- 1. A PROSA MODERNISTA DE 22
A FASE DE RUPTURA
2. A PROSA MODERNISTA DE 22
- O modernismo de 22 enfatizou muito mais a produo potica, os
manifestos e os movimentos primitivistas. 3. A produo romanesca foi
resumida, destacando-se Mrio de Andrade, Oswald de Andrade e Antnio
Alcntara Machado. 4. Mrio de Andrade produziu dois romances
exemplares: Macunama e Amar, verbo intransitivo, alm da narrativa
curta: Contos novos e Contos de Belazarte. 5. Oswald de Andrade
destacou-se com os romances Memrias sentimentais de Joo Miramar e
Serafim Ponte Grande. 6. Antnio Alcntara Machado produziu um livros
de contos com o ttulo de Brs, Bexiga e Barra funda.
MACUNAMA
- uma obra classificada no propriamente como um romance, mas como
uma rapsdia, j que a narrativa uma mistura de lendas, mitos e
folclore. 7. Narrada em terceira pessoa, a obra procura sintetizar
os elementos da cultura brasileira, apoiando-se, portanto, no ndio,
negro, mestio e no branco. 8. Perpassa por toda a narrativa um tom
de pardia, principalmente, no tocante ao ndio, cultura acadmica e
viso idealizada da formao cultural e racial brasileira. 9. uma
narrativa mgica, sobrenatural, em que o narrador enfatiza o carter
primitivo e mtico da cultura indgena e negra. 10. O protagonista,
Macunama, sintetiza o homem latino-americano ou brasileiro, j que
seu carter multifacetado, e, por isso, chamado de heri sem nenhum
carter.
AMAR, VERBO INTRANSITIVO
- Romance narrado em terceira pessoa, narrador onisciente e
intruso e com intensa quebra da linearidade. 11. Percebe-se que a
inteno de Mrio foi refletir sarcasticamente sobre a cultura
brasileira europeizada e sobre os valores culturais e sociais
burgueses. 12. A trama gira em torno de uma relao afetivo-amorosa
entre um rapaz de classe burguesa e uma governanta ariana, chamada
Elza, denominada de Fraulein. 13. O romance coloca em choque
elementos da cultura nacional e da cultura europeia,
desmistificando o conceito de superioridade que se tem da cultura
estrangeira. 14. Atravs da ironia e do humor, Mrio reafirma, como j
fez em Macunama, os valores da cultura e da sociabilidade
brasileira. 15. Do ponto de vista estrutural, o romance apresenta
um estilo moderno, sem enredo tradicional, e com constantes
intromisses do narrador atravs de comentrios e explicaes.
MEMRIAS SENTIMENTAIS DE JOO MIRAMAR
- O principal romance de Oswald de Andrade apresenta um estilo
transgressor, sendo denominado de antirromance. 16. A obra foge
completamente ao padro tradicional de narrativa, no tendo
propriamente um enredo, sendo formado de uma mistura de gneros. 17.
O enredo centrado nas digresses do protagonista, Joo Miramar, um
intelectual burgus que morou em Paris e no retorno ao Brasil
procurar refletir sobre vrios aspectos da cultura brasileira e
europeia. 18. As digresses aparecem em formas diversas de linguagem
no configurando, portanto, uma narrativa tradicional. 19. A obra
permeada de um tom irnico, humorstico, satrico e parodstico, em que
o alvo a cultura burguesa e acadmica. 20. O romance ou antirromance
vale muito mais pelo carter de inveno, de pardia e de experimentao
de linguagem do que pela histria, pelo enredo.
BRS, BEXIGA E BARRA FUNDA
- a principal obra de Antnio Alcntara Machado, escritor
descendente de italianos. 21. Os contos que compem a obra tematizam
a vida do imigrante italiano na cidade de So Paulo. 22. So
narrativas que destacam as relaes sociais e culturais nos bairros
Brs, Bexiga e Barra funda, envolvendo normalmente personagens
italianos e brasileiros. 23. Os contos revelam como os italianos vo
se adaptando cultura brasileira e as influncias da cultura italiana
no Brasil. 24. Antnio Alcntara Machado considerado autor de um
portugus macarrnico porque em suas narrativas tematiza a mistura
lingustica entre italiano e portugus em funo do encontro das
culturas europeia e brasileira. 25. As narrativas tambm revelam a
formao da conscincia proletria brasileira proporcionada pelos
operrios italianos e a penetrao dos chamados carcomanos no universo
aristocrtico brasileiro, sempre com uma boa dose de ironia.
