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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades Ano 9 Edição 55 Jun/2009 Longe de casa Sem o aconchego dos pais, jovens aprendem a assumir responsabilidades Página 9 Liberdade, Entrevista Nelson Homem de Mello discute a questão de cultivar valores Página 8 agora e sempre

Jornal EM FOCO.Jun09

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades (Limeira/SP). Edição de Junho/2009.

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades

Ano 9Edição 55Jun/2009

Longe de casaSem o aconchego dos pais, jovens

aprendem a assumir responsabilidadesPágina 9

Liberdade,

EntrevistaNelson Homem de Mello discute

a questão de cultivar valoresPágina 8

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 55 Jun/20092

EDITORIAL Este trecho do samba enredo da Im-peratriz Leopoldinense, que marcou época no carnaval carioca de 1989, pode servir como inspiração para este editorial. Afinal, de que adianta uma sociedade livre, “sem fronteiras”, globalizada, tecnológica e democrática sem um sentimento de fraternidade e igualdade entre seus irmãos? É claro que este sentimen-to se torna mais perceptível numa coletivida-de em que as leis funcionem perfeitamente, permitindo às pessoas a conscientização de seus direitos e deveres perante o Estado e, consequentemente, fomentando respeito em relação ao próximo. Certamente, esta seria a definição fi-losófica de um mundo perfeito, em que todos estes fatores, combinados entre si, resultam no progresso - econômico e social - da sociedade,

criando-se uma aura positiva e eufórica em seus cidadãos. Utopia ou não, este é o espírito coleti-vo da liberdade, que supera as inúmeras diferen-ças, aproximando e unindo a humanidade. Desde a sensação de liberdade mais intensa e radical proporcionada pela prática de um esporte como o wheeling, por exemplo, até a mais simples, como morar sozinho, longe do conforto da casa dos pais, sempre despertou nas pessoas - mais especificamente nos jovens - uma profunda atração e uma sensação de “que-ro mais!”, transformando-os em vítimas. “Vítimas da liberdade?”, pode-se per-guntar. Sim! A liberdade pode viciar (no bom sentido) e transformar a vida numa busca in-cessante por essa impressão que causa tanta

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social (Habilita-ção em Jornalismo) do Instituto Superior de Ciências Aplicadas (ISCA Faculdades), entidade mantida pela Associação Limei-rense de Educação (ALIE).

Ano 9 Edição 55 Jun/2009.

Diretora Geral: Rosely Berwerth PereiraCoord. Curso de Jornalismo: Milena de Castro Silveira

Editor Responsável: Prof. Rodrigo Piscitelli (Mtb 29073)Projeto Gráfico: Prof. Victor Corte Real

Reportagem, edição e diagramaçãoBeatriz Buck, Callebe R. Bueno, Camilla P. Coelho, Daniel M. Pereira, Felipe A. M. Furlanetti, Fernanda D. Santa Cruz, Hen-rique M. Andrielli, Italo Ferreira, Ivan F. da Costa, Johelson S. Costa, Karina M. Rossi, Ketlyn F. Zabin, Liandra Santarosa, Lil-ian D. Geraldini, Lucas C. Filho, Lucas N. Del Pietro, Luciana F. Nagata, Luis Gustavo N. de Souza Ferro, Mariana A. dos Santos, Neliane C. Simioni, Rebeca R. Barbosa, Roxane E. Regly, Su-

Expediente

felicidade, prazer e bem-estar. Mas existe o lado negativo também. A “pseudoindepen-dência” que as drogas imprimem às pessoas transforma a essência daquele estado de espí-rito puro e genuíno que vem à cabeça quan-do se pensa em liberdade em algo maléfico, consumindo e deteriorando a vida, a própria liberdade. Que contradição! Nesta edição do “Em Foco”, são apresentados conceitos de liberdade em suas múltiplas formas e manifestações, mas sem deixar de lado a essência desse sentimento que sempre motivou o homem a ir além: a autonomia para fazer o que se quer, com res-ponsabilidade, sabendo que seus atos interfe-rem na liberdade do outro.

lamita T. Bela, Tamires R. Gonçalves, Thiago A. Machado, Tiago P. Praxedes, Tracy E. Caetano, Virgilio Gabriel N. Correa.

Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Tribuna Piracicabana

Endereço: Rod. SP 147 (Limeira-Piracicaba) - Km 4CEP 13.482-383 - CxP 98 - Limeira/SPTelefone: 55 (19) 3404-4700E-mail: [email protected]: www.iscafaculdades.com.br

Alunos de Publicidade e Jornalismo participam do ExpocomEvento ocorrido no Rio serviu para troca de experiências e conhecimentos

Liandra Santarosa

Alunos de Comunicação Social do Isca Faculdades participaram do Expocom, seminá-rio que reúne projetos de todas as escolas de Comunicação do país. O evento ocorreu nos dias 7, 8 e 9 de maio no campus da Universida-de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Eles de-fenderam trabalhos acadêmicos desenvolvidos em 2008. O tema central do seminário foi “Co-municação, Educação e Cultura na era digital”. Para a jornalista e ex-aluna Ana Maria Bocacina, que fez uma revista digital cultural com as colegas Gisele de Oliveira e Joice Lo-pes, ter o trabalho classificado para o congres-so foi uma experiência importante, pois é um reconhecimento da dedicação e da superação dos desafios enfrentados para realização de um projeto - no caso, um trabalho de conclu-são de curso.

De acordo com o coordenador dos cursos de Comunicação (Publicidade e Pro-paganda e Jornalismo) do Isca, Antonio Pe-

res, que acompanhou a turma, a troca de ex-periências acadêmicas e profissionais que são proporcionadas por esse evento são de gran-de importância, pois possibilitam aos alunos compararem seus níveis de conhecimento em relação ao que se está produzindo em outros centros universitários. “Esses momentos de reflexão facilitam a compreensão dos diversos estilos criativos presentes nas escolas de co-municação brasileiras”, fala. Para o estudante do 5º semestre de Pu-blicidade, Everton Ramos Rodrigues, o evento ofereceu grande aprendizado. “É uma experi-ência única, pois você conhece muitas pessoas, tem a oportunidade de ver trabalhos de alunos de outras faculdades e universidades e também desmitificam-se muitas dúvidas”, diz. O Expocom é realizado pela Socieda-de Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom).

Divulgação

Liberdade, liberdade......abre as asas sobre nós, e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz

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Pais e filhosGerações diferentes, problemas semelhantes e igual busca por liberdade

Daniel MarcolinoFelipe FurlanettiLucas Navarro

“Liberdade, liberdade. Esta palavra que o sonho humano alimenta. Não há nin-guém que explique e ninguém que não enten-da”. Cecília Meireles, neste verso, rende-se à grandiosidade enigmática do tema liberdade. Hoje, com todas as mudanças e evoluções tec-nológicas, a liberdade continua sendo objeto de desejo e busca pessoal. Afinal, o que é ser livre? Quem goza de liberdade: jovens ou adultos, pais ou filhos? Na concepção do estudante Murilo Mendes, 18 anos, liberdade é realizar o que se quer. “Penso que, fazendo tudo o que de-sejo, obtenho minha liberdade. Sinto-me livre quando faço aquilo de que gosto”, destaca. Em contrapartida, seu pai, o engenheiro agrônomo José Carlos Mendes, 47, diz que é fundamental acompanhar os filhos. “Sempre estou atento aos programas de meu filho. Liberdade não é fazer tudo o que se quer”, ressalta. O pai relata que em sua época a liber-dade era pré-estabelecida e muito regrada. As atividades eram restritas de acordo com a von-tade dos pais. “Havia tempo certo para brincar, tempo de estudar, tempo para tudo. Sentíamo-

nos livres quando nos deixavam sair sozinhos para algum lugar. Hoje em dia, os filhos não pedem para sair, comunicam a saída”, afirma. A psicóloga Solange Dantas Ferrari afirma que liberdade é sinônimo de respon-sabilidade. “Os pais precisam criar seus filhos estabelecendo limites. Se não dissermos ‘não’ aos filhos, a vida irá dizer. Aí será muito pior

