UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O IDOSO SAUDÁVEL NA FAMÍLIA BRASILEIRA
Por: Iony de Souza Viana
Orientadora
Profa. Fabiane Muniz
Niterói
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O IDOSO SAUDÁVEL NA FAMÍLIA BRASILEIRA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Terapia
Familiar
Por Iony de Souza Viana
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AGRADECIMENTOS
A minha amiga Antonia Honorato e
minha professora e orientadora
Fabiane Muniz
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DEDICATÓRIA
Dedico aos meus filhos Raphaela, Tatia,
Raphael e Danielle. Aos meus irmãos
Alberto, Daniel e Fernando e ao meu
namorado Paulo.
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RESUMO
O trabalho pretende enfocar aspectos da dinâmica familiar da pessoa
idosa saudável do ponto de vista físico e mental. Em tempos modernos vemos
uma necessidade social em colocar as pessoas em grupos pré-definidos,
institucionalizando as transições da família, instituindo uma idade para se
casar ou aposentar.
A partir da segunda metade do século XX, ocorreram muitas
transformações nas estruturas familiares em todo mundo. O prolongamento da
vida é uma das maiores conquistas destes tempos, conseqüentemente,
aumentam o número de famílias nas quais convivem várias gerações e boa
parte desses idosos sustentam suas família, apesar das dificuldades, ora
apresentadas na pesquisa, da pessoa idosa encontrar trabalho. Suas
aposentadorias passam a ser a principal renda dessas famílias.
Porém o que foi observado durante a pesquisa de dados, é uma
dificuldade da família tratar seu idoso de maneira respeitosa, colocando-o em
um lugar de consideração, onde ele possa ser ouvido e atendido em suas
demandas como qualquer outro membro familiar. O cuidado e principalmente o
respeito demonstra ter ficado em segundo plano.
Este trabalho mostrará que durante o passar dos anos o status da
velhice desceu do plano da sabedoria, da integridade, do domínio e controle da
família a um patamar de descaso por parte dos membros mais jovens.
A família está em constante mudança e aprender a lidar com esse
membro mais vivido e mais experiente se faz necessário em um mundo aonde
chegar à velhice está se tornando muito comum.
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Podemos já ouvir falar em quarta idade que seria apos os 80 anos de
idade. A população está vivendo mais, e concequentemente envelhecendo.
Este fenômeno atinge a todas as camadas da sociedade e a todas as
esferas políticas. Assim cresce a preocupação com uma sociedade em sua
maioria será de idosos
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METODOLOGIA
O Tema relacionado à pessoa idosa me chama a atenção desde 2007,
quando fui convidada para participar da Pastoral Regional da Terceira Idade,
um Projeto da Igreja Metodista. Desde então adquiri vários livros que abordam
essa temática.
O material foi colhido primeiramente dos livros de minha biblioteca
particular, que me deram subsídios para conhecer a vivência do idoso no meio
familiar e oque o idoso moderno continua a aspirar para sua vida.
Outros livros puderam me informar sobre a dinâmica desse idoso em
relação as suas perdas e seus lutos.
Busquei informação também em sites específicos sobre a terceira idade,
onde colhi os surpreendentes números de idosos aposentados que voltam a
trabalhar e ainda sustentam suas familias.
Os Sites do Governo Federal, como o IBGE, contribuiu com dados
estatísticos sobre todas essas temáticas da pessoa idosa.
Todos esses materiais me levaram a proposta de um estudo sobre
como o idoso vive junto à sua família e que resposta essa família vêm dando a
essa convivência.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Conceito de Idoso 10
CAPÍTULO II - Convivência com a Pessoa Idosa 14
CAPÍTULO III - O Idoso e a Família 16
CAPÍTULO IV– A História do Idoso no Brasil 18
CAPÍTULO V – Violência Contra o Idoso 23 CONCLUSÃO 25
ANEXOS 27 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 30
ÍNDICE 32
FOLHA DE AVALIAÇÃO 33
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como tema a terceira idade, que será abordado sob
um ponto de vista informativo sobre esse grupo social e sua dinâmica familiar.
Ou seja, o trabalho tem por objetivo apresentar os aspectos relevantes da
dinâmica de vida e seu processo de relação com sua família.
