Sobre as Escrituras Sagradas
Silvio Dutra
DEZ/2015
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A474s Alves, Silvio Dutra Sobre as escrituras sagradas/ Silvio Dutra Alves. - Rio de Janeiro, 2015. 105p.; 14,8x21cm
1. Bíblia. 2. Inspiração. 3. Verdade. 4. Teologia 5. Revelação. I. Título.
CDD 220.95
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Sumário
Uma Verdade Autenticada na Vida.............
4
A Importância da Revelação Escrita...........
6
Como a Verdade de Deus é Autenticada?.
8
Revelação e Inspiração.......................................
11
A Necessidade das Escrituras.........................
13
A Inspiração das Escrituras.............................
15
A Verificação das Escrituras............................
25
Conteúdo Geral da Bíblia.................................
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Período de Produção dos Livros da Bíblia..
102
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Uma Verdade Autenticada na Vida
“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou
se eu falo de mim mesmo.” (João 7.17)
“Em verdade, em verdade vos digo que, se
alguém guardar a minha palavra, nunca verá a
morte.” (João 8.51)
Dentre as muitas passagens do evangelho nas
quais nosso Senhor Jesus Cristo fala do efeito da
Palavra revelada de Deus em nossas vidas,
destacamos as duas acima.
Na primeira vemos que a prática da Palavra não somente leva-nos a fazer a vontade de Deus,
como testifica em nosso espírito e
entendimento quanto à veracidade da mesma
como sendo de procedência divina, uma vez que tudo o que se refere à vida celestial e espiritual,
conforme registrado na Bíblia, é conhecido e
vivido somente mediante a fé em Cristo e em
Sua Palavra.
Na segunda passagem nosso Senhor nos assegura que somente aqueles que guardam a
Sua Palavra podem obter a vida eterna, e
consequentemente vencer a morte espiritual e
eterna.
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Isto não é um privilégio para poucos, conforme
suas habilidades, capacitações e méritos, mas
para toda e qualquer pessoa, em qualquer
condição, conforme se depreende da condicional usada por Jesus, “se alguém...”, de
modo que a porta está aberta para qualquer que
queira sinceramente conhecer e fazer a vontade
de Deus.
Jesus designou a fonte para este conhecimento e conversão, apenas como sendo a Palavra da
verdade revelada.
Graças a Deus que inspirou servos previamente
escolhidos e que foram capacitados por Ele para que registrassem a Palavra do evangelho,
revelado na pessoa de Jesus Cristo, de modo que
não fôssemos enganados por qualquer outra
palavra suposta como de Sua procedência, e que não o fosse de fato, senão uma palavra falsa ou
adulterada, que jamais poderia operar a nossa
salvação e transformação em novas criaturas
renascidas do Espírito Santo.
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A Importância da Revelação Escrita
“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como
primícias das suas criaturas.” (Tiago 1.18)
“ Sendo de novo gerados, não de semente
corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.” (I
Pedro 1.23)
Os apóstolos Tiago e Pedro se referem,
respectivamente, nestes textos bíblicos, a um novo nascimento mediante a palavra de Deus.
Trata-se da regeneração operada pelo Espírito
Santo quando se responde com fé em Jesus
Cristo à pregação do evangelho.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade.” (João 17.17)
Com estas palavras nosso Senhor Jesus Cristo se
refere em sua oração sacerdotal ao trabalho
realizado por Deus na santificação dos crentes
através do uso da Sua Palavra.
Disto tudo se depreende a nossa crucial
necessidade da revelação escrita da Bíblia, para
que nela crendo possamos tanto ser convertidos a Cristo (salvos – justificados e regenerados),
quanto a fazermos progresso na vida cristã
(santificados). A razão de tanto se solicitar que se
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creia na Bíblia e que meditemos continuamente
através da sua leitura visa a atender ao propósito
anteriormente citado relativo à nossa
transformação em novas criaturas em Cristo, como também à nossa edificação espiritual em
santificação, do que a qualquer outro objetivo
secundário.
Sem fé na Palavra da verdade revelada e escrita
não há conversão, e nem mesmo santificação, sendo que esta última somente cresce em graus
na mesma proporção em que aumenta o nosso
conhecimento e prática da Palavra de Deus.
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Como a Verdade de Deus é Autenticada?
A verdade de Deus está revelada em Sua Palavra escrita, ou seja, na Bíblia.
A prova da sua autenticação é realizada na vida
de todos aqueles que creem nesta verdade revelada, uma vez que tudo o que nela se afirma
e se promete é cumprido e visto na vida dos que
creem. E tal cumprimento, particularmente no
que se refere à santificação, se vê em maiores graus naqueles que possuem um maior
conhecimento e fé na Palavra divina.
Isto sucede em razão do que foi afirmado pelo
próprio Senhor Jesus Cristo: "As palavras que eu
vos disse são espírito e são vida, (João 6.63), o que confirma que de fato a palavra de Cristo é
primeiro espírito e, em seguida vida – vida em
abundância, a vida espiritual, celestial, divina e
eterna que procede dele mesmo para todo
aquele que nele crê.
Os que creem chegam a conhecer que sem que
haja uma atração de Deus Pai que nos conduza a
ver com os olhos da fé a Jesus Cristo, jamais poderiam ter dado a sua confiança e
assentimento no coração à aceitação da Palavra
revelada como sendo verdadeira. Isto é feito
portanto, por uma operação poderosa espiritual realizada pelo Espírito Santo para que possamos
crer e sermos tomados pela vida espiritual que
se encontra na pessoa de Jesus Cristo. Por saber
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que tal conhecimento espiritual somente seria
possível por esta forma retrocitada, nosso
Senhor afirmou expressamente que sua
doutrina (ensino) não fora inventada por ele como sendo um mero homem, conforme era
visto pelos escribas e fariseus, mas que a mesma
era de procedência divina, e que esta somente poderia ser conhecida quanto à sua procedência
por aqueles que efetivamente cressem nela
como sendo verdadeira e procedente de Deus,
porque veriam o seu cumprimento em suas
próprias vidas.
Devemos destacar que a doutrina de nosso Senhor consiste principalmente na fé nele para
a nossa justificação, regeneração, santificação e
glorificação, pela graça. E isto será visto na vida
dos que creem, confirmando a verdade da Sua
Palavra.
Daí nosso Senhor ter afirmado o seguinte:
“Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela
mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou
se eu falo de mim mesmo.” (João 7.17)
Concluímos, portanto, que Deus designou a Sua
Palavra para ser o instrumento da nossa salvação, conquanto esta deve ser pela fé, e não
seria fé se não fosse simplesmente por se
confiar naquilo que se ouve relativamente ao
que não se vê, e conforme está escrito na Bíblia.
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“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela
palavra de Deus.” (Romanos 10.17)
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Revelação e Inspiração
Revelação, biblicamente falando, significa "tirar
o véu", "remover a coberta", fazer conhecer
sobrenaturalmente, divulgar. Significa
revelação dos mistérios divinos que o homem é incapaz de descobrir por si mesmo. Toda
revelação começa com Deus e é obra exclusiva
Sua. É o processo pelo qual Deus se faz
conhecido ao homem.
A revelação se fez em muitas vezes e de muitas
maneiras (Hb 1.1,2) indicando o seu caráter
progressivo.
Revelação é portanto a ação de Deus pela qual
Ele deu a conhecer ao escritor coisas
desconhecidas.
Já a inspiração é a ação do Espírito Santo sobre
os escritores, capacitando-os a receber e
transmitir a mensagem, ao ponto de serem as
palavras de Deus.
Deste modo, percebemos que toda a Bíblia foi
inspirada por Deus, mas nem tudo o que está na
Bíblia foi dado por revelação.
Entretanto, deve ser entendido que através da inspiração, Deus revelou a Si e a Sua vontade. A
produção das Escrituras teve por alvo tal
revelação, ainda que a quase totalidade dos
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livros da Bíblia não tenha sido produzida por
revelação direta de Deus, conforme
estudaremos mais adiante.
A revelação e inspiração especiais, da parte de
Deus, para o registro da verdade, cessaram com
a produção do último documento da Bíblia.
Entretanto, a inspiração resultante do impacto
do Espírito Santo sobre o espírito humano vai além da redação das Escrituras. Doutro modo,
toda nossa teologia não passaria de mera
filosofia (I Cor 2.12), e nossa oração não seria
mais do que um monólogo (Rom 8.26). A inspiração é um fator primordial em todas as
fases da fé na vida cristã.
A revelação de fatos e a inspiração do Espírito
Santo, que acompanham a ministração e a
pregação da verdade, ainda em nossos dias,
desde os dias apostólicos, não podem portanto produzir uma nova verdade, ou mesmo alterar
partes da verdade que de uma vez por todas foi
fechada com a escrita do livro do Apocalipse.
Não existe mais do que um evangelho, e este já foi revelado aos apóstolos, e está plenamente
registrado nas páginas da Bíblia, especialmente
nas do Novo Testamento (Gl 1.6-9).
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A Necessidade das Escrituras
Tendo o homem sido criado à imagem e
semelhança de Deus, e para alcançar a
plenitude de tal, seria de se esperar, consequentemente, uma comunicação do
Criador com os seres intelectuais, morais,
espirituais e imortais, que criou.
Ainda que não seja o objeto do presente estudo,
devemos citar que mais do que revelar-Se, em
comunicação, Deus tem operado no universo
criado, e especialmente naqueles que predestinou para serem conformes à imagem
de Jesus Cristo (Rom 8.29,30).
Era de se esperar a revelação porque a entrada do pecado no mundo sujeitou a criação à
vaidade, tornando necessária a intervenção do
Criador para redimi-la do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos
de Deus (Rom 8.20,21).
A revelação é necessária porque a razão humana
é incapaz, por si mesma, de provar e saber qual é o significado da chamada (vocação) de Deus
para o homem, aí incluído tudo o que se espera
dele quanto à transformação de sua natureza
pelo novo nascimento, à necessidade da expiação do pecado; vida de santidade para o
serviço, culto, oração e adoração ao Senhor,
neste mundo, bem como é pela revelação que se
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desvenda que a vida de Deus no crente vence a
morte e é eterna.
As realidades do céu são espirituais, e coisas
espirituais são conferidas com coisas espirituais, pelo Espírito, isto é, são desvendadas
por revelação e apropriadas pela fé. A doutrina
da trindade, por exemplo, de haver um único
Deus, mas em três pessoas em uma só essência, não pode ser entendida pela razão, mas sabemos
que é assim, pois é o que se revela nas Escrituras
e que discernimos em nosso próprio espírito,
por fé.
Esta revelação, apesar de ter sido feita primeiro
na vida, conforme estaremos estudando
adiante, deveria ser registrada por escrito e
também fechada, de forma que não viesse a ser adulterada, por acréscimos, eliminações ou
modificações textuais, o que seria de se esperar,
caso se baseasse apenas na tradição oral.
Graças a Deus, Ele não somente conduziu o processo de produção da Bíblia como também
proveu os meios necessários para preservá-la
ao longo do curso da história.
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A Inspiração das Escrituras
Muitos colocam-se contra a afirmação de serem
as Escrituras (tanto do Antigo quanto do Novo
Testamento) a verdade, argumentando, puerilmente, que elas são o produto da
imaginação do homem, e mais ainda, que não
podem ser infalíveis, posto terem sido
imperfeitos os homens que as produziram, como todos os demais homens.
Ora, a isto respondemos que para revelar a
verdade e para preservá-la através das
sucessivas gerações da humanidade, Deus já havia planejado inspirar profetas, apóstolos e
outros para serem ministros da Palavra, antes
mesmo que estes tivessem chegado à
existência (Jer 1.5; Gl 1.15,16).
Acrescente-se a isto, que apesar de pecadores,
os autores da Bíblia foram antes, justificados e santificados pelo Espírito, e foram por Ele
inspirados e conduzidos em tudo quanto
escreveram.
Isaías seria instrumento de Deus, mas antes foi
purificado pela brasa do altar. E o fogo purificador do Espírito Santo haveria de estar
com ele durante todo o seu ministério.
Por oportuno, não podemos também esquecer
que apesar de todos os homens serem iguais em
sua constituição geral, há profundas diferenças
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entre estes no que tange às capacitações
intelectuais e espirituais. Quantos estariam
habilitados a serem um Moisés, que fez toda a
vontade do Senhor, registrando os mandamentos da lei, sem uma vírgula a mais ou
a menos ? Que registrou todos os detalhes do
tabernáculo exatamente conforme o modelo
que Deus lhe havia exibido no monte Sinai.
Uma das provas de que as Escrituras foram
reconhecidas como de proveniência divina é o fato de terem sido amplamente citadas em seus
sermões e escritos teológicos pelos chamados
pais da igreja, ou pais primitivos (os primeiros
pastores e doutores do cristianismo).
Todos os genuínos homens de Deus utilizaram-
se da Bíblia, como a temos hoje, para o ensino da
verdade, e não de outros escritos pseudoepigráficos (evangelho de Tomé por
exemplo) e apócrifos, que já circulavam em
seus dias. Quanto aos apócrifos é importante
abrir um parêntesis para mencionarmos os livros apócrifos contidos na bíblia da igreja
católica romana, que são os seguintes: Tobias,
Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico,
Baruque, I Macabeus e II Macabeus, e 4 acréscimos a Ester e Daniel, como a seguir: Ester
(cap 10.4-16-24); Daniel (Cântico dos três varões
- cap 3.24-90; História de Suzana - cap 13; Bel e o
Dragão - cap 14).
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A igreja romana aprovou os apócrifos como
"canônicos" em 18 de abril de 1546, no Concílio
de Trento, para combater o movimento da
Reforma Protestante, então recente.
Nessa época, os protestantes combatiam as
novas doutrinas da igreja católica romana: do
purgatório, da oração pelos mortos, da salvação
mediante as obras etc.
A igreja romana via nos apócrifos bases para
essas doutrinas, e, apelou para eles, aprovando-
os como se fossem canônicos.
É importante citar que houve prós e contras
dentro da própria igreja de Roma, quanto ao
reconhecimento dos citados livros.
Entretanto, o erro venceu, e a primeira edição
da bíblia romana com os apócrifos deu-se em
1592, com autorização do Papa Clemente VIII.
Esta é contudo matéria para ser aprofundada no
estudo sobre a formação do Cânon, tanto do
Antigo quanto do Novo Testamentos.
Nenhum dos sessenta e seis livros canônicos
dão apoio às falsas doutrinas contidas nos
apócrifos. E é exatamente esta unidade
doutrinária dos livros canônicos mais uma das provas que atestam a sua inspiração divina, pois,
estando separados no tempo e em face da
diversidade de situações em que foram
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produzidos, percebe-se que há em todos eles, do
início ao fim, a referida unidade doutrinária.
Afirmamos que a Bíblia, como a temos, com os seus sessenta e seis livros, sem nenhum outro a
mais ou a menos, é a verdade, e não que contém
a verdade, porque sendo as Escrituras de
proveniência divina, não possui partes inspiradas e outras não inspiradas por Deus.
Todas são inspiradas, até aquelas que
permanecem fechadas ao entendimento
humano. Não é este o caso, em relação a muitos personagens e situações das profecias
escatológicas, como as encontradas nos livros
dos profetas e no Apocalipse ? Muito do que ali
está revelado permanece ainda como enigma, até que Deus venha a revelar a quem e a qual
ocasião se referem.
