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Emma eberlein o. f. lima, samira a. iunes portugues via brasil - 2005

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1. Sobre as autoras: Emma Eberlein O. F. Lima, Mestre em Letras pela Universidade de So Paulo. Professora de Portugus para estrangeiros em So Paulo. Coautora de: Avenida Brasil- Curso bsico de Portugus para estrangeiros (E.P.U.); Portugus Via Brasil- Curso avanado para estrangeiros (E.P.U.); Falar... Ler... Escrever... Portugus - Um Curso para Estrangeiros (E.P.U.); Dilogo Brasil - Um curso intensivo de Portugus; Ingls - Telecurso de Segundo Grau (Fundao Roberto Marinho). Diretora da Polyglot - Cursos de Portugus para estrangeiros em So Paulo . Samira Abirad Iunes, Doutora em lngua e literatura francesa pela Universidade de So Paulo (USP). Professora do Departamento de Letras Modernas da USP - Curso de Francs e do Curso de Especializao em Traduo francs-portugus/ portugus-francs. Coautora de: Avenida Brasil- Curso bsico de Portugus para estrangeiros (E.P.U.); Portugus Via Brasil - Curso avanado para estrangeiros (E.P.U.); Falar. .. Ler.. . Escrever. .. Portugus - Um Curso para Estrangeiros (E.P.U.); Dilogo Brasil- Um curso intensivo de Portugus. Capa e desenhos: Pergaminno Design Projeto Grfico: Cia Editorial Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (C1P ) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lima, Emma Eberlein O. F. Portugus via Brasil: um curso avanado para estrangeiros / Emma EberJein O. F. Lima, Samira Abirad Iunes. -- Ed. atual. e ampl. - So Paulo: EPU 2005. Bibliografia. ISBN 85-12-54380-9 1. Portugus - Estudo e ensino - Estudantes estrangeiros. 2. Portugus - Livro-texto para estrangeiros. I. Iunes, Samira A. lI. Titulo. 111. Ttulo: Um curso avanado para estrangeiros. 05-1903 CDD-469.824 ndices para catlogo sistemtico: 1. Portugus: Livros-texto para estrangeiros 469.824 2. Portugus para estrangeiros 469.824 I'" reimpresso, 20IO (com Nova ortografia) [SBN 978-85-[2-54380-9 E.P.U. - Editora Pedaggica e Universitria Ltda., So Paulo, 2005. Todos os direitos reservados. A reproduo desta obra, no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorizao expressa e por escrito da Editora, sujeitar o infrator, nos termos da lei nt s '7, iJ.m eDl . . . . . . . QlrciO .. . ... . . .. . . . . . .. . . . . ... ... . . . . . . . .. . . . / .. .. . . . . . / . . / . / . 26 32. 1. 3. 4. C. Crie adjetivos compostos. Use sua imaginao. Observe o exemplo. 2. rosa - seda rosa-beb amarelo - vestido amarelo-gema cinza - camisa cinza-rato branco 5. marrom vermelho 6. verde azul 7. roxo rosa 8. cinza Cotidiano Brasileiro Cena brasileira: O Negro O Preconceito racial Cento e tantos anos depois da Abolio da Escravatura, a libertao dos negros ainda uma questo mal resolvida. Dentro da totalidade da populao brasi leira, o negro minoria - 44% de todos os habitantes do pas, considerando-se nesse gru po todas as pessoas de pele mais escura - do negro de pele preta com reflexos azulados ao mulato claro. Na camada pobre, no entanto, os negros formam a maioria. Se, de cada dez brasi leiros, quatro so negros, de cada dez brasilei ros pobres, os negros so seis. Embora ilegal desde 1951, a discriminao racial est integrada ao cotidiano brasileiro. o preconceito racial nao assume formas agressivas, mas faz, indiscutivelmente, parte do comportamento da populao. O racismo, condenado publicamente, de forma vigorosa, frequentemente aflora na esfera privada e em situaes concretas de trabalho. O brasileiro reage de forma emocional, indignada mesmo, se acusado de possuir preconceito racial. A atitude das classes mdia e alta, porm, o contradiz. Na classe baixa, no entanto, h confraternizao - a confraternizao na pobreza. nessa camada que se verifica a miscigenao. 27 33. . k:1? . ' Responda. 1. Explique: cem anos depois da Abolio, a libertao dos negros ainda uma questo mal resolvida. 2. O que significa: de cada dez brasileiros, quatro so negros, mas de cada dez brasileiros pobres os negros so seis. 3. Pode-se afirmar que a atitude dos brasileiros em relao ao preconceito racial evasiva. Explique. 