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Casa Bettega Vilanova Artigas – Curitiba - 1949 Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design Ateliê de Projeto Integrado II Alunos: Geovana Araújo – 11411ARQ006 Kellen Priscila – 11411ARQ002 Lucas G. Carolino – 11411ARQ036 Stella Mendes – 11411ARQ003 Uberlândia, novembro de 2014. Professores: Profª. Simone Barbosa Villa Prof. Juliano C. C. Batista Oliveira Profª. Rita de Cássia Pereira Saramago

Fichas para o blog - Casa Bettega

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Page 1: Fichas para o blog - Casa Bettega

Casa Bettega Vilanova Artigas – Curitiba - 1949

Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design

Ateliê de Projeto Integrado II

Alunos: Geovana Araújo – 11411ARQ006

Kellen Priscila – 11411ARQ002 Lucas G. Carolino – 11411ARQ036

Stella Mendes – 11411ARQ003

Uberlândia, novembro de 2014.

Professores: Profª. Simone Barbosa Villa

Prof. Juliano C. C. Batista Oliveira Profª. Rita de Cássia Pereira Saramago

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A casa está implantada em um terreno no centro de Curitiba entre duas edificações, sendo uma delas um condomínio, no meio do quarteirão, com sua fachada sudoeste voltada para a Rua da Paz.

PARÂMETRO FUNCIONAL

ENTORNO

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A casa ocupa quase 500 m² do terreno de 720m², sendo colocada à direita do lote, trazendo o quintal para a lateral da casa. O acesso à entrada principal se dá através de rampas, pela fachada sudoeste, assim como o acesso para carros, que se segue até a garagem que fica em um nível abaixo da rua. O acesso da rampa à direita, conduz também à área de serviço, localizada na parte posterior do lote. Há também uma escada para o acesso externo que leva ao consultório, no nível intermediário. A ocupação longitudinal do volume no terreno realça a inexistência de uma fachada, porque da rua parece-nos que a fachada lateral é mais importante que a frontal – até porque a entrada principal é na face lateral - indo contra os modelos burgueses da época, cujo objetivo era “manter as aparências”.

PARÂMETRO FUNCIONAL

IMPLANTAÇÃO

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O terreno mede 720m² de área (18x40m) com um aclive de 6,50m, sendo o ponto mais baixo a testada do terreno e o nível mais alto correspondendo aos fundos. A casa foi desenvolvida em dois platôs, um deles, onde a casa está apoiada e toca o chão eleva-se 5 metros e meio acima do nível da rua, para onde está voltada, provocando o acesso à casa através de rampas. O segundo platô está abaixo do primeiro, intermediário entre a casa e a rua. Nele um pedaço da casa se eleva apoiada sobre pilotis, sendo esta parte também intermediária em relação aos dois níveis que abrigam as funções familiares. Existe ainda um pátio nos fundos da casa, abaixo das locações que abrigam o quarto da empregada, no segundo pavimento.

PARÂMETRO FUNCIONAL

TOPOGRAFIA

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Como Curitiba é uma cidade bastante fria, a posição do sol em relação as edificações é muito importante, quanto maior a insolação recebida, maior será o conforto nas casas. O que vemos na casa Bettega, cuja fachada noroeste é a que recebe a maior quantidade de insolação diária, são enormes panos de vidros nesta fachada, fazendo com que todos os dormitórios, inclusive o quarto da empregada, recebessem insolação abundante, principalmente no período de inverno. A casa é tão ensolarada que jamais utiliza energia elétrica durante o dia. Pode-se acreditar na consciência do projeto, visto que o conforto térmico se dá mesmo sem a utilização de meios artificiais.

PARÂMETRO FUNCIONAL

ORIENTAÇÃO SOLAR / INSOLAÇÃO

Detalhe dos panos de vidro

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PARÂMETRO FUNCIONAL

CIRCULAÇÃO E ACESSOS

As conexões entre os níveis da casa se dão através de rampas e escadas. Na entrada da casa há uma rampa, dividida em duas subidas e que, continuando a rua, leva à entrada principal da casa, na face lateral. Do nível de entrada da casa, parte outra rampa descendo para um terraço externo, onde há uma escada que conduz o usuário ao consultório. No interior, há outra rampa também dividida em duas subidas, que conecta a área de convívio do pátio às partes mais íntimas, sugerindo ainda uma parada através do patamar com piso horizontal situado na porta de entrada do consultório.

