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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA CAMPUS DE JOAÇABA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO ADILES ANA BOF A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste Joaçaba 2012

Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

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Page 1: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE JOAÇABA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ADILES ANA BOF

A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO

BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste

Joaçaba

2012

Page 2: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

ADILES ANA BOF

A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO

BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Educação, da Universidade do

Oeste de Santa Catarina, Campus de Joaçaba,

como requisito para obtenção do título de

Mestre em Educação.

Orientadora: Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios

Joaçaba

2012

Page 3: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

ADILES ANA BOF

A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o

caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Educação, da Universidade do

Oeste de Santa Catarina, Campus de Joaçaba,

como requisito para obtenção do título de

Mestre em Educação.

Aprovada em ____________________ de _____________________2012.

BANCA EXAMINADORA

________________________________

Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios – Orientadora

Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

______________________________

Prof. Dra. Marilda Pasqual Schneider - Examinadora Interna

Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

______________________________

Profa. Dra. Nuria Pons Vilardell Camas - Examinadora Externa

Universidade Federal do Paraná

Page 4: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

DEDICATÓRIA

Aos filhos, Álvaro e Luíza

Page 5: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

AGRADECIMENTOS

Ao escrever esta página, surgem tantos nomes, tantas pessoas que fazem e fizeram

parte desta história, existem pessoas em nossas vidas que deixam marcas e merecem nossa

gratidão!

Esta Dissertação não representa, para mim, apenas o resultado de horas de estudo,

reflexão e trabalho. É igualmente o fim de uma jornada, de um objetivo pessoal e acadêmico

atingido a que me propus e que não seria possível sem a ajuda de familiares, profissionais,

colegas e de amigos.

Estou especialmente agradecida à pesquisadora Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes

Rios, minha Orientadora nesta caminhada, o seu vasto conhecimento, rico em sugestões

transmitidas durante a elaboração da dissertação, com sua hábil direção e apoio no

desenvolvimento desta dissertação, que com sabedoria, discernimento, bom-senso e dedicação

sempre me recebeu e encaminhou com serenidade, MEU OBRIGADA!

Ao grupo de professores do programa de mestrado em Educação da Unoesc, que

deixou rastros em minha formação acadêmica e como tal, buscarei ser cada dia melhor,

seguindo o exemplo a mim transmitido.

Aos meus colegas das Unoesc – Campus de São Miguel do Oeste pelo apoio.

Aos meus colegas da Escola de Educação Básica lócus da pesquisa, os quais

participaram desta, pois sem eles, nenhuma destas páginas estaria completa, foram o motivo

inicial de minhas buscas.

À minha família, pela sua tolerância, compreensão, ausência e carinho, quando

estava a escrever em vez de atender às suas necessidades.

Aos mestres avaliadores da banca, que nos fazem crescer em nossa profissão.

Sinto ainda que estou em dívida com muitas pessoas, pela ajuda, apoio e paciência. E é

por isso que quero dedicar esta dissertação a todos aqueles que partilharam comigo o seu

conhecimento. Todos estão, aqui, no meu coração de uma maneira muito especial!

E acima de tudo, a Deus, que me concebeu esta oportunidade de estar aqui e ser uma

parte, dentre a população, que tem a oportunidade de estudar e realizar um sonho!

Page 6: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

Apoiado pelas exigências das novas

tecnologias, o fim do século exige um

redimensionamento da função do professor. A

nova dimensão é mais nobre ainda e muito

mais complexa.

Não é o mestre distante e autoritário.

Não é o mero técnico que domina conteúdos

específicos e imutáveis.

Não é o tio ou tia que compreendem, apoiam

ou se condoem com os problemas dos jovens,

discutindo e ajudando-os a resolver suas

dificuldades psicológicas.

É o professor, um profundo conhecedor de

uma área do conhecimento e das áreas

correlatas.

Tem uma visão de conjunto do que é a

sociedade, marcando o seu trabalho com forte

dimensão política, estética e ética.

(ALMEIDA; FONSECA JUNIOR, 2000, p.

40).

Page 7: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

RESUMO

A presente pesquisa busca investigar a formação continuada em Educação a Distância – EAD

– dos professores da Educação Básica. Em razão da complexidade dos conceitos de educação

a distância e sua importância para uma qualidade social na educação, analisa-se como essa

expressão tem potencial para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A trajetória

acadêmica despertou na autora o interesse em compreender a formação continuada em EAD,

especificamente, a oferecida aos professores em um município do Oeste do Estado de Santa

Catarina, onde atua profissionalmente. Dessa forma, define-se como problema de pesquisa:

como os programas de formação continuada em EAD, oferecidos aos professores da rede

estadual de ensino de São Miguel do Oeste, contribuem para a mudança da prática pedagógica

dos docentes? A partir deste problema, elencam-se as seguintes questões de pesquisa: Quais

são os ganhos e as dificuldades do processo de formação continuada em EAD oferecido aos

professores da Escola Estadual de Educação Básica, alvo da pesquisa? Quais são os meios

mais utilizados para a formação continuada em EAD dos professores da Escola Estadual de

Educação Básica, alvo da pesquisa? Que mudanças ocorreram na prática pedagógica dos

professores, a partir da formação continuada em EAD da Escola Estadual de Educação

Básica, alvo da pesquisa? O objetivo geral é compreender como o processo de formação

continuada em EAD, especificamente o oferecido aos professores da Escola de Educação

Básica, alvo da pesquisa, contribui para mudanças na prática pedagógica dos docentes, com

vistas à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem. A metodologia da pesquisa

utilizada está pautada na abordagem qualitativa, para estudar a formação continuada dos

professores em EAD, considerando o convívio e a articulação entre teoria e prática que

resultou em dados que têm potencial para contribuir na compreensão da realidade estudada.

Os procedimentos para a coleta de dados foram a análise documental e a entrevista

semiestruturada, tendo como sujeitos da pesquisa seis professores, além da gestora escolar e a

gestora do Nead da Gered de São Miguel do Oeste. Com base nos resultados obtidos, foi

possível evidenciar que o processo de formação continuada em EAD tem potencial para

contribuir com a mudança nas práticas pedagógicas dos professores que atuam na Educação

Básica. Com relação aos ganhos, a maioria dos sujeitos pesquisados apontaram a organização

do tempo como elemento que favorece a procura pela EAD na formação continuada do

professor, em seguida, apareceram a atualização, a participação e a aprendizagem

colaborativa como contributos qualitativos na melhoria dos processos de ensino e

aprendizagem. No que tange às dificuldades, os sujeitos pesquisados destacaram a

Page 8: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

insuficiência de tempo para o desenvolvimento das atividades, apontaram, ainda, a ausência

de políticas públicas, a interação professor-aluno, acesso ao computador e a insegurança e

receio das TIC. Por conseguinte, é fundamental que a formação continuada em EAD,

oferecida aos professores, advenha da definição de políticas públicas de governo. Sobre os

temas abordados e as ferramentas utilizadas na formação continuada em EAD, os elencados

pelos sujeitos participantes da pesquisa referem-se aos cursos de formação continuada

oferecidos na modalidade semipresencial, em que se utilizou a internet e material impresso,

proporcionados pelo Parfor e pela plataforma Freire, destacando-se: gestão escolar;

metodologia de ensino e aprendizagem; conteúdos específicos e educação básica. A respeito

das mudanças que ocorreram na prática pedagógica, a partir da formação continuada em

EAD, destacaram novas práticas, o interesse e a participação dos alunos, tendo havido

menção ao papel do professor articulador e facilitador. O desafio constatado reside na

necessidade de o professor buscar constantemente conhecimento à melhoria da prática

pedagógica, acompanhamento da evolução tecnológica e das mudanças ocorridas na

sociedade. Assim, há a necessidade de a formação continuada ser embasada em proposta

teórica que contemple uma educação dialógica voltada ao desenvolvimento crítico dos

sujeitos e do tratamento de questões éticas fundamentais à transformação da educação e,

consequentemente, da sociedade. Esta pesquisa destacou a importância de se propagar a

formação de políticas públicas que contemplem o acesso dos professores à formação

continuada em EAD.

Palavras-chave: Formação Continuada dos Professores. Educação a Distância. Prática

Pedagógica.

Page 9: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

ABSTRACT

This research aims to investigate the continue formation in Distance Education – DE – for

teachers from Basic Education. Due to the complexity of the concepts of Distance Education

and its importance to a social quality at education, it is analyzed how this expression has the

potential to improve teaching and learning processes. The academic trajectory aroused in the

author's interest in understanding the Continued Education in DE, specifically offered to

teachers in a municipality of the western part of the State of Santa Catarina, where he

develops his professional activities. What are the most used means for Continued Education

in DE of Basic Education State School, the research target? What changes have occurred in

the pedagogical practice of teachers, from the continuous formation in DE of the State School

of basic education, the research target? The general objective is to understand how the

Continued Education process in DE, specifically offered to teachers Basic Education School,

the research target, contributes to changes in pedagogical practices of teachers, aiming to

improve teaching and learning processes. The research methodology used is based on a

qualitative approach in order to study the Continued Education of teachers in Distance

Education, considering the conviviality and the articulation between theory and practice

which resulted in data that have the potential to contribute to the understanding of reality. The

procedures for data collection were the documental analysis and semi-structured interview,

having as research subjects, six teachers besides the School Management and the Nead

Manager in São Miguel do Oeste. The obtained results show that the Continued Education

process in DE has potential to contribute to pedagogical practices change of teachers who

work in Basic Education. Regarding the gains, the majority of the surveyed subjects indicated

the time as a factor that favors the search for DE in Continued Education of teachers, then,

followed: update, participation and collaborative learning as qualitative contributions in

improving teaching and learning processes. Concerning the difficulties, the surveyed subjects

noted the time insufficiency, also the absence of public policies, teacher-student interaction,

computer access and insecurity and fear of ICT. Therefore, it is essential that the Continued

Education in DE, offered to teachers, comes by the definition from public policies of

Government. On the topics discussed and the tools used in Continued Education in DE, the

listed ones by the researach participants refer to the Continued

Page 10: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

Education Courses offered part-time, in which they used the internet and printed material,

provided by the Platform and Parfor Freire, It can be highlighted: school management;

teaching and learning methodology; specific contents and basic education. Regarding the

changes that have occurred in pedagogical practice, from the Continued Education in DE, new

practices, the interest and participation of students, there was no mention of the teacher role as

an articulator and facilitator. The challenge found lies in the need for the teacher to seek

constantly to improve knowledge of pedagogical practice, monitoring of technological

developments and changes in society.Thus, there is a need for Continued Education to be

based on theoretical proposal that contemplates a dialogical education directed to the subject

development and treatment of fundamental ethical issues to the transformation of education

and, consequently, of society. This research highlighted the importance of propagating the

public policy including the teachers' access to Continued Education in DE.

Key words: Continued Education for teachers. Distance Education. Pedagogical Practice.

Page 11: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO
Page 12: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

LISTA DE ABREVIATURAS

Acafe Associação Catarinense das Fundações Educacionais

Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Caics Centros de Atenção Integral à Criança

Cieps Centros Integrados de Educação Pública

Consed Conselho Nacional dos Secretários de Educação

Conae Conferência Nacional de Educação

EAD Educação a Distância

EPI Escola de Período Integral

Gered Gerência Regional de Educação

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Ideb Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IF-SC Instituto Federal de Santa Catarina

IFC Instituto Federal Catarinense

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

Ipes Instituições Públicas de Ensino Superior

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

NTE Núcleo de Tecnologia e Educação

Nead Núcleo de Educação a Distância

NTIC Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

ProInfo Programa Nacional de Tecnologia Educacional

Saeb Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SDR Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional

Seed Secretaria de Educação a Distância

SED Secretarias de Educação dos Estados

SED-SC Secretarias de Estado de Educação de Santa Catarina

Semed Secretaria Municipal de Educação

Parfor Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

Udesc Universidade do Estado de Santa Catarina

UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

Page 13: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2009 46

Quadro 2 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2011 47

Quadro 3 - Equipe Administrativa e Técnico-Pedagógica 47

Quadro 4 - Infraestrutura física da escola 48

Quadro 5 - Perfil dos Sujeitos Pesquisados 52

Page 14: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Ganhos da formação continuada em EAD 54

Tabela 2 - Dificuldades na formação continuada em EAD 57

Tabela 3 - Temas da formação continuada em EAD 61

Tabela 4 - Meios utilizados na formação continuada em EAD 64

Tabela 5 - Mudança na prática pedagógica 66

Page 15: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 19

1.1.2 O lócus e os sujeitos da pesquisa 21

2 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EAD 23

2. 1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 23

2. 2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES EM EAD 26

2. 3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD 35

3 A ESCOLA, LÓCUS DA PESQUISA, E A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO

CONTINUADA EM EAD 41

3.1 ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL 41

3.2 A ESCOLA EM TELA 44

3.2.1 Caracterização da escola à época da escola em tempo integral 47

3.2.2 O Projeto de Formação Continuada em EAD 49

4 CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E GESTORAS SOBRE A FORMAÇÃO

CONTINUADA EM EAD 51

4.1 PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS 52

4.2 A VOZ DOS PROFESSORES 53

4.3 A VOZ DAS GESTORAS 71

4.4 ASPECTOS CONVERGENTES ENTRE OS OLHARES DOS PROFESSORES E

DAS GESTORAS 77

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 82

REFERÊNCIAS 85

APÊNDICES 90

ANEXO 109

Page 16: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

14

1 INTRODUÇÃO

A educação a distância (EAD), especialmente no século XXI, vem ocupando espaço

na formação dos professores e está sendo institucionalizada como uma alternativa, com

potencial de expansão para atender à necessidade de educação continuada no Brasil.

A fim de atender à demanda nacional de formação de professores, a EAD foi estendida

à formação inicial e à formação continuada. Essa modalidade de formação continuada tem

potencial para atingir um número maior de pessoas, motivo pelo qual passa a ser uma

alternativa viável aos profissionais da educação, que podem se valer das tecnologias de

informação e comunicação (TIC), que proporcionam, em tempo real, a integração com o

mundo contemporâneo. Essa integração é favorecida pela internet, que vem sendo

incorporada à vida das pessoas, por meio de ampliação gradativa de acesso, o que implica um

novo modelo educacional. Segundo Moraes (1997, p. 18):

Um novo modelo educacional, capaz de gerar novos ambientes de aprendizagem,

que [deixe] de ver o conhecimento de uma perspectiva fragmentada, estática, e o

[reconheça] como um processo em construção a ser desenvolvido num contexto

dinâmico do vir-a-ser. Ambientes capazes não apenas de acompanhar e incorporar a

evolução que ocorre no mundo da ciência, da técnica e da tecnologia, mas também

de colaborar para estabelecer o equilíbrio necessário entre formação tecnológica do

indivíduo – para que ele possa sobreviver num mundo cada vez mais tecnológico e

digital –, a sua formação humana e a sua dimensão espiritual.

Assim, ainda que possa haver ciência do professor sobre o valor da formação

continuada, o cotidiano desse profissional, muitas vezes, obstaculiza a sua presença em um

mesmo espaço e tempo para a formação. Dessa maneira, a formação continuada oferecida em

EAD favorece a sua participação e inserção em cursos de formação de professores, à medida

que oportuniza a administração e organização do seu tempo, conforme a sua disponibilidade.

No atual cenário educacional, as novas tecnologias têm solicitado novas práticas

pedagógicas, pois há novos recursos que podem ser incorporados nos processos de ensino e

aprendizagem. Em princípio, os avanços tecnológicos têm potencial para desenvolver e

modernizar o processo educacional. O acompanhamento dessas mudanças exige dos

educadores uma reavaliação das práticas pedagógicas empregadas, implicando, assim, a

ruptura de paradigma.

A inserção das TIC nos processos de ensino e aprendizagem, com destaque ao uso

dos computadores, contribui para o professor deixar de ser um mero transmissor de

Page 17: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

15

conhecimento e atuar na perspectiva de favorecer a construção e a reconstrução do

conhecimento, bem como possibilitar aprendizagens significativas.

Em vista da necessidade de formação continuada que possibilite ao professor

incorporar as TIC nos processos de ensino e aprendizagem, a Secretaria de Estado da

Educação de Santa Catarina (SED-SC) está capacitando professores da rede pública de ensino

desde o ano de 1997, por meio do Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo 1

Integrado ao MEC/Seed. Almeida (2010, p. 5) relata o trabalho atual do ProInfo e as

expectativas de futuro:

No momento, os programas do ProInfo e TVEscola, ambos da Secretaria de

Educação a Distância do MEC, aproximam-se e realizam projetos que integram

diferentes tecnologias na formação de educadores, na prática pedagógica e na gestão

escolar, apontando uma tendência promissora de convergência entre mídias, que

deverá influir fortemente na disseminação da EAD nos próximos anos.

A perspectiva de integração de diferentes tecnologias no processo de formação dos

professores requer uma formação inicial articulada à formação continuada, que contribua para

a prática pedagógica problematizadora. Como afirma Freire (2003, p. 43):

Isto implicará, como veremos, a revisão urgente e total de nossa educação, quase

toda decorativa e seletivamente antidemocrática.

E a advertência, que se tem de fazer, está centralmente neste ponto – que a educação

de que precisamos não forma especialistas por mera consciência ingênua dos

problemas situados fora da esfera estritamente técnica e estreita de sua

especialidade. Esta seria uma educação em que o homem teria meias visões. Não

seria uma educação que dele tivesse visão integral.

Daí emerge o desafio do professor compreender que a formação continuada faz parte

do seu desenvolvimento pessoal/profissional, “[...] o desenvolvimento profissional é um

processo que, como todos os processos de crescimento, se faz de forma não linear, em que os

momentos de crise surgem como necessidade, antecedendo e preparando os momentos de

progresso.” (NÓVOA, 2000, p. 158).

Em se tratando do desenvolvimento profissional, nas atuais modalidades que se

oferece a formação continuada aos professores, convém lembrar a importância do uso da

ferramenta da internet nesse processo, que implica desafios aos professores tanto no que tange

1 O Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), criado em 1997, pelo Ministério da Educação tinha como

objetivo a instalação de laboratórios de computadores para as escolas públicas urbanas e rurais de ensino básico do Brasil. A

partir de 2007, o ProInfo passou a se chamar Programa Nacional de Tecnologia educacional, que visa à introdução das Novas

Tecnologias de Informação e Comunicação na escola pública para serem utilizadas como ferramentas de apoio aos processos

de ensino e aprendizagem.

Page 18: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

16

a sua formação quanto ao que se refere à incorporação das TIC nos processos de ensino e

aprendizagem. Segundo Moran (2002, p. 63, grifo do autor):

A educação está passando por mudanças profundas e todos nós, organizações,

professores e alunos somos desafiados a encontrar novos modelos para novas

situações. Ensinar e aprender, hoje, não se limita ao trabalho dentro da sala de aula.

Implica modificar o que fazemos dentro e fora dela, no presencial continuar

aprendendo em ambientes virtuais, acessando páginas na internet, pesquisando

textos, recebendo e enviando novas mensagens, discutindo questões em fóruns ou

em salas de aula virtuais, divulgando pesquisas e projetos.

Os processos formadores constituem-se como necessários à reconfiguração da

identidade do professor que implica papel ativo e reflexivo em seu meio. Nessa direção,

Libâneo (2001, p. 40, grifo do autor) afirma que “[...] a ideia é a de que o professor possa

‘pensar’ sua prática, ou em outros termos, que o professor desenvolva a capacidade reflexiva

sobre sua prática. Tal capacidade implicaria por parte do professor uma intencionalidade e

uma reflexão sobre o seu trabalho.”

Assim, faz-se necessário resgatar o papel do professor, destacando a importância de

pensar a sua formação em uma abordagem que contribua para o desenvolvimento pessoal e

profissional da profissão docente num constante vir a ser, a partir de uma nova visão de

mundo, escola, ensino, aprendizagem, e, até mesmo, de ser humano.

A rede estadual de ensino de Santa Catarina, em parceria com o Governo Federal,

oferece formação continuada aos professores nas modalidades semipresencial e a distância,

por meio dos Programas oferecidos pela Universidade Aberta do Brasil – UAB e da

Plataforma Freire. Os profissionais da educação, a partir dessa iniciativa, demonstraram

interesse e reforçaram a necessidade da formação, na perspectiva de novas formas de

intervenção na sala de aula, o que implica o uso de um recurso a mais nos processos de ensino

e da aprendizagem, pois a formação continuada oferecida a distância contribui, também, para

minimizar possíveis resistências em relação ao uso dos computadores no cotidiano da sala de

aula.

O desejo por refletir e investigar sobre a formação docente surge da minha história

acadêmica e, principalmente, profissional, percorrida em 10 anos de atuação na educação. As

vivências despertaram o meu interesse em compreender a formação continuada em EAD

oferecida aos professores do município de São Miguel do Oeste, no extreme-oeste

catarinense, onde atuo profissionalmente.

Em 1990, cursei Pedagogia e fiz duas habilitações: disciplinas pedagógicas (1993) e

orientação educacional (1996). Em 1999, concluí a especialização, em nível de pós-

Page 19: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

17

graduação, em Psicopedagogia. Essa busca demonstra minha preocupação com o processo de

formação continuada, por entender que a atuação na educação requer um constante repensar

das práticas pedagógicas, com vistas à melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.

Nomeada por concurso público, em 1994, atuei no Magistério Estadual, no Ensino

Médio, como docente na disciplina de Estrutura e Funcionamento do Ensino, no Curso de

Magistério de uma Escola de Educação Básica situada no município de Itapiranga-SC (1995-

1996), curso este que foi extinto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei

9394/96). Atuo, desde o ano de 1995, em uma Escola de Educação Básica no apoio

pedagógico, na cidade de São Miguel do Oeste-SC, com 10 horas/aula. No exercício dessa

função, desempenho atividades com alunos, pais e professores, sempre levando em conta o

contexto histórico e social do aluno, a fim de contribuir para a construção da sua identidade,

acreditando, também, na importância dessa mediação para o desenvolvimento integral do ser

humano.

Nesse período de atuação como assistente técnico-pedagógica, em atribuição de

exercício, integro uma equipe coesa, constituída por quatro pedagogas, dispondo de espaço e

tempo significativos para observar e discutir, no coletivo, os ganhos e as dificuldades

relacionados aos processos de ensino e aprendizagem, no que tange ao trabalho dos

professores.

As reuniões pedagógicas, os encontros de estudos, ainda que sem periodicidade

definida, e os contatos com os professores, no cotidiano, compartilhando sempre as certezas,

incertezas e angústias têm me sensibilizado cada vez mais e com mais intensidade pela

necessidade de formação continuada dos professores. Formação esta que precisa estar

articulada à formação inicial, de modo que o docente se perceba em construção.

Nesse contexto, considerando a importância de formação continuada a ser oferecida

ao professor e as possibilidades de viabilização pela formação em EAD, destaco como

problema de pesquisa: Como os programas de formação continuada em EAD, oferecidos aos

professores da rede estadual de ensino em São Miguel do Oeste, contribuem para a mudança

da prática pedagógica dos docentes?

A partir desse problema, elenco as seguintes questões de pesquisa: Quais são os

ganhos e as dificuldades do processo de formação continuada em EAD, oferecido aos

professores da Escola Estadual de Educação Básica, alvo da pesquisa? Quais são os meios e

ferramentas mais utilizados para a formação continuada em EAD dos professores da escola

pesquisada? Que mudanças ocorreram na prática pedagógica dos professores da escola lócus

da pesquisa, a partir da formação continuada em EAD?

Page 20: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

18

O objetivo geral consiste em investigar como o processo de formação continuada em

EAD, especificamente o oferecido aos professores da Escola de Educação Básica, alvo desta

pesquisa, contribui para mudanças na prática pedagógica dos docentes. Além disso,

constituem os objetivos específicos: identificar ganhos e dificuldades do processo de

formação continuada em EAD oferecido aos professores da Escola de Educação Básica da

rede estadual, alvo desta pesquisa; identificar os meios e as ferramentas utilizadas no processo

de formação continuada em EAD dos professores; analisar possíveis mudanças na prática

pedagógica dos professores, a partir da formação continuada em EAD.

O estudo da formação continuada em EAD traz à tona as políticas de formação,

tendo em vista a excelência da aprendizagem, a partir do aprimoramento e aperfeiçoamento

da prática pedagógica, em uma perspectiva multidimensional. Sobre o assunto, Tardif (2002,

p. 293) afirma:

[...] a importância de melhorar a prática profissional [...] não pode ser reduzida

somente à dimensão técnica; ela engloba também objetivos mais amplos de

compreensão, de mudança e até de emancipação. Exigir que as ciências da educação

(e as ciências sociais humanas) com o intuito de aumentar sua eficácia é exigir sua

morte e privar-se dos recursos conceituais que podem oferecer aos práticos no que se

refere às implicações sociopolíticas inerentes à educação escolar.

O lócus desta pesquisa é a escola onde atuo, essa escolha motivou-se em função do

que observo e vivencio no cotidiano, ou seja, a percepção da necessidade de formação

continuada a ser oferecida ao professor, vislumbrando, assim, o refletir, o repensar e o recriar

da sua prática pedagógica, e por ser uma escola pública de tempo integral, inserida em uma

comunidade desprovida economicamente.

Com a implantação da proposta de educação integral da escola pesquisada, no ano de

2006, a necessidade de formação continuada acentuou-se, o que justificou um aumento da

busca por parte dos professores. Havia expectativa de melhorar o aproveitamento/rendimento

escolar das crianças e de conferir tranquilidade para a família ao manter essas crianças

afastadas das ruas.

A unidade escolar em estudo é mantida pelo governo do estado de Santa Catarina,

situada na região da Secretaria do Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste.

Conforme a avaliação do MEC, essa unidade apresentou, no ano de 2005, Ideb2 inferior à

2 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2005, com o objetivo de reunir dois dados: a

frequência escolar e as médias de desempenho nas avaliações dos educandos. (Saeb e Prova Brasil).

Page 21: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

19

meta estabelecida que, somado ao baixo Índice de Desenvolvimento Social IDH3, forçou uma

postura urgente das autoridades e comunidade escolar para melhorar a qualidade do ensino e

da aprendizagem da escola, o que implicou a efetivação de mudanças.

Para que mudanças aconteçam, não basta, todavia, implantação da escola em tempo

integral, é necessário investir na formação dos professores, com vistas à efetivação da

aprendizagem dos alunos. Dessa forma, considerando que o tempo disponível da maioria dos

professores é restrito, a oferta da modalidade em EAD constitui uma das possibilidades de

formação continuada para o docente também, embora haja outras.

A Escola de Educação Básica do município de São Miguel do Oeste, lócus da

pesquisa, também tem buscado a inserção das TIC nos processos do ensino e aprendizagem,

com vistas ao seu uso pedagógico. A partir do ano de 2005, por meio do ProInfo, foi

disponibilizado à escola o laboratório de informática, equipado com dez computadores. Há

cerca de dois anos, também foi contemplada pelo governo estadual com um aparelho de

multimídia e, em 2010, em função do PDE4 - Plano de Desenvolvimento da Educação Básica,

a escola recebeu um notebook.

Considerando a realidade da escola, que abarca 585 alunos e 36 professores, é

notório que a quantidade de recursos necessita ser ampliada para atender às necessidades

relacionadas ao uso das TIC nos processos de ensino e aprendizagem e no processo de

formação continuada em EAD.

A incorporação das tecnologias, nos cursos de formação continuada em EAD, nas

práticas docentes e na vida diária dos educandos corroboram para a inserção de novas

linguagens, as quais são fomento de inclusão social de crianças e adolescentes que frequentam

a educação básica.

1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizei a abordagem qualitativa. Segundo

Flick (2009, p. 37): “A pesquisa qualitativa dirige-se à análise de casos concretos em suas

peculiaridades locais temporais, partindo das expressões e atividades das pessoas em seus

3 Até o ano de 2009, o IDH usava três critérios para a avaliação: o cálculo do índice da alfabetização de pessoas com 15 anos

de idade, a longevidade, a expectativa de vida e a renda com base no PIB per capita (por pessoa). E a partir do relatório do

ano de 2010, para o cálculo do IDH, combina: uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento, e um padrão de vida

PIB per capita. 4 O PDE foi lançado pelo Ministério da Educação, em abril de 2007, e colocou à disposição dos estados,

municípios e do Distrito Federal instrumentos de avaliação e de implementação de políticas de melhoria da

qualidade de ensino, sobretudo da educação básica pública.