4. A posio de pessoas como Pel e tantos outros esportistas e artistas negros dentro da sociedade brasileira no , em si, uma prova da ausncia de preconceito racial entre os brasileiros? Discuta. Linguagem Coloquial Vamos acabar com esta folga 28 o negcio aconteceu num caf. Tinha uma poro de sujeitos, sentados nesse caf, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemes, o diabo. De repente, um alemo forte pra cachorro levantou e gritou que no via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocao e logo um turco, to forte como o alemo, levantou-se de l e perguntou: - Isso comigo? - Pode ser com voc tambm - respondeu o alemo. A ento o turco avanou para o alemo e levou uma traulitada to segura que caiu no cho. Vai da o alemo repetiu que no havia homem ali dentro pra ele. Queimou-se ento um portugus que era maior ainda do que o turco. Queimou-se e,.no conversou. Partiu para cima do alemo e no teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos. O alemo limpou as mos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. No havia homem para ele ali naquele caf. Levantou-se ento um ingls troncudo pra cachorro e tambm entrou bem. E depois do ingls foi a vez de um francs, depois de um noruegus etc. etc. At que, l do canto do caf, levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros: - Isso comigo? O alemo voltou a dizer que podia ser. Ento o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemo. Parou perto, balanou o corpo e ... pimba! O alemo deu-lhe uma porrada na cabea com tanta fora que quase desmonta o brasileiro. Como, minha senhora? Qual o fim da histria? Pois a histria termina a, madame. Termina a que pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que so mais malandros do que os outros. Stanislaw Ponte Preta - Tia Zulmira e Eu 34. __________ ___________ A. Substitua as expresses destacadas por outras com mesmo sentido. 1. O negcio aconteceu num caf. 2. Tinha uma poro de sujeitos sentados nesse caf, tomando umas e outras. 3. Havia brasileiros, portugueses, franceses ..., o diabo. 4. De repente, um alemo forte pra cachorro levantou ... 5. Vai da o alemo repetiu que no havia homem ali dentro pra ele. 6. Queimou-se ento um portugus ... 7. ... e no conversou. Partiu pra cima do alemo. 8. Levantou-se ento um ingls ... e tambm entrou bem. B. Explique. 1. Ento o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa. 2. ... e veio vindo gingando assim. 3. ... veio vindo... pro lado do alemo. C. Explique o ttulo. Gramtica Nova (I) Formao de palavras (2) Formando verbos E (n) + adjetivo + ecer Exemplo: (velho) en + velh (o) + ecer = envelhecer Gordura envelhece! Andar emagrece! Pensar enlouquece! A. Forme o verbo. 1. velho 3. rICO 5. surdo 2. fraco 4. pobre 6. mudo 7. duro B. Complete com verbos da lista dada. 1. Os maus negcios o tinham (pobre) . Seu crdito junto aos bancos tinha (fraco) . Mas nada o abatia. Ele tinha certeza de que, mais dia menos dia, (rico) novamente. No valia a pena pensar nas dificuldades. No queria (louco) 29 35. ______ ______ 7. 7. 8. en + adjetivo + ar Exemplo: (direito)en + direit(o) + ar = endireitar Ele levantou a cabea, endireitou as costas, engrossou a voz ... e partiu para a briga! A. Forme o verbo. 3. curto 6. feio1. direito 2. grosso 4. comprido 7. belo (beleza) 5. torto B. Complete com verbos da lista dada. 1. Moda moda! Siga-a sem discutir. Se, no ano passado, voc (curto) suas saias, (comprido) -as agora! Roupas fora de moda (feio) voc. a + adjetivo + ar Exemplo: (fino)a + fin(o) + ar = afinar Abaixo as calorias! A ordem agora afinar a cintura, ajustar o cinto, acertar as medidas.Vamos luta! A. Forme o verbo. 8. macIO1. fino 4. justo 2. fundo 5. liso 9. certo 10. longo3. prximo 6. frouxo 7. doce B. Relacione: 1. acertar 6. afrouxar ) a saia ) a gravata 2. alisar adoar ) o caf ) o cabelo 3. afundar 8. amaCiar 4. aproximar 9. alongar 5. ajustar 10. alargar C. Responda usando os verbos dados. ) -se do objeto ) na piscina ) contas com algum ) o pelo do gato ) a conversa ) no alvo, na loteria 1. Esta saia est muito comprida. O que devo fazer? Voc vai tomar caf sem acar? 2. Meu cabelo est muito crespo. Voc acha que A notcia a alegrou? posso dar um jeito nele? 3. A pulseira de seu relgio no est muito apertada? 