UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS
NA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL
Por: Bianca Maria de Sales
Orientadora
Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira
Niterói
2012
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS NA
GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Ambiental
Por: Bianca Maria de Sales
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, aos
professores e colegas de curso, amigos e
parentes pela força nos momentos difíceis.
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DEDICATÓRIA
Ao meu filho Murilo, aos meus tios Graça
Sales e Albérico Silva e a minha querida
assistente Judite.
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RESUMO
A divulgação de aspectos ambientais de uma organização demonstra seu
compromisso e responsabilidade com o Meio Ambiente. E o respeito com seus
funcionários e clientes. As experiências empresariais em sustentabilidade mostram
que as organizações só têm a ganhar quando demonstram transparência em suas
atividades. Adquirem a confiança e o reconhecimento de novos investidores e
possíveis consumidores. Não é mais viável apenas investir em produção. A
preocupação com o meio ambiente, e o desgaste de seus recursos é o atual foco de
empresas de alcance internacional. Empresas como PETROBRAS, NATURA, 3M do
Brasil, ALCOA Alumínio reconheceram sua responsabilidade socioambiental e
desenvolveram projetos que recuperassem parte do que consomem do meio ambiente
para sua produção. Os relatórios ambientais empresariais servem não apenas para
dar uma satisfação à sociedade mas também são aliados para que a empresa busque
seu aprimoramento e possa se auto-avaliar em suas atividades e procedimentos,
alcançando assim o objetivo de sucesso pleno internamente com seus funcionários e
externamente com seus ganhos.
Palavras-chave: Relatórios Ambientais, Meio Ambiente e Gestão Ambiental.
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental,
Levantamento de relatórios ambientais , consultas à legislação vigente e pesquisas à
internet em sites de empresas renomadas que já trabalham com relatórios ambientais
e sabem de sua importância.
A metodologia utilizada foi a investigativa e científica com a coleta de dados e
informações que enriquecessem o conteúdo do trabalho apresentado. Revelando a
riqueza de detalhes dos relatórios ambientais não só para o meio ambiente em si,
como para a sociedade e a cultura.
A monografia aqui apresentada foi resultado primeiramente de uma seleção de
livros, além de artigos, e revistas adquiridos em conferências, congressos e reuniões
em que pude participar ao longo do ano 2011.
Após a investigação e aquisição de conteúdo sobre relatórios ambientais,
foram feitas as citações e a elaboração do presente trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 01
CAPÍTULO I 11
A Importância
CAPÍTULO II 20
A Divulgação
CAPÍTULO III 22
O Conteúdo
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
BIBLIOGRAFIA CITADA 55
ANEXOS 41
ÍNDICE 59
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INTRODUÇÃO
Nos dias atuais a questão do Meio Ambiente e sua utilização é foco
das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente houve necessidade das empresas reverem seus
procedimentos.
Existe uma pressão mundial de que as empresas produzam sem
causar prejuízos ao Meio Ambiente. E para isso, existe uma espécie de
fiscalização, com regras que mantêm a empresa e seus funcionários com a
responsabilidade socioambiental.
As empresas não estão mais apenas preocupadas com a qualidade
dos seus produtos e serviços. Uma empresa comprometida com a
sustentabilidade é vista como atual e principalmente responsável.
O chamado Marketing Verde faz com que atitudes e transparência
promovam e coloquem a indústria ao nível de competitividade mundial.
O Brasil ainda está reformulando suas indústrias para atender a esse
padrão socioambiental. Mas já existem bons exemplos empresariais.
Existem vários tipos de Relatórios Ambientais Empresariais, de
acordo com o público ao qual terá acesso.
Porém a grande importância do Relatório Ambiental Empresarial
além do compromisso é a oportunidade do cidadão comum e dos órgãos
públicos fiscalizarem a utilização dos recursos naturais.
É fato que não existem mais recursos naturais renováveis, a
natureza não é poupada pela urgência do processo.
Saber dosar o crescimento da economia com a ecologia é o grande
desafio da humanidade para as futuras gerações.
Impedir o progresso é impossível porém é preciso e urgente
aprender a utilizar os recursos responsavelmente.
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CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS
EMPRESARIAIS
A elaboração de um relatório ambiental é uma maneira da empresa
demonstrar transparência aos seus consumidores e investidores. A Lei
9966/2000 estabelece que todas as informações ambientais sejam acessíveis
ao público, em consulta pública.
Os relatórios podem vir de duas origens diferentes: por obrigação
legal ou por ato voluntário. Os destinatários podem ser grupos de usuários
específicos ou usuários indiferenciados, público em geral. As questões
levantadas e relatadas podem ser exclusivamente ambiental ou também,
ambientais, sociais, econômicas e com outras questões relacionadas. Os
modelos de relatórios poderão ser próprios, padronizados ou até mesmo a
combinação entre os dois tipos citados.
A Constituição Federal estabelece todos têm direito de receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse
coletivo. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas são
alguns dos princípios da administração pública direta e indireta de qualquer
esfera e ente público. Um dos instrumentos de política pública ambiental
instituídos pela Lei 6.938, de 1981, é a garantia da prestação de informações
relativas ao Meio Ambiente por parte das entidades do poder público, cabendo
a eles produzir tais informações caso elas sejam obrigadas a permitir o acesso
público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem
de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que
estejam sob sua guarda, especialmente sobre: qualidade do meio ambiente;
políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto
ambiental; resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle
de poluição e de atividades potencialmente poluidoras, bem como de planos e
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ações de recuperação de áreas degradadas; acidentes, situações de risco ou
de emergência ambientais; emissões de efluentes líquidos e gasosos, e
produção de resíduos sólidos; substâncias tóxicas e perigosas; diversidade
biológica e organismos geneticamente modificados. Outros relatórios
ambientais resultam de atos voluntários determinados por uma postura proativa
da empresa em relação ao meio ambiente, constituindo-se, desse modo, em
instrumentos de prestação de contas dos acordos voluntários privados,
unilateral ou bilateral.
Por meio de acordos voluntários as organizações privadas se
comprometem a realizar algum tipo de ação para melhorar seu desempenho
ambiental. A OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento
Econômico) os considera uma ampla categoria de instrumentos de política
ambiental, que podem ser de quatro tipos: programas públicos voluntários,
acordos negociados, comprometimentos unilaterais e acordos privados.
Segundo Barbieri (2007), apenas os dois primeiros podem ser
entendidos como instrumentos de política pública e mesmo assim não devem
ser vistos como espécies diferentes de instrumentos, mas sim formas
diferentes de criar e implementar instrumentos de política ambiental explícita.
Os acordos voluntários, públicos ou privados, resultam do
aperfeiçoamento das relações entre órgãos públicos e agentes privados em
relação às questões ambientais. Um exemplo de acordo está citado no
Capítulo 30 da Agenda 21, que trata do papel do comércio e da indústria para a
promoção do desenvolvimento sustentável, considera-se que as empresas,
inclusive as transnacionais, devem ser estimuladas a informar anualmente seus
resultados ambientais, bem como o uso de energia e recursos naturais.
A ISO 14001:2004 estabelece que a organização deve decidir a
respeito da comunicação externa sobre seus aspectos ambientais significativos
e documentar essa decisão como um dos documentos do SGA (Sistema de
Gestão Ambiental). Ou seja, para cumprir o requisito da comunicação externa
de caráter voluntário, a norma apenas exige que a organização considere essa
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possibilidade e documente a sua decisão. Porém, a organização deve
implementar e manter procedimentos para responder formalmente as
informações solicitadas de partes interessadas externas sobre assuntos
relacionados com seus aspectos ambientais e a condução de sua gestão
ambiental.
Os relatórios ambientais tratados decorrem de compromissos
assumidos voluntariamente, que são comunicações sobre as condições e o
desempenho ambiental da empresa sem demandas legais explícitas. Os
relatórios de auditoria, espécies de relatórios ambientais, são peças resultantes
de outros instrumentos específicos, as auditorias ambientais.
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CAPÍTULO II
A DIVULGAÇÃO
2.1 - Para quem divulgar?