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A circulação se dá de forma integrada, oferecendo vários acessos e maneiras de chegar à um mesmo local, a começar pela entrada principal lateral que possibilita um caminho mais curto, e também a entrada dos fundos, a dos dois corredores que saem da cozinha e desembocam na sala de jantar, o acesso ao consultório, realizado pela escada ou a rampa interna, que também permite o acesso aos quartos. O jardim pode ser acessado pelos fundos, pelo terraço ou pela porta janela da sala de jantar.

PARÂMETRO FUNCIONAL

CIRCULAÇÃO E ACESSOS

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A escada helicoidal apresentada no projeto é o elemento arquitetônico mais complexo da obra. Poderia estar em qualquer lugar, mas foi colocada nos fundos da casa, dando acesso ao quarto da empregada doméstica, funcionando ainda como uma escultura. Ela atrai o observador, levando este a dar um volta ao seu entorno, já que cria várias perspectivas, parecendo até que cada imagem é uma escada diferente, além de se opor ao volume retangular da casa, criando um encontro de curvas.

CIRCULAÇÃO E ACESSOS – A ESCADA DA EMPREGADA

PARÂMETRO FUNCIONAL

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A setorização é bem definida: concentra no pavimento térreo a área social, na porção anterior, e a de serviço, na porção posterior da casa, sendo interligadas pelo sistema de circulação. No nível intermediário está o consultório, que caracteriza a única área de trabalho. E no pavimento superior está a área íntima, e, sem ligação ao corpo da casa e com acesso independente, está o quarto da empregada.

PARÂMETRO FUNCIONAL

SETORIZAÇÃO

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A casa possui um jogo de níveis, alturas e planos de vidros que permitem uma dinâmica interessante. A sala de estar e a de jantar são sutilmente separadas por uma lareira, permitindo uma fluidez nesses espaços, que, aliado ao plano de vidro que os separam do jardim lateral mais o pé direito duplo da sala de estar, produzem uma relação de amplidão e conforto. A luz natural também é um fator importante na residência, os grandes planos de vidro são suficientes para iluminar toda a casa durante o dia.

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

PARÂMETRO FUNCIONAL

Detalhe dos planos de vidro

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Os pavimentos são ligados, principalmente, por rampas que permitem o usuário passar de um pavimento para o outro sem perceber, sendo que há um nível intermediário onde fica o consultório. O jardim que percorre toda a lateral da casa é integrado à parte interna pelo mecanismo de transparência que o fechamento em vidros oferece. O calçamento da rampa do lado direito da casa realça a amplidão, dando a ilusão de continuidade da rua.

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

PARÂMETRO FUNCIONAL

Detalhe do calçamento

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A casa ocupa o eixo longitudinal do terreno no sentido sudoeste-nordeste, comportando como uma extensa lâmina retangular. Assim, a maior parte do quintal ocupa as laterais do terreno e não o fundo como geralmente acontecia em outras residências. A circulação interna se concentra nas extremidades da residência, principalmente, na lateral direita onde está o sistema de rampas.

PARÂMETRO FORMAL

ENTORNO

Área ocupada

Recuo

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PARÂMETRO FORMAL

VOLUMETRIA

A casa se resume em um volume único, simplificado em um paralelepípedo, gerado, principalmente, pela ocupação longitudinal no terreno. A fachada frontal comporta-se como um plano assimétrico, já que possui um plano de vidro à esquerda e não centralizado. Nas salas de jantar e estar, os planos de vidro, a quase ausência de separação e o pé-direito duplo permitem a relação de abertura/vazio que contrasta com a parte dos fundos e a do pavimento superior que são isoladas por paredes e portas que geram a sensação de fechado/cheio.

Representação da forma paralelepipedal

Fachada assimétrica

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Há um aspecto muito inovador nas fachadas da residência, o arquiteto cria uma fachada frontal vazia, sem excesso de ornamento, toda ortogonal e com um imenso plano de vidro de 3x4,3m, contrariando o modelo burguês da década de 40 em Curitiba que usavam a fachada frontal para manter as aparências. A porta da face frontal não é a entrada principal,, mas sim a que dá acesso a um depósito, a entrada é deslocada para a fachada lateral esquerda.

PARÂMETRO FORMAL

FACHADAS

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Vista da rua, a face lateral é a mais chamativa, possui planos de vidros que garantem o conforto ambiental e a luminosidade. A fachada posterior possui uma surpresa, a escada helicoidal que dá acesso ao quarto da empregada contrasta toda a ortogonalidade da casa.