4. Esta rua muito estreita. O que voc sugere que a Prefeitura faa? 5. Voc acha que este monumento de concreto embeleza nossa cidade? 6. U! Ele sempre foi pobre e agora vive como um rei! O que foi que aconteceu? 9. O regime que ela fez deu resultado? 10. Por que ela lanou todo aquele dinheiro pela janela? 11. Este creme est muito fino. O que que vamos fazer? 12. Meu filho, voc anda muito curvado. O que que eu vivo lhe dizendo? 30 36. Pausa Como que ?1 A. Explique o sentido destas frases. 1. Ele pegou a moto e saiu voando para o aeroporto. 2. Esse mdico de morte. a quantidade de remdios que ele me receitou. 3. O forno estava muito quente e a clara ficou escura. 4. Est na cara que ela coroa. 5. Cuidado com ele! Ele esperto pra burro. 6. Esse inseticida mata pernilongos. Mata mesmo. No tem mosquito. 7. Chegando em casa, ele se deitou correndo. 8. Ficar sem gua fogo. 9. Este aougueiro conhece os ossos do ofcio. 10. Ele comprou mas a preo de banana. 11. A venda de lees para o zoolgico deu zebra. A das cobras deu bode. 12. O celular descarregado deixou-o uma pilha. 13. Na discusso, perder o fio da meada o n do problema. 14. Eu estou de olho no preo vista. 15. Estes culos me custaram os olhos da cara. 16. Todo mundo adorou o vatap. A receita anda de boca em boca. 17. Esse mecnico tem um parafuso a menos. 18. Depois desta competio, o nadador vai pendurar as chuteiras. 19. Terrao sem telhado? No sei o que deu na telha do arquiteto. 20. O motorista ligou o carro e ps o p na estrada. 31 37. _________ __________ ___________ _ ______ Gramtica Nova (11) Adjetivos: Superlativo Tudo foi to rpido! Ele estava triste bea, mas a ela entrou, superanimada e, num instante, l estava ele sorrindo alegre, alegre. Dez minutos depois, j estavam agarradinhos, felizes, como dois pombinhos! O nibus est muito cheio. Ele est chessimo. Esta ideia pode ser expressa de vrias formas: - com palavras de reforo - com repetio O nibus est tremendamente cheio. O nibus est cheio, cheio. O nibus est pra l de cheio. - com diminutivo O nibus est cheio bea. O nibus est cheinho. Nele, todo mundo vai - com prefIxo apertadinho. O nibus est supercheio. - com uma comparao O nibus est ultracheio. Nele, as pessoas viajam como sardinhas em lata. O nibus est hipercheio. A. Superlative a ideia. 1. Voc est maluco? Uma viagem dessas cara. 6. Ele est entusiasmado com nosso plano. (com palavra de reforo) 7. Chi! O vidro de cola ficou aberto. A cola est 2. Esta sua ideia interessante. (com prefixo) seca. 3. Ele saiu com uma garota linda. (com repetio) 8. Com Zs-Trs seus dentes vo ficar brancos. 4. Parabns! Seu exerccio est certo. (com diminutivo) 10. Abaixe o volume! Esta msica me deixa Coma uma fatia de abacaxi! Est doce. (com nervosa. comparao - mel) B. Substitua o superlativo dado por expresso de mesmo valor. 1. sucesso probabilssimo 6. presente personalssimo 2. carta amicssima 7. amigos simpaticssimos 3. costume antiqussimo 8. cristal fraglimo 4. homem pauprrimo 9. de primeirssima qualidade s. casal felicssimo 10. samba brasileirssimo s. 9. No vero, com o sol to forte, a terra fica dura. sala clarssima - sala superclara casa limpssima - casa limpa, limpa. 32 38. c. o que quer dizer? - O que voc vai dar pra ele? - E quem apareceu depois? - Coisssima nenhuma. Ele no merece nada. - O mesmssimo homem. No incrvel? - Pronto. Aqui est o que voc me pediu. - Muitssimo obrigada. Faa frases com os superlativos acima. Expresses coloquiais com valor superlativo Podre de rico - magro de dar pena Lindo de morrer - feio de dar medo Feio como o diabo Doce feito mel Preto que nem carvo Forme frases de valor superlativo, ligando palavras esquerda com outras direita. 1. 2. amargo magro como peru, como camaro, como pimento! como papagaio! 3. preto 4. surdo S. molhado 6. trabalhar 7. branco 8. vermelho 9. forte 10. bbado 11. falar 12. manso Brasileiro como o qu!! feito gamb! como um pinto! que nem carvo! feito um cordeiro! que nem um palito! feito neve! feito burro! como fel! como touro! como uma porta , - 33 39. ' '. ' >... 