A divulgação voluntária do desempenho ambiental de uma dada
empresa depende de como seus dirigentes entendem a responsabilidade social
da empresa.
Segundo Milton Friedman (1970), quando se entende que ela se
resume a gerar lucros dentro da lei, os relatórios ambientais destinam-se
basicamente aos acionistas ou proprietários e objetivam dar a eles informações
relativas às questões ambientais que podem afetar positiva ou negativamente
os resultados da empresa no presente e em diferentes períodos futuros. Essa
concepção de responsabilidade social baseada no atendimento exclusivo dos
interesses dos proprietários ou acionistas da empresa, embora ainda
amplamente praticada, é incompatível coma s expectativas da sociedade de
um modo geral e injustificada perante os graves problemas sociais, ambientais
e econômicos do Planeta.
A responsabilidade social empresarial, como aponta Wood (1991),
decorre do fato de que a sociedade tem certas expectativas quanto ao
comportamento empresarial e aos resultados de suas atividades. Essas
expectativas recaem sobre: (1) os negócios pelo papel que eles desempenham
enquanto instituições econômicas; (2) as empresas pelo que são e fazem; e (3)
os administradores como agentes morais das empresas. De acordo com esse
autor, desses três níveis de expectativas da sociedade decorrem os princípios
de responsabilidade social empresarial, a saber: princípio da legitimidade, da
responsabilidade pública e da discrição ou do discernimento dos
administradores.
O princípio da Legitimidade estabelece que a sociedade concede
legitimidade e poder às empresas, desde que usados de modo responsável. O
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princípio de responsabilidade pública refere-se ao fato de que as empresas são
responsáveis pelos resultados relacionados com as áreas primárias e
secundárias de envolvimento com a sociedade. O terceiro princípio define as
responsabilidades dos administradores para serem atores morais e para
perceberem e praticarem escolhas a serviço da responsabilidade social. Esse
último princípio estabelece que os administradores devem exercer com
discernimento as atividades que forem exeqüíveis em qualquer domínio da
responsabilidade social empresarial, para alcançar resultados socialmente
responsáveis, Wood (1991).
Entre as expectativas da sociedade quanto ao comportamento das
empresas e aos resultados de suas atividades, estão as concernentes às
soluções para os problemas ambientais que já alcançaram dimensões
gigantescas que comprometem o próprio futuro da humanidade.
Para Buchholz e Rosenthal (1999) responsabilidade implica uma
obrigação com alguém ou algo. No campo da moral, entendida como a conduta
de indivíduos e grupos orientada por normas, princípios e valores, a
responsabilidade é a capacidade de assumir compromisso se decidir sobre
questões que afetam outras pessoas e assumir as conseqüências dessas
decisões. Inscreve-se, portanto, num ambiente de liberdade para decidir e de
conhecimento sobre efeitos da decisão. Como diz Vásques (1999), “um dos
elementos do ato moral é a consciência de um fim e a decisão de realizá-la”.
Só tem responsabilidade quem tiver liberdade para decidir sobre questões que
afetam positiva ou negativamente, indivíduos, grupos, países e o meio
ambiente com todos os seus elementos vivos e não-vivos. A liberdade é um
elemento essencial da responsabilidade para o qual muitas tintas foram gastas
e muitas ainda serão, a começar pelo seu próprio entendimento, podendo
significar a possibilidade de decidir entre alternativas conformadas por uma
dada situação. A responsabilidade social empresarial, como uma
responsabilidade que se dá no campo da moral, também decorre da liberdade
entendida como possibilidade de decidir sobre ações que afetam outras
pessoas e outros seres.
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Executando os casos no quais a empresa é obrigada por lei a divulgar
o seu desempenho ambiental, há um amplo espectro de questões cuja
divulgação depende de decisão da alta administração. A comunicação externa
voluntária dos resultados socioambientais também beneficia a administração
comprometida com esse conceito de responsabilidade social ampliada
decorrente do conceito de desenvolvimento sustentável. Ao divulgar o
desempenho socioambiental da empresa, a administração pode receber
avaliações, críticas e sugestões feitas por outros atores sociais quanto aos
resultados que ela está obtendo. O acesso às informações sobre esse
desempenho representa uma prestação de contas à sociedade com respeito às
atividades da empresa. A ampliação da divulgação para outros atores sociais, e
não apenas os acionistas ou proprietários, faz parte de uma nova concepção
de responsabilidade social empresarial.
Segundo Buchholz e Rosenthal (2001), a responsabilidade social
empresarial é um conceito fundamental ético e que pressupõe um novo modo
de pensar o bem-estar humano e um compromisso com a melhoria da
qualidade de vida. Porém, não se tem efetivamente um novo pensar sobre o
bem-estar e a qualidade de vida humana sem levar conta as condições de vida
dadas pelo meio ambiente na sua concepção ampla que envolve meios físico,
biológico e social.
A inclusão de preocupações com o meio ambiente é que de fato
conduz a um novo entendimento sobre responsabilidade social. Para a
Comissão da Comunidade Européia, a responsabilidade social empresarial é
um conceito por meio do qual as empresas integram preocupações sociais e
ambientais às operações dos seus negócios e às interações com outras partes
interessadas. A norma brasileira NBR 16.001:2004 define responsabilidade
social como “uma relação ética e transparente da organização com todas as
suas partes interessadas, visando o desenvolvimento sustentável”. Em outras
palavras, a responsabilidade social empresarial é um meio pelo qual as
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empresas podem se tornar parte ativa do movimento em torno do
desenvolvimento sustentável.
Esse modo de entender a responsabilidade social exige que a
administração leve em conta outros interessados e não apenas os acionistas
ou proprietários. E impõe, uma dificuldade de ordem prática: saber o que
significa resultados socialmente responsáveis, diante da pluralidade de
interesses em escala mundial e de percepções influenciadas por diferentes
culturas, bem como das incertezas que acompanham as ações empresariais,
principalmente quanto às tecnologias de produtos e de processos de produção.
Considerando o conceito de desenvolvimento sustentável, espera-se que as
empresas sejam sustentáveis em termos econômicos, sociais e ambientais, o
que significa que elas devem não só gerar renda e riqueza, o objetivo primário
para o qual foram criadas, mas serem capazes de minimizar seus impactos
ambientais adversos, maximizar os benefícios e contribuir para tornar a
sociedade mais justa.
A Conferência de Estocolmo, em 1972, contribuiu de maneira
importante para gerar um novo entendimento sobre os problemas ambientais e
a maneira como a sociedade provê sua subsistência. Todos os acordos
ambientais multilaterais que vieram depois procuraram incluir esse novo
entendimento a respeito das relações entre o ambiente e o desenvolvimento.
Talvez uma das suas principais contribuições tenha sido a de colocar em pauta
a relação entre meio ambiente e formas de desenvolvimento, de modo que,
desde então, não é mais possível falar seriamente em desenvolvimento sem
considerar o meio ambiente e vice-versa. Da vinculação entre desenvolvimento
e meio ambiente é que surge um novo conceito de desenvolvimento
denominado desenvolvimento sustentável.
O uso indiscriminado e pouco criterioso dessa expressão, que está em
voga no momento, tem contribuído para dificultar seu entendimento. A
Comissão Mundial para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (CMDM), criada
pela ONU em 1987, em seu relatório “Nosso futuro comum”, apresenta uma
definição que já correu os quatro cantos do mundo e pode ser um bom ponto
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de partida para a compreensão do que vem a ser este novo modo de pensar o
desenvolvimento vinculado ao meio ambiente. É a seguinte: “desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas
próprias necessidades. Ainda conforme a citada Comissão, os principais
objetivos de políticas ambientais e desenvolvimento derivados desse conceito
de desenvolvimento são os seguintes:
§ Retomar o crescimento como condição necessária para erradicar
a pobreza;
§ Mudar a qualidade do crescimento para torná-lo mais justo,
equitativo e menos intensivo em matérias-primas e energia;
§ Atender às necessidades humanas essenciais de emprego,
alimentação, energia, água e saneamento;
§ Manter um nível populacional sustentável;
§ Conservar e melhorar a base de recursos;
§ Reorientara tecnologia e administrar os riscos e
§ Incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório.
