53
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS NA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL Por: Bianca Maria de Sales Orientadora Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira Niterói 2012

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

  • Upload
    vanhanh

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS

NA GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

Por: Bianca Maria de Sales

Orientadora

Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira

Niterói

2012

Page 2: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS NA

GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Ambiental

Por: Bianca Maria de Sales

Page 3: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, aos

professores e colegas de curso, amigos e

parentes pela força nos momentos difíceis.

Page 4: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

4

DEDICATÓRIA

Ao meu filho Murilo, aos meus tios Graça

Sales e Albérico Silva e a minha querida

assistente Judite.

Page 5: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

5

RESUMO

A divulgação de aspectos ambientais de uma organização demonstra seu

compromisso e responsabilidade com o Meio Ambiente. E o respeito com seus

funcionários e clientes. As experiências empresariais em sustentabilidade mostram

que as organizações só têm a ganhar quando demonstram transparência em suas

atividades. Adquirem a confiança e o reconhecimento de novos investidores e

possíveis consumidores. Não é mais viável apenas investir em produção. A

preocupação com o meio ambiente, e o desgaste de seus recursos é o atual foco de

empresas de alcance internacional. Empresas como PETROBRAS, NATURA, 3M do

Brasil, ALCOA Alumínio reconheceram sua responsabilidade socioambiental e

desenvolveram projetos que recuperassem parte do que consomem do meio ambiente

para sua produção. Os relatórios ambientais empresariais servem não apenas para

dar uma satisfação à sociedade mas também são aliados para que a empresa busque

seu aprimoramento e possa se auto-avaliar em suas atividades e procedimentos,

alcançando assim o objetivo de sucesso pleno internamente com seus funcionários e

externamente com seus ganhos.

Palavras-chave: Relatórios Ambientais, Meio Ambiente e Gestão Ambiental.

Page 6: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

6

METODOLOGIA

Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental,

Levantamento de relatórios ambientais , consultas à legislação vigente e pesquisas à

internet em sites de empresas renomadas que já trabalham com relatórios ambientais

e sabem de sua importância.

A metodologia utilizada foi a investigativa e científica com a coleta de dados e

informações que enriquecessem o conteúdo do trabalho apresentado. Revelando a

riqueza de detalhes dos relatórios ambientais não só para o meio ambiente em si,

como para a sociedade e a cultura.

A monografia aqui apresentada foi resultado primeiramente de uma seleção de

livros, além de artigos, e revistas adquiridos em conferências, congressos e reuniões

em que pude participar ao longo do ano 2011.

Após a investigação e aquisição de conteúdo sobre relatórios ambientais,

foram feitas as citações e a elaboração do presente trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 01

CAPÍTULO I 11

A Importância

CAPÍTULO II 20

A Divulgação

CAPÍTULO III 22

O Conteúdo

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA 55

ANEXOS 41

ÍNDICE 59

Page 8: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

8

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais a questão do Meio Ambiente e sua utilização é foco

das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência das Nações Unidas

para o Meio Ambiente houve necessidade das empresas reverem seus

procedimentos.

Existe uma pressão mundial de que as empresas produzam sem

causar prejuízos ao Meio Ambiente. E para isso, existe uma espécie de

fiscalização, com regras que mantêm a empresa e seus funcionários com a

responsabilidade socioambiental.

As empresas não estão mais apenas preocupadas com a qualidade

dos seus produtos e serviços. Uma empresa comprometida com a

sustentabilidade é vista como atual e principalmente responsável.

O chamado Marketing Verde faz com que atitudes e transparência

promovam e coloquem a indústria ao nível de competitividade mundial.

O Brasil ainda está reformulando suas indústrias para atender a esse

padrão socioambiental. Mas já existem bons exemplos empresariais.

Existem vários tipos de Relatórios Ambientais Empresariais, de

acordo com o público ao qual terá acesso.

Porém a grande importância do Relatório Ambiental Empresarial

além do compromisso é a oportunidade do cidadão comum e dos órgãos

públicos fiscalizarem a utilização dos recursos naturais.

É fato que não existem mais recursos naturais renováveis, a

natureza não é poupada pela urgência do processo.

Saber dosar o crescimento da economia com a ecologia é o grande

desafio da humanidade para as futuras gerações.

Impedir o progresso é impossível porém é preciso e urgente

aprender a utilizar os recursos responsavelmente.

Page 9: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

9

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DOS RELATÓRIOS AMBIENTAIS

EMPRESARIAIS

A elaboração de um relatório ambiental é uma maneira da empresa

demonstrar transparência aos seus consumidores e investidores. A Lei

9966/2000 estabelece que todas as informações ambientais sejam acessíveis

ao público, em consulta pública.

Os relatórios podem vir de duas origens diferentes: por obrigação

legal ou por ato voluntário. Os destinatários podem ser grupos de usuários

específicos ou usuários indiferenciados, público em geral. As questões

levantadas e relatadas podem ser exclusivamente ambiental ou também,

ambientais, sociais, econômicas e com outras questões relacionadas. Os

modelos de relatórios poderão ser próprios, padronizados ou até mesmo a

combinação entre os dois tipos citados.

A Constituição Federal estabelece todos têm direito de receber dos

órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse

coletivo. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas são

alguns dos princípios da administração pública direta e indireta de qualquer

esfera e ente público. Um dos instrumentos de política pública ambiental

instituídos pela Lei 6.938, de 1981, é a garantia da prestação de informações

relativas ao Meio Ambiente por parte das entidades do poder público, cabendo

a eles produzir tais informações caso elas sejam obrigadas a permitir o acesso

público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem

de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que

estejam sob sua guarda, especialmente sobre: qualidade do meio ambiente;

políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto

ambiental; resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle

de poluição e de atividades potencialmente poluidoras, bem como de planos e

Page 10: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

10

ações de recuperação de áreas degradadas; acidentes, situações de risco ou

de emergência ambientais; emissões de efluentes líquidos e gasosos, e

produção de resíduos sólidos; substâncias tóxicas e perigosas; diversidade

biológica e organismos geneticamente modificados. Outros relatórios

ambientais resultam de atos voluntários determinados por uma postura proativa

da empresa em relação ao meio ambiente, constituindo-se, desse modo, em

instrumentos de prestação de contas dos acordos voluntários privados,

unilateral ou bilateral.

Por meio de acordos voluntários as organizações privadas se

comprometem a realizar algum tipo de ação para melhorar seu desempenho

ambiental. A OCDE (Organização para Cooperação do Desenvolvimento

Econômico) os considera uma ampla categoria de instrumentos de política

ambiental, que podem ser de quatro tipos: programas públicos voluntários,

acordos negociados, comprometimentos unilaterais e acordos privados.

Segundo Barbieri (2007), apenas os dois primeiros podem ser

entendidos como instrumentos de política pública e mesmo assim não devem

ser vistos como espécies diferentes de instrumentos, mas sim formas

diferentes de criar e implementar instrumentos de política ambiental explícita.

Os acordos voluntários, públicos ou privados, resultam do

aperfeiçoamento das relações entre órgãos públicos e agentes privados em

relação às questões ambientais. Um exemplo de acordo está citado no

Capítulo 30 da Agenda 21, que trata do papel do comércio e da indústria para a

promoção do desenvolvimento sustentável, considera-se que as empresas,

inclusive as transnacionais, devem ser estimuladas a informar anualmente seus

resultados ambientais, bem como o uso de energia e recursos naturais.

A ISO 14001:2004 estabelece que a organização deve decidir a

respeito da comunicação externa sobre seus aspectos ambientais significativos

e documentar essa decisão como um dos documentos do SGA (Sistema de

Gestão Ambiental). Ou seja, para cumprir o requisito da comunicação externa

de caráter voluntário, a norma apenas exige que a organização considere essa

Page 11: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

11

possibilidade e documente a sua decisão. Porém, a organização deve

implementar e manter procedimentos para responder formalmente as

informações solicitadas de partes interessadas externas sobre assuntos

relacionados com seus aspectos ambientais e a condução de sua gestão

ambiental.

Os relatórios ambientais tratados decorrem de compromissos

assumidos voluntariamente, que são comunicações sobre as condições e o

desempenho ambiental da empresa sem demandas legais explícitas. Os

relatórios de auditoria, espécies de relatórios ambientais, são peças resultantes

de outros instrumentos específicos, as auditorias ambientais.