Page 22: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

20

contextos locais.” Busquei, nas ideias do autor, base para estudar a formação continuada dos

professores em EAD, considerando o convívio e a articulação entre teoria/prática que resultou

em dados que têm potencial para contribuir no processo de compreensão da realidade

estudada.

A pesquisa qualitativa valoriza mais o processo do que o produto. Conforme acentua

Chizzotti (2010, p. 83), “Todas as pessoas que participam da pesquisa são reconhecidas como

sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos

problemas que identificam [...]” o que favorece descrever e interpretar o fenômeno,

atribuindo-lhe significado.

Usei como técnicas de coleta de dados a pesquisa bibliográfica, a análise documental

e a entrevista semiestruturada. A pesquisa bibliográfica contribui para a construção do quadro

teórico e corrobora na articulação entre a teoria e a prática anunciada acima, além de

possibilitar estabelecer conexão com a pesquisa de campo.

Busco demonstrar que os dados coletados estão diretamente ligados à realidade a ser

pesquisada, a partir do que rege a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB

9394/96) vigente acerca da formação continuada do docente que pode ser na modalidade

EAD.

Realizei a coleta de dados por meio de análise documental e entrevista

semiestruturada, concernentes com o objetivo do estudo em questão.

A análise documental “[...] pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem dos

dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja

desvelando aspectos novos de um tema ou problema.” (MENGA, 2005, p. 38).

Os documentos utilizados no processo de análise documental foram o Projeto

Político Pedagógico da Escola (PPP) e as atas de reuniões pedagógicas realizadas no ano de

2010. Esses documentos constituem fontes estáveis que forneceram informações importantes

para a pesquisa realizada. A análise do PPP objetivou coletar dados atinentes à caracterização

da escola, bem como conhecer a organização didático-pedagógica. As atas subsidiaram o

processo de identificação de compreensão da implantação da escola de período integral, lócus

da pesquisa.

Segundo Strieder (2009, p. 48, grifo do autor):

Considera-se documento “qualquer suporte que contenha informação registrada,

formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui

impressos, manuscritos, registros [...].” A pesquisa documental prioriza a ênfase

para fontes de informações ainda não publicadas, que não receberam tratamento

analítico ou não foram organizadas, como relatórios [...]

Page 23: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

21

A escolha pela entrevista semiestruturada deu-se pelas possibilidades de acesso à

informação e percepção dos pontos de vista dos sujeitos envolvidos nos cursos de formação

continuada em EAD.

Sobre o assunto, esclarece Gil (2008, p. 109):

Enquanto técnica de coleta de dados, a entrevista é bastante adequada para a

obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, creem, esperam, sentem

ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas

explicações [...] Por sua flexibilidade é adotada como técnica fundamental de

investigação nos mais diversos campos e pode-se afirmar que parte importante do

desenvolvimento das ciências sociais nas últimas décadas foi obtida graças à sua

aplicação.

1.1.2 O lócus e os sujeitos da pesquisa

A escola lócus da pesquisa está situada no município de São Miguel do Oeste, no

estado de Santa Catarina, que conta com uma população de 36.306 mil habitantes, segundo

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), sendo 32.282 de pessoas

alfabetizadas. São Miguel do Oeste possui uma área territorial de 234,055 km² e destaca-se

pela produção agrícola, leiteira, e pela criação de suínos, pela piscicultura e fruticultura. O

município integra os 118 municípios da mesorregião do oeste catarinense.

No município, há 18 escolas municipais, nove estaduais, quatro particulares, um

instituto federal de educação tecnológica e um centro de ensino do Senai, que atendem aos

alunos da educação básica. Em relação à educação superior, há uma universidade comunitária

que oferece 24 cursos de graduação. O município conta, ainda, com vários polos de

faculdades a distância, entre os quais, inclui-se o Senac, que atua com cursos superiores de

tecnologia, e com um polo da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), que opera

através do programa UAB (Universidade Aberta do Brasil), com um curso de graduação em

Pedagogia.

A escola pesquisada, conforme algures citado, integra a rede pública estadual de

ensino e situa-se no bairro São Luiz, onde há três escolas de educação básica. Porém, é a

única do bairro a atender alunos da educação infantil ao ensino médio.

A população do bairro São Luiz é, na maioria, economicamente carente,

apresentando muitos problemas sociais, como desemprego, moradia e saneamento básico, o

que reflete no cotidiano escolar, constituindo, assim, um desafio para os professores e a

Page 24: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

22

equipe de gestão, na perspectiva de atuarem em prol da transformação com vistas à conquista

de condições dignas para a comunidade.

Os sujeitos da entrevista foram professores, gestora escolar e a responsável pelo

Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Gerência Regional de Educação (Gered), do

Estado de Santa Catarina, na região da Secretaria do Desenvolvimento Regional de São

Miguel do Oeste (SDR – São Miguel do Oeste).

Foram seis os professores entrevistados. Convém esclarecer que a opção por

entrevistar seis professores de uma comunidade de 30 efetivos, além de mais de cinco

professores admitidos em caráter temporário, teve como critério atuarem há mais de cinco

anos na escola lócus de pesquisa, à exceção de uma docente, a qual foi entrevistada, apesar de

ter apenas um ano de exercício na escola, em função de trabalhar no laboratório de

informática e, por sua vez, auxiliar todos os professores em formação continuada em EAD,

em suas eventuais necessidades.

No contato inicial com os professores, respeitei a disponibilidade de tempo e

demonstração de interesse em participar da pesquisa. Ainda, o fato de um número

significativo de professores, acima de 50%, estar em fase de aposentadoria e não realizar

formação continuada restringiu o alcance da pesquisa, no que tange ao número de sujeitos

pesquisados.

Após iniciar os contatos com os participantes, todos foram informados de como seria o

procedimento da pesquisa. Esclareci que, por trabalhar com seres humanos, o que implica

subjetividade, a entrevista semiestruturada seria a técnica de coleta de dados mais adequada,

em face do problema e objetivos da pesquisa em questão.

As entrevistas foram realizadas na escola, marcadas antecipadamente com cada

professor, para, então, ajustar o meu horário, na condição de pesquisadora, ao do docente

entrevistado, em função deste atuar em mais de uma unidade escolar. Com a responsável pela

Nead, a entrevista foi realizada na Gered. Todas as entrevistas foram gravadas com o

consentimento dos sujeitos pesquisados, que receberam e assinaram o termo de livre

consentimento, e ocorreram em sala privada.

Assim, a pesquisa, por meio da entrevista e do levantamento bibliográfico,

possibilitou a análise e interpretação dos dados, com base numa fundamentação teórica

consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.

O trabalho está organizado em cinco seções. A primeira seção refere-se à introdução,

em que apresento o tema, o problema, as questões de pesquisa, a relevância do estudo e os

procedimentos metodológicos. Na seção 2, discuto a formação continuada de professores em

Page 25: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

23

EAD. Na seção 3, apresento a escola lócus de pesquisa. E na seção 4, apresento a análise de

dados da pesquisa, à luz da teoria estudada, na busca de responder às questões de pesquisa

enunciadas. Por fim, apresento as considerações finais com o propósito de contribuir para a

reflexão sobre os limites e as possibilidades dessa modalidade de formação continuada em

EAD.

Page 26: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

24

2 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM EAD

Neste capítulo e subcapítulo, abordo o conceito de educação a distância e a formação

continuada dos professores em EAD.

Para auxiliar no estudo conceitual e nas discussões a respeito da formação

continuada e desenvolvimento pessoal e profissional de professores, busquei apoio

principalmente nos trabalhos de Almeida (2000), Belloni (2001), Camas (2012), Freire

(1996), Imbernón (2010), Nóvoa (2000) e Tardif (2002) entre outros.

O conceito de educação a distância teve ancoragem teórica em Almeida e Morán

(2005), Belloni (2001), Camas (2012), Prado e Valente (2002).

2. 1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Educação a distância consiste em mais um espaço de formação com potencial para

contribuir com os processos de ensino e aprendizagem, em que professores e alunos estão

separados pelo espaço e/ou tempo.

Por educação a distância entende-se a modalidade educacional que utiliza diferentes

recursos didáticos em diversos suportes tecnológicos. Há separação física e

geográfica entre alunos, professores e instituição de ensino. A interação e a

comunicação dos sujeitos da ação formativa ocorrem por meio de tecnologias que

substituem a interação presencial. (CAMAS, 2012, p. 12).

Esse entendimento de educação a distância implica uma mudança dos processos e

meios de comunicação em nossa sociedade e da forma de ensino e de aprendizagem, em que

professores e alunos não estão juntos fisicamente, mas podem estar conectados, interligados

por tecnologias, como pela internet, que tem sido a mais utilizada. Mas, também, podem ser

utilizadas outras ferramentas como a videoconferência, o correio, o rádio, a televisão, o vídeo,

o telefone celular, tablet, o fax e outras tecnologias semelhantes na comunicação.

Porém, Almeida (2003) lembra que inserir determinada tecnologia na EAD não

constitui em si uma revolução metodológica, mas reconfigura mais um campo possível, que

poderá facilitar o trabalho do professor no sentido prático, podendo, assim, emergir um tempo

para o professor transformar a informação em conhecimento como completa Alarcão (2003,

p. 17), “As novas máquinas são hoje apenas extensão do cérebro.”

Page 27: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

25

Na tarefa de melhorar a prática pedagógica, é necessária a atuação do professor em

múltiplas dimensões e decisões fundamentadas, seguras e criativas para favorecer os

processos de ensino e aprendizagem com o contributo da informática.

A inclusão de aportes tecnológicos, que apoiam as atividades da formação

continuada, tem potencial para efetivar mudanças na dinâmica escolar, na tarefa de preparar e

introduzir tais tecnologias no convívio escolar, estimulando a experimentação, além de

aperfeiçoar o trabalho em grupo, no desenvolvimento de atividades criativas que permeiem

uma melhor compreensão do mundo em que vivemos.

Nesse mesmo sentido, a EAD constitui mais uma forma de compreender o mundo, a

partir da necessidade de cada ser humano em continuar aprendendo, como reforça Tardif

(2002, p. 114), “[...] as pessoas se interrogam cada vez mais sobre o valor do ensino e seus

resultados [...]”, o que sinaliza consciência do ser humano, na busca de ampliação e

desenvolvimento social e intelectual.

Por conseguinte, é cada vez mais comum afirmar que não existe conhecimento maior

ou menor, bem como não há uma única forma de aprender a conhecer. Souza (2000, p. 238),

refere-se a como foi implantada a EAD no Brasil, inclusive em universidades públicas, que, em

um primeiro momento, mostraram-se resistentes:

Particularmente, no Brasil, as universidades públicas, antes resistentes à modalidade,

favorecidas pelas políticas públicas e a regulamentação que foram se instituindo a

partir dos anos 90, vêm se implicando em programas e desenvolvendo propostas de

formação a distância, articulando suas funções de ensino, pesquisa e extensão para

atender contingentes da população e de profissionais que demandam por

oportunidades de educação e formação.

A educação a distância, de fato, sofreu, inicialmente, muitas resistências e

preconceitos, apesar da urgente necessidade de modernização, porém, a conjuntura econômica

e política fez com que essa alternativa de educação se tornasse viável para a política de

governo no que se refere às exigências sociais.

Segundo Belloni (2001, p. 4), “A EAD tende doravante a se tornar cada vez mais um

elemento regular dos sistemas educativos [...] e pode dominar a vida contemporânea e o

pensamento científico.”

A EAD necessita ser compreendida em uma perspectiva crítica, como um processo

de formação humana que acontece diferentemente da educação presencial, sobretudo, no que

se refere ao espaço/tempo, conforme alhures citado. Nessa modalidade de ensino, o uso da

internet pode contribuir para a interatividade. Levy (1999) caracteriza a interatividade como

Page 28: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

26

sendo a possibilidade de transformar os envolvidos na comunicação, no caso, o homem e os

dispositivos técnicos, simultaneamente, em emissores e receptores da mensagem. Para Lemos

(1997), a interatividade constitui um tipo de comunicação encontrada em sistemas que

proporcionem interação ou possibilidades para obtê-la. A utilização do termo interatividade

deve-se, fundamentalmente, à presença das TIC no cotidiano das pessoas.

A interatividade, porém, diferencia-se da interação que implica relação interpessoal,

esta, por sua vez, tem implicações diretas nos processos de ensino e aprendizagem. Nessa

perspectiva, nos processos formativos em EAD, o papel do professor é fundamental para que

a interação esteja a serviço das aprendizagens.

No ensino a distância, convém chamar a atenção de que a ênfase é dada ao papel do

professor como alguém que ensina a distância, na maioria das vezes, chamado de tutor. Como

diz Belloni (2001, p. 83), “Tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina pela

qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas aos conteúdos da disciplina

[...]” podendo ainda diversificar as aulas, superando a educação tradicional, centrada no

professor como detentor do conhecimento.

A prática pedagógica do professor/tutor, em sua tarefa de mediação, é o responsável,

em grande parte, pela orientação ao aluno, com vistas à promoção da autonomia e

desempenho nos processos de ensino e aprendizagem e “[...] tem um papel fundamental, pois

é através dele que se garante a interrelação personalizada e contínua do cursista no sistema e

se viabiliza uma articulação os elementos do processo, necessária à consecução dos objetivos

propostos.” (PRETTI, 2012, p. 4).

Nessa direção, Almeida e Morán (2005, p. 10) afirma ainda que: “Sob essa ótica, o

aluno, sujeito ativo da aprendizagem, aprende ao fazer, levantar e testar ideias, experimentar,

aplicar conhecimentos e representar o pensamento.” A cooperação e colaboração necessárias

para a construção e reconstrução do conhecimento são salientadas por Behrens (2005, p. 76),

quando afirma que “O paradigma emergente exige conexões e inter-relações dos agentes

envolvidos no processo de ensinar e de aprender. Com essa visão, ao buscar uma

aprendizagem colaborativa, o professor pode optar por diversas metodologias.”

A EAD possibilita uma nova alternativa pedagógica que não vem para substituir a

educação presencial, mas complementar uma série de determinações presentes no atual

estágio de desenvolvimento tecnológico, econômico, político e social, o que implica repensar

a escola, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A EAD constitui, ainda, possibilidade profícua para processos formativos que se

destinam à formação continuada dos professores, conforme será abordo a seguir.

Page 29: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

27

2. 2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES EM EAD

A formação continuada em EAD representa mais uma possibilidade de atualização e

aprofundamento, no que diz respeito à busca do saber pelos professores aos conteúdos e

métodos relacionados aos processos de ensino e aprendizagem. Segundo Tardif (2002), o

saber do professor é um saber social, o qual poderá proporcionar aos professores a construção

e desenvolvimento do pensamento, além de despertar a compreensão de novos conceitos, e

favorecer o repensar e o recriar de novas práticas pedagógicas. Assim, o processo de

formação continuada necessita contribuir para a prática reflexiva, que implica reflexão-na-

ação e reflexão-sobre-ação. Segundo Prado ([2009], p. 16):

A reflexão-na-ação refere-se aos processos de pensamento que ocorrem durante a

ação. Nesse sentido, ela serve para reformular as ações do professor no decurso da

sua intervenção. A reflexão-sobre-ação refere-se à análise que o professor faz, a

posteriori, sobre os processos e as características da sua própria ação.

Formação Continuada é definida como sendo aquela que se realiza ao longo da vida,

continuamente, sendo inerente ao desenvolvimento da pessoa humana e relacionando-se com

a ideia de construção do ser humano. Nóvoa (2000, p. 168) salienta:

No que à formação contínua concerne, dever-se-á a mesma desenvolver ao longo da

carreira, organizando-se como resposta às necessidades reais dos professores e de

acordo com a perspectiva de educação permanente e, ainda, promovendo, apoiando

e incentivando as iniciativas pedagógicas das escolas e dos professores [...]

O conceito mais aplicado à formação continuada é de que favorece o processo de

construção permanente do conhecimento e do desenvolvimento pessoal/profissional, desde a

formação inicial, no atendimento a uma nova cultura profissional, assim como destaca Nóvoa

(1999, p. 29):

É fundamental que a nova cultura profissional se paute por critérios de grande

exigência em relação à carreira docente (condições de acesso, progressão, avaliação,

etc.). Se os próprios professores não investirem neste projeto é evidente que outras

instâncias (Estado, Universidades, etc.) ocuparão o território deixado livre,

reivindicando uma qualquer legitimidade de pilotagem da profissão docente.

Ainda que a formação continuada não seja um conceito novo, nos últimos anos, vem

ganhando especial destaque diante das recentes transformações no mundo do trabalho e no

conjunto da sociedade como um todo, sendo vista como proposta ampla e contínua. Segundo

Page 30: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

28

Imbernón (2010, p. 45), “[...] será essa formação legítima, quando contribuir para o

desenvolvimento profissional do professor no âmbito de trabalho e de melhoria das

aprendizagens profissionais.”

A sociedade contemporânea, que tem como uma de suas características a constante

transformação, solicita do professor determinadas habilidades que lhe conferem as

competências para atuar com o aluno do século XXI. Um dos fatores que implicam as

transformações aceleradas é o desenvolvimento tecnológico. Em consequência, deparamo-nos

com novos espaços e modalidades de formação, proporcionando novas reflexões sobre a ação

docente, com vistas à mudança da prática pedagógica, em prol da melhoria dos processos de

ensino e aprendizagem. Frente às exigências oriundas de construção de uma educação que

atenda aos desafios da contemporaneidade, a formação continuada de professores constitui-se

como fundamental, pois possibilita mudança da prática pedagógica como consequência da

prática que implica ação-reflexão-ação, em uma relação de unidade teoria e prática.

O exercício da prática pedagógica convida o professor a refletir e repensar os

elementos que implicam os processos de ensino e aprendizagem, com destaque às

metodologias, relação professor-aluno, avaliação da aprendizagem e, inclusive, o uso

pedagógico das TIC. Nesse sentido, os processos formativos têm potencial para contribuir

com a melhoria da qualidade sociocultural do ensino, em uma perspectiva inclusiva. Segundo

Arroyo apud Rios (2001, p. 74-75):

A qualidade sociocultural do ensino, passa pela construção de um espaço público, de

reconhecimento de diferenças, dos direitos iguais nas diferenças e, mais

especificamente na contemporaneidade, pela renovação dos conteúdos críticos e da

consciência crítica dos profissionais, pela resistência a uma concepção

mercantilizada e burocratizada do conhecimento, pelo alargamento da função social

e cultural da escola e intervenção nas estruturas excludentes do velho e seletivo

sistema escolar.

Entretanto, ao abordar a melhoria da qualidade do ensino, é importante considerar o

contexto em que cada escola está inserida, o que remete à necessidade de se analisar as

peculiaridades locais. A educação básica de qualidade tem sido medida por meio do Ideb,

desde o ano de 2005. Ainda que esses índices não sejam os únicos indicadores de qualidade

na educação, eles poderão representar a possibilidade de repensar e aprofundar a prática

pedagógica, na direção de melhorias dos processos de ensino e aprendizagem. Há, porém, que

se atentar para que o Ideb não constitua o único indicador de qualidade da educação básica,

mas que constitua um indicador de avaliação externa que possa ser articulado a processos de

avaliação interna que desvelem as condições intra e extraescolares, pois como Silva (2009, p.

Page 31: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

29

225) afirma “A qualidade social da educação escolar não se ajusta, portanto, aos limites,

tabelas, estatísticas e fórmulas numéricas que possam medir um resultado [...]”

Com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no Brasil, e por consequência,

melhorar os índices do Ideb, faz-se necessária a formação docente, entre outros elementos

apontados por Dourado e Oliveira (2009), ao analisar as condições internas da escola.

a) as dimensões, intra e extraescolares, devem ser consideradas de maneira

articulada na efetivação de uma política educacional direcionada à garantia de escola

de qualidade para todos, em todos os níveis e modalidades.

[...]

i) associada à necessidade de uma sólida política de formação inicial e continuada,

bem como à estruturação de planos de carreira compatíveis aos profissionais da

educação, destaca-se a importância de políticas que estimulem fatores como

motivação, satisfação com o trabalho e maior identificação com a escola como local

de trabalho, como elementos fundamentais para a produção de uma escola de

qualidade. (DOURADO; OLIVEIRA, 2009, p. 209 e 211).

Assim, considerar a formação do professor como sendo o único elemento que implica

a melhoria da qualidade da educação básica revela uma postura ingênua. Porém, ainda que

não seja elemento único responsável pela qualidade da educação, é incontestável que a

formação do professor implica a construção da qualidade social da educação para todos. A

qualidade social da educação para todos encerra as dimensões de qualidade e de quantidade,

conforme destaca Cortella (1998, p. 14-15)

[...] a qualidade tem que ser tratada junto com a quantidade; não pode ser revigorado

o antigo de discricionário dilema da quantidade X qualidade e a democratização do

acesso e da permanência deve ser absorvida como um sinal de qualidade social. [...]

Em uma democracia plena, quantidade é sinal de qualidade social e, se não se tem

quantidade total atendida, não se pode falar em qualidade.

Nessa perspectiva, ressalto a importância da formação inicial do professor articulada

a um processo permanente de formação continuada. A formação continuada de docentes

ilustra o desafio do renovar-se, do vir a ser professor, tendo em vista a sua complexidade e os

desafios do contexto atual que requerem a efetivação de mudanças.

O sentimento da necessidade de mudança da educação e da melhora da prática

pedagógica podem instigar os docentes à busca do seu desenvolvimento profissional/pessoal,

impulsionados pelo desvelamento da realidade, implicando condições externas e internas da

escola. Porém, as mudanças dependem também da equipe de gestão escolar e dos alunos,

conforme a reflexão de Moran (2001, p. 16-17):

Page 32: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

30

As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores

maduros intelectualmente e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas,

abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em

contato, porque desse contato saímos enriquecidos.

As mudanças na educação dependem também de termos administradores, diretores e

coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas

no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os

professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e

o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio

e comunicação.

As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos e

motivados facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do

professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-

educador.

Ao articular as mudanças da educação atreladas a diversos atores, destaco a

importância do amadurecimento, entusiasmo, curiosidade e disponibilidade para o diálogo,

qualidades do professor que coadunam com as ideias de Freire (1996, p. 45):

Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do

exercício da criatividade que implica a promoção da curiosidade ingênua à

curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das

emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação.

Dessa forma, a construção de uma educação de qualidade social para todos não se dá

isenta da valorização dos professores, o que corrobora para a importância da definição e

redefinição de políticas públicas que valorizem os profissionais da educação e que integrem

políticas de formação docente.

Manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas

pedagógicas em prol das aprendizagens integram o exercício da função docente. Quando o

educador busca a formação continuada, fortalece e enriquece o seu aprendizado, em

consequência, a sua intervenção junto aos estudantes mostra-se mais qualificada. Mas, é

essencial que esses processos formativos oportunizem ao professor espaços de

problematização, compartilhamento de certezas e incertezas, construção e reconstrução de

conhecimento, de modo a suscitar reflexão e postura investigativa.

Imbernón (2010, p. 52) afirma:

Essa nova epistemologia da prática educativa gera uma nova forma de ver a

formação docente, e torna mais complexa a formação do professor. Essa crescente

complexidade social formativa faz com que a profissão docente e sua formação

também se tornem, ao mesmo tempo, mais complexas, superando o interesse

estritamente técnico aplicado ao conhecimento profissional, no qual o

profissionalismo está ausente, já que o professor se converte em instrumento

mecânico e isolado de aplicação e reprodução, dotado apenas de competências de

aplicação técnica. [...] Uma formação deve propor um processo que dote o professor

Page 33: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

31

de conhecimentos, habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou

investigadores.

Em face da necessidade de se contribuir para a formação de professores reflexivos, a

formação continuada em EAD pode vir a agregar, à medida que promove interação em

ambientes que favoreçam a colaboração e a cooperação. Nesse sentido, as ferramentas

disponíveis ao ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e a atuação do tutor ou professor

fazem a diferença para que a comunicação ocorra de forma síncrona ou assíncrona,

intensificando-se em prol da aprendizagem significativa. Sobre o assunto, reforça Valente

(2001, p. 34-35) o “[...] envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais significativa.”

A comunicação assíncrona permite a interação dos participantes sem que eles

estejam necessariamente conectados ao mesmo tempo. Já a comunicação síncrona ocorre em

tempo real e permite que a comunicação aconteça de forma mais interativa e dinâmica no

ambiente virtual de aprendizagem. Entre as ferramentas disponibilizadas no AVA e que

contribuem para a comunicação assíncrona, constam fórum, e-mail, mural entre outros; entre

as síncronas, há os chats, videoconferências, entre outros.

A formação continuada implica aprender sempre, tendo em vista que o professor está

em construção. Assim, não basta ampliar os recursos dos professores, pois o desenvolvimento

pessoal/profissional passa pela integração e aplicação dos conhecimentos em situações reais,

em que teoria e prática estejam articuladas.

Nessa direção, a formação continuada é necessária, podendo ocorrer de várias

formas, principalmente na escola, na vivência diária e com os atores envolvidos na prática.

“Além disso, é imprescindível que a busca da credibilidade do trabalho docente esteja ligada à

competência do saber fazer bem.” (RIOS, 2003, p. 46). O saber fazer bem implica a

competência multidimensional do professor que se expressa no ato de reformular seus

conceitos, seus valores e suas práticas, tendo em conta uma sociedade em permanente

processo de transformação.

Apesar de a formação continuada dos professores em EAD ter provocado discussões

acerca de sua implantação, com base nela, o professor pode recontextualizar seu processo de

aprendizagem, além de entender o seu novo papel no processo educativo, conforme refletem

Seixas e Mendes (2006, p. 4):

Os avanços tecnológicos têm sido impactantes muito mais por favorecerem a

transformação profunda dos processos ensino-aprendizagem do que pela variedade e

novidade dos equipamentos. Assim, criou-se um novo paradigma que está, pouco a

Page 34: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

32

pouco, sendo introduzido no modelo presencial. Trata-se de uma nova fronteira de

educação, agora com a perspectiva de ensinar e aprender em rede.

Desse modo, a formação continuada contribui para repensar as novas práticas

pedagógicas, com vistas à melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. Além disso,

minimiza a resistência dos professores em relação ao uso das TIC na sala de aula, à medida

que a formação continuada em EAD favorece o domínio do seu manuseio e das diversas

ferramentas disponibilizadas.

As competências do uso das tecnologias digitais em sala de aula e fora dela estão em

entender e desenvolver a colaboração, a negociação, a reflexão, a crítica construtiva,

a seleção e a análise da informação contida no massacre de informações que temos

todos os dias em todas as mídias. (CAMAS, 2012, p. 52).

Tendo em vista que a formação continuada em EAD pode contribuir para o professor

fazer o uso pedagógico das TIC na sala de aula, reitero a necessidade de formação

problematizadora, em uma abordagem construcionista5. Ao vivenciar espaços de formação

caracterizados por essa abordagem, é possível que o professor transfira a experiência à sala de

aula e, dessa forma, utilize o computador nos processos de ensino e aprendizagem com vistas

à construção do conhecimento.

Almeida (2000, p. 111) destaca que:

É necessário que, no processo de formação, haja vivências e reflexões com as duas

abordagens de uso do computador no processo pedagógico (instrucionista e

construcionista). E que sejam analisados seus limites e seu potencial, de forma a dar

ao professor autonomia para decidir qual a abordagem com que vai trabalhar.

Tudo isso implica em que o professor tenha autonomia para vivenciar a dialética da

própria aprendizagem e da aprendizagem de seus alunos e reconstrua continuamente

teorias [...]

Nessa perspectiva, a formação continuada em EAD assume dupla função na melhoria

dos processos de ensino e aprendizagem. Uma das possibilidades da formação continuada do

professor em EAD explicita-se pela possibilidade de renovação da prática pedagógica,

considerando aspectos relacionados à metodologia, relação professor-aluno, avaliação da

aprendizagem, entre outros. A outra se refere ao uso pedagógico das TIC, que vai ao encontro

da realidade dos alunos do novo milênio.

A utilização do computador na escola como instrumento de aprendizagem exige

que mudanças estruturais nela ocorram, pois a informática educativa é muito mais que

5 “O Construcionismo, segundo Valente, significa a construção de conhecimento baseado na realização concreta de uma ação

que produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse de quem produz.” (PRADO, 2002, p. 28).

Page 35: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

33

conhecer e ensinar os aplicativos aos alunos, tendo em vista que propicia uma maneira

diferenciada de ensino, em função do potencial de interação promovido entre professor e

aluno, aluno e aluno. Com o avanço das TIC, surge um caminho possível ao desenvolvimento

de novas práticas pedagógicas. Porém, há de se considerar a necessidade de transpor desafios

inerentes à construção de um novo paradigma educacional.