O desenvolvimento sustentável resultaria, portanto, de um pacto duplo,
um pacto intergeracional, que se traduz na preocupação constante com o
gerenciamento e a preservação dos recursos para as gerações futuras, e um
pacto intergeracional que se expressa nas preocupações quanto ao
atendimento às necessidades básicas de todos os humanos. As gestões
socioambientais são abordagens coerentes com as idéias relativas ao
desenvolvimento sustentável.
A fase atual da gestão ambiental global tem início com a realização da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), realizada em 1992 no Rio de janeiro, que contou com a
participação de 178 países. Nessa Conferência foram aprovados documentos
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importantes relativos aos problemas socioambientais globais, dentre eles a
Declaração do Rio de janeiro sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a
Convenção sobre Mudanças Climáticas, a Convenção da Biodiversidade e a
Agenda 21.
A Agenda 21, uma das principais contribuições dessa fase, apresenta
recomendações específicas para os diferentes níveis de atuação, do
internacional ao organizacional (sindicatos, empresas, ONGs, instituições de
ensino e pesquisa etc.) sobre assentamentos humanos, erradicação da
pobreza, desertificação, água doce, oceanos, atmosfera, poluição e outras
questões socioambientais constantes em diversos relatórios, tratados,
protocolos e outros documentos elaborados durante décadas pela ONU e
outras entidades globais e regionais. Na sua essência, a Agenda 21 é uma
consolidação das resoluções já tomadas por essas entidades e estruturadas a
fim de facilitar sua implementação nos diversos níveis de abrangência. A fase
atual se caracteriza pela implementação e aprofundamento desses acordos
multilaterais, o que implica colocar em prática as usas disposições e
recomendações pelos estados nacionais, governos locais, empresas e outros
agentes.
2.2. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, tendo se reunido no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de
1992, reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, adotada em Estocolmo em 16 de junho de 1972, e
buscando avançar a partir dela, com o objetivo de estabelecer uma nova e
justa parceria global mediante a criação de novos níveis de cooperação entre
os Estados, os setores-chaves da sociedade e os indivíduos, trabalhando com
vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de
todos e protejam a integridade do sistema global de meio ambiente e
18
desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente da
Terra, nosso lar, proclama que:
Princípio 1: Os seres humanos estão no centro das preocupações com
o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva,
em harmonia com a natureza.
Princípio 2: Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e
com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar
seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de
desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sus
jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros
Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
Princípio 3: O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a
permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de
desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras.
Princípio 4: Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção
ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não
pode ser considerada isoladamente deste.
Princípio 5; Para todos os Estados e todos os indivíduos, como
requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão cooperar na
tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de reduzir as disparidades de
padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do
mundo.
Princípio 6: Será dada prioridade especial à situação e às
necessidades especiais dos países em desenvolvimento, especialmente dos
países menos desenvolvidos e daqueles ecologicamente mais vulneráveis. As
ações internacionais na área do meio ambiente e do desenvolvimento devem
também atender aos interesses e às necessidades de todos os países.
Princípio 7: Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global,
para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do
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ecossistema terrestre. Considerando as diversas contribuições para a
degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a
responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento
sustentável, tendo em vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o
meio ambiente global e as tecnologias e recursos financeiros que controlam.
Princípio 8: Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma
qualidade de vida mais elevada para todos, os Estados devem reduzir e
eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo, e promover
políticas demográficas adequadas.
Princípio 9: Os Estados devem cooperar no fortalecimento da
capacitação endógena para o desenvolvimento sustentável, mediante o
aprimoramento da compreensão científica por meio do intercâmbio de
conhecimentos científicos e tecnológicos, e mediante a intensificação do
desenvolvimento, da adaptação, da difusão e da transferência de tecnologias,
incluindo as tecnologias novas e inovadoras.
Princípio 10: A melhor maneira de tratar as questões ambientais é
assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos
interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às
informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades
públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em
suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos
decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a
participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será
proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos,
inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.
Princípio 11: Os Estados adotarão legislação ambiental eficaz. As
normas ambientais, e os objetivos e as prioridades de gerenciamento deverão
refletir o contexto ambiental e de meio ambiente a que se aplicam. As normas
aplicadas por alguns países poderão ser inadequadas para outros, em
20
particular para os países em desenvolvimento, acarretando custos econômicos
e sociais injustificados.
Princípio 12: Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema
econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico
e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a possibilitar o
tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. As
medidas de política comercial para fins ambientais não devem constituir um
meio de discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição disfarçada
ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o
tratamento dos desafios internacionais fora da jurisdição do país importador. As
medidas internacionais relativas a problemas ambientais transfronteiriços ou
globais deve, na medida do possível, basear-se no consenso internacional.
Princípio 13 : Os Estados irão desenvolver legislação nacional relativa
à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros danos
ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais
determinada, no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à
responsabilidade e à indenização por efeitos adversos dos danos ambientais
causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua
jurisdição ou sob seu controle.
Princípio 14: Os Estados devem cooperar de forma efetiva para
desestimular ou prevenir a realocação e transferência, para outros Estados, de
atividades e substâncias que causem degradação ambiental grave ou que
sejam prejudiciais à saúde humana.
Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da
precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com
suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a
ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o
adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação
ambiental.
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Princípio 16: As autoridades nacionais devem procurar promover a
internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos
econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em
princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse
público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos
internacionais.
Princípio 17: A avaliação do impacto ambiental, como instrumento
nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um
impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à
decisão de uma autoridade nacional competente.
Princípio 18: Os Estados notificarão imediatamente outros Estados
acerca de desastres naturais ou outras situações de emergência que possam
vir a provocar súbitos efeitos prejudiciais sobre o meio ambiente destes últimos.
Todos os esforços serão envidados pela comunidade internacional para ajudar
os Estados afetados.
Princípio 19: Os Estados fornecerão, oportunamente, aos Estados
potencialmente afetados, notificação prévia e informações relevantes acerca de
atividades que possam vir a ter considerável impacto transfronteiriço negativo
sobre o meio ambiente, e se consultarão com estes tão logo seja possível e de
boa fé.
Princípio 20: As mulheres têm um papel vital no gerenciamento do
meio ambiente e no desenvolvimento. Sua participação plena é, portanto,
essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável.
Princípio 21: A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do
mundo devem ser mobilizados para criar uma parceria global com vistas a
alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para
todos.
Princípio 22: Os povos indígenas e suas comunidades, bem como
outras comunidades locais, têm um papel vital no gerenciamento ambiental e
no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos e de suas práticas
22
tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar adequadamente sua
identidade, cultura e interesses, e oferecer condições para sua efetiva
participação no atingimento do desenvolvimento sustentável.
Princípio 23: O meio ambiente e os recursos naturais dos povos
submetidos a opressão, dominação e ocupação serão protegidos.
Princípio 24: A guerra é, por definição, prejudicial ao desenvolvimento
sustentável. Os Estados irão, por conseguinte, respeitar o direito internacional
aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de conflitos armados e irão
cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.
Princípio 25: A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são
interdependentes e indivisíveis.
Princípio 26: Os Estados solucionarão todas as suas controvérsias
ambientais de forma pacífica, utilizando-se dos meios apropriados, de
conformidade com a Carta das Nações Unidas.
Princípio 27: Os Estados e os povos irão cooperar de boa fé e
imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios
consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo do
direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável.
2.3. Identificação dos usuários
Identificar os diferentes atores sociais com interesse no desempenho
ambiental da empresa é uma questão importante a ser resolvida para a
elaboração de relatórios ambientais voluntários. Qualquer indivíduo ou grupo
interessado ou afetado pelo desempenho ambientais da empresa é uma parte
interessada, como definido nas normas de gestão ambiental da família ISO
14000. A palavra stakeholder como sinônimo de pare interessada já era usada
na literatura administrativa desde a década de 1960, mas ganhou popularidade
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com a obra de Freeman de 1984 sobre estratégia empresarial. Stakeholder são
os grupos com interesses na empresa, que afetam de algum modo o seu
desempenho. Para Clarkson, stakeholders são pessoas ou grupos que têm ou
reivindicam propriedades, direitos ou interesses numa empresa e suas
atividades presentes, passadas e futuras. Stakeholders com os mesmos
interesses, direitos e reivindicações podem ser classificados num mesmo
grupo, por exemplo, empregados, acionistas, clientes e concorrentes. Esse
autor distingue dois tipos de grupos de stakeholders: (1) os grupos primários,
cuja participação continuada é vital para a sobrevivência da empresa; e (2) os
secundários, que influenciam ou afetam a empresa, bem como os que são
influenciados ou afetados por ela, mas que não estão engajados em
transações com essa empresa e não são essenciais para a sua sobrevivência.