para toda família”, aponta Solange, para quem o comportamento do jovem está intimamente ligado às orientações paternas. A estudante Amanda Gimenez, 17, no entanto, se diz consciente de seus compromis-sos e pretende ganhar autonomia por meio de méritos próprios. “Dependo totalmente dos meus pais. Para mim, liberdade está relacionada com conquistas. Quando eu puder me susten-tar sozinha, ganharei uma liberdade maior. Mas mesmo assim terei muitas obrigações comigo mesma”, reflete. A geração atual, segundo Solange, pa-dece da falta de adversidade e desafios. “Os pais protegem excessivamente os filhos, pri-vando-os das perdas e derrotas. Desta maneira, eles contribuem para a construção de um cará-ter frágil”, analisa.Liberdade, liberdade, ninguém explica e nin-guém entende. Mas entre pais e filhos, o que determina o nível de liberdade, respeito e amor é o diálogo. “Isso é fundamental para o estrei-tamento da relação”, comenta a psicóloga. “Eu sei que preciso mudar. Falta mais conversa com eles. Às vezes sou eu que não entendo os meus pais”, confidencia Murilo.

Anderson Aparecido Darós diverte-se com seu filho Guilherme da Silva Darós

Mais do que brincar, Anderson busca participar da vida do filho

Daniel Marcolino

Daniel Marcolino

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Eu quero...

“Se você acredita nos seus sonhos, confia não só nele, mas principalmente em você, faça esse sonho virar realidade” diz Rafael

A independência financeira é o desejo de 69% dos jovens brasileiros. É o que aponta o Dossiê MTV de 2008. Mas, enfim, o que é ser independente economicamente? Para o coordenador do curso de Administração do Isca Faculdades, Marcelo Socor-ro Zambom, é a capacidade de se sustentar e buscar uma qualidade de vida, ou seja, sentir-se financeira-mente livre. O sucesso no mercado de trabalho está entre as três maiores preocupações da juventude atual. Segundo a pesquisa, a partir dos 12 anos, 70% já têm alguma fonte de renda mensal; destes, 56% trabalham. Os dados confirmam a tendência mundial dos jovens buscarem a independência - e fazendo o que gostam, pois sete a cada dez priorizam o bem-estar. E qual o caminho para atin-gir esse objetivo? “Qualificação, conhecimentos técnicos e acadê-micos são os meios para se con-seguir a liberdade financeira.”, diz Zambom. Rafael Pires Massari, 18 anos, confirma a pesquisa. “Sou totalmente independente em questão financeira. Se hoje posso contar somente com meu dinheiro foi porque desde cedo tive consciência de que precisa-va planejar meu futuro”, diz o jovem estudante de Adminis-tração e dono da MPA Eventos. Para ele, tornar-se em-preendedor é uma “aventura” que exige muita responsabilida-de. “Quando você entra no mer-cado de trabalho, ainda mais como empreendedor, tem que estar cien-te de alguns fatos positivos e nega-tivos. Você será seu próprio patrão e se alguma coisa estiver dando errado, você será o responsável. Então, diante disso, precisa sempre estar ciente das deci-sões que toma, pois é o único que irá sentir as consequências”, cita.

Outra forma de entrar no mercado de trabalho é por meio do estágio. O estudante de Engenharia Luis Pau-lo dos Santos, 20, começou assim. “Fazia o curso técnico no Cotil (Colégio Técnico de Limeira) e consegui estágio. Hoje, continuo na mesma empresa, só que efetivado. Pago a faculdade e meu carro”, conta. A independência pode estar também em “se tornar” sua

própria empresa, ou seja, atuar como “freelancer”. É uma ten-dência do mercado muitos jovens trabalharem por conta, fa-

zendo projetos específicos para cada empresa. E para ser um profissional deste campo, é preciso mais

do que vontade e uma ideia. Disciplina e talento também são fundamentais.

As áreas em que os “freelancers” mais atuam são comunicação, ar-

tes, finanças e informática. Para essa atividade, a di-vulgação do trabalho começa no “boca a boca” e passa para a produção de portfólios que mostrem o que se fez. O site www.carreirasolo.org.br é dedicado aos empre-endedores de suas próprias carreiras e contêm dicas, referências, publicação de portfólios e oportunidades de trabalho. A recém-formada em Jornalismo Daíza Lacerda, 24, está trabalhando como

“freelancer” na diagramação de um livro para uma editora.

