito
possível que nossas experiências dolorosas possam ser
interpretadas como tendentes a nos conceder, posterior-
mente, o bem-estar.
COMO ESTAS LEIS SE APLICAM AO DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO
Pois bem: vamos agora aplicar o que acabamos
de dizer ao desenvolvimento psíquico. Sabemos que
existem forças magnéticas e espirituais que atuam sobre
nós, provenientes de diferentes direções, no mundo todo.
Algumas são positivas, outras não. Temos que aprender
a ser sensíveis às correntes benéfi cas e a fechar a mente
às maléfi cas. Como conseguir isto?
Em primeiro lugar, é necessário que o estudante
realmente interessado em obter esta orientação faça certos
sacrifícios. Ele não pode estar no mundo e, ao mesmo
tempo, alcançar a perfeição espiritual. O cultivo do Eu
espiritual não é o mesmo que o cultivo do Eu psíquico.
O Poder da Mente
REGRAS A SEGUIR
1. Antes de tudo, é necessário cuidar da saúde.
Caso contrário, a pessoa pode chegar a um esgotamento
nervoso e à obsessão.
2. É necessário conservar o bom senso bem nítido,
bem como o interesse pelas coisas do mundo. Caso con-
trário, o juízo fi ca desequilibrado.
3. É necessário cultivar a simpatia, a harmonia e
o interesse em relação ao próximo.
4. É necessário cultivar a sensibilidade pessoal
por meio das linhas psíquicas comuns, mediante alguns
exercícios especiais. Depois de alcançar alguns fenômenos
psíquicos, seremos muito mais receptivos do que antes.
5. É preciso cultivar constantemente o que po-
deríamos chamar de “uma atitude de escuta da alma”.
Quando houver dúvida a respeito de alguma questão, a
pessoa deve retirar-se para um local tranqüilo e perguntar
a seu Eu mais elevado qual o caminho a seguir.
De início, as respostas serão vagas e indefi nidas,
mas, à medida que se progride no desenvolvimento, elas
irão tornar-se cada vez mais claras. Mediante o progresso
nesse ponto, a pessoa sentirá como as correntes cósmicas
circulam através dela e, isto alcançado, será apenas uma
questão de desenvolvimento pessoal.
Roger Baum
O CULTIVO DOS DONS ESPIRITUAIS E PSÍQUICOS
Existem duas maneiras de considerar os fatos: obser-
vá-los de fora ou experimentá-los a partir de seu
interior. Ao contemplar um limão, observamo-lo a partir
do exterior. Jamais poderemos experimentá-lo a partir
de seu interior, a menos que nos tornemos como o limão.
Só a mente pode experimentar sensações semelhantes.
Nossa mente pode experimentar interiormente e
ver objetivamente as suas sensações. Pelo que sabemos,
no mundo todo só ela é capaz de realizar tal coisa.
Toda experiência psíquica é, conseqüentemente,
interior ou sensitiva. Jamais alguma outra pessoa que
não o próprio indivíduo pode senti-la, embora essa ex-
periência permita que ele aprenda e compreenda o estado
mental que outra pessoa vivencia.
O mesmo sucede com os fenômenos psíquicos. Se
alguém experimenta um fenômeno deste caráter, não pode
compartilhar esse conhecimento com as outras pessoas, salvo
de modo indireto. Para que os outros compreendam o fenô-
meno, terão de também experimentá-lo por si mesmos.
O Poder da Mente
Por este motivo é tão difícil para as pessoas do-
tadas de acentuado psiquismo expressar e explicar para
os demais o caráter e as sensações dos fenômenos que
vivenciam. Como tudo é sumamente simbólico, e nossa
linguagem é muito pobre na expressão de tais símbolos,
amiúde se torna muito difícil explicar exatamente o que
signifi cam ou representam.
O DESENVOLVIMENTO DOS PODERES PSÍQUICOS
Ainda ignoramos o que são, na realidade, os poderes
psíquicos. Eles podem até ser hereditários, compreendendo
três ou quatro gerações, como qualquer outro dom físico.
Em algumas pessoas, este poder aparece já na infância,
como integrante de sua constituição. Não obstante, a
maioria das pessoas desenvolve posteriormente esse poder,
como resultado dos experimentos, ainda que, em muitos
caso manifeste-se primeiro o poder mental, dando lugar a
manifestações de pouca importância, como a adivinhação
de algum fato, ou a profecia de uma morte etc.
Existem pessoas que conservam o poder durante
toda a vida. Outras só o experimentam durante alguns
anos ou alguns meses e, em alguns casos raros, durante
apenas alguns minutos.
Em certos casos, o poder mental termina repenti-
namente, em outro perde-se gradualmente, com o passar
dos anos. É por isso que muitos médiuns espíritas ou
sensitivos exibicionistas recorrem à fraude, quando vão
perdendo o poder.
Roger Baum
CONTROLE DOS FENÔMENOS
Quando se obtêm fenômenos psíquicos, seja qual
for o caráter dos mesmos, ainda se está fazendo expe-
riências com forças e leis desconhecidas, que ainda se
ignora em que consistem, tal como os primeiros cientistas
experimentaram a eletricidade.
De todo modo, é possível atualmente controlar
a eletricidade de maneira perfeita. Isso permite supor
que, com o tempo, também será possível controlar os
fenômenos psíquicos, embora ainda não seja conhecida
a essência interna do poder psíquico. Se o conseguirmos,
será com base no trabalho.
EXERCÍCIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PODER MENTAL
Todos os exercícios mentais contribuem para de-
senvolver o poder da mente até certo ponto, embora em
diferentes direções. Apresentamos aqui alguns métodos
que podem ser seguidos para o cultivo e o desenvolvi-
mento do Eu psíquico e do centro espiritual do nosso ser,
distintos dos fenômenos puramente físicos.
Antes de tentar controlar as forças externas, é
fundamental compreendermo-nos e aprendermos a
exercer autocontrole.
Pode-se aprender muito por meio da chamada
“introspecção”, ou seja, a atenção para com o Eu interior.
O Poder da Mente
Se o fi zermos fechando os olhos, experimentaremos uma
sensação especial gerada pela descoberta da verdadeira
natureza do Eu interior.
É possível descobrir, por exemplo, que a referida
sensação nos ilude constantemente, como a felicidade, e
quando alguém crê ter atingido o Eu, na verdade trata-
se de um estado mental passado, que resta apenas como
recordação.
É conveniente praticar a introspecção alguns mi-
nutos todos os dias. Você surpreenderá-se com o amplo
desenvolvimento nesta área, aumentando ainda mais a
capacidade de entrar em contato consigo mesmo. O Eu
interior fi ca como que iluminado.
O DOMÍNIO DO EU
Esta prática conduz ao hábito de escapar das
percepções sensitivas, ou dos sentidos, às quais todos nós
estamos mais ou menos escravizados. Quando alguém
foge das referidas percepções e consegue retrair-se mais
e mais em si mesmo, experimenta uma sensação de rea-
lidade e a capacidade de perceber a verdade das coisas de
forma jamais sonhada.
A verdade existe. Não a percebemos pelo simples
motivo de existir, entre ela e nós, o véu dos sentidos. Se
erguermos o véu, perceberemos a verdade com clareza
meridiana, como vista à luz do dia.
Roger Baum
O domínio sobre o Eu põe o indivíduo em contato
com as grandes correntes de força magnética do Universo,
de modo que ele não se sente mais esgotado nem necessita
de energia nervosa. O Universo é uma fonte ilimitada de
energia. Só precisamos aprender a aproveitá-la, condição
a ser alcançada mediante métodos de desenvolvimento
psíquico utilizados, na quantidade conveniente.
COMO O ESPÍRITO NOS UNE
Com o aumento do desenvolvimento espiritual, per-
cebemos que existe irmandade universal e que nada se acha
separado do resto. Não estamos separados do nosso próximo.
Estamos todos unidos na grande Inteligência universal e
infi nita que tudo combina. Com respeito a isso, cada um de
nós é, aparentemente, um ser separado cujas folhas sussurram
entre si e cujos ramos se roçam uns nos outros aos impulsos
da brisa, amiúde entrelaçados uns com os outros.
Da mesma maneira, estamos unidos no Universo
espiritual, do qual fazemos parte. Psiquicamente, estamos
todos unidos uns aos outros.
A MEDITAÇÃO
A meditação pode ser considerada como um mé-
todo por meio do qual despertamos nosso Eu interior e,
freqüentemente, também nossos sentidos espirituais ou
astrais, a fi m de que funcionem em outro plano.
O Poder da Mente
Se este processo de desenvolvimento for efetuado
corretamente, ergueremos muros de poder ao nosso re-
dor que os outros não poderão derrubar nem mediante
infl uências mentais ou hipnóticas, embora desejem
fazê-lo. Estaremos recobertos por uma esfera de energia
através da qual nada passará contra a nossa vontade.