8;- .. .,:, ' P , ' d I IIXII ronuncla e pa avras com Som de: CH (queixa) 1. Em geral depois de ditongo a queixa a ameixa a paixo apaixonada a caixa o peIxe a faixa o queixo o feixe baixo debaixo deixar 2. Em geral depois de - en enxame enxoval enxada enxaguar enxuto enxerto 3. Outras palavras oxal roxo bruxa xadrez xarope faxina Alexandre Mxico mexer Leia as frases em voz alta, Z (xito) o xito o xodo o exame o exemplo o exagero o exerccio o exrcito executar execuo exato a exatido exatamente existir a existncia exonerar 1. Os edifcios tm excelente extenso. 2. Na expectativa dos prmios, as crianas ficam extremamente excitadas. 3. Ele est cansado de fazer excees. 4. Envio cumprimentos extensivos a toda a famlia. 5. Todos se queixaram das questes do exame. 6. A explicao sobre o caso foi extraordinria. 7. No adianta exigir mais dele. Ele j est fazendo o mximo. 34 5 - 55 - 5C (exceo) a exceo a experincia excelente exclamar a exclamao expressar expressIvo a expresso explicar extraordinria extra expiar extremo auxiliar o auxlio externo exterior explcito sexta-feira expor expulsar extinguir o texto prximo aproximar trouxe trouxeram trouxerem expediente 8. A exposio foi um xito. K5 (sintaxe) a sintaxe o txi o txico o trax o sexo sexual o nexo fixar fixo o sufixo anexar o prefixo o lxico ortodoxo oxignio flexo sexagenrio anexo reflexo flexvel asfixiado reflexo fluxo 9. Ele precisa de frias para relaxar pois est exausto. 10. Em Bruxelas, Xavier nos auxiliou o tempo todo sem se queixar. 11. O resultado do exame deixou-o perplexo. 12. Ele est perdidamente apaixonado e com ideia fixa de se casar ainda este ano. 40. agradecer ____ ______ ___ _____ _____ _____ _____ _____ _____ _____ Regncia Verbal (2) Verbos e suas Preposies verbo ajudar apaIxonar-se aprender aprOXImar-se arrepender-se bater cansar(-se) sem preposio com substantivo A. Complete com a preposio adequada. 1. De todo corao, agradeo todos. com preposio com preposio + substantivo + infinitivo a a por a de de de em de de 2. Elisa apaixonou-se (o) vizinho. Ela quer aproximar-se (ele) a todo custo e no faz segredo disso. 3. Cansei-me vocs. Cansei-me ouvir bobagens. Aconselho vocs pensar antes de falar. 4. O carro bateu (o) poste e depois (o) muro. O acidente acabou o carro. 5. Nunca me arrependi ter dito aquilo. Nunca me arrependi (isso). 6. Preciso ajudar Joana preparar a festa. B. Relacione. 1. apaIxonar-se 2. arrepender-se 3. acabar 4. aprender 5. bater ) de gastar dinheiro ) a esperar ) no moleque ) pela ideia ) com a alegria 35 41. - 36 - ) Ponto de Vista A. Responda. Viajar para qu? Por mim, prefiro no viajar. Detesto o tempo perdido nos aeroportos, a poltrona apertada no avio, as horas sonolentas, a bagagem ... Odeio perambular por cidades novas para mim, s vezes no frio e na chuva, enfrentando a indiferena de pessoas que mal me veem, que nem sempre me entendem, que no sabem quem eu sou; percorrer longas ruas e corredores de museus, naves de igrejas, contemplando, contemplando ... Dizem por a que, quando se viaja, se aprende. Duvido muito. Os prdios, os monumentos, os quadros, os fatos se fixam em nossa memria e, rapidamente, quase todos se apagam. Viajar no comigo. Prefiro ficar aqui, na minha cidade, observando as mudanas na paisagem, que conheo de cor. Aqui, eu sou eu. Aqui as pessoas me veem. Minha passagem registrada e isso me d tranquilidade. Nas paisagens que visito, no deixo rastros. No sou ningum fora daqui. Emma Eberlein o. F. Lima 1. Voc concorda com a opinio expressa neste texto? Discuta. 2. Viajar viver fora da prpria realidade. Voltar reinstalar-se nela. Voc concorda com essa ideia? B. Redao O que significa viajar para voc? 42. '?J. Linguagem Formal Os SinaiS do tempo A mquina do mundo, esse mecanismo imenso que move os cus e a Terra funciona de acordo com leis estritas e precisas que a astronomia estuda. To precisas e exatas e constantes so essas leis, que sobre elas construram os homens o calendrio que rege suas vidas. A escurido da noite e a luz da manh. O calor do vero e o frio do inverno sucedem-se a intervalos nem sempre previsveis e confiveis. Solstcios, equincios tm dia certo no ms e no ano para ocorrer. E no h notcia de que essa regularidade, digamos sua, da mquina do mundo tenha falhado em qualquer tempo ou em qualquer idade. H pocas, h anos inteiros, entretanto, em que os mais simples acontecimentos da vida na Terra parecem refutar o rigor dos astros. O calendrio confunde-se e perde o compasso. Bichos e plantas obedecem a sinais obscuros que a astronomia no explica. Este ano que passou foi um desses. Nas alturas do Trpico, as quaresmeiras floriram ainda em janeiro e fevereiro, muito antes do carnaval. O vero comprimiu-se numa semana, e quase no houve. O outono apressou-se, A. Responda estendeu-se, e engoliu o inverno. A primavera (se que se pode chamar isso de primavera) j veio misturada ao vero seguinte, cujos calores e aguaceiros chegaram logo em outubro, um outubro com cara e gosto de dezembro. Tantos desregramentos desorientaram no s as flores, como tambm os frutos. As mangas, por exemplo, comearam a amadurecer em setembro. E mesmo as melhores vieram aguadas, sem graa. O excesso de chuvas, a falta do habitual perodo de seca do meio do ano tirou-lhes o gosto, assim como impediu as buganvleas, ao menos no Rio, de florirem com a fria e o esplendor costumeiros. No Sul, houve e continua a haver vendavais terrveis e aguaceiros destruidores. Estaes do ano se atropelam e se confundem, bichos e plantas que saem do srio, tudo isso so irregularidades menores que no chegam a assustar os homens. Mas, por que no admitir que esses pequenos sinais humildes sejam o prenncio de mudanas, de acontecimentos maiores? Fernando Pedreira O Estado de So Paulo- (adaptao) 1. O texto pe duas situaes em oposio. Quais so elas? 2. Em que lugar da Terra ocorreu o descompasso do mundo? 3. Voc capaz de colocar os acontecimentos "desregulados" nos seus devidos lugares, ou melhor, no seu devido tempo? 4. Baseado no texto, voc poderia dizer como deveriam ser as estaes citadas? 5. O que preciso para que as frutas tenham sabor e as buganvleas floresam? 6. Eis algumas imagens extradas do texto. Explique-as e faa frases com elas: a mquima do tempo perder o compasso sair do srio 7. A que concluso chega o autor do texto, diante de tantas irregularidades? , - 37 43. 47 Texto Inicial Gramtica em Reviso Cotidiano Brasileiro linguagem coloquial Gramtica Nova (I) Pausa Gramtica Nova (11) Ponto de Vista linguagem Formal unidade3 40 Futuro do Subjuntivo 44 Conjunes de Futuro do Subjuntivo 44 Criana ontem e hoje Futuro do Subjuntivo com oraes relativas 45 Expresso tpica da lngua: Venha quem vier 46 Verbo ver 46 Verbo poder 47 Contraes 47 Todo - tudo Numerais 48 Preposies - locomoo 48 Cena pernambucana 49 Num pas com tanto sol ... 50 Verbos compostos de ter 5 1 Verbos compostos de ver 53 Pronomes oblquos com valor possessivo 53 Sentido prprio - Sentido rigurado 54 Substantivos coletivos 55 Regncia verbal (3) 56 Simpatias 57 Do sol & da chuva com pequeno milagre - Gabriela Cravo e Canela - Jorge Amado 58 44. ' ,:;/;: "J. 4 ", ; Texto Inicial Criana ontem e hoje Quem v a folga em que vive a meninada de hoje no pode fazer ideia de como a criana j foi um ser de segunda classe. No tinha lugar de honra, nem lhe era reservada a melhor parte. No se metia em conversa de gente grande. Se ficava quieta, ouvindo os adultos conversarem, logo algum da roda mandava a pobre coitada l dentro buscar um copo de gua - simples pretex to para aprofundar a confidncia ou a maledicn cia sem o incmodo testemunho infantil. O respeito aos mais velhos era um dogma e a criana tinha de mostr-lo por suas boas manei ras, desde o cumprimento at uma submisso servil. Criana no tinha vontade. Sua funo era decorativa. Limitava-se a aparecer na sala de visitas, para umas gracinhas convencionais. Recitava, dizia algumas coisinhas bonitinhas, morrendo de timidez, e depois sumia. O menor suplcio consistia em cumprimen tar, reverente e amvel, receber uns tapinhas nas bochechas e responder s perguntas de sempre: nome, idade, em que ano est no colgio, que que vai ser etc. Havia crianas que trabalhavam como mou ros, pois era aconselhvel educ-las desde cedo no amor de pesadas tarefas. Menina ajudava em casa, dava um duro de escrava. Menino era uma antecipao de offi ce-boy, supria a falta do telefone e de outros instrumentos de comunicao. Se trabalhava no balco, ou se ensaiava qualquer ofcio, como aprendiz, jamais se falava em remunerao. Devia levantar as mos para o cu e agradecer a oportunidade de aprender. De um modo geral, as crianas arcavam com os deveres e os direitos eram reservados aos adultos. No de estranhar que todo garoto desejasse ardentemente crescer. Libertar-se daquela onerosa submisso, deixar para trs a escravido da infncia e ser gente grande, cidado de primeira classe. Os tempos mudaram. Vulgarizou-se o conhe cimento de uma psicologia que, certa ou errada, valorizou a garotada e passou os velhos para trs. preciso todo cuidado para no chocar o menino, para no criar nele sentimento de culpa, nem assust-lo com a ameaa de castigo. J nem se fala em castigar mesmo, pois o simples temor do castigo um perigo para a delicada alma infantil. Autoridade uma palavra praticamente banida e os coroas so fundamentalmente uns sujeitos retrgrados, quadrados, que no sabem onde tm o nariz. A velha escola costuma, porm, dar resulta dos prticos. o caso de um amigo meu, que voltou da Europa de navio, tendo a bordo um garoto infernal, que no deixava ningum em paz. De sorriso amarelo, todo mundo aceitava o imprio do demnio, enquanto os pais do bandi do se orgulhavam de sua brutal desinibio. Eis, porm, que meu amigo achou jeito de pegar o garoto a ss e aplicou-lhe, de cara fecha da, um belisco histrico, seguido de enrgicos safanes. Apontou-lhe depois o mar e ameaou atir-lo na gua, se denunciasse aquele episdio ou se insistisse em infernizar a vida a bordo. O resultado foi surpreendente: o menino virou uma flor e desembarcou no Rio miraculo samente mudado, evitando sempre cruzar o olhar com meu mal-encarado amigo e seu improvisado professor. Quando vejo o esforo que tanta gente hoje faz para compreender os jovens, em particular os ado lescentes, penso nesse meu amigo. Sustenta ele que o caso, muitas vezes, mais de corrigir do que de compreender. Sua pedagogia baseia-se no belisco. ante rior a Freud e, evidentemente, muito anterior a essa juventu de esportiva que sabe jud, carat e outras bossas da Psico logia moderna. Otto Lara Resende (adaptao) 40 45. A. Escolha a melhor alternativa. Segundo o texto 1. Quem v a folga em que vive a meninada de hoje no pode fazer ideia de como a criana j foi um ser de segunda classe. a. a meninada de hoje no trabalha. b. a meninada de hoje vive melhor que a de antigamente. c. ningum se lembra hoje de como a meninada de antigamente sofria. d. antigamente os adultos no tratavam bem as crianas. 2. Criana no tinha vontade. a. as crianas no sabiam o que queriam. b. as crianas eram pequenos robs. c. as crianas no se revoltavam contra os adultos. d. os adultos mandavam nas crianas. 3. ... simples pretexto para aprofundar a confidncia ou a maledicncia sem o incmodo testemunho infantil. a. com as crianas por perto no era possvel fazer fofocas. b. as crianas gostavam de ouvir fofocas. B. Certo ou errado? De acordo com o texto 1. as crianas antigamente eram tratadas como escravas c. as crianas inibiam os fofoqueiros. d. as crianas no podiam ouvir fofocas. 4. Menino era uma antecipao de office boy: supria a falta do telefone e de outros instrumentos de comunicao. a. os meninos eram preparados para serem office-boys. b. os meninos faziam servios de office-boys porque no havia telefone. c. no havia office-boys antigamente. d. os meninos andavam para l e para c, levando recados, como os office-boys de agora. 5. preciso todo cuidado para no chocar o menino, para no criar nele sentimento de culpa, nem assust-lo com a ameaa de castigar mesmo, pois o simples temor da punio um perigo para a delicada alma infantil. Nesta passagem o autor est a. ironizando b. explicando c. denunciando d. fazendo uma advertncia C E 2. a garotada antigamente era "ser de segunda classe" porque no tinha vontade prpria 3. as crianas de antigamente eram submissas 4. as crianas ajudavam os adultos dentro e fora de casa . 5. os adultos de antigamente eram egostas 6. os adultos de antigamente faziam a meninada tra balhar porque acreditavam que isso era bom para ela 7. criana antigamente s tinha deveres 8. as crianas aceitavam bem seu papel de "ser de segunda classe" 9. todo mundo agora entende de psicologia infantil 10. as pessoas aprovam o comportamento da crianada de hoje 41 46. ______ 4. C. Assinale o significado, no contexto, da palavra destacada. 1. Quem v a folga em que vive a meninada de hoje ( ) falta de trabalho ( ) descontrao ) festa 2. ... mandava a pobre coitada l dentro ( ) sala ( ) cozinha ) para dentro de casa 3. Menina dava duro de escrava ( ) trabalha como ) revoltava-se como ) cansava-se como 4. Se trabalhava no balco ( ) numa loja ) numa fbrica ) num escritrio 5. As crianas arcavam com os deveres ( ) eram responsveis por () aceitavam ) faziam 6. No de estranhar que todo garoto desejasse ardentemente crescer ( ) estranho ( ) fcil entender ( ) fcil concordar com 7. ... e ser gente grande ( ) adulto ) alto ) importante 8. Vulgarizou-se o conhecimento de uma psicologia ... () tornou-se um fato ( ) tornou-se vulgar ) tornou-se popular 9. . .. e os coroas so uns sujeitos retrgrados, quadrados ... ( ) pessoas conservadoras ( ) pessoas de meia-idade 10. ... que no sabem onde tm o nariz ( ) no sabem o que esto fazendo ( ) so ignorantes 11. De sorriso amarelo, todo mundo aceitava o imprio do demnio ( ) com m vontade ( ) sem expresso no rosto () disfarando a m vontade 12. ' " e aplicou-lhe, de cara fechada, um belisco ) de cara brava( ) sem falar ( ) sem expresso no rosto D. D O sinnimo encontrado no texto. 1. interferir 7. respeitoso 2. trabalhar muito 8. conveniente 3. a desculpa 9. inibio o grupo 10. parte lateral do rosto 5. contar segredos fazer 11. o castigo 6. bons modos boas 12. o pagamento do servio feito E. Faa como no exerccio anterior. 1. gentil 9. antiquado 2. a tortura 10. meninada 3. a palmadinha 11. sozinho 4. o medo 12. jogar, lanar 5. expulso 13. o tapa 6. do inferno 14. tornar um inferno 7. as obrigaes 15. desaparecer 8. ficar livre 42 47. ______________ _ _ ___________ _________________________ _______________ _ ___________ ___________________________ _ _ _______________________________ ______________________________ __________________________ _____________________________ ____________________________ _____________________________ ? F. D a forma do verbo. tornar vulgar - vulgarizar 1. tornar escravo 8. tornar mais humano 2. tornar um inferno 9. tornar popular 3. tornar clebre 10. tornar mecnico 4. dar autorizao 11. tornar civilizado 5. tornar industrial 12. tornar racional 6. introduzir no comrcio 13. tornar moral 7. tornar frtil G. Faa frases com os verbos do exerccio anterior. H. Responda, seguindo o exemplo. Por que ele no reclamou? (tmido) Por causa de sua timidez. 1. Por que ele estragou nosso plano? (estpido) 2. Qual a maior vantagem deste negcio? (lquido) 3. Por que no cresce nada no deserto? (rido) 4. Por que o ouro to precioso? (escasso) 5. Por que voc escolheu este tecido? (macio) I. Siga o exemplo. O menino tmido 1. O plano sensato 2. O veludo macio 3. O msculo flcido 4. A gua escassa 5. A moa nua 6. O rapaz surdo 7. O doente plido a timidez do menino 8. A comunicao rpida 9. O vinho cido 10. A menina muda 11. A ideia insensata 12. Um assunto rido 13. Comer avidamente J. Complete as frases livremente. Observe o exemplo. Em castigo j nem se fala, pois o simples temor dele faz mal pobre criana. 1. Em lucro j nem se fala, 2. Em casamento j nem se fala, 3. Em viajar para a Europa 4. Comprar uma casa 5. Dar uma festa 6. Ir para cama cedo 7. Fazer novos investimentos 8. Esperar tempo bom 9. Vender o carro velho 10. Aumento de salrio 43 48. L. Faa Frases como a do exemplo. Para tornar mais clara sua ideia, estenda-se quanto quiser. Em censura j nem se fala, quanto mais em castigo. 1. faltar um dia/pedir frias 2. alugar uma casa/comprar 3. viajar para Bahia/Europa 4. ter uma pequena participao nos lucros/ ficar scio 5. visitar/hospedar-se M. Folga estar de dia de ter dar ser 6. dirigir na cidade/na estrada 7. dar uma volta/passar o dia fora 8. convidar Marcelo/a famlia toda 9. ajudar Miriam/fazer o trabalho por ela 10. tirar uma soneca/dormir a noite toda folga folga folga folga folgado - Voc no est de planto hoje, no ? Hoje voc est de folga. - Nada disso! Hoje no meu dia de folga. Eu s tenho folga s quartas-feiras. - No acredito! Esse seu patro no lhe d folga, hein? - Pois ! Ele que folgado! Fale sobre a rotina de um mdico. Use todas as expresses acima. N. Faa Frases com as seguintes palavras ou expresses. 