Page 12: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

12

CAPÍTULO II

A DIVULGAÇÃO

2.1 - Para quem divulgar?

A divulgação voluntária do desempenho ambiental de uma dada

empresa depende de como seus dirigentes entendem a responsabilidade social

da empresa.

Segundo Milton Friedman (1970), quando se entende que ela se

resume a gerar lucros dentro da lei, os relatórios ambientais destinam-se

basicamente aos acionistas ou proprietários e objetivam dar a eles informações

relativas às questões ambientais que podem afetar positiva ou negativamente

os resultados da empresa no presente e em diferentes períodos futuros. Essa

concepção de responsabilidade social baseada no atendimento exclusivo dos

interesses dos proprietários ou acionistas da empresa, embora ainda

amplamente praticada, é incompatível coma s expectativas da sociedade de

um modo geral e injustificada perante os graves problemas sociais, ambientais

e econômicos do Planeta.

A responsabilidade social empresarial, como aponta Wood (1991),

decorre do fato de que a sociedade tem certas expectativas quanto ao

comportamento empresarial e aos resultados de suas atividades. Essas

expectativas recaem sobre: (1) os negócios pelo papel que eles desempenham

enquanto instituições econômicas; (2) as empresas pelo que são e fazem; e (3)

os administradores como agentes morais das empresas. De acordo com esse

autor, desses três níveis de expectativas da sociedade decorrem os princípios

de responsabilidade social empresarial, a saber: princípio da legitimidade, da

responsabilidade pública e da discrição ou do discernimento dos

administradores.

O princípio da Legitimidade estabelece que a sociedade concede

legitimidade e poder às empresas, desde que usados de modo responsável. O

Page 13: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

13

princípio de responsabilidade pública refere-se ao fato de que as empresas são

responsáveis pelos resultados relacionados com as áreas primárias e

secundárias de envolvimento com a sociedade. O terceiro princípio define as

responsabilidades dos administradores para serem atores morais e para

perceberem e praticarem escolhas a serviço da responsabilidade social. Esse

último princípio estabelece que os administradores devem exercer com

discernimento as atividades que forem exeqüíveis em qualquer domínio da

responsabilidade social empresarial, para alcançar resultados socialmente

responsáveis, Wood (1991).

Entre as expectativas da sociedade quanto ao comportamento das

empresas e aos resultados de suas atividades, estão as concernentes às

soluções para os problemas ambientais que já alcançaram dimensões

gigantescas que comprometem o próprio futuro da humanidade.

Para Buchholz e Rosenthal (1999) responsabilidade implica uma

obrigação com alguém ou algo. No campo da moral, entendida como a conduta

de indivíduos e grupos orientada por normas, princípios e valores, a

responsabilidade é a capacidade de assumir compromisso se decidir sobre

questões que afetam outras pessoas e assumir as conseqüências dessas

decisões. Inscreve-se, portanto, num ambiente de liberdade para decidir e de

conhecimento sobre efeitos da decisão. Como diz Vásques (1999), “um dos

elementos do ato moral é a consciência de um fim e a decisão de realizá-la”.

Só tem responsabilidade quem tiver liberdade para decidir sobre questões que

afetam positiva ou negativamente, indivíduos, grupos, países e o meio

ambiente com todos os seus elementos vivos e não-vivos. A liberdade é um

elemento essencial da responsabilidade para o qual muitas tintas foram gastas

e muitas ainda serão, a começar pelo seu próprio entendimento, podendo

significar a possibilidade de decidir entre alternativas conformadas por uma

dada situação. A responsabilidade social empresarial, como uma

responsabilidade que se dá no campo da moral, também decorre da liberdade

entendida como possibilidade de decidir sobre ações que afetam outras

pessoas e outros seres.

Page 14: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

14

Executando os casos no quais a empresa é obrigada por lei a divulgar

o seu desempenho ambiental, há um amplo espectro de questões cuja

divulgação depende de decisão da alta administração. A comunicação externa

voluntária dos resultados socioambientais também beneficia a administração

comprometida com esse conceito de responsabilidade social ampliada

decorrente do conceito de desenvolvimento sustentável. Ao divulgar o

desempenho socioambiental da empresa, a administração pode receber

avaliações, críticas e sugestões feitas por outros atores sociais quanto aos

resultados que ela está obtendo. O acesso às informações sobre esse

desempenho representa uma prestação de contas à sociedade com respeito às

atividades da empresa. A ampliação da divulgação para outros atores sociais, e

não apenas os acionistas ou proprietários, faz parte de uma nova concepção

de responsabilidade social empresarial.

Segundo Buchholz e Rosenthal (2001), a responsabilidade social

empresarial é um conceito fundamental ético e que pressupõe um novo modo

de pensar o bem-estar humano e um compromisso com a melhoria da

qualidade de vida. Porém, não se tem efetivamente um novo pensar sobre o

bem-estar e a qualidade de vida humana sem levar conta as condições de vida

dadas pelo meio ambiente na sua concepção ampla que envolve meios físico,

biológico e social.

A inclusão de preocupações com o meio ambiente é que de fato

conduz a um novo entendimento sobre responsabilidade social. Para a

Comissão da Comunidade Européia, a responsabilidade social empresarial é

um conceito por meio do qual as empresas integram preocupações sociais e

ambientais às operações dos seus negócios e às interações com outras partes

interessadas. A norma brasileira NBR 16.001:2004 define responsabilidade

social como “uma relação ética e transparente da organização com todas as

suas partes interessadas, visando o desenvolvimento sustentável”. Em outras

palavras, a responsabilidade social empresarial é um meio pelo qual as

Page 15: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

15

empresas podem se tornar parte ativa do movimento em torno do

desenvolvimento sustentável.

Esse modo de entender a responsabilidade social exige que a

administração leve em conta outros interessados e não apenas os acionistas

ou proprietários. E impõe, uma dificuldade de ordem prática: saber o que

significa resultados socialmente responsáveis, diante da pluralidade de

interesses em escala mundial e de percepções influenciadas por diferentes

culturas, bem como das incertezas que acompanham as ações empresariais,

principalmente quanto às tecnologias de produtos e de processos de produção.

Considerando o conceito de desenvolvimento sustentável, espera-se que as

empresas sejam sustentáveis em termos econômicos, sociais e ambientais, o

que significa que elas devem não só gerar renda e riqueza, o objetivo primário

para o qual foram criadas, mas serem capazes de minimizar seus impactos

ambientais adversos, maximizar os benefícios e contribuir para tornar a

sociedade mais justa.

A Conferência de Estocolmo, em 1972, contribuiu de maneira

importante para gerar um novo entendimento sobre os problemas ambientais e

a maneira como a sociedade provê sua subsistência. Todos os acordos

ambientais multilaterais que vieram depois procuraram incluir esse novo

entendimento a respeito das relações entre o ambiente e o desenvolvimento.

Talvez uma das suas principais contribuições tenha sido a de colocar em pauta

a relação entre meio ambiente e formas de desenvolvimento, de modo que,

desde então, não é mais possível falar seriamente em desenvolvimento sem

considerar o meio ambiente e vice-versa. Da vinculação entre desenvolvimento

e meio ambiente é que surge um novo conceito de desenvolvimento

denominado desenvolvimento sustentável.

O uso indiscriminado e pouco criterioso dessa expressão, que está em

voga no momento, tem contribuído para dificultar seu entendimento. A

Comissão Mundial para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (CMDM), criada

pela ONU em 1987, em seu relatório “Nosso futuro comum”, apresenta uma

definição que já correu os quatro cantos do mundo e pode ser um bom ponto

Page 16: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

16

de partida para a compreensão do que vem a ser este novo modo de pensar o

desenvolvimento vinculado ao meio ambiente. É a seguinte: “desenvolvimento

sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas

próprias necessidades. Ainda conforme a citada Comissão, os principais

objetivos de políticas ambientais e desenvolvimento derivados desse conceito

de desenvolvimento são os seguintes:

§ Retomar o crescimento como condição necessária para erradicar

a pobreza;

§ Mudar a qualidade do crescimento para torná-lo mais justo,

equitativo e menos intensivo em matérias-primas e energia;

§ Atender às necessidades humanas essenciais de emprego,

alimentação, energia, água e saneamento;

§ Manter um nível populacional sustentável;

§ Conservar e melhorar a base de recursos;

§ Reorientara tecnologia e administrar os riscos e

§ Incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório.

