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MÓDULO VIII OS ALIMENTOS CONCENTRADOS – ENERGÉTICOS E PROTÉICOS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................................................................................ 1 SUMÁRIO............................................................................................................................. 2 CAPÍTULO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS................................................. 3 1.1. ALIMENTOS VOLUMOSOS................................................................................... 3 1.2. ALIMENTOS CONCENTRADOS........................................................................... 4 1.2.1. Concentrados Energéticos................................................................................... 4 1.2.2. Concentrados Protéicos........................................................................................5 CAPÍTULO 2 – CARACTERÍSTICAS E RESTRIÇÕES DOS ALIMENTOS USADOS NA NUTRIÇÃO DOS RUMINANTES..............................................................7 2.1. GRÃOS DE CEREAIS E SUBPRODUTOS............................................................ 7 2.1.1 – Milho grão - Zea mays........................................................................................7 2.1.2 – Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)........................................... 9 2.1.3 – Glúten de milho 21........................................................................................... 10 2.1.4 – Glúten de milho 60........................................................................................... 12 2.1.5 – Milho quirera.................................................................................................... 13 2.1.6 – Milheto Grão – Pennisetum typhoides............................................................ 13 2.1.6 – Sorgo Grão – Sorghum vulgare....................................................................... 14 2.1.7 – Arroz Farelo integral –Oriza sativa................................................................. 16 2.1.7 – Arroz Farelo desengordurado..........................................................................18 2.1.7 – Aveia semente com casca – Avena sativa......................................................... 19 2.1.7 – Trigo Farelo Triticum aestivum....................................................................19 2.2. GRÃOS DE OLEAGINOSAS E SUBPRODUTOS.............................................. 21 2.2.1 – Soja grão – Glicine max.................................................................................. 21 2.2.2 – Soja grão desativada – Glicine max................................................................ 22 2.2.3 – Farelo de soja................................................................................................... 23 2.2.3 – Casca de soja (Casquinha de soja peletizada) .............................................. 24 2.2.3 – Algodão sementes (Caroço de algodão) – Gossypium spp............................ 26 2.2.4 – Farelo de algodão – Gossypium spp................................................................28 2.2.5 – Farelo de girassol – Helianthus annun.......................................................... 31 2.2.5 – Farelo de gergelim – Sesamum indicum........................................................ 32 2.2.5 – Torta de babaçu – Orbignya martiniana........................................................ 33 2.3. SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA.............................................................33 2.3.1 – Polpa cítrica peletizada................................................................................... 33 2.3.2 – Polpa úmida de cervejaria (Cevada)............................................................. 35 2.3.2 – Farinha de carne e ossos................................................................................. 36 2.3.3 – Raspa ou Farelo de Mandioca (Manihot esculenta Crantz)......................... 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.............................................................................. 41

Agrocurso alimentos

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Apostila para o Agrocurso

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Page 1: Agrocurso alimentos

MÓDULO VIII

OS ALIMENTOS CONCENTRADOS – ENERGÉTICOS E PROTÉICOS

SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO................................................................................................................1SUMÁRIO.............................................................................................................................2CAPÍTULO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS.................................................3

1.1. ALIMENTOS VOLUMOSOS...................................................................................31.2. ALIMENTOS CONCENTRADOS...........................................................................4

1.2.1. Concentrados Energéticos...................................................................................41.2.2. Concentrados Protéicos........................................................................................5

CAPÍTULO 2 – CARACTERÍSTICAS E RESTRIÇÕES DOS ALIMENTOS USADOS NA NUTRIÇÃO DOS RUMINANTES..............................................................7

2.1. GRÃOS DE CEREAIS E SUBPRODUTOS............................................................72.1.1 – Milho grão - Zea mays........................................................................................72.1.2 – Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)...........................................92.1.3 – Glúten de milho 21...........................................................................................102.1.4 – Glúten de milho 60...........................................................................................122.1.5 – Milho quirera....................................................................................................132.1.6 – Milheto Grão – Pennisetum typhoides............................................................132.1.6 – Sorgo Grão – Sorghum vulgare.......................................................................142.1.7 – Arroz Farelo integral –Oriza sativa.................................................................162.1.7 – Arroz Farelo desengordurado..........................................................................182.1.7 – Aveia semente com casca – Avena sativa.........................................................192.1.7 – Trigo Farelo –Triticum aestivum....................................................................19

2.2. GRÃOS DE OLEAGINOSAS E SUBPRODUTOS..............................................212.2.1 – Soja grão – Glicine max..................................................................................212.2.2 – Soja grão desativada – Glicine max................................................................222.2.3 – Farelo de soja...................................................................................................232.2.3 – Casca de soja (Casquinha de soja peletizada)..............................................242.2.3 – Algodão sementes (Caroço de algodão) – Gossypium spp............................262.2.4 – Farelo de algodão – Gossypium spp................................................................282.2.5 – Farelo de girassol – Helianthus annun..........................................................312.2.5 – Farelo de gergelim – Sesamum indicum........................................................322.2.5 – Torta de babaçu – Orbignya martiniana........................................................33

2.3. SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA.............................................................332.3.1 – Polpa cítrica peletizada...................................................................................332.3.2 – Polpa úmida de cervejaria (Cevada).............................................................352.3.2 – Farinha de carne e ossos.................................................................................362.3.3 – Raspa ou Farelo de Mandioca (Manihot esculenta Crantz).........................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................................41

Page 2: Agrocurso alimentos

CAPÍTULO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS

1.1. ALIMENTOS VOLUMOSOS

São alimentos ricos em fibras, necessários para manter a atividade microbiana do

rúmen, apresentam mais de 50 % de FDN (Fibra em detergente neutro) ou 18 % de FB

( Fibra Bruta), geralmente são pobres em energia, quando comparados aos concentrados.

Neste grupo podemos incluir as pastagens, silagens, fenos e resíduos de agricultura e

indústrias. Na classificação internacional de alimentos recebem o número 1 (alimentos

secos), 2 (alimentos verdes) e 3 (silagens), como primeiro dígito do número de referencia.

Características nutricionais:

Apresentam um valor protéico muito variável, principalmente em função da idade da

planta (no caso das gramíneas tropicais). As leguminosas e gramíneas imaturas são mais

ricas em proteínas, enquanto que gramíneas maduras, as palhadas e a maioria dos

resíduos da agroindústria apresentam valores baixos deste nutriente;

Geralmente são baixos em energia, devido o alto teor de fibras e baixo em carboidratos

de reserva, quando comparado com os concentrados;

São ricos em Vitamina A, cálcio e micro minerais;

Geralmente são pobres em fósforo;

São importantes para manter o funcionamento do rúmen (ruminação). A população

microbiana do rúmen depende da fibra para sua sobrevivência;

Neste capítulo descreveremos a classificação dos alimentos utilizados naalimentação dos ruminantes, bem como as características nutricionais de cadaingrediente que irá compor uma dieta. Nele o aluno terá oportunidade de conhecer asclasses de cada grupo de alimentos, com suas características nutritivas gerais, comovalor nutritivo e limitações de uso.

Neste capítulo descreveremos a classificação dos alimentos utilizados naalimentação dos ruminantes, bem como as características nutricionais de cadaingrediente que irá compor uma dieta. Nele o aluno terá oportunidade de conhecer asclasses de cada grupo de alimentos, com suas características nutritivas gerais, comovalor nutritivo e limitações de uso.