Entendemos que existem vários aspectos na dinâmica de
relacionamentos da pessoa idosa com seus familiares. Como por exemplo às
relações familiares com idosos portadores de comprometimentos no âmbito
físico e/ou psíquico. Também entendemos as diversas apresentações de co-
habitação que hoje o idoso pode viver. Como é o caso de idosos asilados ou
idosos que moram sozinhos.
O presente trabalho pretende enfocar aspectos da dinâmica familiar
da pessoa idosa saudável do ponto de vista físico e mental. Idosos que não
possuam nenhuma síndrome neurológica que comprometa suas funções
mentais básicas ou que necessitem de cuidados físicos por decorrência de
possuir algum comprometimento motor que retirem por completo sua
autonomia de cuidados com o próprio corpo e que residam junto com seus
familiares.
Verifica-se que os estudos e pesquisas sobre os idosos no Brasil ainda
são muito recentes e por isso, ainda é grande a desinformação sobre as
particularidades do envelhecimento em nosso contexto social. Conforme dados
da Organização Mundial de Saúde, o Brasil, em 2025, será o sexto país do
mundo em número de pessoas idosas. Diante deste quadro, há a necessidade
de se estimular à criação de políticas públicas sociais que preparem a
sociedade para esta realidade.
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CAPÍTULO I
CONCEITO DE IDOSO
A Organização Mundial de Saúde considera idosos as pessoas com
mais de 65 anos para os países desenvolvidos e 60 anos para os países sub-
desenvolvidos. Apesar da lei, no Brasil os direitos dos idosos só são adquiridos
quando completam 65 anos. De um modo geral, entre os antropólogos, afirma-
se que a idade é uma construção social. A idade não é um dado da natureza,
nem um princípio natural dos grupos sociais, nem um fator explicativo dos
comportamentos humanos. Da mesma forma que a "adolescência" teria sido
inventada durante o Século XIX nas sociedades ocidentais. Também a
"terceira idade" é uma criação recente no mundo ocidental.
Em tempos modernos vemos uma necessidade social em colocar os
homens e mulheres em grupos pré-definidos, institucionalizando as transições
das pessoas da família, a escola ou o trabalho, instituindo a idade ideal para se
casar ou se aposentar, entre outras. A universalização e a unificação leva a
massificação definindo claramente, por meio de idades cronológicas pré-
definidas, quem faz parte da infância, da adolescência, da maturidade e as
emergentes meia-idade e velhice, (Prado, 2000).
Um ponto importante a ser discutido sobre a velhice é a necessidade
de uma preparação, como cita Rodrigues (2006). A terceira idade é uma
etapa da vida como outra qualquer, e sua chegada deve ser preparada da
mesma forma que o adolescente se prepara para a maturidade. Esse
preparo deve acontecer por toda vida, mas principalmente na meia-idade
que antecede o envelhecer.
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De acordo com Camarano (2002, citado por Rodrigues, 2006) é na meia
idade que acontece o que se chama de consciência da morte social. O idoso
sofre as pressões e as perdas sociais se acumulam: perda do cônjuge, dos
filhos e irmãos, aposentadorias e as perdas em papeis sociais provocam uma
diminuição na rede de relações sociais do idoso.
Segundo Erikson (1986), na meia-idade ou maturidade que vai dos 40
aos 60 anos, a pessoa fica diante de dois extremos: a geratividade ou
estagnação. Para ele, em vez de ficar parado, os papeis do idoso, avô, velho
amigo, consultor, conselheiro e mentor fornecem ao idoso as oportunidades
sociais essenciais para experimentar grande geratividade nas relações
cotidianas, com pessoas de todas as idades.
Na teoria de estágios de Erickson a geratividade é a tarefa específica da
meia idade e expressa-se em ações de gerar, manter e ofertar. Por isso, é
fundamental ao progresso e à continuidade da espécie e é culturalmente
valorizada. Geração diz respeito à formação de indivíduos, criação de coisas,
ações e idéias, assim os adultos perpetuam a espécie humana, no sentido
biológico e sociocultural.
Manter se reflete em cuidar, amar, responsabilizar-se, cultivar,
preservar, proteger, apoiar, ajudar, socorrer, promover e restaurar, o indivíduo
orienta-se aos mais jovens, a grupos, instituições, produtos culturais e à
natureza. Ofertar significa transmitir o que foi criado, por meio da educação
dirigida às novas gerações e dos legados de memória que beneficiam a
continuidade cultural.