1. fazer ideia de 7. arcar com 2. meter-se em 8. libertar-se de 3. mandar buscar 9. deixar para trs 4. limitar-se a 10. achar jeito de 5. consistir em 11. a ss 6. dar duro 12. de cara fechada Gramtica em Reviso Futuro do Subjuntivo Conjunes de Futuro do Subjuntivo quando 13. insistir em 14. virar (transformar-se em) 15. evitar 16. fazer esforo para 17. anterior a 18. passar para trs se salvo se, exceto se como = conforme, segundo enquanto depois que sempre que logo que= assim que medida que= proporo que quanto mais (menos) ... tanto mais (menos) Essas conjunes pedem Futuro do Subjuntivo quando a ao futura. Nas aes no Presente ou Passado, usam-se tempos do Indicativo. 44 49. ____________ _ _ _ __ __ _______ _ __ __________ _ __________ ____________ ________ ________ _ _____ ________ ______ _______ ______ A. Complete livremente as frases. 1. No faremos nada 3. Faa seu trabalho quando vocs como enquanto a polcia sempre que depois que segundo 2. O projeto trar benefcios cidade 4. A situao melhorar se quanto mais vocs logo que proporo que o governo medida que assim que ns salvo se conforme ns exceto se o governo B. Complete as frases com o Indicativo ou o Subjuntivo. 1. (chegar) No lhe dissemos nada quando ele 2. (estar) No farei nada enquanto vocs aqui. 3. (trabalhar) Antigamente enquanto o marido , a esposa ficava em casa cuidando da famlia. 4. (vir) Ela sempre reclama quando eu aqUI. 5. (investir) O negcio prosperava medida que os scios mais dinheiro. 6. (fazer) Cuidado! Quanto mais investimento vocs . , tanto maior ser o risco. 7. (ver) Ontem, na rua, ele me reconheceu assim que me 8. (vir - ver) Amanh, se ele aqUI e o que est acontecendo, tomar providncias. 9. (pr) Voc vai pr seu dinheiro nesse banco? Se voc , eu tambm ponho. 10. (poder) Eu fiz meu trabalho como eu Faa o seu tambm como Futuro do Subjuntivo com oraoes relativas O Futuro do Subjuntivo, nas oraes relativas, expressa uma ao futura com ideia de possibilidade, uma suposio. Aqueles que chegarem mais cedo pegaro os melhores lugares. Passarei as frias onde houver mais tranquilidade. Se no houver ideia de possibilidade, a orao relativa vem com um tempo do Indicativo. Aqueles que chegarem mais cedo pegaro os melhores lugares. A. Complete. 1. Aceitarei todos os que trabalhar comigo. (querer) 2. Os aparelhos que do Japo devero ficar nessa sala. (chegar) 3. Pagarei apenas queles que justificativa. (trazer) 4. Irei busc-los, onde . (estar) 5. Todos os que trabalhar, conseguiro emprego. (querer) 6. Nada do que me me far mudar de ideia. (dizer) 7. Jamais irei esquec-la. Tudo o que para isso ser intil. (fazer) 45 50. _______________ ------------ ______________ _____________ _________ _______ _______ _ _______ __ ________ __ ------------- ------------ ----------- B. Responda s perguntas. Observe o exemplo. Onde voc vai nessas frias? Onde houver paz,tranquilidade e pouca gente. 1. Para quem so esses livros? 2. Onde vocs vo construir a fbrica? 3. Quem ganhar o prmio? 4. Para quem ficar a casa? C. Complete no tempo e modo adequados. 1. Aos amigos que me cumprimentar oferecerei um pedao de bolo. (vir) 2. Nem todos os que preenchiam os requisitos exigidos. (apresentar-se) 3. Refiro-me aos produtos que no a marca do controle de qualidade. (exibir) 4. Voc est proibido de comer todas as frutas que cidas. (ser) 5. Ele no pde aceitar os pedidos que no a tempo. (chegar) Expresso tpica da lngua: Venha quem vier A. Complete as Frases. 1. (dizer - poder) Digam o que disserem, farei por ele tudo o que eu ' 2. (estar - querer) Esteja onde , quem realmente ajudar-nos nos encontrar. 3. (doer - dizer) Doa a quem ,todos ouviro o que eu . 4. (haver - ir) Haja o que ,eu o seguirei aonde voc . 5. (custar - ouvir) Custe o que ,convencerei todos os que me Verbo ver A. Responda afirmativamente. 1. Voc v bem sem culos? E eles? Eles tambm 2. Vocs no veem o perigo? E ela? Ela tambm 3. Voc viu? 46 Todo mundo viu? Eles tambm Vocs todos viram? 4. Voc via tudo daqui? E elas? Elas tambm Todos ns