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Introdução Doenças mentais são transtornos que resultam nas alterações do funcionamento da mente e que prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral. Os transtornos mentais, em geral resultam da soma de muitos fatores como: Alterações no funcionamento do cérebro; Fatores genético; Fatores da própria personalidade do indivíduo; Ação de um grande número de estresse; Agressões de ordem física e psicológica; Perdas, decepções, frustrações e sofrimentos físicos e psíquicos que perturbam o equilíbrio emocional. Os transtornos mentais não têm uma causa específica, mas são formados por fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. As doenças mentais mais comuns são: depressão, distúrbios de ansiedade, distúrbios do pânico, transtornobipolar, esquizofrenia, tóxico dependência, obsessivo compulsiva,

doenças mentais

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Page 1: doenças mentais

Introdução Doenças mentais são transtornos que resultam nas alterações do funcionamento

da mente e que prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na

vida pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na

possibilidade de autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer

na vida em geral. Os transtornos mentais, em geral resultam da soma de muitos fatores

como:

Alterações no funcionamento do cérebro;

Fatores genético;

Fatores da própria personalidade do indivíduo;

Ação de um grande número de estresse;

Agressões de ordem física e psicológica;

Perdas, decepções, frustrações e sofrimentos físicos e psíquicos que

perturbam o equilíbrio emocional.

Os transtornos mentais não têm uma causa específica, mas são formados

por fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. As doenças mentais mais comuns

são:

depressão,

distúrbios de ansiedade,

distúrbios do pânico,

transtornobipolar,

esquizofrenia,

tóxico dependência,

obsessivo compulsiva,

transtorno de déficit de atenção ,

hiperatividade no adulto

síndrome de burnout .

Depressão

É um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história.

No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que

Page 2: doenças mentais

aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o

acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado.

Causas

A depressão é uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações

químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos

neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina),

substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que

ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.Os fatores psicológicos e

sociais, muitas vezes, são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o

estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente

é genética. A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada

em 19%, aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresenta o problema

em algum momento da vida. Pesquisadores da Universidade Stanford, nos ESTADOS

UNIDOS, em conjunto com a área de neurociências de uma indústria farmacêutica

fabricante de antidepressivos, e avaliou, ao longo de 23 anos, um grupo de 424 pais

deprimidos e 143 filhos destes, comparando-o com igual número de pais sem depressão

(grupo controle) e seus 197 filhos.Os resultados mostraram que os filhos adultos de pais

que iniciaram tratamento para depressão apresentam maior probabilidade de manifestar

sintomas depressivos, se comparados aos filhos adultos dos pais do grupo controle,

especialmente se o pai teve um histórico grave da doença. Eles também demonstraram

ter mais dores e limitação para atividades comuns, devido a problemas físicos ou

emocionais. Mais de 70% dos adultos com pais depressivos relataram que alguém na

família sofre de depressão - enquanto apenas 45% informou o mesmo no grupo

controle. "Os dados demonstram, portanto, não só a existência de um componente

genético, mas a influência e o peso do convívio com pais depressivos".

Sintomas de Depressão Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia.

Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer

as coisas.

Page 3: doenças mentais

Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em

atividades anteriormente consideradas agradáveis

Desinteresse falta de motivação e apatia

Falta de vontade e indecisão

Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero,

desamparo e vazio.

Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa

autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso,

doença ou morte.

A pessoa pode desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou

tentar suicídio.

Interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a

ótica depressiva, um tom "cinzento" para si, os outros e o seu mundo.

Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e

esquecimento.

Diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade

sexual, mas sem a conotação prazerosa habitual) e da libido.

Perda ou aumento do apetite e do peso

Insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou

sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas

horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono

(dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo).

Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas

médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarréia, constipação,

flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de

corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros.

Tratamento de Depressão O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso. Existem

mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem essas

medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A

terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente. Alguns

pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou

a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios de depressão. A

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psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão.

A técnica auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar a sua

compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o

impacto provocado pelo estresse.

TRANSTORNO DA ANSIEDADE

A ansiedade é uma reação normal diante de situações que podem provocar

medo, dúvida ou expectativa. É considerada normal a ansiedade que se manifesta nas

horas que antecedem uma entrevista de emprego, a publicação dos aprovados num

concurso, o nascimento de um filho, uma viagem a um país exótico, uma cirurgia

delicada, ou um revés econômico. Nesses casos, a ansiedade funciona como um sinal

que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja superado, 

favorece sua adaptação às novas condições de vida.O transtorno da ansiedade

generalizada (TAG), segundo o manual de classificação de doenças mentais (DSM.IV),

é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”,

persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem

acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga,

irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. É

importante registrar também que, nesses casos, o nível de ansiedade é desproporcional

aos acontecimentos geradores do transtorno, causa muito sofrimento e interfere na

qualidade de vida e no desempenho familiar, social e profissional dos pacientes.O

transtorno da ansiedade generalizada pode afetar pessoas de todas as idades, desde o

nascimento até a velhice. Em geral, as mulheres são um pouco mais vulneráveis do que

os homens.

Sintomas

Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra. Além dos já citados

(inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular)

existem outras queixas que podem estar associadas ao transtorno da ansiedade

generalizada: palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese

excessiva, dor de cabeça, alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no peito,

dores musculares.

Diagnóstico

Page 5: doenças mentais

O diagnóstico do TAG leva em conta a história de vida do paciente, a

avaliação clínica criteriosa e, quando necessário, a realização de alguns exames

complementares.

Como os sintomas podem ser comuns a várias condições clinicas diferentes

que exigem tratamento específico, é fundamental estabelecer o diagnóstico diferencial

com TOC, síndrome do pânico ou fobia social, por exemplo.

Tratamento

O tratamento do TAG inclui o uso de medicamentos antidepressivos ou

ansiolíticos, sob orientação médica, e a terapia comportamental cognitiva. O tratamento

farmacológico geralmente precisa ser mantido por seis a doze meses depois do

desaparecimento dos sintomas e deve ser descontinuado em doses decrescentes.