As novas tecnologias estão presentes na sociedade contemporânea associadas à

interatividade, como diz Silva (2005, p. 63, grifo do autor), “A educação on-line ganha adesão

nesse contexto e tem aí a perspectiva da flexibilidade e da interatividade próprias da internet.”

A informação é disponibilizada de um modo rápido e sem limites. Sendo assim, a

comunicação é de extrema relevância ao homem, numa sociedade que vive em rede, no

mundo contemporâneo, como afirmam Almeida e Fonseca Junior (2000, p. 17):

O acelerado desenvolvimento da competitividade econômica (e científica) no mundo

resultou na necessidade de decisões rápidas e acertadas. A agilidade nas decisões

exigiu autonomia das unidades de negócio e informação instantânea. A velocidade

de acesso à informação qualificada passou a ser um importante diferencial

competitivo. O resultado foi o avanço sistemático da demanda por conectividade, o

que fez consolidar as tecnologias de comunicação necessárias para fazer de um

computador uma ferramenta integrada ao mundo.

Na sociedade contemporânea, informação é elemento de valor e fundamental aos

processos de comunicação. Mas cabe salientar que nem sempre é capaz de estabelecer

conexões e produzir comunicação, embora cumpra papel importante no processo,

reconfigurando a sociedade contemporânea em todos os seus aspectos.

Assim, no processo educativo, desencadeamos a reflexão para dar sentido à

informação recebida, transformando-a em conhecimento. As informações são os dados

apurados em uma pesquisa e quando estudados por um quadro teórico, produzirão o

processamento desses dados em conhecimento, que vai além de informações, pois ele, além

de ter um significado, tem aplicação em benefício da evolução histórica da sociedade.

Conforme Alarcão (2003, p.14), “O mundo, marcado por tanta riqueza informativa, precisa

urgentemente do poder clarificador do pensamento.”

A formação continuada necessita, desse modo, favorecer a reflexão do professor sobre

a sua prática pedagógica acerca do desenvolvimento da aprendizagem e de seu papel como

agente transformador de si mesmo e de seus alunos. Daí a necessidade da formação

continuada em EAD problematizar o cotidiano da escola, das metodologias de ensino, da

relação professor-aluno, da avaliação da aprendizagem, enfim, dos aspectos atinentes aos

processos de ensino e aprendizagem. Valente (1993, p. 6 ) afirma que:

Page 36: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

34

A mudança da função do computador como meio educacional acontece juntamente

com um questionamento da função da escola e do papel do professor. A verdadeira

função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar

condições de aprendizagem. Isto significa que o professor deve deixar de ser o

repassador do conhecimento — o computador pode fazer isto e o faz muito mais

eficientemente do que o professor — e passar a ser o criador de ambientes de

aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno.

Com base no autor, fica explícita a necessidade de ruptura paradigmática. O ensino

centrado no professor, reduzido à transmissão de conhecimento, que se traduz pela educação

bancária (FREIRE, 1996), precisa ser superado, tendo em vista que o professor como detentor

do saber não tem mais lugar em uma sociedade em constante transformação.

No novo paradigma educacional, professor e aluno são partícipes dos processos de

ensino e aprendizagem, e juntos, ainda que com responsabilidades diferentes, atuam na

construção e reconstrução do conhecimento. Seixas e Mendes (2006, p. 5, grifo do autor)

apresentam uma análise das relações desencadeadas pelo desenvolvimento de uma nova

cultura com a implicação nos processos de ensino e aprendizagem:

Se, por um lado devemos focar no aluno e promover as mudanças tendo em vista

suas necessidades e expectativas, por outro precisamos atentar para as necessidades

do professor, que, mesmo reconhecendo a importância de inovar seu oficio, encontra

barreiras, dificuldades e falta de apoio.

Se o principal protagonista nesse processo é o aluno, que hoje surge na escola já

dominando a Internet, o professor deve valer-se dela para promover a inovação

requerida.

Sem dúvida, o uso qualificado dos meios disponíveis na Internet pode promover

mudança radical nas relações ensino-aprendizagem.

Assim, para que sejam efetivadas as mudanças que implicam os processos de ensino

e aprendizagem, em função do uso dos meios disponíveis na Internet, há necessidade de ser

oferecida formação continuada aos professores, seja na modalidade presencial, semipresencial

ou a distância.

A formação continuada na modalidade a distância exige, por sua vez, uma estrutura

diferente, se comparada à formação presencial, à medida que solicita uma prática pedagógica

diferenciada, criando mecanismos e esquemas de referência associados à presença do

professor e do estudante, uma vez que decompõe o ato em momentos e lugares diferenciados:

o ensino é midiatizado; a aprendizagem resulta do trabalho num ciclo da aprendizagem do

estudante integrado com o mundo virtual, como reafirmam Prado e Valente (2002, p. 28):

Na formação do professor com base no estar junto virtual o ciclo de aprendizagem é

ampliado, provocando reflexões mais profundas uma vez que a interação entre o

Page 37: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

35

formador e os professores em formação é mediada pela escrita. Isto obriga o

professor a explicar e documentar a sua prática pedagógica e cria meios para

articulação entre diferentes tipos de reflexão e entre o conhecimento contextualizado

e descontextualizado, difíceis de serem implantados em situações de formação

presencial.

A atitude do aluno/professor em processo de formação continuada em EAD está

diretamente relacionada à interação que estabelece com os tutores, por meio das ferramentas

disponibilizadas no ambiente virtual de aprendizagem. Portanto, a construção do

conhecimento passa a um “estar junto virtual”, nas palavras de Prado e Valente (2002, p. 48):

O estar junto virtual permite múltiplas interações no sentido de acompanhar,

assessorar, intervir e orientar o professor em formação em diversas situações de

aprendizagem. Como já foi dito, a formação do professor para integrar a informática

nas atividades pedagógicas envolve o domínio de várias ferramentas

computacionais, a sua recontextualização no trabalho com os alunos.

A interação estabelecida no “estar junto virtual” confere autonomia ao

aluno/professor, possibilitando-lhe aprender a aprender, por meio do acesso à informação e ao

conhecimento em qualquer tempo e lugar, viabilizando a formação continuada. Nessa direção,

Almeida (2003, p. 331, grifo do autor) ressalta:

A EAD é uma modalidade educacional cujo desenvolvimento relaciona-se com a

administração do tempo pelo aluno, o desenvolvimento da autonomia para realizar

as atividades indicadas no momento em que considere adequado, desde que

respeitadas as limitações de tempo impostas pelo andamento das atividades do

curso, o diálogo com os pares para a troca de informações e o desenvolvimento de

produções em colaboração. A par disso, o ''estar junto virtual'' indica o papel do

professor como orientador do aluno que acompanha seu desenvolvimento no curso,

provoca-o para fazê-lo refletir, compreender os equívocos e depurar suas produções,

mas não indica plantão integral do professor no curso. O professor se faz presente

em determinados momentos para acompanhar o aluno, mas não entra no jogo de

corpo a corpo nem tem o papel de controlar seu desempenho. Caso contrário, criará

a dependência do aluno em relação às suas considerações e perpetuará a hierarquia

das relações aluno-professor do ensino instrucional, mais sofisticado nos ambientes

digitais de aprendizagem, perpetuando uma abordagem de ensino que em situações

tradicionais de sala de aula já se mostraram inadequadas e ineficientes.

Considerando as diferentes modalidades e as novas práticas, em especial, o uso do

computador na sala de aula, convém perguntar: quando e como esse professor estuda,

pesquisa, enfim se atualiza? Tais indagações são cabíveis se considerarmos os baixos salários

do professor, bem como a sua dupla jornada de trabalho que absorve o tempo que poderia ser

destinado a sua formação. Assim, a formação continuada precisa fazer parte da profissão

docente e ser encarada como direito e necessidade de reflexão da prática docente, uma vez

que se refere essencialmente à ação do professor no âmbito escolar, com vistas à

Page 38: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

36

aprendizagem dos alunos. Dessa forma, as aprendizagens podem ser favorecidas com a

incorporação das TIC, em sala de aula, o que requer oferecer formação específica sobre seu

uso pedagógico, em uma abordagem construcionista. Segundo Prado e Valente (2002, p. 28):

A formação de professores para usar a informática na escola segundo a abordagem

construcionista é bastante complexa, porque implica repensar as concepções de

ensino e de aprendizagem com vistas à reconstrução da prática pedagógica. Com a

base da formação é a prática, temos enfatizado o fato de o professor da sala de aula

ou da disciplina curricular ter conhecimento dos potenciais educacionais da

informática e ser capaz de integrar atividades não informatizadas de ensino-

aprendizagem e atividades que usam o computador.

Nessa perspectiva, a formação continuada em EAD deve ser dialógica, com base em

comunicação atenta à necessidade do professor e à sua vida, em prol dos seus anseios, de

modo que possa realizar a sua história de agir compromissado no seu dever de emancipação

consciente do educando, “[...] por isso é que, na formação permanente dos professores, o

momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a

prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (FREIRE, 1996, p. 39).

Por meio da reflexão, da crítica e da troca de ideias, os professores podem atuar como uma

espécie de alavanca para a mudança no acesso ao conhecimento, considerando o tempo de

cada aluno, seu potencial para contribuir no uso pedagógico das TIC nos processos de ensino

e aprendizagem.

A formação de professores, na contemporaneidade, parte de uma postura

emancipadora e tem se mostrado um dos pilares para a melhoria qualitativa dos saberes

docentes necessários à sua atuação nos processos de ensino e aprendizagem, opondo-se à

educação tradicional, que se baseava no instrucionismo e se fundamentava na ação de ensinar

como se fosse mera transmissão de informação ao aluno. No contexto atual, é fundamental

definir e redefinir políticas públicas de formação continuada em EAD, conforme discuto na

sequência.

2. 3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD

O surgimento da educação virtual, no Brasil, ocorreu em 1994, juntamente com a

expansão da internet para atender ao desenvolvimento da rede telemática para uso acadêmico,

na Rede Nacional de Pesquisa. Durante o período de 1995 e 1996, o uso se expande em torno

das novas TIC, para a educação superior, mas somente alcançou sua expansão, em 2002, em

instituições de todo o país, públicas e privadas. Em razão da informatização, o Brasil buscou

Page 39: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

37

regulamentação, a fim de atender à necessidade de formação continuada do professor,

proporcionando uma melhora da qualidade social para a educação no Brasil. A

regulamentação da Educação a Distância foi oficializada a partir da LDB 9394/96, de 20 de

dezembro de 1996 e, posteriormente, de portarias e decretos, emanaram outras

regulamentações6:

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - Lei Nº 9.394/96), promulgada em

20 de dezembro de 1996, prevê a implantação gradativa da EAD em todo o Sistema de

Ensino. Para a formação dos professores, o Congresso Nacional decreta a Lei nº 12.056, de 13

de outubro 2009, que altera o Art. 62 da LDB – 9394/96, passando a vigorar acrescido de três

parágrafos:

Art. 62 Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em

nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e

institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício

do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino

fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de

colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos

profissionais de magistério.

§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão

utilizar recursos e tecnologias de educação a distância.

§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino

presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a

distância. (BRASIL, 2009a).

Anterior à LDB 9394/96, existiram iniciativas governamentais. O Ministério da

Educação (MEC) e a Fundação Pinto (TVE – RJ) lançaram, em 1991, o Programa um salto

para o Futuro, cujo objetivo era qualificar professores do Ensino Fundamental, em serviço,

através da modalidade de tele-educação. O Programa TV-Escola, lançado em 1995, por sua

vez, constituiu um avanço em relação ao programa anterior, ao incorporar e produzir novas

formas de aprendizagem aos docentes e também novos materiais audiovisuais para uso em

sala de aula, contribuindo para a qualidade da prática pedagógica à formação continuada dos

professores.

6 - A Portaria 4059, de 10 de dezembro de 2004, que autoriza a introdução de disciplinas no modo semipresencial em até 20%

da carga horária total de cursos superiores reconhecidos.

- A Portaria 4361, de 29 de dezembro de 2004, que regulamenta o credenciamento de instituições de ensino para o uso

regular da EAD em seus processos.

- O Decreto 5622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o Art. 80 da LDBEN- 9394/1996, definindo a política oficial

de educação a distância no país.

Page 40: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

38

Entre as primeiras ações da Secretaria de Educação a Distância – Seed, em 1996,

estão a estreia do canal TV Escola e a apresentação do documento-base do Programa

Informática na Educação – (ProInfo), na III Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de

Educação (Consed).

Desenvolvido com a participação de educadores, o ProInfo foi implementado por

meio de parcerias entre o MEC, os governos estaduais e os governos municipais. O seu

principal objetivo era propiciar uma educação voltada ao desenvolvimento científico e

tecnológico, numa visão de cidadania global em uma sociedade tecnologicamente

desenvolvida para a contemporaneidade.

Esse Programa pode auxiliar na melhoria da qualidade dos processos, visto que é

mais uma possibilidade de ligação entre as escolas, pela internet, ao mundo globalizado,

sendo que as ações de formação continuada têm a possibilidade de dinamizar os processos de

ensino e aprendizagem de forma a possibilitar o acesso ao conhecimento científico. O foco

das TIC é a transformação da educação, por meio do conhecimento que possibilita

desenvolver pela tecnologia, e que auxilia no aprimoramento do trabalho nos ambientes

educacionais, refletindo na prática profissional dos professores, e nos processos de ensino e

aprendizagem.

A partir do Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007), foi

substituído o antigo ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação de 1997) pelo

Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), sendo este mais uma ação

educacional do MEC, que visa a fomentar o uso das tecnologias de informação e

comunicação. O programa tem como objetivo inserir as TIC nas escolas de educação básica

brasileiras, rurais e urbanas, com a instalação de laboratórios de informática e soluções

tecnológicas baseadas em mídias digitais e conteúdos digitais, também com capacitação dos

professores das escolas, podendo promover, com isso, não só a melhoria do processo

educacional, mas também a inclusão social e digital da escola pública.

Com o objetivo de atender à demanda de formação de professor, é criado, em 2009, o

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), que é uma ação

conjunta do MEC com as Instituições Públicas de Ensino Superior (Ipes) e as Secretarias de

Educação dos Estados e as Secretarias de Educação dos Municípios (Semeds).

De acordo com Brasil (2012), o objetivo principal do Parfor é garantir aos

professores, em exercício na rede pública, de Educação Básica uma formação acadêmica

exigida pela LDBEN- 9394/1996, bem como promover a melhoria da qualidade da Educação

Básica, por meio da elevação do padrão de qualidade da formação dos professores. O

Page 41: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

39

PARFOR oferece cursos, nas modalidades presencial e a distância. O ambiente de

aprendizagem ofertado é virtual e foi criado pelo MEC/Capes – Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os cursos oferecidos pelo Parfor

compreendem a primeira licenciatura para docentes sem formação superior; a segunda

licenciatura para docentes que atuam em área distinta da sua formação inicial; e formação

pedagógica para docentes graduados, porém não licenciados.

As ações do Parfor têm sido fortalecidas por meio de fóruns estaduais de apoio à

formação docente que entre as suas atribuições implica programas de formação inicial e

continuada para os profissionais do magistério.

O Parfor é gerido pela Capes, em parceria com as secretarias de educação dos estados

e dos municípios e as instituições públicas e comunitárias de educação superior. Tem como

objetivo melhorar a formação dos docentes em exercício, na rede pública, o que influencia

diretamente na qualidade do ensino que as crianças e os jovens recebem nas escolas

brasileiras.

Lançado em maio de 2009, o plano tem como meta, segundo Brasil (2012), formar, no

período de 2009 a 2011, 330 mil professores que, hoje, exercem a profissão sem licenciatura.

Do total de vagas, 52% são em cursos presenciais e 48% em cursos a distância.

Esses cursos são gratuitos e ofertados nas modalidades presencial e a distância, em

municípios dos Estados da Federação, por meio de Instituições Públicas de Educação Superior

e Universidades Comunitárias. Em Santa Catarina, as instituições envolvidas nesse programa

são: Udesc, UFSC, UFFS, IF-SC, IFC e as Instituições filiadas à associação Catarinense das

Fundações Educacionais (Acafe).

O Ministério da Educação, no ano de 2009, com o objetivo de proporcionar o acesso

dos professores de educação básica pública no Brasil às instituições ensino superior, para uma

nova habilitação criou o programa da Plataforma Freire, que é uma ferramenta de fácil acesso,

para que os professores possam atualizar os seus currículos, podendo, então, ingressar em

outro ramo, além de sua área de atuação.

Inicialmente, foram oferecidas 52.894 vagas para cursos de graduação de professores

em exercício, que estivessem atuando sem habilitação específica na área que atuavam, nas

redes públicas estaduais e municipais, com o objetivo de atender à demanda do Plano

Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, entre os anos de 2009 a 2011.

Em maio do ano de 2012, o sistema passou a ser gerido pela Capes e está sendo

reestruturado para acompanhamento e novo planejamento da formação inicial e continuada

dos professores da educação básica. A Capes atualmente publica a relação dos cursos

Page 42: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

40

superiores ofertados pelas instituições superiores aos professores da rede pública da educação

básica; as universidades realizam a matrícula dos alunos.

Desde a reestruturação do sistema e após a efetivação das matrículas, as instituições

devem informar a evasão, quando ocorre a desistência dos professores da formação

continuada. As secretarias municipais e estaduais de educação podem informar a demanda por

formação de sua rede. E os dados dos professores cadastrados são acompanhados via dados

cadastrais da plataforma, no sentido de acompanhamento do programa.

A revisita aos programas de governo voltados à formação continuada em EAD dos

professores possibilita constatar que se trata de política recente que se acentuou na primeira

década do século XXI. Ainda que nas duas últimas décadas, por meio dos programas de

governo, tenham sido criados subsídios com o propósito de aprimorar o trabalho pedagógico

das escolas públicas, e de auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem, como a

instalação de laboratórios de informática, formação dos professores, existe um longo caminho

a ser percorrido para que haja melhoria dos processos do ensino e da aprendizagem.

Não é novidade que o nosso país enfrenta um gargalo na educação, com professores

sem formação adequada e com necessidade de se atualizar, o que nos remete a Freire (2000),

pois o homem é um ser em processo de vir a ser, o que implica a educação permanente.

A educação é permanente não por que certa linha ideológica ou certa posição

política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é permanente na razão,

de um lado, da finitude do ser humano, de outro, da consciência que ele tem de

finitude. Mas ainda, pelo falto de, ao longo da história, ter incorporado à sua

natureza não apenas saber que vivia mas saber que sabia e, assim, saber que podia

saber mais. A educação e a formação permanente se fundam aí. (FREIRE, 2000, p.

20).

Essa constatação remete à importância do desenvolvimento de uma cultura de

formação continuada e, sobretudo, de esforço para o desenvolvimento de uma cultura

tecnológica que contribua para o professor valorizar a formação continuada em EAD.

É preciso, pois, entender que o mundo virtual não é modismo, é um elemento da

política, uma realidade que está fazendo parte do processo de evolução do sistema de ensino

atual, sendo que a escola está inserida em uma sociedade tecnológica. Portanto, não podemos

continuar trabalhando da mesma maneira, sem incorporarmos esses elementos à realidade do

ensino. É nessa direção que aponta Imbernón (2010, p. 29),

O desafio, segundo meu ponto de vista, é examinar o que funciona, o que deve ser

abandonado, desaparecido, construído de novo ou reconstruído a partir daquilo que é

velho. É possível modificar as políticas e as práticas da formação continuada de

professores? Como repercutem as mudanças atuais na formação docente?

Page 43: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

41

Questionar e investigar as políticas e as práticas de formação continuada de

professores em EAD parece um caminho necessário a ser trilhado na busca de oferecer

formação aos docentes, algo que, de fato, implique mudanças na prática pedagógica.

Schneider e Durli (2009, p. 209) também refletem sobre as políticas de formação

atuais, as quais criticam, ao destacarem:

Na atualidade, as políticas de formação dos profissionais da educação advogam a

necessidade de uma profunda reforma, apontando um profissional ideal, que na

realidade não existe. Ainda que evoquem esse professor ideal, em sua aplicação, não

se advogam medidas capazes de realizar tal intento.

Nesse contexto, faz-se necessário repensar a política de formação continuada,

considerando a real necessidade do professor, em função do contexto em que atua no

exercício cotidiano da prática docente, em prol da aprendizagem dos alunos. Há, assim, um

diferencial qualitativo de formação continuada em EAD, visto que ao professor é possibilitada

a escolha de curso a ser realizado indo ao encontro de sua necessidade, do seu interesse, de

sua afinidade com a disciplina que ministra, enfim, tem potencial para o desenvolvimento da

motivação intrínseca, que consiste fator importante para a busca dos cursos de formação.

Almeida (2000, p. 128) ajuda a compreender esse processo ao afirmar que: “O

processo vivenciado pelo professor em formação o impulsiona a entrar em outras áreas de

conhecimento e, ao mesmo tempo, a aprofundar-se em sua própria área, tanto em aspectos

relacionados a conteúdos quanto na estrutura de conhecimentos.”

Nessa direção, a definição e redefinição de políticas públicas de formação continuada

em EAD torna-se fundante para a melhoria da prática pedagógica que contribua para a

construção de uma educação de qualidade social.

Page 44: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

42

3 A ESCOLA, LÓCUS DA PESQUISA, E A EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO

CONTINUADA EM EAD

Nesta seção e subseções, pretendo apresentar, de forma breve, o histórico da escola

pesquisada, a qual integra a rede pública estadual de Santa Catarina; a implementação da

escola em tempo integral, potencializando, por parte dos professores a busca pela formação

continuada. Abordo, ainda, os pressupostos de implantação da escola de tempo integral no

referido Estado.

3.1 ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

A discussão de escola de tempo integral aconteceu no Brasil, no início do século XX,

tendo sido vista como uma instância transformadora da sociedade em meio a uma revolução

industrial que exigia um lugar onde as crianças pudessem estar em segurança para os pais

participarem do processo produtivo da sociedade. A este propósito primeiro da implantação

de escola em tempo integral, posteriormente, somou-se outro: reduzir os conflitos sociais

existentes entre a necessidade de uma sociedade produtiva e uma escola que atendesse à

demanda.

As primeiras iniciativas de implantação de um sistema público de escolas de tempo

integral, no Brasil, foram de Anísio Teixeira, na década de 50, porém, a experiência não foi

aplicada em todo o território nacional. Nas décadas de 80 e 90, houve iniciativas, com outras

denominações como, a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), cujo

objetivo era atender a instituições colocadas fora da rede educacional regular, que pudessem

proporcionar educação, esportes, assistência médica, alimentos e atividades culturais variadas.

Além desses, no ano de 1991, foram instituídos, no Estado do Rio de Janeiro, os

Centros de Atenção Integral à Criança (Caics), cujo propósito era promover atenção à criança

e ao adolescente na educação fundamental de tempo integral, com o atendimento a programas

de assistência à saúde, ao lazer da criança e do adolescente, projeto este que foi ampliado,

sendo ofertado em nível nacional. Mas, em sua maioria, encerraram as atividades no ano de

1995, uma das descontinuidades das políticas educacionais.

Com a intenção de ampliar as possibilidades de acesso à escola de educação básica,

especificamente, o projeto de escola em tempo integral, inicialmente, buscava ampliar e

diversificar o acesso ao conhecimento, caracterizando-se como uma proposta ao mesmo

Page 45: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

43

tempo semelhante e diferente da sonhada por Anísio Teixeira. Como apresenta Nunes (2001,

p. 12-13):

As escolas criadas por Anísio e a geração de educadores à qual pertenceu, tanto nos

anos 30 quantos nos anos 50 e 60, não foram vistas pelos alunos que frequentaram

como locais de confinamento. Pelo contrário, constituíram possibilidades crescentes

sonegadas às classes trabalhadoras pelas reformas urbanas que lhes empurravam

para a periferia da cidade. Para muitos desses alunos, essas escolas foram a única

abertura para uma vida melhor.

No Estado de Santa Catarina, teve início o Projeto Escola Pública Integral, no ano de

2003, sustentado pela LDB de 1996, em atenção aos quesitos do Título V, artigo 347, inciso

2º. Em atendimento a esta lei, é criado o Projeto Escola Público Integrada, o qual prevê a

implantação progressiva da jornada integral nos termos da lei (SANTA CATARINA, 2012).

Assim sendo, no primeiro semestre do ano de 2003, sob o comando do Secretário de

Educação, foi elaborado o Projeto Estruturante Escola Pública de Tempo Integral, no Estado

de Santa Catarina. Dois anos depois, o Governo do Estado de Santa Catarina, no dia 19 de

dezembro de 2005, assina o Decreto n 3.867, que regulamenta a implantação e a

implementação da Escola Pública Integrada no ensino fundamental em todo o estado.

Com a aprovação do decreto n. 3.867/2005, a Escola Pública Integrada é implantada

seguindo alguns critérios: baixo Índice de Desenvolvimento Social (IDS) associado aos

menores Índices de Desenvolvimento Educacional (IDE); escolas com estrutura física e

estrutura de pessoal para implantação; possibilidade de estabelecer parcerias com diferentes

setores da sociedade civil; definição de parâmetros para garantir a qualidade e consistência da

proposta educacional na rede estadual de ensino, mantendo a flexibilidade necessária diante

da diversidade das escolas e comunidades. Desse modo, a escola pesquisada opta pela

modalidade de oferta de Escola Pública de Tempo Integral.

De acordo com o documento do Projeto (SANTA CATARINA, 2003, p. 2, grifo do

autor), “A proposta de Escola Pública Integrada busca ressignificar substancialmente o

conceito de ESCOLA.” Nesse caso, ressignificar sinaliza ir além de ensinar o aluno a

reproduzir a educação tradicional, visa a trabalhar por intermédio das experiências coletivas

do processo de formação humana.

Com base na citação de Nunes (2001, p. 12), observo diferentes formas de perceber a

história da educação no Brasil, que remete a pensar em uma educação de qualidade social:

7 Apoiados pela legislação vigente, a escola resolve adotar a oferta da escola de tempo integral, assim como rege:

Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo

progressivamente ampliado o período de permanência na escola.

§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.

Page 46: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

44

Uma escola pública com um ensino básico de qualidade para todos, onde a pesquisa

é assumida como componente do ensino, e em que os espaços e os tempos da

educação sejam significativos para cada sujeito dentro dela. Uma escola bonita,

moderna, integral em que o trabalho pedagógico apaixona e compromete professores

e alunos. Uma escola que construa um solidário destino humano. Histórico e social

foi o grande sonho de Anísio Teixeira, para construir andaimes.

Trata-se de uma proposta que busca três princípios norteadores do Projeto: a qualidade

de ensino-aprendizagem como garantia; a ampliação das oportunidades oferecidas pela escola

para apropriação do conhecimento historicamente produzido; e a gestão compartilhada na

construção do Projeto Político Pedagógico da Escola, cuja meta é:

Ampliar progressivamente a oferta de educação escolar para até oito horas diárias

por meio de atividades curriculares integradas, fazendo parcerias e envolvendo

diferentes entidades da sociedade civil, onde o estado e entidades tornem-se

corresponsáveis pela escola e o que acontece dentro dela. (SANTA CATARINA,

2003, p. 3).

Em função desses aspectos e de outros já discutidos, a escola de tempo integral é uma

iniciativa polêmica, considerando-se a escola que havia no país antes dela.

Voltando à escola em estudo, seus índices no Ideb, em 2009, eram de 4,2 para as séries

iniciais do ensino fundamental. Nela, havia problemas de violência escolar e professores com

sobrecarga de trabalho, bem como uma estrutura e funcionamento congelados no tempo e no

espaço do século XX. A comunidade escolar, desejosa de mudar a realidade, aprovou a oferta

da escola de regime tempo integral, amparada pela Lei 9394/96, que estabelece as diretrizes

da educação nacional, em seu artigo 34 (BRASIL, 1996):

Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas

de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de

permanência na escola. § 1º ......

§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a

critério dos sistemas de ensino.

Por conseguinte, a escola pesquisada, comungando dessa mesma necessidade,

integrou-se ao projeto de escola de tempo integral (EPI) em 2006. Mas, em função de

insuficiência de recursos e infraestrutura adequada, deixou de ser de tempo integral no final

de 2009. As principais metas da EPI foram ampliar as possibilidades de melhoraria dos

processos de ensino e de aprendizagem na tentativa de elevar os índices de Ideb, conforme

ilustrarei na seção que segue.

