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Vivamos na cidade ou no campo temos de satisfazer as nossas necessidades básicas, entre elas, a alimentação. Genericamente, o campo é, por excelência, o principal fornecedor de bens primários. A cidade, pelo contrário, fornece bens manufaturados e serviços ao campo. Todavia, as vias de transporte e as novas tecnologias da comunicação têm proporcionado uma maior proximidade entre estes dois mundos: o modo de vida urbano é "absorvido" pelos rurais; o modo de vida rural, o seu património natural, atraem cada vez mais citadinos cansados do modo de vida urbano.
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A interA interA interA inter----relação entre espaço relação entre espaço relação entre espaço relação entre espaço urbano e espaço ruralurbano e espaço ruralurbano e espaço ruralurbano e espaço rural
Relações Relações Relações Relações de interdependência e complementaridade de interdependência e complementaridade de interdependência e complementaridade de interdependência e complementaridade
Diferenças entre modo de vida rural e modo de vida urbano
�Tradicionalmente, a oposição entre os dois modos de vida é nítida:
Modo de vida rural Caraterísticas Modo de vida urbano
Produção de alimentos Função principalProdução industrial e prestação de serviços
Agricultura e criação de gado Atividade económica dominante Serviços e indústria
Família camponesa, conservadora e tradicional
Grupo social de referênciaFamília urbano-industrial aberta à modernidade
Baixa densidade de construçãoAbundância de espaços verdes
Tipo de paisagem
Elevada densidade de construção (em superfície e em altura) ausência de espaços verdes de qualidade
Ao longo do tempo, as diferenças sofreram uma evolução
� A segunda metade do século XX, com a forte mecanização da agricultura nalguns países e regiões, criou uma fratura entre um mundo rural moderno (que surgiu e continua a evoluir) e um mundo rural tradicional (aquele que se manteve estático e não acompanhou as novas tendências).
� As diferenças diminuem, pelo contrário, entre as áreas rurais modernas e as cidades, havendo, entre elas, maior proximidade
� Física� Funcional� Socioeconómica.
� As diferenças aumentam entre o mundo urbano e as áreas rurais tradicionais condenadas ao despovoamento e ao esquecimento.
A “invasão” do campo pela cidade: Periurbanização e Rurbanização
• A vida urbana torna-se demasiado cansativa (stress) e as distâncias a percorrer diariamente implicam gastos elevados de tempo improdutivo, isto é, a distância-tempo e a distância-custo aumentam muito.
• À medida que as cidades se expandem em superfície o campo envolvente é invadido e conquistado, primeiro, com a deslocação da indústria para as periferias e, progressivamente, por outras funções urbanas: comercial, residencial, de serviços à comunidade (escolas básicas, centros de saúde, equipamentos coletivos), todo esta sequência suportada numa rede de transportes mais densa e diversificada.
• Fala-se em periurbanização e rurbanização.
� RURBANIZAÇÃO: invasão do espaço rural por formas de viver urbanas:
� Habitações de tipo unifamiliar dispersas� Moradores que trabalham nas cidades� Moradores geradores de movimentos pendulares (detentores de
elevado poder de compra deslocam-se em veículos particulares que percorrem, rapidamente, as distâncias físicas servidas por vias de transporte rápidas, autoestradas ou itinerários principais)
� Difusão de modos de vida urbanos que, a prazo, vão esbater as diferenças entre rurais e citadinos.
� Fala-se em “os novos rurais” apesar de, nem todos, se dedicarem à vida do campo. Procuram, antes, a paz e a tranquilidade que a cidade não é capaz de proporcionar.
Consequências?
Novos elementos no contexto das relações cidade-campo
� Reforço da função residencial de urbanos economicamente mais desafogados
� Aparecimento de novas atividades, por exemplo, construção civil, lazer, turismo, ou, mesmo, instalação de algumas indústrias.
� Manutenção, por parte de alguns rurais, de atividades agrícolas.
� Instalação de novos produtores agrícolas, jovens, bem informados e formados.
� Reforço da terciarização do campo, diminuição do peso da função primária.
� Aproximação dos modos de comportamento entre rurais e urbanos, trabalho facilitado pela proliferação dos media (TV, Internet, telemóveis, jornais…)
O caso de Portugal – as relações cidade/campo
Até à década de 60 do século XX
� Portugal é um país rural e tradicional
� O campo fornece bens alimentares à cidade, matérias primas para a indústria e população ativa jovem e, ainda, espaços de lazer e turismo.
A partir dos anos 60 (1960-1973)
� Migrações internas atingem uma elevada intensidade
� Aumentam as assimetrias regionais e os desequilíbrios demográficos entre o litoral e o interior
� São evidentes os contrastes funcionais entre o campo e a cidade (Continua)
� A cidade atrai pelos bens de consumo que disponibiliza, pelas máquinas agrícolas que fabrica, pelos combustíveis que fornece, pelos serviços especializados de que dispõe.
� O campo sofre uma dicotomia: há o que repele, envelhece e permanece tradicional e há o que se urbaniza por força da expansão das periferias urbanas e pelo êxodo urbano e que, portanto, atrai.
Século XXI
� O rural e o urbano confundem-se
� Entre os jovens, sejam da cidade sejam do campo, é difícil distinguir pelo vestuário, pelos gostos, pelo acesso às novas tecnologias quem são os rurais, quem são os urbanos. Os jovens sentem-se rurbanos.
Dinâmicas entre cidade e campo
CIDADE Efeitos Campo
Maior oferta de realização profissional (maior número de empresas, serviços e bens dada a existência de “bacias de emprego”)
Maior diversidade sociocultural, de consumo e lazer
Maior dinamismo demográfico e consequentemente população mais jovem
Maiores oportunidades de relações sociais
Fracas oportunidades de realização profissional
Maior oferta de contacto com a natureza
Permanência de valores espirituais e sentimentais que, em ocasiões festivas, provoca uma atração temporária
Fraco dinamismo demográfico e população envelhecida que mantém a memória familiar
Atração/Repulsão
Normalmente a cidade atrai, o campo
repele. Mas, cada vez mais, há
exceções.
Freguesia de Serzedo - Fantástica Moradia Isolada T5, Vista de campo/serra
A antiga casa senhorial da Quinta do Calvário, na freguesia de Sandim, em Vila Nova de Gaia, foi resgatada ao seu passado e transformada num hotel de cinco estrelas de "ambiente rústico chic". Villa Sandini Hotel & SPA Com 16 quartos …cada espaço "é decorado de acordo com o conceito campestre", em que "diferentes flores, plantas e frutos proporcionam os mais variados aromas". O hotel inclui ainda …um restaurante …cuja cozinha é fornecida por uma produção agrícola própria.
Um exemplo de valorização do património rural numa freguesia que se localiza muito perto da segunda maior cidade do país, a cidade do Porto.
Freguesia de Sandim – uma moradia em meio rural e terreno para venda. Muitas vezes o proprietário prefere vender a terra do que pô-la a produzir
Movimento Novos Rurais
Novos valores que sustentam a procura da proximidade com a natureza e com a vida no campo
Os novos agricultores no Algarve Os novos agricultores são oriundos das mais diversas áreas, seja da agronomia, engenharia biomédica, farmacêutica, engenharia mecânica ou eletrotécnica, e regressam às terras por "via familiar", para combater o desemprego e a crise, mas também, porque há um certo "encantamento pela natureza e uma maior sensibilidade ambiental" nesta nova geração … A nova geração de jovens agricultores com estudos traz dinamismo ao setor, pois sabem aceder facilmente aos apoios comunitários e conseguem controlar as suas candidaturas ou a rega das plantações à distância de um clique na Internet (…)
A produção de mel, abacate e de frutos vermelhos é quase toda para exportação para a Europa e para fora da Europa, como Nova Zelândia, e "continua a haver procura destes produtos no mercado“ (…) os jovens agricultores algarvios criaram cerca de "mil postos de trabalho" com os seus projetos no âmbito do PRODER.
O diretor da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAPAlg) chamou de "revolução" e "viragem" no setor agrícola da região algarvia a chegada de tantos jovens à terra --cerca de 500 -- nos últimos sete anos.
Da creche…para os morangos
Ricardo e Isménia escolheram o sossego do Ladoeiro para uma vida mais pacata e sem stress
…Ali instalou-se esta família, que deixou o bulício da cidade e a Creche com oito funcionários, que possuíam em Odivelas, para fazer vida no Ladoeiro.
A filha na altura tinha dois anos e meio e teve um peso decisivo nesta opção. Qualidade de vida e tempo é o que Ricardo e Isménia destacam como "muito positivo" nesta decisão da qual não se arrependem.
"Ao nível da educação, há uma excelente rede escolar e sobretudo há tempo para sermos pais, há tempo para as crianças crescerem com qualidade“ … em Lisboa as crianças passam 12 horas numa creche ou num jardim-de-infância … e isso não é a melhor forma de criar os filhos, embora para quem ali resida seja a única solução."Optámos por não ter tanto rendimento, mas temos mais tempo e isso é mais importante", acrescenta o marido. Atualmente a filha tem seis anos. Não sente a mudança até porque acaba por viver os dois mundos, já que nas férias vai para a grande cidade, para junto dos avós. "Nós também quando temos necessidade de ir a Lisboa, vamos porque estamos a pouco mais de duas horas e não há grandes obstáculos. Não sentimos muito a mudança porque sentimos que continuamos muito perto", afirma Isménia, lembrando que as novas tecnologias também permitem que, hoje em dia tudo se torne "mais próximo".E garante que a nível cultural nada se perde, porque a ‘cidade', termo que utiliza várias vezes referindo-se a Castelo Branco, é, segundo ela, muito equilibrada. Por outro lado, Isménia continua a investir na sua formação, na Escola Superior de Educação, em Castelo Branco. A parte académica ficou até beneficiada com a mudança, uma vez que em Lisboa não tinha tempo para isso.
Ator Zé Pedro Vasconcelos também é
hoteleiro
José Pedro Vasconcelos, ator e apresentador de televisão, e a mulher, a produtora Mariana Roxo, passaram a viver no Imani Country House, a antiga quinta agrícola que recuperaram na aldeia de Guadalupe, perto de Évora, e que agora funciona como hotel em espaço rural.
Além do hotel Imani (que significa 'acreditar' em língua suaíli), que abriu em maio de 2011, Zé Pedro também é sócio-gerente do restaurante Santo António de Alfama, em Lisboa.
"Preciso destes dois negócios para viver. Quando a maré está baixa de um lado, não posso comer só conchas", frisa o ator.
O Imani Country House foi classificado pela revista americana Condé Nast Travel em 2012 como um dos 12 melhores hotéis abertos no mundo com diária abaixo de 300 dólares.