Page 3: Agrocurso alimentos

A aceitabilidade pelos animais é variável, dependendo principalmente de sua

digestibilidade, alimentos mais digestíveis apresentam melhor consumo pelos animais,

enquanto que aqueles de baixo valor nutritivo e com baixa digestibilidade são menos

palatáveis;

Quanto maior o desempenho desejado, menor deverá ser a inclusão de volumosos na

dieta, devido a sua baixa concentração em nutrientes;

São necessários para dietas de vacas leiteiras, com objetivo de manter a produção de

acetato no rúmen e conseqüentemente o teor de gordura do leite;

1.2. ALIMENTOS CONCENTRADOS

São aqueles que apresentam menos de 50% de FDN ou 18 % de Fibra Bruta,

geralmente são ricos em energia (maior que 60 % de NDT). Na classificação internacional

de alimentos, recebem os números 4 (concentrado energético) e 5 (concentrado protéico),

como primeiro dígito de referência.

1.2.1. Concentrados Energéticos

Apresentam alta concentração de nutrientes, principalmente carboidratos de reserva e

gorduras. São alimentos ricos em energia por unidade de peso e com menos de 20 % de

proteína bruta. São representados pelos grãos de cereais e seus subprodutos, óleos e

gorduras de origem animal ou vegetal.

Características nutritivas

Apresentam baixo teor de fibras e são utilizados para compor as rações concentradas;

Geralmente apresentam boa aceitabilidade pelos animais;

O valor nutritivo é pouco variável dentro de um determinado alimento;

São ricos em fósforo e pobres em cálcio;

A qualidade da proteína é variável, mas geralmente baixa;

São pobres em proteína bruta, quanto comparados com os concentrados protéicos;

Page 4: Agrocurso alimentos

1.2.2. Concentrados Protéicos

Apresentam altos teores de proteína bruta (maior que 20%), representados

principalmente pelos grãos de oleaginosas e seus subprodutos, subprodutos da indústria

animal e fontes de nitrogênio não protéico (NNP). O termo Equivalente Protéico refere-se

ao teor de nitrogênio multiplicado pelo fator 6.25 (N x 6.25 = PB).

Características nutritivas

Apresentam baixo teor de fibras e são misturados os energéticos, para compor as rações

concentradas;

Geralmente apresentam boa aceitabilidade pelos animais;

O valor nutritivo é pouco variável dentro de um determinado alimento;

São ricos em fósforo e pobres em cálcio;

A qualidade da proteína é variável, geralmente de média a alta

São médios a altos em energia;

Qualidade da proteína

Refere-se à quantidade e proporção dos aminoácidos que compões a proteína;

Os ruminantes sintetizam a maior parte dos aminoácidos essenciais, através dos

microorganismos simbióticos do rúmen;

A exigência em alimentos protéicos de melhor qualidade deve ser observada

principalmente quando alimentamos animais de alta produtividade;

A proteína sintetizada pelos microorganismos do rúmen é considerada de alto valor

biológico, por ser rica em aminoácidos essenciais;

Para uso de nitrogênio não protéico é de fundamental importância o fornecimento de

carboidratos solúveis e fontes de minerais como fósforo, enxofre e zinco;

O uso de fontes de NNP, como a uréia, deve ser feito apenas para os animais ruminantes

e dentro de normas e cuidados específicos.

Page 5: Agrocurso alimentos

CAPÍTULO 2 – CARACTERÍSTICAS E RESTRIÇÕES DOS ALIMENTOS USADOS NA NUTRIÇÃO DOS RUMINANTES

Neste capítulo descreveremos as formas de uso, limitações e recomendaçõespráticas de cada alimento concentrado, utilizado na alimentação dos ruminantes. Neleo aluno poderá identificar os alimentos mais utilizados em cada região e conhecer acomposição química e nutricional de cada alimento, de acordo com tabelas Brasileirasde composição de alimentos.

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2.1. GRÃOS DE CEREAIS E SUBPRODUTOS

2.1.1 – Milho grão - Zea mays

É o principal alimento concentrado energético usado na alimentação dos animais. Não

apresenta restrição de uso e possui alta aceitabilidade pelos animais. Possui alta

disponibilidade no mercado e o preço é relativamente bom. Quando desejamos obter

maiores ganhos de peso em animais a pasto, a energia é o nutriente mais limitante e a

suplementação com milho garante o suprimento deste déficit. O Milho é rico em energia

(84% de NDT) e pobre em proteína (8.5% PB), triptofano, lisina, cálcio, riboflavina, niacina

e vitamina D, rico em pró-vitamina A (beta caroteno) e pigmentantes (xantofila). Pode

compor 100% do concentrado energético das rações concentradas. Na maioria dos casos,

recomendamos a moagem fina (quirera de milho) em peneira de 2 a 5 mm, sendo que em

dietas de alto grão, onde o concentrado representa mais de 60 % da dieta, pode-se aumentar

o tamanho da partícula. Na fabricação de misturas múltiplas, deve ser triturado fino, com

objetivo de melhorar a utilização pelos microorganismos do rúmen. O armazenamento

deverá ser feito com no máximo 14 % de umidade, para evitar o desenvolvimento de fungos.

A tabela 1 mostra a composição média do milho grão, de acordo com análises em

experimentos brasileiros.

Tabela 1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHO GRÃO.

Derivado(s) Selecionado(s)MILHO GRÃO; MILHO HÍBRIDO 4624 GRÃOS; MILHO HÍBRIDO AGROCERES 1051 GRÃOS; MILHO HÍBRIDO AGROCERES 5011 GRÃO; MILHO HÍBRIDO BRASKALB XL 380 GRÃO; MILHO HÍBRIDO CARGILL C 435 GRÃO; MILHO HÍBRIDO EMBRAPA 206 GRÃO; MILHO HÍBRIDO EMBRAPA HT-2X GRÃO; MILHO HÍBRIDO PIONEER 3071 GRÃO; MILHO HÍBRIDO ZENECA 8447 GRÃO; MILHO HÍBRIDO ZENECA 8501 GRÃO; MILHO FUBÁ; MILHO TRITURADO.

Nutriente Média n sMS 87.64 494 3.34MO 97.60 78 3.34PB 9.11 690 1.06NIDA/N 3.84 24 2.14NIDN/N 9.53 8 2.97EE 4.07 343 1.07MM 1.55 260 0.78FB 2.19 238 1.00

Page 7: Agrocurso alimentos

ENN 74.10 49 3.50CHO 84.90 176 1.80FDN 13.98 153 5.01FDA 4.08 153 2.05HEM 9.41 13 4.22CEL 3.55 41 1.63LIGNINA 1.16 51 0.60NDT 87.24 24 3.71DMS 90.78 14 2.14DEE 100 1 -DPB 69.23 6 3.51EB 4.31 102 0.34Ca 0.03 246 0.01P 0.25 283 0.09Mg 0.13 33 0.06K 0.35 24 0.14Na 0.03 27 0.01

Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.2 – Milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS)

É comumente conhecido como “Rolão de Milho”, espiga integral moída ou

simplesmente “Rolão”. Na espiga, 70% do peso é composto por grãos, 20 % por sabugo e

10 % de palha. O valor nutritivo do sabugo e da palha é muito baixo e o MDPS apresenta

aproximadamente 70 % do valor nutritivo do milho grão. O uso é conveniente apenas em

propriedades onde não temos disponibilidade de volumosos de boa qualidade e o custo é

menor que 70 % quando comparado com o milho grão. Para triturar a espiga inteira, requer

maior dificuldade no manejo, formação de poeira e maior gasto de energia. A tabela 2

mostra a composição média do MDPS, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHO DESINTEGRADO COM

PALHA E SABUGO (MDPS).

Nutriente Média n sMS 87.81 58 2.52MO 96.90 9 4.09PB 7.71 47 0.79PIDA/MS 2.40 1 -PIDN/MS 7.60 1 -EE 2.69 20 0.86MM 1.83 21 0.49FB 9.75 12 1.56ENN 72.88 6 4.84

Page 8: Agrocurso alimentos

CHO 87.74 12 1.47FDN 31.80 4 0.54FDA 14.37 12 2.49HEM 16.54 1 -CEL 12.83 2 0.18LIGNINA 3.25 8 1.44NDT 65.53 6 3.08DMS 74.46 2 1.57DEE 85.08 1 -DPB 57.89 3 15.87EB 4.19 9 0.42Ca 0.04 20 0.02P 0.21 33 0.08Mg 0.10 9 0.03K 0.34 9 0.12Na 0.01 6 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.3 – Glúten de milho 21

É o subproduto da indústria de amido de milho para nutrição humana, restando parte

do gérmen, fibras da casca do grão e proteínas. No mercado brasileiro ele aparece como

marca comercial de Refinazil (produzido pela empresa Refinações de Milho Brasil ) e Promil

(produzido pela Cargill), ambos apresentam o mesmo valor nutritivo, é classificado como

concentrado protéico, apresenta 21 % de PB e 73 % de NDT, a fibra é de alta digestibilidade

para ruminantes e possui boa disponibilidade no mercado. Possui sabor ligeiramente amargo,

mas os animais adaptam com facilidade ao consumo. É rico em carotenóides e pigmentantes,

recomendamos fornecer até em 20 % do concentrado, porém bovinos de corte alimentados

em confinamento consumindo até 5 kg por dia, apresentam bons ganhos de peso. Em

misturas múltiplas, o uso do glúten proporciona bom resultado, devido o alto valor protéico,

o que reduz o uso de fontes de NNP como a uréia. As tabela 3 e 4 mostram a composição

média do Glúten 21, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Page 9: Agrocurso alimentos

Tabela 3. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO 21

Nutriente Média n sMS 88.50 6 2.24PB 24.39 4 1.02NIDA/N 3.91 3 2.77NIDN/N 10.01 2 6.18PIDA/MS 0.70 1 -PIDN/MS 1.70 1 -EE 3.19 6 1.64MM 5.50 5 3.95FB 9.26 2 3.70CHO 66.22 3 0.84FDN 39.53 4 1.57FDA 10.01 6 2.47CEL 10.03 1 -LIGNINA 1.27 4 0.80NDT 73.45 3 1.92DMS 79.81 1 -DEE 100 1 -DPB 84.77 1 -EB 3.81 1 -Ca 0.04 2 0.01P 0.49 3 0.29Mg 0.04 1 -K 1.49 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Page 10: Agrocurso alimentos

Tabela 4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO REFINAZIL

Nutriente Média n sMS 87.40 1 -PB 23.45 2 3.46EE 1.40 2 0.56MM 7.36 2 0.91FB 9.45 2 0.78CHO 67.80 2 3.12Ca 0.17 1 -P 1.01 2 0.28Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.4 – Glúten de milho 60.

Também conhecido como glutenose ou glúten 60, constitui a parte protéica do grão do

milho, ou seja, é o glúten 21 sem a casca do grão (fibra). Este produto é pouco utilizado

para ruminantes, em função do seu alto custo e baixa disponibilidade no mercado. É mais

usado em rações para monogástricos como fonte de proteínas e pigmentantes. Apresenta

alta quantidade de proteínas não degradáveis no rúmen (PNDR). A tabela 5 mostra a

composição média do Glúten 60, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 5. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO GLÚTEN DE MILHO 60

Derivado(s) Selecionado(s)MILHO GLÚTEN; MILHO GLÚTEN FARINHANutriente Média n sMS 90.46 26 2.19MO 97.64 4 2.09PB 63.60 24 4.23NIDA/N 3.35 2 0.10NIDN/N 7.04 2 1.88EE 2.35 18 1.83MM 4.09 17 3.66FB 3.32 8 3.49ENN 22.39 3 2.17CHO 32.02 6 2.51FDN 5.72 6 1.81FDA 4.59 7 2.12CEL 5.49 2 3.39LIGNINA 1.31 3 0.69NDT 84.56 2 6.34

Page 11: Agrocurso alimentos

DMS 94.18 1 -DEE 82.58 1 -DPB 100.00 1 -EB 5.64 2 0.11Ca 0.06 8 0.03P 0.50 13 0.19Mg 0.13 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.5 – Milho quireraÉ o subproduto do beneficiamento do milho grão, logo após a retirada das impurezas,

na operação de pré-limpeza. Quanto maior a proporção de grãos de milho quebrado, maior

a proximidade do valor nutritivo do milho. O armazenamento deve ser no máximo de 90

dias devido à maior área de exposição. Em confinamentos e dietas de alto grão pode ser

utilizada sem triturar. Sempre que possível deve-se fazer análise do lote, quando o material

não for padronizado. A tabela 6 mostra a composição média da Quirera de milho, de acordo

com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 6. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA QUIRERA DE MILHO

Nutriente Média n sMS 89.76 7 2.84MO 98.40 1 -PB 9.19 8 0.67NIDA/N 4.20 1 -NIDN/N 10.20 1 -EE 4.74 4 0.88MM 1.68 5 0.39FB 3.79 4 0.06ENN 71.07 2 0.01CHO 84.58 2 1.48FDN 22.91 4 3.81FDA 4.97 6 1.75LIGNINA 0.37 1 -NDT 84.80 3 1.39Ca 0.07 1 -P 0.21 5 0.09Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.6 – Milheto Grão – Pennisetum typhoides

Page 12: Agrocurso alimentos

O milheto é uma gramínea muito utilizada em agricultura, como cultura de safrinha,

geralmente após a cultura da soja. O custo é cerca de 70 % do valor do milho e apresenta

boa disponibilidade no mercado. A produção é estacional e sua colheita ocorre nos meses de

maio e junho. É classificado como concentrado energético e substitui o milho nas

formulações de dietas. Para animais de baixo desempenho, pode ser utilizado como único

alimento energético, como acontece nas misturas múltiplas, porém quando desejamos

melhores índices produtivos, deverá substituir 25 a 50 % do milho. O milheto apresenta o

grão pequeno e duro, devendo ser triturado em peneira mais fina (2 mm). A tabela 7 mostra

a composição média do Milheto grão, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 7. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO MILHETO GRÃO

Pennisetum typhoides

Nutriente Média n sMS 88.47 10 0.91MO 94 1 -PB 13.55 12 1.72NIDN/N 24.38 1 -EE 5.13 8 0.94MM 2.51 8 1.47FB 2.76 8 1.13ENN 68.86 3 6.04CHO 78.56 4 3.92FDN 15.93 6 1.17FDA 7.73 9 3.10HEM 7.50 2 0.57CEL 4.35 3 0.62LIGNINA 1.96 3 0.43NDT 76.37 1 -EB 4.00 2 0.04Ca 0.05 7 0.02P 0.23 6 0.06Mg 0.09 2 0.01K 0.33 2 0.02Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.7 – Sorgo Grão – Sorghum vulgare

O sorgo possui composição semelhante ao milho, apresenta produção estacional e

geralmente é cultivado como cultura de safrinha, após o cultivo da soja. O custo é cerca de

70 a 80 % do valor do milho e praticamente não apresenta limitações de uso. Em dietas para

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gado de corte e leite, pode compor até 100% do concentrado energético. O grão é pequeno

e duro e deve ser triturado em peneira fina (2 mm). O Tanino, presente em algumas

variedades, em níveis de 2,0 a 2,5 %, é um composto fenólico ligado à proteína, que diminui

a digestibilidade e aceitabilidade. Estas variedades são as mais produtivas por área e também

as que apresentam grãos escuros, conhecidas como “sorgo resistente a pássaros”.

Atualmente as empresas produtoras e multiplicadoras de sementes, estão extinguindo estas

variedades do mercado. Apresenta maior valor protéico que o milho (9 a13 %) e menor

valor energético (80% NDT). É pobre em carotenóides e pigmentantes e possui um

desbalanceamento entre isoleucina e leucina que interfere na conversão do triptofano para

niacina, este balanceamento de aminoácidos é mais importante para nutrição de

monogástricos. A tabela 8 mostra a composição média do Sorgo grão, de acordo com

análises em experimentos brasileiros

Tabela 8. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO SORGO GRÃO

Derivado(s) Selecionado(s)SORGO FARELO; SORGO GRÃO; SORGO GRÃO INTEIRO; SORGO GRÃO MOÍDONutriente Média n sMS 87.90 67 1.72MO 98.43 16 0.43PB 9.54 76 1.43NIDN/N 25.55 4 2.47EE 3.03 44 0.73MM 1.80 32 0.93FB 2.53 31 1.15ENN 71.92 8 1.20CHO 85.30 17 1.57FDN 14.21 15 2.24FDA 6.30 18 1.82HEM 9.62 2 2.43CEL 3.55 5 0.46LIGNINA 1.21 8 0.68NDT 80.35 6 4.08DMS 70.32 19 4.24DEE 93.48 1 -DPB 35.96 5 3.63EB 4.13 2 0.30Ca 0.04 18 0.02P 0.28 26 0.09Mg 0.19 6 0.01K 0.40 3 0.17

Page 14: Agrocurso alimentos

Na 0.03 5 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.8 – Arroz Farelo integral – Oriza sativa

É o sub-produto do beneficiamento do arroz para nutrição humana. Neste processo,

retira-se a casca do grão e a película que envolve a semente (pericarpo), obtendo o farelo de

arroz, ele contem pequenas quantidades de fragmentos de cascas, grãos e boa quantidade de

gérmen. É um concentrado energético com alto teor de extrato etéreo (30%), o que torna

este alimento muito susceptível a rancificação, deve ser armazenado no máximo por 30 dias.

É pobre em Proteínas, cálcio e rico em energia e fósforo e vitaminas do complexo B. Em

suínos na terminação e outros monogástricos, pode provocar toucinho devido à presença de

ácidos graxos insaturados, já nos ruminantes isto não ocorre devido a hidrogenização destes

ácidos no rúmen, o que os transforma em saturados (entrada de um hidrogênio na dupla

ligação da cadeia carbônica). Deve-se observar sempre o teor de gordura (EE) da dieta

total, que não deve ultrapassar a 6 %, o que pode provocar queda na digestibilidade da fibra,

principalmente a celulose e até diarréia nos animais. Recomenda-se utilizar até 20 % do

concentrado ou fixar em no máximo 1 kg por animal adulto ao dia. A tabela 9 mostra a

composição média do Arroz Farelo integral, de acordo com análises em experimentos

brasileiros

Page 15: Agrocurso alimentos

Tabela 9. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO ARROZ FARELO INTEGRAL

Oryza sativaDerivado(s) selecionado(s)ARROZ FARELO; ARROZ FARELO INTEGRALNutriente Média n sMS 88.71 66 2.42MO 89.62 14 2.24PB 13.95 80 2.32NIDA/N 10.22 3 4.80NIDN/N 19.51 1 -EE 16.14 67 4.10MM 8.48 46 2.52FB 9.25 43 2.08ENN 42.73 9 3.29CHO 60.81 33 3.99FDN 24.11 10 2.45FDA 14.06 16 4.30HEM 11.34 1 -CEL 10.11 5 3.52LIGNINA 5.22 10 1.98NDT 83.64 3 4.21DMS 77.98 2 3.61DEE 100 1 -DPB 58.08 2 6.26EB 4.80 16 0.43Ca 0.12 30 0.07P 1.65 29 0.42Mg 0.90 3 0.07K 1.32 2 0.46Na 0.05 2 0.01S 0.18 1 -Cu 16.09 3 4.40Fe 82.61 4 11.91Mn 241.03 3 39.97Zn 71.01 2 1.58Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Page 16: Agrocurso alimentos

2.1.9 – Arroz Farelo desengordurado

É o farelo de arroz que foi prensado para retirada do óleo, possui maior teor de

Proteína Bruta e menor em energia, devido à retirada da gordura, é mais resistente à

rancificação e pode ser armazenado por até 3 meses. Em análises, deve-se observar possíveis

presenças de cascas nestes farelos, o que deprecia seu valor devido à redução da energia.

Menos que 14% de fibras. A tabela 10 mostra a composição média do Farelo de arroz

desengordurado, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 10. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO ARROZ FARELO

DESENGORDURADO

Nutriente Média n sMS 89.40 13 1.45MO 87.49 5 1.39PB 17.53 19 1.97NIDA/N 6.2 1 -EE 2.23 13 0.84MM 10.26 6 1.83FB 10.80 15 2.16ENN 60.81 1 -CHO 69.70 5 1.58FDN 25.48 2 1.66FDA 14.27 4 1.39LIGNINA 4.31 1 -EB 4.20 5 0.39Ca 0.10 9 0.07P 1.68 10 0.34Mg 1.18 1 -K 1.89 1 -Na 0.08 1 -S 0.20 1 -Cu 9.11 1 -Fe 203.46 1 -Mn 452.66 1 -Zn 114.07 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.10 – Aveia semente com casca – Avena sativa

É um concentrado energético que apresenta alto teor de fibras (devido à presença de

casca), porém de alta digestibilidade, apresenta boa aceitabilidade e é encontrada desde o sul

Page 17: Agrocurso alimentos

até o sudeste e centro oeste do Brasil, cultivada como cultura de inverno. Não existe

diferença nutricional entre as variedades de aveia em grãos (preta ou amarela), como é

crença entre criadores de cavalos. Deve apresentar uma densidade de 50%, ou seja, em cada

100 litros de aveia, deve-se ter 50 kg do grão. A tabela 11 mostra a composição média da

Aveia semente com casca, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 11. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA AVEIA SEMENTE COM CASCA

Gossypium hirsutumDerivado(s) Selecionado(s)ALGODÃO CAROÇO; ALGODÃO CAROÇO MOÍDO; ALGODÃO CAROÇO QUEBRADO; ALGODÃO CAROÇO TOSTADO; ALGODÃO CAROÇO TRITURADONutriente Média n sMS 89.68 20 3.42MO 95.29 14 4.73PB 14.21 36 1.75EE 5.05 17 1.34MM 2.37 9 0.80FB 7.56 10 4.35ENN 67.95 4 1.31CHO 78.09 4 1.27FDN 27.69 7 3.18FDA 23.53 11 3.43HEM 18.67 1 -CEL 5.30 1 -LIGNINA 4.38 16 0.92NDT 75.23 4 3.70EB 4.77 1 -Ca 0.13 4 0.05P 0.34 4 0.05Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.1.11 – Trigo Farelo – Triticum aestivum

Subproduto da fabricação da farinha de trigo para alimentação humana, o farelo de

trigo contém as camadas mais externas do grão (tegumento, aleurona, gérmen e parte de

amido). É classificado como concentrado energético por apresentar 14 a 15 % PB, porém é

baixo em energia devido a grande quantidade de fibras. Apresenta alta aceitabilidade pelos

animais e muito utilizado em rações para bezerros, novilhas, touros e animais com menor

exigência energética. O uso é limitado em animais confinados, quando desejamos alto

desempenho (tanto corte quanto leite), devido ao baixo valor energético. É rico em fósforo

Page 18: Agrocurso alimentos

(1 a 1.3%). É comum o uso como concentrado único para eqüinos, o que pode provocar o

aparecimento de “cara inchada”, pela deficiência de cálcio e antagonismo com o fósforo. A

disponibilidade no mercado é boa e o preço é relativamente bom, em regiões próximas aos

moinhos. A tabela 12 mostra a composição média do Trigo Farelo, de acordo com análises

em experimentos brasileiros.

Tabela 12. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO TRIGO FARELO

Triticum aestivumDerivado(s) Selecionado(s)TRIGO FARELINHO; TRIGO FARELONutriente Média n sMS 88.01 120 1.96MO 92.69 22 3.90PB 16.63 160 1.58NIDA/N 3.80 7 0.96NIDN/N 18.74 4 2.12EE 3.53 90 1.24MM 5.58 65 1.33FB 9.52 66 2.30ENN 54.26 9 2.19CHO 73.68 48 2.21FDN 44.30 29 2.64FDA 13.52 48 4.37HEM 33.18 1 -CEL 9.69 7 1.28LIGNINA 4.00 18 1.81NDT 72.43 10 2.78DMS 72.96 3 3.11DEE 100 1 -DPB 59.13 1 -EB 4.33 26 0.25Ca 0.22 32 0.07P 1.00 70 0.29Mg 0.49 8 0.04K 1.17 7 0.20Na 0.01 3 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2. GRÃOS DE OLEAGINOSAS E SUBPRODUTOS

Page 19: Agrocurso alimentos

2.2.1 – Soja grão – Glicine maxÉ o grão de oleaginosa mais cultivada no Brasil, com objetivo de produzir óleo para

alimentação humana. A semente da soja (grão) é rica em óleo (18%EE), com NDT de 90%,

proteínas (38%PB), média em fósforo e pobre em cálcio, vitamina D e caroteno. Tem ação

ligeiramente laxativa. Na forma crua, recomenda-se não ultrapassar 2 kg por animal adulto

ao dia, que pode ser oferecida inteira ou triturada. Após ser triturada, a soja rancifica

facilmente, devendo ser armazenada no máximo por 3 dias. É comum nas regiões

produtoras, o uso de soja com baixo padrão para a indústria, conhecida como “soja ardida”

este produto apresenta baixo custo, mas deve ser seco e livre de fungos (mofo). Apresenta

substancias tóxicas, inibidores da tripsina (sojina) que provoca hipertrofia pancreática e

crescimento retardado, por impedir a digestão de proteínas. As Fitoemaglutininas prejudicam

a absorção de todos os nutrientes, principalmente da glicose. Estes fatores são inativados

com o calor e a fermentação rumenal, portanto seu uso é limitado apenas para ruminantes

jovens e monogástricos. A presença de uréase (enzima que degrada a uréia em amônia), em

níveis maiores que 0.30 % é o principal indicativo da atividade de fatores ante nutricionais.

A mistura de uréia em rações contendo soja grão triturada, leva à perda do nitrogênio por

volatilização. A tabela 13 mostra a composição média da Soja Grão, de acordo com análises

em experimentos brasileiros.

Tabela 13. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA SOJA GRÃO

Glycine Max (L.) Merr.Derivado(s) Selecionado(s)

Page 20: Agrocurso alimentos

SOJA EXTRUSADA; SOJA GRÃO INTEGRAL; SOJA GRÃO CRUA MOÍDA; SOJA GRÃO TOSTADA MOÍDA; SOJA INTEGRAL AUTOCLAVADA; SOJA INTEGRAL MICRONIZADA; SOJA INTEGRAL TOSTADA; SOJA TOSTADANutriente Média n sMS 91.18 61 2.34MO 94.17 10 3.03PB 39.01 68 3.72NIDA/N 6.60 4 0.11NIDN/N 17.27 2 3.25EE 19.89 47 3.81MM 5.01 40 0.95FB 6.36 34 4.32ENN 25.07 8 2.63CHO 35.27 23 4.40FDN 17.52 9 4.35FDA 13.18 8 4.02HEM 9.26 3 4.59CEL 3.93 2 2.76LIGNINA 2.69 7 1.44NDT 84.50 2 0.71DMS 77.55 2 12.66DPB 65 2 6.65EB 6.94 11 5.96Ca 0.27 12 0.05P 0.53 29 0.11Mg 0.20 3 0.08K 1.90 4 0.36Na 0.02 3 0.01Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2.2 – Soja grão desativada – Glicine Max

O grão de soja pode ser tratado com temperatura e pressão (extrusão) ou apenas por

temperatura (tostada), com objetivo de desativar os princípios tóxicos, melhorar a

conservação e aumentar a digestibilidade dos nutrientes, isto possibilita o uso para

monogástricos e ruminantes de alta exigência energética, como em vacas leiteiras de alta

produção. Estes processos elevam o custo da soja e impossibilita o uso rotineiro deste

alimento, por este motivo ela é utilizada de preferência em rações para bovinos de elite,

bezerros em desmama precoce e alto desempenho em ganho de peso e produção de leite.

Este tratamento não extrai o óleo da soja, portanto deve-se limitar o EE da dieta total em no

máxi 6 %.

Page 21: Agrocurso alimentos

2.2.3 – Farelo de soja

É o subproduto da extração do óleo de soja para alimentação humana. O Farelo de soja

é considerado o principal concentrado protéico para alimentação animal. É rico em Proteínas

(44 a 46 %) de boa qualidade, principalmente pelos níveis de Lisina e Metionina, alto em

tiamina, colina e niacina, médio em vitaminas E e K, pobre em caroteno. Após a retirada do

óleo, por prensagem e uso de solventes químicos, os princípios tóxicos são desativado

(uréase menor que 0.30%), a PB aumenta e a energia diminui, apesar de ainda ser

considerada alta (80% de NDT). Não apresenta limitação de uso para qualquer espécie

animal e pode ser armazenado por 3 meses. A tabela 14 mostra a composição média do

Farelo de Soja, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 14. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE SOJA

Glycine max (L.) Merr.Derivado(s) selecionado(s)SOJA FARELO; SOJA FARELO 110ºC MIN; SOJA FARELO 130ºC MIN; SOJA FARELO 90ºC/20 MIN % AÇREDUTOR; SOJA FARELO 90ºC/30 MIN %AÇREDUTOR; SOJA FARELO 90ºC/10 MIN %AÇREDUTORNutriente Média n sMS 88.61 487 1.65

Page 22: Agrocurso alimentos

MO 92.58 81 2.97PB 48.78 545 2.91NIDA/N 2.75 18 1.11NIDN/N 4.88 11 3.09EE 1.71 307 0.76MM 6.32 254 1.37FB 6.29 243 1.59ENN 31.35 70 4.22CHO 43.99 174 3.46FDN 14.62 151 2.51FDA 9.86 143 3.36HEM 6.13 19 4.11CEL 8.35 22 3.62LIGNINA 1.33 32 0.65NDT 81.54 18 2.29DMS 89.19 3 2.69DEE 100 1 -DPB 95.97 4 3.39EB 4.56 90 0.30Ca 0.34 329 0.10P 0.58 297 0.14Mg 0.27 31 0.06K 1.98 29 0.40Na 0.06 22 0.03Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2.4 – Casca de soja (Casquinha de soja peletizada)

É um subproduto da indústria de óleo de soja, na obtenção do farelo a casca do grão é

retirada e peletizada para facilitar o armazenamento e transporte. As indústrias de ração e

produtores utilizam a casquinha como concentrado energético, em substituição ao milho,

por apresentar valor protéico baixo (10% de PB) e energia média (70% de NDT), mas este

alimento é classificado como volumoso, devido o alto teor de fibras (40% FB) de alta

digestibilidade. É muito utilizada em dietas com altos níveis de concentrados, onde melhora

o funcionamento do rúmen. Tanto em gado de corte, quanto leite a casca de soja pode ser

utilizada em quantidades de 2 a 4 kg por animal ao dia, observando o suprimento da energia

da dieta. A tabela 15 mostra a composição média da Casca de Soja, de acordo com análises

em experimentos brasileiros.

Tabela 15. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA CASCA DE SOJA

Page 23: Agrocurso alimentos

Glycine Max (L.) Merr.Nutriente Média n sMS 89.80 46 1.64MO 94.48 9 1.37PB 11.65 50 2.21NIDA/N 7.34 1 -NIDN/N 34.29 2 4.61EE 1.60 39 0.69MM 4.34 36 2.18FB 41.68 29 2.69ENN 43.27 4 0.81CHO 84.11 26 2.05FDN 68.40 18 4.81FDA 50.52 16 3.61HEM 19.54 4 3.88CEL 51.42 2 0.25LIGNINA 3.43 7 1.45NDT 68.77 6 2.32DMS 68.65 2 4.61DEE 75.94 2 18.26DPB 41.97 2 26.71EB 4.07 3 0.05Ca 0.59 6 0.22P 0.21 6 0.09Mg 0.23 2 0.02K 1.51 1 -Na 0.01 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2.5 – Algodão sementes (Caroço de algodão) – Gossypium spp

É um dos alimentos mais usados na alimentação de bovinos de corte e leite, principalmente

nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. A forte

concorrência do óleo de algodão com o de soja, reduz o custo deste produto e viabiliza o

uso da semente do algodão integral na alimentação destes animais. O custo nas regiões

produtores é muito baixo (menor que do milho), o que permite formular dietas com alto

valor energético e custo baixo. Em confinamento de gado de corte, pode-se utilizar até 3 kg

Page 24: Agrocurso alimentos

por boi ao dia, na forma inteira (sem triturar). Nas dietas com altas quantidades de

concentrados, o caroço desempenha um importante papel na manutenção da atividade

microbiana do rúmen. Para vacas leiteiras recomenda-se 2 kg por vaca ao dia, substituindo

as rações comerciais (verificar o balanceamento e suprimento de minerais da dieta). A

semente, as folhas e o farelo de algodão contem gossipol, pigmento amarelo tóxico,

principalmente para monogástricos. A fermentação no rúmen desativa a toxidez do gossipol,

permitindo o uso para ruminantes, deve-se limitar o uso para bezerros e em animais adultos

manter o nível máximo de EE em 6%. O uso para touros também é limitado pois a ingestão

de quantidades maiores pode afetar a produção de espermatozóides. A tabela 16 mostra a

composição média do Caroço de Algodão, de acordo com análises em experimentos

brasileiros.

Tabela 16. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO CAROÇO DE ALGODÃO

Gossypium hirsutumDerivado(s) Selecionado(s)ALGODÃO CAROÇO; ALGODÃO CAROÇO MOÍDO; ALGODÃO CAROÇO QUEBRADO; ALGODÃO CAROÇO TOSTADO; ALGODÃO CAROÇO TRITURADONutriente Média n sMS 90.64 30 2.22MO 90.32 6 0.45PB 22.62 30 1.83NIDA/N 4.11 2 0.67NIDN/N 6.64 2 0.06PIDA/MS 1.59 1 -PIDN/MS 1.93 1 -EE 18.90 27 4.63MM 4.66 13 1.50FB 24.39 7 2.23

Page 25: Agrocurso alimentos

ENN 41.78 3 13.46CHO 35.85 8 3.46FDN 46.04 22 4.63FDA 35.85 11 2.96HEM 13.45 2 3.80CEL 19.27 2 1.79LIGNINA 7.58 5 1.61NDT 81.92 6 4.69DMS 72.32 1 -DEE 100 1 -DPB 68.71 1 -EB 5.57 4 0.37Ca 0.33 8 0.21P 0.75 8 0.27Mg 0.75 1 -K 0.65 1 -Na 0.08 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2.6 – Farelo de algodão – Gossypium spp

É o subproduto da produção de óleo de algodão, após ser esmagado, podendo ser

tratado com solventes. Quando o óleo é retirado apenas por esmagamento e prensagem, o

subproduto recebe o nome de “torta de algodão” e quando recebe o tratamento adicionam

com solventes é identificado como “farelo de algodão”, a diferença é que na torta,

permanece maior quantidade de óleo, o que melhora seu valor energético, apesar de que este

é severamente afetado pela presença de casca (fibra de baixa qualidade). Quanto menor o

teor de casca no farelo, melhor será sua qualidade. No mercado Brasileiro, os produtos mais

freqüentes são os Farelos de Algodão 28 % PB e o 38 % PB. O Farelo de Algodão 46 % PB

é pouco utilizado por ter o preço muito próximo ao farelo de soja, que é de melhor

Page 26: Agrocurso alimentos

qualidade. Estes farelos contêm gossipol e sofrem as mesmas limitações indicadas no caroço

de algodão. Para gado de corte em confinamento, pode compor todo concentrado protéico

da dieta. Em vacas leiteiras deve-se limitar o uso em 20 % do concentrado ou 1,5 kg de

farelo por vaca ao dia. As tabelas 17, 18 e 19 mostram a composição média do Farelo de

Algodão, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 17. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO (28%PB)

Nutriente Média n sMS 89.67 42 2.27MO 94.85 9 1.16PB 32.16 43 1.63NIDA/N 5.84 2 0.08PIDA/MS 1.86 1 -PIDN/MS 2.52 1 -EE 1.94 18 1.28MM 5.22 17 0.97FB 20.16 14 5.18ENN 35.07 6 2.26CHO 57.18 2 1.78FDN 36.70 4 2.89FDA 31.24 11 6.48HEM 24.87 1 -CEL 22.7 2 0.42LIGNINA 5.54 2 3.15NDT 69.77 4 2.35

Page 27: Agrocurso alimentos

DMS 68.16 1 -DPB 88.80 3 1.84EB 4.34 7 0.35Ca 0.26 9 0.14P 0.84 9 0.13Mg 0.46 2 0.08K 1.22 1 -Na 0.04 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Tabela 18. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO (38%PB)

Nutriente Média n sMS 89.95 22 3.34MO 91.87 66 5.57PB 40.90 25 1.65NIDA/N 2.95 2 0.24NIDN/N 5.26 1 -EE 1.87 18 1.69MM 6.82 16 2.79FB 15.62 13 3.38CHO 52.05 4 2.16FDN 34.92 7 2.72FDA 24.19 9 2.42LIGNINA 2.81 2 2.47NDT 68.31 4 1.22DIVMS 69.87 1 -EB 4.59 4 0.06Ca 0.24 11 0.06P 1.00 9 0.08Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Page 28: Agrocurso alimentos

Tabela 19. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE ALGODÃO (48%PB)

Nutriente Média n sMS 89.70 7 0.83MO 93.79 3 0.99PB 46.60 7 1.47EE 1.50 4 0.81MM 6.36 4 0.86FB 14.43 1 -FDN 30.46 5 5.34FDA 21.14 2 0.67EB 4.51 1 -Ca 0.22 1 -P 1.21 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2.7 – Farelo de girassol – Helianthus annun

É o subproduto da indústria de óleo de girassol para alimentação humana e atualmente

para produção de biodiesel. A cultura do girassol tem expandido nas regiões sudeste e

centro oeste, como “safrinha”. O farelo apresenta alta quantidade de fibras, porém de boa

qualidade. O valor de energia é menor que do farelo de soja (70% de NDT), a proteína é de

média qualidade (lisina baixa) e de boa digestibilidade (90%). No início do período seco,

quando ocorre a colheita do girassol, apresenta bom preço, competindo com o farelo de

algodão ou até menor nas regiões produtoras. Apresenta na forma farelada e peletizada, esta

favorece o armazenamento (menor volume) e facilita o uso em ditas completas, onde

volumoso e concentrado são oferecidos em conjunto. Para gado de corte pode ser usado

como único concentrado protéico e em vacas leiteiras 20% do concentrado ou até 2 kg por

vaca ao dia. A tabela 20 mostra a composição média do Farelo de Girassol, de acordo com

análises em experimentos brasileiros.

Tabela 20. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE GIRASSOL

Helianthus annumDerivado(s) Selecionado(s) GIRASSOL FARELO; GIRASSOL FARELO DE TORTA; GIRASSOL FARELO NÃO DECORTICADOFonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

Nutriente Média n sMS 91.85 11 0.95

Page 29: Agrocurso alimentos

PB 35.33 14 7.67EE 2.06 12 0.88MM 6.18 10 1.20FB 20.39 8 6.39ENN 29.16 8 4.78CHO 49.45 4 11.43FDN 42.36 4 3.40FDA 34.90 6 4.20NDT 63.97 3 3.52EB 4.23 1 -Ca 0.73 10 0.35P 0.92 10 0.22Mg 0.72 2 0.08K 1.14 1 -

2.2.8 – Farelo de gergelim – Sesamum indicumO gergelim é muito cultivado na Índia (maior produtor mundial), devido a boa

qualidade de seu óleo para nutrição humana, por ser rico em ácidos graxos insaturados

(81% contra 12% de saturados), possui um antioxidante natural (Sesamol) que evita a

rancificação da gordura, boa fonte de metionina, mas pobre em lisina (bloqueada). O farelo,

obtido após a extração do óleo é rico em Proteínas de média qualidade e médio em energia.

O preço deve ser menor que do farelo de soja, não tem limitações para gado de corte e para

vacas leiteiras deve-se observar o suprimento da energia. A tabela 21 mostra a composição

média do Farelo de Gergelim, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 21. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DO FARELO DE GERGELIM Sesamun indicum L.

Nutriente Média n sPB 30.57 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.2.9 – Torta de babaçu – Orbignya martiniana

O óleo da castanha do babaçu é muito utilizado para fabricação de cosméticos, no

Brasil e grande parte exportada para Europa. O farelo de babaçu é o subproduto da extração

Page 30: Agrocurso alimentos

do óleo, contem grande quantidade de fibras e na maioria dos casos se caracteriza como

alimento volumoso, o valor de energia fica baixo e a proteína é média. Rancifica-se

facilmente e dever ser estocado no máximo por 30 dias. Deve ser utilizado apenas para

ruminante e sempre que possível, fazer análise do lote para verificar o grau de inclusão de

casca, o que reduz seu valor nutritivo. A tabela 22 mostra a composição média da Torta de

babaçu, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 22. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA TORTA DE BABAÇU

Nutriente Média n sMS 91.44 1 -MO 91.96 1 -PB 17.51 1 -MM 5.82 1 -FDN 70.87 1 -FDA 40.99 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.3. SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA

2.3.1 – Polpa cítrica peletizada

Subproduto da indústria de suco de laranja contem além da polpa, casca e sementes. O

Brasil é um dos maiores produtores mundiais de laranja, apresenta alta disponibilidade no

mercado, uma vez que a safra inicia em maio e termina somente em janeiro, coincidindo com

a entressafra de grãos como milho e sorgo. O preço deve ser menor que do milho, pois o

nível de energia é inferior. A polpa cítrica é pobre em proteína (6.5% de PB) e fósforo,

média em energia (70 % de NDT) e muito alta em cálcio (1.2 %), devido a adição de óxido

de cálcio (CaO) durante o processo de peletização. Na formulação de dietas deve-se tomar

cuidado com relação ao balanceamento entre cálcio e fósforo. Para vacas leiteiras a polpa

tem um importante papel no fornecimento de pectina, este carboidrato quando fermentado

no rúmen, produz ácido acético que é o principal precursor da gordura do leite. Em vacas de

Page 31: Agrocurso alimentos

alta produção, que recebem grandes quantidades de concentrados, evita a queda do teor de

gordura do leite, além de exercer um efeito tampão no rúmen, evitando problemas de

acidose. A forma peletizada, mantém a efetividade da fibra, por estimular a mastigação e

ruminação.

Limitações de uso: O maior problema do uso da polpa é o seu armazenamento, pelo fato de

ser muito higroscópia, absorve água e eleva seu peso em até 145 %, isto favorece o

desenvolvimento de fungos produtores de micotoxinas. É comum animais, o aparecimento

de animais com sintomas de pruridos na pele, síndrome hemorrágica e até morte, quando

alimentados com produtos mal armazenados. O fungo penicillium citrinum é o principal

formador desta micotoxina, outras micotoxinas que podem aparecer são os tricotecenos e

aflatoxina Bl.

O nível de inclusão mais freqüente é de 2,0 a 2,5 kg de polpa por animal ao dia, tanto

em gado de corte quanto de leite. A tabela 23 mostra a composição média da Polpa cítrica

peletizada, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

Tabela 23. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA POLPA CÍTRICA PELETIZADA

Derivado(s) Selecionado(s)CITRUS POLPA; CITRUS POLPA PELETIZADANutriente Média n sMS 87.95 41 3.45MO 92.41 15 4.75PB 7.15 42 1.22NIDA/N 12.52 3 0.73NIDN/N 43.27 2 2.72EE 3.28 23 1.82MM 6.14 26 1.38FB 12.63 11 3.74ENN 68.88 4 3.96CHO 84.01 14 1.47FDN 24.31 29 2.08FDA 23.01 27 4.21HEM 4.34 6 1.69CEL 19.95 5 2.43LIGNINA 1.89 9 1.06NDT 65.17 4 2.42EB 4.09 4 0.39Ca 1.84 18 0.44P 0.16 18 0.08PECTINA 25.00 1 -

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Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.3.2 – Polpa úmida de cervejaria (Cevada)

É o subproduto da indústria fabricante de cerveja, obtidos pela germinação dos grãos

de cevada umedecidos, transformando o amido em dextrina e açucares redutores, em

seguida a cevada é misturada com milho, arroz ou aveia e cozida. Após o cozimento, a parte

sólida é considerada como resíduo úmido de cervejaria (RUC). A produção Brasileira é

muito alta, cerca de 350 kg de RUC para cada 1000 litros de cerveja produzida.

A cevada é considerada um alimento concentrado protéico, pois apresenta mais de 20%

de PB e menos de 18% de FB. A composição depende do tipo de fabricação utilizado pela

indústria, de acordo com a inclusão de grãos de cereais para fermentação, como milho (5%),

trigo (6 a 7 %), aveia e arroz. As proteínas do RUC são de alto peso molecular, composto

principalmente por glutelinas e prolaminas, o que leva a uma baixa degradabilidade no

rúmen, cerca de 45 % da proteína do RUC é não degradável no rúmen (PNDR), sendo

digerida e absorvida no intestino. É rica em energia (70 a 74%) e vitaminas do complexo B,

apresenta uma grande variação nos teores de cálcio (0,29 a 0,79%) provavelmente pela

qualidade da água usada e cobre (23 mg/kg), por contaminação da cevada no vasilhame em

que é armazenada.

O RUC é um alimento de boa aceitabilidade, e bom valor nutricional, porém o alto teor

de água (85 a 90%) pode levar a redução no consumo de matéria seca total, principalmente

quando sua proporção ultrapassar a 50 % da matéria seca total da dieta. Tanto para gado de

corte, quanto de leite, recomenda-se fornecer até 15 kg de cevada por animal adulto ao dia.

A tabela 24 mostra a composição média da Polpa úmida de cervejaria, de acordo com

análises em experimentos brasileiros.

Tabela 24. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA POLPA ÚMIDA DE CERVEJARIA

Nutriente Brahma Kaiser Schincariol

Skol

MS 15.6 9.2 12.3 14.7PB 31.8 26.0 27.6 31.7FB 15.8 18.9 14.1 14.9FDN 43.8 54.0 44.5 47.8FDA 21.3 26.5 20.9 25.9

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LIGNINA 3.5 4.8 4.5 5.3NDT 74.0 69.4 70.6 68.9Fonte: Adaptado de LIMA. (1993), Citado por Aranovich (1999)

2.3.3 – Farinha de carne e ossos

É o principal subproduto da indústria frigorífica, constituída de recorte de carcaças bovinas

e ossos, após digestão em alta temperatura e secagem. É rica em proteínas de boa qualidade

(alta em lisina), fósforo, cálcio e vitaminas B12, niacina e colina. A qualidade pode estar

prejudicada por inclusão de chifres, cascos, contaminações fecais e sangue. O calor a que é

submetida durante o cozimento e secagem, pode tornar os aminoácidos indisponíveis. Após

a fabricação, durante o armazenamento, podem ocorrer contaminações por salmonelas, é

muito perecível e deve ser estocada no máximo por 30 dias.