O desenvolvimento sustentável resultaria, portanto, de um pacto duplo,

um pacto intergeracional, que se traduz na preocupação constante com o

gerenciamento e a preservação dos recursos para as gerações futuras, e um

pacto intergeracional que se expressa nas preocupações quanto ao

atendimento às necessidades básicas de todos os humanos. As gestões

socioambientais são abordagens coerentes com as idéias relativas ao

desenvolvimento sustentável.

A fase atual da gestão ambiental global tem início com a realização da

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CNUMAD), realizada em 1992 no Rio de janeiro, que contou com a

participação de 178 países. Nessa Conferência foram aprovados documentos

Page 17: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

17

importantes relativos aos problemas socioambientais globais, dentre eles a

Declaração do Rio de janeiro sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a

Convenção sobre Mudanças Climáticas, a Convenção da Biodiversidade e a

Agenda 21.

A Agenda 21, uma das principais contribuições dessa fase, apresenta

recomendações específicas para os diferentes níveis de atuação, do

internacional ao organizacional (sindicatos, empresas, ONGs, instituições de

ensino e pesquisa etc.) sobre assentamentos humanos, erradicação da

pobreza, desertificação, água doce, oceanos, atmosfera, poluição e outras

questões socioambientais constantes em diversos relatórios, tratados,

protocolos e outros documentos elaborados durante décadas pela ONU e

outras entidades globais e regionais. Na sua essência, a Agenda 21 é uma

consolidação das resoluções já tomadas por essas entidades e estruturadas a

fim de facilitar sua implementação nos diversos níveis de abrangência. A fase

atual se caracteriza pela implementação e aprofundamento desses acordos

multilaterais, o que implica colocar em prática as usas disposições e

recomendações pelos estados nacionais, governos locais, empresas e outros

agentes.

2.2. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, tendo se reunido no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de

1992, reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente Humano, adotada em Estocolmo em 16 de junho de 1972, e

buscando avançar a partir dela, com o objetivo de estabelecer uma nova e

justa parceria global mediante a criação de novos níveis de cooperação entre

os Estados, os setores-chaves da sociedade e os indivíduos, trabalhando com

vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de

todos e protejam a integridade do sistema global de meio ambiente e

Page 18: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

18

desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente da

Terra, nosso lar, proclama que:

Princípio 1: Os seres humanos estão no centro das preocupações com

o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva,

em harmonia com a natureza.

Princípio 2: Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e

com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar

seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de

desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sus

jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros

Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.

Princípio 3: O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a

permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de

desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras.

Princípio 4: Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção

ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não

pode ser considerada isoladamente deste.

Princípio 5; Para todos os Estados e todos os indivíduos, como

requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão cooperar na

tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de reduzir as disparidades de

padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do

mundo.

Princípio 6: Será dada prioridade especial à situação e às

necessidades especiais dos países em desenvolvimento, especialmente dos

países menos desenvolvidos e daqueles ecologicamente mais vulneráveis. As

ações internacionais na área do meio ambiente e do desenvolvimento devem

também atender aos interesses e às necessidades de todos os países.

Princípio 7: Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global,

para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do

Page 19: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

19

ecossistema terrestre. Considerando as diversas contribuições para a

degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades

comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a

responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento

sustentável, tendo em vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o

meio ambiente global e as tecnologias e recursos financeiros que controlam.

Princípio 8: Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma

qualidade de vida mais elevada para todos, os Estados devem reduzir e

eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo, e promover

políticas demográficas adequadas.

Princípio 9: Os Estados devem cooperar no fortalecimento da

capacitação endógena para o desenvolvimento sustentável, mediante o

aprimoramento da compreensão científica por meio do intercâmbio de

conhecimentos científicos e tecnológicos, e mediante a intensificação do

desenvolvimento, da adaptação, da difusão e da transferência de tecnologias,

incluindo as tecnologias novas e inovadoras.

Princípio 10: A melhor maneira de tratar as questões ambientais é

assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos

interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às

informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades

públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em

suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos

decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a

participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será

proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos,

inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.

Princípio 11: Os Estados adotarão legislação ambiental eficaz. As

normas ambientais, e os objetivos e as prioridades de gerenciamento deverão

refletir o contexto ambiental e de meio ambiente a que se aplicam. As normas

aplicadas por alguns países poderão ser inadequadas para outros, em

Page 20: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

20

particular para os países em desenvolvimento, acarretando custos econômicos

e sociais injustificados.

Princípio 12: Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema

econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico

e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a possibilitar o

tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. As

medidas de política comercial para fins ambientais não devem constituir um

meio de discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição disfarçada

ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o

tratamento dos desafios internacionais fora da jurisdição do país importador. As

medidas internacionais relativas a problemas ambientais transfronteiriços ou

globais deve, na medida do possível, basear-se no consenso internacional.

Princípio 13 : Os Estados irão desenvolver legislação nacional relativa

à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros danos

ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais

determinada, no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à

responsabilidade e à indenização por efeitos adversos dos danos ambientais

causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua

jurisdição ou sob seu controle.

Princípio 14: Os Estados devem cooperar de forma efetiva para

desestimular ou prevenir a realocação e transferência, para outros Estados, de

atividades e substâncias que causem degradação ambiental grave ou que

sejam prejudiciais à saúde humana.

Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da

precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com

suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a

ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o

adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação

ambiental.

Page 21: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

21

Princípio 16: As autoridades nacionais devem procurar promover a

internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos

econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em

princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse

público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos

internacionais.

Princípio 17: A avaliação do impacto ambiental, como instrumento

nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um

impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à

decisão de uma autoridade nacional competente.

Princípio 18: Os Estados notificarão imediatamente outros Estados

acerca de desastres naturais ou outras situações de emergência que possam

vir a provocar súbitos efeitos prejudiciais sobre o meio ambiente destes últimos.

Todos os esforços serão envidados pela comunidade internacional para ajudar

os Estados afetados.

Princípio 19: Os Estados fornecerão, oportunamente, aos Estados

potencialmente afetados, notificação prévia e informações relevantes acerca de

atividades que possam vir a ter considerável impacto transfronteiriço negativo

sobre o meio ambiente, e se consultarão com estes tão logo seja possível e de

boa fé.

Princípio 20: As mulheres têm um papel vital no gerenciamento do

meio ambiente e no desenvolvimento. Sua participação plena é, portanto,

essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

Princípio 21: A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do

mundo devem ser mobilizados para criar uma parceria global com vistas a

alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para

todos.

Princípio 22: Os povos indígenas e suas comunidades, bem como

outras comunidades locais, têm um papel vital no gerenciamento ambiental e

no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos e de suas práticas

Page 22: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

22

tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar adequadamente sua

identidade, cultura e interesses, e oferecer condições para sua efetiva

participação no atingimento do desenvolvimento sustentável.

Princípio 23: O meio ambiente e os recursos naturais dos povos

submetidos a opressão, dominação e ocupação serão protegidos.

Princípio 24: A guerra é, por definição, prejudicial ao desenvolvimento

sustentável. Os Estados irão, por conseguinte, respeitar o direito internacional

aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de conflitos armados e irão

cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.

Princípio 25: A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são

interdependentes e indivisíveis.

Princípio 26: Os Estados solucionarão todas as suas controvérsias

ambientais de forma pacífica, utilizando-se dos meios apropriados, de

conformidade com a Carta das Nações Unidas.

Princípio 27: Os Estados e os povos irão cooperar de boa fé e

imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios

consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo do

direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável.