Retomando a discussão a partir de Erickson (1986), pode-se refletir
sobre a oitava crise do ciclo de vida que se refere á integridade do ego x
desesperança (acima de 60 anos), nesta fase o adulto que satisfatoriamente
tiver resolvido todas as crises anteriores e adquirido o senso de ajuda e
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solidariedade aos outros, terá atingido a integridade pessoal necessária para
encarar a crise final, ou seja, a de sua desintegração e morte.
A integridade é um senso de coerência e inteireza. Se formos
capazes de olhar para trás e aceitar o curso da vida, as decisões tomadas, a
vida tal como foi vivida, então temos uma possibilidade maior de enfrentar a
morte (Rodrigues, 2000).
Esta etapa parece ser a mais difícil de todas, porque ela vem quando
ocorre um distanciamento social, um sentimento de inutilidade, marca da
nossa sociedade. Alguns se aposentam de trabalhos que tiveram durante toda
a vida; outros percebem que sua tarefa como pais chegou ao fim e a maioria
crê que suas contribuições não são mais necessárias. Além disso, em alguns
idosos pode existir um sentimento de inutilidade física, pois o corpo já não
responde como antes. As mulheres passam pela menopausa, algumas de
forma dramática. Surgem as enfermidades freqüentes na velhice, como artrite,
diabetes, problemas cardíacos, problemas relacionados aos seios e útero e
cânceres de próstata. Surgem medos diversos e sentimentos de insegurança,
relativos, por exemplo, a processo gripal ou a uma queda (Rodrigues, 2000).
Neste sentido é na velhice que o ser chega ao topo de sua maturidade,
e maturidade diz respeito a experiências vividas pelos sujeitos sociais ao longo
de suas vidas, que resultam em qualidades conquistadas por suas trajetórias
pessoais e coletivas, que resultam de um longo processo de aprendizagem e
construção. Porém a maturidade tanto pode chegar aos 40, como aos 80, nada
tem a ver com a idade, tem a ver com o entendimento da realidade.
Mudanças, transformações, tristezas, alegrias, conquistas e fracassos
aparecem em todo percurso vital, em qualquer idade – o que é preciso é
reconhecer e saber aproveitar as oportunidades que aparecem paralelamente.
Diante do disposto buscamos entender como procede cada membro de
uma família em relação ao idoso e ao seu processo de envelhecimento,
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levando em consideração a dinâmica familiar, os papéis de cada participante e
suas funções tendo como base a base teoria sistêmica da família.
Esses papéis nem sempre são fáceis de observar levando em
consideração as mudanças que acontecem nas famílias, tais como viagens
dos conjuges, onde o papel de chefe da família pode ser trocar com a esposa
e vice-verso ou recair a um irmão ou irmã mais velha. Apesar dessa
configuração familiar dinâmica, todos os membros vão passo a passo se
abituando ou elegendo ou sendo eleitos em novos papéis dentro de suas
famílias.
Na família cujos membros convívem com algum idoso podem cair em
tentação de transformá-lo em “bode-expiatório”, ou seja depositário de todas
as mazelas da família e possuidor de todas as “culpas” possíveis e
imaginadas.
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CAPÍTULO II
CONVIVÊNCIA COM A PESSOA IDOSA
O termo convivência pode ser entendido como viver juntamente, em
intimidade, o trato diário, familiaridade.
O desafio parece está no âmbito do convívio. Este nos mostra
dificuldades em vários aspectos e não em relação apenas com o idoso.
Estar junto, no mesmo lar, enfrentando as diferenças de gerações, de
atitudes e de suas crenças mostra as maiores dificuldades do convívio.
Desde o nascimento o ser humano faz parte de vários grupos, ocupa
vários papeis simultaneamente. Há uma troca permanente de idéias, carinho,
afeto, cuidado, de dúvidas. Existe uma grande importância no convívio, para o
desenvolvimento psicossocial do humano.
No convívio deve-se observar as particularidade de cada membro, de
cada pertencente ao mesmo lar. A capacidade de conviver as dimenções do
cuidado, de afetividade e de compaixão com o ente familiar. Como dizia o
Profeta: “Gentileza, gera gentileza”.