Investidores, clientes, funcionários e fornecedores são exemplos de grupos
primários; os meios de comunicação e uma grande variedade de organizações
que têm capacidade de mobilizar a opinião pública contra ou favor da empresa
são exemplos de grupos secundários. As ONGs ambientalistas são órgãos do
governo e constituem uma importante fonte de conscientização das populações
em relação aos problemas ambientais.
A prática de uma responsabilidade social empresarial ampliada,
conforme mostrado na seção anterior, exige uma nova postura em matéria de
comunicação com os diferentes grupos de stakeholders. De acordo com o
Gemi (Global Environmental Management Initiative, que desenvolveu e
popularizou o conceito de TQEM (Administração da Qualidade Ambiental
Total), são os seguintes os grupos-chave (key audiences) que a empresa deve
considerar para efeito de comunicação externa: empregados, acionistas
(stakeholders), instituições financeiras, clientes e consumidores, comunidade
local, grupos ambientalistas e de cidadãos, meios de comunicação, público em
geral e agências reguladoras. Assim, se a empresa adota o modelo de gestão
ambiental do TQEM, esses grupos devem ser necessariamente considerados
para efeito de relatórios ambientais, embora outros possam ser também
completados para atender as especificidades da empresa.
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Azzone et al. (1997), mostram que os relatórios ambientais
inicialmente objetivam demonstrar o comprometimento da empresa em relação
às questões ambientais, mas o debate atual sobre esse assunto ampliou a
gama de objetivos, de modo que eles podem variar de uma simples declaração
pública até uma análise em profundidade do desempenho ambiental da
empresa. Qualquer relatório ambiental, independentemente de seu objetivo ou
do público a que se destina, deve apresentar quatro atributos: ser um
documento relevante, confiável, compreensivo e comparável. Esses autores
entendem que para produzir um documento claro e efetivo para comunicação
externa, deve-se:
(a) identificar quais são os stakeholders da empresa;
(b) verificar quais deles necessitam de um relatório ambiental;
(c) compreender por que eles necessitam de um relatório ambiental;e
(d) como essa necessidade pode contribuir para a empresa.
Os autores citados apresentam uma abordagem que parte da
identificação dos stakeholders para a elaboração de uma lista de diferentes
grupos usuários (target group) de relatórios ambientais. Uma idéia básica
desses autores é que nem todos os stakeholders são usuários de relatórios
ambientais. Por exemplo, eles recomendam retirar da lista de usuários os
consumidores, o público em geral e os meios de comunicação, por entenderem
que não é prático atendê-los com relatórios ambientais ou porque eles não
expressaram necessidades específicas que justifiquem o recebimento de
informações regulares e consistentes sobre o desempenho ambiental da
empresa. Os consumidores, nesse caso, por estarem dispersos, tornam
inviável a elaboração e distribuição de um relatório específico. O mesmo
raciocínio não vale quando os consumidores são empresas. Mesmo os
consumidores finais, pessoas físicas, poderiam receber algum tipo de
informação gravada no produto, na embalagem ou nos documentos que
acompanham, como bulas, manuais e certificados de garantias.
25
A norma ISO 1403:2004, que traz diretrizes sobre avaliação de
desempenho ambiental, explica que diferentes partes interessadas de uma
organização apresentam diferenças consideráveis em tremos d esuporte para a
sua administração, contribuições potenciais para o planejamento e como
epressam ou comunicam seus interesses. Como exemplos das partes
interessadas numa organização genericamente considerada, esta norma cita
os seguintes:
§ representantes da administração;
§ empregados;
§ investidores atuais e potenciais;
§ prestadores de serviço;
§ instituições financeiras e seguradoras;
§ entidades legislativas e regulamentadoras;
§ comunidades regionais e circunvizinhança;
§ meios de comunicação;
§ instituições de negócio, administrativas, acadêmicas e de
pesquisa;
§ grupos ambientalistas, de defesa do consumidor e outras
ONGs;
§ público em geral.
Para identificar a visão das partes interessadas e suas necessidades e
suas necessidades de comunicação, a referida norma cita entre outro os
seguintes métodos: pesquisas e questionários, sugestões de empregadores,
reuniões e seminários, audiências públicas, pesquisas de mercado,
rastreamento das regulamentações e suas tendências, diretrizes e normas
voluntárias, comunicação direta com vizinho, clientes, fornecedores e órgãos
públicos e informações da mídia. Para esse efeito da seleção e uso desses
26
métodos, a norma recomenda que organização considere as circunstâncias a
características das suas partes interessadas.
Quaisquer que sejam os métodos adotados, a comunicação ambiental
externa deve resultar de um diálogo constante da empresa com as suas partes
interessadas. Porém, há certos grupos que ainda não existem, como as
gerações futuras, mas que são partes interessadas fundamentais, como se
depreende do conceito de desenvolvimento sustentável mencionado
anteriormente. Outros grupos não têm vozes como os seres vivos não
humanos. Há ainda os grupos que dependem de outros para se fazerem ouvir,
como os povos se encontrarem dispersos em vastos territórios, seja pela
dificuldade que eles tem para avaliar os impactos ambientais dos produtores e
comerciantes dos produtos e serviços que adquirem. Por isso, o diálogo deve
incluir os que falam em nome dos que não possuem vozes, como os agentes
públicos, as ONGs ambientalistas e de ajuda humanitária e as entidades de
defesa do consumidor.
27
CAPÍTULO III
O CONTEÚDO
3.1. O que divulgar nos relatórios ambientais
empresariais?
Decidir o que divulgar para cada um dos grupos de stakeholders
identificados como usuários dos relatórios é outra questão importante a ser
considerada pelos dirigentes da organização. Divulgar o desempenho
ambiental não é algo fácil, tanto pela complexidade das questões envolvidas,
quanto pela necessidade de dar informações que atendam as exigências ou
interesses de usuários específicos.
Para cada grupo de usuário específico, Azzone et al. (1997)
recomendam que a elaboração do relatório leve em conta objetivos , conteúdos
e formatos específicos.
No caso do usuário ser a Academia, os objetivos do usuário serão:
monitorar tendências, estabelecer e publicar as melhores práticas e os
objetivos da empresa serão: demonstrar voluntariamente uma disposição de
ser transparente nas suas decisões relativas ao meio ambiente. E os
conteúdos serão: Política ambiental atual e futura, normas da empresa,
detalhes do SGA (Sistema de Gestão Ambiental), desempenho relativo a
objetivos e metas específicos definidos pela empresa.
No caso do usuário ser o empregado, os objetivos do usuário serão:
conhecer as conseqüências ambientais das operações da empresa e os
objetivos da empresa serão: ampliar a comunicação entre os empregados e a
administração, criar clima interno favorável à participação de todos nos
programas e projetos ambientais. E os conteúdos serão: participação nas
decisões, educação e programas de treinamento, responsabilidade e
conformidade co os regulamentos e a avaliação dos riscos.
28
No caso do usuário ser uma ONG, os objetivos do usuário serão: saber
dos esforços da empresa relacionados com o conceito de sustentabilidade e
capacidade de suporte da Terra. Os objetivos da empresa serão: demonstrar
responsabilidade social informando como a empresa está contribuindo para
reduzir os problemas ambientais globais. E os conteúdos serão: demonstração
do cumprimento da legislação ambiental, detalhes das tendências de
desempenho ambiental, informações sobre o ciclo de vida dos produtos.
