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Palestra ministrada no Seminário para Educadores Cristãos de Colombo - PR 24 de maio de 2014.
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SEMINÁRIO PARA EDUCADORES
CRISTÃOS – COLOMBO-PR
EDUCAÇÃO CRISTÃ
LIBERTADORA
Prof. Ms. Natalino das Neves
www.natalinodasneves.blogspot.com.br
“Aconteceu que ao terminar Jesus
essas palavras, as multidões ficaram
extasiadas com o ensinamento,
porque as ensinava com autoridade e
não como os seus escribas” ( Mt 7:28).
“[...] Pois aconheram a Palavra com
toda a prontidão, perscrutando cada
dia as Escrituras para ver se as coisas
eram mesmo assim” (At 17.11b).
RESUMO
A presente pesquisa se propõe a fazer uma análise crítica do livro de Jó a partir de uma
releitura freireana da educação aplicada, contextualizando e contrastando com a
educação cristã na atualidade, com vistas identificar práticas educacionais mais adequadas
para a emancipação do ser humano.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que dará a fundamentação teórica ao estudo.
E, com base na fundamentação teórica será construída uma reflexão sobre a relevância de
uma educação cristã que contribua para a emancipação do ser humano.
INTRODUÇÃO
• História da humanidade = educação como
instrumento poderoso de disseminação de
ideologias (humanização vs desumanização).
• Prática que continua acentuada para controle e
perpetuação de práticas e estruturas de poder,
pois ela interfere na consciência e formação do
indivíduo.
• Sociedade contemporânea = Teologia
consumista.
• Mercantilização da sociedade e teologia Vs
prática educacional que contribua para a
emancipação do ser humano.
INTRODUÇÃO
1. A CONCEPÇÃO
FREIREANA DE EDUCAÇÃO
Paulo Freire
• Nasceu em Recife em 1921
• Faleceu em 1997.
• É considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente.
• Existem mais textos escritos em outras línguas sobre ele, do que em nossa própria língua.
• Primeiras experiências educacionais = Angicos – RGN - em 1962: 300 trabalhadores rurais se alfabetizaram em 45 dias.
Paulo Freire
• Golpe militar de 1964 – Prisão (72d).
• Exilado por 14 anos no Chile (1968 – Pedagogia
do Oprimido) e posteriormente vive como cidadão
do mundo.
• 1980 – Retorna do exílio e continua escrevendo e
debatendo assuntos sobre educação
(universidades, secretário municipal de SP – 89).
• Doutor Honoris Causa por 27 universidades,
Freire recebeu prêmios como: Educação para a
Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos
Continentes (da Organização dos Estados
Americanos, 1992).
Educação
Bancária
Educação bancária
• Para Paulo Freire (2005, p. 65-68) existem duas classes em nossa sociedade: opressores e oprimidos.
• Bancária = o oprimido recebe um conteúdo previamente formatado para manutenção do “status quo”.
• Nesta educação o educador é o sujeito que deposita "comunicados" no educando, que funciona como vasilha a ser enchida, que recebe, memoriza e repete os “comunicados” - relação verticalizada, verbalista e autoritária.
Educação bancária
Educação bancária
• Características da relação educador-educando – ver (NEVES, 2013, P. 49).
• Esta prática educacional não é novidade, pois em todas as épocas, dominadores em defesa da manutenção do poder, sempre monopolizaram a classe dominada, não permitindo que esta pensasse (FREIRE, 2005, P. 150).
• Educação necrófila que provoca revolta – ver (NEVES, 2013, P. 49).
Educação bancária
• Esta educação conduz à “morte” do ser humano, como afirma Freire (2005, p. 74) “A opressão é um controle esmagador, é necrófila. Nutre-se do amor à morte e não do amor à vida”.
• Medo da mudança.
• Educação antidialógica que gera o hospedeiro opressor.
Hospedeiro opressor - sugestão:
Educação
Libertadora
Educação Libertadora
• O educador deve ter o educando como seu companheiro, a serviço da libertação e contra a educação que serve à opressão e a morte do ser humano (FREIRE, 2005, p. 71).
• Ao contrário da bancária, na educação problematizadora a função do educador não é mais de apenas educar, mas também receber educação enquanto ensina, educador e educando simultaneamente sujeitos do processo educacional.
Educação Libertadora
• O educador deve impor um caráter altamente reflexivo, fazendo emergir no educando, levando-o desvendar a realidade do mundo em que vive de forma crítica com vistas à transformação criadora.
• Entretanto, isso não é possível no isolamento e individualidade, mas na solidariedade dos existires dos seres humanos conscientes de sua inconclusão e na luta pela sua humanização.
Educação Libertadora
• Esta educação não serve ao sistema de dominação, pois “nenhuma ‘ordem’ opressora suportaria que os oprimidos todos passassem a dizer: ‘por quê?’” (FREIRE, 2005, p. 83-87).
• A essência desta educação como prática da liberdade está na sua prática dialógica, o que Paulo Freire chama de "dialogicidade”.