Homens foram inspirados pelo Espírito e profetizaram acerca da justiça do evangelho
(Rom 1.1,2; 3.21; Hb 1.1; II Pe 1.19-21), muitos
séculos antes desta ser revelada na pessoa de
Cristo (Hb 1.2; 2.1-4; II Pe 1.19).
O cristianismo é uma religião revelada, e uma
das provas desta revelação está no fato de que
necessitamos da instrução do mesmo Espírito
que inspirou a produção da Palavra para que possamos compreendê-la e praticá-la, vivendo
conforme a vontade dAquele que a inspirou. Daí
Paulo afirmar a necessidade que temos do
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Espírito Santo para entender o significado da
vida cristã, mediante o que foi revelado por Deus
a nós, pois cousas espirituais só podem ser
discernidas espiritualmente.
Por isso, a revelação foi feita primeiro na vida e depois nas Escrituras.
Os profetas e os apóstolos escreveram acerca do
que viveram. E mesmo quando lhes foram
reveladas cousas que se referiam ao futuro ou
sobre a pessoa de Deus, Eles só puderam discernir que provinham dEle, ainda que não
entendessem o significado do que lhes foi
revelado (Dn 12.8), porque estavam em
comunhão com o Senhor e haviam sido preparados por Ele para serem seus
instrumentos no registro da Sua vontade.
É por isso que as doutrinas da Palavra não nos foram dadas simplesmente para serem objeto
do nosso conhecimento, mas para serem
experimentadas, isto é, vividas por nós. E é somente experimentando pela fé, que
chegamos a conhecer que a Bíblia é a verdade,
pois aquilo do que dá testemunho se revela real
em nossas próprias vidas.
Afinal a meta do estudo das Escrituras não é o
mero conhecimento intelectual do próprio
texto bíblico, mas conduzir-nos ao conhecimento pessoal de Deus e de Sua
vontade. Podemos dizer que a meta a ser
atingida a de conhecer ao Senhor por meio da
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Palavra. Sabendo que o conhecimento que salva,
isto é, que justifica, santifica e glorifica não é o
conhecimento do que Deus é e nem o
conhecimento sobre Deus, senão o conhecimento que é oriundo da comunhão
pessoal com Ele, resultante de um encontro
direto.
Os fariseus examinavam as Escrituras mas não
entendiam o seu significado interior, porque
não entregaram suas vidas a Jesus. Afinal, este é
o propósito central da Bíblia.
Por exemplo, a Palavra ensina diretamente e
em figura que desde a entrada do pecado no
mundo, só podem se achegar a Deus aqueles
que se arrependem do pecado e se reconhecem pecadores necessitados da Sua graça (estes são
os humildes de espírito e quebrantados de
coração que Jesus veio salvar e curar - Is 61.1-3); e que a base que assegura ao pecador tal
aproximação e filiação a Deus é a morte e
ressurreição de Jesus, por assim dizer, a obra
expiatória da Sua morte, e a novidade de vida que nos é outorgada por meio da Sua
ressurreição e habitação do Espírito Santo.
Mais do que o reconhecimento desta verdade,
importa vivê-la, para que se possa além de entender que a Bíblia é a verdade, estabelecer e
manter um relacionamento santo e reverente
com Deus, pois, através da Palavra, o Espírito
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ensina-nos o temor devido ao Senhor, para
vivermos sobretudo no Seu amor e poder.
Foi com tal objetivo primordial em mira que
João declarou o propósito com que escreveu o
evangelho (Jo 20.30,31). Na verdade este é o propósito com o qual foram escritos todos os
livros da Bíblia, ainda que não declarado
diretamente como João o fizera. Mesmo a lei de
Moisés, foi dada para nos servir de aio para nos
conduzir a Cristo.
Por isso, a Bíblia é diferente de todos os demais
livros do mundo, em razão da sua inspiração
divina (J 32.8; II Tim 3.16; II Pe 1.21), e é devido à
inspiração divina que ela é chamada de Palavra
de Deus (II Tim 3.16).
Inspiração divina é portanto a ação sobrenatural
do Espírito Santo sobre os escritores da Bíblia,
capacitando-os a receber e a transmitir a
mensagem de Deus sem qualquer erro.
Por isso, incorrem em erro todos os que consideram a inspiração bíblica como sendo a)
natural humana; b) divina comum; ou c) parcial,
conforme as seguintes teorias:
a) Teoria da inspiração natural humana
A Bíblia teria sido escrita como é produzido
qualquer tipo de literatura, negando-se a ação
sobrenatural de Deus.
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b) Teoria da inspiração divina comum
A inspiração dos escritores da Bíblia teria sido a
mesma que hoje nos vem quando oramos,
pregamos, cantamos, ensinamos.
c) Teoria da inspiração parcial
Algumas partes da Bíblia são inspiradas, e outras não. A Bíblia não é a Palavra de Deus, mas
apenas contém a Palavra de Deus. A própria
Bíblia refuta este falso ensino em II Tim 3.16 e
em outras passagens equivalentes.
Não se deve considerar também como verdadeira a teoria que considera os escritores
dos livros da Bíblia como simples máquinas, que
escreveram mecanicamente o que Deus lhes
teria ditado, palavra por palavra. É verdade que algumas partes das Escrituras foram
produzidas desta forma, mas a maior parte do
texto foi produzido por inspiração plenária ou
verbal, conforme explicado a seguir.
A definição correta da inspiração da Bíblia é chamada de inspiração plenária ou verbal. Esta
ensina que todas as partes da Bíblia são
igualmente inspiradas, que os escritores não
funcionaram como máquinas inconscientes, que houve cooperação vital e contínua entre
eles e o Espírito de Deus que os capacitava.
Afirma que homens santos escreveram a Bíblia
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com palavras do seu vocabulário, porém sob
uma influência tão poderosa do Espírito Santo,
que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus.
A inspiração plenária cessou ao ser escrito o
último livro do Novo Testamento. Depois disso nem os mesmos escritores, nem qualquer servo
de Deus pode ser chamado inspirado no mesmo
sentido.
É importante frisar-se que nos casos de registro na Bíblia de mentiras que foram proferidas, e até
mesmo de declarações de Satanás, Deus não
inspirou tais mentiras e declarações, e sim o
registro delas.
Com base nestes argumentos apresentados anteriormente e em outros não aqui citados foi
que os reformadores emitiram a doutrina Sola
Scriptura, ou seja, somente a Escritura é a regra
de fé conduta dos que creem em Cristo.
Isto não significa no entanto que nenhum outro livro deva ser consultado ou estudado no
assunto da edificação da nossa fé.
Os inimigos da doutrina fazem este tipo de
afirmação que nunca passou pela cabeça dos
reformadores e nem de qualquer um dos que seguem o referido princípio, pois seria algo
muito pueril concebê-lo. O que se tem em vista
é que não se dê apoio a qualquer ensino que não
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esteja respaldado no conteúdo e no teor da
revelação bíblica, porque foi dada a nós por Deus
para ser o fundamento sobre o qual deve ser
assentado tudo o que se escrever ou se fizer na
Igreja de Cristo.
Nisto consiste a beleza da fé que professamos
pois não somente nos dá a liberdade de
comentar e interpretar o que foi revelado
através dos profetas e dos apóstolos, como até mesmo demanda que isto seja feito para que a
apresentação da verdade bíblica seja ajustada à
vida prática, em demonstrações de poder do
Espírito Santo, sobretudo na transformação de
pecadores em autênticos santos.
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A Verificação das Escrituras
As Escrituras testificam de si mesmas quanto à
sua inspiração divina. Isto é, há um testemunho
interno na Palavra acerca da sua proveniência
divina, daí se afirmar que a Bíblia é explicada com a própria Bíblia.
A Bíblia reivindica a si a inspiração de Deus, pois
a expressão "Assim diz o Senhor", como carimbo
de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus livros, além de outras expressões
equivalentes.
A respeito da exatidão das Escrituras, dentre
outros, o próprio Jesus deu os seguintes
testemunhos:
a) Que nem um i ou til (menores sinais do
alfabeto hebraico) jamais passariam da lei, até
que o céu e a terra passem (Mt 5.18). Isto significa que elas permanecerão válidas até que
Ele volte e sejam criados novo céu e nova terra,
conforme prometido nas mesmas Escrituras.
b) Que a Escritura não pode falhar (Jo 10.35).
As Escrituras constituem o cânon (padrão,
norma, regra) que deve reger a nossa fé e
conduta (II Tim 3.16,17).
Paulo referiu-se às mesmas como o bom
depósito da fé (II Tim 1.14) e recomendou aos
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seus cooperadores que mantivessem o padrão
das sãs palavras (II Tim 1.13).
Ora, o que daí se depreende, não é que a própria
Bíblia reivindica a Sua autoridade de ser a única
e final palavra sobre as questões de fé e conduta,
que devem reger o povo de Deus ?
Os apóstolos estavam convictos de que a
doutrina que ensinavam e que haviam recebido
de Jesus e do Espírito Santo, era de fato a Palavra
de Deus, em pé de igualdade com as Escrituras do Velho Testamento (I Tes 2.13; II Pe 3.16; I Jo 1.1-
4). Por isso, Deus mesmo, dado o caráter da Sua
Palavra proíbe que algo lhe seja acrescentado ou
retirado (Dt 4.2; Pv 30.5,6. Mt 5.19; Apo 22.18,19). Disto se depreende o cuidado que seus
ministros devem ter ao pregá-la ou ensiná-la, de
maneira que sejam fiéis embaixadores de Deus
na transmissão da Sua vontade revelada.
Se a própria Palavra testifica a respeito de ser a
Constituição do povo eleito, então, por nenhuma outra lei ou norma que com ela
conflitue, deve ser regida a vida dos santos.
Daí serem muitas as recomendações no sentido
de que os ministros do evangelho tenham o
cuidado diligente de manter o padrão (cânon) das Escrituras, e, especialmente da doutrina do
evangelho (I Tim 1.3,4; 4.16; 6.20,21; II Tim 2.15-
18), rejeitando e combatendo todo ensino que
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não se conforme com a Palavra (Rom 16.17,18; I
Jo 2.26; 3.7; 4.1; II Pe 3.15-17; Jd 17-19; Gl 1.6-9; Tt
3.10; II Jo 9-11).
A prova da inspiração das Escrituras está
principalmente no fato de que todos os seus livros apontam para Jesus e Sua obra de
restauração, sendo Ele mesmo o Profeta,
Sacerdote e Rei enviado e designado pelo Pai
para redimir a criação, instruí-la na verdade e transportá-la do império das trevas, para o reino
da Sua luz. As mesmas Escrituras testemunham
do trabalho do Espírito Santo no
estabelecimento do reino de Cristo.
Podemos dizer que as obras que Jesus fez em Seu ministério terreno e que continua fazendo
através da igreja, provam que Ele é de fato o
enviado de Deus do qual a Bíblia testifica, pois
nenhum outro realizou ou tem realizado as obras que Ele recebeu do Pai para executar
sobre a Terra.
Maomé, Buda ou qualquer outro não se
encaixam nas profecias bíblicas. É somente em
Cristo que vemos o cumprimento de tudo quanto está profetizado diretamente ou em
figura, na Palavra, a Seu respeito.
O Enviado de Deus (Jesus) realizou e continua
realizando através da sua igreja, as obras que
recebeu do Pai para efetuar sobre a terra.
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Nenhum outro realizou ou tem realizado as
obras que somente Ele pode operar e que
comprovam que Ele é de fato o Ungido, o
Salvador, o Senhor, conforme testificam as
Escrituras.
Nele se cumpriram as Escrituras, como Ele
mesmo declarou (Mt 5.17).
Os demônios continuam sendo expulsos por
Aquele que pisa cabeça da serpente, conforme
revelado desde o livro de Gênesis.
Pessoas de todas as nações continuam entrando no Reino de Deus, conforme prometido e
revelado a Abraão.
O cumprimento das profecias e os milagres que
são somente por meio de Jesus e do Seu nome,
pois Ele mesmo realiza a Sua obra através de
nós, testificam que tudo quanto se diz nas
Escrituras, a Seu respeito, é a verdade.
A própria Bíblia testifica que Deus confirmava
que a Palavra que estava sendo pregada pelos
apóstolos é a verdade, com a operação de sinais
e prodígios (Mc 16.20; At 14.3).
É por isso que em todos os avivamentos que ocorreram e têm ocorrido na história da igreja,
sempre há um retorno à prática da Palavra de
Deus, exatamente na forma como se encontra
registrada na Bíblia.
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Quando crentes ou igrejas inteiras decidem
viver segundo a doutrina de nosso Senhor Jesus
Cristo e dos apóstolos, o resultado sempre será
a experimentação de avivamentos produzidos
pelo Espírito Santo.
De igual modo, o poder de Deus sempre há de
acompanhar a pregação e o ensino que se
fundamentem na correta exposição da Sua
Palavra, dando-se desta forma testificação pelo
Espírito Santo acerca da sua inspiração divina.
Afinal, aprouve a Deus salvar aos que creem pela
pregação (I Cor 1.21), e a pregação deve ser
mediante a palavra de Cristo (Rom 10.17).
O mesmo Espírito que inspirou a produção da
Palavra é o que inspira o pregador a explicá-la, expondo-a com autoridade e poder. Não é a
pregação portanto uma simples leitura do texto
bíblico, mas o uso que o Espírito faz das
faculdades do pregador enquanto este apresenta a explicação da Palavra que lhe foi
indicada pelo Espírito Santo.
A Palavra assim pregada passa a ser viva e
operante, e é esta que salva e edifica. Há assim,
uma testificação dupla e harmoniosa da inspiração divina da Palavra pregada, tanto da
que está registrada na Bíblia, quanto da que foi
dada por instrução e direção do Espírito Santo
ao pregador para a exposição da verdade bíblica.
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Conteúdo Geral da Bíblia
De Adão a Moisés
A Bíblia não é um livro de história como outro
qualquer. O propósito de Deus na inspiração da sua escrita não foi o de contar a história de
determinados homens, mas sim, o de revelar a
Sua pessoa e vontade ao homem que Ele criou.
Nela temos o registro de fatos antes mesmo da
criação do mundo; do passado, do presente e até do futuro. A história da redenção e da
glorificação do homem e dos atos de Deus nessa
história estão nela contidos.
Há fatos bíblicos portanto que ainda estão tendo
cumprimento em nossos dias e que continuarão
a serem cumpridos até a criação dos novos céu
e terra prometidos.
É por isso que no meio da narrativa do livro de
Gênesis, de fatos que já haviam acontecido, como a forma como o pecado entrou no mundo
através de Adão, temos também no mesmo livro
de Gênesis a citação de fatos que ainda viriam a ocorrer num futuro distante, como o
esmagamento da cabeça da serpente pelo
descendente da mulher, que é Cristo.
A promessa de Deus feita a Abraão de abençoar
no seu descendente todas as nações da terra, é
também uma referência a Jesus (Gl 3.16), que
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começou a ter cumprimento desde o primeiro
homem, e mais especificamente há cerca de
dois mil anos, ainda está tendo cumprimento, e
terá até que se complete o número dos salvos que estão destinados à vida eterna, e cujos
nomes estão escritos no livro da vida.