No caso do usuário ser uma comunidade financeira ou acionistas os
objetivos dos usuários serão: saber a posição da empresa quanto à legislação
e conhecer os padrões ambientais atuais e iminentes que afetam os resultados
da empresa. Os objetivos da empresa serão: demonstrar segurança quanto
aos riscos que podem elevar os passivos de empresa e prejudicar a realização
de lucros futuros. Os conteúdos serão: demonstração do cumprimento da
legislação ambiental, custos relacionados com as atividades ambientais,
considerações sobre as metodologias de avaliação, passivos ambientais,
contingências e litígios e investimentos futuros.
Por exemplo, os empregados desejam conhecer as conseqüências
ambientais das operações da empresa sobre o meio ambiente interno de
trabalho, enquanto as ONGs ambientalistas tem seu foco nos esforços da
empresa com respeito ao conceito de sustentabilidade e na capacidade de
suporte da Terra. Os objetivos a serem alcançados pela empresa também
diferem conforme o usuário do relatório. Para os empregadores, os relatórios
objetivam ampliar a comunicação e criar um clima favorável à implementação d
apolítica ambiental; para as ONGs, a meta é demonstrar responsabilidade
social e a contribuição da empresa para reduzir os problemas ambientais. As
informações relevantes para os empregos podem referir-se á sua participação
nas decisões, aos programas de educação e treinamento, à responsabilidade e
conformidade com as normas legais e à avaliação dos riscos; as ONGs
estariam interessadas em informações que mostrem em detalhes as
tendências do desempenho ambiental da empresa e questões relativas ao ciclo
de vida dos produtos.
29
Outros usuários podem ser acrescentados como os clientes,
fornecedores e agentes públicos. O importante é definir para cada usuário
identificado quais os objetivos do relatório e quais as informações que eles
devem trazer. As informações devem ser verificáveis, compreensíveis e
apresentadas com a formatação adequada aos usuários. Por exemplo, os
empregados estão interessados em conhecer de modo detalhado os
programas de formação e treinamento, enquanto os acionistas e a comunidade
financeira podem estar interessados apenas em dados agregados sobre a
quantidade de pessoas atendidas pelo programa e o montante de recursos
aplicados.
Caso a organização pretenda relatar seu desempenho ambiental para
um público indiferenciado, ela deve elaborar uma lista de questões ambientais
que serão tratadas de uma única forma. O Sistema Comunitário de Ecogestão
e Auditoria (Emas), em relação à comunicação externa estabelece que a
organização deve disponibilizar ao público e partes interessadas, no mínimo,
os seguintes elementos:
(a) descrição clara e inequívoca da organização e um resumo de suas
atividades, seus produtos e serviços, bem como das relações com outras
organizações, caso existam;
(b) a política ambiental e uma descrição sumária do seu SGA;
© uma descrição de todos os aspectos ambientais diretos e indiretos
que resultam em impactos significativos e uma explicação da relação entre a
natureza desses impactos e aqueles aspectos;
(d) uma descrição dos objetivos e metas ambientais relacionados com
seus impactos ambientais significativos;
(e) um resumo dos dados disponíveis sobre o comportamento da
organização relativo aos seus objetivos e metas, incluindo os valores das
emissões de poluentes, produção de resíduos, consumo de materiais, energia
e água, nível de ruído etc., de modo que permita fazer comparações anuais e
acompanhar a evolução do comportamento ambiental da organização;
30
(f) outros fatores relacionados com esse comportamento, inclusive
perante a legislação relacionada com os impactos significativos;
(g) o nome e o número da certificação do verificador ambiental e data
de validade.
Este último elemento é um regulamento expedido pelos Conselhos das
Comunidades Européias, sob o número 761 em 19 de março de 2001.
Esses elementos mínimos do Emas podem ser classificados como
exemplos a serem considerados num relatório externo enxuto para as
organizações que pretendem efetuar comunicações voluntárias para o público
em geral.
A comunicação externa é um requisito facultativo do SGA conforme a
norma ISO 1400:2004. Ou seja, a organização decide se pretende comunicar e
para quem deve fazê-lo. Esta norma não estabelece o conteúdo mínimo a ser
comunicado, como faz o Emas. Porém, a norma © 14004:2005, a título de
ajuda prática, apresenta a seguinte relação de itens que podem ser incluídos
na comunicação:
(a) informações gerais sobre a organização;
(b) declaração da administração;
(c ) política, objetivos e metas ambientais;
(d) processos de gestão ambiental, incluindo o envolvimento dos
empregados e das partes interessadas;
(e) compromisso da organização com a melhoria contínua;
(f) informações sobre os aspectos ambientais dos produtos e serviços
fornecidos;
(g) informações sobre o desempenho ambiental da organização,
incluindo tendências, tais como redução de resíduos e gerenciamento de
produtos;
31
(h) conformidade com os requisitos legais e outros subscritos, bem
como as ações corretivas e preventivas em resposta aos casos de não-
cumprimento identificados;
(i) informações suplementares, tais como glossários;
(j) informações financeiras, como reduções de custo e investimentos
em projetos ambientais;
(k) estratégias potenciais para aprimorar o desempenho ambiental;
(l) informações sobre acidentes ambientais;
(m) fontes de informações adicionais, tais como pessoas para contato
ou site.
Há outras listas de elementos socioambientais nas quais a empresa
pode se inspirar para selecionar aqueles que pretende comunicar para o
público indiferenciado. Por exemplo, os Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social foram criados pelo Instituto Ethos com o objetivo de serem usados pelas
empresas como instrumentos de acompanhamento e monitoramento das suas
práticas de responsabilidade social, ou seja, como instrumentos de auto-
avaliação. Esses indicadores apresentam-se na forma de um questionário que
deve ser respondido para cada unidade de negócio da empresa. O Instituto
Ethos trata as informações contidas em todos os questionários enviados e
elabora um relatório de benchmarking, com os resultados das empresas com
as dez maiores notas em desempenho final. A empresa que enviou
questionários recebe o relatório de benchmarking e os resultados de sua auto-
avaliação, e poderá comparar seu próprio desempenho com o do grupo de
benchmarking. O questionário e o relatório dos resultados permitem à empresa
avaliar sua gestão de responsabilidade social e planejar ações para melhorar
seu desempenho em indicadores específicos. Esses indicadores não foram
concebidos para serem divulgados, mas eles ou parte deles podem ser
considerados para compor os itens de um relatório destinado ao público em
geral.
32
3.2. Como divulgar os relatórios ambientais
empresariais?
A empresa pode optar por modelos de relatórios próprios ou adorar
modelos ou diretrizes padronizadas dentre as centenas que existem, ou, ainda
utilizar uma combinação de ambos. As considerações feitas na seção anterior
servem de orientação para elaborar relatórios com formatos próprios e de
acordo com os objetivos definidos e as características de usuários
selecionados.
Lista parcial de modelos e diretrizes para Relatórios Ambientais Fonte: Barbieri, 2007.
Relatório
(entidade promotora)
ambiental econômica social saúde e segurança
qualidade área que se aplica
Ceres reporting (Ceres) x Todas
Company Environmental Reporting (Unep/Pnuma)
x Todas
Corporate Environmental Report Scorecard (Deloitte
Touche Tohmatsu)
x x x x todas
Environmental Reporting for the European Chemical
Industry (Cefic)
x x química
Gemi stakeholder Communication
x x todas
Global Reporting Iniciative (GRI)
x x x x x todas
Instituto Brasileiro de Análises Sociais
Econômicas (Ibase)
x x x x Todas
OECD Guide for Multinational Enterprise
(OECD/OCDE)
x x x x x Todas
Public Environmental Reporting Initiative (Peri)
x Todas
Report Hazardous Substance Release and Oil
Spill (Usepa)
X Todas
Responsible Care Report (ICCA)
x x Química
33
Uma tendência atual das iniciativas voluntárias em termos de
comunicação externa é a de propor relatórios que incluam questões
ambientais, sociais, econômicas e outras relacionadas, como o balanço social
do Ibase e o modelo do GRI. Os relatórios das empresas que procuram se
colocar como instrumentos de desenvolvimento sustentável devem conter
informações sobre as dimensões nas quais essa proposta de desenvolvimento
se apóia, e podem ser resumidas da seguinte forma: eficiência econômica,
equidade social e respeito ao meio ambiente externo e interno. Tratam-se,
portanto, de relatórios de sustentabilidade, nos quais as questões ambientais
constituem um dos componentes. O conteúdo desses relatórios inclui
informações sobre as práticas e os resultados alcançados nas áreas de meio
ambiente, geração de empregos, arrecadação de impostos, eliminação de
discriminação no trabalho, apoio à educação, combate ao trabalho forçado e
infantil, saúde e segurança do trabalho e outras questões relacionadas. O
esforço para relatar o desempenho nessas dimensões permite que a empresa
enxergue a sua contribuição atual em relação aos objetivos dôo
desenvolvimento sustentável e estabeleça objetivos e metas para o futuro.