Page 47: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

45

3.2 A ESCOLA EM TELA

No município de São Miguel do Oeste, a rede pública estadual de ensino é composta

por oito escolas que atendem à educação básica, entre as quais se inclui a unidade escolar em

estudo. O seu funcionamento está amparado na Portaria Regulamentar E/322/85 e no decreto

n. 21402 de 17, de fevereiro de 1984, especificamente de 1ª a 4ª série. As atividades iniciaram

no pavilhão da igreja católica São Luiz Gonzaga, no bairro São Luiz, com três salas adaptadas

a esse fim. No ano de 1987, a escola já tinha sede própria, onde permaneceu até 2012, ano em

que se consolida este estudo. Em 1987, por meio da Portaria 0145/86, foi autorizado o

funcionamento de 5ª a 8ª série. Em 1995, a portaria E/114/95, de 26 de abril, autorizou o

ensino médio, educação geral, que iniciou suas atividades nesse mesmo ano (ESCOLA

ESTADUAL BÁSICA GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).

Novas demandas sociais levaram a escola a assumir novas características e novos

papéis. E como o educandário em estudo mostra em seu projeto político pedagógico

preocupação com o desenvolvimento de São Miguel do Oeste, mais precisamente com o do

bairro São Luiz, que apresentava um alto índice de carência e baixo desenvolvimento social,

foi proposta a criação da Escola Pública Integrada. Tal projeto visava à permanência das

crianças na escola, assistindo-as integralmente em suas necessidades básicas, bem como

propunha a ampliação do aproveitamento escolar, por meio de uma proposta pedagógica que

respondesse às necessidades básicas dos alunos, na medida em que seriam trabalhadas todas

as áreas do conhecimento, com metodologias diversificadas para a implementação da matriz

curricular, (intercalada com atividades diferenciadas) garantindo, dessa forma, melhores

condições para a redução dos índices de evasão, repetência e distorção de idade e ano.

Em face da realidade da escola, considerando as necessidades da comunidade, as

condições de aprendizagem dos alunos e, sobretudo, o resultado do Ideb de 2005, de 4,2 e o

índice do IDH de 0,8 por decisão de pais, professores e gestores, no dia 1 de março de 2006,

teve início a implantação da escola de período integral na unidade escolar pesquisada, de

forma gradativa e progressiva O critério de decisão para implantação da escola em tempo

integral, conforme já salientei anteriormente, deu-se em função do baixo Índice de

Desenvolvimento Econômico e o Índice de Desenvolvimento Social (IDH) do bairro em que

se localiza. A escola lócus de pesquisa foi a primeira do município de São Miguel do Oeste a

oferecer educação em tempo integral, desde 2006, com os alunos do 1º ano. Essa implantação

Page 48: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

46

foi gradativa para os demais anos do Ensino Fundamental até completar os quatro anos

iniciais.

Na operacionalização da proposta da EPI aos alunos, foram oferecidas aulas

referentes ao currículo de base comum e da parte diversificada, distribuídas nos dois turnos,

durante os cinco dias da semana.

Segundo o Projeto Político Pedagógico, os objetivos à implantação da escola em

tempo integral foram:

- Vincular as atividades pedagógicas às rotinas diárias de alimentação, higiene,

recreação e estudos complementares;

- Criar hábitos de estudos, aprofundando os conteúdos vivenciados diariamente;

- Suprir a falta de opções oferecidas pelos pais no campo social, cultural, esportivo e

tecnológico;

- Possibilitar aos estudantes, oriundos de famílias de baixa renda, ambiente

adequado e assistência necessária para a realização de suas atividades escolares;

- Desenvolver o potencial artístico, cultural e esportivo através de oficinas de teatro,

música, esportes, danças, culturas, artesanato, literatura infanto-juvenil e outros,

favorecendo assim, o estabelecimento de parceria;

- Incentivar a participação responsável da comunidade, buscando, através do seu

engajamento no processo educacional, diminuir as desigualdades sociais e,

consequentemente, reduzir os índices de violência.

- Aperfeiçoar projetos de incentivo à leitura e à escrita, enriquecer o universo

cultural do aluno, formar o hábito de estudo, vivenciar um ambiente alfabetizador e

oferecer espaços de convivência lúdico-educativa. (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA

GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).

Com a implantação da escola em tempo integral, a escola lócus de pesquisa buscou

atender aos objetivos propostos, considerando as condições do trabalho pedagógico e as

necessidades sociais e psicológicas dos seus alunos, ampliando, desse modo, o seu papel.

Além de oferecer ampliação no atendimento, passou a proporcionar atendimento

artístico e cultural, por meio da qual a unidade utiliza atividades artísticas e culturais que

contribuem na superação de possíveis dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.

A fim de dar seguimento à tarefa de implantar a escola em período integral (EPI),

foram realizados estudos e pesquisas com a comunidade escolar, visando a atingir uma

educação mais ampla, com aumento do rendimento escolar, com vistas à formação integral do

aluno, consoante a proposta do MEC.

A Educação Integral constitui ação estratégica para garantir proteção e

desenvolvimento integral às crianças e aos adolescentes que vivem na

contemporaneidade marcada por intensas transformações: no acesso e na produção

de conhecimentos, nas relações sociais entre diferentes gerações e culturas, nas

formas de comunicação, na maior exposição aos efeitos das mudanças em nível

local, regional e internacional. (BRASIL, 2009b, p.18).

Page 49: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

47

Assim, o Projeto de Escola em Período Integral foi resultado de uma caminhada, de

um planejamento coletivo, atendendo ao anseio da comunidade em busca de uma educação de

qualidade social. Por isso, a EPI constitui ao município melhora no ensino, por intermédio de

um contato maior com a arte, o conhecimento e a cultura, com base em um currículo

diversificado. Nesse contexto, os professores da unidade escolar sentiram-se impelidos a

buscar formação, com vistas à melhoria no processo ensino e aprendizagem.

No primeiro ano de implantação da escola em tempo integral, foram matriculados e

atendidos 50 alunos na 1ª série do Ensino Fundamental, um dos fatores que me motivou a

realizar este estudo, visto que os professores que atuavam nas turmas estavam em busca de

novas práticas a fim de auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem, algo que poderia ser

favorecido por meio da formação continuada em EAD.

A oferta da escola em tempo integral às crianças de 1ª a 4ª séries também pode ser

vista como mais uma estratégia para diminuir os índices de repetência, evasão e relação de

distorção idade/série. Nesse intuito, a unidade passou a dar atenção especial aos alunos que

apresentavam dificuldades e encaminhá-los ao apoio pedagógico, o qual trabalha com reforço

escolar, visando a promover recuperação da sua aprendizagem. Consequentemente, houve

melhora no índice do desempenho escolar, verificado no resultado do Ideb, analisando-se o

desempenho dos alunos de 4ª série e 8ª série, nas disciplinas de Língua Portuguesa e

Matemática, como mostra o quadro 1, na sequência (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA

GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).

Quadro 1 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2009

Fonte: (BRASIL, 2010)

Analisando-se o quadro apresentado, especificamente, os resultados e metas da

unidade escolar de 2005 até 2009, observo que, com a implantação da escola em tempo

integral, houve elevação do Ideb. Embora esta última afirmação ainda mereça pesquisas que a

tenham como objeto de estudo, parece fazer sentido assegurar que EPI tenha sido o fator

determinante à elevação do Ideb. Por conseguinte, considerá-la como contributo para a

melhoria do rendimento escolar faz sentido, pois, no ano de 2009, ao deixar de ser escola em

Page 50: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

48

tempo integral, em face de não ter sido contemplada com os recursos e infraestrutura

necessários à sua continuidade, houve reflexos no Ideb, e em 2011, apesar de ter mantido a

elevação, conforme o quadro 2, apresentou crescimento mínimo, se comparado à elevação do

Ideb entre os anos de 2007 e 2009, conforme ilustra quadro.

Quadro 2 - Ideb – Resultados e metas da unidade escolar até 2011

Fonte: (BRASIL, 2012)

3.2.1 Caracterização da escola à época da escola em tempo integral (2006 – 2009)

A análise do PPP da escola possibilitou verificar a organização administrativa,

técnico-pedagógica e a infraestrutura física do contexto escolar. Considerando o número de

alunos do ensino fundamental e do ensino médio, que totalizavam 585, é possível identificar

que se trata de uma escola de médio porte, se comparada à outra escola do município que

apresentava um número superior a 1000 alunos. Do total de alunos, 428 pertenciam ao ensino

fundamental, sendo distribuídos entre os turnos matutino e vespertino; 157 alunos eram do

ensino médio, nos turnos matutino e noturno.

No período de implantação de escola em tempo integral, a unidade estava organizada

conforme os quadros 3 e 4 que seguem.

Quadro 3 - Equipe Administrativa e Técnico-Pedagógica

ATRIBUIÇÃO QUANTIDADES

Diretora Licenciada em Geo./Hist./Fil. Pós-Graduação

em Geografia e História.

1

Orientadora educacional Licenciada em Pedagogia, Pós-Graduação em

Educação, licenciada em Pedagogia, Pós-

Graduação em Psicopedagogia.

2

Supervisora educacional Pedagogia, Supervisão Escolar, Pós-Graduação

em Fund. Educação.

1

Assistente Técnico Pedagógico Licenciada em Geografia.

Licenciada em Pedagogia e Psicologia, Pós-

Graduação em Educação Infantil.

2

Professores 30 (25 são efetivos e 5 ACTs)

Fonte: (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).

Page 51: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

49

Em relação à equipe de gestão, era composta por seis membros, sendo uma gestora

escolar, duas orientadoras educacionais, duas responsáveis pelo apoio pedagógico e uma

supervisora educacional. Chama atenção a formação dos membros da equipe, pois do total de

seis integrantes, cinco apresentavam curso de pós-graduação, o que indica a valorização da

formação acadêmico/científica.

A constituição dessa equipe expressa possibilidade de se fazer um acompanhamento

pedagógico que, potencialmente, contribui nos processos de ensino e aprendizagem. Permite

ainda ousar afirmar que, em função da busca pela formação, esse grupo pode servir de

incentivo aos demais professores da escola a fim de que busquem formação continuada, se

considerar a corporificação da palavra pelo exemplo, conforme acentuado por Freire (1996).

A escola, conforme quadro 3, contava com trinta professores, sendo vinte cinco

efetivos e cinco admitidos em caráter temporário. O percentual de professores efetivos

(83,33%) aliado à equipe de gestão revela que, em princípio, a escola apresentava uma

estrutura pedagógica que, efetivamente, favorecia a qualidade de ensino.

Quadro 4 - Infraestrutura física da escola

INFRAESTRUTURA QUANTIDADES

Laboratório de Informática 1 (10 computadores e 1 impressora)

Número de salas de aula 15

Biblioteca 1

Número total de alunos 1º a 4º ano = 228

5º a 8º ano = 200

1º a 3º ano = 157

585 alunos

Quadra de esportes 1

Ginásio de esportes 1

Fonte: (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).

Além da equipe de gestão e do corpo docente, a escola contava, em termos de

estrutura física, com quinze salas de aula, uma biblioteca, uma quadra de esportes, um ginásio

de esportes e um laboratório equipado com dez computadores e uma impressora, locais em

que eram e ainda são desenvolvidas as atividades pedagógicas relativas ao currículo escolar.

Tendo em vista que os alunos estão distribuídos em três turnos, permite afirmar que a

infraestrutura física oferecida pela escola, considerando a biblioteca, a quadra e o ginásio de

esportes supriam as necessidades dos alunos. Todavia, é preciso considerar que, sendo uma

escola em tempo integral, faltava um refeitório para os alunos, a fim de que fizessem as suas

refeições em espaço propício.

Page 52: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

50

Em relação ao número de computadores do laboratório de informática (10) e o número

de alunos por sala de aula (30), a proporção era de três alunos para um computador, o que

implicava restrição, em função da limitação de tempo no manuseio do computador.

De acordo com o PPP da Unidade Escolar, a Escola em Período Integral viabilizou um

trabalho coletivo e interdisciplinar, fundamentado nas ações pedagógicas, promovido através

de estudos, reflexões e debates sobre seus conteúdos. Trabalhava com currículo normal,

intercalado com um currículo complementar, optando por conteúdos que transformam a

realidade existente na escola, em relação aos alunos. Assumiu uma proposta inovadora,

acompanhada de um novo olhar, um novo jeito de conceber a prática pedagógica,

redimensionando as concepções de aprendizagem (ESCOLA ESTADUAL BÁSICA

GUILHERME JOSÉ MISSEM, 2010).

Porém, no percurso desta pesquisa, por decisão da comunidade escolar, no ano de

2009, a escola deixou de ofertar o período de escola de tempo integral por escassez de ajuda

do governo do Estado no atendimento às necessidades do projeto, como já explicitei

anteriormente.

3.2.2 O Projeto de Formação Continuada em EAD

A escola de Educação Básica lócus da pesquisa oportuniza a formação continuada

por meio do chamamento da Gerência Regional da Educação (Gered) que, por sua vez, é a

responsável direta pelo processo. Não há registros na unidade escolar a respeito da formação

continuada que vem sendo oferecida aos professores, tampouco um projeto que constitua

documento a ser analisado. Mas, segundo a integradora de ensino da Gered de São Miguel do

Oeste, desde a implantação, em 2007, o Núcleo de Educação a Distância atendeu, em média, a

350 professores em cursos divididos durante esse período.

O Estado de Santa Catarina oferece formação continuada aos docentes, integrando-se

aos ofertados em ambiente virtual na plataforma do MEC e na plataforma E-ProInfo.

Realizados na modalidade semipresencial, os cursos de aperfeiçoamento têm carga horária

total de 180 horas, das quais 40 horas são presenciais. A duração média prevista, em geral, é

de cinco meses, cujo intuito é disseminar e desenvolver metodologias educacionais para a

inserção dos temas da diversidade no cotidiano das salas de aula e a melhoria da prática do

professor em diferentes áreas do conhecimento, sendo elas: Educação Ambiental; Educação

de Jovens e Adultos; Educação Étnico-Racial; Educação na Diversidade e Cidadania; Gênero

e Diversidade na Escola e Educação Integral e Integrada. Esse projeto é oferecido a todos os

Page 53: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

51

professores da rede pública de Santa Catarina, e a escola pesquisada participa dele com alguns

professores.

É oferecido, ainda, aos docentes da unidade escolar o curso oriundo do Plano

Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), cujo objetivo principal é

melhorar a formação dos professores que atuam na rede pública com formação continuada,

destina-se àqueles com carga horária entre 30 a 220 horas.

Os cursos de formação continuada são destinados aos professores em exercício nas

escolas públicas estaduais e municipais que tenham sido registrados no Censo Escolar de

2009 ou no Censo Escolar de 2010. O processo de indicação/inscrição é realizado na

Plataforma Freire pelo próprio professor, no curso que ele escolher. Essa oportunidade de

escolha conferida ao professor amplia as possibilidades de motivação intrínseca, mantendo

seu interesse em permanecer e finalizar o curso em que se inscreveu.

No Projeto Político Pedagógico da Escola está referenciada a necessidade de planejar e

implementar propostas de formação docente, de acordo com as necessidades diagnosticadas e

acordadas no coletivo. Estas, por sua vez, só poderão ser desenvolvidas a partir do aval da

Gerência Regional de Educação, que faz uma mobilização regional para desencadear o

processo. A formação continuada só poderá ser desenvolvida com a autorização da Gered, o

que, de certa forma, compromete a autonomia da escola.

Page 54: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

52

4 CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E GESTORAS SOBRE A FORMAÇÃO

CONTINUADA EM EAD

Nesta seção, discuto a análise dos dados coletados com base nas entrevistas

semiestruturadas com os sujeitos pesquisados. Tendo em vista o problema e os objetivos desta

pesquisa, que vertem sobre a contribuição dos programas de formação continuada em EAD

para a mudança da prática pedagógica dos docentes da escola alvo desta pesquisa, realizei

entrevista semiestruturada, (APÊNDICE A), com seis professores da educação básica, uma

gestora escolar e uma coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da Gered de São

Miguel do Oeste. Na ocasião da entrevista, certifiquei os participantes dos objetivos e das

intenções da coleta de dados, salientando que se destinavam exclusivamente para fins do

estudo em questão, conforme esclarece o termo de consentimento livre e esclarecido

(APÊNDICE B).

As questões da entrevista, totalizando cinco, verteram sobre os ganhos do processo

de formação continuada em EAD; as dificuldades; os temas trabalhados nos cursos de

formação continuada em EAD; as ferramentas utilizadas na formação continuada em EAD e

as mudanças na prática pedagógica, com base nos cursos de formação continuada em EAD.

Após a transcrição das entrevistas, prossegui com a elaboração de um quadro

(APÊNDICE C) contendo a fala dos entrevistados, a ideia central e as categorias de análise

que emergiram em cada questão. Para efeito da apresentação da análise, apresento um quadro

contendo o foco da questão e as categorias que surgiram da fala dos sujeitos pesquisados,

acompanhadas da frequência. Perspectivando preservar a identidade dos participantes da

pesquisa, os professores foram identificados pela letra “P” acompanhada de índice numérico;

a gestora escolar foi identificada pela letra “G”, e a responsável pelo Núcleo de Educação a

Distância (Nead) por “Ge”.

No início de cada entrevista, solicitei aos participantes que preenchessem dados

referentes aos seus respectivos perfis, de modo que pudesse ter uma visão geral em relação a

aspectos concernentes aos objetivos da pesquisa que implicam a prática docente.

A seguir prossigo com a apresentação e discussão do perfil dos participantes da

pesquisa.

Page 55: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

53

4.1 PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS

Para levantamento do perfil dos participantes da pesquisa, busquei informações sobre:

sexo, idade, formação acadêmica, titulação, tempo de atuação no magistério, nível de ensino

em que atua na educação básica e tempo que realiza formação continuada em EAD, conforme

Quadro.

Conforme explicitei na introdução, o critério de seleção dos sujeitos pesquisados foi

tempo de atuação na escola pesquisada, ou seja, superior a cinco anos, à exceção de P4, que

atua no laboratório de informática, cuja participação foi considerada importante para a

pesquisa, por envolver o uso das TIC no processo formativo dos professores.

Quadro 5 - Perfil dos Sujeitos Pesquisados

Dados

Sujeitos

Sexo

Idade

Formação

inicial

(Graduação)

Titulação

Tempo de

Atuação

no

Magistério

Nível de ensino

em que atua na

Educação

Básica

Tempo que

realiza formação

continuada em

EAD

P1 F 51 Letras

MSc.

25 anos Ensino

fundamental e

médio

8 anos

P2 F 37 Geografia MSc. 15 anos Ensino

fundamental e

médio

4 anos

P3 M 43 Matemática Especialista 20 anos Ensino

fundamental e

médio

6 anos

P4 F 26 Ciências

Biológicas

Graduada 5 anos Ensino

fundamental e

médio

1 ano

P5 M 62 Filosofia e

Sociologia

Especialista

20 anos Ensino

fundamental e

médio

4 anos

P6 F 53 Pedagogia Especialista 26 anos Supervisão

escolar

6 anos

G F 48 Letras Especialista 26 anos Direção 6 anos

Ge F 40 Pedagogia Especialista 15 anos Gered 8 anos

Fonte: Documentos da secretaria da escola.

Dos sujeitos pesquisados, incluindo professores, gestora escolar e gerente do Nead da

Gered de São Miguel do Oeste, 75% pertencem ao gênero feminino, esse dado coaduna com o

atual cenário da educação brasileira, conforme o qual as mulheres são a maioria na Educação.

Em relação à faixa etária, à exceção de P2 e P4, os sujeitos pesquisados têm idade

superior a 40 anos, o que, em princípio, pode demonstrar sua maturidade ao exercício

profissional, dado esse que se confirma aliado ao tempo de atuação no magistério, que é igual

ou superior a 20 anos, com exceção da gerente do Nead da Gered de São Miguel, que tem 40

Page 56: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

54

anos e atua há 15 anos no magistério, o que remete ao processo de mobilização de saberes dos

professores. Segundo Tardif (2002, p.70):

Os saberes dos professores são temporais, pois são utilizados e se desenvolvem no

âmbito de uma carreira, isto é, ao longo de um processo temporal de vida

profissional de longa duração no qual estão presentes dimensões identitárias e

dimensões de socialização profissional, além de fases e mudanças.

Em se tratando da formação acadêmica inicial dos sujeitos pesquisados, percebo uma

diversidade, o que pode, em tese, constituir fator que favoreça a interação e a troca entre os

docentes no processo de formação continuada em EAD.

Observando o quadro destacado, chama ainda a atenção o fato de a professora P4 ser

a mais jovem (26 anos) e atuar há menos tempo no magistério (5 anos), quando comparada às

faixas etárias e tempo de atuação no magistério dos demais sujeitos pesquisados.

Todos buscaram a continuidade da formação, sendo cinco especialistas e dois mestres.

Também, exceto a professora P4, que tem um ano de formação continuada em EAD, os

demais pesquisados realizam-na entre quatro a oito anos, demonstrando que essa modalidade

de formação tem sido buscada na escola. Sobre a importância da formação, Rios e Sopelsa

(2011, p. 2) frisam:

Sabe-se que os saberes necessários para desenvolver as atividades de ensino são

constituídos no decorrer da formação e vivências do professor. Os saberes docentes

constroem-se durante a trajetória de vida do professor. E nesta, incluem-se sua

formação acadêmica e continuada, seus desejos e realizações, ou seja, sua

identidade. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção

de maneiras de ser e estar na profissão, realçando a mescla dinâmica que caracteriza

a maneira como cada um se sente e se diz professor.

Assim, observando-se a titulação e a busca pela formação continuada em EAD por

parte dos sujeitos entrevistados, é possível afirmar que há um esforço em relação ao seu

desenvolvimento pessoal/profissional, o que, potencialmente, implica a sua atuação na

educação básica. Ressalto que, em função de os professores pesquisados atuarem no ensino

fundamental e médio, esse desenvolvimento tende a contribuir à construção de uma educação

de qualidade social.

4.2 A VOZ DOS PROFESSORES

Conforme acompanhamento realizado por mim, na condição de pesquisadora e

membro da equipe técnico-pedagógica, a formação continuada em EAD dos professores

Page 57: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

55

sujeitos da pesquisa ocorreu por meio do ProInfo, Parfor, Plataforma Freire. Para efeito desta

pesquisa, considero todos os cursos realizados como sendo pertencentes ao processo de

formação continuada em EAD, sem distingui-los quanto à especificidade do Programa, em

face dos objetivos enunciados neste estudo. Por ocasião das entrevistas, solicitei aos

professores que se ativessem aos cursos de formação continuada realizados a partir de 2007,

tendo em vista o ano de implantação da escola de período integral.

Ao serem questionados sobre os ganhos da formação continuada em EAD, os

participantes destacaram o tempo, a atualização, a participação e a aprendizagem

colaborativa. Houve, ainda, menção no que tange ao material didático, troca de experiências,

reflexão, inovação, interação e busca do conhecimento. Vejamos, conforme tabela 1, seguinte,

esses resultados.

Tabela 1 - Ganhos da formação continuada em EAD

Categoria Frequência

Tempo 5

Atualização 4

Participação 4

Aprendizagem Colaborativa 3 Fonte: autora.

Com base na tabela, saliento que a maioria dos sujeitos pesquisados apontou tempo

como elemento que favorece a procura pela EAD na formação continuada do professor. Esse

fator, preponderante como ganho, destaca-se por permitir uma organização individual,

conforme depoimento que segue.

Para mim, o maior ganho é em atualização, receber novas informações saber o

que está acontecendo, não só de ser mais rápido, mas é mais prático, acho que

você pode usar seu tempo disponível, você faz o seu tempo, você pode fazer em

casa. (P2).

De acordo com a fala de P2, a atualização é um ganho em função da possibilidade de

articular o tempo aos diferentes espaços, a fim de administrar a sua formação continuada,

Almeida (2010, p. 2) afirma que “As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e

espaço em que cada participante se localiza [...]” Porém, é necessária a ciência de que o uso

das TIC nos processos de formação continuada não garante a superação da abordagem

tradicional do ensino. A aprendizagem com o uso das TIC necessita dar-se por meio da

construção e reconstrução do conhecimento, o que requer o desenvolvimento da curiosidade

epistemológica (FREIRE, 1996).

Page 58: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

56

O entrevistado P4, ao referir-se à possibilidade de organizar o tempo atrelado à

formação continuada em EAD, ressalta a perspectiva do novo e da inovação.

Acredito que há muitos aspectos importantes, para mim, principalmente, é a questão

da pessoa ser autodidata e buscar o conhecimento, se organizar no seu tempo, e de

modo geral a questão que forma gente continuadamente. Ser inovador, como trazer

novos instrumentos, ferramentas e novos meios de trabalhar a formação continuada

são importantes e a formação a distância contribui para isso.

Ainda que a concepção de inovação necessite ser investigada, não é foco desta

pesquisa, é fato que processos formativos têm potencial para contribuir com a inovação,

incluindo a incorporação das TIC nos processos de ensino e aprendizagem.

Outro aspecto importante ressaltado por P4 diz respeito ao autodidatismo. “A gente

organiza o tempo, faz com que a gente seja um autodidata, inove cada vez mais, procurando

trabalhar da melhor forma possível que os alunos possam aprender com maior facilidade.” A

perspectiva do autodidatismo e de inovação atrelada à aprendizagem dos alunos, promovida

pela formação continuada em EAD, constitui diferencial qualitativo a corroborar para a

melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A ideia trazida por P4 sinaliza a autonomia

necessária à construção e reconstrução de conhecimento. Coaduna com essa ideia o que

afirma Pretti (2012, p. 10):

A EAD coloca-se, então, como um conjunto de métodos, técnicas e recursos, postos

à disposição de populações estudantis dotadas de um mínimo de maturidade e de

motivação suficiente, para que, em regime de autoaprendizagem, possam adquirir

conhecimentos ou qualificações a qualquer nível.

Os sujeitos pesquisados destacaram, também, que a formação continuada em EAD

contribui para a atualização profissional, e sobretudo, tem potencial para possibilitar ao

professor aprender a aprender, por meio do acesso à informação e ao conhecimento. A

perspectiva de atualização pode ser ilustrada com as falas que seguem.

Bem, os ganhos maiores se resumem nas oportunidades que são oferecidas aos

professores além da formação básica inicial, como, por exemplo, as coisas que

mudam com muita rapidez. É necessário que o professore esteja sempre atualizado,

pois também precisa conciliar trabalho e regência de classe e formação continuada.

O nível de educação a distância auxilia e favorece o professor neste aspecto. (P5).

Para mim, o maior ganho é em atualização, receber novas informações, saber o que

está acontecendo, não só de ser mais rápido, mas é mais prático, você também pode

fazer um grupo de estudo para debater. (P3).

Os entrevistados P5 e P3 explicitam a necessidade de atualização em face das

Page 59: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

57

mudanças que ocorrem de forma acelerada. Por isso, P3 aponta a possibilidade de constituir

grupos de estudos com vistas à promoção de debates. A constituição de grupos de estudos

com potencial para fomentar o debate traz em si a perspectiva de desencadear reflexão e a

problematização da prática pedagógica. A atualização do professor, favorecida por meio da

formação continuada em EAD, pode ser fator relevante à construção de uma educação de

qualidade social. Corrobora com essa ideia Alarcão (2003, p. 46) ao afirmar:

Queremos que os professores sejam seres pensantes, intelectuais, capazes de gerir a

sua ação profissional. Queremos também que a escola se questione a si própria,

como motor do seu desenvolvimento institucional. Na escola, e nos professores, a

constante atitude de reflexão manterá presente a importante questão da função que

os professores e a escola desempenham na sociedade e ajudará a equacionar e

resolver dilemas e problemas.

A busca constante pela ampliação do conhecimento, em espaços e tempos exequíveis,

por meio de processos formativos em EAD, remete a pensar o conceito de aprendizagem

associado ao conceito de autonomia do professor em busca de seu desenvolvimento

pessoal/profissional. Sobre o assunto, Almeida (2010, p. 2) afirma que:

Participar de um ambiente virtual significa atuar nesse ambiente, expressar

pensamentos, tomar decisões, dialogar, trocar informações e experiências e produzir

conhecimento. Cada pessoa busca as informações que lhe são pertinentes,

internaliza-as, apropria-se delas e as transforma em uma nova representação, ao

mesmo tempo em que se transforma e volta a agir no grupo transformado e

transformando o grupo.