2.3. Identificação dos usuários

Identificar os diferentes atores sociais com interesse no desempenho

ambiental da empresa é uma questão importante a ser resolvida para a

elaboração de relatórios ambientais voluntários. Qualquer indivíduo ou grupo

interessado ou afetado pelo desempenho ambientais da empresa é uma parte

interessada, como definido nas normas de gestão ambiental da família ISO

14000. A palavra stakeholder como sinônimo de pare interessada já era usada

na literatura administrativa desde a década de 1960, mas ganhou popularidade

Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

23

com a obra de Freeman de 1984 sobre estratégia empresarial. Stakeholder são

os grupos com interesses na empresa, que afetam de algum modo o seu

desempenho. Para Clarkson, stakeholders são pessoas ou grupos que têm ou

reivindicam propriedades, direitos ou interesses numa empresa e suas

atividades presentes, passadas e futuras. Stakeholders com os mesmos

interesses, direitos e reivindicações podem ser classificados num mesmo

grupo, por exemplo, empregados, acionistas, clientes e concorrentes. Esse

autor distingue dois tipos de grupos de stakeholders: (1) os grupos primários,

cuja participação continuada é vital para a sobrevivência da empresa; e (2) os

secundários, que influenciam ou afetam a empresa, bem como os que são

influenciados ou afetados por ela, mas que não estão engajados em

transações com essa empresa e não são essenciais para a sua sobrevivência.

Investidores, clientes, funcionários e fornecedores são exemplos de grupos

primários; os meios de comunicação e uma grande variedade de organizações

que têm capacidade de mobilizar a opinião pública contra ou favor da empresa

são exemplos de grupos secundários. As ONGs ambientalistas são órgãos do

governo e constituem uma importante fonte de conscientização das populações

em relação aos problemas ambientais.

A prática de uma responsabilidade social empresarial ampliada,

conforme mostrado na seção anterior, exige uma nova postura em matéria de

comunicação com os diferentes grupos de stakeholders. De acordo com o

Gemi (Global Environmental Management Initiative, que desenvolveu e

popularizou o conceito de TQEM (Administração da Qualidade Ambiental

Total), são os seguintes os grupos-chave (key audiences) que a empresa deve

considerar para efeito de comunicação externa: empregados, acionistas

(stakeholders), instituições financeiras, clientes e consumidores, comunidade

local, grupos ambientalistas e de cidadãos, meios de comunicação, público em

geral e agências reguladoras. Assim, se a empresa adota o modelo de gestão

ambiental do TQEM, esses grupos devem ser necessariamente considerados

para efeito de relatórios ambientais, embora outros possam ser também

completados para atender as especificidades da empresa.

Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

24

Azzone et al. (1997), mostram que os relatórios ambientais

inicialmente objetivam demonstrar o comprometimento da empresa em relação

às questões ambientais, mas o debate atual sobre esse assunto ampliou a

gama de objetivos, de modo que eles podem variar de uma simples declaração

pública até uma análise em profundidade do desempenho ambiental da

empresa. Qualquer relatório ambiental, independentemente de seu objetivo ou

do público a que se destina, deve apresentar quatro atributos: ser um

documento relevante, confiável, compreensivo e comparável. Esses autores

entendem que para produzir um documento claro e efetivo para comunicação

externa, deve-se:

(a) identificar quais são os stakeholders da empresa;

(b) verificar quais deles necessitam de um relatório ambiental;

(c) compreender por que eles necessitam de um relatório ambiental;e

(d) como essa necessidade pode contribuir para a empresa.

Os autores citados apresentam uma abordagem que parte da

identificação dos stakeholders para a elaboração de uma lista de diferentes

grupos usuários (target group) de relatórios ambientais. Uma idéia básica

desses autores é que nem todos os stakeholders são usuários de relatórios

ambientais. Por exemplo, eles recomendam retirar da lista de usuários os

consumidores, o público em geral e os meios de comunicação, por entenderem

que não é prático atendê-los com relatórios ambientais ou porque eles não

expressaram necessidades específicas que justifiquem o recebimento de

informações regulares e consistentes sobre o desempenho ambiental da

empresa. Os consumidores, nesse caso, por estarem dispersos, tornam

inviável a elaboração e distribuição de um relatório específico. O mesmo

raciocínio não vale quando os consumidores são empresas. Mesmo os

consumidores finais, pessoas físicas, poderiam receber algum tipo de

informação gravada no produto, na embalagem ou nos documentos que

acompanham, como bulas, manuais e certificados de garantias.

Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

25

A norma ISO 1403:2004, que traz diretrizes sobre avaliação de

desempenho ambiental, explica que diferentes partes interessadas de uma

organização apresentam diferenças consideráveis em tremos d esuporte para a

sua administração, contribuições potenciais para o planejamento e como

epressam ou comunicam seus interesses. Como exemplos das partes

interessadas numa organização genericamente considerada, esta norma cita

os seguintes:

§ representantes da administração;

§ empregados;

§ investidores atuais e potenciais;

§ prestadores de serviço;

§ instituições financeiras e seguradoras;

§ entidades legislativas e regulamentadoras;

§ comunidades regionais e circunvizinhança;

§ meios de comunicação;

§ instituições de negócio, administrativas, acadêmicas e de

pesquisa;

§ grupos ambientalistas, de defesa do consumidor e outras

ONGs;

§ público em geral.

Para identificar a visão das partes interessadas e suas necessidades e

suas necessidades de comunicação, a referida norma cita entre outro os

seguintes métodos: pesquisas e questionários, sugestões de empregadores,

reuniões e seminários, audiências públicas, pesquisas de mercado,

rastreamento das regulamentações e suas tendências, diretrizes e normas

voluntárias, comunicação direta com vizinho, clientes, fornecedores e órgãos

públicos e informações da mídia. Para esse efeito da seleção e uso desses

Page 26: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

26

métodos, a norma recomenda que organização considere as circunstâncias a

características das suas partes interessadas.

Quaisquer que sejam os métodos adotados, a comunicação ambiental

externa deve resultar de um diálogo constante da empresa com as suas partes

interessadas. Porém, há certos grupos que ainda não existem, como as

gerações futuras, mas que são partes interessadas fundamentais, como se

depreende do conceito de desenvolvimento sustentável mencionado

anteriormente. Outros grupos não têm vozes como os seres vivos não

humanos. Há ainda os grupos que dependem de outros para se fazerem ouvir,

como os povos se encontrarem dispersos em vastos territórios, seja pela

dificuldade que eles tem para avaliar os impactos ambientais dos produtores e

comerciantes dos produtos e serviços que adquirem. Por isso, o diálogo deve

incluir os que falam em nome dos que não possuem vozes, como os agentes

públicos, as ONGs ambientalistas e de ajuda humanitária e as entidades de

defesa do consumidor.

Page 27: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

27

CAPÍTULO III

O CONTEÚDO

3.1. O que divulgar nos relatórios ambientais

empresariais?

Decidir o que divulgar para cada um dos grupos de stakeholders

identificados como usuários dos relatórios é outra questão importante a ser

considerada pelos dirigentes da organização. Divulgar o desempenho

ambiental não é algo fácil, tanto pela complexidade das questões envolvidas,

quanto pela necessidade de dar informações que atendam as exigências ou

interesses de usuários específicos.

Para cada grupo de usuário específico, Azzone et al. (1997)

recomendam que a elaboração do relatório leve em conta objetivos , conteúdos

e formatos específicos.

No caso do usuário ser a Academia, os objetivos do usuário serão:

monitorar tendências, estabelecer e publicar as melhores práticas e os

objetivos da empresa serão: demonstrar voluntariamente uma disposição de

ser transparente nas suas decisões relativas ao meio ambiente. E os

conteúdos serão: Política ambiental atual e futura, normas da empresa,

detalhes do SGA (Sistema de Gestão Ambiental), desempenho relativo a

objetivos e metas específicos definidos pela empresa.

No caso do usuário ser o empregado, os objetivos do usuário serão:

conhecer as conseqüências ambientais das operações da empresa e os

objetivos da empresa serão: ampliar a comunicação entre os empregados e a

administração, criar clima interno favorável à participação de todos nos

programas e projetos ambientais. E os conteúdos serão: participação nas

decisões, educação e programas de treinamento, responsabilidade e

conformidade co os regulamentos e a avaliação dos riscos.

Page 28: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

28

No caso do usuário ser uma ONG, os objetivos do usuário serão: saber

dos esforços da empresa relacionados com o conceito de sustentabilidade e

capacidade de suporte da Terra. Os objetivos da empresa serão: demonstrar

responsabilidade social informando como a empresa está contribuindo para

reduzir os problemas ambientais globais. E os conteúdos serão: demonstração

do cumprimento da legislação ambiental, detalhes das tendências de

desempenho ambiental, informações sobre o ciclo de vida dos produtos.