3.3. Balanço Social
O balanço social é um instrumento para tornar transparente a
responsabilidade social da empresa. Esse instrumento se tornou mundialmente
conhecido a partir da experiência francesa, mais especificamente a partir da Lei
77-769, de 1977, que tornou obrigatório o balanço social (bilan social) para as
empresas e organizações com mais de 300 funcionários, incorporando-o ao
Código de Trabalho. Segundo essa norma legal francesa, o balanço social
resume em um documento único os principais dados que permitam avaliar a
situação da empresa no domínio social, registrar as realizações efetuadas e as
medidas implementadas no ano em curso e nos dois anos anteriores. O
balanço social comporta informações sobre o nível de emprego, renumerações,
condições de higiene e segurança, formação e treinamento, relações
profissionais e outras condições de vida dos funcionários e seus familiares. As
questões ambientais não foram contempladas no modelo de balanço social da
34
lei francesa. A lei francesa não prevê qualquer controle sobre as informações
contidas no balanço social e a única pena prevista refere-se à não-
apresentação do balanço ao comitê da empresa.
Outros modelos de balanço social foram criados em outros países por
outras entidades públicas e privadas, mas sempre mantendo o mesmo objetivo:
divulgar a atuação da empresa no campo social durante o ano para um público
indiferenciado. O modelo de balanço social do Ibase, uma ONG criada pelo
sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, tem por objetivo principal dar
conhecimento à sociedade de um modo geral, portanto, usuários
indiferenciados, sobre os resultados das ações da organização que traduzam
sua concepção de responsabilidade social ampliada. Esse balanço é
constituído de indicadores sociais (internos e externos), ambientais, do corpo
funcional e informações quanto ao exercício da cidadania empresarial.
O modelo de balanço social anual do Ibase trata-se de um modelo
bastante simples e sintético para facilitar a sua divulgação em qualquer meio,
impresso ou eletrônico, inclusive para acompanhar a publicação de
demonstrativos contábeis. O objetivo é esse mesmo, prover um conjunto de
informações relacionadas com a responsabilidade social da organização, fácil
de ser entendido e acompanhado pelas partes interessadas.
O balanço social pode adquirir muitas formas, mas um formato
padronizado permite comparar o desempenho de diferentes empresas ao longo
do tempo. A padronização evita que a empresa divulgue apenas os indicadores
que apresentam bom desempenho, passando desse modo uma falsa imagem
perante o público que teve acesso ao balanço social. O Ibase estimula o uso de
seu modelo padronizado conferindo à empresa que utilize um selo Balanço
Social IBase/Betinho. Para receber o selo, a organização deve preencher o
modelo de balanço social do Ibase na sua totalidade, que não se aplicam.
Todos os funcionários devem receber o modelo de forma individualizada e
nominal em material, não sendo admitido o envio exclusivamente por meio da
Internet ou Intranet. Além disso, o Ibase realiza uma consulta pública para
receber opiniões sobre a organização que pretende obter o selo. Desse modo,
35
pode-se dizer que auditoria do balanço social para efeito da concessão do selo
é auditada pela sociedade e pelos próprios funcionários da organização.
Modelo da Public Environmental Reporting Iniciative (Peri)
Perfil da organização
• Tamanho da organização • Número de estabelecimentos • Países onde opera • Principais linhas de atividades • A natureza dos impactos ambientais decorrentes
das operações da organização
Política ambiental
• Informações sobre a política ambiental da organização, escopo, aplicabilidade, objetivos e metas, datas da sua introdução e das revisões, se forem relevantes.
Gestão Ambiental
• Informações sobre os níveis organizacionais responsáveis pelas políticas e programas ambientais, bem como sobre a estrutura de gestão
• Informar como as políticas são implementadas, ressaltando os objetivos e metas, o comprometimento de alta direção, a responsabilidade de unidades específicas, a estrutura do seu SGA, os programas, recursos, treinamentos etc.
Liberações ambientais
• Emissões atmosféricas, hídricas e resíduos sólidos • Objetivos, metas e programas relacionados com
essas emissões • Informações sobre o grau de utilização de práticas
voluntárias recomendadas por outras organizações, tais como a ICC, ISO etc
Conservações de recursos
• Conservação de materiais, tais como as práticas de reuso, reciclagem, compra de produtos contendo materiais reciclados, redução, minimização e reuso de embalagens etc.
• Conservação de energia, redução do consumo, uso de energia renovável, programas para aumentar a eficiência energética e redução das emissões relacionadas com o uso da energia
• Conservação de água, indicando os esforços para reduzir e/ou reciclar água utilizada
• Florestas, terra e conservação da natureza, descrevendo as ações da organização para conservar ou reduzir seus impactos sobre os recursos naturais
Administração dos
• Programas de auditorias ambientais e suas freqüências
• Programas de remediação implantados ou em fase
36
riscos ambientais de planejamento • Programas de emergência, incluindo treinamentos,
métodos de comunicação, envolvimento da comunidade local etc.
• Informações sobre os locais onde são depositados resíduos perigosos, indicando as providências para minimizar os riscos para a saúde e a segurança.
Atendimento às normas legais
• Informações dos últimos três anos sobre as ocorrências, as não-conformidades, as penalidades aplicadas pelos órgãos governamentais, a magnitude dos impactos decorrentes das não-conformidades e os programas para corrigir tais situações
Produtos
• Programas, objetivos e métodos para reduzir os impactos dos produtos da organização
• Informações sobre atividades voltadas para lançar novos produtos, reprojetar os existentes ou descontinuar produtos por motivos ambientais os produtos
• Informar sobre programas de redução da poluição relacionadas com produtos, processos e serviços da organização, inclusive reciclagem, reuso e outras práticas de conservação de recursos
• Descreve os esforços para tornar os produtos mais eficientes em termos de consumo de energia.
• Descrever a gestão de materiais pós-consumo • Descrever os programas de suprimento e os
procedimentos para envolver os fornecedores nos esforços para reduzir impactos ambientais dos produtos e serviços.
Empregados
• Informações sobre programas e práticas para treinar e motivar os empregados a se engajarem em boas práticas ambientais
Outros stakeholders
• Descrever os esforços para envolver outros stakeholders nas iniciativas ambientais da organização;
• Informar os trabalhos significativos sobre tecnologias ambientais empreendimentos com instituições de ensino, ONGs, entidades empresariais etc.
• Descrever como a organização se comunica com as comunidades onde se localiza ou opera.
Fonte: Elaborado a partir de informações constantes em Peri Guideline & Answers,2001
37
A Global Reporting Initiative (GRI) é uma iniciativa voluntária multi-
stakeholder que teve sua origem ligada ao Ceres e ao PNUMA (Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, em inglês, United Nations Environment
Programme -UNEP) no final do século passado, tornando-se uma organização
independente em 2002 com sede em Amsterdam. Tem por objetivo promover e
disseminar nas organizações a prática de medir o seu desempenho em termos
ambientais, sociais e econômicos, e divulgar os resultados como forma de
prestação de contas à sociedade. Ela desenvolve e atualiza periodicamente um
conjunto formado por estrutura, diretrizes e protocolos técnicos para elaborar
relatórios de sustentabilidade com base no diálogo com múltiplos stakeholders.
Esse conjunto é revisto periodicamente por meio de consultas públicas.