O PODER DO PENSAMENTO
Todos os pensamentos que enviamos ao Universo
têm um propósito defi nido e exercem certo efeito, tanto
sobre nós mesmos como sobre as outras pessoas.
Os pensamentos são substância sólida. Podemos
criar um pensamento da mesma forma que podemos
construir um automóvel ou uma mesa. Uma vez criado,
é impossível prever quanto tempo durará sua ação ou
quando cessará.
Se os pensamentos forem bons, generosos e úteis,
certamente retornarão a nós como bumerangues, junto
com a felicidade e as forças que acumularam de outros
de caráter semelhante, em seu vôo pelo espaço.
Da mesma forma, os pensamentos maus regressam
a nós, e sempre com mais força para o mal. Portanto, é
necessário cultivarmos pensamentos elevados, cheios de
bondade.
Ao se dar conta disso, algumas pessoas passam a ter
medo de pensar em tudo, com receio dos efeitos posterio-
Roger Baum
res ou secundários. Isto é um grave erro. A expressão é a
primeira lei da vida. Temos de aprender a nos expressar.
A diferença fundamental entre um ser vivo e um cadáver
é que o primeiro pode se expressar e o segundo, não.
Não devemos temer nos expressar com clareza
em qualquer sentido. Inclusive, a expressão de nossos
sentimentos e de nossas emoções corporais é plenamente
justifi cada. Numa convicção de paixão, nada há de que
se envergonhar. O mal é precisamente o abuso de tais
paixões ou emoções.
O USO DA VONTADE
O poder da vontade pode ser utilizado para o
bem ou para o mal, pois ele possui uma força enorme
em ambas as direções.
Num caso, temos, como resultado do exercício de
tal poder, vários fenômenos psíquicos, curas maravilhosas
e todas as diversas realizações e sucessos deste mundo.
No outro, temos os fenômenos de bruxaria, magia negra
e atos prejudiciais, ou o próprio crime.
Tudo depende do canal ao qual dirigimos a energia
de nossa vontade. A alma precisa aprender a descobrir e
experimentar por si mesma, antes de considerar-se uma
entidade totalmente viva e desenvolvida. Isto compre-
endido, poderemos dirigir toda a nossa atenção para o
cultivo e domínio das energias que possuímos.
O Poder da Mente
O AUTODESENVOLVIMENTO ESSENCIAL
É necessário o cultivo do Eu e da alma antes de nos
dedicarmos ao desenvolvimento dos fenômenos psíquicos.
Precisamos aprender a nos conhecer, a conservar um equi-
líbrio justo e cuidadoso do critério pessoal, da simpatia,
da intuição e da compreensão. Se não possuirmos estas
qualidades, nunca desenvolveremos um poder mental
verdadeiro. Ao contrário, por exemplo no mediunismo,
podemos atrair inteligências nocivas ou mentirosas, graças
à atração de nossa aura magnética.
Portanto, é necessário aconselhar o estudante a
praticar os exercícios de autodesenvolvimento antes de
cultivar os poderes psíquicos externos.
O MEDO E COMO ELIMINÁ-LO
Há quem tenha medo do poder mental e por isso não
o desenvolva. Neste caso, o indivíduo é seu próprio
e pior inimigo.
Na maioria das vezes, o homem cria as enfermida-
des de que padece. Na pesquisa psíquica, constata-se que
a maioria das pessoas padece mais pelo medo do que por
outra razão qualquer, sendo isto uma emoção depressiva;
mas em nove casos de dez, tais temores são totalmente
injustifi cados. Quase sempre a pessoa tem medo por nada.
Roger Baum
Destruiu as pontes antes de chegar a elas... Se tivesse
refl etido um instante, teria compreendido que as coisas
terríveis que ela tanto teme jamais acontecerão, que a
maioria das experiências que busca são de natureza tal
que não deve temê-las.
A FÉ SALVA AQUELE QUE NAUFRAGA
O medo não é só inútil, mas também prejudicial,
sob dois aspectos: em primeiro lugar, ele ajuda a induzir
ou a provocar as condições temidas. Como disse Jó:
O que eu tanto temia se abateu sobre mim.
Jó pensava e temia tanto certas condições que
acabou por criá-las, pois, do contrário, jamais teriam se
abatido sobre ele. O professor e fi lósofo William James
deu-nos um exemplo perfeito de como o medo acaba
por se apresentar:
Suponhamos que estou escalando os Alpes e
tenho a infelicidade de me achar numa posição
da qual só me pode salvar um grande salto.
Como jamais passei por essa experiência, ignoro
se possuo a destreza sufi ciente para dar o salto
com êxito. Espero e confi o não falhar, e ordeno
a meus pés que executem o salto sem dar atenção
às emoções subjetivas que talvez frustrariam
ou impediriam o salto. Suponhamos que, ao
O Poder da Mente
contrário, predominem o temor e a desconfi ança
ou que me sinta incapaz de fazer algo que
nunca fi z; que vacilo. Ao fi nal, cansado pela
posição e tremendo, num instante de desespero
me lanço, perco o pé e caio no abismo. Em tal
caso (e isto é um entre mil), o mais prudente
consiste em acreditar no que se deseja, já que
a fé é uma condição preliminar indispensável
para a realização do objetivo. Existem casos em
que a fé cria sua própria verifi cação e compro-
vação. “Crê e serás salvo”, “duvida e perecerás”.
A única diferença baseia-se, pois, na grande
vantagem que a fé oferece.
A lição a ser aprendida é que não se deve temer o
desconhecido ou o que não se vê, até que haja uma causa
real para isto. Só assim a pessoa estará predisposta a ex-
perimentar todas as manifestações antes tão temidas.
OS EFEITOS NOCIVOS DO TEMOR SOBRE O CORPO
Em segundo lugar, o medo exerce efeito destrutivo
e deprimente sobre o corpo. Esgota a vitalidade, diminui o
ritmo respiratório e incapacita o indivíduo para qualquer
tarefa séria, para qualquer trabalho racional. O medo
limita todo pensamento de senso comum.
O medo deve ser sempre evitado, pois de nada nos
serve e prejudica todo mundo.
Roger Baum
Existem dois tipos de medo: o instintivo e irracio-
nal e o refl exo ou consciente. O primeiro é uma relíquia do
nosso primitivismo ancestral, do qual compartilham todos
os animais. Não podemos nos desprender dele, mas em
geral, ele é momentâneo e podemos sobrepujá-lo, exceto
em raros momentos durante os quais sentimos o impulso
de fugir, o que exige expressão imediata.
Não obstante, este medo instintivo pode ser domi-
nado pela mente. Após rápida refl exão, a razão nos diz que
não há motivo de temor e que devemos nos envergonhar
de nós mesmos por termos medo. Também, geralmente,
não é este o medo que devemos combater, visto que é
mais físico do que mental, e de breve duração.
MEDO X RAZÃO
O medo consciente mental é o que mais nos
atormenta e o que devemos aprender a curar. Em nossa
civilização, estamos sufi cientemente adiantados para saber
que tudo é natural, que não há nada sobrenatural, nem
mesmo para os que crêem no espiritismo.
Devemos forçar nossa mente a meditar e, me-
diante o exercício da razão e da vontade, não temer tais
acontecimentos, mas sim, aceitá-los e agradecer por eles.
Por “tais acontecimentos” nos referimos aos fenômenos
derivados da telepatia, ou do poder de evocar espíritos
durante sessões. Em nenhum desses casos existem mo-
tivos de receio.
O Poder da Mente
É certo que muitas pessoas fi cam inquietas com
a escuridão. Sentem medo, como o que muitas crianças
e animais experimentam. Um cachorro que entra num
quarto escuro latirá e procurará sair dali o mais rapida-
mente possível. Só o gato aprecia a escuridão e já sabemos
que, proverbialmente, os gatos gostam de fantasmas, coisa
que não acontece com os cães.
É possível que nisso exista mais verdade do que
parece. Sabe-se que o diabo ortodoxo é conhecido como
“o príncipe das trevas e dos poderes tenebrosos” e que
todas as más ações se acham associadas a ele. Por outro
lado, Cristo disse: “Eu sou a Luz do mundo”. A luz
sempre acompanhou as manifestações espíritas e outros
fenômenos ocultistas.
O que há a fazer, pois, para impedir o domínio de
um pensamento malsão, de um poder maligno, é combatê-
lo, resistir a ele, fazer-lhe frente, forte e valorosamente,
com decisão e calma. Com isso, o poder ou o pensamento
se derreterão ante o ataque, como o orvalho se derrete
com os raios do sol matutino.
