UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA
JOSÉ RAFAEL NASCIMENTO LOPES
DESAFIOS E ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS EMPRESAS:
UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES DA FIEB
Salvador 2010
JOSÉ RAFAEL NASCIMENTO LOPES
DESAFIOS E ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS EMPRESAS:
UMA ANÁLISE DO PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES DA FIEB
Dissertação apresentada ao Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.
Orientador: Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques Ferreira
Salvador 2010
Ficha Catalográfica
L864 Lopes, José Rafael Nascimento
Desafios e alternativas para a gestão ambiental em pequenas empresas: uma análise do programa de qualificação de fornecedores da FIEB / José Rafael Nascimento Lopes. – Salvador, 2010.
159 f. : il. color.
Orientador: Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques Ferreira. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola
Politécnica, 2010.
1. Gestão ambiental. 2. Pequenas e medias empresas - Qualidade ambiental. 3. Desenvolvimento sustentável. I. Marques, Emerso de Andrade. II. Universidade Federal da Bahia. III. Título.
CDD.: 658.408
AGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus, pela proteção, orientação e divina luz concedidas que
me permitiu iniciar e concluir este projeto de dissertação.
Aos meus pais pela educação e valores que são tesouros para toda a vida.
A minha esposa e filhos, pois a família é a base da sociedade e da disseminação de
bons valores.
Ao meu Professor-Orientador, Emerson Ferreira, pela compreensão e paciência no
processo de execução e conclusão deste projeto.
A todos representantes das empresas estudadas, pela receptividade e gentileza
durante a pesquisa de campo.
A Arlinda Coelho, gerente da área de meio ambiente do SENAI-CETIND, pelo
entusiasmo e incentivo.
A Geane Almeida, estagiária de Engenharia Ambiental, no auxilio da coleta de dados
da pesquisa de campo.
Aos funcionários do Instituto Euvaldo Lodi – IEL e do corpo técnico do Programa de
Qualificação de Fornecedores pelo valioso apoio e atendimento as minhas solicitações.
Por fim, as professores e colegas do Curso de Mestrado que, direta ou indiretamente,
colaboraram e participaram no decorrer deste trabalho.
RESUMO
As organizações têm considerado a responsabilidade socioambiental como uma importante
diretriz para definir as estratégias corporativas, devido aos riscos ambientais das suas
atividades. Portanto, adotar práticas de gestão com foco na produção mais limpa e no
consumo sustentável, envolvendo todo o processo produtivo e a cadeia de fornecedores, é de
suma importância para a sobrevivência dos negócios. Este trabalho teve como objetivo
identificar as principais iniciativas de gestão ambiental, os fatores motivadores, as barreiras e
dificuldades enfrentadas pelas pequenas e médias empresas para melhorar o desempenho
ambiental. Para tanto, realizou-se um estudo de caso do Programa de Qualificação de
Fornecedores, coordenado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Uma amostra de empresas
envolvidas com o programa foi estudada, bem como a realização da pesquisa bibliográfica a
partir de fontes primárias e secundárias. Verificou-se que a conscientização socioambiental,
atendimento à legislação e a redução de resíduos são os motivos que mais influenciam as
organizações para envolver-se num projeto de implantação de práticas de gestão ambiental.
Já a falta de recursos, a percepção dos requisitos normativos como muito burocráticos e a falta
de competência da equipe são as maiores barreiras. Dentro do universo pesquisado, as
iniciativas ambientais mais utilizadas pelas empresas para melhorar o desempenho ambiental
são: Política Ambiental, Programa de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS) e a Avaliação de
Impacto Ambiental. Todos os dados analisados no referencial teórico revelaram que a o
atendimento aos requisitos do cliente é o principal motivador de pequenas e médias empresas
para melhorar o desempenho ambiental, embora esse fator não tenha sido indicado nesta
pesquisa como o mais importante. Além disso, a escassez de recursos, não apenas a financeira
alegada, mas também a de pessoas são as grandes barreiras a serem superadas. Finalmente, a
partir das conclusões obtidas, foram recomendadas alternativas para a implantação da gestão
ambiental nas pequenas e médias empresas, além de ações de melhorias para o Programa de
Qualificação de Fornecedores.
Palavras-chave: Gestão Ambiental, Micro e Pequenas Empresas - fornecedores, barreiras,
motivadores, sustentabilidade.
ABSTRACT
Organizations have been considered social and environmental responsibility as an
important guideline to define business strategies because of environmental risks of processes
activities. Management practices of cleaner production and sustainable purchases are
important to the companies survival especially when it involves production and its supply
chain. This study aimed to identify key environmental management practices, drivers, barriers
and difficulties faced by small businesses to improve environmental performance. Thus, a
case study was done about Euvaldo Lodi Institute supplier qualification program. A sample of
companies involved with the program was studied and literature review was developed from
primary and secondary sources. It was verified that environmental awareness, ensure legal
compliance, and reducing waste are drivers that improve organizations to deploy
environmental management practices. The lack of resources, bureaucratic requirements and
lack of competence are the worst barriers. Environmental initiatives most frequently used by
companies to improve environmental performance are: Environmental Polices, Solid Waste
Management and Environmental Impact Evaluation. All the analyzed references have
revealed that customer requirement is the main driver in small and medium companies to
improve environmental performance, although this has not been shown in this research as the
most important. Besides human and financial resources are the greatest barriers to be
overcome. Finally, it was recommended alternatives to implement environmental
management in small and medium enterprises and actions to improve supplier qualification
program.
.
Keywords: Environmental management; small and medium enterprises (SME); barriers;
drivers, sustentability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Escopo do Programa de Capacitação de Fornecedores.............................................18
Figura 2: Representação do modelo de avaliação ....................................................................18
Figura 3: Evolução das médias das avaliações dos critérios do PQF.......................................20
Figura 4: Taxonomia comum para os estágios evolutivos da gestão ambiental nas empresas 34
Figura 5: Tipificação dos acordos voluntários .........................................................................36
Figura 6: Classificação da série de normas ISO 14000............................................................46
Figura 7: Ciclo de Implantação da ISO 14001 ........................................................................47
Figura 8: Atividades de Auditoria ............................................................................................50
Figura 9: Relação da empresa com a condição ambiental do meio..........................................54
Figura 10: Selo tipo I ................................................................................................................60
Figura 11: Simbologia para os diversos tipos de embalagens. .................................................61
Figura 12: Simbologia utilizada para os tipos de plásticos. .....................................................61
Figura 13: Selo tipo III .............................................................................................................62
Figura 14: Fases da Análise do Ciclo de Vida .........................................................................64
Figura 15: Etapa genérica de um processo ...............................................................................68
Figura 16: Entradas e saídas de produtos e serviços de uma empresa .....................................69
Figura 17: Diagrama de uma unidade de operação genérica....................................................69
Figura 18: Fluxograma geral de uma ACV ..............................................................................70
Figura 19: Exemplo de um Ecomapa .......................................................................................72
Figura 20: Processo Global da implementação evolutiva de SGA...........................................74
Figura 21: Fluxograma de Implantação de P + L – Metodologia UNIDO/UNEP ...................77
Figura 22: Organograma de Produção mais Limpa.................................................................78
Figura 23: Contexto em que a P+L está inserida......................................................................79
Figura 24: Fluxograma da Gestão de Resíduos Sólidos. ..........................................................83
Figura 25: Metodologia do PQF...............................................................................................88
Figura 26: Representatividade do Comitê ................................................................................89
Figura 27: Súmula Ambiental – Análise Comparativa 2004 - 2008. .......................................94
Figura 28: Benefícios Ambientais. ...........................................................................................98
Figura 29: Benefícios experimentados por empresas em melhorar o desempenho ambiental.99
Figura 30: Principais dificuldades para melhoria ambiental .................................................104
Figura 31: Organização da abordagem de contacto................................................................110
Figura 32: Tempo de participação no PQF.............................................................................117
Figura 33: Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL .....117
Figura 34: Como a sua empresa tomou conhecimento do PQF .............................................127
Figura 35: Nível de reconhecimento do mercado ou pelo cliente ..........................................129
Figura 36: Pretensão em buscar a certificação do sistema de gestão .....................................131
Figura 37: Certificação pretendida do sistema de gestão .......................................................132
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Classificação das PME segundo UE e a OCDE....................................................25
Quadro 2 - Classificação das pequenas empresas segundo o faturamento bruto anual............26
Quadro 3 - Classificação das empresas segundo o número de empregados.............................26
Quadro 4 – Características de diferenciação das PME.............................................................28
Quadro 5 – Principais Aspectos e Impactos relacionados por tema.........................................33
Quadro 6 – Dimensões da Gestão Ambiental...........................................................................35
Quadro 7 – Abrangência da Gestão Ambiental ........................................................................36
Quadro 8 – Iniciativas Ambientais Voluntárias ......................................................................37
Quadro 9 – Diretrizes do Programa de Atuação Responsável..................................................40
Quadro 10 – Características do EMAS e da ISO 14000...........................................................42
Quadro 11 – Características dos Princípios CERES ................................................................44
Quadro 12 – Características da ISO 14001 ..............................................................................48
Quadro 13 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental .......................53
Quadro 14 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental .......................55
Quadro 15 – Indicadores de Desempenho Gerencial ...............................................................55
Quadro 16 – Visão geral dos programa de rotulagem ambiental .............................................59
Quadro 17 – Tipos de selos e suas características ....................................................................62
Quadro 18 – Relação entre ACV e os outros programas..........................................................64
Quadro 19 – Impactos das Normas da série 14000 nas PME...................................................66
Quadro 20 – Etapas do Ecomapping ........................................................................................72
Quadro 21 – Barreiras enfrentadas pelas PME e como elas são superadas no PQF ................90
Quadro 22 – Aspectos motivadores para gestão ambiental......................................................93
Quadro 23 – Aspectos motivadores para gestão ambiental......................................................95
Quadro 24 - Benefícios da Gestão Ambiental ........................................................................100
Quadro 25 – Inconvenientes e Barreiras à gestão ambiental em PME...................................101
Quadro 26 – Objetivos da pesquisa, metodologia empregada e resultados alcançados .........109
Quadro 27 – Vantagens e desvantagens dos métodos de coleta de informações ...................112
Quadro 28 - Temas e Literatura do questionário de pesquisa ................................................114
Quadro 29 - Serviços de consultoria ambiental utilizada no passado...................................128
Quadro 30: Sugestões de melhoria do suporte oferecido pelo PQF.......................................133
Quadro 31: Experiências da empresa com o PQF ..................................................................134
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Evolução da distribuição dos estabelecimentos, por porte .....................................27
Tabela 2 – Distribuição dos empregados, por porte do estabelecimento .................................27
Tabela 3 – Principais causas de mortalidade de PME..............................................................30
Tabela 4 – Principais dificuldades no acesso ao mercado........................................................30
Tabela 5 - Benefícios da implantação do SGA.........................................................................97
Tabela 6 - Razões para não implantar um SGA .....................................................................103
Tabela 7: Distribuição do tempo da empresa no PQF e o estágio de cumprimento dos
requisitos do questionário.......................................................................................................118
Tabela 8: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental .....................118
Tabela 9: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental pelas empresas
com 100% dos requisitos atendidos........................................................................................120
Tabela 10: Análise Estatística dos Dados...............................................................................121
Tabela 11 : Benefícios obtidos ao adotar a Gestão Ambiental...............................................122
Tabela 12: Benefícios obtidos na adoção da Gestão Ambiental pelas empresas
com 100% dos requisitos atendidos........................................................................................123
Tabela 13: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental.............................124
Tabela 14: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental
pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos ..............................................................124
Tabela 15: Principais iniciativas de gestão ambiental implantadas........................................125
Tabela 16: Principais iniciativas de gestão implantadas pelas empresas com 100% dos
requisitos atendidos ................................................................................................................126
Tabela 17: Importância das características do PQF................................................................128
Tabela 18: Importância dos meios de apoio do PQF..............................................................129
Tabela 19: De quem sua empresa recebeu o reconhecimento ................................................129
Tabela 20: Importância dos elementos do PQF na implementação de melhoria na gestão....130
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIQUIM – Associação Brasileira das Indústrias Químicas
ACV - Avaliação do Ciclo de Vida
ADA - Avaliação de Desempenho Ambiental
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
EMAS - Eco Managementeand Audit Scheme
EPD - Declaração Ambiental do Produto
FIEB - Federação das Indústrias do Estado da Bahia
GEN - Global Ecolabelling Network
ICA - Indicador de Condição Ambiental
ICC - Câmara de Comércio Internacional
IDA - Indicador de Desempenho Ambiental
IDG - Indicadores de Desempenho de Gestão
IDO - Indicadores de Desempenho Operacional
IEL - Instituto Euvaldo Lodi
ISO - International Organization for Standardization
OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
P+L - Produção mais Limpa
PDCA – Plan, Do, Check, Acion, (planejar, fazer, checar e agir corretivamente
PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
PME - Pequenas e Médias Empresas
PQF - Programa de Qualificação de Fornecedores
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI – Serviço Social da Indústria
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................14
1.1 O CONTEXTO E A JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ..................................................14
1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................22
1.2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................................22
1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................................22
1.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................22
2. AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.......................................................................24
2.1 CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNICA DAS PME ..........................................................24
2.2 CARACTERÍSTICAS DAS PME .....................................................................................27
3. GESTÃO AMBIENTAL COM ENFOQUE EM PME............. ......................................31
3.1-CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO AMBIENTAL...............................31
3.2 EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL.....................................................................33
3.3 DIMENSÕES DA GESTÃO AMBIENTAL .....................................................................35
3.4 INICIATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL..............................38
3.4.1 Atuação Responsável.....................................................................................................38
3.4.2 EMAS - Eco-Management and Audit Schem .............................................................41
3.4.3 Princípios CERES ........................................................................................................43
3.4.4 Normas da Série ISO 14000..........................................................................................45
3.4.4.1 Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e 14004)....................................................47
3.4.4.2 Auditoria de SGA (ISO 19011)....................................................................................49
3.4.4.3 Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO 14031) ...................................................51
3.4.4.4 Rotulagem Ambiental (ISO 14020, ISO 14021, ISO 14024 e ISO 14025) .................56
3.4.4.5 Avaliação do ciclo de vida (ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO 14043, ISO
14044).......................................................................................................................................63
3.4.5 Mapeamento do Processo / Balanço Ecológico ...........................................................67
3.4.6 Ecomapeamento.............................................................................................................71
3.4.7 Implementação de SGA por estágios – BS 8555 / ISO DIS 14005.2..........................73
3.4.8 Produção Mais Limpa...................................................................................................76
3.4.9 Programa de Gestão de Resíduos Sólidos - PGRS.....................................................80
3.5 MODELOS DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL ....................................83
3.6 O PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES – PQF ..........................84
3.7 ASPECTOS QUE INCENTIVAM OU DIFICULTAM A ADOÇÃO DE INICIATIVAS
EM GESTÃO AMBIENTAL...................................................................................................91
4. METODOLOGIA.............................................................................................................105
4.1 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA........................................................................107
4.2 IDENTIFICANDO AS ORGANIZAÇÕES.....................................................................109
4.3 ABORDAGEM UTILIZADA NO CONTATO COM AS ORGANIZAÇÕES...............110
4.4 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................................111
4.5 JUSTIFICATIVA DA TÉCNICA DE PESQUISA..........................................................112
4.6 CONTEÚDO E PROJETO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA...............................113
5. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .........................................................115
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................135
6.1- CONCLUSÕES...............................................................................................................135
6.2- RECOMENDAÇÕES .....................................................................................................138
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................141
APÊNDICE A .......................................................................................................................149
APÊNDICE B........................................................................................................................156
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 O CONTEXTO E A JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
A responsabilidade socioambiental tem sido considerada como uma diretriz
importante na definição de estratégias das organizações. As interações que suas atividades,
produtos e serviços produzem no meio ambiente poderão afetar a sobrevivência dos negócios
face aos riscos legais e à deterioração da imagem corporativa. Nesse intuito, é preciso
implantar uma gestão competitiva priorizando a adoção de práticas de gestão com foco na
produção mais limpa e no consumo sustentável.
De maneira geral, grandes empresas têm incorporado em sua gestão princípios do
gerenciamento ambiental, seja para atender pressões mercadológicas, ou por serem alvo de
uma fiscalização mais intensa por parte dos órgãos ambientais. Isto, no entanto, não ocorre
com as Micro e Pequenas Empresas, em face da grande dispersão e heterogeneidade desse
setor, além da dificuldade que os órgãos ambientais encontram para promover uma
fiscalização mais efetiva.
A implantação de Sistema de Gestão Ambiental aliado às iniciativas de produção
mais limpa representa uma estratégia eficaz para adequação do segmento produtivo aos
requisitos legais ambientais e mercadológicos, assegurando a competitividade. Porém, para
que essas ações ambientais empresariais sejam eficientes, é necessária a identificação de
medidas e procedimentos formais que envolvam toda a cadeia produtiva, visando atender aos
requisitos ambientais. A definição de uma política ambiental, objetivos e metas referentes aos
aspectos e impactos ambientais auxiliam práticas de controle e preservação ambiental nas
empresas.
Neumann e Ribeiro (2004), ao afirmarem que o ganho de produtividade de uma
empresa é influenciado fortemente pela capacidade dos fornecedores, levam-nos a acreditar
que as empresas compradoras se empenharão cada vez mais em melhorar o desempenho de
seus fornecedores, por meio de ações que possibilitem sua qualificação, resultando num
aprimoramento da parceria e na criação de vantagens competitivas. Coté et al. (2008), ao
15
pesquisarem essa questão no Canadá, compartilham da mesma opinião. Os autores sinalizam
três capacidades básicas para gerar uma vantagem competitiva: inovação (desenvolvimento de
novos produtos e processos), produção (otimização da produção e entrega do produto) e de
gestão do mercado (vendas e marketing, incluindo uma imagem de empresa ecológica). Já
Nawrocka et al. (2009), ao analisarem esse aspecto na União Europeia, especificamente na
Suécia, enfatizam o crescente conjunto de regulamentos e exigências do mercado para as
empresas adotarem práticas de gestão ambiental, como a exigência legal de redução de
substâncias perigosas em produtos de consumo, contudo, para assegurarem seu cumprimento,
as empresas transferem os requisitos para a sua cadeia de abastecimento.
A norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004a) incorpora o princípio de Produção mais
Limpa e contribui para promover o alinhamento da cadeia de valor que envolve comprador e
fornecedor. Dentre os requisitos definidos nessa norma, o item 4.4.6 prescreve:
“[...] estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos associados aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e serviços utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviços”.
Empresas que implementaram a ISO 14001 necessitam abordar os aspectos
ambientais que se aplicam não apenas ao seu processo interno, mas também em toda a sua
cadeia de abastecimento. Logo, a implementação do SGA requer estruturas organizacionais,
rotinas e uma base de conhecimento para gerir não só os aspectos ambientais diretos, mas
também os indiretos que estão relacionados com as atividades dos fornecedores da empresa
(NAWROCKA ET AL, 2009).
Ribeiro (2001), ao pesquisar empresas certificadas na ISO 14001 no Pólo Industrial
de Camaçari, identificou que os principais mecanismos utilizados para atender ao item 4.4.6,
visando envolver os fornecedores na adoção dos requisitos ambientais, são meramente
contratuais, formais e administrativos. A autora recomenda que sejam realizados esforços
junto às grandes empresas na adoção de programas de capacitação de fornecedores, com
ênfase em gestão ambiental.
Dentre as iniciativas mais desenvolvidas para promover a implementação de práticas
de gestão ambiental por parte dos fornecedores é possível citar (RIBEIRO, 2001):
16
• Inserção da vertente ambiental nos requisitos de contrato de prestação de
serviços.
• Solicitação da apresentação de um plano de gestão ambiental.
• Realização de auditorias no fornecedor.
• Fornecimento ou exigência de treinamentos.
As grandes empresas, ao celebrar contratos com seus fornecedores, comunicam seus
requisitos por meio de cláusulas contratuais que incorporam requisitos ambientais. Dentre as
obrigações é solicitada a apresentação de um plano de gestão ambiental que contemple a
identificação dos aspectos e impactos ambientais, bem como as ações de controle. O
cumprimento desse plano seria verificado por meio de auditorias, sendo exigido, inclusive,
que os empregados do fornecedor recebam treinamentos do Sistema de Gestão e dos
procedimentos ambientais do contratante.
É preciso lembrar que, quando uma empresa terceiriza um serviço, não transfere
responsabilidades, passa no mínimo a ser coresponsável, devendo responder criminalmente
por todos os possíveis impactos ambientais negativos que estejam atrelados aos seus
fornecedores, é a chamada “responsabilidade compartilhada”. Dessa forma, passa a existir a
necessidade de realizar qualificação de empresas fornecedoras, no sentido de melhorar os
serviços e produtos entregues e ainda reduzir os custos de aquisição promovendo um
alinhamento da cadeia de suprimento (Supply Chain).
Sensível a esta demanda do setor produtivo, a Federação das Indústrias do Estado da
Bahia (FIEB), por meio do IEL desenvolveu o Programa de Qualificação de Fornecedores
(PQF), com o objetivo de capacitar e assessorar os micro e pequenos empresários a definir e
implementar um Plano de Ação integrado que contemple medidas de melhoria ambiental, da
qualidade e de segurança do trabalho, com foco no alinhamento da cadeia produtiva.
O Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) é uma iniciativa da Federação
das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), executada pelo Instituto Euvaldo Lodi da Bahia
(IEL/BA), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE). Uma das ações do PQF é promover a aproximação entre empresas fornecedoras
de bens e serviços industriais e grandes e médias empresas compradoras denominadas de
17
empresas-âncora, com o objetivo de gerar negócios entre elas, contribuindo, dessa forma, para
o desenvolvimento econômico da região.
Voltado para as empresas-âncora que são grandes e médias empresas compradoras da
indústria, e para as fornecedoras de produtos e serviços industriais, atualmente o Programa de
Qualificação de Fornecedores conta com a participação de mais de 120 empresas
fornecedoras e 7 (sete) empresas-âncora – Veracel, Millennium, Bosch, Deten, Gerdau,
Suzano, El Paso.
Após a inscrição no Programa, as empresas fornecedoras são submetidas a uma
avaliação em aspectos críticos que são de interesse das empresas-âncora, como, por exemplo,
a gestão ambiental do fornecedor. Em seguida, é elaborado um plano de ação, tendo como
foco os pontos com maior oportunidade de melhoria, identificados e consensados com as
empresas fornecedoras e “empresas-âncora”.
Além disso, o PQF tem buscado acompanhar os resultados obtidos pelas empresas
fornecedoras, no que se refere à implantação de boas práticas de gestão e melhoria nos
indicadores de relacionamento com as “empresas âncora”, como, por exemplo, o aumento do
volume de negócios realizados entre elas.
A metodologia do Programa abrange as vertentes da Qualidade, Meio Ambiente,
Segurança e Responsabilidade Social, cuja implementação é feita por meio dos parceiros
SENAI (Meio Ambiente), SESI (Segurança e Responsabilidade) e IEL (Qualidade).
As iniciativas para a criação do PQF ocorreram a partir do último trimestre de 2004,
quando foi iniciado o processo de sensibilização e mobilização das empresas para
participação no Programa. O lançamento oficial ocorreu no dia 3 de junho de 2005, no
auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.
Inicialmente, o programa foi denominado de Programa de Capacitação de
Fornecedores – PCF que tinha a intenção de disponibilizar à indústria do estado um programa
com propósito de melhorar o desempenho das empresas fornecedoras de produtos e serviços
industriais, quanto à capacidade de atender as necessidades das empresas compradoras nos
quesitos preço, qualidade, atendimentos aos prazos e flexibilidade. A metodologia do PCF
18
resultou de um processo de elaboração junto às grandes empresas do plo industrial da região
metropolitana de Salvador. Conforme exposto na figura 1, o escopo do Programa de
Capacitação de Fornecedores foi planejado para atuar em três linhas.
Figura 1: Escopo do Programa de Capacitação de Fornecedores Fonte: IEL (2009)
A certificação de fornecedores consiste em avaliar o desempenho das empresas
fornecedoras participantes, em requisitos priorizados pelas empresas compradoras envolvidas
no processo. Estes requisitos, segundo as empresas compradoras, que passaram a ser
denominadas de empresas-âncora, são itens críticos, cujo bom desempenho permitiria as
empresas fornecedoras obter vantagem competitiva, facilitando inclusive a realização de
negócios.
O modelo proposto de avaliação do Projeto de Capacitação de Fornecedores é
composto por seis áreas, como representado na figura 2, sendo que cada área é subdividida em
critérios que compõem a metodologia de avaliação e certificação dos fornecedores.
Saúde e SegurançaResponsabilidade Social
Gestão trabalhista, fiscal e tributária
Gestão Ambietal
Qualificação técnica das Pessoas
Gestão da QualidadeEFICIÊNCIA
Figura 2: Representação do modelo de avaliação Fonte: IEL (2009)
Desenvolvimento de Fornecedores
Programa de Capacitação de Fornecedores - PCF
Certificação de Fornecedores
Qualificação de Fornecedores
19
A avaliação dos participantes por meio de um questionário denominado ferramenta
de coleta de dados é realizado em três etapas:
1. Apresentação, pela empresa fornecedora, da Documentação Legal.
2. Auditorias Periódicas, realizadas por consultores do projeto na empresa
fornecedora.
3. Avaliação Contínua das Empresas-âncora, etapa de responsabilidade da empresa
âncora e feita pela internet.
A etapa um (1), está condicionada a apresentação da documentação exigida à
empresa fornecedora. A etapa dois (2) é realizada nas empresas fornecedoras (in loco),
mediante a aplicação do questionário que avalia o desempenho da empresa fornecedora nos
requisitos que compõem a metodologia. Estes requisitos são avaliados segundo o conceito de
totalmente implementado, significativamente implementado, implementado de forma
incipiente e nenhuma implementação.
A etapa três (3) é realizada pela empresa âncora, que avalia a qualidade e o pronto
atendimento dos produtos e serviços adquiridos no período; os itens avaliados nesta etapa são
referentes ao atendimento de requisitos da qualidade acordados para o produto ou serviço
(quantidade e qualidade); cumprimento dos prazos de entrega negociados; realização das
condições comerciais acordadas (preços, prazos, parcelamentos, documentos de cobrança etc.)
e agilidade no atendimento a eventuais reclamações e divergências.
Na linha de atuação referente à Qualificação de Fornecedores o objetivo é
disponibilizar treinamento e consultorias para os participantes. Estes treinamentos e
consultorias são planejados e realizados de acordo com critérios de qualificação priorizados,
objetivando o aumento da competitividade da cadeia produtiva.
Já o Desenvolvimento de Fornecedores tem como propósito fomentar e apoiar o
desenvolvimento de fornecedores ainda não existentes na região. Esse desenvolvimento
depende de demandas específicas das empresas compradoras, ou de uma política
governamental que busque induzir o desenvolvimento de alguns setores da economia, tidos
como estratégicos para o Estado.
20
No momento em que as partes da cadeia de fornecimento estabelecem um
relacionamento, as necessidades das empresas-âncora são naturalmente adequadas. Isto se
deve ao fato de as empresas fornecedoras começarem a fazer uso de boas práticas de gestão
para o desenvolvimento de suas competências, gerando, consequentemente, mais negócios
entre essas organizações.
No primeiro grupo de trinta e cinco empresas fornecedoras que tiveram sua avaliação
e qualificação sob o modelo de oficinas (treinamentos práticos e consultoria no site da
empresa), os resultados começaram a surgir conforme figura 3.
Figura 3: Evolução das médias das avaliações dos critérios do PQF Fonte: IEL (2009)
As seis áreas avaliadas tiveram uma evolução substancial, atestando o bom
desempenho da metodologia proposta de cerificação e qualificação, tanto que Portela (2007)
propôs um estudo cujo objeto foi a análise do grau de desempenho das empresas participantes
do PQF. Para essa pesquisa, foram utilizados parâmetros qualitativos, referente à produção de
bens e serviços antes e após a participação da empresa no programa.
Evolução das Médias
4,91
1,09
4,784,40
2,151,45
3,13
7,34
3,93
6,61
4,95 4,81
3,99
5,27
9,08
7,65
9,68
7,00
8,708,17 8,38
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
5- Q
ualid
ade
6- M
eio
Am
bien
te
7- S
aúde
eS
egur
ança
8-R
espo
nsab
ilida
deS
ocia
l
9- Q
ualif
icaç
ãoT
écni
ca d
eP
esso
al
10-
Tra
tam
ento
de
recl
amaç
ões
dos
inte
ress
ados
das
part
es e
des
vios
Méd
ia G
eral
Critérios
Not
as
1ª Aval.
2ª Aval.
3ª Aval.
21
Informações sobre o desempenho antes e depois da participação no programa foram
coletadas bem como a determinação de indicadores como qualidade dos bens ou serviços,
custos de produção, tempo de entrega do produto ou serviços, volume de bens ou serviços
ofertados, introdução de novos processos de produção, aprimoramento do processo de
produção e participação no mercado.
Observou-se que o desempenho geral das empresas fornecedoras apresentou melhora
após a participação no PQF, influenciado pela melhora na qualidade dos bens ou serviços, o
aprimoramento do processo de produção, seguidos da introdução de novos processos de
produção.
Com relação aos instrumentos utilizados pelo PQF, Portela (2007) sinaliza os que
mais contribuíram para os resultados, segundo as empresas fornecedoras, foram às rodas de
negócios com empresas compradoras, seguidas das oficinas da Qualidade, Meio Ambiente,
Responsabilidade Sócio Ambiental e Recursos Humanos e os Cursos do Núcleo temático. A
autora afirma que as conclusões apresentadas limitam-se às análises das características do
relacionamento entre as empresas compradoras e fornecedoras com foco nos indicadores, sem
analisar os fatores que motivaram as relações entre as empresas fornecedoras e compradoras.
Sugere, inclusive, futuras pesquisas sobre o tema, levando em consideração o tempo de
participação das empresas no programa e o levantamento dos fatores motivadores de
participação e implantação.
Dessa forma, estudam-se neste trabalho as características do PQF e da Gestão
Ambiental em Pequenas Empresas do Estado da Bahia, participantes do programa,
contribuindo com a identificação de fatores motivadores, barreiras e dificuldades encontradas
pelos participantes, além de alternativas para adequação do desempenho ambiental das
empresas fornecedoras aos requisitos da cadeia de suprimento das grandes empresas.
Não é escopo deste estudo analisar os aspectos de gestão da cadeia de suprimento,
também denominada como Supply Chain Management – SCM, nem sua variação ambiental
Environmental Supply Chain Management – ESCM. Apesar da importância do seu papel, as
empresas-âncoras não serão pesquisadas, porém espera-se que os resultados deste trabalho
subsidiem não apenas políticas de melhorias no Programa de Qualificação de Fornecedores –
22
PQF, como também na proposição pelas empresas compradoras de alternativas estratégicas
para gerar vantagem competitiva na gestão de fornecedores.
É importante colocar que o PQF está sendo implementado em outros estados do
Brasil, e a análise dos métodos utilizados, com sinalização de pontos de melhoria, deverá
contribuir para a consolidação desta iniciativa de adequação da cadeia de fornecedores,
independentemente do seguimento produtivo, em nível nacional.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar os desafios das Micro e
Pequenas Empresas participantes do Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF na
implantação da gestão ambiental, em especial a motivação, dificuldades e barreiras
encontradas por elas no processo, e propor alternativas para adoção das melhores iniciativas.
1.2.2 Objetivos específicos
1. Identificar as iniciativas de gestão ambiental mais utilizadas;
2. Identificar as motivações, barreiras e dificuldades encontradas no processo de adoção
da Gestão Ambiental;
3. Analisar a percepção das Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia,
participantes do PQF com relação às características do programa e às iniciativas de
gestão ambiental;
4. Propor alternativas para a Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas Empresas.
1.3 A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está dividida em seis capítulos, sendo que este é o capítulo
introdutório, no qual se justifica a pesquisa, contextualiza-se o tema, além de apresentar os
seus objetivos, e a estrutura dos capítulos subsequentes.
23
O segundo capítulo trata da classificação das pequenas empresas e da importância do
setor para a economia. Além disso, são analisadas suas características e como essas
influenciam na mortalidade das empresas.
O terceiro capítulo aborda a gestão ambiental, suas características, evolução,
dimensões e iniciativas adotadas por organizações em geral e pelas pequenas empresas. Neste
capítulo, também são discutidos os fatores motivadores, dificuldades e barreiras enfrentadas
pelas empresas na adoção da gestão ambiental.
No quarto capítulo, é abordada a metodologia utilizada justificando a escolha, além de
feita a descrição dos instrumentos utilizados para coleta de dados.
O quinto capítulo apresenta a discussão e os resultados da pesquisa à luz do referencial
teórico pesquisado.
No sexto capítulo, são discutidas as conclusões oriundas da pesquisa, sendo
apresentadas alternativas para o aprimoramento da metodologia de implantação da gestão
ambiental em pequenas empresas.
24
2. AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
2.1 CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNICA DAS PME
A classificação de empresas como pequeno porte é muito diversa. Portanto, para
determinar um modelo a ser utilizado nesta pesquisa, realizou-se uma busca na literatura
sobre as várias definições dessas organizações em diversos países.
Denomina-se empresa qualquer organização que produz ou vende bens ou serviços.
Para esta pesquisa o uso da sigla “PME”, utilizada genericamente para definir as pequenas
empresas, reúne, na realidade, as Pequenas e Médias e, na maioria das vezes, também as
Microempresas. A classificação quanto ao porte é um dos fatores que diferencia uma empresa
das outras. No entanto, encontrar um conceito para definir as Pequenas e Médias Empresas
(PME) é uma dificuldade enfrentada por vários pesquisadores (CAMPOS, 2004). Os critérios
de classificação abordam essas empresas de forma quantitativa e as classificam, por exemplo,
pelo número de funcionários que empregam ou pelo seu volume de faturamento e vendas
anuais. Porém, esses critérios não envolvem características específicas das empresas,
induzindo a classificações que nem sempre condizem com a sua realidade.
Existem diversas metodologias regionais destinadas a classificar as empresas de
acordo com seu porte, de maneira que é impraticável uma comparação direta entre dados
estatísticos referentes às PME de distintos países.
Na União Europeia, a Recomendação 2003/361/CE em seu anexo fornece orientações
para a definição de pequenas empresas. Segundo a definição, as empresas que empregam
menos de 250 pessoas, ou cujo volume anual de negócios não seja superior a 50 milhões de
Euros, são consideradas como PME.
25
Além disso, dentro da categoria das PME, o limite entre as pequenas e médias
empresas é de 50 empregados e um volume de negócios anual não superior a 10 milhões de
Euros. Segundo a Recomendação, será uma microempresa aquela que emprega menos de 10
pessoas e que tenha um volume de negócios anual não superior a 2 milhões de Euros.
Para a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), as
PME são classificadas da mesma forma que na União Européia (UE), conforme apresentado
no quadro 1 (OCDE, 2005).
Categoria Nº de Funcionários Faturamento Bruto anual
Médias < 250 ≤ € 50 milhões
Pequenas < 50 ≤ € 10 milhões
Micro < 10 ≤ € 2 milhões
Quadro 1 - Classificação das PME segundo UE e a OCDE Fonte: Recomendação 2003/361/CE
O patamar de 500 empregados determina limite para ser classificada como Pequena e
Média Empresa (PME), no Canadá, México e Estados Unidos. A categorização segue o
seguinte padrão: menos de 5 empregados, microempresa; 5-49 empregados, pequena empresa;
50-499 empregados, média empresa. (COMMISSION FOR ENVIRONMENTAL
COOPERATION, 2005).
No Japão, o limite para uma empresa ser considerada uma pequena empresa é de 50
empregados para o setor do comércio varejista, 100 trabalhadores para o setor de serviço e
comércio atacadista. Para a indústria e outros setores, o limite é de 300 funcionários (OCDE,
2005).
No Brasil, as pequenas empresas são classificadas, sob o ponto de vista legal, pelo
faturamento anual em reais, de acordo com a Lei Complementar 123, publicada em 14 de
dezembro de 2006, lei que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte. Outra forma de classificação é utilizando o critério “número de empregados”
de acordo com os quadros 2 e 3.
26
Porte Simples Nacional Exportações
Microempresa Até R$ 240 mil Até US$ 200 mil para comércio e serviços. Até US$ 400 mil na indústria
Empresas de Pequeno Porte
Acima de R$ 240 mil até R$ 2,4 milhões
Acima de US$ 200 mil até US$ 1,5 milhão para comércio e serviços. Acima de US$ 400 mil até US$ 3,5 milhões na indústria
Quadro 2 - Classificação das pequenas empresas segundo o faturamento bruto anual. Fonte: Lei Complementar 123: 14/12/06
Porte / Setor Indústria Comércio e Serviços
Microempresas Até 19 Até 9 empregados
Empresa de Pequeno Porte De 20 a 99 De 10 a 49
Médias De 100 a 499 De 50 a 99
Grandes 500 ou mais 100 ou mais
Quadro 3 - Classificação das empresas segundo o número de empregados. Fonte: SEBRAE, 2007
A discussão da importância do papel das PME na economia vem crescendo muito nos
últimos anos. Cândido (apud Campos, 2008) apresenta estas empresas como peças
importantes para geração de empregos e melhoria da distribuição da renda. Essas empresas
são consideradas verdadeiros instrumentos de desenvolvimento econômico, já que geram mais
empregos diretos e compram seus insumos no mercado nacional. Com isso, elas ocupam um
papel fundamental nas economias emergentes e até mesmo naquelas já desenvolvidas.