No caso do usuário ser uma comunidade financeira ou acionistas os

objetivos dos usuários serão: saber a posição da empresa quanto à legislação

e conhecer os padrões ambientais atuais e iminentes que afetam os resultados

da empresa. Os objetivos da empresa serão: demonstrar segurança quanto

aos riscos que podem elevar os passivos de empresa e prejudicar a realização

de lucros futuros. Os conteúdos serão: demonstração do cumprimento da

legislação ambiental, custos relacionados com as atividades ambientais,

considerações sobre as metodologias de avaliação, passivos ambientais,

contingências e litígios e investimentos futuros.

Por exemplo, os empregados desejam conhecer as conseqüências

ambientais das operações da empresa sobre o meio ambiente interno de

trabalho, enquanto as ONGs ambientalistas tem seu foco nos esforços da

empresa com respeito ao conceito de sustentabilidade e na capacidade de

suporte da Terra. Os objetivos a serem alcançados pela empresa também

diferem conforme o usuário do relatório. Para os empregadores, os relatórios

objetivam ampliar a comunicação e criar um clima favorável à implementação d

apolítica ambiental; para as ONGs, a meta é demonstrar responsabilidade

social e a contribuição da empresa para reduzir os problemas ambientais. As

informações relevantes para os empregos podem referir-se á sua participação

nas decisões, aos programas de educação e treinamento, à responsabilidade e

conformidade com as normas legais e à avaliação dos riscos; as ONGs

estariam interessadas em informações que mostrem em detalhes as

tendências do desempenho ambiental da empresa e questões relativas ao ciclo

de vida dos produtos.

Page 29: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

29

Outros usuários podem ser acrescentados como os clientes,

fornecedores e agentes públicos. O importante é definir para cada usuário

identificado quais os objetivos do relatório e quais as informações que eles

devem trazer. As informações devem ser verificáveis, compreensíveis e

apresentadas com a formatação adequada aos usuários. Por exemplo, os

empregados estão interessados em conhecer de modo detalhado os

programas de formação e treinamento, enquanto os acionistas e a comunidade

financeira podem estar interessados apenas em dados agregados sobre a

quantidade de pessoas atendidas pelo programa e o montante de recursos

aplicados.

Caso a organização pretenda relatar seu desempenho ambiental para

um público indiferenciado, ela deve elaborar uma lista de questões ambientais

que serão tratadas de uma única forma. O Sistema Comunitário de Ecogestão

e Auditoria (Emas), em relação à comunicação externa estabelece que a

organização deve disponibilizar ao público e partes interessadas, no mínimo,

os seguintes elementos:

(a) descrição clara e inequívoca da organização e um resumo de suas

atividades, seus produtos e serviços, bem como das relações com outras

organizações, caso existam;

(b) a política ambiental e uma descrição sumária do seu SGA;

© uma descrição de todos os aspectos ambientais diretos e indiretos

que resultam em impactos significativos e uma explicação da relação entre a

natureza desses impactos e aqueles aspectos;

(d) uma descrição dos objetivos e metas ambientais relacionados com

seus impactos ambientais significativos;

(e) um resumo dos dados disponíveis sobre o comportamento da

organização relativo aos seus objetivos e metas, incluindo os valores das

emissões de poluentes, produção de resíduos, consumo de materiais, energia

e água, nível de ruído etc., de modo que permita fazer comparações anuais e

acompanhar a evolução do comportamento ambiental da organização;

Page 30: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

30

(f) outros fatores relacionados com esse comportamento, inclusive

perante a legislação relacionada com os impactos significativos;

(g) o nome e o número da certificação do verificador ambiental e data

de validade.

Este último elemento é um regulamento expedido pelos Conselhos das

Comunidades Européias, sob o número 761 em 19 de março de 2001.

Esses elementos mínimos do Emas podem ser classificados como

exemplos a serem considerados num relatório externo enxuto para as

organizações que pretendem efetuar comunicações voluntárias para o público

em geral.

A comunicação externa é um requisito facultativo do SGA conforme a

norma ISO 1400:2004. Ou seja, a organização decide se pretende comunicar e

para quem deve fazê-lo. Esta norma não estabelece o conteúdo mínimo a ser

comunicado, como faz o Emas. Porém, a norma © 14004:2005, a título de

ajuda prática, apresenta a seguinte relação de itens que podem ser incluídos

na comunicação:

(a) informações gerais sobre a organização;

(b) declaração da administração;

(c ) política, objetivos e metas ambientais;

(d) processos de gestão ambiental, incluindo o envolvimento dos

empregados e das partes interessadas;

(e) compromisso da organização com a melhoria contínua;

(f) informações sobre os aspectos ambientais dos produtos e serviços

fornecidos;

(g) informações sobre o desempenho ambiental da organização,

incluindo tendências, tais como redução de resíduos e gerenciamento de

produtos;

Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

31

(h) conformidade com os requisitos legais e outros subscritos, bem

como as ações corretivas e preventivas em resposta aos casos de não-

cumprimento identificados;

(i) informações suplementares, tais como glossários;

(j) informações financeiras, como reduções de custo e investimentos

em projetos ambientais;

(k) estratégias potenciais para aprimorar o desempenho ambiental;

(l) informações sobre acidentes ambientais;

(m) fontes de informações adicionais, tais como pessoas para contato

ou site.

Há outras listas de elementos socioambientais nas quais a empresa

pode se inspirar para selecionar aqueles que pretende comunicar para o

público indiferenciado. Por exemplo, os Indicadores Ethos de Responsabilidade

Social foram criados pelo Instituto Ethos com o objetivo de serem usados pelas

empresas como instrumentos de acompanhamento e monitoramento das suas

práticas de responsabilidade social, ou seja, como instrumentos de auto-

avaliação. Esses indicadores apresentam-se na forma de um questionário que

deve ser respondido para cada unidade de negócio da empresa. O Instituto

Ethos trata as informações contidas em todos os questionários enviados e

elabora um relatório de benchmarking, com os resultados das empresas com

as dez maiores notas em desempenho final. A empresa que enviou

questionários recebe o relatório de benchmarking e os resultados de sua auto-

avaliação, e poderá comparar seu próprio desempenho com o do grupo de

benchmarking. O questionário e o relatório dos resultados permitem à empresa

avaliar sua gestão de responsabilidade social e planejar ações para melhorar

seu desempenho em indicadores específicos. Esses indicadores não foram

concebidos para serem divulgados, mas eles ou parte deles podem ser

considerados para compor os itens de um relatório destinado ao público em

geral.

Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

32

3.2. Como divulgar os relatórios ambientais

empresariais?

A empresa pode optar por modelos de relatórios próprios ou adorar

modelos ou diretrizes padronizadas dentre as centenas que existem, ou, ainda

utilizar uma combinação de ambos. As considerações feitas na seção anterior

servem de orientação para elaborar relatórios com formatos próprios e de

acordo com os objetivos definidos e as características de usuários

selecionados.

Lista parcial de modelos e diretrizes para Relatórios Ambientais Fonte: Barbieri, 2007.

Relatório

(entidade promotora)

ambiental econômica social saúde e segurança

qualidade área que se aplica

Ceres reporting (Ceres) x Todas

Company Environmental Reporting (Unep/Pnuma)

x Todas

Corporate Environmental Report Scorecard (Deloitte

Touche Tohmatsu)

x x x x todas

Environmental Reporting for the European Chemical

Industry (Cefic)

x x química

Gemi stakeholder Communication

x x todas

Global Reporting Iniciative (GRI)

x x x x x todas

Instituto Brasileiro de Análises Sociais

Econômicas (Ibase)

x x x x Todas

OECD Guide for Multinational Enterprise

(OECD/OCDE)

x x x x x Todas

Public Environmental Reporting Initiative (Peri)

x Todas

Report Hazardous Substance Release and Oil

Spill (Usepa)

X Todas

Responsible Care Report (ICCA)

x x Química

Page 33: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

33

Uma tendência atual das iniciativas voluntárias em termos de

comunicação externa é a de propor relatórios que incluam questões

ambientais, sociais, econômicas e outras relacionadas, como o balanço social

do Ibase e o modelo do GRI. Os relatórios das empresas que procuram se

colocar como instrumentos de desenvolvimento sustentável devem conter

informações sobre as dimensões nas quais essa proposta de desenvolvimento

se apóia, e podem ser resumidas da seguinte forma: eficiência econômica,

equidade social e respeito ao meio ambiente externo e interno. Tratam-se,

portanto, de relatórios de sustentabilidade, nos quais as questões ambientais

constituem um dos componentes. O conteúdo desses relatórios inclui

informações sobre as práticas e os resultados alcançados nas áreas de meio

ambiente, geração de empregos, arrecadação de impostos, eliminação de

discriminação no trabalho, apoio à educação, combate ao trabalho forçado e

infantil, saúde e segurança do trabalho e outras questões relacionadas. O

esforço para relatar o desempenho nessas dimensões permite que a empresa

enxergue a sua contribuição atual em relação aos objetivos dôo

desenvolvimento sustentável e estabeleça objetivos e metas para o futuro.

