UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
COMPORTAMENTO MATERNO E ANSIEDADE NA INFÂNCIA: ESTUDO
OBSERVACIONAL COM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR
Patrícia Alexandra Soares Martins
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia da Saúde e da
Doença)
2012
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
COMPORTAMENTO MATERNO E ANSIEDADE NA INFÂNCIA: ESTUDO
OBSERVACIONAL COM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR
Patrícia Alexandra Soares Martins
Dissertação orientada por Doutora Ana Isabel de Freitas Pereira
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
(Secção de Psicologia Clínica e da Saúde / Núcleo de Psicologia da Saúde e da
Doença)
2012
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha orientadora Doutora Ana Isabel de Freitas Pereira, pela sua
dedicação, compreensão e perseverança, por acreditar nas minhas capacidades e por não
me ter deixado desistir.
Agradeço à Doutora Luísa Barros, enquanto órgão superior da Faculdade de
Psicologia da Universidade de Lisboa, por possibilitar aos seus alunos uma formação de
qualidade não só a nível académico, como a nível pessoal e social.
Agradeço a todos os professores que ao longo do meu percurso académico
transmitiram os seus conhecimentos e a sua sabedoria com tanto entusiasmo.
Agradeço aos meus pais, por acreditarem em mim, por me transmitirem
confiança e pelas suas palavras de amor e esperança.
Agradeço ao meu marido, pelo seu amor e carinho, pela sua paciência e por me
dar força nos momentos de maior desalento.
Agradeço à minha prima e “mana )i(“, Senna, pelas suas palavras de incentivo,
pelo seu apoio e pelo seu carinho.
Agradeço às minhas amigas, Sara Teixeira e Patrícia Teixeira, pela sua presença,
pelos seus sorrisos e pela sua amizade.
Agradeço às minhas colegas, Rosa Silva, Catarina Pereira e Vanessa Oliveira
por me acompanharem nesta longa caminhada, pelas horas de trabalho e estudo em
conjunto e por serem um exemplo de determinação e motivação.
ii
RESUMO
Enquadramento: Os fatores familiares e mais concretamente, a ansiedade dos pais e o
comportamento parental, assumem particular relevância no desenvolvimento de
perturbações de ansiedade na infância. Assim, o presente estudo propõe-se a estudar a
relação existente entre ansiedade materna, ansiedade infantil, comportamento materno e
comportamento da criança. Metodologia: Participaram no estudo 35 crianças entre os 7
e os 12 anos e suas respetivas mães. A avaliação da ansiedade nas crianças foi realizada
através da aplicação do SCARED-R (versão para crianças), tendo a amostra sido
dividida em, grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e grupo de crianças
não ansiosas. O estudo recorreu à observação da interação mãe-criança durante a
realização de uma prova cognitiva, moderadamente ansiógena. Resultados: Não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos relativamente
às dimensões estudadas. A análise correlacional, para o grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade revelou, a existência de relações estatisticamente significativas,
positivas e elevadas entre, ansiedade materna e dificuldade na resolução da tarefa, e
entre, intrusividade e dificuldade na resolução da tarefa. Tendo ainda, sido encontrada
uma relação significativa, negativa e elevada entre incentivo à autonomia e
intrusividade. Os resultados do grupo de crianças não ansiosas sugerem a existência de
relações significativas, positivas e elevadas entre: (1) intrusividade e rejeição; (2)
dominância e intrusividade; (3) dificuldade na resolução da tarefa e rejeição. Foram
também encontradas relações significativas, positivas e moderadas entre: (1) ansiedade
infantil e dificuldade na resolução da tarefa; (2) dificuldade na resolução da tarefa e
intrusividade; (3) ansiedade infantil e rejeição. E ainda, relações significativas,
negativas e moderadas entre, comportamento de dependência em relação à mãe e
intrusividade, e entre, comportamento de dependência em relação à mãe e dominância.
Conclusões: A maioria dos resultados está em consonância com os dados encontrados
na literatura. No entanto, alguns deles, oferecem novas perspetivas na etiologia das
perturbações de ansiedade.
Palavras-Chave: Ansiedade Materna, Ansiedade Infantil, Comportamento Materno,
Comportamento da Criança, Estudo Observacional
iii
ABSTRACT
Background: The family factors and more specifically, the parental anxiety and
behavior, have assumed particular relevance in the development of anxiety disorders in
children. Thus, this study intends to examine the relationship between maternal anxiety,
child anxiety, maternal behavior and child behavior. Methodology: Participants
included 35 children between the age of 7 and 12, and their mothers. The assessment of
anxiety in children was performed by applying the SCARED-R (children version). The
sample was divided in groups of children with high levels of anxiety and group of non
anxious children. The study relied on direct observation of mother-child interactions
while performing a cognitive task. Results: There were no significant differences
between the two groups on the dimensions studied. A correlational analysis for the
group of children with high levels of anxiety revealed the existence of positive and
elevated, significant relationships between maternal anxiety and difficulty in solving the
task, and between, intrusiveness and difficulty in solving the task. It was also found a
significant, negative and elevated relationship between encouragement of autonomy and
intrusiveness. The results for the group of non anxious children suggest the existence of
significant, positive and elevated relationships between: (1) intrusiveness and rejection;
(2) dominance and intrusiveness; (3) difficulty in solving the task and rejection. We also
found significant, positive and moderate relationships between: (1) child anxiety and
difficulty in solving the task; (2) difficulty in solving the task and intrusiveness; (3)
child anxiety and rejection. Significant, negative and moderate relationships between,
dependent behavior towards the mother and intrusiveness, and between, dependent
behavior towards the mother and dominance, was also found. Conclusions: Most
results are consistent with data found in the literature. However, some offer new
insights in the etiology of anxiety disorders.
Keywords: Maternal Anxiety, Child Anxiety, Maternal Behavior, Child Behavior,
Observational Study
iv
ÍNDICE
RESUMO ......................................................................................................................... ii
ABSTRACT .................................................................................................................... iii
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA .............................................................. 3
1. Ansiedade Normativa vs. Ansiedade Patológica ...................................................... 3
2. Perturbações de Ansiedade na Infância e Adolescência ........................................... 4
2.1. Ansiedade de Separação .................................................................................... 5
2.2. Ansiedade Generalizada .................................................................................... 6
2.3. Fobia Social ....................................................................................................... 7
2.4. Fobia Específica ................................................................................................ 8
3. Comorbilidade .......................................................................................................... 9
4. Etiologia das Perturbações de Ansiedade ................................................................. 9
4.1. Fatores de Risco .............................................................................................. 10
4.1.1. Fatores Individuais ................................................................................... 10
4.1.2. Fatores Familiares .................................................................................... 10
4.1.3. Fatores Ambientais/Sócio-culturais .......................................................... 13
4.2. Fatores de Manutenção .................................................................................... 14
4.3. Fatores de Proteção .......................................................................................... 15
5. Modelos Etiológicos das Perturbações de Ansiedade ............................................ 16
5.1. Modelo de Tripla Vulnerabilidade de Barlow ................................................. 17
5.2. Modelo de Rapee ............................................................................................. 18
5.3. Modelo de Rachman ........................................................................................ 19
6. Estudos Empíricos .................................................................................................. 20
CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO ......................................................................... 25
1. OBJETIVOS DO ESTUDO ................................................................................... 25
1.1. Objetivos Gerais .............................................................................................. 25
1.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 25
1.3. HIPÓTESES EM ESTUDO ............................................................................ 27
2. METODOLOGIA ................................................................................................... 28
2.1. Desenho da Investigação ................................................................................. 28
2.2. Amostra ........................................................................................................... 28
2.3. Situação de Observação – Tarefa dos Cubos (WISC-III, Wechsler, 1991) .... 31
v
2.4. Instrumentos de Recolha de Dados ................................................................. 31
2.5. Procedimentos de Recolha de Dados............................................................... 35
2.6. Procedimentos de Análise Estatística .............................................................. 36
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................. 39
1. ANÁLISES PRELIMINARES ............................................................................... 39
2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................... 43
CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES .................. 55
1. ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS ........................................ 55
2. ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS ...................................... 59
CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 66
1. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ......................................................................... 66
2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................. 67
3. FUTURAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO ............................................................. 68
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 70
ANEXOS ........................................................................................................................ 89
vi
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO I ........................................................................................................................ 90
ANEXO II ...................................................................................................................... 92
ANEXO III ..................................................................................................................... 95
ANEXO IV ..................................................................................................................... 99
vii
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das crianças 29
Quadro 2: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das mães e da família 29
Quadro 3: Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior
dificuldade e decisão de manter/excluir 39
Quadro 4: Objetivos e metodologias de análise estatística 43
Quadro 5: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o
grupo de crianças não ansiosas relativamente às dimensões de ansiedade materna e
ansiedade infantil 44
Quadro 6: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o
grupo de crianças não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da
criança 45
Quadro 7: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o
grupo de crianças não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da mãe 46
Quadro 8: Correlações r de Pearson entre dimensões de ansiedade materna e ansiedade
infantil, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de
ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 47
Quadro 9: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade
materna e comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças
com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 48
Quadro 10: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade
materna e comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças
com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 49
Quadro 11: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade
infantil e comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças
com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 50
Quadro 12: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade
infantil e comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças
com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas) 51
Quadro 13: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de
comportamento materno e comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da
diagonal crianças com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal crianças não
ansiosas) 52
1
INTRODUÇÃO
O presente estudo visa a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica e da
Saúde, tendo o mesmo sido submetido à Faculdade de Psicologia da Universidade de
Lisboa.
Este estudo encontra-se inserido num projeto de investigação1 mais abrangente
que pretende aumentar o conhecimento e a compreensão das perturbações de ansiedade
na infância.
A seguinte investigação tem como principal objetivo estudar a influência dos
comportamentos maternos no desenvolvimento de perturbações de ansiedade em
crianças de idade escolar.
Este estudo é constituído por cinco capítulos. O primeiro capítulo é de cariz
teórico e corresponde à revisão de literatura. Nele é possível encontrar a distinção entre
ansiedade normativa e patológica, alguns aspetos desenvolvimentistas da ansiedade e a
caracterização dos quadros clínicos, sendo igualmente apresentados alguns dados de
prevalência e comorbilidade na população. Além disso, é apresentado o estado da arte
no que respeita, a etiologia das perturbações de ansiedade incidindo sobretudo nos
fatores de risco, manutenção e proteção, bem como, os modelos etiológicos das
perturbações de ansiedade. Terminando, com uma síntese dos estudos empíricos acerca
da influência dos comportamentos parentais negativos no desenvolvimento das
perturbações de ansiedade na infância.
O segundo capítulo diz respeito ao estudo empírico onde são descritos os
objetivos gerais e específicos, as hipóteses e os aspetos metodológicos da investigação.
No terceiro capítulo realiza-se a apresentação e a análise dos resultados. O
quarto capítulo corresponde à discussão dos resultados e às conclusões.
Por último, no quinto capítulo, são abordadas as considerações finais
contemplando as limitações do estudo, futuras linhas de investigação e implicações para
a prevenção e intervenção no âmbito das perturbações de ansiedade na infância.
1 “Parentalidade e vulnerabilidade cognitiva global e específica para as perturbações de ansiedade na
infância”, a cargo da investigadora Doutora Ana Isabel de Freitas Pereira
Capítulo I
REVISÃO DE LITERATURA
3
CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA
1. Ansiedade Normativa vs. Ansiedade Patológica
A ansiedade é uma emoção básica no ser humano caracterizada por uma
sensação difusa e desconfortável de apreensão, sendo normalmente acompanhada por
sintomas físicos (Barlow, 2002). No seu nível mais básico, a ansiedade possui uma
função adaptativa, alertando o indivíduo em situações novas e ameaçadoras, permitindo
assim o confronto ou o evitamento da situação. Atendendo a este facto, a ansiedade é
uma parte integral do desenvolvimento humano, possibilitando a progressão da
dependência face a figuras de vinculação para a autonomia do indivíduo (Albano,
Barlow & Chorpita, 2003).
Na maioria das crianças, o medo e a ansiedade, manifestam-se como parte do
desenvolvimento normal, cumprindo assim uma função adaptativa. No decorrer da
infância e adolescência aparecem determinados medos, transitórios, normativos e
adaptativos, cuja função está associada à proteção da criança face a estímulos avaliados
por elas como incontroláveis (Craske, 1997). Estes medos tendem a ser de intensidade
moderada e específicos a determinada etapa desenvolvimentista, aparecendo e
desaparecendo de forma previsível consoante as tarefas desenvolvimentistas
características de cada etapa do desenvolvimento do indivíduo (Baptista, Carvalho &
Lory, 2005). Desta forma, os medos aparecem quando são úteis e desaparecem,
geralmente, quando as tarefas desenvolvimentistas cumpridas em cada etapa estão
suficientemente dominadas e deixam de constituir uma ameaça ao sujeito. Assim, é
possível considerar que os medos refletem a maturação do organismo, de acordo com as
suas etapas de desenvolvimento, sendo as suas manifestações variáveis ao longo do
ciclo de vida do sujeito (Dadds & Vasey, 2001). É expectável que as crianças mais
novas experienciem sintomatologia ansiosa quando são confrontadas com situações tais
como o escuro, a separação dos progenitores, ou o primeiro dia de escola. Assim, de
forma similar, os adolescentes poderão experienciar sintomas de ansiedade num
primeiro encontro amoroso ou numa entrevista de trabalho.
A natureza dos medos muda assim, ao longo do tempo, transitando de medos
imediatos e concretos (e.g. ruídos, alturas, estranhos, separação das figuras de
vinculação, escuro, animais) para medos antecipatórios e abstratos (e.g. relacionamentos
interpessoais, avaliação social, auto-imagem, sexualidade). Além das diferenças
4
referentes à natureza dos medos, observa-se igualmente uma redução dos medos com a
idade (Essau & Petermann, 2001; Craske, 1997; March, 1995; Last, 1993).
A ansiedade e os medos ditos normativos e adaptativos são distintos da
ansiedade e medos patológicos no que se refere à sua severidade e intensidade, ao nível
de sofrimento despoletado e ao seu grau de interferência no quotidiano dos indivíduos
(Albano, Carter & Causey, 2001; Hudson, Rapee & Schniering, 2000; Barrios &
Hartmann, 1997).
2. Perturbações de Ansiedade na Infância e Adolescência
Tradicionalmente considerava-se que as perturbações de ansiedade eram
relativamente raras nas crianças, sobretudo em comparação com as perturbações do
comportamento (Jerome, McGinn & Nooner, 2010). Atualmente, considera-se que as
perturbações de ansiedade estão entre as perturbações psiquiátricas mais prevalentes na
infância e adolescência (Hudson, Rapee & Schniering, 2009), afetando cerca de 3% a
14% das crianças e adolescentes (Cohen, Cohen, Hartmark, Johnson, Kasen, Velez, et
al., 1993). De acordo com dados obtidos em estudos epidemiológicos, cerca de 10% das
crianças desenvolvem uma perturbação de ansiedade, clinicamente significativa, antes
de atingirem os 16 anos de idade (Angold, Costello, Erkanli, Keeler & Mustillo, 2003).
Relativamente à prevalência dos diferentes quadros clínicos das perturbações de
ansiedade na infância e adolescência a literatura tem referido: ansiedade de separação
(entre 0.7 a 12.9%); ansiedade generalizada (entre 2.7 e 12.4%); fobia social (entre 0.9 e
1.1%) e fobia específica (entre 2.4 e 9.2%) (Craske, 1997; Odriozola, 1993).
As perturbações de ansiedade tendem a manter-se estáveis ao longo da infância e
adolescência (Crockett, Edelsohn, Ialongo, Kellam & Werthamer-Larsson, 1995),
podendo ainda tornar-se crónicas e prolongar-se pela vida adulta (Boyce, Hadzi-
Pavlovic, Harris, Manicavasagar, Morgan, Silove, et al., 1995).
De seguida serão abordados os quadros clínicos das perturbações de ansiedade
mais prevalentes na infância e adolescência.
5
2.1. Ansiedade de Separação
A ansiedade de separação é a única perturbação de ansiedade específica da
infância sendo caracterizada por um medo excessivo e irrealista da separação de figuras
de vinculação, geralmente os progenitores ou os seus substitutos. Esta perturbação
interfere significativamente com as atividades diárias das crianças, bem como, com as
diferentes tarefas desenvolvimentistas que estas têm de realizar. Estas crianças
manifestam uma preocupação muito exacerbada de que durante a separação, ocorram
danos para si, ou para os seus pais, que levem a que nunca mais seja possível a sua
reunião. A panóplia de sintomas emocionais, cognitivos, somáticos e comportamentais
associados a esta ameaça ou medo de separação tem repercussões graves na capacidade
da criança para desfrutar da vida, nas suas relações sociais e familiares e na sua
capacidade para participar e progredir na escola e nas suas atividades lúdicas. De notar
que algum grau de ansiedade de separação é característico do desenvolvimento
normativo (Dick-Niederhauser & Silverman, 2004).
