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Ler (n)o Douro
Eça de Queiroz:
breves
apontamentos
de leitura
Biblioteca do Agrupamento de Escolas
do Vale de Ovil - Baião
http://www.jornaldaslajes.com.br/integra/eca-de-queiros-na-familia-resende-e-resende-na-obra-de-eca/1459/#prettyPhoto/1/
Estátua de Eça de
Queiroz no Solar
Conde de Resendes,
em Vila Nova de Gaia
Eça viajante… por Baião
“Enfim, decidi. Apertei os punhos na cabeça, e gritei — Vou a Tormes! E vou!... E tu vens! (…) — Mas tu sabes, meu bom Jacinto, que a casa de Tormes está inabitável... Ele cravou em mim os olhos aterrados. — Medonha, hem? — Medonha, medonha, não... É uma bela casa, de bela pedra. Mas os caseiros, que lá vivem há trinta anos, dormem em catres, comem o caldo à lareira, e usam as salas para secar o milho. Creio que os únicos móveis de Tormes, se bem recordo, são um armário e uma espineta de charão, coxa, já sem teclas.” (A cidade e as serras)
Eça viajante… por Resende
“(…) algumas raras pessoas que em Lisboa ainda se lembravam dos Maias, e sabiam que desde a Regeneração eles viviam retirados na sua quinta de Santa Olávia, nas margens do Douro. (…) Em Santa Olávia as chaminés ficavam acesas até Abril; depois ornavam-se de braçadas de flores, como um altar doméstico; e era ainda aí, nesse aroma e nessa frescura, que ele gozava melhor o seu cachimbo, o seu Tácito, ou o seu querido Rabelais.”
(Os Maias)
“Mas lá abancou resignado, e muito tempo, pensativamente, esfregou com o seu lenço o garfo negro e a colher de pau. Depois, mudo, desconfiado, provou um gole curto do caldo, que era de galinha e rescendia. — Está bom! Estava realmente bom: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia. Eu, três vezes, com energia, ataquei aquele caldo: foi Jacinto que rapou a sopeira. Mas já arredando a broa, arredando a vela, o bom Zé Brás pousara na mesa uma travessa vidrada, que transbordava de arroz com favas.”
(A cidade e as serras)
Contrastes do mundo queirosiano
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Eça gastrónomo…
“[O abade] vivia tão absorvido pela sua "arte" que lhe acontecia, nos sermões de domingo, dar aos fiéis (…) conselhos sobre o bacalhau guisado ou sobre os condimentos do sarrabulho. E ali vivia feliz, com a sua velha Gertrudes, de muito bom paladar também (…). — Oh senhor pároco! dizia ele a Amaro, por quem é! mais um bocadinho de cabidela, faça favor! Essas codeazinhas de pão ensopadas no molho! Isso! Isso! Que tal, hem?”
(O Crime do Padre Amaro)
Eça gastrónomo…
“Um pobre então viera à porta rosnar lamentosamente Padre-Nossos; e enquanto Gertrudes lhe metia no alforje metade duma broa, os padres falaram dos bandos de mendigos que agora percorriam as freguesias.”
(O Crime do Padre Amaro)
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Eça no feminino…
“Era a propósito da secretária da Legação da Rússia (…). O Ega achava-a deliciosa, com o seu corpinho nervoso e ondeado, os seus grandes olhos garços... E o conde, que a admirava também, gabava-lhe sobretudo o espírito, a instrução. Isso, segundo o Ega, prejudicava-a: porque o dever da mulher era primeiro ser bela, e depois ser estúpida... O conde afirmou logo com exuberância que não gostava também de literatas; sim, decerto o lugar da mulher era junto do berço, não na biblioteca...” (Os Maias)
Eça no feminino…
“A mulher só devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem..”
(Os Maias)
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Eça no feminino…
“Precisava de uma mulher serena, inteligente, com uma certa fortuna (não muita), de carácter firme disfarçado sob um carácter meigo, que me adotasse como se adota uma criança, me obrigasse a levantar a certas horas, me forçasse a ir para a cama a horas cristãs –e não quando os outros almoçam – que me alimentasse com simplicidade e higiene, que me impusesse um trabalho diurno e salutar e que, quando eu começasse a chorar pela Lua, ma prometesse – até eu a esquecer….”
(Carta de Eça a Ramalho Ortigão)
Palavras de Emília…
“Parece-me que a solidão é má para ti. O que eu queria era estar contigo, a tua solidão assim adoentado custa-me tanto. Sempre que pensares em mim, podes quase ter a certeza que estou pensando em ti.”
(Eça de Queiroz entre os seus)
Eça, o …
Que olhares
vou encontrar
nas palavras de Eça?
Redescobrir Eça…
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