Assim, quando Moisés começou a escrever o
livro de Gênesis no período provável de 1.440
a.C. a 1.400 a.C., sequer poderia imaginar a
amplitude da promessa que foi feita a Abraão.
Qual é portanto o período a que se refere a
narrativa de Gênesis ?
Assim, a rigor, não poderíamos afirmar que o
conteúdo total de Gênesis se refere a um
período já conhecido e acabado. Em vez de dizermos, portanto, que a narrativa de Gênesis
se refere ou cobre o período que vai da criação
dos céus e da terra até a fixação da família de
Jacó no Egito, cerca de 1885 a.C., fechando-se a narrativa com a morte de José; é melhor dizer
que o livro contém a revelação de Deus que
fora feita no citado período, e cujos fatos
considerados por Ele como relevantes para serem registrados, foram escritos por Moisés,
cerca de 450 anos depois da entrada de Jacó com
sua família no Egito, para que ali fosse formada
a nação de Israel, da descendência dos seus filhos, a partir dos quais se formariam as doze
tribos de Israel, conforme planejado por Deus.
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A escrita do livro de Gênesis, em resumo,
descreve que o homem foi criado com um corpo
formado do pó da terra, que para lá retorna na
morte, mas também com um espírito, no qual, pela obediência e comunhão com o Senhor, é
marcada, progressivamente, a imagem e
semelhança com Deus.
A entrada do pecado no mundo privou Adão e
toda a sua descendência de experimentar o fruto da árvore da vida. Isto significa que todos
quantos permanecessem no mesmo estado de
desobediência de Adão, ficariam impedidos de
ter vida eterna e ser semelhantes ao Criador,
conforme era do Seu eterno propósito.
Mas, mesmo sendo pecadores, todos aqueles que se voltassem para o Senhor, pela fé,
dispondo-se a amá-Lo e servi-Lo, seriam aceitos
pela Sua graça, porque elegeu para a vida eterna
a todos que Lhe entregassem suas vidas pela fé, como foi o caso de Abel, Enoque, Noé, Abraão,
Ló, Isaque, Jacó, José, entre outros. Todos estes
têm seus nomes registrados no livro de Gênesis,
tendo recebido testemunho de terem agradado
a Deus.
Mas, os que não forem justificados pela fé, permanecendo assim, na prática do pecado e
vivendo contrariamente à vontade do Senhor,
serão condenados, como o comprova os Seus
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juízos sobre Caim, sobre os que pereceram no
dilúvio e em Sodoma e Gomorra.
Apesar da eleição e justificação serem pela graça, como comprovado na vida daqueles que o
Senhor escolheu para Si, haveria necessidade
de uma base para tal eleição e justificação, para
que Deus pudesse permanecer Justo ao justificar o pecador: a morte e ressurreição de
Jesus.
Para tanto, antes que Ele se manifestasse em carne, haveria necessidade de se formar um
povo (Israel) através do qual o Senhor pudesse
revelar o conhecimento da Sua vontade, e qual
era a real condição do homem perante Ele desde
que o pecado entrou no mundo.
Gênesis relata a maneira como Deus formou a
nação de Israel a partir de Abraão, e para qual principal propósito: o de abençoar todas as
nações da terra.
A recusa de Deus das vestimentas de folhas de figueira feitas por Adão e Eva para cobrir a sua
nudez, depois do pecado, tendo feito Ele próprio
vestimenta de peles para eles, que demandou o
sacrifício de animais, revelava em figura, que uma vítima inocente teria que morrer para que
a nudez produzida pelo pecado pudesse ser
coberta. O pecado não pode ser coberto pelos
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meios do próprio homem, mas pelo único meio
provido por Deus: o sacrifício de Jesus.
Aquela vestimenta, como dissemos, foi apenas uma forma tipológica de se ensinar que o
pecado para ser coberto, demandaria o
derramamento de sangue alheio.
Os altares que Abraão e os demais patriarcas
levantavam para oferecer sacrifícios ao Senhor,
também falavam em figura que os ofertantes
eram aceitos por Ele, não em razão de sua própria justiça, mas com base na dAquele que
morreria em favor deles.
Para revelar que a descendência abençoada de Abraão seria a nascida segundo a promessa e
não segundo a carne, o Senhor confirmou a
decisão de Sara de expulsar o filho da escrava
Hagar (Ismael) com Abraão, para não ser herdeiro juntamente com Isaque, que era filho
natural de Sara, livre e nascido segundo
promessa de Deus a ela e a Abraão (Gl 4.21-31).
O crente é recebido portanto como filho de Deus
simplesmente em razão do cumprimento da
promessa que Ele fez a Abraão, e não por
qualquer mérito pessoal. Não podemos confundir entretanto, a questão do mérito com
o conceito de valor. Porque os escolhidos,
apesar de não terem realmente nenhum mérito
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diante de Deus, têm no entanto, grande valor
para Ele.
Isaque nasceu a Abraão porque lhe fora prometido pelo Senhor. Nem Abraão, nem Sara
tinham mais condições, biologicamente
falando, para gerá-lo. Deus operou um milagre
naquele nascimento. Assim se dá com todos os que nascem do Espírito pela
fé. São gerados por meio de um milagre do
Espírito Santo, e em razão da promessa que foi
feita a Abraão. Por isso os crentes são também chamados na Bíblia por filhos da promessa ou
filhos de Abraão.
Noé era homem justo porque andava com Deus.
É isto o que a Palavra nos ensina a tal respeito. Ninguém pode ter o fruto do Espírito sem andar
com o Senhor. É na nossa comunhão com Ele
que nos é infundida pelo Espírito a justiça e
todas as demais virtudes de Cristo.
A eleição de Jacó, filho de Isaque, neto de
Abraão, cujo nome o Senhor mudaria para
Israel, que significa Príncipe de Deus, já comprovava que a própria nação de Israel
também seria formada por meio da mesma
eleição segundo a graça, e não por qualquer
mérito de Abraão, de seus filhos ou daqueles que chegariam à existência depois dele. O
Senhor mesmo viria a declarar através de
Moisés que havia escolhido Israel, quando já era
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uma nação formada no Egito, para ser Seu
povo, entre todas as demais nações que exis
tiam na terra, não pelo fato de ser o povo mais
numeroso, pois era o menor, mas porque os amava e para cumprir o juramento que fizera
aos patriarcas (Dt 7.6-8).
Aí está declarada a eleição pela graça da própria
nação israelita.
De igual forma, pela mesma eleição, está sendo formado o Israel espiritual, por meio da
chamada daqueles que têm sido justificados,
regenerados e santificados pelo Espírito.
São contados como filhos de Deus apenas os que
creem em Cristo (Jo 1.12), isto é, aqueles que são
da fé.
Gênesis é, portanto, o início do relato da história
da criação de um povo (eleitos), que estaria
ligado pela fé, para sempre, ao descendente de
Abraão (Jesus). Deus fez um Pacto (aliança) eterno com eles através do sangue de Jesus (Lc
19.20). É somente pelo fato de estarem nEle é
que são abençoados com a salvação e a vida
eterna.
Vemos assim que quando a Bíblia fala que os salvos são somente os que creem em Cristo, não
está se referindo a uma simples afirmação de
crença na existência de Deus. A este respeito,
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Tiago diz que até os demônios creem e tremem,
mas nem por isso são ou poderão ser salvos do
estado de perdição em que se encontram. Jesus
mesmo ensinou que muitos dizem Senhor, Senhor, mas não serão salvos. Outros até
profetizam e expulsam demônios em seu nome,
e no entanto, Ele não os conhece. A verdadeira fé é aquela que une o crente a Cristo. Há uma
união que não poderá ser desfeita (Rom 8.35-39).
Jesus afirmou que a forma de reconhecimento
daqueles que pertencem à família celestial é
pela sua obediência à Palavra de Deus. Os que
são de Cristo apresentam as evidências da sua salvação, pelos frutos dignos de um verdadeiro
arrependimento, isto é, pela santificação
operada pelo Espírito Santo em suas vidas.
Se alguém diz que pertence a Jesus porque crê
nEle, mas não cumpre os Seus mandamentos, então é bem provável que não seja um
verdadeiro filho de Deus.
A Nova Aliança em Cristo foi feita antes dos
tempos eternos, mas foi revelada inicialmente a
Abraão, porque Ele foi designado pelo Senhor como o pai dos que creem em Cristo (Rom
4.16,17).
Abraão provou de muitas maneiras que não
vivia para fazer a sua própria vontade, mas a do
Senhor. Algumas já comentamos. Mas também
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é digno de nota o fato de ter deixado a sua
parentela e ter peregrinado pela terra que o
Senhor lhe mostrou, e que daria à sua
descendência.
O Senhor deu ao próprio Adão uns poucos mandamentos, revelando assim que a vontade
do homem não é soberana. A vontade de Deus
deve imperar sobre a do homem.
Adão não tinha cometido ainda qualquer pecado. Era inocente. E recebeu mandamentos
para cumprir. Os mandamentos não foram
dados portanto em razão do pecado, mas para
revelar que o nosso Deus é amado quando
fazemos a Sua vontade.
Importa portanto que em todo o modo e
circunstância seja Deus obedecido.
O homem foi criado para amar ao Senhor, e
amá-Lo é cumprir Seus mandamentos (Jo 14.21).
Mas para cumprir seus mandamentos é preciso que o homem nasça de novo do Espírito Santo, e
isto só é possível por meio da fé em Jesus.
Deus revelou a Abraão que o povo que formaria
a partir dele para habitar em Canaã seria
peregrino numa terra alheia, e reduzido à escravidão por quatrocentos anos, mas seriam
depois libertados e sairiam com grandes
riquezas. Esta terra alheia seria o Egito, para
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onde Jacó foi com seus familiares (setenta
pessoas - Gên 46.27), para fixar residência
juntamente com José, um dos seus filhos que se
tornou governante sobre toda a terra do Egito.
José não sabia o preço que deveria pagar para que o propósito de Deus pudesse ser cumprido,
através dele. Enciumados, seus irmãos
tentaram tirar-lhe a vida, tendo sido salvo por
um deles, Rúben, e por proposta de um outro, Judá, foi vendido como escravo aos ismaelitas
por vinte siclos de prata, que o levaram para o
Egito, e que por sua vez o venderam ao
comandante da guarda de Faraó, chamado
Potifar.
José foi aperfeiçoado na perseverança através da
disciplina que lhe estava sendo imposta pela
tribulação, e no momento apropriado sairia da
posição de encarcerado e escravo, para a de livre
e governador.
Faraó investiu José de autoridade sobre toda a terra do Egito, e tendo este perdoado seus
irmãos, que o haviam vendido como escravo,
apresentou-os a faraó, bem como toda sua família que viera de Canaã para o Egito, tendo
sido instalados na terra de Gósen com grande
honra, por causa de José.
A grande honra que tinham no início no Egito
viria a transformar-se em dura escravidão,
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conforme está relatado no livro de Êxodo. Mas
isto também estava fixado nos conselhos de
Deus, pois como o próprio José havia predito
ainda em vida, Ele visitaria o povo e o faria subir do Egito para a terra que havia jurado dar a
Abraão, Isaque e Jacó.
Enquanto o povo de Israel ia se multiplicando no
Egito, os povos de Canaã iam também crescendo
em número e principalmente na prática da iniquidade. O Senhor revelou a Abraão que
Israel só sairia do cativeiro para a terra
prometida quando estivesse cheia a medida da
iniquidade dos amorreus, que era um dos povos
que habitavam em Canaã (Gên 15.16).
Israel estava sendo formado também para ser a espada do Senhor contra a impiedade dos
cananeus, cujo culto idolátrico, conforme tem
sido resgatado pela arqueologia, era dos mais
bárbaros e horrendos, ao ponto de sacrificarem seus filhos na fogueira a divindades
demoníacas.
A terra prometida seria então tomada por
esforço mediante muitas batalhas; tal como
ocorre com os crentes, na igreja de Cristo, que
estão a caminho da Canaã celestial. Devem se empenhar em permanecer em santidade
vencendo a guerra de muitas batalhas contra o
pecado e os poderes das trevas, que será travada
41
até o último dia da sua vida de peregrinação
neste mundo de trevas.
As chamadas doze tribos que compunham a
nação de Israel eram formadas pelos
descendentes dos filhos de Jacó, sendo que José, estava representado por seus dois filhos Efraim
e Manassés. É por isso que a Bíblia não fala na
tribo de José, pois tanto as tribos de Efraim
quanto a de Manassés eram compostas pelos
descendentes destes dois filhos de José.
Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom,
Benjamin, Dã, Naftali, Gade e Aser, demais
filhos de Jacó, cujo nome Deus mudou para
Israel, eram os nomes que passaram a ter as demais tribos, porque estes eram os patriarcas
do povo que se formou a partir deles, e que saiu
do Egito e passou a habitar em Canaã, quando a
terra começou a ser conquistada quatrocentos
anos depois, nos dias de Moisés e Josué.
Israel não foi formado para ser servo de Faraó, mas do Senhor. Era povo de propriedade
exclusiva de Deus, a partir do qual Ele se
revelaria ao mundo.
O tempo estava completado. O bebê que havia
sido livrado da matança do faraó que intentava exterminar os israelitas contava agora com
oitenta anos de idade. E foi preparado no deserto
por quarenta anos, para aprender que a obra do
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Senhor é feita por Ele mesmo através de nós, e
não pela nossa própria força e sabedoria. A
humilhação imposta a Moisés nos quarenta
anos que passou no deserto de Midiã, permitiu a Deus transformá-lo num varão mui manso e
obediente. Agora ele é chamado depois de ter
visto o poder sobrenatural do Senhor na sarça que ardia em fogo mas não se consumia, a ir aos
filhos de Israel no Egito para libertá-los da
escravidão. Os falsos deuses do Egito seriam
humilhados pelas manifestações de poder do único e verdadeiro Deus. Os israelitas
aprenderiam a quem pertencem o domínio e o
poder. Aprenderiam também como o Senhor
distingue aqueles que são Seus daqueles que não Lhe pertencem, pois nenhuma das pragas
que sobrevieram aos egípcios atingiram a
qualquer israelita ou mesmo suas posses.
Assim também o Senhor fará nos dias do tempo
do fim, quando despejar Seus juízos sobre a
terra. Ele guardará do mal aqueles que O amam e que são Seus, pois sabe livrar da provação os
piedosos, e reservar, sob castigo, os injustos
para o dia de juízo (II Pe 2.9).
De Moisés ao Período Interbíblico
Os israelitas levaram três meses na jornada do
Egito até o Monte Sinai, quando deixaram o
cativeiro com Moisés.
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Três dias depois de terem chegado ao citado
monte o Senhor lhes falou audivelmente os dez
mandamentos (Dt 5.22-24) que Ele mesmo iria
registrar nas duas tábuas de pedra que daria a Moisés no cume do monte. Durante os quarenta
dias e noites que Moisés lá permaneceu,
recebeu também outras leis que registrou num livro, chamado de livro da lei, inclusive, leis que
descreviam o tabernáculo, que deveria ser
construído segundo o modelo que lhe fora
exibido (Hb 8.5; Êx 25.40), que era uma figura do verdadeiro tabernáculo que existe no céu (Hb
9.23,24).