EMOÇÕES MALIGNAS
Horace Fletcher, no livro A felicidade, diz coisas
muito interessantes acerca do medo, que defi ne como “a
manifestação de um pensamento assustado”. E “pensa-
mento assustado”, segundo o autor, é: a sugestão, auto-
imposta ou autopermitida, de inferioridade. É, ao mesmo
Roger Baum
tempo, uma causa e um efeito do egoísmo. É a torneira
da maldade.
O corpo é um espelho no qual se refl etem todos os
estados anímicos. Talvez o medo seja uma das condições
mentais de caráter mórbido que se refl ete com os mais
catastrófi cos efeitos sobre o ser humano.
O doutor Jack Tuke, em sua obra A infl uência da
mente sobre o corpo humano, cita vários exemplo autênticos
de enfermidades causadas pelo medo e pelo temor. A
loucura, a idiotia, a paralisia de vários músculos e órgãos,
o suor copioso, o encanecimento prematuro dos cabelos,
a calvície, um choque seguido de uma anemia fatal, a
má-formação do embrião e até as enfermidades da pele
podem ser devidas, em muitos casos, ao medo e a outros
transtornos mentais.
COMO UMA ENFERMIDADE É PROVOCADA PELO MEDO
O medo atua sobre o corpo principalmente para-
lisando os centros nervosos, de maneira especial os dos
nervos vasomotores, produzindo não apenas o tensiona-
mento muscular, como também congestões capilares de
toda espécie.
É interessante saber que o medo e todas as
emoções depressivas de natureza similar servem para
constranger ou contrair o corpo, enquanto a alegria, o
amor, o altruísmo e todas as emoções de índole elevada
O Poder da Mente
provocam relaxamento físico e mental, abrindo todas as
portas mentais e psicológicas do organismo.
O termo “morrer de medo” não é uma mera ex-
pressão, mas sim, fundamenta-se em leis fi siológicas e
psicológicas muito válidas.
O MEDO É CONTAGIOSO
O medo tem o poder peculiar de ser muito con-
tagioso. Em condições adequadas, o medo manifestado
por uma pessoa comunica-se instantaneamente a todos
os presentes. Todos sentem calafrios ao longo da espinha,
fi cam com os pêlos eriçados e um suor frio escorre-lhes
pelo corpo.
Isto demonstra o profundo efeito que esta emoção
exerce sobre as funções corporais e também com que
facilidade se pode ter medo sem razão.
O medo tem o poder de quase parar o coração e
de paralisar todo o sistema nervoso. O medo também
causa profunda fadiga, como se demonstrou por meio de
experiências muito delicadas. Um modo natural e normal
de superar o medo em tais condições é abrir a mente à
fé e à confi ança.
Deixemos que as forças físicas combinem-se com
a fé e a saúde. Deixemos que fi nalmente o medo seja
apagado, desterrado da mente. Pode-se conseguir isso
mediante o raciocínio, mesmo que seja necessário reali-
zar um esforço de vontade. Uma determinada oposição,
Roger Baum
acompanhada de confi ança, fé na devida proteção e fé em
nossos poderes, serão de grande ajuda para vencer este
monstro enorme que é o medo.
O MEDO DE SER HIPNOTIZADO
O que acabou de ser dito é aplicável à ação das in-
fl uências hipnóticas, que muitas pessoas temem bastante.
Elas temem ser hipnotizadas por algum operador distante
e este temor, às vezes, passa a ser uma autêntica fobia.
Ninguém pode ser hipnotizado contra a própria
vontade por alguém que está longe. Sensações dessa
natureza resultam de imaginação exagerada, jamais de
infl uência externa. Um indivíduo sempre se hipnotiza
a si próprio, enquanto o hipnotizador limita-se a dirigir
seus poderes mentais para certos canais do presumível
hipnotizado. Se este resiste à sugestão, como todas as
pessoas, em princípio, podem fazer, é impossível que seja
hipnotizado.
A única condição em que alguém pode ser
hipnotizado a distância ocorre quando um operador
já hipnotizou a pessoa muitas vezes e repetidamente
sugere a essa pessoa, no transe hipnótico, que se torne
mais sugestionável, por exemplo, para conseguir dor-
mir terá que pensar em seu hipnotizador. Com isso,
pode-se conseguir que a pessoa torne-se tão sensível
ao fi m de determinado tempo, que esta condição acabe
corporifi cando-se.
O Poder da Mente
Seja como for, são casos anormais e, na realida-
de, raras vezes acontecem o que qualquer hipnotizador
experiente confi rmará. Isso demonstra quão absurdo é
o temor à sugestão telepática a distância, efetuada por
algum hipnotizador a quem a pessoa medrosa talvez
jamais tenha visto. É algo totalmente ilusório, razão pela
qual não há motivo para medo. A vontade do ser humano,
devidamente praticada e exercitada, é suprema.
O MAGNETISMO PESSOAL
Sempre – e isto é bem conhecido – existem diferenças
entre uma personalidade positiva e uma negativa,
entre um indivíduo que naturalmente tem êxito e um que
não o tem. O primeiro parece atrair a fortuna, a felicidade,
a sorte. O segundo faz com que tudo isto fuja dele.
Não é preciso que uma pessoa positiva diga algo
ou execute algum ato para que seja possível intuir o po-
der que vibra em seu interior. Da pessoa positiva parece
irradiar um tipo de força irresistível. Muitas vezes, sem
dúvida, entramos numa sala ou num elevador e, imedia-
tamente, sentimos a forte personalidade e a presença de
um indivíduo dessa classe, um possuidor do magnetismo
natural em quantidade.
Talvez o afortunado ignore a sua condição. Talvez
mal se dê conta da força que possui, embora, na maioria
das vezes, saiba-o.
Roger Baum
Devidamente desenvolvido e utilizado, este poder
tem ajudado a forjar os grandes homens da História. To-
dos nós podemos cultivar e desenvolver a referida força
em grande extensão mediante prática adequada. O grau
de desenvolvimento da mesma fará com que obtenhamos
êxito, não só em realizações materiais, como também em
aspectos elevados do espírito e da mente, até níveis que a
pessoa normal jamais conseguirá alcançar.
AS EXISTÊNCIAS INESGOTÁVEIS
É necessário ter em mente que existe uma fonte
ilimitada de energia cósmica e que a mesma pode desen-
volver o magnetismo pessoal até o ponto desejado. Há que
se ter muita confi ança em si mesmo e nas próprias forças,
uma vez que a confi ança própria faz nascer a confi ança
nos demais. O medo debilita o cérebro que planeja e a
mão que executa.
Ao falar com outras pessoas, devemos usar ade-
quadamente o poder da sugestão. Sem que a pessoa note,
podemos constantemente dar sugestões que se fi xem na
sua mente.
Finalmente, não é razoável desperdiçar o magne-
tismo que possuímos nutrindo hábitos nervosos, como
fi car batendo o pé no chão ou os dedos sobre a mesa,
andar para cima e para baixo em casa, repetindo gestos
desnecessários. Poupar energia equivale a recebê-la em
quantidade maior, o que é sempre altamente benéfi co.
O Poder da Mente
O FATOR FÍSICO
O magnetismo pessoal depende de vários fatores.
Antes de tudo, é necessário gozar de perfeita saúde física.
Sem ela, a virilidade é escassa. O êxito depende, em grande
parte, da presença de nossa resistência. Os políticos, por
exemplo, precisam demonstrar uma personalidade muito
dominante. É necessário fortalecer a constituição vital. Para
isso, os órgãos internos precisam estar em condição ótima.
É necessário realizar exercícios adequados todos
os dias, durante alguns minutos, para estimular o funcio-
namento do organismo. A este respeito, sugerimos que o
estudante consulte obras sobre cultura física.
Os movimentos em que se dobra o corpo de uma
forma ou de outra são muito úteis. Os exercícios de res-
piração profunda, que servem para expandir os pulmões,
o peito e o diafragma, são também muito úteis. Se for
possível estimular o plexo solar e os órgãos internos, as
correntes vitais do corpo serão benefi ciadas.
O FATOR MENTAL
É necessário, também, adestrar a mente e cultivá-la,
visando a certas orientações e canais. Se melhorarmos a
memória, e isto pode ser alcançado por diversos méto-
dos, a nossa personalidade psíquica será fortalecida, uma
vez que a personalidade se apóia na memória. É preciso
cultivar a atenção em todos os temas e não se deve, ja-
Roger Baum
mais, executar uma ação de forma automática, sem plena
consciência do que se faz. Por exemplo: se a pessoa coloca
um objeto numa prateleira de uma estante, é necessário
anotar isso mentalmente a fi m de podermos mais adiante
lembrar onde guardamos o objeto. Nada deve ser feito
sem a devida concentração.
Muitas pessoas sofrem esquecimentos que de-
nunciam um poder de atenção muito débil e uma mente
dispersa. O grau de superação é indicado pela sua capa-
cidade de concentração, ou seja, o seu poder. Nada há que
outorgue tanto poder e força à mente como a repetição
dos exercícios de concentração.