O uso da farinha de carne e ossos, assim como outros produtos de origem animal

é proibido pelo Ministério da Agricultura de acordo com portaria nº 365, de 04 de

julho de 1996. Em 25 de março de 2004, a instrução normativa n 8, estabeleceu a

proibição , em todo território nacional, a produção, comercialização e a utilização de

produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição

proteínas e gorduras de origem animal. Incluem-se nesta, a cama de aviário, os

resíduos da criação de suínos, como também qualquer produto que contenha

proteínas e gorduras de origem animal. Proíbe ainda, a comercialização e a utilização

de produtos para uso veterinário, destinados a ruminantes, que contenham em sua

formulação insumos oriundos de ruminantes (Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, 2005). A tabela 25 mostra a composição média da Farinha de carne e

ossos, de acordo com análises em experimentos brasileiros.

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Tabela 25. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA FARINHA DE CARNE E OSSOS

Nutriente Média n sMS 93.15 67 2.00MO 63.24 6 2.06PB 45.07 50 2.92NIDA/N 3.10 5 2.02NIDN/N 8.48 1 -EE 11.71 54 3.30MM 38.17 55 5.33FB 1.50 30 0.61ENN 2.12 2 1.82CHO 6.66 25 4.22FDA 3.05 7 2.61CEL 0.12 1 -NDT 50.07 1 -DMS 38.60 3 4.35DPB 66.37 3 1.36EB 3.67 25 0.52Ca 13.14 60 2.76P 6.32 57 1.41Mg 0.12 2 0.09K 0.37 1 -Na 0.45 5 0.02Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006)

2.3.4 – Raspa ou Farelo de Mandioca (Manihot esculenta Crantz)

A mandioca é um alimento de uso tradicional em vários países, sendo que o Brasil

ocupa o segundo lugar na produção mundial. Podemos considerar duas variedades de

grande importância: a de consumo humano, também conhecida como “mansa”, doce ou de

mesa, que apresenta menos de 10 ppm de glicosídio cianogênico, na matéria original ou

fresca e a mandioca brava, amarga ou venenosa, que apresenta mais de 2000 ppm do

glicosídio. O Farelo de mandioca é o sub produto da extração do amido, na fabricação de

farinha para alimentação humana e representa 10 % do peso das raízes que lhe deram

origem. A composição é semelhante “à raspa da mandioca” que corresponde à raiz picada e

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desidratada). Pode existir uma grande variação na composição nutricional destes

subprodutos, portanto é importante sempre que possível, fazer análises das amostras, para

avaliar a possibilidade de uso.

A mandioca e seus subprodutos, são classificadas como concentrados energéticos,

apresentam altos teores de amido e baixo em todos os outros nutrientes, substitui

principalmente o milho e sorgo da dieta, desde que o custo esteja menor que destes grãos.

A raiz fresca possui aproximadamente 50% de matéria seca e 50% de água. O amido da

mandioca apresenta maior capacidade de expansão e degradabilidade efetiva em relação ao

milho e outros grãos de cereais. O Farelo de mandioca pode substituir de 50 a 100% dos

grãos de cereais das dietas de gado leiteiro ou de corte, desde que os outros nutrientes

sejam balanceados. O uso de nitrogênio não protéico (NNP), como a uréia, é uma boa

medida para suplementação protéica em ruminantes. A tabela 26 mostra a composição

média do Farelo de Mandioca e Raspa de mandioca, de acordo com análises em

experimentos brasileiros.

Tabela 26. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E NUTRICIONAL DA RASPA DE MANDIOCA

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Nutriente Média n sMS 87.59 32 1.62MO 96.24 11 2.97PB 3.29 48 1.52NIDA/N 17.82 1 -NIDN/N 21.69 1 -EE 0.72 27 0.67MM 2.97 23 1.10FB 4.96 21 4.53ENN 75.87 8 3.08CHO 93.49 11 1.52FDN 23.64 3 1.43FDA 9.92 7 4.46HEM 9.77 1 -CEL 3.88 5 2.30LIGNINA 2.56 3 1.42NDT 72.21 1 -DMS 77.01 2 3.69EB 4.03 11 0.15Ca 0.23 15 0.15P 0.06 17 0.03Mg 0.01 1 -K 0.18 1 -Na 0.01 1 -Fonte: VALADARES FILHO, et al. (2006

Atividades suplementares

1. Explique porque a “farinha de carne e ossos”, apesar de ser de bom valor nutritivo,

não é utilizada na alimentação de ruminantes.

2. Explique as principais limitações no uso do “resíduo úmido de cervejaria”, na

alimentação de bovinos.

3. Quais são as limitações do uso de “caroço de algodão” para vacas leiteiras.

4. Qual é o indicativo de que um produto derivado da soja, não apresenta fatores anti

nutricionais.

5. Enumere as principais particularidades da “polpa cítrica” para alimentação de

ruminantes.

6. Quais são as vantagens e limitações do “sorgo” em relação ao “milho” para

formulação de rações.

7. Porque o “farelo de soja” e “milho” são considerados “alimentos padrões” na

formulação de rações.

Page 37: Agrocurso alimentos

LISTA DE ABREVIATURAS

Nutrientes Descrição UnidadeMS Matéria Seca %MO Matéria Orgânica %MSPB Proteína Bruta %MSNIDA/N Compostos nitrogenados insolúveis em

detergente ácido%N-total

NIDN/N Compostos nitrogenados insolúveis em detergente neutro

%N-total

PIDA/MS Proteína insolúvel em detergente ácido %MSPIDN/MS Proteína insolúvel em detergente neutro %MSEE Extrato Etéreo %MSMM Matéria Mineral %MSFB Fibra Bruta %MSENN Extrato Não Nitrogenado %MSCHO Carboidratos totais %MSFDN Fibra em Detergente Neutro %MSFDA Fibra em Detergente Ácido %MSHEM Hemicelulose %MSCEL Celulose %MSLIGNINA Lignina %MSNDT Nutrientes Digestíveis Totais %MSDMS Digestibilidade da Matéria Seca %DEE Digestibilidade do Extrato Etéreo %DPB Digestibilidade da Proteína Bruta %EB Energia Bruta Mcal/KgCa Cálcio %MSP Fósforo %MSMg Magnésio %MSK Potássio %MSNa Sódio %MS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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In: Simpósio Sobre Manejo e Nutrição de Gado de Leite. Goiânia. Anais... Goiânia: CBNA,

2000, p. 101 – 114.

TEIXEIRA, J. C.; TEIXEIRA, L. F. A. C. A importância da nutrição na reprodução de

bovinos leiteiros. In: 4º Sinleite: Simpósio Internacional em Bovinocultura de Leite. Lavras.

Anais... Lavras: UFLA, 2004, p. 289 – 342.

VALADARES FILHO, S. C. et. al. Tabelas Brasileiras de Composição de Alimentos

para Bovinos. 2ª Edição. Viçosa: UFV, 2006. 329 p.

LANA, R. P. Nutrição e Alimentação Animal (mitos e realidades). Viçosa: UFV, 2005. p.

125 – 140.

BUTOLO, J. E.; JUNQUEIRA, O. M. Simpósio sobre ingredientes na alimentação animal.

Anais... Campinas, CBNA, 2001. 354 p.

BORGES, I.; GONÇALVES, L. C.; BUENO, P. H. S. III Simpósio Mineiro de Nutrição de

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NUNES, I. J. Alimentos usados em nutrição animal. Caderno Técnico da Escola de

Veterinária. Belo Horizonte, UFMG, nº 5, p. 63-107, 1991.