A participação, também, foi outro aspecto apontado como relevante pelos sujeitos da

pesquisa, com destaque à interação e à reflexão. O entrevistado P5 faz referência às

tecnologias como meios de interação que auxiliam o trabalho do professor e do aluno.

A tecnologia está proporcionando uma interação que antes não acontecia. E antes,

o professor vinha, colocava o conhecimento, e o aluno era só um receptor. Agora o

aluno passa a contribuir, talvez não como o professor, com o conhecimento, mas

com o conhecimento diferente. Onde o professor também está aprendendo e o aluno

está aprendendo, de uma forma lúdica, diferente.

Desse modo, a fala de P5 expressa a repercussão da formação continuada em EAD, na

sala de aula. Na sua visão, contribui para a ruptura de paradigmas. Além disso, faz-me

lembrar de Freire (2000), ao salientar que o professor também está aprendendo,

consequentemente, parece muito ciente de que o docente é um ser em construção.

Com base nos discursos dos sujeitos pesquisados, constato que a escola é um local

Page 60: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

58

onde se trocam experiências e se reconstroem práticas. Convém ressaltar também a

contribuição da formação continuada em EAD ao coletivo, com a socialização de vivências

e/ou práticas, como ilustra P6: “São momentos especiais e que o professor ganha para

fortalecer seus conhecimentos.” Essa visão integradora, presente na fala de P6, remete a

Imbernón (2010, p. 49):

Abandona-se o conceito obsoleto de que a formação é a atualização científica,

didática e psicopedagógica do professor para adotar um conceito de formação que

consiste em descobrir, organizar, fundamentar, revisar e construir a teoria. Se

necessário, deve-se ajudar a remover o sentido pedagógico comum, recompor o

equilíbrio entre os esquemas práticos predominantes e os esquemas teóricos que o

sustentam. Esse conceito parte da base de que o profissional de educação é o

construtor de conhecimento pedagógico de forma individual e coletiva.

A participação promovida nos processos formativos em EAD contribuiu para

aprendizagem colaborativa, conforme apresentado pelos sujeitos. A troca de ideias e

experiências que se dão nos espaços concedidos para a participação favorecem a construção e

a reconstrução do conhecimento em que professor/tutor e aluno/professor são partícipes.

O entrevistado P4 reporta-se à evolução e ao reconhecimento do papel da formação a

distância:

Assim, tudo que é novo assusta, então é um pouco demorado o processo, e as

pessoas ficam com um pouco de receio, porque, há um tempo, o professor era o

dono do conhecimento, e agora, não é mais assim, e quando ele passa a usar a

ferramenta tecnológica, ele entra no mundo novo, desconhecido, para muitos, e fica

com receio, porque o aluno também está aí contribuindo com o conhecimento.

Porém eu vejo que está evoluindo, que os professores estão conseguindo se adaptar

e inclusive interagindo melhor com os alunos, e com uma nova linguagem, enquanto

eles estão transmitindo um conteúdo que eles dominam, então, estão aprendendo

juntos, [...] eles ficam curiosos e acabam usando essas ferramentas e participando.

Para o entrevistado P4, a formação continuada em EAD contribui para o uso das TIC,

à medida que o professor domina o uso dessas tecnologias, favorecendo a interação professor-

aluno e a participação do aluno nos processos de ensino e aprendizagem.

Os sujeitos pesquisados manifestaram suas angústias a respeito das dificuldades

encontradas na formação continuado em EAD. Nesse quesito, referiram-se ao tempo que

dispõem para a realização das atividades, à ausência de políticas públicas, à interação

professor-aluno, ao acesso ao computador e à insegurança no manuseio das TIC, conforme

tabela 2:

Page 61: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

59

Tabela 2 - Dificuldades na formação continuada em EAD

Categoria Frequência

Tempo 3

Ausência de políticas públicas 3

Interação professor-aluno 3

Acesso ao computador 2

Insegurança/medo das TIC 1 Fonte: autora.

A categoria tempo, apontada como ganho, em função dos cursos de formação

continuada em EAD proporcionarem ao professor a sua administração e organização, também

aparece como dificuldade. Como dificuldade, os sujeitos pesquisados abordaram tempo sob

dois enfoques, um relativo à realização das atividades; outro relativo ao estar junto com os

pares.

Assim, os entrevistados apontaram a insuficiência de tempo para a realização das

atividades propostas nos cursos de formação continuada em EAD como principal dificuldade

encontrada por eles. Embora reconheçam que a possibilidade de organizarem seu próprio

tempo constitua ganho, consideram que há exiguidade no tempo destinado às atividades. Esse

fato não surpreende, pois o cotidiano dos professores, muitas vezes se caracteriza pelo

excesso de tarefas relacionadas aos processos de ensino e aprendizagem. Como é apresentado

por P2: “Os professores precisam estar disciplinados, organizados e aceitar o que lhes é

proposto em questão de atividades e os prazos para cada uma, também dispor de tempo para

as leituras, planejamento e revisão das tarefas em conjunto.”

P3 aponta a dificuldade dos professores em disporem de tempo para estarem juntos

em mesmo espaço, com o propósito de discutir os temas abordados nos cursos de formação

continuada em EAD.

Nesse contexto, podemos observar que, apesar de haver compromisso por parte de

muitos professores, não há valorização dos profissionais da educação. Essa desvalorização

traduz-se, principalmente, pela falta de políticas públicas que incentivem a formação

continuada e garantam ao professor condições concretas para realizá-la, conforme contempla

P3:

Eu acho que a primeira dificuldade é de reunir os professores e arrumar um tempo

para que todos possam se juntar e discutir os assuntos. A gente se reunia, quando

sentíamos dificuldades da educação a distância. E outra é a falta de motivação, não

tem motivação para fazer uma formação continuada. Há desmotivação dos

professores, e uma desvalorização do Estado, o que parece uma falta na educação.

O que se percebe é uma falta de política pública para a educação, no que se refere

à formação continuada do professor.

Page 62: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

60

Tardif (2002, p. 244), porém, frisa que a valorização dos professores deve partir

deles próprios:

Defendo, portanto, a unidade da profissão docente do pré-escolar à universidade.

Seremos reconhecidos socialmente como sujeitos do conhecimento e verdadeiros

atores sociais quando começarmos a reconhecer-nos uns aos outros como pessoas

competentes, pares iguais que podem aprender uns com os outros. Diante de outro

professor, seja ele do pré-escolar ou da universidade, nada tenho a mostrar ou a

provar – mas posso aprender com ele como realizar melhor nosso ofício comum.

Retomando as palavras expressas por P3, reitero ser fundamental que a formação

continuada em EAD oferecida aos professores advenha da definição de políticas públicas,

para que essa formação ocorra e atinja os objetivos de melhoria da prática pedagógica. Tais

políticas incluem condições de acesso à formação continuada que, na modalidade EAD,

requerem minimamente recurso material, espaço adequado e tempo desponível para cursar e

realizar as atividades propostas.

Em princípio, podemos inferir que, à medida que a formação continuada em EAD é

dificultada, independentemente da motivação, parece natural gerar a desmotivação dos

professores. Por isso, é importante que haja investimentos na educação e projetos de formação

continuada que assegurem ao docente o desenvolvimento profissional/pessoal.

A despeito da escassez de tempo para o grupo estar junto e do reconhecimento da

falta de políticas públicas de formação continuada, conforme a fala de P3, a formação

continuada em EAD promoveu reuniões em face das dificuldades sentidas em processo, o que

é indicativo de superação de obstáculos e esforço dos professores em prol do seu

desenvolvimento pessoal/profissional.

Ainda sobre as dificuldades encontradas na formaçao continuada em EAD, P1

destaca:

O grande número de atividades que devíamos aplicar, em sala de aula, em um curto

espaço. No curso, nós tínhamos uma tutora e vários módulos. Fazíamos as

atividades e ela mandava para não sei quem... Saliento que, no decorrer do curso

(durante o ano de 2009), houve muitas reclamações, pois segundo um bom número

de cursistas, era dispensado pouco tempo para as várias leituras que se tinha que

fazer e, ainda, aplicar as atividades, recolher e apresentá-las no próximo encontro,

sempre às quartas-feiras. Além disso, era preciso sistematizar, isto é, escrever como

ocorreu a aplicação das atividades, em sala, quais os pontos positivos e/ou

negativos. Cada um dos textos produzidos pelo professor, relacionado à sua prática

pedagógica, era colocado no portfólio juntamente com os comprovantes dos alunos.

Adiles, geralmente os professores têm o hábito de reclamar da falta de tempo. Mas é

falta, muitas vezes, de organização do próprio professor. Em outros casos, é falta de

Page 63: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

61

tempo mesmo, pois precisa trabalhar 50 ou 60 horas semanais para poder

“sobreviver.”

Com base no excerto de fala anterior, é possível afirmar que os sujeitos pesquisados

buscam a formação continuada, porém estão conscientes das limitações, em função do pouco

tempo de que dispõem. Equitativamente à jornada exaustiva de trabalho, deveria ser

oportunizado ao educador tempo e investimento para realizar a formação proposta no seu

percurso.

Quando o professor refere-se a aplicar as atividades e à falta de tempo para praticar o

que aprende, sente que a teoria não é suficiente. Mas é preciso ter disponibilidade de tempo, a

fim de aprofundar o conhecimento que já possui, bem como discutir com os colegas as

dúvidas e necessidades. Imbernón (2010, p. 34-35) apresenta alguns obstáculos que

professores em formação enfrentam:

Na formação também existem obstáculos. É contraditório atestar que muitas das

dificuldades que a formação dos professores encontra pode se transformar

facilmente em desculpas para a resistência, por parte de algum setor, e ser também

motivo de uma cultura profissional culpabilizadora dos professores – que não

apresenta resistências e lutas, para conseguir uma melhor formação e um maior

desenvolvimento profissional. Entre tais obstáculos, destacamos: [...] Os horários

inadequados, que sobrecarregam e intensificam o trabalho docente.

De fato, constitui paradoxo oferecer formação continuada em EAD que favoreça o

exercício da práxis pedagógica e, na mesma medida, submeter o professor à sobrecarga de

tarefas inibidoras do processo de reflexão.

Outro aspecto levantado pelo entrevistado P2 refere-se à motivação que leva o

professor a buscar a formação. “Talvez sejam algumas dúvidas que não podem ser sanadas no

exato momento em que aparecem, ou pessoas que usam disso para ter simplesmente

formação (canudo) e não aprendizado.” Na sua fala, fica explícito que há quem a busque para

aprender, e há quem a busque para obter um certificado, somente. Além disso, ainda chamam

a atenção, nessa fala, as dúvidas que surgem em processo, e as quais não podem ser sanadas

em tempo real. De fato, as ferramentas mais utilizadas em EAD têm sido assíncronas, tendo

pertinência, portanto, tal observação, que em princípio, é redutora do diálogo e participação

no coletivo.

A formação a distância que vem sendo oferecida ao professor, seja por meio do Parfor,

seja por meio da Plataforma Freire ou do ProInfo, está mais centrada nas ferramentas

assíncronas, como e-mail e fóruns de discussão em relação às ferramentas síncronas, que

Page 64: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

62

incluem chat e videoconferência, conforme foi apontado na questão 4, a ser apresentada na

sequência da análise.

Considerando as falas dos professores, convém trazer as palavras de Imbernón (2010,

p. 48-49, grifo do autor), que apontam para a importância de uma formação mais dialógica,

participativa:

Enfim, as novas alternativas à formação continuada dos professores passam pela sua

transformação: uma formação mais dialógica, participativa e ligada às cidades ou às

instituições educacionais e a projetos de inovação, menos individualistas, standard e

funcionalista, mais baseada no diálogo entre indivíduos iguais e também entre todos

aqueles que têm algo a dizer e algo a contribuir com a pessoa que aprende.

Para o entrevistado P4, o professor enfrenta dificuldades em relação às inovações, seja

quanto às novas tecnologias, ou outras formas de adquirir conhecimento. Explica que o medo

impede que as pessoas avancem em busca de novas alternativas e assumam novas práticas.

A tecnologia traz um pouco de medo porque é um contexto totalmente diferente,

ferramentas novas e com uma pedagogia diferente, digamos. O ensino a distância

também é inovador. Nesse sentido, ele, às vezes, causa certo desânimo por parte das

pessoas. Acredito que estas são as dificuldades, essa maneira nova de aprender, de

interagir com as pessoas, interagir com as ferramentas, e aprender de uma forma

totalmente diferente, sendo um autodidata, buscando conhecimento, organizando o

seu horário, um novo modelo, uma nova forma de aprender. O que antes acontecia

em uma sala de aula, está acontecendo em ambientes diferente, em vários lugares,

ou inteiramente, a distância, isso causa, às vezes, um certo medo. Será que vai ser

legal? Será que vou conseguir? Será que vou conseguir conviver? Não digo que a

maioria dos professores tenha seu PC, ainda alguns professores não têm seu PC,

consequentemente, não têm internet. Mas acredito que a maioria tem acesso, se não

tiver em casa, têm na escola, pois os recursos são mais limitados, mas dá para se

adaptar. Há dez máquinas, as dez funcionam.

Conforme a fala de P4, fica evidente que a formação inicial do professor é fruto de

uma pedagogia tradicional, que se limita ao uso de lousa e do giz na sala de aula. É natural,

portanto, que diante das novas TIC, o sentimento que prevaleça, de início, seja o medo que

gera a resistência. A perspectiva inovadora relacionada à formação continuada a distância

exige que o professor se disponibilize a ousar e a enfrentar o desafio de dominar as TIC, o que

implica representar e revisitar o seu próprio processo de aprendizagem.

Ao vivenciar espaços de construção de conhecimento, por meio das ferramentas

disponibilizadas na formação continuada em EAD, é possível transferir essa experiência para

a sala de aula, no que tange o uso das TIC.

Nesse contexto, Imbernón (2010) nos convida a ressignificar os processos de ensino e

aprendizagem.

Page 65: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

63

As novas experiências para uma nova escola deveriam buscar novas alternativas, um

ensino mais participativo, no qual o fiel protagonista histórico do monopólio do

saber, o professor, compartilhe seu conhecimento com outras instâncias

socializadoras que estejam fora do estabelecimento escolar. Buscar, sem entraves,

novas alternativas para a aprendizagem, tornando-a mais cooperativa, mais dialógica

e menos individualista e funcionalista mais baseada no diálogo entre indivíduos

iguais e entre todos aqueles que têm algo a escutar e algo a dizer a quem aprende.

(IMBERNÓN, 2010, p. 48).

Por conseguinte, entendo que cabe aos professores e gestores escolares acompanharem

o desenvolvimento tecnológico, o que não se dá isento de políticas públicas que favoreçam a

formação continuada dos profissionais da educação.

Ao serem arguidos sobre os temas que julgaram pertinentes nos cursos frequentados,

os sujeitos pesquisados referiram-se às seguintes temáticas, que puderam ser agrupadas em

três categorias, conforme tabela 3.

Tabela 3 - Temas da formação continuada em EAD

Categoria Frequência

Gestão escolar 3

Metodologia de ensino e aprendizagem 2

Conteúdos específicos 2

Educação Básica 1

Fonte: autora.

É necessário destacar que os temas elencados pelos sujeitos participantes da pesquisa

referem-se a cursos de formação continuada que foram oferecidos na modalidade

semipresencial, em que se utilizou a internet e material impresso, oferecidos pelo Parfor e

pela plataforma Freire.

Um aspecto apontado pelo entrevistado P3, que mereceu destaque, refere-se à

possibilidade de haver experiências e discussões entre os pares, com base nos cursos

realizados. Essa constatação indicou que a temática apresentada suscita o esforço de

superação de dificuldades em reunir o grupo envolvido na formação.

Fiz o Pro-Gestão em 2008, Gestar 2, que foi muito valioso até em função de nós

estarmos nos reunindo apesar da dificuldade de reunião. Às vezes, toda semana,

uma semana, às vezes, quinze dias e a gente debatia nossas angústias, ou troca de

experiências.

Reitero, aqui, o valor que o professor dá aos espaços concedidos para a troca de

experiências, certezas e incertezas com os seus pares.

Na sequência, a professora de Língua Portuguesa (P1) destacou conteúdos estudados

no curso de formação continuada Programa Gestão da Aprendizagem Escolar: Gestar II.

Page 66: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

64

Salientou que os conteúdos estavam relacionados à formação pedagógica e à formação

específica.

Saliento que a formação continuada em EAD não prescinde de discussões

estabelecidas no grupo, que podem ocorrer de modo presencial ou virtualmente. O fato de

haver formação continuada em EAD que contemple aspectos pedagógicos, bem como as áreas

em que atuam os professores, demonstra que há potencial para promover diálogo entre os

pares, contribuindo para a atitude interdisciplinar.

Gatti explana como foram acontecendo e evoluindo os programas de incentivo à

formação continuada e a sua importância à prática pedagógica reflexiva:

É mais rico o processo educativo a distância para a formação de professores quando

se adota uma postura sobre a aquisição de conhecimento, tratada e concebida como

busca permanente, como reflexão vinculada às práticas sociais e pedagógicas,

constituindo-se pela atividade das pessoas em seus contextos. Essa postura propicia

uma articulação mais adequada das diferentes áreas de conhecimento num processo

de interdisciplinaridade e de redes disciplinares. (GATTI, 2005, p. 144).

Esse pensamento é refletido ainda na entrevista de P4, que relata a prática do

professor no laboratório de informática da escola. O entrevistado vê o uso pedagógico das

TIC como um diferencial para trabalhar com os alunos que apresentam dificuldade de

aprendizagem.

Tem uma questão muito legal que é de trabalhar com os alunos com dificuldades de

aprendizagem que são limitados de vários modos, e eles podem usar ferramentas

para aprender melhor, e eles conseguem aprender melhor porque o computador

traz áudio, vídeo, e conseguem interagir de uma maneira fantástica, o mais

engraçado, ele interage com a máquina e aprendendo, acaba passando para o

colega, a rapidez com que os alunos aprendem a mexer com a ferramenta

tecnológica, e eles passam um produto, e eles interagem de uma forma muito

autodidata, com a máquina e você ajuda, claro, mas eles vão à frente e vão além,

muitas vezes.

A familiaridade dos alunos com as TIC, em função da facilidade e domínio que

apresentam no seu manuseio, constitui diferencial que favorece a superação de dificuldades de

aprendizagem. Masseto (2001, p. 139) assinala que “Não é a tecnologia que vai resolver ou

solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for usada

adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes.” Por isso, não há

mais espaço para negar a incorporação das TIC nos processos de ensino e aprendizagem, com

vistas ao seu uso pedagógico.

Page 67: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

65

Outra temática apontada pelos participantes da pesquisa foi a metodologia de ensino.

No relato de P2, é possível constatar o papel da articulação teoria/prática no curso de

formação continuada em EAD.

O último que fiz foi sobre metodologia de geografia, minha área, parte prática e

participativa e 80 horas a distância, com a Uniacel, foi bem interessante, porque

nós pegamos temas da nossa região, aplicando na prática na nossa região,

conhecemos novas realidades, falando em geografia, por exemplo, o Sul do Estado,

sobre o carvão, como se vê e não como está só nos livros, a versão deles sobre o

problema.

É notório que, ao experienciar a formação em EAD, com articulação entre teoria e

prática, o docente pode oportunizar experiências semelhantes aos seus alunos. Acerca da

valorização dos processos de formação do professor, Prado (2002, p. 35) afirma: “A formação

contextualizada, de fato, possibilita contemplar os aspectos que emergem e se desenvolvem

no cotidiano do professor, inclusive aqueles constituintes da realidade da escola.”

Ainda, nessa direção, P6 enfatizou a importância da formação continuada, em função

das possibilidades de aplicação do conhecimento, no cotidiano das aulas, destacando o

trabalho com projetos.

Atualmente estamos no processo de formação continuada com o curso “Educação

Básica”: desafios e perspectivas. Muito enriquecedor, porque nos traz, a cada

encontro, mais novidades para aplicação no nosso dia a dia. Em nossas angústias e

necessidades para trabalhos como, por exemplo, com projetos e por turmas, cada

turma vive o seu momento, a sua fase ou idade de maturação e pensamento.

Vale ressaltar a ênfase dada pelo entrevistado P6 à necessidade da formação

continuada, quando destacou a sua angústia e seu compromisso com a prática pedagógica.

Segundo os sujeitos pesquisados, a eles cabe o desafio de assumir nova metodologia

de ensino e propiciar ao aluno formação de qualidade voltada ao desenvolvimento da

capacidade crítica, autoconfiança e criatividade. À medida que se estabelece um movimento

entre a teoria e a prática, o professor constrói e/ou reconstrói uma nova teoria de acordo com

o seu contexto e com a sua prática transformada e transformadora. Alarcão (2003, p.15)

chama a atenção para o lugar do professor, do aluno e da escola.

Nesta era da informação e da comunicação, que se quer também a era do

conhecimento, a escola não detém o monopólio do saber. O professor não é o único

transmissor do saber e tem de aceitar situar-se nas suas novas circunstâncias que, por

sinal, são bem mais exigentes. O aluno também já não é mais o receptáculo a deixar-

se rechear de conteúdos. O seu papel impõe-lhe exigências acrescidas. Ele tem de

aprender a gerir e relacionar informações para as transformar no seu conhecimento e

Page 68: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

66

no seu saber. Também a escola tem de ser uma outra escola. A escola, como

organização, tem de ser um sistema aberto, pensante e flexível. Sistema aberto sobre

si mesmo, e aberto à comunidade em que se insere.

Ainda em relação às temáticas de formação em EAD, P1destaca: “O curso foi muito

bom, pois possibilitou que os professores conhecessem as teorias que embasam o processo

ensino e aprendizagem de língua materna nos anos/séries finais do Ensino Fundamental.”

Ao elencar os meios e ferramentas que têm sido utilizados para a formação continuada

dos professores, os sujeitos pesquisados destacaram a utilização da internet, conforme tabela

4, mencionando, também, materiais impressos.

Tabela 4 - Meios utilizados na formação continuada em EAD

Categoria Frequência

Internet 5

Apostilas/textos/livros 2

Fonte: autora.

Considerando as ferramentas do ambiente virtual de aprendizagem (AVA), não é

surpresa que a internet tenha sido apontada pela maioria dos sujeitos pesquisados. No entanto,

houve referência a ferramentas e meios que independem da internet, o que pode ser

evidenciado na fala do entrevistado P6 que, ao apontar as ferramentas mais utilizadas na

formação continuada em EAD, citou: webconferência, vídeos, palestras e livros. “Vou falar

dos mais recentes: Webconferência, vídeos, palestras e livros, nos quais procuro, na

biblioteca da escola, as novidades.”

Apesar de sua importância, o processo de formação continuada em EAD parece estar

em estágio inicial de consolidação, pelo menos é o que expressa o entrevistado P4, que tem

domínio das TIC e do laboratório de informática. Fica evidente, ainda, na fala desse

entrevistado que a ausência de domínio no manuseio das TIC constitui fator desmotivador

para o professor, impedindo-o, muitas vezes, de participar de cursos a distância.

Somente a distância é um pouco mais raro, mas já acontece muito, curso presencial

e a distância, ou seja, semipresenciais, isso está acontecendo e eu acho que é legal

ao mesmo tempo em que estão aprendendo a interagir a distância pela internet,

estão ali presencial para tirar suas dúvidas, já que têm dificuldades, acho que é

importante, os mais interessados começam e concluem e mostram resultado, e

outros demonstram menos interesse, já começam sem vontade e acabam sem

terminar o curso. Ele acha que não domina a ferramenta, que ele não sabe mexer

com o computador, então, ele acha que não vai conseguir fazer, aí ele fica com

receio, com medo, e fica desestimulado, não participando.

Page 69: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

67

Nesse sentido, a presença e o domínio das TIC no processo de ensino e

aprendizagem possibilita auxiliar na tarefa de construção de saberes do professor, além de

contribuir na prática escolar, como é apresentado por Prado (2002, p. 28, grifo do autor):

Entender os potenciais dos aspectos computacionais como um recurso para

resolução de tarefas e construção de novos conhecimentos. Isto acontece quando o

professor usa diferentes softwares para resolver diversas tarefas, sendo que cada

uma destas experiências é utilizada como objeto de reflexão, permitindo a ele

entender como está aprendendo e qual o papel da informática no processo de

construir o conhecimento.

Além disso, as entrevistas também indicaram que uma pequena minoria dos

pesquisados apresentaram, entre os meios mais utilizados: apostilas, textos, conforme

entrevista de P5:

Os meios mais utilizados são apostilas, textos, para atingir individualmente ou até

os estudos dos grupos de estudos com exercícios ou atividades práticas como

projetos (os quais não apliquei), pois estava atarefado com as tarefas da direção da

escola e não sobrava muito tempo para os extras do curso, fazíamos muitas vezes o

básico solicitado. Outro meio utilizado é a internet para complementar os estudos

com os professores, hoje, temos que ter acesso à rede.

Conhecer os ganhos e as dificuldades dos professores em relação à formação

continuada em EAD, bem como as temáticas trabalhadas nos cursos e ferramentas utilizadas,

encaminha-nos à questão relacionada diretamente ao problema de pesquisa enunciado, ou

seja, a mudança da prática pedagógica dos professores.

O desafio percebido, com base nas entrevistas com os professores, em sua maioria, é

a necessidade de buscar constantemente conhecimento para a melhoria da prática pedagógica

e acompanhamento da evolução tecnológica e das mudanças ocorridas na sociedade.

Assim, na última questão, os professores enfatizaram as mudanças que ocorreram na

sua prática pedagógica, por intermédio da formação continuada em EAD, com destaque às

novas práticas, o interesse e a participação, também mencionaram o papel do professor

articulador e facilitador, como mostra a tabela 5.

Tabela 5 - Mudança na prática pedagógica

Categoria Frequência

Novas práticas com aulas mais atrativas

Interação e internet

3

Interesse e participação 2

Professor articulador, motivador e facilitador 1

Fonte: autora.

Page 70: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

68

Como podemos constatar, com base na tabela apresentada, a grande maioria dos

professores considerou ser possível uma mudança na prática pedagógica, utilizando-se a

internet, o que resultaria em aulas mais criativas, desencadeadoras do interesse e da

participação dos alunos. Um docente ressaltou a figura do professor como articulador,

motivador e facilitador nos processos de ensino e aprendizagem. É sabido que a aprendizagem

envolve acesso a diferentes meios de informação e comunicação, tanto nas atividades

dirigidas ao aluno, quanto as que implicam o trabalho do professor.

Para atender a essa nova demanda, há a necessidade de perceber o papel e a

importância da formação continuada para as práticas pedagógicas a serviço da aprendizagem

dos alunos. A perspectiva de formação continuada, independente da modalidade em que seja

oferecida, tem como propósito oportunizar ao professor revisitar a sua prática, por meio de

reflexões desencadeadas, conforme expressaram os sujeitos entrevistados:

Mas sempre se traz algo novo das formações, como novas técnicas, novas formas de

trabalhar, novas atividades e sugestões para tornar as aulas mais atrativas. (P2).

Você volta com novas ideias, e essas ideias socializadas com o grupo fortalecem,

cada vez mais o professor. (P3).

Todo curso de aperfeiçoamento é importante, pois leva à reflexão sobre a prática

utilizada em sala de aula. (P5).

Sempre uma formação vem contribuir e acrescentar aos professores inovações em

suas práticas, basta que se queira ver diferente e querer mais de nossas aulas, de

nossos alunos. (P6).

As reflexões e as novas ideias apontadas pelos professores têm potencial à efetivação

de mudanças, com vistas à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.

Consequentemente, as aulas poder-se-ão tornar mais atrativas, por isso, constituem objetivos

da formação continuada em EAD.

Ressalto, no entanto, a opinião de P2, que é um tanto diversa da dos demais: “Apesar

das formações serem indispensáveis, pois nos reanimam e nos atualizam, na maioria das

vezes, mudanças são raras, pois se depende do conjunto de fatores que formam a escola

como um todo.” A opinião do entrevistado traz à tona as condições intra e extraescolares que

implicam processos de mudança e a necessidade do envolvimento e participação de todos os

imbricados no processo educativo, a fim de que haja a propulsão de mudanças qualitativas no

trabalho pedagógico, incidindo nos processos de ensino e aprendizagem.

Page 71: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

69

O entrevistado P2 destacou o papel que as novas tecnologias desempenham na

educação.