Princípios da Global Reporting Iniciative (GRI)
Princípios para definir o conteúdo do relatório
Princípios para assegurar a qualidade da formação
Materialidade: a informação em um relatório deverá cobrir tópicos e indicadores que refletem os impactos econômicos, sociais e ambientais significativos ou que influenciarão substancialmente as avaliações e decisões das partes interessadas.
Equilíbrio: o relatório deverá refletir os aspectos positivos e negativos do desempenho da organização relatora, para permitir uma avaliação fundamentada do desempenho global.
Inclusão das partes interessadas: a organização deverá identificar suas partes interessadas e explicar como ela tem respondido às suas expectativas no relatório.
Comparabilidade: as questões e informações deverão ser selecionadas, compiladas e relatadas consistentemente, de modo que as partes interessadas possam analisar as mudanças no desempenho da organização ao longo do tempo e em relação a outras organizações.
Contexto da sustentabilidade: o relatório deverá apresentar o desempenho da organização no contexto mais amplo de
Exatidão: a informação relatada deverá ser suficientemente precisa e detalhada para que as partes interessadas possam avaliar o
38
sustentabilidade. desempenho da organização.
Abrangência: a cobertura dos tópicos relevantes e materiais, e a definição dos limites do relatório deverão ser suficientes para que as partes interessadas possam avaliar o desempenho econômico, ambiental e social da organização no período relatado.
Periodicidade: o relatório deve ser apresentado de acordo com uma programação regular e em tempo hábil, para que as partes interessadas possam tomar decisões informadas.
Clareza: a informação deverá ser disponibilizada de modo compreensível e acessível às partes interessadas usuárias do relatório.
Confiança: a informação e os processos usados na preparação deverão ser registrados, compilados, analisados e divulgados de modo que possam ser verificados quanto à qualidade e à materialidade das informações.
Fonte: Sustainability Reporting Guidelines, 2006, disponível em: www.globalreporting.org
A estrutura refere-se ao conteúdo básico do relatório, que se aplica a
organizações de qualquer tipo ou tamanho. As diretrizes são formadas por
duas classes de princípios: uma voltada para orientar a definição do conteúdo
do relatório e a outra, para assegurar a qualidade das informações relatadas. A
transparência é um valor e ao mesmo tempo um objetivo, sendo a base na qual
se assenta todo o relatório, como mostram as Diretrizes da GRI. A
transparência é definida como a divulgação completa e equilibrada de
informações sobre questões e os indicadores necessários para as partes
interessadas tomarem decisões e sobre os processos, procedimentos e
hipóteses usadas para preparar o relatório. A ênfase na transparência de todo
o processo de comunicação é um ponto central de um novo entendimento
sobre responsabilidade social afinada com o movimento do desenvolvimento
sustentável.
39
Indicadores de desempenho ambiental da Global Reporting Iniciative (GRI)
Aspectos Indicadores essenciais Indicadores adicionais
Materiais
• Peso ou volume por materiais usados
• Porcentagem dos usados reciclados
Energia
• Consumo direto de energia por fonte de energia primária
• Consumo indireto de fonte de energia primária
• Energia economizada em função das melhorias na conservação e eficiência
• Iniciativas para prover eficiência energética ou produtos e serviços baseados em energia renovável e as reduções da necessidade de energia resultantes dessas iniciativas.
• Iniciativas para reduzir o consumo indireto de energia e as reduções obtidas.
Água
• Total de água retirada por fonte
• Fontes de água significativamente afetadas pela retirada de água
• Porcentagem e volume total de água reciclada e reutilizada
Biodiversidade
• Localização e tamanho das terras próprias, arredondadas ou gerenciadas com áreas protegidas, ou adjacentes a elas, e áreas com elevado valor em biodiversidade fora das áreas protegidas.
• Descrição dos impactos significativos das atividades, produtos e serviços sobre a biodiversidade nas áreas protegidas e com elevado valor em biodiversidade fora delas.
• Habitas protegidos ou restaurados.
• Estratégias, ações atuais e planos futuros para gerir. impactos sobre a diversidade
• Número de espécies da lista vermelha da UICN e de espécie de listas nacionais com habitats em áreas. afetadas pelas operações por nível de risco de extinção.
• Total de emissões diretas e indiretas de gases de estufa por peso.
• Outras emissões indiretas relativas aos gases de efeito estufa por peso.
• Emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio por peso.
• NOx, SOx e outras
• Iniciativas para reduzir os gases de efeito estufa e as reduções obtidas
• Peso dos resíduos perigosos transportados, importados ou exportados conforme os termos da Convenção de Basileia, anexos I, II, III e IV e porcentagem de resíduos transportados internacionalmente.
• Identificação, tamanho, tipo de proteção legal e valor da biodiversidade dos corpos d’água
40
Emissões, efluentes e resíduos
emissões significativas por tipo e peso.
• Total de descargas de água por qualidade e destino.
• Peso total dos resíduos por tipo e método de disposição.
• Número total e volume de derramamento significativos
e habitats relacionados, afetados significativamente pela descarga e escoamento de água.
Produtos e serviços
• Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e alcance da mitigação do impacto.
• Porcentagem de produtos vendidos e seus materiais de embalagem reaproveita
Conformidade legal
• Valor monetário das multas e número total das sanções não monetárias pelo não-cumprimento das leis ambientais aplicáveis
Transporte
• Impactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros materiais usados nas operações da organização.
Geral
• Total dos gastos e investimentos para proteção ambiental por tipo.
Fonte: Global Reporting Initiative (GRI) Sustainability reporting guidelines, 2006. Disponível
em: www.globalreporting
As diretrizes da GRI também apresentam indicadores de
sustentabilidade econômica, ambiental e social. Para cada indicador há um
protocolo técnico que estabelece definições e orientações para tratar os dados
que serão relatados. Na terceira versão das diretrizes da GRI apresenta uma
lista de indicadores de desempenho ambientais, divididos em indicadores
essenciais e adicionais: os primeiros são indicadores relevantes para a maioria
41
das empresas e seus stakeholders; os adicionais também são importantes,
especialmente para a empresa que relata, mas são usados em poucas
empresas.
Além das questões ambientais, o relatório com base nas diretrizes da
GRI apresenta indicadores sobre o desempenho econômico e social da
empresa. Quanto aos aspectos econômicos, o relatório contempla o valor
econômico gerado e distribuído, a ajuda financeira dos governos, a proporção
de gastos com fornecedores locais, os investimentos em infra-estrutura, entre
outros. Os indicadores de desempenho social tratam das relações de trabalho,
segurança e saúde no trabalho, treinamento e educação, diversidade e
igualdade de oportunidade.
A política de comunicação ambiental deve ser coerente com a política
ambiental e consistente com os princípios expressamente mencionados na
norma 14063. Os princípios visam assegurar: a transparência do processo de
comunicação; o provimento de informações relevantes para as partes
interessadas; credibilidade da comunicação assegurada por meio de uma
condução honesta e o fornecimento de informações confiáveis, exatas e
substantivas para as partes interessadas; o atendimento das questões e
dúvidas das partes interessadas de modo integral e a periodicidade; e o relato
de modo claro com formato, linguagem e meio de divulgação adequados às
partes interessadas de modo a minimizar as ambigüidades. A política de
comunicação deve enunciar com clareza as seguintes questões:
§ O compromisso de envolver-se em diálogo com as partes interessadas;
§ O compromisso de divulgar as informações sobre o desempenho
ambiental da organização;
§ A importância da comunicação ambiental interna e externa para a
organização;
§ O compromisso de implementar a política e de prover os recursos que
forem necessários;
42
§ O compromisso de endereçar a comunicação para as questões-chave
ambientais.
De acordo com a norma 14063, o exame e a revisão da comunicação
por parte da alta administração fecha um ciclo e dá início a outro, levando em
conta as oportunidades de melhorias e necessidades de mudanças, conforme
a idéia de melhoria contínua que preside todas as normas ISO de gestão.
Decidindo ou não por realizar mudanças na política, estratégia ou em qualquer
atividade de comunicação, a organização deve considerar como as partes
interessadas irão percebê-las e como comunicar a elas as razões das
mudanças. Todas as recomendações da norma estão claramente voltadas para
que a comunicação ambiental da organização, evitando que seja apenas o
cumprimento pro forma de uma expectativa da sociedade.