3.3. Balanço Social

O balanço social é um instrumento para tornar transparente a

responsabilidade social da empresa. Esse instrumento se tornou mundialmente

conhecido a partir da experiência francesa, mais especificamente a partir da Lei

77-769, de 1977, que tornou obrigatório o balanço social (bilan social) para as

empresas e organizações com mais de 300 funcionários, incorporando-o ao

Código de Trabalho. Segundo essa norma legal francesa, o balanço social

resume em um documento único os principais dados que permitam avaliar a

situação da empresa no domínio social, registrar as realizações efetuadas e as

medidas implementadas no ano em curso e nos dois anos anteriores. O

balanço social comporta informações sobre o nível de emprego, renumerações,

condições de higiene e segurança, formação e treinamento, relações

profissionais e outras condições de vida dos funcionários e seus familiares. As

questões ambientais não foram contempladas no modelo de balanço social da

Page 34: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

34

lei francesa. A lei francesa não prevê qualquer controle sobre as informações

contidas no balanço social e a única pena prevista refere-se à não-

apresentação do balanço ao comitê da empresa.

Outros modelos de balanço social foram criados em outros países por

outras entidades públicas e privadas, mas sempre mantendo o mesmo objetivo:

divulgar a atuação da empresa no campo social durante o ano para um público

indiferenciado. O modelo de balanço social do Ibase, uma ONG criada pelo

sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, tem por objetivo principal dar

conhecimento à sociedade de um modo geral, portanto, usuários

indiferenciados, sobre os resultados das ações da organização que traduzam

sua concepção de responsabilidade social ampliada. Esse balanço é

constituído de indicadores sociais (internos e externos), ambientais, do corpo

funcional e informações quanto ao exercício da cidadania empresarial.

O modelo de balanço social anual do Ibase trata-se de um modelo

bastante simples e sintético para facilitar a sua divulgação em qualquer meio,

impresso ou eletrônico, inclusive para acompanhar a publicação de

demonstrativos contábeis. O objetivo é esse mesmo, prover um conjunto de

informações relacionadas com a responsabilidade social da organização, fácil

de ser entendido e acompanhado pelas partes interessadas.

O balanço social pode adquirir muitas formas, mas um formato

padronizado permite comparar o desempenho de diferentes empresas ao longo

do tempo. A padronização evita que a empresa divulgue apenas os indicadores

que apresentam bom desempenho, passando desse modo uma falsa imagem

perante o público que teve acesso ao balanço social. O Ibase estimula o uso de

seu modelo padronizado conferindo à empresa que utilize um selo Balanço

Social IBase/Betinho. Para receber o selo, a organização deve preencher o

modelo de balanço social do Ibase na sua totalidade, que não se aplicam.

Todos os funcionários devem receber o modelo de forma individualizada e

nominal em material, não sendo admitido o envio exclusivamente por meio da

Internet ou Intranet. Além disso, o Ibase realiza uma consulta pública para

receber opiniões sobre a organização que pretende obter o selo. Desse modo,

Page 35: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

35

pode-se dizer que auditoria do balanço social para efeito da concessão do selo

é auditada pela sociedade e pelos próprios funcionários da organização.

Modelo da Public Environmental Reporting Iniciative (Peri)

Perfil da organização

• Tamanho da organização • Número de estabelecimentos • Países onde opera • Principais linhas de atividades • A natureza dos impactos ambientais decorrentes

das operações da organização

Política ambiental

• Informações sobre a política ambiental da organização, escopo, aplicabilidade, objetivos e metas, datas da sua introdução e das revisões, se forem relevantes.

Gestão Ambiental

• Informações sobre os níveis organizacionais responsáveis pelas políticas e programas ambientais, bem como sobre a estrutura de gestão

• Informar como as políticas são implementadas, ressaltando os objetivos e metas, o comprometimento de alta direção, a responsabilidade de unidades específicas, a estrutura do seu SGA, os programas, recursos, treinamentos etc.

Liberações ambientais

• Emissões atmosféricas, hídricas e resíduos sólidos • Objetivos, metas e programas relacionados com

essas emissões • Informações sobre o grau de utilização de práticas

voluntárias recomendadas por outras organizações, tais como a ICC, ISO etc

Conservações de recursos

• Conservação de materiais, tais como as práticas de reuso, reciclagem, compra de produtos contendo materiais reciclados, redução, minimização e reuso de embalagens etc.

• Conservação de energia, redução do consumo, uso de energia renovável, programas para aumentar a eficiência energética e redução das emissões relacionadas com o uso da energia

• Conservação de água, indicando os esforços para reduzir e/ou reciclar água utilizada

• Florestas, terra e conservação da natureza, descrevendo as ações da organização para conservar ou reduzir seus impactos sobre os recursos naturais

Administração dos

• Programas de auditorias ambientais e suas freqüências

• Programas de remediação implantados ou em fase

Page 36: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

36

riscos ambientais de planejamento • Programas de emergência, incluindo treinamentos,

métodos de comunicação, envolvimento da comunidade local etc.

• Informações sobre os locais onde são depositados resíduos perigosos, indicando as providências para minimizar os riscos para a saúde e a segurança.

Atendimento às normas legais

• Informações dos últimos três anos sobre as ocorrências, as não-conformidades, as penalidades aplicadas pelos órgãos governamentais, a magnitude dos impactos decorrentes das não-conformidades e os programas para corrigir tais situações

Produtos

• Programas, objetivos e métodos para reduzir os impactos dos produtos da organização

• Informações sobre atividades voltadas para lançar novos produtos, reprojetar os existentes ou descontinuar produtos por motivos ambientais os produtos

• Informar sobre programas de redução da poluição relacionadas com produtos, processos e serviços da organização, inclusive reciclagem, reuso e outras práticas de conservação de recursos

• Descreve os esforços para tornar os produtos mais eficientes em termos de consumo de energia.

• Descrever a gestão de materiais pós-consumo • Descrever os programas de suprimento e os

procedimentos para envolver os fornecedores nos esforços para reduzir impactos ambientais dos produtos e serviços.

Empregados

• Informações sobre programas e práticas para treinar e motivar os empregados a se engajarem em boas práticas ambientais

Outros stakeholders

• Descrever os esforços para envolver outros stakeholders nas iniciativas ambientais da organização;

• Informar os trabalhos significativos sobre tecnologias ambientais empreendimentos com instituições de ensino, ONGs, entidades empresariais etc.

• Descrever como a organização se comunica com as comunidades onde se localiza ou opera.

Fonte: Elaborado a partir de informações constantes em Peri Guideline & Answers,2001

Page 37: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

37

A Global Reporting Initiative (GRI) é uma iniciativa voluntária multi-

stakeholder que teve sua origem ligada ao Ceres e ao PNUMA (Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente, em inglês, United Nations Environment

Programme -UNEP) no final do século passado, tornando-se uma organização

independente em 2002 com sede em Amsterdam. Tem por objetivo promover e

disseminar nas organizações a prática de medir o seu desempenho em termos

ambientais, sociais e econômicos, e divulgar os resultados como forma de

prestação de contas à sociedade. Ela desenvolve e atualiza periodicamente um

conjunto formado por estrutura, diretrizes e protocolos técnicos para elaborar

relatórios de sustentabilidade com base no diálogo com múltiplos stakeholders.

Esse conjunto é revisto periodicamente por meio de consultas públicas.

Princípios da Global Reporting Iniciative (GRI)

Princípios para definir o conteúdo do relatório

Princípios para assegurar a qualidade da formação

Materialidade: a informação em um relatório deverá cobrir tópicos e indicadores que refletem os impactos econômicos, sociais e ambientais significativos ou que influenciarão substancialmente as avaliações e decisões das partes interessadas.