Por ser seu primeiro trabalho na área, não sabe nem quanto

cobrar. Para quem tiver essa e outras dúvidas, um lugar que dá

suporte e capacitação é o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-

nas Empresas (Sebrae). A instituição ajuda a viabilizar ideias e projetos (www.

sebrae.com.br). Também há sites como o www.becocomsaida.wordpress.com para facilitar as consultas sobre gerenciamento empresarial.

Beat

riz B

uck

Beatriz Buck Camila Paes

Virgilio Corrêa

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Narcóticos Anônimos salvando vidasUm homem que chegou ao fundo do poço e reconstruiu sua vida com ajuda do NA

Mariana Antonella Karina Rossi

Trinta e quatro anos, treze deles per-didos com drogas e álcool. Seis internações psiquiátricas, uma clínica e apenas uma solu-ção encontrada. O Narcóticos Anônimos. Seu primeiro “porre” foi aos 11 anos; com 13, a maconha entrou em sua vida. Até hoje ele se lembra daquele dia. Influenciado por amigos e com total liberdade para decidir, aceitou. Até então, Ygor (nome fictício) não sabia que era um adicto. Muitos de seus amigos não eram - portanto, não seguiram o mesmo rumo que ele. Mas, afinal, o que é um adicto? De acordo com o livro do NA, é a pessoa que tem a vida controlada pelas drogas. Ygor nem sa-bia que isso existia. Com o tempo aprendeu. Durante um período, usou maconha, cocaína e heroína, mas seu maior problema era o álcool. “Eu me escondia atrás de uma imagem, pois tinha dificuldade em me relacionar. As drogas e o álcool trouxeram a ‘solução’ para problemas como timidez”, comenta. Questionado sobre suas internações, conta que foi obrigado pela família. “Muitas vezes os pais não sabem como lidar com a situ-ação e acabam agindo de maneira errada”. Para ele, a cura só vem se a pessoa tiver o sincero desejo de parar. Foi exatamente isso que acon-teceu com Ygor. Por meio de um conhecido com quem já havia usado drogas, ele encon-trou o NA. Sem muita vontade, foi levado para uma reunião. “Simplesmente fui”. Depois do primeiro encontro, seguiu com seu vício, mas após algum tempo percebeu que aquela vida não dava. “Aquele caminho só me levaria a três lugares: prisões, instituições e cemitério”, fala. Após quatro meses frequentando o NA, Ygor ‘ficou’ limpo. Sua vida seguia bem até que teve uma recaída. Uma latinha de cer-veja preta o levou novamente ao vício. Voltou à estaca zero. Mais uma vez, seu padrinho do NA o levou para o grupo, e até hoje ele está curado. São cinco anos e oito meses sem qual-quer substância tóxica no organismo. Ele se

considera um homem de sorte. “Uma minoria dos dependentes sai das drogas. No NA costu-mamos dizer que aqueles que conseguem sair é um milagre”. Muitos dos amigos de Ygor morre-ram. Fazendo as contas, afirma que foram mais de 30. As causas? Inúmeras. Overdose, HIV, lesões causadas por brigas, assassinato, etc. Ygor ainda pensa em drogas, mas a von-tade de ficar ‘limpo’ é mais forte que a de usar. Para ele, o NA foi a porta de saída do inferno. “Hoje tenho uma vida produtiva. Como, dur-mo e não corro risco de morte. Se hoje tenho trabalho, profissão e família, tudo é consequ-ência da minha recuperação. Eu me sinto pri-vilegiado”, afirma. Ele conta que aqueles amigos que lhe ofereceram drogas pela primeira vez se afasta-ram. “Eu não era mais boa influência para nin-guém”. Curado, Ygor pôde enxergar que exis-te vida após as drogas. “Se você acha que tem problemas com drogas, cuidado. A adicção é uma doença progressiva, incurável e fatal”, fala. Ele garante que é importante se dar uma opor-tunidade. Conhecer o NA é uma saída. “Não há melhor ajuda que a troca de experiências de um adicto com outro”, revela.

Mariana Antonella

Endereços do NA em Limeira:

- Grupo Humildade (Centro de Saúde)Av. Ana Carolina de Barros Levy, 220CentroReuniões: 2ª e 4ª às 20h

- Grupo Renascer em LiberdadeRua Alferes Franco, 1.241 - CentroReuniões: 2ª, 3ª, 6ª às 20h* Reunião aberta toda última terça-feira do mês* Reunião de estudo dos Passos do livro “Isto Resulta” todas as segundas-feiras do mês

- Grupo Só Por HojeRua Dr Humberto Ambruster, 190 - Boa VistaReuniões: 4ª às 20h

Linha de Ajuda: (19) 9145 6544

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Fotos: Henrique Andrielli

Nas rodas da liberdadeManobras radicais sobre uma ou duas rodas transformam pilotos em acrobatas motorizados

Henrique AndrielliLuciana Nagata Néliane Simioni

Durante a semana, Valdemir Chiarelli, 36 anos, trabalha como restaurador de pinturas em Leme. Aos domingos, após o almoço, dá lugar para o Sapeca (seu apelido desde a infância). Arruma-se todo, veste os equipamentos de proteção – joelheira, caneleira, cotoveleira, bota e capacete – e com sua motocicleta sai em busca de adre-nalina e liberdade. No espaço ao lado da Secretaria de Educação e Cultura de Leme, encontra Marcos Meneghin, 34, mecânico de motos de Pirassununga e juntos dão início a uma série de acrobacias sobre uma ou duas rodas. Estas manobras radicais fazem parte de um esporte conhecido como wheeling, praticado em várias cidades da região. Segundo o site da Associação Brasileira de Wheeling (www.abrawheeling.com.br), apesar do nome estrangeiro, o es-porte é brazuca. Na Europa, é conhecido como “freestyle” e em outros lugares é chamado de “stutin”. Trata-se na verdade de uma modalidade urbana de motociclismo. “A paixão de seus praticantes está na excitante combinação de borracha e asfalto, cheiro de gasolina, ronco dos motores e sabor de adrenalina”, descreve a Abrawheeling em sua página inicial. Apesar de ga-nhar cada vez mais adeptos, o esporte ainda não é regulamen-tado e não tem espaços oficiais para sua prática. “Eu ando de moto desde os 14 anos e há nove anos pratico o wheeling. Como em Pirassununga apenas eu e um amigo praticávamos este esporte, nos juntamos aos pilotos de Leme”, revela Meneghin. Desde 2008 usam o atual espaço. O grupo de praticantes chegou a reunir 15 pilotos. “Alguns parti-ram para outras cidades, outros trocaram o wheeling pelo mo-tocross e agora restamos só nós dois”, diz Sapeca. O espaço de manobras é devidamente sinalizado para garantir a segurança dos praticantes e do público que, a cada domingo, é sempre maior. Os pilotos destacam que muitos querem saber como podem praticar o wheeling, mas acabam desistindo. “O ‘lance’ vai além da vontade de cada um. É preciso dedicar tempo e não ter medo”, fala Meneghin. É necessário ainda ter recursos para se bancar, pois é um esporte caro, principalmente pela moto, que tem que ser destinada exclusivamente a isso, já que é adap-tada e tem suas partes (freios, acelerador, embreagem, rodas, pneus, entre outras) mexidas. “Para andar na rua já não serviria”, explica Meneghin. Segundo ele, só em equipamentos de segurança são gastos cerca de R$ 400. Sapeca diz que uma moto comum sem essas adequações não responderia aos comandos exigidos. “Vai ficar uma moto fraca, sem força para nada”.

Em duas horas de treino, os pilotos executam paradas bruscas na roda dianteira, andam longos tre-chos sobre a roda traseira, abandonam o comando para ficar em pé sobre o assento e fazem muitos rodopios. A manobra mais difícil que executam é a “RL em 3”, que consiste em andar apoiado na roda dianteira, levando outras duas pessoas (uma na frente e outra na garupa). Terminada esta jornada, é hora de desmontar a pista, guardar a tralha e se preparar para mais uma sema-

na de rotina. A nova dose de liberdade fica para o próximo domingo.

MANOBRAS - Sapeca é um dos acrobatas sobre rodas e junto com Marquinhos (abaixo, à direita) man-tém a prática do wheeling em Leme

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radicai

s

ParkourO esporte (ou arte, como preferem alguns dos praticantes) é definido como “uma arte viva, pulsante, que mexe com o corpo e a mente e une tudo em uma só coisa: liberdade”. Seus praticantes –“traceurs” – unem técnicas de artes marciais, ginástica militar e corrida livre para se des-locar em ambiente urbano superando obstáculos (escadarias, muros, marquises, árvores, postes, entre outros), obtendo prazer neste trajeto. Thiago Bueno, rioclarense, 22 anos, é um dos principais praticantes de parkour no Brasil.

SkateSkatismo é uma das mais antigas e também mais pra-ticadas modalidades de esporte radical. Não se sabe ao certo sua origem; a versão mais aceita diz que na década de 1960, surfistas norte-americanos modifica-ram suas pranchas, colocando pequenas rodas para poderem andar no asfalto. A moda pegou e com o passar das décadas o aparato improvisado ganhou design funcional e aerodinâmico. O skatismo é con-siderado radical por envolver velocidade e criativida-de para cumprir percursos e vencer obstáculos. Rio Claro, Limeira, Leme e Araras possuem um grande número de praticantes, pistas oficiais e realizam com-petições anuais em diversas categorias.

RapelO rapel foi criado na França a par-tir de técnicas de alpinismo. Surgiu como modalidade de segurança para agentes especializados em resgate em montanhas e locais altos – a tradução literal significa “recuperar”. A práti-ca é simples: uma pessoa presa por cordas desce de uma altitude maior que quatro metros com o auxílio de um instrutor. Atividade grupal, geral-mente é realizada em cachoeiras ou em “paredões” criados especialmente para essa modalidade. Na região, Rio Claro e Brotas são duas cidades onde a prática é mais comum.

ParamotorParamotor é um esporte aéreo em que o piloto uti-liza um motor de hélice para controlar a altitude e velocidade de voo sustentado por um paraquedas. É preciso ter boas noções sobre correntes de ar (as-cendentes e descendentes) e de localização. Quem pratica a modalidade precisa ser experiente ou estar acompanhado por um instrutor capacitado. O espor-te é considerado perigoso por apresentar alto risco de acidentes. Em Leme, foi realizado no inicio do mês um encontro estadual dos praticantes de paramotor.

+Henrique Andrielli,

Luciana Nagata e Néliane Simioni

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E N T R E V I S T A

“Jovem deve cultivar valores consistentes”Esta é a opinião do jornalista Nelson Homem de Mello, que discute a questão da liberdade

Lilian GeraldiniRoxane Regly

A liberdade é um assunto complexo e que pode ser entendido de diversas maneiras. Para discuti-lo, o Em Foco falou com o jorna-lista Nelson Homem de Mello, diretor editorial da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, empresa que edita os jornais “Correio Popular” e “Já”, entre outros. Mello é diplomado pela PUC do Rio de Janeiro e começou a carreira no “Jornal do Brasil”. O jornalista vivenciou várias fases da história recente do Brasil e possui uma ampla visão da questão. Ele fala da liberdade de modo geral e especialmente relacionada aos jovens.

Em Foco - O que é liberdade?Nelson Homem de Mello - Do ponto de vis-ta da filosofia, acredito que ninguém é inteira-mente livre, já que os padrões culturais, com mais ou menos intensidade, moldam a perso-nalidade e o comportamento das pessoas de acordo com a moral vigente. No entanto, creio que podemos considerar livre alguém que seja coerente com sua própria visão de mundo e paute sua vida de acordo com suas convicções. EF - Dentro dessa concepção, o que mudou ao longo dos anos?Mello - Durante boa parte da evolução da sociedade, os cidadãos só podiam expor pen-samentos e ideias permitidos. As classes do-minantes ditavam as regras e puniam os discor-dantes. A conquista das liberdades individuais, embora ainda não alcançada globalmente, está bem mais consolidada atualmente. EF - Os jovens hoje se consideram livres pois podem ir a festas, voltar tarde e não dar satis-fações, além de terem acesso a diversos conte-údos por meio da Internet, entre outros meios. Eles de fato são livres?Mello - Ir a festas e voltar tarde não têm nada a ver com liberdade, embora possa ter aparência

disso. Talvez seja até mais livre o jovem que não vá a uma festa apenas porque todos foram. Quanto ao volume de informações que rece-bem hoje pela Internet e outros meios, isso por si só não garante a liberdade de ninguém. Os jovens começarão a ser livres quando se liber-tarem dos medos, dos modismos, das vontades do grupo que frequentam e, principalmente, dos preconceitos.