De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders, Fourth Edition, APA, 1994) a ansiedade de separação é caracterizada por
uma ansiedade excessiva e desajustada ao nível de desenvolvimento do indivíduo
relativamente à separação de casa ou das figuras de vinculação, manifestada pela
presença de três dos oito seguintes sintomas: (1) angústia recorrente e excessiva quando
a criança fica (ou antecipa ficar) separada de casa ou das principais figuras de
vinculação; (2) preocupação excessiva e persistente relacionada com a perda, ou com a
possibilidade de ocorrem danos às principais figuras de vinculação; (3) preocupação
excessiva e persistente de que um evento adverso cause a separação de uma figura de
vinculação (e.g. ser raptada, perder-se); (4) relutância persistente ou recusa em ir à
escola, ou a qualquer outro lado, devido ao medo de separação; (5) medo excessivo e
persistente ou relutância em ficar sozinha ou na ausência das figuras de vinculação em
casa ou sem a presença de adultos significativos noutros contextos; (6) relutância
persistente ou recusa em ir dormir sem estar uma figura de vinculação por perto ou em
dormir fora de casa; (7) pesadelos repetitivos sobre a temática separação; (8) queixas
repetitivas de sintomas físicos (como dores de cabeça, dores de estômago, náuseas ou
vómitos) quando a separação de figuras de vinculação acontece ou é antecipada. A
duração da perturbação tem de se verificar por um período igual ou superior a quatro
6
semanas e tem de se manifestar antes dos 18 anos de idade para reunir os critérios de
diagnóstico de ansiedade de separação.
2.2. Ansiedade Generalizada
A preocupação é considerada a característica central da ansiedade generalizada.
Apesar de se tratar de uma experiência humana normativa, a preocupação manifestada
na ansiedade generalizada tende a ser mais intensa, intrusiva, prolongada e
incontrolável. A ansiedade generalizada é caracterizada por uma preocupação
persistente em relação a vários domínios da vida, circunstâncias ou atividades. De notar
que estas preocupações não são dirigidas apenas ao self, mas também em relação aos
outros. De acordo com, La Greca, Silverman e Weems (2000), a saúde, a escola, a
família, os desastres naturais e os danos pessoais são os principais domínios de
preocupação nas crianças. As crianças com ansiedade generalizada são frequentemente
perfecionistas manifestando distorções cognitivas que as levam a acreditar que um
pequeno erro é um sinal de um completo fracasso. Assim, não é incomum estas crianças
desistirem ou evitarem atividades onde percecionem que a sua prestação não será
perfeita. A este respeito são consideradas excessivamente auto-críticas. Adicionalmente,
crianças com ansiedade generalizada podem necessitar de constante e excessiva
validação e manifestam frequentemente uma auto-consciência muito marcada
(Flannery-Schroeder, 2004).
De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders, Fourth Edition, APA, 1994), a ansiedade generalizada é caracterizada por (a)
ansiedade e preocupação excessiva que ocorre na maioria dos dias por um período de
pelo menos seis meses, relativamente a múltiplos acontecimentos ou atividades; (b) a
pessoa tem dificuldade em controlar a sua preocupação e (c) a ansiedade e a
preocupação estão associadas a três (ou mais) dos seguintes sintomas: (1) inquietação,
tensão ou nervosismo; (2) fadiga fácil; (3) dificuldade de concentração; (4)
irritabilidade; (5) tensão muscular e (6) perturbação do sono.
7
2.3. Fobia Social
O comportamento social de qualquer indivíduo pode ser caracterizado de acordo
com duas dimensões: a sociabilidade e a timidez (Beidel, Morris & Turner, 2004).
Enquanto, a sociabilidade diz respeito ao desejo de afiliação social, a timidez refere-se a
comportamentos inibitórios e à experiência de angústia em interações sociais. Assim,
indivíduos que manifestem um forte interesse e desejo por encontros sociais, mas que se
sintam significativamente angustiados na companhia de outros, tornando-se incapazes
de desfrutar das interações interpessoais, podem reunir critérios para o diagnóstico de
fobia social. A fobia social caracteriza-se por um medo acentuado e persistente de
situações sociais manifestada através de inibição social e timidez. Indivíduos com fobia
social manifestam preocupações excessivas no que concerne à possibilidade de
humilhação, avaliação negativa e rejeição (Beidel, Morris & Turner, 2004).
Os medos sociais emergem na fase inicial da adolescência, concomitantemente
com as tarefas de individualização, afastamento dos progenitores, inserção nos grupos
de pares e atração pelo sexo oposto. A preocupação com a aparência do próprio, o
cuidado com a impressão causada e a opinião de terceiros, assume nesta fase uma
importância primordial. Desta forma, o medo e a ansiedade face a acontecimentos
sociais surgem como um fator motivador, de caráter normativo e adaptativo, na medida
em que, pretendem promover a preocupação e o cuidado com estes aspetos do
funcionamento normal do indivíduo. No entanto, se este medo resultar na inibição das
relações sociais e/ou se a família incentivar o seu evitamento, este tenderá a manter-se
ou a agravar-se, transformando-se numa limitação (Baptista, Carvalho & Lory, 2005),
interferindo assim, com o funcionamento normal do indivíduo e com as suas rotinas.
De acordo com o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders, Fourth Edition, APA, 1994) a fobia social é caracterizada por: (a) um medo
acentuado e persistente de uma ou mais situações e desempenhos sociais em que a
pessoa receia ser humilhada; (b) a exposição à situação leva a pessoa a experienciar uma
resposta ansiosa imediata que pode atingir a forma de um ataque de pânico; (c) a pessoa
reconhece que o seu medo é excessivo ou irracional; (d) as situações fóbicas são
evitadas ou enfrentadas com grande sofrimento; (e) o evitamento, a antecipação ou o
sofrimento na situação fóbica interfere significativamente na rotina diária da pessoa, no
8
seu funcionamento e nas suas interações sociais. Em indivíduos com idade inferior a 18
anos, a duração do quadro tem de se verificar pelo menos durante seis meses.
2.4. Fobia Específica
A fobia específica é caracterizada por um medo persistente e acentuado de
objetos ou situações circunscritos. Este medo não está relacionado com a possibilidade
de a pessoa ser humilhada em público (fobia social), nem com o medo de ter ataques de
pânico (perturbação de pânico). A reação fóbica é excessiva, incontrolável, persistente e
inadaptativa, levando ao evitamento da situação ameaçadora. Indivíduos com fobia
específica manifestam uma hipervalência de pensamentos catastróficos face ao estímulo
ameaçador, tornando-se apreensivas e hipervigilantes, sendo o evitamento o
comportamento predominante (Albano, Barlow & Chorpita, 2003).
A literatura tem feito referência a diferentes subtipos de fobia específica
nomeadamente: animal (medo de animais); natural (e.g. medo de tempestades, alturas,
escuro, água); lesões-sangue-injeções (e.g. medo de vacinas, ver sangue, feridas);
situacional (e.g. medo de transportes públicos, túneis, pontes, elevadores) e outros (e.g.
ruídos altos e pessoas mascaradas) (Albano, Barlow & Chorpita, 2003). As fobias
específicas embora presentes durante todo o ciclo de vida do indivíduo atingem o seu
auge entre os 10 e os 13 anos de idade (Last & Strauss, 1993).
Segundo o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders,
Fourth Edition, APA, 1994) para se estabelecer um diagnóstico de fobia específica é
necessário verificar-se a presença de: (a) um medo excessivo ou irracional, persistente e
acentuado desencadeado pela presença ou antecipação de um objeto ou situação
específica (e.g., alturas, animais, ver sangue); (b) a exposição ao estímulo fóbico
provoca uma resposta ansiosa imediata que pode assemelhar-se a um ataque de pânico;
(c) a pessoa reconhece que o seu medo é excessivo ou irracional; (d) o estímulo fóbico é
evitado ou suportado com sofrimento e (e) o evitamento, a antecipação ou o sofrimento
na situação ameaçadora interfere significativamente com o quotidiano da pessoa, no seu
funcionamento e nas suas interação sociais. Em indivíduos com idade inferior a 18 anos,
a duração da sintomatologia tem de ser de pelo menos seis meses.
9
3. Comorbilidade
As perturbações de ansiedade apresentam elevadas taxas de comorbilidade
(Dyrborg, Esbjørn, Hoeyer, Kendall & Leth, 2010). Podemos considerar a existência de
duas ocorrências no que concerne a comorbilidade. Por um lado, podemos verificar a
existência de comorbilidade entre diferentes perturbações de ansiedade. Por outro,
podemos observar a comorbilidade entre diferentes patologias. No que se refere à
comorbilidade entre diferentes perturbações de ansiedade, evidências reunidas a partir
de estudos observacionais indicam que cerca de 43% das crianças manifestam mais do
que uma perturbação de ansiedade sendo a ansiedade generalizada a perturbação de
ansiedade mais comum em comorbilidade (Hudson & Rapee, 2002). No que se refere à
ocorrência de comorbilidade entre diferentes patologias, tem sido sugerido na literatura
uma elevada taxa de comorbilidade entre perturbações de ansiedade, perturbações do
humor (cerca de 5%) e perturbações de externalização nomeadamente, perturbação de
hiperatividade com défice de atenção (cerca de 5%) (Hudson & Rapee, 2002). Na
literatura, tem sido referida uma importante diferença entre ansiedade na infância e
ansiedade na fase adulta, no que respeita a comorbilidade entre ansiedade e perturbação
de abuso de substâncias, sendo que os dados indicam uma ausência de comorbilidade
entre estas duas perturbações na infância, havendo inclusive um estudo que indica que
os rapazes ansiosos manifestam um risco significativamente menor de desenvolver
simultaneamente uma perturbação de abuso de substâncias (Angold, Costello, Erkanli,
Keeler & Mustillo, 2003).
4. Etiologia das Perturbações de Ansiedade
De acordo com uma perspetiva desenvolvimentista, o desenvolvimento de uma
perturbação de ansiedade depende da existência de fatores de risco, de fatores de
manutenção e de fatores de proteção, que interagindo entre si, aumentam, mantêm ou
reduzem a probabilidade de um indivíduo desenvolver essa perturbação (Cicchetti &
Rogosch, 1996). A perspetiva desenvolvimentista preconiza ainda a existência de dois
conceitos, equifinalidade e multifinalidade. A primeira, remete para a noção de
diferentes processos poderem conduzir ao mesmo resultado. O segundo, refere-se à
noção de que determinada situação pode desencadear vários resultados.
10
4.1. Fatores de Risco
4.1.1. Fatores Individuais
A literatura tem identificado alguns fatores de risco individuais no
desenvolvimento das perturbações de ansiedade nomeadamente: fatores genéticos;
temperamento da criança e vinculação insegura.
Estudos realizados com amostras de gémeos têm sugerido que existe uma
considerável predisposição genética na etiologia das perturbações de ansiedade, sendo a
restante variância explicada por fatores ambientais (Eaves, Heath, Kendler, Kessler &
Neale, 1992; Eaves, Heath, Kendler & Martin, 1986).
Por seu lado, as crianças que possuem determinadas características
temperamentais parecem estar sujeitas a um risco acrescido para o desenvolvimento de
perturbações de ansiedade. Neste sentido, a inibição comportamental manifestada
através da irritabilidade, medo, timidez, precaução e afastamento, tem sido associada a
um aumento da vulnerabilidade a perturbações de ansiedade (Biederman, Bolduc-
Murphy, Chaloff, Faraone, Hirshfeld, Kagan et al., 1993a; Kagan, 1997).
A vinculação insegura também tem sido identificada como um potencial fator de
risco na etiologia das perturbações de ansiedade na infância (Egeland, Kreutzer &
Sroufe, 1990; Egeland, Erickson & Sroufe, 1985; Feiring, Jaskir, Lewis & McGafey,
1984). Na literatura tem sido descrito que todos os tipos de vinculação, segura,
insegura-evitante, insegura-ambivalente e insegura-desorganizada, estão representados
em crianças com perturbações de ansiedade, mas que o maior risco advém da
vinculação insegura-desorganizada (associada a perdas e experiências traumáticas não
resolvidas) e da vinculação insegura-ambivalente (Bradley, Goldberg, Hood, Mannassis
& Swinson, 1994; Cassidy, 1995; Egeland, Huston, Sroufe & Warren, 1997).
4.1.2. Fatores Familiares
Encarando a família como um sistema dinâmico marcado por constantes
interações entre os seus elementos parece fulcral atender a certas características do
ambiente familiar que possam influenciar o desenvolvimento de perturbações de
ansiedade. Abordagens mais tradicionais consideravam que o comportamento parental
produzia um efeito unidirecional no desenvolvimento da criança (e.g. Perris, 1994). No
11
entanto, investigações mais recentes têm sugerido uma orientação bidirecional
defendendo que o comportamento parental influencia e é influenciado pelo
comportamento das crianças (e.g. Rapee, 2001).
No que concerne à etiologia das perturbações de ansiedade, a literatura tem
sugerido que pais ansiosos, nomeadamente devido ao seu viés cognitivo relativamente à
ameaça (aumento da perceção ao perigo), tendem a ser mais intrusivos e a superproteger
as crianças em situações entendidas como ameaçadoras, fomentando vulnerabilidade
para desenvolver problemas de ansiedade. Por outro lado, crianças ansiosas podem
suscitar comportamentos parentais inadaptados tais como, superproteção, intrusão e
restrição da autonomia (e.g. Hudson & Rapee, 2001). A literatura tem identificado
essencialmente dois fatores familiares na etiologia das perturbações de ansiedade: a
psicopatologia parental e o comportamento parental negativo.
Um estudo realizado por Beidel, Costello e Turner (1987) com crianças filhas de
progenitores com perturbações de ansiedade e/ou depressão concluiu que o risco de
desenvolver perturbações de ansiedade nas crianças com progenitores ansiosos era sete
vezes maior quando comparadas com o grupo de controlo (sem patologia) e duas vezes
maior que nas crianças com progenitores depressivos. Num estudo mais recente dos
mesmos autores (Beidel & Turner, 1997) foi sugerido que filhos de progenitores
ansiosos manifestavam uma probabilidade cinco vezes maior de reunir critérios
diagnósticos para uma perturbação de ansiedade do que crianças de progenitores sem
patologia.
De acordo com Hoghughi (2004) o comportamento parental tem como principal
objetivo promover o bem-estar da criança, o seu cuidado e o seu desenvolvimento. Os
estudos realizados neste campo de investigação têm identificado a existência de duas
principais dimensões: suporte/afeto (afeto-hostilidade) e controlo (permissividade-
restritividade). A primeira dimensão reporta-se aos comportamentos parentais que
visam o conforto e a aceitação da criança. A segunda dimensão refere-se aos
comportamentos instrumentais executados pelos pais com o intuito de orientarem o
comportamento da criança no sentido desejado (Barber, 2006; Darling & Steinberg,
1993; Maccoby & Martin, 1983; Schaefer, 1965).
A dimensão Suporte/Afeto caracteriza-se pela presença de comportamentos
carinhosos e responsivos face à criança manifestados através da expressão de afeto
12
positivo, da utilização de estratégias de reforço positivo, da aceitação da criança, da
vinculação e da sensibilidade às necessidades da criança, em oposição à presença de
comportamentos de rejeição e de criticismo (Barber, 2006; Bates, Dodge & Pettit, 1997;
Caldwell, Conley, Dupre, Flynn & Rudolph, 2004; Davidov & Grusec, 2006a;
Goodnow, Grusec & Kuczynski, 2000). Esta dimensão está positivamente relacionada
com o desenvolvimento da criança em múltiplos domínios, promovendo a integração de
regras, a obediência e competências de socialização, estando ainda associada a níveis
mais baixos de ansiedade na infância (Bögels, Muris, Smulders & van Oosten, 2001;
Hempel, Miles & Wolfradt, 2003).
A dimensão Controlo refere-se aos comportamentos executados pelos pais com
o intuito de promover o cumprimento de regras e normas sociais por parte da criança
(Grolnick & Gurland, 2002; Maccoby & Martin, 1983). Estes comportamentos abarcam
aspetos relacionados com: disciplina, exigências de maturidade, coerção, indução de
culpa, supervisão, monitorização, controlo hostil, punição e retirada de afeto. Alguns
autores consideram que a dimensão Controlo pode ser dividida em controlo
comportamental e controlo psicológico (Almeida, Barker & Galambos, 2003;
Avenevoli, Essex, Morris, Sessa, Silk & Steinberg, 2006; Barber, 2006; Grolnick &
Gurland, 2002). Por controlo comportamental entende-se as ações executadas pelos pais
para controlar ou regular o comportamento da criança através da disciplina, da
monitorização e da supervisão, tendo como principal intuito corrigir os comportamentos
inadequados. Quando os comportamentos de controlo parental surgem antes do
comportamento da criança visam orientar a ação da criança e alterar o curso da sua
atividade. Quando os comportamentos de controlo parental são executados após o
comportamento da criança têm como objetivo a correção do seu comportamento
(Barber, 2006; Cruz, 2005; Hoffman, 1994). Entende-se por controlo psicológico,
intrusivo e coercivo, os comportamentos de controlo parental que recorrem a técnicas de
manipulação da emoção que interferem nas necessidades psicológicas e emocionais da
criança, comprometendo a sua individualidade, identidade e autonomia (Barber, 2006,
1996; Steinberg, 2005).
Os estudos observacionais realizados no âmbito do controlo parental têm
utilizado as seguintes dimensões como indicadores: controlo psicológico (e.g. Caron,
Catron, Harris & Weiss, 2006); controlo comportamental (e.g. Mills & Rubin, 1998);
dominância (e.g. Dumas, LaFreniere & Serketich, 1995; Dumas & LaFreniere, 1993;
13
Gross & Hummel, 2001); intrusividade (e.g. Adam, Gunnar & Tanaka, 2004; Erlich,
Feldman, Greenbaum & Mayes, 1997); envolvimento (e.g. Hudson & Rapee, 2002,
2001) e restrição (e.g. Hock & Krohne, 1991).