Deve-se levar em consideração que cada idoso é um indivíduo diferente
e deve ser tratado conforme suas particularidade, sua história de vida, sua
cultura, suas perdas, seus ganhos, seus respaldo pasicossocial e econômico.
É preciso senti-lo e tentar entender o que ele sente.
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Os jovens, hoje, olham o velho como ultrapassado, como se ele não
pudesse contribuir em nada para suas vidas. Não compreendem que ele é de
outra época, possui outro rítimo, outra maneira de pensar, agir, locomover-se,
aprender e adaptar-se as mudanças.
2.1 – Falha na comunicação
A comunicação é uma fator primordial para convivência, independente
da situação geracional. Porém para o idoso existe a relavância de já existirem
vários aspectos que afastam os velhos do convívio, e a comunicação se torna
preponderantemente essencial para que ele se sinta pertencente ao grupo.
Os problemas de audição podem fomentar a falha na comunicação,
mas não pode ser considerada como fator real e irremediável. As adaptações e
busca de novos arranjos precisam ser incentivados.
Igualmente como o convívio com o adolescente, que precisa ser
reavaliado e estudado a melhor maneira de alcançá-lo. Com a pessoa idosa
não se torna diferente, quando precisamos, muitas vezes reinventar um meio
de nos fazer entender e principalmente entender esse membro familiar
recheado de história e sabedoria peculiar.
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CAPÍTULO III
O IDOSO E A FAMÍLIA
Pensando nas relações do grupo familiar, segundo a teoria dos
sistemas (Calil, 1987), podemos dizer que neste, o comportamento de cada um
dos membros é interdependente do comportamento dos outros. O grupo
familiar pode então, ser visto como um conjunto que funciona como uma
totalidade e no qual as particularidades dos membros não bastam para explicar
o comportamento de todos. Assim a análise de uma família não é a soma das
análises de seus membros.
Conforme informações do IBGE, o conceito de família mudou com o
tempo. Tanto que no Código de Direito Civil, vários artigos caíram em desuso,
tendo sido criadas novas leis, em forma de emenda, que alteraram
profundamente o seu conteúdo.
No novo conceito de família, são consideradas famílias os grupos
formados não só pelo casamento civil ou religioso, mas também pela união
estável de homem e mulher ou por comunidade dirigida somente por um
homem ou por uma mulher; antes, uma união que não fosse formada pelo
casamento formal era considerada como ilegítima. Da mesma forma, “filho
legítimo” é uma expressão que não cabe mais em nossa sociedade.
Cada vez mais observamos o crescente número de famílias
intergeracionais, onde temos membros pertencentes a várias gerações. Com o
aumento da expectativa de vida é muito comum, hoje em dia, o idoso ir morar
com seus familiares por motivos vários, entre eles está a aposentadoria, que
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não supre suas necessidades básicas de moradia, alimentação, vestuário,
saúde e lazer. O medo da solidão também é um fator que deve ser levado em
consideração. Por outro lado os filhos, nem sempre estão dispostos ao
convívio, mas um fator preponderante também é o fator econômico, pois a
renda do aposentado, muitas vezes é a única renda que essa família pode
contar. Neste caso a pessoa idosa, na maioria das vezes, ocupa um lugar de
destaque e de controle familiar, onde sua opinião, no mínimo será ouvida.
A família é importante em qualquer estágio da vida. Não é diferente para
terceira idade. A família está em constante mudança e aprender a lidar com
esse membro mais vivido e mais experiente se faz necessário em um mundo
aonde chegar à velhice está se tornando muito comum. Assim sendo, pode-se
dizer que as famílias contendo pelo menos um idoso tendem a representar
uma situação naturalizada neste novo contexto de nossa civilização.
Veremos mais adiante os pontos principais da dinâmica desta família,
passando pela história do idoso no Brasil e os entrelaces propriamente ditos de
uma estrutura familiar marcada pela influência de um ou mais membros da
chamada terceira idade.
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CAPÍTULO IV
HISTÓRIA DO IDOSO NO BRASIL
Discutir sobre idosos no Brasil é considerar as características, as
particularidades, as especificidades, enfim, é delimitar o estudo deste grupo
social a este contexto próprio, peculiar e particular da nossa sociedade.
Portanto, é abordar este tema segundo a nossa cultura e com tudo que nela
está inserida, suas crenças, valores, regras, atitudes, pensamentos, enfim,
todas as representações que ela contém, considerando ainda as
características econômicas, políticas e sociais próprias do nosso país.