A principal é que você dá uma reanimada, certo, você ouve pessoas diferentes,

práticas diferentes, se atualiza, isso dá uma reanimada, esse ânimo novo, ele te faz

produzir coisas diferentes, essa produção diferente faz com agente melhore,

trazendo novas práticas, pesquisas ou novas possibilidades de ensino e

aprendizagem.

O encadeamento apresentado na fala de P2 demonstra a importância dos espaços de

troca e interação promovidos nos cursos de formação continuada em EAD. Nas suas

considerações, pondera ser animador ouvir o relato de práticas diferentes, além de incitar

novas produções e práticas, leva a pesquisas que implicam a melhoria dos processos de ensino

e aprendizagem.

Os entrevistados P3 e P5 enfocaram um diferencial da formação continuada em EAD

com implicações na metodologia de ensino e com possibilidades de ruptura paradigmática.

Antes o quadro negro era o meu principal material, tentava explicar tudo em forma

de esquemas e desenhos, mas usando praticamente somente o quadro. A partir da

educação a distância, tive a oportunidade de poder interagir com outros colegas e

ver o que dava certo em suas escolas. A partir daí percebi que, quanto mais o aluno

manuseava o material referente ao conteúdo aplicado, maior era o grau de

aprendizagem, foi onde comecei a trabalhar com recortes, maquetes, cartazes

confeccionados por eles, panfletos e classificados (para trabalhar matemática),

pesquisas de preços. Com essas atitudes, pude perceber um maior interesse e uma

maior participação por parte da turma. (P3).

A partir da formação continuada em EAD, a partir da discussão da prática

pedagógica , eu, que sempre tive a preocupação em explicar bem os conteúdos e já

dar as respostas prontas para o aluno, percebi que o aluno desta forma se acomoda

em receber tudo pronto. Diante disso, mudei a forma de atuar, envolvendo mais os

alunos, fazendo com que pesquisem e encontrem eles mesmos as respostas ou as

soluções. Desta forma, percebo que os alunos se sentem mais valorizados e

comprometidos. Supera-se, assim, gradativamente, a relação de professor detentor

do saber e aluno receptáculo passivo. Assim, o professor é um articulador,

motivador e facilitador em sala de aula. É, porém, um processo lento, pois envolve a

escola como um todo. (P5).

Essa realidade apontada por P5 e a possibilidade de superação de práticas tradicionais

centradas no professor, com o uso da lousa e giz, conforme sinalizado por P3, por meio da

formação continuada em EAD, reitera o valor da formação e a necessidade de haver políticas

públicas que favoreçam e ampliem os espaços de participação dos professores nessa

modalidade de formação. É fundamental destacar que, ao se referirem às possibilidades de

mudança da prática pedagógica, os professores ressaltaram o valor do grupo, do coletivo,

quando enfocaram a troca, a socialização, a interação.

Page 72: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

70

Tais assertivas remetem às aprendizagens colaborativas e ao trabalho cooperativo

propiciado pelos cursos de formação continuada em EAD, em consonância às teorias do

conhecimento. Valente (2012, p. 15) afirma “O computador passou a assumir um papel

fundamental de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade da

Educação, possibilitando a criação e o enriquecimento de ambientes de aprendizagem.” É

certo, porém, que os desafios são vários, com uma prática voltada à mudança no ensino, num

ensino que leve o aluno a participar em contraposição ao ensino tradicional imposto, em que

não havia espaço para a sua voz e aspirações. Enfim, uma mudança que implica novas

concepções do papel da educação e do ensino. Temos ainda que considerar a necessidade de

acompanhamento do processo e o respeito à formação de professores.

Nessa direção, P4 aponta que o curso de formação continuada em EAD possibilita

que novas práticas se efetivem com o uso das TIC, em prol da aprendizagem dos alunos.

Eu trabalho aqui no laboratório de informática e o que eu percebo é que eles vêm

com ideias novas, sugerindo coisas novas. Eu acho isso muito importante porque ele

está vendo que pode trabalhar o mesmo que ele trabalha lá, em sala de aula, aqui,

na informática, com as tecnologias, de uma forma diferente, que talvez o aluno

esteja gostando mais, aprendendo mais e inclusive tentando aquilo que ele

trabalhou lá na sala de aula. E as ideias surgem a partir de quando o professor

passa a ter conhecimento. Ele pode vir aqui com novas ideias, sugerindo trabalhos,

novas formas de trabalhar com os alunos, novas formas de pesquisa, criar, enfim,

são novas ideias.

O professor não é mais o único detentor do conhecimento, aquele que sabe tudo; e

seus alunos, meros receptores do conhecimento, pois há milhares de informações ao alcance

de todos na internet. O trabalho isolado do professor já não se aplica, o aluno exige mais. A

ruptura de paradigmas solicita que o professor atue como mediador, orientador, aquele que

mostra os caminhos para seus alunos e, em conjunto, busca, de forma interativa, o saber,

principalmente, novos saberes. Na concepção de Belloni (2001, p. 39-40):

Um processo de ensino e aprendizagem centrado no aprendente, cujas experiências

são aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumir-se como recurso

do aprendente, considerado como um ser autônomo, gestor de seu processo de

aprendizagem, capaz de autodirigir e autorregular este processo.

Em função de P4 atuar no laboratório de informática, faz referência importante a ser

destacada, que se refere ao domínio do professor no uso das TIC, “O professor precisa saber

mexer com as ferramentas, mas ele não precisa ser um gênio na informática, ele precisa

conduzir o aluno, ser um mediador para o aluno, fazer com que o aluno busque, aprenda com

as tecnologias, seja inovador.” Pela sua assertiva, é possível constatarmos que a formação

Page 73: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

71

continuada em EAD contribui nesse aspecto, ainda que os professores não tenham apontado

tal aspecto como um ganho do processo de formação. Coaduna com essa ideia a referência de

P6 às mudanças, ao ressaltar que:

A maior mudança que percebo é a influência da internet na sala de aula, a aula está

muito mais dinâmica e leve, o nosso aluno fica mais curioso. Mas, do professor

exige ainda mais atenção aos trabalhos do aluno, por exemplo, onde, o que e como

ele realizou seu estudo, ou a sua pesquisa?

A fala de P6 permite-nos constatar que o uso do computador na sala de aula, com

destaque à internet, ressignifica o papel do aluno e do professor nos processos de ensino e

aprendizagem. À medida que o aluno se torna mais curioso, e o professor incita a sua

produção e a pesquisa, há contribuição à construção e reconstrução do conhecimento, tão

necessários à aprendizagem significativa.

A aprendizagem significativa verifica-se quando o estudante percebe que o material

a estudar se relaciona com os seus próprios objetivos. [...] É por meio de atos que se

adquire aprendizagem mais significativa. A aprendizagem é facilitada quando o

aluno participa responsavelmente do seu processo. A aprendizagem autoiniciada que

envolve toda a pessoa do aprendiz – seus sentimentos tanto quanto sua inteligência –

é a mais durável e impregnante. A independência, a criatividade e a autoconfiança

são facilitadas quando a autocrítica e a autoapreciação são básicas e a avaliação feita

por outros tem importância secundária. A aprendizagem socialmente mais útil, no

mundo moderno, é a do próprio processo de aprendizagem, uma contínua abertura à

experiência e à incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.

(GADOTTI, 1994 apud BARBOSA; MOURA; BARBOSA, 2004, p. 9).

É inegável que a nova vivência escolar provocada pelo uso da internet na educação

tem propiciado alternativas que auxiliam nos processos de ensino e de aprendizagem, com

vistas à aprendizagem significativa. Por meio da internet, é possível criar ambientes virtuais

de aprendizagem, a fim de que o aluno encontre o assunto de sua pesquisa e as tarefas a serem

feitas, em blogs de professores, e também em sites especializados. Assim, é importante que o

professor possa refletir sobre essa nova realidade, repensar a sua prática e construir novas

metodologias. Então, o docente será gestor da sua aula, podendo articular as atividades com

auxílio do coordenador da sala de informática, claro, se a escola contar com esse recurso

humano. Ainda acerca do papel da internet na educação, Belloni (2001, p. 69, grifo do autor)

assinala que:

O uso das NTIC em educação levanta numerosas questões dificilmente abordáveis

em toda sua extensão e complexidade no âmbito deste trabalho: de um lado, as

instituições educacionais não poderão mais fugir ao dilema da necessidade urgente

de integrá-las, sob pena de perder o “trem da história”, perder o contato com as

Page 74: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

72

novas gerações e tornarem-se obsoletas como instituições de socialização; por outro

lado, não se pode pensar que a introdução destas inovações técnicas possa ocorrer,

como parecem acreditar muitos administradores e acadêmicos, sem profundas

mudanças nos modos de ensinar e na própria concepção e organização dos sistemas

educativos, gerando profundas modificações na cultura da escola.

Assim, há necessidade de uma formação continuada com uma proposta teórica que

contemple uma educação dialógica, voltada ao desenvolvimento crítico dos sujeitos e do

tratamento de questões éticas fundamentais à transformação da educação e consequentemente,

da sociedade. Uma prática pedagógica transformadora supõe a vivência de um processo capaz

de permitir que o professor se aproprie de novos saberes, os quais possam ser aplicados no

cotidiano da sala de aula, conforme enunciado por P3:

A gente vinha para sala de aula e tentava aplicar aquilo que tinha dado certo, que

estava funcionando, sempre dentro das dificuldades que a gente tem, sempre dentro

do processo pedagógico, mas a gente conseguiu trabalhar diferente depois de fazer

esse curso, mas, ao menos dentro do possível, eu consegui ou estou tentando

trabalhar diferente.

Esse excerto salienta o esforço do professor em tentar novas formas de trabalho na sala

de aula, o que pode ser corroborado pelas palavras de Moran (2005, p.147), “Quando olhamos

para nossa experiência em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga, que nos

surpreende, que nos faz pensar, que nos envolve ativamente, que traz contribuições

significativas e que nos põem em contato com pessoas.”

Nessa perspectiva, as novas tecnologias têm potencial para levar a educação à nova

dimensão. As TIC têm proporcionado à escola, tanto para o aluno quanto ao professor, um

novo jeito de educar-se, de ensinar e aprender, e de conhecer o novo na compreensão do

mundo contemporâneo.

4.3 A VOZ DAS GESTORAS

Apresento, nesta fase do estudo, a análise de duas entrevistas: a realizada com a

gestora escolar, que apresenta envolvimento direto no processo de formação continuada em

EAD dos professores e nos processos de ensino e aprendizagem; e a da gestora do Núcleo de

Educação a Distância da Gerência Regional de Educação de São Miguel do Oeste. Esta última

frisa a importância dada ao trabalho desenvolvido pelo núcleo.

Na primeira questão levantada com a gestora escolar, acerca dos ganhos que identifica

no processo de formação continuada em EAD oferecido aos professores, além dos aspectos já

Page 75: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

73

mencionados pelos docentes entrevistados, ou seja, a atualização e a flexibilização do tempo e

espaço, a gestora destacou, também, a ação reflexiva e interativa atinentes à prática

pedagógica.

O ganho maior é a possibilidade de o professor ter acesso à capacitação e

atualização profissional mesmo com dupla jornada de trabalho, pois a EAD permite

a flexibilidade de tempo e espaço e respeita as limitações do professor. Há, também,

a possibilidade de uma ação reflexiva da sua prática pedagógica, pois o processo

de formação continuada em EAD possibilita uma ação interativa que permite ao

professor experimentar novas formas e elaborar novos conceitos, isto é um

crescimento constante. (Ge).

Entender as novas mídias, dominar a internet não é suficiente para a escola, ainda é

preciso buscar uma educação que possa possibilitar ao aluno maturidade, quando solicitado a

responder às tarefas determinadas pelo professor, compreender e superar seus limites. Entra,

então, o papel do professor reflexivo, o qual integra a prática à teoria em suas aulas, o que,

por vezes, implica mudança da prática pedagógica.

A ênfase na educação para a prática reflexiva busca superar o comprometimento da

competência profissional na solução de situações problemas que emergem na prática

gerando um dilema entre rigor e relevância. Esse dilema pode ser entendido entre os

problemas cujas soluções se dão por meio da aplicação de teorias e técnicas e

problemas que desafiam tais soluções. [...] Porém, na prática, a solução de um

problema não se dá necessariamente pela aplicação do conhecimento técnico e pelas

técnicas das teorias, mas sem negá-los, o conhecimento tácito está presente nas

soluções dadas pelos profissionais em ato, o que caracteriza o conhecimento-na-

ação. Nesse aspecto o conhecimento não se aplica à ação, mas está implícito nela,

está na ação. Em outras situações é comum que se pense o que se faz enquanto se

faz algo, caracterizando a reflexão-na-ação. (RIOS, 2004, p. 40-41).

A responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do Oeste comenta sobre os ganhos

adquiridos pelos professores com o processo de formação continuada em EAD, pontuando o

fator tempo e o material disponibilizado ao professor, conforme excerto de sua fala:

A vantagem é que eles não têm é que tirar aquele tempo para estar participando da

capacitação, nem tirar da hora de folga, da hora-atividade, ou à noite ou final de

semana dele. Outro ganho que eu vejo é que o material elaborado é de qualidade.

[...] isso é um ganho se ele quiser mesmo se aprofundar, ali tem tudo e se tiver uma

dúvida, volta atrás na etapa anterior, os cursos oferecidos são todos preparados

pelo MEC – Secretaria de Educação a Distância. (Ge).

Com base nesse excerto, percebo que o desenvolvimento e a materialização do

projeto de formação de professores, por parte do governo, surgem em defesa da formação

qualificada dos profissionais da educação. Porém, ressalto que é necessário considerar que o

Page 76: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

74

tempo destinado à formação, nem sempre beneficia o professor, tendo em vista a sua

excessiva jornada de trabalho.

Na sequência, apresento estudo com destaque às tentativas de intervenção do Estado

na política de formação de professsores e suas ações:

Determinar as condições que permitem a adoção de tecnologia. Estas condições

cobrem um grande número de questões, que vão da disponibilidade de equipamentos

e conectividade, à formação docente e ao suporte técnico e pedagógico, bem como à

produção e distribuição de materiais de aprendizagem digital [...] (INSPIRADOS...,

2010, p. 13).

Trata-se de adoção de política de formação, a qual, especificamente, passou a

incentivar a EAD, em relação à formação continuada do professor no tocante aos recursos

midiáticos existentes, a fim de possibilitar mais uma ferramenta de trabalho ao docente.

Em relação às dificuldades identificadas no processo de formação continuada em EAD

oferecido aos professores, a gestora frisou:

Mesmo com a autonomia em administrar seu pouco tempo disponível e o próprio

ritmo de estudo, o fator tempo, talvez, seja mesmo a maior dificuldade. Há também

a questão de avaliação, pois exige do professor uma capacidade maior de

organização, de entendimento, de elaboração e apresentação de conceitos e

propostas concretas que caracterizam ou não sua evolução. (Ge).

Ao referir-se ao fator tempo, a gestora escolar converge com a dificuldade apontada

pelos professores, porém acrescenta a avaliação da aprendizagem. É fato que ensinar e

aprender a distância possibilita uma flexibilidade de espaço e tempo, mas exige um estudante

que busque conciliar as atividades do cotidiano às propostas no curso. Por conseguinte, a

modalidade de ensino a distância depende muito do aluno, que necessita ser curioso e

motivado, a tecnologia pode ajudá-lo, sobremaneira, na busca de sua evolução e na sua

realização pessoal/profissional, conforme afirma Almeida (2010, p. 2):

As interações entre pessoas e objetos de conhecimento são propiciadas pela

mediação das tecnologias e de um professor orientador. As atividades se

desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se

localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento que

constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, revistas e reelaboradas

continuamente no andamento das interações.

Ainda em relação às dificuldades identificadas no processo de formação continuada

em EAD, a responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do Oeste destaca que:

Page 77: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

75

Uma das dificuldades é que não se descobriu até hoje por que é que é mais fácil

fazer atividade na última hora, ou, vir aqui (Nead), fazer uma atividade a distância.

É uma dificuldade que você não sabe por que, mesmo eles tendo computador em

casa ou nas escolas, a gente não sabe por que é que eles deixam de fazer atividade

sozinhos. (Ge).

Com base no excerto, chama atenção a dificuldade do professor em administrar o

tempo a fim de executar as atividades a distância, com autonomia, no processo de

aprendizagem, deixando-as para a última hora. Ainda que disponha de computador em casa

ou na escola, espera orientação da equipe do curso, por vezes, por certa resistência ao novo

e/ou por insegurança de manusear as ferramentas disponibilizadas.

Na concepção de Gatti (2005), o educador, em seu processo de formação continuada,

precisa de determinação, de mudança de atitude, e principalmente, aprender a administrar as

situações novas que irá encontrar.

Educar e educar-se a distância requer condições muito diferentes da escolarização

presencial. Os alunos em processos de educação a distância não contam com a

presença cotidiana e continuada de professores, nem com o contato constante com os

colegas. Embora possam lidar com os temas de estudo disponibilizados em

diferentes suportes, no tempo e no local mais adequado para seus estudos, num ritmo

mais pessoal, isso exige determinação, perseverança, novos hábitos de estudo, novas

atitudes em face da aprendizagem novas maneiras de lidar com suas dificuldades.

(GATTI, 2005, p. 143).

Acerca dos temas dos cursos de formação continuada em EAD, a gestora da escola

expressou:

Tenho feito pouca atualização visto que estou há 12 anos em cargos de gestão, uma

vez que a escola nos exige mais a presença, a atenção da gestão em si.

Mas dos que fiz nos últimos anos, os que mais têm contribuído, em minha prática,

são:

- Gestão escolar, organização da Educação Básica.

- Avaliação do Ensino Fundamental.

Estes dois é que foram uma boa contribuição na renovação de conceitos e novas

práticas, que são úteis no dia a dia de minha função de gestão, pois possibilitam

mais interação com o professor e o aluno, ambos em constante mudança, esta

mudança provocada pela globalização. (Ge).

Por intermédio da fala da gestora, percebo que o processo de formação continuada está

diretamente ligado ao atendimento e desenvolvimento das necessidades da sua prática

pedagógica, voltadas à melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.

Na concepção de Camas (2012, p. 37), “O professor e o aluno seriam os colaboradores

para a aprendizagem com recursos multimidiáticos, transformando o ambiente educacional

em que ambos aprendem.” E nessa perspectiva, é importante entender as mudanças ocorridas

Page 78: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

76

na escola, e seus novos modos de ver a educação básica, a partir da incorporação desses novos

modelos no processo de ensino e aprendizagem.

Ainda sobre as temáticas, a responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do Oeste

apresentou os temas dos cursos de formação continuada em EAD oferecidos no momento.

A maioria do que esses manuais pedem é a ligação com internet, porque blog

construção de blog, construção de página, consulta de página pronta de educação,

então, a internet é imprescindível, sem internet é pouca coisa oferecida numa

plataforma ou em um aplicativo em que vêm programas separados. Então, a

utilização da internet e construção de blog pedagógico, quando ele cria, e tem que

interagir na ferramenta do Google, tem que interagir em tempo real, pode ser de um

trecho, pode ser de uma música, pode ser de uma ideia que vai se desenvolvendo, a

ideia vai surgindo na hora. (Ge).

A resposta dada pela gestora permite afirmar que ela não se ateve à questão, pois não

mencionou as temáticas de cursos realizados pelos professores. Porém, em sua fala, ressalta a

importância da internet, uma vez que oferece possibilidades ao educador trabalhar num

espaço interativo com seus alunos, em um novo espaço de ensino e aprendizagem. Afinal, no

sistema educacional, vivemos um momento de intervenções e mudanças provocadas pela

globalização, trazendo as inovações tecnológicas, as quais contribuem às novas práticas da

educação, na contemporaneidade.

Na atualidade, a internet permite a possibilidade não só de buscar informações, como

também auxiliar o professor no processo de educação a distância, utilizando novas formas de

ensino e aprendizagem, como participação em chats, listas de discussão, e videoconferências.

Assim, é mediadora do processo e é mais uma ferramenta, com suas inúmeras interfaces

“Algumas das interfaces on-line mais conhecidas são chat, fórum, lista, blog, site e LMS ou

AVA. Como ambientes ou espaços de encontro, propiciam a criação de comunidades virtuais

de aprendizagem.” (SILVA, 2005, p. 65, grifo do autor).

Sobre os meios e ferramentas utilizadas para a formação continuada dos professores na

unidade escolar, a gestora expressou que:

Os meios são a Internet, o material impresso que dão suporte, e são importantes,

porque a educação é a distância, mas, eles ainda traziam o livrinho (material

impresso), ainda é importante. Internet, esse mundo é amplo e tem muito para

oferecer, da vez, aí é fascinante, intrigante é enriquecedor, porque o aluno pode

praticar de uma forma alegre divertida se o professor souber do universo que tem.

É uma ferramenta que amplifica, estamos condenados à civilização ou

desaparecemos. Os computadores – para utilização dos ambientes virtuais – das

salas de tecnologias NTE (todos distribuídos pelo ProInfo), a web e o material

impresso e digitalizado. (Ge).

Page 79: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

77

Ao pensar nesse aluno/professor, sob a perspectiva das possibilidades proporcionadas

pelo uso da internet, Almeida (2010, p. 16) destaca:

A aprendizagem é vista, por conseguinte, como um processo interativo, ao mesmo

tempo individualizador e socializador do cursista, que se realiza com a mediação,

que se realiza com a mediação de outros sujeitos, de modo que a formação deve

enfatizar a interação e o trabalho coletivo.

Em se tratando da aprendizagem via internet, é importante dizer que esta não

acontece de forma isolada. Estudar a distância não é sinônimo de estudar só, pois educação a

distância não significa educação distante. Desse modo, nos processos de formação continuada

a distância, é indispensáve1 a mediação e a interação entre os sujeitos.

Referente às mudanças que ocorreram na prática dos professores, a partir da formação

continuada em EAD, a gestora da escola destaca:

Professores bem mais seguros, em suas práticas pedagógicas, firmes e adequadas e,

consequentemente, a melhoria do processo ensino e da aprendizagem, pois é a ação

direta do professor que vai determinar a qualidade do processo educativo, este que

é o responsável primeiro, não somente, pois este que precisa estar motivado, seguro

e confiante de sua prática para, assim, motivar o seu estudante a querer aprender,

esta é a maior dificuldade que vejo, pois nossos estudantes, não em sua maioria,

mas em boa parte, tendem a fazer somente o necessário. (Ge).

No que tange à mudança da prática pedagógica, Camas (2012, p.10) salienta: “Um

docente crítico, criativo, inovador e conhecedor de ferramentas que proporcionem um melhor

ensino-aprendizagem, entendendo e aproveitando as práticas presenciais e as novas práticas

com ferramentas tecnológicas digitais.”

Com base no excerto, percebo que o educador precisa estar atento às mudanças

tecnológicas. Então, cabe à escola propiciar um ambiente adequado ao aprendizado dos

alunos, pois não basta inserir computadores na escola, deve-se trabalhar de uma forma a

promover uma mudança cultural. A incorporação das TIC, nos processos de ensino e

aprendizagem pelos professores que realizam os cursos de formação continuada em EAD, é

favorecida pelo desencadeamento da reflexão da prática pedagógica, é o que destaca Almeida

(2010, p. 4), tal reflexão é favorecida pelo “estar junto virtual,” conforme ilustra a citação:

Porém, esses cursos podem tornar-se mais interativos e assumir uma abordagem

mais próxima do estar junto virtual a partir do envolvimento dos formadores em um

programa de sua própria formação continuada por meio das TIC que os levem a

refletir sobre as contribuições dessas tecnologias à prática pedagógica.

Page 80: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

78

No questionamento à responsável pelo Nead na Gerência de Educação de São Miguel

do Oeste sobre como se dá a articulação entre o Governo do Estado e o Governo Federal

quanto à formação continuada em EAD oferecido aos professores da Educação Básica,

destaco:

O MEC oferece o material do curso, equipa as escolas com os computadores,

capacita os multiplicadores, e o Estado tem na Secretaria de Educação uma

Coordenadora Estadual do ProInfo.

E sempre quando o NTE realiza um dos cursos existe um sistema chamado ProInfo

Integrado onde os cursos são registrados, com nome e número de participantes bem

como uma avaliação.

Outra contrapartida do Estado é manter os núcleos de Tecnologia Educacional nas

36 Gerências Regionais.

O Estado possui ambiente no SC Aprendizagem (através da plataforma moodle)

onde podem ser criadas turmas de professores e alunos para realizar cursos a

distância.

Possui também, no Portal da SED, o Link para a aula virtual, onde o aluno e o

professor acessam aulas para todas as disciplinas, com seu número de matrícula. O

Estado tem parceria com o MEC.(Ge).

É fato que a formação continuada é necessária nas escolas, mas também é mister

resgatar a valorização dos educadores, e para isso, há de haver comprometimento com a

formação de sujeitos sociais, críticos, criativos e comprometidos com a sociedade, como

assinala Nóvoa (1999, p. 132):

As características ligadas ao ensino criativo incluem a imaginação, isto é, a

capacidade de tomar o lugar do outro e de ensinar potenciais interações antes do

acontecimento. Este processo é acompanhado por adaptabilidade, flexibilidade e

uma prontidão e facilidade para a improvisação e experimentação.

De acordo com a Gerência da Educação, a seleção dos cursos para os professores é

distribuída da seguinte forma:

A cada início de ano são elaborados projetos de realização de cursos, de acordo

com necessidades, nestes últimos dois anos, a prioridade ficou com os professores

ACTs que escolheram para atuar nas salas de informática das escolas. Neste ano,

serão intensificados os trabalhos com os Assistentes Técnicos Pedagógicos das

Escolas. (NTE) A via é o ambiente colaborativo de aprendizagem E-ProInfo e o

material impresso produzido pelos especialistas contratados pelo MEC para cada

curso. (Ge).

Com o objetivo de entender a demanda pela procura dos cursos oferecidos pelo Nead,

a próxima pergunta inqueria a gestora do Nead acerca da tabulação dos resultados dos cursos

promovidos, o percentual de quantos professores iniciavam o curso e quantos o terminavam, e

quais os motivos da desistência. Eis a resposta da entrevistada:

Page 81: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

79

Nesses que a gente oferece é baixa a evasão. (NTE) mas não temos o dado exato.

Pode ser que seja a dificuldade em realizar tarefas individualmente, sempre que há

o encontro presencial, nós revisamos todas as tarefas que deveriam ter sido

realizadas a distância. (NTE) parece que fica bem mais fácil.

E o número de cursistas (professores) da Gered de São Miguel nos últimos três

anos: 537 professores. Cada NTE possui três multiplicadores, que, em SC, são três

para cada SDR 1 (um) multiplicador técnico. (Ge).

No decorrer da análise, fica claro que a Educação a Distância requer infraestrutura

tecnológica adequada, bem como profissionais, com formação pedagógica, capazes de

trabalhar com recursos e ferramentas tecnológicas. Dessa forma, o grande desafio é buscar as

contribuições dos paradigmas emergentes para repensar as práticas de EAD, considerando que

os sujeitos, nos processos de ensino e aprendizagem, estão sedentos de iniciativas que

contribuam à construção do conhecimento e otimizem o tempo. Sobre o assunto, salienta

Camas (2012, p. 9) “O uso do tempo parece colocar-se como uma das variáveis de suma

importância para garantir o sucesso ou não do uso das tecnologias.”

4.4 ASPECTOS CONVERGENTES ENTRE OS OLHARES DOS PROFESSORES E DAS

GESTORAS

A análise das entrevistas dos sujeitos pesquisados possibilitou identificar

convergências entre o olhar dos professores e das gestoras, a respeito do processo de

formação continuada em EAD, o que permite entrecruzar os olhares, enfatizando essa

convergência, independente da frequência. Em vista do objetivo desta pesquisa, apresentarei

convergências referentes aos ganhos e dificuldades atinentes ao processo de formação

continuada em EAD oferecido aos professores da escola pesquisada. Também ilustrarei as

mudanças das práticas pedagógicas decorrentes dos cursos de formação continuada em EAD

realizados pelos professores pesquisados.

Em relação aos ganhos, prepondera a flexibilidade de tempo e espaço para a formação

e oportunidade de atualização promovida por essa, o que coaduna com as assertivas dos

autores sobre as possibilidades da EAD, no que tange aos processos formativos. Para a

pesquisada P2, o maior ganho está na:

Atualização, receber novas informações saber o que está acontecendo, não só de ser

mais rápida, mas é mais prático, acho que você pode usar seu tempo disponível,

você faz o seu tempo, você pode fazer em casa, você também pode fazer um grupo

de estudo para debater.