• Este diálogo deve ser um ato de criação de conquista dos sujeitos dialógicos, nunca para a dominação de um ser humano por outro (FREIRE, 2005, p. 89-91).
Educação Libertadora
• “consciência real ou efetiva” Vs “consciência máxima possível”.
“A conscientização e a dialogicidade possibilitam uma postura profética e de esperança para as pessoas envolvidas no processo de transformação. Uma
transformação coletiva e pela humanização” (NEVES, 2013, P.74).
4. UMA RELEITURA
FREIREANA DO LIVRO DE
JÓ
Onde está a educação
no livro de Jó?
Uma releitura freireana do livro de Jó
• A antieducação (teologia da retribuição) dos
tempos de Jó servia como instrumento de uma
ideologia de dominação, semelhante à educação
bancária apresentada por Paulo Freire.
• Ideologia de dominação, que segundo SANTOS
(p. 34), serve como um sistema de pensamento
que legitima, justifica e contribui para manutenção
do “status quo” vigente, impedindo a mudança
social.
Uma releitura freireana do livro de Jó
• Por isso, a teologia oficial não podia dar respostas à situação de Jó, pois ela não havia sido instituída para esse fim e, como afirma Freire, cedo ou tarde o oprimido irá se rebelar contra a educação bancária, isso ocorreu com Jó quando foi em busca de respostas.
• Esta era a condição dos três amigos, em defesa da religião e oprimindo o “amigo” sofredor e doente. Para eles, por conta da educação recebida, o injusto estava devidamente sendo punido.
Uma releitura freireana do livro de Jó
• Semelhante ao que Freire (2005, p. 24-25) chama de “medo da liberdade” e “perigo da conscientização”, devido às incertezas das conseqüências.
• O opressor também precisa de libertação, mas para isso deve reconhecer sua situação de opressor e deixar de ser, transformando radicalmente a situação concreta que gera a opressão.
Uma releitura freireana do livro de Jó
• As técnicas utilizadas pelos amigos de Jó (“revelações”, “superioridade” e autoridade imposta pela antieducação vigente) se assemelham com as do sistema dominante da educação bancária de Freire.
• o povo de Israel era ambíguo e hospedavam o opressor dentro de si e isso dificultava uma sociedade de igualdade.
• Atitude tomada por Jó: questiona a antieducação imposta e no enfrentamento dos opressores dominantes para a mudança da realidade.
Uma releitura freireana do livro de Jó
• E hoje?
• Teologia da retribuição = Teologia da prosperidade.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Foi identificada a similaridades entre a
concepção freireana de educação e o processo
educacional presente no livro de Jó.
O educador cristão deve ser um agende de Deus
para transformação de uma realidade de
opressão para uma libertação. Mudança que não
vem sozinha, mas com a prática da solidariedade
e da consciência coletiva.
Esta pesquisa provoca uma reflexão e comprova
que nem todas as igrejas “cristãs” pregam uma
religião gratuita, mas instrumentalizam a
educação para seus próprios interesses,
operacionalizando uma religião mercantil e
interesseira.
Qual educação você tem realizado?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOFF, Clodovis M. Teologia da Libertação e Volta ao Fundamento. Disponível em www.adital.com.br, consultado em 10/06/2009.
CERESKO, Anthony R. A sabedoria no Antigo Testamento. São Paulo: Paulus, 2004.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 5ª Edição, São Paulo: Brasiliense, 1980.
DOBBERAHN, Erich. Educação bancária ou educação libertadora. São Leopoldo: Escola Superior de Teologia – EST, 1991.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47ª Edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GRADL, Felix e STENDEBACH, Ranz Josef. Israel e seu Deus: guia de leitura para o Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2001.
GRENZER, Matthias. Análise poética da sociedade: um estudo de Jó 24. São Paulo: Paulinas, 2005.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENDONÇA, Nelino Azevedo de. Pedagogia da humanização: a pedagogia humanista de Paulo Freire. São Paulo: Paulus, 2008.
NEVES, Natalino das Neves. Educação Cristã Libertadora: a caminho de uma pedagogia humanizadora na Igreja. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.
ROSSI, Luiz Alexandre Solano. A falsa religião e a amizade enganadora: o livro de Jó. São Paulo: Paulus, 2005.
ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Jesus vai ao Mc Donald’s: Teologia e sociedade de consumo. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.
SANTOS, Leontino Faria dos. Educação: libertação ou submissão? A Ideologia da Educação Protestante na perspectiva da APEC. São Paulo: Edições Simpósio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SHREINER, J. Palavra e mensagem do Antigo Testamento. São Paulo: Teológica, 2ª Edição, 2004.
SIMIAN-YOFRE, Horácio (coord.). Metodologia do Antigo Testamento. Coleção Bíblica Loyola 28. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
STORNIOLO, Ivo. Como ler o Livro de Jó: o desafio da verdadeira religião. São Paulo: Paulus, 5ª Edição, 2008.