O FATOR ESPIRITUAL
O desenvolvimento espiritual também ajuda podero-
samente o cultivo do magnetismo pessoal, atraindo a ajuda
de determinadas energias espirituais que respaldam o corpo.
Elas recarregam o corpo da mesma forma como os motores
elétricos podem ser carregados, ou seja, com energia externa.
É possível atrair este poder situando-se a pessoa em certa
condição receptora que convide sua entrada.
Todos os pensamentos negativos tendem a erigir um
muro entre a pessoa e o seu guia externo. As atitudes afi rma-
tivas, por outro lado, têm o efeito de atrair poder adicional.
As idéias e emoções também exercem o mesmo
efeito. Se a pessoa analisar suas sensações internas en-
quanto elabora uma idéia ou experimenta certa emoção,
O Poder da Mente
constatará que os impulsos egoístas centrados em si
tendem a contraí-la mental e fi sicamente. A pessoa vai
encolhendo-se, restringindo-se, em razão de uma ação
interna que impede toda ajuda ou infl uência exterior.
Em contrapartida, se os pensamentos ou idéias são
de amor e amizade, o indivíduo tende a expandir-se, pois
estes sentimentos abrem as comportas da alma, deixando
penetrar uma força mais elevada.
COMO INFLUIR SOBRE OS OUTROS
O magnetismo pessoal tem função muito im-
portante na condução dos negócios. Se alguém deseja
alcançar certo objetivo, consegui-lo-á antes se possuir
personalidade magnética. As regras seguintes, podem
auxiliar no desenvolvimento do magnetismo pessoal.
1. Antes de chegar à presença da pessoa com a qual
deseje conversar, procure invocar mentalmente a imagem
dela e assuma uma atitude mental positiva.
Não conseguindo isso, procure manter a atitude
positiva no decorrer da entrevista. Se alguém, desde o
início, assume de 60% a 75% do domínio mental ou da
iniciativa, restam para a outra pessoa apenas de 25%
a 40% do terreno existente entre ambas. Assumindo a
porcentagem maior da iniciativa, o outro será forçado a
assumir a quantidade que restar, bem menor.
Roger Baum
2. Na presença da pessoa com a qual irá conversar,
procure olhá-la fi xamente nos olhos, mantendo o olhar
e a atenção até ganhar o primeiro ponto. Se for possível,
não permita que a atenção dela nem seus olhos vagueiem,
até capturar todo o seu interesse e simpatia.
Tenha em mente a importância de captar o olhar
da pessoa ao tocar num ponto de interesse, a fi m de
obrigá-la a escutar o que vovê diz. Por outro lado, não
é possível olhar uma pessoa nos olhos continuamente,
razão pela qual é necessário afastar o olhar quando forem
abordados temas de importância menor.
Muitos representantes comerciais utilizam esta
técnica durante as vendas. Atraem a atenção do provável
comprador para a ilustração de um livro, solicitando que
esta seja vista ou analisada, e falam dela por um momento.
Depois, fecham o livro e fazem uma observação conci-
sa e rápida, atraindo a atenção espontânea do suposto
comprador para seu rosto e olhos. Neste momento, ao
dedicar plena atenção ao vendedor, o interlocutor se acha
aberto à sugestão e à argumentação daquele, que talvez
peça a assinatura do ouvinte em algum documento. Sob
a infl uência da personalidade do vendedor, o comprador
não terá mais remédio senão assinar.
Portanto, os olhos desempenham um papel im-
portante no cultivo do magnetismo pessoal. É necessário
cuidar deles e fortalecê-los mediante vários exercícios
capazes de ajudar a desenvolver o poder visual.
O Poder da Mente
Por exemplo: olhar fi xamente um objeto durante
vários segundos sem deixar o olhar se desviar e sem
pestanejar. No início, é quase certo conseguir isso por
apenas alguns instantes. Entretanto, o poder crescerá
gradualmente. Na etapa seguinte do treinamento, procure
olhar um objeto muito brilhante durante vários minutos
de cada vez, sem que isto afete os olhos.
Ao olhar outra pessoa nos olhos, não se deve fazê-lo
displicentemente. Ao contrário, deve-se pôr no olhar toda
a força da personalidade, infl uenciando quem ouve.
Naturalmente, estas práticas podem ser utilizadas
tanto para bons como para maus propósitos. As pessoas que
se empenham em cultivar os traços mais elevados do caráter
compreenderão prontamente a necessidade de usar qualquer
poder que as ajude a conseguir somente bons propósitos.
3. Os passes para baixo são para adormecer. Al-
guns acrescentam ênfase ao discurso, impressionando o
interlocutor. Mesmo assim, não é necessário gesticular
demasiadamente, pois isto prejudica o que se expõe, em
vez de ajudar. Alguns passes, executados nos momentos
mais propícios, serão de grande valor.
4. Não fale apressadamente e nem de modo atra-
palhado. Se você der a impressão de estar com pressa, o
interlocutor se mostrará impaciente. Procure apresentar
suas idéias pronunciando as palavras corretamente, com
naturalidade e clareza. Quanto mais descansado alguém
se apresentar, mais receptivo o ouvinte será. Ao mesmo
tempo, é preciso aparentar decisão e praticidade.
Roger Baum
COMO IMPEDIR A INFLUÊNCIA ALHEIA
Se for necessário afugentar uma infl uência alheia,
para não ser infl uenciado por ela, procure impedir que a
pessoa capture o seu olhar no momento psicológico do
diálogo; afaste-se cuidadosamente, medite e analise as
palavras do seu interlocutor, sem se deixar seduzir por
elas nem por seus modos.
Olhe o interlocutor a intervalos, entre frases inte-
ressantes, quando provavelmente ele não estará olhando
fi xamente para você. Mantenha a mente numa atitude
positiva e não se apresse em nada. A capacidade de dizer
“não” quando a ocasião exigir e agarrar-se a ela é uma das
premissas mais essenciais do êxito, como atestam muitos
homens que chegaram ao alto do pódio.
APLICAÇÃO SAUDÁVEL
Estes exercícios para o desenvolvimento do mag-
netismo pessoal trarão resultados benéfi cos especialmente
para pessoas dotadas de poderes psíquicos mais acentua-
dos, porque tendem a impedir e a se contrapor, em larga
escala, às práticas subjetivas do mediunismo, por exemplo,
equilibrando a personalidade e acentuando o aspecto
positivo e subjetivo do Eu interior. Quem desenvolve os
poderes mentais, inclusive no dia-a-dia, deve dar atenção
aos princípios que enunciamos e desenvolver o caráter
seguindo tais diretrizes. Tais pessoas constatarão que
isto as ajuda grandemente a conservar o justo equilíbrio,
numa condição que chamamos de “saúde”, que abrange
tanto o aspecto físico quanto o mental.
O Poder da Mente
A TELEPATIA
Telepatia, leitura do pensamento, leitura da mente,
transferência de idéias. Estes termos têm o mesmo
signifi cado, ou seja, a capacidade de impressionar a mente
de outra pessoa com um pensamento ou com algumas idéias
defi nidas, sem utilizar os caminhos normais dos sentidos.
O termo telepatia foi cunhado por F. W. H.
Myers em 1882, e deriva de duas palavras gregas: tele =
distância, e pathos = sentimento. Por esta razão, signifi ca,
literalmente, “sentir a distância”, embora o signifi cado
generalizado seja leitura do pensamento.
COMO A TELEPATIA ATUA
Na realidade, ainda se desconhece como a telepa-
tia atua. Alguns cientistas, como Sir William Crookes,
sentiam-se propensos a crer que as vibrações do éter
viajam de um cérebro a outro, como as mensagens pelo
telégrafo sem fi os. Outros, pelo contrário, objetam que
esta explicação é insufi ciente e que não há provas de que
existam ondas cerebrais.
Myers disse: “A vida tem o poder de manifestar-se
à vida”, e, de momento, temos de nos contentar com esta
simples declaração.
Roger Baum
É quase certo que a telepatia funciona, não entre as
mentes conscientes de duas pessoas, mas sim por meio do
subconsciente, este vasto campo da mente. A mensagem
enviada de uma mente a outra faz o seguinte trajeto:
Da mente consciente ao inconsciente de A, daí
até o inconsciente de B e daí até o consciente do próprio
B. O processo do inconsciente ao consciente em B é de
exteriorização, que tão freqüentemente vemos nos sonhos,
na leitura da bola de cristal e em outros fenômenos.
Isto explica, satisfatoriamente, por que recebemos
mensagens telepáticas freqüentemente quando estamos a
ponto de adormecer. É possível que as mensagens tenham
sido recebidas uma ou duas horas antes, mas sua exterioriza-
ção era impossível até que a consciência cessasse sua atividade
com os assuntos do cotidiano. O momento que precede o
adormecer é quando o inconsciente tem oportunidade para
entregar a mensagem recebida momentos antes.