Equilíbrio: o relatório deverá refletir os aspectos positivos e negativos do desempenho da organização relatora, para permitir uma avaliação fundamentada do desempenho global.

Inclusão das partes interessadas: a organização deverá identificar suas partes interessadas e explicar como ela tem respondido às suas expectativas no relatório.

Comparabilidade: as questões e informações deverão ser selecionadas, compiladas e relatadas consistentemente, de modo que as partes interessadas possam analisar as mudanças no desempenho da organização ao longo do tempo e em relação a outras organizações.

Contexto da sustentabilidade: o relatório deverá apresentar o desempenho da organização no contexto mais amplo de

Exatidão: a informação relatada deverá ser suficientemente precisa e detalhada para que as partes interessadas possam avaliar o

Page 38: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

38

sustentabilidade. desempenho da organização.

Abrangência: a cobertura dos tópicos relevantes e materiais, e a definição dos limites do relatório deverão ser suficientes para que as partes interessadas possam avaliar o desempenho econômico, ambiental e social da organização no período relatado.

Periodicidade: o relatório deve ser apresentado de acordo com uma programação regular e em tempo hábil, para que as partes interessadas possam tomar decisões informadas.

Clareza: a informação deverá ser disponibilizada de modo compreensível e acessível às partes interessadas usuárias do relatório.

Confiança: a informação e os processos usados na preparação deverão ser registrados, compilados, analisados e divulgados de modo que possam ser verificados quanto à qualidade e à materialidade das informações.

Fonte: Sustainability Reporting Guidelines, 2006, disponível em: www.globalreporting.org

A estrutura refere-se ao conteúdo básico do relatório, que se aplica a

organizações de qualquer tipo ou tamanho. As diretrizes são formadas por

duas classes de princípios: uma voltada para orientar a definição do conteúdo

do relatório e a outra, para assegurar a qualidade das informações relatadas. A

transparência é um valor e ao mesmo tempo um objetivo, sendo a base na qual

se assenta todo o relatório, como mostram as Diretrizes da GRI. A

transparência é definida como a divulgação completa e equilibrada de

informações sobre questões e os indicadores necessários para as partes

interessadas tomarem decisões e sobre os processos, procedimentos e

hipóteses usadas para preparar o relatório. A ênfase na transparência de todo

o processo de comunicação é um ponto central de um novo entendimento

sobre responsabilidade social afinada com o movimento do desenvolvimento

sustentável.

Page 39: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

39

Indicadores de desempenho ambiental da Global Reporting Iniciative (GRI)

Aspectos Indicadores essenciais Indicadores adicionais

Materiais

• Peso ou volume por materiais usados

• Porcentagem dos usados reciclados

Energia

• Consumo direto de energia por fonte de energia primária

• Consumo indireto de fonte de energia primária

• Energia economizada em função das melhorias na conservação e eficiência

• Iniciativas para prover eficiência energética ou produtos e serviços baseados em energia renovável e as reduções da necessidade de energia resultantes dessas iniciativas.

• Iniciativas para reduzir o consumo indireto de energia e as reduções obtidas.

Água

• Total de água retirada por fonte

• Fontes de água significativamente afetadas pela retirada de água

• Porcentagem e volume total de água reciclada e reutilizada

Biodiversidade

• Localização e tamanho das terras próprias, arredondadas ou gerenciadas com áreas protegidas, ou adjacentes a elas, e áreas com elevado valor em biodiversidade fora das áreas protegidas.

• Descrição dos impactos significativos das atividades, produtos e serviços sobre a biodiversidade nas áreas protegidas e com elevado valor em biodiversidade fora delas.

• Habitas protegidos ou restaurados.

• Estratégias, ações atuais e planos futuros para gerir. impactos sobre a diversidade

• Número de espécies da lista vermelha da UICN e de espécie de listas nacionais com habitats em áreas. afetadas pelas operações por nível de risco de extinção.

• Total de emissões diretas e indiretas de gases de estufa por peso.

• Outras emissões indiretas relativas aos gases de efeito estufa por peso.

• Emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio por peso.

• NOx, SOx e outras

• Iniciativas para reduzir os gases de efeito estufa e as reduções obtidas

• Peso dos resíduos perigosos transportados, importados ou exportados conforme os termos da Convenção de Basileia, anexos I, II, III e IV e porcentagem de resíduos transportados internacionalmente.

• Identificação, tamanho, tipo de proteção legal e valor da biodiversidade dos corpos d’água

Page 40: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

40

Emissões, efluentes e resíduos

emissões significativas por tipo e peso.

• Total de descargas de água por qualidade e destino.

• Peso total dos resíduos por tipo e método de disposição.

• Número total e volume de derramamento significativos

e habitats relacionados, afetados significativamente pela descarga e escoamento de água.

Produtos e serviços

• Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e alcance da mitigação do impacto.

• Porcentagem de produtos vendidos e seus materiais de embalagem reaproveita

Conformidade legal

• Valor monetário das multas e número total das sanções não monetárias pelo não-cumprimento das leis ambientais aplicáveis

Transporte

• Impactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros materiais usados nas operações da organização.

Geral

• Total dos gastos e investimentos para proteção ambiental por tipo.

Fonte: Global Reporting Initiative (GRI) Sustainability reporting guidelines, 2006. Disponível

em: www.globalreporting

As diretrizes da GRI também apresentam indicadores de

sustentabilidade econômica, ambiental e social. Para cada indicador há um

protocolo técnico que estabelece definições e orientações para tratar os dados

que serão relatados. Na terceira versão das diretrizes da GRI apresenta uma

lista de indicadores de desempenho ambientais, divididos em indicadores

essenciais e adicionais: os primeiros são indicadores relevantes para a maioria

Page 41: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

41

das empresas e seus stakeholders; os adicionais também são importantes,

especialmente para a empresa que relata, mas são usados em poucas

empresas.

Além das questões ambientais, o relatório com base nas diretrizes da

GRI apresenta indicadores sobre o desempenho econômico e social da

empresa. Quanto aos aspectos econômicos, o relatório contempla o valor

econômico gerado e distribuído, a ajuda financeira dos governos, a proporção

de gastos com fornecedores locais, os investimentos em infra-estrutura, entre

outros. Os indicadores de desempenho social tratam das relações de trabalho,

segurança e saúde no trabalho, treinamento e educação, diversidade e

igualdade de oportunidade.

A política de comunicação ambiental deve ser coerente com a política

ambiental e consistente com os princípios expressamente mencionados na

norma 14063. Os princípios visam assegurar: a transparência do processo de

comunicação; o provimento de informações relevantes para as partes

interessadas; credibilidade da comunicação assegurada por meio de uma

condução honesta e o fornecimento de informações confiáveis, exatas e

substantivas para as partes interessadas; o atendimento das questões e

dúvidas das partes interessadas de modo integral e a periodicidade; e o relato

de modo claro com formato, linguagem e meio de divulgação adequados às

partes interessadas de modo a minimizar as ambigüidades. A política de

comunicação deve enunciar com clareza as seguintes questões:

§ O compromisso de envolver-se em diálogo com as partes interessadas;

§ O compromisso de divulgar as informações sobre o desempenho

ambiental da organização;

§ A importância da comunicação ambiental interna e externa para a

organização;

§ O compromisso de implementar a política e de prover os recursos que

forem necessários;

Page 42: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

42

§ O compromisso de endereçar a comunicação para as questões-chave

ambientais.

De acordo com a norma 14063, o exame e a revisão da comunicação

por parte da alta administração fecha um ciclo e dá início a outro, levando em

conta as oportunidades de melhorias e necessidades de mudanças, conforme

a idéia de melhoria contínua que preside todas as normas ISO de gestão.

Decidindo ou não por realizar mudanças na política, estratégia ou em qualquer

atividade de comunicação, a organização deve considerar como as partes

interessadas irão percebê-las e como comunicar a elas as razões das

mudanças. Todas as recomendações da norma estão claramente voltadas para

que a comunicação ambiental da organização, evitando que seja apenas o

cumprimento pro forma de uma expectativa da sociedade.