A literatura tem ainda enunciado um outro tipo de controlo parental, a
superproteção parental (e.g. Canavarro & Pereira, 2007), que não pode ser inserido
nem no controlo comportamental, nem no controlo psicológico.
Tem-se verificado que os comportamentos parentais de superproteção
contribuem de forma positiva para o desenvolvimento e manutenção das perturbações
de ansiedade na infância (Bögels, Bruggen & Zeilst, 2010; Bögels & van Melick, 2004;
Graaf, Have, Overbeek & Vollebergh, 2007; Ginsburg & Schlossberg, 2002; Hudson &
Rapee, 2005, 2002, 2001, 2000; Kendall, Siqueland & Steinberg, 1996; Rapee, 2009,
1997). No entanto, a investigação no âmbito da superproteção parental é pautada por
algumas limitações ao nível da operacionalização desta variável. Nos diferentes estudos
realizados na área, este conceito tem sido muitas vezes entendido, de forma
indiferenciada, como um excesso de envolvimento parental, comportamento parental
intrusivo e controlo parental excessivo.
A superproteção parental faz alusão a uma componente emocional de
ansiedade, demonstrada por via de um controlo parental físico e social excessivo, por
comportamentos parentais de infantilização das crianças e por uma excessiva
preocupação parental acerca do bem-estar dos seus filhos (Metz & Thomasgard, 1993).
Desta forma, apesar de existirem componentes em comum entre a superproteção e o
controlo comportamental e psicológico parental (e.g. controlo parental excessivo,
intrusividade e restrição da autonomia da criança), tratam-se essencialmente de
dimensões distintas.
4.1.3. Fatores Ambientais/Sócio-culturais
Além do contexto familiar que aparece como o ambiente social mais imediato no
quotidiano da criança, a criança está inserida em muitos outros ambientes físicos e
sociais mais alargados (e.g. escola, instituições sociais e religiosas). Todos os ambientes
em que a criança está inserida contribuem para o seu desenvolvimento normativo e
patológico. A qualidade e o tipo de experiências de vida da criança ao longo dos vários
14
ambientes físicos e sociais podem determinar o desenvolvimento de perturbações de
ansiedade. Têm sido identificados dois principais fatores ambientais/sócio-culturais na
etiologia das perturbações de ansiedade: eventos traumáticos e cultura.
A literatura tem sugerido que a exposição prolongada da criança a eventos
traumáticos ou stressantes pode contribuir para o desenvolvimento de perturbações de
ansiedade. Assim, têm sido identificados alguns acontecimentos que podem ter
consequências adversas no desenvolvimento da criança tais como: o divórcio, a morte
ou doença de pessoas significativas, a ocorrência de desastres naturais, as mudanças de
escola, o fracasso académico, a existência de abuso físico e sexual, situações de bullying
e de violência doméstica, entre outros (Albano, Hudson, Manassis & Webb, 2004;
Muris, 2006b). A este respeito, estudos revistos por Muris (2006b) concluíram que os
progenitores de crianças com perturbações de ansiedade indicavam que os seus filhos
tinham sido expostos a um número mais elevado de eventos traumáticos e stressantes
com consequências adversas reais, comparativamente a crianças sem perturbações de
ansiedade.
Por seu turno, certas culturas valorizam determinadas práticas educativas em
detrimento de outras. Assim, cada cultura, dependendo das normas e valores vigentes,
perceciona as práticas educativas como mais ou menos positivas. Enquanto umas
culturas, nomeadamente populações Afro-americanas, interpretam a disciplina física
moderada como sinal de envolvimento, afeto e eficácia comportamental (Campbell,
Cummings & Davies, 2000). Outras, como a população da Coreia, manifestam níveis
mais elevados de negatividade e níveis mais reduzidos de envolvimento, estando este
último associado ao diagnóstico de perturbações de ansiedade nesta população (Hudson,
Moon, Oh, Rapee & Shin, 2002).
4.2. Fatores de Manutenção
Estudos empíricos sugerem fundamentalmente a existência de dois fatores que
contribuem para a manutenção das perturbações de ansiedade: os comportamentos de
evitamento e as distorções cognitivas (Albano, Ditkowsky, Krain & Podniesinski, 2004;
King, Ollendick & Vasey, 2001; McLeod & Vasey, 2001).
15
Os comportamentos de evitamento têm sido considerados responsáveis pela
manutenção e intensificação das perturbações de ansiedade, na medida em que,
minimizam as oportunidades de confronto face a estímulos considerados ameaçadores,
negando assim às crianças, a possibilidade de verificar o caráter inofensivo do estímulo
(Muris, 2006b).
As distorções cognitivas dizem respeito a pensamentos disfuncionais
relativamente à sobrestimação da probabilidade da ocorrência de situações consideradas
ameaçadoras, à perceção do mundo como inseguro e ameaçador e à subestimação da
capacidade para lidar com a ameaça. As pessoas com perturbações de ansiedade tendem
a exibir um viés cognitivo no que se refere à atenção e à interpretação da ameaça.
Assim, tendem a centrar a sua atenção em informações ameaçadoras e a interpretar as
situações negativamente, contribuindo assim, para a manutenção das perturbações de
ansiedade (Barrett, Dadds, Rapee & Ryan, 1996).
4.3. Fatores de Proteção
De acordo com Muris (2006b) as crianças que têm possibilidade de aceder a
processos de proteção estão mais aptas a enfrentar as situações entendidas como
ameaçadoras. Por outro lado, as crianças a quem é negado o acesso a estes processos
estão mais propensas a desenvolver níveis mais elevados de medo e ansiedade. Na
literatura têm sido identificados essencialmente três tipos de fatores de proteção:
controlo percebido; estratégias de coping e suporte social.
As mais recentes conceções de ansiedade partilham entre si a ênfase na noção de
controlo percebido, quer este envolva conceitos relacionados com “controlabilidade e
mestria” (e.g. Barlow, Chorpita & Turovsky, 1996) ou conceitos de “desespero e
desamparo” (e.g. Alloy, Clements, Kelly & Mineka, 1990). Estudos desenvolvidos
acerca da parentalidade têm demonstrado que pessoas com perturbações de ansiedade e
de depressão tendem a recordar ambientes familiares caracterizados por uma baixa
perceção de controlo sobre o meio (e.g. Parker, 1983). Relativamente ao conceito locus
de controlo tem sido sugerido que um locus de controlo externo reflete um sentido de
controlo reduzido sobre o ambiente, estando assim associado a níveis mais elevados de
afeto negativo (Clark, Mineka & Watson, 1994). De notar que estilos parentais
16
caracterizados por níveis elevados de proteção e de restrição da autonomia tendem a
promover um locus de controlo externo.
Por outro lado, Holahan, Moos e Schaefer (1996) sugeriram a existência de uma
relação positiva entre a utilização de estratégias de coping desajustadas e a manifestação
de sintomas de ansiedade. Consideram-se estratégias de coping desajustadas todas
aquelas que não permitem a resolução eficaz do problema, causando assim sofrimento
ao indivíduo (Moos, 1993). Tem sido considerada a existência de dois tipos de
estratégias de coping, um centrado nas emoções, outro centrado no problema (Folkman
& Lazarus, 1984). As estratégias de coping centradas nas emoções visam o confronto
com reações à situação/stressor consideradas mais subjetivas e emocionais. As
estratégias de coping centradas no problema são dirigidas ao confronto direto com a
situação entendida como problemática (Folkman & Lazarus, 1984). A utilização de
estratégias de coping centradas na emoção nomeadamente, o evitamento, prediz o
desenvolvimento de níveis elevados de ansiedade e depressão (Ebata & Moos, 1991).
As estratégias de coping centradas no problema tais como, a planificação e a
confrontação, tendem a promover funções de proteção regulando as emoções negativas
associadas ao stress, produzindo soluções alternativas e reduzindo as consequências
adversas resultantes da exposição aos estímulos ameaçadores (Seiffge-Krenke, 2000).
Relativamente ao suporte social pode-se considerar que aquando da exposição a
acontecimentos traumáticos a presença de um forte suporte social protege as crianças
das consequências negativas decorrentes de tal experiência. De acordo com Alpert-
Gillis, Cowen e Pedro-Carroll (1990), o suporte social está negativamente relacionado
com o desenvolvimento da ansiedade, do medo e das dificuldades relacionadas com o
divórcio dos progenitores.
5. Modelos Etiológicos das Perturbações de Ansiedade
O estudo dos fatores de risco, manutenção e proteção, por vezes, não permite
clarificar os processos que lhes estão subjacentes e que explicam a sua influência no
desenvolvimento das perturbações de ansiedade. Daí decorre a necessidade de
desenvolver modelos teóricos explicativos, que permitam colmatar as lacunas
encontradas nestes estudos.
17
5.1. Modelo de Tripla Vulnerabilidade de Barlow
O modelo de Tripla Vulnerabilidade proposto por Barlow (2000) sugere a
existência de três disposições que interagem entre si na etiologia da depressão e da
ansiedade. A primeira disposição consiste numa vulnerabilidade biológica, a segunda
numa vulnerabilidade psicológica generalizada caracterizada por uma sensação de
perigo ou ameaça iminente, imprevisível e incontrolável. Por fim, a terceira consiste
numa vulnerabilidade psicológica específica associada a experiências de aprendizagem
precoces que focam a ansiedade em determinadas circunstâncias.
No que concerne à componente genética, evidências sugerem que os genes
desempenham um papel significativo na transmissão de um fator de risco mais geral
para o desenvolvimento da ansiedade (Barlow, 2002). Atendendo aos estudos realizados
com gémeos, Torgersen (1983) afirma que os resultados indicam uma elevada
concordância para as perturbações de ansiedade (com a exceção da ansiedade
generalizada) entre gémeos monozigóticos, sendo a mais elevada para a perturbação de
pânico com e sem agorafobia. De notar que esta vulnerabilidade biológica generalizada
tem sido também associada ao temperamento da criança, reportando-se à possível
hereditariedade de certas manifestações de personalidade (Lonigan & Phillips, 2001).
Especificamente, evidências sugerem que a inibição comportamental é uma expressão
da vulnerabilidade familiar, no que concerne as perturbações de ansiedade (Biederman,
Bolduc-Murphy, Faraone, Hirshfeld & Rosenbaum, 1991; Biederman, Bolduc-Murphy,
Chaloff, Faraone, Hirshfeld, Kagan et al., 1993a).
No que se refere à segunda vulnerabilidade identificada no modelo, evidências
sugerem que acontecimentos de vida marcados por falta de controlo podem colocar os
indivíduos em risco de experienciar estados emocionais negativos crónicos,
desenvolvendo-se assim, uma vulnerabilidade psicológica generalizada (Barlow, 2000;
Barlow & Chorpita, 1998; Chorpita, 2001).
Barlow (2000) defendeu que a co-ocorrência de fatores de vulnerabilidade
biológica e de vulnerabilidade psicológica generalizada, contribuía para o
desenvolvimento de perturbações de ansiedade generalizada e perturbação depressiva.
Relativamente à terceira vulnerabilidade proposta, considera-se que a aprendizagem,
através da modelagem, de um foco de ansiedade face a determinado objeto ou situação
circunscrita, origina um tipo específico de vulnerabilidade psicológica. Esta
18
vulnerabilidade permitiria assim explicar o desenvolvimento de perturbações de
ansiedade mais específicas tais como a aracnofobia, a acrofobia e outras.
5.2. Modelo de Rapee
Rapee (2001) sugeriu que existe uma relação recíproca entre a parentalidade e o
temperamento da criança, relação esta que é parcialmente responsável pelo
desenvolvimento de perturbações de ansiedade. O autor argumenta que os progenitores
de crianças com temperamento ansioso tendem a envolver-se mais, de forma a reduzir e
prevenir o sofrimento da criança. Esta estratégia mal adaptativa, acaba no entanto, por
reforçar a vulnerabilidade da criança à ansiedade, aumentando a sua perceção de
ameaça, reduzindo o seu controlo percebido e aumentando o evitamento da situação ou
estímulo fóbico.
Além da ansiedade da criança, outro fator considerado de extrema importância
na determinação do superenvolvimento parental, diz respeito à ansiedade dos próprios
pais. Assim, considera-se que progenitores de crianças ansiosas são provavelmente
ansiosos tendendo a exibir um viés cognitivo relativamente à ameaça. Desta forma, um
progenitor ansioso poderá ter tendência para superproteger a sua criança devido ao
aumento da sua perceção ao perigo e ao aumento da sua sensibilidade face ao
sofrimento da criança. Por outro lado, um progenitor não ansioso, provavelmente
encorajará o confronto e não o evitamento da situação entendida como ameaçadora,
reduzindo assim a possibilidade de desenvolvimento de uma perturbação da ansiedade.
Este modelo defende então uma orientação bidirecional na etiologia das perturbações de
ansiedade em que por um lado as crianças ansiosas suscitam a superproteção parental2 e
por outro, o controlo parental excessivo exacerba a vulnerabilidade da criança para o
desenvolvimento de perturbações de ansiedade.
2 Os conceitos superproteção e superenvolvimento são referidos ao longo do trabalho de forma
indiferenciada
19
5.3. Modelo de Rachman
O modelo desenvolvido por Rachman (1977) defende a existência de três
caminhos para a aquisição de medos: (1) condicionamento clássico, segundo o autor,
trata-se de um processo direto na aquisição do medo; (2) aprendizagem vicariante
(processo indireto) e (3) aprendizagem através da transmissão de informação ou
instrução verbal (processo indireto).
O primeiro caminho atende aos princípios do condicionamento clássico, para
preconizar que a associação repetida de um estímulo neutro a um estímulo aversivo,
pode levar a que o primeiro seja transformado por si só num estímulo aversivo,
desencadeando assim, uma resposta ansiosa.
A conceção da aprendizagem vicariante (modelagem) sugere que as crianças
podem aprender comportamentos de ansiedade e de evitamento através da observação
de figuras de vinculação (Bandura, 1986). Assim, os progenitores podem modelar a
ansiedade através da exibição de sinais visuais de medo na presença da criança (por
exemplo, hiperventilação, tremores), bem como, através da expressão de informação
verbal acerca da sua própria ansiedade na presença da criança, quer seja através de
comunicação direta com a criança, quer seja através da comunicação com outro
indivíduo, ou quer seja, em voz alta para eles próprios. As crianças podem também
observar os seus progenitores, apercebendo-se de que estes utilizam o evitamento como
estratégia de coping no confronto com estímulos geradores de ansiedade. Desta forma,
uma criança observadora pode exibir os comportamentos ansiosos e de evitamento,
replicando os dos seus progenitores.
Por último, o medo pode ainda ser adquirido através da transmissão de
informação negativa por parte de figuras de vinculação, figuras de autoridade, estranhos
ou grupo de pares. Por exemplo, através de verbalizações acerca do perigo de
determinada situação e do incentivo ao seu evitamento. Apesar de geralmente terem
como intenção proteger a criança, podem ter o efeito contrário, na medida em que,
podem exacerbar o perigo real da situação e/ou ocorrer com excessiva frequência. A
literatura tem referido que os pais de crianças ansiosas verbalizam mais ansiedade
durante as atividades lúdicas dos filhos do que os pais de crianças não ansiosas (Beidel
& Turner, 1998).
20
De acordo com Field e Lawson (2003) o tipo de informação (positiva ou
negativa) transmitida às crianças influencia não só as suas crenças relacionadas com o
medo, mas também as suas respostas comportamentais. Assim, as crianças sujeitas a
informações negativas tendem a aumentar as suas crenças e a manifestar mais
comportamentos de evitamento, enquanto que, as crianças sujeitas a informações
positivas tendem a diminuir as suas crenças e a manifestar menos comportamentos de
evitamento. Além do tipo de informação existem outras características relevantes
nomeadamente, o informador (o impacto da informação é mais significativo quando a
informação é transmitida por um adulto do que por outra criança) e o modo de
transmissão da informação, direta vs. indireta (e.g. informações transmitidas na
televisão não têm tanta probabilidade de modificar as crenças das crianças, talvez
devido ao seu caráter artificial) (Argyris, Field & Knowles, 2001). As informações
recebidas, concretamente, as informações negativas, não só parecem conduzir ao
desenvolvimento de medos específicos, mas levam também, à sua persistência no tempo
(Banerjee, Field & Lawson, 2007). Evidências sugerem que o medo relativamente a
situações sociais tem algumas particularidades, nomeadamente que a informação obtida
através do grupo de pares exerce um impacto mais significativo do que a obtida através
de adultos (Field, Hamilton, Knowles & Plews, 2003). Assim, enquanto que, para os
medos não sociais (e.g. animais) a informação proveniente de adultos exerce maior
influência, para os medos sociais verifica-se o oposto, o grupo de pares assume maior
relevância.
6. Estudos Empíricos
Como tem sido referido ao longo do presente trabalho, a literatura tem referido a
existência de vários fatores de risco para o desenvolvimento de perturbações de
ansiedade na infância e adolescência. No entanto, devido à sua especificidade, os fatores
familiares parecem contribuir de forma singular para o desenvolvimento da criança,
quer do ponto de vista normativo, quer do ponto de vista patológico. Assim sendo, a
literatura mais recente tem-se dedicado ao estudo da influência do comportamento
parental negativo no desenvolvimento das perturbações de ansiedade.
21
Os estudos que incidiram sobre os efeitos dos comportamentos parentais de
superproteção, têm postulado a existência de uma associação positiva entre a
superproteção parental, a ansiedade (Barlow & Chorpita, 1998; Ginsburg &
Schlossberg, 2002; Hudson & Rapee, 2002; Rapee, 2009, 1997) e as perturbações de
ansiedade na infância (Berger, Bruch, Collins & Heimberg, 1989; Chu, Hwang,
McLeod, Sigman & Wood, 2003; Fuetsch, Hofler, Leib, Merikangas, Stein & Wittchen,
2000; Graaf, Have, Overbeek & Vollebergh, 2007; Heimberg & Spokas, 2009; Wood,
2006;). Os estudos empíricos reunidos até ao momento sugerem: (1) a existência de
associações significativas entre o comportamento parental, a ansiedade e as
perturbações de ansiedade na infância (e.g. McLeod, Weisz & Wood, 2007; Rapee,
1997); (2) que a superproteção parental, de entre todas as outras dimensões do
comportamento parental, tem sido apontada como especialmente relevante no
desenvolvimento e manutenção da ansiedade (e.g. Barlow & Chorpita, 1998;
Biederman, Brody, Faraone, Hirshfeld & Rosenbaum, 1997; Hudson & Rapee, 2002,
2001; McLeod, Weisz & Wood, 2007; Rapee, 2009, 1997; Kendall, Siqueland, &
Steinberg, 1996); (3) a existência de uma relação bidirecional entre comportamento
parental e ansiedade infantil (e.g. Rapee, 2001) e (4) que a magnitude da associação
entre comportamentos parentais e ansiedade na infância é subestimada, quando avaliada
através de entrevistas e/ou questionários, em comparação com medidas observacionais
(e.g. McLeod, Weisz & Wood, 2007).
No entanto, a maioria dos estudos realizados neste âmbito tem recorrido
essencialmente a instrumentos de autor-relato como método primordial de recolha de
dados. Estes instrumentos apresentam diversas vantagens, entre elas: (a) facilidade de
aplicação; (b) acesso ao conhecimento de aspetos relacionais e interacionais entre pais e
filhos que ocorrem com pouca frequência, sendo estes difíceis de observar e/ou difíceis
de interpretar e (c) o facto de que as perceções que os indivíduos mantêm acerca dos
seus progenitores poder ser mais relevante do que o seu comportamento real (Canavarro
& Pereira, 2007). Contudo, os instrumentos de autor-relato apresentam igualmente
importantes limitações nomeadamente o fator da desejabilidade social e os
enviesamentos nas respostas. Além disso, por vezes, os informadores não têm
consciência do seu próprio padrão de comportamento.
Os estudos empíricos conduzidos até à data apresentam ainda algumas
limitações nomeadamente: (a) incapacidade em indicar a direção dos efeitos da
22
superproteção parental no desenvolvimento de perturbações de ansiedade na infância e
adolescência (carência de estudos longitudinais); (b) carência de estudos que avaliem a
superproteção parental e a ansiedade infantil recorrendo a múltiplos informadores (e.g.
pai, mãe e criança); (c) carência de estudos que contemplem simultaneamente variáveis
moderadoras na relação entre superproteção parental e ansiedade infantil (e.g. género
dos pais e das crianças, idade da criança e estatuto sócio-económico); (d) dificuldade de
operacionalização de conceitos na avaliação dos comportamentos parentais de
superproteção e (e) insuficiência de estudos que recorram à observação da interação
progenitores-criança durante situações moderadamente ansiógenas para a criança.
Os estudos observacionais que recorrem à observação da interação progenitores-
criança no decorrer de situações moderadamente ansiógenas, parecem fazer um
contributo único no âmbito da investigação do comportamento parental e das
perturbações de ansiedade. Estes estudos permitem observar os comportamentos
parentais em relação aos filhos perante situações reais e permitem captar mais
efetivamente a bidireccionalidade dos comportamentos.
Hudson e Rapee (2001) realizaram um estudo observacional com o intuito de
observar a interação mãe-criança durante a execução de duas tarefas cognitivas, tendo
como objetivo geral investigar a parentalidade em crianças com perturbações de
ansiedade. A amostra era constituída por crianças com perturbações de ansiedade
(n=43), por crianças com perturbações de oposição (n=20) e por um grupo não clínico
(n=32). Os autores identificaram diferenças ao nível do grau de envolvimento entre
mães de crianças ansiosas e mães de crianças não clínicas, i.e. as mães de crianças com
perturbações de ansiedade ajudavam mais os seus filhos e eram mais intrusivas na tarefa
do que as mães de crianças não clínicas. Além disso, as mães das crianças ansiosas eram
menos calorosas e mais críticas durante as interações, que as mães do grupo não clínico.
Os resultados apoiam ainda a existência de uma relação entre superenvolvimento
parental e ansiedade.
Num estudo observacional mais recente dos mesmos autores (Hudson & Rapee,
2002) pretendeu-se comparar as interações pais-criança ansiosa-irmão durante a
realização de uma tarefa cognitiva (tangramas). A amostra era constituída por 114
crianças (entre os 7 e os 16 anos de idade), 57 mães e 57 pais. O grupo clínico era
constituído por 37 famílias e o grupo não clínico por 20 famílias, sendo que cada
23
família era representada por duas crianças e os seus respetivos progenitores. Os
resultados revelaram que as mães do grupo clínico estiveram significativamente mais
envolvidas na tarefa com a criança ansiosa e com o seu irmão, do que as mães do grupo
não clínico. No que se refere aos pais, não foram observadas diferenças entre os pais do
grupo clínico e não clínico no que concerne o envolvimento na tarefa com a criança
ansiosa nem com o seu irmão. No entanto, observou-se uma diferença significativa
entre o envolvimento materno e o envolvimento paterno, indicando que, os pais do
grupo clínico estavam mais envolvidos na tarefa do que as mães. Apesar deste estudo
apoiar a existência de uma associação entre superenvolvimento materno e ansiedade, os
resultados demonstram que este não é específico para a criança ansiosa, ocorrendo
também nas interações com as outras crianças da família nuclear.
O presente estudo ao recorrer à observação da interação mãe-criança durante a
realização de uma prova de desempenho (Cubos de Wechsler), que se entende ser um
estímulo moderadamente ansiógeno para a criança pretende, por um lado, colmatar a
falta de estudos nesta área, por outro, contribuir de forma singular para a compreensão
das influências do comportamento materno no desenvolvimento de perturbações de
ansiedade na infância. Além disso, o facto de terem sido consideradas diferentes
dimensões do comportamento materno nomeadamente, apoio emocional vs. rejeição e
incentivo à autonomia vs. controlo (comportamental, psicológico e superproteção)
permite um estudo mais aprofundado da influência de cada uma no comportamento da
criança.
Capítulo II
ESTUDO EMPÍRICO
25
CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO
De acordo com McLeod, Weisz e Wood (2007) existe uma relação positiva entre
comportamento parental negativo e ansiedade na infância. Assim, este estudo pretende,
através da observação da interação mãe-criança numa tarefa moderadamente ansiógena,
analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o
grupo de crianças não ansiosas no que respeita às manifestações de ansiedade infantil,
às manifestações de ansiedade materna, ao comportamento da criança e ao
comportamento materno. Além disso, pretende-se igualmente estudar a relação que
existe entre, manifestações de ansiedade infantil e manifestações de ansiedade materna,
ansiedade infantil e comportamento materno, ansiedade materna e comportamento da
criança e ainda, entre comportamento materno e comportamento da criança.
1. OBJETIVOS DO ESTUDO
1.1. Objetivos Gerais
Analisar as diferenças na interação mãe-criança entre o grupo de crianças com
níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas numa tarefa cognitiva
moderadamente ansiógena.
Analisar a relação existente entre ansiedade materna, ansiedade infantil,
comportamentos maternos e comportamentos das crianças numa tarefa cognitiva
moderadamente ansiógena nos dois grupos de crianças.
1.2. Objetivos Específicos
Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita as manifestações de
ansiedade materna e ansiedade infantil.
Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes dimensões: (a)
dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de dependência em relação à mãe
e (c) auto-reforço.
26
Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes dimensões: (a)
apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na execução da tarefa e (b)
rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e dominância.
Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre manifestações de
ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil.
Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna e as
seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de
dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.
Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna e as
seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na
execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e
dominância.
Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e as
seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de
dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.
Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e as
seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na
execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e
dominância.
Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre os comportamentos
maternos – apoio emocional/expressão de afeto, incentivo à autonomia na execução da
tarefa, rejeição/crítica, intrusividade/superenvolvimento e dominância – e os
comportamentos da criança – dificuldade na resolução da tarefa, comportamento de
dependência em relação à mãe e auto-reforço.
27
1.3. HIPÓTESES EM ESTUDO
Atendendo aos objetivos específicos definidos anteriormente foram consideradas
as seguintes hipóteses:
Hipótese 1 – Espera-se que as crianças e as mães do grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade manifestem maior ansiedade que as crianças e as mães do grupo
de crianças não ansiosas.
Hipótese 2 – Espera-se que o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade
manifeste comportamentos de maior dependência em relação à mãe e tenha menos
comportamentos de auto-reforço.
Hipótese 3 – Espera-se que o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade
receba menos apoio emocional por parte das suas mães, seja menos incentivado por
estas a executar a tarefa de forma autónoma e manifeste mais comportamentos de
rejeição, intrusividade e dominância.
Hipótese 4 – Espera-se que exista uma relação positiva entre manifestações de
ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil.
Hipótese 5 – Espera-se que a ansiedade materna esteja positivamente relacionada com o
comportamento de dependência em relação à mãe e negativamente relacionada com o
auto-reforço.
Hipótese 6 – Espera-se que a ansiedade materna esteja negativamente relacionada com
o apoio emocional e o incentivo à autonomia na execução da tarefa e positivamente
relacionada com a rejeição, a intrusividade e a dominância.
Hipótese 7 – Espera-se que a ansiedade infantil esteja positivamente relacionada com o
comportamento de dependência em relação à mãe e negativamente relacionada com o
auto-reforço.
Hipótese 8 – Espera-se que a ansiedade infantil esteja negativamente relacionada com o
apoio emocional e com o incentivo à autonomia na execução da tarefa e positivamente
relacionada com a rejeição, a intrusividade e a dominância.
28
2. METODOLOGIA
2.1. Desenho da Investigação
Este estudo assume um caráter exploratório, observacional e transversal. O
presente estudo recorre a uma abordagem qualitativa e quantitativa. Assume uma
abordagem qualitativa, na medida em que, a recolha de dados resulta essencialmente da
observação de interações entre crianças e as suas respetivas mães na realização de uma
tarefa cognitiva moderadamente suscitadora de ansiedade (Cubos de Wechsler). Por sua
vez, a abordagem quantitativa está mais associada ao tratamento estatístico dos dados
obtidos.
2.2. Amostra
O presente estudo recorre a uma amostra não probabilística de conveniência,
tendo as escolas sido selecionadas tendo por base a sua proximidade geográfica a
Lisboa (Lisboa, Miramar e Moscavide), bem como, pelo tempo de resposta ao pedido
de colaboração previamente realizado a vários agrupamentos escolares. O único critério
de exclusão era a presença de um défice cognitivo e/ou de perturbação de
desenvolvimento que impedisse a compreensão dos instrumentos de avaliação.
Participaram no estudo 35 crianças (20 do sexo feminino e 15 do sexo
masculino), com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos, e suas respetivas mães.
A amostra foi dividida em dois grupos, o grupo de crianças não ansiosas (n = 20) e o
grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade (n = 15). De notar que estas
crianças faziam parte da amostra inicial do projeto de investigação mais alargado (n =
905) denominado por “Parentalidade e vulnerabilidade cognitiva global e específica
para as perturbações de ansiedade na infância”.
Nos Quadros que se seguem irá proceder-se à caracterização da amostra no que
respeita as variáveis demográficas: idade, sexo, escolaridade, estatuto civil, co-
habitação, agregado familiar, irmãos, ordem na fratria e estatuto sócio-económico.
29
Quadro 1: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das crianças
VARIÁVEIS DAS CRIANÇAS (n = 35)3
n (%)
Idade
7 1 (2,9%)
8 5 (14,3%)
9 4 (11,4%)
10 10 (28,6%)
11 12 (34,3%)
12 3 (8,6%)
M DP Min. – Máx.
10,03 1,29 7 12
Sexo
Feminino 20 (57,1%)
Masculino 15 (42,9%)
Quadro 2: Caracterização das variáveis sócio-demográficas das mães e da família
VARIÁVEIS DAS MÃES E DA FAMÍLIA (n = 35)4
n (%)
Habilitações Literárias da Mãe
≤ 4 ano 4 (11,4%)
6º ano 5 (14,3%)
9º ano 8 (22,9%)
12º ano 9 (25,7%)
Ensino Superior 9 (25,7%)
Estado Civil
Casada/união de facto 27 (77,1%)
Separada/divorciada 8 (22,9%)
3 Sempre que os resultados apresentados não totalizam 35 crianças deve-se à existência de dados omissos
4 Idem
30
Quadro 2 (cont.): Caracterização das variáveis sócio-demográficas das mães e da família
VARIÁVEIS DAS MÃES E DA FAMÍLIA (n = 35)5
n (%)
Co-Habitação
Mãe e pai 26 (74,3%)
Só com a mãe 6 (17,1%)
Só com o pai 1 (2,9%)
Outros 2 (5,7%)
Número de Elementos do Agregado Familiar
2 3 (8,6%)
3 9 (25,7%)
4 19 (54,3%)
5 3 (8,6%)
6 1 (2,9%)
Irmãos
Filho único 8 (22,9%)
Um irmão 20 (57,1%)
Dois ou mais irmãos 7 (20%)
M DP Min. – Máx.
1,17 1,27 0 7
Ordem na Fratria
Mais novo 13 (37,1%)
Do meio 5 (14,3%)
Mais velho 8 (22,9%)
Estatuto Sócio-económico
Baixo 13 (37,1%)
Médio 13 (37,1%)
Elevado 9 (25,7%)
5 Sempre que os resultados apresentados não totalizam 35 crianças deve-se à existência de dados omissos
31
2.3. Situação de Observação – Tarefa dos Cubos (WISC-III, Wechsler, 1991)
As escalas de inteligência de Wechsler foram construídas com o intuito de
avaliar as capacidades cognitivas do indivíduo. A tarefa dos cubos pretende avaliar a
capacidade de organização e processamento visuo-espacial e a capacidade para
decompor mentalmente os vários elementos constituintes do modelo a reproduzir. Apela
assim ao funcionamento visuo-percetivo, às capacidades construtivas, à coordenação e à
rapidez psicomotora. De notar que esta tarefa foi escolhida com o intuito de induzir
algum nível de ansiedade nas crianças (situação moderadamente ansiógena) e por ser
uma tarefa com diferentes e progressivos graus de dificuldade.
2.4. Instrumentos de Recolha de Dados
2.4.1. SCARED-R – versão para crianças (Mayer, Merckelbach, Muris
& Schmidt, 1999b, versão portuguesa de Barros & Pereira, 2010)
O SCARED-R6 é um instrumento de avaliação da ansiedade infantil constituído
por 69 itens de acordo com critérios estabelecidos no DSM-IV (Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, APA, 1994) que avalia as
seguintes dimensões: ansiedade de separação, ansiedade generalizada, perturbação de
pânico, fobia social e escolar, fobia específica, perturbação obsessivo-compulsiva e
perturbação de stress pós-traumático. O SCARED-R está disponível em duas versões,
uma para pais e outra para crianças. Na versão dirigida às crianças, estas têm de
classificar a frequência com que experimentam cada sintoma de ansiedade atendendo
aos três últimos meses. Esta classificação processa-se da seguinte forma: 0 (nunca ou
quase nunca), 1 (às vezes) e 2 (frequentemente). O SCARED-R fornece classificações
para cada uma das dimensões de ansiedade e uma pontuação global. A versão
portuguesa do questionário (Barros & Pereira, 2010) revela elevados valores de
consistência interna (α = 0,93 para a versão dirigida às crianças).
6 Em anexo encontra-se um exemplar do instrumento (ANEXO III)
32
2.4.2. Grelha de Observação
As interações mãe-criança foram codificadas tendo por base uma grelha de
observação7 constituída pelas seguintes dimensões:
Dificuldade na resolução da tarefa – tempo e número de erros que a criança
comete durante a resolução da tarefa. Esta variável é avaliada de acordo com uma escala
de cinco pontos (1- sem dificuldade; 2- poucas dificuldades; 3- algumas dificuldades; 4-
bastantes dificuldades e 5- muitas dificuldades ou insucesso).
Persistência face ao erro – persistência da criança durante a resolução da tarefa,
trata-se igualmente de uma variável avaliada numa escala de cinco pontos (1- não
envolvido; 2- pouco envolvido; 3- moderadamente envolvido; 4- muito envolvido; 5-
muitíssimo envolvido). Esta variável só será codificada no caso de se verificarem
bastantes ou muitas dificuldades na variável anterior.
Ansiedade infantil – ansiedade da criança durante a realização da tarefa, é uma
variável constituída por seis itens – verbaliza ansiedade, agitação motora, expressão
facial, reações extremas, verbalizações relacionadas com a dificuldade da tarefa e
verbalizações relacionadas com a incompetência ou expectativa de fracasso – avaliados
de acordo com uma escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).
Comportamento de dependência em relação à mãe – comportamento de
dependência da criança em relação à sua mãe no decorrer da tarefa. Trata-se de uma
variável constituída por três itens – comportamento dirigido à mãe de tranquilização,
comportamento dirigido à mãe de pedido de ajuda e comportamento de auto-suficiência
– codificados numa escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).
Auto-reforço – quando a criança dirige a si própria palavras de incentivo e
encorajamento. É uma variável avaliada de acordo com uma escala de três pontos (0-
nada; 1- algum; 2- muito).
7 A grelha de observação utilizada para codificar as tarefas encontra-se em anexo (Anexo IV)
33
Criticismo – quando a criança dirige à sua mãe alguma crítica ou verbalização
negativa. Trata-se de uma variável codificada numa escala de três pontos (0- nada; 1-
algum; 2- muito).
Ansiedade materna – manifestações de ansiedade da mãe no decorrer da tarefa.
É uma variável constituída por cinco itens – expressão verbal, agitação motora,
expressão facial, verbalizações relacionadas com a dificuldade da tarefa e verbalizações
relacionadas com a incompetência ou expectativa de fracasso – avaliada numa escala de
três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).
Intrusividade ou superenvolvimento – comportamento intrusivo em relação à
criança durante a resolução da tarefa. Trata-se de uma variável constituída por dois itens
cada um deles codificado de acordo com uma escala de três pontos: (1) intervém ou
tenta intervir sem pedido de ajuda ou sem que a criança manifeste dificuldades (0- nada;
1- intervém ou tenta intervir sem pedido de ajuda ou sem que a criança manifeste
dificuldades, dando orientações ou instruções; 2- intervém ou tenta intervir sem pedido
de ajuda ou sem que a criança manifeste dificuldades, interferindo diretamente na
execução da tarefa, e.g. manipulando diretamente os cubos ou o modelo e/ou
interrompendo a criança não permitindo que esta expresse as suas ideias) e (2) intervém
ou tenta intervir face a pedido de ajuda ou manifestação de dificuldades (0- nada; 1-
intervém ou tenta intervir face a dificuldades ou pedido de ajuda, interferindo
diretamente na resolução da tarefa ou resolvendo a tarefa em conjunto com a criança; 2-
intervém ou tenta intervir face a dificuldades ou pedido de ajuda, substituindo-se à
criança na resolução da tarefa).
Dominância – comportamento da mãe de liderança e de domínio durante a
interação, quer relativamente ao tempo que a mãe fala, quer relativamente à forma como
a mãe estrutura, dirige e influencia o que a criança diz e faz durante a tarefa. Trata-se de
uma variável avaliada de acordo com uma escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2-
muito).
34
Tranquilização – comportamento da mãe de tranquilização verbal face a
manifestações de ansiedade do filho, de forma a diminuir a sua ansiedade. É uma
variável codificada numa escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).
Incentivo à autonomia – comportamento da mãe de incentivo à autonomia do
filho durante a execução da tarefa. Trata-se de uma variável constituída por quatro itens
– solicita a opinião da criança, ouve ou observa a criança com atenção, dá tempo à
criança para pensar e para resolver a tarefa e incentivo verbal ou não verbal à execução
autónoma da tarefa – cada um deles avaliado numa escala de três pontos (0- nada; 1-
algum; 2- muito).
Apoio emocional ou expressão de afeto – manifestações de afeto da mãe
dirigidas à criança durante a resolução da tarefa. É uma variável constituída por sete
itens – elogio, sorri, expressão física de afeto, expressão verbal de afeto, expressão
mútua de reconhecimento de emoções, expressão de encorajamento e orientação física
para a criança – cada um deles codificado de acordo com uma escala de três pontos (0-
nada; 1- algum; 2- muito).
Controlo ou restrição física – quando a mãe restringe ou tenta restringir
fisicamente ou verbalmente o comportamento da criança. É uma variável avaliada numa
escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).
Rejeição ou crítica – comportamento da mãe de criticismo e rejeição dirigido à
criança ou à forma como a criança resolve a tarefa. Trata-se de uma variável constituída
por cinco itens – critica a forma como a criança resolve a tarefa, critica a criança,
verbaliza desvalorização ou invalida os sentimentos da criança, desvia o olhar e
manifesta irritação, frustração, sarcasmo ou agressividade – cada um deles avaliado de
acordo com uma escala de três pontos (0- nada; 1- algum; 2- muito).
35
2.5. Procedimentos de Recolha de Dados
O presente estudo encontra-se inserido num projeto de investigação mais
alargado denominado por “Parentalidade e vulnerabilidade cognitiva global e
específica para as perturbações de ansiedade na infância” que foi aprovado pela
Direção Geral para a Inovação e Desenvolvimento Curricular e contou com a
colaboração de 15 escolas portuguesas de ensino público e privado. A seleção das
crianças foi realizada em duas fases. As crianças foram convidadas a participar na
investigação através de uma carta enviada aos seus pais onde constava o pedido de
autorização para participar no estudo e o consentimento informado8. Cerca de 83% dos
pais autorizou a participação dos seus filhos na primeira fase da investigação. Nesta
primeira fase era realizado um processo de triagem para avaliar a sintomatologia de
ansiedade das crianças através da aplicação do SCARED-R. Esta avaliação ocorreu em
dois momentos temporais distintos, no início da investigação e 1 mês após a primeira
aplicação, de forma a avaliar a estabilidade da sintomatologia. As aplicações eram
realizadas em grupo na sala de aula perante a presença da professora e de um ou dois
elementos da equipa de investigação. Após esta fase, foram selecionados dois grupos de
crianças para a segunda fase do estudo: crianças que obtiveram pontuações acima do
percentil 80 e crianças que obtiveram pontuações abaixo do percentil 50 em ambas as
aplicações. Posteriormente, os pais destas crianças foram novamente contactados e
questionados acerca do seu interesse em continuar a participar na investigação9, 87%
dos pais aceitou e autorizou a participação dos seus filhos na segunda fase da
investigação.
A segunda fase da investigação compreendeu as situações de observação
propriamente ditas e contou com a participação das crianças e das suas mães. Durante a
situação de observação era pedido às crianças que realizassem a tarefa dos cubos de
Wechsler. Inicialmente, um elemento da equipa de investigação fornecia algumas
instruções nomeadamente, em que consistia a tarefa, exemplificando-a e os limites
temporais de cada tarefa, bem como, informava as mães de que os seus filhos é que
8 Em anexo encontra-se o Consentimento Informado enviado aos pais para participarem na primeira fase
do estudo (ANEXO I)
9 Em anexo encontra-se o Consentimento Informado enviado aos pais para participarem na segunda fase
do estudo (ANEXO II)
36
deveriam fazer a tarefa, mas que estas poderiam ajudar se considerassem necessário.
Cada observação durou entre 5 a 20 minutos. As observações foram codificadas por
duas estudantes finalistas do Mestrado Integrado em Psicologia com o auxílio de uma
grelha de observação (ANEXO IV). As codificações foram realizadas em três fases:
numa primeira fase, denominada fase de treino, as observadoras codificaram
simultaneamente algumas observações na presença da orientadora da investigação; na
segunda fase, a orientadora da investigação, selecionou algumas observações que foram
codificadas por ambas as observadoras, separadamente, tendo depois sido alvo de
comparação e na última fase, após ter sido atingido um acordo inter-juizes significativo,
as observadoras codificaram de forma independente as observações. Importa salientar
que durante todo o processo de codificação as observadoras se mantiveram “cegas” ao
estatuto de ansiedade das crianças.
2.6. Procedimentos de Análise Estatística
O presente estudo recorreu a análises estatísticas descritivas e inferenciais, bem
como, a diferentes testes estatísticos, paramétricos e não paramétricos, selecionados em
função dos objetivos definidos, das características das variáveis e do cumprimento dos
pressupostos necessários. Em primeiro lugar, procedeu-se à verificação dos
pressupostos necessários para a aplicação de testes paramétricos nomeadamente, o
estudo da normalidade das distribuições e o estudo da homogeneidade das variâncias
para comparação de grupos. Atendendo à dimensão da amostra (n>30), o estudo da
normalidade das distribuições foi efetuado através do Teste Kolmogorov-Smirnov para a
amostra total e através do Teste Shapiro-Wilk para as sub-amostras (n<30). O estudo da
homogeneidade das variâncias foi realizado a partir do Teste de Levene.
As variáveis – comportamento de dependência em relação à mãe, auto-reforço,
dominância, incentivo à autonomia na execução da tarefa, apoio emocional/expressão
de afeto e rejeição/crítica – considerando a amostra total e ambos os grupos, não
cumpriam os pressupostos da normalidade, tendo assim sido submetidas a análises não
paramétricas.
Após este estudo mais exploratório foi efetuado o cálculo das médias, das
medianas, dos desvios-padrões, das assimetrias e das curtoses de todas as dimensões em
37
estudo para ambos os grupos (grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e
grupo de crianças não ansiosas).
De forma a averiguar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, foram realizados Testes t
Student para amostras independentes para as dimensões – dificuldade na resolução da
tarefa, ansiedade infantil, ansiedade materna e intrusividade – e Testes Mann-Whitney
para amostras independentes para as dimensões – comportamento de dependência em
relação à mãe, auto-reforço, dominância, incentivo à autonomia na execução da tarefa,
apoio emocional/expressão de afeto e rejeição/crítica.
Procedeu-se também ao estudo das relações entre as seguintes dimensões:
ansiedade materna e ansiedade infantil; ansiedade materna e comportamento da criança;
ansiedade infantil e comportamento da mãe e entre o comportamento materno e o
comportamento das crianças. Foi utilizado o Coeficiente de Correlação r de Pearson
para explorar a relação entre as dimensões – dificuldade na resolução da tarefa,
ansiedade infantil, ansiedade materna e intrusividade. De forma a analisar as relações
existentes entre as dimensões – comportamento de dependência em relação à mãe, auto-
reforço, dominância, incentivo à autonomia na execução da tarefa, apoio
emocional/expressão de afeto e rejeição/crítica – foi utilizado o Coeficiente de
Correlação ρ de Spearman.
No que respeita as decisões quanto ao significado das diferenças e das relações
ter-se-á como referência o nível de significância de 0,05. Para a avaliação da magnitude
das relações, foram seguidos os critérios propostos por Cohen (1988). Desta forma,
correlações inferiores 0,30 são consideradas de pequena magnitude, correlações entre os
0,30 e os 0,50 são consideradas de média magnitude e correlações superiores a 0,50 são
consideradas de elevada magnitude.
Todas as análises estatísticas foram realizadas a partir do programa PASW
Statistics (Predictive Analytics Software), versão 18 para o Windows.
Capítulo III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
39
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo constam as informações relativas, às análises preliminares
realizadas e à apresentação e análise dos resultados do presente estudo. A informação
encontra-se organizada em função dos objetivos de estudo previamente definidos.
1. ANÁLISES PRELIMINARES
Inicialmente, foi tomada a decisão de incluir no estudo apenas os dados relativos
às três últimas tarefas (tarefa 8, 9 e 10) da prova dos Cubos de Wechsler, na medida em
que, as restantes tarefas eram menos adequadas, quer em termos temporais (i.e. as
tarefas eram resolvidas num curto espaço de tempo), quer em termos da dificuldade da
tarefa (i.e. tratando-se de uma prova organizada por níveis crescentes de dificuldade, as
últimas tarefas são as mais difíceis, implicando níveis mais elevados de ansiedade). De
seguida, foi efetuado o estudo de cada variável em termos da sua frequência, tendo sido
excluídas do estudo, as variáveis com baixa frequência. Numa fase posterior, foram
considerados os indicadores de cada uma das dimensões estabelecidas teoricamente,
tendo sido calculado o α de cada uma. As dimensões com um α reduzido foram
eliminadas.
No Quadro que se segue consta a informação relativa ao estudo da fiabilidade de
todas as variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade, bem como a
indicação da decisão de as manter/excluir do estudo.
Quadro 3: Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e decisão
de manter/excluir
Dimensões Nr.º de
Itens Inicial
Indicadores α
Inicial
Decisão Nr.º de Itens
Final
Indicadores
Excluídos
α
Final
Dificuldade na
resolução da tarefa
3 - 0,66 Manter 3 - 0,66
Persistência face ao
erro
3 - 0,50 Excluir10
- - -
10
Esta variável foi excluída porque é constante para um dos grupos (grupo de crianças não ansiosas) e
porque é uma variável com muitos valores omissos
40
Quadro 3 (cont.): Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e
decisão de manter/excluir
Dimensões Nr.º de
Itens Inicial
Indicadores α
Inicial
Decisão Nr.º de
Itens Final
Indicadores
Excluídos
α
Final
Ansiedade infantil 18 Verbaliza ansiedade
Agitação motora
Expressão facial
Reações extremas
Verbalizações relacionadas
com a dificuldade da tarefa
Verbalizações relacionadas
com a incompetência ou
expectativa de fracasso
0,64 Manter 9 Verbaliza
ansiedade
Reações
extremas
Verbalizações
relacionadas
com a
incompetência
ou expectativa
de fracasso
0,68
Comportamento de
dependência em
relação à mãe
9 Comportamento dirigido à
mãe de tranquilizações
Comportamento dirigido à
mãe de pedido de ajuda
Comportamentos de auto-
suficiência
0,57 Manter 6 Comportamentos
de auto-
suficiência
0,60
Auto-reforço 3 - 0,69 Manter 3 - 0,69
Comportamento
dirigido à mãe de
criticismo
3 - 0,33 Excluir - - -
Ansiedade materna 15 Expressão verbal
Agitação motora
Expressão facial
Verbalizações relacionadas
com a dificuldade da tarefa
Verbalizações relacionadas
com a incompetência ou
expectativa de fracasso
0,70 Manter 9 Expressão verbal
Verbalizações
relacionadas
com a
incompetência
ou expectativa
de fracasso
0,73
41
Quadro 3 (cont.): Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e
decisão de manter/excluir
Dimensões Nr.º de Itens
Inicial
Indicadores α
Inicial
Decisão Nr.º de Itens
Final
Indicadores
Excluídos
α
Final
Intrusividade/
superenvolvimento
6 Intervém ou tenta
intervir sem pedido
de ajuda ou sem
que a criança
manifeste
dificuldades
Intervém ou tenta
intervir face a
dificuldades ou
pedido de ajuda
0,55 Manter 6 - 0,55
Dominância 3 - 0,81 Manter 3 - 0,81
Tranquilização 3 - 0,48 Excluir - - -
Incentivo à
autonomia na
execução da tarefa
12 Solicita a opinião
da criança
Ouve ou observa a
criança com
atenção
Dá tempo à criança
para pensar e
resolver a tarefa
Incentivo verbal ou
não verbal à
execução
autónoma da tarefa
0,56 Manter 6 Solicita a
opinião da
criança
Incentivo verbal
ou não verbal à
execução
autónoma da
tarefa
0,68
Controlo/restrição
física
3 - 0 Excluir - - -
42
Quadro 3 (cont.): Estudo da fiabilidade das variáveis observadas nas três tarefas de maior dificuldade e
decisão de manter/excluir
Dimensões Nr.º de
Itens Inicial
Indicadores α
Inicial
Decisão Indicadores
Excluídos
Nr.º de Itens
Final
α
Final
Apoio
emocional/expressão
de afeto
21 Elogio
Sorri
Expressão física de
afeto
Expressão verbal de
afeto
Expressão mútua de
reconhecimento de
emoções
Expressão de
encorajamento
Orientação física
para a criança
0,75 Manter - 21 0,75
Rejeição/crítica 15 Critica a forma
como a criança
resolve a tarefa
Critica a criança
Verbaliza
desvalorização ou
Invalida os
sentimentos da
criança
Desvia o olhar
Manifesta irritação,
frustração,
sarcasmo ou
agressividade
0,51 Manter Critica a forma
como a criança
resolve a tarefa
Critica a
criança
Verbaliza
desvalorização
ou Invalida os
sentimentos da
criança
6 0,69
43
2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
De forma a facilitar a compreensão relativamente às metodologias de análise
realizadas, apresenta-se a seguir um Quadro onde constam os objetivos do presente
estudo, bem como as metodologias de análise selecionadas em função destes, das
caraterísticas das variáveis e do cumprimento dos pressupostos necessários.
Quadro 4: Objetivos e metodologias de análise estatística
Objetivos Metodologia
1. Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita as manifestações de
ansiedade materna e ansiedade infantil.
Testes t Student para amostras
independentes
2. Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes
dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de
dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.
Testes t Student para amostras
independentes
Testes Mann-Whitney
3. Analisar as diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes
dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na
execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e
dominância.
Testes t Student para amostras
independentes
Testes Mann-Whitney
4. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre manifestações de
ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil.
Correlação r de Pearson
5. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna
e as seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b)
comportamento de dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.
Correlações r de Pearson
Correlações ρ de Spearman
6. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade materna
e as seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à
autonomia na execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e
intrusividade/superenvolvimento e dominância.
Correlações r de Pearson
Correlações ρ de Spearman
7. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e
as seguintes dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b)
comportamento de dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço.
Correlações r de Pearson
Correlações ρ de Spearman
44
Quadro 4 (cont.): Objetivos e metodologias de análise estatística
8. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre a ansiedade infantil e
as seguintes dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à
autonomia na execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e
intrusividade/superenvolvimento e dominância.
Correlações r de Pearson
Correlações ρ de Spearman
9. Analisar, em ambos os grupos, a relação existente entre os
comportamentos maternos – apoio emocional/expressão de afeto, incentivo à
autonomia na execução da tarefa, rejeição/crítica,
intrusividade/superenvolvimento e dominância – e os comportamentos da
criança – dificuldade na resolução da tarefa, comportamento de dependência
em relação à mãe e auto-reforço.
Correlações r de Pearson
Correlações ρ de Spearman
1. Análise das diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita as manifestações de
ansiedade materna e ansiedade infantil
No Quadro que se segue são apresentados os resultados das diferenças entre o
grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas
no que se refere a manifestações de ansiedade materna e a manifestações de ansiedade
infantil, bem como as respetivas médias e desvios-padrões.
Quadro 5: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças
não ansiosas relativamente às dimensões de ansiedade materna e ansiedade infantil
Dimensões Grupo de crianças com
níveis elevados de ansiedade
Grupo de crianças não
ansiosas
Teste t
Student
p
M DP M DP
Ansiedade materna 6,07 1,83 4,80 2,97 -1,46 n.s.
Ansiedade infantil 7,93 2,99 6,50 2,16 -1,65 n.s.
n.s. não significativo
45
Os resultados revelam ausência de diferenças significativas entre o grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que
respeita às dimensões, ansiedade materna e ansiedade infantil. No entanto, pode-se
observar uma tendência no sentido esperado, na medida em que, os resultados indicam
uma maior presença de manifestações de ansiedade materna e de ansiedade infantil no
grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, em comparação com o grupo de
crianças não ansiosas.
2. Análise das diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes
dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de
dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço
No Quadro 6 pode-se observar os resultados das diferenças, das médias e dos
desvios-padrões, do grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e do grupo de
crianças não ansiosas no que se refere às dimensões relacionadas com o comportamento
da criança.
Quadro 6: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças
não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da criança
Dimensões Grupo de crianças com
níveis elevados de ansiedade
Grupo de crianças
não ansiosas
Teste t Student ou
Teste Mann-Whitney U
p
M DP M DP
Dificuldade na resolução da
tarefa
9,42 2,31 9,74 2,00 0,41 n.s.
Comportamento de
dependência em relação à mãe
1,13
1,55
0,45
0,83
1,78
n.s
Auto-reforço 0,73 1,10 0,25 0,55 1,43 n.s.
n.s. não significativo
46
Relativamente às dimensões relacionadas com o comportamento da criança, os
resultados sugerem ausência de diferenças significativas entre o grupo de crianças com
níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas.
3. Análise das diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas no que respeita às seguintes
dimensões: (a) apoio emocional/expressão de afeto e incentivo à autonomia na
execução da tarefa e (b) rejeição/crítica e intrusividade/superenvolvimento e
dominância
No Quadro 7 constam os resultados das médias, dos desvios-padrões e das
diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de
crianças não ansiosas no que se refere às dimensões relacionadas com o comportamento
da mãe.
Quadro 7: Diferenças entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças
não ansiosas relativamente às dimensões do comportamento da mãe
Dimensões Grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade
Grupo de crianças
não ansiosas
Teste t Student ou
Teste Mann-Whitney
U
p
M DP M DP
Apoio emocional/expressão
de afeto
10,60
3,36
9,55
2,95
0,85
n.s.
Incentivo à autonomia na
execução da tarefa
9,73
2,71
9,80
1,74
0,31
n.s.
Rejeição/Crítica 0,40 1,30 0,55 0,95 -1,09 n.s.
Intrusividade/
superenvolvimento
5,33
2,44
5,25
2,34
-0,10
n.s.
Dominância 1,53 2,03 0,95 1,43 0,94 n.s.
n.s. não significativo
47
Da mesma forma, os resultados não sugerem a existência de diferenças
significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e o grupo de
crianças não ansiosas no que respeita às dimensões relacionadas com o comportamento
da mãe. No entanto, é possível observar que as mães do grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade, tendem a manifestar mais comportamentos de apoio emocional,
que as mães do grupo de crianças não ansiosas.
4. Análise da relação existente entre manifestações de ansiedade materna e
manifestações de ansiedade infantil, em ambos os grupos
No Quadro que se segue são apresentados os resultados das correlações entre
manifestações de ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil para o grupo
de crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.
Quadro 8: Correlações r de Pearson entre dimensões de ansiedade materna e ansiedade infantil, para
ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de ansiedade e abaixo da diagonal
crianças não ansiosas)
Dimensões Ansiedade materna Ansiedade infantil
Ansiedade materna - -0,09
Ansiedade infantil 0,12 -
Os resultados indicam a existência de uma relação positiva e de baixa
magnitude, embora não significativa, entre manifestações de ansiedade materna e
manifestações de ansiedade infantil para o grupo de crianças não ansiosas. Por outro
lado, os resultados revelam a existência de uma relação negativa e de baixa magnitude,
estatisticamente não significativa, entre manifestações de ansiedade materna e
manifestações de ansiedade infantil para o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade.
48
5. Análise da relação existente entre a ansiedade materna e as seguintes
dimensões: (a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de
dependência em relação à mãe e (c) auto-reforço, em ambos os grupos
O Quadro seguinte indica os resultados das correlações entre a ansiedade
materna e as dimensões relacionadas com o comportamento da criança para o grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.
Quadro 9: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade materna e
comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de
ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)
Dimensões 1 2 3 4
1. Ansiedade materna - 0,67* -0,32 0,36
2. Dificuldade na resolução da
tarefa
0,45
-
-0,16
-0,006
3. Comportamento de
dependência em relação à mãe
-0,27
0,03
-
0,04
4. Auto-reforço -0,008 -0,03 0,43 -
* p<0,05
Os resultados sugerem a existência de uma relação estatisticamente significativa,
positiva e de magnitude elevada entre ansiedade materna e dificuldade na resolução da
tarefa para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade. Ainda no que se
refere ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, e embora sem significado
estatístico, os resultados também sugerem a existência de uma relação negativa e de
magnitude moderada entre ansiedade materna e comportamento de dependência em
relação à mãe e de uma relação positiva e moderada entre ansiedade materna e auto-
reforço.
No que se refere ao grupo de crianças não ansiosas, os resultados sugerem a
existência de uma relação positiva e de magnitude moderada entre ansiedade materna e
dificuldade na resolução da tarefa, embora não significativa.
49
6. Análise da relação existente entre a ansiedade materna e as seguintes
dimensões: (a) apoio emocional e incentivo à autonomia na execução da tarefa e (b)
rejeição e intrusividade e dominância, em ambos os grupos
No Quadro 10 são apresentados os resultados das correlações entre a ansiedade
materna e as dimensões relacionadas com o comportamento da mãe para o grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.
Quadro 10: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade materna e
comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de
ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)
Dimensões 1 2 3 4 5 6
1. Ansiedade materna - -0,37 -0,39 -0,03 0,47 0,08
2. Apoio emocional/expressão de
afeto
-0,12
-
0,32
0,06
0,03
0,09
3. Incentivo à autonomia na
execução da tarefa
-0,21
0,16
-
0,18
-0,58*
-0,42
4. Rejeição/crítica 0,41 0,13 -0,09 - 0,08 -0,35
5. Intrusividade/superenvolvimento 0,28 0,19 -0,38 0,55* - 0,31
6. Dominância 0,06 0,24 -0,27 0,21 0,70** -
* p<0,05 ** p<0,01
No que respeita ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, os
resultados, embora estatisticamente não significativos, sugerem uma relação: negativa e
de magnitude moderada entre ansiedade materna e apoio emocional; negativa e de
magnitude moderada entre ansiedade materna e incentivo à autonomia na execução da
tarefa e positiva e de magnitude moderada entre ansiedade materna e intrusividade.
Relativamente ao grupo de crianças não ansiosas, os resultados, apesar de
estatisticamente não serem significativos, sugerem a existência de uma relação positiva
e de magnitude moderada entre ansiedade materna e rejeição.
50
7. Análise da relação existente entre a ansiedade infantil e as seguintes dimensões:
(a) dificuldade na resolução da tarefa; (b) comportamento de dependência em
relação à mãe e (c) auto-reforço, em ambos os grupos
No Quadro 11 pode-se observar os resultados das correlações entre a ansiedade
infantil e as dimensões relacionadas com o comportamento da criança para o grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não ansiosas.
Quadro 11: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade infantil e
comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de
ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)
Dimensões 1 2 3 4
1. Ansiedade infantil - 0,31 0,15 -0,08
2. Dificuldade na resolução da
tarefa
0,50*
-
-0,16
-0,006
3. Comportamento de dependência
em relação à mãe
0,27
0,03
-
0,04
4. Auto-reforço 0,28 -0,03 0,43 -
* p<0,05
Através da análise dos resultados é possível observar a existência de uma relação
significativa, positiva e de magnitude moderada entre ansiedade infantil e dificuldade na
resolução da tarefa, para o grupo de crianças não ansiosas. Apesar de se verificar
igualmente uma relação tendencialmente positiva e de magnitude moderada entre
ansiedade infantil e dificuldade na resolução da tarefa para o grupo de crianças com
níveis elevados de ansiedade, esta não é estatisticamente significativa.
51
8. Análise da relação existente entre a ansiedade infantil e as seguintes dimensões:
(a) apoio emocional e incentivo à autonomia na execução da tarefa e (b) rejeição e
intrusividade e dominância
No Quadro seguinte são fornecidos os resultados das correlações entre a
ansiedade infantil e as dimensões relacionadas com o comportamento da mãe para o
grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade e para o grupo de crianças não
ansiosas.
Quadro 12: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de ansiedade infantil e
comportamento da mãe, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de
ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)
Dimensões 1 2 3 4 5 6
1. Ansiedade infantil - 0,51 0,31 0,40 0,05 0,20
2. Apoio emocional/expressão de
afeto
0,26
-
0,32
0,06
0,03
0,09
3. Incentivo à autonomia na execução
da tarefa
0,006
0,16
-
0,18
-0,58*
-0,42
4. Rejeição/crítica 0,50* 0,13 -0,09 - 0,08 -0,35
5. Intrusividade/superenvolvimento -0,03 0,19 -0,38 0,55* - 0,31
6. Dominância -0,42 0,24 -0,27 0,21 0,70** -
* p<0,05 ** p<0,01
Para o grupo de crianças não ansiosas, os resultados indicam a existência de uma
relação significativa, positiva e de magnitude moderada entre ansiedade infantil e
rejeição. Além disso, permitem observar a existência de uma relação tendencialmente
negativa e de magnitude moderada entre ansiedade infantil e dominância, embora esta
não seja significativa do ponto de vista estatístico.
Relativamente ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, os
resultados, apesar de não atingirem significado estatístico, sugerem a existência de uma
relação tendencialmente positiva e de magnitude moderada entre: ansiedade infantil e
apoio emocional; ansiedade infantil e incentivo à autonomia na execução da tarefa e
entre ansiedade infantil e rejeição.
52
9. Análise da relação existente entre os comportamentos maternos – apoio
emocional, incentivo à autonomia na execução da tarefa, rejeição, intrusividade e
dominância – e os comportamentos da criança – dificuldade na resolução da
tarefa, comportamento de dependência em relação à mãe e auto-reforço, em ambos
os grupos
O Quadro 13 informa acerca dos resultados das correlações entre as dimensões
do comportamento materno e as dimensões do comportamento da criança para o grupo
de crianças com níveis elevados e para o grupo de crianças não ansiosas.
Quadro 13: Correlações r de Pearson e ρ de Spearman entre dimensões de comportamento materno e
comportamento da criança, para ambos os grupos (acima da diagonal crianças com níveis elevados de
ansiedade e abaixo da diagonal crianças não ansiosas)
Dimensões 1 2 3 4 5 6 7 8
1. Apoio emocional/expressão de
afeto
-
0,32
0,06
0,03
0,09
-0,13
0,35
-0,18
2. Incentivo à autonomia na
execução da tarefa
0,16
-
0,18
-0,58*
-0,42
-0,30
-0,22
-0,14
3. Rejeição/crítica 0,13 -0,09 - 0,08 -0,35 0,13 0,10 0,02
4. Intrusividade/superenvolvimento 0,19 -0,38 0,55* - 0,31 0,77** -0,11 0,07
5. Dominância 0,24 -0,27 0,21 0,70** - 0,25 0,25 0,20
6. Dificuldade na resolução da
tarefa
-0,15
-0,20
0,73**
0,51*
0,05
-
-0,16
-0,006
7. Comportamento de dependência
em relação à mãe
0,02
-0,008
-0,20
-0,46*
-0,46*
0,03
-
0,04
8. Auto-reforço 0,12 0,27 0,19 -0,32 -0,36 -0,03 0,43 -
* p<0,05 **p<0,01
No que se refere ao grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, os
resultados sugerem a existência de uma relação: estatisticamente significativa, negativa
e de magnitude elevada entre incentivo à autonomia na execução da tarefa e
53
intrusividade e estatisticamente significativa, positiva e de magnitude elevada entre
intrusividade e dificuldade na resolução da tarefa. Além disso, os resultados também
evidenciam, embora de forma não significativa, a existência de uma relação
tendencialmente: positiva e de magnitude moderada entre apoio emocional e incentivo à
autonomia na execução da tarefa; positiva e de magnitude moderada entre apoio
emocional e comportamento de dependência em relação à mãe; negativa e de magnitude
moderada entre incentivo à autonomia na execução da tarefa e dominância; negativa e
de magnitude moderada entre incentivo à autonomia na execução da tarefa e dificuldade
na resolução da tarefa; negativa e de magnitude moderada entre rejeição e dominância e
positiva e de magnitude moderada entre instrusividade e dominância.
Por outro lado, relativamente ao grupo de crianças não ansiosas, os resultados
revelam a existência de uma relação significativa: positiva e de magnitude elevada entre
intrusividade e rejeição; positiva e de magnitude elevada entre dominância e
intrusividade; positiva e de magnitude elevada entre dificuldade na resolução da tarefa e
rejeição; positiva e de magnitude moderada entre dificuldade na resolução da tarefa e
intrusividade; negativa e de magnitude moderada entre comportamento de dependência
em relação à mãe e intrusividade e negativa e de magnitude moderada entre
comportamento de dependência em relação à mãe e dominância. Os resultados sugerem
ainda a existência de uma relação tendencialmente: negativa e de magnitude moderada
entre intrusividade e incentivo à autonomia na execução da tarefa; negativa e de
magnitude moderada entre auto-reforço e intrusividade; negativa e de magnitude
moderada entre auto-reforço e dominância e positiva e de magnitude moderada entre
auto-reforço e comportamento de dependência em relação à mãe.
Capítulo IV
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E
CONCLUSÕES
55
CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES
Neste capítulo são discutidos os resultados do estudo, fundamentando-os com os
dados encontrados na literatura e são tecidas algumas conclusões. A discussão dos
resultados será realizada atendendo aos objetivos e hipóteses de estudo e tendo por base
o estado da arte no âmbito das perturbações de ansiedade na infância.
1. ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS
Relativamente ao objetivo 1, o presente estudo não encontrou diferenças
estatisticamente significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, no que respeita às dimensões, ansiedade
materna e ansiedade infantil. Foi, no entanto, observada uma tendência no sentido
esperado, i.e. uma maior presença de manifestações de ansiedade materna e infantil no
grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade.
Estes resultados indicam que existe consistência entre as medidas observacionais
e as medidas de auto-relato (SCARED-R), uma vez que, as mesmas crianças que
pontuaram acima do percentil 80 no SCARED-R, manifestaram mais comportamentos
associados à ansiedade durante a interação mãe-criança. Os resultados estão ainda em
consonância com a hipótese 1 anteriormente considerada, na medida em que, as mães
do grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade também exibiram maior
sintomatologia de ansiedade durante a interação, do que as mães do grupo de crianças
não ansiosas. Estes dados estão também de acordo com as evidências encontradas na
literatura, i.e. a literatura tem referido que as crianças com perturbações de ansiedade
têm maior probabilidade de ter pais ansiosos (Hudson & Rapee, 2002). Segundo alguns
autores, mais de 80% das mães de crianças ansiosas, exibem níveis significativos de
sintomatologia de ansiedade (Ginsburg & Schlossberg, 2002; Francis, Grubb, Hersen,
Kazdin & Last, 1987). Estudos realizados com adultos com diferentes perturbações de
ansiedade (fobia específica, fobia social e perturbação de pânico com agorafobia)
indicam que estes têm maiores probabilidades de ter um familiar de 1º grau com a
mesma perturbação (Chapman, Fyer, Klein, Mannuzza & Martin, 1995).
56
No que diz respeito ao objetivo 2, também não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, relativamente às dimensões relacionadas
com o comportamento da criança. No que concerne a dificuldade na resolução da
tarefa, não existem dados na literatura que permitam tecer comentários a este respeito.
Relativamente ao comportamento de dependência em relação à mãe, apesar de
não serem observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, os
resultados apontam no sentido esperado, i.e. o comportamento de dependência em
relação à mãe é ligeiramente maior no grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade, do que no grupo de crianças não ansiosas. De acordo com a literatura, os pais
intrusivos tendem a: fornecer ajuda desnecessária durante tarefas que a criança pode
desempenhar sozinha; fomentar comportamentos de infantilização, através da imposição
nas crianças de um nível de funcionamento imaturo; restringir a autonomia da criança e
invadir a sua privacidade (e.g. Boyce, Brady-Smith, Brooks-Gunn, Fine, Halgunseth,
Harper, et al., 2004; Carlson & Harwood, 2003; Wood, 2006). Desta forma,
condicionam as competências de mestria da criança e induzem comportamentos de
dependência desta em relação aos pais (e.g. Wood, 2006). Atendendo ao facto que a
literatura tem referido a existência de uma relação positiva entre intrusividade e
ansiedade infantil (e.g. Hudson & Rapee, 2002), também se pode considerar a existência
de uma relação entre comportamento de dependência em relação a figuras de autoridade
e ansiedade infantil. Assim, os resultados obtidos parecem estar de acordo com os dados
encontrados na literatura e permitem confirmar parcialmente a hipótese 2.
No que se refere ao auto-reforço, as diferenças também não foram
estatisticamente significativas entre os grupos, mas pode ser observada uma tendência
ligeiramente maior para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, em
comparação com o grupo de crianças não ansiosas. A literatura tem encontrado uma
associação entre perfecionismo, ansiedade e depressão (e.g. Miller & Rice, 1993).
Indivíduos com níveis elevados de perfecionismo buscam a aprovação e o amor por
parte de figuras significativas (e.g. Abraham, Mallinckrodt, Russell & Wei, 2004), no
entanto, como manifestam uma maior probabilidade de ter pais com padrões elevados
de exigência e com tendência para o criticismo (e.g. Lopez, Rice & Vergara, 2005)
podem internalizar estes padrões e acreditar que para terem a sua aprovação têm de ser
perfeitos. Desta forma, estes indivíduos, devido à sua tendência em focar apenas os
57
aspetos negativos do seu desempenho e de os auto-criticar, podem ter dificuldade em
utilizar estratégias de auto-reforço positivo (e.g. Blankstein, Dunkley, Halsall, Williams
& Winkworth, 2000), ou seja, ao ficarem centrados nas avaliações negativas que fazem
de si próprios, têm menos probabilidade de ganharem consciência das suas capacidades,
de reconhecer os seus esforços e de dirigir apreciações positivas ao seu desempenho.
Alguns estudos referem que o perfecionismo está negativamente correlacionado com o
pensamento construtivo (Burns & Fedewa, 2005), com a auto-estima (Ashby, Rice &
Slaney, 1998) e com a auto-eficácia (Blankstein & Mills, 2000). De notar, que todos
estes conceitos estão positivamente correlacionados com o auto-reforço (e.g. Duerfeldt
& Heaton, 1973; Mittman & Reschly, 1973). Assim, é provável, que exista uma
associação negativa entre perfecionismo e auto-reforço (Wei & Wu, 2008). De acordo
com estas evidências, os resultados obtidos, parecem contradizer os dados encontrados
na literatura, uma vez que, estando o perfecionismo associado com a ansiedade e
havendo entre este e o auto-reforço uma associação negativa, seria de esperar encontrar
mais estratégias de auto-reforço no grupo de crianças não ansiosas, no entanto, verifica-
se o contrário, i.e. o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade utiliza mais
estratégias de auto-reforço, o que por sua vez também contradiz o formulado na
hipótese 2.
Atendendo ao objetivo 3, também não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, no que respeita, às dimensões
relacionadas com o comportamento da mãe.
Relativamente ao apoio emocional, apesar de não terem sido verificadas
diferenças estatisticamente significativas, foi possível observar que as mães do grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade, tendem a manifestar mais comportamentos
de apoio emocional, do que as mães do grupo de crianças não ansiosas. A este respeito,
Pinto, Sigman e Whaley (1999) descobriram que as mães ansiosas eram menos
calorosas e positivas nas suas interações com a criança ansiosa, do que, as mães não
ansiosas de crianças sem diagnóstico de perturbação de ansiedade, sendo o efeito
responsável por 25% da variância. No entanto, não se verificaram diferenças nestas
dimensões, em interações entre mães ansiosas-crianças não ansiosas e mães ansiosas-
crianças ansiosas. Estes resultados sugerem que a redução do afeto materno e da
58
positividade pode estar associada à ansiedade materna, e não, à ansiedade infantil.
Considerando, o facto de que neste estudo, as pontuações das crianças no SCARED-R
foram o único critério de constituição das sub-amostras e de que a ansiedade das mães
não foi avaliada, não se pode considerar que os resultados obtidos vão contra os dados
encontrados na literatura. Desta forma, considerando que a ansiedade infantil pode não
estar relacionada com o apoio emocional, pode ser possível que o grupo de crianças não
ansiosas tenha mais mães ansiosas, do que o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade. No entanto, os resultados obtidos não permitem confirmar a hipótese 3, no
que respeita, ao apoio emocional.
No que se refere ao incentivo à autonomia na execução da tarefa, apesar de as
diferenças não serem estatisticamente significativas, a tendência é a esperada, i.e. o
grupo de crianças não ansiosas recebe maior incentivo à autonomia por parte das suas
mães durante a execução da tarefa, do que o grupo de crianças com níveis elevados de
ansiedade. De acordo com Pinto, Sigman e Whaley (1999) as mães ansiosas incentivam
menos a autonomia durante a interação com a criança ansiosa, do que as mães ansiosas
durante a interação com a criança não ansiosa e do que, as mães não ansiosas durante a
interação com crianças não ansiosas. Estes dados sugerem que a ansiedade infantil, e
não a ansiedade materna, está associada a menos incentivo à autonomia por parte das
mães durante a realização da tarefa (Moore, Sigman & Whaley, 2004). Assim, os
resultados obtidos, estão de acordo com os dados encontrados na literatura e com a
hipótese 3.
No que concerne à rejeição, os resultados, embora não sejam estatisticamente
significativos, indicam que a rejeição é maior para o grupo de crianças não ansiosas, do
que para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade. Tem sido referido na
literatura que a rejeição está mais associada com a depressão e o controlo parental com
a ansiedade (e.g. McLeod, Weisz & Wood, 2007; Rapee, 1997). Sendo assim, os
resultados obtidos no presente estudo, estão de acordo com os dados encontrados na
literatura. No entanto, não existe consenso na literatura a este respeito. Num estudo
realizado por Grüner, Merckelbach e Muris (1999) a rejeição parental foi o melhor
preditor de ansiedade infantil. Os resultados encontrados no presente estudo não
permitem confirmar a hipótese 3.
Relativamente à intrusividade, apesar das diferenças não atingirem
significância estatística, os resultados seguem o sentido esperado (embora sejam
tangenciais), i.e. as mães do grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade são
59
mais intrusivas durante a execução da tarefa, do que as mães do grupo de crianças não
ansiosas. Segundo, Hudson e Rapee (2002) as mães são mais intrusivas e estão mais
envolvidas na tarefa com a criança ansiosa e com o seu irmão, do que as mães de
crianças não ansiosas. Estes dados sugerem que a intrusividade não ocorre
especificamente no contexto relacional mãe-criança ansiosa. Os resultados obtidos estão
assim, de acordo com o estado da arte e com a hipótese 3.
No que diz respeito à dominância, e apesar dos dados não serem, novamente,
estatisticamente significativos, foi observada a tendência no sentido esperado, i.e. maior
dominância no grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, do que no grupo de
crianças não ansiosas. De acordo com os dados encontrados na literatura, os pais de
crianças ansiosas exercem um estilo educativo parental autoritário, caracterizado por
uma maior dominância e uma redução do feedback positivo (Gross & Hummel, 2001).
Desta forma, os resultados obtidos estão em consonância com os dados encontrados na
literatura, bem como, permitem confirmar a hipótese 3.
O facto de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas
entre os grupos relativamente à ansiedade materna, ansiedade infantil, comportamento
materno e comportamento da criança, pode estar relacionado com a dimensão da
amostra que pode não ser suficiente para detetar diferenças estatisticamente
significativas. Além disso, pode também estar relacionado com a tarefa escolhida, i.e. a
tarefa pode não ser suficientemente ansiógena, bem como, pode dever-se a
características intrínsecas da amostra nomeadamente, não ter sido considerada uma
amostra clínica, que fosse mais representativa desta sintomatologia.
2. ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS
No que se refere ao objetivo 4, os resultados obtidos indicam a existência de
uma relação fraca e positiva, estatisticamente não significativa, entre manifestações de
ansiedade materna e manifestações de ansiedade infantil para o grupo de crianças não
ansiosas. Por outro lado, para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade,
60
os resultados revelam a existência de uma relação estatisticamente não significativa,
fraca e negativa entre manifestações de ansiedade materna e manifestações de
ansiedade infantil. Na literatura tem sido referido que a ansiedade materna permite
predizer, de forma estatisticamente significativa, a presença de perturbações de
ansiedade nas crianças (Brennan, Hammen, Le Broque & McClure, 2001). Mais
concretamente, os filhos de progenitores ansiosos apresentam um risco entre cinco
(Beidel & Turner, 1997) a sete vezes maior (Beidel, Costello & Turner, 1987) de
desenvolver perturbações de ansiedade. Atendendo a estes dados, os resultados
obtidos, para o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade, não estão de
acordo nem com o estado da arte, nem com a hipótese 4, previamente formulada.
Existem sobretudo duas possíveis explicações para estes resultados. Em primeiro
lugar, o facto de o grupo de crianças com níveis elevados de ansiedade não ser
constituído por uma amostra clínica, mais representativa da sintomatologia de
ansiedade, em segundo lugar, o tipo de tarefa a executar durante a interação pode não
ter sido um estímulo suficientemente ansiógeno para esta sub-amostra.
Relativamente ao objetivo 5, os resultados sugerem a existência de uma relação
estatisticamente significativa, positiva e de magnitude elevada entre, ansiedade
materna e dificuldade na resolução da tarefa, para o grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade. Não existem dados na literatura acerca desta associação.
Adicionalmente, os resultados também sugerem, a existência de uma relação negativa,
estatisticamente não significativa e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e
comportamento de dependência em relação à mãe. Estes resultados não estão de acordo
com os dados encontrados na literatura, na medida em que, um progenitor ansioso tem
tendência para superproteger a sua criança, devido ao aumento da sua perceção ao
perigo e ao aumento da sua sensibilidade face ao sofrimento desta (Hudson & Rapee,
2002). Desta forma, tendem a infantilizar a criança, promovendo a sua dependência em
relação a figuras de vinculação. Seria assim de esperar a existência de uma relação
positiva entre ansiedade materna e comportamento de dependência da criança em
relação à mãe, o que contraria a hipótese 5.
Os resultados apoiam ainda a existência de uma relação positiva e de magnitude
moderada entre, ansiedade materna e auto-reforço, embora sem significado estatístico.
61
Estes resultados também não estão, totalmente, em consonância com os dados
encontrados na literatura, nem com a hipótese 5, uma vez que, a ansiedade materna está
geralmente associada a comportamentos de criticismo e de rejeição, sendo as interações
estabelecidas com as crianças mais negativas (Hudson & Rapee, 2001), estes padrões
comportamentais reduzem a probabilidade de a criança dirigir a si própria verbalizações
positivas. No entanto, este dado tem de ser interpretado com cuidado, na medida em
que, não é possível encontrar consenso na literatura, no que respeita, à associação entre
ansiedade e comportamentos de criticismo e rejeição parental. Sendo, a associação entre
ansiedade e controlo parental muito mais consensual (Rapee, 1997).
Para o grupo de crianças não ansiosas, foi encontrada uma relação positiva e de
magnitude moderada, não significativa, entre ansiedade materna e dificuldade na
resolução da tarefa. Novamente, não foram encontrados dados na literatura a este
respeito.
No que diz respeito ao objetivo 6, os resultados do grupo de crianças com níveis
elevados de ansiedade, embora estatisticamente não significativos, sugerem a existência
de uma relação: (1) negativa e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e apoio
emocional; (2) negativa e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e incentivo
à autonomia na execução da tarefa e (3) positiva e de magnitude moderada entre,
ansiedade materna e intrusividade. Os resultados do grupo de crianças não ansiosas,
apesar de estatisticamente não serem significativos, sugerem a existência de uma
relação, positiva e de magnitude moderada entre, ansiedade materna e rejeição. Os
resultados obtidos permitem confirmar a hipótese 6 e estão de acordo com os dados
encontrados na literatura, com a exceção dos resultados relacionados com a dominância
que sugerem a existência de uma relação positiva, estatisticamente não significativa,
entre ansiedade materna e dominância.
Atendendo ao objetivo 7, os resultados indicam a existência de uma relação
significativa, positiva e de magnitude moderada entre, ansiedade infantil e
dificuldade na resolução da tarefa, para o grupo de crianças não ansiosas.
62
Verificando-se igualmente uma relação tendencialmente, positiva e de magnitude
moderada entre, ansiedade infantil e dificuldade na resolução da tarefa, para o grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade, embora esta não seja estatisticamente
significativa. Não existem dados na literatura acerca de uma associação entre
dificuldade na resolução da tarefa e ansiedade infantil. Relativamente à hipótese 7,
previamente considerada, os resultados, embora estatisticamente não sejam
significativos, permitem confirmar a existência de uma relação positiva entre ansiedade
infantil e comportamento de dependência em relação à mãe. Por outro lado, os
resultados não permitem confirmar a existência de uma relação negativa entre ansiedade
e auto-reforço.
Considerando o objetivo 8, os resultados para o grupo de crianças não ansiosas,
sugerem a existência de uma relação significativa, positiva e de magnitude moderada
entre, ansiedade infantil e rejeição, estando assim de acordo com o estado da arte e
com a hipótese 8. Além disso, é possível observar a existência de uma relação
tendencialmente negativa e de magnitude moderada entre, ansiedade infantil e
dominância (não está de acordo nem com a hipótese 8, nem com a literatura), embora
esta não seja, do ponto de vista estatístico, significativa. Relativamente ao grupo de
crianças com níveis elevados de ansiedade, os resultados, apesar de não atingirem
significado estatístico, apoiam a existência de uma relação tendencialmente, positiva e
de magnitude moderada entre: (1) ansiedade infantil e apoio emocional; (2) ansiedade
infantil e incentivo à autonomia na execução da tarefa e entre (3) ansiedade infantil e
rejeição. A literatura tem sugerido que os pais de crianças ansiosas manifestam mais
comportamentos de superenvolvimento, são mais controladores, mais críticos e
fornecem menos afeto, que os pais de crianças não clínicas (e.g. Hudson & Rapee,
2001; Kendall, Siqueland & Steinberg, 1996). Segundo alguns autores (e.g. Moore,
Sigman & Whaley, 2004; Pinto, Sigman & Whaley, 1999; Kertz, Schrock, Williams &
Woodruff-Borden, 2012), as mães de crianças ansiosas são menos afetuosas e
incentivavam menos a autonomia da criança, do que as mães do grupo de controlo.
Assim, estes resultados, contradizem os dados indicados na literatura e na hipótese 8.
63
Por fim, no que respeita ao objetivo 9, os resultados do grupo de crianças com
níveis elevados de ansiedade, sugerem a existência de uma relação, estatisticamente
significativa, negativa e de magnitude elevada entre, incentivo à autonomia na
execução da tarefa e intrusividade. Estes resultados estão de acordo com os dados
encontrados na literatura, uma vez que, o incentivo à autonomia e a intrusividade se
encontram em extremos opostos do comportamento parental, assim, quanto maior for o
incentivo à autonomia, menor será a intrusividade na tarefa. Foi ainda, encontrada uma
relação, estatisticamente significativa, positiva e de magnitude elevada entre,
intrusividade e dificuldade na resolução da tarefa. Estes resultados também vão de
acordo com os dados encontrados na literatura, já que, o superenvolvimento parental
está associado a uma tentativa dos pais para proteger a criança e evitar o seu sofrimento
(Hudson & Rapee, 2002), é assim de esperar, que quanto maior for o grau de
dificuldade na resolução da tarefa, maior seja o superenvolvimento parental.
Adicionalmente, os resultados também evidenciam, embora de forma não significativa,
a existência de uma relação tendencialmente: (1) positiva e de magnitude moderada
entre, apoio emocional e incentivo à autonomia na execução da tarefa; (2) positiva e de
magnitude moderada entre, apoio emocional e comportamento de dependência em
relação à mãe; (3) negativa e de magnitude moderada entre, incentivo à autonomia na
execução da tarefa e dominância; (4) negativa e de magnitude moderada entre, incentivo
à autonomia na execução da tarefa e dificuldade na resolução da tarefa; (5) negativa e
de magnitude moderada entre, rejeição e dominância e (6) positiva e de magnitude
moderada entre, instrusividade e dominância.
Para o grupo de crianças não ansiosas, os resultados revelam a existência de
uma relação, estatisticamente significativa: (1) positiva e de magnitude elevada entre,
intrusividade e rejeição; (2) positiva e de magnitude elevada entre, dominância e
intrusividade; (3) positiva e de magnitude elevada entre, dificuldade na resolução da
tarefa e rejeição; (4) positiva e de magnitude moderada entre, dificuldade na
resolução da tarefa e intrusividade; (5) negativa e de magnitude moderada entre,
comportamento de dependência em relação à mãe e intrusividade e (6) negativa e de
magnitude moderada entre, comportamento de dependência em relação à mãe e
dominância. Os resultados sugerem ainda a existência de uma relação tendencialmente:
(1) negativa e de magnitude moderada entre, intrusividade e incentivo à autonomia na
execução da tarefa; (2) negativa e de magnitude moderada entre, auto-reforço e
64
intrusividade; (3) negativa e de magnitude moderada entre, auto-reforço e dominância e
(4) positiva e de magnitude moderada entre, auto-reforço e comportamento de
dependência em relação à mãe.
Capítulo V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
66
CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste último capítulo apresentam-se as contribuições e limitações do presente
estudo, sugerem-se futuras linhas de investigação e discutem-se possíveis implicações
para a prevenção e intervenção no âmbito das perturbações de ansiedade na infância.
1. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO
Os modelos etiológicos das perturbações de ansiedade têm enfatizado o papel
central das interações pais-criança no desenvolvimento das perturbações de ansiedade
na infância (e.g. Barlow & Chorpita, 1998; Rapee, 2001). Desta forma, o presente
estudo teve como principais objetivos, analisar as diferenças entre o grupo de crianças
com níveis elevados de ansiedade e o grupo de crianças não ansiosas, na interação mãe-
criança e analisar a relação existente entre ansiedade materna, ansiedade infantil,
comportamento materno e comportamento da criança, entre os grupos, durante a
execução de uma tarefa moderadamente ansiógena para a criança.
Este estudo dá um contributo importante no âmbito da investigação das
perturbações de ansiedade na infância, na medida em que, permite aumentar o
conhecimento das influências maternas no desenvolvimento das perturbações de
ansiedade na infância. Os pontos fortes do estudo estão relacionados com: (1) recuso a
uma amostra comunitária, de forma a analisar indivíduos com diferentes níveis de
funcionamento e adaptação, aumentando também a possibilidade de generalização de
resultados e (2) recurso à observação como método primordial de recolha de dados,
permitindo observar a interação mãe-criança perante situações reais e captando, com
maior efetividade, a bidireccionalidade dos comportamentos.
O que torna este estudo inovador é o facto de terem sido considerados vários
tipos de dimensões – dimensões relacionadas com a tarefa, dimensões relacionadas com
a ansiedade, dimensões relacionadas com o comportamento da mãe e dimensões
relacionadas com o comportamento da criança – e por cada dimensão ter sido avaliada
através da observação de diferentes indicadores.
No que se refere às implicações para a prevenção e intervenção, os resultados do
presente estudo permitem alertar para a importância de incentivar a utilização de
comportamentos parentais positivos (e.g. incentivo à autonomia, auto-reforço), por parte
dos pais, de forma a prevenir o desenvolvimento de perturbações de ansiedade na
67
infância. No que se refere à intervenção, a modificação das distorções cognitivas e o
incentivo à utilização de estratégias de coping adaptativas (e.g. resolução do problema,
restruturação cognitiva, distração) parecem ser as técnicas mais eficazes. Os principais
alvos de intervenção seriam, progenitores com perturbações de ansiedade e progenitores
com crianças com perturbações de ansiedade.
2. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Este estudo apresenta algumas limitações técnicas e metodológicas
importantes. No que respeita às limitações técnicas encontram-se nomeadamente,
questões relacionadas com a qualidade da iluminação e do som, que dificultam o
processo de codificação (e.g. identificação de expressões faciais e de verbalizações
relacionadas com a dificuldade da tarefa, com a expressão verbal de afeto, entre outras).
As limitações de cariz metodológico estão mais relacionadas com: características da
amostra, tipo de tarefa utilizada na observação da interação e desenho do estudo.
Relativamente à dimensão da amostra, a amostra utilizada no presente estudo é
muito pequena e assim, para se detetarem diferenças estatisticamente significativas estas
têm de ser de grande magnitude. Além disso, o facto de a amostra ser tão pequena não
permite estudar relações entre as características sócio-demográficas (e.g. idade e sexo
da criança, estatuto sócio-económico) e as variáveis em estudo. A não inclusão de um
grupo clínico também pode ter contribuído para a ausência de diferenças significativas.
De acordo com McLeod, Weisz e Wood (2007) os estudos que fazem comparações
entre grupos extremos (clínico vs. normal) mostram maiores dimensões do efeito nas
associações entre ansiedade infantil e parentalidade, do que os que investigam estas
associações na população em geral.
As interações pais-criança são contexto-dependentes, i.e. o tipo de tarefa a
executar durante a interação influencia o comportamento observado (Borduin &
Henggeler,1990). Desta forma, o tipo de tarefa pode ser um potencial moderador entre
ansiedade infantil e comportamento parental. O presente estudo recorreu a uma prova
de desempenho e segundo dados encontrados na literatura, os estudos que recorrem a
provas de discussão mostram maiores dimensões do efeito na ansiedade infantil, na
68
ansiedade parental e no controlo parental. Isto pode dever-se quer ao facto das tarefas de
discussão, suscitarem níveis de maior ativação emocional, quer devido ao facto de neste
tipo de tarefas ser obrigatório o envolvimento parental, ao passo que noutro tipo de
tarefas o envolvimento parental é opcional (Bögels, Stams & van der Bruggen, 2008).
Para finalizar, o facto de ter sido utilizado um desenho transversal, não permite
estabelecer conclusões relacionadas com a causalidade das relações entre ansiedade
materna, ansiedade infantil, comportamento materno e comportamento da criança. Além
disso, não foram incluídos no estudo outros fatores, referidos nos estudos etiológicos,
tais como, fatores individuais (e.g. temperamento da criança), familiares (e.g.
psicopatologia parental) e ambientais (e.g. eventos traumáticos) que possam também
contribuir para o desenvolvimento de perturbações de ansiedade na infância.
3. FUTURAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO
Estudos futuros devem optar por um desenho longitudinal, de forma a ser
possível estabelecer relações causais entre as variáveis e recorrer a uma amostra de
maiores dimensões, para aumentar a possibilidade de detetar diferenças estatisticamente
significativas, permitindo assim, generalizar os resultados à população em geral.
Não foi objetivo do presente estudo explorar o papel do pai na etiologia das
perturbações de ansiedade na infância. No entanto, a literatura disponível, tem referido
que os progenitores do sexo masculino e feminino podem interagir e influenciar o
desenvolvimento de perturbações de ansiedade de forma distinta (Bögels & Phares,
2008). O envolvimento paterno é mais ativo, excitante, estimulante e desafiante,
gerando, ocasionalmente, desconforto e ansiedade na criança (Burlingham, 1973;
Labrell, 1996). Além disso, este envolvimento, tende a ser mais físico e imprevisível
(Paquette, 2004). O envolvimento dos progenitores do sexo masculino, pode assim,
permitir à criança experienciar situações novas e relevantes para a socialização,
promovendo o desenvolvimento da competição (Bigras, Carbonneau, Dubeau, Paquette
& Tremblay, 2003), contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e da exploração
(Ladan, 1985). Assim, as atividades lúdicas desenvolvidas com o progenitor do sexo
masculino, promovem uma atitude ativa, competitiva, autónoma e de curiosidade nas
crianças, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento cognitivo e social e reduzindo
o nível de ansiedade experienciada em situações novas, em situações de separação e em
69
interações com estranhos. De notar, que esta relação pode ser bidirecional, ou seja, pais
envolvidos podem promover competências sociais, prevenindo assim o aparecimento de
perturbações de ansiedade na criança, bem como, crianças confiantes e socialmente
competentes podem aumentar o envolvimento positivo do pai (Bögels & Phares, 2008).
Adicionalmente, Lamb (1980) sugere que a criança manifesta tipos distintos de
vinculação para cada um dos progenitores e que a maneira como a criança interage com
cada progenitor determina a segurança de cada relação. A existência de uma vinculação
segura entre o progenitor do sexo masculino e a criança, parece estar relacionada com o
desenvolvimento da autonomia, com o uso de estratégias de confronto (e não de
evitamento) em situações novas e com a vinculação segura relativamente ao grupo de
pares na adolescência. Desta forma, a vinculação paterna pode atuar como um fator de
proteção, reduzindo a probabilidade do aparecimento de perturbações de ansiedade na
criança.
A inclusão dos progenitores do sexo masculino em estudos futuros, seria assim
importante dado que permitiria: (1) comparar as interações mãe-criança com as
interações pai-criança, de forma a verificar se existem diferenças significativas entre
ambas; (2) verificar se existem contributos específicos dependentes do género do
progenitor (3) e aumentar o conhecimento nesta área de investigação.
Seria também interessante observar não só interações entre díades, i.e. mãe-
criança e pai-criança, mas também, interações entre todos os elementos da família
nuclear. Estudos futuros poderiam recorrer a uma prova de discussão, onde fossem
observados os três tipos de interação (mãe-criança; pai-criança e mãe-pai-criança). Este
estudo permitiria verificar nomeadamente, o papel de cada elemento na estrutura
familiar (e.g. qual dos progenitores lidera ou domina as interações estabelecidas entre os
vários elementos) e se o comportamento parental e o comportamento da criança sofre
alterações perante a presença de ambos os progenitores durante a interação.
70
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ANEXOS
ANEXO I
Consentimento Informado para a Primeira Fase do Estudo
Caros Pais O Agrupamento de Escolas Eugénio de Santos estabeleceu um protocolo com o Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa no âmbito do estudo PACIE, que tem por objetivo uma melhor compreensão dos problemas da ansiedade em idade escolar. Todas as crianças do 3º ano de escolaridade são convidadas a participar, mas para que isso aconteça terão que entregar o formulário de consentimento que se encontra no final da página. Por favor, leia atentamente as seguintes informações, antes de preencher o formulário.
O que é o PACIE É um projeto de investigação que está a ser desenvolvido em várias escolas do país e que tem por principal objetivo caracterizar os problemas de ansiedade em crianças em idade escolar e conhecer alguns fatores associados. Este projeto teve o seu início no ano letivo 2009/2010 e terminará no final do ano letivo de 2010/2011. Quem é a equipa de investigação? A equipa de investigação é composta por investigadores doutorados do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa e investigadores de outros centros de investigação nacionais e internacionais. O que me é pedido ao meu filho e a mim? A primeira fase do projeto consiste no preenchimento de dois questionários breves que serão respondidos por cada aluno, com um intervalo de tempo de um mês. Os questionários serão respondidos durante parte de uma aula, com o apoio de um elemento da equipa de investigação. Também será pedida a colaboração dos pais para o preenchimento de dois questionários (duração 30 min.), que lhes serão entregues num envelope fechado. Na segunda parte do projeto só participarão cerca de 20 % dos alunos e os seus pais, selecionados aleatoriamente. Os pais desses alunos serão de novo contactados pela equipa de investigação para autorizar esta segunda participação. Sou obrigado a participar? A participação é voluntária, mas é muito importante para nós termos o maior número de participantes possível. No ano passado tivemos uma taxa de adesão de 85% das crianças e dos seus pais. Este ano gostaríamos de superar esse número e conseguir ainda uma maior participação. Quem é que tem acesso aos dados? Apenas os elementos da equipa de investigação terão acesso aos dados individuais. Cada questionário terá um código que permitirá estabelecer uma ligação entre as respostas das crianças dadas nos dois momentos de avaliação e as respostas dos pais. Os resultados coletivos, que resultam da combinação das respostas de todas as crianças que participam no estudo, serão tornados acessíveis aos pais, através da página de internet do projeto. Com quem é que devo contactar se tiver mais dúvidas? Por favor contacte com a investigadora responsável, Doutora Ana Isabel Pereira, por telefone (217943600, ext. 3636) ou e-mail ([email protected]).
₃ Eu,______________________________________________________________________, encarregado de educação
do aluno___________________________________________________, da turma ____, do ano____, li a
informação fornecida e autorizo/não autorizo (riscar o que não interessa) o meu filho a participar no
estudo PACIE, do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa.
ANEXO II
Consentimento Informado para a Segunda Fase do Estudo
Caros Pais
No seguimento da participação do seu filho na primeira parte do Projeto PACIE, do Centro de
Investigação em Psicologia da Universidade de Lisboa, vimos contactá-los novamente.
A primeira fase do estudo teve uma elevada adesão e por isso agradecemos a todas as crianças e
pais que se disponibilizaram para participar.
Em janeiro do próximo ano iniciaremos a segunda fase do estudo. Nesta segunda fase do estudo só
participarão algumas crianças. O seu/sua filho/a foi uma das crianças selecionadas. Por este motivo,
agradecemos que leia a informação que se encontra abaixo, para que possa tomar uma decisão
relativamente à participação do seu filho na segunda fase do estudo.
Em que é que consiste a segunda fase do estudo?
Na segunda fase do estudo é pedida não só a colaboração das crianças, mas também a colaboração dos pais.
Esta segunda fase irá processar-se da seguinte forma:
A criança responderá a quatro questionários que avaliarão fatores associados aos problemas de ansiedade
na infância. Esta aplicação será realizada na escola, em pequenos grupos, com o apoio de um investigador.
Estes questionários podem ser preenchidos num único momento (crianças mais velhas) ou em dois momentos
(crianças mais novas).
Os pais responderão a um conjunto de questionários que será enviado para casa e que será preenchido de
forma autónoma por estes.
A mãe será entrevistada (duração média 1h15) por um investigador. Esta entrevista será gravada para análise
e codificação pela equipa de investigação. No final deste formulário pedimos o contacto telefónico para
agendar esta entrevista, de acordo com a disponibilidade da mãe.
Será proposto a algumas famílias (mãe e filho/a), que participem numa atividade conjunta, que será registada
por meios audio-visuais para análise e codificação pela equipa de investigação.
Sou obrigado a participar?
A participação é voluntária, mas é muito importante para nós termos o maior número de participantes possível.
Em qualquer momento do processo de investigação os pais e/ou a criança podem decidir abandonar o estudo.
Quem é que tem acesso aos dados?
Apenas os elementos da equipa de investigação terão acesso aos dados individuais e aos registos áudio-visuais.
Os dados não podem ser utilizados para outros fins que não os da investigação.
Com quem é que devo contactar se tiver mais dúvidas?
Por favor contacte com a investigadora responsável, Doutora Ana Isabel Pereira por telefone (217943600, ext.
3636) ou e-mail ([email protected])
₃
Eu, __________________________________________________________________, encarregado de educação
do aluno ______________________________________________________ da turma______, li a informação e:
Autorizo a participação do meu filho no estudo, disponibilizando para o efeito os seguintes contactos
telefónicos: ______________________________(casa)___________________________(telemóvel)
Não autorizo a participação do meu filho no estudo,
mas gostaria de ser contactado no caso de terem sido identificados níveis elevados de ansiedade que
sugiram a necessidade de uma avaliação mais detalhada, disponibilizando para o efeito os seguintes
contactos telefónicos: ____________________________________(casa), __________________________(telemóvel)
Não autorizo a participação do meu filho no estudo e não estou interessado em ser contactado.
Assinatura:___________________________________________________________________
ANEXO III
SCARED-R (Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders) – versão para as
crianças
ANEXO IV
Grelha de Observação
ANEXO IV: Grelha de Observação
Tarefa dos Cubos
Criança
Dif. Pers. Ans_Verb Ans_Ag Ans_ExF Ans_RE Ans_V.Dif Ans_Fr/I Dep_Tr Dep_Aj AutoS AutoR Criticismo
Tarefa
1
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
2
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
3
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
ANEXO IV: Grelha de Observação
Tarefa
4
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
6
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
7
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
ANEXO IV: Grelha de Observação
Tarefa
8
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
9
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
10
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
ANEXO IV: Grelha de Observação
Tarefa dos Cubos
Mãe
Ans_Verb Ans_Ag Ans_ExF Ans_V.Dif Ans_Fr/I Intr_Sem
Dif
Intr_Dif Dom. Tran. Aut_Op. Aut_O
e O
Aut_Tempo Aut_V.
Tarefa
1
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
3
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
4
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
ANEXO IV: Grelha de Observação
Tarefa
6
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
7
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
8
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
9
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
10
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
ANEXO IV: Grelha de Observação
AE_Elogia AE_Sorri AE_E.F. AE_E.V. AE_E.M. AE_Enc. AE_O.F. Ctrl/R.F. CRI_R.T. CRI_cri. CRI_V.D/I.S. CRI_D.O. I.S.F. A
Tarefa
1
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
3
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
4
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
5
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
6
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
ANEXO IV: Grelha de Observação
Tarefa
7
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
8
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
9
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Tarefa
10
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
Legendas:
Dif.- Dificuldade na resolução da tarefa
Pers.- Persistência face ao erro
Ans_Verb- Verbaliza ansiedade
Ans_Ag- Agitação motora
Ans_ExF- Expressão facial
ANEXO IV: Grelha de Observação
Ans_RE- Reações extremas
Ans_V.Dif- Verbalizações relacionadas com a dificuldade da tarefa
Ans_Fr/I- Verbalizações relacionadas com incompetência ou expectativa de fracasso
Dep_Tr- Comportamento dirigido à mãe de tranquilização
Dep_Aj- Comportamento dirigido à mãe de pedido de ajuda
Dep_AutoS- Comportamento de autossuficiência
Auto-R Auto-reforço
Criticismo- Comportamento dirigido à mãe de criticismo/agressividade
Intr_Sem Dif- Intervem ou tenta intervir sem pedido de ajuda ou sem que a criança manifeste dificuldades
Intr_Dif- Intervem ou tenta intervir face a dificuldades ou pedido de ajuda
Dom.- Dominância
Tran.-Tranquilização
Aut_Op.- Solicita a opinião da criança verbal ou não verbalmente
Aut_O e O- Ouve ou observa a criança com atenção, mesmo quando a criança tem uma perspetiva diferente da sua
Aut_Tempo- Mãe dá tempo à criança para pensar e para resolver a tarefa
Aut_V.- Incentivo verbal ou não verbal à execução autónoma da tarefa
ANEXO IV: Grelha de Observação
AE_Elogia- Elogio
AE_Sorri- Sorri
AE_E.F.- Expressão física de afeto
AE-E.V.- Expressão verbal de afeto e tom de voz afetuoso
AE_E.M.- Expressão mútua de reconhecimento de emoções
AE_Enc.- Expressão de Encorajamento
AE_O.F.- Orientação física para a criança
Ctrl/R.F.- Controlo ou restrição física
CRI_R.T.- Critica a forma como a criança resolve a tarefa ou as ideias da criança
CRI_cri.- Critica a criança
CRI_V.D/I.S.- Verbaliza desvalorização/Invalidação dos sentimentos da criança
CRI_D.O.- Desvia o olhar quando a criança fala
I.S.F.A.- Manifesta irritação, frustração, sarcasmo ou agressividade