Recomendações

Se você é visto como alguém de estopim curto, que anda sempre com os nervos

à flor da pele e tem muita dificuldade para relaxar, provavelmente chegou a hora de

procurar um médico para avaliar esse estado permanente de tensão e ansiedade;

Se você cobra muito de si mesmo, está sempre envolvido em inúmeras tarefas e

pressionado pelos compromissos, tente pôr ordem não só na sua agenda, mas também

na sua rotina de vida, sem esquecer de reservar um tempo para o lazer. Se não conseguir

sozinho, não se envergonhe, peça ajuda.

TRANSTORNO DO PÂNICO

É uma enfermidade que se caracteriza por crises absolutamente inesperadas

de medo e desespero intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo

algum para isso ou sinais de perigo iminente. Quem sofre do Transtorno de Pânico sofre

crises de medo agudo de modo recorrente e inesperado. Além disso, as crises são

seguidas de preocupação persistente com a possibilidade de ter novos ataques e com as

consequências desses ataques, seja dificultando a rotina do dia a dia, seja por medo de

perder o controle, enlouquecer ou ter um ataque no coração. A pessoa tem a impressão

de que vai morrer naquele momento de um ataque cardíaco, porque o coração dispara,

sente falta de ar e tem sudorese abundante. Quem padece de síndrome do pânico sofre

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durante as crises e ainda mais nos intervalos entre uma e outra, pois não faz a menor

idéia de quando elas ocorrerão novamente, se dali a cinco minutos, cinco dias ou cinco

meses. Isso traz tamanha insegurança que a qualidade de vida do paciente fica

seriamente comprometida.

Causas

As causas exatas da síndrome do pânico são desconhecidas, embora a Ciência

acredite que um conjunto de fatores possa desencadear o desenvolvimento deste

transtorno, como:

Genética

Estresse

Temperamento forte e suscetível ao estresse

Mudanças na forma como o cérebro funcionam e reagem a determinadas

situações.

Alguns estudos indicam que a resposta natural do corpo a situações de perigo

esteja diretamente envolvida nas crises de pânico. Apesar disso, ainda não está claro por

que esses ataques acontecem em situações nas quais não há qualquer evidência de

perigo iminente.

Fatores de risco

As crises de síndrome do pânico geralmente começam entre a fase final da

adolescência e o início da idade adulta. Apesar disso, podem ocorrer depois dos 30 anos

e durante a infância, embora no último caso ela possa ser diagnosticada só depois que as

crianças já estejam mais velhas. A síndrome do pânico costuma afetar mais mulheres do

que homens e pode ser desencadeada por alguns fatores considerados de risco, como:

Situações de estresse extremo

Morte ou adoecimento de uma pessoa próxima

Mudanças radicais ocorridas na vida

Histórico de abuso sexual durante a infância

Ter passado por alguma experiência traumática, como um acidente.

Algumas pesquisas indicam que se um gêmeo idêntico tem síndrome do pânico,

o outro gêmeo também desenvolverá o problema em 40% das vezes. Pode acontecer, no

entanto, de a doença se manifestar sem que haja histórico familiar dela.

Sintomas de Síndrome do pânico

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Ataques de pânico característicos da síndrome geralmente acontecem de repente

e sem aviso prévio, em qualquer período do dia e também em qualquer situação, como

enquanto a pessoa está dirigindo, fazendo compras no shopping, em meio a uma reunião

de trabalho ou até mesmo dormindo.

O pico das crises de pânico geralmente dura cerca de 10 a 20 minutos, mas pode

variar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. Além disso, alguns sintomas

podem continuar por uma hora ou mais. É bom ficar atento, pois muitas vezes um

ataque de pânico pode ser confundido com um ataque cardíaco.

As crises de pânico geralmente manifestam os seguintes sintomas:

Sensação de perigo iminente

Medo de perder o controle

Medo da morte ou de uma tragédia iminente

Sentimentos de indiferença

Sensação de estar fora da realidade

Dormência e formigamento nas mãos, nos pés ou no rosto

Palpitações, ritmo cardíaco acelerado e taquicardia

Sudorese

Tremores

Dificuldade para respirar, falta de ar e sufocamento

Hiperventilação

Calafrios

Ondas de calor

Náusea

Dores abdominais

Dores no peito e desconforto

Dor de cabeça

Tontura

Desmaio

Sensação de estar com a garganta fechando

Dificuldade para engolir

Uma complicação frequente é o medo do medo, ou seja, o medo ter outro ataque

de pânico. Esse medo pode ser tão grande que a pessoa, muitas vezes, evitará ao

máximo situações em que essas crises poderão ocorrer novamente.

Page 8: doenças mentais

Os ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no

trabalho. As pessoas portadoras da síndrome muitas vezes se preocupam com os efeitos

de seus ataques de pânico e possa, até mesmo, despertar problemas mais graves, como

alcoolismo, depressão e abuso de drogas.

Tratamento de Síndrome do pânico

O principal objetivo do tratamento da síndrome do pânico é reduzir o número de

crises, assim como sua intensidade e recuperação mais rápida. As duas principais

formas de tratamento para esse transtorno é por meio de psicoterapia e medicamentos.

Ambos têm se mostrado bastante eficientes. Dependendo da gravidade, preferência e do

histórico do paciente, o médico poderá optar por um deles ou até mesmo por ambos, já

que a combinação dos dois tipos de tratamento têm se mostrado ainda mais eficaz do

que um ou outro operando isoladamente.

A psicoterapia é geralmente a primeira opção para o tratamento de síndrome do

pânico. Existem diversas formas de psicoterapia, sendo a mais estudada e que

comprovadamente tem efeitos benéficos nesse transtorno a chamada de Terapia

Cognitivo-Comportamental (TCC). Ela poderá ajudar o paciente a entender os ataques

de pânico, a como lidar com eles no momento em que acontecerem e como ter uma vida

cotidiana normal sem medo de ter um novo ataque.

Já o tratamento à base de medicamentos inclui antidepressivos, como os

inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como por exemplo a Paroxetina ou

citalopran. Benzodiazepinas também podem ser prescritos pelos médicos.

Os sintomas devem reduzir progressivamente em algumas semanas. Se não

melhorarem, converse com seu médico. Não suspenda a medicação sem antes consultar

seu médico.

Prognóstico

O tratamento ajuda o paciente a se recuperar da síndrome do pânico, mas

algumas medidas auxiliares podem tornar o resultado ainda melhor que o esperado.

Veja alguns exemplos:

Siga à risca o tratamento e as orientações médicas

Faça parte de um grupo de apoio e compartilhe suas experiências sobre a

síndrome do pânico

Evite o consumo exacerbado de cafeína e bebidas alcoólicas

Corte as drogas recreativas

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Pratique exercícios de relaxamento, como alongamentos, yoga,

respiração profunda e relaxamento muscular

Pratique exercícios físicos regularmente, principalmente atividades

aeróbicas

Vá dormir cedo e descanse. Horas regulares de sono podem ajudar a

controlar o medo e ansiedade.

Complicações possíveis

Síndrome do pânico não tratada pode levar a complicações que podem

comprometer seriamente a qualidade de vida social, profissional e de relacionamento.

Entre as complicações que podem ser provocadas estão:

Desenvolvimento de algumas fobias específicas, como agorafobia

(ansiedade de estar em locais ou situações em que a saída seja difícil, como por

exemplo, multidões,  um supermercado muito grande ou um local onde o auxilio possa

não estar disponível - mesmo que não haja previsão de necessitar este auxilio.)

Pessoas com síndrome do pânico têm mais probabilidade de ficar

desempregadas, ser menos produtivas no trabalho e de ter relações pessoais difíceis,

inclusive problemas matrimoniais

Depressão

Suicídio

Alcoolismo e abuso de drogas

Problemas financeiros.

A dependência de medicamentos contra ansiedade é uma possível complicação

do tratamento. A dependência envolve a necessidade de um medicamento para poder

agir normalmente e para evitar sintomas de abstinência. Não é o mesmo que vício.

Expectativas

Os ataques de pânico podem durar muitos anos e ser de difícil tratamento.

Algumas pessoas com essa síndrome podem não se curar totalmente com o tratamento.

Entretanto, a maioria das pessoas obtém grande melhora com uma combinação de

medicamentos e psicoterapia.

TRANSTORNOBIPOLAR

Transtorno afetivo bipolar é um distúrbio psiquiátrico complexo. Sua

característica mais marcante é a alternância, às vezes súbita, de episódios de depressão

Page 10: doenças mentais

com os de euforia (mania e hipomania) e de períodos assintomáticos entre eles. As

crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração.

As flutuações de humor têm reflexos negativos sobre o comportamento e

atitudes dos pacientes, e a reação que provocam é sempre desproporcional aos fatos que

serviram de gatilho ou, até mesmo, independem deles.

Em geral, essa perturbação do humor se manifesta tanto nos homens quanto nas

mulheres, entre os 15 e os 25 anos, mas pode afetar também as crianças e pessoas mais

velhas.

Tipos

De acordo com o DSM.IV e o CID-10, (manuais internacionais de classificação

diagnóstica), o transtorno bipolar pode ser classificado nos seguintes tipos:

1) Transtorno bipolar Tipo I

O portador do distúrbio apresenta períodos de mania, que duram, no mínimo,

sete dias, e fases de humor deprimido, que se estendem de duas semanas a vários meses.

Tanto na mania quanto na depressão, os sintomas são intensos e provocam profundas

mudanças comportamentais e de conduta, que podem comprometer não só os

relacionamentos familiares, afetivos e sociais, como também o desempenho

profissional, a posição econômica e a segurança do paciente e das pessoas que com ele

convivem. O quadro pode ser grave a ponto de exigir internação hospitalar por causa do

risco aumentado de suicídios e da incidência de complicações psiquiátricas.

2) Transtorno bipolar Tipo II

Há uma alternância entre os episódios de depressão e os de hipomania (estado

mais leve de euforia, excitação, otimismo e, às vezes, de agressividade), sem prejuízo

maior para o comportamento e as atividades do portador.

3) Transtorno bipolar não especificado ou misto

Os sintomas sugerem o diagnóstico de transtorno bipolar, mas não são

suficientes nem em número nem no tempo de duração para classificar a doença em um

dos dois tipos anteriores.

4) Transtorno ciclotímico

É o quadro mais leve do transtorno bipolar, marcado por oscilações crônicas do

humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. O paciente alterna sintomas de hipomania

e de depressão leve que, muitas vezes, são entendidos como próprios de um

temperamento instável ou irresponsável.

Causas

Page 11: doenças mentais

Ainda não foi determinada a causa efetiva do transtorno bipolar, mas já se sabe

que fatores genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários

neurotransmissores estão envolvidos.

Da mesma forma, já ficou demonstrado que alguns eventos podem precipitar a

manifestação desse distúrbio do humor nas pessoas geneticamente predispostas. Entre

eles, destacam-se: episódios frequentes de depressão ou início precoce dessas crises,

puerpério, estresse prolongado, remédios inibidores do apetite (anorexígenos e

anfetaminas), e disfunções da tireoide, como o hipertireoidismo e o hipotireoidismo.

Diagnóstico

O diagnóstico do transtorno bipolar é clinico, baseado no levantamento da

história e no relato dos sintomas pelo próprio paciente ou por um amigo ou familiar. Em

geral, ele leva mais de dez anos para ser concluído, porque os sinais podem ser

confundidos com os de doenças como esquizofrenia, depressão maior, síndrome do

pânico, distúrbios da ansiedade. Daí a importância de estabelecer o diagnóstico

diferencial antes de propor qualquer medida terapêutica.

Sintomas

Depressão: humor deprimido, tristeza profunda, apatia, desinteresse pelas

atividades que antes davam prazer, isolamento social, alterações do sono e do apetite,

redução significativa da libido, dificuldade de concentração, cansaço, sentimentos

recorrentes de inutilidade, culpa excessiva, frustração e falta de sentido para a vida,

esquecimentos, ideias suicidas.

Mania: estado de euforia exuberante, com valorização da autoestima e da

autoconfiança, pouca necessidade de sono, agitação psicomotora, descontrole ao

coordenar as ideias, desvio da atenção, compulsão para falar, aumento da libido,

irritabilidade e impaciência crescentes, comportamento agressivo, mania de grandeza.

Nessa fase, o paciente pode tomar atitudes que reverterão em danos a si próprio e às

pessoas próximas, como demissão do emprego, gastos descontrolados de dinheiro,

envolvimentos afetivos apressados, atividade sexual aumentada e, em casos mais

graves, delírios e alucinações.

Hipomania: os sintomas são semelhantes aos da mania, porém bem mais leves e

com menor repercussão sobre as atividades e relacionamentos do paciente, que se

mostra mais eufórico, mais falante, sociável e ativo do que o habitual. Em geral, a crise

é breve, dura apenas uns poucos dias. Para efeito de diagnóstico, é preciso assegurar que

a reação não foi induzida pelo uso de antidepressivos.

Page 12: doenças mentais

Tratamento

Transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. O tratamento inclui o

uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como o fim do

consumo de substâncias psicoativas, (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por

exemplo), o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono e redução dos

níveis de estresse.

De acordo com o tipo, gravidade e evolução da doença, a prescrição de

medicamentos neurolépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e

estabilizadores de humor, especialmente o carbonato de lítio, tem-se mostrado útil para

reverter os quadros agudos de euforia e evitar a recorrência das crises. A associação de

lítio com antidepressivos e anticonvulsivantes tem demonstrado maior eficácia para

prevenir recaídas. No entanto, os antidepressivos devem ser utilizados com cuidado,

porque podem provocar uma guinada rápida da depressão para a euforia, ou acelerar a

incidência das crises.

A psicoterapia é outro recurso importante no tratamento da bipolaridade, uma

vez que oferece suporte para o paciente superar as dificuldades impostas pelas

características da doença, ajuda a prevenir a recorrência das crises e, especialmente,

promove a adesão ao tratamento medicamentoso que, como ocorre na maioria das

doenças crônicas, deve ser mantido por toda a vida.

Recomendações

Portadores de transtorno bipolar e seus familiares precisam estar cientes de que:

* seguir o tratamento à risca é a melhor forma de prevenir a instabilidade

emocional e a recorrência das crises, o que assegura a possibilidade de levar vida

praticamente normal;

* os remédios podem não fazer o efeito desejado logo nas primeiras doses que,

muitas vezes, precisam ser ajustadas ao longo do tratamento;

* crises depressivas prolongadas sem tratamento adequado podem aumentar em

15% o risco de suicídio nos pacientes bipolares;

* o paciente pode procurar alívio para os sintomas no álcool e em outras drogas,

solução que só ajuda a agravar o quadro;

* alternar a fase de depressão com a de mania pode dar a falsa sensação de que a

pessoa está curada e não precisa mais de tratamento;

Page 13: doenças mentais

* a família pode precisar também de acompanhamento psicoterápico, por duas

diferentes razões: primeira, porque o distúrbio pode afetar todos que convivem

diretamente com o paciente; segunda, porque precisa ser orientada sobre como lidar no

dia a dia com os portadores do transtorno.

Prognóstico

O paciente com transtorno bipolar provavelmente vai precisar fazer muitas

mudanças de estilo de vida para parar com as oscilações de comportamento. Aqui estão

algumas medidas que devem ser tomadas e que ajudarão a acelerar a recuperação e

tornarão o prognóstico mais tolerável: Largar o vícios, relacionar com pessoas positivas,

fazer exercícios físicos regularmente e dormir bem.

 ESQUIZOFRENIA

A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta na adolescência

ou início da idade adulta. Sua freqüência na população em geral é da ordem de 1 para

cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por

ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos; a cada ano

cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. Ela atinge em igual

proporção homens e mulheres, em geral inicia-se mais cedo no homem, por volta dos

20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos 25-30 anos. 

Sintomas

A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas do

funcionamento psíquico.  Os principais sintomas são:

1. delírios: são idéias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta. Por

exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que os

vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal.

2. alucinações: são percepções falsas dos órgãos dos sentidos. As alucinações

mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O paciente ouve

vozes que falam sobre ele, ou que acompanham suas atividades com comentários.

Muitas vezes essas vozes dão ordens de como agir em determinada circunstancia.

Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas podem ocorrer também

na esquizofrenia.

3. alterações do pensamento: as idéias podem se tornar confusas, desorganizadas

ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de compreender. Muitas vezes o

Page 14: doenças mentais

paciente tem a convicção de que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas,

ou que pensamentos são roubados de sua mente ou inseridos nela. 

4. alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda da capacidade de

reagir emocionalmente às circunstancias, ficando indiferente e sem expressão afetiva.

Outras vezes o paciente apresenta reações afetivas que são incongruentes, inadequadas

em relação ao contexto em que se encontra. Torna-se pueril e se comporta de modo

excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca.

5. diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica desanimado e

apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa,

fica isolado e retraído socialmente. 

Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da motricidade,

desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na esquizofrenia. Dependendo da

maneira como os sintomas se agrupam, é possível caracterizar os diferentes subtipos da

doença. A esquizofrenia evolui geralmente em episódios agudos onde aparecem os

vários sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações, intercalados por

períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos. 

Causa

Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A hereditariedade tem uma

importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico tem

chance maior de desenvolver a doença do que as pessoas em geral. Por outro lado, não

se sabe o modo de transmissão genética da esquizofrenia. Fatores ambientais (p. ex.,

complicações da gravidez e do parto, infecções, entre outros) que possam alterar o

desenvolvimento do sistema nervoso no período de gestação parecem ter importância na

doença. Estudos feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia

computadorizada e ressonância magnética mostram que alguns pacientes tem pequenas

alterações cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas do cérebro.

Alterações bioquímicas dos neurotransmissores cerebrais, particularmente da dopamina,

parecem estar implicados na doença. 

Diagnostica

O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das

manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório (exame de

sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita confirmar o

diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames, mas estes servem apenas

Page 15: doenças mentais

para excluir outras doenças que podem apresentar manifestações semelhantes à

esquizofrenia.

Tratamento

O tratamento da esquizofrenia visa ao controle dos sintomas e a reintegração do

paciente. O tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e

psicossocial. O tratamento medicamentoso é feito com remédios chamados

antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na fase aguda da doença para aliviar

os sintomas psicóticos, e também nos períodos entre as crises, para prevenir novas

recaídas. A maioria dos pacientes precisa utilizar a medicação ininterruptamente para

não ter novas crises. Assim o paciente deve submeter-se a avaliações médicas

periódicas; o médico procura manter a medicação na menor dose possível para evitar

recaídas e evitar eventuais efeitos colaterais. As abordagens psicossociais são

necessárias para promover a reintegração do paciente à família e à sociedade. Devido ao

fato de que alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse, isolamento social e

outros) podem persistir mesmo após as crises, é necessário um planejamento

individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam em geral de

psicoterapia, terapia ocupacional, e outros procedimentos que visem ajudá-lo a lidar

com mais facilidade com as dificuldades do dia a dia. 

Prognóstico

A terapia de apoio pode ser útil para muitas pessoas com esquizofrenia. Técnicas

comportamentais, como o treinamento de habilidades sociais, podem ser usadas para

melhorar as atividades sociais e profissionais. Aulas de treinamento profissional e

construção de relacionamentos são importantes.Os familiares de uma pessoa com

esquizofrenia devem ser informados sobre a doença e receber apoio. Os programas que

destacam os serviços de apoio social para pessoas necessitadas podem ajudar aqueles

que não recebem apoio da família ou de conhecidos.

Toxicodependência

A dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por

exemplo, o fumo, o álcool ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas

Page 16: doenças mentais

(por exemplo, substâncias opiáceas)ou a um conjunto mais vasto de substâncias

farmacologicamente diferentes.

Causas

A dependência química é uma doença crônica e multifatorial, isso significa que

diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e

frequência de uso dasubstância, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos,

psicossociais e ambientais.

Muitos estudos buscam identificar características que predispõe um indivíduo a

um maior risco de desenvolver abuso ou dependência. Em relação ao álcool, por

exemplo, estima-se que os fatores genéticos expliquem cerca de 50% das

vulnerabilidades que levam o indivíduo a fazer uso pesado de álcool - principalmente

genes que estariam envolvidos no metabolismo do álcool e/ou na sensibilidade aos

efeitos dessa substância, sendo que filhos de alcoolistas possuem quatro vezes mais

riscos de desenvolverem alcoolismo, mesmo se forem criados por indivíduos não-

alcoolistas. Além disso, fatores individuais e aspectos do beber fazem com que

mulheres, jovens e idosos sejam mais vulneráveis aos efeitos das bebidas alcoólicas, o

que o colocam em maior risco de desenvolvimento de problemas.

Sintomas de Dependência química

Desejo incontrolável de usar a substância

Perda de controle (não conseguir parar depois de ter começado)

Aumento da tolerância (necessidade de doses maiores para atingir o

mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com

uma mesma dose da substância).

Sintomas de abstinência:

Sudorese;

Tremores;

Ansiedade quando a pessoa está sob efeito da droga.

Buscandoajuda médica

É importante que o indivíduo com dependência química procure ajuda com

profissionais da saúde quando ocorrem situações nas quais a substância está

influenciando negativamente a saúde física e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou

profissionais e as relações pessoais.

Page 17: doenças mentais

Diagnóstico

Os critérios do “Manual Estatístico e Mental de Transtornos Mentais” (4ª edição;

DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria, e “Classificação Internacional de

Doenças” (10ª edição; CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS) são os mais

comumente empregados para o diagnóstico dos transtornos relacionados ao uso de

substâncias.

Variados questionários de autopreenchimento (tais como ASSIST, CAGE,

AUDIT) e testes sanguíneos também têm sido empregados, em contexto clínico, com

tais fins, mas não podem ser considerados como substitutos de uma cuidadosa entrevista

clínica. Existem ainda alguns exames (marcadores biológicos) que são indicadores

fisiológicos da exposição ou ingestão de drogas, e podem auxiliar no diagnóstico e no

tratamento.

No caso do álcool, por exemplo, é possível citar o alaninaaminotransferase

(ALT), volume corpuscular médio (VCM) e o gama-glutamiltransferase (GGT). É

importante também realizar um exame físico e atentar-se a sinais e sintomas que podem

auxiliar na identificação do problema, como por exemplo sintomas de abstinência,

hipertensão leve e flutuante, infecções de repetição, arritmias cardíacas não explicadas,

cirrose, hepatite sem causa definida, pancreatite, entre outras.

Quando o paciente é diagnosticado, é importante que além do tratamento para a

dependência química, o indivíduo também tenha acompanhamento clínico para garantir

a melhora de sua saúde como um todo.

Tratamento

O tipo de ajuda mais adequado para cada pessoa depende de suas características

pessoais, da quantidade e padrão de uso de substâncias e se já apresenta problemas de

ordem emocional, física ou interpessoal decorrentes desse uso.

A avaliação do paciente pode envolver diversos profissionais da saúde, como

médicos clínicos e psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos,

assistentes sociais e enfermeiros. Quando diagnosticada, a dependência química deve

contar com acompanhamento a médio-longo prazo para assegurar o sucesso do

tratamento, que varia de acordo com a progressão e gravidade da doença.

Prognóstico

A dependência química geralmente representa um impacto profundo em diversos

aspectos da vida do indivíduo e também daqueles que estão ao seu redor. Dada a sua

Page 18: doenças mentais

complexidade, é interessante que os programas de tratamento sejam multidisciplinares

para atender às diversas necessidades do paciente (aspectos sociais, psicológicos,

profissionais e até jurídicas, conforme demonstrado em diversos estudos), sendo mais

eficaz na alteração dos padrões de comportamentos que o levam ao uso da substância,

assim como seus processos cognitivos e funcionamento social.

Para manter-se livre das drogas, o indivíduo terá que realizar uma série de

mudanças em seu estilo de vida. Por exemplo, evitar locais e situações que sejam

associados ao uso, reaprender “fontes de prazer” que não as que estejam relacionadas ao

consumo – geralmente, pessoas com problemas com drogas afastam-se todas as formas

de lazer, hobbies, relacionamentos, etc, e retomar a uma vida “careta” pode ser uma das

tarefas mais difíceis no processo de recuperação.

TOC

O transtorno obsessivo-compulsivo, conhecido popularmente pela sigla TOC, é

um distúrbio psiquiátrico de ansiedade descrito na quinta edição do Manual de

Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, o DSM-V (no termo em inglês). Sua

principal característica é a presença de crises recorrentes de obsessão e compulsão.

Analogicamente falando, uma pessoa com TOC é como um disco riscado, que

repete sempre o mesmo ponto daquilo que está gravado. Pacientes deste distúrbio

sofrem com imagens e pensamentos que os invadem insistentemente e, muitas vezes,

sem que a pessoa possa controlá-los. Para essas pessoas, a única forma de controlar

esses pensamentos e a própria ansiedade é por meio de um ritual, que pode ser repetido

muitas vezes ao longo do dia. Esse ritual é chamado de compulsão, um tipo de

comportamento irracional e repetitivo que segue um padrão de regras e etapas

extremamente rígido, geralmente pré-estabelecido pela própria pessoa.

É muito comum que pacientes com TOC acreditem que, se deixarem de cumprir

o ritual, algo terrível poderá acontecer. Esse comportamento tende a agravar-se à

medida em que a doença evolui. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são

muito importantes e essenciais para a recuperação.

Estudos epidemiológicos coordenados pela Organização Mundial da Saúde

mostram que aproximadamente 1 a 2% da população mundial tenha TOC. No Brasil,

são cerca de quatro milhões de pessoas sofrendo com este distúrbio psiquiátrico.

Existem dois tipos de TOC: o transtorno obsessivo-compulsivo subclínico,

caracterizado pelas obsessões e rituais que se repetem com frequência - mas que não

interferem na qualidade de vida da pessoa e de quem está ao seu redor -, e o transtorno

Page 19: doenças mentais

obsessivo-compulsivo propriamente dito, cuja ansiedade só pode ser aliviada e

controlada por meio dos rituais, que são repetidos compulsivamente e que chegam a

atrapalhar diretamente na vida de quem sofre com a doença e de pessoas próximas.

Os médicos ainda não são capazes de entender completamente o que está por

trás do transtorno obsessivo-compulsivo, mas as principais teorias que cercam as causas

da doença dizem respeito a três fatores: a biologia, a genética e o meio ambiente.

Alguns pesquisadores acreditam que o TOC pode ser resultado de alterações

ocorridas no corpo ou no cérebro da pessoa. Outros estudos apontam o distúrbio para

uma pré-disposição genética – muito embora os genes que estariam eventualmente

envolvidos não tenham sido identificados até agora.

Fatores ambientais, como infecções, também parecem estar envolvidos.

Pesquisas adicionais, no entanto, ainda precisam ser realizadas para corroborar essa

hipótese.

Os principais fatores capazes de aumentar o risco de uma pessoa desenvolver o

transtorno obsessivo-compulsiva incluem histórico familiar, como ter algum membro

próximo da família com diagnóstico positivo de TOC, e acontecimentos traumáticos e

estressantes que tenham ocorrido na vida da pessoa, como a morte de um ente querido

ou um acidente grave.

TOC atinge a mulheres e homens na mesma proporção e, na maioria dos casos, a

doença surge durante a infância ou nos primeiros anos da adolescência e vida adulta.

Sintomas de Transtorno obsessivo-compulsivo

Os principais sinais e sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo consistem

basicamente em duas partes, que dão nome à doença: obsessão e compulsão. No

entanto, é comum encontrar pessoas que desenvolvam apenas um dos tipos de sintomas.

Sintomas de obsessão

Uma obsessão, dentro do transtorno obsessivo-compulsivo, consiste em uma

série de imagens, pensamentos e ideias que vêm à cabeça da pessoa insistente e

repetidamente, sem que ela possa controlar. Geralmente, a obsessão vem seguida da

compulsão, que nada mais é do que uma forma de se livrar da própriaansiedade por

meio de rituais e comportamentos repetitivos. No entanto, a obsessão em uma pessoa

com TOC também pode manifestar-se isoladamente. Os casos obsessivos mais comuns

na doença são:

Obsessão por limpeza, que são, geralmente, resultado de um medo

irracional de contaminação ou sujeira.

Page 20: doenças mentais

Fixação por uma organização rígida, que segue obrigatoriamente uma

determinada ordem e simetria.

Pensamentos agressivos, de autoagressão ou outros pensamentos de carga

negativa.

Pensamentos indesejados, incluindo de temas sexuais ou religiosos.

Sintomas de compulsão

Em pessoas com TOC, compulsões são comportamentos repetitivos que o

paciente se sente compelido a executar para controlar, prevenir ou reduzir a ansiedade

causada pelas obsessões ou, ainda, para impedir que algo terrível aconteça. O

cumprimento dos rituais característicos do TOC, no entanto, não trazem prazer para a

pessoa, sendo capaz de reduzir a ansiedade apenas temporariamente.

Os sintomas de TOC geralmente começam gradualmente e oscilam em

intensidade e gravidade durante toda a vida do paciente – dependendo, também, da

eficácia do tratamento. Os picos geralmente acontecem quando a pessoa está

vivenciando um período de estresse intenso.

Alguns pacientes são capazes de compreender que suas obsessões e compulsões

não fazem sentido, mas nem sempre é o caso. Sobretudo crianças têm dificuldade em

reconhecer o que está errado.

Buscando ajuda médica

Os sintomas relacionados ao TOC não são simples preocupações com

organização, limpeza ou ordem. Muitas pessoas tendem a confundir práticas comuns e

cotidianas, como levantar sempre do lado direito da cama, manter a casa limpa e os

copos dispostos sempre numa mesma ordem com sinais e sintomas típicos do transtorno

obsessivo-compulsivo. Isso é um engano.

Pessoas com TOC desenvolvem essas características de forma muito mais

incisiva, deixando, muitas vezes, que essas práticas possam interferir na qualidade de

vida. E é estritamente a isso que você deve se basear quando decidir buscar a ajuda de

um especialista.

Se for pai ou mãe de uma criança que esteja apresentando esses sinais, procure

um médico também. Quanto mais cedo o tratamento começar, melhor para o paciente.

Entre os especialistas que podem diagnosticar o transtorno obsessivo-

compulsivo estão:

Clínico geral

Page 21: doenças mentais

Psiquiatra

Psicólogo

Neurologista

Pediatra

Tratamento

TOC não tem cura, mas o tratamento disponível para o transtorno pode ajudar a

controlar os sintomas e evitar que eles interfiram ainda mais na qualidade de vida do

paciente. Algumas pessoas precisam de tratamento para o resto da vida.As duas

principais abordagens de tratamento para TOC são a psicoterapia e o uso de

medicamentos. No entanto, o tratamento é mais eficaz quando há uma combinação das

duas.

Prognóstico

O transtorno obsessivo-compulsivo é uma condição crônica que deve ser

tratada pelo resto da vida. Por isso, é importante encontrar formas de tornar o tratamento

e a convivência com esse transtorno o mais fácil possível. Seguir o tratamento à risca é

a melhor maneira de lidar bem com a doença. Tome seus medicamentos conforme

indicado pelo médico. Mesmo se você estiver se sentindo bem, siga as orientações e

tome sua medicação regularmente. O uso ininterrupto dos medicamentos impedem que

os sintomas de TOC sejam recorrentes.

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE NO

ADULTO

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é bem conhecido

como uma doença típica da infância. A criança apresenta falta de persistência nas

atividades que envolvem concentração, não completa as tarefas, tem atividade excessiva

e desorganizada. Pode ser também impulsiva e imprudente propensa a acidentes e

freqüentemente apresenta problemas disciplinares por infração não premeditada de

regras. Até há poucos anos acreditava-se que o TDAH melhorava ou desaparecia a

medida que a criança tornava-se adulta. Sabe-se hoje, no entanto que esse transtorno

persiste em cerca de 30% a 50% dos adultos que tiveram TDAH na infância. Em geral o

Page 22: doenças mentais

transtorno é mais leve no adulto do que na criança, mas mesmo assim pode prejudicar

bastante o cotidiano da pessoa.

A primeira condição para se fazer o diagnóstico de TDAH no adulto é constatar

que a pessoa teve essa doença na infância. A doença não se inicia na idade adulta, trata-

se da persistência da doença da criança no adulto.

Os sintomas principais do TDAH no adulto são:

1. Déficit de atenção: a pessoa distrai-se com facilidade, comete erros por

distração no trabalho ou nas atividades que exigem concentração, é desorganizada,

"avoada", esquece compromissos assumidos, perde seus objetos ou não lembra onde os

deixou, não presta atenção quando alguém está falando consigo, "sonha acordado".

2. Hiperatividade motora: agitação ou inquietação constantes, a pessoa não

consegue ficar muito tempo parado, está sempre "a todo vapor", se está sentado fica

mexendo os dedos, os pés, não consegue assistir TV ou um filme sem se levantar. Há

uma movimentação excessiva e desnecessária para o contexto.

Outros sintomas característicos são:

1. Labilidade afetiva: oscilações entre tristeza e euforia, "altos e baixos",

mudanças bruscas de humor.

2. Temperamento explosivo: "pavio curto", brigas e discussões por motivos

fúteis, perda de controle.

3. Hiperreatividade emocional: "fazer tempestade em copo d’agua", dificuldade

de lidar com situações de pressão, de estresse, facilmente fica estressado.

4. Desorganização: mesas desarrumadas no trabalho, perda de documentos

importantes, relatórios mal feitos,

5. Impulsividade: agir sem pensar, decisões são tomadas sem pensar, rompem ou

iniciam relacionamentos/casamentos abruptamente, deixam empregos subitamente.

As manifestações acima descritas devem ter duração de pelo menos 6 meses e

ser suficientemente graves para prejudicar a vida cotidiana, profissional ou

familiar.Além do comprometimento em diferentes áreas (social, profissional, familiar)

muito frequentemente essas pessoas fazem também abuso de drogas (alcool, cocainaetc)

e podem apresentar outros transtornos mentais concomitantemente (depressão,

ansiedade).

O tratamento é feito principalmente com medicamentos (psicoestimulantes e

antidepressivos) e psicoterapia.

Page 23: doenças mentais

Síndrome de Burnout“Burnout (esgotamento profissional) é definido como uma síndrome psicológica

decorrente da tensão emocional crônica no trabalho. Trata-se de uma experiência

subjetiva interna que gera sentimentos e atitudes negativas no relacionamento do

indivíduo com o seu trabalho (insatisfação, desgaste, perda do comprometimento),

minando o seu desempenho profissional e trazendo consequências indesejáveis para a

organização (absenteísmo, abandono do emprego, baixa produtividade). O Burnout é

caracterizado pelas dimensões: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da

realização pessoal.”

Burnout geralmente ocorre em profissionais que lidam com pressão emocional

constante em seu dia-a-dia, e mantém contato direto com pessoas em situações

estressantes, por longo período de tempo. Por exemplo: profissionais de saúde, da

educação, policiais, agentes penitenciários, entre outros.Esses profissionais se deparam

com eventos estressores no ambiente de trabalho, além do intenso e contínuo contato

interpessoal. O trabalho dos profissionais de saúde baseia-se na articulação das

dimensões: técnica, ética e política, bem como na compreensão e manejo em lidar com a

vida e com a morte.

Como acontece?

O fator estressor, seja qual for, físico ou psicológico, ativa o sistema

neuroendócrino.Inicialmente há o envolvimento do hipotálamo que estimula a liberação

de hormônios pela hipófise, entre eles o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que

estimulam as glândulas supra-renais a produzirem e liberarem cortisol e adrenalina,

chamados de hormônios do estresse.

Page 24: doenças mentais

A síndrome envolve três componentes, que podem aparecer associados, mas

são independentes:

Exaustão emocional – falta de energia associada a sensação de

esgotamento emocional. O profissional sente que não pode despender mais energia para

desenvolver suas atividades.

Despersonalização – indiferença em relação às atividades cotidianas do

trabalho, presença de atitudes negativas e comportamentos de cinismo e dissimulação

afetiva, até o tratamento de pessoas do convívio como objetos.

Falta de envolvimento com o trabalho ou baixa realização profissional –

sensação de incapacidade, baixa autoestima, desmotivação e infelicidade no trabalho,

afetando até a habilidade e a destreza.

Osestágios de burnout:

1. Necessidade de se afirmar – provar ser capaz de tudo, sempre;

2. Dedicação intensificada – com predominância da necessidade de se fazer

tudo sozinho;

3. Descaso com as necessidades pessoais – comer, dormir, sair com os

amigos começam a perder o sentido;

4. Recalque de conflitos – o portador percebe que algo não vai bem, mas

não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;

5. Reinterpretação dos valores – isolamento, fuga dos conflitos. O que antes

tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é

o trabalho;

Page 25: doenças mentais

6. Negação de problemas – nessa fase os outros são completamente

desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e

agressão são os sinais mais evidentes;

7. Recolhimento – aversão a grupos, reuniões – comportamento anti-social.

8. Mudanças evidentes de comportamento – perda do humor, não aceitação

de comentários, que antes eram tidos como naturais.

9. Despersonalização – ninguém parece ter valor, nem mesmo a pessoa

afetada. A vida se restringe a atos mecânicos e distância do contato social – prefere e-

mails e mensagens.

10. Vazio interior – sensação de desgaste, tudo é difícil e complicado.

11. Depressão – marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde

o sentido;

12. E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita,

que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência, e

a ajuda médica e psicológica são urgentes.

Sintomas

O desenvolvimento dessa síndrome decorre de um processo gradual de

desgaste emocional e desmotivação acompanhado de manifestações físicas e psíquicas.

Principais Sintomas: Exaustão emocional, despersonalização, reduzida realização

profissional; fadiga; dores; imunodeficiência; disfunções sexuais, desconfiança,

irritabilidade, perda da iniciativa, tendência ao isolamento.

Sinais de doença avançada: enxaquecas, insônia, gastrite e úlcera, diarréias,

crises de asma, palpitações, hipertensão, dores musculares, alergias e infecções,

depressão, aumento do consumo de café, álcool, barbitúricos e, cigarros.

Tratamento

Depois de constatado, o tratamento da síndrome de Burnout é realizado através

do psicoterapeuta.

Em alguns casos, é necessária a utilização de medicamentos como os

antidepressivos que atuam como moderadores de ansiedade e da tensão, sendo sempre

prescritos com avaliação médica.

Se perceber alguns dos sintomas, não deixe que eles tomem conta da sua vida.

Há casos em que essa síndrome resulta em depressões profundas e até ideias suicidas.

Portanto, se identificar alguns dos sintomas, busque soluções o mais rápido possível,

incluindo orientação especializada.

Page 26: doenças mentais

  A enfermagem é responsável pelo maior contingente da força de trabalho dos

estabelecimentos hospitalares, com responsabilidade pela assistência nas 24 horas,

configurando-se como o conjunto de trabalhadores que mais sofre com as inadequadas

condições de trabalho e com a insalubridade do ambiente . Para os técnicos de

enfermagem, profissionais que lidam mais diretamente com os pacientes e seus

acompanhantes, vivenciar esse contato intenso, o qual exige cuidados permanentes, gera

um conflito diário entre a realização dos procedimentos técnicos dos cuidados

demandados e a necessidade de manter a sua saúde em um ambiente de trabalho que

muitas vezes é insalubre .

Frente a todas essas questões, o profissional da enfermagem, não raramente,

manifesta uma espécie de desencanto e cansaço que, frequentemente, implica em

situação de abandono e desesperança, falta de expectativa no trabalho e

maiordificuldade no seu enfrentamento, podendo ocasionar diversos agravos em sua

saúde, física e psíquica , sendo Burnout um deles.

Page 27: doenças mentais

CONCLUSÃO

Doença mental é um termo que abarca tudo: a clínica, as ciências e a

sociedade.Já é antiga a afirmação: “de médico e de louco todos temos um pouco”.Todos

“podemos” afirmar quem é doente mental, mas não estamos imunes à doença mental.Na

maioria das vezes, as pessoas clivam e assumem-se como “médicos” (doentes são os

outros) ou em parte “loucos” - mas no bom sentido, porque loucos, verdadeiramente,

são sempre os outros.É como pensarmos que os “normais” são como nós e os doentes

são os diferentes. Nada de mais errado. Compete aos técnicos de saúde mental estudar,

avaliar, tratar e refletir, para que se consiga evoluir mais e intervir cada vez melhor, bem

como informar e alertar a sociedade para desmistificar a doença mental. Mas este aspeto

também se aplica a outras doenças que, de igual modo, tiveram que ultrapassar muitas

barreiras,apesar do conhecimento científico incompleto e da complexidade e grau de

eficácia insuficiente dos tratamentos, que contribuíram para uma grande evolução nessa

área.Ainda hoje se verifica que, por motivo de doença mental, a pessoa pode necessitar

de baixa ou estar incapaz de exercer as suas tarefas diárias e ser mal vista pela

sociedade.Ou seja, além de estar doente, tem ainda de enfrentar ou refugiar-se da atitude

de ignorância dos outros.

A doença mental é hoje definida e estudada por profissionais com métodos e

rigor científicos. O modelo estritamente biomédico considera que a doença mental é

equiparável a outras doenças, com um substrato físico, associado a alterações cerebrais,

nomeadamente, de neurotransmissores, receptores neuronais que provocam sintomas e

são tratados com medicação.Claro que isto é uma realidade, mas não se pode reduzir a

doença e o sofrimento mental da pessoa apenas ao biológico. A dimensão da doença

mental está muito para além do substrato biológico que está presente em todas as

emoções e comportamentos, quer sejam patológicos ou não. A doença mental é muito

mais complexa e, por isso, coloca dificuldades ao técnico e a quem dela sofre. Esta

complexidade, apesar de ser difícil de compreender, não pode ser desvalorizada ou

negada e, por isso, desviada para aspetos interpessoais, sociais, morais e culturais.

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