No Brasil, conforme o Estatuto do Idoso, reconhece-se como pessoa
idosa todo cidadão com 60 anos e mais. Porém alguns direitos só são
concedidos aos cidadãos com idade superior a 65 anos, como a gratuidade no
transporte coletivo urbano e o benefício da prestação continuada, um benefício
da Lei Orgânica da Assistência Social que é o repasse mensal no valor de um
salário mínimo, feito a idosos com mais de 65 anos ou indivíduos com
deficiências que não têm condições de garantir o próprio sustento.
De acordo com os dados do IBGE, havia no Brasil, em 2002, cerca de
16 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando 9,3% da
população, sendo 56% deste total, mulheres. Nota-se com isso um dos
fenômenos típicos da velhice em todo o planeta, ou seja, a feminização. Esse
processo também não deixa de ocorrer no Brasil, pois as mulheres têm uma
expectativa de vida bem maior do que a masculina, devido a redução de
mortalidade materna, as melhorias nas condições de saúde e queda da
fecundidade, menor risco de acidentes de trabalho, menor consumo de álcool
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e tabaco, maior atenção e informações a sintomas de doenças, incluindo maior
constância na procura por serviços médicos.
Porém, essas mulheres idosas são, em sua maioria, viúvas e esta
viuvez faz com que a tarefa da mulher fique ainda mais pesada, cabendo a ela
a educação e criação dos filhos, dos netos e às vezes até o cuidado com
apropria mãe. Neste sentido, a solidão, a pobreza e a viuvez fazem com que a
mulher necessite de muita atenção, orientação e preparação na terceira idade.
As diferenças de expectativa de vida entre os sexos mostram que em
1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos; em 2000,
passaram para 55,1%. Portanto, em 2000, para cada 100 mulheres idosas
havia 81,6 homens idosos.
3.1 – A moradia do idoso
Outra conclusão que podemos analisar nos dados do IBGE é referente
à moradia do idoso. Residir na cidade pode beneficiar a idosa, especialmente
aquela que é viúva, por causa da proximidade com seus filhos, dos serviços
especializados de saúde e de outros facilitadores do cotidiano. Assim, o grau
de urbanização da população idosa também acompanha a tendência da
população total, ficando em torno de 81% em 2000. A proporção de idosos
residentes nas áreas rurais caiu de 23,3%, em 1991, para 18,6%, em 2000.
Estudos têm sinalizado um rápido aumento do número de idosos no
Brasil. A estimativa do IBGE para o ano de 2025 equivale a 15% de idosos da
população total, correspondendo aproximadamente a 30 milhões. Para
evidenciar melhor a dimensão do acelerado processo de envelhecimento no
Brasil, tomemos como parâmetro, a França, onde foram necessários 120 anos
para que o número de idosos passasse de 7% do total dos habitantes do país
para 14%. O Brasil vai experimentar um aumento equivalente num período de
20 anos.
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2.2 – Questoes sociais e econômicas
Conforme menciona Ziberman (2000), após a 2ª guerra mundial (1945 –
1960), ocorreu um fenômeno denominado “baby-boom”, ou seja, explosão na
taxa de natalidade. Em 2025, portanto, ocorrerá o “velho-boom”, as pessoas
que nasceram no pós-guerra estarão na faixa dos 65 aos 80 anos, o que sem
dúvida, terá uma importante repercussão social, médica e econômica.
A conseqüência social seria a convivência de 3 a 4 gerações que pode
levar a crise de gerações; a conseqüência médica diz respeito ao crescimento
da demanda por serviços de saúde, mais gasto com medicação, maior
ocupação de leitos em hospitais e por mais tempo e a conseqüência
econômica e o surgimento de grande quantidade de pessoas com menos
condição de auto-sustento, aumento das despesas com saúde e pela queda
da renda devido à redução do número de indivíduos economicamente ativos.
2.3 – Qualidade de vida
Os fatores demográficos que mostram a incidência cada vez mais
representativa do contingente idoso no Brasil referem-se, por um lado ao
aumento da expectativa de vida e, por outro lado, na diminuição dos índices de
natalidade e de fecundidade, nas últimas décadas.
