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Page 1: Sugestões de aproveitamento Quadro · estético simples com singela beleza. Por Daniela Fernandes e Glenda Nicácio ²Humberto Mauro (30/4/1897 a 5/11/1983): Cineasta mineiro, considerado

Sugestões de aproveitamento

a QuadrouadroQ

Projetando ideias, refletindo imagens

Apresenta

MIÚDA E O GUARDA-CHUVASde Amadeu Alban e Jorge Alencar Animação Brasil 2010 11min

O relacionar-se com o outro é um tema norteador, não só nos curtas da Sessão, mas na própria vida. A relação surge a partir do contato entre de duas pessoas e nos proporciona um compartilhamento, de orma que aprendemos com o outro, ao mesmo tempo em que ensinamos. Desenvolver reflexões a cerca da construção das relações cotidianas e da forma de abordar o outro, lembrando inclusive de pequenas atitudes, (cumprimentos como Bom Dia, Boa Tarde ou Obrigado, Por Favor) gentilezas que facilitam a nossa interação com o mundo e a construção de amizades.

O comportamento da família diante das dúvidas e curiosidades infantis são aspectos muito importantes apresentados no curta Minhocas. É interes-sante desenvolver com os pais um trabalho de preparação para lidar com essas perguntas, que são muitas vezes consideradas constrangedoras, descabidas, mas são essenciais para o crescimento da criança e interação com o mundo.

A cultura popular também poder ser trabalhada em A velha a fiar, que se desenvolve a partir de cantigas e trava-línguas vindas de uma tradição oral, passada de geração para geração. Trabalhar esses elementos com os alunos é promover um diálogo com essas culturas e com a memória que elas carregam.

Metáforas são figuras de linguagem que expõem implicitamente situações ou elementos complexos de forma implícita a partir de símbolos simples, que nos possibilitam uma compreensão, como em Dona Cristina perdeu a memória em que o patinho de madeira representa o tempo. Estimular o diálogo das crianças com essa linguagem possibilita uma comunicação mais ampla entre os mais diversos meios, seja oral, escrito ou audiovisual por exemplo.

REALIZAÇÃO: APOIO:

PREFEITURA MUNICIPAL DE

GOVERNO PROGRESSO E CIDADANIA

S DE

Secretaria Municipal deEducação e Desportos

Cidade HistóricaSecretaria Municipal de Educação,

Cultura e EsporteSECRETARIA DE CULTURA E TURISMO

IntegrantesAda Froés, André Araújo,

Daniela Fernandes, Glenda Nicácio, Helena Bera, Henrique Roza.

CoordenaçãoAna Paula Nunes

DiagramaçãoHenrique Roza

MINHOCAS de Palolo Conti

Animação Brasil 2006 15min

DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA de Ana Luiza Azevedo Ficção Brasil 2002 13min

A VELHA A FIAR de Humberto Mauro

Ficção Brasil 1960 6min

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Nessa Sessão Escola o projeto Quadro a Quadro apresenta uma proposta de programa que dialoga com o universo infantil. Os filmes curtas-metragens escolhidos trabalham com cuidado e beleza as relações construídas no nosso cotidiano, capazes de promover singelas transformações, por mais simples que sejam. O espectador mergulha num mundo lúdico de descobertas e sensibilidade criado a partir de situações comuns e corriqueiras, não só da vida dos personagens, mas do seu próprio dia-a-dia. No decorrer da Sessão, a criança explora novas relações, afetos surgidos a partir do encontro com essas singelas personagens.

Miúda e o guarda-chuva traz as pequenas fragilidades estabelecidas entre relações cotidianas, de uma personagem e sua planta carnívora alimentada por formigas, que arquitetam um plano secreto cheio de fatos extraordinários.

Baseado num conto, a proposta de série apresenta seu primeiro episódio um universo plasticamente trabalhado com delicadeza, através de desenhos animados quadro a quadro. Miúda constrói uma atmosfera minimalista, com guarda-chuvas e muita poesia, oscilando entre melancolia e humor, escolhe a ambiguidade para falar sobre temas comoafeto, solidão e transformação.

Em Minhocas, a narrativa nos apresenta uma família compostas por estes animais, que vivem no subterrâneo um mundo similar ao humano. As referências a situações sociais cotidianas são adaptadas a este universo, em que o filho se depara com curiosidades, medos e descobertas típicas de uma criança.

E como “Porque sim não é resposta.”, o filme trabalha de forma educativa, os questionamentos infantis e as “saias justas” pelas quais os adultos passam para respondê-las. Esse universo ganha vida utilizando-se da técnica de animação stop motion¹, com bonecos de massinha que nos transportam a uma estética colorida e delicada, dialogando bem com a primeira infância.

¹Stop motion (que poderia ser traduzido como “movimento parado”) é uma técnica de animação onde os modelos são movimentados e fotografados quadro a quadro e depois montados sequencialmente, criando a impressão de movimento. No cinema, para cada segundo do filme são necessários 24 quadros.

Dona Cristina perdeu a memória nos conta sobre a história de amizade de dois vizinhos: Antônio, menino de 8 anos, ouve com atenção e paciência, as diversas histórias contadas por D. Cristina, uma senhora de 80 anos, nos remetendo a uma lição de vida. Essa amizade se dá em encontros cotidianos nos quais uma memória conjunta é compartilhada através de pequenas e singelas metáforas, como a cerca de dona Cristina e a passarela de Antônio.

O cenário nunca muda, os quintais se transmutam em um relicário, que guarda brinquedos, antiguidades, conversas e risos marcando a memó-ria das personagens. Nos rende bons momentos de poesia, não apenas pela delicadeza do roteiro, mas pela simplicidade com que o conjunto de som, fotografia e arte nos mergulha num diálogo entre os universos do idoso e da criança.

A velha a fiar realizado em 1964 aborda de uma forma ingênua e engraçada conflitos do ciclo da vida, e através de uma narrativa aparente-mente simples, nos apresenta personagens que convivem de forma incomo-da. Essas personagens aparecem gradualmente a cada nova estrofe da canção popular homônima, fazendo-nos cantar novamente todo o ciclo da história. Assim, como um verdadeiro trava-língua, a música tem um ritmo crescente que pode ser percebido sobretudo na imagem, através de uma montagem acelerada. Esta é sem dúvida um dos elementos que faz do filme um curta atraente e prazeroso ainda nos dias atuais.

Considerado um clássico da história do cinema brasileiro foi dirigido pelo renomado cineasta Humberto Mauro² durante os anos que trabalhou no Instituto Nacional de Cinema Educativo, órgão que tinha por objetivo trabalhar com linguagem cinematográfica para formação didáticopedagógi-ca. Ressalta traços da paisagem rural, com toda a sua tranqüilidade e clima pacato, essa atmosfera é reforçada pela fotografia e a iluminação se tornan-do, um exemplo de como abordar reflexões e conflitos utilizando um padrão estético simples com singela beleza.

Por Daniela Fernandes e Glenda Nicácio

²Humberto Mauro (30/4/1897 a 5/11/1983): Cineasta mineiro, considerado um dos mais renomados diretores da história dos primórdios do cinema brasileiro. Sua obra dialoga com a beleza e a simplicidade das paisagens rurais, destacando-as na fotografia através da iluminação e enquadramentos. Participou do INCE, onde realizou diversos documentários de cunho didático-pedagógico. Entre seus filmes podemos citar Ganga Bruta, Barro Humano, Favela dos Meus Amores.