PARÂMETRO FORMAL

FACHADAS

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PARÂMETRO CONSTRUTIVO

MATERIAIS

Os materiais escolhidos revelam a escolha de Artigas de construir uma casa que segue os padrões modernistas. O “esqueleto” da casa foi feito em concreto. Foi utilizada alvenaria, tijolos de 4 furos revestidos por cerâmica bisotada, lambri de pinheiro, jacarandá e tinta. Já os pisos foram feitos com petit pavê, granitina e madeira tipo paquet. O granito foi o material escolhido para revestir a lareira, um dos elementos mais importantes da casa, assim como os muros externos. As aberturas externas da casa são basicamente de vidro e ferro, excluindo a entrada dos fundos e as venezianas dos quartos, que são de madeira, mesmo material das portas internas. Por fim, para a cobertura foram usadas telhas de fibrocimento e cobre.

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PARÂMETRO CONSTRUTIVO

LÓGICA ESTRUTURAL

Para a casa, o arquiteto optou por um sistema estrutural simples. Ele usou pilares e vigas de concreto para dar maior liberdade à disposição dos cômodos, separando-os em três platôs, que foram construídos sobre as vigas baldrame e o contra piso, de 12 centímetros de altura, ambos também em concreto.

Page 18: Fichas para o blog - Casa Bettega

PARÂMETRO CONSTRUTIVO

LÓGICA ESTRUTURAL

Ao todo foram utilizados 27 pilotis de seção circular de 30 centímetros de diâmetro no pavimento térreo, e 15 centímetros no superior (com exceção dos que estão nos pés direitos duplos e nas rampas). Já as vigas, com altura de 40cm e largura variando entre 20cm e 30cm, compõem todo o perímetro da casa. Vale ressaltar, que uma das vigas, a que divide os aposentos da empregada do restante da casa, é invertida. Há ainda, também, as vigotas, que suportam as lajes caixão perdido em ambos os pavimentos.

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PARÂMETRO CONSTRUTIVO

COBERTURA

A cobertura da casa é constituída de chapas de fibrocimento em três águas “escondidas” atrás de uma platibanda, e um rufo de cobre para o escoamento da água da chuva. Dessa forma, o telhado em si não é mostrado às pessoas no nível do solo, ficando aparente então, apenas a chaminé e a caixa d’água.

Detalhe da cobertura

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PARÂMETRO CONSTRUTIVO

ELEMENTOS DE ADEQUAÇÃO CLIMÁTICA

A casa bettega foi construída em Curitiba, cuja temperatura é fria na maior parte do ano. Dessa forma, Artigas colocou amplas janelas de vidro em todas as fachadas, portanto a casa é muito bem iluminada e aquecida pela grande incidência direta de luz do sol durante todo o dia. Essas janelas bem vedadas foram dispostas em paredes espessas de alvenaria, cuja massa térmica é elevada, ou seja, a parede ajuda a isolar o interior da casa ao frio de fora, captando e retendo o calor do sol, e por fim, irradiando-o a noite. Uma das paredes da casa tem o dobro de espessura do restante das paredes, fortalecendo ainda mais esse fenômeno. Graças a essas simples medidas, há pouca necessidade de utilizar métodos de aquecimento artificial para que a casa possa alcançar o estado de conforto térmico. Sendo assim, para os dias em que o frio é mais agressivo, uma lareira foi instalada na sala, garantindo o conforto durante todas as estações do ano.

Parede espessa

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PARÂMETRO CONSTRUTIVO

SISTEMAS DE ABERTURAS

As esquadrias no pavimento térreo são em sua maioria compostas de vidro e aço, com exceção das portas dos fundos, sendo que na copa, cozinha e banheiros são do tipo basculante, nas salas e estúdio são de correr com basculante, e na fachada frontal o plano de vidro é fixo. Já no pavimento superior, as janelas de vidro são do tipo guilhotina, com sistema de parada de rosca embutido, e por fora são cobertas por venezianas duplas de madeira. Há ainda, esquadrias fixas de vidro nos corredores. As portas internas da casa são todas de madeira maciça de dois metros de altura, com largura variante.

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Referências

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KAMITA, João Masao. Vilanova Artigas. Cosac & Naify Edições. espaços da arte brasileira, 2000;

ARTIGAS, João Batista Vilanova. A função social do arquiteto. São Paulo, Nobel/FVA, 1989.

ROSATTI, Camila Gui. O projeto modernizador de Vilanova Artigas: prática profissional e clientela nos anos 1940. 36° Encontro Anual da ANPOCS / 2012.