As melhorias na qualidade de vida, no Brasil, acompanham a
desigualdade na distribuição de renda e de serviços para população. Porém,
mais importante do que acrescentar anos à vida é, em nosso entender, dar
qualidade a esse tempo para que ele realmente valha a pena ser vivido
(Rodrigues, 2005).
A qualidade der vida na terceira idade é o resultado de tudo o que
fizemos ao longo do tempo. Essa qualidade começa a ser garantida desde que
somos crianças, pois a velhice está inserida em uma perspectiva de ciclo vital.
O idoso que somos ou seremos é reflexo do jovem e do adulto que fomos. Na
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velhice deparamos com as conseqüências do que foi constituído ao longo de
nossa história física, emocional, afetiva, profissional e social.
Criam-se especialidades e especialistas de diferentes competências. A
Geriatria é uma especialidade médica que surgiu com a preocupação de um
estudo mais específico com a esta pessoa que envelheceu, mas hoje está
sendo bastante procurada por pessoas maduras que querem chegar a terceira
idade com boa qualidade de vida. O mesmo tempo que é capaz de trazer
sabedoria, experiências e maturidade pode também deteriorar e enfraquecer o
corpo humano. Por isso a Geriatria estará trabalhando no âmbito da prevenção
e do tratamento das patologias próprias desta faixa etária.
A Gerontologia em uma especialidade que trabalha na
multidisciplinaridade e que cuida do idoso como um todo, do ponto de vista
psíquico, físico e social. O gerontólogo trabalha com assistentes sociais,
geriátras, psicólogos, arquitetos e enfermeiros todos visando o bem estar geral
da pessoa idosa.
O que se verifica é o fato do envelhecimento da população brasileira
estar acontecendo sem que tenha havido uma real melhoria as condições de
vida, sem que se tenha estabelecido uma política de bem-estar social e de
cuidados à saúde, sem que tenham sido tomadas decisões políticas e
econômicas voltadas para o interesse desta população e nem tenham
desenvolvido estudos científicos e demográficos específicos para esta faixa
etária.
Portanto, o envelhecimento da população brasileira, traduzido pelo
aumento da expectativa de vida e pela diminuição da taxa de mortalidade e
natalidade, emerge na sociedade como desafio. Com o crescimento da
população de idosos e a redução do contingente de jovens,a população
economicamente ativa crescerá menos. Portanto, torna-se urgente a realização
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de reformas na área da Previdência Social com o intuito de resolver problemas
como a aposentadoria e do sistema de saúde.
3.4 – Idosos que sustentam suas famílias
A importância dos idosos não se restringe à sua crescente participação
no total da população. Boa parte deles hoje são chefes de família e nessas
famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não idosos,
conforme IBGE (2000).
Quase um terço dos idosos do Brasil é responsável pela maior parte da
renda de suas famílias. Esta é a constatação dos Indicadores Sociais
Municipais analisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
com base nos dados do Censo 2000. O estudo mostra que 27% da população
com mais de 60 anos contribuía com mais de 90% dos rendimentos familiares
quatro anos atrás.
Segundo a análise, a importância do auxílio dos idosos é maior nos
pequenos municípios. Em cidades com população entre 5 e 10 mil habitantes,
por exemplo, 35,5% destas pessoas respondem por 30% a 50% de todo o
orçamento da casa. Já nos grandes centros, com mais de 500 mil moradores,
este taxa é de apenas 17,7%.
23
CAPÍTULO IV
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
A violência contra contra a pessa idosa vem sendo discutida e
denunciada, nunca se falou tanto dos direitos reservados aos cidadãos da
terceira idade.
O estatuto do idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, institui em
seu Artigo 1º a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
supreior a 60 (sessenta) anos.
Porém apesar do Estatuto os direitos do velho continuam sendo
desrespeitados.
Artigo 10º do Capítulo II do Estatuto do Idoso: “É obrigação do Estado e
da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
garantindo na Constituição e nas leis”.
Parágrafo 3º do 10º Artigo: “É dever de todos zelar pela dignidade do
idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
As importantes conquistas dos idosos são geralmente desrespeitados.
Por exemplo nos ônibus o idoso tem assentos marcados, são o primeiros, mas
são altos e muitos velhos tem deificuldades para se acomodarem. As escadas
também são altos e muitos precisam de ajuda para subirem nos ônibus.