As primeiras tábuas da lei foram quebradas por
Moisés por causa do pecado do povo, que havia feito um bezerro de ouro para adorar, julgando
que ele permaneceria no monte, pois demorava
a retornar.
Ainda que os israelitas não o soubessem, o culto
que se oficiaria no tabernáculo era também uma
figura daquilo que Cristo viria a fazer no futuro,
não com o sangue de animais, mas com o Seu próprio sangue, entrando no tabernáculo
celestial para efetuar a purificação do pecado do
povo que compraria para Deus com o Seu
sangue (Hb 9.23-26).
Aquele santuário terrestre falava intensamente
acerca da santidade do Senhor. Nenhum templo
das diversas religiões do mundo nada tinham de
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parecido com o tipo de culto que Deus havia
instituído para os israelitas cumprirem no
tabernáculo. E o ofício sacerdotal com a
apresentação de sacrifícios no tabernáculo, foi instituído por Deus para que fosse feita expiação
pelo pecado do seu povo de Israel. Era isto que
aplacava a Sua ira divina e os tornava aceitáveis a Ele. De igual modo, os crentes são aceitos por
Deus somente e exclusivamente por causa do
sacrifício e sacerdócio de Jesus. É por ser o nosso
Sumo Sacerdote que podemos estar de pé na presença de Deus e ter firme confiança para nos
aproximarmos dEle, através do caminho que foi
aberto pelo sacrifício de Jesus (Hb 10.19-22).
Exatamente um ano após a saída de Israel do
Egito, o tabernáculo foi concluído e levantado
(Êx 40.17), consumindo a sua construção cerca de nove meses, pois como vimos, três meses
haviam sido gastos na jornada do Egito até o
Sinai. A primeira vez que foi levantado, foi ao
sopé do referido monte, e como era um santuário portátil, foi desmontado cinquenta
dias após (Núm 10.11) porque a nuvem que
permanecia sobre ele havia se movimentado
para o deserto de Parã, indicando que o povo deveria levantar acampamento e dirigir-se para
aquele local (Havia uma nuvem durante o dia e
uma coluna de fogo durante a noite, sobre o
tabernáculo).
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As jornadas dos israelitas eram determinadas
pelo Senhor de acordo com a movimentação da
nuvem ou do fogo que permaneciam sobre o
tabernáculo.
Isto indicava em figura que a vida do crente deve
ser dirigida segundo o mover do Espírito Santo.
Desde que haviam saído do Egito, cerca de quarenta e cinco dias após, o povo teve saudade
da comida e do tempero da terra da escravidão,
e passou a murmurar contra Moisés e Arão pela
falta da fartura de comida. Sem que o soubessem, Deus estava colocando a obediência
deles à prova, em face das dificuldades. Eles
falharam porque murmuraram. Mas, mesmo
assim o Senhor lhes deu codornizes e o maná, que passou a cair do céu todos os dias, exceto aos
sábados, e isto, por um período de quarenta
anos, até entrarem em Canaã. Pelo maná o Senhor pôs também à prova e exercitou a
obediência dos israelitas, posto que era dado na
quantidade exata para todo o povo. Se alguém
recolhesse demais faltaria para outros, e não poderia ser guardado de um dia para o outro
pois estragava.
O pão nosso de cada dia, não apenas material,
mas sobretudo o espiritual, pois nem só de pão material vive o homem, deve ser buscado em
cada dia. As bênçãos e misericórdias do Senhor
são renovadas em cada manhã. Devemos orar
46
pelas nossas necessidades presentes,
confiantes na providência do Deus bondoso,
onipotente e misericordioso, que é nosso Pai.
Na marcha rumo ao Sinai, murmuraram
também pela falta de água em Refidim. E mais
uma vez reclamaram por terem deixado o Egito
para sofrerem no deserto.
O livro de Números está repleto de passagens
em que são relatadas as murmurações e os
pecados dos israelitas, enquanto caminhavam
no deserto, e a forma como o Senhor os visitou com Seus juízos. Paulo diz que tudo o que foi
escrito foi para advertência dos crentes na igreja
de Jesus, de modo a não cairmos no mesmo erro
(I Cor 10.1-13). É digno de nota que as pragas cessavam quando os sacerdotes faziam expiação
pelo povo com seus incensários e apresentação
de sacrifícios de animais (Núm 8.19; 16.46-48; 18.1,5). É com tal eficácia do sacrifício e do
sacerdócio, em favor do povo de Deus, que a
pessoa de Jesus é exaltada e deve ser
completamente reverenciada pela sua igreja, uma vez que é exclusivamente em razão do Seu
sacrifício e sacerdócio que somos livrados da ira
de Deus, e podemos estar na Sua presença.
Desde que saiu do Egito e peregrinou no deserto, por quarenta anos, juntamente com os
israelitas, rumo a Canaã, Moisés pôs-se a
escrever, por inspiração e revelação divinas, o
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Pentateuco (penta = cinco, e teuco = tomos), isto
é, os cinco livros da lei (Gên, Êx, Lev, Núm e Dt).
Quando Moisés escreveu o livro de
Deuteronômio no último ano da sua vida, os israelitas estavam se preparando para entrarem
em Canaã com Josué. Ele fez uma recordação
das coisas que haviam acontecido para exortar o povo à obediência, lembrando-lhes que foram
resgatados do Egito para servirem ao Senhor,
amá-Lo e cumprirem Seus mandamentos. Caso
fossem obedientes à aliança que o Senhor fizera com eles, seriam abençoados com as bênçãos
que Ele havia prometido e que estão registradas
nos livros de Levítico e Deuteronômio. E caso
transgredissem os mandamentos, descumprindo a aliança, seriam amaldiçoados
com as maldições previstas nos citados livros.
Daí se aprende por princípio que a vida do crente
é abençoada por Deus quando ele cumpre os mandamentos de Cristo. E do mesmo modo,
deixa de ser abençoado quando não pratica a
Palavra. No caso da igreja, deve ser considerado
que Cristo resgatou o crente da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição no nosso lugar
(Gl 3.13,14). Mas, o crente rebelde será sujeito à
disciplina, podendo até mesmo ser entregue a
Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor (I Cor 5.3-
5).Entretanto é dever dos crentes fiéis que
estiverem firmes na fé no Senhor, que sejam
48
longânimos para com todos os seus irmãos em
Cristo. Que saibam discernir entre aqueles que
são insubmissos, desanimados ou fracos na fé;
de modo que admoeste somente os insubmissos, pois os desanimados devem ser
alvo da sua consolação, e os fracos do seu
amparo, mas é sua obrigação serem longânimos para com todos, até mesmo com os
insubmissos, na expectativa de que se
arrependam e retornem à comunhão, porque
são filhos de Deus, comprados para Ele pelo
sangue de Cristo.
Estes são ensinos típicos da Nova Aliança,
respaldados nas palavras e no exemplo do
próprio Jesus que havia instruído os apóstolos a exercerem na igreja a disciplina de exclusão
apenas nos casos de insubmissão revelada na
resistência de determinados crentes à
admoestação da liderança da igreja relativa aos pecados contra o corpo de Cristo (Mt 18.17), e a
perdoarem os pecados daqueles em que se
percebesse evidências de genuíno
arrependimento (Lc 17.3,4).
Mesmo os excluídos devem ser alvo da
longanimidade dos que estiverem firmes, pois
caso venham a se arrepender e a se
consertarem, posteriormente, deverão ser perdoados (Mt 18.21,22).Moisés alertou o povo, e
esta palavra valeria para todas as gerações de
israelitas, que o Senhor levantaria ainda um
49
profeta (Dt 18.15-19) que faria conhecida a Sua
vontade final. E quem não O ouvisse seria
julgado. Trata-se de uma clara referência a
Jesus, pois o que nele crê não é julgado, e o que
não crê já está julgado (Jo 3.18).
Afinal, quase tudo na lei apontava para Jesus:
os sacrifícios, os utensílios do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes. A finalidade da própria
formação da nação de Israel e da lei dada por
meio de Moisés, tinham em vista ensinar que
devemos entregar nossas vidas a Jesus e viver para Ele, de acordo com a Sua vontade,
expressada nos Seus mandamentos.
Ainda que fossem oferecidos sacrifícios de
animais no Velho Testamento e exigido o derramamento de sangue para a expiação do
pecado, a Bíblia ensina acerca da
impossibilidade da remoção do pecado com tais sacrifícios (Hb 10.4,11). Não há justificação e
remissão nas bases de Hb 10.16-18, fora de Cristo
(Hb 9.11,12). Deste modo, tanto os que viveram
na dispensação da Lei (de Moisés até a morte de Jesus), e mesmo os que viveram antes dela (de
Adão até Moisés), e que obtiveram justificação
pela fé‚ e remissão dos pecados, alcançaram-no
também com base no sangue de Jesus, que Se
ofereceu por todos os homens na cruz.
Jesus é o único e suficiente e aceitável sacrifício,
capaz de satisfazer à justiça divina, tanto para os
50
que viveram nos dias do Antigo Testamento,
quanto para os que têm vivido na presente
dispensação da graça. Lembremos que o véu do
templo foi rasgado (Mt 27.51) indicando a terminação de uma aliança, de um ministério,
cuja forma de culto tinha por base os serviços do
tabernáculo, e posteriormente, do templo, dando lugar ao início de um novo ministério de
muito maior glória (II Cor 3.3-11), e baseado em
superiores promessas (Hb 8.6,7).
Entretanto, podemos aprender muito acerca do culto que devemos prestar ao Senhor, através
dos princípios que estão revelados no
tabernáculo e no ofício dos sacerdotes. O
tabernáculo fala assim em figura tanto a respeito de Jesus, quanto do seu corpo, que é a
igreja. Os sacerdotes deveriam ministrar em
santidade no tabernáculo terrestre. Jesus é o
sacerdote perfeito e santo que intercede continuamente por nós à direita do Pai. De igual
modo, todos os crentes devem servir ao Senhor
em santidade de vida.
No Lugar Santo do tabernáculo havia três objetos de ouro: um altar para queima de
incenso; um candelabro de sete hastes e uma
mesa para os pães. As sete lâmpadas do
candelabro deviam ser alimentadas com azeite, e serem acesas à tarde, e apagadas pela manhã
(Êx 30.8; I Sam 3.3), e isto todos os dias. Isto além
de indicar que Jesus é a luz, ensina-nos que
51
sendo também nós luz no Senhor, devemos
andar na Sua luz todos os dias, e devemos andar
também como filhos da luz, mantendo a chama
do Espírito Santo acesa em nossas vidas, enchendo-nos diariamente da Sua presença, o
que está representado pelo azeite com o qual
eram acesas as lâmpadas. O incenso devia ser queimado à tarde e de manhã, diariamente,
quando se acendia e se apagava as lâmpadas do
candelabro (Êx 30.8). As orações dos santos são
apresentadas continuamente, no altar que existe no tabernáculo celestial (Apo 8.3,4), e
mais do que as orações dos santos, isto
representa a própria intercessão ininterrupta
de Cristo em favor de sua igreja, como sumo
sacerdote à direita do Pai.
Na mesa eram colocados doze pães em duas
fileiras de seis, sendo trocados todos os sábados
(Lev 24.5-9). Eles representavam que Jesus é o
pão da vida do qual devemos nos alimentar.
No Santo dos Santos estava a arca com o
propiciatório (tampa), tudo em ouro, com os
dois querubins alados, um em cada extremidade, com suas asas estendidas sobre o
propiciatório. No seu interior estavam
guardados: as duas tábuas com os dez
mandamentos, um pote de maná e a vara de Arão que havia florescido e dado amêndoas.
Ao lado da arca era guardado o livro da lei (o
Pentateuco). A arca era de madeira de acácia,
52
revestida de ouro por dentro e por fora. Isto
indicava tanto a humanidade (madeira), quanto
a divindade (ouro) de Jesus. Ensina também em
figura que o seu povo deve ser puro assim como Ele é puro e refletir a sua glória tanto interna,
quanto externamente (o que era simbolizado
pelo ouro).
Um grosso véu separava o Lugar Santo, do
cômodo mais interior, o Santo dos Santos, e somente o sumo-sacerdote podia entrar no
Lugar Santíssimo, como também era chamado,
uma única vez por ano, para fazer expiação por
si e por todo o povo, aspergindo o sangue de
animais sobre o propiciatório.
Este véu foi rasgado de alto a baixo, quando Jesus
morreu na cruz, indicando que a morte do
Senhor é o único caminho que permite ao
pecador achegar-se à presença de Deus.
Tudo o que havia no Santo dos Santos ensinava
em figura que a entrada na presença do Senhor exige reverência, com um coração sincero, em
plena certeza de fé, e os corações purificados de
má consciência e tendo o corpo santificado de qualquer impureza da carne, assim como nos
ensina a Palavra de Deus na epístola aos
Hebreus (10.1-22).
Através do tabernáculo o Senhor visava ensinar
ao seu povo que Ele é santo, e os seus servos
53
devem também ser como Ele é. O conceito
de santidade inclui a ideia de pureza absoluta.
Este estado não pode ser produzido pelo
homem, e por isso o Senhor declara que é Ele mesmo que nos santifica e é a sua operação na
nossa vida que nos vai santificando mais e mais.
A santificação é um longo processo que dura toda a vida e consiste no despojamento das
obras da carne e do revestimento das virtudes
de Cristo, para que sejamos úteis e operosos no
serviço de Deus.
Como o pecado entristece o coração de Deus,
era exigido do ofertante que apresentasse um
animal para ser sacrificado para cobertura do
seu pecado, e que afligisse sua alma, isto é, que também sentisse tristeza e arrependimento
pela falta cometida.
Uma vez tratado o problema do pecado (ainda que em figura, e para purificação da
consciência), deveria ofertar também um
holocausto e uma oferta pacífica.
O holocausto representava a consagração a Deus daquele que teve o pecado perdoado, pela
apresentação anterior da oferta pelo pecado.
Ninguém estava dispensado de apresentar tal
oferta, e mesmo em caso de pobreza que não permitisse a compra de um cordeiro ou cabrito
(Lev 5.6), deveria ser oferecido um par de rolas
ou de pombos (Lev 5.7), e caso a pobreza fosse
54
extrema, deveria oferecer a décima parte de um
efa de farinha (Lev 5.11).
Ninguém em pecado pode consagrar-se ao Senhor. E muito menos ter comunhão com Ele,
o que era representado pela oferta pacífica, que
deveria ser apresentada depois do holocausto,
da qual o ofertante podia comer partes da oferta,
alegre e juntamente com familiares e amigos.
Ao instituir a Nova Aliança, Jesus revogou as
prescrições cerimoniais da lei. Eram inúmeras
as situações em que uma pessoa era considerada imunda, sendo impedida de entrar
no santuário, como
por exemplo, quem tinha fluxo, lepra,
quem tivesse tocado em algum cadáver, ou tocado ou se alimentado de algum animal
imundo, e permanecia em tal condição de
acordo com os diversos períodos fixados pela lei.