O ROMANCE DE TRINTA
UMA REFLEXO SOBRE O SUBDESENVOVIMENTO BRASILEIRO
26. O NEORREALISMO DE TRINTA
- A mais substancial literatura brasileira surge na dcada de
trinta, principalmente, no Nordeste brasileiro. 27. De feio
neorrealista, o romance de trinta aborda as questes sociais ,
econmicas e polticas que fazem do Brasil um pas subdesenvolvido.
28. O manifesto regionalista do Recife, elaborado por intelectuais
nordestinos, como Gilberto Freire e Jos Lins do Rego, foi o
responsvel pela solidificao uma literatura nordestina. 29. A
literatura de trinta no foi somente do Nordeste, pois apareceram
escritores no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Gois.
O ROMANCE DE TRINTA NO BRASIL
- rico Verssimo ser o principal escritor deste perodo no Rio
Grande do Sul, fazendo uma obra em que aparecem duas tendncias: um
romance histrico, de feies sociais e polticas, com destaque para a
trilogia O Tempo e OVento e Incidente em Antares; um romance urbano
de tendncia psicossocial, em que se destacam Clarissa e Olhai os
lrios do campo. 30. No Rio de Janeiro, Marques Rebelo o destaque,
principalmente, com o seu A estrela sobe, em que traa um painel
crtico das questes sociais e culturais de um Rio de Janeiro que est
se tornando uma metrpole capitalista.
O ROMANCE DE TRINTA NO BRASIL
- Em Gois, o grande destaque Bernardo lis com o seu romance pico,
O Tronco, em que tematiza a saga dos coronis latifundirios em
confronto com o novo governo. 31. Avultam, Nordeste, entretanto, os
escritores mais importantes deste perodo: do Cear Bahia aparecem
obras que deixaro para sempre uma viso de mundo marcada pela
reflexo crtica sobre o subdesenvolvimento da regio. 32. O grande
destaque de trinta, indubitavelmente, est relacionado com Raquel de
Queiroz, no Cear; Jos Amrico de Almeida e Jos Lins do Rego na
Paraba.
O ROMANCE DE TRINTA NO BRASIL
- Em Pernambuco, Gilberto Freire vai influenciar a gerao de
trinta ao fazer Casa Grande e Senzala, um misto de sociologia e
literatura, em que discute a formao da sociedade patriarcal
nordestina. 33. Em Alagoas, o destaque fica por conta de Graciliano
Ramos, escritor clssico, universal, mas dono de uma obra humanista
sem precedentes, principalmente, pela abordagem que faz da relao
entre o homem e o meio opressor. 34. Vidas secas, So Bernardo,
Angstia e o autobiogrfico Memrias do crcere esto entre as melhores
obras do perodo.
O ROMANCE DE TRINTA NO BRASIL
- Em Sergipe, aparece Amando Fontes, inserindo o estado na
Literatura de trinta com dois romances de formao proletria: Os
Corumbas e Rua do Siriri. 35. Jorge Amado ser o responsvel pela
obra mais extensa e mais comprometida politicamente produzida no
pas a partir deste perodo. 36. Basicamente sua produo literria
possui duas fases: a primeira, de 30 a 56, apresenta uma colorao
poltica ideolgica bem ntida, o que levou seus crticos a chamarem de
panfletria. 37. A segunda, a partir de Gabriela, cravo e canela se
volta para questes de ordem social e cultural em que aborda questes
como preconceito, racismo e liberdade.
O MUNDO DO ENGENHO EM A BAGACEIRA
38. MODERNISMO DE TRINTA
- A Bagaceira, em 1928, o primeiro romance de feies
neorrealistasa ser publicado pelo chamado grupo nordestino. 39. O
romance de Jos Amrico de Almeida aborda questes econmicas, sociais,
culturais e polticas do Nordeste brasileiro, denunciando o
subdesenvolvimento da regio. 40. Basicamente a temtica de A
Bagaceira gira em torno das transformaes que ocorrem no interior do
mundo do engenho de cana de acar. 41. Avultam tambm questes
relativas aos cdigos morais, culturais e ticos do mundo patriarcal
nordestino. 42. Observa-se o fenmeno do cangao que aparece como
elemento de resistncia explorao e opresso do senhor de
engenho.
JOS LINS DO REGO
43. O ENGENHO DE JOS LINS DO REGO
44. O CICLO DA CANA DE ACAR
- A obra de Jos Lins do Rego tematiza o mundo do engenho no
interior do Nordeste brasileiro, revelando principalmente o
processo de decadncia do mundo rural. 45. Nos romances inseridos no
ciclo da cana de acar ocorre um resgate das relaes sociais,
econmicas e polticas atravs de um tom saudosista do autor. 46. A
maior parte dos romances de Jos Lins do Rego possui um cunho
memorialista e com fortes traos autobiogrficos, j que o autor
oriundo da regio. 47. Dos romances do ciclo, Menino de engenho o
que apresenta uma viso mais lrica do mundo do engenho, enquanto que
Fogo Morto o seu romance mais crtico em relao ao processo de
decadncia do engenho.
CASA GRANDE X SENZALA
- A viso lrica, saudosista, da maior parte dos romances do ciclo,
em Fogo Morto, substituda por uma crtica contundente s relaes
sociais. 48. O Senhor de engenho aparece com elemento opressor,
explorador das classes marginalizadas, no romance, simbolizadas
pelo mestre Jos Amaro. 49. Surge ento como elemento de resistncia o
cangaceiro que representa os pobres e oprimidos, respondendo com
violncia a opresso dos senhores de engenho. 50. Em Fogo Morto, a
figura do personagem quixotesco, capito Vitorino, simbolicamente
representa a justia num mundo em que a lei a do mais forte.
O ENGENHO, UM MUNDO EM DESTRUIO
- Em Menino de engenho, o menino Carlos Melo representa o
alter-ego de Jos Lins do Rego, neto de senhor de engenho e criado
em sua infncia entre os moleques da bagaceira. 51. O romance,
entretanto, no apenas saudosista, porque medida que o menino Carlos
Melo vai relembrando o auge do engenho e seu declnio emana uma viso
crtica de um mundo em derrocada. 52. De Menino de Engenho a Usina,
Jos Lins do Rego nos d painel das relaes sociais, polticas e
econmicas no interior do engenho, desde seu apogeu sua decadncia,
na primeira metade do sculo XX, com a chegada da Usina e
consequentemente do Capitalismo.
GRACILIANO RAMOS
53. A LITERATURA HUMANISTA
- Indubitavelmente a literatura mais importante de trinta a de
Graciliano Ramos, visto que o escritor alagoano extrapolou as
questes regionais, para se fixar em dramas humanos e universais.
54. Vidas Secas, por exemplo, no aborda apenas a seca e o latifndio
como elementos de opresso ao sertanejo no Nordeste brasileiro, mas
a relao direta do homem com uma sociedade ditatorial, adversa, que
coisifica e reifica o ser humano. 55. Em So Bernardo, Graciliano
reflete como o processo capitalista reduz o homem a um mero joguete
das foras produtivas, tornando-o desumano, bruto, alienado ao
sistema.
VIDAS SECAS
56. VIDAS SECAS
- nico romance de Graciliano Ramos narrado em terceira pessoa,
mas com uma temtica acentuadamente psicolgica. 57. O narrador em
discurso indireto e indireto livre perscruta avida interior do
vaqueiro Fabianoe de sua famlia num verdadeiro estudo da alma
humana. 58. O romance, entretanto, no se resume interrogao
psicolgica, mas a uma reflexo profunda sobre o embrutecimento do
homem em sua relao com o meio social e o ambiente hostil. 59. O
tema do romance gira em torno do processo de coisificao a que so
submetidos os personagens em sua relao com a estrutura social e o
embrutecimento a que so reduzidos em contato com a natureza
adversa.
VIDAS SECAS
- A disposio dos personagens no romance ocorre dentro de uma
estrutura de poder: de um lado, a classe dominante formada pelo
fazendeiro, pelo cobrador de impostos e pelo soldado amarelo; do
outro, a classe dominada composta por Fabiano, o vaqueiro, sua
mulher, Sinh Vitria, o menino mais velho e o menino mais novo. 60.
A cachorra baleia e um papagaio fazem parte da estrutura familiar
em sua luta pela sobrevivncia. 61. Aparecem ainda no romance Seu
Tomaz da Bolandeira, o guarda livros da fazenda, e Sinh Terta, a
costureira. 62. O personagem protagonista Fabiano explorado
brutalmente pelos trs personagens da classe dominante,
representando a estrutura social, poltica e fundiria do Nordeste
brasileiro.
VIDAS SECAS
63. VIDAS SECAS
- No bastasse a explorao a que submetido pela estrutura social,
Fabiano e sua famlia tambm oprimido pela seca. 64. O romance possui
uma estrutura cclica, ou seja, inicia-se com os personagens fugindo
de uma seca e termina com outra fuga, revelando, pois, uma situao
que no apresenta sada. 65. A modernidade de Vidas Secas reside no s
na estrutura cclica, mas tambm na quebra da linearidade, j que os
captulos formam blocos, como se fossem pequenos contos. 66. A
opresso e a explorao a que so submetidos os personagens marginais
so os elementos temticos de ligao entre os captulos.
A LINGUAGEM ANTI LRICA
- Graciliano Ramos produziu uma obra sem concesso ao
sentimentalismo e, por isso, a sua linguagem trabalhada
artisticamente constitui um dos aspectos mais importantes de sua
literatura. 67. Uma linguagem sem adjetivao abundante, eivada de
frases curtas, objetivas, atravs de um vocabulrio seco e frases
sintticas, tudo devidamente adequado ao tema abordado. 68. Do ponto
de vista sinttico, Graciliano foi um escritor clssico, pautando sua
escrita com uma linguagem correta, sem ocoloquialismo que aparece
exageradamente em escritores de sua poca. 69. Sua obra fortemente
introspectiva, ensimesmada, de forte contedo psicolgico, mas com
reflexes de teor universal.
SO BERNARDO
70. SO BERNARDO, UMA CRTICA AO CAPITALISMO
- Romance narrado em primeira pessoa, narrador personagem Paulo
Honrio que, em determinado momento, resolve escrever sobre sua
vida, fazendo uma reflexo do que teria levado sua trajetria ao
fracasso existencial. 71. O personagem um ex-guia de cego obcecado
por possuir a fazenda So Bernardo de seu ex-patro e para tanto se
acerca do herdeiro, um liberal chamado Padilha, emprestando-lhe
dinheiro para depois arrematar a propriedade. 72. Paulo Honrio
representa em todos os aspectos o sistema capitalista, mas, ao
mesmo tempo, em que enriquece, embrutece-se num processo de
coisificao e reificao.
SO BERNARDO
- Paulo Honrio um homem rude, que vive no interior de Alagoas,
obcecado pela acumulao de capital e tratando todos a sua volta como
se fossem coisas, objetos, numa verdadeira atitude desumana. 73.
Depois da morte de sua mulher, a professora Madalena, o personagem
sente-se desanimado e solitrio e, por isso, resolver escrever sobre
sua vida. 74. A narrativa torna-se, portanto, um balano de sua
trajetria existencial e social em que, as poucos, ele vai revelando
o processo de reificao e coisificao por que passou. 75. A narrativa
um libelo contra o chamado capitalismo selvagem, que embrutece as
pessoas no processo de acumulao de capital.
MEMRIAS DO CRCERE
76. MEMRIAS DO CRCERE
- Considerado o romance autobiogrfico de Graciliano Ramos,
escrito depois que saiu da priso, o tema gira basicamente em torno
dos percalos sofridos por ele quando preso pela polcia de Vargas.
77. O romance, contudo, extrapola a mera narrativa dos episdios
autobiogrficos, para se tornar uma reflexo sobre a relao homem X
sociedade ditatorial. 78. O narrador, o prprio Graciliano Ramos,
reflete tambm sobre o papel do intelectual, do escritor e da
imprensa numa sociedade ditatorial. 79. Observa-se tambm uma anlise
acurada sobre o sistema penitencirio brasileiro, sendo que, no
desfecho, o romance acaba se tornando uma defesa dos valores
humanos numa sociedade ditatorial.
RAQUEL DE QUEIROZ
80. RAQUEL DE QUEIROZ
- Sua literatura tambm engajada, neorrealista, em que o social se
funde com o psicolgico, numa viso profunda das relaes humanas e
sociais no interior do Nordeste. 81. O Quinze indiscutivelmente seu
principal romance, ambientado no interior do Cear, com temtica
centrada no impacto da seca de 1915 nos sertanejos nordestinos. 82.
Mas, a exemplo de Graciliano Ramos, Raquel no cai no esquematismo
comum ao sistema poltico de achar no ambiente climtico a causa
principal dos sofrimentos do sertanejo nordestino, pois, ao
extrapolar a relao clima X homem, nos proporciona um testemunho da
explorao e opresso exercida pela latifndio na regio.
RAQUEL DE QUEIROZ
- Sem ser feminista, Raquel de Queiroz produz uma literatura
feminina, na medida em que seus personagens apresentam uma viso da
mulher que se afirma num mundo patriarcal e machista. 83. Assim o
que acontece com Conceio, em O Quinze; Noemi, em Caminho de Pedra;
Maria Moura, no Memorial; Maria Beata, em Maria Beata do Egito;
Josefa, Marta e Cremilde, em As trs Marias. 84. A obra de Raquel de
Queiroz um compromisso de resgatar a dignidade dos pobre e
oprimidos numa luta incansvel de resistncia contra um sistema
opressor e explorador, em que, s vezes, o cangao aparece como forma
de resistncia.
AMANDO FONTES SERGIPE NO ROMANCE DE TRINTA
85. A TEMTICA PROLETRIA
- Sua obra pode ser inserida no chamado romance proletrio da
dcada de trinta, de feio neorrealista e neonaturalista. 86. Em Rua
do Siriri, a temtica da prostituio em Aracaju vista pelo ngulo da
opresso e explorao de classe. 87. Em Os Corumbas, o tema gira em
torno: 88. Da formao do proletariado em Aracaju em que se colocam
em posio antagnica os trabalhadores da indstria txtil e a classe
dominante. 89. Do drama da prostituio vista pelos aspectos sociais
e econmicos, num ntido painel das relaes sociais na Aracaju dos
anos vinte. 90. Do processo de migrao do sertanejo para a periferia
da capital reforando os bolses de pobreza.
RICO VERSSIMO
91. O ROMANCE DE TEMTICA HISTRICA
- Sua obra basicamente pode ser dividida em dois blocos temticas:
romances de fundo histrico-poltico e romances de feio psicossocial.
92. O Tempo e o vento a sua obra principal, trilogia formada pelo O
Continente, O Arquiplago e O Retrato. 93. Nesses trs romances narra
em tom pico a histria do Rio Grande do Sul, desde o sculo XVIII at
meados do sculo XX. 94. A narrativa privilegia momentos importantes
do ponto de vista poltico, econmico e cultural da formao do estado
a partir dos cruzamentos raciais e culturais. 95. Incidente em
Antares um romance alegrico com temtica centrada no Brasil dos anos
sessenta, revelando aspectos peculiares da histria poltica.
O ROMANCE URBANO E PSICOLGICO
- Porto Alegre dos anos trinta o cenrio da maioria dos romances
urbanos, cujas histrias possuem um fundo psicolgico e social. 96.
As tramas dos romances giram em torno dos conflitos psicolgicos
vividos pela classe mdia burguesa porto-alegrense numa sociedade
que estava se tornando efetivamente capitalista. 97. Os romances se
concentram na luta pela ascenso social, nas relaes afetivas por
interesse, enfim traam um painel das relaes sociais urbanas. 98.
Destacam-se Olhai os lrios do campo, Msica ao longe, Caminhos
Cruzados, em que ocorre a tcnica do contraponto, e Clarissa.
GILBERTO FREIRECASA GRANDE E SENZALA
99. CASA GRANDE E SENZALA
- A casa-grande utilizada como uma metfora do Brasil colonial,
cuja sociedade teve seu arcabouo na atividade econmica, a
monocultura aucareira; dela resultando uma sociedade patriarcal,
agrria, escravista e mestia. 100. Freyre discute a formao da
sociedade brasileira a partir das contribuies das raas branca, ndia
e negra, imbricado aos conceitos de raa e cultura. 101. Atravs da
relao entre os primeiros portugueses, degredados ou no, e as ndias,
vistas com exuberncia pelos olhos europeus, que tem incio a povoao
num clima de "intoxicao sexual".
O ROMANCE DE 45
102. O REGIONALISMO DE GUIMARES ROSA
- O regionalismo de Guimares Rosa renova e inova esta tendncia da
Literatura brasileira, tanto do ponto de vista lingustico quanto do
temtico. 103. A linguagem regionalista do Modernismo pde Guimares
Rosa transfigurada por um processo de reinveno. 104. So rupturas
sintticas, inverses violentas, neologismos, arcasmos, hibridismos e
expresses do falar sertanejo misturadas com a oralidade urbana.
105. Semanticamente opera uma simbiose de provrbios e ditos
populares com cantigas, literatura de cordel e manifestaes do
folclore. 106. Uso constante de elementos sonoros, tais como,
aliterao, assonncia, paronomsia e onomatopeias.
A LINGUAGEM NAS MINAS GERAIS
Compadre meu Quelemm me hospedou, deixou meu contar minha histria
inteira. Como vi que ele me olhava com aquela enorme pacincia -
calma de que minha dor passasse; e que podia esperar muito longo
tempo. O que vendo, tive vergonha, assaz .Mas , por fim , eu tomei
coragem , e tudo perguntei:-"O senhor acha que a minha alma eu
vendi , pactrio?! "Ento ele sorriu, o pronto sincero, e me vale me
respondeu :-"Tem cisma no. Pensa para diante. Comprar ou vender, s
vezes, so as aes que so as quase iguais ..."
107. A TEMTICA ROSEANA
A linguagem de Guimares Rosa ultrapassa os limites "prosaicos" para
ganhar dimenso potico-filosfica, como se pode observar, em Grande
Serto: Veredas, quando Riobaldo expressa seus sentimentos a
Diadorim atravs de aforismos:
- Viver muito perigoso. 108. Deus pacincia 109. Serto. O senhor
sabe: serto 'onde manda quem forte, com as astcias. 110. ...serto
onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do
lugar . 111. ...toda saudade uma espcie de velhice. 112. Vivendo,
se aprende; mas o que se aprende, mais, s a fazer outras maiores
perguntas. 113....quem ama sempre muito escravo , mas no obedece
nunca de verdade.
OS TEMAS MAIS OBSERVADOS
- A psicologia mtica e mstica do sertanejo do interior do Brasil,
atravs de crenas no sobrenatural, no mgico. 114. O culto da cultura
primitiva em que se observa valores assentados em cdigos morais e
ticos. 115. O choque entre o racional e o primitivo no interior do
Brasil, proveniente da chegada de valores capitalistas. 116. A
violncia e a Jagunagem no interior do Serto Mineiro, como
resultantes do mundo primitivo em que vivem os personagens. 117. O
questionamento do sentido de Serto como um espao social. 118. A
loucura e os fenmenos paranormais. 119. O questionamento da
existncia de Deus e do diabo.
CLARICE LISPECTOR
120. CARACTERSTICAS TEMTICAS E ESTILSTICAS
- Sua obra densamente psicolgica, introspectiva, intimista. 121.
Suas narrativas em sua maior parte so de primeira pessoa. 122.
Normalmente, o narrador de Clarice uma mulher, que reflete sobre
uma situao existencial. 123. O universo ficcional de Clarice gira
em torno da mulher pequeno-burguesa ou burguesa. 124. Clarice
flagra seus personagens no momento da descoberta, da
autodescoberta, da Epifania. 125. Em algumas situaes seus
personagens se encontram em situao absurda diante da vida.