Page 82: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

80

Esse diferencial, de fato, constitui um atrativo e viabiliza ao professor participar de

processos de formação continuada.

Além disso, professores e gestoras convergiram, ainda, com referência às

possibilidades de participação e interação, propiciadas nos cursos em EAD. Por isso, cabe

reiterar a importância da interação na concretização do “Estar junto virtual.” Como frisam

Prado e Valente (2002, p. 48), “O estar junto virtual permite múltiplas interações no sentido

de acompanhar, assessorar, intervir e orientar o professor em formação em diversas situações

de aprendizagem.”

Com relação às dificuldades identificadas no processo de formação continuada em

EAD, ficou latente a questão do tempo. A princípio, pode parecer paradoxal o fator tempo ter

sobressaído como ganho e como dificuldade. No entanto, torna-se compreensível esse

aparente paradoxo, tendo em vista que, de um lado, a formação continuada em EAD concede

autonomia ao aluno/professor organizar o seu próprio tempo; de outro, essa organização

torna-se um desafio em função de dois aspectos que não se excluem: o cultural e a sobrecarga

do professor. As falas dos sujeitos pesquisados apontam nessa direção.

Os professores relataram que articular as atividades propostas, durante a realização dos

cursos de formação continuada em EAD, às atividades pedagógicas do cotidiano, de fato,

constitui dificuldade. Possivelmente, em decorrência desse aspecto, acabam tendo de deixar

as atividades do curso para serem realizadas na última hora, conforme relatado pela gestora do

Nead.

Uma das dificuldades é que não se descobriu, até hoje, por que é que é mais fácil

fazer atividade na última hora, ou vir aqui (NTE); fazer uma atividade a distância é

uma dificuldade que você não sabe por que, mesmo eles tendo computador em casa

ou nas escolas.

Convém considerar que há necessidade de o aluno/professor exercer sua autonomia

nos cursos de formação continuada em EAD e, em processo, desenvolvê-la, o que remete a

Contreras (2002, p. 208) ao afirmar que: “A autonomia é realmente um processo dinâmico em

um contexto de relações se for entendida como acompanhada de um processo interior de

compreensão e construção pessoal e profissional.” Nessa perspectiva, cabe retomar a fala de

P5: “Depende muito mais do empenho, do interesse e do esforço de cada participante [em]

ser um autodidata e querer mudar a sua história.”

Imbernón (2010, p. 34-35) destaca que:

Page 83: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

81

Na formação de professores também existem obstáculos. É contraditório atestar que

muitas das dificuldades que a formação dos professores encontra podem se

transformar facilmente em desculpas e resistências, por parte de algum setor, e ser

também motivo de uma cultura profissional culpabilizadora dos professores.

Com relação às mudanças que ocorreram na prática pedagógica dos professores, a

partir da formação continuada em EAD, os sujeitos pesquisados apontaram, principalmente,

aspectos relacionados à metodologia do ensino que incidiram na melhoria dos processos de

ensino e aprendizagem. Esses sujeitos reconheceram que os cursos realizados oportunizaram

aos docentes a apropriação de novas práticas de ensinar, com destaque à pesquisa, o que

contribuiu para a motivação dos alunos em aprender. A gestora escolar salientou que o

professor é fundamental para a qualidade do ensino, conforme expressou:

Professores bem mais seguros em suas práticas pedagógicas, firmes e adequados e,

consequentemente, a melhoria do processo ensino e da aprendizagem, pois é a ação

direta do professor que vai determinar a qualidade do processo educativo.

A reflexão desencadeada pelos cursos de formação continuada em EAD, por meio,

também, das trocas realizadas com os pares, foi fator que, na visão dos entrevistados,

favoreceu a mudança da prática pedagógica, conforme destacado por Imbernón (2010, p. 47),

A formação continuada deveria apoiar, criar e potencializar uma reflexão real dos

sujeitos sobre sua prática docente nas instituições educacionais e em outras

instituições, de modo que lhes permitisse examinar suas teorias implícitas, seus

esquemas de funcionamento, suas atitudes, etc., estabelecendo de forma firme um

processo constante de autoavaliação do que faz e por que faz.

Embora os entrevistados não tenham feito uma autoavaliação do seu desempenho, em

decorrência dos cursos realizados, é possível inferir que a reflexão desencadeada tenha

possibilitado a identificação de ganhos e dificuldades na prática pedagógica, o que suscitou as

mudanças sinalizadas.

Importante destacar a perspectiva de oxigenação apontada pelos entrevistados, ao que

se refere aos cursos de formação continuada em EAD, à medida que possibilitaram

compartilhar relatos de práticas diferentes, o que propiciou o exercício de novas práticas

pedagógicas, um entrevistado reconheceu o potencial à inovação pedagógica, inclusive.

Destacaram, ainda, como mudança propiciada pelos cursos de formação continuada

em EAD o uso da internet na sala de aula. Sobre ela, P6 mencionou “A maior mudança que

percebo é a influência da internet na sala de aula, a aula está muito mais dinâmica e leve.”

Page 84: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

82

Em se tratando da escola pesquisada, esse diferencial é qualitativo e indicativo de

oportunidades criadas aos alunos da escola. Segundo Moran (2001, p. 36):

A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens,

desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis

manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e

participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos. O poder

público pode propiciar o acesso de todos os alunos às tecnologias de comunicação

como uma forma paliativa, mas necessária, de oferecer melhores oportunidades aos

pobres [...]

Além disso, as falas dos sujeitos pesquisados permitiram constatar que os desafios da

educação e da escola são crescentes, em função do descompasso entre as transformações da

sociedade e o modelo tradicional de educação, que ainda perdura e se expressa na prática

pedagógica dos professores.

A fim de auxiliá-los nesses desafios da educação, na contemporaneidade, frisaram a

importância de uma ferramenta no trabalho pedagógico, a internet, a qual possibilita usar as

tecnologias de informação e comunicação para qualificar o processo de aprendizagem, que

deve ser ético para todos e para cada um, na possibilidade de acesso à informação. Sabemos,

porém, que as transformações que, hoje, acontecem no mundo vão além de uma simples

mudança de tecnologia de comunicação e informação.

Assim, há a necessidade de um ensino de qualidade que contribua para a inserção dos

alunos no contexto social, os quais são, sobremaneira, cidadãos com competência e

habilidades desenvolvidas. Para tanto, é imprescindível investir na formação de educadores, a

fim de atender a essa demanda de crianças, jovens e adolescentes que têm direito à educação

de qualidade. A formação continuada em EAD constitui, portanto, uma necessidade da

sociedade contemporânea, pois representa a possibilidade de ressignificar o papel do

professor e, consequentemente, da escola. Esse novo papel da escola, que implica transformar

informação em conhecimento, necessita de um professor, que interaja mais, que aceite

desafios, que tenha visão de futuro, enfim, que tenha vontade de inovar a sua prática na sala

de aula.

E esse novo professor necessita das modalidades de formação continuada, com o

intuito de desenvolver seu potencial. Assim sendo, é inegável que a formação continuada em

EAD, em função das especificidades discutidas, seja um diferencial valorativo no processo de

vir a ser dos professores, à medida que incide na prática pedagógica, conforme expresso na

voz dos entrevistados.

Page 85: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

83

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo objetivou investigar como os programas de formação continuada em EAD,

especificamente os oferecidos aos professores da rede estadual de ensino em São Miguel do

Oeste, contribuem para a mudança da prática pedagógica dos docentes, permitindo, desse

modo, responder às questões mobilizadoras da pesquisa em pauta.

O aporte teórico articulado à análise documental e à análise das entrevistas realizadas

acerca da formação continuada em EAD de professores da educação básica possibilitou

perceber aspectos desenvolvidos e a desenvolver nessa modalidade de formação, por meio da

identificação dos ganhos e das dificuldades da formação oferecida aos docentes. Os estudos

teóricos e os resultados das análises sinalizam para uma determinada direção não como uma

solução finda, mas uma necessidade de formação continuada por parte do profissional da

educação, a fim de promover avanços que sejam significativos na sua prática pedagógica, com

vistas à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.

Nesse intuito, verifiquei que a formação continuada de professores em EAD vem

assumindo posição relevante, na contemporaneidade, e é favorecida pelos programas de

governo. Essa modalidade de formação está pautada em avanços tecnológicos, aumento do

número de horas exigidas pelo MEC, além das particularidades de cada sistema de ensino.

O Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado e Educação, oferece a

implementação de políticas de formação continuada, também na modalidade EAD, um avanço

considerável, considerando-se a dificuldade de participação dos docentes em formações

presenciais, conforme citado na pesquisa.

De acordo com os dados analisados, o sistema oferece a modalidade EAD, embora de

forma fragilizada no que se refere à estrutura física de atendimento às demandas de formação

que, na modalidade a distância, necessita de computadores e acesso à internet. A escola

pesquisada apresenta estrutura deficitária em laboratórios, uma vez que o mesmo espaço é

utilizado à formação dos educadores e ao desenvolvimento das atividades didático-

pedagógicas realizadas nos processos de ensino e aprendizagem dos alunos da escola. Em

vista de a aprendizagem envolver acesso a diferentes meios de informação e comunicação,

tanto na atividade com o aluno, quanto no trabalho do professor, incluindo os processos

formativos na modalidade a distância, é preciso haver uma redefinição de políticas públicas

que otimizem os recursos disponibilizados aos professores e alunos; além de ser necessária a

definição de políticas públicas de formação continuada em EAD que favoreçam aos

Page 86: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

84

professores espaço e tempo à discussão, reflexão e realização das atividades de modo que

ultrapassem o mero fazer mecânico, contribuindo para a apropriação de saberes.

Observando as respostas dos sujeitos pesquisados, percebemos ganhos e dificuldades.

No entanto, chamou atenção a categoria tempo sobressair como ganho, à medida que têm

autonomia para organizá-lo, e como dificuldade, à medida que é escasso para a realização das

atividades e aos encontros coletivos e discussões entre os professores que estão em processo

de formação continuada em EAD. Ainda que sejam notórios os ganhos e as dificuldades do

processo de formação continuada em EAD, nas respostas dos sujeitos pesquisados ficou

evidente que os cursos de formação continuada em EAD contribuem para a efetivação de

mudanças na prática pedagógica, o que constituiu o cerne deste estudo. Entre as mudanças

provocadas na prática pedagógica, inclui a inserção das TIC nos processos de ensino e de

aprendizagem, com destaque ao uso dos computadores e acesso à internet. A incorporação das

TIC nos processos de ensino e aprendizagem, conforme afirmado pelos entrevistados,

contribui para o professor deixar de ser um mero transmissor de conhecimento e atuar na

perspectiva de favorecer a construção e reconstrução do conhecimento, o que favorece as

aprendizagens significativas.

Na concepção dos entrevistados, mudanças que implicaram a melhoria dos processos

de ensino e aprendizagem associam-se à formação recebida. Assim, essa formação deve

voltar-se à necessidade sentida pelo professor no cotidiano, a fim de atender a seus anseios, às

suas angústias, o que depende de políticas públicas que favoreçam ao docente realizar essa

busca e efetivar uma formação que lhe agregue valor, na perspectiva de se superar ações

mecânicas e tarefeiras, nos processos formativos, a exemplo das atividades realizadas nos

prazos finais de postagem. É preciso intensificar a reflexão, as trocas e as partilhas, durante as

formações, assim, é imperativo que se avance e sejam promovidas melhorias, principalmente,

nas condições em que são realizadas pelos docentes.

Esta pesquisa apresenta aspectos importantes já construídos, como também traz novas

possibilidades, novas necessidades. Observo que há um grupo de professores conscientes de

seu papel, que demonstram domínio teórico. As entrevistas, pela sua natureza, sendo recurso

da geração de dados, não permitem, no entanto, acompanhar a prática no cotidiano da sala de

aula. Porém, é inegável que o conhecimento teórico tem potencial para subsidiar a prática

pedagógica dos professores pesquisados. Os educadores têm papel fundamental no processo

de transformação, por meio de práticas pedagógicas que reflitam os conhecimentos

construídos e os saberes docentes mobilizados, em prol das aprendizagens dos alunos. Nessa

perspectiva, ainda que não seja o único caminho, este estudo me sensibilizou para a

Page 87: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

85

importância de se propagar a formação continuada em EAD, tendo como amparo a definição

de políticas públicas que favoreçam o seu acesso aos educadores, com vistas à construção de

uma educação de qualidade social.

Page 88: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

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Page 93: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

91

APÊNDICE A – Roteiros semiestruturados para estudo

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE JOAÇABA

CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Pesquisadoras: Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios

Adiles Ana Bof

A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o

caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste

Roteiro de entrevista para o professor:

1. Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido

aos professores?

2. Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD,

oferecido aos professores?

3. Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD de que você participou e/ou está

participando?

4. Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores nesta

escola?

5. Quais mudanças ocorreram na sua prática pedagógica a partir da formação continuada em EAD?

Page 94: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

92

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE JOAÇABA

CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Pesquisadoras: Profa. Dra. Mônica Piccione Gomes Rios

Adiles Ana Bof

A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o

caso de uma escola pública estadual do município de São Miguel do Oeste

Roteiro de entrevista para gestora:

1. Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido

aos professores?

2. Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD,

oferecido aos professores?

3. Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD, que têm sido oferecidos aos

professores?

4. Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores nesta

escola?

5. Quais mudanças ocorreram na prática dos professores a partir da formação continuada em EAD?

Page 95: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

93

APÊNDICE B – Carta para apresentação do consentimento livre esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: A FORMAÇÃO CONTINUADA

EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o caso de uma escola pública estadual

do município de São Miguel do Oeste A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS

PROCEDIMENTOS: O motivo que nos leva a propor este estudo é refletir acerca das políticas de formação

continuada em EAD (Educação a Distância) dos professores da Educação Básica.

A pesquisa se justifica: pela necessidade de análise da formação continuada em EAD como forma de

atualização e aperfeiçoamento do docente da Rede Estadual de Santa Catarina.

O objetivo geral desse projeto é: investigar se a formação continuada em EAD, especificamente a oferecida aos

professores da EEB Dr. Guilherme José Missen, tem contribuído para mudanças na prática pedagógica.

O(s) procedimento(s) de coleta de dados será da seguinte forma: inicialmente será aplicado um

questionário, em um segundo momento, iremos realizar uma entrevista individual com os professores.

DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: A sua participação, neste estudo, não será identificado(a). O

benefício que se obterá, por exemplo, será o entendimento quanto aos ganhos e às dificuldades no processo de

formação continuada em EAD oferecido aos professores da EEB Dr. Guilherme José Missen. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você poderá

solicitar esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer etapa do estudo. Você é livre para recusar-se a participar, retirar

seu consentimento ou interromper a participação na pesquisa a qualquer momento, seja por motivo de constrangimento

e ou outros motivos. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou

perda de benefícios. O(s) pesquisador(es) irá(ão) tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os

resultados da pesquisa serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a

sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que

possa resultar deste estudo. Este consentimento está impresso e assinado em duas vias, uma cópia será fornecida a

você e a outra ficará com o pesquisador(es) responsável(eis).

CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO: A participação no estudo não

acarretará custos para você e não será disponibilizada nenhuma compensação financeira.

No caso de você sofrer algum dano decorrente dessa pesquisa, chamar a estudante-pesquisadora nos endereços abaixo

relacionados.

DECLARAÇÃO DO SUJEITO PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO SUJEITO

PARTICIPANTE:

Eu, _____________________________________, fui informada dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e

detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que, em qualquer momento, poderei solicitar novas informações e ou retirar

meu consentimento. Os responsáveis pela pesquisa acima certificaram-me de que todos os meus dados serão

confidenciais. Em caso de dúvidas, poderei chamar a estudante Adiles Ana Bof, residente na Rua Helio Wassun, 160

apto. 304, telefone: 49-8411-1974 e a pesquisadora responsável Mônica Piccione Gomes Rios, residente na Rua

Martin Berkmiller, 376, telefone: 49 - 35512097 ou ainda entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos da Unoesc e Hust, Rua Getúlio Vargas, nº 2125, Bairro Flor da Serra, 89600-000- Joaçaba – SC, Fone:

49-3551-2012. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre

e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

Assinatura do sujeito pesquisado.................................................................... ou impressão dactiloscópica.

Nome:

Endereço:

RG.

Fone:

Data:

................................................................................

Assinatura do(a) pesquisador(a) responsável

Data: ......../........./...........

I m p r e s s ã o

d a c t i l o s c ó p i c a

Page 96: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

94

APÊNDICE C - Respostas dos sujeitos na íntegra, incluindo ideia central e categorias

PESQUISA: A FORMAÇÃO CONTINUADA EM EAD DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: o caso de uma escola pública

estadual do Município de São Miguel do Oeste

Questão 1 - Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido aos professores.

Sujeito Resposta Ideia central Categoria

P1

(português)

Falo especificamente desse curso. Eu, particularmente, gostei do curso e não senti

dificuldade no entendimento da parte teórica e, também, nas atividades aplicadas em

sala de aula. Saliento que conhecia a teoria que fundamentou toda a proposta em

Linguística do texto, Tipologia textual e Gênero textual ou discursivo, por isso não

acrescentou muito. Em certos momentos, diante das dificuldades dos colegas, auxiliei

no esclarecimento de certos conteúdos abordados nos módulos.

Para muitos colegas, a parte teórica era totalmente desconhecida, dificultando, assim,

em certos momentos, a compreensão.

Adiles, muitas colegas, diante das dificuldades de compreensão, questionavam a

tutora a qual, na medida do possível, tentava esclarecer.

Nas dificuldades dos colegas, auxiliei

no esclarecimento.

Aprendizagem

colaborativa.

P2

(mestre -

geografia)

Para mim, o maior ganho é em atualização, receber novas informações saber o que

está acontecendo, não só de ser mais rápida, mas é mais prático, acho que você pode

usar teu tempo disponível, você faz o seu tempo, você pode fazer em casa, você

também pode fazer um grupo de estudo para debater.

Atualização mais rápida, prática

Grupo de estudos.

Atualização.

Tempo.

P3

(matemática)

Eu acho que é a questão de estar sempre atualizado, verificando novas propostas de

trabalho, possibilidade de troca de experiência entre os professores mesmo que for a

distância a gente consegue observar o trabalho realizado por eles, até em outros

estados, a possibilidade também das escolhas de horários dependendo do curso que

você está fazendo, você pode escolher o horário de acesso, e isso facilita para o

professor e para que também nos possamos analisar a questão dos custos né, tanto

para quem está promovendo, quanto para quem está fazendo, este curso sendo esses

benefícios.

Acredito que é uma questão particular (participar com reflexão), não é a distância que

vai mostrar se o profissional é melhor ou pior, mas quanto à questão da participação

quanto o grupo, quanto debate, isso é interessante, a educação a distância, hoje, é uma

saída, mas quando se trata do magistério os professores têm uma forma didática muito

grande para atuar com o aluno é isso que eu sinto. Isso na graduação inicial.

Professor sempre atualizado em novas

propostas de trabalho.

Atualização troca de

experiência.

Tempo.

Participação.

Reflexão.

Page 97: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

95

P4

(Sala de

informática)

Acredito que há muitos aspectos importantes, para mim, principalmente, é a questão

da pessoa ser autodidata e buscar o conhecimento, se organizar no seu tempo, e de

modo geral a questão que forma gente continuadamente ser inovador, como trazer

novos instrumentos, ferramentas, novos meios de trabalhar a formação continuada é

importante e a formação a distância contribui para isso, visa, que a gente organize o

tempo, faz com que a gente seja um autodidata, inove cada vez mais, procurando

ensinar o conhecimento da melhor forma possível que os alunos possam aprender

com maior facilidade. Assim, tudo que é novo assusta, então é um pouco demorado o

processo, e as pessoas ficam com um pouco de receio, porque, há um tempo atrás, o

professor era o dono do conhecimento, e agora não é mais assim, e quando ele passa a

usar a ferramenta tecnológica, ele entra no mundo novo, desconhecido para muitos, e

fica com receio, porque o aluno também está aí contribuindo com o conhecimento

porém eu vejo que está evoluindo, que os professores estão conseguindo se adaptar e

inclusive interagindo melhor com os alunos uma nova linguagem enquanto eles estão

transmitindo um conteúdo que eles dominam, então, estão aprendendo juntos, isso eu

vejo de uma forma muito positiva, é um vínculo diferente entre professores e alunos,

tanto um quanto outro pode aprender com o outro, e eu acredito que está andando, e

apesar da resistência, os professor vão atrás, e quando você sugere novas ideias, eles

ficam curiosos e eles acabam usando essas ferramentas, e participando. A tecnologia

está proporcionando uma interação, que antes não acontecia, e antes o professor

vinha, colocava o conhecimento e era só um receptor, agora, o aluno passa a

contribuir, talvez não como o professor, com o conhecimento, mas com o

conhecimento diferente. Onde o professor também está aprendendo e o aluno está

aprendendo, de uma forma lúdica, diferente.

Os aspectos importantes são: buscar o

conhecimento,

Organizar-se no seu tempo,

Ser inovador,

Ser autodidata.

Favorece ainda:

Interação com os alunos,

Participação.

Tempo.

Inovação.

Interação.

Participação.

Busca do conhecimento.

P5

(sociologia,

filosofia)

Bem, os ganhos maiores se resumem nas oportunidades que são oferecidas aos

professores, além da formação básica (inicial, né) como, por exemplo, as coisas que

mudam, muita rapidez, é necessário que o professor esteja sempre atualizado, pois

também precisa conciliar trabalho e regência de classe e formação continuada, o nível

de educação a distância auxilia e favorece o professor neste aspecto.

Oportunidades de conciliar regência de

classe com formação, mudança.

Tempo.

Atualização.

P6

(sup.)

São momentos especiais e que o professor ganha para fortalecer seus conhecimentos,

enriquecer as trocas de ideias e de experiências principalmente sobre o trabalho, e a

socialização das áreas do conhecimento. Penso que são poucas, deveríamos ter mais

essas possibilidades.

Fortalecer seus conhecimentos,

enriquecer as trocas de ideias e de

experiência.

Socialização

Page 98: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

96

Questão 2 - Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD, oferecido aos professores.

Sujeito Resposta Ideia central Categoria

P1 O grande número de atividades que devíamos aplicar, em sala de aula, em um curto

espaço. No curso, nós tínhamos uma tutora e vários módulos. Fazíamos as atividades

e ela mandava para não sei quem...

Saliento que, no decorrer do curso (durante o ano de 2009), houve muitas

reclamações, pois, segundo um bom número de cursistas, era dispensado pouco tempo

para as várias leituras que se tinha que fazer e, ainda, aplicar as atividades, recolher e

apresentá-las no próximo encontro, sempre às quartas-feiras. Além disso, era preciso

sistematizar, isto é, escrever como ocorreu a aplicação das atividades, em sala, quais

os pontos positivo-negativos. Cada um dos textos produzidos pelo professor,

relacionado à sua prática pedagógica, era colocado no portfólio juntamente com os

comprovantes dos alunos.

Adiles, geralmente os professores têm o hábito de reclamar da falta de tempo. Mas é

falta, muitas vezes, de organização do próprio professor. Em outros casos, é falta de

tempo mesmo, pois precisa trabalhar 50 ou 60 horas semanais para poder

“sobreviver.”

Atividades para aplicar, em sala de

aula, em um curto espaço.

Tempo para atividades.

P2

(mestre -

geografia)

Talvez sejam algumas dúvidas que não podem ser sanadas no exato momento em que

aparecem, ou pessoas que usam disso para ter simplesmente formação (canudo) e não

aprendizado, crítica o sistema, por conta de pessoas que fazem mau uso, têm que ser

autodidatas, e programar o seu tempo, querer estudar, têm que ter compromisso

consigo, e se você não tem, aí o aprendizado não acontece, e houve muita crítica, seja

formação continuada ou até mesmo na formação inicial e até mesmo na pós-

graduação, críticas de parte de gente que não leva a sério. Mas acredito ainda que a

maior dificuldade é que suas dúvidas não são sanadas na hora.

Maior dificuldade é que suas dúvidas

não são sanadas na hora.

Dúvidas não

esclarecidas.

P3

(matemática)

Eu acho que a primeira dificuldade é de reunir os professores, arrumar um tempo para

que todos possam se juntar e discutir os assuntos, a gente se reuniu, quando sentimos

dificuldade da educação a distância também e outra a falta de motivação, não tem

motivação para fazer uma educação formação continuada, desmotivação do professor,

e uma desvalorização do Estado, o que parece uma falta na educação, e tem uma

dificuldade de fazer, o que se percebe é uma falta de política pública para a educação,

no que se refere à formação continuada do professor. Também a falta do espaço, de

um ambiente, no colégio para determinada tarefa, onde o limite é a tua sala de aula,

tudo que você precisa fazer, tem que ser dentro da sala, não tem um ambiente fora,

falta de recursos é crucial, recursos na parte física da escola, tempo de planejamento

das aulas rever as já trabalhadas, talvez mais que não se recorda.

Reunir os professores, arrumar um

tempo para que todos possam se juntar

e discutir os assuntos.

Falta de motivação.

Desvalorização do estado.

Falta do espaço e recurso.

Tempo.

Falta de motivação

Desvalorização do

professor.

Ausência de políticas

públicas para a formação

Falta de infraestrutura.

P4 É na mesma linha, como eu disse, a tecnologia traz um pouco de medo porque é um Desânimo por parte das pessoas, por Medo do novo domínio

Page 99: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

97

(sala de

informática)

contexto totalmente diferente, ferramentas novas e com uma pedagogia diferente

digamos, o ensino a distância também é inovador nesse sentido, ele às vezes causa

certo desânimo por parte das pessoas, então, eu acredito que estas são as dificuldades,

essa maneira nova de aprender, de interagir com as pessoas, interagir com as

ferramentas, e aprender de uma forma totalmente diferente, sendo um autodidata,

buscando conhecimento, organizando o seu horário, um novo modelo, uma nova

forma de aprender, o que antes acontecia em uma sala de aula está acontecendo em

ambientes diferentes em vários lugares, ou inteiramente, a distância, isso causa, às

vezes, um certo medo, será que vai ser legal, será que vou conseguir, será que vou

conseguir conviver. Não digo que a maioria dos professores tenha seu PC, ainda

alguns professores não têm seu PC, consequentemente não têm internet, mas acredito

que a maioria tem acesso, se não tiver em casa, tem na escola, pois os recursos são

mais limitados, mas dá para adaptar, há dez máquinas, as dez funcionam. Já aconteceu

de os professores pedirem para usar o computador da escola, aconteceu, mas não é

uma rotina, e são raros os casos, alguns dominam, outros são os autodidatas, e buscam

como fazer, alguns perguntam, sim, mas não é muito seguido. Às vezes não é por

questão de formação, mas questão da dúvida, aí vem, aqui, sim, isso acontece muito,

vem na informática. Maior dificuldade é manusear a tecnologia, manusear o software

algumas ferramentas, e até mesmo a questão da impressora não funciona, o pen drive

não funciona, as ferramentas em geral.

medo do novo.

Professores não têm seu próprio

computador, nem internet em casa.

Uma maneira nova de aprender, de

interagir com as pessoas, interagir com

as ferramentas, e aprender de uma

forma totalmente diferente, sendo um

autodidata, buscando conhecimento,

organizando o seu horário, um novo

modelo onde a dificuldade é manusear,

a tecnologia, manusear o software.

das TIC.

Acesso ao computador.

P5

Não podemos negar que a formação a distância apresenta dificuldades ou restrições,

pois o tempo de contato direto com o professor (monitor) é reduzido e segundo

minhas avaliações, pode acontecer que seja uma formação um tanto superficial em

alguns casos, quando de professores sem compromisso, embora a tendência atual seja

esta formação, pois depende muito mais do empenho do interesse e do esforço de

cada participante ser um autodidata, e querer mudar a sua história.

Formação a distância apresenta

dificuldades ou restrições, pois o tempo

de contato direto com o professor

(monitor) é reduzido.

Interação

professor/aluno.

P6

(sup.)

Os professores precisam estar disciplinados, organizados e aceitar o que lhe é

proposto em questão de atividades e os prazos para cada uma, também dispor de

tempo, para as leituras, planejamento e revisão das tarefas em conjunto, não fazendo

uma mudança isolada, sozinho né!

Disciplina, organização e aceitação.

Também dispor de tempo, para as

leituras, planejamento e revisão das

tarefas em conjunto.

Trabalho de equipe.

Page 100: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

98

Questão 3 - Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD de que você participou e/ou está participando?