OS DIVERSOS TIPOS DE MENSAGENS TELEPÁTICAS
As mensagens telepáticas podem ser visuais, caso
em que assumem a forma de retratos, desenhos, fi guras,
palavras escritas ou impressas etc. Podem ser auditivas,
quando assumem a forma de palavras faladas. Também
podem ser emocionais, quando a pessoa experimenta
certa depressão ou, ao contrário, excitação. Nas mensa-
gens volitivas, a pessoa sente o imperioso desejo de fazer
determinada coisa.
O Poder da Mente
As mensagens telepáticas podem ser originadas
por pessoas vivas ou por pessoas mortas. Como elas
são transmitidas a partir do inconsciente (quiçá sob a
orientação e supervisão do consciente), freqüentemente
chegam com mais efi cácia durante o sono, no estado de
transe, sob a infl uência de alguma droga, no delírio, no
momento da morte etc.
A TELEPATIA E SUAS EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS
Os seguintes exercícios práticos permitem de-
monstrar satisfatoriamente que a telepatia existe e que,
praticada continuamente, ela pode ser reduzida a um
processo simples.
A pessoa deve escolher um amigo por quem te-
nha simpatia física, mental e moral. Um dos dois será
o transmissor e o outro o receptor. Este permanecerá
sentado numa poltrona confortável, na extremidade
de um aposento bem amplo, bem ventilado. É melhor
que, ao menos nas primeiras tentativas, esteja vendado
ou com os olhos bem fechados, e que se posicione de
costas para o emissor, com uma caneta e um bloco de
papel nas mãos. O aposento deve estar mergulhado em
certa penumbra.
O emissor deve estar sentado a uma mesa, olhando
as costas do amigo, com outro bloco de papel e caneta
nas mãos. Uma luz forte iluminará o bloco, deixando o
resto do aposento em semi-escuridão.
Roger Baum
Então, o emissor traçará no bloco um símbolo,
que pode ser uma fi gura geométrica, como um círculo,
um triângulo, um quadrado... Em seguida, deve olhar
fi xamente a fi gura desenhada, tentando impressionar o
receptor. Cada tentativa não deve superar um minuto.
COMO GARANTIR O ÊXITO
A atitude mental durante as experiências é muito
importante. É preciso empenhar-se para que o receptor “veja”
o desenho, mas o emissor não deve se cansar, pois franzir
as sobrancelhas ou tensionar os músculos não ajudará na
transmissão da fi gura. Ao contrário, pode atrapalhar.
Por outro lado, é necessário que haja plena confi an-
ça em que o receptor captará a mensagem enviada. Não
se pode perder a confi ança nisto nem por um instante.
É preciso, com efeito, afi rmar-se que o outro já captou o
símbolo. Tampouco se deve fi car ansioso ou preocupado.
É preferível imaginar que os pensamentos próprios voam
até o outro de maneira defi nida, seja em forma da fi gura,
seja com palavras defi nidoras da mesma, como círculo,
quadrado, ou o que for.
O receptor, por sua vez, deixará sua mente o mais
“em branco” possível e traçará no bloco qualquer fi gura
ou impressão que lhe venha à mente, por mais estranha
que seja. Acima de tudo, é necessário jamais desanimar
com os erros.
O Poder da Mente
EXPERIÊNCIAS MAIS COMPLICADAS
Uma vez conseguido o que se pretende com a ex-
periência dos desenhos, podem ser tentadas outras provas
mais complicadas, como adivinhar cartas do baralho, mui-
to boas para este propósito. O maço deve ser misturado a
cada vez, e é fácil calcular a porcentagem de adivinhações,
visto que ha probabilidade média de erro.
Após essas experiências, pode-se tentar trans-
ferência de dor. O remetente se beliscará ligeiramente
em várias partes do corpo com os dedos e se picará com
uma agulha, e comprovará se o outro consegue localizar
corretamente as diferentes partes. Se o receptor for bom,
a localização será constante, mais ou menos como se ele
próprio fosse beliscado ou picado.
Depois, podem ser realizadas provas de olfato e
paladar. Isto é feito, por exemplo, com alho, noz-moscada,
pimenta, açúcar e substâncias similares, cheiradas e degusta-
das separadamente, com o cuidado de posicionar o emissor
bem longe do receptor, para que a experiência seja válida.
Muitas pessoas capazes conseguirão dizer pron-
tamente qual a substância cheirada ou degustada pelo
emissor. Uma vez conseguida esta demonstração, aumen-
tar-se-á a distância entre as duas pessoas, até ser possível
efetuar as mesmas provas com muitos metros de distância
separando ambas.
Roger Baum
COMO IMPEDIR QUE AS MÁS INFLUÊNCIAS AFETEM O NOSSO PSIQUISMO
Estas simples experiências demonstram, até aos
mais céticos, a existência da telepatia, fazendo com que as
pessoas se tornem mais sensíveis à recepção de mensagens
de outros seres, vivos ou mortos. Desta maneira, cultiva-se
a sensibilidade às mensagens telepáticas, o que é muito
positivo desde que as provas não sejam levadas a exageros,
conduzindo a habilidade para direções equívocas.
Em condições normais e saudáveis, a mente não se
deixará afetar por impressões enviadas sem sua permissão,
visto que será mais difícil recebê-las, por muito que o
emissor tente. A mente sempre se protege contra o fácil
acesso de outras mentes. É muito raro que uma pessoa
fi que impressionada contra a própria vontade. Algumas
pessoas acreditam que outras podem infl uir em sua mente
a distância, obrigando-as a executar certos atos. Muitos
acreditam que deste modo podem ser hipnotizados,
porém, na quase totalidade dos casos estas crenças são
ilusórias e sem nenhuma base válida.
Se examinarmos friamente tais fatos, comprova-
remos que eles se apóiam somente na imaginação e que,
freqüentemente, indicam desequilíbrio mental. Não se
trata, necessariamente, de loucura, embora a pessoa possa
chegar a este estado se permitir que sua imaginação passe
dos limites, continuando a acreditar em tais absurdos
O Poder da Mente
mesmo depois de lhe ter sido demonstrado repetidas
vezes quão infundadas são suas crenças e temores. Uma
das causas da loucura é justamente crer de maneira per-
sistente em algo que não é verdade.
O estudante que pratica a telepatia dentro de li-
mites razoáveis e que segue cuidadosamente os métodos
para o desenvolvimento do poder mental, não deve ter
medo de impressionar ou infl uenciar outras pessoas contra
a própria vontade. Em quase todos os casos, estas infl uên-
cias são imaginárias e, quando existem, a pessoa que tem
domínio sobre si mesma e que fortaleceu seu espírito é
capaz de repeli-las, impedindo a infl uência telepática,
quer procedente de vivos, quer de mortos.
A CLARIVIDÊNCIA
Como o nome indica, clarividência signifi ca “ver com
clareza”.
Na linguagem psíquica, porém, signifi ca muito
mais. Atualmente a palavra é utilizada para agrupar e
classifi car, mais do que para explicar, um grande número
de fenômenos mentais que provavelmente algum dia
poderão ser explicados de outra maneira.
Existem diversos tipos de clarividência. Diferentes
autoridades na matéria sustentam defi nições diferentes
das diversas subdivisões. Vejamos quais são:
Roger Baum
CLARIVIDÊNCIA SUBJETIVA
A clarividência subjetiva é a condição psíquica do
ser humano (um médium) que capacita as inteligências do
mundo dos espíritos a manipular seus centros nervosos
da visão, de modo a impressionar e fotografar retratos
ou imagens sobre seu cérebro, vistos então por ele como
visões sem a ajuda do olho físico.
Estas imagens podem ser espirituais ou materiais,
passadas ou presentes, remotas ou próximas, ocultas ou
descobertas, ou, simplesmente, podem existir na imagi-
nação do médium comunicante.
CLARIVIDÊNCIA OBJETIVA
A clarividência objetiva é o poder psíquico ou a
função psíquica ou mental de ver seres, objetos ou coisas
espirituais objetivamente, por meio da sensação espiri-
tual que satura o mecanismo físico da visão, sem o qual
a clarividência seria impossível.
Poucas pessoas nascem com este poder. Se ele é
desenvolvido em algumas e não em outras, é totalmente
casual. Sua extensão é regida pelo ritmo de vibração sob
o qual atua, de maneira que um clarividente pode ver
objetivamente coisas espirituais que outro não vê devido
ao grau de diferença na intensidade do poder.
O Poder da Mente
CLARIVIDÊNCIA DE RAIOS X
A clarividência de raios X é uma forma de clari-
vidência que compartilha as características dos raios X e
parece objetiva. O clarividente que a possui pode ver os
objetos físicos sem que a matéria intervenha; pode per-
ceber as partes internas do corpo humano, diagnosticar
as enfermidades e observar as operações de cicatrização
e de decadência corporal.