Para Hillary (2000), as pequenas e médias empresas constituem o mais importante
setor da economia, pois além da manutenção de empregos, especialmente durante tempos de
recessão, elas são fontes de inovação e espírito empreendedor de grandes negócios do futuro.
No Reino Unido as pequenas e médias empresas correspondem a quase 99% das empresas,
enquanto na Europa esse número varia em torno de 90%. Segundo a ISO (2005a), em
pesquisa sobre a utilização de Sistema de Gestão Ambiental por pequenas e médias empresas,
foi constatado que mais de 95% das empresas na maioria dos países são pequenas e médias
empresas e das mais de 73 milhões de empresas empregadoras legalmente constituídas em
todo o mundo, pelo menos, 69 milhões são PME.
27
Conforme tabelas 1 e 2, verifica-se no Brasil que as Micro e Pequenas Empresas
representaram, em 2006, 97,5% do total de estabelecimentos, responsáveis por 50,8% dos
empregos, segundo informações da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais -
RAIS que é constituída pelos registros administrativos anuais das empresas enviados ao
Ministério do Trabalho e Emprego (SEBRAE, 2008).
Tabela 1 – Evolução da distribuição dos estabelecimentos, por porte Brasil 2002 – 2006 (em %)
Micro e Pequena Ano
Micro Pequena Total Média Grande Total
Total
(nº. absoluto)
2001 84,4 13,2 97,6 1,5 0,9 100,0 1.905.912
2003 84,3 13,3 97,6 1,5 0,9 100,0 1.963.674
2004 83,9 13,6 97,6 1,5 0,9 100,0 2.054.841
2005 83,7 13,8 97,5 1,6 0,9 100,0 2.148.906
2006 83,6 13,9 97,5 1,6 0,9 100,0 2.241.071
Fonte: SEBRAE, 2008
Tabela 2 – Distribuição dos empregados, por porte do estabelecimento
Setor de atividade - Brasil 2006 (em %)
Porte Comércio Serviços Indústria Construção Total
Micro e Pequena 75,5 41,7 42,9 52,0 50,8
Micro 40,1 18,2 18,2 21,9 23,7
Pequena 35,4 23,5 24,7 30,1 27,7
Média 9,2 9,5 26,7 28,8 15,1
Grande 15,3 48,8 30,4 19,3 34,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
TOTAL (nº.absoluto) 6.330.341 11.229.881 7.122.536 1.393.446 26.076.204
Fonte: SEBRAE, 2008
2.2 CARACTERÍSTICAS DAS PME
Ao se discutir as características das PME, Pereira (2007) as apresenta como
protagonistas nas relações com as grandes empresas, não se restringindo apenas à função de
meros fornecedores. Historicamente, no processo de desenvolvimento econômico, essas
empresas têm como características a capacidade de gerar empregos, agilidade e capacidade de
adaptação às transformações do mercado. O autor sistematizou no quadro 4 uma comparação
entre características das PME e grandes empresas. Pode-se destacar que alguns aspectos,
como a flexibilidade, adaptabilidade, informalidade, conferem às pequenas empresas
28
vantagens na ação junto ao mercado, principalmente em períodos turbulentos atuais, porém a
escassez de recursos, administração centralizada e baixa utilização de tecnologia as tornam
vulneráveis a longo prazo.
Características das empresas Grandes PME
Adaptabilidade Pequena Grande
Administração Profissional Pessoal ou familiar
Capacidade de interpretar/utilizar políticas e dispositivos legais
Grande Pequena
Capacidade de utilizar especialista Grande Pequena
Capacitação profissional Especializada Não especializada
Capital Dissolvido Concentrado
Concentração de recursos Capital Trabalho
Decisão Descentralizada Centralizada
Estrutura Organizada Informal
Flexibilidade Pequena Grande
Forma jurídica Sociedade anônima Limitada
Ganhos de escala Grandes Pequenos
Idade média Alta Baixa
Níveis hierárquicos Muitos Poucos
N.ºde funcionários Grande Pequeno
N.ºde produtos Grande Pequeno (único)
Recursos financeiros Abundantes Escassos
Utilização da tecnologia Alta Baixa (artesanal)
Sistemas de informação Complexos, formalizados e informatizados
Simples, informais e manuais (mecanizados)
Quadro 4 – Características de diferenciação das PME Fonte: Adaptado de Pereira (2007)
Na opinião de Cezarino e Campomar (2008), os três aspectos que caracterizam a
imagem das pequenas empresas são os seguintes:
a) Gestão informal: centralização das decisões pelo dono da empresa, tornado-a
engessada e sem uma gestão autônoma; além disso, a presença de funcionários com
laços familiares dificulta a organização de cargos, funções, salários e
responsabilidades podendo até interferir no controle organizacional das empresas.
b) Baixa qualidade gerencial: deficiência nos controles e nas informações dos processos,
desconhecimento do mercado impossibilitando construir uma estratégia competitiva
eficaz além da dificuldade de tomada de decisões baseada numa avaliação de riscos.
29
c) Escassez de recursos. As PME brasileiras possuem poucos recursos e têm dificuldade
de obter financiamentos públicos ou privados. Aliado a isso, possuem a fama de
sonegar tributos, justificado pela necessidade de sobrevivência.
Zorpas (2009), ao pesquisar pequenas empresas européias, relacionou aspectos gerais
que são únicos para esse tipo de empresas:
(i) São mono-produtoras ou prestam único serviço;
(ii) sentem muita pressão econômica;
(iii) vendem no mercado local;
(iv) são empresas familiares tradicionais e informais;
(v) possuem uma gestão precária;
(vi) têm pouco acesso à formação e às novas exigências do mercado;
(vii) não possuem associações / representações; e
(viii) produzem grande quantidade de resíduos (ar, líquidos sólidos).
Os autores pesquisados concordam com a importância das PME, e pode-se concluir
que alguns aspectos do setor são críticos e agem de forma decisiva no sucesso empresarial
dessas empresas: a baixa qualidade da gestão empresarial e a falta de recursos. Essas
características influenciam claramente a taxa de mortalidade ou na perenidade das PME.
O SEBRAE, visando identificar os desafios que as pequenas empresas enfrentam para
sobreviverem no mercado, vem promovendo a realização de pesquisa nacional, para avaliar as
taxas de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras, e suas causas.
Os dados da pesquisa do SEBRAE (2007), sumarizados nas tabelas 3 e 4 , identificam
que as principais causas da mortalidade das empresas estão fortemente ligadas à falhas
gerenciais, onde para 68% das empresas pesquisadas a principal razão para o seu fechamento
está centrada na falta de conhecimentos gerenciais, seguida de causas econômicas.
Além disso, as maiores dificuldades encontradas pelas empresas no acesso ao mercado
estão nos quesitos: propaganda inadequada, logística deficiente, desconhecimento do mercado
e formação inadequada dos preços dos produtos/serviços, caracterizando a falta de
planejamento dos empresários (SEBRAE 2007).
30
Tabela 3 – Principais causas de mortalidade de PME
FALHAS GERENCIAIS 68% Falta de capital de giro 37%
Problemas financeiros 25%
Ponto/Local inadequado 19%
Falha de conhecimentos gerencias 13%
Desconhecimento do mercado 11%
Qualidade do produtos/serviço 4%
CAUSAS ECONÔMICAS E CONJUNTURAIS 62%
Falta de clientes 27%
Concorrência muito forte 25%
Inadimplência/maus pagadores 19%
Recessão econômica no país 18%
POLÍTICAS PÚBLICAS E ARCABOUÇO LEGAL 54%
Carga pública elevada 43%
Falta de crédito bancário 16%
LOGISTICA OPERACIONAL 21% Falta de mão-de-obra qualificada 16%
Instalações inadequadas 6%
PROBLEMAS COM A FISCALIZAÇÃO 7%
OUTRAS 4%
NS/NR 3%
BASE 446
Fonte: SEBRAE, 2007
Tabela 4 – Principais dificuldades no acesso ao mercado
Propaganda Inadequada 24%
Logística deficiente 19%
Desconhecimento do mercado 17%
Formação inadequada dos preços dos produtos/serviços 12%
Dificuldade de acesso a informações de mercado 11%
Inadequação de produtos e serviços às necessidades do mercado
9%
Nenhum 13%
NS/NR 23%
BASE 446
Fonte: SEBRAE, 2007
A pesquisa do SEBRAE complementa as afirmações dos autores pesquisados (Hillary,
Pereira, Cezarino, Zorpas) e conclui que, para as empresas prosperaram, três fatores críticos
são necessários: habilidades gerenciais, capacidade empreendedora e logística empresarial,
que significa conhecer os clientes, a fim de identificar os produtos desejados, assumir riscos e
atuar com flexibilidade (SEBRAE, 2007). Esses fatores, além de necessários para a
sobrevivência das empresas, são fundamentais para a criação de novos negócios, baseados em
um apelo ecológico para um público específico, que vem crescendo sistematicamente devido
à conscientização e educação ambiental dos consumidores.
31
3. GESTÃO AMBIENTAL COM ENFOQUE EM PME
3.1-CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO AMBIENTAL
Gestão na acepção da palavra refere-se a gerenciamento / administração ou a ação de
dirigir e controlar uma organização. No sentido lato, compreende as atividades de Planejar,
Controlar e Melhorar conforme sugerido por Joseph Juran ou segundo proposto por Edward
Deming: Planejar, Executar, Verificar e Agir Corretivamente.
A gestão ambiental refere-se às atividades de dirigir e controlar organizações no que
diz respeito ao meio ambiente, visando alcançar objetivos e metas propostos. A gestão
ambiental é uma prática recente, que vem ganhando importância nas empresas, já que foca a
melhoria de produtos, serviços e ambiente de trabalho, levando-se em conta o fator ambiental,
possibilitando a redução de custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e
matérias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais).
Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam BARBIERI (2007, p26).
Considerando-se a esfera pública, é um processo político administrativo de
responsabilidade dos Municípios, Estado e União buscando formular e implementar políticas
ambientais por meio de mecanismos de imposição (comando e controle) com a criação de
requisitos legais cada vez mais restritivos. Na esfera privada envolve mecanismos voluntários
(autocontrole e autoregulação) e pode ser entendida como a parte da gestão empresarial que
cuida da identificação, avaliação, controle, monitoramento e redução dos impactos ambientais
(SEIFFERT, 2009).
A norma ISO 14001 define impacto ambiental como qualquer modificação do meio
ambiente, adversa ou benéfica que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou
serviços de uma organização. Define ainda aspecto ambiental como o elemento das atividades
32
produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente,
entendendo-se este como o “causador” do impacto.
A identificação dos aspectos e impactos ambientais das atividades, produtos e
serviços constitui etapa crucial na gestão ambiental empresarial. Decorrente desse
levantamento, a empresa poderá levantar a legislação aplicável, desenvolver sua política
ambiental e traçar objetivos e metas.
No quadro 5, estão listados alguns dos principais aspectos e impactos ambientais
relacionados por temas/categorias que normalmente uma empresa teria potencial de causar
dentre os processos com maior potencial poluidor: extrativos - florestal mineração e petróleo;
industriais - celulose e papel, químico e petroquímico, refino de petróleo, siderúrgico, açúcar
e álcool, produção de couro, beneficiamento de alimento, automobilístico; infra-estrutura -
geração de energia e construção.
Quanto à possibilidade do advento de acidentes ambientais, as empresas do setor
químico e petroquímico, exploração de petróleo e nuclear, além das que realizam transporte
de produtos ou resíduos perigosos, possuem os maiores riscos de ocorrência de sinistro, haja
vista os acidentes ambientais acontecidos no passado recente, protagonizados por empresas
desses setores.
Meyer (apud Macêdo, 2003) caracteriza a gestão ambiental de uma empresa a partir
dos seus objetivos, meios, instrumentos e base de atuação, como descrito a seguir:
� Objetivo: manter o meio ambiente saudável para atender as necessidades
humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das
gerações futuras.
� Meio: plano de ação viável técnica e economicamente, com prioridades
perfeitamente definidas e focalizadas para o meio ambiente.
� Instrumentos: monitoramentos, controles, taxações, imposições, subsídios,
divulgação, obras e ações mitigadoras, além de treinamento e conscientização.
� Base de atuação: diagnósticos e prognósticos (cenários) ambientais da área de
atuação, a partir de estudos e pesquisas dirigidos à busca de soluções para os
problemas ambientais que forem detectados.
33
TEMAS ASPECTO IMPACTO
Poluição do ar
Contribuição à chuva ácida
Redução da camada de ozônio
Contribuição ao efeito estufa
Emissões Atmosférica
Formação do Smog fotoquímico
Ruído Incomodo à comunidade
Ar
Radiação Contaminação radiativa
Movimentação de Terra Erosão Solo
Resíduos Sólidos Poluição do Solo
Poluição da água
Acidificação
Água Efluentes líquidos
Eutrofização
Flora Desmatamento Diminuição de recursos naturais
Movimentação de equipamento Perturbação/evasão da fauna Fauna
Efluente líquido Ecotoxidade
Geração de empregos
Geração de Tributos
Dinamização da economia regional
Sociedade
Atividades do empreendimento
Uso do solo
Recursos Naturais Extração de Recursos Naturais Exaustão dos recursos naturais
Quadro 5 – Principais Aspectos e Impactos relacionados por tema Fonte: adaptado de EPELBAUM, 2004
3.2 EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL
A gestão ambiental nas organizações tem passado por uma evolução histórica
influenciada pela perda do padrão de qualidade dos recursos naturais, reflexo das escolhas da
sociedade quanto ao atendimento de suas necessidades e desejos, que são expressos em
princípios e objetivos de crescimento econômico que é comumente denominado de paradigma
social dominante.
Na literatura, diversos autores caracterizam a evolução da abordagem empresarial da
gestão ambiental. Jabbour e Santos (2006) realizaram uma revisão bibliográfica dos principais
pesquisadores brasileiros da área (figura 4).
34
Figura 4: Taxonomia comum para os estágios evolutivos da gestão ambiental nas empresas Fonte: Adaptado de Jabbour e Santos (2006)
Percebe-se que a taxonomia de evolução da gestão ambiental nas organizações
dispostas na literatura não apresenta disparidade, porém para esta pesquisa é proposta uma
denominação que as integre, qual seja: Passivo, Reativo, Preventivo e Estratégico.
No primeiro estágio até a década de 70, não havia preocupações com o cumprimento
da legislação, nem com o controle dos aspectos ambientais, o foco era a produção. Quanto
aos poluentes, lançavam-se no meio ambiente para que fossem dispersados para longe da
fonte geradora. No segundo estágio, entre a década de 70 e 80, as empresas são forçadas a
adaptar-se à legislação ou às exigências do mercado, instalando equipamentos de controle de
poluição nas saídas, sem modificação no processo produtivo adotando-se as chamadas
tecnologias de fim de tubo. No terceiro estágio, na década de 90, houve a consolidação de
iniciativas voluntárias como a produção mais limpa e sistemas de gestão ambiental,
modificação em processos e produtos objetivando-se prevenir a poluição. Finalmente, no
quarto estágio, o meio ambiente passa a ser questão estratégica nas empresas, sendo
incorporado ao seu planejamento estratégico visando à obtenção de vantagens competitivas no
mercado. Além das práticas de controle e prevenção da poluição incorporadas nos estágios
anteriores, a empresa procura agora aproveitar oportunidades de negócios e neutralizar
ameaças que as questões ambientais poderão manifestar no futuro.
Abordagem
Proativa
Padrão
Proativo
Proatividade Integração
Estratégica
Integração
Matricial
Controle
Ambiental
na Gestão
INTEGRAÇÃO
EXTERNA
Abordagem
preventiva
Prevenção Integração
Preventiva
Integração
Pontual
Controle
nas práticas
e processos
industriais
Abordagem
reativa
Padrão
Reativo
Controle Controle da
Poluição
Controle
ambiental
nas saídas
ESPECIALIZAÇÃO
FUNCIONAL
Maimon
(1994)
Sanches
(2000)
Rohrich e
Cunha
(2004)
Barbieri
(2004)
Corazza
(2003)
Donairi
(1994)
TAXONOMIA
COMUM
INTEGRAÇÃO
INTERNA
EVOLU
ÇÃO
35
3.3 DIMENSÕES DA GESTÃO AMBIENTAL
A gestão ambiental, inicialmente, ocupava-se de ações governamentais com vistas a
conter o rápido decréscimo da qualidade ambiental. Porém, segundo Barbieri (2007), qualquer
classificação de iniciativa inclui no mínimo três dimensões: a dimensão espacial referente à
área em que as ações de gestão tenham eficácia, a dimensão temática que delimita as questões
ambientais às quais as ações se destinam, e a dimensão institucional referente aos agentes que
tomaram a iniciativa. No quadro 6, são relacionados exemplos de gestão sob as diferentes
dimensões.
ESPACIAL TEMA INSTITUIÇÃO
Global Aquecimento Global Instituição multilateral
Nacional Fauna e Flora Governo
Setorial Água Associações
Empresarial Recursos Minerais Empresa
Quadro 6 – Dimensões da Gestão Ambiental Fonte: Barbieri (2007), adaptado pelo autor
Seiffert (2009) apresenta as iniciativas de gestão ambiental classificadas quanto a sua
abrangência (macro e micro), ou quanto aos objetivos de comando e controle. Podem ser
também considerados quanto às esferas de atuação envolvidas (pública e privada). As
incitativas públicas se materializam em alternativas de comando e controle, enquanto as de
abrangência micro para esfera privada são conhecidas comumente de autocontrole. Já as
iniciativas econômicas são também de abrangência micro que, para sua efetiva implantação,
necessita da mediação do poder público. No quadro 7, são classificadas as várias iniciativas.
36
Abrangência Macro e Esfera Publicas
Abrangência Micro e Esfera Pública
Abrangência Micro e esfera Privada
Abrangência Micro e esfera econômica
Pactos Internacionais: Protocolo de Montreal, Convenção da Basiléia, Protocolo de Kyoto ,
Agenda 21.
Licenciamento;
Avaliação de Impacto Ambiental - AIA;
Fiscalização Ambiental.
Análise ambiental;
Normas ISO de gestão ambiental;
Produção mais limpa;
Auditoria ambiental;
Monitoramento Ambiental;
Acordos voluntários.
Cobrança de Taxas;
Cobrança de Impostos;
Concessão de subsídios;
Criação de mercados
� Reciclados e ecobusiness
� Licenças de poluição
� Seguros
Política Nacional do Meio Ambiente e seus instrumentos: Padrões de qualidade ambiental, Zoneamento ambiental, Licenciamento, etc.
Acordos Voluntários;
Monitoramento;
Auditoria Ambiental;
Compensação Ambiental
Rotulagem ambiental
Análise do Ciclo de Vida
Tecnologias Limpas
Formação de clusters ambientais
Educação Ambiental
Protocolo Verde
Índice da Bolsa de valores
Quadro 7 – Abrangência da Gestão Ambiental Fonte: Seiffert (2009) adaptado pelo autor
Com relação aos acordos voluntários, advindos da ação proativa das organizações de
ir além do atendimento aos requisitos legais, a OCDE (apud BARBIERI, 2007) organiza
esses acordos em dois tipos-padrão: os acordos da esfera pública e os da esfera privada
conforme apresentado na figura 5 .
Figura 5: Tipificação dos acordos voluntários Fonte: Barbieri, 2007
Os acordos públicos voluntários envolvem o poder público nacional ou local e
empresas visando solucionar problemas ambientais específicos, são exemplo o Energy Star e
o Eco Managementeand Audit Scheme (EMAS). Os negociados envolvem os mesmos atores,
porém buscam de forma individual ou coletiva implementar os instrumentos de comando e
controle. Já os acordos voluntários privados bilaterais são firmados quando agentes privados
Acordos Voluntários
Públicos
Privados
De adesão
Negociados
Bilaterais
Unilaterais
Individuais
Coletivos
Promovida por empresas
Promovida por entidades
37
antecipam problemas mediante acordos antes de chegar às esferas da justiça. As iniciativas
privadas unilaterais individuais são medidas de autoregulação visando tratar os problemas
ambientais da empresa além do exigido pela legislação. Quanto às iniciativas unilaterais
coletivas podem ser de dois tipos: as promovidas por um grupo de empresas, associação ou
entidade que as representam como, por exemplo, a Atuação Responsável, promovida no
Brasil pela ABIQUIM; ou as promovidas por entidades independentes como a Câmara de
Comércio Internacional – ICC e a ISO (BARBIERI, 2007).
No quadro 8, é apresentada uma lista de iniciativas privadas unilaterais coletivas
compiladas pelo autor de diversas fontes.
Entidade Sede Iniciativa
ABIQUIM São Paulo Programa de Atuação Responsável
American Elecronics Association Washington DfE – Design for Environment
Câmara de Comercio Internacional Paris Carta de Princípios, Auditoria Ambiental e Código de Publicidade Ambiental
CERES Boston Princípios CERES
Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE)
São Paulo Apoio a programa de coleta seletiva, reciclagem e valoração de material reciclado
Conselho Europeu da Indústria Química (CEFIC)
Bruxelas Programa voluntário de Eficiência Energética
Forest Stewardship Council (FSC) Bonn Manejo sustentável de florestas
Global Reporting Initiative (GRI) Amsterdam Relatórios de sustentabilidade
Greenpeace Amsterdam Produção Limpa (Clean Production)
ISO Genebra Normas da Série ISO 14000
PNUMA Nairobi Initiative for the Environment, Princípios para investimentos responsáveis, etc
Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC)
Bruxelas Avaliação do Ciclo de Vida
The Global Environmental Management Initiative (GEMI)
Washington Total Quality Enviromental Management – TQEM
The Gobal Compact New York Princípios do Pacto Global
The Natural Step (TNS) Estocolmo Planejamento estratégico para a sustentabilidade
UNIDO Viena Produção mais limpa
WBCSD Genebra Promoção da Ecoeficiência
Zero Emissions Research and Initiative (ZERI)
Genebra Emissões zero
Quadro 8 – Iniciativas Ambientais Voluntárias Fonte: compilação do autor
38
Para adotar qualquer iniciativa de gestão ambiental, é necessário fazer uso de
instrumentos ou procedimentos de apoio para alcançar os requisitos e princípios propostos.
Alguns são procedimentos legais como o Licenciamento Ambiental, Gestão de Resíduos
Sólidos, Monitoramento das Emissões, outros buscam dar suporte ao alcance dos objetivos
ambientais tais como estudos de impactos ambientais, auditoria ambiental, indicadores de
performance ambiental, mapeamento de processo, educação ambiental dentre outros.
3.4 INICIATIVAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL
Neste item serão abordados iniciativas, procedimentos e instrumentos que orientam
para a gestão ambiental, o que permitirá identificar algumas características e requisitos
presentes em cada um deles, de forma a caracterizá-los como elementos indicativos da gestão
ambiental com foco na utilização pelas pequenas empresas.
3.4.1 Atuação Responsável
A indústria química, pressionada por sua imagem negativa e pelos acidentes que
provocaram a morte de milhares de pessoas, reagiu a essas pressões criando, através de uma
iniciativa do Canadian Chemical Producers Association - CCPA (Associação dos Produtores
Químicos Canadenses), em 1984, o Programa Atuação Responsável que inclui códigos de
práticas gerenciais, que abrangem as etapas dos processos de fabricação (CAMPOS, 2006).
Atualmente, esse programa é adotado em mais de 50 países, inclusive no Brasil, onde
foi oficialmente lançado em 1992 pela ABIQUIM - Associação Brasileira das Indústrias
Químicas. A implantação do programa Atuação Responsável por parte das empresas
signatárias utiliza o conceito de Diretrizes, que estabelecem os elementos que devem existir
nos sistemas de gestão das empresas associadas. As Diretrizes derivam das Práticas
Gerenciais adotadas no modelo original do Programa, baseado no Responsible Care Program,
e organizadas segundo o conceito de Códigos. Esses Códigos, em número de seis, abrangem
todas as etapas dos processos de fabricação dos produtos químicos, além de tratarem das
peculiaridades dos próprios produtos (ABIQUIM, 2009):
39
1. Segurança de Processos: voltado à prevenção de acidentes nas instalações das indústrias, com foco na análise de riscos de processos e nas ações de gestão dos riscos identificados;
2. Saúde e Segurança do Trabalhador: voltado à prevenção de acidentes pessoais (chamados “típicos” no jargão da área) e de danos à saúde dos trabalhadores nas empresas químicas, com foco na melhoria das condições dos locais de trabalho;
3. Proteção Ambiental: voltado à prevenção da poluição, com foco na gestão dos processos industriais, visando reduzir a geração de efluentes, emissões e resíduos;
4. Transporte e Distribuição: voltado à prevenção dos acidentes no transporte e distribuição de produtos químicos, com foco na análise dos riscos, na gestão das atividades logísticas e na resposta a eventuais emergências decorrentes de acidentes;
5. Diálogo com a Comunidade e Preparação e Atendimento a Emergências: voltado a estabelecer canais de comunicação entre as empresas e as comunidades internas (trabalhadores) e externas (vizinhos), e também a preparar o atendimento a emergências nas instalações da indústria;
6. Gerenciamento do Produto: voltado a fazer com que as questões ligadas à saúde, segurança e meio ambiente fossem consideradas em todas as fases do desenvolvimento, produção, manuseio, utilização e descarte de produtos químicos, com foco nas ações entre a indústria e a cadeia de valor.
Em 2006, a ABIQUIM revisou o Programa, substituindo os antigos Códigos e Práticas
por novas Diretrizes, concebidas seguindo a abordagem de “Sistemas de Gestão”, adequando
aos termos utilizados no meio empresarial. Os antigos Códigos e Práticas deixaram de existir,
mas todo o seu conteúdo foi integralmente incorporado às novas Diretrizes.
Aspectos relevantes decorrentes da evolução da gestão de saúde, segurança e meio
ambiente foram incluídos no novo conjunto, ampliando e modernizando o seu conteúdo.
Além disso, as Diretrizes agora incorporam as dimensões qualidade, social e proteção
empresarial (Security), que passam a fazer parte do Programa de Atuação Responsável
(ABIQUM, 2009).
A estrutura de apresentação das Diretrizes segue a abordagem de sistemas de gestão
baseados no conceito PDCA (Plan – Do – Check – Act), e distribuído segundo temas de
interesse apresentado no quadro 9 :
40
Visão, Missão, Valores e Política
1. Estabelecer a visão, a missão e os valores empresariais. 2. Estabelecer política empresarial e código de ética alinhados com a visão, a missão e os valores empresariais.
Estratégia e Gestão Empresarial
3 Avaliar cenários, definir prioridades e desenvolver estratégia empresarial. 4. Definir os processos e as estruturas organizacionais. 5. Definir política de gestão das pessoas. 6. Definir política de gestão das informações e do conhecimento. 7. Definir diretrizes e critérios para comunicação e relacionamento com as partes interessadas
GO
VE
RN
AN
ÇA
Liderança e Compromisso
8. Demonstrar liderança e compromisso com ambiente empresarial alinhado à visão, missão, valores e à estratégia. 9. Assegurar os recursos necessários para o atendimento dos compromissos, objetivos e metas
Aspectos, Riscos e Ocorrências anormais
10. Identificar e avaliar os aspectos, perigos, riscos e consequências dos processos, produtos e serviços, tanto em situações normais como anormais
Legislação e 11. Desenvolver sistemática para identificar, interpretar e aplicar a legislação e outros requisitos aplicáveis
Diagnóstico 12. Analisar as necessidades e opiniões dos clientes. 13. Identificar e caracterizar as partes interessadas, suas expectativas e demandas. 14. Avaliar as condições dos mercados fornecedores e consumidores e da infraestrutura. 15. Identificar oportunidades para desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços. 16. Avaliar a adequação da empresa frente às demandas
Planos e Programas 17. Definir objetivos e metas de caráter estratégico e de caráter operacional. 18. Identificar planos e programas para atender à estratégia empresarial e aos objetivos e metas. 19. Desenvolver plano de resposta a crises e emergências
Pessoas 20. Definir funções, papéis, responsabilidades e autoridade para a execução das atividades
Diálogo 21. Definir instrumentos, canais e processos para o diálogo com as partes interessadas
PLA
NE
JAM
EN
TO
Monitoramente e Verificações
22. Estruturar metodologias para definir e utilizar indicadores voltados à avaliação de desempenho das pessoas, processos, produtos e serviços prestados ou utilizados. 23. Definir ferramentas de verificação para avaliar a gestão e a realização dos resultados esperados
Legislação e Outros Requisitos
24. Implementar sistemáticas para o acompanhamento, interpretação e participação na elaboração e revisão da legislação e de outros requisitos aplicáveis às pessoas, processos, produtos e serviços. 25. Constituir instrumentos, canais e processos para diálogo com a comunidade interna. 26. Implementar processos para atração, recrutamento, seleção, desenvolvimento, retenção e desligamento das pessoas. 27. Implementar sistemas para a gestão das informações e do conhecimento.
Clientes e Usuários 28. Implementar processos de especificação e negociação para a comercialização de produtos e serviços. 29. Implementar processos para intercâmbio de informações com os clientes e usuários. 30. Implementar processos de qualificação de clientes. 31. Implementar processos de relacionamento com clientes e usuários
Fornecedores 32. Implementar processos de especificação e negociação para a aquisição de produtos e serviços. 33. Implementar processos para intercâmbio de informações com os fornecedores. 34. Implementar processos de qualificação de fornecedores de produtos e serviços. 35. Implementar processos de relacionamento com fornecedores.
Sociedade 36. Implementar instrumentos, canais e processos para diálogo com as comunidades e demais partes interessadas. 37. Manter programas que apoiem ou implementem iniciativas ligadas a temas ambientais, econômicos ou sociais. 38. Participar da elaboração, aperfeiçoamento e execução de políticas públicas de interesse geral 39. Alinhar e integrar as pessoas, funções e sistemas aos processos organizacionais.
EX
EC
UÇ
ÃO
Controle de Processos, Produtos e Serviços
40. Aplicar programas de manutenção e de controle das operações. 41. Estabelecer programas para o gerenciamento dos riscos e consequências dos processos, produtos e serviços. 42. Promover pesquisa e desenvolvimento voltados a novos processos, produtos e serviços. 43. Implementar sistemas para a gestão de mudanças em pessoas, processos, produtos e serviços. 44. Implementar e exercitar planos para resposta a crises e emergências. 45. Divulgar para as partes interessadas os planos para resposta a emergências. 46. Manter processos para intercâmbio de informações e experiências relacionadas à resposta a crises e emergências.
Monitoramento e Verificação
47. Calibrar e manter os dispositivos de monitoração e controle dos processos, produtos e serviços. 48. Monitorar e avaliar o desempenho e os impactos dos processos, produtos e serviços. 49. Monitorar e avaliar o atendimento à legislação e a outros requisitos. 50. Monitorar e avaliar o grau de satisfação dos clientes e demais partes interessadas em relação aos processos, produtos e serviços. 51. Monitorar e avaliar o desempenho das pessoas e a efetividade dos processos de gestão de pessoas. 52. Monitorar e avaliar as relações com fornecedores, distribuidores, clientes e demais partes interessadas. 53. Monitorar e avaliar o desempenho dos fornecedores e distribuidores. 54. Monitorar e avaliar o desempenho dos clientes. 55. Monitorar e avaliar a efetividade dos processos de comunicação com as partes interessadas, assim como a imagem interna e externa da organização, dos produtos e serviços. 56. Executar auditorias no sistema de gestão.
AC
OM
PA
NH
AM
EN
TO
Ações Preventivas e Corretivas
57. Adotar procedimentos para tratar acidentes, incidentes, não conformidades e demais desvios. 58. Providenciar a resolução de possíveis passivos relacionados às pessoas, processos e produtos. 59. Produzir e divulgar informações sobre as atividades desenvolvidas e os resultados obtidos
AN
Á
LIS
E
Análise da Gestão 60. Analisar o sistema de gestão e os resultados obtidos. 61. Analisar a evolução e as tendências dos aspectos externos. 62. Utilizar os resultados da análise da gestão para o aprendizado da organização
Quadro 9 – Diretrizes do Programa de Atuação Responsável Fonte: ABIQUIM, 2009
41
3.4.2 EMAS - Eco-Management and Audit Schem
O Sistema Europeu de Ecogestão e Auditoria é uma iniciativa de gestão para
empresas e outras organizações que visa avaliar, relatar e melhorar o seu desempenho
ambiental. O sistema foi disponibilizado para a participação das empresas desde 1995
(Regulamento CEE n º 1836/93, de 29 de junho de 1993) e foi inicialmente restrito a
empresas industriais (EMAS, 2008).
De acordo com o regulamento, para receber o registro no EMAS, uma organização
deve cumprir os seguintes passos :
a. Proceder a um levantamento ambiental considerando todos os aspectos ambientais das
atividades da organização, produtos e serviços, além da legislação aplicável.
b. Estabelecer um sistema de gestão ambiental visando atingir a política ambiental, por
meio da definição de responsabilidades, objetivos, meios, procedimentos operacionais,
necessidades de formação, acompanhamento e sistemas de comunicação.
c. Proceder auditoria ambiental, para avaliar o sistema de gestão em conformidade com a
política e os programas da organização, bem como a conformidade com os requisitos
regulamentares ambientais.
d. Fornecer uma declaração do seu desempenho ambiental, que estabelece os resultados
obtidos em relação aos objetivos ambientais e as futuras medidas a ser adotadas no
sentido de melhorar continuamente o desempenho ambiental da organização.
A análise ambiental, o sistema de gestão, o procedimento de auditoria e a declaração
ambiental devem ser aprovados por um verificador acreditado pelo EMAS e, depois de
validada a declaração, tem de ser enviada para o organismo competente para o registro, antes
de a organização poder usar o logotipo EMAS (FANG, 2001).
Segundo Harres (2004), uma questão fundamental do EMAS consiste na adoção por
parte da organização da Declaração Ambiental, que é concluída após a primeira auditoria do
sistema. Ela deve ser distribuída publicamente, e deve incluir:
� Evidência de que a política ambiental está completa;
� Informação de que os objetivos, metas e a política ambiental são coerentes;
� Uma descrição das atividades no local em que estão sendo avaliadas;
42
� Uma avaliação dos impactos ambientais associados com o local;
� Um resumo das emissões poluentes, geração de resíduos, consumo de matéria prima, uso da água e energia, e outras características ambientais significativas do local;
� Uma avaliação dos fatores relacionados com o desempenho ambiental no local;
� A política ambiental da companhia;
� Prazo final fixado para a submissão da próxima declaração ambiental;
� Nome do verificador acreditado.
Desde 2001, o EMAS foi aberto a todos os setores econômicos, incluindo os serviços
públicos e privados. Além disso, o EMAS foi reforçado pela integração da norma ISO 14001,
como o sistema de gestão ambiental exigido para ter seu registro. A participação é voluntária
e se estende a organizações que operam na União Europeia.
Com o intuito de destacar as diferenças entre estes requisitos, Fang (2001) relacionou
uma série de características do EMAS e da série de normas ISO 14000, para se poder
estabelecer uma comparação.
EMAS ISO 14000
Regulamentação da União Europeia que se aplica somente aos países membros
Norma global aplicável em todos os países
Voluntária Voluntária
Desenvolvido por uma ampla coalizão de grupos interessados da indústria, do público e do governo.
Desenvolvido por representantes das associações de normas nacionais participantes.
Requer a preparação de uma declaração ambiental disponível publicamente, que seja verificada externamente.
Existe requisito para uma declaração ambiental - só a política ambiental é que deve ser disponibilizada publicamente
Exige relatório público da melhoria do desempenho O desempenho precisa ser relatado somente para o gerenciamento interno
Aplica-se somente a um local. Aplica-se a qualquer tipo e porte de organização: corporações, divisões de uma corporação, um local ou instalação específica.
Exige-se da companhia o cumprimento de todos os requisitos legais.
Deve existir um comprometimento com a conformidade legal
Os fornecedores estão sujeitos à mesma política ambiental assumida pela companhia
A organização deve comunicar os procedimentos e requisitos aos fornecedores e empreiteiros
É exigido, pelo menos, um ciclo de auditorias a cada três anos
Não existe frequência para auditoria, (senão periodicamente)
Exige-se verificação de terceira parte. A certificação pode ser interna (autocertificado) ou por uma terceira parte.
Quadro 10 – Características do EMAS e da ISO 14000 Fonte: Adaptado de FANG, 2001
43
Observa-se que o EMAS enfoca com maior rigor a comunicação da organização e do
desempenho de seu sistema com a sociedade, por meio da Declaração Ambiental que traz uma
fotografia da gestão ambiental da organização. Essa declaração inclui, conforme citado
anteriormente, a divulgação da política ambiental, dos objetivos e metas, dos impactos
ambientais da organização, das informações relativas às emissões de poluentes bem como a
data da apresentação da próxima Declaração Ambiental. Já a ISO 14.001 possui, como
requisito, apenas a disponibilização pública da política ambiental, restringindo assim o acesso
aos objetivos, metas, indicadores e os impactos ambientais da empresa (FANG 2001).