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Quando um idoso está no ponto de ônibus, muitas vezes o motorista
pára longe do ponto obrigando o idoso a caminhar distâncias maiores para
entrar no ônibus.
Dentro da família muitos idoso, mesmo contribuindo para o orçamento
doméstico, não possuem voz de comando ou mesmo a opinar sobre os
destinos da família.
Homens e mulheres acostumados talvez, em suas mocidades a seerem
dinâmicos, participativos e que até gerenciaram empresas e suas famílias.
Quando chegam à terceira idade se aposentam e parece que perderam quase
que automaticamente todo poder de decisão e influencia dentro de seu lar.
A Lei Maria da Penha, Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006, coíbe a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa Lei reforça o Estatuto do
Idoso em relação à violêncica causada contra, especificamente, contra a
mulher idosa.
No Artigo 2º toda mulher, independente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura, nível, educacional, idade e religião, goza dos
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhes asseguradas as
oportinidades e facilidades.
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CONCLUSÃO
A expectativa de vida para a população idosa subiu nas últimas
décadas. As estatísticas mostram que esse número aumentará a cada ano. A
sociedade, os governos, a família não estão preparados para lidar com as
demandas específicas desta faixa etária. Até a metade do século XX a
expectativa de vida era de até 50 anos, uma pessoa de 40 anos já era
considerada velha para o trabalho, velha para vida. Precisamos, por conta
disso, reformular nossa forma de ver e tratar o idoso.
Pesquisas recentes demonstram uma maior participação da pessoa
idosa nas decisões políticas. Muitos voltam ao trabalho em busca de outra
fonte de renda após suas aposentadorias (muitos sustentam suas famílias),
também pode ser notada uma crescente volta desses idosos aos estudos,
Faculdades têm oferecido vários cursos para a terceira idade.
Podemos dizer que hoje o idoso não é mais como o idoso de 30 ou 40
anos atrás, voltado apenas para o núcleo particular. Os idosos de hoje parece
estar também interessado na dinâmica de sua sociedade. Porém as
dificuldades ainda são muitas. O Estatuto do Idoso existe, mas não é
amplamente divulgado. Viver é envelhecer com as adaptações ao ambiente e
não se sentir excluído.
O envelhecimento populacional do Brasil traz novos desafios para toda
sociedade; para que o aumento da sobrevida não seja só quantitativo, mas
ocorra com qualidade. A população que envelhece necessita de serviços de
saúde específicos, que envolvam políticas preventivas, com foco na qualidade
de vida, na boa alimentação e na prática de exercícios físicos. Além da
conquista de seu espaço na sociedade, sendo um ser participativo, integrado e
engajado na sociedade em que vive.
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O cenário que aguardamos no próximo século deverá contar com
políticas sociais que dêem as pessoas idosas condições para desfrutar de uma
vida com dignidade, e de um envelhecimento com qualidade.
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ANEXO 1
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL DO BRASIL POPULAÇÃO DE 60 ANOS E MAIS Anos População total População com 60 anos e
mais % da população idosa sobre o total
*1970 93.137.796 4.716.206 5,06 *1980 119.002.706 7.216.017 6,06 *1990 150.367.841 10.613.000 7,06 **2000 169.700.000 14.536.029 8,06 ***2025 322.666.670 34.000.000 15 Fontes: *Anuário Estatístico – Instituto Brasileiro de Geografia – IBGE 1990.