CLARIVIDÊNCIA CATALÉPTICA
A clarividência cataléptica acontece quando o corpo
está em estado de transe, como se estivesse adormecido,
induzido pela força hipnótica exercida por um espírito
encarnado ou desencarnado, embora também possa ser
auto-induzida por alguém de grande poder mental. Em
semelhante estado, o espírito abandona o corpo e pode,
por sua própria vontade ou mediante a sugestão do
hipnotizador, viajar a lugares distantes, observando com
clareza o que ocorre em tais paragens, tanto espiritual
como materialmente.
Acontece às vezes, neste estado, de os pensamentos
do espírito serem expressos durante a viagem pelos lábios
do corpo físico e as imagens entrevistas serem enviadas
através do referido corpo físico. Isto se deve ao fato de
existir um cordão espiritual que conecta o corpo físico ao
espírito, capaz de transmitir vibrações entre ambos. En-
quanto esse cordão não se romper, o espírito pode regressar
Roger Baum
ao corpo. Quando se rompe, ocorre o que denominamos
de “morte”. Nesta forma de clarividência, produz-se uma
mescla de visão espiritual objetiva e subjetiva.
CLARIVIDÊNCIA TELEPÁTICA E OUTRAS
A clarividência telepática é a percepção subjetiva
de uma imagem em forma de pensamento, transmitida
a distância.
O tipo de clarividência cataléptica é com fre-
qüência chamado de clarividência viajante, porque o
espírito parece viajar, após abandonar o corpo, visitando
diferentes lugares.
Quando a mente da pessoa dotada de pode-
res psíquicos parece retroceder no tempo e recorda
acontecimentos que normalmente não poderiam ser
lembrados, ocorre a chamada retrocognição. Se, por
outro lado, a mente da pessoa excepcionalmente do-
tada parece viajar para o futuro e ver cenas ou lugares
impossíveis de serem vistos de outra maneira, ocorre
previsão, profecia ou precognição.
Existem também a clarividência direta e a indireta.
No primeiro caso, apenas a mente do sensitivo trabalha
ou funciona. O segundo ocorre quando o sensitivo atua
por meio de um canal intermediário e trabalha junto
com outra mente.
Em oposição à clarividência telepática, temos a
clarividência independente, havendo casos de clarivi-
O Poder da Mente
dência recíproca, na qual duas pessoas se vêem ao mesmo
tempo e permutam suas visões.
Chama-se êxtase a clarividência caracterizada pelo
abandono do corpo e pela visita a esferas espirituais.
Leadbeater dividiu a clarividência em três sub-
divisões:
– Clarividência no tempo;
– Clarividência no espaço;
– Clarividência direta.
Nestas três espécies de clarividência, os sentidos
astrais ou espirituais estão tão alertas que percebem planos
de atividade desconhecidos para nós.
A clarividência também pode ocorrer nos sonhos, nas
visões com a bola de cristal etc., assim como a clariaudiência,
que corresponde à clarividência, mas na qual se obtêm as
informações por meio dos ouvidos, e não pelos olhos. Neste
caso, as mensagens são ouvidas ao invés de vistas.
A clarividência, que também recebe o nome de
telestesia, pode, pois, manifestar-se de formas muito va-
riadas. A mais comum é a clarividência espontânea, na
qual o sensitivo vê imagens de pessoas ausentes ou cenas
distantes. Os sonhos clarividentes são muito comuns.
Roger Baum
DIAGNÓSTICO POR CLARIVIDÊNCIA
Existe um tipo de clarividência mental que
permite à pessoa ver o interior do corpo de outra e
diagnosticar enfermidades com a mesma clareza como
se o exame tivesse sido feito na mesa cirúrgica. Esta é
a forma de visão psíquica que Andrew Jackson Davis
possuía em alto grau, embora outras pessoas também
a possuam.
Outra forma de clarividência é a que permite
descobrir metais no subsolo, ou fontes e lençóis de água.
Nestes casos, normalmente o sensitivo anda sobre o ter-
reno com um galhinho em forma de forquilha na mão,
em geral de aveleira. De repente, o ramo ergue-se ou
abaixa-se, indicando a existência de água ou minério no
terreno. Esta clarividência é conhecida cientifi camente
como radiestesia.
Não faz muito tempo, Vincent N. Turvey, de
Londres, desenvolveu um tipo novo e especial de
clarividência. Chamou-a de fonovidência pelo simples
motivo de receber as impressões ou intuições ao falar por
telefone com algum amigo distante, e só assim. Trata-se
de uma forma de sensibilidade que pode ser conseguida
se o sensitivo a desenvolve adequadamente.
O Poder da Mente
A EXPLICAÇÃO DA CLARIVIDÊNCIA
A clarividência tem sido explicada de várias ma-
neiras, com teorias que apresentaremos sucintamente.
TEORIA DO SENTIDO ASTRAL
Existe um órgão astral ou espiritual que correspon-
de a cada órgão sensorial físico. Vemos os objetos através
do olho físico e ouvimos com o ouvido do corpo físico.
Quando vemos por meio da clarividência, ao contrário,
utilizamos o olho espiritual ou astral.
Os órgãos sensoriais do espírito funcionam num
plano espiritual e servem ao corpo espiritual após a morte,
da mesma forma como os sentidos físicos servem no plano
terrestre, atuando no plano físico de atividade.
Se a clarividência não for cultivada na devida di-
reção, podem aparecer difi culdades, já que tanto a visão
material como a espiritual podem ser usadas ao mesmo
tempo, permitindo ao sensitivo ver dois mundos em vez
de apenas um, razão pela qual ele não estará seguro ao
sair de casa, por exemplo, sobre se pisará na calçada ou
se cairá num buraco enorme, que são as duas coisas que
eventualmente vê diante de si. Muitas pessoas caíram
nesta condição, bastante difícil de ser revertida.
Roger Baum
TEORIA DA INFLUÊNCIA ESPIRITUAL
Segundo esta teoria, a clarividência ocorre não
apenas pelo poder da pessoa, mas também por meio da
instrumentação de um espírito que vê cenas distantes e com
elas impressiona telepaticamente a mente do sensitivo.
TEORIA DO TUBO ASTRAL
De acordo com esta teoria, o clarividente constrói
uma espécie de telescópio formado por matéria astral e
vê através dele. Neste caso, as fi guras aparecem pequenas
e muito distantes.
TEORIA DA CRIAÇÃO DA FORMA DE PENSAMENTO
De acordo com esta teoria, criamos uma forma-
pensamento, (forma mental), na localidade que deseja-
mos visitar e essa forma utilizamos pensamento como
ponto de observação. Vemos e ouvimos, então, com os
olhos e os ouvidos dessa forma.
TEORIA DA PERCEPÇÃO DIRETA
Esta teoria afi rma que as infl uências exteriores não
desempenham qualquer papel nos fenômenos, e sim, que
somos nós mesmos que percebemos as cenas distantes
mediante o processo de autoprojeção.
O Poder da Mente
Entretanto, se o sensitivo está ausente, vendo a cena
distante, como pode também estar presente animando seu
corpo e falando tal como sucede em muitos casos?
No começo de seu desenvolvimento, a maioria dos
sensitivos vê formas e fi guras preferencialmente a outro
tipo de fenômenos, e pergunta-se a que se devem as visões.
Existem sensitivos que ouvem com mais facilidade do que
vêem, mas esta é a exceção, não a regra.
POR QUE E COMO VEMOS NA CLARIVIDÊNCIA?
A explicação possível é a seguinte: o ser humano
utiliza os olhos mais do que qualquer outro órgão dos
sentidos. Nossa consciência ativa está mais ligada à
visão do que aos outros sentidos. Os centros visuais do
cérebro são empregados mais do que os outros, fato que
fi ca demonstrado pelos sonhos, nos quais vemos fi guras
e raramente ouvimos palavras.
Nossa memória, com efeito, também se compõe
de símbolos visuais. Se pensamos numa pessoa, nós re-
produzimo-na visualmente diante de nós, razão pela qual
ela se converte numa imagem memorizada.
Como essas regiões da mente e do cérebro são
muito ativas, basta um desenvolvimento especial desta
faculdade para conseguirmos ver objetos e fi guras na
clarividência.
É necessário apenas cuidar dessa faculdade mental
um pouco além do habitual, para que ela ultrapasse os
Roger Baum
limites dos sentidos físicos e desenvolva os correspondentes
órgãos sensoriais do espírito. A clarividência e outras facul-
dades psíquicas dependem, em muitos casos, da liberação
parcial do espírito e dos condicionamentos do corpo, e
oferecem aos correspondentes órgãos sensoriais psíquicos
os estímulos de um maior grau de sutileza e elevação.
