Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Formação de Conselheiros Nacionais
Curso de Especialização em Democracia Participativa, República e Movimentos
Sociais
NATUREZA E MISSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DAS INSTITUIÇÕES
PARTICIPATIVAS: o Conselho Tutelar como órgão público institucional na garantia
dos direitos da Criança e do Adolescente no Estado do Espírito Santo.
COLATINA
2010
Maria Julia Rosa Chaves Deptulski
NATUREZA E MISSÃO POLÍTICO-INSTITUCIONAL DAS INSTITUIÇÕES
PARTICIPATIVAS: o Conselho Tutelar como órgão público institucional na garantia dos
direitos da Criança e do Adolescente no Estado do Espírito Santo
Monografia (trabalho de especialização)
apresentada à Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Curso
de Especialização em Democracia
Participativa, República e Movimentos
Sociais.
Orientador: José Maurício Castro
Domingues da Silva
Co-orientador: Áurea Cristina Mota
COLATINA
2010.
Agradeço a todos os Conselhos Tutelares do
Estado que através dos conselheiros que
participaram da pesquisa me possibilitando a
realização desse trabalho, a meu marido
Leonardo Deptulski aos meus filhos Bárbara,
Thiago e Rafael e a minha co-orientadora
Áurea Cristina Mota.
Vou brincar de areia lá no meu terreiro. Quem chegar
primeiro vai ter seu lugar. Vou cantar ciranda vou sujar a
cara vou crescer depressa vou me agigantar.
Autor: Manoelito
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................8
2. METODOLOGIA.......................................................................................................10
3. CAPÍTULO 1 Panorama Histórico da Criança e do Adolescente No Brasil,
Aparato Jurídico e Consolidação Democrática.............................................................12
1.1 Sistema de Garantias de Direitos..................................................................................13
4. CAPÍTULO 2 O Papel Dos Conselhos de Direitos.....................................................15
2.1 Natureza e Missão Político Institucional do Conselho Tutelar.....................................16
2.2 Das Atribuições do Conselho Tutelar...........................................................................18
5. CAPÍTULO 3 Análise da Pesquisa.............................................................................28
3.1 Perfil dos Conselheiros Tutelares.................................................................................29
3.2 Resposta à Pergunta “Porque Quero Ser Conselheiro Tutelar?....................................30
3.3 Regulamentação das Atividades dos Conselheiros Tutelares e o Desvio da Função
Político-Institucional dos Conselheiros Tutelares........................................................32
3.4 Tempo de Mandato e Requisitos Exigidos Para se Candidatar a Função de Conselheiro
Tutelar..........................................................................................................................36
3.5 Processo de Formação e Capacitação para os Membros do Conselho Tutelar............37
3.6 Fórum Nacional e Associação Estadual de Conselheiros e Ex-Conselheiros
Tutelares.......................................................................................................................38
3.7 Condições Físicas e Materiais dos Conselhos Tutelares..............................................39
3.8 Dos Equipamentos, Materiais de Consumo e Legislações...........................................40
3.9 Número de Conselhos Tutelares Por Município..........................................................41
3.10 Sistema Nacional de Informação – SIPIA..................................................................46
4. CAPÍTULO 4 Conclusão..............................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................53
ANEXO 1 – Questionário...............................................................................................55
ANEXO 2 – Perfil dos Municípios Com IDH................................................................60
ANEXO 3 – Decisões Sobre Atuação Funcional e Remuneração de Conselheiros
Tutelares.....................................................................................................65
ANEXO 4 – Projetos de Lei de Modificação no ECA...................................................73
ANEXO 5 – Opiniões dos Conselheiros Tutelares Sobre FCNCT e ACTEES.............77
ANEXO 6 – Remuneração e Direitos Sociais dos Conselheiros Tutelares no Espírito
Santo..........................................................................................................79
ANEXO 7 – Emenda 25/2000 da Constituição Federal..............................................88
ANEXO 8 – Lei Municipal 4.999/2004 Dispõe Sobre Limites de Despesas com o
Poder Legislativo....................................................................................89
ANEXO 9 – Remuneração dos Deputados Estaduais, Vereadores e Conselheiros
Tutelares..................................................................................................90
ANEXO 10 – Parecer Sobre a Constitucionalidade ou Não dos Direitos Sociais Para
Conselheiros Tutelares...........................................................................92
8
INTRODUÇÃO
O interesse de realizar esta pesquisa é conhecer a realidade do funcionamento de um
grupo de Conselhos Tutelares no Estado do Espírito Santo, privilegiando a necessidade de
discutir, a natureza e missão político-institucional do Conselho Tutelar como órgão público na
garantia dos direitos da criança e do adolescente.
Esse interesse tem origem em uma inquietação surgida como militante da área da
Infância e Adolescência e conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (CONANDA). Essa atuação possibilitou-me observar algumas práticas
equivocadas de alguns Conselheiros Tutelares em sua atuação, no que dispõe o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), culpando, para sustentar tal atuação, falta de estrutura,
condições de trabalho, falta de capacitação para o exercício da função para a garantia da
qualidade no atendimento.
Neste sentido, o principal problema observado se situa na prática corporativista que os
membros quando eleitos para o Conselho Tutelar costumam adotar. Pois, a garantia de
melhores salários e garantias sociais passa a ocupar um papel determinante nessa agenda,
reduzindo o potencial de institucionalização dos conselhos enquanto uma instituição
participativa, eleita pela comunidade para cumprir em nome dela a garantia dos direitos
violados de crianças e adolescentes.
A análise da matéria deve partir da constatação elementar de que o Conselho Tutelar
foi concebido e criado com o objetivo precípuo de “desjurisdicionalizar” e, por via de
conseqüência, tornar mais rápido e menos burocrático o atendimento das crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade e suas respectivas famílias, com seu posterior
encaminhamento aos programas e serviços destinados a solucionar os problemas existentes.
Para se consolidar os seus avanços e neutralizar os obstáculos que os cercam, uma pauta
mínima de discussão precisa ser construída.
Nos tempos atuais, são os Conselhos Tutelares os espaços públicos institucionais mais
controvertidos, como instrumento de proteção/defesa de Direitos Humanos de Crianças e
Adolescentes, dentro do sistema de garantia dos direitos da criança e do adolescente.1 No
fundo, são o que de mais original e inovador se criou com o Estatuto da Criança e do
Adolescente. Por tal motivo, uma reflexão sobre os problemas detectados, pode ajudar rumo a
uma proposta de aperfeiçoamento dessa importante arena.
1 Resolução 113/2006 - CONANDA
9
O Estatuto da Criança e do Adolescente remete às leis municipais sua criação e
regulação. Aqui está muitas vezes o “Calcanhar de Aquiles” do funcionamento de alguns
Conselhos Tutelares, que seria a má normalização. Como se trata de exercício de atividade
legisferante complementar, os legisladores municipais disso esquecem e acabam abandonando
as normas gerais nacionais, incluindo disposições que se conflitam com essas normas.
Todavia, o mais comum é a lei municipal normalizar de maneira incompleta, deixando de
regular alguns pontos básicos da implementação, organização e funcionamento dos Conselhos
Tutelares naquele município, principalmente deixando de regular o regime jurídico dos
Conselheiros Tutelares.
Outra peculiaridade que integra sua natureza jurídica faz do Conselho Tutelar
essencialmente um colegiado. Isto é, um órgão integrado por vários agentes públicos, o que
faz com que seus atos administrativos sejam atos jurídicos complexos formais, emanados de
uma decisão colegiada e não de um agente singular.
A experiência dos Conselhos Tutelares, no Brasil, justifica-se, política e
institucionalmente, como forma de se garantir a participação popular na gestão do poder, no
desenvolvimento dos negócios públicos pelo Estado2. Ademais os Conselhos Tutelares são
Órgãos permanentes, autônomos e não jurisdicional. Enquanto órgão permanente, o Conselho
Tutelar depois de instalado é um órgão público, criado por Lei, que integra definitivamente o
conjunto das instituições brasileiras, quem muda são os Conselheiros Tutelares o órgão
sempre permanece o mesmo, tem autonomia para desempenhar suas atribuições que lhes são
conferidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Ser não jurisdicional é ser uma
entidade pública que não integra o Poder Judiciário. Exerce, portanto, funções de caráter
administrativo, ligado ao Poder Executivo, mas não subordinado, fica vinculado para os
efeitos administrativos da sua existência como órgão que executa funções públicas.
Na verdade e na prática, é um órgão que tem “poder político”, e quanto mais efetivo o
seu "poder político", mais se fortalece burocraticamente um conselho tutelar. E ao mesmo
tempo, quanto mais fortalecido burocraticamente um conselho desses, mais efetivo deveria se
tornar esse seu "poder político". São como duas frentes de luta que se complementam.
O perigo é quando Conselheiros Tutelares se esquecem do papel político, da missão
maior do conselho e se reduzem a uma luta corporativa para criar melhores condições de
trabalho para si, colocando a atividade-meio acima da atividade-finalística, chamando atenção
o número de Projetos de Leis (PL´s) e Projetos existente no Congresso Nacional de mudanças
2 Constituição federal – artigos 227, §7º e 224, II.
10
na Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescentes, que visa em sua
maioria mudanças com caráter corporativista. E é justamente sobre esses problemas que
pretendo centrar a discussão desta monografia.
O fortalecimento burocrático dos Conselhos Tutelares depende visceralmente de que
tenha uma estrutura organizacional pública que lhe dê apoio administrativo. Em sendo órgãos
administrativamente vinculados a um órgão da administração superior do município
(Gabinete do Prefeito, Secretaria Municipal de Desenvolvimento ou Assistência Social, por
exemplo) compete a esse órgão de tutela administrativa garantir obrigatoriamente tudo isso:
instalações, equipamentos, material permanente, material de consumo, transporte e pessoal de
apoio administrativo.
Nessa direção, a pesquisa visa a investigar como os Conselheiros Tutelares estão
cumprindo suas atribuições, tanto em respeito aos requisitos formais que garantem e
sustentam o seu funcionamento, quanto à efetividade desta arena enquanto instituição que
busca a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. Como está a estrutura funcional dos
Conselhos Tutelares previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente e, especialmente, os
possíveis equívocos dos Conselheiros Tutelares nas práticas de suas atribuições e na defesa
corporativa para garantir uma intervenção qualificada de suas ações.
Infelizmente, a falta do que considero uma adequada compreensão acerca da
importância do papel e das atribuições/poderes do Conselho Tutelar, tanto de parte das
autoridades públicas e população em geral quanto, por vezes, de integrantes do próprio Órgão,
tem levado a inúmeras distorções e problemas na sua forma de atuação e compreensão do
exato sentido de sua "autonomia". Seja em razão de sua omissão, seja como resultado de
abuso ou desvio de poder, tornando necessária a criação de mecanismos de fiscalização de
sua atuação e mesmo de controle e repressão da conduta inadequada de seus integrantes.
Metodologia da Pesquisa
Como colocamos anteriormente, nosso estudo terá como foco uma discussão sobre a
situação de alguns Conselhos Tutelares do Estado do Espírito Santo. Para se conseguir
discutir o problema aqui levantado, utilizei a pesquisa “Conhecendo a Realidade” realizada
sobre a situação dos Conselhos Tutelares no Brasil, que foi realizado pelo
CONANDA/Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Governo Federa. Essa pesquisa,
11
que mostra uma grande fragilidade do funcionamento do órgão em detrimento da falta de
condições de funcionamento dos mesmos, aplicou um questionário em quarenta e um
Conselhos Tutelares no Estado do Espírito Santo para coleta de dados com objetivo de
analisar as condições de funcionamento dos Conselhos Tutelares nessa região.
Ademais dessa pesquisa, os dados empíricos foram coletados através de questionário
para conhecer a forma de criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares. Esse questionário
foi organizado e aplicado pela própria autora da monografia e o seu foco foi, justamente, dado
por uma discussão mais detida dos problemas identificados pela experiência prévia que tenho
na área. A remuneração recebida pelos conselheiros, investimento na capacitação dos
membros, grau de escolaridade, infra-estrutura de trabalho, concepção dos Conselheiros
Tutelares o que causa o entrave para o bom funcionamento do órgão e de suas atribuições,
compõe o universo de questões abordadas no questionário que serão discutidos nesta
monografia.
Os “sujeitos” da pesquisa foram 41 Conselhos Tutelares dos 89 conselhos existentes
no Estado do Espírito Santo que foram analisados, através da aplicação de um questionário
estrutura, com o objetivo de traçar o perfil dos conselheiros, condições de funcionamento,
capacitação dos mesmos, processo de escolha, remuneração, informações sobre o sistema de
Informação da Infância e adolescência – SIPIA, relação com o poder público, e conhecimento
do papel do conselho tutelar.
Ademais desse questionário, analisamos as leis municipais de criação, funcionamento,
processo de eleição dos conselheiros tutelares, remuneração dos conselheiros tutelares e
garantia de manutenção e funcionamento do órgão entre outros.
12
CAPÍTULO 1
PANORAMA HISTÓRICO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL,
APARATO JURÍDICO E A CONSOLIDAÇÃO DEMOCRÁTICA.
No final do Império até o inicio da República em 1900, não havia nenhum registro de
políticas sociais desenhadas pelo Estado brasileiro. As populações economicamente carentes
eram entregues aos cuidados da igreja católica através de algumas instituições entre as quais
podemos apontar a Santa Casa de Misericórdia, que tinha como objetivo amparar as crianças
abandonadas e recolher donativos.
O surgimento das lutas sociais foi marcado no início no século XX com a proibição do
trabalho aos menores de 14 anos e a abolição do trabalho noturno de mulheres e de menores
de 18 anos. A presença do Estado nessa área se dá concomitante ao início do processo de
urbanização e de uma forma assistencial e repressiva.
É nesse momento em que o termo menor passa a ser utilizado com a promulgação em
1927 do primeiro documento legal para a população menor de 18 anos conhecida como o
ciclo da “Doutrina da Situação Irregular” que reunia meninos e meninas que estavam dentro
do que alguns autores denominam como infância em “perigo” ou infância “perigosa”, na qual
essa população era colocada como objeto potencial da administração da justiça de menores.
Com a abertura política e a nova redemocratização, em 1988 é promulgada a
Constituição Federal, conhecida como a “Constituição Cidadã”. Para os movimentos sociais
pela infância brasileira, a década de 1980 representou um momento marcado por importantes
e decisivas conquistas. O artigo 227 da Constituição Federal que introduz conteúdo e enfoque
próprios da Doutrina da Proteção Integral das Nações Unidas trás avanços da normativa
internacional para a população infanto- juvenil brasileira lançando, portanto, as bases do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no qual muitas entidades vindas dos
movimentos da sociedade civil tiveram uma participação fundamental na construção deste
arcabouço legal que temos vigente hoje. Podendo destacar o Movimento Nacional de
Meninos e Meninas de Rua que surgiu em 1985 e a Pastoral da Criança da CNBB Conselho
Nacional dos Bispos do Brasil.
A promulgação da Lei Federal 8.069 de 13 de julho de 1990 que instituiu o ECA vem
consolidar uma grande conquista da sociedade brasileira onde este documento legal de
Direitos Humanos contempla o que a de mais avançado na normativa internacional em
respeito aos direitos da população infanto-juvenil alterando significativamente as
13
possibilidades de uma intervenção arbitraria do Estado na vida de crianças e adolescentes
brasileiras.
No contexto brasileiro, a substituição do termo menor em situação irregular pelos
termos criança e adolescente (sujeitos de direitos) é a mudança com maior potencial simbólico
do novo paradigma, pois representa a síntese da superação de uma legislação e das políticas
correspondentes de corte repressivo e discriminatório a uma legislação de políticas universais
e participativas de proteção integral da criança e do adolescente.
A correlação de forças entre os defensores dos direitos da criança e do adolescente e
menoristas é quase equilibrada nos meios intelectuais, políticos, ativistas, técnicos,
profissionais e principalmente no espaço que se costuma chamar de opinião pública. A
disputa ideológica em torno das distintas representações é visível nos meios de comunicação
de massa e debates acadêmicos.
1.1. Sistema de Garantias de Direitos
O Sistema de Garantias de Direitos é a articulação e integração das instâncias públicas
governamentais e da sociedade civil. O Sistema está construído a partir de três eixos
estratégicos: Promoção, Defesa e Controle. A partir da concepção do Sistema, o mesmo
estabelece eixos estratégicos para o alcance da política referente à infância e juventude em
todas as suas dimensões, identificando os atores que se articularão para a efetivação dos
Direitos Humanos fundamentais de crianças e adolescentes.
Esta divisão é importante para compreender o lugar e o papel dos dois órgãos criados
pelo Estatuto da Criança e do adolescente, os Conselhos dos Direitos e o Conselho Tutelar. O
eixo da Promoção de Direitos compreende as políticas sociais básicas destinadas à população
infanto-juvenil e às suas famílias. O eixo do Controle Social trata da participação da
sociedade na formulação e acompanhamento das políticas voltadas para a criança e o
adolescente, por meio da ação de organizações da sociedade civil ou por meio das instâncias
formais de participação estabelecidas na lei, que são os Conselhos dos Direitos. E, por fim, o
eixo da Defesa dos Direitos, que consiste em zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente, por meio de intervenções onde e quando houver ameaça ou violação desses
direitos. O Conselho Tutelar atua precisamente nesse eixo, junto com outras instâncias do
poder público e da sociedade civil, tais como a Justiça da Infância e Juventude, o Ministério
Público, a Defensoria Pública, a Segurança Pública e os Centros de Defesa.
14
Podemos observar que no eixo da Defesa, estão todos os mecanismos normativos de
acesso ao Sistema de Justiça; recursos às instâncias públicas e mecanismos de proteção legal;
garantia da impositividade e da exigibilidade de direitos. Mister incluir aqui a compreensão
trazida pelo nobre Procurador Wanderlino Nogueira Neto, quando afirma a efetividade como
sendo a real produção dos efeitos pretendidos, transcendendo ao jurídico e eficácia como
aptidão formal de produzir efeitos jurídicos3, sempre sob a ótica da proteção integral.
Essas observações se tornam de extrema relevância quando compreendemos o direito
da infância e juventude como: Direito Insurgente4. A Resolução 113 do Conselho Nacional
dos direitos da Criança e do adolescente indica como principais atores, responsáveis pela
articulação deste eixo: Poder Judiciário, Ministério Público, Defensorias Públicas, Segurança
Pública, Conselhos Tutelares, Ouvidorias, Entidades Sociais de Defesa de Direitos indicado
no artigo 87, inciso V do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esta mesma Resolução
objetiva o sistema de forma didática e de fácil domínio público, sendo este um dos principais
objetivos, tendo como perspectiva o Estado Democrático.
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente destina-se a
materializar a doutrina da proteção integral, conquistada no Brasil a partir do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Consiste em dar garantias legais para que toda criança e todo
adolescente tenham direito ao pleno desenvolvimento físico, psicológico e social.
Esse Sistema encontrou seu fundamento legal nos artigos 204 e 227 da Constituição
Federal de 1988. O artigo 204 estabelece as diretrizes para ações governamentais na área da
assistência social como a descentralização político-administrativa, e participação popular na
formulação das políticas públicas e no controle das ações delas derivadas e o artigo 227
atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de promover e garantir os Direitos Humanos
fundamentais a cada criança e adolescente.
3 Wanderlino Nogueira Neto, Procurador de Justiça aposentado – Bahia, in Tese sobre Proteção Jurídico
Social, Assembléia da Associação Nacional dos Centros de Defesa, 1999 – São Paulo. 4 Eliana Augusta de Carvalho Athayde, Diretora Executiva da Fundação de Direitos Humanos Bento
Rubião, Rio de Janeiro, in Revista número 1 Anced: Construindo a Proteção Integral, 1988 – Associação
Nacional Dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
15
CAPÍTULO 2
O PAPEL DOS CONSELHOS DE DIREITOS
Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente são órgãos deliberativos
responsáveis por assegurar, na União, nos estados no Distrito Federal e nos municípios,
prioridade para a infância e a Adolescência. Previstos pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8.069 de 13 de julho de 1990), os conselhos formulam e acompanham a
execução das políticas públicas de atendimento à infância e à adolescência.
Os Conselhos de Direitos são órgãos públicos criados nas três esferas de governo:
União, Estados, Distrito Federal e Municipal. Os mesmos são constituídos, de forma paritária,
por representantes do governo e da sociedade civil e estão vinculados administrativamente ao
governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal assim sucessivamente, com o
objetivo de promover a ampliação da participação, do controle social e do apoio institucional
para a consolidação do princípio da Prioridade Absoluta, preconizado pela Constituição
Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Entre as principais atribuições dos Conselhos dos Direitos destacam-se: 1) Formular as
diretrizes para a política de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
adolescente em âmbito federal, estadual do Distrito Federal e municipal, de acordo com suas
respectivas esferas de atuação; 2) Fiscalizar o cumprimento das políticas públicas para a
infância e à adolescência executadas pelo poder público e por entidades não-governamentais;
3) Acompanhar a elaboração e a execução dos orçamentos públicos nas esferas federal,
estadual do Distrital Federal e municipal, com o objetivo de assegurar que sejam destinados
os recursos necessários para a execução das ações destinadas ao atendimento das crianças e
adolescentes; 4) Conhecer a realidade do seu território de atuação e definir as prioridades para
o atendimento da população infanto-juvenil; 5) Definir, em um plano que considere as
prioridades da infância e adolescência de sua região de abrangência, a ações a serem
executadas; 6) Gerir o Fundo para a Infância e Adolescência (FIA), definindo os parâmetros
para a utilização dos recursos; 7) Convocar, nas esferas nacional, estadual do Distrito Federal
e municipal, as Conferências dos Direitos da Criança e do Adolescente; 8) Promover a
articulação entre os diversos atores que integram a rede de proteção à criança e ao
adolescente, e 9) Registrar as entidades da sociedade civil que atuam no atendimento de
crianças e adolescentes.
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Enfim, o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente é instância de
concretização da democracia participativa que atua tendo como principal meta a observância
da garantir dos direitos de crianças e adolescentes dentro de uma nova concepção do fazer
político deliberativo das políticas públicas.
2.1. Natureza e Missão Político Institucional do Conselho Tutelar
O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe sobre a criação e funcionamento do
Conselho Tutelar5, sendo assim cada município e o Distrito Federal regulamentará através de
Lei própria a criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares, dispondo sobre local, dia e
horário de funcionamento inclusive quanto à eventual remuneração.6
Um ponto estrutural que difere os Conselhos de Direitos e os conselhos Tutelares, é
que o primeiro são órgãos criados a nível Federal, Estadual/Distrital e Municipal. Enquanto o
segundo ele é um órgão municipal e distrital tendo em vista que o Distrito Federal tem
atribuições de caráter municipal e estadual.
Segundo a Pesquisa Conhecendo a Realidade, solicitada pela SEDH-PR e pelo
CONANDA que, como colocamos na introdução, foi realizada em 2006, teve como finalidade
fazer um mapeamento dos Conselhos existentes, analisar seu estágio de desenvolvimento,
além de oferecer subsídios para o planejamento de ações voltadas ao fomento e ao
fortalecimento dos órgãos.
Os Conselhos Tutelares são vistos por Nogueira Neto (1995), como órgãos públicos
administrativos especiais. Estão apenas vinculados administrativamente, em linha lateral, a
um órgão administrativo superior, de âmbito municipal, que lhes assegura uma "tutela
administrativa de apoio institucional", isto é, dotação orçamentária, recursos humanos de
apoio e material, equipamento e instalações. Todavia, são funcionalmente autônomos, sem
qualquer subordinação hierárquica a nenhuma instância administrativa superior.
Essa autonomia funcional garante-lhes que de suas decisões deliberativas não cabe
recurso administrativo hierárquico para nenhuma instância, qualquer que seja. E sim, controle
judicial da legalidade dos seus atos, por provocação de quem tenha legitimidade processual
para tanto. Muitas vezes, se tem observado que juízes e promotores de justiça intervêm
indevidamente nos Conselhos Tutelares, como se foram seus "superiores administrativos
5 Artigo 132 da Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente
6 Artigo 134 da Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente
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hierárquicos", desrespeitando a autonomia funcional dos conselhos tutelares, prevista no
Estatuto.
Como colocamos anteriormente, a criação do Conselho Tutelar foi uma das inovações
que o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe. Idealizando uma gestão participativa da
própria comunidade, inclusive com a criação simultânea dos conselhos e fundos dos direitos
da criança e do adolescente. Antes, o legislador constituinte, acolhendo uma concepção
moderna de defesa da criança e do adolescente, estabeleceu como princípios básicos a
participação popular e a municipalização do atendimento àqueles. A Constituição da
República, no art. 227, § 7º, prevê que "no atendimento dos direitos da criança e do
adolescente levar-se-á em consideração o disposto no art. 204, II o qual assegura, dentre
outras diretrizes, a "participação da população, por meio de organizações representativas,
na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis".
Nas discussões do anteprojeto de lei que deu origem ao Estatuto, pensou-se na
necessidade de um órgão popular que distribuísse justiça social, célere e com um mínimo de
formalidade, voltado a resolver, no próprio município, as questões relacionadas com violação
dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes.
Para Garrido de Paula (1993), o órgão foi criado para zelar pelos direitos da criança e
do adolescente. Não existente como mera formalidade ou criação burocrática, apenas para
"empregar" pessoas e ser mais um órgão do aparelho estatal. Porém a sociedade e o próprio
poder público ainda teimem em não aceitá-lo, quando muitas vezes espelha no Conselho
Tutelar um órgão repressor. O Poder Público deve prover os meios de funcionamento,
participar do processo de composição e acatar suas decisões que só poderá ser revista pelo
Poder Judiciário a pedido de quem tenha real interesse.
Isso pode nos mostrar que os Conselhos Tutelares são realidade, chegaram para ficar e
aí estão, mesmo que ausentes em muitos municípios. E a experiência tem mostrado que, para
seus principais destinatários, o órgão tem papel fundamental para garantir a implementação
dos direitos constitucionalmente garantidos.
Antes deles, as questões sócio-jurídicas relacionadas a crianças e adolescentes eram de
total responsabilidade das antigas varas de menores, que acumulavam funções diversas, como
a de punir, acolher, encaminhar para uma família substituta, entre outras. O antigo "juiz de
menores" assumia tarefas de juiz, de pai, de policial, de assistente social, em compasso com a
então vigente Doutrina da Situação Irregular, que tinha em mira crianças e adolescentes como
mendigos, abandonados, infratores, andarilhos e outros "menores" em "situação irregular",
aspectos que abordamos no capítulo primeiro. Essa mudança de paradigma mostra que com
18
advento do Estatuto da Criança e do adolescente, a garantia de direitos passou a ser universal,
para toda e qualquer criança e adolescente, mostrando assim a implantação de políticas mais
amplas e não discriminatórias.
O Juiz de Direito Judá Jessé de Bragança Soares, na 5ª edição do Estatuto da Criança e
do Adolescente, (2002 p. 431) afirma que:
O Conselho Tutelar não é apenas uma experiência, mas uma imposição
constitucional decorrente da forma de associação política adotada, que é a
Democracia participativa - „Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta
Constituição‟, e não mais a Democracia meramente representativa de
Constituições anteriores.
E ainda: "O Estatuto, como lei tutelar específica, concretiza, define e personifica, na
instituição do Conselho Tutelar, o dever abstratamente imposto, na Constituição Federal, à
sociedade (CF, art. 227). O Conselho deve ser como mandatário da sociedade, o braço forte
que zelará pelos direitos da criança e do adolescente". (ibidem, p. 432).
2.2. Das Atribuições do Conselho Tutelar
O artigo 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente enumera as atribuições do
Conselho Tutelar. São funções de caráter administrativo e sócio-assistenciais, ou seja, uma
espécie de “porta de entrada” para quando houver violações de Direitos Humanos de Crianças
e Adolescentes respeitando o princípio da legalidade.
O Conselho Tutelar exerce uma parcela do Poder Público, conforme disposto no art.
1º, parágrafo único, da Constituição Federal e artigo 131, ECA, poder esse que não é
jurisdicional. Ele deve promover a execução de suas decisões, requisitar serviços públicos,
representar ao juiz em caso de desobediência injustificada e, inclusive, assessorar o Poder
Executivo na elaboração de proposta orçamentária no tocante ao atendimento dos direitos da
criança e do adolescente.
Nessa subseção, para deixar mais claro o que consideramos a missão político
institucional dos conselhos e os problemas que identificamos na prática cotidiana desses
conselhos, analisaremos uma por uma das principais atribuições do conselho tutelar.
19
I - Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando
as medidas previstas no art. 101, I a VII;
O artigo 98 do Estatuto da Criança e do adolescente refere-se da competência para
aplicação de medidas de proteção a crianças e adolescentes quando ocorrer violação por ação
ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável e
em razão da conduta da criança ou do adolescente.
É bom salientar, que o ato infracional praticado por adolescente, a competência para
aplicação de medida sócio-educativa é do Juízo da Infância e da Juventude – art. 148, I, ECA,
ao passo que em se tratando de ato infracional cometido por criança, caberão apenas medidas
protetivas, a cargo do Conselho Tutelar para requisitar serviços ao poder público para a
garantia da aplicação da medida - art. 105, ECA.
O Conselho Tutelar poderá aplicar as seguintes medidas, sem prejuízo de outras
conforme artigo 101 do ECA: 1) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade; 2) orientação, apoio e acompanhamento temporários; 3) matrícula e
freqüência obrigatórias em estabelecimento de ensino fundamental; 4) inclusão em programa
comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança ou adolescente; 5) requisição de
tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 6)
inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras
e toxicômanos; e 7) abrigo em entidade.
Nas medidas de proteção, muitos Conselheiros Tutelares confundem-se na aplicação
da medida do inciso II do art. 101 do ECA. A orientação, apoio e acompanhamento
temporário não é o Conselho Tutelar que realiza, mas um programa com essas qualidades. O
Conselho Tutelar aplica a medida que outro órgão irá executar. O abrigo em entidades é
medida extrema, devendo figurar somente como medida provisória e excepcional, como
forma de ingresso em família substituta. O que vemos diariamente são crianças e adolescentes
sendo abrigados fora dessas hipóteses, muitas vezes por abuso dos conselheiros ou por
morosidade do procedimento judicial de afastamento do agressor do lar. O dirigente do abrigo
é o guardião (art. 92, parágrafo único, do ECA), decorrendo-lhe todos os deveres inerentes à
guarda.
II - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art.
129, I a VII;
O Conselho Tutelar atende os pais ou responsável e aconselha-os sobre a sua situação
quais os encaminhamentos que poderão tomar para suas necessidades. Ao aplicar uma medida
20
(art.129, I a VII do ECA) o conselheiro responsabiliza os pais ou responsável, cobrando-lhes
cumprimento da aplicação. O descumprimento de suas determinações é infração
administrativa que sujeita os pais ou responsável a multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
A atribuição do Conselho Tutelar é de realizar um trabalho educativo de
atendimento, ajuda e aconselhamento aos pais ou responsável, a fim de
superarem as dificuldades materiais, morais e psicológicas em que eles se
encontram, de forma a propiciar um ambiente saudável para as crianças e os
adolescentes que devem permanecer com eles, tendo em vista ser justamente
em companhia dos pais ou responsável que terão condições de se
desenvolver de forma mais completa e harmoniosa (ECA, 2002, p. 443)
Nesse sentido, o Conselho Tutelar é responsável: 1)pelo encaminhamento a programa
oficial ou comunitário de proteção à família; 2) pela inclusão em programa oficial ou
comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 3) pelo
encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 4) pelo encaminhamento a cursos
ou programas de orientação; 5) por zelar pela obrigatoriedade de matricular o filho ou pupilo
e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; 6) pela obrigatoriedade de encaminhar
a criança ou adolescente a tratamento especializado; 7) pela advertência.
III - Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência,
trabalho e segurança;
As situações previstas no presente inciso nos mostram as quantidades de funções que
possui o Conselho Tutelar, sendo ele a porta de entrada como órgão público procurado pelas
pessoas quando crianças e adolescentes tem seus direitos violados mesmo quanto tais
violações são acompanhadas de ilícito penal. E é justamente para que o Conselho Tutelar
exerça tais funções que o mesmo foi provido, por lei com mecanismos capazes de retaguarda
para garantir a aplicabilidade de sua finalidade.
Isso deixa claro que o órgão pode requisitar inúmeros serviços. No caso da saúde, ele
deve requisitar o atendimento urgente no atendimento de crianças e adolescentes, até pela
garantia da “Absoluta Prioridade”, em caso de não vagas para o atendimento, cabendo a
"requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial" (ECA, Artigo 101, V).
No caso da educação a ação do órgão deve requisitar vagas em escolas ou creches, até
mesmo para cumprir a medida de matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento
21
oficial de ensino fundamental (ECA, Artigo 101, III), bem como requisitar a inclusão de
criança e adolescente em programa assistencial e de inclusão, atuar junto ao INSS no sentido
de ver concedido benefício assistencial à criança deficiente, cujos genitores estão encontrando
obstáculo ao deferimento. No campo do trabalho deve acionar o Ministério do Trabalho para
que fiscalize empresas que submetem adolescentes a trabalhos penosos, insalubres ou de
reconhecida periculosidade, ou em desacordo com o art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal.
O Estatuto usa o termo requisitar, que significa ordenar, "exigir legalmente" (ELIAS,
1994, p. 16), sendo assim ele “deve” requisitar. Portanto, o poder do órgão e a obrigação do
destinatário da requisição em atendê-la, salvo justo motivo a ser verificado no caso concreto.
Com efeito, o Conselho Tutelar não executa suas decisões, mas promove,
indica, determina que suas deliberações sejam cumpridas pelas entidades
governamentais e não-governamentais que prestam serviços de atendimento
à criança, ao adolescente, às famílias e a comunidade em geral,
caracterizados pela essência da assistência social, nas diversas áreas (ECA,
Artigo 101, III).
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de
suas deliberações;
As decisões do Conselho Tutelar postas a serviço dos interesses da criança e do
adolescente não podem ficar no papel, como letra morta, pois, havendo descumprimento
injustificado de suas deliberações, pode o Conselho Tutelar representar junto à autoridade
judiciária, para fazer com que suas decisões sejam respeitadas, dando início a procedimentos
para apurar a infração administrativa conforme artigos 194 e 249 do Estatuto.
IV - Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração
administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
O Conselho, de posse de informações da existência de infrações administrativa ou
penal contra os direitos da criança e do adolescente, deve dar ciência do fato ao Ministério
Público, para que sejam tomadas as providências cabíveis. A comunicação de fato
caracterizadora de infração penal é plenamente justificada, por força do poder-dever do
Ministério Público de requisitar a instauração de inquérito policial7. De posse das peças de
informação enviadas pelo Conselho Tutelar, o Ministério Público poderá se for o caso,
oferecer denúncia de imediato.
7 Art. 5ª, II, do código de Processo Penal.
22
Entretanto, no que tange às infrações administrativas, só cabe a remessa ao Ministério
Público quando o Conselho Tutelar entender que deverão ser realizadas novas diligências.
Caso contrário, cabe a representação direta ao Juízo da Infância e da Juventude, pois o
procedimento para apuração de infração administrativa se inicia também por representação do
Conselho, tendo em vista o artigo 194 do ECA.
Colhe-se da jurisprudência do TJSP: "REPRESENTAÇÃO - Conselho Tutelar -
Legitimidade de parte - Medida tendente a apurar infração administrativa cometida por
genitor, por alegado abandono material e moral de seu filho - Artigo 194 do Estatuto da
Criança e do Adolescente - Recurso provido".8
V - Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
Os artigos 148 e 149 do ECA dispõem sobre a competência da Justiça da Infância e da
Juventude. No exercício de suas funções, pois os Conselheiros Tutelares se deparam com
situações que fogem de sua competência, principalmente quando se percebe o caráter litigioso
do problema. Situação comum é o afastamento de crianças e adolescentes do seio familiar por
maus tratos. O Conselho resolve outras questões de sua competência, como a retirada
imediata da criança do risco eminente, mas não tem a competência para destituição do Poder
Familiar, sendo essa competência exclusiva do Juiz.
VI - Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no
art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional.
O dispositivo no inciso VI contempla a aplicação de medida protetiva, pelo Conselho
Tutelar, aos adolescentes autores de ato infracional, quando encaminhados pelo Juízo da
Infância e da Juventude como: I. encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade; II. orientação, apoio e acompanhamento temporários; III. matrícula e
freqüência obrigatórias em estabelecimento de ensino fundamental; IV. inclusão em programa
comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança ou adolescente; V. requisição de
tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI.
inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras
e toxicômanos.
VII - Expedir notificações.
8 JTJ 203/127.
23
Esta é uma poderosa ferramenta de que dispõe o Conselho Tutelar para bem exercer
suas funções. O Conselho Tutelar deverá notificar a comparecer em sua sede, bem ainda a
adotar providências para efetivação de direitos de crianças e adolescentes ou mesmo para
cessar violação a tais direitos. A notificação também poderá ser utilizada para cientificar os
destinatários e beneficiários das medidas aplicadas. Pode-se notificar o diretor de escola
acerca da determinação de matrícula de criança ou os pais dessa criança para que cumpram a
medida aplicada, zelando pela freqüência do filho à escola.
Conforme Wilson Donizeti Liberati e Públio Caio Bessa Cyrino que "a notificação
poderá ser feita de maneira muito simples, em forma de correspondência oficial, em impresso
próprio, com o timbre do Conselho, desde que contenha, claramente, o objetivo a ser
atendido" (Conselhos e Fundos no ECA, p. 161). Roberto Elias chama atenção para que a
expedição de notificações devem ser emitidas não só com relação aos pais e responsáveis,
para que apresentem seus filhos ou tutelados para serem ouvidos, mas, também, em certos
casos, às entidades que atendem crianças e adolescentes, na cobrança de alguma providência
com respeito a medidas que foram aplicadas. Nota-se, claramente, que o legislador quis dar ao
Conselho forças para que realmente possa atuar em prol da criança e do adolescente. Cabe aos
seus membros, com sabedoria, utilizar aquilo que lhes confere o Estatuto, sem utilizar de
abuso de poder.
Muitos Conselheiros Tutelares entendem a expedição de notificação como verdadeira
intimação, uma ordem para que pais ou responsáveis não deixem de comparecer ao Conselho
Tutelar, caso contrário “responderão nas penas da lei”. Esta expressão, para os pais ou
responsáveis é amedrontadora e por vezes ameaçadora, dependendo de como o colegiado o
escreve, motivando, possivelmente a sensação de pavor com que pais ou responsáveis chegam
ao órgão.
Na verdade o órgão protecionista não pode intimar. Notificar significa “dar ciência a”
pessoas interessadas, portanto a notificação deve informar aos pais ou responsáveis
determinada situação, a qual será necessária sua presença para esclarecimentos dos fatos,
devendo o Conselho Tutelar convidar os interessados a irem à sede, durante horário de
atendimento.
Infelizmente, o que se vê, é uma postura policialesca dos Conselheiros Tutelares
quando dessa atribuição. Uma condição desrespeitosa, repressora e muitas vezes imbuída de
abuso de autoridade para com as famílias.
24
VIII - Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando
necessário.
O Conselho Tutelar pode requisitar dos cartórios de registro civil das pessoas naturais
certidões de nascimento e de óbito, que deverão ser fornecidas gratuitamente, em qualquer
hipótese. Trata-se de medida adequada para corrigir a falta do documento. Inúmeras crianças
e adolescentes encontram dificuldades para o exercício de direitos básicos apenas porque não
tem a certidão de nascimento e, na maioria das vezes, seus responsáveis não têm condições de
pagar pela segunda via ou de ir até o cartório de origem, muitas vezes em municípios
distantes daqueles em que residem. Com essa atuação o Conselho Tutelar supre a falta do
documento para crianças e adolescentes de famílias simples e desprovidas de recursos.
Tais documentos serão expedidos independentemente do pagamento de custas e
emolumentos. Em outras palavras, a requisição será atendida gratuitamente e, eventual
negativa do cartorário, importará na aplicação de penalidade administrativa, sem prejuízo de
apuração de ilícito penal. Sobre a gratuidade, in casu, já se pronunciou o Colendo Superior
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro9:
Recurso ordinário. Mandado de segurança. Criança e adolescente.
Regularização de registro. Isenção de pagamento. Lei nº 8.069/90.
Provimento do Corregedor-Geral de Justiça do Rio Grande do Sul.
Legalidade. 1. Provimento do Corregedor-Geral de Justiça do Rio Grande do
Sul que, “ex vi” do art. 102, da lei 8.069/90, isentou de custas, emolumentos
e multa o fornecimento de certidões de nascimento e óbito para
regularização do registro de crianças e adolescentes, não é ilegal nem
abusivo. 2. Os serviços de registro, exercidos em caráter privado,
subordinam-se à natureza pública da sua prestação, sujeitando-se às regras
de fiscalização e providências corregedoras do poder concedente desses
serviços. 3. As requisições de certidões pelos conselhos tutelares são isentas
de pagamento, competindo ao Corregedor-Geral de Justiça editar provimento
a esse respeito. 4. Recurso ordinário conhecido e improvido.
O art. 102 do ECA prevê que as medidas protetivas aludidas no art. 101 da
competência do Conselho Tutelar serão acompanhadas da regularização do registro civil.
Sempre que o Conselheiro Tutelar constatar que uma criança ou adolescente não possui
registro de nascimento que não se confunde com a certidão de nascimento. O Conselho
Tutelar deverá encaminhar o caso ao Juízo da Infância e da Juventude, a quem compete
9 2ª T. - ROMS 6013/RS - Rel. Min. Peçanha Martins – j. 09.5.1996 – publ. em 26.8.1996, p. 29658
25
requisitar o registro (art. 102, § 1º, ECA). Dessa forma, não cabe ao Conselho determinar a
lavratura de assento de nascimento. Ele apenas requisita certidões de nascimento ou óbito.
IX - Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para
planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
Essa atribuição evidencia a relevância do Conselho Tutelar no que concerne às
políticas públicas voltadas aos interesses de crianças e adolescentes. Afinal, o estatuto quando
do pensar na criação do órgão ele via os Conselheiros Tutelares aqueles representantes saindo
do seio da comunidade, conhecendo as necessidades locais criando condições para sugerir as
prioridades e definir os programas que melhor atendam as demandas existentes.
Compete ao Poder Executivo municipal propor o orçamento e submetê-lo à Câmara de
Vereadores, obrigatoriamente prevendo recursos para "planos e programas de atendimento
dos direitos da criança e do adolescente" e, segundo Edson Seda, "para essa propositura, o
Executivo deve se assessorar dos Conselhos Tutelares, os quais, recebendo reclamações e
denúncias sobre a não-oferta ou a oferta irregular de serviços públicos obrigatórios, tem
condições de informar ao Executivo onde o desvio entre os fatos e a norma vem ocorrendo
com freqüência"10
. Segundo Paulo Afonso Garrido de Paula:
Como o Conselho Tutelar atende a casos individuais, via de regra
dependentes de assistência social, fazendo encaminhamentos para programas
ou serviços destinados a crianças e adolescentes lesados ou ameaçados de
lesão aos seus direitos fundamentais, acaba, em razão de suas funções,
detendo conhecimentos referentes às demandas e necessidades públicas na
área de infância e juventude. Desta forma, tem o dever de influir na
elaboração da proposta orçamentária, sugerindo ao Poder Executivo,
inclusive através do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, ações que permitam a universalização do atendimento àqueles
que dele necessitem11
.
X - Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos
no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal.
O artigo 220 da Constituição Federal dispõe que: "a manifestação do pensamento, a
criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição". E no parágrafo 3º desse mesmo
artigo, fixa a competência de lei federal para "estabelecer os meios legais que garantam à
10 ABC do Conselho Tutelar, p. 26.
11 Conselho Tutelar – Atribuições e subsídios para o seu funcionamento, p. 15.
26
pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos,
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente".
O artigo 221 dispõe que a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão
atenderão princípios: I preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
informativas; II promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente
que objetive sua divulgação; III regionalização da produção cultural, artística e jornalística,
conforme percentuais estabelecidos em lei; e IV respeito aos valores éticos e sociais da pessoa
e da família.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, no art. 74, estabelece: "O Poder Público,
através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre
a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua
apresentação se mostre inadequada". Em caso de violação a essas regras caracteriza a infração
administrativa do art. 254 do Estatuto dispõe: "Transmitir, através de rádio ou televisão,
espetáculo em horário diverso do autorizado, ou sem aviso de sua classificação". Sendo assim
verificando tal situação, o Conselho Tutelar deve representar ao Juízo competente para as
providências cabíveis.
XI – Representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do
pátrio poder12
.
Conforme artigo 1630 do código Civil, enquanto menores, os filhos estão sujeitos ao
poder familiar, cabendo a suspensão desse poder se o pai ou a mãe abusar de sua autoridade,
faltando aos deveres a eles inerentes colocando em risco a integridade física ou mental dos
filhos, se qualquer um deles for condenado por sentença irrecorrível por crime, à pena
superior a dois anos de prisão conforme artigo 1637 parágrafo único do CC. Havendo
reiteração nessas faltas poderá ocasionar a perda do poder familiar, o mesmo ocorrendo se o
pai ou mãe castigarem imoderadamente ou deixar o filho em abandono e praticarem atos
contrários à moral e aos bons costumes conforme artigo 1638 do CC. Importando também na
perda ou suspensão do poder familiar o descumprimento injustificado dos deveres de
sustento, guarda e educação dos filhos menores artigo 24 do Estatuto da Criança e do
adolescente. Isso não significa que as crianças deverão sair de suas famílias por questões de
pobreza.
12 O termo Pátrio Poder, foi modificado para Poder Familiar pelo novo Código Civil brasileiro Lei.
10.406 de 10 de janeiro de 2002, publicado no DOU em 11 de janeiro de 2002.
27
O Conselho Tutelar geralmente é a primeira instituição a tomar conhecimento dos
abusos e maus tratos cometidos pelos pais contra os filhos menores. Sendo assim além das
providências e medidas cabíveis de seu cargo, com a aplicação de medidas protetivas, como a
retirada imediata da criança ou do adolescente para o devido tratamento, ou abrigamento,
deverá o Conselho Tutelar remeter relatório circunstanciado ao Ministério Público, que detém
competência para requerer judicialmente a suspensão ou perda do poder familiar conforme
artigo 155 e 201, III do Estatuto da Criança e do adolescente. Isso significa que os Conselhos
Tutelares podem e devem fazer o que o Estatuto e a lei municipal de criação determinam. Não
podendo agir segundo o desejo dos seus integrantes.
É pertinente, citar Wilson Donizeti Liberati e Públio Caio Bessa Cyrino: O Papel
fiscalizador do Conselho tutelar.
A fiscalização realizada pelos membros do Conselho Tutelar não poderá
limitar-se à simples verificação da pedagogia do atendimento. Deverá,
também, ser observadas a parte física do estabelecimento, suas repartições,
as condições de higiene e de saúde. Isso se torna imprescindível quando se
trata de entidade de atendimento que adote o regime de abrigo ou
internação13
.
Toda essa discussão sobre as principais atribuições dos Conselhos Tutelares que
realizamos nesse capítulo teve como objetivo deixar bem claro quais são os princípios
políticos e jurídicos que nortearam a criação desses espaços. Sem termos esses elementos bem
colocados e discutidos, qualquer discussão sobre a supervivência de práticas corporativas em
detrimento de práticas políticas concretas que visam a assegurar os direitos das crianças e
adolescentes em situações de vulnerabilidade seria arbitrária. No próximo capítulo,
discutiremos os dados da pesquisa de campo realizada com os Conselhos Tutelares do
Espírito Santos.
13 Conselhos e Fundos no Estatuto da Criança e do Adolescente, p. 167.
28
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DA PESQUISA
O Estado de Espírito Santo, situado na região sudeste do país, conta com uma
população14
de 3.487.199 habitantes, sendo que desses habitantes 830.900 são pessoas entre 0
a 17 anos de idade, representando 23,82% da população do estado, que é composto por 78
municípios15
. Foi realizado um questionário contendo 32 questões (para detalhes, ver “Anexo
1”).
Participaram da pesquisa 36 municípios assim distribuídos: 6 da Região Metropolitana:
Vitória, Vila Vela, Cariacica, Serra, Guarapari e Viana; 2 da Região Sudoeste Serrana:
Afonso Cláudio, Domingos Martins; 2 da Região Central Serrana: Santa Tereza e são Roque
do Canãa. 5 da Região Sul: Alfredo Chaves, Cachoeiro do Itapemirim, Castelo, Piuma, e
Vargem Alta; 1 da Região da Serra do Caparaó, Alegre; 9 da Região Norte: Aracruz, Ibiraçú,
Jaguaré, João Neiva, Linhares, Pedro Canário, Pinheiros, São Mateus e Sooretama e 11 da
Região Noroeste: Água doce do Norte, Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo guandu, Barra de
São Francisco, Colatina, Marilândia, Pancas, São Domingos do Norte, são Gabriel da Palha e
Vila Valério. Desses 36 municípios, foram pesquisados 41 Conselhos Tutelares (CTs), tendo
em vista que vários desses municípios possuem mais de um CT: Vitória (2), Vila Velha (3),
Cariacica (4), Colatina (2), Serra (4) e Conceição da Barra (2). Desses municípios, apenas em
Conceição da Barra não conseguimos que nenhum dos dois CTs existentes participassem da
pesquisa respondendo ao questionário. Ver perfil de cada município participante da pesquisa
partir do IDH16
(Para mais detalhes, ver “Anexo 2”).
É importante salientar que o Índice de Desenvolvimento Humano IDH de todos os
municípios onde os conselhos tutelares responderam o questionário estão dentre as categorias
média e alta, e os Portes de municípios estão entre pequeno porte que são os municípios com
menos de 6.000 pessoas entre 0 a 17 anos; médio porte municípios são aqueles municípios
14 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Estimativa de População. 14 de agosto de
2009. 15
Instituto Jones dos Santos Neves - IJSN 16
Criado pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – o IDH é obtido pela
média aritmética entre indicadores de três dimensões básicas do desenvolvimento humano: longevidade,
nível educacional e renda. Com valores em uma escala entre 0 e 1, é possível enquadrar países, regiões,
estados, municípios, ou qualquer outra divisão espacial, em três categorias: baixo desenvolvimento
humano, quando o IDH for inferior a 0,5; médio desenvolvimento humano, quando o IDH ficar entre
0,5 e 0,8; e alto desenvolvimento humano, quando for superior a 0,8.
29
com 6.001 a 20.000 pessoas entre 0 a 17 anos e grande porte são os municípios com mais de
20.000 pessoas entre 0 a 17 anos de idade.
A Primeira pergunta do questionário é em qual Secretaria de Governo o Conselho
Tutelar está vinculado administrativamente. Dos 41 Conselhos pesquisados 38 estão
vinculados administrativamente a Secretarias de Assistência Social (quantidade equivalente a
92,68%), não obtivemos resposta dos outros três conselhos que participaram da pesquisa.
Esse dado é importante, pois, embora esteja vinculado administrativamente à Prefeitura,
através de alguma secretaria, ele é um órgão autônomo em suas decisões e não esta
subordinado a pessoas ou órgãos, mais sim, ao texto do ECA, do qual deve fazer uso, sem
omissão nem abuso.
Caso se omita ou abuse em termos de direitos difusos (por exemplo, conselheiro que
não trabalha, Conselheiro que desrespeita sistematicamente seus atendidos, Conselheiro que
se desvia de função), ficará ou poderá ficar sob o controle do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, que zela pela prestação difusa de serviços públicos na
área de direitos. O Conselho Tutelar presta serviços públicos. Caso seus membros se omitem
ou abuse de direitos individuais, o interessado poderá ocorrer à justiça da Infância e da
Juventude, a qual, quando acionada através de petição em caso concreto, zela pela obediência
às regras do ECA, respeitado o devido processo legal.
A prefeitura através da Secretaria ao qual o Conselho Tutelar está vinculado
administrativamente tem a responsabilidade de garantir as condições humanas e materiais
para seu bom funcionamento. O parágrafo único do artigo 134 do ECA diz que “Constará da
lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho
Tutelar”. Dessa forma é de fundamental importância, que os Conselheiros Tutelares saibam
qual é o vinculo administrativo do Conselho com o órgão municipal.
3.1. Perfil dos Conselheiros Tutelares
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 132 dispõe: “Em cada
município haverá, no mínimo um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhido
pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução”17
. Dos 41
Conselhos Tutelares pesquisados, temos um total de 205 Conselheiros Tutelares eleitos, sendo
17 Nova redação conforme Lei Federal 8.242/91, de 12/10/91.
30
que desse total 161 são do sexo feminino e 44 do sexo masculino, conforme mostrado no
gráfico 1.
Gráfico 1 – Sexo dos Conselhos Tutelares (ES)
Referente à faixa etária o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 133, I
dispõe que os conselheiros tutelares devem ter idade superior a 21 anos. Os conselheiros
tutelares dos conselhos pesquisados têm entre 26 a 63 anos de idade. Sendo que a maioria está
entre 31 a 40 anos. Dentre ainda do perfil dos conselheiros Tutelares, o Estatuto da Criança e
do Adolescente, não exige escolaridade mínima para se candidatar ao cargo, atribuindo essa
condição às leis municipais de criação e funcionamento do mesmo. Foi perguntado qual a
formação dos conselheiros tutelares. 4,87% responderam que tem o ensino fundamental
completo; 7,31% responderam ter o ensino médio incompleto; 46,36% responderam ter o
ensino médio completo e 41,46% responderam ter o ensino superior completo.
3.2. Resposta à pergunta “Porque quero ser Conselheiro Tutelar?”
Essa é uma pergunta que sempre deve ser feita quando alguém quer ser candidato ao
cargo de Conselheiro Tutelar. Pois esse cargo exige na prática muito mais do que os requisitos
legais como reza o artigo 133 do ECA, pois os conselheiros devem ter “reconhecida
idoneidade moral”. As leis municipais podem colocar outros requisitos dependendo da
realidade de cada município, desde que não fira a Lei Federal. Um dos requisitos que todas as
31
leis municipais utilizam, é a reconhecida experiência de trabalho comprovado com crianças e
adolescentes na área do atendimento, promoção e defesa da criança e do adolescente.
Como já citado, Paulo Afonso Garrido de Paula18
, “o órgão foi criado para zelar pelos
direitos da criança e do adolescente. Não existe como mera formalidade ou criação
burocrática, apenas para "empregar" pessoas e ser mais um órgão do aparelho estatal”. Não é
um órgão para ajudar as “criancinhas”. É o que de mais avançado surgiu na nossa legislação
brasileira é o olhar da comunidade na defesa dos Direitos Humanos de Crianças e
Adolescentes.
Segundo as respostas dos entrevistados, 78,6%, disseram ter se candidatado ao cargo
de Conselheiros Tutelares por serem militantes da área junto a entidades de atendimento à
criança e ao adolescente, enquanto 23,2% por oportunidade de emprego19
. Esse número é
extremamente importante para nossa pesquisa. Pois, podemos analisar essa resposta dada por
23,2% dos entrevistados como sendo algo que torna possível a existência das práticas
corporativistas dentro dos Conselhos. Pois, se a oportunidade de emprego foi o que mais
suscitou a participação nas eleições para conselheiros, na cabeça dessas pessoas, as práticas
corporativistas podem aparecer como sendo mais importantes do que a natureza política dos
conselhos. Conselheiro Tutelar. Natureza jurídica da função. Particulares em colaboração com
o Poder Público. Contudo a função de conselheiro tutelar pode ser remunerada, o Conselheiro
Tutelar não é considerado funcionário público.
A Lei Federal nº 8.069/90 (ECA), em seu art. 134, prevê que a lei municipal
determinará a eventual remuneração aos membros do Conselho Tutelar. Os Conselhos
Tutelares pesquisados, todas as leis que os criaram está expresso à remuneração, horário de
funcionamento do Conselho Tutelar, plantões noturnos, aos sábados, domingos e feriados.
Sendo assim quando uma pessoa se candidata ao cargo de conselheiro tutelar sabe claramente
qual é a condição de trabalho e forma de remuneração.
Outro ponto importante que tem nas legislações locais de criação dos Conselhos
Tutelares é a exigência de disponibilidade de tempo para se dedicar exclusivamente à função
de conselheiro, ou seja, o Conselho Tutelar não é “bico”, é dedicação exclusiva. A criança e o
adolescente, obviamente, não escolhem ter seus direitos violados e muito menos quando isso
18 GARRIDO DE PAULA, Paulo Afonso. Conselho Tutelar – Atribuições e subsídios para o Seu
funcionamento. São Paulo: Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência, 1993. 19
Acreditamos que se não fosse pelos constrangimentos morais que uma questão como essa impõe, o
número de pessoas que responderam que participaram das eleições por causa de uma oportunidade de
emprego poderia ter sido maior.
32
irá acontecer. Sendo assim, o órgão tem que funcionar vinte e quatro horas por dia, seu
funcionamento é ininterrupto. Isso não significa que os conselheiros tutelares trabalharão
vinte e quatro horas diárias, o que tem que ser garantido é o acesso ao órgão para a população
na hora que precisar.
Porém, por mais que saibamos da importância da questão, ocupar o cargo de
conselheiro tutelar não é resolver o problema de desemprego das pessoas. Ser conselheiro
tutelar exige dedicação, conhecimento profundo do ECA, capacitação permanente alem de
experiência no trato com crianças e adolescentes.
Isso não significa que os ocupantes do cargo de conselheiros tutelares não possam ter
todos os direitos garantidos nas leis municipais. O ECA oferece essa abertura para que as leis
municipais definam a remuneração de acordo com a realidade de cada município. Porem
existe uma grande mobilização dos Conselheiros Tutelares a nível Nacional para
modificações no ECA. No que tange a garantias salariais e trabalhistas.
3.3. Regulamentação das Atividades dos Conselheiros e o Desvio das Funções
Político-Instituicionais dos Conselhos Tutelares
Alguns municípios do Espírito Santo prevêem em suas leis de criação do Conselho
Tutelar, todos os direitos trabalhistas, podemos citar o município de Aracruz que garante
todos os direitos trabalhistas. Essa foi a lógica do ECA, quando remete para que as leis
municipais definam sobre a eventual remuneração, respeitando a realidade de cada município
desse país. Desde 1996, existem várias ações impetradas por conselheiros tutelares com
algum tipo de reclamações nesse sentido. Decisões sobre situação funcional e remuneração
de CTs (para mais detalhes, ver “Anexo 3”)
O Projeto de Lei do Senado nº 119, de 2008, de autoria do Senador Arthur Virgílio,
acompanhado do Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009 de autoria da Senadora Lúcia
Vânia que tramita em conjunto em decorrência da aprovação do Requerimento nº 1.349, de
2009 (para detalhes, ver “Anexo 4”). Projeto esse de “cunho corporativista”, jogando por
terra, toda a concepção que foi pensada o Órgão Conselho Tutelar. Nas discussões do
anteprojeto de lei que deu origem ao Estatuto, pensou-se na necessidade de um órgão popular
que distribuísse justiça social, célere e com um mínimo de formalidade, voltado a resolver, no
próprio município, as questões relacionadas com violação dos direitos fundamentais das
crianças e adolescentes.
33
Podemos observar, que as proposta de alterações no ECA pelos projetos 119 de 2008 e
278 de 2009, só propõe mudanças no que tange à remuneração e às garantias de direitos
sociais dos Conselheiros Tutelares.
O Projeto de Lei do Senado de número 119, de 2008 apresenta três alterações no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
A mudança no artigo 132 do ECA, ele prevê que em cada município tenha pelo menos
dois Conselhos Tutelares, composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade e com
mandato de cinco anos, permitida a recondução.
O artigo 134 prevê que os conselheiros tutelares tenham, assegurados os direitos
trabalhistas e sociais previstos na Constituição Federal para os trabalhadores em geral. O
artigo 135 define que os conselheiros serão equiparados aos servidores federais e pagos pela
União. O Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, que tramita em conjunto, propõe
alterações nos artigos 132, 134 e 139, do Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecendo
que: Artigo 132 - mínimo de um Conselho Tutelar, composto por cinco membros com
mandato de quatro anos e recondução sem limite; Artigo 134- remuneração do conselheiro de
60% (sessenta por cento) da remuneração do vereador local, com direito a férias, décimo
terceiro e plano de saúde; Artigo 139- responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente pelo processo de escolha dos conselheiros, sob a fiscalização do
Ministério Público, bem como define que as eleições se realizarão a quatro anos, no dia 18 de
novembro.
Ao projeto mais antigo foi apresentada uma emenda, de autoria do Senador Sérgio
Zambiasi, definindo que em cada município haverá, no mínimo, dois Conselhos Tutelares,
criados e mantidos pela municipalidade e compostos de cinco membros, escolhidos, em anos
ímpares, pela comunidade local, mediante voto universal e facultativo, para mandato de
quatro anos, permitida uma recondução. A nobre Senadora Patrícia Saboya relatora da
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania em seu relatório destaca que: “Um grande
entrave para o exercício do mandato de Conselheiro Tutelar reside na lacuna legal existente
no que se refere a sua remuneração20
”.
De acordo com argumento aqui defendido sobre a importância da questão política que
cerca a criação dos Conselhos Tutelares, não podemos aceitar tal afirmativa, pois os entraves
20 Parecer sobre o Projeto de Lei no Senador nº 119 de 2008, que altera a Lei 8.069 de 13 de julho de
1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e da outras providências, em tramitação conjunta
com o projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, que altera os artigos, 132, 134 e 139 da Lei 8069, de 13 de
julho de 1990, relativo aos conselhos tutelares.
34
para o exercício do mandato não pode ser estrita à questão da remuneração. Ela tem que
passar pela falta de estrutura adequada no que tange ao espaço físico, equipamentos e
principalmente a falta de capacitação dos membros para exercer um mandato de conselheiro
tutelar com qualidade dentro suas atribuições. Ou seja, deve tratar da estrutura para o
funcionamento desses espaços enquanto um órgão público que luta pela defesa dos direitos
das crianças e adolescentes.
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado é pela aprovação da
matéria na forma do substitutivo. Propõe que em cada município tenha no mínimo um
Conselho tutelar, composto de cinco membros escolhido pela comunidade para mandato de
quatro anos, permitida uma recondução.
Em razão do número de Conselhos Tutelares em cada município, é proposto o mesmo
que será aprovado na nova Resolução do CONANDA. O número de Conselhos Tutelares em
cada município deverá levar em consideração a incidência e prevalência de violações dos
direitos da criança e do adolescente e a extensão territorial.
No que tange a remuneração do conselheiro tutelar, a mesma será estabelecida em lei
municipal, sendo no mínimo trinta por cento e no máximo cinqüenta por cento da
remuneração do vereador. E que a revisão da remuneração do conselheiro tutelar será
estabelecida pela legislação local, observando os parâmetros similares aos estabelecidos para
o reajuste dos demais servidores municipais. Durante o exercício do mandato, o conselheiro
tutelar terá assegurado os mesmos direitos sociais conferidos aos demais servidores
municipais, inclusive quanto ao desconto previdenciário.
O substitutivo ainda prevê garantia de equipe administrativa de apoio, estabelecendo
que o órgão responsável por prover as condições necessárias ao efetivo funcionamento do
Conselho Tutelar será o Gabinete do Chefe do Executivo local. No artigo 138 do ECA
acrescenta a possibilidade de firmar convênio com a Justiça Eleitoral para a realização das
eleições, definindo que as eleições em todo território nacional acontecerá no primeiro
domingo de outubro do ano seguinte ao das eleições para Governadores de Estados e do
Distrito Federal.
A proposta prevê os critérios para a eleição. 1) As candidaturas devem ser individuais,
vedada a composição de chapas ou a vinculação a partidos políticos. 2) Os cinco pretendentes
mais votados serão diplomados conselheiros tutelares titulares, para mandato de quatro anos,
remanescendo mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. 3)
Os demais candidatos que receberem votos serão diplomados conselheiros suplentes em
ordem decrescente de votação. 4) A posse dos conselheiros tutelares eleitos no primeiro
35
processo unificado ocorrerá no dia 1º de janeiro do ano subseqüente a eleição, ficando
condicionada ao término do mandato daqueles em exercício do cargo.
Além de prevê que o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
expedirá resolução contendo as instruções gerais necessárias à realização das eleições,
observadas as disposições contidas na Lei, nas quais constará, dentre outras: 1) calendário
com as datas e os prazos para registro de candidaturas, impugnações, recursos e outras fases
do certame; 2) a documentação exigida dos candidatos, como forma de comprovar o
preenchimento dos requisitos legais previstos; 3) regras da campanha, contendo as condutas
permitidas e vedadas; 4) as sanções legais previstas para o descumprimento das regras da
campanha.
Enfim a proposta define tudo que o município tem que fazer, inclusive cria despesas
para o mesmo quando diz que o valor da remuneração será de no mínimo 30% e no máximo
50% do salário dos vereadores.
A Constituição de 1988, em seu artigo 18 prevê: “A organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Partindo da
premissa de que a natureza federativa pressupõe o princípio da isonomia entre seus entes,
sendo assim, o texto constitucional brasileiro assegurou aos municípios uma autonomia até
então nunca experimentada.
Outro ponto que reforça a autonomia municipal é o fato de a Constituição Federal
deixar explícito em seu “Capítulo VI – Da Intervenção” que um ente não tem o poder de
intervir em outro ente salvo sob condições especiais. O princípio da isonomia tem que ser
resguardado. Tendo em vista as especificidades de cada município.
A lógica que está posta, reafirma que grande parte dos conselheiros tutelares desse
país, estão lutando não pela defesa dos direitos da criança e do adolescente, pela
implementação integral do Eca, e sim por uma categoria funcional. O deputado Federal
Eduardo Barbosa (PSDB-MG), afirmou que propostas com esse teor já passaram pela
Câmara, mas foram rejeitadas pelo fato de conterem erros conceituais. "Não é um processo
fácil. Temos de tomar cuidado para que esse não se torne apenas mais um emprego público
chamativo, que atraia pessoas sem compromisso com os direitos da infância e da
adolescência”.
O deputado Valtenir Pereira (PSB-MT) recomendou aos profissionais do setor que se
mobilizem pela inclusão de recursos para os Conselhos Tutelares no orçamento da União.
36
Assim, segundo ele, será mais fácil para os parlamentares destinar emendas a esses
colegiados.
3.4. Tempo de Mandato e Requisitos Exigidos Para se Candidatar a Função de
Conselheiro Tutelar
O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe em seu artigo 132 “Em cada município
haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhido pela
comunidade local para mandato de três anos, permitida um recondução”21
.
Dos conselheiros que responderam o questionário ficou assim distribuído. 21
Conselheiros Tutelares estão no primeiro mandato 18 no segundo mandato, 2 conselheiros já
foram conselheiros durante dois mandatos consecutivos e hoje está no terceiro mandato.
Apesar dos questionários terem sido respondidos pelo colegiado, a informação do tempo de
mandato foi colocada a do coordenador do Conselho ou de um dos conselheiros.
Em entrevista com os coordenadores dos 41 Conselhos de Direitos foi informado que
quando do processo de eleição para membros do Conselho Tutelar a renovação é de 60%, ou
seja, 60% dos conselheiros quando se candidatam a recondução do cargo não tem a aprovação
da comunidade e não se reelegem. Esse é um fator importante, pois o Conselheiro Tutelar é
eleito para assumir uma função representando a comunidade, pois, foi eleito por ela.
Dos 41 Conselhos Tutelares pesquisados 14 terminarão seus mandatos em 2010, sendo
que desses, 9 conselheiros estão cumprindo seu primeiro mandato e podem se recandidatar e 5
estão em seus segundo mandatos consecutivos não podendo se recandidatar ao cargo; 15
terminarão seus mandatos em 2011, sendo que desses, 9 estão no primeiro mandato e podem
se recandidatar enquanto 6 estão no seu segundo mandato e não podem se recandidatar; 12
terminarão seus mandatos em 2012, sendo que desses, 7 estão no primeiro mandato e podem
se recandidatar, enquanto 5 já estão em seus segundo mandato não podendo se recandidatar.
Podemos observar que a tendência de renovação dos membros do Conselho Tutelar
nesse período de 2010 a 2012 deve permanecer na faixa de 60% de renovação. Foi informado
pelo Conselho de Direitos de Vitória, que na ultima eleição todos os Conselheiros Tutelares
que se candidataram a recondução nenhuma foi reeleito. Para ser conselheiro tutelar, o
Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe em seu artigo 133 “Para a candidatura a membro
21 Nova redação conforme Lei Federal 8.242/91, de 12/10/91.
37
do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: I – reconhecida Idoneidade
moral; II – Idade superior a vinte e um anos; III – residir no município”. As Leis Municipais
podem estabelecer outros requisitos para a candidatura dos mesmos, sendo que todos os
requisitos elencados no artigo 133 do ECA, estão garantidos nas legislações dos 41
municípios22
.
3.5. Processo de Formação e Capacitação para os Membros do Conselho Tutelar
A capacitação continuada dos integrantes do Conselho Tutelar é indispensável, para que
eles sejam preparados para o exercício de suas atribuições em sua plenitude o que não se restringe
ao atendimento de crianças e adolescentes, mas também importa numa atuação preventiva,
identificando demandas e fazendo gestões junto ao Conselho dos Direitos da Criança e do
Adolescente e Prefeitura Municipal para a criação e ou ampliação de programas específicos, que
darão ao órgão condições de um efetivo funcionamento.
O artigo 136 do ECA estabelece como uma das atribuições do Conselho Tutelar é
assessorar o Poder Executivo na elaboração das propostas orçamentárias para planos e programas
de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, dando um enfoque prioritário à criança e
ao adolescente. Por outro lado é extremamente importante que haja uma política municipal de
capacitação de Conselheiros Tutelares (titulares e suplentes), antes da posse e durante o
desempenho de suas funções, de forma permanente e sistemática.
Neste aspecto cabe à lei municipal estabelecer os compromissos e condições para a
efetivação da atuação qualificada do Conselho, bem como do Conselheiro, devendo inclusive a lei
22 Os demais requisitos ficaram assim distribuídos: b) Estar ligado a uma entidade que atua na área da
criança e do adolescente, 24 leis municipais; c) Ser aprovado em prova de conhecimentos específicos da
área para atuar como conselheiro, 17 leis municipais; d) Ter participado de curso de capacitação para
atuar como conselheiro, 16 leis municipais; e) Ter disponibilidade de tempo para se dedicar
exclusivamente à função de conselheiro, 30 leis municipais; f) Submeter-se a uma avaliação psicológica
para constatar a aptidão do candidato para o trabalho de conselheiro, 10 leis municipais; g) Ter
indicação favorável de alguma autoridade do Poder Público 2 leis municipais; h) Ter experiência na
área da criança e do adolescente, 29 leis municipais; i) ter nível mínimo de escolaridade, 34 leis
municipais, sendo que 21 leis exigia ensino médio completo, 2 ensino fundamento e os outros 11 que
disseram que esse requisito é exigido não identificou qual o nível de exigência. Residir no município é
outra exigência. Sendo que 24 leis exige mais de 2 nos, 3 exige no mínimo 5 anos, 2 exige no mínimo 4
anos, 1 exige no mínimo 6 meses, 1 exige no mínimo 3 anos, 1 exige no mínimo 1 ano e 9 só exige
residir no município sem prazo mínimo; l) ter reconhecida idoneidade moral, 41 leis municipais; e m)
Outros requisitos. Ter noções em informática, 2 leis municipais; Estar quite com a justiça eleitoral, 20
leis municipal e ter carteira de habilitação 1 lei municipal. Todas essas informações foram trazidas pelos
os conselheiros no questionário.
38
orçamentária apontar os recursos necessários para o custeio de atividades de qualificação e
capacitação dos Conselheiros Tutelares.
Todos os 41 Conselhos Tutelares que participaram da pesquisa, disseram que tiveram
capacitação, porem apenas dois Conselhos Tutelares afirmaram que as capacitações são
permanentes, com recursos garantidos no orçamento municipal, seja ela interna no município com
a participação de todos os órgãos do Sistema de Garantias de Direitos e participação em eventos
como congressos, seminários. Na maioria as capacitações foram dadas antes dos conselheiros
serem eleitos com uma carga horária ínfima ou da mesma forma apenas uma depois de eleitos.
Em sua grande maioria os conselheiros tutelares têm acesso à capacitação promovida pelo o
Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância e Juventude do Espírito Santo.
3.6. Fórum Nacional e Associação Estadual de Conselheiros e ex-Conselheiros
Tutelares.
O Fórum Colegiado Nacional dos Conselheiros Tutelares é autônomo e soberano em
todas as suas decisões. Espaço de articulação, discussão e deliberação para implementação do
Estatuto da Criança e do Adolescente no país e fortalecimento dos Conselhos Tutelares.
O Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros Tutelares (FCNCT) foi criado em
novembro de 2001, durante o 1º Congresso Nacional de Conselhos Tutelares, na cidade de
Luziânia, em Goiás. Ele surgiu da necessidade de organização dos Conselhos Tutelares e da
luta destes por uma melhor infra-estrutura e atuação. É formado por comissões regionais de
articulação que interagem com as cinco regiões do país. Com a criação do Fórum, criaram-se
em todos os Estados, as Associações de Conselheiros e ex-Conselheiros Tutelares23
.
23 Atualmente a Associação de Conselheiros e ex- Conselheiros Tutelares do Espírito Santo – ACTEES
tem os seguintes objetivos: 1) Defender e reivindicar os direitos e interesses de seus associados,
especialmente quanto ao que preceitua a lei n.º 8069/90, de 13 de julho de 1990. 2) Promover o
intercâmbio entre os Conselheiros Tutelares filiados, buscando o aprimoramento das funções exercidas,
bem como, observadas as características, peculiaridades e particularidades de cada Município ou
Região, objetivar a padronização dos serviços prestados e/ou executados buscando a total interação
entre os mesmos. 3) Promover e manter contatos com Associações Idênticas e/ou Conselhos Tutelares
de todas as Unidades da Federação, com o objetivo de, através da troca de experiências, aprimorar e
efetivar a defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, na forma do que preceitua a Constituição
Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e Leis Congêneres. 4) Promover ação integrada e
consciente entre os Conselhos Tutelares, Órgãos Governamentais e Não Governamentais, Poder
Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como do Ministério Público, nos âmbitos Municipal, Estadual
e Federal e todos os setores da sociedade civil, inclusive os Conselhos Municipais, Estadual, e Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente e entidades afins 5) Difundir a importância dos Conselhos
Tutelares nas comunidades 6) Garantir o cumprimento e a proteção dos direitos da criança e do
adolescente, sem exceção, em fiel observância à Lei, 8.069/90, fornecendo ao Congresso Nacional e
39
Dos 41 Conselhos Tutelares pesquisados, 34 não participam e 7 participam do Fórum
Colegiado Nacional de Conselheiros e Ex- Conselheiros Tutelares. Enquanto da Associação
de Conselheiros e ex- Conselheiros Tutelares do Espírito Santo 23 não participam e 18
participam. Entre os participantes e não participantes desses dois órgãos vejam suas opiniões
no Anexo 5.
Os espaços de articulação tanto do fórum nacional, como da associação no Espírito
Santo, deixa muito a desejar, quando percebemos que na grande maioria os conselheiros não
conhecem quais são os objetivos. Na concepção da maioria são instâncias para defender a
“classe trabalhadora”. Os que têm uma percepção mais de espaço de articulação, defesa dos
direitos da criança e do adolescente, mobilização, garantia do fortalecimento do órgão na luta
por condições para o trabalho são os que não participam do fórum ou da associação. Isso
mostra que a luta corporativa é o objetivo maior.
3.7. Condições Físicas e Materiais dos Conselhos Tutelares
O Conselho Tutelar é a porta de entrada para as denuncias de violações de Direitos
Humanos de Crianças e Adolescentes, para que os conselheiros tutelares cumpram suas
atribuições plenamente, é necessário que o Poder Público garanta toda a infra-estrutura desde
local com fácil acesso para a população, como recursos humanos e materiais disponíveis para
sua atuação. Foi perguntado para os 41 Conselhos Tutelares se o Conselho dispunha de sede
permanente e exclusiva para seu funcionamento. 25 Conselhos Tutelares, ou seja, 60,97% têm
sede permanente, enquanto 14 Conselhos Tutelares, 34,14% consideram que apesar da sede
ser exclusiva para o Conselho funcionar, ela não é permanente por serem imóveis alugados
pela prefeitura, causando transtorno à população quando da troca de endereços, e 1 Conselho
não informou.
Quanto das condições do espaço físico ser adequado, ou não, referente à localização do
imóvel de garantir fácil acesso para a população. 6 Conselhos Tutelares sua localização é
sempre que necessário, subsídios à adequação do Estatuto da Criança e do Adolescente à realidade do
país. 7) Firmar convênios de qualquer natureza com entidades nacionais ou internacionais, com fiel
observância da legislação vigente no País, desde que tenham por finalidade o aperfeiçoamento e/ou
melhoria de qualquer dos objetivos da ASSOCIAÇÃO 8) Buscar e promover de todas as formas
admitidas em Direito, o aprimoramento e garantia das condições de trabalho de seus associados,
inclusive a garantia de direitos trabalhistas do Conselheiros Tutelares e ainda o estabelecimento de
remuneração compatível com o exercício da relevante função de Conselheiro Tutelar. 9) Prestar
assistência jurídica a seus associados representando-os aos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e
Ministério Público, nos âmbitos Municipal, Estadual e Federal.
40
ótima, 14.63%. 20 Conselhos Tutelares sua localização Boa 48,78%. 8 Conselhos Tutelares
sua localidade é regular, 19,51%. 9 Conselhos Tutelares sua localidade ruim, 21,95% e 4
Conselhos Tutelares não informaram, 9,75%. Referente ao tamanho do espaço físico para
garantir o atendimento, 4 Conselhos Tutelares tem tamanho ótimo, 9,75%. 11 Conselhos
Tutelares tem tamanho bom, 26,82%. 9 Conselhos tutelares tem tamanho regular, 21,95%. 14
Conselhos Tutelares tem tamanho ruim, 34,14%. 3 conselhos Tutelares não informaram,
7,31%. Enquanto a conservação do espaço físico, 3 Conselhos tutelares tem conservação
ótima, 7,31%. 10 Conselhos Tutelares tem conservação boa, 24,39%. 15 Conselhos Tutelares
tem conservação regular, 36,58%. 9 Conselhos Tutelares tem conservação ruim, 21,95% e 4
Conselhos Tutelares não informaram, 9,75%.
A privacidade para o atendimento à Criança e ao Adolescente que tem seus direitos
violados é fundamental e obrigatório. O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe em seu
artigo 17 – “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e
moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”
Referente ao item da privacidade no atendimento: 3 Conselhos Tutelares tem ótima
privacidade, 7,31%; 7 Conselhos Tutelares tem boa, 17,07%; 20 Conselhos Tutelares tem
privacidade regular, 48,78%; 7 Conselhos Tutelares tem privacidade ruim, 17,07% e 4
Conselhos Tutelares não informaram, 9,75%. O que pode ser lido como um grande problema
para a garantia da missão política dos Conselhos Tutelares.
Referente à questão sobre se o local tem horários disponíveis para atendimento,
levando em conta que os 41 Conselhos Tutelares têm sede exclusiva os horários são
disponíveis para o órgão. Levando em conta que o tamanho da sede de 23 Conselhos
Tutelares está entre regular e ruim, 14 Conselhos Tutelares tem horário disponível de
atendimento ruim, 34,14%. 9 Conselhos Tutelares tem horário disponível de atendimento
regular, 21,95%.
3.8. Dos Equipamentos, Materiais de Consumo e Legislações
Foi perguntado para os Conselheiros quais materiais permanentes, veículos, materiais
de consumo, manuais de orientação, legislações sobre os principais temas ligados a Defesa de
Direitos da Criança do Adolescente, acesso a internet para uso exclusivo do Conselho Tutelar,
as informações foram:
41
Todos os Conselhos Tutelares pesquisados possuem para seu uso exclusivo armários,
mesas, cadeiras. Computadores estão disponíveis em 38 Conselhos Tutelares e 37 possuem
telefone fixo. 21 Conselhos Tutelares possuem bibliografia importante disponível para a
consulta por parte dos conselheiros, como ECA, Resoluções do CONANDA, pareceres,
jurídicos, manuais de orientação, entre outros. Materiais de consumo adequados de acordo
com as necessidades dos conselheiros existem em 34 Conselhos Tutelares, enquanto os 7
possuem esses materiais com escassez. 35 Conselhos possuem impressoras, 20 possuem
celulares, enquanto os outros 21 usam seus celulares particulares, 28 possuem aparelho de
fax, 30 tem acesso a internet banda larga, discada ou rádio, 31 dispõe de veículos os outros 10
Conselhos Tutelares informaram que o veículo não é exclusivo para uso do Conselho. Os 4
Conselhos Tutelares de Cariacica possuem 2 veículos para atender os 4 Conselhos. Segundo
informação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cariacica,
quando acontece do veiculo está ocupado com algum atendimento de outro conselho, a
Secretária de Assistência Social do município disponibiliza outro veiculo para o atendimento.
O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe no Parágrafo Único do artigo 134
“Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento
do Conselho Tutelar.” Sendo assim observa-se que em alguns municípios do Espírito Santo
não está sendo garantidas as condições necessárias para o funcionamento do Conselho
Tutelar.
3.9. Número de Conselhos Tutelares por Município.
A Resolução 075/2001 do CONANDA que dispõe sobre os parâmetros para a Criação
e Funcionamento dos Conselhos Tutelares e dá outras providências, estabelece os parâmetros
para a criação e o funcionamento dos Conselhos Tutelares em todo o território nacional, nos
termos do art. 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente, enquanto órgãos encarregados
pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
Entende-se por parâmetros os referenciais que devem nortear a criação e o
funcionamento dos Conselhos Tutelares, os limites institucionais a serem cumpridos por seus
membros, bem como pelo Poder Executivo Municipal, em obediência às exigências legais. O
legislador estabeleceu, conforme a nova redação dada pela Lei Federal nº 8.242/91, de
12/10/91, ao art. 132 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que “Em cada Município
42
haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela
comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução”.
Ocorre que a diversidade populacional, econômica e de dimensões físicas entre os
municípios brasileiros indica a necessidade do estabelecimento de parâmetro para a criação de
Conselho Tutelar além do mínimo legal.
Por considerar de fundamental importância para a implementação de uma política de
atendimento eficiente para o município, o CONANDA recomenda a criação de um Conselho
Tutelar a cada 200 mil habitantes, ou em densidade populacional menor quando o município
for organizado por Regiões Administrativas, ou tenha extensão territorial que justifique a
criação de mais de um Conselho Tutelar por região, devendo prevalecer sempre o critério da
menor proporcionalidade.
Além das possibilidades acima, ressalta-se que outras realidades devem ser
consideradas para a criação de mais Conselhos Tutelares, prevalecendo, de qualquer forma, o
princípio constitucional da prioridade absoluta, notadamente no que tange à destinação
privilegiada de recursos para o atendimento e defesa dos direitos da criança e do adolescente.
O CONANDA Está aprovando uma nova Resolução24
com parâmetro de criação e
funcionamento dos Conselhos Tutelares, nesse novo texto o que se refere ao número de
Conselhos Tutelares por município será assim distribuído: os municípios mais populosos
deverão assegurar a equidade de acesso da comunidade infanto-juvenil ao órgão, mediante
criação e manutenção de um número maior de Conselhos Tutelares, observados os seguintes
parâmetros: a) no mínimo um, nos municípios ou regiões administrativas com até cem mil
habitantes; b) no mínimo dois, nos municípios com mais de cem mil e menos de trezentos mil
habitantes; c) um a cada cento e cinqüenta mil habitantes, nos demais municípios.
No Distrito Federal e nos municípios divididos em regiões e/ou circunscrições
administrativas ou microrregiões, deverá haver, pelo menos, um Conselho Tutelar em cada
uma delas, cabendo à legislação local a definição da área de atuação de cada Conselho
Tutelar, devendo ser preferencialmente respeitada à divisão territorial das regiões e/ou
circunscrições administrativas ou microrregiões. Independentemente do número de habitantes
e respeitados os critérios, a definição do número de Conselhos Tutelares em cada município
levará em conta a incidência e a prevalência das violações de direitos infanto-juvenis, bem
como a extensão territorial.
24 Fonte: Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do adolescente – CONANDA.
43
Dentre os 41 Conselhos Tutelares pesquisados, 25 Conselhos entendem que não há
necessidade de criação de mais Conselhos Tutelares no município, enquanto 16 Conselhos
Tutelares entendem que precisa ser criados mais Conselhos em seus municípios. Conforme
orientação do CONANDA, vamos analisar as necessidades desses 16 municípios criarem
mais Conselhos Tutelares.
Para os Conselheiros Tutelares de Vitória, existe a necessidade da criação de mais
Conselhos Tutelares. Vitória é uma Ilha, com 320.156 habitantes, e uma população de 88.542
mil pessoas entre 0 a 17 anos de. Entre as capitais do Brasil, Vitória possui o 3° melhor IDH e
o maior PIB per capita25
.
Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de
Vitória – CONCAV, o Conselho aponta que está sendo feita uma revisão na lei de criação do
Conselho Tutelar, mas que não existe nenhuma necessidade de criação de mais Conselhos
Tutelares no município de Vitória, por não haver demanda para mais um conselho, “o que
precisa, são os Conselheiros Tutelares cumprirem sua carga horária de trabalho, tendo em
vista que os conselheiros não cumprem essa carga horária que é das 8:00 às 18 horas de
segunda a sexta-feira plantões à noite, nos sábados, domingos e feriados.”
O município de Vila Velha localizado na Região Metropolitana com 413.548 mil
habitantes e uma população de 110.300 mil pessoas entre 0 e 17 anos, conta com três
Conselhos Tutelares. O Conselho Tutelar da Região V26
de Vila Velha em 2008 realizou um
levantamento dos atendimentos nos Conselhos no período 16/04/2002 a 16/04/2005, ou seja,
os atendimentos realizados durante um mandato daquele colegiado na época. Se observarmos
as 2160 denuncias com 5.200 pessoas atendidas entre crianças adolescentes e famílias, foi
uma média ano de 1.733 atendimentos. Essa realidade não aponta a necessidade de criação de
mais um Conselho Tutelar no Município.
Cachoeiro do Itapemirim, localizado na região sul do estado, com 201.259 habitantes e
com uma população de 59.500 entre 0 a 17 anos informa da necessidade de instalação de mais
um Conselho Tutelar no município. De acordo com as orientações do CONANDA em sua
Resolução que será aprovada, pela população total do município o mesmo deveria ter no
mínimo dois Conselhos tutelares. Cada município deve garantir o acesso da população a este
órgão, tendo em vista que o Conselho Tutelar é a porta de entrada de denuncias de violências
25 Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
(2000). Página visitada em 11 de outubro de 2009. 26
Relatório de atividades e dificuldades – 16/04/2002 à 16/04/2005. Conselho tutelar – Região V – Vila
Velha.
44
contra criança e adolescente. O Conselho tem o papel fundamental de assessorar o Poder
Executivo local com esse diagnóstico, das violações de direitos, pois é a partir dessa demanda
que o Conselho de Direitos irá deliberar sobre políticas públicas prioritárias que devam ser
implantadas, inclusive a criação de mais Conselhos Tutelares de acordo com a necessidade.
Garantir a equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-
se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a eqüidade adapta a regra a um
caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o Direito sendo o
mais próximo possível do justo para as duas partes.
Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de
Cachoeiro do Itapemirim, (CMDCA) para averiguar a necessidade da criação de mais um
Conselho Tutelar no município, o CMDCA aponta que a Conselho de Direitos está fazendo
uma revisão na Lei 4.137/1995 que criou o Conselho Tutelar na perspectiva de criação de
mais um Conselho no município. A grande dificuldade encontrada pelo CMDCA é a falta de
informação sobre o número de atendimentos realizado pelo órgão, ou seja, o que vai apontar
se há ou não necessidade da criação de mais um Conselho Tutelar no município.
Guaraparí, localizado na região Metropolitana com 104.534 habitantes e uma
população de 31.049 entre 0 a 17 anos, O Conselho Tutelar informa a necessidade de criação
de mais um Conselho Tutelar no município. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente de Guaraparí, não trabalha com essa possibilidade, tendo em vista que o
município não apresenta demanda para mais um Conselho. O Conselho dos Direitos formou
um grupo de trabalho que está organizando cursos de capacitação para os membros do
Conselho Tutelar na perspectiva de fortalecimento do órgão.
O município de Aracruz está localizado no Litoral Norte do Estado com 78.658 mil
habitantes e uma população de 24.880 pessoas na faixa etária entre 0 a 17 anos. No município
de Aracruz tem duas populações indígenas de etnias (Tupiniquim e Guarani). A população
Tupiniquim, em 1997, estava em volta de 1.386 indivíduos. No passado falavam a língua Tupi
litorânea, da família Tupi-Guarani, mas atualmente usam apenas o português. A população
Guarani está estimada aproximadamente 1.100 indivíduos, eles ainda preserva sua cultura.
O Conselho Tutelar de Aracruz, a ponta a necessidade da criação de mais um Conselho
Tutelar no município. Em Contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente de Aracruz, o mesmo informou que já foi encaminhado para a Câmara Municipal
um projeto de Lei solicitando autorização para criação de mais um Conselho tutelar. Essa
necessidade se justifica segundo o Conselho Municipal dos Direitos a o Conselho tutelar, que
apesar do município não ter um grande número de habitantes, o mesmo tem a especificidade
45
de uma grande extensão territorial, com zona rural, alem das comunidades indígenas. O
município está levando em conta a incidência e a prevalência das violações de direitos
infanto-juvenis, bem como a extensão territorial.
O município de Cariacica está localizado na Região Metropolitana, com 385.859 mil
habitantes e uma população de 116.280 pessoas na faixa etária entre 0 a 17 anos de idade.
Três Conselhos Tutelares dos quatro existentes no município participaram da pesquisa
respondendo o questionário. O que chamou a atenção é que um dos Conselhos Tutelares
apontou a necessidade da criação de mais Conselhos Tutelares no município enquanto os
outros dois não vê essa necessidade.
Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de
Cariacica (COMDCAC), o mesmo informa que o município não tem demanda para
implantação de mais um Conselho Tutelar, e acredita que o que é preciso é maior
investimento em capacitação e fortalecimento dos quatro Conselhos já existentes.
O município de Linhares, localizado na Região Norte do Espírito Santo conta com
132.664 mil habitantes e uma população de 42.503 mil pessoas na faixa etária entre 0 a 17
anos. O Conselho Tutelar de Linhares a ponta a necessidade de criação de mais um Conselho
Tutelar no município. Os municípios de Linhares e Serra, no Espírito Santo, estão entre as 10
cidades brasileiras mais violentas para jovens. O ranking foi divulgado na terça-feira 24 de
novembro de 2009, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em São Paulo.
Ao todo, 266 municípios com mais de 100 mil habitantes foram analisados e taxados
segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência (IVJ-Violência). Linhares, em 9º
lugar, e Serra, em 10º, tiveram vulnerabilidade considerada "muito alta". Cariacica, em 16º
lugar, e São Mateus, em 26º, aparecem no levantamento com vulnerabilidade "alta".
A pesquisa foi realizada, a pedido do Ministério da Justiça, dentro do "Projeto
Juventude" para a identificação do grau de exposição à violência a que os jovens brasileiros
são submetidos. O índice, referente a jovens de 12 a 29 anos, é calculado com base em
estatísticas sobre homicídios e mortes por acidentes de trânsito e também indicadores sociais,
como frequência escolar e inserção no mercado de trabalho. Em uma escala de zero a um, os
municípios que estiverem mais próximos de zero têm menor risco de violência para os jovens.
Linhares, por exemplo, tem um índice de 0,516, considerado muito alto em comparação com
a cidade com menor índice de vulnerabilidade, São Carlos (SP), com 0,238.
Em contato com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do adolescente de
Linhares, o mesmo informa que apesar do município não ter um grande número de habitantes,
o conselho dos direitos está fazendo um estudo para ver a possibilidade da criação de mais um
46
Conselho Tutelar levando em conta a extensão territorial. Foi perguntado ao Conselho de
Direitos se a pesquisa acima citada irá interferir na decisão de criar mais um Conselho
Tutelar, tendo em vista que as maiores vítimas de violências são adolescentes e jovens. O
Conselho entende, que a necessidade da criação de mais um Conselho Tutelar é a extensão
territorial e fecha: “Esses Adolescentes são infratores eles são encaminhados é para a
delegacia e não para o Conselho Tutelar, só se a família procurar o Conselho é que ele entra”.
Os outros 9 Conselhos Tutelares que confirmaram a necessidade da criação de mais
um Conselho Tutelar em seus municípios, são municípios com a até 10.000 pessoas entre 0 a
17 anos de idade. Segundo os Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente
desses municípios, todos afirmam da não demanda da criação de mais Conselhos Tutelares.
3.10. Sistema Nacional de Informação – SIPIA
O Sistema de Informação para Infância e Adolescência do Conselho Tutelar via WEB
(SIPIACT WEB) é um sistema nacional de registro e tratamento de informação criado para
subsidiar a adoção de decisões governamentais sobre políticas para crianças e adolescentes,
garantindo-lhes acesso à cidadania. É uma ferramenta importante para o monitoramento dos
dados sobre a violação dos direitos da Criança e do Adolescente, uma vez que este deve
fornecer através de informações agregadas, dados primários sobre violação de direitos
apontando para as necessidades prioritárias desse segmento populacional.
Os Conselheiros Tutelares utilizam esta ferramenta para tornar mais ágil os
atendimentos. O uso do sistema propiciará a padronização/uniformização do registro da
violação dos direitos da criança e do adolescente, trabalhar os indicadores do município na
perspectiva de uma proposta alternativa, subsidiar as autoridades competentes na formulação,
controle e gestão das políticas de atendimento facilitar a compreensão da Legislação (Federal
e ECA) e de suas funções e permitir o trabalho com conhecimentos acumulados de violações
dos direitos da criança e do adolescente viabilizando atingir focos de problemas com soluções
adequadas.
A nova versão do SIPIA vai integrar toda a rede de serviço de proteção no país. A
formação de um único banco de dados nacional vai possibilitar um melhor acompanhamento
por parte dos conselheiros tutelares, juízes e funcionários das redes de serviço como os
centros de Referência de Assistência Social, CRAS e CREAS. Em casos de vítimas
47
recorrentes, o gestor poderá visualizar o histórico, com a possibilidade de verificar se a
criança ou o adolescente é atendido por algum programa social27
.
O acesso via internet possibilitará a troca de informações entre os poderes públicos,
além de facilitar o envio de dados pelos Conselhos Tutelares municipais, que passarão a
alimentar o Sistema. O perfil de acesso é determinado de acordo com o grau de atuação do
agente, sendo ilimitado apenas a Juízes e Conselheiros Tutelares.
Dos 41 Conselhos tutelares pesquisados, apenas São Domingos do Norte que teve o
Sistema instalado em sua primeira versão. E que não funciona mais. Na segunda versão do
SIPIA, nenhum dos municípios pesquisados tem o sistema ainda instalado, porém para que
esse sistema funcione, será necessário que os Conselhos Tutelares tenham equipamentos,
computadores de qualidade, internet e que os Conselheiros Tutelares sejam capacitados e
treinados para operarem o mesmo. Como nenhum dos Conselhos Tutelares tem o sistema
instalado, os mesmos não responderam as questões referentes ao funcionamento do mesmo,
dificuldades encontradas e se os conselhos têm produzido os relatórios para análises a partir
dos dados lançados no sistema.
Perguntado se os Conselhos possuem computadores em quantidades suficientes e com
qualidade a resposta foi seguinte: 16 disseram que não, 8 disseram que sim, 10 disseram que
em parte e 7 não responderam.
Com a instalação do novo Sistema, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República realizou um treinamento para a instalação do novo sistema para os
Conselhos Estaduais. No Espírito Santo a segunda versão do sistema está sendo instalado.
Houve uma capacitação para os Conselhos Tutelares, porem dos 41 que responderam o
questionário, somente um dos Conselhos Tutelares de Colatina participou do treinamento.
Nas conclusões sobre a pesquisa apresentadas a seguir discutiremos alguns dos
principais aspectos que o trabalho de campo mostrou no que se refere às dificuldades
enfrentadas para que a atuação dos Conselhos Tutelares. Principalmente nos aspectos que
julgamos chave para a compreensão de como a prevalência de práticas corporativistas em
detrimento de questões que se referem ao papel político e institucional dessas arenas criadas
dentro de uma nova concepção democrática.
27 O Governo Federal iniciou em 2009 a implantação do Sistema nas capitais. No Espírito Santo, será
instalado também no município de Colatina a pedido do mesmo.
48
CAPÍTULO 4
CONCLUSÃO
No que diz respeito à relação dos Conselheiros Tutelares com a administração pública
podemos começar pela constatação de que o Conselho Tutelar tem a atribuição de assessorar
o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente. Dos 41 Conselhos Tutelares, 31,7%
assessora o Poder Público na proposta orçamentária, enquanto 68,29 não participam da
elaboração do PPA, LDO e LOA.
Essa atribuição evidencia a relevância do Conselho Tutelar no que concerne às
políticas públicas voltadas aos interesses de crianças e adolescentes. Afinal, o estatuto quando
do pensar na criação do órgão ele via os Conselheiros Tutelares aqueles representantes saindo
do seio da comunidade, conhecendo as necessidades locais criando condições para sugerir as
prioridades e definir os programas que melhor atendam as demandas existentes.
Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência,
trabalho e segurança, isso nos mostram a diversidade de funções que possui o Conselho
Tutelar, sendo ele a porta de entrada como órgão público procurado pelas pessoas quando
crianças e adolescentes tem seus direitos violados.
Para tanto, esse vinculo de relação entre o Conselho Tutelar e o Poder Público é
primordial para que os municípios implantem políticas públicas. Nenhum dos Conselhos
pesquisados tem essa compreensão. As respostas para questão voltada para compreensão de
como os Conselheiros Tutelares vêm essa relação entre a instituição que eles participam e o
poder público foi completamente sem conteúdo político. As respostas mais comuns foram as
seguintes: boa, regular, ou nenhuma; para receber salário; de submissão; para receber
transporte e diária; péssima, parece que estamos pedindo esmola; somos autônomos; difícil,
pois estamos sempre lutando para garantir nossos direitos, é uma luta constante; e, ainda,
“alguns abrigamentos são realizados em parceria com a Secretaria de Assistência Social”;
“sou funcionário público efetivo como vigilante e eleito Conselheiro Tutelar para um mandato
de três anos e não devo favor nenhum a administração.”
Essa é uma amostra do perfil de uma parcela significativa de Conselheiros Tutelares
que atua no Estado do Espírito Santo. E, infelizmente, ela demonstra um grande despreparo
desses conselheiros. Eles não têm a mínima capacidade de exercer um cargo de tanta
49
importância e relevância na garantia dos direitos da criança e do adolescente. A ação principal
detectada é o corporativismo, a garantia de direitos da criança e do adolescente é meio.
O Artigo 134 do ECA prevê uma eventual remuneração dos membros do Conselho
Tutelar, deixando para que as leis municipais regulamentem essa remuneração. Dos 41
Conselhos Tutelares pesquisados, membros de 12 Conselhos Tutelares ganham salário
mínimo, os membros dos outros 29 Conselhos tutelares ganham entre R$620,00 (Seiscentos e
vinte reais) a R$ 2.000,00 (Dois mil reais) (para mais detalhes, ver Anexo 6).
A Proposta de Lei que está tramitando no Senado Federal com parecer favorável ao
substitutivo da Relatora da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania do Senado
Federal, Senadora Patrícia Saboya, prevê que a remuneração dos Conselheiros Tutelares deve
ser de no mínimo 30% e no máximo de 50% da remuneração dos Vereadores.
A Emenda Constitucional n.º 25 de 14 de fevereiro de 2000 prevê em seu artigo 28, VI
- o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
legislatura para o ano subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os
critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos (NR -
Anexo 7).
Dos municípios pesquisados, 3 deles os vereadores recebem o salário máximo de
R$2.460,00; que representa 20% do salário dos Deputados Estaduais; 22 deles os Vereadores
recebem o salário máximo de R$3.690,00, que representa 30% dos salários dos Deputados
Estaduais; 2 deles os vereadores recebem o salário máximo de R$4.920,00, que representa
40% do salário dos Deputados Estaduais; 5 deles recebem o salário máximo de R$6.150,00,
representando 50% do salário dos Deputados Estaduais; 4 deles recebem no máximo
R$7.380,00, que representa 60% do salário dos Deputados Estaduais; conforme confere a
Ementa Constitucional n.º 25/2000.
Tendo em vista a proposta do novo projeto de lei estabelecendo tais valores, os 3
Conselhos Tutelares que são dos municípios com até 10.000 mil habitantes28
, com a nova
proposta devem ter um salário de no mínimo R$738,00. Dois deles está abaixo do mínimo
previsto recebendo apenas um salário mínimo, e um deles Águia Branca está dentro da nova
proposta com 41,46% do valor do salário dos vereadores.
28 Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios com até 10.000 habitantes 20% dos Salários dos
Deputados Estaduais.
50
Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 10.000 mil a 50.000 mil
habitantes29
, com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$1.107,00. Os vinte e
dois Conselhos Tutelares desses municípios estão abaixo do mínimo previsto recebendo
R$510,00 a R$1.000,00.
Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 50.000 mil a 100.000 mil
habitantes,30
com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$1.476,00. Os dois
Conselhos Tutelares desses municípios um deles está abaixo do mínimo previsto recebendo
apenas R$684,00 e o outro que é Aracruz está dentro da nova proposta com 41,36% do valor
do salário dos vereadores.
Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 100.000 mil a 300.000 mil
habitantes,31
com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$1.845,00. Os cinco
Conselhos Tutelares desses municípios estão abaixo do mínimo previsto recebendo entre
R$700,00 a R$1.097,00. Sendo que desses cinco municípios apesar da Emenda n.º 25/2000
garantir um índice onde o piso salarial é R$6.150,00 para os vereadores. Os vereadores de
Colatina, apesar de ter garantido esse salário, a lei Municipal 4.999/2004 de autoria do
Vereador Genivaldo Lievori (PT), (ver Anexo 8) diminuiu índice de 50% para 30% do
subsídio dos Deputados, sendo assim o Conselho Tutelar de Colatina, está dentro do mínimo
previsto na proposta com 30% do salário vigente dos Vereadores.
Os Conselhos Tutelares que são dos municípios entre 300.000 mil a 500.000 mil
habitantes,32
com a nova proposta devem ter um salário de no mínimo R$2.214,00. Os quatro
Conselhos Tutelares desses municípios estão abaixo do mínimo previsto recebendo entre
R$900,00 a R$1.500,00. Ver anexo 9 – Tabela relação dos índices, vencimentos dos
Vereadores, Deputados e Conselheiros Tutelares.
Conselheiros Tutelares questionam sobre seus direitos sociais (férias, 13º salários,
licença gestação, etc.) geralmente as leis municipais são omissas, apenas contemplando o
salário. É um tema polêmico, visto que os conselheiros não têm uma definição quanto a sua
natureza jurídica.
29 Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 10.000 a 50.000 habitantes 30% dos salários dos
Deputados Estaduais. 30
Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 50.000 a 100.000 habitantes 40% dos salários
dos Deputados Estaduais. 31
Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 100.000 e 300.000 habitantes 50% dos salários
dos Deputados Estaduais. 32
Emenda Constitucional n.º 25/2000 municípios entre 300.000 e 500.000 habitantes 60% dos salários
dos Deputados Estaduais.
51
O Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Dr. Nelson Jobim faz a seguinte ponderação
"(....) O conselheiro tutelar ocupa um cargo público, criado por lei e com função publica
relevante, recebe remuneração dos cofres públicos, desempenha um serviço público
habitualmente, cumprindo expediente, logo, por conclusão lógica, trata-se de um servidor
público."33
Também podemos compará-los ao regime jurídico de empregado por prazo
determinado, pois sabemos que o cargo tem prazo para o término.
Colegas também têm posicionamento do TCE, onde são contrários, entendem que: "Os
conselheiros são agentes honoríficos, não possuem vínculo empregatício ou estatutário com o
município, não sendo possível o pagamento de férias, 13º salário aos agentes honoríficos”.
Alegam também que desempenham função pública de caráter transitório, cuja remuneração
está condicionada em lei municipal que determinará seus parâmetros, conforme determina o
artigo 134 do ECA.34
Diante do problema e divergências sobre tal direito em 2007 foi solicitado pelos
Conselheiros Tutelares de Santa Catarina um parecer jurídico sobre o tema à Federação
Catarinense dos Municípios (FECAM). (Anexo 10 - Resposta da consulta.) Os 36 municípios
onde estão os 41 Conselhos Tutelares pesquisados, já prevêem várias garantias em suas Leis.
Como colocamos na introdução à monografia, análise da matéria aqui exposta partiu
da constatação elementar de que o Conselho Tutelar foi concebido e criado com o objetivo
precípuo de “desjurisdicionalizar” e, por via de conseqüência, tornar mais rápido e menos
burocrático o atendimento das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e suas
respectivas famílias, com seu posterior encaminhamento aos programas e serviços destinados
a solucionar os problemas existentes. Para se consolidar os seus avanços e neutralizar os
obstáculos que os cercam, uma pauta mínima de discussão foi construída.
Primeiro passo foi o não entendimento do papel dos conselheiros frete suas atribuições
claras descrita no ECA. Observou-se todo tempo que na visão dos Conselheiros Tutelares
que no município são os agentes públicos responsáveis no recebimento de denuncias quando
crianças e adolescentes são vítimas de maus tratos.
Contudo, no que se refere ao foco principal dos conselheiros e sua atuação nos
Conselhos Tutelares estudados, observamos que são as garantias da “categoria” que está
33 O Acordão16.878 de 27/09/2000, Recuso Especial Eleitoral n. 16878 – Classe 22ª – Paraná do
Relator Ministro Nelson Jobim. 34
Tribunal de Constas do Estado de Santa Cataria. Prejulgados 1989/2004. Florianópolis: Tribunal de
Contas, 2004. Enunciado n.º 802, p.310 e nº 612, p. 240.
52
ganhando relevância cada vez maior. Processo esse no qual numa visão extremamente
corporativista está tomando grande proporção e colocando em risco o que de mais sagrado foi
conquistado no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Infelizmente, o que se vê, é uma postura policialesca dos Conselheiros Tutelares
quando de suas atribuições. Uma condição desrespeitosa e repressora muitas vezes imbuída
do abuso de autoridade para com as famílias.
O Conselheiro Tutelar ocuparia um lugar fundamental nessa nova construção política
em torno à questão da defesa da garantia dos direitos da criança e adolescente, pois, além de
ser eleito e passar por um processo de incorporação pública diferenciada, ele é uma pessoa da
comunidade. O que poderia garantir-lhe um papel privilegiado nessa luta, pois ele conhece e
vivencia de perto essas violações.
Porém, a pesquisa por nós realizada deixa claro que precisa ser revisto o perfil dos
membros do Conselho Tutelar. Temos que rever, também, as mudanças que estão sendo
processadas que reafirmam as práticas corporativistas em detrimento da prática política dos
conselheiros. As propostas de mudança no estatuto, sendo concretizadas irão impossibilitar
esse avanço, pois, será mais um órgão público aonde pessoas de perfil, ou não, vão está
disputando espaço no tocante a garantia de emprego mudando a lógica do que preconiza o
ECA.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2009.
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CURY, Munir (coord); et al. Estatuto da Criança e do Adolescente: comentários jurídicos e
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NOGUEIRA NETO, Wanderlino. 1995: "Papel político dos Conselhos dos Direitos da
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54
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JUSTIÇA. Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselhos
Tutelares do Brasil. Coleção Garantia de Direitos; Série Idéias e Idéias e Resultados; Tomo
II. Brasília, 2002.
55
ANEXO 1 – Questionário aplicado
QUESTIONÁRIO CONSELHO TUTELAR
I - Dados de Identificação Número do Questionário
Conselho:_____________________________________________________
Rua: ________________________________________________________Nº _____________
Cidade: _________________________________ Estado: ________ CEP:________________
DDD: ____Tel: ______________ Fax: _____________ e-mail:__________________________________
1. A que Secretaria de governo o conselho está vinculado?
_________________________________________________________________________________
2. Nome do Entrevistado: _______________________________________________________
3. Idade: _____
4. Formação:
( ) a) Ensino fundamental incompleto ou menos
( ) b) Ensino fundamental completo
( ) c) Ensino médio incompleto
( ) d) Ensino médio completo
( ) e) Ensino Superior – ou mais.
5. O que levou você a concorrer ao cargo de conselheir@ tutelar?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________
6. Tempo do atual mandato em anos: ________ Quantos mandatos de Conselheiro Tutelar:
( ) a) Primeiro Mandato
( ) b) Segundo Mandato
( ) c) Terceiro Mandato
( ) d) Quarto mandato
( ) e) Outro. Qual?________
7. Qual o mês e ano de término do mandato do conselheiros?
Mês: I___I___I Ano: I___I___I___I___I
8. Quais dos requisitos abaixo relacionados foram exigidos para a sua candidatura enquanto membro deste Conselho
Tutelar? (Assinale com um X as alternativas que forem válidas)
( ) a) Não foram estabelecidos requisitos para ser candidatos.
56
( ) b) Estar ligado a uma entidade que atua na área da criança e do adolescente.
( ) c) Ser aprovado em prova de conhecimentos específicos da área para atuar como conselheiro.
( ) d) Ter feito curso de capacitação para atuar como conselheiro.
( ) e) Ter disponibilidade de tempo para se dedicar exclusivamente à função de conselheiro.
( ) f) Submeter-se a uma avaliação psicológica para constatar a aptidão do candidato para o trabalho de
conselheiro.
( ) g) Ter indicação favorável de alguma autoridade do poder público.
( ) h) Ter experiência na área da criança e do adolescente.
( ) i) Ter nível mínimo de escolaridade. (por exemplo, nível médio). Qual:_________________________
( ) j) Ter idade superior a vinte e um anos.
( ) k) Residir no município. A quanto Tempo?________________
( ) l) Ter reconhecida idoneidade moral.
( ) m) Outro(s) requisito(s). Qual(is)? ______________________________________________________
9 - Qual foi o processo de escolha que você participou para ser membros atual deste Conselho Tutelar?
(Escolha apenas uma alternativa)
( ) a) Eleição direta, aberta a todos os eleitores do município.
( ) b) Eleição direta, aberta a todos os membros das entidades do município (da sociedade civil e do poder público),
que atuam na área da criança e do adolescente.
( ) c) Escolha indireta, realizada por representantes das entidades do município (da sociedade civil e do poder
público) que atuam na área da criança e do adolescente.
( ) d) Escolha indireta, realizada por representantes das entidades da sociedade civil ligadas à área da criança e do
adolescente e por outro(s) segmento(s) da sociedade civil (entidades de classe, universidades, associações comerciais
etc.).
( ) e) Escolha indireta, realizada por representantes das entidades da sociedade civil e por representantes do poder
público (executivo, legislativo ou judiciário).
( ) f) Outro processo de escolha. Qual? ____________________________________________________
10. Você recebeu formação ou capacitação específica para o cargo enquanto candidato e após ter sido eleito?
( ) a) Não.
( ) b) Sim
( ) c) Sim, apenas quando candidatos
( ) d) Sim, apenas depois que fui eleito
11. Qual é a periodicidade de Capacitação para os conselheiros?___________________
12. Você participa do Fórum Colegiado Nacional de Conselheir@s e ex Conselheir@s Tutelares?
( ) a) Sim
( ) b) Não
13. Na sua opinião qual o papel do Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros e ex- conselheiros tutelares?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
57
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
14. Você participa da Associação Estadual de Conselheir@s e ex Conselheir@s Tutelares?
( ) a) Sim
( ) b) Não
15. Na sua opinião qual o papel da Associação Estadual de Conselheir@s e ex Conselheir@s Tutelares?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________
16. Este Conselho Tutelar dispõe de espaço físico permanente e exclusivo para atuar?
( ) a) Sim
( ) b) Não
17. Considerando os aspectos abaixo indicados, avalie em que medida o espaço físico oferece condições adequadas
para que o Conselho Tutelar realize suas atividades?
17.1) Localização - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
17.2) Tamanho - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
17.3) Conservação - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
17.4) Privacidade - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
17.5) Horário disponível - ( ) Ótimo ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
18- Quais equipamentos e materiais abaixo indicados este Conselho Tutelar dispõe para apoio ao seu trabalho?
(Assinale com um X as alternativas que forem válidas - Atenção: Considere apenas os equipamentos ou materiais que
estejam permanentemente à disposição do Conselho Tutelar e não aqueles pertencentes a membros do Conselho ou
emprestados por terceiros)
( ) a) Armário / Estante
( ) b) Mesas e cadeiras
( ) c) Arquivo
( ) d) Textos legais (ECA, Resoluções do CONANDA, pareceres jurídicos etc.)
( ) e) Manuais de orientação para o exercício das funções do Conselho
( ) f) Bibliografia (livros, estudos, pesquisas) sobre os principais temas ligados à defesa de direitos de crianças e
adolescentes
( ) g) Material de consumo (papel, envelopes, pastas, cartucho ou fita para impressora etc.).
( ) h) Computador
58
( ) i) Impressora
( ) j) Telefone fixo
( ) k) Telefone celular
( ) l) Fax
( ) m) Acesso à Internet: discado
( ) n) Acesso à Internet: banda larga
( ) o) Veículo automotivo
( ) p) Outros. Quais:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________
19- Na sua opinião, existe a necessidade de se aumentar o número de Conselhos Tutelares no município?
( ) a) Não
( ) b) Sim
20. Indique se o SIPIA – Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência – foi instalado no município e se,
atualmente, está ou não em atividade:
( ) a)Não foi instalado.
( ) b) Foi instalado, mas atualmente não está em atividade.
( ) c) Foi instalado e encontra-se ativo.
21- Caso o SIPIA tenha sido instalado no município, indique quais as dificuldades encontradas por esse conselho em
operá-lo. (Assinale um X nas alternativas que forem válidas)
( ) a) Falta de manutenção dos equipamentos.
( ) b) Os computadores disponíveis não são adequados aos requisitos do SIPIA.
( ) c) Dificuldades dos conselheiros em lidar com computadores.
( ) d) O sistema informatizado é difícil de manejar.
( ) e) É difícil classificar os casos de ameaça ou violação de direitos conforme os conceitos e categorias do SIPIA.
( ) f) Falta de tempo para operar o sistema.
( ) g) Os atuais conselheiros tutelares não foram treinados para operar o sistema.
( ) h) Outra(s) razão(ões). Qual(is)? _______________________________________________________
22. A quantidade de computadores é suficiente para garantir a necessária velocidade de entrada dos
dados?
( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não
23. Os conselheiros em início de mandato ou os conselheiros substitutos são treinados no uso do SIPIA?
( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não
24. O Conselho tem produzido habitualmente relatórios e análises a partir dos dados lançados no SIPIA?
( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não
59
25. Os relatórios e análises gerados a partir do SIPIA têm contribuído para melhorar a qualidade e a
produtividade do trabalho do Conselho?
( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não
26. Os conselheiros atualizam constantemente informações do município no SIPIA? (nome dos
conselheiros, bairros do município, entidades de atendimento com suas áreas de atuação, programas,
medidas de proteção aplicáveis)
( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não
27. Os conselheiros estão acompanhando a nova instalação do SIPIA via WEB?
( ) Sim ( ) Em parte ( ) Não
28. Qual é a forma de vinculo que o Conselheir@ tem com a administração?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
29- Qual o valor da remuneração individual dos membros deste Conselho Tutelar?
R$____________ ( ___________________________________________________)
30. Indique quais das condições abaixo relacionadas são oferecidas aos conselheiros tutelares durante o exercício de
suas atribuições (Assinale um X nas alternativas que forem válidas).
( ) a) Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
( ) b) Licença maternidade – Qual o Período de Licença? ________________________
( ) c) Licença-paternidade.
( ) d) Previdência social.
( ) e) Auxílio para alimentação.
( ) f) Auxílio para transporte.
( ) g) FGTS
( ) ih Outro(s). Qual(is):______________________________________________________________
31. Em que dias da semana e com que carga horária este Conselho Tutelar fica normalmente aberto à população?
( ) a) De 2ª a 6ª feira, com mais de oito horas diárias.
( ) b) De 2ª a 6ª feira, com oito horas diárias.
( ) c) De 2ª a 6ª feira, com menos de oito horas diárias.
( ) d) Sábado, domingo e feriados na sede do conselho.
( ) e) Outro esquema. Qual? _________________________________
32) O Conselho Tutelar participa da discussão sobre o PPA, LDO e LOA?
( ) Sim
( ) Não
60
ANEXO 2 - Perfil dos Municípios com IDH
A Região Metropolitana é composta de 7 municípios. Vitória 320.156 habitantes; Vila
Velha 413.548 habitantes; Cariacica 365.859 habitantes; Serra 404.688 habitantes; Guarapari
104.534 habitantes; Viana 60.829 habitantes e Fundão 16.431 habitantes. Sendo da dessa
região os Conselhos Tutelares de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Guarapari e Viana
participaram da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de
85,71%. A Tabela 1 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o
questionário da Região Metropolitana pela faixa de porte e IDH
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Vitória 320.156 88.542 0,856 2
Vila Velha 413.548 110.300 0,817 2
Cariacia 365.859 116.280 0,75 3
Serra 404.688 120.427 0,761 1
Guarapari 104.534 31.049 0,789 1
Viana
60.829 19.602 0,737 1
Total 1.669.614 486.200 10
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
A Região Sudoeste Serrana, é composta de 7 municípios35
: Domingos Martins, 32.455
habitantes; Venda Nova do Imigrante 20.028 habitantes; Afonso Cláudio, 31.384 habitantes;
Marechal Floriano,13.302 habitantes; Conceição do Castelo, 11.851 habitantes; Brejetuba
11.097 habitantes; e Laranja da Terra 11.136 habitantes. Sendo que dessa região os Conselhos
Tutelares de Afonso Cláudio e Domingos Martins participaram da pesquisa respondendo o
questionário. Isso perfazendo um percentual de 28,57%.
35 Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
61
A Tabela2 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o questionário
da Região Sudoeste Serrana pela faixa de porte e IDH
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Afonso Cláudio
Domingos Martins
31.384
32.455
11.342
10.619
0,717 1
0,736 1
Total 63.839 21.961 2
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
A Região Central Serrana, é composta de 6 municípios: Itaguaçú 14.171 habitantes;
Itarana 10.667 habitantes; Santa Leopoldina 12.743 habitantes; Santa Maria de Jetiba 33.921
habitantes; Santa Teresa 20.742 habitantes e São Roque do Canaã10.817 habitantes. Sendo
que dessa região os Conselhos Tutelares de Santa Teresa e São Roque do Canãa participaram
da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de 33,33%. A Tabela
3 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o questionário da
Região Central Serrana pela faixa de porte e IDH.
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Santa Tereza
São Roque do Canãa
20.742
10.817
6.703
3.334
0,789 1
0,751 1
Total 31.559 10.037 2
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
A Região Sul, é composta de 17 municípios: Alfredo Chaves 14.585 habitantes;
Anchieta 20.226 habitantes; Apiacá 7.883 habitantes; Atílio Vivacqua 9.361 habitantes; Bom
Jesus do Norte 9.672 habitantes; Cachoeiro do Itapemirim 201.259 habitantes; Castelo
33.212 habitantes; Icona 11.901 habitantes; Itapemirim 32.761 habitantes; Jerônimo Monteiro
11.235 habitantes; Marataízes 32.502 habitantes; Mimoso do Sul 27.124 habitantes; Muqui
14.377 habitantes; Presidente Kennedy 10.903 habitantes; Piuma 17.212 habitantes; Rio
Novo do Sul 11.447 habitantes e Vargem Alta 18.637 habitantes. Sendo que dessa região os
Conselhos Tutelares de Alegre, Alfredo Chaves, Cachoeiro do Itapemirim, Castelo, Piuma, e
Vargem Alta participaram da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um
62
percentual de 29,41%. A Tabela 4 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que
responderam o questionário da Região Sul pela faixa de porte e IDH
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Alfredo Chaves
Cachoeiro do Itapemirim
14.585
201.259
4.356
59.500
0,754 1
0,77 1
Castelo 33.212 10.525 0,762 1
Piuma
Vargem Alta
17.212
18.637
5.497
6.340
0,776 1
0,727 1
Total 316.046 97.258 5
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
A Região Norte, é composta de 14 municípios: Aracruz 78.658 habitantes; Conceição
da Barra 27.059 habitantes; Ibiraçú 10.724 habitantes; Jaguaré 23.472 habitantes; João Neiva
14.621 habitantes; Linhares 132.664 habitantes; Montanha 18.856 habitantes; Mucurici 5.910
habitantes; Pedro Canário 24.404 habitantes; Pinheiros 23.874 habitantes; Ponto Belo 7.247
habitantes; São Mateus 101.613 habitantes; Rio Bananal 17.247 habitantes e Sooretama
23.761 habitantes. Sendo que dessa região os Conselhos Tutelares de Aracruz, Ibiraçú,
Jaguaré, João Neiva, Linhares, Pedro Canário, Pinheiros, São Mateus e Sooretama
participaram da pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de
64,28%.
63
A Tabela 5 apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o
questionário da Região Norte pela faixa de porte e IDH
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Aracruz
Ibiraçú
Jaguaré
João Neiva
Linhares
Pedro Canário
Pinheiros
São Mateus
Sooretama
78.658
10.724
23.472
14.621
132.664
24.404
23.874
101.613
23.761
24.880
3.584
7.846
4.895
42.503
8.853
7.699
35.374
7.528
0,772 1
0,78 1
0,691 1
0,766 1
0,757 1
0,673 1
0,709 1
0,73 1
0,702 1
Total 443.791 143.162 9
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
A Região Noroeste é composta de 17 municípios: Água Doce do Norte 12.091
habitantes; Águia Branca 9.503 habitantes; Alto Rio Novo 6.172 habitantes; Baixo Guandú
29.891 habitantes; Barra de São Francisco 41.645 habitantes; Boa Esperança 13.119
habitantes; Colatina 111.365 habitantes; Ecoporanga23.891 habitantes; Governador
Lindemberg 10.420 habitantes; Mantenópolis 11.630 habitantes; Marilândia 10.676
habitantes; Nova Venecia 46.354 habitantes; Pancas 18.497 habitantes; São Domingos do
Norte 8.205 habitantes São Gabriel da Palha 30.604 habitantes; Vila Pavão9.126 habitantes e
Vila Valério14.048. Sendo que dessa região os Conselhos Tutelares de Água Doce do Norte,
Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo guandu, Barra de São Francisco, Colatina, Marilândia,
Pancas, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha e Vila Valério participaram da
pesquisa respondendo o questionário. Isso perfazendo um percentual de 64,70%. A Tabela 6
apresenta o perfil dos municípios com Conselhos Tutelares que responderam o questionário da Região
Norte pela faixa de porte e IDH.
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Água Doce do Norte
Águia Branca
Alto Rio Novo
Baixo Guandú
Barra de São Francisco
Colatina
Marilândia
12.097
9.503
6.172
29.891
41.645
111.365
10.676
4.830
3.434
2.595
9.558
13.379
41.056
3.038
0,659 1
0,686 1
0,679 1
0,71 1
0,691 1
0,773 2
0,745 1
64
Pancas
São Domingos do Norte
São Gabriel da Palha
Vila Valério
18.497
8.205
30.604
14.048
7.799
2.585
9.073
5.048
0,667 1
0,71 1
0,742 1
0,699 1
Total 292.703 102.395 12
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
A Região da Serra do Caparaó é Composta de 10 municípios. Alegre 31.143
habitantes; Divino São Lourenço 5.011 habitantes; Dores do Rio Preto 6.293 habitantes;
Guaçuí 26.743 habitantes; Ibatiba 20.471 habitantes; Ibitirama 9.238 habitantes; Irupi 10.735
habitantes; Iúna 26.239 habitantes; Muniz Freire 18.358 habitantes e São José dos Calçado
10.965 habitantes. Sendo que dessa região apenas Alegre participou da pesquisa respondendo
o questionário. . Isso perfazendo um percentual de 10%. A Tabela 7 apresenta o perfil do
município com Conselhos Tutelares que responderam o questionário da Região Norte pela faixa de
porte e IDH.
MUNICÍPIOS HABITANTES POP. 0 A 17 ANOS IDH Nº CT.
Alegre
31.141
11.040
0,739 1
Total 31.141 11.040 1
Fontes: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN - Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
65
ANEXO 3 – Decisões Sobre Atuação Funcional e Remuneração de Conselheiros Tutelares
Decisões sobre situação funcional e remuneração de CTs
MANDATO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE SECRETÁRIO MUNICIPAL –
CONSELHO TUTELAR – JETON – LEI MUNICIPAL Nº 2350, DE 1995 – DECRETO
MUNICIPAL Nº 14550, DE 1996 – LEGALIDADE DO DECRETO – DENEGAÇÃO DA
SEGURANÇA – Estatuto da criança e do adolescente. Conselheiros Tutelares. Pagamento de
jetonº Denegação da segurança. A regulamentação do pagamento de jetons pelas sessões dos
Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente, através do Decreto nº 14550/96, não
implicou em alteração das disposições da Lei Municipal nº 2350/95 e por via de
conseqüência, nenhuma lesão causou ao alegado direito dos impetrantes ao recebimento de
pagamentos à aquele título. (TJRJ – MS 491/96 – (Reg. 070597) – Cód. 96.004.00491 – RJ –
1º G.C.Cív. – Relª. Desª. Helena Bekhor – J. 27.11.1996)
VINCULAÇÃO EMPREGATÍCIA COM MUNICÍPIO – CONSELHEIROS TUTELARES –
VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL – INVIABILIDADE MORAL DA PRETENSÃO – A
pretensão de verem-se os Conselheiros Tutelares Municipais juridicamente vinculados ao
Município demandado através do liame empregatício revela-se juridicamente inadmissível e
moralmente inviável, tendo-se em conta a vedação constitucional estampada no inciso II do
artigo 37 de nossa Carta Magna, reproduzida em termos na própria Lei Municipal instituidora
do Regime Jurídico Único da servidoria municipal, bem como o fato de que, sendo eleitos
pela comunidade para a representação junto ao Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do
Adolescente, para prestação de relevante serviço social, não há que se falar no liame
empregatício pretendido. Apelo obreiro a que se nega provimento, com a manutenção da
consideração de litigância de má-fé. (TRT 9ª R. – RO 14.115/95 – 5ª T. – Ac. 16.639/96 –
Rel. Juiz José Canisso – DJPR 16.08.1996)
APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE TRIUNFO. AÇÃO
ORDINÁRIA. CUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGO DE PROFESSOR E DE
CONSELHEIRO TUTELAR (CARGO ELETIVO). IMPOSSIBILIDADE. O
RECEBIMENTO DE PROVENTOS ORIUNDOS DE UM CARGO PÚBLICO MUNICIPAL
(PROFESSOR), MAIS VENCIMENTOS RELATIVOS À ATIVIDADE DE CARGO
ELETIVO (CONSELHEIRO TUTELAR), NÃO SE ENQUADRA NAS EXCEÇÕES
PREVISTAS NO ART.37, XVI, ALÍNEA `A¿, `B¿ E `C¿, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. A LEI MUNICIPAL DE TRIUNFO ¿ LEI Nº 1.536/2000 -, NO ART. 41,
DISPÕE QUE O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE CONSELHEIRO TUTELAR É DE
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA, ESTANDO, ASSIM, EM CONSONÂNCIA COM O
DISPOSTO NA CARTA MAGNA. ALEGAÇÃO DE COAÇÃO NÃO COMPROVADA A
AMPARAR O PLEITO DO AUTOR. INTELIGÊNCIA DO ART.333, INCISO I, DO CPC.
APELAÇÃO DESPROVIDA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70018272070, TERCEIRA
CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: ROGERIO GESTA
LEAL, JULGADO EM 15/02/2007)
ADMINISTRATIVO. CONSELHEIRO TUTELAR. NULIDADE DA SENTENÇA QUE SE
AFASTA. PEDIDO DE VANTAGENS SALARIAIS (ADICIONAL NOTURNO, HORAS
EXTRAS, FÉRIAS, ETC) VÍNCULO ADMINISTRATIVO DIVERSO DO SERVIDOR
PÚBLICO DETENTOR DE CARGO EFETIVO. INEXISTÊNCIA DE LEI PERMISSIVA A
EMBASAR A PRETENSÃO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. APELAÇÃO
66
DESPROVIDA. UNÂNIME. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70015724412, TERCEIRA
CÂMARA CÍVEL, TRIBULA DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: MÁRIO CRESPO
BRUM, JULGADO EM 30/11/2006)
APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO. CONSELHEIROS TUTELARES. MUNICÍPIO
DE TRIUNFO. FORMA DE REMUNERAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA DA FUNÇÃO.
PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO. CONQUANTO A
FUNÇÃO DE CONSELHEIRO TUTELAR POSSA SER REMUNERADA, ELE NÃO
PODE SER CONSIDERADO FUNCIONÁRIO PÚBLICO ¿STRICTO SENSU¿. A LEI
FEDERAL Nº 8.069/90 (ECA), EM SEU ART. 134, PREVÊ QUE A LEI MUNICIPAL
DETERMINARÁ EVENTUAL REMUNERAÇÃO AOS MEMBROS DO CONSELHO
TUTELAR. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL QUE CONTEMPLOU O DIREITO A FÉRIAS
REMUNERADAS E AO PAGAMENTO DE 13º SALÁRIO AOS DETENTORES DESSA
FUNÇÃO. ENTRETANTO, A LEI LOCAL NÃO CONTÉM PREVISÃO DE QUE SEJAM
PAGAS AS VANTAGENS PLEITEADAS DE MANEIRA PROPORCIONAL. LEI
MUNICIPAL Nº 1.536/00. INEXISTÊNCIA DE DISPOSIÇÃO LEGAL GARANTIDORA
DE LICENÇA-MATERNIDADE À CONSELHEIRA TUTELAR. OBSERVÂNCIA DO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº
70010699403, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da
Silva, Julgado em 29/06/2005)
APELAÇÃO CÍVEL. CONSELHEIROS TUTELARES. LEGITIMIDADE ATIVA.
VANTAGENS PECUNIÁRIAS (DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS).
Ilegitimidade ativa ¿ad causam¿ afastada, pois devidamente comprovada nos autos a condição
de Conselheiro Tutelar. Mérito. Os Conselheiros Tutelares são agentes públicos que exercem
um serviço público relevante; são particulares em colaboração com o Poder Público, não se
estendendo a eles garantias asseguradas constitucionalmente e no Regime Jurídico Único aos
servidores públicos. Princípio da legalidade. Somente através de lei podem ser concedidas
remuneração e outras vantagens aos Conselheiros Tutelares. Impossibilidade de retroação de
revogação de vantagens anteriormente concedidas, sob pena de violar direito adquirido.
AFASTADA A PRELIMINAR, DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO.
(Apelação Cível Nº 70010124196, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Matilde Chabar Maia, Julgado em 03/03/2005)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INDENIZATÓRIA AFORA POR CONSELHEIRO
TUTELAR. Somente nos casos em que se configure alguma das hipóteses previstas no
Estatuto da Criança e do Adolescente é que terá o Juizado da Infância e da Juventude
competência para julgar a lide. Tratando-se de questão relativa à indenização de conselheiro
tutelar, por não pagamento de férias e gratificação natalina, a competência é da Vara Cível,
eis que a matéria não está relacionada à proteção integral de criança e adolescente. Conflito de
competência procedente. (TJRS, Conflito de Competência n° 70012034013, 3ª C. Civ., Relª
Desª Matilde Chabar Maia, j. 29/09/2005)
AGRAVO DE INSTRUMENTO - SERVIDOR PÚBLICO - ACUMULAÇÃO
REMUNERADA DE CARGO DE PROFESSOR COM O DE CONSELHEIRO TUTELAR
(CARGO ELETIVO) - SITUAÇÃO QUE NÃO SE INSERE NAS HIPÓTESES PREVISTAS
NO ARTIGO 37, XVI, LETRAS A, B E C DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL -
IRRELEVÂNCIA NA ESPÉCIE DA EVENTUAL COMPATIBILIDADE DE CARGA
HORÁRIA ALEGADA PELO AGRAVANTE MAS QUE NÃO SE VERIFICA NO CASO
67
CONCRETO. Agravo desprovido. (Agravo de Instrumento nº 70008584880, Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Carlos Branco Cardoso, julgado em
30/06/2004)
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR
PÚBLICO. CUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGO DE PROFESSORA E DE
CONSELHEIRA TUTELAR (CARGO ELETIVO). Sentença que entendeu pela ausência de
prova no sentido de confirmar-se o alegado direito líquido e certo violado (compatibilidade de
horários para ocupar os dois cargos), inviabilizando a impetração do “mandamus”. Vedação
expressa à acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver
compatibilidade de horários dos cargos enumerados no art. 37, XVI, letras “a”, “b” e “c”, da
CF/88, hipótese que não se verifica, em princípio, entre os cargos de professora e conselheira
tutelar. A Lei Municipal de São Leopoldo no art. 13, inciso II, também, veda expressamente
ao Conselheiro Tutelar o exercício de outro cargo público (Lei nº 4.634/99), estando, assim,
em consonância com o disposto na Carta Magna. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO
DESPROVIDA. (Apelação Cível nº 70006186993, Terceira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, julgado em 04/09/2003)
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR
PÚBLICO. CUMULAÇÃO DE CARGOS. CARGO DE PROFESSORA E DE
CONSELHEIRA TUTELAR (CARGO ELETIVO). Sentença que entendeu pela ausência de
prova no sentido de confirmar-se o alegado direito líquido e certo violado (compatibilidade de
horários para ocupar os dois cargos), inviabilizando a impetração do ¿mandamus¿. Vedação
expressa à acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver
compatibilidade de horários dos cargos enumerados no art. 37, XVI, letras ¿a¿, ¿b¿ e ¿c¿, da
CF/88, hipótese que não se verifica, em princípio, entre os cargos de professora e conselheira
tutelar. A Lei Municipal de São Leopoldo no art. 13, inciso II, também, veda expressamente
ao Conselheiro Tutelar o exercício de outro cargo público (Lei nº 4.634/99), estando, assim,
em consonância com o disposto na Carta Magna. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO
DESPROVIDA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70006186993, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL,
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: PAULO DE TARSO VIEIRA
SANSEVERINO, JULGADO EM 04/09/2003)
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. São inconstitucionais os dispositivos
da lei municipal que atribuem ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente a competência para fixar a remuneração dos Conselheiros Tutelares. Violação do
princípio da legalidade, previsto no artigo 19, caput e inciso I, da Constituição Estadual, o que
configura inconstitucionalidade material. Inconstitucionalidade formal uma vez que as
emendas dando tais atribuições ao Conselho referido criaram despesas, contrariando a
iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executiva (art. 61. I, da Carta Estadual). AÇAO
JULGADA PROCEDENTE. (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº
70005590955, TRIBUNAL PLENO, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR:
CACILDO DE ANDRADE XAVIER, JULGADO EM 15/03/2004) EMENTA:
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. REQUISITOS DE ELEGIBILIDADE DE
CONSELHEIRO TUTELAR. POSSIBILIDADE. 1. E CONSTITUCIONAL A LEI 1.014/02,
DO MUNICIPIO DE TAVARES, QUE INSTITUIU REQUISITOS DE ELEGIBILIDADE
DO CONSELHEIRO TUTELAR, POIS UNIAO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E
MUNICIPIOS OSTENTAM COMPETENCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE PARA
LEGISLAR ACERCA DA PROTECAO A INFANCIA E A JUVENTUDE. 2. ACAO
DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. (11 FLS - D) (AÇÃO DIRETA DE
68
INCONSTITUCIONALIDADE Nº 70005629241, TRIBUNAL PLENO, TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO RS, RELATOR: DES. ARAKEN DE ASSIS, JULGADO EM 05/05/2003)
“ADMINISTRATIVO - CONSELHEIRO TUTELAR - CONDIÇÃO DE AGENTE
PÚBLICO QUE NÃO SE EQUIPARA À DE SERVIDOR PÚBLICO, REGENDO-SE
SUAS VANTAGENS PECUNIÁRIAS PELA LEI LOCAL - ABONO
REMUNERATÓRIO FIXADO EM LEI APENAS PARA O ANO DE 1997 - PAGAMENTO
EM ANOS SUBSEQÜENTES POR ATO DISCRICIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO
QUE NÃO ESTABELECE DIREITO ADQUIRIDO - SUSPENSÃO DO PAGAMENTO
POR CRITÉRIO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE, INEXISTINDO LEI A
RESPEITO - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - NÃO SE CONHECE DE
IRRESIGNAÇÃO COM A SENTENÇA INSERIDA NAS CONTRA-RAZÕES
RECURSAIS SEM A UTILIZAÇÃO DO APELO ADESIVO. Apelo provido. Reexame
necessário não conhecido.” (APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO Nº 70008343626,
QUARTA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: JOÃO
CARLOS BRANCO CARDOSO, JULGADO EM 08/09/2004). .
AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - LIMINAR -
INDEFERIMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA - PRETENSÃO GOZAR LICENÇA-
MATERNIDADE PELO PRAZO DE 180 DIAS - LEI MUNICIPAL QUE ENTRA EM
VIGOR DURANTE O GOZO DA LICENÇA - MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR -
DIREITO DE USUFRUIR DOS MESMOS BENEFÍCIOS GARANTIDOS AOS
SERVIDORES MUNICIPAIS ENQUANTO ESTIVER NO EXERCÍCIO DAS
ATIVIDADES - DIREITO LÍQUIDO E CERTO VIOLADO - PROVIMENTO DO
RECURSO. Apesar de o membro do Conselho Tutelar não possuir vínculo estatutário com o
Município, porque a sua vinculação é de caráter transitório e a natureza da função por ele
desempenhada é de serviço público relevante (honorífico), é certo que, durante o exercício de
seu mandato, possui direito de usufruir todos os benefícios garantidos aos servidores. (TJPR -
4ª C.Cível - AI 0388335-0 - Londrina - Rel.: Juiz Conv. Rui Portugal Bacellar Filho -
Unanime - J. 17.07.2007)
APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - RECURSO ADESIVO NÃO
CONHECIDO - AUSÊNCIA DE PREPARO - AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA -
MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR REMUNERADOS SEGUNDO A TABELA DO
PLANO DE CARGOS E CARREIRA DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO
DE CAMBÉ - LEI MUNICIPAL QUE CONCEDE REAJUSTE AOS SERVIDORES
PÚBLICOS - DIREITO DOS CONSELHEIROS TUTELARES DE RECEBER TAL
REAJUSTE - PRESCRIÇÃO BIENAL NÃO APLICÁVEL - AUSÊNCIA DE
RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO OU ESTATUTÁRIO - ART. 7º,
XXIX, DA CF - OS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR SÃO AGENTES
HONORÍFICOS - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL - APLICABILIDADE - CINCO ANOS
CONTADOS DA DATA DA PROPOSITURA DA AÇÃO E DE FORMA RETROATIVA -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - 10% DO VALOR DA CAUSA - ART. 20 § 4º DO CPC
- RECURSO ADESIVO NÃO CONHECIDO - RECURSO DE APELAÇÃO DESPROVIDO
- REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA EM GRAU DE REEXAME NECESSÁRIO.
(TJPR - 5ª C.Cível - AC 0313479-6 - Cambé - Rel.: Juiz Conv. Francisco Luiz Macedo Junior
- Unanime - J. 30.03.2007)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA C/C PERDAS E DANOS
MATERIAIS E MORAIS, VERBAS REMANESCENTES NÃO PAGAS. CONSELHEIRA
69
TITULAR DO CONSELHO TUTELAR DO MUNICÍPIO DE CANDÓI. NOMEAÇÃO NO
CARGO QUE SE DEU EM 21 DE AGOSTO DE 2001. PLEITO DE RECEBIMENTO DE
REMUNERAÇÃO DO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 21 DE AGOSTO DE 2001 A
DEZEMBRO DE 2002. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
CONSEQÜENTE AFASTAMENTO DOS DANOS MORAIS. APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. Não há falar em direito à remuneração para o exercício do cargo de
Conselheira Titular do Conselho Tutelar do Município de Candói, no período pleiteado (21 de
agosto de 2001 a dezembro de 2002), haja vista a ausência de previsão legal. A
Administração Pública, em todos os níveis (federal, estadual e municipal), seja direta ou
indireta, obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência. Não havendo, no caso, previsão em lei quanto ao pagamento pleiteado, não há falar
no recebimento do mesmo, restando, também afastado o pleito de indenização por danos
morais em razão deste. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0390085-6 - Guarapuava - Rel.: Des. Luiz
Mateus de Lima - Unanime - J. 30.01.2007)
REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - CONSELHO TUTELAR -
COMPOSIÇÃO FIXADA POR LEI MUNICIPAL EM NÚMERO INFERIOR AO
PREVISTO NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - PEDIDO DE
AFASTAMENTO DOS MEMBROS PARA PARTICIPAÇÃO EM PLEITO ELEITORAL -
AUSÊNCIA DE SUPLENTES PARA DAR CONTINUIDADE ÀS ATIVIDADES DO
CONSELHO - PEDIDO PARA QUE SEJAM ELEITOS NOVOS CONSELHEIROS DE
ACORDO COM O QUE ESTABELECE A LEI FEDERAL Nº 8.069/90 E A LEI
MUNICIPAL Nº 1.086/91 - DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI MUNICIPAL Nº 1.482/2002 - SENTENÇA
CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO - DECISÃO UNÂNIME. - Embora os
municípios detenham competência legislativa suplementar à da União, dos Estados e do
Distrito Federal, não pode haver a edição de lei municipal que regule de modo diverso assunto
já tratado em lei federal, sobretudo quando a matéria foge a sua competência. - Deve ser
declarada incidentalmente a inconstitucionalidade de lei municipal que fixou o número de
membros do Conselho Tutelar em contrariedade ao que prevê o artigo 132 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, sobretudo por causar solução de continuidade nas atividades do
órgão, por falta de suplentes para assumir as funções. (TJPR - 5ª C.Cível - RN 0340309-6 -
Cidade Gaúcha - Rel.: Des. Antonio Lopes de Noronha - Unanime - J. 21.11.2006)
DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELIMINARES SOB
MÚLTIPLOS FUNDAMENTOS. REJEIÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA
MANEJADO POR CONSELHEIROS DO CONSELHO TUTELAR DOS DIREITOS DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. CONCESSÃO DE LIMINAR DETERMINANDO QUE
O MUNICÍPIO DE CAFELÂNDIA SUSPENDA A EFICÁCIA DA LEI MUNICIPAL Nº
612/05, EM RELAÇÃO AOS IMPETRANTES. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA SUA CONCESSÃO. DECISÃO REFORMADA. RECURSO
PROVIDO. - Não se concederá a liminar quando não estiverem presentes os requisitos
"fumus boni iuris et periculum in mora". - Inadmissível a concessão de liminar contra pessoa
jurídica de direito público quando tal medida se revestir de caráter satisfativo e repercutir
financeiramente nos cofres públicos (parágrafo 3º, artigo 1º, da Lei nº 8.437/92 e artigo 1º, da
Lei 9.494/97). (TJPR nº do Acórdão: 24767, 4ª Câmara Cível, Comarca: Corbélia ,Processo:
0175149-5, Recurso: Agravo de Instrumento,Relator: Wanderlei Resende, Julgamento:
06/07/2005).
70
ADMINISTRATIVO. COBRANÇA. MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR. AGENTE
HONORÍFICO. AUSÊNCIA DE RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO
OU ESTATUTÁRIO. VALOR REFERENTE A PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI MUNICIPAL. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. O membro do
Conselho Tutelar não possui vínculo empregatício ou estatutário com o Município, pois sua
vinculação com a Administração é de caráter transitória e a natureza da função desempenhada
é de serviço público relevante - honorífico. 2. O valor pleiteado refere-se a período anterior à
vigência da lei municipal que regulamentou a remuneração dos membros do Conselho
Tutelar. RECURSO PROVIDO.REEXAME NECESSÁRIO PREJUDICADO. (TJPR - Nona
C.Cível (TA) - ACR 0246155-0 - Nova Londrina - Rel.: Des. Nilson Mizuta - Unanime - J.
18.05.2004)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE
SEGURANÇA MANEJADO PELO CONSELHEIRO DO CONSELHO TUTELAR DOS
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - CONCESSÃO DE LIMINAR
DETERMINANDO QUE O MUNICÍPIO DE ADRIANÓPOLIS DEPOSITE OS SALÁRIOS
VENCIDOS DESDE DEZEMBRO DE 2002 - AFRONTA AO PARÁGRAFO 4º, DO
ARTIGO 1º DA LEI Nº 5021/66 - AUSÊNCIA DO "PERICULUM IN MORA" - LIMINAR
CASSADA Agravo de Instrumento provido. I - Não se concederá a liminar quando não
estiverem presentes os requisitos "fumus boni iuris et periculum in mora". II - Inadmissível a
concessão de liminar contra pessoa jurídica de direito público quando tal medida se revestir
de caráter satisfativo e repercutir financeiramente nos cofres públicos (parágrafo 3º, artigo 1º,
da Lei nº 8.437/92 e artigo 1º, da Lei nº 9494/97). (TJPR - 8ª C.Cível - AI 0136245-4 -
Bocaiúva do Sul - Rel.: Des. Ivan Bortoleto - Unanime - J. 19.05.2003).
MANDADO DE SEGURANÇA - IMPETRANTE QUE PRETENDE RECEBER
REMUNERAÇÃO COMO INTEGRANTE DO CONSELHO TUTELAR -
IMPOSSIBILIDADE EM FACE DE AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - VIA
INADEQUADA DO "MANDAMUS" PARA COBRANÇA DE PRESTAÇÕES
PRETÉRITAS - ORDEM DENEGADA - APELO DESPROVIDO. (TJPR - 8ª C.Cível - AC
0128134-1 - Loanda - Rel.: Des. Munir Karam - Unanime - J. 17.03.2003).
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LEI Nº 370/01 DO MUNICÍPIO DE
FIGUEIRA LEI DE AUTORIA DA CÂMARA DE VEREADORES QUE MAJOROU A
REMUNERAÇÃO DOS MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR COMPETÊNCIA
EXCLUSIVA DO CHEFE DO EXECUTIVO ART. 61, § 1º, II, A, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL E ART. 66, I, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL VÍCIO DE ORIGEM -
PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. (TJPR - Órgão Especial - AI 0121571-6 - Curiuva - Rel.: Des.
Celso Rotoli de Macedo - Unanime - J. 07.03.2003).
AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM AÇÃO CONDENATÓRIA - EX-MEMBRO
DO CONSELHO TUTELAR REQUERENDO O RECONHECIMENTO DO SEU DIREITO
A INCORPORAÇÃO EM SEUS VENCIMENTOS DE PROFESSOR ÀS VANTAGENS
RECEBIDAS DURANTE SUA ATUAÇÃO NO REFERIDO CONSELHO - PEDIDO
CONSUBSTANCIADO NA LEI MUNICIPAL 7.299/97 - NÃO RECONHECIDA A
INCIDÊNCIA DA ALUDIDA NORMA PORQUE A FUNÇÃO DE CONSELHEIRO NÃO
É SUBORDINADA À ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, TAMPOUCO SE TRATA DE
CARGO EM COMISSÃO - RECURSO DESPROVIDO MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
(TJPR - 4ª C.Cível - AC 0126292-0 - Londrina - Rel.: Des. Octávio Valeixo - Unanime - J.
18.12.2002).
71
APELAÇÃO CÍVEL - RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO RITO ORDINÁRIO -
CONSELHEIRAS TUTELARES - PRETENSÃO DE OBTER O RECEBIMENTO DE
FÉRIAS E PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO, HORAS EXTRAS E DESCANSOS
SEMANAIS REMUNERADOS - ARTIGO 134 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE - LEI MUNICIPAL - PREVISÃO LEGAL INEXISTENTE ACERCA DO
RECEBIMENTO DESTAS VERBAS - NÃO CABIMENTO - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
NÃO CONFIGURADA - RECURSO NÃO PROVIDO -DECISÃO UNÂNIME. - Não
possuindo o Conselheiro Tutelar vínculo empregatício com o Poder Público, não tem direito a
férias, ao décimo terceiro salário, a horas-extras e ao repouso semanal remunerado, a teor do
artigo 39, §3º, da Constituição Federal. Só poderá receber uma eventual remuneração pelo
trabalho prestado se a mesma estiver previamente fixada em lei municipal (artigo 134 da Lei
8.069/90). - Não há a litigância de má-fé se a parte interpretou a lei de forma diversa do
magistrado, dando-lhe conotação mais ampla acerca dos direitos nela dispostos. (TJPR - 6ª
C.Cível - AC 0113079-2 - Terra Roxa - Rel.: Des. Antonio Lopes de Noronha - Unanime - J.
28.05.2002)
MANDADO DE SEGURANÇA - CONSELHO TUTELAR MUNICIPAL -
AFASTAMENTO DE CONSELHEIRO PARA CONCORRER À CARGO ELETIVO -
SUSPENSÃO DA REMUNERAÇÃO - "MANDAMUS" CONCEDIDO - APELAÇÃO -
AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. O membro de Conselho Tutelar
Municipal, nem por analogia, pode ser considerado 'servidor público', eis que não exerce
cargo, função ou emprego público. O conselheiro é, outrossim, 'agente honorífico', cidadão
que por sua condição cívica e respeitabilidade na comunidade é chamado a contribuir com um
serviço de natureza transitória, ou "munus público", podendo ser remunerado ou não. 2.
Direito líquido e certo é o comprovado de plano." Eventual remuneração" à membros de
Conselho não induz a reconhecer o alegado direito líquido e certo de perceber vencimentos,
ainda mais no afastamento da função para concorrer à cargo eletivo. Apelo provido para
denegar a segurança (TJPR, nº do acórdão: 8712, 5ª Câmara Cível,Comarca: Matinhos,
Processo: 0113869-6 , Recurso: Apelação Cível e Reexame Necessário, Relator: Bonejos
Demchuk, Revisor: Domingos Ramina, Julgamento: 21/05/2002).
ADMINISTRATIVO - RECLAMATÓRIA TRABALHISTA - MEMBROS DO CONSELHO
TUTELAR - EQUIPARAÇÃO COM SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS -
CONCESSÃO DE FÉRIAS, 13º SALÁRIO, HORAS EXTRAS E REPOUSO SEMANAL
REMUNERADO - AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO
CELETISTA OU ESTATUTÁRIO COM PODER PÚBLICO - MEROS AGENTES
PÚBLICOS TEMPORÁRIOS - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA -
SENTENÇA MANTIDA. Recursos de apelação e adesivo desprovidos (TJPR, nº do acórdão:
8216, 5ª Câmara Cível, Comarca: Terra Roxa Processo: 0113183-1, Recurso: Apelação
Cível, Relator: Ivan Bortoleto, Revisor: Antônio Gomes da Silva , Julgamento: 19/03/2002).
APELAÇÃO CÍVEL. Reclamatória trabalhista pelo rito ordinário.Conselheiras Tutelares.
Pretensão de obter o recebimento de férias e pagamento do 13º salário, horas extras e
descansos semanais remunerados. Artigo 134 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei
Municipal. Previsão legal inexistente acerca do recebimento destas verbas. Não cabimento.
Litigância de má-fé não configurada. Recurso não provido. Decisão unânime. Não possuindo
o Conselheiro Tutelar vínculo empregatício com o Poder Público, não tem direito a férias, ao
décimo terceiro salário, a horas-extras e ao repouso semanal remunerado, a teor do artigo 39,
§3º, da Constituição Federal. Só poderá receber uma eventual remuneração pelo trabalho
prestado se a mesma estiver previamente fixada em lei municipal (artigo 134 da Lei
72
8.069/90). Não há a litigância de má-fé se a parte interpretou a lei de forma diversa do
magistrado, dando-lhe conotação mais ampla acerca dos direitos nela dispostos. Apelação
Cível n° 113.079-2, de Terra Roxa, Relator Des. Antonio Lopes de Noronha, ac. nº 9346 – 6ª
Câm. Cível, j. 28/05/2002.
MANDADO DE SEGURANÇA. Conselho Tutelar Municipal Afastamento de Conselheiro
para concorrer à cargo eletivo. Suspensão da remuneração. Mandamus concedido. Apelação.
Ausência de direito líquido e certo. 1. O membro de Conselho Tutelar Municipal, nem por
analogia, pode ser considerado 'servidor público', eis que não exerce cargo, função ou
emprego público. O conselheiro é, outrossim, 'agente honorífico', cidadão que por sua
condição cívica e respeitabilidade na comunidade é chamado a contribuir com um serviço de
natureza transitória, ou munus público, podendo ser remunerado ou não. 2. Direito líquido e
certo é o comprovado de plano. Eventual remuneração à membros de Conselho não induz a
reconhecer o alegado direito líquido e certo de perceber vencimentos, ainda mais no
afastamento da função para concorrer à cargo eletivo. Apelo provido para denegar a
segurança. Apelação Cível nº 113.869-6, de Matinhos, Relator: Des. Bonejos Demchuk, 5ª
Câm. Cível., j. 21/05/2002.
DIREITO ADMINISTRATIVO. Mandado de Segurança. Professor. Cumulação de cargos.
Conselheiro Tutelar. Agente Honorífico. Havendo compatibilidade de horários, não se
configura cumulação de cargos se o professor exerce também cargo honorífico. Manutenção
da sentença. Apelação cível e reexame necessário nº 110913-7, de Palmas, Rel. Juiz Conv.
Ronald Schulman, ac. nº 20745 – 3ª C. Cível, j. 20/11/2001.
MANDADO DE SEGURANÇA. Sentença concessiva da ordem mandamental. Confirmação
de liminar. Garantido direito à posse de Conselheiro Tutelar eleito. Suspensão da posse
resultante de procedimento administrativo sem a garantia de ampla defesa (art. 5º, LV,
CF).Afastada preliminar de carência da ação mandamental.Sentença confirmada, em grau de
reexame necessário. Reexame Necessário nº 96.072-7, de Londrina, Rel. Des. Ramos Braga,
ac. nº 7188 – 6ª Câm. Cível, j. 27/06/2001.
STJ-EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. CONSELHEIROS TUTELARES DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.
PAGAMENTO DE JETONS. LEI MUNICIPAL Nº 2.350/95. DECRETO Nº 14.550/96.
AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
MULTA. AFASTAMENTO.
1. A REGULAMENTAÇÃO DO PAGAMENTOS DE JETONS AOS MEMBROS DO
CONSELHO TUTELAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, ATRAVÉS DO
DECRETO Nº 14.550/96, OBSERVOU AS DISPOSIÇÕES DA LEI MUNICIPAL Nº
2.350/95.
2. NÃO CARACTERIZADA CONDUTA PROCESSUAL A ENSEJAR A CONDENAÇÃO
AO PAGAMENTO DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 538, § ÚNICO, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL, A PENA IMPOSTA AO EMBARGANTE DEVE SER
AFASTADA.
3. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(RMS 8.846/RJ, REL. MINISTRO PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, JULGADO EM
16.05.2002, DJ 01.07.2002 P. 394)
73
ANEXO 4 – Projetos de Lei de Modificação no ECA
PARECER Nº , DE 2009
Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre o Projeto de Lei do
Senado nº 119, de 2008, que altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre
o Estatuto da Criança e do adolescente e dá outras providências, em tramitação conjunta
com o Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009 que altera os arts. 132, 134 e 139 da Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990, relativo aos conselhos tutelares.
RELATORA: Senadora PATRÍCIA SABOYA
I – RELATÓRIO
Vem à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, o Projeto de Lei do Senado nº 119, de
2008, de autoria do Senador Arthur Virgílio, acompanhado do Projeto de Lei do Senado nº
278, de 2009 de autoria da Senadora Lúcia Vânia que tramita em conjunto em decorrência da
aprovação do Requerimento nº 1.349, de 2009.
O Projeto de Lei do Senado nº 119, de 2008 apresenta três alterações no Estatuto da Criança e
do Adolescente (Lei nº 8.069, de 1990), sendo estas:
- art. 132, prevendo que em cada município tenha pelo menos dois conselhos tutelares,
compostos de cinco membros, escolhidos pela comunidade e com mandato de cinco anos,
permitida a recondução;
- art. 134, assegurando aos conselheiros tutelares os direitos trabalhistas e sociais previsto na
Constituição Federal para os trabalhadores em geral;
- art. 135, definindo que os conselheiros serão equiparados aos servidores federais e pagos
com recursos da União.
O Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, que tramita em conjunto, propõe alterações nos
artigos 132, 134 e 139, do Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecendo:
1- mínimo de um conselho tutelar, composto por cinco membros com mandato de quatro anos
e recondução sem limite;
2- remuneração do conselheiro de 60% (sessenta por cento) da remuneração do vereador
local, com direito a férias, décimo terceiro e plano de saúde;
3- responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente pelo
processo de escolha dos conselheiros, sob a fiscalização do Ministério Público, bem como
define que as eleições se realizarão a quatro anos, no dia 18 de novembro.
Ao projeto mais antigo foi apresentada uma emenda, de autoria do Senador Sérgio Zambiasi,
definindo que “em cada município haverá, no mínimo, dois conselhos Tutelares, criados e
mantidos pela municipalidade e compostos de cinco membros, escolhidos, em anos ímpares,
pela comunidade local, mediante voto universal e facultativo, para mandato de quatro anos,
permitida uma recondução.
I – ANÁLISE
O Conselho Tutelar, conforme definido no art. 131 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, com a missão de zelar pelo
cumprimento dos direitos infanto-juvenis. Não seria exagero dizer que os Conselheiros
Tutelares atuam como verdadeiros guardiães do ECA e, por conseqüência, de todas as
crianças e adolescentes do Brasil.
Para compreender melhor o mérito das propostas em análise, é fundamental antes entender a
importância desse órgão – e o fazemos a partir de suas atribuições definidas no art. 136 do
Estatuto. É de responsabilidade do Conselho Tutelar prestar assistência às crianças e os
adolescentes sempre que seus direitos forem ameaçados ou violados. Além disso, é de sua
competência atender e aconselhar os pais ou responsáveis, aplicando as medidas previstas no
art. 129 do ECA. Essas medidas incluem, entre outras, encaminhamento a programa oficial ou
74
comunitário de proteção à família, a tratamentos psicológicos ou psiquiátricos, a cursos ou
programas de orientação.
O Conselho Tutelar pode e deve solicitar ao Poder Público que adote medidas para a
execução de suas decisões, podendo para tanto requisitar serviços em áreas como saúde,
educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança, representando, junto à autoridade
judiciária, nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
Quis o legislador definir em lei o quão importante é este órgão. O art. 137 do ECA estabelece
que a revisão de suas decisões somente será feita pela autoridade judiciária. Ou seja, apenas
pode fazê-lo o Juízo da Infância e da Juventude, mesmo assim a pedido daqueles que tenham
diretamente interesse no assunto – pais, mães, assistentes sociais, professores, profissionais de
saúde, entre outros.
Diante dessa demonstração de responsabilidades que cada Conselho Tutelar tem, parece-nos
extremamente necessário oferecer a essas instâncias, como o fazem os projetos sob exame, as
melhores condições para que funcione a contento e possa garantir, cotidianamente, o
cumprimento do princípio constitucional da prioridade absoluta à criança e ao adolescente,
previsto no art. 227 da nossa Carta Magna.
Salientamos ainda que durante o tempo em que nos dedicamos à análise desses projetos,
buscamos junto ao Fórum Colegiado Nacional dos conselheiros Tutelares, ao Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), à Sub-Secretaria Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescentes da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República suas contribuições e reflexões sobre esse importante órgão de defesa
dos direitos de meninos e meninos e as eventuais necessidades de mudanças em seu
funcionamento.
Queremos destacar que um grande entrave para o exercício do mandato de Conselheiro
Tutelar reside na lacuna legal existente no que se refere a sua remuneração. A falta de uma
definição clara sobre o item tem provocado diferentes concepções sobre essa questão. Cabe
ainda ressaltar que é necessário também definir na forma da lei um conjunto de paramentos
nacionais para o processo de escolha dos conselheiros. Sendo assim somos pela aprovação da
matéria na forma do substitutivo que ora apresentamos.
Ambas as propostas apresentam méritos incontestáveis nesse sentido, assim como a emenda a
que nos referimos. Torna-se necessário, porém, compatibilizá-los, assim como atender a
determinadas lacunas, caso do Distrito Federal. Também se impõe pormenorizar o processo
de escolha dos integrantes do Conselho, conforme proposto, para uniformizá-lo em todo o
país.
II – VOTO
Em face do exposto, votamos pela aprovação do Projeto de Lei do Senado nº 119, de 2008, e
do Projeto de Lei do Senado nº 278, de 2009, bem como da emenda do Senador Sérgio
Zambiasi, a que nos referimos, na forma do seguinte substitutivo:
SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI DO SENADO 119, DE 2008 E AO PROJETO
DE LEI DO SENADO 278, DE 2009.
(Do Senador Arthur Virgílio e da Senadora Lucia Vânia, respectivamente)
Altera dispositivos da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências.
Art. 1º. Os artigos 132, 134 e 139, da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança
e do Adolescente, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 132. Em cada município haverá no mínimo, um Conselho Tutelar como órgão da
administração pública local, composto por cinco membros, escolhidos pela comunidade local
para mandato de quatro anos, permitida uma reeleição.
75
§ 1º. O número de Conselhos Tutelares em cada município, deverá levar em consideração a
incidência e prevalência de violações dos direitos da criança e do adolescente e a extensão
territorial.
§ 2º. No Distrito Federal e nos municípios divididos em microrregiões ou regiões
administrativas, haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar em cada uma delas, observado o
seguinte parâmetro:
I - no mínimo um, nos municípios com até cem mil habitantes;
II - no mínimo dois, nos municípios com mais de cem mil e menos de trezentos mil
habitantes;
III - um a cada cento e cinqüenta mil habitantes, nos demais municípios. (NR)”
“Art. 134. Lei municipal disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive quanto a remuneração de seus membros.
§ 1º. ..................................................................................
§ 2º. A remuneração do conselheiro tutelar, estabelecida em lei municipal, será de no mínimo
trinta por cento e no máximo cinqüenta por cento da remuneração do vereador.
§ 3º. A revisão da remuneração do conselheiro tutelar far-se-á na forma estabelecida pela
legislação local, devendo observar parâmetros similares aos estabelecidos para o reajuste dos
demais servidores municipais.
§ 4º. Durante o exercício do mandato, o conselheiro tutelar terá assegurado os mesmos
direitos sociais conferidos aos demais servidores municipais, inclusive quanto ao desconto
previdenciário.
§ 5º. Cabe ao Poder Executivo, através da Secretaria ou órgão que esteja vinculado, dotar o
Conselho Tutelar de equipe administrativa de apoio.
§ 6º. O órgão responsável por prover as condições necessárias ao efetivo funcionamento do
Conselho Tutelar é o Gabinete do Chefe do Executivo local. (NR)”
“Art. 139. O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar será realizado sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a
fiscalização do Ministério Público, podendo ser firmado convênio com a Justiça Eleitoral para
a realização das eleições.
§ 1º. Os membros do Conselho Tutelar serão escolhidos mediante sufrágio universal e pelo
voto direto, secreto e facultativo dos eleitores do município, em eleições a serem realizadas
simultaneamente em todo o território nacional no primeiro domingo de outubro do ano
seguinte ao das eleições para Governadores de Estados e do Distrito Federal, observadas as
seguintes diretrizes entre outras que poderão ser estabelecidas pelo Conselho nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente:
I- As candidaturas devem ser individuais, vedada a composição de chapas ou a vinculação a
partidos políticos.
II- Os cinco pretendentes mais votados serão diplomados conselheiros tutelares titulares, para
mandato de quatro anos, remanescendo mais de um candidato com a mesma votação,
qualificar-se-á o mais idoso.
III- Os demais candidatos que receberem votos serão diplomados conselheiros suplentes em
ordem decrescente de votação.
IV- A posse dos conselheiros tutelares eleitos no primeiro processo unificado ocorrerá no dia
1º de janeiro do ano subseqüente a eleição, ficando condicionada ao término do mandato
daqueles em exercício do cargo.
§ 2º. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente expedirá resolução
contendo as instruções gerais necessárias à realização das eleições, observadas as disposições
contidas nesta Lei, nas quais constará, dentre outras:
I - O calendário com as datas e os prazos para registro de candidaturas, impugnações, recursos
e outras fases do certame;
76
II - a documentação exigida dos candidatos, como forma de comprovar o preenchimento dos
requisitos legais previstos;
III - as regras da campanha, contendo as condutas permitidas e vedadas;
IV - as sanções legais previstas para o descumprimento das regras da campanha.
§ 9º. O Poder Executivo Municipal, com o apoio do Conselho Municipal e Distrital dos
Direitos da Criança e do Adolescente dará ampla divulgação ao processo de escolha para o
Conselho Tutelar, mediante publicação do edital para registro de candidaturas no diário oficial
do Município ou meio equivalente, afixação em locais de amplo acesso ao público, chamadas
nas redes de rádio e de televisão, assim como em sítios eletrônicos dos órgãos públicos, sem
prejuízo de outras formas de divulgação.(NR)”
Art. 2º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Sala da Comissão,
Presidente
Relatora
77
ANEXO 5 – Opiniões dos Conselheiros Tutelares Sobre FCNCT e ACTEES
Opinião dos Conselheiros Tutelares dos Municípios Pesquisados Sobre o Papel do
Fórum Colegiado Nacional de Conselheiros e ex-Conselheiros Tutelares.
1) “Lutas mais e qualificar mais os conselhos e ex-conselheiros”
2) “ É está reivindicando o cumprimento da lei”
3) “Para fortalecimento do conhecimento das atribuições e das redes.”
4) “Tem muito que avançar.”
5) “Por ficar atualizado a nível de Brasil, no que acontece para a melhoria dos Conselheiros por
ser nível nacional.”
6) “Discutir estratégias para um melhor funcionamento do Conselho.”
7) “Continuar as suas experiências mesmo que seja como voluntários, por ter informações de
como lidar com as crianças e adolescentes, ajudar as famílias que tem muita dificuldade de
saber como tomar atitudes na hora do desespero, onde a maioria das famílias não sabe qual
decisão tomar em caso de desavença, ou dificuldade de saber lidar com os filhos”.
8) “Uma visão macro buscando direcionamento e posicionamento a nível federal e apoiar
direcionamento e posicionamentos estaduais”.
9) “Conhecimento, discutir proposta de interesses dos Conselheiros para um bom funcionamento
do Conselho Tutelar e as necessidades dos Conselheiros tutelares
10) “Lutar pelos direitos dos Conselheiros e ex- conselheiros tutelares”.
11) “Necessita de uma maior interação nacional com fins inclusive no Congresso Nacional para
que Senadores e Deputados possam elaborar leis que possam chegar aos estados e
municípios.”
12) “Não participo, porém sempre pesquiso sobre o assunto. Entendo que o Fórum tem o objetivo
de buscar valorização para os conselheiros tutelares, pois esse cidadão tem papel de grande
responsabilidade e dedicação no âmbito da questão social referente a criança e adolescente.
Vale lembrar que o Fórum colegiado é importante, pois os conselheiros buscam um melhor
entendimento, sendo que colegiado que não se entende, tende colocar em risco o atendimento
das demandas postas pela sociedade no sentido de garantir os direitos da criança e do
adolescente.”
13) “Conhecer a situação real e atual dos conselheiros tutelares do país, propor melhorias e maior
aplicação da lei envolvendo as três esferas de governo.”
14) “Fortalecer a categoria Conselho Tutelar.”
78
Opinião dos Conselheiros Tutelares dos Municípios Pesquisados Sobre o Papel da
Associação Estadual de Conselheiros e ex-Conselheiros Tutelares.
1) “Muito importante para o crescimento dos conhecimentos dos conselheiros tutelares.”
2) “Representar toda a categoria.”
3) “Fortalecer a categoria dos Conselheiros Tutelares no Estado.”
4) “Na minha opinião deveria ser discutir assuntos referentes a garantias de direitos da criança e
do adolescente, bem como levantar propostas e encaminhamentos no intuito de agilizar a
garantia dos direitos, sem extensão de raça, crença religiosa. Na minha opinião não deveria ter
associação de Conselheiros e ex-conselheiros tutelares com a participação de ex-
conselheiros.”
5) Associar os conselheiros para passar informações necessárias à classe, e receber sugestões de
trabalho.”
6) “A associação tem um papel importante na integração dos conselheiros e capacitação dos
mesmos.”
7) “É importante em defesa dos conselheiros, mas ainda poderia ter um plano de saúde completo
amparando os conselheiros estaduais.”
8) “Fortalecimento do Órgão em todo o Estado.”
9) No Desenvolvimento das atribuições de Conselheira existem muitas dúvidas, as reuniões onde
participo ajuda muito.”
10) “È sempre produtivo, mas tem que lutar mais”.
11) Articular, capacitar, orientar, mobilizar e fortalecer os Conselhos Tutelares.”
12) “Incentivar e acompanhar as regiões para saber qual as dificuldades os conselheiros tem em
cada município e promover encontros para desenvolver melhor os Conselhos Tutelares de
cada município.”
13) “Tem que ser a ponte de apoio, seja jurídica, seja nas capacitações dos candidatos a membro
do Conselho tutelar, buscando condições individuais e coletivas para os conselheiros e dando
visão de suas atividades nos campos políticos e apoiar as políticas estaduais.”
14) “Acho que deve se reunir mais com os Conselhos Municipais.”
15) “Lutar por melhorias salariais.”
16) “Importante como entidade mas não é atuante.”
17) Representar os Conselheiros junto a órgãos e instituições, apoiar.”
79
ANEXO 6 – Remuneração e Direitos Sociais dos Conselheiros Tutelares no Espírito
Santo Tabela 1 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Linhares
R$881,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
Ticket alimentação.
Vale transporte
2ª a 6ª com 8
horas diárias. Plantões
noturnos, finais de
semana e feriado. Fora
da sede do conselho.
Quando é solicitado é
via celular.
Total R$881,00
Fonte: Lei Municipal
Tabela 2 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Marilândia
R$625,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos, finais de
semana e feriado. Fora
da sede do conselho.
Quando é solicitado é
via celular.
Total R$625,00
Fonte: questionário
Tabela 3 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Jaguaré
R$765,00
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos, finais de
semana e feriado. Fora
da sede do conselho.
Quando é solicitado é
via celular.
Total R$765,00
Fonte: questionário
tabela 4 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
São Mateus
R$1.000,00
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos, finais de
semana e feriado. Fora
da sede do conselho.
Quando é solicitado é
via celular.
Total R$1.000,00
Fonte: questionário
80
Tabela 5 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Baixo Guandú
R$765,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
FGTS
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos, finais de
semana e feriado, fora
do conselho. Escala
entre os conselheiros.
Trabalham 3 dias e
folgam 2 dias. 1 final
de semana a cada mês.
Total R$725,00
Fonte: questionário
Tabela 6– Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Vila Velha
R$1.000,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Previdência
Auxilio Transporte
FGTS
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias.
Total R$1.000,00
Fonte: questionário
Tabela 7 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Serra
R$1.500,00
Auxilio Transporte
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
noturnos de 2ª a 6ª das
18:00 às 22:00 horas na
Sede. finais de semana
e feriado da 08:00 às
18:00 horas. fora da
sede do conselho.
Total R$1.500,00
Fonte: questionário
Tabela 8 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
JOÃO NEIVA
R$627,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
4 meses.
Previdência
FGTS
13º Salário
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
noturnos de 2ª a 6ª das
18:00 às 22:00 horas na
Sede. finais de semana
e feriado da 08:00 às
18:00 horas. fora da
sede do conselho.
Total R$627,00
Fonte: questionário
81
Tabela 9 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Cariacica
R$900,00
Gozo de férias
remuneradas com mais
1/3.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de 2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Quando é
solicitado é via celular.
Total R$900,00
Fonte: questionário
Tabela 10 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Aracruz
R$2.035,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
13º Salário
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Um
conselheiro de plantão.
Total R$2.035,00
Fonte: questionário
Tabela 11 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Colatina
R$901,00
Licença Maternidade 6
meses
Licença Paternidade
Previdência Social.
13º Salário
Auxilio Alimentação
Vale Transporte
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias, com os
plantões.
Os plantões noturnos,
sábados, domingos e
feriados são em dupla.
fora da sede.
Total R$901,00
Fonte: questionário
Tabela 12 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Águia Branca
R$1.020,00
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
2ª a 6ª com de 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho.
Total R$1.020,00
Fonte: questionário
82
Tabela 13 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Vitória
R$1.391,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
13º Salário.
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª. Em
casa. finais de semana
e feriado na sede do
conselho.
Total R$1.391,00
Fonte: questionário
Tabela 14 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Castelo
R$1.100,00
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
2ª a 6ª com de 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Um
conselheiro de plantão.
Total R$1.100,00
Fonte: questionário
Tabela 15 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Piuma
R$713,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
FGTS
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Um
conselheiro de plantão.
Total R$713,00
Fonte: questionário
Tabela 16 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
São Domingos do Norte
R$652,00
Férias remuneradas
com 1/3.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Não especifica
sim tem plantão
Total R$652,00
Fonte: questionário
83
Tabela 17 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Guarapari
R$700,00
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões não
foi informado.
Total R$700,00
Fonte: questionário
Tabela 18 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
São Gabriel da Palha
R$622,00
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Um
conselheiro de plantão.
Total R$622,00
Fonte: questionário
Tabela 19 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Afonso Cláudio
R$623,00
Plantões noturnos
finais de semana fora
da sede do conselho.
Um conselheiro de
plantão. Quando é
solicitado é via celular.
Total R$623,00
Fonte: questionário
Tabela 20 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Vargem alta
R$620,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
13º Salário
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias.
Plantões não foi
informado
Total R$620,00
Fonte: questionário
84
Tabela 21 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
São Roque do Canãa
R$629,00
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
não foi informado
Total R$629,00
Fonte: questionário
Tabela 22 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Cachoeiro do Itapemirim
R$1.097,25
Previdência Social.
FGTS
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede
do conselho. Um
conselheiro de
plantão. Quando é
solicitado é via
celular.
Total R$1.097,25
Fonte: questionário
Tabela 23 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Santa Teresa
R$550,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
4 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
2ª a 6ª com menos de 8
horas diárias. Um
plantão semanal e um
plantão final de
semanas e feriados.
Total R$550,00
Fonte: questionário
Tabela 24 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Água doce do Norte
R$510,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Não foi
informado.
Total R$510,00
Fonte: questionário
85
Tabela 25 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Barra de São Francisco
R$510,00
Previdência Social.
2ª a 6ª - 8 horas
diárias. Plantão não
foi informado.
Total R$510,00
Fonte: questionário
Tabela 26 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Sooretama
R$513,00
Férias remuneradas
com 1/3.
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
Ticket Alimentação
2ª a 6ª de 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Um
conselheiro de plantão.
Total R$513,00
Fonte: questionário
Tabela 27 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Alfredo Chaves
R$510,00
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora conselho.
dois conselheiro de
plantão. Quando é
solicitado é via celular
pessoal.
Total R$510,00
Fonte: questionário
Tabela 28 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Viana
R$684,00
Licença maternidade de
6 meses.
Licença paternidade.
Previdência Social.
Vale Transporte
2ª a 6ª com menos de 8
horas diárias. Plantões
não foi informado.
Total R$684,00
Fonte: questionário
86
Tabela 29 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Vila Valério
R$510,00
Previdência Social.
2ª a 6ª com mais de 8
horas diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora do
conselho. Um
conselheiro . Quando é
solicitado é via celular.
Total R$510,00
Fonte: questionário
Tabela 30 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Alegre
R$544,00
Férias remuneradas
com 1/3.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões não
foi informado.
Total R$544,00
Fonte: questionário
Tabela 31 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Alto Rio Novo
R$510,00
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões
noturnos de2ª a 6ª.
finais de semana e
feriado fora da sede do
conselho. Um
conselheiro . Quando é
solicitado é via celular.
Total R$510,00
Fonte: questionário
Tabela 32 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Pinheiros
R$510,00
Previdência Social.
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões não
foi informado.
Total R$510,00
Fonte: questionário
Tabela 33 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Pedro Canário
R$510,00
2ª a 6ª com 8 horas
diárias. Plantões não
foi informado.
Total R$510,00
Fonte: questionário
87
Tabela 34 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Pancas
R$560,00
Previdência Social.
2ª a 6ª com menos de 8
horas diárias. Plantões
não foi informado.
Total R$560,00
Fonte: questionário
Tabela 35 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Domingos Martins
R$510,00
Previdência Social.
2ª a 6ª com menos de 8
horas diárias. Plantões
não foi informado.
Total R$510,00
Fonte: questionário
Tabela 36 – Remuneração, Direitos sociais e Carga Horária de Trabalho
MUNICIPIO REMUNERAÇÃO DIREITOS SOCIAIS CARGA HORÁRIA
Ibiraçú
R$830,00
Previdência Social.
2ª a 6ª com menos de 8
horas diárias. Plantões
não foi informado.
Total R$830,00
Fonte: questionário
88
ANEXO 7- Emenda 25/2000 da Constituição Federal
Legislação Federal
Emenda Constitucional CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Limites de Despesas com o Poder Legislativo Municipal. Alteração EMENDA CONSTITUCIONAL N. 25, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2000 Altera o inciso VI do artigo 29 e acrescenta o artigo 29-A à Constituição Federal, que dispõem sobre limites de
despesas com o Poder Legislativo Municipal. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do artigo 60 da Constituição
Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Artigo 1º - O inciso VI do artigo 29 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: "Artigo 29 - (...) (...) VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei
Orgânica e os seguintes limites máximos: (NR) a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) AC = acréscimo. b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) "f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (AC) (...)"
Artigo 2º - A Constituição Federal passa a vigorar acrescida do seguinte artigo 29-A: "Artigo 29-A - O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e
excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da
receita tributária e das transferências previstas no § 5º do artigo 153 e nos artigos 158 e 159, efetivamente
realizado no exercício anterior: (AC) I - oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes; (AC) II - sete por cento para Municípios com população entre cem mil e um e trezentos mil habitantes; (AC) III - seis por cento para Municípios com população entre trezentos mil e um e quinhentos mil habitantes; (AC) IV - cinco por cento para Municípios com população acima de quinhentos mil habitantes. (AC) § 1º - A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (AC) § 2º - Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: (AC) I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; (AC) II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (AC) III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária. (AC) § 3º - Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1º deste
artigo." (AC) Artigo 3º - Esta Emenda Constitucional entra em vigor em 1º de janeiro de 2001. (DOU, Seç. 1-E, de 15.2.2000, p. 1)
89
ANEXO 8 – Lei Municipal 4.999/2004 Dispõe Sobre Limites de Despesas com o Poder
Legislativo
LEI Nº 4.999, DE 11 DE AGOSTO DE 2.004:
DISPÕE SOBRE LIMITES DE DESPESAS COM O
PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL:
Faço saber que a Câmara Municipal de Colatina, do
Estado do Espírito Santo, aprovou e Eu sanciono a seguinte Lei:
Artigo 1º - O subsídio dos Vereadores será fixado pela Câmara Municipal de Colatina, em
cada
Legislatura para a subsequente, observado o limite máximo de 30% (trinta por cento) do
subsídio dos Deputados Estaduais.
Artigo 2º - O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluindo os subsídios dos
Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar a 5% (cinco por cento),
relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5º do Artigo 153
e nos Artigos 158 e 159 da Constituição Federal de 1988, efetivamente realizado no exercício
anterior.
Artigo 3º - Esta Lei entra em vigor em 1º de Janeiro de 2005.
Registre-se, Publique-se e Cumpra-se.
Prefeitura Municipal de Colatina, em 11 de agosto de 2.004.
________________________
Prefeito Municipal
Registrada no Gabinete do Prefeito Municipal de Colatina, em 11 de agosto de 2.004.
__________________________
Chefe do Gabinete do Prefeito.
90
ANEXO 9 – Remuneração dos Deputados Estaduais, Vereadores e Conselheiros
Tutelares Tabela 1 Remuneração de Deputados Estaduais, Vereadores e Conselheiros Tutelares
ORDE
M
MUNICÍPI
O
HABITANT
ES
% Legal
conforme
Emenda
25/2000
Remunera
ção dos
Deputados
Remuneração
dos máxima
dos
Vereadores
Remuneração
dos Conselheiros
Tutelares
1. Afonso
Cláudio
31.384 30
%
12.300,00 3.690,00 623,00
2. Água Doce
do Norte
12.091 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
3. Aguia
Branca
9.503 20
%
12.300,00 2.460,00 1.020,00
4. Alegre 31.143 30
%
12.300,00 3.690,00 544,00
5. Alfredo
Chaves
14.585 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
6. Alto Rio
Novo
6.172 20
%
12.300,00 2.460,00 510,00
7. Aracruz 78.658 40
%
12.300,00 4.920,00 2.035,00
8. Baixo
Guandu
29.891 30
%
12.300,00 3.690,00 765,00
9. Barra de São
Francisco
41.645 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
10. Cachoeiro do
Itapemirim
201.259 50
%
12.300,00 6.150,00 1.097,25
11. Cariacica 365.859 60
%
12.300,00 7.380,00 900,00
12. Castelo 33.212 30
%
12.300,00 3.690,00 1.100,00
13. Colatina 111.365 50
%
12.300,00 6.150,00
901,00
14. Domingos
Martins
32.455 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
15. Guarapari 104.534 50
%
12.300,00 6.150,00 700,00
16. Ibiraçu 10.724 30
%
12.300,00 3.690,00 830,00
17. Jaguaré 23.472 30
%
12.300,00 3.690,00 765,00
18. João Neiva 14.621 30
%
12.300,00 3.690,00 627,00
19. Linhares 132.664 50
%
12.300,00 6.150,00 881,00
20. Marilândia 10.676 30
%
12.300,00 3.690,00 625,00
21. Pancas 18.497 30
%
12.300,00 3.690,00 560,00
22. Pedro
Canário
24.404 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
23. Pinheiros 23.874 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
91
24. Piúma 17.212 30
%
12.300,00 3.690,00 713,00
25. Santa Teresa 20.742 30
%
12.300,00 3.690,00 550,00
26. São
Domingos do
Norte
8.205 20
%
12.300,00 2.460,00 652,00
27. São Gabriel
da Palha
30.604 30
%
12.300,00 3.690,00 622,00
28. São
Mateus/ES
101.613 50
%
12.300,00 6.150,00 1.000,00
29. São Roque
do Canaã
10.817 30
%
12.300,00 3.690,00 629,00
30. Serra 404.688 60
%
12.300,00 7.380,00 1.500,00
31. Sooretama 27.761 30
%
12.300,00 3.690,00 513,00
32. Vargem Alta 18.637 30
%
12.300,00 3.690,00 620,00
33. Viana/ES 60.829 40
%
12.300,00 4.920,00 684,00
34. Vila Valério 14.048 30
%
12.300,00 3.690,00 510,00
35. Vila Velha 413.548 60
%
12.300,00 7.380,00 1.000,00
36. Vitória 320.156 60
%
12.300,00 7.380,00 1.391,00
Fontes: Assembléia Legislativa do Espírito Santo. Lei Municipal que dispõe sobre o
valor da remuneração do Conselho Tutelar. Emenda Constitucional 25/2000
92
ANEXO 10 – Aparecer Sobre a Constitucionalidade ou Não dos Direitos Sociais Para
Conselheiros Tutelares.
Parecer nº: 381
Resposta:
Prezado Consulente.
Em atenção à consulta formulada, passo a analisar o caso.
Sabe-se que há grande divergência sobre os direitos dos conselheiros tutelares perante à
Administração Pública, decorrente da falta de clareza na normatização, pelos entes
federativos, do exercício destas funções públicas.
Inicialmente, tenho que os conselheiros tutelares não exercem cargo ou emprego público,
mas, tão-somente, função pública, de modo que a doutrina os qualifica como agentes
honoríficos, assim compreendidos os que exercem função pública provisória, sem ocupar
cargo ou emprego público, em prol da Administração Pública.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro classifica-os de "particulares em colaboração com o Poder
Público", afirmando que "Nessa categoria entram as pessoas físicas que prestam serviços ao
Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração." (in Direito Administrativo. 17ª
ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 437.)
Assim, o exercício da função pública de conselheiro tutelar pode ou não ser remunerada, a
critério do município. Neste sentido disciplina o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
(Lei nº 8.069/90), em seu artigo 134:
Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários
ao funcionamento do Conselho Tutelar.
O Tribunal de Contas de Santa Catarina possui o seguinte posicionamento:
Prejulgado nº 1869. A autonomia federativa do Município e sua competência
constitucionalmente estabelecida para legislar sobre interesse local, bem como a
competência específica prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n. 8.069/90,
permitem a edição de lei municipal que fixe a remuneração dos Conselheiros Tutelares,
desde que haja disponibilidade de recursos para arcar com essas novas obrigações e sejam
observadas as implicações contidas na Lei de Responsabilidade Fiscal. (julgado em
07/05/2007)
Por sua vez, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina também reconhece a autonomia do
município em legislar sobre a remuneração dos serviços prestados pelos conselheiros
tutelares. Cita-se repertório jurisprudencial:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE ANTECIPOU A
TUTELA PARA CONCEDER LICENÇA-MATERNIDADE à CONSELHEIRA TUTELAR -
CARGO DITO HONORÍFICO, SEM POSSIBILIDADE DE USUFRUIR AS BENESSES
CONCEDIDAS AOS SERVIDORES MUNICIPAIS - IRRELEVÂNCIA - LEGISLAÇÃO
MUNICIPAL REGULAMENTADORA DA ATIVIDADE QUE ASSEVERA A EQUIVALÊNCIA
DO CARGO EM TELA COM OS CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO -
DISPOSIÇÃO LEGAL ESTENDENDO AS VANTAGENS DOS SERVIDORES MUNICIPAIS
AOS CONSELHEIROS TUTELARES - PREVISÃO CONSTITUCIONAL - ARTS. 7º, XVIII, E
39, § 3º, DA CF - SERVIÇO PÚBLICO RELEVANTE - RECURSO DESPROVIDO. Mutatis
mutandis, sabe-se que "o Conselheiro Tutelar eleito é um agente público honorífico que não
se enquadra na categoria de servidor público. Não obstante, se a Lei Municipal lhe garante a
"remuneração" do cargo de Datilógrafo II, a que foi equiparado, e a sujeição de seus direitos
e obrigações ao Estatuto dos Servidores, tem ele direito ao percebimento das vantagens
permanentes estabelecidas em tal Diploma, inclusive gratificação natalina e adicional de
férias, bem como antecipação salarial dada aos servidores" (Ap. Cív n. 2004.036899-7, de
93
São Miguel do Oeste). (AP nº 2005.036281-9. rel. Des. Francisco Oliveira Filho. Julgado em
29/08/2006)
APELAÇÃO CÍVEL - CONSELHEIROS TUTELARES ELEITOS NA FORMA DO ART. 132
DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - REMUNERAÇÃO ESTABELECIDA
POR LEI MUNICIPAL - DIREITO AO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO - PREVISÃO
LEGAL. Os conselheiros tutelares são eleitos pela comunidade para mandato de três anos.
Embora sejam agentes públicos, não são, em tese, servidores, mas particulares em
colaboração com a administração. A remuneração conquanto seja facultativa (art. 134,
ECA), no caso em análise, é estabelecida por lei municipal, a qual dispõe que, além dos
vencimentos mensais, os conselheiros tutelares terão direito, também, ao décimo terceiro
salário e férias. (Apelação Cível nº 2005.038931-0, rel. Des. Volnei Carlin. Julgado em
30/03/2006)
Portanto, diante da posição do Tribunal de Contas e do Tribunal de Justiça, ambos do Estado
de Santa Catarina, bem como pelo próprio texto do artigo 134 da Lei nº 8.069/90 (ECA),
tenho como cabível que lei municipal fixe valores de remuneração e outros direitos para os
conselheiros tutelares, em decorrência do exercício de relevante função pública. Todavia, a
remuneração não é obrigatória, consoante os fundamentos já apontados neste parecer.
No caso em questão, percebe-se que o município possui lei fixando remuneração em benefício
dos conselheiros tutelares, sem, contudo, dispor sobre os demais direitos arrolados pelo artigo
7º da Constituição Federal.
Ainda, na legislação em comento os conselheiros tutelares não são equiparados aos exercentes
de cargos públicos ou empregos públicos, o que impossibilita a aplicação do artigo 7º e 39, §
3º, da Constituição Federal. Neste caso, compreendo que os Conselheiros Tutelares não
possuem os direitos albergados pelo artigo 7º da Constituição Federal, uma vez inexistir
norma constitucional reconhecendo tal direito aos exercentes de função pública.
Assim, aos conselheiros tutelares somente são devidas as importâncias estabelecidas pela lei
municipal, podendo, todavia, o legislador municipal reconhecer quaisquer dos direitos
previstos para no artigo 7º da Constituição Federal, desde que assim faça de forma expressa.
Em interessante obra, Wilson Donizeti Liberati e Públio Caio Bessa Cyrino manifestam-se:
"O conselheiro tutelar é um servidor público cuja função relevante (art. 135 do ECA) dura
enquanto durar seu mandato de três anos, renovável por mais três. Mesmo remunerado, o
trabalho que executa não gera vínculo empregatício com a Municipalidade. Não é regido
pelas leis trabalhistas, porque não é empregado. Sua função relevante é regida por norma
geral federal (Estatuto), e pode, nos termos dessa mesma norma geral, nem ser remunerado.
A lei municipal deve prever (art. 134, parágrafo único, do ECA) no orçamento recursos para
a manutenção do Conselho, aí incluída a função gratificada de conselheiro.
O conselheiro tutelar não terá regime funcional qualificado como estatutário ou de prestação
de serviços de terceiros, porque é escolhido pela comunidade, com mandato certo. A ninguém
ficará subordinado administrativamente. Prestará seu trabalho de acordo com a
determinação legal, e só a ela estará obrigado. Contudo, seu trabalho poderá ser fiscalizado
pelo Ministério Público e pela autoridade judiciária". (in Conselhos e Fundos no Estatuto da
Criança e do Adolescente. São Paulo: Malheiros. pág. 139)
Neste sentido, cita-se acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região, onde se
analisam os direitos trabalhistas dos conselheiros tutelares:
"(...)
Nem se vislumbra, na hipótese dos autos, a presença dos elementos integrantes da definição
de emprego contida no art. 3º da CLT, tendo em vista que o próprio recorrente afirma, na
peça exordial, que as suas atribuições eram aquelas elencadas no art. 136 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, pois estas são, exatamente, as atribuições do Conselho Tutelar.
Ainda que assim não fosse, e estivessem delineados todos os elementos característicos das
94
situações de emprego e de empregador nos termos da legislação trabalhista, não poderia
vingar a pretensão ao reconhecimento de vínculo de natureza empregatícia com o município
recorrido. Isso porque não estaria atendido o princípio constitucional da acessibilidade a
cargos e empregos públicos mediante concurso público, consagrado pelo art. 37, inciso II, da
Constituição Federal de 1988, diante do qual sucumbe o princípio da primazia da realidade
que informa o Direito do Trabalho. Diante do que preceitua o § 1º do citado dispositivo
constitucional, a contratação de empregado por órgão da administração pública direta,
indireta e fundacional, sem prévia habilitação em concurso público, de provas ou de títulos, é
nula de pleno direito e, portanto, não implica a formação do vínculo jurídico de emprego.
Impõe-se, portanto, a confirmação do julgado de origem quando declara a inexistência de
vínculo empregatício entre as partes. Logo, não há que se cogitar de direitos decorrentes do
desempenho da função de conselheiro tutelar, como o de férias, com fundamento no art. 41,
"caput", e parágrafo único da Lei Municipal nº 2.998/95, que é invocado nas razões
recursais." (RO nº 96.017459-1/1996, 3ª Turma do TRT 4ª região)
Feitas estas considerações, passa-se a responder objetivamente os questionamentos feitos:
1) aos conselheiros tutelares somente são devidos os direitos reconhecidos na legislação do
município no qual exercem suas funções públicas;
2) nos julgados acima colecionados, percebe-se que os municípios de Joinville e Balneário
Camburiú possuem legislação reconhecendo direito à remuneração ao exercício da função
pública de conselheiro tutelar, dispondo sobre os direitos sociais decorrentes da remuneração
(13º salário, férias, etc);
3) compreendo como cabível que lei municipal seja alterada para fins de permitir a
remuneração dos conselheiros tutelares, desde que haja previsão orçamentária (art. 169, § 1º,
da CF); e
4) a FECAM aconselha aos municípios que observem as recomendações dos órgãos de
fiscalização e do Poder Judiciário, bem como que disciplinem claramente em lei municipal
quais os direitos dos conselheiros tutelares.
Neste sentido posiciono-me.
Florianópolis, 20 de agosto de 2007.
Marcos Fey Probst
Assessor Jurídico da FECAM