A divulgação do desempenho das empresas em relação às três
dimensões da sustentabilidade é um meio importante para promover a
educação ambiental, sem dúvida, um dos instrumentos mais importantes para
a formação de grupos sociais ambientalmente responsáveis. Já tipo de
divulgação, de modo que muitos dirigentes empresariais acabam aceitando
esse fato, mesmo contragosto. Um dos graves problemas que pode ocorrer é o
uso indevido da comunicação externa na medida que ela venha a ser
entendida por parte dos dirigentes como uma espécie de obrigação para
atender a essa expectativa. A divulgação voluntária se tornaria compulsória,
propiciando todo o tipo de escamoteação, uma vez que ela deixa de ser feita a
partir de uma convicção interna dos dirigentes para atender uma expectativa
externa. A comunicação externa deve ser entendida como um importante
instrumento de responsabilidade social da empresa, relacionado com a
necessidade de dar transparência às suas atividades, como um meio para
proporcionar um diálogo permanente com as partes interessadas e como
processo de levantar e analisar a sua contribuição para o desenvolvimento
sustentável.
Tornar os relatórios ambientais públicos por força da lei é uma questão
polêmica semelhante à da obrigatoriedade de realizar auditorias ambientais.
43
Quantos às auditorias, há casos em que a obrigatoriedade procede em razão
da natureza do empreendimento ou atividade e de seus impactos sobre o meio
ambiente. São exemplos as refinarias de petróleo, as usinas siderúrgicas, as
instalações de processamento e disposição de lixos tóxicos e outros
relacionado pela Lei 1898/1991, do Estado do Rio de Janeiro, ou das
plataformas e instalações portuárias, como estabelece no âmbito da União a
Lei 9966/2000. Quanto aos relatórios ambientais e de sustentabilidade, a
obrigatoriedade pode causar sérios prejuízos a esse importante instrumento de
gestão ambiental.
A obrigatoriedade tende a banalizar esse instrumento, na medida em que
todas as empresas, compromissadas ou não com o meio ambiente, inclusive
as que não atendem sequer a legislação, estarão providenciando seus
relatórios para cumprir uma exigência que dificilmente será fiscalizada, até pela
enorme quantidade de relatórios que irá se acumular ao longo do tempo.
Elaborar o relatório e não realizar práticas que melhorem o desempenho
ambiental das suas empresas serão as preocupações de muitos dirigentes
empresariais. Um relatório produzido sem compromisso efetivo com a
realização de melhorias é um campo fértil para as práticas de maquiagem ou
lavagem verde.
Os relatórios ambientais devem resultar de atos voluntários, tanto no
que se refere às práticas ambientais, quanto ao seu relato. Primeiro vem o
fazer, depois o relato do que foi feito e os resultados alcançados. A empresa
compromissada proativamente com o meio ambiente tem o que mostrar às
partes interessadas ou ao público em geral, de modo que o seu relatório
ambiental passa a ser um elemento de diferenciação que será tanto mais
importante para ela quanto mais a sociedade se preocupa com o meio
ambiente.
44
CONCLUSÃO
A preocupação com o futuro do Meio Ambiente é algo atual e urgente.
A empresa que não se adequar a essa tendência mundial ficará
ultrapassada.
Uma empresa compromissada com Meio Ambiente e com a sociedade
como um todo, percebe a importância de elaborar seus relatórios
ambientais constantemente como uma maneira de aprimorar suas
atividades e demonstrar transparência e responsabilidade socioambiental.
Além permite que o cidadão comum possa participar mais das atividades
empresariais e possa opinar sobre elas. Uma empresa com
responsabilidade socioambiental não terá o que esconder ou temer.
Falar de sustentabilidade é fácil, porém colocar em prática, no
cotidiano de seus funcionários, na rotina de suas atividades requer um
compromisso. Compromisso este, não só com o meio ambiente mas com a
população, com os acionistas, funcionários, com o Planeta.
Porém existe um questionamento muito grande na obrigatoriedade da
produção de relatórios ambientais. Pois acredita - se que a empresa deverá
ter a iniciativa de assumir sua responsabilidade sustentável.
No Brasil, ainda existem muitas empresas que não se adequaram a
esta mudança mundial, entretanto o número vem aumentando e isso
demonstra uma modificação de consciência aos problemas causados pelo
uso indevido dos recursos naturais.
Parar de produzir, de aumentar a tecnologia é praticamente impossível
mas mudar a maneira de consumir é possível.
E o primeiro passo poderá vir de um grande exemplo como uma
indústria, já que são elas as detentoras no maior parte das riquezas que
circulam no país.
45
Mas o compromisso deverá vir de todos. O futuro do planeta começa
hoje.
O homem já prejudicou demais o planeta e agora precisa aprender a
viver e conservar o que ainda resta. Utilizar com responsabilidade e isso
começa nos pequenos exemplos que poderemos dar no dia-a-dia,
começamos pelos “herdeiros dessas riquezas”, as crianças.
46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALMEIDA, Fernando – Experiências Empresariais em Sustentabilidade –
Avanços, dificuldades e motivações de gestores e empresas. Rio de
janeiro: Elsevier, 2009.
BARBIERI, José Carlos – Gestão Ambiental Empresarial – Conceitos,
Modelos e Instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.
BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental – São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art 5º , inciso XXXIII.
Brasília, 05/10/1988.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art 37, inciso XXI, § 1º.
Brasília, 05/10/1988. Editora Saraiva, 1988.
CHIARAVALLOTI, Rafael e PÁDUA, Claúdio – Escolhas Sustentáveis -
Discutindo biodiversidade, uso da Terra, água e aquecimento global. São
Paulo: Urbana, 2011.
CUNHA, Sandra Baptista da & GUERRA, Antonio José Teixeira – Avaliação e
Perícia Ambiental. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
VIVIEN, Frank-Dominique – Economia e Ecologia – São Paulo: Senac São
Paulo, 2011.
VEIGA, José Eli da & ZATZ, Lia – Desenvolvimento Sustentável – Que bicho
é esse? Campinas/SP: Autores Associados Ltda, 2008.
47
BIBLIOGRAFIA CITADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR
ISO 14004:2005. Sistema de Gestão Ambiental – diretrizes gerais sobre
princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR
ISO 14001:2004 Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com
orientação para uso. Rio de janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR
ISO 14031:2004 - Gestão Ambiental – avaliação de desempenho
ambiental- diretrizes. Rio de janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR
ISO 16001:2004. Responsabilidade social – Sistema de Gestão –
requisitos. Rio de janeiro: ABNT, 2004.
48
WEBGRAFIA
INSTITUTO ETHOS - www.ethos.org.br, acesso em novembro de 2011.
BALANÇO SOCIAL - Modelos de relatórios socioambientais
www.balancosocial.org.br, acesso em novembro de 2011
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – A importância da auditoria e dos
relatórios ambientais - www.mma.gov.br, acesso em janeiro de 2012.
UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (UNEP) - Major
Group and satekholders – www.unep.org, acesso em janeiro de2012.
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ANEXOS
ANEXO 1 . Selo do Balanço Social Ibase/ Betinho.
O Ibase suspendeu em 2008 a entrega do Selo Balanço Social
Ibase/Betinho, que está em fase de avaliação e reformulação.
50
Anexo 2. – Exemplo de relatório do Balanço Social de uma empresa.
51
Anexo 3 - Empresas que receberam o Selo Balanço Social em 2007.
52
Anexo 4. – Orientações para o preenchimento do formulário.
53
ÌNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Relatórios Ambientais Empresariais 9
CAPÍTULO II
A Divulgação 12
2.1 – Declaração do Rio sobre Meio Ambiente 18
e Desenvolvimento
2.2 – Identificação de usuários 23
CAPÍTULO III
O Conteúdo 27
3.1 - O que divulgar? 27
3.2 – Como divulgar? 32
3.2.1 – Balanço Social 33
CONCLUSÃO 39
ANEXOS 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50
BIBLIOGRAFIA CITADA 51
ÍNDICE 52