**Censo IBGE 2000 - ***Estimativa IBGE
28
ANEXO 2
Pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsáveis pelos domicílios, em relação ao tipo de arranjo familiar em que se encontram inseridas -Brasil – 2000
Sexo do responsável
Total de responsáveis pelos domicílios
Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsáveis pelos domicílios, em relação ao tipo de arranjo familiar em que se encontram inseridas (%)
Casal sem filhos (1)
Casal com filhos e/ou outros parentes (2)
Morando com filhos e/ou outros parentes (3)
Morando sozinho (4)
Total 8 964 850 17.0 36.0 28.7 17.9
Homem 5 594 347 25.9 55.5 8.9 9.5
Mulher 3 370 503 2.1 3.6 61.5 31.8
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 Nota: Domicílios particulares permanentes (1) Responsável idoso morando com cônjuge, sem filhos e/ou enteados e/ou outro parente. (2) Responsável idoso morando com cônjuge, com filho e/ou enteado e/ou com outro parente (pai, mãe, sogro(a), neto(a), bisneto(a), irmão, irmã, outro parente, agregado(a) (3) Responsável idoso morando sem cônjuge, com filho e/ou enteado e/ou com outro parente (pai, mãe, sogro(a), neto(a), bisneto(a), irmão, irmã, outro parente, agregado(a)
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ANEXO 3
Responsável idoso morando sem cônjuge, sem filhos e/ou enteados e/ou outro parente. Pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsáveis pelos domicílios, em relação ao tipo de arranjo familiar em que se encontram inseridas -Brasil – 2000
Sexo do responsável
Total de responsáveis pelos domicílios
Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsáveis pelos domicílios, em relação ao tipo de arranjo familiar em que se encontram inseridas (%)
Casal sem filhos (1)
Casal com filhos e/ou outros parentes (2)
Morando c/ filhos e/ ou outros parentes (3)
Morando sozinho (4)
Total 8 964 850 17.0 36.0 28.7 17.9
Homem 5 594 347 25.9 55.5 8.9 9.5
Mulher 3 370 503 2.1 3.6 61.5 31.8
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 Nota: Domicílios particulares permanentes (1) Responsável idoso morando com cônjuge, sem filhos e/ou enteados e/ou outro parente. (2) Responsável idoso morando com cônjuge, com filho e/ou enteado e/ou com outro parente (pai, mãe, sogro(a), neto(a), bisneto(a), irmão, irmã, outro parente, agregado(a) (3) Responsável idoso morando sem cônjuge, com filho e/ou enteado e/ou com outro parente (pai, mãe, sogro(a), neto(a), bisneto(a), irmão, irmã, outro parente, agregado(a) (4) Responsável idoso morando sem cônjuge, sem filhos e/ou enteados e/ou outro parente.
30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Calil, V. Terapia Familiar e de Casal. Rio de Janeiro, RJ: Sumus, 1998.
Erikson, E. O Ciclo de Vida Completo. Porto Alegre: ArtMed. 1998.
Novaes, M, H. Psicologia da Terceira Idade: conquistas possíveis e rupturas
necessárias. 2 ed. aumentada. Rio de Janeiro, RJ: NAU, 2000. Original
publicado em 1926.
Sarti, C. A. A Família como Espelho: Um Estudo Sobre a Moral dos Pobres.
Campinas: Autores Associados,1996.
Souza, S. R. Ao Encontro dos Amanhãs. Rio de Janeiro, RJ, UFMBB 2001).
Souza, S. R. 3ª Idade Dinâmica. Rio de Janeiro, RJ, UFMBB, 2006).
Brasil (2007). Estatuto do idoso. Disponível em:
<htpp//www.serasa.com.Br/guiaidoso/ 20.html>. Acesso em 09/2010
Coutrim, R. M. E. (2006). Idosos trabalhadores e ganhos nas relações
intergeracionais. Disponível em: <htpp//www.cielo.br >. Acesso em 10/2010
IBGE (2000). Censo demográfico brasileiro. Disponível em:
<htpp//www.ibge.gov.br>. Acesso em 09/2010
IBGE (2000). Perfil dos idosos responsáveis por domicílios no brasil.
Disponível em: <htpp//www.ibge.gov.br >. Acesso em 09/2010
31
Prado, S. D. (2002). O curso da vida, o envelhecimento humano e o futuro.
textos envelhecimento. Retirado em 08/2007, do site UNAT no world wide web:
<htpp// www.unati.uerj.br>. Acesso em 09/2010
www.vez do mestre.com.br, ícone monografia, Rio de Janeiro – Universidade
Candido Mendes – 2010, acesso em 10-10-2010.
32
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
CONCEITO DE IDOSO 10
CAPÍTULO II
CONVIVÊNCIA COM A PESSOA IDOSA 14
CAPÍTULO III
O IDOSO E A FAMÍLIA 16
CAPÍTULO IV
A HISTORIA DO IDOSO NO BRASIL 18
3.1 – A moradia do idoso 19
3.2 – Questoes sociais e econômicas 20
3,3 – Qualidade de Vida 20
3,4 – Idosos que Sustentam suas Famílias 21
CAPÍTULO V
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO 23
CONCLUSÃO 25
ANEXSO 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 30
ÍNDICE 32
FOLHA DE AVALIAÇÃO 33
33
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: