9
Texto VIII: A turma do colégio (I) Autoria: Carol (tema) e seu Pai (texto) Março de 2011 http://caroleseupai.blogspot.com

A turma do colégio i

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A turma do colégio i

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Autoria: Carol (tema) e seu Pai (texto)

Março de 2011

http://caroleseupai.blogspot.com

Page 2: A turma do colégio i

Texto VIII: A turma do colégio (I)De vez em quando, a gente olha pra trás e fica pensando algumas coisas. Não é preciso ser mais velho pra fazer isso. Aos doze anos, também é possível esse tipo de coisa. Ainda mais se você estudou a vida toda no mesmo colégio.

Já pensou você estudar desde o infantil V no mesmo colégio e ao longo dos anos você acompanhar aquelas pessoas que desde novinhas convivem com você e que vão crescendo e mostrando a sua cara?

É muita coisa que você vê. E parece que é assim em todo colégio. Conversando com as primas elas contam que é mais ou menos do mesmo jeito. Sempre tem uns grupinhos, aqueles que são mais riquinhos, os mais bagunceiros, os calados, os que só tiram notas altas, os chorões, os que são os queridinhos dos professores e diretores.

1

Page 3: A turma do colégio i

Não adianta os professores usarem do expediente de troca-troca de lugares ou então fazer a equipe sentar junto porque a gente dá um jeitinho de manter o grupo. Na hora do recreio a gente tá junto, na saída da escola a gente tá junto.

Se for para um passeio a gente não se desgruda. É como se fosse um acordo. E existe ciúme de uma pela outra. Se alguém do grupo não seguir a regra, pode até ser chamada a atenção e ameaçada de não ficar mais no grupo.

Pra entrar também não é muito fácil. Se alguém for novo no colégio ou na turma e não for muito agradável, que quer dizer, alguém que não agrade de primeira por um motivo besta qualquer, às vezes só porque é novato, pode ter dificuldade de entrar no grupo.

2

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Page 4: A turma do colégio i

Meu pai que acompanha tudo e percebe essas coisas, sempre dá um conselho, que passa de filha a filha, numa ladainha:

- Não fique presa somente no seu grupinho! Converse com todas as pessoas, corresponda às atenções. Não se deixe manipular, isto é, não deixe que ninguém te controle. Você manda em você.

E quando chega alguém que todo mundo logo tem simpatia, que é uma pessoa extrovertida ou que já é conhecida por várias pessoas no colégio, aí tem uma disputa pela amizade dela entre os grupos. Todo mundo fica paparicando e puxando para ser mais uma integrante e, é claro, não deixa que outros grupos se aproximem da pessoa.

3

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Page 5: A turma do colégio i

Mas isso não é uma coisa tão ruim, faz parte das coisas do colégio, e é encarada com tranqüilidade. Muitas das pessoas a gente conhece há muito tempo, por isso se sabe conviver nesse esquema.

No grupo de vez em quando tem uma briga, alguém fica meio chateada com alguma coisa que foi dita. E a melhor forma de resolver é conversar com a pessoa.

Às vezes, antes de conversar com a pessoa a gente conversa com os que estão próximos. Sempre tem os recados: ela mandou te dizer que não gostou do que você fez; ela falou para num sei quem que você não gosta mais dela.

4

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Page 6: A turma do colégio i

Normalmente, tudo se resolve quando se é um grupo em que as pessoas se gostam e que a ligação é grande.

Mesmo que por alguns dias a gente não se fale do mesmo jeito, aos poucos a gente vai se aproximando, vai conversando e daí, quase sem se perceber já está tudo normal.

Outras vezes, não. Separa mesmo, e a gente não quer mais nem saber da pessoa.

Geralmente, aquela pessoa entrou no grupo, mas não combinava mesmo. Meu pai quase sempre acerta sobre isso:

-Aquela menina está com vocês, mas não parece da sua turma!

5

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Page 7: A turma do colégio i

Mesmo que alguns digam que a gente vive mudando de grupo, inclusive, com gente tipo forçando a barra para que um ou outro vá para o seu grupo, oferecendo pastel e outras coisas na hora do lanche ou depois da aula, no final sempre tem um grupo.

Daqueles que o seu pai depois que te pega, olha pela janela do carro e dá um oi e a sua colega responde: tchau, tio.

Hoje, com os recursos que existem, mesmo depois do colégio o grupo não deixa de ficar ligado. Tem o celular, o msn, o orkut, o facebook, e é claro, quando o pai da gente deixa usar.

6

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Page 8: A turma do colégio i

Nada passa desapercebido do grupo, sobre tudo a gente tem um comentário. Quem tá de fora do grupo acaba não sabendo do que a gente tá falando, mesmo se pegar a mensagem, porque existem até alguns códigos, tipo senhas que só quem é do grupo sabe.

O mais interessante é que depois da gente passar todo o horário da escola juntos, ficar conversando quase a tarde toda no msn, não dá vontade de parar, e volta e meia a gente se vê clicando novamente pra ver se tem alguém plugado.

Não é à toa que o pai ou a mãe reclamam e alguns até coloquem algumas regras. A gente tem que entender que eles estão com a razão. É um negócio que parece uma coisa de quem é viciado, tipo em beber ou fumar. Todo dia tem que esticar a conversa com alguém do grupo. O grupo pra gente é muito importante.

7

Texto VIII: A turma do colégio (I)

Page 9: A turma do colégio i

Por outro lado, quando a gente revê as fotos dos colegas da classe, resgatando fotos de muitos anos atrás, dos períodos em que convivemos juntos, a gente sente um pouco que, de alguma maneira, todos contribuíram com a nossa formação.

E a gente percebe que isso não desaparece. É fácil dizer quem era a mais chata, a mais bonita, a mais simpática. Rapidamente, vem à mente os grupos pelos quais passamos e aquelas pessoas que ficaram até o fim. Uma sensação de satisfação chega forte quando a gente percebe que têm pessoas que sempre estiveram com a gente, mesmo não fazendo parte do nosso grupo mais próximo, mas que a gente sabia que não estava distante.

Nessas horas, rever as fotos parece que nos faz mais felizes e nos dá alegria em dizer:

- Essa é a minha turma do colégio!

Fim

Texto VIII: A turma do colégio (I)