Com relação à implantação em pequenas empresas, foi desenvolvido em parceria
com o International Network for Environmental Management - INEM um “tool kit” - kit de
ferramentas EMAS para pequenas empresas, que reúne modelos e orientações desenvolvidos,
experimentados e testadas em PME, além de exemplos e estudos de caso de estabelecimento
de sistema de gestão ambiental. Esse “kit” pode ser acessado no site: http://ec.europa.eu/
environment/emas/toolkit/, e utilizado por qualquer pequena empresa, mesmo que não deseje
ser registrado no EMAS ou que opere fora da União Europeia.
3.4.3 Princípios CERES
Fundada em 1989, a Coalition for Environmentally Responsible Economies
(CERES), é uma organização sem fins lucrativos composta por adesão de profissionais,
grupos ambientais, organizações religiosas, gestores de fundos públicos e grupos de interesse
público. Os Princípios CERES, lançado em 1989, como os Princípios de Valdez representam
um código de conduta criado para incentivar o desenvolvimento de programas para prevenir a
degradação ambiental, ajudar as empresas na definição de sua política ambiental e auxiliar os
investidores a tomar decisões tendo como base questões ambientais (ARVANITOYANNIS,
2008).
Ao subscrever os Princípios CERES, as empresas não apenas formalizam sua
dedicação à consciência e responsabilidade ambiental, mas também o compromisso de
empenhar-se ativamente num processo contínuo de melhoria, diálogo e fornecimento de
informação pública abrangente, já que a elaboração de relatórios periódicos sobre a gestão e o
desempenho ambiental alcançado é requisito mandatório. Os dez princípios CERES são
descritos no quadro 11.
44
Princípios Características
1. Proteção da biosfera
Reduzir e fazer progressos contínuos no sentido de eliminar o lançamento de qualquer substância que pode causar danos ambientais ao ar, água ou a terra ou seus habitantes. Proteger os habitats afetados pelas operações e proteger os espaços naturais, preservando a biodiversidade
2. Uso Sustentável dos Recursos Naturais
Usar, de forma sustentável, os recursos naturais renováveis, tais como água, solos e florestas. Conservar os recursos naturais renováveis, através do uso eficiente e um planejamento cuidadoso.
3. Redução e Eliminação de Resíduos Reduzir e, se possível, eliminar os resíduos através da redução na fonte e da reciclagem. Todos os resíduos devem ser tratados e eliminados através de métodos seguros e responsáveis
4. Conservação de Energia Economizar energia e melhorar a eficiência energética das operações internas e dos bens e serviços que são vendidos.. Realizar todos os esforços no sentido de utilizar fontes de energia ambientalmente segura e sustentável
5. Redução de Risco Minimizar os riscos para o ambiente, a saúde e a segurança dos empregados e nas comunidades em que operamos por meio de tecnologias de segurança, instalações e procedimentos operacionais, e sendo preparado para emergências
6. Produtos e Serviços seguros Reduzir e, se possível eliminar a utilização, fabricação e venda de produtos e serviços que causam danos ambientais ou de saúde ou de riscos de segurança. Informar os clientes sobre os impactos ambientais dos nossos produtos ou serviços e tentar corrigir uso inseguro.
7. Restauração Ambiental Prontamente e de forma responsável, corrigir as condições que causaram perigo para a saúde, a segurança ou o ambiente. Cuidar, na medida do possível, dos ferimentos causados às pessoas e reparar danos ao meio ambiente.
8. Informação ao Público Informar, em tempo hábil, a todos que podem ser afetados por condições provocadas pela empresa que possam comprometer a saúde, a segurança ou o ambiente. Regularmente, procurar conselhos e orientações através do diálogo com pessoas de comunidades próximas. Não tomar qualquer medida contra os trabalhadores que notificaram incidentes perigosos ou gestão inadequadas às autoridades competentes.
9. Gestão de Compromisso Aplicar esses princípios e sustentar um processo que garante que o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva sejam plenamente informados sobre as questões ambientais pertinentes, já que são os responsáveis pela política ambiental.
10. Auditorias e Relatórios Realizar uma auto-avaliação anual do progresso na implementação destes Princípios. Apoiar a criação dos procedimentos de auditoria geralmente aceites. Concluir o relatório anual Ceres, que será disponibilizados ao público
Quadro 11 – Características dos Princípios CERES Fonte: CERES, 2010
Esses princípios visam estabelecer critérios que permitem às partes interessadas
avaliar, de forma eficaz, o desempenho ambiental das empresas. As empresas que endossam
esses princípios comprometem-se a buscar voluntariamente alcançar padrões de qualidade
ambiental além das exigências da lei (ARVANITOYANNIS, 2008).
Ao se comparar os Princípios CERES com requisitos recomendados pela ISO14001
para Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), percebem-se claramente diferenças de enfoque.
Os Princípios CERES reconhecem a importância da gestão, porém procura enfatizar a
45
necessidade das empresas de proteger a Terra e agir de forma responsável com o meio
ambiente, a fim de permitir que as futuras gerações possam se sustentar. Já a norma ISO
14001 é mais focada para o negócio e, apesar de constituir um documento com uma série de
requisitos, não está claro o compromisso social com a comunidade. Embora a ISO 14001
provavelmente não satisfaça os ambientalistas, é uma boa abordagem para internalizar as
questões ambientais na gestão empresarial.
3.4.4 Normas da Série ISO 14000
A série ISO 14000 são normas internacionais publicadas em 1996 pela International
Organization for Standardization (ISO), com o objetivo de orientar as organizações na
implantação de um SGA e na adoção e desenvolvimento de ações e boas práticas gerenciais,
tendo como foco o controle dos impactos ambientais gerados pelas atividades, produtos ou
serviços, e na melhoria do desempenho ambiental.
Furtado (2003) , Cajazeiras (2005) e Barbieri (2007) afirmam que dois fatores
aceleraram decisivamente a publicação de uma norma internacional de gestão ambiental. O
primeiro foram as discussões na Rodada do Uruguai, no âmbito do GATT (Acordo Geral de
Transporte e Tarifas), patrocinado pela OIC (Organização Internacional do Comércio),
referente à criação de barreiras técnicas para proteger mercados, expondo sobremaneira as
diferenças dos custos ambientais e sociais entre os países desenvolvidos e em
desenvolvimento. O segundo foi a CNUMAD (Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento), realizada no Rio de Janeiro em 1992, quando foram
aprovados diversos documentos importantes como a Convenção sobre Mudanças Climáticas,
sobre a Biodiversidade e a Agenda 21.
A ISO, fundada em 1946 e com sede em Genebra na Suíça, é uma instituição
formada por órgãos internacionais de normalização, cuja representação do Brasil cabe a
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para desenvolver suas atividades, a ISO
está estruturada em aproximadamente 180 comitês técnicos (TC) responsáveis em
desenvolver padrões internacionais de consenso para a produção industrial, comunicação,
comércio e sistemas de gestão. Para a elaboração das Normas da série ISO14000, foi criado o
46
comitê técnico – TC 207, sendo que as primeiras normas sobre gestão ambiental foram
editadas em 1996: a ISO 14.001 e 14.004, ambas sobre SGA (CAJAZEIRAS, 2005).
Outros temas ambientais foram objetos de discussão pela ISO, tanto que foram
publicadas normas que estabelecem diretrizes para auditorias ambientais, avaliação de
desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos. Porém, a
ISO14001 é o único padrão normativo dessa série, cujos requisitos e especificações permitem
que a empresa possa ser avaliada e certificada.
Seiffert (2008) classifica as normas sobre gestão ambiental da série ISO14000 em
dois tipos básicos: as que enfocam a organização como um todo, e aquelas que estabelecem
diretrizes e recomendações sobre produto e processo. Essa divisão é apresentada na figura 6.
Figura 6: Classificação da série de normas ISO 14000 Fonte: Seiffert (2008)
Gestão Ambiental
Sistema de Gestão Ambiental
Avaliação de desempenho Ambiental
Auditoria Ambiental
Organização
Rotulagem Ambiental
Avaliação do ciclo de vida
Aspectos Ambientais em normas de produtos
Produto e processo
47
3.4.4.1 Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e 14004)
O objetivo da ISO 14001 é especificar requisitos relativos a um SGA permitindo a
uma organização desenvolver uma política e objetivos que levem em conta os requisitos
legais e outros requisitos subscritos, além das informações referentes aos aspectos ambientais
(ABNT, 2004a).
A norma ISO 14001 é dividida em cinco secções principais (figura 7):
(1) política ambiental: elaboração e internalização de uma declaração de intenções e
princípios ambientais sob a responsabilidade da alta direção; (2) planejamento: corresponde a
estabelecer um plano para o cumprimento da política ambiental, por meio do mapeamento dos
processos, identificação dos aspectos e impactos ambientais correspondente, levantamento
da legislação aplicável e proposição de objetivos e metas específicas a ser implementadas em
um Programa de Gestão Ambiental - PGA; (3) implementação e operação: desenvolvimento
de mecanismos para apoiar a implementação da Política, objetivos e metas ambientais que
envolvem a definição de responsabilidades para com o sistema, capacitação, o controle de
documentos e operações, e a preparação e resposta a emergências; (4) verificação e ação
corretiva: implica em procedimentos para controlar as operações e prevenir e mitigar qualquer
não-conformidade com os objetivos e metas, e (5) análise crítica da gestão: criação de
processos através dos quais os gerentes seniores analisam a adequação e eficácia do sistema
para propor introduzir alterações apropriadas (ABNT, 2004a).
Figura 7: Ciclo de Implantação da ISO 14001 Fonte: ABNT, 2004a.
48
Uma organização pode optar por realizar uma verificação das lacunas existentes na
gestão em relação aos requisitos da norma, apesar de não ser uma etapa exigida pela norma.
Essa etapa é denominada por algumas empresas de Análise Crítica Preparatória ou
Diagnóstica Preliminar, que servirá de subsídio para a identificação dos pontos críticos que
devem ser focalizados. Os elementos e características das etapas de implantação do SGA
estão descritos no quadro 12.
ETAPA ELEMENTOS CARACTERÍSTICAS
1. P
olíti
ca
Am
bien
tal
Documento da Política Ambiental
Declaração da empresa demonstrando seu comprometimento com o meio ambiente
Identificação de aspectos e impactos ambientais.
Identificação e definição do grau de significância das atividades, produtos/serviços da empresa que interagem com o meio ambiente.
Requisitos legais e outros requisitos
Identificação, acesso e cumprimento da legislação e de outros requisitos setoriais que se a apliquem aos aspectos ambientais da empresa.
2. P
lane
jam
ento
Objetivos, metas e Programa de Gestão Ambiental
Definição de objetivos ambientais e estratégias para alcançá-los.
Estrutura e Responsabilidade
Definição da estrutura, responsabilidades necessárias para implementar e facilitar o SGA.
Treinamento, conscientização e competência
Plano de treinamento que possa garantir que todos os empregados, envolvidos com impactos significativos estejam capacitados para dar suporte ao SGA.
Comunicação
Definição de procedimentos para facilitar a comunicação interna e externa referente ao SGA
Documentação do SGA
Organização de um sistema de documentação para dar apoio ao SGA.
Controle de documentos.
Definição de procedimentos para um efetivo gerenciamento e controle de todos os documentos do SGA.
Controle operacional
Identificação e controle das operações e atividades associadas com os impactos aspectos ambientais.
Registros
Definição de procedimentos para a identificação, manutenção e descartes de registros ambientais.
3- Im
plem
enta
ção
e O
pera
ção
Preparação e atendimento à emergência
Identificação de riscos, preparação para enfrentar e evitar acidentes ambientais.
Auditorias do SGA
Realização de auditorias periódicas do SGA
4- V
erifi
caçã
o e
Açã
o C
orre
tiva
Não-conformidades e ações corretivas e preventivas
Definição de procedimentos para prevenir e/ou eliminar a recorrência de não-conformidades.
5-A
nális
e C
rític
a
Análise Crítica pela Administração
Definição de procedimentos para a alta administração revisar periodicamente a o SGA, tendo como foco a busca da melhoria contínua.
Quadro 12 – Características da ISO 14001 Fonte: Macedo 2003
A segunda norma internacional sobre SGA publicada foi a ISO 14004 (Sistemas de
gestão ambiental - Normas gerais sobre princípios, técnicas de sistemas e suporte). Como o
49
próprio título sugere, a ISO 14004 consiste na orientação geral sobre uma ampla gama de
questões de sistemas de gestão e orientações específicas sobre todos os elementos de gestão
da ISO 14001. As orientações incluem perguntas de autoavaliação para cada elemento de
gestão e uma seção com ajuda prática baseado na experiência do setor industrial na gestão
ambiental. Como a ISO 14004 apresenta um caráter não-certificável, as informações auxiliam
tantos as empresas que pretendem certificar-se na norma ISO 14001, bem como para as que
tem interesse em estabelecer um SGA, mas não estão prontas para a cerificação.
3.4.4.2 Auditoria de SGA (ISO 19011)
Esta norma fornece orientação sobre princípios de auditoria, gestão de programa de
auditoria e os procedimentos para a condução de auditoria, incluindo os critérios para
qualificação de auditores de um SGA certificável. Não estabelece requisitos, mas fornece
orientações que podem ser úteis no estabelecimento dos requisitos de auditoria pelos usuários.
Auditoria ambiental é um processo sistemático, documentado e independente para
obter evidências de auditoria e avaliá-las objetivamente, para determinar a extensão na qual os
critérios de auditoria são atendidos. Critérios de auditoria são políticas, procedimentos, ou
requisitos que são usados como referência contra que as evidências de auditoria (registros
obtidos por verificação de documentos, observação de atividades, resultados de ensaios ou
entrevistas) são confrontadas para verificar a aderência e conformidade destas evidências com
os critérios de auditoria (ABNT, 2004c).
A auditoria ambiental pode ser voluntária, imposta por legislação local, ou resultante
de circunstâncias especiais como a ocorrência de acidentes ambientais graves, ou ainda, como
exigência de compradores interessados nos ativos do estabelecimento e na identificação de
eventuais passivos ambientais. Pode ainda ser interna ou externa, realizada por empresas
especializadas, quando houver motivos legais ou políticos que os justifiquem, preocupação
com futuras ações indenizatórias, exigências de companhias seguradoras, exigências de
clientes, particularmente importadores, desejo de melhorar a transparência da imagem da
empresa. Quando o motivo for a certificação do estabelecimento pela ISO 14001, a auditoria
deverá ser feita por uma terceira-parte devidamente credenciada. Quanto aos seus objetivos,
as auditorias ambientais podem ser: técnicas, de conformidade legal, de gerência, de
responsabilidade e completas (GRUMMT FILHO e WATZLAWICK, 2008).
50
Os objetivos que uma Auditoria Ambiental visa alcançar são os seguintes (ABNT,
2004c):
a) Verificar a conformidade da empresa com a legislação aplicável (municipais,
estaduais, federais, de segurança, etc.) levando em conta os passivos ambientais
identificados e os custos eventuais de sua reabilitação.
b) Informar a direção da empresa sobre a eficácia do SGA implantado, indicando
correções e recomendando eventuais modificações.
c) Identificar possíveis melhorias na gestão dos gastos designados à correção de
problemas ambientais.
d) Verificar se a destinação e o eventual transporte dos resíduos gerados estão
sendo feitos de forma legal e correta.
Para alcançar esses objetivos a empresa deve estabelecer um Programa de Auditoria
definido como um conjunto de auditorias planejadas para um período de tempo específico;
além disso, a norma ISO 19011 recomenda que seja designado um responsável para
estabelecer, implementar, monitorar, analisar criticamente e melhorar o programa. Na figura
8, são resumidas as atividades de auditoria recomendadas por essa norma.
Item Características
Definição da equipe auditora, o objetivo, escopo e critérios de auditoria.
Preparação do plano de auditoria, das listas de verificação e divisão do trabalho entre a equipe.
Realização da reunião de abertura, coleta de informações, geração de constatações de auditoria, conclusão e reunião final.
Preparação, aprovação e distribuição do relatório final. Verificação da eficácia das ações corretivas e/ou preventivas.
Figura 8: Atividades de Auditoria Fonte: Adaptado de STARKEY (1998)
Iniciando a auditoria
Preparando as atividades da auditoria
Executando a auditoria
Preparando, aprovando e distribuindo o relatório de auditoria
51
A Auditoria Ambiental constitui uma parte fundamental do SGA da norma ISO
14001, pois através desse instrumento é possível manter a sistemática do PDCA visando a
melhoria contínua. Normalmente, as organizações, ao implementarem um programa de
gestão, demonstram um entusiasmo inicial, fruto do aprendizado de novas competências e da
implantação de melhorias. Porém, com o tempo, o entusiasmo se acomoda e a tendência é que
o programa seja descontinuado. O estabelecimento de um programa de auditoria talvez seja o
melhor instrumento para evitar descontinuidades e buscar constantemente melhorias.
3.4.4.3 Avaliação de Desempenho Ambiental (ISO 14031)
Vários autores como Jasch (2000), Rao et al (2006), Burke e Gaughran (2006) e
Perroto (2008) observam que, normalmente, sistema de gestão ambiental, tais como o
estabelecido pela ISO 14001, requer um compromisso explícito para a melhoria contínua do
desempenho ambiental, mas não a utilização de indicadores. Estes são, porém, de grande
importância no acompanhamento e avaliação do desempenho ambiental. Usando parâmetros e
comparações, o desempenho ambiental do ano anterior pode ser comparado em relação ao seu
valor presente, e assim novas metas de desempenho podem ser propostas. O resultado
ambiental da empresa permite que a administração faça metas precisas e confiáveis para o ano
seguinte.
Ciente da importância dos indicadores ambientais, a ISO publicou em 1999 e revisou
em 2004 a norma ISO 14031, que dá orientações sobre a concepção e utilização de Avaliação
de Desempenho Ambiental - ADA de uma organização. Segundo essa norma a ADA é:
[...] um processo para facilitar as decisões gerenciais com relação ao desempenho ambiental de uma organização e que compreende a seleção de indicadores, a coleta e análise de dados, a avaliação da informação em comparação com critérios de desempenho ambiental, os relatórios e informes, as análises críticas periódicas e as melhorias deste processo (ABNT, 2004b).
É importante observar que uma organização com um SGA poderá avaliar o seu
desempenho ambiental em relação a sua política ambiental, objetivos, metas ou outros
critérios. Contudo, caso essa organização não tenha estabelecido um SGA formal, pode usar a
ADA para auxiliar na identificação de seus aspectos ambientais significativos, na definição de
critérios e de medidas de avaliação do seu desempenho ambiental em função destes critérios.
52
Portanto, ter os aspectos ambientais das atividades da organização, produtos e
serviços identificados é condição fundamental para avaliar o desempenho ambiental e, para
determinar quais são os aspectos ambientais significativos, é essencial definir alguns critérios
de importância, que devem ser abrangentes, adequados para verificação independente,
reprodutíveis e passíveis de verificação. Os aspectos e impactos significativos identificados
são necessários para determinar se e onde o controle ou a melhoria é indispensável, bem como
para definir prioridades de ação da gestão (PERROTO, 2008).
Starkey (1998), Jasch (2000), O’Reilly (2000), Rao et al (2006) e Perroto (2008)
comentam que a utilização de indicadores ambientais auxiliam as organizações no
acompanhamento das prioridades de ação relacionados a gestão dos aspectos e impactos
ambientais. Indicadores permitem quantificar e demonstrar o desempenho ambiental
apresentando uma fotografia instantânea e representativa da empresa em relação à sua
situação ambiental.
Exemplos de outros instrumentos de gestão que podem ser utilizados para fornecer
informações adicionais para a ADA incluem o diagnóstico ambiental, auditorias e a Avaliação
do Ciclo de Vida (ACV). Enquanto a ADA focaliza e descreve continuamente o desempenho
ambiental de uma organização, o diagnóstico ambiental é uma análise inicial abrangente da
situação ambiental da empresa e as opções de melhoria. Já as auditorias ambientais são
realizadas periodicamente para verificar a conformidade com os requisitos definidos, e a
ACV descreve o desempenho ambiental dos produtos e serviços sobre os sistemas em seu
ciclo de vida (JASCH, 2000).
Indicadores ambientais oferecem à alta gestão um conjunto de dados abrangentes e
concisos em um vasto mar de informação ambiental. Eles fornecem aos tomadores de decisão
uma visão global dos progressos relevantes, e destacam áreas problemáticas. Além disso,
possibilita a comparação entre diferentes empresas no mesmo setor, permitindo encontrar
ineficiências, oportunidades de mercado e possibilidades de redução de custos.
A NBR ISO 14031 (ABNT, 2004b) define Indicadores de Desempenho Ambiental
como “expressão específica que fornece informação sobre o desempenho ambiental de uma
organização”, e descreve duas categorias gerais de indicadores a ser considerados na
53
condução da Avaliação de Desempenho Ambiental: o Indicador de Desempenho Ambiental
(IDA) e o Indicador de Condição Ambiental (ICA). No quadro 13 são categorizados os
indicadores utilizados na ADA.
Categoria Tipo Aspecto Ambiental
Consumo de energia Indicador de Desempenho Operacional (IDO) Consumo de matéria-prima
Consumo de materiais
Indicador de Desempenho Ambiental (IDA)
Indicador de Desempenho de Gestão (IDG)
Gestão de resíduos sólidos
Indicador de Condição Ambiental (ICA)
Índice de qualidade da água; índice de qualidade do ar
Quadro 13 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental Fonte: ABNT, 2004b.
Os Indicadores de Condição Ambiental – ICA fornecem informações sobre a
qualidade do meio ambiente onde está localizada a empresa, por meio dos resultados de
medições efetuadas de acordo com os requisitos legais.
Os Indicadores de Desempenho Ambiental – IDA possuem dois tipos, o de gestão e o
de operação. Os Indicadores de Desempenho de Gestão – IDG – fornecem informações
relativas aos esforços de gestão da empresa que influenciam o desempenho ambiental, como a
redução do consumo de materiais ou a melhoria do gerenciamento de seus resíduos sólidos. Já
os Indicadores de Desempenho Operacional – IDO – proporcionam informações relacionadas
às operações do processo produtivo, tais como o consumo de água, energia ou matéria-prima.
É importante ressaltar que a realização da ADA deve considerar que as decisões de
gestão da empresa estão intimamente relacionadas com o desempenho de suas operações. A
figura 9 mostra as inter-relações entre a gestão da empresa, suas operações e a condição
ambiental circundante, especificando o tipo de indicador mais adequado para a ADA relativo
a cada um desses aspectos.
54
Figura 9: Relação da empresa com a condição ambiental do meio Fonte: ABNT, 2004b
De acordo com a FIESP (2003), a seleção de indicadores de desempenho para serem
utilizados por uma dada organização deve basear-se em alguns aspectos, tais como:
• objetivos da avaliação;
• abrangência de suas atividades, produtos e serviços;
• condições ambientais locais e regionais;
• aspectos ambientais significativos;
• requisitos legais e outras demandas da sociedade;
• capacidade de recursos financeiros, materiais e humanos para o
desenvolvimento das medições.
Dessa forma, dependendo do tipo de avaliação que se queira proceder, podem ser
selecionados os Indicadores de Desempenho Ambiental mais adequados. Nos quadros 14 e 15
são apresentados alguns exemplos para seleção.
Quanto aos Indicadores de Condição Ambiental, os dados e informações
normalmente são fornecidos pelas agências governamentais, ONGs e instituições de pesquisa,
cabendo à organização identificar a relação entre suas atividades e a condição de algum
componente do meio ambiente. As informações das condições ambientais geralmente são
públicas e versam sobre as propriedades e qualidade dos principais corpos d’água; qualidade
Entrada
Insumos
Saída
Produtos +
Resíduos
(Processo Produtivo )
Operação da Organização (IDO)
Instalações Físicas e Equipamento
CONDIÇÃO AMBIENTAL E OUTRAS FONTES
� Consumo de Energia
� Consumo de Insumos
� Lançamento de efluentes
Gerencia da Organização (IDG)
Organização (IDA)
Condição Ambiental (ICA)
PARTES INTERESSADAS � Governo � ONG � Comunidade
55
do ar regional; espécies ameaçadas; quantidade ou qualidade de recursos naturais; mudanças
climáticas globais; etc.
FOCO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
EXEMPLO DE INDICADORES DE DESEMPENHO OPERACIONAL
1. MATERIAIS ■ materiais usados / produto
■ materiais ou matéria-prima reciclados ou reutilizados
■ embalagens descartadas ou reutilizadas / produto
2. ENERGIA ■ tipo de energia usada / ano ou por produto ou serviço
■ tipo de energia gerada com subprodutos ou correntes de processo
3. ÁGUA ■ água consumida/ano ou por produto
■ água reutilizada/ano ou por produto
4. FORNECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO
■ consumo médio de combustível da frota de veículos
5. RESÍDUOS ■ resíduos/ano ou por produto
■ resíduos perigosos, recicláveis ou reutilizáveis produzidos / ano
■ resíduos perigosos eliminados devido a substituição de material
6. EFLUENTES LÍQUIDOS ■ volume de efluente orgânico / produto
■ volume de efluente inorgânico/ produto
7. EMISSÕES ■ emissões atmosféricas prejudiciais à camada de ozônio
■ emissões de gases de efeito estufa, em CO2 equivalentes/ano ou por produto
8. RUÍDO ■ nível de ruído
Quadro 14 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental Fonte FIESP, 2003
FOCO DA AVALIAÇÃO EXEMPLO DE INDICADORES
1. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS
■ número de iniciativas implementadas para a prevenção de poluição
■ níveis gerenciais com responsabilidades ambientais específicas
■ número de empregados que participam em treinamentos ambientais
2. CONFORMIDADE ■ número de multas e penalidades ou reclamações e os custos a elas atribuídos
3. DESEMPENHO FINANCEIRO ■ gastos (operacional e de capital) associados com a gestão e controle ambiental
■ economia obtida através da gestão e controle ambiental
■ responsabilidade legal ambiental que pode ter um impacto material na situação financeira da indústria
4. RELAÇÕES COM A COMUNIDADE
■ número de programas educacionais ambientais ou quantidade de materiais fornecidos à comunidade
■ índice de aprovação em pesquisas nas comunidades
Quadro 15 – Indicadores de Desempenho Gerencial Fonte FIEP, 2003
56
A implantação de um sistema de indicadores não é uma exigência legal, porém sua
utilização pode ser relevante para a gestão ambiental. A mensuração, controle e
monitoramento das condições operacionais e ambientais auxiliam a melhoria de desempenho,
pois direcionam os esforços das empresas rumo a ações preventivas e/ou corretivas de seus
impactos ambientais.
3.4.4.4 Rotulagem Ambiental (ISO 14020, ISO 14021, ISO 14024 e ISO 14025)
Rótulo ecológico é uma etiqueta que identifica produtos que são considerados menos
nocivos para o meio ambiente, concedido por uma terceira parte com base em considerações
de ciclo de vida, para produtos que atendam os padrões ambientais estabelecidos (GEN,
2004).
Os rótulos ambientais sinalizam características ambientais em produtos sob a forma
de afirmações, símbolos apostos nos produtos ou nas suas embalagens, informações em bulas
e manuais, expressões de propaganda, e outras formas de comunicação, destacando as
qualidades do produto em termos ambientais como a biodegradabilidade, retornabilidade,
percentual de material reciclado e eficiência energética. Na média em que se diferenciam
produtos e serviços, os rótulos e as declarações podem ser utilizados como instrumentos de
estratégia de marketing da empresas (BARBIERI, 2007).
Portanto, o consumidor ao comprar um produto com um selo ambiental supõe que o
produto adquirido apresente menor impacto ao meio ambiente em relação a outros produtos
comparáveis disponíveis no mercado.
Como a rotulagem ambiental é um instrumento de comunicação com o mercado, é
possível ser utilizada como uma ferramenta que pode contribuir para a implementação de
políticas públicas em prol do desenvolvimento de novos padrões de consumo, que envolvem
condições ambientalmente mais saudáveis e que possa contribuir para a evolução da produção
industrial (PREUSSLER, 2007).
O selo verde mais antigo conhecido é o Anjo Azul, introduzido na então República
Federal da Alemanha em 1978. Com o tempo, outros selos ou rótulos verdes foram criados
em outros países, e hoje há centenas deles: o European Union Eco-label, o NF-Environment
57
na França, Environmental Choise no Canadá, Cisne Branco em países escandinavos, e muitos
outros, criados inclusive por organizações independentes, contudo os sinais de reciclagem
impressos em produtos e embalagens talvez sejam os selos ou rótulos verdes mais conhecidos
do grande público (BARBIERI, 2007).
A proliferação dos rótulos ambientais em diversos países, por um lado, resultou na
aceitação por parte dos consumidores e, por outro, acabou gerando certa confusão que
demandou a definição de normas e diretrizes para a rotulagem ambiental. Assim, o mercado
sentiu a necessidade de que entidades independentes averiguassem as características dos
produtos e os rótulos e declarações ambientais que neles estavam contidos, com o intuito de
assegurar e reforçar a transparência, imparcialidade e a credibilidade da rotulagem ambiental
(PREUSSLER, 2007).
Em 1994, alguns países se reuniram para formar a Global Ecolabelling Network
(GEN) com o objetivo de aprimorar e desenvolver a rotulagem ambiental em todo o mundo.
Através da GEN, as diversas organizações nacionais trocam informações e prestam
assistência mútua. A coordenação internacional busca promover o desenvolvimento gradual
de programas de rotulagem ambiental nos países, especialmente naqueles que desejem
introduzir um sistema de rotulagem ambiental.
Atualmente, os 28 membros da GEN incluem organizações da Bélgica, Brasil, China,
Dinamarca, Alemanha, Grécia, Reino Unido, Hong Kong (Região Administrativa Especial),
Hong Kong (HKFEP), Índia, Israel, Japão, Canadá, Coreia, Croácia, Luxemburgo, Nova
Zelândia, Noruega, Hungria, Espanha, Suécia (SIS), Suécia (SSNC), Suécia (TCO),
Zimbábue, Tailândia, República Tcheca e EUA (GEN, 2010).
Apesar de já estarem sendo utilizados em todo o mundo, antes mesmo da existência
das normas sobre gestão ambiental, a ISO, com o objetivo de harmonizar os programas
nacionais, incluiu normas de rotulagem com validade internacional na série ISO 14000. Essas
normas contêm orientações para as organizações nas terminologias, símbolos, testes e
verificações metodológicas a ser utilizadas para a identificação das características ambientais
de seus produtos, por autodeclaração ou por terceiras partes (NASCIMENTO et al, 2008).
58
Essas normas estabelecem diferentes escopos para a concessão de selos ambientais,
mas, diferentemente da ISO 14001, não certificam a organização, mas linhas de produtos e
processos que devem apresentar características específicas, tomando-se como base critérios
tecnicamente válidos. A rotulagem ambiental dentro do escopo da ISO se constitui em um
padrão de credibilidade de aceitação internacional (SEIFFERT, 2008).
A ISO, por considerar que os programas de rotulagem ambiental variam muito, tanto
com relação aos produtos quanto aos problemas de meio-ambiente, classifica-os quanto a
organização que administra o programa em três tipos: Programas de 1ª Parte, de 2ª Parte, e de
3ª Parte (BARBOZA, 2001).
Os programas de 1ª Parte são também conhecidos como "auto-declarações", pois não
é realizada uma verificação independente, diz respeito à rotulagem de produtos ou
embalagens por partes que diretamente se beneficiam em fazer a reivindicação ambiental (são
geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores ou comerciantes do produto). Nos
programas de 2ª Parte, os rótulos de produtos ou embalagens são concedidos por associações
comerciais. Não estão diretamente ligados à fabricação ou venda do produto e as categorias de
informação podem ser estabelecidas pelo setor industrial ou por organismos independentes. Já
os programas de 3ª Parte envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes
independentes da produção ou venda dos produtos (instituições governamentais, do setor
privado ou organizações sem fins lucrativos). Esses programas especificam normas para
produtos ambientalmente preferíveis para selos do Tipo I (BARBOZA, 2001). No quadro 16
são sintetizadas as características dos programas.
Com relação à classificação do Tipo de Selo, a ISO classificou em três tipos de
esquemas de rótulos ambientais:
Tipo I: Rótulos ambientais certificados - ISO 14024
Tipo II: Auto-declarações - ISO 14021
Tipo III: Declarações Ambientais do Produto, EPDs - ISO 14025
59
Tipo de Programa
1ª Parte 2ª Parte 3ª Parte C
arac
terí
stic
as
As partes estão diretamente envolvidas na fabricação e comercialização do produto e se beneficiam por fazer a reivindicação. Não usam critérios pré-estabelecidos e aceitos como referência. É voluntário.
As partes não estão diretamente envolvidas na fabricação ou comercialização dos produtos.
As partes são totalmente independentes da fabricação e comercialização do produto. Podem ser obrigatórios ou voluntários.
Par
tes
Env
olvi
das
São geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores, comerciantes.
Na maioria são associações comerciais que podem estabelecer e administrar um programa como um meio de facilitar a participação em programas de rotulagem e promover a peformance ambiental de seus membros corporativos.
Geralmente consiste de organizações governamentais do setor privado ou sem fins lucrativos.
Exe
mpl
os d
e P
rogr
ama
“Encouraging Environmental Excellence”, da ATMI. “Responsible Care Program”, da CMA
Voluntários (governo) Blue Angel (Alemanha), Ecomark (Índia), Green Label (Singapura)
Obrigatórios (governo): Pesticides and Toxics labeling (EPA, USA), Proposition 65 da Califórnia (USA),
Sem fins lucrativos, Samrt Wood, não-governamental
Tip
os d
os
Sel
os
Tipo II – Conhecidos também como “auto-declarações” porque a parte faz a reivindicação ambiental sem a verificação de órgão independente
Tipo III - É positivo e mono-criterioso.
Tipo I - É multi-criterioso. Pode ser voluntário ou obrigatório.
Exe
mpl
os
de S
elos
“Não contém CFC” Mobius Loop (símbolo da reciclagem)
“Algodão orgânico” E3 logo (ATMI)
Blue Angel, Ecomark, Green Label
Quadro 16 – Visão geral dos programa de rotulagem ambiental Fonte Adaptado de BARBOZA. (2001)
Tipo I: fornecido por uma instituição de terceira parte, que estabelece os critérios e
os monitora através de certificação, auditoria e processo, como as governamentais que
concedem o Eco Mark - Japão, Blue Angel Mark – Alemanha, Nordic Swan (Países
nórdicos). Tem como base alguns critérios de ciclo de vida. É regulamentado pela NBR ISO
14024, que estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de
rotulagem ambiental, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais,
características funcionais dos produtos e critérios para avaliar e demonstrar sua conformidade
(PRUESSLER, 2007).
Na figura 10, são apresentados alguns dos rótulos ambientais de Tipo I.
60
:
Figura 10: Selo tipo I Fonte: Projeto IPP (2009)
Tipo II: São autodeclarações ambientais informativas, que são feitas pelos próprios
fabricantes, importadores ou distribuidores para os seus produtos, sem avaliação de
organizações de 3ª Parte. Como não são verificados independentemente, não usam os critérios
preestabelecidos e aceitos como referência, e são questionáveis como sendo o menos
informativo das três categorias de selos ambientais. É normalizado pela ISO 14021, que
permite às empresas divulgarem na mídia os benefícios ambientais que o produto alcança.
Para isso, a norma descreve uma metodologia de avaliação e verificação geral para etiquetas
ambientais próprias e métodos específicos de avaliação e verificação para as declarações
selecionadas (BARBOZA, 2001).
61
As autodeclarações têm ganhado destaque no cenário brasileiro. Os símbolos mais
comuns são os apresentados nas figuras 11 e 12 :
Figura 11: Simbologia para os diversos tipos de embalagens. Fonte: CEMPRE (2006).
Para os plásticos a simbologia mais utilizada segue a Norma NBR 13230 da
ABNT.
Figura 12: Simbologia utilizada para os tipos de plásticos. Fonte: CEMPRE (2006)
- Tipo III: A Declaração Ambiental do Produto (EPD), selo do tipo III, fornece
informação sobre um produto ou serviço baseada na Análise de Ciclo de Vida – ACV.
Utilizam diagramas que apresentam um conjunto de indicadores ambientais (aquecimento
global, depleção de recursos, resíduos, dentre outros), acompanhados de uma interpretação da
informação, assegurando que sejam abordadas questões com a dimensão exata dos impactos
ambientais que ele provoca – do berço ao túmulo. Devido à complexidade da implantação da
ferramenta de análise, este tipo de selo é utilizado entre empresas – business to business. Ele
viabiliza a um importador solicitar o selo ao produtor internacional, sem que esta atitude seja
considerada barreira alfandegária. Embora a EPD seja verificada por uma terceira parte
independente, ela não é necessariamente certificada. Uma EPD contribui para a
62
disponibilização de informação para a cadeia de produção facilitando o processo de
desenvolvimento do produto e melhoramento contínuo de um Sistema de Gestão Ambiental já
estabelecido (PROJETO IPP, 2009).
A concessão não está baseada no alcance ou superação de parâmetros ambientais
previamente selecionados, como no caso dos rótulos tipo I, mas os atributos ambientais do
produto ou serviço concernentes a esses parâmetros devem ser comunicados de forma tal que
facilitem ao consumidor compará-los com outros produtos similares. O selo norte-americano
Energy Star e o brasileiro Procel (figura 13) seriam exemplos desse terceiro tipo de rótulo
ambiental (BARBIERI, 2007). No quadro 17 são caracterizados os três tipos de selos.
Figura 13: Selo tipo III Fonte: CEMPRE (2006)
Tipos Características Certificador Normas
I Comparam os produtos com outros da mesma categoria, e são concedidos àqueles que são ambientalmente preferíveis devido ao seu ciclo de vida total (ACV)
Agência governamental, setor privado ou sem fins lucrativos (3ª Parte). Estão desvinculados da fabricação ou venda do produto
Especificam normas Isso e outras
II Não são verificados por partes independentes. São considerados os menos informativos
Fabricante, importador ou distribuidor do produto. Auto-declaração. (1ª Parte) Vinculados diretamente à fabricação e venda do produto
Não usam os critérios estabelecidos e aceitos como referência
III Listam critérios de impactos ambientais para os produtos considerando o seu ciclo de vida. Não estão diretamente vinculados à sua fabricação ou comercialização. O julgamento do produto cabe ao consumidor
Associações comerciais (2ª Parte)
Não tem padronização. As categorias são estabelecidas pelo setor industrial ou por partes independentes
Quadro 17 – Tipos de selos e suas características Fonte Barboza (2001)
Os programas de rotulagem são relevantes para as PME, porém é necessário
considerar se os benefícios esperados superam os custos. Os custos da participação
63
normalmente envolvem a adequação do produto para garantir o atendimento aos critérios
ambientais e as taxas cobradas pelas organizações de rotulagem (STARKEY,1998).
Comumente, os custos tendem a ser altos quando se comparam aos potenciais
benefícios da rotulagem, porém a empresa se beneficiará se o rótulo incentivar consumidores
ambientalmente conscientes a comprar o produto e assim aumentar as vendas. Além disso,
pode ser necessário obter um rótulo apenas para manter a participação no mercado,
principalmente se os concorrentes estiverem utilizando rótulos em seus produtos.
3.4.4.5 Avaliação do ciclo de vida (ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042, ISO 14043, ISO 14044)
Essas normas ordenam a realização da avaliação do ciclo de vida de produtos que
constitui uma compilação dos fluxos de entradas e saídas do processo produtivo, e a avaliação
dos impactos ambientais associados a um produto ao longo do seu ciclo de vida, desde a
extração das matérias-primas, passando pela sua fabricação, distribuição e utilização, até a sua
disposição final enquanto resíduo.
O processo de ACV é uma abordagem sistemática constituída de quatro fases:
definição do objetivo e escopo, análise do inventário de avaliação de impacto, e sua
interpretação conforme ilustrado na figura 14 (EPA, 2006).
1. Objetivo e Escopo: descrever o produto, processo ou atividade, estabelecer o
contexto em que a avaliação deve ser feita e identificar os limites e os efeitos ambientais a ser
revistos para a avaliação.
2. Análise do Inventário do ciclo de vida (ICV): consiste no processo de
quantificação da energia e das matérias-primas, das emissões atmosféricas, efluentes, e de
resíduos sólidos, durante todo o ciclo de vida de um produto, processo ou atividade.
3. Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV): consiste na avaliação de
potenciais impactos na saúde humana e no ambiente da utilização dos recursos ambientais e
das emissões identificadas durante a fase de ICV.
4. Interpretação do ciclo de vida: consiste numa técnica sistemática de identificação,
quantificação, verificação e avaliação da informação dos resultados do Inventário do ciclo de
vida (ICV), e Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida e na sua comunicação efetiva.
64
Figura 14: Fases da Análise do Ciclo de Vida Fonte: EPA 2006
A ACV não é empregada pelas empresas de forma isolada, normalmente é associada
a outros instrumentos permitindo contribuir para melhorar a robustez das ações de gestão
ambiental da empresa. Por exemplo, caso a empresa decida utilizar um rótulo ambiental, a
ACV permite municiar a organização de subsídios para sua adoção. No quadro 18, é descrita a
relação com outros programas de gestão ambiental.
PROGRAMA RELAÇÃO
Selo ambiental de tipo I Os critérios ambientais de um sistema de rotulagem ambiental para uma determinada categoria de produtos são definidos de acordo com uma perspectiva de ciclo de vida e de forma a impor requisitos às fases do ciclo de vida e às atividades e processos responsáveis pelos impactes mais significativos
Declaração ambiental de produto (Selo ambiental de tipo III)
A informação ambiental quantitativa apresentada numa Declaração Ambiental de Produto é obtida com base na elaboração de uma ACV.
Ecodesign
A ACV constitui uma ferramenta de análise ambiental capaz de fornecer informação útil para a implementação do ecodesign, permitem identificar as fases do ciclo de vida de um produto ou serviço, os processos responsáveis pelos impactos ambientais mais significativos e comparar entre alternativas de ecodesign
Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001, EMAS)
Tanto o Regulamento EMAS como a norma ISO 14001 exigem o levantamento dos aspectos ambientais mais significativos associados à organização ou instalação. Parte dos aspectos ambientais de uma organização pode estar associada aos produtos. A ACV permite identificar os impactos ambientais de um produto ou serviço ao longo do seu ciclo de vida.
Quadro 18 – Relação entre ACV e os outros programas Fonte: Adaptado de Starkey (1998)
Objetivos e escopo
Analise do inventário
Avaliação do Impacto
Interpretação
Estrutura da ACV
65
Quando as empresas utilizam as informações do processo de ACV, desenvolvendo
ações de melhoria contínua em relação aos impactos adversos de seus produtos no ambiente,
são obtidos muitos benefícios (BARRETO, 2007):
a) Informações ambientais – a obtenção e a disponibilização de informações sobre os
impactos ambientais de seus produtos melhorarão a reputação e imagem da organização, que
por sua vez permitirá obter maiores oportunidades em processos licitatórios, melhores
condições de negociação com instituições financeiras e de seguros, bem como maior
capacidade de fixação de preço.
b) Marketing – os estudos de ACV para melhoria ambiental possuem fortes
argumentos para convencer clientes como grandes corporações multinacionais que já possuem
programas ambientais já implantados, e que pressionam a cadeia produtiva a adotar padrões
ambientais mais rígidos.
c) Benefícios econômicos - Os impactos ambientais examinados pela ACV podem
ser eliminados ou reduzidos, aumentando a eficiência do uso dos insumos e matérias-primas,
preferencialmente por meio de ações de minimização, reutilização ou reciclagem.
d) Benefícios para o processo – os processos podem ser melhorados com o aumento
da produtividade pela economia de energia; redução dos custos de armazenagem e manuseio
de materiais; obtenção de ambiente de trabalho mais seguro; eliminação ou redução de
atividades desnecessárias, redução do transporte e descarte de resíduos; redução dos riscos
com penalidades legais e de acidentes.
e) Benefícios para os produtos – os produtos apresentarão melhor uniformidade; os
custos podem ser reduzidos com a substituição de materiais e de embalagem; aumento da
eficiência dos materiais nos produtos; redução do custo líquido do descarte do produto pelo
cliente ou maior valor de revenda da sucata do produto.
Para as pequenas empresas, uma análise completa do ciclo de vida pode estar além
dos seus recursos, mas a metodologia poderá ser adaptada para reduzir seu escopo (e os custos
em consequência). Enquanto cresce a pressão por produtos ecológicos, é provável que as
informações sobre o ciclo de vida tornem-se cada vez mais necessárias, de modo a permitir
que os consumidores façam escolhas mais conscientes. Esta disponibilidade de informações
poderá ser reforçada pela tendência de divulgação de dados do desempenho ambiental das
empresas.
66
Contudo, Barbieri (2007) alerta quanto à variedade de conceitos e métodos adotados
numa ACV. Avaliações feitas segundos critérios diferentes chegam a conclusões diferentes
sobres os impactos ambientais de um mesmo produto, causando confusão e desconfiança ao
público quanto à metodologia e gerando consequências negativas para as organizações que
utilizam a ACV como prática de gestão ambiental.
O uso das normas da série ISO 14000 por PME tem sido discutido desde o
lançamento das primeiras normas em 1996. A adoção dos requisitos de gestão ambiental pelas
grandes empresas tem pressionado a cadeia de produção e suprimento a empregar e seguir os
mesmos padrões normativos.
Miles, Munilla e McClurg (1999) relacionaram os principais impactos da adoção das
normas pelas pequenas empresas conforme quadro 19. A aplicação das normas da série
ISO14000 permitirá as PME auferirem diversos benefícios como a redução de desperdícios,
diminuição de riscos, conformidade legal, dentre outros, porém as dificuldades no que se
refere à escassez de recursos (financeiro, tempo, pessoal) constituem fatores importantes para
descontinuidades.
NORMA BENEFICIOS CUSTOS
SGA
Melhorará o desempenho ambiental, reputação, imagem, capacidade para atingir mercados mais exigentes; contribui como uma barreira à entrada de outras empresas limitando concorrência, possibilita reduzir gastos com insumos e matéria-prima aumentando a rentabilidade
Custos financeiros, de tempo, gastos com consultores externos, de energia; os registros formais poderiam ser usados contra as PME em litígio. Poderia haver problemas em situações orçamentárias adversas
Auditoria ambiental
Vai ajudar sistematicamente as PME a reduzir o desperdício, a poluição e melhorar a gestão
Irá aumentar o custo e pode causar problemas de relacionamento interno
Rótulos ambientais
Permitirá às PME legitimamente utilizar uma estratégia de marketing global, e reduzir custos associados a diferentes e contraditórios regulamentos de rotulagem ambiental
Possibilidade de gastos judiciais relativos à publicidade
Perda de alguns segmentos de mercado
Avaliação do desempenho ambiental
Poderá reduzir o custo do cumprimento dos requisitos do SGA das empresas clientes; pode ajudar na obtenção de seguro mais baixo e custos de crédito
Tempo, energia, custos de treinamento
ACV
Melhorará os esforços das PME na gestão de produto; vai reduzir a deficiência, a atrair alguns segmentos de clientes, permitir a estratégia de preços premium e aumentar a reputação; pode reduzir os custos globais de produção através de programas de prevenção da poluição
O tempo gasto na avaliação, análise e modificação
Quadro 19 – Impactos das Normas da série 14000 nas PME. Fonte: adaptado de Miles, Munilla, e McClurg (1999)
67
3.4.5 Mapeamento do Processo / Balanço Ecológico
Mapear as atividades de uma empresa, utilizando um fluxograma é útil para
identificar sistematicamente todos os processos, desde armazenamento de insumos e matéria-
prima, produção, acabamento, embalagens para o transporte e destinação dos resíduos. Estes
mapas visuais / fluxogramas fornecem uma visão geral imediata e eficaz de todas as
operações que estão sendo realizadas, o que permite identificar as entradas e saídas para cada
um dos processos e atividades, bem como analisar os impactos ambientais associados
(BURKE, 2006).
O mapeamento de processos é uma atividade que envolve os trabalhadores no
processo de implantação da gestão ambiental, pois são partes importantes na descrição das
atividades, já que conhecem apuradamente cada operação da unidade, e muitas vezes surgem
ideias de melhorias operacionais e ambientais de aplicação imediatas.
Embora o mapeamento do processo seja mais claramente aplicável ao contexto de
produção, pode facilmente adaptar-se às operações da maioria dos serviços. Na primeira
etapa, é realizada a classificação das atividades de negócio em fases do processo, que podem
incluir Recebimento de matéria-prima; Conservação de Insumos; Etapas de fabricação 1, 2,...
n; Embalagem; Processo de Limpeza; Disposição de Resíduos; Administração; Manutenção
Predial; Envio de Produto; etc. (Figura 15).
68
Figura 15: Etapa genérica de um processo Fonte: http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf
O próximo passo na identificação dos aspectos ambientais é o de relacionar as
entradas e saídas de cada caixa no mapa de processo desenvolvido na primeira etapa. Entre as
entradas e saídas algumas têm influências ambientais. As figuras 16 e 17 mostram
graficamente as entradas e saídas gerais de uma empresa de produtos e outra de serviços, além
de uma unidade genérica.
Receber pedidos
Serviços de cópia
Elaborar propostas
Receber matéria -
prima
Armazenar matéria -
prima
Processo de fabricação
Etapa 1
Processo de fabricação
Etapa 2
Processo de fabricação
Etapa 3
Processo Limpeza
Disposição de Resíduos
Embalagem Envio dos produtos
Manutenção Predial
Iluminação
Limpeza
Ar condicionado
Serviços Auxiliares
Produto X
Produto Y
Produto Z
Serviço A
Serviço B
Serviço C
Administração
Produção
69
Figura 16: Entradas e saídas de produtos e serviços de uma empresa Fonte: http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf
Figura 17: Diagrama de uma unidade de operação genérica Fonte: http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf
Nessa etapa do mapeamento, pode-se realizar o Balanço Ecológico, ou seja, um
inventário das entradas de materiais, insumos e energia, além das saídas de produtos e
resíduos desse processo durante um período de tempo especificado. Essa é uma etapa
fundamental na relação desse instrumento com a Análise do Ciclo de Vida (ACV).
PRODUTO
Produtos químicos
Embalagens
Resíduos
Uso e disposição pelos consumidores
Energia Materiais
SERVIÇO Atividades
Resíduos
Uso pelos consumidores
Energia Materiais
Fabricação do Produto
Entrada de Insumos* (eletricidade, água), (aditivos químicos)
Entrada de Produto (componente, X, Y, Z).
Saída de Produto
Saída de Resíduos* (efluente, emissões, calor,
ruído, resíduo sólido)
* Aspectos Ambientais
70
O cálculo do Balanço Ecológico requer a provisão de dados de cinco principais
categorias: combustíveis primários, matéria-prima, disposição de resíduos, emissões no ar e
efluentes líquidos. O impacto do uso de combustíveis e matéria-prima, e as descargas de
resíduos no solo, ar e água precisam ser determinados para ser incluído na ACV. Na figura 18
é apresentado um fluxograma geral de processo que pode ser utilizado numa ACV.
Figura 18: Fluxograma geral de uma ACV Fonte:. Crittenden and Kolaczkowski (1995)
A última etapa consiste em identificar os aspectos ambientais associados a cada
entrada e saída usando o mapa do processo desenvolvido anteriormente. Alguns pontos devem
ser levados em conta na identificação do aspecto ambiental de uma determinada atividade,
como a interação benéfica ou negativa com o meio ambiente, se os resíduos são tóxicos ou
perigosos, como esses resíduos são dispostos, e como o produto utilizado pelo consumidor vai
ser descartado. Por ser relativamente simples, esse instrumento é muito utilizado pelas PME
como uma espécie de diagnóstico e permitirá, após identificação dos aspectos e impactos,
determinar as ações de controle e monitoramento.
Aquisição de Material Bruto
Energia
Recursos Naturais
Emissões, efluentes, Resíduos sólidos
Beneficiamento do Material
Energia
Emissões, efluentes, Resíduos sólidos
Fabricação do Produto
Energia
Emissões, efluentes, Resíduos sólidos
Uso do Produto Energia
Emissões, efluentes, Resíduos sólidos
Disposição do Produto
Energia
Emissões, efluentes, Resíduos sólidos
Reciclagem de material
Reciclagem de produto
Produto para remanufatura
71
3.4.6 Ecomapeamento
Ecomapeamento é outro instrumento de mapeamento ambiental especialmente
projetado para as PME, o qual minimiza a quantidade de documentação referente à
identificação e inventário dos aspectos ambientais de uma organização.
A utilização dessa ferramenta envolve a elaboração da planta baixa da empresa como
pode ser visto na figura 19. A partir dessa planta baixa é feita a identificação do mapa de
energia, água, material, resíduos, etc. A chave do sucesso está no envolvimento dos
colaboradores em um processo de aprendizagem e participação (ENGEL, 1998).
Como é um instrumento simples, prático e concebido num formato visual, a
informação da condição ambiental da empresa é coletada de forma sistemática tendo em conta
a realidade física das instalações da empresa. Essa abordagem visual facilita a compreensão
do Ecomapping e transforma-o num instrumento útil de apoio para sensibilizar os
trabalhadores e outras partes interessadas quanto aos impactos ambientais das atividades da
organização. Além disso, permite envolver um maior número de pessoas numa fase inicial,
sem necessidade de um elevado nível de conhecimentos especializados (EMAS, 2009).
Em uma primeira abordagem, pode-se utilizar também minilevantamentos (EMAS
Easy) distribuídos a todos os funcionários nos quais podem ser inseridas opiniões sobre as
condições atuais de aspectos ambientais da companhia. O Ecomapping pode ser
implementado imediatamente em PME ajudando os funcionários e gerentes na identificação
dos aspectos ambientais da empresa e no início do processo da implementação de SGA formal
(ZORPAS, 2009).
Uma vez que a maioria da informação ambiental se baseia na situação de uma
determinada instalação, os “ecomapas” revelam o estado característico do local. O processo
baseia-se em 10 etapas em que se levantam os problemas ambientais, fluxos de materiais,
opiniões dos trabalhadores, sua percepção dos problemas e processos de trabalho. No quadro
20 são resumidas as etapas da elaboração do Ecomapping (EMAS, 2009).
72
Figura 19: Exemplo de um Ecomapa Fonte: Engel (1998)
ETAPA DESCRIÇÂO
1. Instalações industriais: a situação urbana
Elabore um mapa de localização das instalações, incluindo estacionamento, áreas de acesso, ruas e ambiente circundante.
2. Que materiais entram e saem?
Obtenha uma ideia dos fluxos de materiais o que permitirá observar aspectos como o armazenamento, riscos para a saúde e a utilização de recursos.
3. O que pensam e sentem os funcionários?
Envolva os trabalhadores no projeto, o que facilitará a avaliação das instalações, pois eles conhecem o processo e possuem opiniões e idéias.
4, 5, 6, 7, 8, 9. Elaboração dos mapas das instalações
Elabore os ecomapas (consumo de água e sistema de água residuais; solo e armazenamento; ar, cheiro, ruído e poeira; energia; produção e reciclagem de resíduos; e riscos). Devem ser simples e rastreáveis.
10. Organização e comunicação
Organize a documentação e planeje as ações para implementação. .Utilize indicadores ambientais, mantenha os trabalhadores informados e o diálogo com as restantes partes interessadas.
Quadro 20 – Etapas do Ecomapping Fonte: EMAS, 2009
Assim, o Ecomapping não é um fim em si, mas um mecanismo que ajuda a definir e
priorizar os problemas ambientais e prioridades para intervenção. Depois de concluído, o
Ecomapping servirá como base para implantação de um plano de melhoria, já que possui
várias aplicações como (EMAS, 2009):
73
• inventário de boas práticas ambientais e problemas;
• método sistemático de realização de uma avaliação ambiental no local;
• instrumento que permite o envolvimento e a participação dos trabalhadores;
• apoio à formação, sensibilização e ajuda na comunicação interna e externa;
• maneira fácil de documentar e acompanhar a melhoria das questões
ambientais;
O Ecomapping é um instrumento alternativo ao Mapeamento de Processo, tendo
sido desenvolvido para apoiar as PME Europeias no processo da obtenção do EMAS. Apesar
de simples, sua aplicação depende da competência do consultor em diagnósticos ambientais
para evitar superficialidades na aplicação da técnica.
3.4.7 Implementação de SGA por estágios – BS 8555 / ISO DIS 14005.2
A implantação e manutenção de um SGA completo certificado na ISO 14001, pode
ser uma demanda que uma PME não pode suportar devido às suas limitações. A possibilidade
de uma abordagem evolutiva com possibilidade de certificação a cada etapa alcançada por
parte de instituições acreditadas, bem como do reconhecimento do mercado, demonstra ser
uma oportunidade promissora para o setor das pequenas empresas. A publicação da norma
britânica BS 8555, intitulado "Guia para a Implementação Evolutiva de um Sistema de Gestão
Ambiental – Interpretação dos Requisitos", teve o objetivo de preencher essa lacuna.
A BS 8555 faz referência particular para as PME e divide a implementação de um
SGA de forma progressiva em seis fases, com auditorias realizadas após cada fase. Como
esta norma foi publicada em 2003, há pouca pesquisa realizados em seu uso prático em PME
(BURKE, 2006).
O processo evolutivo focaliza um SGA genérico, mas em conformidade com a norma
ISO 14001 e EMAS. É requerido também o desenvolvimento de Indicadores de Desempenho
Ambiental (IDA) para refletir os aspectos ambientais das atividades, produtos ou serviços. A
BS8555 descreve as cinco fases fundamentais do processo de implantação, com uma sexta
fase adicional, que prepara o participante para o registro no EMAS ou certificação a norma
internacional ISO 14001. As fases incluem (IEMA, 2009):
74
1. Avaliação Inicial, Comprometimento e Planejamento.
2. Identificação dos requisitos legais.
3. Desenvolvimento de objetivos, metas e programas.
4. Implantação e Operação do Sistema de Gestão Ambiental.
5. Avaliação, auditorias & revisão crítica do SGA.
6. SGA - atendimento dos requisitos plenos da ISO 14001.
A figura 20 ilustra o processo global de implementação evolutiva.
Figura 20: Processo global da implementação evolutiva de SGA Fonte: Blake, 2009
Fase 1 Avaliação Inicial, Comprometimento e
Planejamento
Fase 2 Identificação de Requisitos Legais
Fase 3 Objetivos, Metas & Programas
Fase 4 Implementação & Operação
Fase 5 Avaliação, Auditorias & Revisão
Crítica do SGA
Fase 6 Reconhecimento do SGA
Auditoria de 2ª parte e reconhecimento da cadeia de suprimento
Preparação para auditoria externa do SGA (ISO14001)
Preparação para registro no EMAS
Auditoria da Fase 1
Auditoria da Fase 2
Auditoria da Fase 3
Auditoria da Fase 4
Auditoria da Fase 5
75
Cada uma das seis fases possui critérios de desempenho definidos e, quando os
requisitos são atendidos, a empresa poderá ser avaliada para dar continuidade à próxima fase.
Esse modelo permite que as PME implementem um SGA em seu próprio ritmo, obtenham
certificações em cada fase concluída e, na sexta e última etapa, a organização pode optar por
ter uma auditoria adicional para garantir que o seu SGA atenda a todos os requisitos da norma
ISO 14001 e, como conseqüência, receber um certificado dessa norma (CHEN, 2004).
Dawson (2006) e Birchall (2005) comentam que a publicação da BS8555 como um
padrão formal tem tido uma aceitação crescente no Reino Unido, já que possui vantagens
sobre outras técnicas de implantação da gestão ambiental, como, por exemplo, a auditoria
independente em cada fase do processo de BS8555. Essas auditorias, afirma o autor, fornecem
evidências de conformidade ambiental dos fornecedores na cadeia de suprimento, permitindo
superar barreiras de acesso ao mercado.
Para Chen (2004), outra vantagem é a possibilidade de algumas organizações
optarem por não evoluir para um SGA formal ou pela certificação ISO 14001, permanecendo
numa fase especifica. Mesmo assim, a empresa continuará sendo auditada periodicamente
para garantir o cumprimento dos requisitos da fase específica e a capacidade de demonstrar a
melhoria contínua do seu desempenho ambiental. Além disso, é possível ainda publicar um
relatório ambiental ou disponibilizar os dados de desempenho ambiental para seus clientes-
chave (CHEN, 2004).
O relativo sucesso da utilização da BS 8555 na implantação de SGA motivou a ISO a
discutir uma norma internacional de implantação evolutiva, a ISO 14005 (Sistemas de gestão
ambiental - Diretrizes para a implementação evolutiva de um sistema de gestão ambiental,
incluindo a utilização de avaliação de desempenho ambiental), cuja DIS foi publicada em
novembro de 2008. Esse projeto ratifica a necessidade de iniciativas específicas para o setor
das PME, principalmente aquelas que estão integradas a uma cadeia de suprimento de um
setor industrial específico e que necessitam se adequar aos padrões de desempenho ambiental
requerido pelas grandes empresas compradoras de insumos e serviços dessa cadeia.
76
3.4.8 Produção Mais Limpa
Segundo a UNEP (United Nations Environment Program), Produção mais Limpa
(Cleaner Production) pode ser definida como a aplicação contínua de uma estratégia
ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência
global e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente. A P+L propõe a
conservação dos recursos naturais, a eliminação gradativa de matérias-primas perigosas e
redução da quantidade e toxidade das emissões e resíduos (UNEP, 2009).
A aplicação da P+L possibilita realizar ajustes no processo produtivo que resulta na
redução da emissão/geração de resíduos, podendo ser feitas desde pequenas modificações no
processo até a aquisição de novas tecnologias. Como sua abordagem é essencialmente
preventiva, muitas vezes a aplicação de técnicas de controle da poluição é vista como
antônimo; porém, segundo Nascimento et al (2008), as tecnologias de fim-de-tubo que
buscam minimizar os efeitos no final do processo são complementares e utilizadas em
situações que as técnicas de prevenção da poluição ainda não solucionaram.
Teixeira (2001) e Coelho (2004) descrevem que o princípio diretivo da Produção
mais Limpa, determina que a gestão ambiental focada na Prevenção de Poluição baseia-se no
novo paradigma de que gerar resíduos representa uma ineficiência do processo produtivo.
Isto significa transformar matérias-primas/ insumos, com alto valor agregado, em produtos de
baixo, ou nenhum valor (os resíduos), que podem ainda adicionar mais custos ao processo
produtivo quando são tratados/dispostos, através das tecnologias de fim-de-tubo.
Portanto, além de considerar a crescente redução dos recursos naturais e o impacto
ambiental gerado, a Produção mais Limpa classifica o resíduo como uma despesa gerada no
processo produtivo que pode ser evitada. Ao agir de forma sistemática na busca de melhor
eficiência no uso dos recursos disponíveis, a P+L atua no sentido de minimizar a geração de
resíduos e reutilizar os que são produzidos. Desta forma, reduzem-se os custos com aquisição
de matéria-prima e os provenientes do tratamento e disposição de resíduos.
Coelho (2004) e Nascimento et al (2008) também concordam que o sucesso da
implantação de um programa de P+L depende, principalmente, do nível de comprometimento
dos empregados, tendo em vista que o know-how, ou seja, o conhecimento que estes detêm
77
sobre o processo produtivo é essencial para identificar situações-problema e propor
alternativas que resultem numa melhoria do desempenho ambiental da empresa. Esse
comprometimento pode ser iniciado com a realização de treinamentos visando internalizar a
técnica e sensibilizar as pessoas para a mudança do paradigma.
A metodologia desenvolvida pela UNIDO/UNEP para implantar um Programa de
P+L consiste na avaliação e na aplicação de técnicas no processo produtivo, que podem
envolver desde a mudança de matéria-prima/insumo, consumo de água e de energia,
tecnologia/processo, procedimento operacional, até a mudança do próprio produto quando
considerado nocivo ao meio ambiente. O método segue o fluxo apresentado na figura 21 .
Figura 21: Fluxograma de Implantação de P + L (Metodologia UNIDO/UNEP) Fonte: KIPERSTOK et al, 2002
As técnicas de P+L devem ser escolhidas com base nas oportunidades identificadas
no diagnóstico do processo produtivo conforme demonstrado na figura 22. Contudo, é
recomendado que as alternativas de redução de poluição não sejam conduzidas inicialmente
para mudanças tecnológicas, mas para alternativas que considerem a disponibilidade de
78
recursos, complexidade e o custo/benefício. Em seguida, deve ser elaborado um plano de ação
com prazo, responsáveis e recursos necessários.
As técnicas de redução da poluição adotada pelos programas de P+L são
apresentadas na Figura 22.
Figura 22: Organograma de Produção mais Limpa Fonte: CNTL, 2000
Esse organograma tem como referência o Manual de Minimização de Resíduos EPA,
atrelado ao Waste Minimization Program (WMP), Programa de Minimização de Resíduos,
proposto pela EPA – Environmental Protection Agency - Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos, em 1984, com o objetivo de orientar ações de redução do volume e
toxicidade de resíduos gerados nos processos produtivos (COELHO, 2004).
A prioridade da P+L é evitar a geração de resíduos e emissões (nível 1). Os resíduos
que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de
produção da empresa (nível 2). Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem fora da
empresa podem ser utilizadas (nível 3) (CNTL, 2000).
PRODUÇÃO MAIS LIMPA
Minimização de resíduos e emissões
Reuso de resíduos, efluentes e emissões
Nível 2 Nível 1 Nível 3
Redução na Fonte
Modificação no Produto
Boas Práticas de Produção mais limpa
Reciclagem Interna
Reciclagem Externa
Ciclos Biogênicos
Modificação no Processo Estruturas
Substituição de matéria-
prima
Modificação Tecnológica
Materiais
79
O nível 1 prioriza medidas para evitar resíduo e emissões na fonte geradora podendo
ser propostas modificações tanto no produto como no processo de produção e/ou substituição
de matérias-primas/insumos tóxicos. No nível 2, os resíduos que não podem ser evitados
devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo utilizando técnicas de reciclagem
interna. Isso pode ocorrer dentro do próprio processo original de produção, em outro
processo, ou por meio da recuperação parcial de uma substância residual. Quando existir
impossibilidade de executar os níveis anteriores, a reciclagem de resíduos e emissões devem
ser feitas fora da empresa (nível 3), por meio de reciclagem externa de estruturas e materiais
ou de uma reintegração ao ciclo biogênico ou compostagem (COELHO, 2004).
Embora estejam relacionadas, não existe atualmente nenhuma exigência explícita
dentro da série de normas ISO 14000 para aplicação da Produção mais Limpa, como uma
estratégia. Contudo, é possível ler implicitamente na exigência do SGA para melhoria
contínua. Ferramentas de gestão específicas do sistema, como Auditoria Ambiental,
Rotulagem ambiental e Avaliação de Desempenho Ambiental podem ajudar muito uma
empresa individual ou um setor industrial a alcançar melhorias. Porém é necessário incluir
compromissos dentro de uma estratégia global de ações efetivas em relação ao meio
ambiente. Na figura 23, é apresentado o contexto em que a Produção mais Limpa está inserida
na visão da UNEP.
Figura 23: Contexto em que a P+L está inserida. Fonte: Cardoso, 2006
Objetivo
Programas
Estratégias de Negócio
Sistemas de Gestão
Ferramentas de Gestão
Desenvolvimento Sustentável
Agenda 21
Ecoeficiência Produção mais limpa
ISO14001 Gestão da Qualidade Total
Auditoria, Rotulagem, Avaliação de desempenho ambiental, Benchmarking
80
3.4.9 Programa de Gestão de Resíduos Sólidos - PGRS
Apesar da Constituição Federal de 1988, em seu Art. 225, parágrafo 3º, estabelecer
que: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados”, só recentemente foi aprovado um documento legal
no nível federal que estabelece critérios para a gestão de resíduos sólidos no Brasil.
Na ausência da regulamentação da lei, a principal regra adotada para o
gerenciamento dos resíduos é a da “Responsabilidade Objetiva” (Lei 6.938/81 - Política
Nacional do Meio Ambiente). Assim, o gerador torna-se responsável pelo resíduo e pelos
possíveis danos causados quando esses forem descartados no ambiente, dispensando a prova
de culpa no caso de um possível dano ao ambiente. Em outras palavras, para que um
potencial poluidor seja penalizado, basta que se prove um nexo de causa e efeito entre a
atividade desenvolvida por uma organização e um dano ambiental, ainda que o resíduo esteja
sendo emitido em concentrações que respeitem os limites estabelecidos (NOLASCO,
TAVARES e BENDASSOLLI, 2006).
Para estabelecer regulamentações no nível federal para o gerenciamento de resíduos
sólidos, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) publicou a Resolução 313 de
2002, que institui o Inventário Nacional de Resíduos. Também estabeleceu critérios para
determinados tipos de tratamento de resíduos, como é o caso da Resolução 316 de 2002, que
regula o tratamento térmico de resíduos, a Resolução 257/99 – CONAMA, de 30 de junho de
1999, relativa ao controle de pilhas e baterias e a Resolução 258/99 – CONAMA, de 26 de
agosto de 1999, relativa ao controle de pneumáticos inservíveis.
Além disso, a Lei 9.605, de 1998, Lei de Crimes Ambientais, estabelece sanções para
quem praticar condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, o que engloba o gerenciamento
inadequado de resíduos sólidos. As multas previstas podem chegar a R$ 50 milhões e as penas
de reclusão a cinco anos.
O licenciamento ambiental, previsto na Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA) é obrigatório para as atividades que geram resíduos sólidos, poderá estabelecer
critérios para a gestão dos resíduos, de acordo com as especificações do órgão licenciador.
81
Em geral, quando a atividade tem impacto apenas dentro de um mesmo estado, o órgão mais
atuante e responsável pelo estabelecimento de normas e pelo licenciamento ambiental das
atividades é o órgão ambiental estadual. No caso do Estado da Bahia, este órgão é o Instituto
do Meio Ambiente (IMA) que possui competência para solicitar a apresentação do Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) quando da solicitação de renovação de Licença
de Operação.
O Decreto Nº 11.235, de 10 de outubro de 2008, que regulamenta a Lei Nº 10.431, de
20 de dezembro de 2006, e trata da Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à
Biodiversidade, solicita:
Artigo 84 As fontes geradoras de resíduos sólidos deverão elaborar, quando exigido, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), contendo a estratégia geral adotada para o gerenciamento dos resíduos, abrangendo todas as suas etapas, especificando as ações a serem implementadas com vistas à conservação e recuperação de recursos naturais, de acordo com as normas pertinentes. § 1º - O PGRS integrará o processo de licenciamento ambiental e deverá conter a descrição das ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, no âmbito dos estabelecimentos, considerando as características dos resíduos e os programas de controle na fonte para a redução, minimização, reutilização e reciclagem dos mesmos, objetivando a eliminação de práticas e procedimentos incompatíveis com a legislação e normas técnicas pertinentes. § 2º - O PGRS deverá contemplar: I - inventário, conforme modelo fornecido pelo IMA, contendo dentre outras informações: a origem, classificação, caracterização qualiquantitativa e freqüência de geração dos resíduos, formas de acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final; II - os procedimentos a serem adotados na segregação na origem, coleta interna, armazenamento, reutilização e reciclagem; III - as ações preventivas e corretivas a serem adotadas objetivando evitar ou reparar as conseqüências resultantes de manuseio incorreto ou incidentes poluidores; IV - designação do responsável técnico pelo PGRS.
O PGRS será, portanto, um documento integrante do processo de licenciamento
ambiental, devendo apontar e descrever as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos,
contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. O PGRS deverá conter ainda a
estratégia geral dos responsáveis pela geração dos resíduos para proteger a saúde humana e o
meio ambiente e estabelecer metas para atendimento à legislação em vigor (IBEAM, 2009).
Durante o desenvolvimento do plano de gerenciamento, são avaliadas as condições
de geração de resíduos sólidos, tais como: resíduos de escritório, de restaurante, de
embalagens, lâmpadas, baterias, óleos lubrificantes, óleos de máquina, resíduos contaminados
com óleos, borras de tinta, solventes contaminados, resíduos resultantes de contenção de
derrames e vazamentos, lodos de sistemas de tratamento. São propostas medidas que
82
minimizem sua geração, possibilitem seu correto gerenciamento e também a redução de
custos associados, e eventualmente a obtenção de receita pela comercialização dos resíduos
em condições de reaproveitamento e reciclagem (IBEAM, 2009).
Por ser um instrumento legal, associado quase sempre ao processo de licenciamento
ambiental das empresas, especialmente indústrias, a Federação das Indústrias do Estado do
Rio de Janeiro (FIRJAN) preparou um manual prático com ações para serem desenvolvidas
buscando orientar os empresários na elaboração do PGRS (Figura 24).
O PGRS deverá conter objetivos com direcionamentos gerais e metas numéricas e
temporais. Para que o PGRS seja eficaz no aproveitamento das oportunidades do
gerenciamento de resíduos, e na redução dos riscos das atividades, é importante que seja
fundamentado na teoria dos 3Rs, que prioriza a redução da geração na fonte, seguida da
reutilização e reciclagem. As definições de cada um dos 3Rs, na ordem em que os mesmos
devem ser considerados estão relacionadas a seguir (FIRJAN, 2006):
- Redução da geração na fonte
1. Implantação de procedimentos que priorizam a não geração dos resíduos. Estas ações podem variar de implantação de novas rotinas operacionais a alterações tecnológicas no processo produtivo.
- Reutilização de resíduos
2. Neste caso o resíduo é reaproveitado sem que haja modificações na sua estrutura. Um exemplo é a utilização dos dois lados de uma folha de papel.
- Reciclagem de resíduos
3. No caso da reciclagem, há um beneficiamento no resíduo para que o mesmo seja utilizado em outro (ou até no mesmo) processo. Um exemplo é a reciclagem de latinhas de alumínio. As latinhas passam por um processo de beneficiamento para que o alumínio seja reaproveitado no processo.
Como o acompanhamento do PGRS é exigido na renovação da licença ambiental,
ações de monitoramento referente aos objetivos e metas planejadas, bem como ações
corretivas devem estar registradas para compor os relatórios de avaliação do PGRS. Esses
relatórios serão apresentados quando da renovação da licença ambiental, contendo o
acompanhamento e avaliação das atividades. Para uma pequena empresa, a opção de
gerenciar efetivamente um PGRS pode ser uma opção simples de gestão ambiental, pois
permitirá inclusive introduzir ações de produção mais limpa para reduzir/minimizar na fonte a
geração desses resíduos, monitorados por indicadores de desempenho ambiental – IDA.
83
Figura 24: Fluxograma da Gestão de Resíduos Sólidos. Fonte: FIRJAN, 2006
3.5 MODELOS DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL
Para auxiliar as PME na implantação de iniciativas de gestão ambiental, alguns
autores têm proposto metodologias para orientar o processo.
O modelo “ISO 14001 Passo a Passo” foi proposto por Dália Maimon, em 1999, três
anos após a publicação da norma ISO 14001. Inicialmente apresentado como um modelo
Processo
Resíduo Gerado
Caracterização e Classificação
Armazenamento Temporário para resíduo não - perigoso
Possível Reciclar ou reutilizar?
Destinação Final
Reciclagem / Reutilização Interna
Pré- Tratamento
Armazenamento Temporário para resíduo perigoso
Pré- Tratamento
Perigoso?
Requer Pré-Tratamento?
Requer Pré-Tratamento?
Destinação Final
Reciclagem / Reutilização Externa
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
84
apropriado às pequenas e médias empresas, o modelo mostrou-se segundo Campos (2008),
um tanto quanto longo e burocrático, já que se utilizam todas as etapas propostas pela norma.
O SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, instituição
voltada para o fomento e difusão de programas e projetos que visam à promoção e ao
fortalecimento das micro e pequenas empresas desenvolveu o programa Gestão Ambiental -
Rumo à ISO 14000. Esse programa se caracteriza pela mobilização e a conscientização das
empresas sobre a importância da gestão ambiental para a competitividade empresarial e o
desenvolvimento sustentável do país. Envolve a realização de palestras, seminários,
publicações, cursos e consultoria. Porém, apesar de ser voltado para as pequenas empresas,
não existe uma oferta contínua desse programa sendo necessário elaborar projetos para
articular empresas de vários setores para formação conjunta.
O programa Parceiros do Meio Ambiente – PMA, desenvolvido pelo órgão
ambiental do estado da Bahia, é uma iniciativa de responsabilidade socioambiental em que
uma grande empresa adota uma pequena empresa e oferece gratuitamente 8h de consultoria
por mês durante a vigência do convênio. Apesar de uma ótima iniciativa, o programa
necessita de ações de sensibilização, acompanhamento e disponibilidade dos envolvidos para
participação. Essa iniciativa permaneceu até 2008 em parceria com o SENAI, área de Meio
Ambiente.
O Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) tem como proposta a
capacitação em Gestão da Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Responsabilidade Social
bem como a aproximação entre empresas fornecedoras de bens e serviços industriais e
grandes e médias empresas compradoras (empresas-âncora), com o objetivo de gerar negócios
entre elas. O PQF será descrito no item a seguir.
3.6 O PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES – PQF
As micro e pequenas empresas têm dificuldades em atender certos requisitos
exigidos pelo mercado referente a custos, padronização, qualidade, entregas no prazo, dentre
outros. Esse fato cria obstáculos à inserção nas cadeias produtivas. Assim, tendo em vista a
necessidade de articulação, capacitação e desenvolvimento de empresas fornecedoras de bens
e serviços industriais para o aumento de sua competitividade, além de formação de alianças
estratégicas, foi estruturado o Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF.
85
O PQF, por meio de um processo de avaliação, qualificação e monitoramento de
empresas fornecedoras, em critérios pré-estabelecidos, tem contribuído para ampliar o número
e a qualidade dos negócios realizados entre empresas fornecedoras de bens e serviços
industriais e grandes e médias empresas compradoras (empresas-âncora) (IEL 2009).
Esse programa começou com a qualificação de empresas fornecedoras já
pertencentes ao cadastro das empresas-âncora e com a disponibilização de um portal com
informações estratégicas do nível de competitividade das PME fornecedoras participantes do
PQF, quanto aos quesitos de avaliação definidos em conjunto com as empresas-âncora e
parceiros.
O publico-alvo do programa são empresas de grande porte nacionais ou
multinacionais de bens e serviços industriais (Empresas-âncora) que desejem aumentar a
qualidade e a competitividade dos seus fornecedores ou até mesmo desenvolver fornecedores
locais que são Micro, pequenas e médias empresas fornecedoras de produtos e serviços
industriais. Como resultado, busca-se um estreitamento do relacionamento na cadeia de
fornecimento e uma contribuição para o exercício da responsabilidade sócio-ambiental.
De acordo com o IEL (2009), as empresas que participarem do programa poderão
usufruir as seguintes vantagens:
Empresas-âncora
a. Acesso a um banco de dados via Portal WEB, com informações sobre todas
as empresas fornecedoras participantes do PQF, bem como sobre os
resultados das avaliações realizadas e o status da sua documentação;
b. Melhoria no desempenho de entrega de produtos e serviços (prazo e
qualidade) das fornecedoras participantes do PQF;
c. Produtos e serviços em conformidade com critérios e especificações de sua
necessidade;
d. Ampliação do cadastro de fornecedoras qualificadas;
e. Maior transparência na relação cliente-fornecedor;
f. Estímulo ao desenvolvimento das PME, exercitando seu papel social.
86
Empresas fornecedoras
a. Possibilidade de aumentar o volume de negócios com empresas-âncora e
entre as próprias fornecedoras;
b. Acesso a treinamentos e consultorias subsidiados pela FIEB-IEL/BA/Sebrae
e outros parceiros;
c. Oportunidade de participação em feiras, eventos e rodadas de negócios;
d. Participação em encontros técnicos entre fornecedoras e âncoras;
e. Estímulo a negócios cooperados com outras empresas fornecedoras locais;
f. Melhoria na sua capacidade em atender a demandas especificas das empresas
compradoras;
Quanto à metodologia, o PQF foi planejado para ser desenvolvido em oito etapas.
Etapa 1: Sensibilização / Formalização da adesão
O objetivo é apresentação do PQF, expondo suas fases, critérios e regras. Esse
primeiro contato possibilita minimizar dúvidas quanto aos benefícios que as empresas terão
ao fazer parte do Programa, os deveres e direitos dentro do processo. Em seguida, é realizada
a adesão com a assinatura do contato padrão.
Etapa 2: Documentação obrigatória (Critérios de 1 a 4)
Envio por parte dos participantes da documentação obrigatória nos critérios abaixo:
� Legalidade de constituição e registros;
� Sanidade fiscal e trabalhista;
� Sanidade econômica;
� Folder eletrônico.
Etapa 3: Cadastro no Portal PQF / Agendamento da avaliação
Nessa etapa, é realizado cadastramento das empresas no portal e agendado a primeira
avaliação, pois somente após essa avaliação é que as empresas começarão a receber os cursos
e consultorias necessárias para sua qualificação.
Etapa 4: Avaliação de desempenho na empresa
O objetivo dessa etapa é fazer um levantamento dos pontos fortes e dos pontos
passíveis de melhoria de cada empresa.
Essa avaliação é feita pelo IEL aplicando-se um Questionário de Avaliação, que
possui em seu conteúdo todas as áreas necessárias para avaliação (critérios de 5 a 10).
87
Etapa 5: Relatório de avaliação / Inserção dos dados no Portal PQF
Nessa etapa é elaborado o relatório para as fornecedoras com a tabulação dos
resultados contendo os devidos comentários e um gráfico comparativo de desempenho em
relação às outras fornecedoras. Esses dados são disponibilizados no Portal Web do Programa,
em que somente a empresa avaliada terá acesso.
Etapa 6: Avaliações mensais das empresas-âncora
A empresa-âncora realizará avaliação mensal da empresa fornecedora através do
Portal Web caso tenha gerado negócio; caberá, porém, à empresa fornecedora uma
oportunidade de réplica se houver discordância da avaliação.
Etapa 7: Treinamentos / Consultorias
Nessa etapa do Programa, as empresas terão a oportunidade de participar de cursos
específicos e receber consultorias para auxiliar a implantação das práticas aprendidas.
Etapa 8: Monitoramento / Avaliação dos resultados
Ao completar o primeiro ciclo, as empresas serão avaliadas novamente e poderão dar
continuidade às capacitações ou optar em receber a auditoria do Selo do Programa, caso
possua média mínima para isso. A figura 25 resume a metodologia do Programa.
O PQF dispõe ainda de um fórum onde são discutidas e planejadas ações estratégicas
visando a melhoria e aprofundamento dos resultados alcançados. Esse fórum denomina-se
Comitê Gestor cujas principais atividades são:
a. Acompanhamento das atividades do Programa;
b. Avaliação do PQF � plano de consultorias e treinamentos / freqüência e
avaliações;
c. Proposta de melhorias / estratégias para implementações;
d. Acompanhamento e apoio na busca de soluções estratégicas;
e. Fórum de discussão para as principais dificuldades com o PQF;
f. Acompanhamento dos indicadores de desempenho do PQF.
88
Figura 25: Metodologia do PQF Fonte: IEL (2009)
Reavaliação dos critérios de avaliação
Realização das
avaliações
Disponibilização das avaliações no Portal do PQF
Plano de ação
Treinamentos e consultorias
Sensibilização de empresas potenciais
Critério 11
Critérios de 4 a 10
Critérios de 1 a 3
Avaliações dos fornecedores pelas âncoras
Critérios de 1 a 3 - Critérios básicos Documentos referentes à sanidade fiscal e econômica da empresa, acrescidos do folder eletrônico Critérios de 4 a 10 - Critérios Classificatórios Gestão Empresarial, Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho e Responsabilidade Social Critério 11 - Critério Classificatório Avaliação da empresa fornecedora, por parte da empresa-âncora
89
A figura 26 apresenta a representatividade do comitê.
Figura 26: Representatividade do Comitê Fonte: IEL, 2009
O questionário de avaliação utilizado pelo IEL contém critérios estabelecidos como
críticos pelas empresas-âncora referente à Qualidade, Meio ambiente, Saúde e Segurança,
Responsabilidade Social. Cada um deles é composto de várias questões que, somados, terão
peso 10 na somatória final. Cada questão possui quatro cenários, ou seja, quatro situações
descritas, e a pontuação é dada para o cenário que mais se encaixe na realidade da empresa.
As notas são: (0) para “Nada Implementado”; (3) para “Implementação Incipiente”; (7) para
“Implementação Significativa”; e (10) para “Implementação Integral”.
Portanto, na metodologia do PQF é possível para as empresas participantes
implementar os critérios em seu próprio ritmo. Com a participação nas oficinas de capacitação
e com a utilização do suporte oferecido pelos consultores na implementação do plano de ação
é possível melhorar o escore a cada avaliação. O IEL/BA disponibiliza os resultados da
avaliação no Portal Web do Programa, sendo que cada empresa fornecedora é avaliada a cada
ciclo no PQF, que corresponde a 12 (doze) meses, permitindo medir os resultados obtidos
desde a sua adesão ao Programa. Uma auditoria externa está disponível a cada ciclo anual de
avaliações, sendo possível certificar as empresas no nível topázio (cumprimento de 50% de
todos os critérios) rubi (cumprimento de 70% de todos os critérios) e diamante (cumprimento
de 100% de todos os critérios).
Equipe de consultor/ avaliador
EFs / Núcleos
Temáticos
Instituições Parceiras
Empresas-
âncora
Comitê Gestor
90
Para atender aos critérios ambientais, muitas das barreiras e dificuldades enfrentadas
pelas empresas são solucionadas com a participação no PQF. O quadro 21 descreve como o
PQF enfrenta essas barreiras. A falta de recursos humanos e financeiros pode ser superada
pela flexibilidade e praticidade do sistema, realizado a um baixo custo, principalmente por ser
um processo coletivo que possibilita inclusive estabelecer uma rede de contatos com outras
empresas, oferecendo oportunidade de intercâmbio, partilhar experiências e conhecimentos.
Além disso, a utilização de modelos e padrões diminuem a necessidade de conhecimentos
específicos.
Barreiras para implantação Como o PQF supera essas barreiras
Falta de recursos humanos � Oferece flexibilidade e as organizações podem executar em seu próprio ritmo.
� Sistema prático que permite facilmente evoluir no atendimento aos critérios.
Falta de recursos financeiros � Preços subsidiados com a participação de consultores experientes.
� Permite uma organização parar em um nível específico às suas condições.
Falta de conhecimentos � Metodologia de oficinas de capacitação. � Uso de modelos e padrões gerais. � Avaliação periódica dos critérios. � Orientação específica.
Necessidade de promoção de mudanças culturais e falta de comprometimento da alta gestão
� Pratica de educação ambiental possibilitando mudanças culturais.
� Abordagem proporciona uma mudança gradual. � Permite envolvimento dos trabalhadores. � Transparência do processo. � Envolvimento dos proprietários-gestores das
empresas.
Interrupção da Execução � Reconhecimento formal por auditoria externa das realizações alcançadas ao final de cada ciclo.
� Possibilidade de retomada do processo da etapa interrompida.
Quadro 21 – Barreiras enfrentadas pelas PME e como elas são superadas no PQF Fonte: o próprio autor
As PME que iniciam o processo de implantar a gestão ambiental de forma isolada têm
o sucesso dessa tarefa ameaçada pelas constantes interrupções. Portanto é necessário
estabelecer mecanismos de suporte e serviços de apoio às PME na superação desse e dos
outros obstáculos que enfrentam. As PME, usualmente, não possuem os conhecimentos
necessários para instituir incitativas ambientais, como a implementação de um SGA, além de
não terem condições de arcar sozinhas com as despesas de uma consultoria ambiental. O
apoio oferecido pelo PQF é uma tentativa de preencher esse papel, fornecendo suporte
subsidiado na implementação de partes de um SGA.
91
O PQF tem atendimento local para as empresas do estado da Bahia por ser coordenado
pelo IEL, uma entidade da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) que
possibilita, inclusive, envolver grandes empresas no fomento do programa. A presença dos
representantes dessas empresas é um fator motivador para participação.
No desenvolvimento do programa, o IEL conta como parceiros o SENAI e o SESI,
também entidades da FIEB, o que permite uma maior colaboração na evolução dos serviços
de apoio e dos mecanismos de suporte, em face da integração dessas entidades dentro de um
mesmo objetivo.
A metodologia desenvolvida no PQF, com a execução de oficinas e consultorias foi
desenvolvida especificamente para as PME, com abordagens gerais e flexíveis a fim de se
adaptar à diversidade do setor. E como um dos objetivos do programa é aumentar os negócios
na cadeia de suprimento, são oportunizados a participação em feiras, eventos e rodadas de
negócios, além de encontros técnicos entre fornecedoras e empresas-âncoras.
3.7 ASPECTOS QUE INCENTIVAM OU DIFICULTAM A ADOÇÃO DE INICIATIVAS EM GESTÃO AMBIENTAL
As pequenas empresas, conforme apresentado anteriormente, é um setor importante
para qualquer economia nacional. Embora individualmente cause pouca poluição,
coletivamente podem contribuir com uma parte significativa de toda a poluição industrial.
Apesar da importância e dos benefícios em se adotar medidas de gestão ambiental,
as pequenas empresas não as priorizam, empregando muitas vezes ações pontuais de forma
reativa. Contudo, certos motivos têm sido identificados como fatores que influenciam
fortemente as pequenas empresas na adoção da gestão ambiental. Aspectos como atendimento
à legislação têm sido apontados como mecanismos que pressionam as empresas a trabalhar
com maior responsabilidade ambiental (ISO, 2005a).
Dawson (2006), citando estudos realizados por diversos autores, aponta que a
pressão de partes interessadas na forma de requerimentos na cadeia de fornecimento é o
motivador fundamental na adoção da gestão ambiental. Atualmente grandes fabricantes
implementaram Sistemas de Gestão Ambiental certificados pela ISO 14001 ou pelo EMAS e,
92
como parte dos requisitos normativos, esses fabricantes exigem objetivos específicos de
desempenho ambiental que os fornecedores, ou seja, as PME devem atender.
A gestão ambiental da cadeia de fornecimento (Environmental supply chain
management – ESCM) pode ser um aspecto central da vantagem competitiva de uma grande
empresa, já que pode influenciar significativamente o desempenho ambiental, além de ser
uma abordagem eficaz para envolver as PME em iniciativas ambientais com base nos
relacionamentos dentro do seu mercado e da indústria (COTÉ, 2008).
Segundo estudo realizado pelo Small and Médium Enterprise Researche Center
conduzido por Walker et al. (2008), foram identificados como principais motivadores de
iniciativas de gestão ambiental: a legislação, as partes interessadas, voluntariado, benefícios
econômicos, desconhecimento de instrumentos de gestão ambiental. Segundo a pesquisadora,
a legislação, motivador mais importante sobre o comportamento das PME, vem sendo
utilizada pelos governos com o objetivo de aumentar os esforços de redução dos impactos
ambientais de suas operações. O licenciamento ambiental com aplicação de condicionantes
relativos à educação ambiental dos empregados e da comunidade, além de programa de gestão
e redução de resíduos, aumenta a eficácia do engajamento dos empresários.
Burke e Gaughran (2005) analisaram quatro estudos sobre os aspectos motivadores
para implantação da gestão ambiental em PME, conforme quadro 22 , no qual se pode
verificar que o atendimento aos requisitos dos clientes aparece em todas as pesquisas
estudadas, confirmando a conclusão feita por Dawson (2006). O cumprimento da legislação e
a responsabilidade ambiental surgem como segundo fator, demonstrando a preocupação das
empresas com a imagem perante a comunidade.
A adequação aos requisitos dos clientes dentro da cadeia de suprimento tem sido
uma mola impulsora para a questão ambiental: as grandes empresas estão começando a
dedicar cada vez maior atenção às melhorias ambientais em sua cadeia de suprimento, de tal
forma que os fornecedores são submetidos a pressões crescentes no sentido de aprimorarem
seu comportamento ambiental. Alguns autores defendem, inclusive, a opinião de que a
pressão exercida pelos clientes na cadeia de suprimento tornar-se-á o fator mais importante
para a implementação de sistemas formais de gestão ambiental.
93
NETREGS PIMENOVA ILOMAKI NEETF
− Cumprimento da Legislação
− Clientes
− Redução de Custos
− Responsabilidade Ambiental
− Legislação
− Clientes
− Clientes
− Responsabilidade Ambiental
− Clientes
Quadro 22 – Aspectos motivadores para gestão ambiental Fonte: Burke e Gaughran, 2006
Em pesquisas recentes realizadas pelas Federações das Indústrias do Rio de Janeiro
e da Bahia, em seus estados, são confirmados alguns aspectos relatados.
No Rio, a principal razão informada pelas empresas para a implantação de
iniciativas ambientais foi a necessidade de adequação à legislação ambiental, mencionada por
61,0% do total. Entretanto, o aumento de outros fatores, principalmente em relação às
pesquisas de 2005 e 2006, como a conscientização ambiental e pessoal (citado por 55,1% dos
respondentes), a preservação ambiental (50,5%), a qualidade de vida do trabalhador (49,5%),
a responsabilidade social (48,4%) e a imagem da empresa (38,5%), demonstra uma nova
percepção da gestão e o aumento da responsabilidade ambiental do setor industrial. As outras
razões pelas quais se têm implantado ações ambientais, segundo as empresas, são manter
padrões de produção (31,8%), adequar-se às demandas do mercado (31,0%), reduzir custos de
produção (29,7%), conseguir certificação ambiental (24,1%), atender às exigências de
financiadores (19,3%) e aumentar a receita com a venda de resíduos (14,4%) (FIRJAN, 2009).
Na Bahia, ao comparar os resultados de dois levantamentos realizados em 2004 e
2008 no aspecto de Pressões para Melhoria do Desempenho Ambiental, observou-se, em
2008, uma pequena redução no número de indústrias que declararam não sofrer pressões para
melhoria do desempenho ambiental. Verifica-se que o órgão ambiental exerce pressão perante
as empresas cobrando adequação à legislação ambiental. Entre os agentes que mais
frequentemente estão exigindo responsabilidade socioambiental das empresas aparecem os
clientes, seguidos pela comunidade (FIEB, 2009).
94
Pressões para a melhoria do Desempenho Ambiental
9,7%
7,8%
60,2%
22,3%
55,0%
17,0%
7,0%
21,0%
Comunidade
Cliente nacional
Governo: órgãoAmbiental
Não
2004 2008
Figura 27: Súmula Ambiental – Análise Comparativa 2004 - 2008. Fonte: FIEB, 2009
Gavronski et al. (2008) realizaram um estudo com 63 empresas brasileiras do setor
químico, mecânico e indústrias eletrônicas sobre por que as empresas buscam a certificação
ISO 14001. Foram analisadas as relações entre as motivações e os benefícios relacionados
com a certificação, e quatro fontes de motivação foram identificadas: a reação às pressões das
partes interessadas externas; proatividade na expectativa de interesses de negócio futuro;
preocupações legais e influências internas. As motivações aparecem em dois níveis: as de
primeiro nível ou antecedentes que são as motivações internas e legais, enquanto as de
segundo nível ou consequentes são as motivações reativas e pró-ativas. No quadro 23 são
classificados esses aspectos.
Redmond, Walker e Wang (2008) relata um estudo dos aspectos influenciadores
para gestão ambiental em PME. Os resultados mostraram que, apesar dos proprietários e
gestores das pequenas empresas expressarem preocupação sobre o ambiente, esse fato não se
traduz em boas práticas de gestão.
Duas questões parecem ter maior influência quando se trata de fatores
influenciadores: o nível de recursos disponíveis e as atitudes dos proprietários e gestores das
pequenas empresas. A necessidade das PME em obter benefícios econômicos a partir da
utilização dos seus recursos limitados é considerada um elemento-chave para a ação
ambiental. A percepção empírica de que qualquer mudança operacional irá gerar custos,
torna-os insensíveis à aplicação de boas práticas ambientais. Outro aspecto é a postura ética
do proprietário e gestor com relação ao meio ambiente, cujos valores balizarão o conjunto de
decisões. Muitos acreditam que, por gerarem uma pequena quantidade de resíduos, seus
95
impactos são desprezíveis, porém o impacto coletivo das PME é considerável. Logo, essa
crença congela a prática de reduzir e dispor corretamente os resíduos tornando-os reativos,
defensivos e, frequentemente, limitam suas ações a atender às exigências legislativas, ou até
mesmo não as cumprir por acharem mais vantajoso correr o risco que implementar ações para
melhorar o meio ambiente (REDMOND, WALKER E WANG, 2008).
NÍVEL DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO
Motivações reativas
O site pede uma certificação ISO 14001 em reação a uma situação externa.
� Em resposta a uma demanda das agências ambientais do governo.
� Para obter benefícios fiscais. � Em resposta às demandas de grupos de proteção
ambiental. � Para ter acesso a taxas de juro reduzidas. � Em resposta às demandas de fornecedores Em
resposta às demandas das associações de classe. � Para atingir o nível de desempenho dos
concorrentes. � Em resposta às exigências dos clientes.
Motivações internas
Variáveis internas influenciam o site para obter a certificação ISO 14001.
� Para melhorar o desempenho ambiental. � Para melhorar o processo e o produto de inovação
ambiental. � Para motivar os funcionários. � Em resposta à decisão interna no site. � para identificar os melhores usos de fontes de
energia. � Para obter reduções de custo de produção.
Motivações Proativas
O site pede uma certificação para evitar possíveis problemas com os agentes externos.
� Para melhorar o cumprimento das normas ambientais.
� Para reduzir o risco de passivos. � Para se proteger contra mudanças na legislação
ambiental. � Para cumprir com a legislação ambiental vigente.
Motivações Legais
O site pede uma certificação para ajudar a cumprir com os regulamentos atuais ou futuros.
� Para antecipar as ações dos concorrentes. � Para melhorar a imagem da empresa com os
clientes. � Para melhorar a imagem da empresa com a
sociedade em geral.
Quadro 23 – Aspectos motivadores para gestão ambiental Fonte: Adaptado pelo autor de Gavronski et al (2008)
Um aspecto importante a ser destacado também são os benefícios de implantação da
gestão ambiental. Starkey (1998) destaca os seguintes benefícios:
1. Redução de custos.
2. Conformidade legal.
3. Antecipação da legislação futura.
4. Redução do risco ambiental.
5. Reunião de exigências da cadeia de abastecimento.
96
6. Melhoria nas relações com as autoridades reguladoras.
7. Melhoria da imagem pública.
8. Aumento das oportunidades de mercado.
9. Entusiasmo do Empregado.
Dawson (2006) destaca os seguintes benefícios
1. Satisfação do cliente.
2. Atração de novos clientes.
3. Melhor desempenho ambiental.
4. Melhoria da eficiência organizacional e de gestão.
5. Racionalização das atividades.
6. Maior eficiência e qualidade.
7. Melhoria da imagem.
8. Redução de custos.
9. Conformidade legal assegurada.
Hillary (2004) divide os benefícios em internos e externos. Os benefícios internos
identificados podem ser agrupados em três categorias:
� Organizacionais: o SGQ e a qualidade global da gestão são melhorados,
treinamentos e inovação são incentivados.
� Financeiros: economia financeira, rapidez na recuperação dos investimentos,
redução de custo e melhor imagem.
� Pessoais: canais de comunicação, habilidades, conhecimento e atitude, novas
interações entre o pessoal e a gestão, benefícios intangíveis como o reforço
moral.
Os benefícios externos identificados estão agrupados em três categorias:
� Comerciais: atração de novos negócios e clientes, bem como a satisfação das
necessidades dos clientes que são os principais direcionadores da adoção de
SGA pelas PME.
� Ambientais: garantia da conformidade legal, uso de energia e materiais de
forma eficiente, redução do consumo e minimização da geração de resíduos.
� Pessoais: reforço do diálogo e das relações com as partes interessadas,
melhoria da imagem.
97
A ISO (2005a) realizou uma pesquisa com as pequenas e médias empresas quanto à
Gestão Ambiental. Nesse relatório, foi apresentado o resultado em relação à percepção das
empresas no que diz respeito aos benefícios que a implantação do SGA traria. Esta pergunta
foi respondida por 423 empresas, que obedeceram ao critério de escolher os três itens mais
significativos. Na tabela 5 pode-se verificar o resultado da pesquisa em que na coluna da
esquerda é apresentada o número de respostas das empresas e na coluna da direita os motivos
escolhidos por elas.
Tabela 5 - Benefícios da implantação do SGA
Nº Item
151 Melhorar as conformidades ambientais
141 Requisito do Cliente
130 Aumentar o comprometimento dos empregados
97 Melhorar o gerenciamento de um requisito ambiental específico
79 Atender as necessidades regulatórias
69 Economizar nos custos
55 Aumentar o comprometimento no gerenciamento
53 Facilitar acordo comercial
53 Atender ao mercado doméstico
44 Melhorar o relacionamento com autoridades/agências governamentais
44 Aumentar as vendas
33 Avaliação gerencial mais efetiva
32 Melhorar o resultado com a comunidade ou vizinhança
29 Aumentar a produtividade
14 Oportunidade de exportar para mercados internacionais Fonte: ISO, 2005a.
Pelo resultado apresentado na tabela 5, pode-se verificar que, para as pequenas
empresas, o SGA proporcionará melhora no atendimento à legislação e aos requisitos do
cliente. Itens como oportunidade de exportar para mercados internacionais, aumentar a
produtividade e aumentar as vendas não foram apontados como importante na implantação do
SGA. Provavelmente esse resultado seria diferente caso a pesquisa fosse respondida por
grandes empresas.
Embora existam dúvidas sobre os benefícios econômicos da implantação da gestão
ambiental nas PME, a literatura tem relacionado alguns: melhores taxas de juros e seguros
bancários, a melhoria da imagem e reputação, vantagem técnicas nas licitações públicas,
economia no uso de recursos e redução dos resíduos (WALKER, 2008).
98
Oliveira (2005), citando pesquisa realizada pelo CNI/BNDES/SEBRAE de 2001,
afirma que, se a poluição é encarada como um custo econômico, a otimização de insumos e a
redução de poluentes possibilitada pela adoção de tecnologias mais limpas acabam
aumentando a produtividade, gerando, consequentemente, um efetivo ganho ambiental. A
figura 28 apresenta os principais benefícios ambientais alcançados pelo setor industrial de
acordo com a pesquisa.
0
10
20
30
40
50
60
Benefícios 48,5 47,2 47,5 30,5 7 18
Otimização de insumos
Redução emissões de
Controle de efluentes
Controle de resíduos
OutrosNenhum benefício
Figura 28: Benefícios Ambientais. Fonte: Oliveira, 2005
A grande maioria das PME não percebe ou entende os benefícios da abordagem
ambiental. É possível que a formalidade, complexidade e potenciais custos de um SGA criem
uma percepção negativa. Os benefícios mais comuns, citados pelas empresas no processo de
melhoria do desempenho ambiental, são as reduções dos custos operacionais e a motivação
dos empregados. Observa-se que a quantidade de empresas que relatam maiores benefícios
aumenta com o número de empregados, conforme figura 29 (NETREGS, 2009).
Ao questionar por que pequenas empresas necessitam de um Sistema de Gestão
Ambiental, Zorpas (2009) inclui quatro benefícios significativos:
1. Financeiros: um SGA significa menos desperdício e maior eficiência, ou
seja, economia de recursos financeiros. Além disso, muitas companhias de
seguros e banco dão preferência a empresas com riscos ambientais reduzidos.
2. Mercados: clientes e tendências ecológicas estão direcionando uma demanda
de produtos e serviços com melhores perfis ambientais.
3. Legislação: com um SGA efetivo tem menos incidentes ambientais, reduz os
riscos de infração legal, e obtém-se melhor relacionamento com as agências
reguladoras.
99
4. Comunidade e relações de trabalho: muitas empresas relatam que a força de
trabalho adota a gestão ambiental com entusiasmo e passa a ter um melhor
relacionamento com as comunidades locais.
33%
29%
24%
39%
11% 11%
25%
29%
35%
12%
26%
31%
9%
45%
14%
11%
27% 27%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Reduziu ao custosoperacionais
Aumentou asvendas e
lucratividade
Cresceu pedidosde novos clientes
Aumentou orelacionamentocom os clientes
Reduziu o riscosde multas
Motivação dosempregados
0 - 9 empregados 10 - 49 empregados 50 - 249 empregados
Figura 29: Benefícios experimentados por empresas em melhorar o desempenho ambiental Fonte: NetRegs, 2009
A ISO relaciona benefícios para motivar os gestores no desenvolvimento de
melhores práticas e políticas ambientalmente conscientes (ISO, 2010b):
Toda família ISO 14000 fornece ferramentas de gestão para organizações controlar os seus aspectos ambientais e melhorar seu desempenho ambiental. Juntas, essas ferramentas podem proporcionar significativos benefícios econômicos tangíveis, incluindo:
� Redução de matérias-primas / utilização de recursos; � Redução do consumo de energia; � Melhoria da eficiência do processo; � Redução da geração de resíduos e dos custos de disposição, e � Utilização dos recursos renováveis.
Gavronski et al. (2008) no artigo sobre por que as empresas buscam a certificação
ISO 14001, procuraram correlacionar as motivações com os benefícios auferidos pelas
empresas. Os benefícios foram classificados conforme quadro 24.
100
Apesar dos vários benefícios resultantes da implantação da gestão ambiental, muitos
pesquisadores se questionam porque tão poucas PME possuem sistemas de gestão
implantados.
NÍVEL DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO
Benefícios de produtividade
Benefícios perceptíveis de produtividade, da perspectiva de operações.
� Redução de uso de recursos: energia. � Redução de uso de recursos: matérias-primas. � Redução de uso de recursos: água. � Otimização do processo de fluxos materiais. � Redução de custos produção. � Maior motivação dos funcionários.
Benefícios financeiros
Benefícios financeiros percebidos derivados da certificação ISO 14001.
� Oportunidade de obter fundos de investimento organizações governamentais.
� O acesso a créditos especiais, com taxas de juro reduzidas.
� Redução de prêmios de seguro. Benefícios Sociais
Benefícios percebidos no relacionamento com agentes externos (governo e sociedade).
� Melhoria da imagem corporativa para a sociedade em geral.
� Redução da suscetibilidade ambiental. � Melhor cooperação das autoridades ambientais.
Benefícios de mercado
Benefícios sentidos no relacionamento com as empresas (clientes, concorrentes e fornecedores).
� Vantagens competitivas. � Efeitos positivos sobre o mercado e com os
clientes. � Oportunidade para dar o exemplo para os
fornecedores.
Quadro 24 - Benefícios da Gestão Ambiental Fonte: Adaptado pelo autor de Gavronski et al (2008)
As PME não se comprometem com a gestão ambiental, pela crença que necessitam
aplicar tempo e recursos muitas vezes não disponíveis, pois precisam concentrar esforços em
assuntos da sobrevivência do negócio, tais como pagamento de contas, fornecimento dos
produtos e busca de novos clientes. Logo essas atividades são vistas como um luxo que elas
não podem pagar (STARKEY, 1998).
O tema relativo a barreiras e inconveniências na implantação da gestão ambiental
em PME é analisado por determinados autores, porém devido à natureza heterogênea do setor,
várias discordâncias são encontradas, e muitas vezes o que vale para algumas empresas não é
encontrado em outras.
Hillary (2000) argumenta que existem barreiras internas e externas para a adoção de
sistema de gestão ambiental nas PME além dos inconvenientes que surgem durante o
processo de implantação. Essa tipificação pode ser verificada no quadro 25.
101
INCONVENIENTES:
Recursos: mais recursos do que o esperado, em termos de custos, tempo e / ou competências eram necessários, o custo de certificação / validação
Falta de recompensas: não reconhecimento do mercado
Surpresas: qualidade dos consultores que orientam um sistema complexo, enfatizando muita burocracia e não o desempenho ambiental.
BARREIRAS
INTERNAS EXTERNAS
Recursos: falta de recursos humanos, natureza multifuncional do pessoal,
Certificadores/examinadores: custo com a certificação
Entendimento e percepção: falta de consciência dos benéficos, preocupação com uma fiscalização, percepção de burocracia.
Econômicas: benéficos insuficientes, dúvidas quanto ao valor dado pelo mercado ao SGA
Implementação: interrupções na condução do processo, dúvidas na identificação de impactos ambientais
Fraquezas institucionais: falta de uma clareza na estrutura legal, falta de uma estrutura de apoio de informação da legislação,
Atitudes e cultura da empresa: cultura negativa, inconsistência e falta de apoio dos proprietários, experiência negativa com a ISO 9001.
Guias e suporte: falta de experiência dos consultores em PME, falta de ferramentas e exemplos para o setor, falta de guias sobres aspectos ambientais e sua significância
Quadro 25 – Inconvenientes e barreiras à gestão ambiental em PME Fonte: Hillary, 2000
A falta de recursos é apontada como a principal barreira interna na introdução do
SGA nas PME para Hillary (2000), Biondi et al. (2000), Walker(2008) e Starkey (1998). No
entanto Hillary (2000) e Biondi et al. (2000) identificaram como recursos humanos, ao invés
dos financeiros, a maior barreira de implantação do SGA. Quando se deslocam esses recursos
necessários para implementar um SGA, sua falta pode prejudicar outras áreas da empresa.
Falta de consciência e compreensão é vista como outro entrave. As pequenas
empresas podem, muitas vezes, reconhecer a necessidade de um melhor desempenho
ambiental, porém as questões ambientais são tratadas de forma reativa sem nenhuma
priorização (DAWSON, 2006).
Criar atitudes positivas no ambiente de trabalho e alcançar a necessária mudança
cultural são barreiras internas, cujo compromisso da direção é crucial para o sucesso de um
projeto do SGA (HILLARY, 2004).
102
Hillary (2004) afirma que o processo de implementação frequentemente é
interrompido devido à falta de recursos, ou pela perda de interesse pelos empresários no que
diz respeito a questões mais fundamentais para o negócio. Isso pode eventualmente
desestimular a continuidade do processo. Aliado a isso, as normas ISO 14000 e EMAS são
escritas em uma forma que é difícil para as PME entenderem, faltando eventualmente até
competência técnica para identificar os aspectos relevantes e avaliar sua significância
(DAWSON 2006).
Os custos econômicos são vistos como um grande obstáculo à implementação de um
SGA certificado com base nas normas ISO 14000 ou EMAS. Nas PME, muitas vezes os
gerentes e proprietários não percebem benefícios em face dos investimentos necessários para
a adoção de um SGA formal, e levantam dúvidas sobre as vantagens de uma certificação
(HILLARY 2000).
As pequenas empresas dificilmente se interessam em assumir um papel ativo nas
questões ambientais se não houver pressões de qualquer das partes interessadas. Sem pressão,
mesmo quando os impactos ambientais são consideráveis, as ações corretivas serão sempre
tomadas a fim de evitar custos, não para a sustentabilidade ou a proteção do ambiente
(ZORPAS, 2009).
Burke e Gaughran (2006), ao obterem informações de práticas ambientais nas PME,
identificaram barreiras semelhantes àquelas apresentadas em pesquisas anteriores. A “falta de
demanda” foi o principal inibidor, seguido da falta de financiamento e de recursos, e falta de
capacidade técnica. Além disso, verificou-se que a maioria dos entrevistados consideraram os
impactos ambientais tão insignificante que não era economicamente justificável investir na
sua redução .
Na pesquisa realizada pela ISO com as pequenas e médias empresa, foram
questionadas as razões em não se implantar o SGA. Esta pergunta teve 666 respostas que
podem ser verificadas em ordem decrescente na tabela 6 (ISO, 2005a) .
103
Tabela 6 - Razões para não implantar um SGA
ITEM %
Custo da Certificação 50%
Falta de recursos financeiros 49%
Falta de recursos humanos 48%
Não é requisito do cliente 45%
Falta de tempo 43%
Custo da implementação 43%
Não há suporte de marketing 39%
Falta de suporte da alta administração 38%
ISO 14001 é muito burocrática para o tamanho de nossa empresa
32%
Falta de conhecimento da ISO 14001 na organização 29%
Grau de documentação/formalidade requerido 29%
Falta de funcionários treinados 23%
Atitude da gerência contrária à implantação da ISO 14001 23%
Implantação muito difícil 20%
Falta de suporte do governo 18%
Falta de disponibilidade de um guia prático 15%
ISO 14001 não traz melhorias 12%
Atitude dos funcionários contrária à implantação da ISO 14001
11%
Falta de compatibilidade com o sistema de gestão existente 10%
Outros 9% Fonte: ISO, 2005a.
Como se pode observar, o custo com a certificação é apontado como o principal
fator impeditivo, de acordo com a opinião das pequenas empresas. A falta de recursos
financeiros e humanos vem logo em seguida. Segundo Brauns (2006), o cliente tem um
importante papel na implantação do SGA, uma vez que as pequenas empresas relataram que
não optaram pelo SGA porque não foi solicitado por seus clientes (BRAUNS, 2006).
No que tange às questões ligadas ao meio ambiente, as PME apresentam diversas
características estruturais e comportamentais específicas relacionadas à questão ambiental
conforme listado abaixo (AHORN, 2006):
� Falta de consciência quanto aos desafios ambientais que estão diante delas.
� A suposição de que as suas atividades empresariais exercem efeitos
desprezíveis sobre o meio ambiente.
� Conhecimento insuficiente e parcial sobre as regulamentações relevantes e
sobre programas de fomento, de tal forma que estas empresas
104
frequentemente desempenham um papel apenas secundário no debate sobre o
meio ambiente.
� O comportamento relacionado ao meio ambiente é costumeiramente dirigido
por determinações ou pressões públicas, e menos por uma ética ambiental.
� Integração deficiente das atividades relacionadas ao meio ambiente nas
atividades centrais da empresas.
� Elevada vulnerabilidade aos riscos globais, devido à reduzida diversificação
e limitada capacidade de gestão voltada à prevenção.
A pesquisa sobre gestão ambiental na indústria realizada pela FIRJAN em 2008
apontou as principais dificuldades para a melhoria ambiental nas empresas. A conscientização
ambiental foi a resposta mais citada entre as grandes, médias e a terceira entre as pequenas
empresas. A falta de recursos financeiros destaca-se entre as grandes e pequenas. Atender às
exigências de órgãos ambientais foi a segunda resposta mais citada pela empresas de médio
porte, enquanto para as pequenas empresas, destacou-se a dificuldade em conseguir licença
ambiental ou orientação de órgãos públicos.
6,8%
8,4%
6,8%
9,2%
25,4%
12,5%
14,3%
Pequeno Porte
Médio Porte
Grande Porte
Conscientizaçãoambiental
Falta de recursos
Atender exigências deórgãos ambientais
Figura 30: Principais dificuldades para melhoria ambiental Fonte: FIRJAN, 2009
No próximo item, será apresentada a metodologia utilizada neste estudo, e em seguida,
a discussão e análise dos resultados tendo como base a pesquisa bibliográfica realizada.
105
4. METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a de uma pesquisa quanti-qualitativa
caracterizada como exploratória, cujo procedimento para coleta de dados foi o estudo de caso.
A pesquisa exploratória é realizada no sentido de proporcionar uma visão geral acerca
de determinado fato. Quando o tema escolhido é bastante genérico, ela constitui a primeira
etapa da investigação e, como resultado, tem-se um problema mais clarificado, passível de
pesquisas mais precisas em estudos posteriores (GIL, 1996).
Haguette (apud Macedo, 2003) afirma que a pesquisa qualitativa tem características de
uma pesquisa empírica; pois, ao invés de aplicar esquemas de procedimentos científicos,
enfatiza a necessidade de reconhecer, em primeira instância, o caráter peculiar do objeto
pesquisado, apoiada numa teoria sobre a natureza e características deste objeto, de forma a
nortear todo o trabalho da pesquisa. O uso da pesquisa qualitativa muitas vezes está
relacionado com a impossibilidade de obtenção de dados estatísticos ou por razões de custo e
rapidez na pesquisa. Contudo, a pesquisa qualitativa permite a compreensão de certos
fenômenos não abordados pelos métodos estatísticos, como o processo dinâmico vividos por
grupos sociais. Citando ainda a mesma fonte, Macedo (2003) enfatiza que o melhor método é
aquele que se adapta ao tipo de objeto de estudo: os métodos quantitativos supõem uma
população de objetos de observação comparável entre si e os métodos qualitativos enfatizam a
especificidade de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de ser.
A principal diferença entre uma abordagem qualitativa e uma quantitativa reside no
fato de que a abordagem qualitativa não emprega um instrumento estatístico como base do
processo de análise do problema. Na abordagem qualitativa, não se pretende numerar ou
medir unidades ou categorias homogêneas (RICHARDSON, 1999).
O estudo de caso é um método que se utiliza de poucos objetos e se fundamenta na
ideia de que a análise de uma unidade de determinado universo possibilita a compreensão da
generalidade do mesmo, porém não é comum a ocorrência de limitação e dificuldade de
generalização dos resultados, principalmente porque a unidade escolhida para o estudo pode
106
ser atípica em relação às outras, gerando conclusões que não são aplicáveis a elas, não
podendo ser estendidas ao todo (GIL,1996).
Todavia, a adoção do estudo de caso é bastante frequente devido à sua simplicidade e
economia, tanto que Gil (1996) chega a afirmar que ele é altamente recomendado para os
estudos exploratórios, pois, em função de sua flexibilidade, é indicado para as fases iniciais de
uma investigação sobre temas amplos e complexos.
Para Yin (2002) se o objetivo de um estudo de caso é aprofundar o conhecimento de
uma unidade, essa profundidade é alcançada quando se presencia o fenômeno junto ao
indivíduo. Logo, é importante que a etapa de coleta de dados seja feita de forma direta por
meio de multimétodos como observação direta, análise de documentos, entrevistas e
questionários com o objetivo de reunir o maior número possível de pontos de vista, bem como
outras informações pertinentes de observação do objeto de estudo.
A observação direta consiste em examinar, pessoalmente, fatos/fenômenos que se
desejam estudar e não apenas ver ou ouvir, permitindo evidenciar dados não aparentes em
questionários ou roteiros de entrevistas porém, apesar de ser um instrumento simples que
possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma amplitude de fenômenos, apresenta
algumas limitações, tais como: o sujeito observado tende a criar impressões favoráveis ou não
do observador, à medida que tem a ciência de ser observado, bloqueando a espontaneidade e
dificultando a observação do fato por parte do pesquisador; fatores imprevistos podem
interferir na tarefa do pesquisador e podem ser perdidos aspectos importantes, a depender do
nível de percepção do pesquisador (RIBEIRO apud MACEDO, 2003).
A pesquisa documental considera documento qualquer registro que possa ser usado
como fonte de informação, podendo ser: regulamentos, atas de reunião, cartas etc. Ela usa
materiais que ainda não receberam tratamento analítico (documentos de primeira mão), como
reportagens de jornal, contratos, dentre outros; ou materiais que já foram analisados de
alguma forma e que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa
(documentos de segunda mão), como relatórios de empresas (ALVES-MAZZOTTI e
GEWANDSZNAJDER, 2002).
107
Segundo Gil (1996), questionário e entrevista são técnicas semelhantes, porém na
entrevista as questões são formuladas oralmente às pessoas, que as respondem da mesma
forma, e no questionário as questões são apresentadas por escrito. O questionário tem como
vantagens a possibilidade de alcançar um grande número de pessoas, mesmo estando longe do
entrevistador; demanda menor custo e permite que as pessoas o respondam no momento mais
conveniente para elas.
Por outro lado, o distanciamento entre o entrevistado e o entrevistador causa algumas
limitações do método, como: o esclarecimento das questões quando o respondente não
entende corretamente as questões e não oferece a garantia de que os entrevistados preencherão
devidamente o questionário, o que pode implicar em um retorno reduzido de respostas
representativas (GIL, 1996).
Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2002) reforçam que, por sua natureza interativa, a
entrevista permite explorar temas em uma profundidade que dificilmente é alcançada com
outros métodos. Eles afirmam que raramente as entrevistas qualitativas são do tipo
estruturada, sendo mais utilizadas as semi-estruturadas ou as não estruturadas. Nas semi-
estruturadas, o entrevistador faz perguntas específicas, mas a entrevista não tem de se
restringir a elas, outros tópicos podem ser introduzidos tanto pelo entrevistador como pela
entrevistado. Já nas não estruturadas, o entrevistador apenas introduz o tema da pesquisa e
pede ao entrevistado fale sobre ele.
Para o desenvolvimento desta pesquisa o estudo de caso selecionado foi o Programa
de Qualificação de Fornecedores – PQF.
4.1 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Este estudo, uma pesquisa sobre gestão ambiental empresarial abrangendo o
Programa de Qualificação de Fornecedores - PQF e as pequenas empresas participantes,
envolveu uma investigação documental de dados primários e secundários obtidos em registros
fornecidos pelo IEL, que coordena esse programa, e em pesquisa realizada sobre esse tema.
Foram analisados perfis das empresas participantes, os diagnósticos, o processo do programa,
os resultados de indicadores acompanhados e a evolução da gestão pelas empresas.
108
A identificação de iniciativas para PME aprimorarem o desempenho ambiental foi
realizada por meio de pesquisa bibliográfica de dados coletados de fontes primárias, ou seja,
de trabalhos originais e publicados pela primeira vez pelos autores em monografias,
dissertações, teses, livros, relatórios técnicos, artigos, etc., e de fontes secundárias que contêm
trabalhos não originais e que basicamente citam, revisam e interpretam trabalhos originais.
Esses dados foram coletados e examinados com foco na população do estudo: PME
fornecedoras de produtos e serviços de grandes indústrias do estado da Bahia participantes do
PQF.
Para identificar os fatores motivadores, dificuldades e barreiras para adoção da
gestão ambiental nas PME, foi efetuado igualmente um levantamento da literatura sobre este
assunto. Foram pesquisados autores que publicaram artigos em revistas de reconhecimento
internacional, visando estabelecer correlações entre o comportamento de empresários de
outros países com os integrantes do universo pesquisado.
A análise da percepção das PME quanto às iniciativas de gestão ambiental, e das
características do PQF, realizou-se por meio de uma pesquisa de campo. Segundo Vergara
(2000), pesquisa de campo é uma investigação realizada no local onde ocorre ou ocorreu um
fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo, podendo-se valer ou não de entrevistas,
aplicação de questionários ou testes. A amostragem para a pesquisa foi não-probabilística
intencional, ou seja, a seleção da amostra não é aleatória e depende em parte do julgamento
do pesquisador visando selecionar empresas que se constituam boas fontes de informação
para o alcance do objetivo proposto.
O instrumento de coleta de dados é um questionário com perguntas abertas e
fechadas, visando obter a percepção por parte dos participantes do PQF em relação aos
benefícios e dificuldades encontradas, além de contribuições de melhoria para o programa. Os
dados foram tratados em forma de tabelas e gráficos para facilitar a análise e a proposição de
alternativas. No quadro 26, são relacionados os objetivos relativos aos métodos e aos
resultados.
109
Objetivo Geral:
Identificar e analisar os desafios das Micro e Pequenas Empresas participantes do PQF para implantação da
gestão ambiental, em especial a motivação, dificuldades e barreiras encontradas por elas no processo e propor alternativas para adoção das melhores iniciativas.
Objetivos Específicos Métodos Resultados
Identificar as iniciativas de gestão ambiental mais utilizadas.
Pesquisa bibliográfica de dados coletados de fontes primárias e secundárias.
Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF
Referencial Teórico.
Quantificação das iniciativas mais utilizadas.
Identificar as motivações, barreiras e dificuldades encontradas no processo de adoção da Gestão Ambiental.
Pesquisa bibliográfica de dados coletados de fontes primárias e secundárias
Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF.
Referencial Teórico.
Qualificação das principais motivações, barreiras e dificuldades.
Analisar as percepções das Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia, participantes do PQF com relação às características do programa.
Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF.
Avaliação da metodologia do PQF na visão das empresas participantes.
Propor alternativas para a implantação da Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas Empresas.
Pesquisa de campo dentro do universo dos participantes do PQF.
Proposição de opções visando melhorias no programa e na aplicação da gestão ambiental.
Quadro 26 – Objetivos da pesquisa, metodologia empregada e resultados alcançados
4.2 IDENTIFICANDO AS ORGANIZAÇÕES
Detalhes das organizações envolvidas com o programa foram obtidos a partir do
registro das empresas no site do PQF. Foi observado que as organizações envolvidas no
projeto estão em vários estágios de desenvolvimento, com, por exemplo, empresas que estão
no programa há mais de três anos e só alcançaram estágios intermediários, outras em apenas
um ciclo implementaram todos os critérios, foram avaliadas e receberam o selo diamante,
referente ao nível avançado.
Portanto, os critérios utilizados para selecionar as empresas envolvidas na pesquisa
incluem:
1. Empresas com o nível básico, intermediário e avançado;
2. Tempo de participação no programa;
3. Setor do participante.
110
Uma vez que frequentemente novas organizações são inscritas no programa, foram
consideradas as empresas que completaram o ciclo de capacitação e consultoria no ano de
2009.
4.3 ABORDAGEM UTILIZADA NO CONTATO COM AS ORGANIZAÇÕES
Figura 31 ilustra a abordagem da identificação e contato com as organizações
envolvidas na pesquisa. Um e-mail inicial é enviado às organizações que atendem aos
critérios detalhando os objetivos da pesquisa e as vantagens em participar. Em seguida são
feitas chamadas telefônicas para contatar organizações que não responderem. Além disso,
uma chamada telefônica a mais é necessária para algumas organizações a fim de marcar uma
hora conveniente para conduzir entrevista.
Figura 31: Organização da abordagem de contacto
Identificar as empresas no Banco de dados do PQF
Enviar e-mail detalhando a
pesquisa
Ligar e marcar entrevista
Acompanhar por telefone
Entrevista?
Não
Sim
Enviar Questionário
Conduzir a entrevista
111
4.4 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
Em 2009, havia no site do PQF cento e vinte e seis empresas cadastradas e elegíveis
para serem contatadas. No entanto, na etapa do desenvolvimento do projeto de pesquisa,
quando da validação do questionário de coleta de dado da pesquisa de campo foram
selecionadas e entrevistadas, desse grupo, três empresas classificadas como nível básico, três
como intermediário e três como avançado.
Em toda a pesquisa que envolve grandes amostras, presume-se obter uma taxa de
reposta adequada de organizações que completem a investigação, apesar de esperar
dificuldade para entrar em contato com o responsável em cada empresa, uma vez que os
respondentes possuem múltiplas atribuições e tempo limitado, o que normalmente é um fator
limitante da taxa de resposta.
Para o cálculo da amostra, foi utilizada a fórmula para o cálculo do tamanho mínimo
de amostra (FREUND, 2006):
)(
.
0
0
nN
nNn
+=
Sendo 2
00 )(
1
En = em que:
E0 é o erro amostral tolerável, N é o tamanho da população, n é o tamanho da amostra, n0 é a primeira aproximação para o tamanho da amostra.
Para um erro amostral tolerável de 10% e uma população de 126 empresas a amostra
mínima é de 54 empresas. Com relação ao índice de confiança, admitindo-se um valor de 95%
o tamanho da amostra é praticamente o mesmo, ou seja, 55 empresas, calculado a partir da
fórmula (FREUND, 2006):
))1.((.25,0
..25,020
2
2
−+=
NEZ
NZn
em que:
Z é o nível de confiança para 95% (1,96). Logo, para este estudo, buscou-se alcançar uma amostra mínima de cinquenta e cinco
empresas com erro de 10% para obter o nível de confiança correspondente a 95%.
112
4.5 JUSTIFICATIVA DA TÉCNICA DE PESQUISA
Segundo Dawson (2006) pesquisas envolvendo PME apresentam índices de resposta
frequentemente baixo, geralmente em torno de 10%. O autor também relata que entrevistas
têm respostas superiores aos questionários autoexplicativos. Portanto, a fim de alcançar uma
alta taxa de resposta possível, a utilização de entrevistas juntamente com o questionário é o
método mais eficaz. No quadro 27, são apresentadas as vantagens e desvantagens da
utilização dos métodos de coleta de informações.
Método Vantagens Desvantagens
Correio: esse método envolve o envio do questionário para os respondentes predeterminados com uma carta explicativa. Em geral usado quando há um grande número de respondentes geograficamente dispersos. Com o advento da internet tem caído em desuso.
• Maior acesso e abrangência • Anonimato • Custo relativamente baixo • Grande amostra • Respondentes completam o
questionário em seu próprio ritmo
• Os questionários devem ser simples
• Baixa taxa de retorno • Esclarecimentos não são
possíveis • Acompanhamento da falta de
retorno é difícil
Pessoalmente: Exige contato direto com os respondentes. Em geral utiliza pequenas amostras para examinar as opiniões; usada quando se lida com questões sensíveis.
• Estabelecimento de empatia e interesse pelo estudo
• Sondagem de questões complexas
• Esclarecimento das dúvidas dos participantes
• Alta taxa de resposta
• Demorado e oneroso • Pode ocasionar tendenciosidade • Dificuldade de obter amplo
acesso • Amostra relativamente pequena
Telefone: é uma forma de entrevista pessoal usada para obter informações rapidamente. Em geral, é usada para ter acesso a respondentes geograficamente dispersos.
• Contato pessoa • Ampla cobertura geográfica • Acesso fácil e rápido • Pode ser feito com o auxílio de
um computador • Fácil administração
• Pouco tempo • Limitado aos que têm telefone • Pode ser caro
Internet : utilizando-se do e-mail, está se tornando o meio mais popular para coleta de dados.
• Baixo custo • Alcance mundial • Rápida captação e análise dos
dados
• Perda do anonimato • Pode ser complexo para criar e
programar • Limitado aos que têm
computador. Quadro 27 – Vantagens e desvantagens dos métodos de coleta de informações Fonte: HAIR, 2005
O questionário elaborado foi publicado em um site, para que os respondentes
pudessem acessar a home page da pesquisa através de um link enviado por e-mail e, dessa
forma, postar suas respostas, as quais eram compiladas automaticamente.
113
Para complementar a coleta de dados, utilizou-se o telefone como instrumento de
apoio visando obter o comprometimento dos entrevistados em fornecer os dados e criar uma
relação mais próxima do que uma mensagem formal de e-mail.
4.6 CONTEÚDO E PROJETO DO QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
A fim de alcançar os objetivos da pesquisa, uma revisão abrangente da literatura foi
conduzida, o que permitiu identificar vários temas para serem utilizados na concepção do
questionário. O quadro 28 descreve a literatura utilizada e os temas identificados na
concepção das perguntas do questionário. Após os temas da literatura terem sido
identificados, cada uma das perguntas no questionário foi concebida para abranger estes
temas. O tipo de pergunta foi determinado para então formular cada questão. A programação
do questionário constou de 13 perguntas fechadas e 4 perguntas abertas (ver Apêndice).
A maioria dos itens do questionário foi do tipo fechado. Estas perguntas permitem
que as questões-chave relativas à qualificação da importância dos fatores motivadores,
benefícios, conscientização, suporte, internalização de iniciativas e sua eficácia possam ser
respondidas. Hair (2005) identifica as vantagens do uso de perguntas fechadas como sendo:
• facilmente processada,
• facilidade na comparação das respostas, e
• significado claro das perguntas.
No entanto, as perguntas 3, 10, 14 e 17 foram concebidas como questões abertas,
permitindo a utilização de termos próprios dos entrevistados. Isto permitiu uma variação nas
respostas sobre como os apoios oferecidos pelo PQF poderia ser melhorado com novos
participantes e ações junto às empresas âncoras. Em algumas perguntas, foi solicitado um
simples Sim ou Não como resposta, enquanto outras perguntas foram concebidas utilizando
uma escala de Likert.
O esquema do questionário foi testado com um consultor profissional e membro da
equipe de consultores do IEL. O estudo piloto revelou que algumas das questões necessitavam
de pequenas alterações, o que foi atendido. Caso o retorno dos questionários não fosse
suficiente para atender tamanho da amostra, seriam realizadas entrevistas por telefone,
solicitando, inclusive, que os respondentes opinassem sobre a importância das iniciativas de
114
gestão ambiental, seu grau de utilização e da possibilidade de envolvimento futuro com novos
instrumentos.
Tema Referencia da Literatura Nº da Questão
Questão
Motivadores para implantação da gestão ambiental
ISO (2005a); Dawson (2006); COTÉ (2008).; Burke (2005); FIRJAN (2009); FIEB (2009); Gavronski et al (2008); Redmond (2007)
Q2, Q4 Porque a organização decidiu implantar gestão ambiental?
Benefícios por adotar a gestão ambiental
Starkey (1998); Dawson (2006); Hillary (2004); Walker (2008); Oliveira (2005), NETREGS (2009); Zorpas (2009)
Q5 Quais os benefícios obtidos?
Barreiras e dificuldades para implantação da gestão ambiental
Starkey (1998); Hillary (2000); Brawn (2006); Zorpas (2009); Dawson (2006);
Q6 Quais as dificuldades encontradas?
Reconhecimento Hillary (2000), ISO (2005a) Q7, Q8 O reconhecimento mudou?
Iniciativas de Gestão Harres (2004) Fang (2001); EMAS (2008). Arvanitoyannis, (2008); CERES (2010); Furtado (2003); Cajazeiras (2005); Barbieri (2007); Seiffert (2008); ISO 14001; Macedo (2003) Grummt Filho e Watzlawick (2008); Rao (2006); Burke (2006); Perroto (2008); Jasch (2000); GEN (2004); Preussler, (2008); Barboza (2001); EPA (2006); Crittenden and Kolaczkowski (1995); BS 8555, Coelho (2004) e Teixeira (2001)
Q9, Q10 Que iniciativas têm sido aplicadas?
Suporte e sensibilização para o programa
Dawson (2006); Blake (2009); Chen (2004); Birchall (2005)
Q1, Q3, Q12, Q13
Que fatores sensibilizaram a participação? Quão importante é o suporte?
Melhoria do apoio e eficácia do programa
Dawson (2006); Blake (2009); Chen( 2004); Birchall (2005)
Q11, Q14, Q15, Q16, Q17
Que elementos foram eficazes e como o apoio pode ser melhorado?
Quadro 28 - Temas e Literatura do questionário de pesquisa
115
5. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Ao realizar a pesquisa documental preliminar de dados obtidos em documentos
fornecidos pelo Instituto Eulvado Lodi – IEL, como o Manual do Programa, Folders
Apresentações, e acesso ao portal do programa, foram constatadas algumas informações:
Empresas Fornecedoras Beneficiadas cadastradas e avaliadas em 2009: 126
Segmentos:
� Usinagem;
� Caldeiraria;
� Construção Civil;
� Serviços:
− Pintura / Jateamento;
− Engenharia;
− Manutenção;
− Inspeção de Equipamentos;
− Consultoria Ambiental e Logística;
− Aluguel de Máquinas;
− Transportes de Materiais;
− Colheita Mecanizada de Eucalipto.
Com relação aos dados de 2009, foi verificada no Portal a existência de 116
empresas com avaliações postadas. Dessas, vinte e sete empresas apresentam uma avaliação
entre 7,01 e 10; dezoito empresas ente 5,01 e 7,0 e setenta e uma empresas com avaliações
abaixo de 5,0 ou sem avaliação.
Não foi possível verificar nos dados e informações obtidos no portal, o índice de
satisfação referente à avaliação das empresas-âncoras e fornecedoras quanto ao programa,
nem os dados alusivos à avaliação das empresas-âncoras quanto aos serviços dos
fornecedores, já que esses dados são específicos das empresas.
Como instrumento de pesquisa visando obter informações sobre a percepção da
Gestão ambiental nas PME participantes do PQF e identificar as principais motivações e
116
dificuldades encontradas no processo de Gestão ambiental, o questionário apresentado no
Apêndice foi validado com seis empresas em um piloto representando 10% da amostra, antes
de proceder à efetiva pesquisa de campo.
Seguindo a metodologia apresentada no capitulo anterior, os dados das organizações
foram obtidos do site do PQF e arquivado numa planilha Excel para acompanhamento do
status de retorno das respostas. Inicialmente foi solicitado que a coordenação do IEL enviasse
um comunicado, informando as empresas da atividade de pesquisa que seria realizada.
Posteriormente, foi encaminhado, via e-mail, o link na internet da página do questionário,
cujas respostas poderiam ser respondidas diretamente.
Conforme preconizado por Dawson (2006), a taxa de retorno nesse primeiro
momento alcançou um valor inferior a 10% de questionários respondidos. Nesse sentido, foi
iniciado o contato por telefone, visando marcar entrevista ou ainda, no caso de dificuldades
com o link na internet, enviar o questionário em arquivo Word por e-mail.
Durante a marcação da entrevista por telefone, foi constatado um outro aspecto
quando da realização de pesquisas com PME, a grande dificuldade no agendamento com o
responsável de cada empresa, face ao seu tempo limitado e múltiplas atribuições. Esse fato
causou sobremaneira atrasos no alcance da meta estabelecida de 95% do nível de confiança da
amostra para a população com um erro amostral de 10%.
Da população de 126 empresas, cinquenta e cinco responderam o questionário
alcançando a meta proposta, e essa amostra é qualificada em sua maioria (47%) como
Pequena. As microempresas correspondem a 35%, e as médias a 18%, do total. Quanto ao
setor, 78% estão qualificadas como empresas de prestação de serviços.
Em relação ao tempo de participação no programa, a amostra foi dividida entre as
empresas com até um ano; de um a dois anos; de dois a três anos, e mais de três anos.
Procurou-se obter uma distribuição equitativa, apesar de o número de empresas com menos de
um ano representar apenas 11% do total. No entanto, esse fato não influenciou os resultados,
pois foi disponibilizada no questionário a opção “Não Sei” para as empresas que não tinham
uma opinião formada a respeito de certos critérios. Nos diagramas a seguir são apresentadas
117
as informações dos respondentes quanto ao tempo de participação no programa e ao estágio
de atendimento aos requisitos.
Quanto ao estágio do atendimento aos requisitos do questionário de avaliação do
IEL, verifica-se também que a amostra é representativa nesse aspecto, apesar de apenas 13%
das empresas atenderam menos de 50% dos requisitos do programa. Nas figuras 32 e 33 são
evidenciados esses aspectos.
0 a 1 ano11%
2 a 3 anos27%
mais de 3 anos31%
1 a 2 anos31%
0 a 1 ano 6 11%
1 a 2 anos 17 31%
2 a 3 anos 15 27%
mais de 3 anos 17 31%
Figura 32: Tempo de participação no PQF
100%; 15
70 a 99%; 14
50 a 70%; 19
0 a 49%; 7
0 a 49% 7 13%
50 a 70% 19 35%
70 a 99% 14 25%
100% 15 27%
Figura 33: Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL
Ao realizar uma análise bivariável entre esse dois aspectos (Tabela 7), observa-se
que os dados da amostra parecem sugerir uma associação entre o tempo de permanência da
empresa no PQF e o estágio de cumprimento dos requisitos do questionário. Enquanto as
empresas com menos de um ano encontram-se nos estágios iniciais (50%), a maior parte das
empresas pesquisadas com mais de três anos de programa atendem plenamente aos requisitos
(47,1%).
118
Tabela 7: Distribuição do tempo da empresa no PQF e o estágio de cumprimento dos requisitos do questionário
Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário Tempo da empresa no PQF
0 a 49% 50 a 70% 70 a 99% 100%
Total
0 a 1 ano 3 (50,0) 2 (33,3) 1 (16,7) 0 (0,0) 6 (100)
1 a 2 anos 1 (5,9) 11 (64,7) 3 (17,3) 2 (11,8) 17 (100)
2 a 3 anos 2 (13,3) 3 (20,0) 5 (33,3) 5 (33,3) 15 (100)
Mais de 3 anos 1 (5,9) 3 (17,3) 5 (29,4) 8 (47,1) 17 (100)
Total 7 (12,7) 19 (34,5) 14 (25,5) 15 (27,3) 55 (100,0)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação aos totais das linhas
Para verificar a significância da associação entre as duas variáveis, utilizou-se o teste
quiquadrado. Nesse teste, calcula-se o χχχχ2 e compara-se com o valor tabelado para um índice
de 95% de confiança (0,05). O valor calculado de χχχχ2 foi de 53,6, e como este é maior que do
que o valor tabelado para a nove graus de liberdade (16,92), pode-se admitir que a relação
entre as variáveis não deve ser meramente casual, ou seja, há uma associação entre as duas
variáveis. A seguir serão discutidos os resultados obtidos quanto aos objetivos estabelecidos e
aos temas propostos no quadro 28 citado anteriormente.
Por que a organização decidiu implantar gestão ambiental?
Tabela 8: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental
AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA
MOTIVAÇÃO Nenhuma (1)
Pouca (2)
Média (3)
Importante (4)
Muito (5)
Conscientização social e ambiental 0 (0,0) 1 (1,8) 2 (3,6) 6 (10,9) 46 (83,6)
Atendimento à legislação 0 (0,0) 1 (1,8) 4 (7,3) 10 (18,2) 40 (72,7)
Redução os resíduos 0 (0,0) 2 (3,6) 1 (1,8) 16 (29,1) 36 (65,5)
Melhoria da imagem da empresa 0 (0,0) 2 (3,6) 4 (7,3) 18 (32,7) 31 (56,4)
Diminuição do custo de produção 2 (3,6) 6 (10,9) 10 (18,2) 10 (18,2) 27 (49,1)
Pressão dos clientes e do mercado 0 (0,0) 7 (12,7) 8 (14,5) 22 (40,0) 18 (32,7)
Acesso a melhores taxas de juro 13 (23,6) 8 (14,5) 10 (18,2) 13 (23,6) 11 (20,0)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)
119
O resultado ilustrado na tabela 8 mostra que 83,6% dos respondentes afirmaram que a
conscientização sócioambiental é o motivo mais importante para as organizações envolverem-
se num projeto de implantação de práticas de gestão ambiental. Quando se soma com os que
afirmaram como importante, o valor sobe para 94,5%. Esses dados estão alinhados com os
obtidos pela FIRJAN (2006), porém pesquisas realizadas na UE e analisadas por Burke e
Gaughran (2006) não apontam esse fator como o mais importante na adoção da gestão
ambiental, estando inclusive após outros fatores. Além disso, Redmond, Walker e Wang
(2008) assinalam um cuidado para com o resultado encontrado. Os autores afirmam que,
apesar das preocupações com os aspectos sócioambientais demonstrados pelos
proprietários/gestores das pequenas empresas em pesquisas, esse fato não se traduz em ações
concretas. A escassez de recursos disponíveis (tempo e capital), além da crença de que os
impactos são desprezíveis, congela atitudes proativas, tornando-os reativos, limitando-os ao
cumprimento legal ou até mesmo não as cumprindo, pois é mais vantajoso correr o risco de
multa a implementar as ações de melhoria.
O atendimento à legislação e à redução de resíduos são, respectivamente, segundo e
terceiro motivos influenciadores mais importantes para 72,7% e 65,5% dos respondentes.
Contudo, quando se soma os que apontaram como importante, os resultados se invertem. Isso
se deve ao fato de que esses dois motivos estão associados, pois a implantação de um
Programa de Gestão de Resíduos Sólidos é normalmente um condicionante de licença
ambiental, exigência legal para muitos empreendimentos. Esses resultados também estão em
sintonia com a literatura pesquisada; FIEB (2009), Walker (2008), FIRJAN (2008), Hillary
(2004), todos afirmam que o atendimento à legislação é motivador crítico na adoção de
práticas de gestão ambiental.
A influência do cliente sob a forma de pressão na cadeia de suprimento é citada como
fator chave para implementação da gestão ambiental por Burke e Gaughran (2006), Gavronski
(2008) e Dawson (2006). Curiosamente, apenas 32,7% dos entrevistados responderam a
pressão do cliente como um fator importante. Isso sinaliza que, apesar da influência dos
clientes na cadeia de suprimento, há pouca evidência de que está se tornando disseminado. No
entanto, uma possível explicação para a pouca importância dada à pressão da cadeia de
suprimento é que ela só é susceptível para as PME que operaram em um contexto de
atendimento exclusivo, como por exemplo, na cadeia automobilística. Além disso, Hillary
(2004) argumenta que algumas empresas clientes, especialmente das microempresas não
120
pressionam pela melhoria do desempenho ambiental, possivelmente devido ao fato de
acreditarem que as microempresas possuem impactos ambientais negligenciáveis. Outro fator
que pode ter influenciado é a requisição dos respondentes quanto a um maior envolvimento
das empresas-âncoras no PQF, principalmente na contratação das empresas participantes.
Na tabela 9, os resultados dos principais motivos para implantação da gestão
ambiental são segmentados para as empresas que alcançaram 100% do cumprimento dos
requisitos do questionário de avaliação do IEL. Quando se compara com o resultado geral de
todos os respondentes (tabela 8), nota-se que o ranking dos critérios não se alterou, com
exceção para o item de pressão dos clientes e do mercado, o qual foi pontuado com uma
importância maior que a diminuição dos custos de produção. Observa-se também uma
variabilidade menor dos resultados, gerando maior uniformidade das respostas, o que permite
supor que essas empresas possuem um nível de objetividade mais relevante.
Tabela 9: Principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos
AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA
MOTIVAÇÃO Nenhuma (1)
Pouca (2)
Média (3)
Importante (4)
Muito (5)
Conscientização social e ambiental 0,0% 0,0% 0,0% 6,7% 93,3%
Atendimento à legislação 0,0% 0,0% 0,0% 13,3% 86,7%
Redução os resíduos 0,0% 0,0% 6,7% 20,0% 73,3%
Melhoria da imagem da empresa 0,0% 0,0% 6,7% 33,3% 60,0%
Diminuição do custo de produção 6,7% 20,0% 13,3% 26,7% 33,3%
Pressão dos clientes e do mercado 0,0% 13,3% 13,3% 26,7% 46,7%
Acesso a melhores taxas de juro 46,7% 20,0% 6,7% 26,7% 0,0%
A análise estatística dos dados, conforme apresentada na tabela 10, demonstra que os
quatro primeiros fatores são os motivos mais importantes para implantação da gestão
ambiental na amostra pesquisada. As médias destes fatores estão acima do valor da média
total da amostra (4,1852) calculada pela somatória das freqüências e multiplicada por cada
grau de importância, cujo número cinco corresponde ao grau muito importante e o número um
a nenhuma importância. Além disso, apresentam uma variabilidade pequena (Desvio Padrão
121
menor que um e Coeficiente de Variação menor que vinte). Quanto a Curtose dos quatro
primeiros fatores, o valor positivo permite afirmar que a distribuição de frequência é
concentrada ao redor da média, enquanto para os demais a distribuição é achatada com uma
maior dispersão dos dados. Já a assimetria, os valores negativos indicam que a distribuição é
inclinada para a esquerda concentrando os resultados nos quesitos de importancia e nos de
muita importancia.
Tabela 10: Análise Estatística dos Dados
Motivação Média Desv. Pad.
CV Curtose Assimetria
1. Conscientização social e ambiental 4,7547 0,6172 12,8700 8,5142 -2,8588
2. Atendimento à legislação 4,6111 0,7115 15,4300 3,0644 -1,8775
3. Redução dos resíduos 4,5472 0,7223 15,7600 4,1748 -1,9206
4. Melhoria da imagem da empresa 4,4151 0,7950 17,9100 1,5781 -1,3808
5. Diminuição do custo de produção 3,9811 1,2167 30,3300 -0,3572 -0,8947
6. Pressão dos clientes e do mercado 3,9057 1,0051 25,3800 -0,5989 -0,6316
7. Acesso a melhores taxas de juro 3,0566 1,4730 47,7500 -1,3848 -0,1386
É investigado também se as organizações tiveram a intenção de implementar ações de
gestão ambiental antes de se envolver com o PQF, as quais 60% declararam positivamente.