Os exercícios a seguir ajudarão o leitor a desen-
volver a faculdade da clarividência, se já a possui de
modo latente.
EXERCÍCIOS DE DESENVOLVIMENTO
1. Sente-se numa cadeira cômoda, num local em
penumbra. Imagine-se diante de um tubo aberto em ambas
as extremidades. Uma das extremidades encaixa-se nos seus
olhos e a outra está voltada para o espaço infi nito.
Imagine que o tubo é oco e que lhe permite ver
perfeitamente através dele. Direcione o tubo para a casa
de algum amigo e, mentalmente, entre em algum dos apo-
sentos da casa e procure descobrir se há alguém presente.
Em caso afi rmativo, tente averiguar quem é a pessoa e
qual o seu aspecto. Anote cuidadosamente o que enxergar.
No dia seguinte, ou mais tarde, você poderá comprovar
até que ponto a visão foi correta.
2. Inicie da mesma forma que antes. Na outra
extremidade do tubo, supondo que ela se ache a uma
distância de cem metros, tente ver nitidamente o rosto
de um amigo. Procure divisar os traços do rosto, cada vez
O Poder da Mente
mais nitidamente. Isto feito, atraia-o gradualmente até
você mediante a força da vontade, até que ele se encontre
a apenas um metro de distância. Então você conseguirá
distinguir perfeitamente todas as suas feições. O êxito
neste exercício indica um progresso signifi cativo na cla-
rividência. Você poderá começar a infl uir sobre outras
pessoas, a distância, ao mesmo tempo em que verá o rosto
delas diante de si.
Então é preciso desejar que a pessoa vista faça
algo. Se isto for praticado com insistência, sempre se
obtém êxito ao fi nal, sendo possível infl uir, sem a menor
dúvida, nos demais.
A POLARIZAÇÃO E COMO USÁ-LA
A capacidade de infl uenciar determinada pessoa
ou objeto distante chama-se “polarização”. O sensitivo
polariza uma passagem ou canal através da atmosfera até
o ponto desejado, canal este que facilita a comunicação
psíquica em ambas as direções.
Durante os experimentos, é muito importante
manter o objeto ou a pessoa na mente com toda a clareza
e concentrar-se nela. Caso contrário, todo o esforço malo-
grará. O sensitivo compreenderá que existe uma multidão
de correntes astrais em diversas direções, que tendem a
desintegrar as correntes formadas por ele. A menos que
as suas correntes sejam muito potentes, não conseguirão
superar as correntes astrais.
Roger Baum
Durante as experiências, é necessário sempre ter
certeza – principalmente no início – de que a consciência
esteja concentrada no próprio corpo, não permitindo que
voe ao espaço juntamente com o pensamento. Somente
a vontade deve viajar, enquanto a consciência deve ser
mantida dentro do corpo físico. Caso contrário, podem
ocorrer alguns transtornos. É preciso sempre conservar
o ponto de partida ou centro focal.
A FÉ E A CRENÇA
No desenvolvimento da clarividência, é preciso
lembrar que a fé e a crença tendem a potencializar as
faculdades latentes, enquanto a incredulidade exerce efeito
contrário, impedindo qualquer tipo de desenvolvimento.
Este fenômeno ocorre em todas as atividades psíquicas.
A clarividência é uma faculdade que todos os seres
da espécie humana possuem, em diversos graus. Existem
indícios de que, a cada geração, o poder de clarividência
aumenta. Com o tempo, indiscutivelmente, todos seremos
clarividentes com a mesma facilidade com que atualmente
vemos com os olhos físicos.
Na verdade, a posse de fortes intuições e sentimen-
tos, ou a sensação de compreender as emoções alheias, por
exemplo, são apenas cintilações efêmeras de clarividência
sem desenvolvimento, que permitem pesquisar a mente
da pessoa com a qual se está conversando.
O Poder da Mente
OS FATORES DE DESENVOLVIMENTO DA CLARIVIDÊNCIA
A concentração é um fator importante para o
cultivo da clarividência. É preciso adestrar a mente para
pensar em determinado objeto durante vários minutos
sem descanso e sem permitir que outro pensamento
penetre na consciência.
É necessário praticar a contemplação de um
objeto até que seja possível fazê-lo durante dois ou três
minutos, sem pestanejar nem se cansar. É preciso culti-
var os exercícios de respiração profunda e, na inspiração,
conscientizar-se de que se está inalando a energia vital
do Universo. Da mesma forma, cada vez que expiramos,
eliminamos as infl uências negativas que podem ter pe-
netrado no nosso corpo.
Outro fator importante para o desenvolvimento da
clarividência é a visualização. É preciso adotar o costume
de invocar mentalmente um rosto ou uma cena vistos
pela primeira vez, tentando recordar cada detalhe, com
nitidez cada vez maior, até poder divisar tudo mental-
mente. Então, é preciso tentar a projeção do rosto ou da
cena no espaço, como se os víssemos fora do corpo, como
entidades reais e não imaginadas.
Para obter a clarividência muito, ajudam as ex-
periências com bola de cristal e outros métodos adivi-
nhatórios.
Roger Baum
COMO DISTINGUIR O VERDADEIRO DO FALSO
O estudante sempre formula esta pergunta: “Como
posso distinguir o real do irreal, o verdadeiro do falso, as
visões das alucinações?”.
Especialmente para o estudante, é extremamente
difícil, pois só com a prática se adquire habilidade su-
fi ciente para discernir. Por isso, no início da autêntica
clarividência só se podem aceitar visões e fi guras apa-
recidas mediante experiências, e ver se conduzem a um
grau defi nido de progresso.
Para concluir, algumas palavras a respeito das
teorias sobre clarividência:
Todas as teorias já enunciadas sobre a clarividência
possuem um fundo de verdade. Em casos particulares,
todas são exatas, embora nenhuma seja capaz de explicar
todos os tipos de clarividência. A teoria da infl uência
espiritual é válida em alguns casos, em outros, é a da
clarividência direta teoria, e assim sucessivamente.
A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO
Com relação à difi culdade de um clarividente
animar seu corpo e falar por meio dele, achando-se
psiquicamente em outro lugar, onde também se mostra
ativo psiquicamente, isto pode ser explicado pela supo-
sição de que só uma parte de seu Eu psíquico fi ca com o
O Poder da Mente
corpo, enquanto a parte mais ativa de seu espírito realiza
a viagem ou a excursão, permanecendo ligada ao corpo
físico por meio de um cordão.
Às vezes esta conexão é chamada de “fi o de prata;”
ela constitui o canal de comunicação entre o espírito e
o corpo, já que o espírito não pode regressar ao corpo
se o referido fi o se romper, condição em que ocorre a
“morte” do corpo. Estes acidentes são muito raros, mas
já aconteceram.
Na clarividência, a conexão continua intacta e a
comunicação entre o corpo e o espírito se produz através
do referido cordão, permanecendo a consciência ativa ani-
mando o corpo, enquanto a visão clarividente tem lugar
através do telescópio mencionado anteriormente.
Nestes casos não existe a menor difi culdade para
entender o que se vê, embora este tipo de clarividência
não seja tão sofi sticado como o anterior, em que o Eu
psíquico abandona o corpo e empreende uma viagem
ou excursão por si mesmo, conhecida como “viagem ou
projeção astral”.
Roger Baum
OS SONHOS
Geralmente, os sonhos acontecem durante o sono.
Não obstante, existe uma forma especial de imagi-
nar cenas, que pode ocorrer na vigília. A isto se chama de
“sonhar de olhos abertos”, ou “sonhar acordado”.
Falando, porém, dos sonhos comuns, é necessário
esclarecer algo a respeito da sua natureza e dos seus fe-
nômenos. Passamos quase um terço da vida dormindo,
razão pela qual se trata de um conhecimento extrema-
mente importante.
O QUE É DORMIR?
Diversas teorias foram formuladas para explicar a
necessidade de dormir, embora nenhuma tenha sido plena
e satisfatoriamente aceita. Existe a teoria química, que supõe
que o ato de dormir sirva para eliminar do corpo as substân-
cias tóxicas que se formaram no cérebro durante o dia.
Outros sugerem que o sono seja devido a certas
condições especiais da circulação sangüínea do cérebro.
Há ainda os que crêem que o sono deve ser explicado pela
ação de certas glândulas, enquanto para outros ele se deve
ao relaxamento muscular. Alguns poucos defendem que
O Poder da Mente
a falta de estímulos externos é condição sufi ciente para
o sono profundo.
Entretanto, essas teorias não servem para explicar
os fatos. Com isso, chegamos à conclusão de que é quase
impossível achar uma teoria realmente verdadeira sobre o
ato de dormir, a menos que se admita a presença de uma
força vital e a existência de um espírito humano individual,
que se retira mais ou menos completamente do corpo du-
rante as horas em que este dorme e obtém revigoramento
e nutrição espiritual ou astral durante o repouso físico.
OS SETE SONHOS MAIS COMUNS
Existem sete tipos de sonhos que todas as pessoas
experimentam alguma vez na vida. São eles:
– Estar caindo.
– Voar.
– Estar trajado inadequadamente.
– Não poder fugir de algum animal ou pessoa
ruim, que o persegue.
– Sentir-se arrastado irresistivelmente para um
local perigoso.
– Ter um desejo realizado.
– Ter de viajar e não conseguir encher a mala
ou algo semelhante.
Alguns desses sonhos podem ser explicados de um
modo, e outros de outro, mas, generalizando, pode-se afi r-
Roger Baum
mar que todos os sonhos comuns, como os que acabamos
de mencionar, têm as seguintes causas:
– Estímulos físicos;
– Associação mental inconsciente;
– Imaginação inconsciente.
Deixando de lado o terreno subconsciente, existe
outro, o “supraconsciente”, embora os psicólogos moder-
nos ortodoxos ainda não tenham reconhecido isto.
AS CAUSAS DOS SONHOS
Assim, os estímulos físicos dão origem aos sonhos.
A associação produz muitos sonhos do seguinte modo:
uma idéia ou objetivo da mente traz consigo outro rela-
cionado com o anterior, e todo o armazém mental une-se
em diversas associações, motivo pelo qual os sonhos são
muito mais variados que nossas associações conscientes.
Fora isso, o chamado fator “imaginação” amplia-se muito
porque a mente lógica e consciente permanece adormeci-
da em grande parte, o que origina os vôos da imaginação,
aceitos durante o sonho como algo possível e lógico.
A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
Em função disso, nada nos parece absurdo quando
sonhamos, por mais ridícula que seja a situação, pois
jamais a consideramos como tal até estarmos despertos
e refl etirmos sobre o que sonhamos.
O Poder da Mente
A miscelânea curiosa de idéias que compõe a maioria
dos sonhos apresenta uma assombrosa semelhança com
os arroubos do delírio e da loucura. Muitos cientistas
escreveram obras em que assinalam a grande semelhança
entre os sonhos e as extravagâncias da loucura.
A característica principal de quase todos os sonhos
é seu simbolismo. De todas as experiências humanas, os
sonhos são as mais simbólicas. Representam os desejos,
os anseios, as emoções, os pensamentos, que enchem o
subconsciente e que se associam formando o que conhe-
cemos como “complexos”.
Também existem os “sonhos recorrentes”, isto é, os
que se repetem sistematicamente. Estes, na maioria das
vezes, devem-se a causas mais complicadas e obscuras
que as dos sonhos comuns.
OS CASOS DE POLTERGEIST
O poder mental manifesta-se realmente nos casos
de poltergeist (termo alemão que signifi ca “espírito
brincalhão”). Trata-se de certos fenômenos nos quais
se vê uma clara ação de PK ou psicocinese, cujo agente
costuma ser uma criança ou, no máximo, um adolescente,
sempre presente no local dos fenômenos.
Nos casos de poltergeist é freqüente ver objetos e
móveis não muito pesados serem deslocados, vidros serem
Roger Baum
quebrados, oscilações da corrente elétrica e outros fatos
aparentemente inexplicáveis.
Em quase todos os casos, a ação é totalmente in-
consciente, já que o sujeito somente presencia os fenômenos,
sem se dar conta de que são provocados por ele. Quando a
pessoa muda de lugar, os fenômenos cessam. Em algumas
ocasiões, os fenômenos acompanham-na, ou seja, passam a
ocorrer no lugar para onde a pessoa se deslocou.
Na realidade, pode-se falar em crises, produzidas
de forma irregular e descontrolada, com períodos em que
“a intensidade do fenômeno chega a um ponto culminan-
te, para decair gradualmente e não aparecer até a próxima
crise, tempos depois”.
Esta fenomenologia consta de diversos elementos:
– Inconsciência dos atos;
– Ação sobre diferentes tipos de materiais;
– Recepção de energia de diferente magnitude;
– Ação inteligente.
O ESTUDO DO POLTERGEIST
Atualmente, não há dúvidas que o poltergeist se
deve ao poder da mente exercido pelo sujeito sobre os ob-
jetos que se movem, muitas vezes violentamente (também
portas e janelas podem abrir e fechar estrepitosamente,
sem que haja nenhuma corrente de ar para justifi car o
movimento).
O Poder da Mente
Dedicaram-se ao estudo do poltergeist muitos parap-
sicólogos, entre os quais se destacam os norte-americanos
Pratt e Roll, o inglês George Owen e alguns outros.
Seja como for, o estudo desses fenômenos é
complexo e muito difícil, já que são muito raros os casos
estudados completamente, desde o começo até o fi m.
As causas normais acabam por ser eliminadas,
atribuindo-se sua origem a causas desconhecidas. Não
obstante, observou-se que os fatos giram sempre em torno
de uma pessoa de caráter instável.
Infelizmente, em muitas ocasiões, os cientistas
que estudam estes casos são obrigados a contentar-se
em ser apenas testemunhas dos efeitos ou escutar outras
testemunhas dos fatos. Conseqüentemente, é quase
impossível que haja observação direta dos fenômenos
desde o princípio. Às vezes, nem durante a ocorrência,
propriamente.
Algumas pessoas atribuem a produção dos fenô-
menos poltergeist não ao poder mental de um sujeito físico,
mas a espíritos brincalhões e maliciosos que nos rodeiam,
a fi m de chamar nossa atenção ou nos assustar. Entretanto,
atualmente esta teoria caiu em descrédito.
Seja como for, os fatos são autênticos e ninguém
pode negá-los, mesmo desconhecendo as suas verdadeiras
causas. O poltergeist, em suma, pode ser defi nido como
manifestação externa e extrema da capacidade mental,
causada por um agente que sofre de grande desequilíbrio
emocional, manifestando o seu problema desta forma.
Roger Baum
Uma criança que pense que seus pais não lhe dão
a devida atenção pode recorrer, inconscientemente, à
produção de fatos poltergeist só para exprimir seu desgosto
e para atrair o interesse sobre si.
UM CASO DE POLTERGEIST
É famoso, entre os muitos casos de poltergeist
estudados por cientistas e parapsicólogos, o ocorrido em
1972, na cidadezinha alemã de Scherfede. O já citado
Hans Bender foi incumbido de estudar o fenômeno.
O fato começou na casa de um magistrado do distri-
to. O referido magistrado informou que um dia apareceram,
de forma inexplicável, várias poças de água em diversas
partes da casa. Avisados, os encanadores não acharam
nenhuma avaria ou infi ltração nos encanamentos.
Semanas mais tarde, apareceram manchas de
umidade no teto e nas paredes, motivo pelo qual os en-
canadores voltaram a examinar cuidadosamente a casa
toda. Informaram que a causa devia ser externa, pois não
havia nenhum encanamento furado.
Outro dia, estando a família reunida, ouviram
água cair no chão no quarto contíguo. Correram para lá
e viram várias poças de água. Depois, estando os enca-
nadores mais uma vez na casa, ouviram gritos de socorro
na casa ao lado, onde um grande jorro de água caía do
pavimento superior, escada abaixo, até a sala. Alguns
vizinhos acudiram, conseguindo tirar a água com baldes
O Poder da Mente
e secando tudo com toalhas e panos. A origem da água
permanecia totalmente desconhecida.
Os fatos ocorreram também em outras casas, durante três dias. Os encanadores cortaram a água, mas as poças continuaram aparecendo. Finalmente, pegaram uma amostra da água e submeteram-na a análise, que revelou tratar-se de água corrente da cidadezinha, talvez procedente diretamente dos encanamentos ou da calefação (a Alemanha é um país frio, motivo pelo qual os encanamentos para aquecimento são parte habitual das construções).
Naqueles dias, a fi lha menor do magistrado tinha sido repreendida pelos pais de algumas de suas amigas. Eles alegavam que a menina, ao sair, do banheiro de suas casas sempre deixava o chão todo molhado e com manchas nas paredes.
Não obstante, durante os três dias dos acontecimen-tos, ela não esteve nas casas.
Tentou-se realizar uma bateria de testes para estudar a personalidade da menina e saber se ela sofria de problemas emocionais, condição presente em quase todos os casos de poltergeist, mas a menina não consentiu em ser examinada.
Neste caso, quando os parapsicólogos chegaram, os fatos já tinham terminado, razão pela qual Bender teve de se conformar com as narrações das testemunhas e com as observações diretas de fotografi as das poças de água e das
manchas de umidade deixadas pela água.
Será que a fi lha do magistrado era o agente?
Jamais se saberá a resposta, mas os fatos e as fotos
estão aí, dando um testemunho incontestável.