Deus, que tudo sabe, preanunciou a Moisés que
Israel se afastaria tanto da Sua presença, por
causa do pecado, que seria levado em cativeiro
para outras nações, saindo portanto da terra prometida, mas, caso confessassem a sua
iniquidade, que cometeram contra o
Senhor, Ele se lembraria deles no seu estado
de humilhação a que foram sujeitos pelo castigo da Aliança, mas, Ele também se lembraria da
aliança que havia feito com Abraão, Isaque e
Jacó de ser para sempre o Deus de Israel, e
55
abençoaria aqueles que se arrependessem (Lev
26.44,45).
Quão grandioso é o Senhor e a Sua misericórdia.
Em quem confiaremos ? Em Sua promessa ou na
acusação de Satanás ?
Se o crente cai no pecado, deve voltar-se para o
Senhor que é rico em perdoar. É na promessa que Ele fez a Abraão de que nos abençoaria por
sermos de Jesus, é que devemos confiar, e não
nas acusações da nossa consciência ou do diabo.
Se algum crente tem andado em território do
Inimigo, deve buscar lugar de arrependimento
diante do Senhor lamentando as suas faltas, pois assim como Ele procedeu em relação a Israel,
muito mais procederá em relação a nós, que nos
temos aliançado com Ele através de Jesus (Tg
4.7-10).
Toda uma geração de israelitas foi impedida de
entrar em Canaã por causa da incredulidade. Dos doze espias apenas Josué e Calebe foram
poupados por Deus e receberam herança na
terra, porque apesar das dificuldades creram na
promessa do Senhor e não foram rebeldes contra Ele como os demais. Não podemos nos
deixar intimidar pelas ameaças do inimigo de
nossas almas. Devemos olhar para o Senhor e
56
prosseguir adiante, assim como fizeram Josué e
Calebe.
Mesmo mantendo sob juízo aqueles que não creram nEle, o Senhor nem por isso deixou de
ser bondoso para com a nação de Israel, por
amor à promessa que fizera aos patriarcas de ser
o Deus de Israel. A sandália e a roupa deles não se gastou enquanto peregrinaram no deserto.
Nenhum juízo teria vindo sobre eles se tivessem
andado em obediência, e caso se
arrependessem dos seus pecados.
Entretanto, ainda que aqueles que se
arrependessem pudessem retornar à
comunhão com o Senhor, dependendo da falta
que praticassem, teriam que dar contas da mesma em juízo, perante as autoridades de
Israel, já que se encontravam debaixo da Antiga
Aliança, que prescrevia a pena do olho por olho, dente por dente, como retribuição legal das
ofensas cometidas contra o próximo (Êx 21.24; Lv
24.20; Dt 19.21).
Ao instituir a Nova Aliança no Seu sangue, Jesus excluiu tal penalidade da Aliança (Mt 5.38),
retirando da esfera do poder eclesiástico (da
igreja) a autoridade para o julgamento de
questões civis, passando esta para a esfera do governo civil de cada nação, que tem liberdade
para legislar sobre o assunto. E ordenou à igreja,
o princípio de não fazer justiça pelas próprias
57
mãos, de estar pronta para suportar injustiças,
sem guardar rancor (Mt 5.39-42).
Jesus modificou outros preceitos da Antiga
Aliança, além do citado, os quais foram
substituídos por novos preceitos, conforme podemos observar no capítulo quinto do
evangelho de Mateus.
Não podemos esquecer que muitos preceitos da
Antiga Aliança foram dados como normas para
regular as relações da sociedade civil da nação de Israel. Eram, por assim dizer, a Constituição
daquele país.
Como a Antiga Aliança foi feita exclusivamente
com aquela nação, e a Nova Aliança a partir de
Jesus, que a substituiu, é estabelecida com
pessoas de todas as nações, assim como Deus havia prometido a Abraão, que em Seu
descendente (Cristo) seriam abençoadas todas
as nações do mundo, então, seria de se esperar
que tal Constituição fosse alterada, inclusive
para Israel.
Sempre houve, em todas as nações, mesmo em
Israel, aqueles que são de Deus e aqueles que
não Lhe pertencem. Os que amam ao Senhor
importam-se em cumprir Seus mandamentos e fazer Sua vontade. Isto já não ocorrerá jamais
com os que não O amam. Por isso, já era de se
esperar que numa Aliança feita com todas as
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pessoas de uma nação, como era o caso da
Antiga, que foi celebrada no Sinai pela mediação
de Moisés, quando o povo saiu do Egito, que a
maioria deles a violasse, como de fato ocorreu em todas as gerações de Israel (Jer 11.1-17;
31.31,32). Pois, mais são os que se perdem do que
os que se salvam. São poucos os que dão com a
porta estreita da salvação e entram por ela.
É incorreto julgar que a aliança era quebrada ou
violada, quando alguém transgredia qualquer
mandamento da lei. É bom lembrar que Deus havia feito provisão de meios para o perdão e
restauração do transgressor arrependido,
especialmente nos ofícios do tabernáculo. Qual
foi a resposta que Deus deu à oração de Salomão, consagratória do templo de Jerusalém, quando
este conclamou ao Senhor para ser
misericordioso com as faltas do povo de Israel,
quando entrassem no templo, ou orassem voltados para ele ? Não está em II Crôn 7.14 ? O
perdão era também um mandamento da Lei. A
restauração do pecador arrependido era
também um dos seus preceitos.
Deus não age portanto em relação àqueles que O
temem de modo frio e legalista, quando estes
transgridem a Sua Lei, já que contempla o que está nos seus corações. Se ali vislumbra uma
tênue tristeza pelo pecado, e uma pequena
fagulha de arrependimento, move-se de íntima
59
compaixão e assiste e restaura o faltoso pela Sua
graça.
A Bíblia está repleta de exemplos que confirmam esta verdade. Até os assírios da
cidade de Nínive foram perdoados nos dias de
Jonas, porque se arrependeram de seus
pecados. O rei Manassés, que agiu tão perversamente em Judá, foi também perdoado,
quando se humilhou perante o Senhor, quando
ouviu o pesado juízo que lhe estava reservado
caso não se arrependesse.
As maldições previstas na Lei contra a
infidelidade de Israel, na Antiga Aliança, eram
terríveis, mas não poderiam ser de outro modo,
porque Deus lidaria em quase todo o tempo com pessoas ímpias, transgressoras voluntárias da
Sua vontade, e que tinham prazer nisso. Não se
promulgam tais leis senão para malfeitores (I Tim 1.8-11). Para estes a lei é terrível e pesada.
Mas, ela é boa para aqueles que se utilizam dela
de modo legítimo, isto é, para aqueles que
temem ao Senhor, porque estes, são
beneficiados pela Sua misericórdia.
A falta de fé impediu toda uma geração de
israelitas de entrar em Canaã. Deus já havia
suportado com paciência muitas murmurações deles, e até mesmo quando fizeram o bezerro de
ouro, não lhes sentenciou que toda a nação
deixaria de entrar na terra. Mas, quando lhe
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voltaram as costas desejando voltar para o Egito,
aí então receberam a sentença de que não
entrariam na terra prometida (Núm 14.1-38). Isto
ensina em figura, que a entrada na Canaã celestial não é por obras ou pelos méritos dos
homens, mas pela fé em Jesus. Todo o que nEle
crê e persevera na fé, confiando em Deus, tem a
sua entrada no céu garantida e assegurada.
Moisés organizou o povo, e designou a ordem
das tribos ao redor do tabernáculo, três de cada
um dos quatro lados. Isto ensinava que o nosso Deus é o centro da vida do Seu povo, e ninguém
mais. Ao mesmo tempo ensina-nos que Ele
exige ordem e decência na Sua presença. Esta
ordem ao redor do tabernáculo seria desfeita quando eles conquistassem Canaã com Josué,
pois cada tribo ocuparia o território que lhe foi
designado, exceto a tribo de Levi, que foi
separada pelo Senhor para o serviço do santuário e para ensinar a Lei em todo o
território de Israel.
O tabernáculo permaneceu em Silo até os dias de Davi, quando foi transferido para Jerusalém,
que havia sido conquistada por Davi, dos
jebuseus.
As batalhas contra as nações pagãs de Canaã, evidenciavam que os israelitas obtinham
vitórias quando obedeciam ao Senhor e
marchavam com fé em Suas promessas. Mas
61
eram vencidos quando lhe eram desobedientes.
O Senhor mesmo lhes havia advertido através
da Lei que isto sempre ocorreria: vitória sobre os
inimigos quando guardassem a aliança cumprindo os mandamentos do Senhor, e o
contrário, em caso de desobediência.
Isto sempre ocorreu em relação a Israel
enquanto vigorou a Antiga Aliança, nos seus
quase mil e quinhentos anos, de Moisés a Jesus.
O livro de Josúe narra a conquista e a distribuição da terra de Canaã pelas tribos de
Israel.
Jericó era uma cidade de guerreiros e
fortificada, com muralhas tão largas que havia
até residências sobre elas, como a da prostituta
Raabe, que havia acolhido os espias que foram enviados por Josué. Mas as suas muralhas
ruíram pelo poder do Senhor enquanto o povo
rodeava a cidade e louvava o Seu nome.
Entretanto, uma cidade muito menor em
importância, chamada Ai, venceu os israelitas, por causa da desobediência de um único
homem chamado Acã, que transgrediu a
vontade do Senhor, que havia ordenado que
nada do despojo da cidade de Jericó deveria ser tomado pelos israelitas. Acã e tudo quanto
possuía foram apedrejados até a morte, sendo
queimados a fogo posteriormente. Enquanto
62
vivia Moisés, a terra havia se rompido e engolido
a Datã, Coré e Abirão, que haviam contestado o
governo de Moisés sobre Israel, e
principalmente o sacerdócio de Arão. O argumento deles parecia até razoável: Ora, se
toda a nação era abençoada, e todos eram
servos do Senhor, porque Moisés e Arão teriam a primazia na liderança da nação ? Estavam
esquecidos que Israel não era uma democracia,
mas uma teocracia. Deus mesmo havia
escolhido Moisés e Arão, e ponto final. Rejeitá-
los era o mesmo que rejeitar o Senhor.
Era como afirmar indiretamente que Ele havia
errado na escolha que havia feito.
Eles erraram ao incitar o povo contra Moisés e Arão. Foi nesta ocasião que o Senhor confirmou
o sacerdócio de Arão trazendo uma peste sobre
o povo que só cessou quando Arão intercedeu
em favor deles usando o seu incensário. Fogo saiu da parte do Senhor e consumiu os
revoltosos, juntamente com outros duzentos e
cinquenta príncipes de Israel, que lhes haviam
seguido na tentativa de conspiração.
Para dissipar qualquer dúvida sobre a Sua
vontade em relação a Arão ordenou que fossem colocadas varas diante da arca representando
cada tribo de Israel, sendo que o nome de Arão
deveria ser registrado na vara de Levi, tribo à
63
qual pertencia. De todas as varas somente a de
Arão floresceu e dava amêndoas.
Estes acontecimentos produziram um grande e
saudável temor na geração que conquistaria
Canaã com Josué.
Acã ficou sendo um nome equivalente a perturbação. E o lugar onde foi apedrejado ficou
sendo conhecido por vale de Acor, que significa
perturbação grave e em excesso (Js 7.24,26, Is
65.10).
Mas, como o tempo se encarrega de tudo apagar
em nossa memória (daí a importância de estarmos sempre lendo a Bíblia para nada
esquecermos) tais incidentes foram esquecidos
ou não receberam a devida atenção das
gerações posteriores, ao ponto de terem ocorrido sucessivas opressões de povos
inimigos no período narrado no livro de Juízes, e
que durou cerca de trezentos anos.
Os israelitas transgrediam os mandamentos,
idolatravam, então eram subjugados pelas nações inimigas até quando, não suportando
mais a opressão, clamavam ao Senhor por
livramento, então Ele levantava um juiz (como
Gideão e Sansão por exemplo), que os livravam. Experimentando a bênção da liberdade, com o
passar dos anos, especialmente a geração
subsequente voltava a pecar, e aí o ciclo citado
64
se repetia. Isto durou até o Senhor levantar o
profeta Samuel, que era reconhecido como
homem de Deus por todas as tribos de Israel.
Samuel era extremamente fiel à Palavra do Senhor e tinha grande intimidade com Ele.
Fundou uma escola de profetas para
aprendizado da Palavra e sua disseminação por
Israel.
Conclamou o povo a abandonar a idolatria e
voltar-se para o Senhor.
Tendo realizado uma profunda reforma na vida
religiosa da nação.
A este tempo o povo pediu um rei como o
tinham todas as demais nações.
Deus lhes levantou Saul, que era um rei
segundo o coração do povo, isto é, segundo
aquilo que eles tinham em mente do padrão ideal para um rei. Mas, como contemporâneo de
Saul já vivia um jovem, segundo o coração de
Deus, apesar de sua aparência comum, ser
franzino e um pastor de ovelhas. O povo se antecipou pedindo um rei, pois o Senhor
já estava preparando Davi para tal propósito.
Houve guerra entre os seguidores de Saul,
depois de sua morte, e os homens de Davi, para
que este pudesse assumir o trono. Tudo isto
65
poderia ter sido evitado se o povo soubesse
esperar o tempo de Deus.
Davi assumiu o trono cerca de mil anos antes de
Cristo, e fez de Jerusalém a capital do reino. Com
isto, deu início ao cumprimento da bênção
profética de Jacó acerca do seu filho Judá, registrada no livro de Gênesis, cerca de
novecentos anos antes, pois afirmou que o cetro
jamais se arredaria de Judá (Gên 49.10).
Ora, esta profecia terá o seu cumprimento final
em Jesus, que é descendente de Davi, que era
também da cidade de Belém de Judá (II Sm 7.16).
O rei eterno de Jerusalém será Jesus, de quem o
reinado de Davi foi tipo.
A humildade, a obediência de Davi, e
especialmente a sua dependência de Deus são além de inspiradoras, um bom exemplo para ser
seguido principalmente por aqueles que têm
sido chamados por Deus para serem líderes na
igreja.
As vitórias sobre os inimigos eram obtidas
porque Ele orava e reconhecia que o Senhor era quem dava a vitória a Israel sobre as nações
inimigas.
Ele era homem de oração e de louvor, como
podemos verificar nos Salmos, que são na quase
totalidade, de sua autoria. Seu fervor de espírito
66
foi revelado quando dançou com todas as suas
forças diante do Senhor, quando trouxe a arca
para Jerusalém (II Sm 6.14).
Quando se descuidou da vigilância espiritual e
caiu no pecado de adultério com Bate-Seba, veio
a arrepender-se profundamente, mais tarde.
Quando fez o censo de Israel sem consultar a vontade do Senhor a respeito, e quando um anjo
enviado por Ele já havia dizimado a população
de Jerusalém e se preparava para destruir a
cidade, Davi se humilhou na presença do Senhor, e com isto foi ordenado ao anjo que
tornasse a colocar a sua espada na bainha.
Este pecado poderia ser perdoado em qualquer outro, mas não em Davi, que estava se deixando
mover na ocasião muito mais por interesses
políticos do que pelos relativos ao reino de Deus.
Ele queria ter a exata noção do tamanho do exército que estava a seu serviço, pensando
possivelmente em executar um plano de
domínio sobre todas as nações. No entanto, a
praga que veio sobre a população dizimou certamente a muitos do exército de Israel. Era
Deus quem dava a vitória sobre os inimigos e
não o poderio militar da nação. Davi estava se
esquecendo disso, mas o castigo do Senhor trouxe-o de volta à visão da fé, de modo a não
mais esquecer a quem de fato pertence o
poder.O reinado de Davi foi levantado pelo
67
Senhor para ser tipo do reinado de Jesus, e por
isso dissemos que o seu pecado poderia ter sido
perdoado na pessoa de um outro rei. Afinal,
muito se pede a quem muito é dado.
Não foi este o mesmo caso que se deu com Moisés quando foi impedido de entrar na
terra de Canaã pelo Senhor, em razão da
contenda das águas de Meribá ? Ele bateu na
rocha em vez de falar à mesma. Indagou ao povo, se porventura o Senhor daria água a pessoas
rebeldes como eles. No entanto, Ele havia dito a
Moisés que daria água ao povo, como de fato
deu, independente das circunstâncias que
estavam ocorrendo.
Moisés era tipo de Jesus como profeta (Dt 18.15),
e por isso dizemos que este seu pecado poderia
ter sido relevado em um outro qualquer, mas
não nele.
Por isso a igreja de Cristo deve orar muito em
favor daqueles que são investidos pelo Senhor em posições de liderança, especialmente pelos
pastores, pois estão expostos a um maior juízo
em relação ao pecado.
Davi desde pequenino enfrentou várias
tribulações com firmeza de fé no Senhor, como a vitória que Deus lhe deu por causa da sua fé,
sobre o gigante Golias. Mas, foi exatamente por
isso que o seu nome é lembrado e reverenciado
68
pelos israelitas até os dias de hoje. E sua vida é
uma inspiração para a igreja de Cristo, porque
nos revela que Deus de fato exalta àquele que se
humilha, e que aperfeiçoa o caráter dos seus
filhos por meio de muitas provações.
Deste modo, todos os reis que viveram em
obediência ao Senhor e não se importaram em serem populares agradando a homens, não
somente foram abençoados como abençoaram
a nação.
E por outro lado, aqueles que consentiram em manter os altares espalhados pela nação para
adoração de outros deuses, e que não
governaram pela Palavra do Senhor, foram mal
sucedidos, como também sujeitaram a nação aos juízos de Deus, que culminariam com a
expulsão dos israelitas do seu território, sendo
espalhados pelas nações, através dos cativeiros assírio e babilônico. Tudo isto está registrado
nos livros dos Reis e de Crônicas.
A nação de Israel, através dos juízos que recebeu
da parte de Deus em razão do pecado, tendo sido até expulsa da terra prometida, tornou-se
exemplo para a igreja de Cristo, no sentido de
nos ensinar que o pecado é o que pode
efetivamente afastar-nos da presença de Deus, e que devemos zelar para não viver pecando, pois
fomos libertados da escravidão do pecado, por
meio da morte de Cristo, tendo sido batizados na
69
Sua própria morte, para que a Sua vida
ressurreta seja a nova vida na qual devemos
viver, pois somente ela pode garantir a vitória
sobre o pecado que tão de perto nos assedia por
todos os dias da nossa vida (Rom 6).
Salomão recebeu sabedoria e riqueza como
nenhum outro homem teve antes dele ou terá
depois, conforme lhe fora prometido pelo
Senhor.
A prova da sabedoria que recebeu está nos livros de Eclesiastes e Cantares, que são de sua
autoria, e na maioria das citações do livro de
Provérbios que são também de sua autoria. Mas,
a sua riqueza acabou ofuscando a sua sabedoria, uma vez que chegou a perder o temor do
Senhor, vindo a permitir que em Israel fossem
erigidos altares a divindades de outras nações,
por atender ao pedido de suas esposas, com as quais casou para estabelecer alianças políticas e
estender as fronteiras e o domínio do seu reino.
Por isso Jesus afirma que não podemos servir a
Deus e ao dinheiro. E o Espírito Santo nos
adverte através do apóstolo Paulo que o amor do
dinheiro é a raiz de todos os males (I Tim 6.9,10).
Quando o que nos move na obra do Senhor já não são exclusivamente os interesses do reino
de Deus, mas o alvo de ter sucesso ou dinheiro,
poderemos até a vir a nos desviar da fé, como
70
ocorreu com Salomão, que havia, dantes, sido
poderosamente usado pelo Senhor.
Em razão da idolatria de Salomão, o reino que
era um só para todas as tribos, daí ser chamado
de Reino Unido (Saul, Davi e Salomão), foi
dividido por Deus em dois segmentos: dez tribos ao norte, que passaram a ter sua capital em
Samaria, a partir do rei Onri, que foram
designadas como Israel ou Reino do Norte; e a tribo de Judá, ao Sul, onde estava o templo em
Jerusalém, chamada de Reino do Sul ou Judá, em
que se perpetuaria no trono a descendência de
Davi até ao tempo do cativeiro babilônico.
Ambos os reinos foram para o cativeiro por
terem transgredido a aliança e especialmente em razão da idolatria que foi introduzida como
religião oficial do Reino do Norte com o seu
primeiro rei, chamado Jeroboão I, que
estabeleceu o culto ao bezerro, tendo feito dois bezerros de ouro, colocando um em Dã e outro
em Betel, movido pelo interesse político de
manter os israelitas no seu próprio território,
evitando que fossem adorar a Deus no templo
que ficava no Reino do Sul.
A idolatria se expandiu muito em Israel a partir dos dias do rei Acabe, que começou a reinar em
874 a.C. Para protestar contra tal avanço do culto
a Baal, Deus levantou os profetas Elias e Eliseu
71
para principalmente convencer àquela geração
que somente Ele é Deus e não Baal.
A fidelidade de Davi devia ter sido esquecida pois quando Acabe começou a reinar Ele
já havia morrido há cerca de cem anos.
Israel foi levado em cativeiro pela Assíria em 722 a.C., e Judá para Babilônia, em 586 a.C. Estas são
as datas das levas finais de cativos.
A maior parte dos profetas escritores, com exceção de Ageu, Zacarias e Malaquias, realizou
o seu ministério durante o período do Reino
Dividido (931 a.C. a 586 a.C.). Alguns no Reino do
Sul, e outros no Reino do Norte, ou em ambos. (Consulte sua tabela cronológica para obter
maiores informações sobre isto).
Enquanto o Senhor protestava através deles contra o pecado de Israel ou de Judá, e das
nações dos seus dias, revelava-lhes também
visões referentes ao ministério de Jesus e do
tempo do fim. Ao mesmo tempo que repreendia a infidelidade da nação pelo ministério dos
profetas, o Senhor lhes infundia esperança
pelas promessas de restauração futura, de modo
que isto lhes serviria de consolação durante o período que permaneceriam no cativeiro, de
forma a saberem que não haviam sido
abandonados definitivamente por Ele, mesmo
72
em face de estarem sendo submetidos à
disciplina da aliança.
Lembre-se que era a Antiga Aliança que ainda
estava em vigor. Esta só seria substituída pela
Nova a partir da morte de Jesus.
O templo de Jerusalém, que havia sido construído por Salomão, foi destruído pelos
babilônios, quando Judá foi levado para o
cativeiro.
Mas quando os babilônios foram vencidos pelos
medo-persas, estes decretaram o retorno dos
judeus para a sua própria terra, sendo iniciadas imediatamente as obras de reconstrução do
templo em 536 a.C. Mas, por oposição dos
samaritanos estas foram paralisadas, e isto
permaneceu até 520 a.C., quando foram reiniciadas, tendo Deus levantado os profetas
Ageu e Zacarias para animar e incentivar o povo
na reconstrução, tendo o templo sido concluído
em 516 a.C.
Era bem mais humilde, comparado ao templo de Salomão, tendo sido ampliado pelo rei Herodes,
próximo dos dias de Jesus, passando a ter o
esplendor que encantou todo o mundo de então,
pois Herodes, sendo Idumeu, querendo agradar politicamente os judeus, começou tal
remodelação do templo. Voltemos a 516 a.C. O
templo fora reconstruído, mas os muros de
73
Jerusalém permaneciam destruídos, e o
renovado interesse pela Palavra de Deus, que
havia surgido no retorno à Palestina, tendo os
judeus sido convencidos que o motivo do cativeiro foi a idolatria dos seus antepassados,
necessitava ser reforçado.
Para tanto, o Senhor moveu o coração de Esdras
para lhes ensinar a Palavra e preparar homens para o mesmo propósito, tendo daí surgido os
escribas, que faziam cópias das Escrituras e as
interpretavam para o povo. Este veio para
Jerusalém em 458 a.C.
Outro que foi movido pelo Senhor na mesma época foi Neemias, que veio para governar a
cidade e reconstruir os seus muros, por volta
de 444 a.C.
Como o pecado tão de perto assedia o homem,
mesmo com toda a ação de Esdras, Neemias e dos profetas Ageu e Zacarias, o povo voltaria a
se afastar do Senhor, e por isso Malaquias foi
levantado como o último profeta deste chamado
Período da Restauração, para protestar contra a
infidelidade do povo.
Pertence também a tal período a narrativa do
livro de Ester que revela como os judeus foram
livrados do extermínio que havia sido planejado
pelo general persa Hamã.
74
O Período Interbíblico
Desde Malaquias nenhum profeta foi levantado
por Deus em Israel, por cerca de quatrocentos anos, até que viesse João Batista como precursor
de Jesus, conforme havia sido predito pelo
Espírito através do profeta Isaías. João é o último
profeta da Antiga Aliança que veio revelar Aquele que seria o Mediador da Nova Aliança.
Mas como precursor de Jesus ele pregou o
evangelho, pelo arrependimento e fé em Jesus
para a remissão dos pecados.
Nestes quatrocentos anos entre Malaquias e
João Batista, Deus estava preparando o mundo para que Jesus viesse e o evangelho pudesse ser
espalhado por todas as nações da terra, dando
assim, cumprimento à promessa feita a Abraão, que era também uma revelação do Seu
propósito eterno de fazer convergir todas as
coisas em Jesus Cristo.
No Período Interbíblico, como são conhecidos
os quatrocentos anos em que nenhum profeta
se levantou em Israel, os dois reinos que preparariam o caminho para a pregação do
evangelho foram os impérios grego e romano. O
primeiro dando a língua grega ao mundo, na
qual foi escrito o evangelho, e que também por ordem de Alexandre, o Grande, o Velho
Testamento foi vertido para o grego em
Alexandria, depois da sua morte, formando a
75
versão chamada Septuaginta; tudo isto já
estava determinado por Deus para disseminar a
Sua Palavra em todo o mundo, pois estavam se
aproximando os dias em que a Antiga Aliança
seria substituída pela Nova.
Os romanos teriam também grande
importância criando estradas ligando todo o mundo conhecido de então para que por elas
passassem suas legiões de soldados. Jesus viria
portanto na plenitude dos tempos, quando as
condições facilitassem a propagação do evangelho no mundo. Vale lembrar também
que os cativeiros que espalharam os israelitas
pelo mundo fez com que estes formassem
sinagogas por toda a parte para cultuarem a Deus, tendo o evangelho sido pregado nas
mesmas, e ao povo gentio, que através delas
havia tomado conhecimento da lei do Deus de
Israel.
Os escribas que se levantaram nas gerações
posteriores aos escribas dos dias de Esdras, que
eram sinceros e tementes a Deus e que
interpretavam fielmente a Sua Palavra, não foram, em sua maioria movidos pelos mesmos
sentimentos que havia nos primeiros escribas, e
começaram a acrescentar ensinamentos em
suas interpretações que eram totalmente estranhos à verdade revelada. Por exemplo,
eles ensinavam que o próximo deveria ser
amado, mas os inimigos odiados. Nada há na lei
76
de Moisés, nos livros históricos e poéticos e nos
profetas, qualquer afirmação para se odiar os
inimigos. Por isso Jesus corrigiu tal ensino no
sermão do monte, pregando o dever de se amar
os inimigos e não odiá-los.
Além dos escribas, surgiu no Período
Interbíblico uma seita formada por religiosos que incorreram no mesmo erro legalista dos
escribas. Estes se consideravam os santos de
Israel, os separados, como designava o seu
nome: os fariseus. Na verdade eram homens de grande ambição, pois o seu real desejo não era
servir ao Senhor, mas ter influência no Sinédrio,
que era o tribunal que tinha poder sobre todos
os judeus, mesmo os espalhados pelo mundo, no tocante às questões religiosas. As civis e
políticas eram da competência dos romanos,
aos quais estava sujeita a nação. Os reis de Israel
eram escolhidos por eles, como os Herodes, que
sequer eram judeus.
Não passavam de representantes do poder
romano, que designavam procuradores e cônsules para todas as províncias sob o seu
domínio. A estes cabia verificar se os interesses
do império romano estavam sendo observados
pelas nações subjugadas.
Os romanos não se intrometiam nas questões
religiosas, mas regiam as nações com mãos de
ferro, no que tangia às questões civis. O Sinédrio
77
era presidido pelos sacerdotes de Israel,
assistidos pelos fariseus e também por outro
grupo, os saduceus, cuja influência se fazia mais
presente no templo, e que eram movidos mais pelo interesse político do que pelo religioso. Daí
o grande comércio que era feito nas instalações
do templo, que Jesus condenou
veementemente.
Ele confrontou também a visão carnal que os judeus passaram a ter do reino de Deus, tanto os
líderes religiosos quanto o povo em geral.
Haviam perdido a fé, e com ela a justiça, o
amor e a misericórdia. Davam mais importância
ao ritualismo que haviam elaborado para a guarda do sábado, do que ao próprio homem. O
sábado foi estabelecido como dia de descanso
para o homem, como indicava a própria palavra
“Sabath”, e não o homem para o sábado.
Jejuavam para parecerem espirituais aos
homens, e não para intensificarem a comunhão
com Deus.
O sistema religioso que haviam elaborado
depois de Esdras, durante os quatrocentos anos
do Período Interbíblico, havia desfigurado de tal
forma a verdade da Palavra de Deus, que Jesus afirmou que eles a invalidaram substituindo-a
por mandamentos de homens, que haviam
desenvolvido ao longo dos anos através da
78
tradição rabínica, que formou o sistema que até
hoje é conhecido como judaísmo.
O judaísmo é portanto uma invenção dos
homens. Não é sequer a prática da Antiga
Aliança conforme fora dada por Deus a Moisés.
O legalismo do judaísmo não estava fundado
portanto na Palavra do Senhor, mas na tradição
rabínica.
O Senhor havia declarado aos líderes de Israel,
nos dias do Seu ministério terreno, que eles erravam por não conhecerem as Escrituras e o
poder de Deus. Mas importava que aquela
geração não reconhecesse o Senhor, como a
respeito deles estava escrito, para que sendo rejeitado pelos judeus, pudesse o evangelho ser
oferecido aos gentios.
“De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos, e de nenhum
modo entendereis; vereis com os olhos e de
nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado
ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os
seus olhos; para não suceder que vejam com os
olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim
curados.” (Mt 13.14,15).
79
O Período do Novo Testamento
Mas para o povo que andava nas trevas, brilhou
a luz de Jesus, conforme havia sido
preanunciado pelo profeta Isaías.