Sujeito Resposta Ideia central Categoria

P1 PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: GESTAR II

Formação continuada de professores dos anos/séries finais do ensino fundamental –

LÍNGUA PORTUGUESA.

Os conteúdos relacionados:

aos gêneros e tipos textuais:

aos fatores da textualidade (coesão, coerência, intertextualidade...)

à análise linguística:

à análise literária;

à semântica;

à leitura e à produção de textos.

Formação continuada de professores

dos anos/séries finais do ensino

fundamental

LÍNGUA PORTUGUESA.

Conteúdos Gestão

escolar.

P2

(mestre -

geografia)

O último que fiz foi sobre metodologia de geografia, minha área, parte prática e

participativa e 80 horas a distância, com a Uniacel, foi bem interessante porque nos

pegamos temas da nossa região, aplicando na prática na nossa região, conhecemos novas

realidades, falando em geografia, por exemplo, o sul do estado, sobre o carvão, como se

vê e não como está só nos livros, a versão deles sobre o problema.

Metodologia de geografia, minha área,

parte prática e participativa e 80 horas

a distância.

Metodologia, visão de

mundo.

P3

(matemática)

Fiz o Pró-Gestão em 2008, Gestar 2, que foi muito valioso até em função de nós

estarmos nos reunindo, apesar da dificuldade de se reunir, às vezes toda semana uma

semana, às vezes quinze dias e a gente debatia nossas angústias, ou troca de

experiências. Esse dois cursos.

Não era 100 por cento a distância, não lembro o quanto era o percentual, mas era

semipresencial.

A gente debatia nossas angústias, ou

troca de experiências.

Gestão Escolar.

P4

(sala de

informática)

Todos os cursos são relacionados a tecnologias, e uso delas na escola, como ferramenta

pedagógica como utilizar ela no ensino, trazendo mais benefícios aos alunos, e

incrementar o ensino dele, e aprender da melhor forma possível até de forma lúdica, os

conteúdos que eles estão trabalhando, na sala de aula, têm uma questão muito legal que é

de trabalhar com os alunos com dificuldades de aprendizagem que são limitados de

vários modos, e eles podem usar ferramentas para aprender melhor, e eles conseguem

aprender melhor porque o computador traz áudio... Vídeo e conseguem interagir de uma

maneira fantástica. O mais engraçado, ele interage com a máquina e aprendendo e acaba

passando para o colega, a rapidez que os alunos aprendem a mexer com a ferramenta

tecnológica, e eles passam um produto, interagem de uma forma muito autodidata, com

a máquina e você ajuda, claro, mas eles vão à frente e vão além, muitas vezes.

Tecnologia como ferramentas para sala de aula, eu também faço licenciatura em

informática a distância (pela Unoesc), fiz uma pós sobre as tecnologias na educação e

cada vez tem mais, inclusive o MEC e juntamente com o proInfo estão cada vez mais

Ferramenta pedagógica como utilizar

ela no ensino, benefícios os alunos, e

incrementar o aprender da melhor

forma possível até de forma lúdica, os

conteúdos que eles estão trabalhando

na sala de aula, trabalhar com os alunos

com dificuldades de aprendizagem que

são limitados.

Ferramentas para aprender melhor,

porque o computador traz áudio...

Vídeo e conseguem interagir de uma

maneira fantástica.

Ferramentas de

aprendizagem.

Page 101: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

99

oferecendo cursos a distância, que é para introduzir as tecnologia de maneira pedagogia,

porque elas não estão aqui sendo aplicadas de qualquer forma, não é isso porque pode

ser uma ferramenta muito boa, como pode prejudicar, de certo modo, quando não se tem

um embasamento pedagógico no uso da internet, quando não se tem um planejamento

por trás do uso dela, então é muito atrativa, pode desviar a atenção dos alunos com uma

coisa nada a ver e daqui a pouco com que o professor está trabalhando.

P5 Não estou participando de nenhum curso de formação continuada atualmente, estou em

fase de aposentadoria, fiz o Pró-Gestão quando da direção da escola, fui diretor por 8

anos do ano de 2003 até o ano de 2010.

Pró-Gestão, quando da direção da

escola, fui diretor por 8 anos do ano de

2003 até o ano de 2010.

Pró-Gestão.

P6 Atualmente estamos no processo de formação continuada com o curso “Educação

Básica”: desafios e perspectivas. Muito enriquecedor, porque nos traz a cada encontro

mais novidades para aplicação no nosso dia a dia, em nossas angústias e necessidades

para trabalhos como, por exemplo, com projetos e por turmas, cada turma vive o seu

momento, a sua fase ou idade de maturação e pensamentos.

Educação Básica: desafios e

perspectivas.

Educação Básica.

Page 102: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

100

Questão 4 - Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores nesta escola?

Sujeito Resposta Ideia central Categoria

P1 Isso eu não sei informar, pois não estou mais na escola.

Mas quando fiz, era o Gestar II em módulos e sistema de tutoria.

Os conteúdos em: gêneros e tipos textuais:

fatores da textualidade (coesão, coerência, intertextualidade...)

a análise linguística:

a análise literária;

a semântica;

a leitura e a produção de textos, basicamente.

Gestar II em módulos e sistema de tutoria.

Tutoria.

P2

(mestre -

geografia

Não tenho feito curso que me renda certificado nos últimos tempos, depois do mestrado, eu

estou fazendo leituras ligadas ao que eu estou trabalhando e busco a informação na internet,

claro que tem muita informação distorcida, mas têm muitos dados disponíveis, e é incrível

como descobrimos dados na internet, mas a minha ferramenta tem sido internet e leitura.

Ferramenta mais utilizada tem sido a internet

e a leitura.

Internet.

P3

(matemática)

O último trabalhamos no laboratório da Gered com professores de cada área especificamente. Laboratório da Gered com professores de cada

área.

Laboratório.

P4

(sala de

informática)

Somente a distância é um pouco mais raro, mas já acontece muito, curso presencial e a

distância, ou seja, semipresenciais, isso está acontecendo porque eu acho que é legal, ao

mesmo tempo, que estão aprendendo a interagir a distância pela internet, estão ali presencial

para tirar suas dúvidas, já que têm dificuldades, acho que é importante os mais interessados

começam e concluem e mostram resultado e outros, demonstram menos interesse, já

começam sem vontade e acabam sem terminar o curso. Ele acha que ele não domina a

ferramenta, que ele não sabe mexer com o computador, então, ele acha que não vai conseguir

fazer, aí ele fica com receio, com medo e fica desestimulado, não participando, outro fator

importante é o tempo do professor, às vezes o professor está 40, 60 horas em sala de aula e

por mais que você esteja em casa com o computador, a pessoa está cansada, e não produz

mais, e acaba desistindo por causa disso também, isso é algo que influencia bastante, o tempo

o cansaço.

A distância é um pouco mais raro, mas já

acontece muito, curso presencial e a distância,

ou seja, semipresenciais.

O professor está 40, 60 horas em sala de aula,

e acaba desistindo, isso é algo que influencia,

o tempo e cansaço.

Computador

Internet.

P5 Os meios mais utilizados são apostilas, textos, para atingir individualmente ou até os estudos

dos grupos de estudos com exercícios ou atividades práticas como projetos (o qual não

apliquei), pois estava atarefado com as tarefas da direção da escola e não sobrava muito

tempo para os extras do curso, fazíamos muitas vezes o básico solicitado. Outro meio

utilizado é a internet para complementar os estudos com os professores, hoje temos que ter

acesso à rede.

Apostilas, textos, para atingir individualmente

ou até os estudos dos grupos de estudos.

Outro meio utilizado é a internet para

complementar os estudos com os professores,

hoje temos que ter acesso à rede, para

complementar os estudos com os professores.

Apostilas,

textos.

Internet.

P6 Vou falar dos mais recentes: Webconferência, vídeos, palestras e livros, nos quais procuro, na

biblioteca da escola, as novidades.

Webconferência, vídeos, palestras e livros. Internet.

Page 103: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

101

Questão 5 - Quais mudanças ocorreram na sua prática pedagógica a partir da formação continuada em EAD?

Sujeito Resposta Ideia central Categoria

P1 Eu já trabalhava com base nas teorias que embasaram o curso, mas passei

a utilizar estratégias e atividades sugeridas, as quais eram muito

interessantes. O curso foi muito bom, pois possibilitou que os

professores conhecessem, mesmo que superficialmente, as teorias que

embasam o processo ensino e aprendizagem de língua materna nos

anos/séries finais do Ensino Fundamental. Certamente, estes, após a

capacitação, passaram a priorizar em sua prática pedagógica o trabalho

com base no gênero textual (leitura, características de cada gênero

textual, produção de gêneros diversos, correção, reescritura e análise

linguística).

Conhecer as teorias que embasam o processo

ensino e da aprendizagem mesmo que

superficialmente de língua materna nos

anos/séries finais do Ensino Fundamental.

Utilizei estratégias e atividades sugeridas, as

quais eram muito interessantes.

Estratégias.

P2

(mestre -

geografia

A principal é que você dá uma reanimada, certo, você ouve pessoas diferentes,

práticas diferentes, se atualiza, isso dá uma reanimada, esse ânimo novo, elas te

fazem produzir coisas diferentes, essa produção diferente faz com agente

melhore, trazendo novas práticas, pesquisas ou novas possibilidades de ensino e

aprendizagem.

Adiles, na verdade, a prática diária não sofre muitas alterações repentinas a partir

das formações, as mudanças são um processo lento que acontece a partir do que

aprende nas formações e a partir do que as escolas têm a oferecer para que se

mude a prática diária. Apesar das formações serem indispensáveis, pois nos

reanimam e nos atualizam, na maioria das vezes, mudanças são raras, pois se

depende do conjunto de fatores que formam a escola como um todo. Mas sempre

se traz algo novo das formações, como novas técnicas, novas formas de trabalhar,

novas atividades e sugestões para tornar as aulas mais atrativas.

Novas técnicas, novas formas de trabalhar,

novas atividades e sugestões para tornar as

aulas mais atrativas.

Atualização.

Novas práticas com

aulas mais atrativas.

P3

(matemática)

Você volta com novas ideias, e essas ideias socializadas com o grupo fortalecem,

cada vez mais, o professor e a gente volta e tenta aplicar aquilo que deu certo, que

cada escola, muitas vezes, é uma realidade, e essa troca de experiência, faz com

que a gente tente se adequar a cada situação. O material que nos era fornecido era

de boa qualidade, isso também favoreceu, tínhamos suporte por quem estava nos

orientando, então o bom material e a troca de experiência a gente vinha para a

sala de aula e tentava aplicar aquilo que tinha dado certo, que estava funcionando,

sempre dentro das dificuldades que a gente tem, sempre dentro do processo, mas

a gente conseguiu trabalhar diferente depois de fazer esse curso, mas ao menos

dentro do possível, eu consegui ou estou tentando trabalhar diferente.

Quanto mais o aluno manuseava o material

referente ao conteúdo aplicado, maior era o

grau de aprendizagem, foi onde comecei a

trabalhar com recortes, maquetes, cartazes

confeccionados por eles, panfletos e

classificados.

Interesse e participação.

Page 104: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

102

Antes o quadro negro era o meu principal material, tentava explicar tudo em

forma de esquemas e desenhos, mas usando praticamente somente o quadro. A

partir da educação a distância, tive a oportunidade de poder interagir com outros

colegas e ver o que dava certo em suas escolas. A partir daí percebi que, quanto

mais o aluno manuseava o material referente ao conteúdo aplicado, maior era o

grau de aprendizagem, foi onde comecei a trabalhar com recortes, maquetes,

cartazes confeccionados por eles, panfletos e classificados (para trabalhar

matemática), pesquisas de preços. Com essas atitudes, pude perceber um maior

interesse e uma maior participação por parte da turma.

P4

(sala de

informática)

Eu trabalho aqui no laboratório de informática e o que eu percebo assim é que

eles vêm com ideias novas, sugerindo coisas novas, e eu acho isso muito

importante porque ele está vendo que pode trabalhar o mesmo que ele trabalha lá

em sala de aula, aqui, na informática, com as tecnologias de uma forma diferente,

que talvez o aluno esteja gostando mais, aprendendo mais e inclusive tentando

aquilo que ele trabalhou lá na sala de aula, e as ideias surgem a partir de quando o

professor passa a ter conhecimento, existe aquilo que ele tem que trabalhar de tal

forma ou com determinado modo, ele pode vir aqui com novas ideias, sugerindo

trabalhos, novas formas de trabalhar com os alunos, novas formas de pesquisa,

criar novos, enfim, são novas ideias, e eu acho que isso é o mais importante, o

professor precisa saber mexer com as ferramentas, mas ele não precisa ser um

gênio na informática, ele precisa conduzir o aluno, ser um mediador para o aluno,

fazer com que o aluno busque, aprenda com as tecnologias, seja inovador,

também, né. Eu acho que depende muito do aluno e do professor, escola, do

sistema como um todo, o aluno aprende se ele quer aprender, e a partir do

momento que ele quer aprender, ele passa a buscar as coisas, ele passa a buscar

além daquilo que o professor passa para ele, o professor também é muito

importante, porque ele vai estar aí para mostrar o caminho para o aluno, mostrar

como ele usa as ferramentas para aprendizagem dele e para sua autonomia para

aprender a trabalhar, fazer uma pesquisa sua, eu acho que passa de vários lados

aí, passa o lado da escola professor, família incentivando, mostrando que também

as tecnologias devem ser utilizadas, de forma correta utilizada para o estudo e não

só para diversão, alguns alunos pensam que computadores são exclusivamente

para diversão, a escola como sociedade como a família precisam mostrar para ele

que não pode ser assim. Não é apenas diversão a rede social, estamos aí para

mostrar que não é assim, que é muito mais abrangente e que ele pode aprender

muito, sendo um autodidata, porque agora têm informações para todas as idades,

e inclusive poder interagir com as pessoas.

Novas ideias surgem a partir de quando o

professor passa a ter conhecimento, vendo que

pode trabalhar o mesmo que ele trabalha lá em

sala de aula, aqui, na informática com as

tecnologias.

Novas metodologias.

Tecnologia.

Conhecimento.

Mediação.

P5 Todo curso de aperfeiçoamento é importante, pois leva a reflexão sobre a prática

utilizada em sala de aula. É notório que, cada vez mais, os adolescentes querem

Novas formas de apresentar os conteúdos;

recursos didáticos são reduzidos a ponto de

Professor é um

articulador, motivador e

Page 105: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

103

menos atividades em sala de aula, pois muitos valores foram se perdendo ao

longo dos tempos e porque poucas mudanças ocorreram em relação à prática ou

metodologia pedagógica dos professores. Ainda se utilizam metodologias

ultrapassadas, tradicionais onde o professor é o detentor do saber pronto e

acabado e o aluno é visto como um receptáculo vazio e passivo. A partir da

formação continuada em EAD, a partir da discussão da prática pedagógica , eu ,

que sempre tive a preocupação em explicar bem os conteúdos e já dar as

respostas prontas para o aluno, percebi que o aluno desta forma se acomoda em

receber tudo pronto. Diante disto, mudei a forma de atuar envolvendo mais os

alunos, fazendo com que pesquisem e encontrem, eles mesmos, as respostas ou as

soluções. Desta forma, percebo que os alunos se sentem mais valorizados e

comprometidos. Supera-se, assim, gradativamente, a relação de professor

detentor do saber e aluno receptáculo passivo. Assim o professor é um

articulador, motivador e facilitador em sala de aula. É, porém, um processo lento

pois envolve a escola como um todo.

ainda terem o quadro negro e o giz como

principal recurso da escola.

Supera-se, assim, gradativamente, a relação de

professor detentor do saber e aluno

receptáculo passivo.

facilitador.

P6 Sempre uma formação vem contribuir e acrescentar aos professores inovações em

suas práticas, basta que se queira ver diferente e querer mais de nossas aulas, de

nossos alunos.

A maior mudança que percebo é a influência da internet na sala de aula, a aula

está muito mais dinâmica e leve, o nosso aluno fica mais curioso, mas, do

professor exige ainda mais atenção aos trabalhos do aluno, por exemplo, onde o

que e como ele realizou seu estudo, ou a sua pesquisa.

Acrescentar aos professores inovações em

suas práticas.

influência da internet

dinâmica e leve.

Fonte: a autora.

Page 106: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

104

APÊNDICE D - Entrevista com a gestora da unidade escolar

1. Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em EAD,

oferecido aos professores?

O ganho maior é a possibilidade de o professor ter acesso à capacitação e atualização

profissional mesmo com dupla jornada de trabalho, pois a EAD permite a flexibilidade de

tempo e espaço e respeita as limitações do professor. Há, também, a possibilidade de uma

ação reflexiva da sua prática pedagógica, pois o processo de formação continuada em EAD

possibilita uma ação interativa que permite ao professor experimentar novas formas e elaborar

novos conceitos, isto é, um crescimento constante.

2. Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação continuada em EAD,

oferecido aos professores?

Mesmo com a autonomia em administrar seu próprio ritmo, ainda o fator tempo seja a

maior dificuldade. Há também a questão de avaliação, pois exige do professor uma

capacidade maior de organização, de entendimento, de elaboração e apresentação de conceitos

e propostas concretas que caracterizam ou não sua evolução.

3. Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD que têm sido oferecidos aos

professores?

Tenho feito pouca atualização, visto que estou há 12 anos em cargos de gestão, uma

vez que a escola nos exige mais a presença, a atenção da gestão em si.

Mas dos que fiz nos últimos anos, os que mais têm contribuído em minha prática são:

- Gestão escolar, organização da Educação Básica.

- Avaliação do Ensino Fundamental.

Estes dois é que foram uma boa contribuição na renovação de conceitos e novas

práticas, que são úteis no dia a dia de minha função de gestão, pois possibilitam mais

interação com o professor e o aluno, ambos em constante mudança, esta mudança provocada

pela globalização.

Page 107: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

105

4. Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos professores

nesta escola?

Encontros periódicos por área de conhecimento com professores de toda a região de

abrangência, o que fica produtivo, visto que a experiência trazida acrescenta na vida de cada

professor ações positivas futuras.

Capacitações com profissionais especializados, abordando temas de interesse comum.

Momento de estudo em grupo na escola com todos os professores interessados, não

temos uma participação maciça, mas há os que sempre buscam para uma melhora na sua

tarefa de ensinar a aprender, buscamos incentivar a todos, os que não conseguimos atrair para

esta tarefa são, em sua maioria, os que estão em fase de aposentadoria.

5. Quais mudanças ocorreram na prática dos professores a partir da formação continuada em

EAD?

Professores bem mais seguros em suas práticas pedagógicas, firmes e adequados e,

consequentemente, a melhoria do processo ensino e da aprendizagem, pois é a ação direta do

professor que vai determinar a qualidade do processo educativo, este que é o responsável

primeiro, não somente, pois este que precisa estar motivado, seguro e confiante de sua prática

para, assim, motivar o seu estudante a querer aprender, esta é a maior dificuldade que vejo,

pois nossos estudantes, não em sua maioria, mas em boa parte, tendem a fazer somente o

necessário.

Page 108: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

106

APÊNDICE E - Entrevista com a responsável pelo Nead da Gered de São Miguel do

Oeste

Questão 1 - Quais são os ganhos que você identifica no processo de formação continuada em

EAD, oferecido aos professores?

A vantagem é que eles não têm é que tirar aquele tempo para estar participando da

capacitação, nem tirar da hora de folga da hora atividade, ou à noite ou final de semana dele,

outro ganho que eu vejo é que o material elaborado é de qualidade, de todos os cursos que eu

participei em educação a distância, o material era de excelente qualidade, e se a gente desfruta

de tudo o que está elaborado, preparado em um maior tempo, é de uma amplitude esse

material, que é preparado durante a preparação do projeto do curso, ou no ambiente virtual ou

às vezes ainda, além do ambiente virtual, vem também material impresso, às vezes

digitalizado em mídias (CD), isso é um ganho, se ele quiser mesmo se aprofundar, ali tem

tudo e se tiver uma dúvida, volta atrás na etapa anterior, os cursos oferecidos são todos

preparados pelo MEC, eles tinham uma Secretaria de Educação a Distância que agora no

começo desse governo foi extinta e eles estão remodelando tudo em relação com a educação

básica, todos os cursos que o MEC oferece era esse grupo que preparava, tanto o curso quanto

todo o material: digitalizado, impresso e ainda é oferecido em ambiente virtual na plataforma

do MEC, o nome da plataforma é E-ProInfo, o curso e todo o material disponível, inclusive

chegou em julho o último curso em material impresso, e vem um para cada cursista e eles

remodelaram os já existentes, desde 1998, que eles já preparam esse curso, aqui, basicamente

todos os professores da rede estadual já fizeram este curso. (e me apresentaram os livros do

curso, explicando o objetivo de cada um). Destacar ..... Qualidade material impresso e tempo

para participar dos cursos a distância

Questão 2 - Quais são as dificuldades que você identifica no processo de formação

continuada em EAD, oferecido aos professores?

Uma das dificuldades é que não se descobriu até, hoje, porque é que é mais fácil fazer

atividade na última hora, ou vir aqui (NTE), fazer uma atividade a distância é uma dificuldade

que você não sabe por que, mesmo eles tendo computador em casa ou nas escolas, a gente não

sabe por que é que eles deixam de fazer atividades sozinhos, então, essa é a grande

dificuldade. Então, pelo que nós temos percebido na atividade nossa de aplicação de trabalho

Page 109: Adiles ana bof DISSERTAÇÃO

107

de nossos cursos semipresenciais não são totalmente, uma tem 100 horas, destas, 36h são

presenciais, outro, que tem 40h, dessas 26h são presenciais, a nossa dificuldade é: a gente tem

os mesmos professores que seriam aquelas pessoas que estão lá na escola, os que são

responsáveis pela sala de informática, eles são justamente o índice maior de dificuldade, a

distância, porque havia cobrança também, mas ainda alguns preferiam fazer, aqui, chegavam

aqui, sentiam o apoio e o medo de errar e ter alguém para socorrer

Outro problema na realização de tarefas, mesmo sozinhos ou individualmente, na

realização de tarefas individuais, no momento lá, entre eles, e daí aparece individual, aqui,

eles fazem, em quinze minutos, e a gente pensava que iam demorar meia hora ou mais para

pedir, para pesquisar as coisas, já pediu para pesquisarem vídeos e para utilização com um

aluno, pesquisaram e trouxeram oferta. Eles surpreenderem em material com sucesso cada um

era para ter um, e cada um trouxe de dois a mais, mesmo o professor tendo na escola, em casa,

ele tem, aqui o último curso que a gente deu, todos eles, diante da máquina, e os alunos, no

último curso, 100% tinham máquina (dos professores), ficam o dia inteiro dentro da máquina

e uma aula no mínimo por fazer e mesmo assim ou é cultural ou não foram acostumados

assim.

Gostaria de destacar que o índice maior de dificuldade a distância porque havia

cobrança também, mas ainda alguns preferiam fazer, aqui, sentiam o apoio e o medo de errar

e ter alguém para socorrer.

Questão 3 - Quais os temas dos cursos de formação continuada em EAD de que você

participou e/ou está participando?

A maioria do que esses manuais pedem é a ligação com internet, porque blog,

construção de blog, construção de página, consulta de página pronta de educação, então, a

internet é imprescindível, sem internet, é pouca coisa oferecida numa plataforma ou em um

aplicativo que vêm programas separados, então, a utilização da internet e construção de blog

pedagógico, quando ele cria tem que interagir, como ferramenta do Google, tem que interagir

em tempo real, tem no e-mail que a gente pode conversar, apresentar um texto colaborativo no

mesmo meio, têm lugares diferentes, também podem construir, tem uma ferramenta do

Google ali que convida, e agente ia fazendo e cada um ia dando sua ideia nos pedindo

opinião. Isso aí eu acho demais, eu acho muito bom, pega opinião de qualquer, pode ser de

um trecho, pode ser de uma música, pode ser de uma ideia que vai se desenvolvendo, a ideia

vai surgindo na hora e o nome de quem escreveu tem uma outra ferramenta que tu pode pôr e-

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mail e tu começa uma história que tem que ter continuidade daí tu explica para eles, tu não

pode mais repetir a ideia, como é a internet e como ela funciona, eu levanto o tema e falo a

parte inicial da internet, que é uma coisa pronta, que não podia mais repetir, tinha que

continuar, então, ele tinha que ler tudo e aquele texto tinha que continuar, então, não é a

atividade colaborativa, aqui, destaco a utilização da internet e construção de blog pedagógico,

quando ele cria, tem que interagir como ferramenta do Google.

Questão 4 - Quais meios e ferramentas têm sido utilizados para a formação continuada dos

professores nesta escola?

Por exemplo, eu descobri muita coisa, a internet é ampla e tem muito para oferecer, o

que mais me fascina até ágora é a internet esse mundo da vez aí é fascinante e também

intrigante até, é enriquecedor, porque o aluno pode praticar de uma forma alegre divertida, se

o professor souber do universo que tem lá também, tudo que ele quiser está lá esquematizado

ou em texto ou videozinho, tudo o que agente pesquisou ou procurou está no texto, se o

professor domina a internet, o restante da informática, ele vai fazendo a ligação, ele vai estar

crescendo. É pouco, mas, em tão pouco tempo, a gente vê o quanto evoluiu, o quanto obrigou

o professor a ir atrás, havia professores que se negavam a usar o computador na faculdade,

não existe isso, é uma ferramenta que amplifica, estamos condenados à civilização ou

desaparecemos, eu relacionei isso, estamos condenados agora à evolução tecnológica, ou

usamos de forma bem, não só o professor, todo mundo, nem a dona de casa vive mais sem

tecnologia, até o controle da televisão, trocar de canal, ativa o cérebro. Então os meios são a

internet, o material impresso que dá suporte, e é importante porque é educação a distância,

mas, eles ainda traziam o livrinho (material impresso), ainda é importante. Mudança, com a

minha professora, foi muito importante a interação, naquela época, foi muito importante, a

responsabilidade de estar mostrando a todos, o pensamento, tudo que postar lá tem que ter

alguma coisa, Lúcia Bassarela é o nome da professora, ela era da engenharia, e respondia às

questões de pedagogia, então, pronto, ela instigava, então, não importa, recebia daquela forma

diferente, quanto mais eu perguntava, ela mais me perguntava, isso foi uma interação. A

internet, esse mundo é ampla e tem muito para oferecer, da vez aí é fascinante, intrigante, é

enriquecedor, porque o aluno pode praticar de uma forma alegre divertida, se o professor

souber do universo que tem. É uma ferramenta que amplifica, estamos condenados à

civilização ou desaparecemos.

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ANEXO A - Ata deliberativa de funcionamento da EPI em 2008

ATA Nº 01/2007

Aos vinte e três (23) dias do mês de outubro do ano de dois mil e sete (2007), reuniram-se nas

dependências da EEB Dr. Guilherme José Missen a Direção e Professores da mesma escola

para tratar sobre EPI (Escola Pública Integrada). Inicialmente o diretor Clério Dresch expôs o

objetivo da reunião: avaliação do funcionamento da EPI em 2007 e previsão de condições

para a continuação em 2008. Após ampla discussão, o grupo manifestou-se a favor da

continuidade da EPI, porém, sugere que se mantenha o Programa somente com uma série até

que seja viabilizada estrutura física necessária para desenvolvimento do Programa da forma

adequada. Considerando que a 2ª (segunda) série atual, 2007, é a turma que melhor está

adaptada ao Programa, onde menos alunos transferiram-se durante os dois anos do Programa,

a equipe acha que esta deve ser a série a continuar na EPI em 2008. Também se discutiu a

possibilidade de redução do período de oito horas diárias de aula para seis horas, que é o

mínimo exigido no Projeto. Para isso, é necessária a adaptação à matriz Curricular de seis

horas diárias. Após análise e discussão pelo grupo, as disciplinas a serem extintas,

considerando o equilíbrio das áreas são: Turismo (01 aula), Musicalização (02 aulas),

Literatura Infanto-Juvenil (02 aulas), Cultura e Movimento (01 aula), Sociologia (02 aulas),

Iniciação à Pesquisa (02 aulas).Todos os presentes sugeriram que se faça uma solicitação aos

responsáveis da Gered e Secretaria Regional para que seja viabilizada a construção em 2009,

já que em 2008 não é possível, para que se retome o Projeto com as outras séries novamente.

Também ficou combinada a realização de uma reunião com todos os pais que têm filhos no

Programa para saber a opinião de todos eles. Não havendo mais nada a tratar, deu-se por

encerrada a reunião que segue assinada pelos presentes.