A divulgação do desempenho das empresas em relação às três

dimensões da sustentabilidade é um meio importante para promover a

educação ambiental, sem dúvida, um dos instrumentos mais importantes para

a formação de grupos sociais ambientalmente responsáveis. Já tipo de

divulgação, de modo que muitos dirigentes empresariais acabam aceitando

esse fato, mesmo contragosto. Um dos graves problemas que pode ocorrer é o

uso indevido da comunicação externa na medida que ela venha a ser

entendida por parte dos dirigentes como uma espécie de obrigação para

atender a essa expectativa. A divulgação voluntária se tornaria compulsória,

propiciando todo o tipo de escamoteação, uma vez que ela deixa de ser feita a

partir de uma convicção interna dos dirigentes para atender uma expectativa

externa. A comunicação externa deve ser entendida como um importante

instrumento de responsabilidade social da empresa, relacionado com a

necessidade de dar transparência às suas atividades, como um meio para

proporcionar um diálogo permanente com as partes interessadas e como

processo de levantar e analisar a sua contribuição para o desenvolvimento

sustentável.

Tornar os relatórios ambientais públicos por força da lei é uma questão

polêmica semelhante à da obrigatoriedade de realizar auditorias ambientais.

Page 43: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

43

Quantos às auditorias, há casos em que a obrigatoriedade procede em razão

da natureza do empreendimento ou atividade e de seus impactos sobre o meio

ambiente. São exemplos as refinarias de petróleo, as usinas siderúrgicas, as

instalações de processamento e disposição de lixos tóxicos e outros

relacionado pela Lei 1898/1991, do Estado do Rio de Janeiro, ou das

plataformas e instalações portuárias, como estabelece no âmbito da União a

Lei 9966/2000. Quanto aos relatórios ambientais e de sustentabilidade, a

obrigatoriedade pode causar sérios prejuízos a esse importante instrumento de

gestão ambiental.

A obrigatoriedade tende a banalizar esse instrumento, na medida em que

todas as empresas, compromissadas ou não com o meio ambiente, inclusive

as que não atendem sequer a legislação, estarão providenciando seus

relatórios para cumprir uma exigência que dificilmente será fiscalizada, até pela

enorme quantidade de relatórios que irá se acumular ao longo do tempo.

Elaborar o relatório e não realizar práticas que melhorem o desempenho

ambiental das suas empresas serão as preocupações de muitos dirigentes

empresariais. Um relatório produzido sem compromisso efetivo com a

realização de melhorias é um campo fértil para as práticas de maquiagem ou

lavagem verde.

Os relatórios ambientais devem resultar de atos voluntários, tanto no

que se refere às práticas ambientais, quanto ao seu relato. Primeiro vem o

fazer, depois o relato do que foi feito e os resultados alcançados. A empresa

compromissada proativamente com o meio ambiente tem o que mostrar às

partes interessadas ou ao público em geral, de modo que o seu relatório

ambiental passa a ser um elemento de diferenciação que será tanto mais

importante para ela quanto mais a sociedade se preocupa com o meio

ambiente.

Page 44: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

44

CONCLUSÃO

A preocupação com o futuro do Meio Ambiente é algo atual e urgente.

A empresa que não se adequar a essa tendência mundial ficará

ultrapassada.

Uma empresa compromissada com Meio Ambiente e com a sociedade

como um todo, percebe a importância de elaborar seus relatórios

ambientais constantemente como uma maneira de aprimorar suas

atividades e demonstrar transparência e responsabilidade socioambiental.

Além permite que o cidadão comum possa participar mais das atividades

empresariais e possa opinar sobre elas. Uma empresa com

responsabilidade socioambiental não terá o que esconder ou temer.

Falar de sustentabilidade é fácil, porém colocar em prática, no

cotidiano de seus funcionários, na rotina de suas atividades requer um

compromisso. Compromisso este, não só com o meio ambiente mas com a

população, com os acionistas, funcionários, com o Planeta.

Porém existe um questionamento muito grande na obrigatoriedade da

produção de relatórios ambientais. Pois acredita - se que a empresa deverá

ter a iniciativa de assumir sua responsabilidade sustentável.

No Brasil, ainda existem muitas empresas que não se adequaram a

esta mudança mundial, entretanto o número vem aumentando e isso

demonstra uma modificação de consciência aos problemas causados pelo

uso indevido dos recursos naturais.

Parar de produzir, de aumentar a tecnologia é praticamente impossível

mas mudar a maneira de consumir é possível.

E o primeiro passo poderá vir de um grande exemplo como uma

indústria, já que são elas as detentoras no maior parte das riquezas que

circulam no país.

Page 45: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

45

Mas o compromisso deverá vir de todos. O futuro do planeta começa

hoje.

O homem já prejudicou demais o planeta e agora precisa aprender a

viver e conservar o que ainda resta. Utilizar com responsabilidade e isso

começa nos pequenos exemplos que poderemos dar no dia-a-dia,

começamos pelos “herdeiros dessas riquezas”, as crianças.

Page 46: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, Fernando – Experiências Empresariais em Sustentabilidade –

Avanços, dificuldades e motivações de gestores e empresas. Rio de

janeiro: Elsevier, 2009.

BARBIERI, José Carlos – Gestão Ambiental Empresarial – Conceitos,

Modelos e Instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2007.

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental – São Paulo:

Pearson Prentice Hall, 2005.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art 5º , inciso XXXIII.

Brasília, 05/10/1988.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art 37, inciso XXI, § 1º.

Brasília, 05/10/1988. Editora Saraiva, 1988.

CHIARAVALLOTI, Rafael e PÁDUA, Claúdio – Escolhas Sustentáveis -

Discutindo biodiversidade, uso da Terra, água e aquecimento global. São

Paulo: Urbana, 2011.

CUNHA, Sandra Baptista da & GUERRA, Antonio José Teixeira – Avaliação e

Perícia Ambiental. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

VIVIEN, Frank-Dominique – Economia e Ecologia – São Paulo: Senac São

Paulo, 2011.

VEIGA, José Eli da & ZATZ, Lia – Desenvolvimento Sustentável – Que bicho

é esse? Campinas/SP: Autores Associados Ltda, 2008.

Page 47: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

47

BIBLIOGRAFIA CITADA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR

ISO 14004:2005. Sistema de Gestão Ambiental – diretrizes gerais sobre

princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de janeiro: ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR

ISO 14001:2004 Sistemas de Gestão Ambiental: requisitos com

orientação para uso. Rio de janeiro: ABNT, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR

ISO 14031:2004 - Gestão Ambiental – avaliação de desempenho

ambiental- diretrizes. Rio de janeiro: ABNT, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR

ISO 16001:2004. Responsabilidade social – Sistema de Gestão –

requisitos. Rio de janeiro: ABNT, 2004.

Page 48: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

48

WEBGRAFIA

INSTITUTO ETHOS - www.ethos.org.br, acesso em novembro de 2011.

BALANÇO SOCIAL - Modelos de relatórios socioambientais

www.balancosocial.org.br, acesso em novembro de 2011

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – A importância da auditoria e dos

relatórios ambientais - www.mma.gov.br, acesso em janeiro de 2012.

UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (UNEP) - Major

Group and satekholders – www.unep.org, acesso em janeiro de2012.

Page 49: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

49

ANEXOS

ANEXO 1 . Selo do Balanço Social Ibase/ Betinho.

O Ibase suspendeu em 2008 a entrega do Selo Balanço Social

Ibase/Betinho, que está em fase de avaliação e reformulação.

Page 50: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

50

Anexo 2. – Exemplo de relatório do Balanço Social de uma empresa.

Page 51: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

51

Anexo 3 - Empresas que receberam o Selo Balanço Social em 2007.

Page 52: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

52

Anexo 4. – Orientações para o preenchimento do formulário.

Page 53: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Os métodos utilizados foram pesquisas em diversos livros na área ambiental, ... das principais discussões. Após a ECO-92 ou Conferência

53

ÌNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Relatórios Ambientais Empresariais 9

CAPÍTULO II

A Divulgação 12

2.1 – Declaração do Rio sobre Meio Ambiente 18

e Desenvolvimento

2.2 – Identificação de usuários 23

CAPÍTULO III

O Conteúdo 27

3.1 - O que divulgar? 27

3.2 – Como divulgar? 32

3.2.1 – Balanço Social 33

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50

BIBLIOGRAFIA CITADA 51

ÍNDICE 52