Jesus deu de novo à Palavra de Deus o seu devido
lugar.
Mais do que dar o devido lugar à Palavra, Ele é o cumprimento de todo o propósito fixado pela
Trindade Divina antes mesmo da fundação do
mundo. O Pacto feito entre o Pai, o Filho e o
Espírito Santo de ter muitos filhos semelhantes a Cristo, provendo-se destes entre pecadores
que descenderiam do primeiro casal criado, e
que seriam tão numerosos, que não seria
possível contá-los, é firmado (o Pacto) e selado com o sangue de Jesus e com tudo o que Ele
realizou em relação à humanidade.
É com base no Seu sacrifício eterno e todo
suficiente que os pecadores são chamados por
Deus para serem justificados, regenerados,
santificados e glorificados, recebendo assim, vida eterna, filiação e aceitação plena por Deus
em Sua família, herança eterna juntamente com
Cristo e participação na glória divina no porvir,
por toda a eternidade. Já não podem mais ser condenados e separados do Seu amor em razão
da sua união vital com Cristo, sendo integrantes
do Seu corpo, e pedras vivas do edifício de Deus.
80
Ali são colocados para nunca mais serem
retirados.
Além disso, é por meio de Cristo que os
principados e potestades são julgados e
condenados. Lembram que estudamos isso
anteriormente, desde a promessa feita no Gênesis de que Ele esmagaria a cabeça da
serpente, e que abençoaria todas as nações da
terra ?
Jesus triunfou sobre Satanás e seus demônios,
na cruz, expondo-os publicamente ao desprezo
(Col 2.15).
Se o argumento do diabo para manter as almas
cativas era o de que Deus não seria justo em
livrar de suas mãos aqueles que não eram livres, por serem escravos do pecado, agora já não mais
poderia sustentar sua acusação contra os eleitos
do Senhor porque eles foram livres de tal
escravidão pela sua associação com Ele, em Sua morte na cruz. Estando livre do pecado, o crente
está consequentemente livre da escravidão ao
diabo.
Estando agora não mais na defensiva, mas na
ofensiva, pois o poder de Jesus sobre todo o
império de Satanás, é agora também dado por
Ele aos que libertou pelo Seu sangue.
81
Por isso, quando estava se aproximando o
momento de Jesus morrer na cruz, Ele disse aos
discípulos o seguinte: “Chegou o momento de
ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe
será expulso.” (Jo 12.31).
E quando se referiu ao ministério do Espírito
Santo no mundo, afirmou que Ele daria o
convencimento aos crentes de que Satanás já
estava julgado (Jo 16.11).
“do juízo, porque o príncipe deste mundo já está
julgado.” (Jo 16.11).
Em seu ministério terreno Jesus comprovou
que de fato era Sua a autoridade sobre toda a
força do inimigo, quando expulsou milhares de demônios de um incontável número de pessoas,
e aos seus discípulos dera o mesmo poder.
“Então regressaram os setenta, possuídos de
alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios
se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via a Satanás caindo do céu como um
relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para
pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o
poder do inimigo, e nada absolutamente vos
causará dano.” (Lc 10.17,18).
A força do inimigo só pode ser vencida
por Aquele que é mais forte
do que Ele, e que conferiu aos Seus servos
82
todo o poder legal e espiritual para também
fazê-lo.
O reino de Deus prometido, isto é, o Seu
governo sobre tudo o que há nos céus e na terra,
começava a ser estabelecido através de Jesus, conforme fora preanunciado aos profetas. O
reino que jamais acabará, e que submeterá
todos os reinos do mundo, começava a Sua obra com Jesus e avançaria com a igreja, através da
operação do Espírito Santo.
Por isso o Senhor respondeu à blasfêmia dos que
afirmavam que Ele expulsava os demônios por
Belzebu com as palavras de Lc 11.17b-22.
Mas Jesus estava plenamente cônscio de que a Sua obra não era a de simplesmente expulsar os
demônios, mas tirar pessoas do reino das trevas
e transportá-las para o reino da Sua luz.
Daí ter lembrado aos discípulos quando estes
voltaram alegres dizendo-lhe que os próprios demônios se lhes submetiam pelo nome do
Senhor, que não deviam alegrar-se
simplesmente por isto, mas porque os seus
nomes estavam arrolados nos céus, isto é,
registrados no livro da vida (Lc 10.20).
Tanto que, aqueles de quem demônios eram
expulsos mas que não se voltavam para Deus e
que não se convertiam, ficavam expostos a
83
novas possessões, conforme o Senhor ensinou
em Lc 11.24-26.
A igreja tem prosseguido, através dos séculos na
realização da obra, pelo poder do Espírito, e isto
comprova historicamente que Jesus é de fato
aquele que pisa a cabeça da serpente.
Aleluia ! Glórias ao seu santo nome !
O diabo já não pode exercer qualquer domínio
sobre nós. Ao contrário. As portas do inferno
não podem prevalecer contra as investidas que
a igreja faz sobre elas no poder do Espírito Santo. Satanás não tem outra alternativa senão a de
fugir do crente que permanece em comunhão
com o Senhor, porque o Seu poder não somente
livra o crente de suas ciladas, como também dá-lhes poder para vencê-lo e permanecerem
inabaláveis (Ef 6.10-13).
Nunca devemos esquecer que é com o escudo da fé que apagamos todos os dardos inflamados
do maligno (Ef 6.16). Satanás despeja
constantemente sua setas inflamadas com o
fogo do inferno, mas firmes na fé no nome de Jesus apagamos todas elas, e golpeando-o com a
espada do Espírito Santo, que é a Palavra de
Deus, não lhe resta outra alternativa, senão a de
bater em retirada.
84
Sentimos este poder que nos é dado quando
somos ungidos pelo Espírito. Percebemos que
de fato o Senhor nos dá autoridade sobre todo o
poder do inimigo, e nada, absolutamente pode
nos fazer mal.
A missão de pregar o evangelho em todo o
mundo, a partir de Jerusalém, Judeia e Samaria, começou depois de a igreja ter sido revestida do
poder do Espírito Santo no dia de Pentecoste. O
derramamento do Espírito era o sinal do início
do cumprimento da promessa feita a Abraão, e das promessas feitas aos profetas Isaías,
Jeremias, Ezequiel e Joel, dentre outros.
A confirmação da Palavra de que Deus estava
salvando através da fé em Jesus, e transformando vidas pela habitação do Espírito
Santo, era feita através da realização de muitos
sinais e prodígios através dos discípulos, e
especialmente dos apóstolos.
O Espírito Santo estava chamando alguns dentre
os discípulos para serem pastores, mestres,
profetas e evangelistas. O rebanho necessitava de uma direção e organização, assim como se
deu nos dias de Moisés, e continua chamando
líderes até aos dias de hoje para o mesmo
propósito de edificar a igreja e aperfeiçoar os santos para o desempenho do seu serviço (Ef
4.11,12). As igrejas deveriam ser organizadas sob
a supervisão de um bispo ou presbítero, que
85
eram palavras usadas para indicar o ofício do
pastor.
Estes, eram auxiliados por homens cheios do Espírito e de sabedoria, que eram escolhidos
pelos mesmos juntamente com a igreja, para
exercerem o diaconato.
Mas a missão de pregar o evangelho era de todos
os crentes, aos quais o Espírito Santo estava
distribuindo dons e serviços, a cada um,
conforme Sua vontade e para um fim proveitoso, como o de curar, de falar em outras
línguas, capacidade para interpretá-las, de
profetizar, discernimento de espíritos, de
conhecimento e de sabedoria, de fé e operações
de milagres.
Como a igreja estava muito concentrada na
pregação do evangelho apenas na Judeia, Deus permitiu que fosse perseguida pelo rei Herodes,
tendo eles levado a Palavra para Samaria,
Antioquia da Síria, e a outras partes do mundo,
inclusive Roma, pois, segundo consta, a igreja em Roma não foi fundada por nenhum dos
apóstolos do Senhor.
Inicialmente, Pedro, Tiago e João, ficaram como os principais responsáveis pela igreja em Israel
(daí serem chamados de ministros da
circuncisão), e Paulo e outros pela igreja que
86
seria formada fora dos termos de Israel, isto é,
pela igreja dos gentios.
O ministério de Pedro e de Paulo duraria até 64
d.C., quando, segundo a tradição, foram
martirizados pelo imperador romano Nero.
João, e os demais apóstolos dirigiram-se para outras partes do mundo, especialmente depois
dos judeus terem sido expulsos de sua terra
pelos romanos em 70 d.C.
João, por exemplo, teve as visões do Apocalipse, quando estava na Ilha de Patmos, que fica no
sudoeste de Éfeso, na Ásia Menor.
Os quatro evangelhos narram os eventos
relacionados ao ministério terreno de Jesus, e
contêm também as profecias que Ele proferiu a
respeito do tempo do fim.
Os três primeiros são chamados de sinópticos,
porque foram escritos dentro de uma mesma
visão, tendo provavelmente o evangelho de
Marcos por base, pois teria sido o primeiro evangelho a ser escrito. Mateus escreveu dentro
de uma perspectiva judaica para convencer aos
judeus de que Jesus era o Messias que deu
cumprimento às predições dos profetas; e Lucas, dentro de uma perspectiva gentílica,
revelando que o amor do Senhor também estava
destinado aos mesmos. Mateus era judeu, e
87
Lucas era um médico grego, que acompanhou o
ministério do apóstolo Paulo.
O evangelho de João contém mais discursos de
Jesus do que o relato de milagres e de parábolas,
como os demais. João pretendeu enfocar tudo aquilo que o Senhor fez e ensinou, que
comprovava que Ele de fato era Deus. A Palavra
viva que se fez carne por amor de nós.
O livro de Atos narra como o evangelho se expandiu na Judeia, Samaria, Síria, Ásia Menor,
Macedônia, Acaia e Grécia, até Paulo sofrer o
seu primeiro aprisionamento em Roma.
A maior parte do livro se refere ao ministério de
Paulo na Síria, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e
Grécia.
Os nomes Efésios e Gálatas, que intitulam duas
cartas escritas por Paulo, são referentes aos
crentes aos quais endereçou-as, que habitavam
nas cidades de Éfeso e na região da Galácia, respectivamente, que ficavam na Ásia Menor.
Toda esta região está ocupada atualmente pela
Turquia.
Filipenses e Tessalonicenses, por seu turno, são
referentes aos crentes de Filipos e de Tessalônica, cidades que ficavam situadas na
Macedônia. Coríntios, aos crentes de Corinto,
cidade da Grécia. Romanos, aos de Roma.
88
Colossenses, aos de Colossos. Paulo não foi o
fundador desta igreja, provavelmente, Epafras,
foi o seu fundador.
Timóteo, Tito e Filemom, não são referências a
cidades, mas a pessoas a quem Paulo escreveu tais epístolas. Os dois primeiros eram seus
cooperadores no ministério de estabelecer
igrejas, e Filemom era um crente de Colossos,
em cuja casa se reunia a igreja.
As epístolas de Pedro, João, Tiago e Judas, foram escritas, respectivamente, pelos citados
apóstolos. Sendo que o autor da epístola de
Tiago era um dos irmãos de Jesus, bem como
Judas. Não faziam parte do grupo dos doze.
A epístola aos Hebreus cujo autor é
desconhecido foi escrita para exortar uma comunidade de crentes judeus que estavam
recuando na fé e retornando às práticas da
Antiga Aliança. Tanto no caso da epístola aos
Gálatas, quanto na de Hebreus, o problema maior não era tanto a observância dos ritos da
lei mosaica, mas o fato de estarem rejeitando
Jesus.
O primeiro documento do Novo Testamento a
ser escrito foi provavelmente a epístola de Paulo aos gálatas, por volta de 49 d.C. Esta carta foi
escrita para combater o ensino dos judaizantes
que afirmavam que a salvação só era possível
89
mediante o cumprimento de toda a lei de
Moisés, independentemente da fé em Cristo.
Como a salvação é somente por graça e
mediante a fé‚ Paulo combateu vigorosamente tal falso ensino nesta carta que dirigiu aos
crentes da Galácia.
Por ordem de antiguidade seguiram-se à escrita de Gálatas, as duas epístolas aos
Tessalonicenses, que foram escritas por Paulo
durante sua segunda viagem missionária,
quando se encontrava em Corinto. Como ele havia fugido de Tessalônica para Corinto, em
razão de uma perseguição que havia sofrido dos
judeus. Como não teve muito tempo para
ministrar àqueles que haviam se convertido em Tessalônica, escreveu estas duas cartas para
firmá-los na fé e dissipar algumas dúvidas que
eles haviam manifestado sobre a volta de Jesus e
sobre o destino dos crentes que estavam
morrendo antes do Seu retorno.
Paulo escreveria posteriormente I Coríntios,
durante a sua terceira viagem missionária, quando se encontrava em Éfeso, por volta de 54
d.C., e II Coríntios foi escrita cerca de um ano
após, quando se encontrava na Macedônia,
ainda em sua terceira viagem missionária.
Estas epístolas foram escritas com vistas à
disciplina da igreja de Corinto. A primeira para
combater divisões e a imoralidade que havia na
90
igreja, e para responder questões levantadas
pelos próprios coríntios quanto ao casamento, a
comer carnes sacrificadas a ídolos, uso do véu
na igreja, dons espirituais e quanto à ressurreição. A segunda epístola, foi escrita para
congratular-se com os coríntios, pelo
arrependimento demonstrado por eles, resultante do acatamento das exortações do
apóstolo, através de uma chamada carta triste (II
Cor 7.8-13), que lhes havia dirigido para
confirmar sua autoridade apostólica junto aos mesmos, que
estava sendo contestada por um opositor de
Paulo aos quais os coríntios estavam seguindo.
A epístola de Paulo aos Romanos foi escrita no final de sua terceira viagem missionária, de
Corinto, por volta de 55 d.C. Na ocasião ele já se
encontrava de posse da grande oferta (Rom
15.25-27) que havia sido levantada pela Macedônia e Acaia em favor dos crentes pobres
da Judeia, citada em I Cor 16.1-3 e II Cor 9.2.
Como já dissemos Paulo não havia fundado a igreja de Roma, e estava lhes escrevendo para
preparar uma futura visita que tencionava fazer
àquela igreja (Rom 15.22-26). O tema central
desta epístola é a justificação e santificação pela
fé.
Quando concluiu sua terceira viagem
missionária Paulo foi preso em Jerusalém,
91
acusado pelos judeus de estar pregando contra
a lei de Moisés.
Paulo não pregava contra a lei, mas afirmava
corretamente que ninguém pode ser salvo
mediante a lei. A lei a ninguém pode salvar.
Somente a graça de Deus pode fazer este trabalho mediante a fé. Isto também se deu nos
dias do Antigo Testamento.
De Jerusalém foi transferido para a cidade de
Cesareia onde ficou na prisão por dois anos, e de
onde apelou para César, para ser julgado em
Roma. Ele iria visitar os romanos, não da forma como tinha imaginado: quando estivesse a
caminho da Espanha para evangelizá-la.
Na prisão em Roma que é relatada no final do
livro de Atos, escreveu quatro epístolas que são
chamadas de epístolas da prisão: Efésios,
Filemom, Colossenses e Filipenses.