Porém, apenas 14% efetivamente atuaram nesse sentido, informando que haviam estabelecido
ações de gestão da qualidade envolvendo medidas de melhoria da produtividade com redução
de consumo de matéria-prima e insumos, principalmente energia elétrica. Esse resultado
indica que os participantes, mesmo indiretamente, já se preocuparam com a questão
ambiental, sugerindo o argumento que as pequenas empresas reconhecem e têm a consciência
da necessidade de um melhor desempenho ambiental.
Benefícios por adotar a gestão ambiental
As organizações foram convidadas a responder à pergunta "Quais os principais
benefícios foram obtidos ao implementar as ações de gestão ambiental do PQF?" Esse
122
questionamento foi importante para determinar quais benefícios retratados no referencial
teórico tinham sido efetivamente experimentados pelas organizações.
Tabela 11 : Benefícios obtidos ao adotar a Gestão Ambiental
FATORES SIM NÃO NÃO SEI
Atendimento a legislação 50 (91) 3 (5) 2 (4)
Melhoria na organização da gestão 47 (85) 5 (9) 3 (5)
Melhoria no desempenho ambiental 45 (83) 7 (13) 3 (5)
Melhoria de imagem 43 (78) 8 (15) 4 (7)
Melhoria na eficácia operacional 42 (76) 6 (11) 7 (13)
Satisfação do cliente 40 (73) 7 (13) 8 (15)
Redução de custos 21 (38) 27 (49) 7 (13)
Aumento das ventas / Clientes 12 (22) 35 (64) 8 (15)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)
Os resultados apresentados na tabela 11 mostram que o atendimento à legislação foi o
benefício alegado por 50 (91%) das organizações pesquisadas. Este é reconhecido como um
dos principais benefícios obtidos pelas PME, visto que a quantidade crescente de
regulamentos e legislação ambiental tem tornando cada vez mais difícil o gerenciamento da
conformidade legal (ISO, 2005a).
Além da melhora na organização e no desempenho ambiental, aspectos relevantes
quando se instituem sistemas de gestão, algumas empresas reconheceram que houve melhora
da imagem pública. No entanto, os benefícios financeiros (redução de custos) e
mercadológicos (aumento de vendas e de cliente) conforme relacionados por Dawson (2006)
e Gavronski (2008), não foram percebidos neste estudo, provavelmente pela alegação de que
o aumento da contratação pelas empresas-âncoras participantes do PQF ficou aquém do
esperado.
Na tabela 12, são apresentados os resultados na visão das empresas que alcançaram
100% do cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL. Pode-se observar
que os dados são semelhantes quanto à classificação decrescente dos itens, diferindo apenas
na pontuação, como, por exemplo, o atendimento à legislação em que 100% das empresas
apontaram com o benefício mais importante.
123
Tabela 12: Benefícios obtidos na adoção da Gestão Ambiental pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos
FATORES SIM NÃO NÃO SEI
Atendimento a legislação 100% 0% 0%
Melhoria na organização da gestão 86,7% 13,3% 0,0%
Melhoria no desempenho ambiental 86,7% 6,7% 6,7%
Melhoria de imagem 80,0% 13,3% 6,7%
Melhoria na eficácia operacional 80,0% 13,3% 6,7%
Satisfação do cliente 80,0% 6,7% 13,3%
Redução de custos 40,0% 46,7% 13,3%
Aumento das ventas / Clientes 33,3% 60% 6,7%
Dificuldades e Barreiras encontradas
A falta de recursos, identificada no referencial teórico e confirmada neste estudo,
conforme apresentada na tabela 13, configura-se como uma das principais barreiras internas
para o sucesso da implementação de iniciativas de gestão ambiental. Esse fato é um
paradigma, pois em geral ações de prevenção da poluição não demandam grandes quantias
quando se prioriza ações de housekeeping, pois, segundo a UNEP (2009), aproximadamente
50% da poluição gerada poderia ser evitada com a melhoria em práticas de operação e
mudanças simples de processo.
Além da falta de recursos (financeiro e pessoal), a competência insuficiente da equipe,
a percepção de que os requisitos são difíceis, e a falta de tempo são apontadas como
dificuldades a serem superadas. Esses pontos estão relacionados com o comportamento e a
educação das pessoas envolvidas na organização. Sendo assim, a educação ambiental
apresenta-se como uma importante ferramenta de sensibilização das PME na implementação
da gestão ambiental. Igualmente importante é o compromisso da direção, que, apesar de não
ter sido apontado como barreira neste estudo, é um fator fundamental na criação de um
ambiente positivo entre o pessoal para alcançar a mudança cultural necessária na superação
das dificuldades (HILLARY, 2004).
124
Tabela 13: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental
FATORES SIM NÃO NÃO SEI
Insuficiência de recursos financeiros 31 (56) 21 (38) 3 (6)
Competência insuficiente da equipe 30 (54) 24 (44) 1 (2)
Requisitos burocráticos e difíceis 30 (54) 21 (38) 4 (8)
Falta de tempo e de pessoal 28 (51) 25 (45) 2 (4)
Escassez de orientações e material 27 (49) 22 (40) 6 (11)
Carência de incentivos 25 (46) 26 (47) 4 (7)
Insuficiência de consultores experientes 24 (44) 27 (49) 4 (7)
Falta de informações técnicas 23 (42) 28 (51) 4 (7)
Poucos benefícios ou vantagens. 15 (27) 38 (69) 2 (4)
Impactos ambientais são baixos 5 (9) 44 (80) 6 (11)
Pouco comprometimento da direção 4 (7) 48 (87) 3 (6)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)
Ao se comparar o resultado geral (tabela 13) das principais barreiras para implantação
da gestão ambiental, com o das empresas que alcançaram 100% do cumprimento dos
requisitos (tabela 14), nota-se que falta de recursos financeiros deixou de ser apontada como
uma barreira muito importante. A falta de competência do pessoal permanece, o que é até
certo ponto coerente com a literatura, porém surpreendente é verificar que a maior barreira
considerada refere-se aos requisitos difíceis e burocráticos, já que são disponibilizados pelo
PQF oficinas de capacitação e consultoria para orientar os participantes. Provavelmente, esse
resultado esteja vinculado à rotatividade do pessoal das empresas, cuja capacitação tem que
ser freqüentemente refeita.
Tabela 14: Dificuldades e barreiras para implementar Gestão Ambiental pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos
FATORES SIM NÃO NÃO SEI
Insuficiência de recursos financeiros 33,3% 60,0% 6,7%
Competência insuficiente da equipe 46,7% 53,3% 0,0%
Requisitos burocráticos e difíceis 53,3% 40,0% 6,7%
Falta de tempo e de pessoal 40,0% 53,3% 6,7%
Escassez de orientações e material 40,0% 46,7% 13,3%
Carência de incentivos 33,3% 53,3% 13,4%
Insuficiência de consultores experientes 40,0% 53,3% 6,7%
Falta de informações técnicas 46,7% 46,7% 6,7%
Poucos benefícios ou vantagens. 13,3% 80,0% 6,7%
Impactos ambientais são baixos 6,7% 80,0% 13,3%
Pouco comprometimento da direção 0,0% 93,3% 6,7%
125
Que iniciativas têm sido aplicadas?
Tabela 15: Principais iniciativas de gestão ambiental implantadas
INICIATIVAS SIM NÃO NÃO SEI
Política de gestão ambiental 49 (89) 5 (9) 1 (2) PGRS 41 (75) 14 (25) 0 (0) Avaliação de Impacto Ambiental 40 (73) 14 (25) 1 (2) Mapeamento do processo 34 (62) 19 (34) 2 (4) Atuação Responsável 33 (60) 17 (31) 5 (9) Produção mais limpa 32 (58) 20 (36) 3 (6) Fluxograma de entrada e saída 25 (45) 23 (42) 7 (13) Monitoramento Ambiental 22 (40) 32 (58) 1 (2) Indicadores de Desempenho 22 (40) 32 (58) 1 (2) Auditoria Ambiental 21 (38) 31 (56) 3 (6) ISO 14001 11 (20) 42 (76) 2 (4) Rotulagem Ambiental 6 (11) 45 (82) 4 (7) Princípios CERES 4 (7) 38 (69) 13 (24) Avaliação do Ciclo de Vida 4 (7) 44 (80) 7( 13) SGA evolutivo 4 (7) 43 (78) 8 (15) Ecomapping 2 (4) 41 (74) 12 (22)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)
No processo de qualificação do PQF, que se dá por meio de oficinas de capacitação e
de consultorias, são apresentadas aos participantes as iniciativas, cuja implementação é
acompanhada nas empresas pelos consultores. Adicionalmente, é realizada uma avaliação
quantitativa para determinar o percentual de implementação dessas iniciativas. Ao verificar os
resultados apresentados na tabela 15, constata-se que as iniciativas de gestão ambiental
utilizadas por mais de 50% dos entrevistados são: Política Ambiental, PGRS Avaliação de
Impacto Ambiental, Mapeamento dos Processos, Atuação Responsável e Produção mais
Limpa. No entanto, a informação referente ao programa de Atuação Responsável é
equivocada, já que essa iniciativa é exclusiva da indústria química ou de transporte de
produtos químicos, e dentre as empresas pesquisadas, não há nenhuma desse setor.
No que se refere às empresas que obtiveram 100% no estágio de cumprimento dos
requisitos do questionário de avaliação do IEL, além das citadas, outras iniciativas têm sido
implementadas como práticas de Auditoria, Indicadores e Monitoramento Ambiental (Tabela
16). Foi observado também que entre as quinze empresas, apenas sete evoluíram para a
certificação (cinco com ISO 9001 e duas com ISO 14001), ou seja, 13% do total da amostra
pesquisada. Portanto, esses dados levam a supor que os custos econômicos aliados à falta de
126
percepção dos benefícios da adoção de um SGA formal, levantam dúvidas sobre as vantagens
de uma certificação (HILLARY, 2000).
Tabela 16: Principais iniciativas de gestão implantadas pelas empresas com 100% dos requisitos atendidos
INICIATIVAS SIM NÃO NÃO SEI
Política de gestão ambiental 86,7% 6,7% 6,7%
PGRS 100,0% 0,0% 0,0%
Avaliação de Impacto Ambiental 93,3% 6,7% 0,0%
Mapeamento do processo 60,0% 33,3% 6,7%
Atuação Responsável 53,3% 40,0% 6,7%
Produção mais limpa 73,3% 20,0% 6,7%
Fluxograma de entrada e saída 93,3% 6,7% 0,0%
Monitoramento Ambiental 46,7% 40,0% 13,3%
Indicadores de Desempenho 73,3% 20,0% 6,7%
Auditoria Ambiental 66,7% 26,7% 6,7%
ISO 14001 53,3% 40,0% 6,7%
Rotulagem Ambiental 0,0% 80,0% 20,0%
Princípios CERES 6,7% 80,0% 13,3%
Avaliação do Ciclo de Vida 6,7% 80,0% 13,3%
SGA evolutivo 6,7% 80,0% 13,3%
Ecomapping 0,0% 80,0% 20,0%
Foram questionadas as empresas pesquisadas sobre que outras iniciativas têm sido por
elas implementadas. A seguir são apresentadas as respostas compiladas:
o Convênio com cooperativas para doação de papel, papelão e plásticos para reciclagem, venda de sucata de metal para reprocessamento em siderurgia, uso de canecas ao invés de copos descartáveis.
o Uso de papel reciclado e impressão frente e verso.
o Os resíduos oriundos dos equipamentos enviados pelos clientes industriais são acondicionados e devolvidos aos mesmos.
o Contratação de empresas para pesquisar legislação.
o Palestras sobre nossas práticas e resultados obtidos para difundir a cultura de responsabilidade social.
o Coleta seletiva e parceria com cooperativas.
o Tratamento de resíduos sólidos.
o Divulgação do nosso PGRS para pessoas da comunidade.
o Campanha voltada a redução do consumo de energia.
o Reciclagem de resíduos da construção civil.
o Redução de consumo de água.
127
o Utilização de sensores de lâmpadas nos ambientes.
o Programa de educação ambiental próprio da empresa.
o Apoio a vários projetos socioambientais.
o Efetiva participação nos fóruns ambientais de nossa região.
o Doação de aparelhos eletrônicos para reuso em ONG'S.
o Programas de comunicação relacionado à limpeza e organização na obra.
o Reciclagem das madeiras.
Pode-se concluir que as pequenas empresas se interessarão por implementar iniciativas
efetivas de gestão ambiental, assumindo um papel ativo nesse aspecto, apenas se houver
pressão de qualquer das partes interessadas. Pois, segundo Zorpas (2009), mesmo gerando
impactos ambientais consideráveis, as ações corretivas serão sempre tomadas a fim de evitar
custos, e não visando a sustentabilidade ou proteção do ambiente.
Que fatores sensibilizaram a participação no PQF. Quão importante é o suporte?
Os resultados apresentados a seguir visam analisar as percepções das PME,
participantes do PQF com relação às características do programa. Foi verificado o quanto
essas características têm sensibilizado as empresas a ingressar e se manter no programa
visando identificar futuras ações de melhoria da eficácia.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Indicação decliente
Folder Internet Seminário Outro
Figura 34: Como a sua empresa tomou conhecimento do PQF
Dentre os entrevistados, 70% tiveram conhecimento do programa através da indicação
de alguma empresa-âncora por estarem cadastradas em seu banco de fornecedores, sem
necessariamente manterem contratos de exclusividade. Os demais entraram no programa a
128
partir de alguma atividade de marketing (folder, internet, seminário) ou souberam do
programa por indicação de algum consultor, de uma empresa participante do programa, ou
foram contatados diretamente pelo IEL ou FIEB. Quando questionados se a empresa utilizou
algum serviço de consultoria ambiental antes da participação no PQF, 86% responderam
negativamente, sendo que as 7 empresas que responderam afirmativamente o fizeram
conforme o propósito listado no quadro 29.
Nº DE
EMPRESAS TIPO DE CONSULTORIA
2 Consultoria para SGI
1 Consultoria para requisitos normativos
1 Para programas específicos de Segurança e Meio Ambiente
1 Consultoria para planejamento estratégico
1 Para SGA específico
1 Para ISO 9001 e ISO 14001
Quadro 29 - Serviços de consultoria ambiental utilizada no passado
Tabela 17: Importância das características do PQF
AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA
CARACTERÍSTICA Nenhuma (1)
Pouca (2)
Média (3)
Importante (4)
Muito (5)
Consultoria de baixo curso 0 (0,0) 0 (0,0) 5 (9,1) 16 (29,1) 34 (61,8)
Participação dos clientes 1 (1,8) 3 (5,5) 9 (16,4) 12 (21,8) 30 (54,5)
Atendimento local 1 (1,8) 5 (9,1) 7 (12,7) 17 (29,1) 25 (45,5)
Programa específico para PME 0 (0,0) 1 (1,8) 10 (18,2) 21 (38,2) 23 (41,8)
Estabelecimento de rede 0 (0,0) 1 (1,8) 12 (21,8) 21 (38,2) 21 (38,2)
Eficácia na programação 0 (0,0) 1 (1,8) 13 (23,6) 20 (36,4) 20 (36,4)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)
Ao avaliar as características do PQF, os resultados apresentados na Tabela 17 revelam
o fato de que possuir um baixo custo para ser implantado, ter a participação dos clientes, e ser
coordenado pelo IEL teve a participação incentivada. Quanto aos mecanismos de apoio
(tabela 18), as empresas pontuaram como muito importante os mecanismos base do programa:
oficinas de capacitação, consultoria e avaliação periódica. Outros fatores enfatizados foram a
importância da promoção de eventos, a divulgação no portal do PQF e a utilização dos
129
serviços de comunicação. Foi observado também que um aspecto importante para o sucesso
do suporte oferecido pelo PQF é a disponibilização de funcionários dedicados às atividades do
programa.
Tabela 18: Importância dos meios de apoio do PQF
AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA
MEIO DE APOIO Nenhuma (1)
Pouca (2)
Média (3)
Importante (4)
Muito (5)
Oficinas e Workshops 0 (0,0) 0 (0,0) 4 (7,3) 19 (34,5) 32 (58,2)
Avaliação periódica pelo IEL 0 (0,0) 1 (1,8) 11 (20,0) 18 (32,7) 25 (45,5)
Consultoria na empresa 0 (0,0) 2 (3,6) 14(25,5) 14 (25,5) 25 (45,5)
Material dos treinamento 0 (0,0) 1 (1,8) 7 (12,7) 26 (47,3) 21 (38,2)
Divulgação no Portal do PQF 0 (0,0) 7 (12,7) 10 (18,2) 19 (34,5) 19 (34,5)
Serviços de Comunicação 1 (1,8) 2 (3,6) 12 (21,8) 23 (41,8) 17 (30,9)
NOTA: Os números entre parênteses são percentagens em relação ao total da linha (55)
O reconhecimento mudou?
Aumento signif icativo
16%
Aumentou35%
Não houve diferença
40%
Não sei4%
Outros5%
Figura 35: Nível de reconhecimento do mercado ou pelo cliente
Tabela 19: De quem sua empresa recebeu o reconhecimento
PARTE INTERESSADA SIM NÃO NÃO SEI
Empregados 40 (72,7) 8 (14,5) 7 (12,7)
Clientes 36 (65,5) 13 (23,6) 6 (10,9)
Outras empresas 24 (43,6) 18 (32,7) 13 (23,6)
Fornecedores 17 (30,9) 29 (52,7) 9 (16,4)
130
Conforme a figura 35, a maioria dos respondentes (51%) declarou que houve aumento
ou aumento significativo do reconhecimento; porém, diferentemente do que se esperava, o
maior reconhecimento foi o do público interno (tabela 19). Como a certificação do Programa
ainda não é um produto bem conhecido pelo mercado, a melhoria da imagem da empresa
junto aos clientes não foi instantânea para aquelas que participaram do processo.
As empresas compradoras que participam do programa (empresas-âncoras) têm
reconhecido o esforço de melhoria da gestão por parte dos participantes, monitorando,
inclusive, o resultado das avaliações periódicas realizadas pelo IEL, cujos resultados são
publicados no portal. Quando se trata de conquistar novos clientes, ainda não é possível
afirmar a existência de uma vantagem competitiva obtida pela participação no programa, por
exemplo, por um reconhecimento formal dos potenciais clientes. Contudo o nível de
reconhecimento é susceptível a aumentar com implantação de ações de marketing e de
divulgação dos resultados do programa.
Que elementos foram eficazes e como o apoio pode ser melhorado?
Tabela 20: Importância dos elementos do PQF na implementação de melhoria na gestão
AVALIAÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA
ELEMENTOS Nenhuma (1)
Pouca (2)
Média (3)
Importante (4)
Muito (5)
Reconhecimento formal 0 (0,0) 3 (5,5) 8 (14,5) 21 (38,2) 23 (41,8)
Transparência no processo 0 (0,0) 2 (3,6) 7 (12,7) 25 (45,5) 21 (38,2)
Expertise dos consultores 0 (0,0) 1 (1,8) 11(20,0) 22 (40,0) 21 (38,2)
Critérios de avaliação bem definidos 0 (0,0) 3 (5,5) 6 (10,9) 27 (49,1) 19 (34,5)
Uso de modelos 0 (0,0) 3 (5,5) 8 (14,5) 26 (47,3) 18 (32,7)
Motivação nos participantes 0 (0,0) 4 (7,3) 12 (21,8) 23 (41,8) 16 (29,1)
Flexibilidade na implementação 0 (0,0) 5 (9,1) 17 (30,9) 25 (45,5) 8 (14,5)
Começar e parar o processo 3 (5,5) 8 (14,5) 16 (29,1) 20 (36,4) 8 (14,5)
Parar ao atender necessidades 1 (1,8) 7 (12,7) 18 (32,7) 22 (40,0) 7 (12,7)
NOTA: Os números entre parêntese são percentagens em relação ao total da linha (55)
131
Um dos objetivos da pesquisa é investigar objetivamente o quanto das características
do PQF facilitou a implementação de iniciativas de gestão ambiental. Logo, foi solicitado aos
entrevistados responderem a importância em termos de eficácia para cada elemento.
A possibilidade do reconhecimento formal a partir de avaliações periódicas é um
componente muito importante para 41,8% dos entrevistados, isso permite que os resultados
sejam verificados formalmente, e quando os critérios específicos do programa são cumpridos,
os participantes podem ser certificados com um determinado tipo de selo (topázio, rubi ou
diamante). Observa-se também que as características ligadas a esse processo também foi
pontuada com importante – expertise dos consultores para alcançar essas certificações, a
transparência no processo e os critérios bem definidos no questionário de avaliação do IEL.
Para 80% das empresas respondentes, os modelos utilizados para orientar a
implantação é um componente importante ou muito importante. É possível supor que o uso
bem direcionado desses modelos e orientações pode diminuir a necessidade de um número
expressivo de visitas de consultoria. Isto pode ser visto como um componente importante
principalmente para implantação de normas tradicionais, como a normas ISO 14000, que
muitas vezes são vistas como de difícil compreensão e demasiadamente burocráticas,
conforme atestado anteriormente.
Além disso, as organizações entrevistadas pontuaram a possibilidade de iniciar e parar
o processo de implementação, e a flexibilidade no ritmo de execução como componentes
importantes do programa. Isto sugere que o PQF incorporou muito das necessidades
específicas das PME, e ofereceu alternativas às barreiras tradicionais para a implementação de
instruentos de gestão ambiental.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Sim Já sou certif icado Não Sei Não
Figura 36: Pretensão em buscar a certificação do sistema de gestão
132
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
ISO9001 ISO14001 OHSAS18001 SA8000
Figura 37: Certificação pretendida do sistema de gestão
Considerou-se também importante investigar se as organizações eram susceptíveis de
evoluir para uma fase posterior do aprimoramento gerencial visando conseguir uma
certificação em normas internacionais como a ISO 14001. Apenas 9% informaram que não
tinham a intenção ou que não decidiram ainda, e 22% declararam já ter alguma certificação
(figura 36). Dentre as que intencionam certificar-se, 69% irão buscar a ISO 9001 e 40% a ISO
14001 (figura 37).
Outra análise realizada levou em conta apenas se as empresas que tinham atingido a
categoria Diamante do PQF tinham a intenção de conseguir a certificação. Dentre os
respondentes, 32% mostram-se determinados a continuar o processo de implementação de um
SGA e obter a certificação para a norma ISO 14001. Essas revelações sugerem que algumas
organizações, uma vez envolvidas no PQF e após superar os obstáculos iniciais, poderiam
querer continuar com o processo, com o objetivo de conseguir certificar-se na norma ISO
14001, bem como o desejo da manutenção do que já foi alcançado. Esta afirmação sugere que
os serviços de apoio do PQF poderiam incluir a possibilidade de ajudar especificamente
algumas PME a continuar o processo de implementação do SGA, já que essas empresas têm
dificuldades de continuar por conta própria, ou ainda desenvolver atividades de manutenção e
melhoria dos critérios alcançados pelas empresas.
A maioria das perguntas do questionário são do tipo fechada, porém as organizações
também foram convidadas a sugerir ações que poderiam ser utilizadas de alguma maneira na
melhoria do programa. A seguir, é apresentada uma compilação das sugestões e reflexões das
empresas pesquisadas. A relação completa das afirmações pode ser verificada no apêndice.
133
TEMAS Freqüência Afirmações
Consultoria 19
� Aumentar o tempo de consultoria nas empresa;
� Implantar consultores residentes nas empresas;
� Visita dos consultores trimestralmente.
Atendimento e Orientação
8
� Implementar e tornar o portal mais eficaz;
� Orientações canalizadas para o ramo de atividade;
� Deveriam existir orientações on-line.
Oficinas 8
� As oficinas de meio ambiente deveriam ter uma duração maior já que é um ponto importante para as empresas;
� Programas específicos para empresas já certificadas, melhorar o tempo de retorno das consultorias do programa PEIEX. Há meses foi feito o diagnóstico a até o momento não se iniciou a consultoria;
� Horário das reuniões poderia ser um pouco mais tarde, por volta das 19h30.
Implementação e Manutenção
6
� Falta tempo dos empresários para implementação, é necessário uma pessoa específica na empresa;
� Formatar indicadores de eficiência da gestão ambiental, temos ações de implementação do PGRS para transformar em indicadores;
� Fornecer apoio de estagiários com o custo zero (repassado às empresas de pequeno porte - baixo efetivo) para implementação do PQF, criando a oportunidade do próprio ser integrado na empresa após o final do estagio;
Material 6
� Recebimento constante de materiais (e-mail ou correio)
� Maior acesso a informações relacionadas aos temas;
� Incorporar os seguintes temas: Gestão Organizacional com ênfase em clima organizacional devido ao perfil de empresa familiar e Gestão da Informação (TI);
� O IEL deveria elaborar procedimentos diferenciados de empresa de serviço e não manter procedimentos de empresa de linha de produção.
Quadro 30: Sugestões de melhoria do suporte oferecido pelo PQF
A maioria das sugestões apresentadas pelas empresas (quadro 30) concentra-se na
ampliação do tempo de consultoria, atendimento e orientação. Esses temas sinalizam a
necessidade de apoio face à falta de recursos dessas organizações. Contudo, observa-se uma
preocupação pela manutenção do nível de gestão alcançada, através de programas específicos
de apoio às empresas mais antigas do programa.
Por fim, foi solicitado que os respondentes comentassem sobre suas experiências com
o PQF, pois com base nas respostas, a coordenação do programa poderia desenvolver ações
de reforço dos pontos positivos e buscaria tratar os pontos de melhoria. As observações foram
predominantemente positivas, pois muitos responderam que o apoio tem sido eficaz, e
134
participar do programa tem trazido muitos benefícios organizacionais. De forma relevante,
muitos acreditam na importância do programa, na necessidade de uma maior promoção de
ações comerciais e na oferta de atividades de reciclagem e de melhoria contínua para as
empresas mais antigas. A seguir, é apresentada a compilação dos resultados.
TEMAS Freqüência Afirmações
Organização 10
� Fator de grande importância, para a gestão e orientação quanto aos controles do processo.
� Propicia ferramentas necessárias àquelas empresas que efetivamente querem implementar as boas praticas.
� Conhecimento e experiência para desenvolver as atividades em relação à gestão de processo com base na ISO.
Comercial 8
� Em face da qualificação "rubi", possuímos agora uma ferramenta muito forte em termo de marketing.
� A participação no programa deu suporte a implantar ações voltadas para o meio ambiente, qualidade, saúde e segurança e com isso aumentou o número de clientes.
� A empresa adquiriu um melhor conhecimento, principalmente na área de meio ambiente e isso resultou em um melhor reconhecimento por parte dos clientes.
Qualificação 9
� Tudo o que a Ledquadros conseguiu em nível de certificação iniciou-se com o incentivo do PQF, observando e identificando dentro da empresa o quanto poderia melhorar. Só que após sermos selo diamante e certificado na ISO 9001, começamos a questionar a importância de continuarmos no PQF, visto a falta de programas específicos de continuidade de melhoria. Tivemos esperanças com o PEIEX que fosse um programa mais avançado. O que percebemos é uma demora absurda nos trabalhos, altamente desestimulante. Decidiremos em breve se daremos ou não continuidade a esta parceria tão importante inicialmente para nós.
� Adquirimos muitos conhecimentos, que nem tudo foi possível pôr em prática.
� Excelente programa. Ele foi muito útil para iniciar a sistemática da qualidade. Uma vez atingido patamar de certificação, o PQF parou de "ajudar" no desenvolvimento da empresa. Logo, deveria e poderia continuar ajudando com os treinamentos e workshops, pois o desenvolvimento humano e gerencial dentro de uma empresa nunca para, e são necessários para a constante adaptação ao mercado.
Legislação 3
� Através do PQF, conseguimos tirar a licença ambiental;
� Aprendizado quanto a Atendimento à Legislação pertinente ao negócio e à oportunidade de conhecer as exigências do mercado referente às certificações.
� Melhorou quanto à organização; desempenho dos colaboradores com a padronização dos procedimentos; conhecimento das normas legislativas inerentes à organização; oportunidade de parcerias com outras âncoras e outros fornecedores;
Quadro 31: Experiências da empresa com o PQF
135
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1- CONCLUSÕES
Esta dissertação teve por objetivo geral identificar e analisar os desafios das Micro e
Pequenas Empresas participantes do Programa de Qualificação de Fornecedores – PQF na
implantação da gestão ambiental, sendo seus objetivos específicos identificar as iniciativas de
gestão ambiental mais utilizadas, as motivações, barreiras e dificuldades encontradas no
processo de adoção da Gestão Ambiental; analisar a percepção das Micro e Pequenas
Empresas com relação às características do PQF, e às iniciativas de gestão ambiental, além de
propor alternativas de melhoria do desempenho ambiental nessas Empresas.
Para alcançar estes objetivos, aplicaram-se as seguintes etapas metodológicas:
I. Pesquisa bibliográfica de fontes primárias e secundárias;
II. Elaboração do instrumento de coleta para a aplicação da pesquisa;
III. Avaliação crítica e adequação do instrumento de coleta;
IV. Identificação da população-alvo da pesquisa e determinação da amostra;
V. Coleta de dados
VI. Análise
Analisando-se o referencial teórico que balizou a dissertação, foi identificado que as
micro e pequenas empresas possuem um papel importante no aspecto econômico de qualquer
país, no que se refere à geração de emprego, distribuição de renda e como fonte de inovação.
Possuem aspectos bem peculiares que as caracterizam positivamente tais como: a
flexibilidade, adaptabilidade, informalidade. Por outro lado, a baixa qualidade gerencial e a
escassez de recursos são fatores negativos. Esses aspectos são influenciadores quando se
analisa a gestão ambiental nessas empresas, pois não é possível correlacionar resultados
obtidos em grandes e médias empresas para as pequenas, já que estas não são versões
reduzidas daquelas.
Neste estudo, ao analisar diversos autores que discorrem sobre os estágios evolutivos
da gestão ambiental, é proposta uma nova taxonomia para essa matéria, qual seja: Passiva,
136
Reativa, Preventiva e Estratégica. Assim, o posicionamento das organizações passou de uma
total passividade referente a esse tema, para colocá-lo no centro das discussões estratégicas do
negócio. Nesse processo evolutivo, foram avaliadas diversas iniciativas para a gestão
ambiental adotadas mundialmente por diversas empresas, no intuito de verificar o quanto
destas incitativas é conhecido e utilizado pelas pequenas empresas.
A adoção de incentivos de gestão ambiental pelas empresas é influenciada por
diversos fatores. Foram identificados na literatura os diferentes agentes motivadores, bem
como as barreiras e dificuldades normalmente encontradas nas organizações, para em seguida
serem validados na amostra de estudo - Micro e Pequenas Empresas participantes do PQF.
Além disso, ao examinar os diversos aspectos desse programa, foi analisada sua importância
bem como as proposições de melhoria na visão dos participantes.
Em primeiro lugar, pode-se concluir que as pequenas empresas limitam-se a adotar
as iniciativas mais básicas de gestão ambiental – política ambiental, mapeamento do processo,
avaliação dos aspectos e impactos ambientais e PGRS. Ao olhar atentamente os resultados
dos diagnósticos iniciais realizados antes do inicio do programa de qualificação, e os
resultados obtidos posteriormente, observa-se uma evolução relevante. Porém, quando se
retrata o emprego de iniciativas de gestão, cuja aplicação traria benefícios concretos, os
resultados são banais. Apesar da realização das oficinas de capacitação em que são explicadas
as diversas iniciativas, o desconhecimento pode ser constatado. Dentre os respondentes, 58%
assinalaram que aplicam produção mais limpa em seus processos, acreditando que, ao
implantar o PGRS/coleta seletiva que corresponde ao nível 3 da metodologia (reciclagem de
resíduos e emissões fora da empresa), estão desenvolvendo a P+L, esquecendo-se do fato que
nesse programa deve-se prioritariamente buscar a não-geração de resíduos. Além disso, 60%
afirmaram que possuem em suas empresas o programa de atuação responsável. Essa
informação é equivocada, já que essa iniciativa é exclusiva da indústria química, e dentre as
empresas pesquisadas, não há nenhuma empresa desse setor. Esses fatos decorrem do
descumprimento de um requisito-chave do programa, no qual demanda a presença do sócio-
gerente da empresa e do técnico responsável pela implantação do programa, nas oficinas de
capacitação. Esse descumprimento causa descontinuidade e lacunas. Quando apenas o sócio-
gerente vai às oficinas, o técnico normalmente não recebe o feedback necessário, e quando
apenas o técnico se faz presente, mesmo que ocorra a implantação, as atividades sofrem
descontinuidades devido à rotatividade de pessoal.
137
Em segundo lugar, observou-se que os motivos mais relevantes assinalado pelas
empresas pesquisadas, para envolver-se num projeto de implantação de práticas de gestão
ambiental foi a conscientização sócioambiental, seguida pelo atendimento à legislação.
Hillary (2000), Burke e Gaughran (2006), Dawson (2006) e diversos outros autores apontam
que o atendimento aos requisitos dos clientes seria o fator motivador mais importante. Porém,
essa constatação é verdadeira para as PME que operam numa cadeia de suprimento, como,
por exemplo, no setor automobilístico. Para as empresas analisadas, que desconheciam muitas
vezes os diversos dispositivos legais que deveriam atender, bem como toda a problemática
ambiental em que seus negócios estão contextualizados, seria esperado esse resultado, fruto
inclusive dos assuntos discutidos nas oficinas, tanto que 96% dos entrevistados indicaram que
as atividades do PQF podem ser melhoradas com um maior envolvimento de grandes
empresas da cadeia de suprimento e associações comerciais. Quanto aos benefícios, a maioria
das participantes observou melhorias gerenciais como o atendimento à legislação e ao
aperfeiçoamento da organização dos processos. Contudo, nem todas estão convencidas quanto
a inserir a questão ambiental nos processos decisórios de forma proativa, visando inclusive
retornos financeiros (redução de custos) e diferenciação no mercado, conforme relacionados
por Dawson (2006) e Gavronski (2008), provavelmente pela alegação de que o aumento da
contratação pelas empresas-âncoras das participantes do PQF, ficou aquém do esperado.
Por fim, pode-se concluir que o PQF é um programa eficaz e eficiente para a
melhoria da gestão e na consolidação dos negócios das empresas, principalmente para aquelas
que alcançaram um patamar diferenciado de atendimento aos requisitos, tendo ultrapassado o
processo de auditoria e recebido a certificação diamante ou rubi. Caso não estivessem
participando do programa, 87% dos entrevistados não iriam implantar qualquer iniciativa
ambiental, apesar de 62% terem afirmado que tinham consciência da necessidade de
implementar ações de Gestão Ambiental, antes mesmo do envolvimento com o PQF.
Praticamente todos os respondentes elogiaram a metodologia e pontuaram como muito
importante a realização das oficinas de capacitação, o desenvolvimento das consultorias, cujo
custo é muito acessível, e o processo de avaliação que proporciona um retorno explícito dos
pontos de melhoria. Além disso, o envolvimento no programa e a expectativa de geração de
negócios com as empresas-âncoras é um fator motivador para a participação e a permanência,
bem como a possibilidade do reconhecimento formal a partir de auditorias programadas, em
que os participantes podem ser agraciados com um determinado tipo de selo (topázio, rubi ou
138
diamante). Apesar de o programa oferecer alternativas de soluções às barreiras de
implantação, conforme apresentada no quadro 21 (Barreiras enfrentadas pelas PME e como
elas são superadas no PQF), algumas empresas sugeriram a implantação de medidas de
melhoria, como a incorporação de novos temas (RH e TI), disponibilização de estagiários sem
ônus, programas avançados para as empresas diamante, dentre outros que podem ser
analisados pela coordenação do programa para futuras implementações.
6.2- RECOMENDAÇÕES
Este estudo analisou uma amostra de 55 empresas para uma população de 126 que
possuíam informações postadas no site do PQF em 2009. Dessas, 116 apresentavam
avaliações realizadas pelo IEL e classificadas naquelas que possuíam índice de requisitos
atendidos de 100%, as que possuíam índice entre 70,1% e 99%, outras entre 50,1% e 70% e
aquelas que estavam abaixo de 50%.
As conclusões deste trabalho limitam-se a fornecer explicações para uma amostra do
universo das pequenas e microempresas, focalizando aquelas que participam de um programa
de qualificação, portanto não podem ser generalizadas, apesar de fornecer subsídios para uma
generalização. Outra limitação apresentadas nesta pesquisa está na lacuna de uma avaliação
do papel das empresas-âncoras (Veracel, Millennium, Bosch, Deten, Gerdau, Suzano, El
Paso) no contexto do PQF, bem com a percepção dessas empresas com relação às
características do programa. Apesar do papel estratégico que o programa tem desempenhado,
observa-se a ausência das maiores empresas industriais da Região Metropolitana de Salvador
como empresas-âncoras (Petrobrás, Brasken, Ford, Coelba, Oxiteno, Caraíba, Votorantin), por
desconhecerem o potencial do programa ou por possuírem iniciativas específicas de
qualificação de fornecedores. Porém a participação dessas empresas poderia ser um fator
importante de fomento, incorporando um universo muito mais amplo de empresas
fornecedoras.
