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Trabalho realizado por
Pedro Pires Nº24 10º7ª
• Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de
Dezembro de 1894, sendo baptizada, com o nome de
Flor Bela Lobo, como filha de Antónia da Conceição
Lobo e de pai incógnito.
• Aos sete anos de idade, Florbela escreve a sua primeira
poesia de que há conhecimento, «A Vida e a Morte», e o
primeiro soneto.
• Em 1906 Florbela aponta os primeiros sinais da sua
doença, a neurastenia (transtorno psicológico resultado
do enfraquecimento do sistema nervoso central,
culminando em desgaste físico e psicológico).
• Em 1917 Florbela acaba por se inscrever, em Outubro,
na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o
que a obriga a mudar-se para Lisboa, onde começa a
contactar com a vida boémia.
• Teve vários casamentos mal sucedidos, dada a sua
instabilidade.
• Suicida-se a 8 de Dezembro de 1930, com 36 anos.
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e
cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em
mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
(Florbela Espanca, «Charneca em
Flor», in «Poesia Completa»)
• O poema é composto por 2 quadras e 2 tercetos (soneto).
• Esquema rimático: ABBA/ABBA/CDC/EDE.
• Possui 10 sílabas métricas. (“Ser/poe/taé/ser/mais/al/toé/ser/mai/or”)
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior (A)
Do que os homens! Morder como quem beija! (B)
É ser mendigo e dar como quem seja (B)
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! (A)
É ter de mil desejos o esplendor (A)
E não saber sequer que se deseja! (B)
É ter cá dentro um astro que flameja, (B)
É ter garras e asas de condor! (A)
É ter fome, é ter sede de Infinito! (C)
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim… (D)
É condensar o mundo num só grito! (C)
E é amar-te, assim, perdidamente… (E)
É seres alma e sangue e vida em mim (D)
E dizê-lo cantando a toda a gente! (E)
• Hipérbole: “É ser maior do que os homens”
• Comparação: ”Morder como quem beija”
• Metáfora: “É ter cá dentro um astro que flameja”
• Enumeração: “É seres alma e sangue e vida em mim”
• Anáfora: “É…É…É”
• A poetisa define o que é um poeta.
“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!”
Nesta estrofe, a poetisa eleva o poeta a uma figura superior à do
Homem comum (vv.1 e 2); Nos versos 3 e 4, esta transmite,
através da poesia, as experiências por que passou.
“É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!”
Nesta estrofe são exprimidos os sentimentos interiores do
Poeta – sendo estes intensos, irradiando luz própria (“É ter
cá dentro um astro que flameja”). Ao mesmo tempo,
quando é referida a figura de “condor” (uma ave de rapina),
concluímos que o Poeta não só é uma figura solitária,
como, ao mesmo tempo, tem o desejo de “voar mais alto”,
de buscar novas sensações.
“É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!”
Neste terceto é demonstrada a busca constante de
sensações e experiências, tendo o “poder” de as juntar
num só poema.
“E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!”
O Poeta conclui, nesta estrofe, o valor que a poesia tem
para si, e a vontade que tem de a partilhar com os outros.