CARACTERSTICAS TEMTICAS E ESTILSTICAS
- Normalmente, o narrador de Clarice depara-se com o problema da
escritura, ou seja, da expresso, o que envolve uma preocupao
metalingustica. 126. A linguagem de Clarice densamente simblica,
alegrica, metafrica. 127. A linguagem intensamente introspectiva,
visto que o que interessa em Clarice a sondagem interior do
Personagem. 128. Os personagens de primeira pessoa desnudam-se e os
de terceira desnudam os protagonistas. 129. Usa constantemente o
Fluxo da Conscincia maneira de Joyce, Proust e Virgnia Wolf.
A PROSA CONTEMPORNEA
( romances, contos e crnicas )
130. O TROPICALISMO
- A Tropiclia, Tropicalismo ou Movimento tropicalista foi um
movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influncia das
correntes artsticas de vanguarda e da cultura pop nacional e
estrangeira (como o pop-rock e o concretismo). 131. Misturou
manifestaes tradicionais da cultura brasileira a inovaes estticas
radicais, resgatando alguns pressupostos do Modernismo de 22. 132.
Tinha objetivos comportamentais radicais, que encontraram eco em
boa parte da sociedade, sob o regime militar que impunha severa
censura. 133. O movimento manifestou-se principalmente na msica,
nas artes plsticas, no cinema e no teatro brasileiro.
A TEMTICA DA VIOLNCIA URBANA
RUBEM FONSECA
- Suas narrativas so, em maior parte, curtas, ou seja, de contos
e o tema principal gira em torno da violncia urbana. 134. Em Rubem
a violncia urbana assume uma conotao scio-poltica, em que os
assuntos so abordados sociologicamente. 135. H nele uma ntida
preferncia por personagens marginalizados e de nomes exticos,
esquisitos, quase todos denominados por uma falha fsica no corpo.
136. O mundo da transgresso em Rubem assume uma funo simblica de
luta de classe, em que um grupo tenta ter aquilo que lhe negado
pela sociedade.
A TEMTICA DA VIOLNCIA URBANA
- Sua linguagem assume tambm uma funo transgressora, por isso faz
uso constantemente de palavras erticas consideradas pela sociedade
como pornogrficas. 137. Rubem Fonseca ficou conhecido por causa de
Agosto, obra em que tematiza em tom policialesco os episdios que
culminaram com a morte de Getlio Vargas. Esta obra foi adaptada
para uma srie da televiso. 138. Principais contos: Feliz Ano Novo,
O Cobrador, Passeio Noturno um e dois, Intestino Grosso e As
Agruras de um Jovem Escritor.
A TEMTICA DA VIOLNCIA URBANA
DALTON TREVISAN
- Sua obra basicamente composta por contos e coloca Curitiba como
o cenrio simultaneamente mgico e vulgar de seus relatos. 139. Seus
personagens vivem em torno dos desastres do amor, numa sucesso de
desejos alucinados, taras, compulses, traies cruis, crimes do
corao, paixes proibidas e infelizes. 140. Um personagem smbolo
desse mundo de paixes terrveis e solido no menos assustadora
Nelsinho, rapaz que vaga pela cidade em busca de sexo e afeto. Ele
o clebre vampiro de Curitiba.
A TEMTICA DA VIOLNCIA URBANA
JOO ANTONIO
- Um dos escritores que mais contestaram a ditadura militar nos
anos de 1970, o carioca Joo Antnio fez uma obra da estetizao da
misria em contraste com a propagando opulenta da poca em obras como
Lambes de caarola e Leo de Chcara. 141. Seu livro de contos
Malagueta, perus e bacanao, em que expe de forma simples e lrica
(mas contundente), flagrantes da vida de personagens suburbanos,
registrando especialmente o drama dos jogadores de sinuca, os
ltimos malandros paulistas, condenados ao desaparecimento pela
urbanizao feroz da cidade.
LIGIA FAGUNDES TELES
- Sua obra se diferencia da de Clarice medida que desenvolve uma
temtica social, sem deixar de ser introspectiva, destacando
principalmente as posies polticas da mulher e seus dramas nos
conflitos individuais em diversos nveis. 142. Lya Luft e Nlida Pion
tambm se dividem entre as solicitaes da velha ordem patriarcal,
representadas pela estrutura familiar, e um fundo desejo de ruptura
e libertao. Desse debate, resultam os conflitos nucleares que
estruturam as narrativas da autora, sempre caracterizadas por um
estilo de alto refinamento e vigor lrico.