Considerando as constatações deste estudo e vivências do autor, no intuito de propor
alternativas de melhoria na implantação da Gestão Ambiental nas Micro e Pequenas
empresas, são indicadas as seguintes recomendações:
139
� Desenvolver oficinas de capacitação a distância para as empresas que não possam
se deslocar para o local das oficinas presenciais, ou para as que desejam realizar
reciclagem ou formação de novos facilitadores, tendo em vista a dificuldade de
recursos das empresas;
� Desenvolver Programas específicos de aprimoramento contínuo para as empresas
já certificadas com o selo diamante;
� Estabelecer práticas de monitoramento e de indicadores ambientais específicos
para acompanhamento do desempenho ambiental das empresas já certificadas,
cujos resultados sejam alimentados no portal;
� Estabelecer no PQF serviços de apoio para auxiliar especificamente algumas
PME a continuar o processo de implementação do SGA, tendo em vista as
dificuldades na continuidade do processo por conta própria, ou para manutenção
e melhoria dos requisitos alcançados pelas empresas;
� Oportunizar a contratação temporária de jovens Técnicos de Segurança/Meio
Ambiente recém-formados para prestar serviços nas empresas que não possuam
recursos humanos para implementar as atividades do Programa;
� Estabelecer parceria com o IMA/Secretaria Municipal de Meio Ambiente visando
fomentar a obtenção da Licença Ambiental Simplificada para as PME que ainda
não operaram em conformidade com a política ambiental do Governo do Estado
da Bahia, tendo em vista que o atendimento à legislação é um dos fatores mais
importante de mobilização para a gestão ambiental;
� Realizar, por meio da FIEB, eventos de sensibilização e visitas técnicas, visando
agregar as grandes empresas na adoção do programa de qualificação de
fornecedores, com ênfase no Environmental Supply Chain Management – ESCM,
já que a pressão dos clientes é considerada o fator mais importante de motivação
para a gestão ambiental por muitos pesquisadores;
� Apoiar o evento de premiação das ações de prevenção da poluição da FIEB, com
a apresentação dos casos de sucesso das ações de produção mais limpa, cujo
reconhecimento é feito com exposição em mídia específica, como a revista Bahia
Indústria;
� Fomentar a participação das empresas no Premio de Gestão da Qualidade da
Bahia;
� Estimular o desenvolvimento de ações de produção mais limpa entre os
participantes;
140
� Efetivar parceria com Coordenações de Centros ou Distritos Industriais visando à
interiorização das ações do PQF;
� Utilizar o ecomapping como ferramenta de diagnóstico das PME;
� Aprimorar o processo de certificação utilizando o modelo de implantação do
SGA por estágios com base na BS 8555 / ISO DIS 14005.
Sugere-se, como estudos futuros, proporcionar a continuidade da investigação do
tema abordado nesta dissertação, observando-se a percepção das empresas contratantes, as
influências, práticas e oportunidades ambientais na gestão da cadeia de suprimento, bem
como os impactos da legislação ambiental, especialmente no que se refere à Lei 12.305/2010,
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.
141
REFERÊNCIAS ABIQUIM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. Programa de Atuação Responsável. Disponível em <http: www. abiquim.com>. Acesso em: 05.dez. 2009. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR ISO 14001: – Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso, 2004a. ______. NBR ISO 14031: Gestão ambiental - Avaliação de desempenho ambiental – Diretrizes, 2004b. ______. NBR ISO 19011: Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental, 2002c. AHORN, Marcos Roberto. A dimensão socioambiental das pequenas empresas no contexto da terceirização: fragilidades e alternativas. 2006. 214p. Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente) Centro Universitário Senac, São Paulo, 2006. ALVES-MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. 2. ed. 3. reimpressão. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. ARVANITOYANNIS, Ioannis S.. ISO 14000: A Promising New System for Environmental Management or Just Another Illusion?. Waste Management for the Food Industries. Elsevier Inc. 2008 BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos modelos e instrumentos. 2 ed. atual e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2007 BARBOZA, E. M. F. Rotulagem Ambiental - Rótulos ambientais e análise do Ciclo de Vida (ACV). IBICT, 2001. Disponível em: <http://acv.ibict.br/publicacoes/realtorios/Rotulagem %20Ambiental.pdf> Acesso em: 05dez. 2009. BARRETO, A. P. L. et al. Ciclo de vida dos produtos: certificação e rotulagem ambiental. In: XXVII Encontro de Engenharia de Produção, 2007.Disponível em: < http://www.abepro. org.br/biblioteca/ENEGEP2007_TR650479_9289.pdf> Acesso em: 05.dez. 2009. BIONDI V, Frey M and Iraldo Environmental Management Systems and SMEs, motivations, opportunities and barriers related to EMAS and ISO 14001 implementation Greener Management International 29: 55-69. 2000. BIRCHALL, Roger. Is BS8555 an Effective Route to Achieving a Recognized Environmental Management System? Thesis of the degree of Master of Science. University of East Anglia. August, 2005 BLAKE S. J. The BS8555 environmental management system in small and medium sized enterprises: how effective is it for the environment and business? Thesis of the degree of Master of Science. University of East Anglia. August, 2009
142
BRASIL. Lei Complementar 123. Publicada em 14 de dezembro de 2006 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm >. Acesso em: 05 dez. 2009. ______. Lei 6.938. Publicada em 31 de agosto de 1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/L6938org.htm>. Acesso em 05 dez. 2009. ______. Lei 9.605 publicada em 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9605.htm>>. Acesso em 05 dez. 2009. BURKE, S.; GAUGHRAN, W.F. Intelligent environmental management for SMEs in manufacturing. Journal Robotics and Computer Integrated Manufacturing, 22 (5), p.566-575, Oct 2006 BRAUNS, B. Sistema de gestão ambiental simplificado – Um modelo aplicável à micro e pequenas empresas do setor de serviços. Dissertação de Mestrado, 86p – IPT-SP . São Paulo, 2006. BUTTER, Pedro Luiz. Desenvolvimento de um modelo de gerenciamento compartilhado dos resíduos sólidos industriais no sistema de gestão ambiental da empresa. Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. CAJAZEIRA, J E R, Barbieri J C. A nova versão da norma ISO 14.001: as influências presentes no Primeiro ciclo revisional e as mudanças efetuadas. READ – Edição 48 Vol. 11 No. 6, nov-dez 2005 CEC - COMMISSION FOR ENVIRONMENTAL COOPERATION. Successful Practices of Environmental Management Systems in Small and Medium-Size Enterprises Commission for Environmental Cooperation: A North American Perspective , 2005. In: < http://www.cec.org/Storage/59/5200_EMS-Report_en.pdf>. Acesso em 6 dez. 2009. CAMPOS, Lucila Maria Souza, SGADA – Sistema de gestão e avaliação de desempenho ambiental: uma proposta de implementação, Tese submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para obtenção do Título de Doutor em Engenharia de Produção. Florianópolis – SC, 2001. ______. Model Of Environmental Management System (EMS) For Small And Medium Companies: A Study In Santa Catarina State REAd – Special Issue 42 Vol. 10 Nº 6, December 2004 in: http://read.adm.ufrgs.br/edicoes/pdf/artigo_308.pdf ______. Os sistemas de gestão ambiental: empresas brasileiras certificadas pela norma ISO 14001. In: XXVI ENEGEP - Fortaleza, Ce, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 ______. Implementação de Sistema de Gestão Ambiental para pequenas empresas. Disponível in <http://read.adm.ufrgs.br/edicoes/pdf/artigo_308.pdf>. Acesso 01 jun 2008.
143
CARDOSO, A. P. G. Análise da produção mais limpa na região sul do Brasil a partir do prêmio expressão de ecologia. Dissertação apresentada a Universidade Federal de Santa Catarina. Salvador, 2006. 127 p CHEN B. ISO 14001, EMAS, or BS 8555: an assessment of the Environmental Management Systems for Uk Businesses. Thesis of the degree of Master of Science. University of East Anglia August 2004 CERES, Disponível em <http: www. ceres.org>. Acesso em: jan. 2010. CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. A Rotulagem Ambiental e o Consumidor no Mercado Brasileiro de Embalagens, 2006 disponível em www.cempres.org.br. Acesso em jan 2010. CEZARINO, Luciana O; Campomar, M. C. Micro e pequenas empresas: características estruturais e gerenciais Disponível in: <http://www.fafibe.br/revistaonline/arquivos /lucianacezarino_microepequenasempresas.pdf>. Acesso em 5/06/2008 CNTL. Manual de Produção mais limpa. UNIDO/UNEP/CNTL/SENAI/RS. 2000 COELHO, Arlinda Conceição Dias. Avaliação da metodologia de Produção mais limpa UNIDO/UNEP como instrumento de fomento da ecoeficiencia no setor de saneamento. 2004. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) – Escola Politécnica, UFBA - Salvador. COMISSÃO EUROPEIA. SME - Definition. Disponível em: http://ec.europa.eu/enterprise/policies/sme/facts-figures-analysis/sme-definition/index_en.htm >. Acesso em: 22 nov 2009. COTÉ R P et al. Influences, practices and opportunities for environmental supply chain management in Nova Scotia SMEs. Journal of Cleaner Production 16 (2008) CRITTENDEN, B. KOLACZKOWSKI S. Waste minimization a practical guide. 1.ed. UK: IChemE, 1995. DAWSON W. M. How Effective is the Implementation of BS8555 and Support Available to SMEs; Lessons Learned from Northern Irish SMEs. Thesis of the degree of Master of Science. University of East Anglia August 2006 EPA, 2010 In: < http://www.epa.gov/dfe/pubs/iems/iems_guide/module1-rev.pdf)>. Acesso em 06 jan. 2010 IEMA, 2009 In:< http://www.iema.net/ems/acorn_scheme/bs8555> Acesso em 05 dez. 2009. ENGEL Heinz-Werner Ecomapping , 1998 In: <http://www.ecomapping.org/en/tools-methodes/ecomapping.html>. Acesso em 20 jun. 2009 EMAS 2009 In:< http://www.ecomapping.org/en/tools-methodes/ecomapping.html>. Acesso em 10 dez. 2009.
144
EMAS 2008 In: <http://ec.europa.eu/environment/emas/about/summary_en.htm>.Acesso em 5/06/2008. EPA. Life Cycle Assessment: Principles and Practice, 2006 In: <http://www. http//www.epa.gov.> Acesso jan. 2010 EPELBAUM, M. A influencia da gestão ambiental na competitividade e no sucesso empresarial. Dissertação de Mestrado submetida a Escola Politécnica da USP. São Paulo, 2004,190p. FANG, Liping; BATISTA, Manoel Victor da Silva;BARDECK, Michel Sistema de Gestão ambiental, Versão para validação, SENAI, Brasília 2001, 240p FIESP XI SEMANA FIESP - CIESP DE MEIO AMBIENTE, 2009 In: <http://www.fiesp.com.br/ambiente/produtos_servicos/informe.aspx.> Acesso 20 jun. 2009 FIESP Cartinha de indicadores de desempenho ambiental da indústria, 2003 In:<http://www.fiesp.com.br/ambiente/produtos_servicos/informe.aspx.> Acesso 20 jun. 2009 FREUND, John E. Estatistica Aplicada: Economia, Administração e Contabilidade. 11 ed. São Paulo: Artmed, 2006 FURTADO, J.S. ISO 14001 e Produção mais limpa: importantes, porém distintas em seus propósitos e métodos. 2003. In: <teclim.ufba.br/~jsfurtado/producaol/ISO 14001 %20e%20PL.pdf> Acesso em 20 jun. 2009 GAVRONSKI I, Ferrer G, Paiva E L. ISO 14001 certification in Brazil: motivations and benefits. Journal of Cleaner Production 16 (2008) GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. 7. tiragem. São Paulo Atlas, 1996 GLOBAL ECOLABELLING NETWORK (GEN) - Introduction to Ecolabelling, 2004 In: <http://www. http//www.gen.gr.jp.> Acesso dez. 2009 GLOBAL ECOLABELLING NETWORK (GEN), 2010. In: <http://www. http//www.gen.gr.jp.> Acesso em 3 jan. 2010 GRUMMT FILHO, A.; WATZLAWICK, L. F. Importância da certificação de um SGA-ISO 14001 para empresas. Revista Eletrônica Lato Sensu – UNICENTRO Ed. 6 Ano: 2008.In: <http://web03.unicentro.br/especializacao/Revista_Pos/Páginas/6%20Edição/ Agrarias/PDF/6-Ed6_CA-Impor.pdf >.Acesso em 05.dez.2009 HAIR, J.F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Artmed , 2005. HILLARY, R. Small and medium-sized enterprises and the environment business imperatives. UK:Greenleaf Publimited, 2000.
145
______. Environmental management systems and the smaller enterprise. Journal of Cleaner Production 12 (2004) 561–569 HARRES, Elaine Martos . Gestão Ambiental Industrial: Perspectivas, Possibilidades e Limitações. Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Universidade Federal do Paraná. 2004, 219 p IBEAM. Curso de Resíduos Sólidos. São Paulo, 2009. 87p. Apostila.de curso. In: http://www.ebah.com.br/gestao-de-residuos-solidos-pdf-pdf-a10666.html. Acesso em 10 jan. 2010. IEL – Instituto Euvaldo Lodi. Manual do Programa de Qualificação de Fornecedores. 2009 ISO - INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Strategic SME Group. The Global Use of Environmental Management System by Small and Medium Enterprises - Executive Report. Stocolmo: ISO, 2005a. 47p. (ISO/TC207/SC1/). ______. ISO - International Organization for Standardization ., 2010b. Disponível em www.iso.org.. Acesso em jan 2010. JABBOUR, C.J.C.; SANTOS, F.C.A. Evolução da gestão ambiental na empresa: uma taxonomia integrada à gestão da produção e de recursos humanos. Gestão & Produção, São Carlos, v.13, n.3, p.435-448, set./dez. 2006. JASCH C, Environmental performance evaluation and indicators. Journal of Cleaner Production 8 (2000) 79–88. KIPERSTOK, Asher et al. Prevenção da poluição. Brasília: SENAI/DN.2002 Atuação Responsável / ABIQUIM disponível in: http://www.abiquim.org.br/atuacaoresponsavel/. Acesso em 5/06/2008 MACÊDO, Maria Auxiliadora de Abreu. Identificação e análise de elementos da gestão ambiental em empreendimentos ecoturísticos hoteleiros, Dissertação de Mestrado submetida a Escola Politécnica da UFBa. Salvador-Ba 2003.240 MAIMON, Dália. Modelo ISO 14001 Passo a Passo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. MARINHO, Márcia Mara de Oliveira. A sustentabilidade, as corporações e o papel dos instrumentos voluntários de gestão ambiental: uma reflexão sobre conceitos e perspectivas. Bahia Análise & Dados. Salvador Ba. SEI V.10 nº 4 março 2001 MILES, M.P.; MUNILLA, L.S.; MCCLURG T. The Impact of ISO 14000 Environmental Management Standards on Small and Medium Sized Enterprises. Journal of Quality Management, Vol. 4, No. 1, pp. 111-122, 1999 by Elsevier Science Inc NASCIMENTO, L. F et al. Gestão socioambiental estratégica. 1 ed. São Paulo: Bookman, 2008
146
NAWROCKA, D et al. ISO 14001 in environmental supply chain practices. Journal of Cleaner Production 17 (2009) NETREGS. SME-Environment Survey 2009: UK in: www.netregs.gov.uk NETO, Júlio Vieira. Uma proposta de modelo de gestão para Pequena e Média Empresa (PME): um estudo de caso múltiplo do setor químico no estado do Rio de Janeiro. Dissertação apresentada a UFF – Rio de Janeiro 2008 175 p. NEUMANN, C. S. R.; RIBEIRO, J. L. D. Desenvolvimento de fornecedores: um estudo de caso utilizando a troca rápida de ferramentas. Revista da Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 14, n.1, 2004. NOLASCO, F. R; TAVARES, G. A; BENDASSOLLI, J. A. Implantação de Programas de Gerenciamento de Resíduos Químicos Laboratoriais em Universidades: Análise Crítica e Recomendações. Eng. Sanitária Ambiental Vol.11 - Nº 2 - abr/jun 2006, 118-124 OECD - SME DEFINITIONS Disponível em: <http://www.oecd.org/dataoecd/4/3/40319867.doc#_Toc188693338> Acesso em: 22 nov 2009. OECD. SME and Entrepreneurship Outlook: 2005, OECD Paris, In: http://www.oecd.org/home/0,2987,en_2649_201185_1_1_1_1_1,00.html OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), 2010 in: http://stats.oecd.org/glossary/detail.asp?ID=3123 OLIVEIRA, Karen Pires de. Panorama do comportamento ambiental do setor empresarial no Brasil. CEPAL - Divisão de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos. Santiago de Chile, setembro do 2005. In: http://www.tecnologiasambientais.com/file/1/830.pdf O'REILLY M, Wathey D, and Gelber M. ISO 14031: Effective Mechanism to Environmental Performance Evaluation. Corporate Environmental Strategy 7 (2000) 267-275 PEREIRA, Josué Augusto Gomes Marques. Importância da gestão da segurança e saúde no trabalho no desempenho operacional de pequenas e médias empresas: o caso de um abatedouro. Dissertação apresentada ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, – São Paulo, 2007. 159p. PEROTTO E, et al. Environmental performance, indicators and measurement uncertainty in EMS context: a case study. Journal of Cleaner Production 16 (2008) PORTELA, Macheza Darci da Silva Gomes. Estratégias de desenvolvimento de fornecedores: uma análise do programa de qualificação de fornecedores - FIEB, no período de junho de 2005 a setembro de 2007. - 2007. Dissertação apresentada a Universidade Salvador – UNIFACS. 2007 100 p.
147
PREUSSLER, Maria Fernanda et al. Rotulagem Ambiental – Um Estudo Sobre NR'S. 1st International Workshop | Advances in Cleaner Production. São Paulo, 2007 Projeto IPP (Política Integrada de Produto). In: <http://www.startipp.gr/whatis_pt.htm> Acesso em 5 dez. 2009 RAO P, et al. Environmental indicators for small and medium enterprises in the Philippines: An empirical research. Journal of Cleaner Production 14 (2006) 505e515 PC: Environmental indicators; Small and medium enterprises; Environmental performance Recomendação 2003/361/CE da Comissão da Comunidade Européia. In:< http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2003:124 :0036:0041:pt:PDF> Acesso em 5 dez. 2009 REDMOND, J.; WALKER E., WANG C. Issues for small businesses with waste management. Journal of Environmental Management 88 (2008) 275–285 RIBEIRO, I. C. S. Interdependência Ecológica e ISO 14001: mecanismos de indução de micro pequenos fornecedores e prestadores de serviços pelas grandes empresas da Indústria química e petroquímica da Bahia. Monografia submetida a Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo - Ênfase Em Produção Limpa. Universidade Federal da Bahia, 79p. Salvador, 2001 ______. Licenciamento simplificado: uma análise crítica aplicada à realidade das micro e pequenas empresas da Bahia. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, 220p. Salvador, 2005. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999 SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Gestão Ambiental: instrumentos, esfera de ação e educação ambiental. 1. ed. – 2. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2009 SEBRAE, Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil 2003–2005, Brasília, 2007 In: http://www.sebrae.com.br/ Ou SEBRAE , Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, Brasília, 2008. In: http://www.sebrae.com.br/ SILVA, Maurício. O novo ortográfico da língua portuguesa. 1. ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008. SISTEMA FIRJAN, Súmula Ambiental nº 143, ano XII, Rio de Janeiro, 2009 in http://www.firjan.org.br/data/pages/2C908CE921AC42820121C23651F33175.htm SISTEMA FIRJAN. Manual de Gerenciamento de Resíduos: Guia de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro:, 2006.. 2ª Edição SISTEMA FIEB, Súmula Ambiental, Salvador, 2009 in http://www.fieb.org.br/institucional/conselhos/comam/Sumula_Ambiental.pdf
148
STARKEY, Richard. Environmental Management Tools for SMEs: A Handbook. Environmental Issues Series. European Environment Agency; 1998.. TEIXEIRA, João Pedro Braga. Implementação de um Sistema De Gestão Ambiental à luz da Produção Limpa: o caso da HJ Bahia. Monografia apresentada a Escola Politécnica da UFBA, – Salvador, 2001. 127 p. UNEP, 2009 In: < http://www.unep.fr/scp/cp/understanding/> Acesso em 06 dez. 2009 VERGARA, S. C. Método de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2000 WALKER B, et al. Small and medium enterprises and the environment: barriers, drivers, innovation and best practice. Small and Medium Entreprece Research Center, 2008. In: <http://www.perthregionnrm.com/getfile.aspx?Type=document&ID=685&Object Type=3&ObjectID=586.> Acesso 22 de jun. 2009. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre. Bookman, 2002. ZORPAS, A. Environmental management systems as sustainable tools in the way of life for the SMEs and VSMEs. Bioresour.Technol. (2009),
149
APÊNDICE A Questionário sobre as motivações e eficácia do Programa PQF
Todas as questões serão tratadas como confidenciais.
1 - IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DO RESPONDENTE
Empresa:
C.N.P.J. :
Ramo de Atividade da empresa:
Tempo no PQF: 0 a 1 ano 1 – 2 anos 2 – 3 +3
Número de funcionários: 1 a 19 20 a 99 100 a 499 +500
Setor: ___produção___ serviços
Estágio de cumprimento dos requisitos do questionário de avaliação do IEL:
0 a 49% 50 a 69% 70 a 99% 100%
Sobre o respondente
Nome: (Opcional)
Cargo/Função:
Tempo na empresa:
Q1: - Como sua empresa tomou conhecimento do PQF?: a) Indicação de cliente b) Folder c) Internet d) Seminário
e) Outro (especificar) :____________________________________________________ (Q2) Sua empresa tinha intenção de implementar ações de Gestão Ambiental antes de
envolvimento com o PQF? Sim Não Não sei (Q3) A sua empresa utilizou quaisquer outros serviços de consultoria ambiental no passado ?
(especificar).
150
(Q4) Em sua opinião quais são as principais razões para a adoção de iniciativas de Gestão Ambiental?
Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante
Importância Motivação 1 2 3 4 5
1. Atender à legislação
2. Pressão dos clientes e do mercado
3. Melhorar a imagem da empresa
4. Ter acesso a melhores taxas de juro e de seguros
5. Diminuir custo de produção
6. Reduzir os resíduos
7. Conscientização social e ambiental
8. Outros: Quais?
(Q5) Quais dos seguintes benefícios foram obtidos ao implementar as ações das Oficinas de
Meio ambiente do PQF?
Benefício Sim Não Não sei
1. Melhoria desempenho ambiental
2. Aumento das vendas / clientes
3. Melhor conhecimento / atendimento à legislação
4. Redução de custos
5. Melhora na organização da gestão
6. Satisfação do cliente
7. Melhoria da imagem
8. Maior conscientização/motivação dos trabalhadores
9. Melhoria da eficiência operacional e qualidade
10. Outro. Quais?
151
(Q6) Quais são as principais dificuldades e barreiras para implementar ações de Gestão Ambiental na empresa?
Dificuldades Sim Não Não sei 1. Não dispor de tempo nem pessoal na empresa.
2. Pouco comprometimento da direção pela baixa compreensão e consciência das questões ambientais.
3. Competência insuficiente da equipe (conhecimento, capacidade técnica) em questões ambientais.
4. Insuficiência de recursos financeiros, pois os custos da implementação das ações podem ser altos.
5. Carência de incentivos ou instituições financiadoras, pois o retorno do investimento não é garantido.
6. Não se justificam medidas para redução dos impactos ambientais já que são pequenos ou insignificantes.
7. Poucos benefícios ou vantagens.
8. Escassez de instituições disponibilizando orientações específicas, material e a legislação ambiental.
9. Requisitos burocráticos e de difícil compreensão.
10. Não dispor de informações sobre soluções técnicas.
11. Insuficiência de consultores experientes.
12. Outros. Quais?
(Q7) O nível de reconhecimento do mercado ou pelo cliente mudou desde que você começou
o Programa? a) Aumento significativo
no reconhecimento b) Aumentou
c) Não houve diferença
d) Não sei
(Q8) De quem sua empresa já recebeu o reconhecimento?
Parte Interessada Sim Não Não sei Clientes
Fornecedores
Outras empresas
Empregados
Seguradoras / Bancos
152
(Q9) Qual das seguintes iniciativas ambientais sua empresa tem se envolvido?
Iniciativa Sim Não
1. Política de gestão ambiental
2. Avaliação de Impacto Ambiental
3. PGRS – Programa de Gestão de Resíduos Sólidos
4. Monitoramento Ambiental
5. Auditoria Ambiental
6. Indicadores de Desempenho Ambiental (ISO 14031)
7. Mapeamento do processo
8. Fluxograma de entrada e saída (Eco-balance)
9. Atuação Responsável
10. ISO 14001
11. Produção mais limpa
12. Princípios CERES
13. Rotulagem Ambiental (Selos ecológicos)
14. Avaliação do Ciclo de Vida
15. Implementação do SGA evolutivo (BS 8555 / ISODIS 14005)
16. Ecomapping
(Q10) Você pode especificar outras iniciativas adotadas por sua empresa?
153
(Q11) Em que medida cada um dos seguintes componentes do PQF facilitou a implementação das orientações de melhoria na gestão?
Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante
Importância Componente
1 2 3 4 5
Possibilidade de começar e parar o processo
Flexibilidade no ritmo de implementação
Uso de modelos para orientar a implantação
Transparência no processo
Promover motivação e encorajamento nos participantes
Possibilidade de parar quando necessidades específicas foram satisfeitas
Critérios de avaliação bem definidos
Possibilidade de reconhecimento formal
Expertise dos consultores
Outros (Especifique)
(Q12) Qual a importância que cada uma das seguintes características incentivou você a
participar do PQF? Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante
Importância
Característica 1 2 3 4 5
Atendimento local por parte do IEL
Específico para empresas de pequeno porte
Participação dos clientes (empresas âncoras)
Estabelecer rede com outras empresas
Serviços de consultoria de baixo curso
Eficácia na programação das atividades propostas
154
(Q13) Qual a importância das seguintes meios de apoio às empresas participantes do PQF? Escala: 1 – Nenhuma importância; 2- Pouca importância; 3 – Importância média; 4 – Importante; 5 – Muito importante
Importância Meios de apoio
1 2 3 4 5 Oficinas de Treinamento e Workshops Consultoria no site da empresa Avaliação periódica pelo IEL Divulgação no Portal do PQF
Material distribuído nos treinamento
Serviços de Comunicação (Internet, telefone, e-mail, reuniões)
Outro. Qual?
(Q14) Em sua opinião de que forma poderia ser melhorado o suporte oferecido pelo PQF?
(ex: tempo, consultores, informações, orientações, exemplos, etc.) (Q15) Você acha que as atividades do PQF podem ser melhoradas com um maior
envolvimento de grandes empresas da cadeia de suprimento e associações comerciais?
Sim Não Não sei (Q16) Sua empresa pretende buscar a certificação do seu sistema de gestão?
Sim Não Não sei Já sou certificado Se sua resposta foi sim, qual seria a certificação? (pode escolher mais de uma opção) ISO9001 ISO14001 OHSAS18001 SA8000
155
(Q17) Você poderia comentar algo sobre as experiências de sua empresa com o PQF? Obrigado por seu tempo, compreensão e esforço. Por favor, SALVE esse arquivo e então envie seu questionário respondido para [email protected]. Quaisquer dúvidas ou comentários pode me contatar pelo telefone (XX) 71 3237-8235. Meu orientador da Universidade Federal da Bahia, Dr. Emerson Ferreira, pode ser contatado pelo e-mail [email protected], em caso de qualquer esclarecimento. Atenciosamente, José Rafael N. Lopes
156
APÊNDICE B
Q14 - Em sua opinião de que forma poderia ser melh orado o suporte oferecido pelo PQF? (ex: tempo, consultores, informações, orientações, exemplos, etc.)
TEMAS Freqüência Afirmações
Consultoria 19
1. Mais consultorias.
2. Mais consultores com tempo, possibilitando realizar mais visitas de apoio às empresas de pequeno porte. O critério seria o nº. de efetivos na empresa <= Max. 05 ou, maior nr. de horas de consultoria através de atendimento às demandas específicas de cada empresa.
3. Aumentando o tempo de consultoria nas empresa.
4. Consultoria.
5. Implantar consultores residentes nas empresas.
6. Maior tempo dos consultores.
7. Aumentar o tempo das consultorias na empresa.
8. Maior tempo das consultorias.
9. Visita dos consultores trimestralmente.
10. Aumentar a carga horária da consultoria.
11. Consultores.
12. Disponibilizar mais tempo para consultorias e oficinas e parcerias nos cursos do Sebrae.
13. Aumentar o tempo de consultoria nas empresas.
14. Tempo maior nas consultorias e maior aprofundamento das oficinas.
15. O tempo de consultoria poderia ser maior.
16. Tempo de consultoria dentro das empresas.
17. Tempo, maior aproximação dos consultores.
18. O tempo despendido pelos consultores, muito escasso, para implementação do sistema se torna quase necessário à contratação de uma firma especializada, porém o custo é demasiadamente caro, fora do nosso alcance, por isso estamos indo bem devagar, mas com sucesso na maioria das partes, faltando ainda logicamente ser perfeita, mas estamos chegando.
19. Mais consultoria.
Atendimento e Orientação
8
1. Fornecer apoio de estagiários via IEL (selecionados, treinados / orientados, auditados e avaliados pelo IEL) com o custo zero (repassado às empresas de pequeno porte - baixo efetivo) para implementação do PQF, visando/ criando a oportunidade do próprio ser integrado na empresa após o final do estagio.
2. No início a comunicação foi confusa via e-mail, no site, principalmente em relação à agenda de treinamentos. Hoje, é excelente. Basta manter.
3. Implementar e tornar o portal do PQF mais eficaz.
4. Atendimento do IEL para o Cliente (atendimento personalizado).
5. Melhorar a comunicação do andamento dos trabalhos com as empresas participantes do programa.
6. Orientações canalizadas para o ramo de atividade.
7. Deveriam existir orientações on-line.
8. Gostaria de receber mais informações e orientações sobre o PQF.
157
TEMAS Freqüência Afirmações
Oficinas 8
1. Para as empresas que participam por mais tempo, oferecer reciclagem (mais cursos, oficinas, consultorias, principalmente para novos colaboradores).
2. Programas específicos para empresas já certificadas pela ISO, melhorar o tempo de retorno das consultorias do programa PEIEX. Há meses foi feito o diagnóstico a até o momento não iniciou a consultoria das áreas com oportunidade de melhoria...
3. As oficinas de Meio ambiente deveriam ter uma duração maior já que é um ponto importante para as empresas.
4. Melhorar o tempo das oficinas
5. Treinamentos: fortalecer o desenvolvimento das equipes e das empresas. Esta é uma necessidade para poder se manter atualizado e competitivo dentro do mercado, tanto para as empresas como para os profissionais que nelas trabalham.
6. Apresentação de casos práticos.
7. No conteúdo que é dado. Não tem condições de assimilar tudo em 01 noite. Poderia ser feito mais oficinas na semana para facilitar.
8. Horário das reuniões poderia ser um pouco mais tarde, por volta das 19h30.
Implementação e Manutenção
6
1. O tempo de implementação das atividades deveria ser maior, pois as PME possuem poucos recursos.
2. Falta tempo dos empresários para implementação, é necessária uma pessoa específica na empresa.
3. Melhorar o acompanhamento
4. Auditoria em campo, ou seja, onde é realizada a atividade da empresa;
5. Deveria existir um suporte maior para as empresas participantes por parte dos consultores;
6. O suporte de PQF poderia nos ajudar a criar e formatar indicadores de eficiência da gestão ambiental, pois em nossa organização temos uma lista de ações que devem ser adotadas para implementação e PGRS, mas não tivemos orientação para transformar estas ações em indicadores que expressassem o nosso desempenho na gestão ambiental.
Material 6
1. Maior acesso a informações, relacionadas ao tema.
2. Existem dois tópicos importantíssimos que devem ser incorporados ao programa PQF: Gestão Organizacional com ênfase em clima organizacional em função de que muitas empresas ME ou EPP trazem na sua essência o perfil de empresa familiar e Gestão da Informação (TI) que tem fator impactante na operacionalização de todos os processos no contexto atual.
3. Material oferecido poderia conter mais informações;
4. Disponibilidade de material aplicado (via e-mail);
5. Recebimento constante de materiais (e-mail ou correio);
6. O IEL deve elaborar procedimentos diferenciados de empresa de serviço e não manter procedimentos de empresa de linha de produção.
158
TEMAS Freqüência Afirmações
Organização 10
1. Fator de grande importância para a gestão e orientação quanto aos controles do processo.
2. Propicia ferramentas necessárias àquelas empresas que efetivamente querem implementar as boas praticas.
3. Mais conhecimento e experiência para desenvolver as atividades em relação à gestão de processo com base na ISO
4. Inserindo a empresa em práticas de excelência, capacitando seu recurso humano e dando grande visibilidade no mercado local.
5. Melhor gestão, funcionários são mais motivados, os clientes mais satisfeito, a qualidade é melhorada.
6. Esclareceu dúvida sobre a Gestão da Qualidade. Os consultores dão muitas dicas que ajudam à empresa e orientam a atuação na melhoria contínua.
7. A empresa teve sua cultura modificada em ISO 14001, pois era a única que tínhamos dificuldades com os colaboradores.
8. Melhor adequação do programa para empresas pequenas, em nível de modelos de procedimentos e criação de registros e documentos.
9. Há tempos entendemos que há necessidade de mudar, porem com o contato com este programa deu o empurro para começar.
10. O PQF Bahia proporcionou a antecipação da implementação do SGI sistema de gestão integrado.
Comercial 8
1. Baixa eficácia na criação de um ambiente específico para geração de negócios.
2. Trouxe muitos benefícios internos, porém não tanto na parte comercial. Houve algumas rodadas de negócios, fizemos algumas sugestões, porém muitas das ações têm sido pela própria empresa.
3. O programa é ótimo, porém o apoio das empresas âncoras deveria ser maior, na contratação de serviços, monitorando a implementação dos requisitos.
4. Nenhuma âncora fez contato por conta do PQF.
5. Face à qualificação "rubi", possuímos agora uma ferramenta muito forte em termo de marketing.
6. A participação no programa deu suporte a implantar ações voltadas para o meio ambiente, qualidade, saúde e segurança e com isso aumentou o número de clientes.
7. A empresa adquiriu um melhor conhecimento, principalmente na área de meio ambiente e isso resultou em um melhor reconhecimento por parte dos clientes.
8. O PQF possibilitou a troca de experiências e parcerias entre as empresas participantes.
Q18 - Você poderia comentar algo sobre as experiênc ias de sua empresa com o PQF?
159
TEMAS Freqüência Afirmações
Qualificação 9
1. As auditorias são fundamentais, pois são divulgados pontos fracos a serem melhorados.
2. Tudo o que a Ledquadros conseguiu a nível de certificação, iniciou-se com o incentivo do PQF, observando e identificando dentro da empresa o quanto poderia melhorar. Só que, após sermos selo diamante e a empresa certificada pela ISO 9001, começamos a questionar a importância de continuarmos no PQF, visto a falta de programas específicos de continuidade de melhoria. Tivemos esperanças com o PEIEX que fosse um programa mais avançado. O que percebemos é uma demora absurda nos trabalhos, altamente desestimulante. Decidiremos em breve se daremos ou não, continuidade a esta parceria tão importante inicialmente para nós.
3. Tivemos excelentes cursos de 1 semana ministrados pelo Sebrae, gostaria que tivesse continuado.
4. Adquirimos muitos conhecimentos, dos quais nem tudo foi possível por em pratica.
5. É um bom sistema, porém deixou a desejar na entrega de certificados dos treinamentos realizados e no envolvimento das empresas âncoras.
6. Excelente programa. Ele foi muito útil para iniciar a sistemática da qualidade. Uma vez atingido patamar de certificação, o PQF parou de "ajudar" no desenvolvimento da empresa. Logo, deveria e poderia continuar ajudando com os treinamentos e workshops, pois o desenvolvimento humano e gerencial dentro de uma empresa nunca para, e são necessários para a constante adaptação ao mercado.
7. Foi interessante, mas parece que falhou no acompanhamento.
8. Estamos satisfeitos com o programa, principalmente com os cursos do PEIEX. Quanto à consultoria, como iniciamos há pouco tempo, ainda não tem como avaliar.
9. Há mais de um ano não recebemos visitas dos consultores nem convites para oficinas. Questionei com o IEL e ainda não obtive resposta.
Legislação 3
1. Através do PQF conseguimos tirar a licença ambiental do IMA;
2. Aprendizado quanto a Atendimento à Legislação pertinente ao negócio e a oportunidade de conhecer as exigências do mercado referente às certificações.
3. Melhorou quanto à organização; desempenho dos colaboradores com a padronização dos procedimentos; conhecimento das normas legislativas inerentes à organização; oportunidade de parcerias com outras âncoras e outros fornecedores;