As três primeiras foram escritas por volta de 60
d.C. e Filipenses, em 61 d.C.
Paulo dirigiu na mesma ocasião, pelas mãos de
Tíquico as cartas aos efésios e aos colossenses, sendo que das dirigidas a Colossos, uma era de
caráter mais geral (Col) e outra mais pessoal
(Fm).
Filipenses foi escrita posteriormente por Paulo
para expressar sua gratidão por uma oferta que
92
lhe foi enviada pelos filipenses, e para consolá-
los, quanto a não se entristecerem com o fato de
ele estar preso, pois a pregação do evangelho
estava progredindo apesar de suas cadeias, pois estava dando ensejo para que ele pudesse
evangelizar toda a guarda pretoriana do
imperador romano, e muitos crentes estavam pregando o evangelho com mais ousadia,
mirando o seu exemplo de paciência na
tribulação.
Paulo sabia que a volta de Jesus estava conciliada à pregação do evangelho em todo o
mundo, e por isso não lhe importava se o
evangelho era pregado por amor, inveja ou por
porfia. Sua satisfação decorria do fato deste objetivo estar sendo cumprido. Desde que o
reino de Deus estivesse sendo pregado não lhe
importava se estava sendo honrado ou
humilhado, se tinha fartura ou escassez de bens, pois havia aprendido a viver contente em toda e
qualquer situação, na doce comunhão com o
Senhor.
As últimas epístolas escritas por Paulo foram as
chamadas Pastorais (I e II Timóteo e Tito).
Foram escritas no final de sua vida para instruir
os pastores sobre o cuidado com a igreja de Deus, estabelecendo critérios para a ordenação
de ministros, tanto de pastores quanto de
diáconos, bem como recomendar padrões de
93
conduta para todos os crentes, e determinar,
especialmente, o necessário empenho para a
preservação da sã doutrina.
A primeira epístola de Pedro foi escrita
principalmente para consolar os crentes que
estavam sendo perseguidos na região da Ásia Menor. A epístola é basicamente uma
recomendação a se ter paciência na tribulação,
para que a doutrina de Cristo fosse ornada, e a igreja tivesse o poder do Espírito para proclamar
o nome de Jesus.
Sua segunda epístola (II Pe), bem como as
epístolas de João e de Judas foram escritas para
combater os falso mestres que estavam
introduzindo heresias na igreja, e que o faziam por torpe ganância. Ao mesmo tempo é uma
convocação da igreja à maturidade, de maneira
a não incorrer com facilidade nas garras do falso
ensino, sabendo que é pela comunhão com o Senhor que somos preservados das heresias
arruinadoras da fé, pois é o próprio Espírito que
nos dá o discernimento e poder para rejeitá-las.
A epístola de Tiago foi escrita para enfatizar a
importância da perseverança cristã, mediante a
prática da Palavra, para a preservação da justificação pela fé. Ele cita como Deus
abençoou Jó depois de ter passado pela
provação. E convoca os crentes a seguirem o
94
mesmo exemplo de perseverança na fé em face
da tribulação.
O ensino de escatologia é encontrado em vários
livros da Bíblia como os dos profetas, no livro de
Salmos, em I e II Tes, e especialmente no livro
de Apocalipse. Desta forma, apresentamos a
seguir, um breve resumo escatológico:
A palavra escatologia significa "estudo das
últimas coisas".
Biblicamente falando, estas últimas coisas se referem aos eventos relacionados ao
estabelecimento do reino de Deus em sua forma
final.
Na introdução e no epílogo do livro de
Apocalipse afirma-se que são bem-aventurados
aqueles que leem e ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nela escritas, pois
o tempo está próximo (Apo 1.3; 22.7).
Tal afirmação dirige-se não apenas aos que leem
as palavras da profecia, mas aos que as guardam.
Isto significa portanto, principalmente, a
vigilância e santidade de vida exigidas para o retorno do Senhor, como se vê, especialmente,
nas sua exortações e advertências constantes
das cartas dirigidas às sete igrejas (Apo 2.1-3.22).
Isto está plenamente de acordo com a
exortação à vigilância e santidade feita por Jesus
95
na conclusão do Seu sermão profético,
constante dos evangelhos (Mt 24.13,32-51; Mc
13.13,28-37; Lc 12.35-48,21.17-19,29-36).
A profecia escatológica tem portanto muito
mais o propósito de incentivar os crentes à
vigilância e santidade permanentes, com vistas
ao retorno do Senhor, do que o de estimulá-los ao desvendamento dos personagens e eventos
enigmáticos nela contidos; bem como à
determinação do tempo exato da sua respectiva
ocorrência.
Foi ordenado a Daniel que selasse a palavra da
profecia do seu livro (Dn 12.4,9), mas a João foi
ordenado o contrário: "Não seles as palavras da
profecia deste livro, porque o tempo está próximo." (Apo 22.10). Apesar de Deus, em Sua
sabedoria, ter guardado para Si o conhecimento
do dia e hora exatos da volta de Jesus, Ele revelou ao Seu povo as coisas que devem acontecer, sem
no entanto, indicar-lhes precisamente a época
da sua ocorrência, de maneira que, pudesse
manter, em cada geração de crentes, acesa a expectativa pelo retorno do Senhor, o que tem,
sem dúvida, contribuído para se manterem
vigilantes e em santidade, ao longo desses quase
dois mil anos.
Quando citou guerras, revoluções, grandes
terremotos, epidemias, e fome, como eventos
que ocorreriam antes da Sua vinda, Jesus foi
96
bastante claro ao afirmar que estes, não eram
ainda, sinais que indicariam a proximidade da
Sua volta (Lc 21.9). De fato, já há cerca de dois
mil anos desde a ascensão do Senhor, e o mundo ainda não testemunhou o Seu retorno, apesar
de as predições de Jesus continuarem
ocorrendo ao longo de toda a história. Ele classificou tais eventos como princípio das
dores.
Ora, as dores do parto se intensificam com o
passar do tempo. Se tudo isto‚ é o princípio,
como não será no fim ?
O Senhor fixou como sinais seguros da Sua volta:
a aparição do abominável da desolação ou
abominação desoladora (Mt 24.15) citado
na profecia de Daniel 9.26,27. Provavelmente‚ uma referência à besta
de Apo 13.1-8 - o anticristo. (Em II Tes 2.3-
12, Paulo também coloca a manifestação
do anticristo como um dos marcos da proximidade da volta do Senhor, e
acrescenta a este, a apostasia, como um
segundo sinal – II Tes 2.3).
sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a
terra, angústia entre as nações em
perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; homens que desmaiarão
de terror e pela expectativa das cousas
que sobrevirão ao mundo; porque os
97
poderes dos céus serão abalados (Lc
21.25,26).
Tais eventos são descritos no livro de
Apocalipse como flagelos que sobrevirão à
Terra quando os sete anjos tocarem as suas
trombetas.
Muitos consideram que a segunda vinda do
Senhor dar-se-á em duas fases: na primeira
arrebatará a igreja, e na segunda, todo olho o verá vindo para estabelecer juízos contra o
anticristo. No entanto, não determinam o
tempo que separaria ambos os eventos.
A Bíblia não faz tal distinção. Paulo coloca o
arrebatamento da igreja como uma das ocorrências que se darão por ocasião da volta de
Jesus (I Tes 4.14-17; II Tes 2.1,2).
A colocação do arrebatamento antes da vinda
para julgar a Besta tem em vista retirar a igreja
do chamado período da Grande Tribulação, que ocorrerá durante a segunda metade do governo
do anticristo.
Todavia, não há nenhuma base segura para se
afirmar que a igreja não passará por tal período,
muito pelo contrário, as profecias indicam que o anticristo perseguirá os santos (Dn 7.25,27; 8.24-
26; 11.31-36; 12.1,7; Mt 24.15,21,22,29-31; II Tes 2.4;
Apo 13.7). É importante destacar que o próprio
98
Jesus, afirmou que os seus escolhidos seriam
reunidos dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus pelos anjos (Mt 24.31),
após a grande tribulação (Mt 24.29).
A palavra de consolação dirigida pelo Senhor à
igreja de Filadélfia de que seria guardada da hora da provação que há de vir sobre o mundo
inteiro, em razão de sua fidelidade em guardar a
palavra da Sua perseverança (Apo 3.10) não pode ser aplicada a toda a igreja de Cristo que
estiver sobre a Terra próximo do período da
Grande Tribulação, porque depois dela, há
ainda a igreja de Laodiceia, que o Senhor repreende severamente, chamando ao
arrependimento. E, ainda, se considerarmos
que todas as sete igrejas são representativas dos
tipos de igrejas existentes em todas as épocas, a promessa de livramento de Apo 3.10 aplicar-se-
ia especificamente à igreja fiel de Filadélfia.
“Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também eu te guardarei da hora
da provação que há de vir sobre o mundo inteiro,
para experimentar os que habitam sobre a
terra.” (Apo 3.10).
De fato, nunca a história do cristianismo experimentou tanto avanço, fidelidade e
avivamentos, como no chamado período
missionário dos séculos XVIII e XIX. Os homens
99
de Deus desta época ainda nos falam através do
testemunho de suas vidas.
Como viveram antes dos últimos dias, foram
guardados das provas da Grande Tribulação.
Entretanto, se interpretarmos desta forma, as
igrejas de Éfeso, Pérgamo, Tiatira e Sardes, que não receberam inteira aprovação do Senhor,
também se beneficiaram da promessa de
livramento, porque, no tempo, são anteriores a
Filadélfia, como se vê, no quadro a seguir, correspondente à divisão que se costuma
atribuir às sete igrejas do Apocalipse:
Éfeso – era apostólica.
Esmirna – igreja perseguida até Constantino
(316)
Pérgamo – de Constantino ao papado (316-500)
Tiatira – Idade Média (500-1505)
Sardes – Reforma (1500-1700)
Filadélfia – período missionário (1700-1900)
Laodiceia – igreja apóstata (1900 - ...).
Entretanto, isto não anula a propriedade da promessa distintiva da bênção do livramento
que lhe foi dirigida em face da sua fidelidade.
Com isso, o Senhor estaria marcando que havia
100
Se agradado da obediência e do serviço que lhe
foram prestados pela igreja de Filadélfia.
Independentemente de qualquer dificuldade para a determinação de uma correspondência
cronológica entre o arrebatamento e o governo
do anticristo, é importante frisar-se que:
A tribulação referida não
consistirá apenas nos atos de perseguição
do anticristo, mas sobretudo nos flagelos
que sobrevirão à Terra, da parte de Deus.
No arrebatamento, os corpos dos mortos em Cristo (eleitos) serão ressuscitados e
logo após, os eleitos que estiverem
vivendo na terra terão os seus corpos
transformados. Tal ocorrerá num abrir e fechar de olhos (I Cor 15.52).
A chamada batalha do Armagedom (Apo 16.16;19.11-21) terá ocasião quando da volta
de Jesus, sendo a besta e o falso profeta
aprisionados e lançados vivos no lago de fogo (Apo 19.20), e Satanás
será subjugado para permanecer em
prisão durante o período do milênio (Apo
20.1-3).
Os salvos governarão as nações da Terra,
juntamente com Cristo, durante tal período (Apo 20.4-6).
Ao final do milênio Satanás será solto, e
levantará os ímpios das nações para
agirem contra o governo de Cristo, mas
101
serão juntamente destruídos e Satanás
será lançado no lago de fogo, onde
ficará por toda a eternidade (Apo 20.7-10).
A ressurreição dos ímpios, em face deste último levante, que a Palavra descreve
como a batalha de Gogue e Magogue (Apo
20.8; Ez 38.1-23), só ocorrerá depois do
milênio. Esta ressurreição corresponde à chamada segunda morte, porque os não
eleitos serão ressuscitados para serem
condenados eternamente (Apo 20.11-14).
Também, somente depois do milênio serão criados novo céu e nova terra, e
estabelecida a Nova Jerusalém como
morada eterna dos salvos (Apo21.1-7).
As nações e os reis da terra trarão a sua glória e honra à Nova Jerusalém (Apo 21.4-
26). Somente os inscritos no livro da vida
do Cordeiro, a saber, os eleitos, poderão
entrar na cidade (Apo 21.27).
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Período de Produção dos Livros da Bíblia
1 - Do Velho Testamento
Os 39 livros do Velho Testamento se apresentam na seguinte ordem de apresentação
e classificação, em nossas Bíblias:
Livros da Lei ou Pentateuco: Gênesis, Êxodo,
Levitivo, Números, Deuteronômio
Livros Históricos: Josúe, Juízes, Rute, I Samuel,
II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas,
Esdras, Neemias, Ester
Livros Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios,
Eclesiastes, Cantares
Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações
de Jeremias, Ezequiel, Daniel
Profetas Menores: Oseias, Joel, Amós, Obadias,
Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.
Consulte sua tabela cronológica para verificar o
período em que se deu a escrita de cada um dos
livros da Bíblia e os principais personagens
relacionados aos mesmos.
O Velho Testamento foi formado num período
superior a mil anos (cerca de 1040
anos) de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as
103
primeiras palavras do Pentateuco (Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) por
volta de 1.440 a.C.
Esdras não foi o último escritor na formação do
Velho Testamento. Os últimos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo com os escritos
históricos, foi ele quem, na qualidade de escriba
e sacerdote, reuniu os rolos de todos os livros do
V.T., ficando este encerrado em seu tempo.
Jó é tido como o livro mais antigo da Bíblia.
Começando por Moisés, à medida que os livros iam sendo escritos, eram postos no tabernáculo,
junto ao grupo de livros sagrados.
Esdras, após o cativeiro, reuniu os diversos
livros e os colocou em ordem, como coleção
completa. Destes originais eram feitas cópias
para as sinagogas largamente disseminadas
pelo mundo.
Foi em 90 d.C., em Jâmnia, perto de Jope, em
Israel, num concílio, que
os rabinos reconheceram e fixaram o cânon do
Velho Testamento. Note-se que o trabalho desse concílio foi apenas ratificar aquilo que já era
aceito por todos os judeus através dos séculos.
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2 - Do Novo Testamento
Os 27 livros do Novo Testamento se apresentam
na seguinte ordem de apresentação e classificação, em nossas Bíblias:
Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João
Livro Histórico: Atos
Epístolas de Paulo: Romanos, I Coríntios, II
Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses,
Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito,
Filemom
Epístolas Gerais: Hebreus (autor desconhecido,
possivelmente Paulo), Tiago, I Pedro, II Pedro, I
João, II João, III João, Judas
Livro Escatológico: Apocalipse
Os livros do Novo Testamento foram escritos
num período aproximado de setenta anos.
Em 100 d.C. todos os livros do N.T. estavam
escritos.
A maior parte das epístolas de Paulo foram os primeiros escritos do N.T., sendo Gálatas o
primeiro documento a ser escrito, cerca de 49
d.C.
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Foi no concílio de Cartago, em 397 d.C. que
houve o reconhecimento e fixação final do
cânon do N.T., com os 27 livros que se
encontram em nossa Bíblia.
Como no caso do V.T., não foram os concílios
que deram aos livros sua autoridade divina,
apenas reconheceram que eles a possuíam.