O REGIONALISMO DE FRANCISCO DANTAS
143. MEMORIALISMO E REGIONALISMO
- O sergipano Francisco Dantas faz da rememorao o procedimento
central que d vida s suas personagens e as anima a contar a
trajetria de seus percalos, de resto indissocivel da histria de
seus antepassados e do contexto sociocultural do patriarcalismo
nordestino. 144. assim em seu primeiro romance, no por acaso
intitulado Coivara da Memria; j no segundo, Os Desvalidos, o
memorialismo menor, embora permanea como um motor importante da
escrita; em Cartilha do Silncio, a memria volta a ser o dispositivo
matriz que deflagra o relato e lhe d contorno e consistncia.
O ESPAO SERGIPANO
- O espao de Sergipe, atravs dos pseudnimos de Rio-das-Paridas,
Contendas dos papudos, Vilarejo de Alvide e Varginha, constitui um
elemento literrio recorrente em seus textos, e isso, associado sua
concepo de lngua aberta revitalizante contribuio da cultura
popular, explorada a partir do registro da oralidade. 145. A vida
rural nordestina, com seu ambiente agreste e atvico, faz parte da
literatura de forte carter memorialstico e elaborada construo
verbal, sendo no apenas o pano de fundo, mas personagem central de
sua fico, resgatando uma tendncia do Modernismo de trinta e
quarenta e cinco.
SARGENTO GETLIO
- Joo Ubaldo Ribeiro situa o enredo deste romance no estado de
Sergipe para contar a histria de Getlio, um rude sargento que tem a
misso de levar um prisioneiro , que inimigo poltico de seu chefe de
Paulo Afonso a Aracaju. 146. No meio do caminho, em virtude de uma
mudana no panorama poltico, o sargento recebe a ordem para soltar o
prisioneiro, mas devido a seu temperamento avesso s mudanas, ele
decide terminar a misso que lhe foi confiada, mesmo que tenha de
matar para complet-la. 147. O romance apresenta uma linguagem de
experimentao, maneira de Guimares Rosa, e intensamente oral e
regional.
TENDNCIAS CONTEMPORNEAS: A CRNICA E SUA TIPOLOGIA
- A narrativa, bem prxima do conto, cujo autor tpico Fernando
Sabino. 148. A metafsica, feita de reflexes filosficas, na tradio
de Machado e Drummond e tambm seguida por Paulo Mendes Campos. 149.
A poema-em-prosa, de contedo lrico, mostrando o xtase da alma
humana diante de algo carregado de significado para o autor. Seus
autores mais representativos so Rubem Braga, Loureno Diafria,
Carlos Eduardo Novaes. 150. A crnica-comentrio, falando de muitas
coisas diferentes como no caso de Plnio Marcos, Mrio Prata e Incio
de Loyola Brando.
TENDNCIAS CONTEMPORNEAS
Conto
- So inmeros os exemplos de contistas de excepcional qualidade na
literatura contempornea. Entre os mais significativos citam-se:
Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini
Jnior e Joo Antnio.
Romance
- No romance, temos duas tendncias. A dos escritores que adotam
recursos e tcnicas tradicionais, como Lygia Fagundes Telles, Otto
Lara Rezende, Heitor Cony, Mrio Palmrio. E a dos que se utilizam de
recursos experimentais, com Osman Lins, Ariano Suassuna, Geraldo
Ferraz.
TENDNCIAS CONTEMPORNEAS
Teatro
- Autores como Nelson Rodrigues, Oduvaldo Viana e Gianfrancesco
Guarnieri do aos seus textos teatrais a funo de questionar a
realidade brasileira e, por isso, foram muito visados pela ditadura
militar que perseguiu e exilou muitos dos dramaturgos.
Cinema Novo
- Com o advento do Cinema Novo, o cinema brasileiro realizou
verdadeiras obras-primas, adaptando textos literrios para a
linguagem cinematogrfica: Vidas Secas, Memrias do Crcere, Macunama,
Lio do Amor, A hora e a vez de Augusto Matraga, Morte e Vida
Severina.