EF - O que falta para os jovens na socieda-de atual?Mello - Não falta nada. A não ser o cultivo de valores pessoais consistentes que os tor-nem únicos.

EF - Para o senhor, há exageros ou ainda falta algo para que os jovens construam um mundo melhor?Mello - Para o jovem construir um mundo me-lhor, ele precisa compreender que liberdade de expressão significa dizer o que pensa – e não

o que querem que ele diga. Para se exercer a liberdade do voto, é fundamental que se conhe-ça muito bem em quem se está votando. Direi-to de ir e vir não significa perambular por aí e democracia, segundo a definição do estadista britânico Winston Churchill, “é a pior forma imaginável de governo, com exceção de todas as outras”.

EF - Como jornalista, o senhor presenciou fatos importantes da história, como o período da di-tadura. Presenciou algum momento marcante?Mello - Já trabalhei em redações que eram submetidas à censura prévia e recebíamos dia-riamente, inclusive, a pauta dos assuntos que não podíamos noticiar. Mas o mais chocante é que participei de alguns veículos que não eram fiscalizados pelos censores e, mesmo assim, era comum encontrar um editor, um proprietário ou um diretor que praticava a autocensura, que é a censura mais nociva que pode existir, por-que era ditada pelo medo ou pela conveniência.

Felipe Furlanetti

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Na poltrona do papaiLonge do aconchego de casa, jovens aprendem a assumir responsabilidades

Johelson CostaRebeca BarbosaTracy Caetano

Sair do conforto do lar para morar so-zinho, enfrentar responsabilidades domésticas e ter maior liberdade foi a decisão de Leticia Carrillo Maronesi, de Cordeirópolis, estudante de Terapia Ocupacional. “Morar longe é legal em partes. Você tem autonomia de fazer o que quiser na hora que desejar”, cita. Ela conta, po-rém, que preparar sua própria comida, arrumar a casa e se organizar com relação aos horários do seu curso na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Marília (SP), onde estuda em perí-odo integral, transformam esse grito de inde-pendência em uma difícil tarefa diária. A futura terapeuta divide um aparta-mento com a estudante Moniane Sumera. Um ambiente dirigido por ordens que imperam en-tre as amigas. As funções de limpar e cozinhar ficam a cargo das duas, porém cada uma tem

a obrigação de arrumar seu quarto, sendo res-trita a entrada de uma no dormitório da outra. Mesmo diante da harmonia que compartilham Letícia faz uma ressalva: “Dividir o espaço com outra pessoa é bem complicado, principalmen-te quando você não a conhece e seus hábitos são diferentes dos dela”.

No mesmo barco O estudante Callebe Bueno, de Rio Claro, mora em uma república em Limeira junto com mais três amigos e, assim como Letícia, tem sua estadia paga por seus pais. As contas de água, luz, internet e o aluguel são divididos igualmente entre os ocupantes, porém o gasto no mercado – como alimentos, produtos de limpeza e hi-giene pessoal – é revezado entre eles. O custo mensal chega a cerca de R$ 400 por integrante. Bueno e Letícia aconselham o jovem que tem a pretensão de seguir o mesmo caminho a ter conhe-cimentos básicos de manuten-ção de uma casa, como executar os serviços domésticos. “Você necessita ter o senso de liberdade, ou seja, quando estamos distantes dos nossos pais exageramos em algumas atitudes que eles nos repreenderiam. Inclusive os cuidados com a saúde”, acrescenta.

A psicóloga Kellen Peres Suanes afirma que o jovem determinado a morar fora da re-sidência dos pais adquire maior crescimento de caráter como indivíduo, quando busca seus inte-resses por meio do contato com outras pessoas de diferentes hábitos. Segundo ela, para con-quistar sua liberdade, o jovem deixa sua família para se submeter à mudança de cidade, frequen-tar uma faculdade e em alguns casos trabalhan-do para se sustentar. “Mas a ficha cai quando ele se vê sozinho assumindo todas as responsabili-dades que antes não tinha, como economizar o seu dinheiro, enfrentando diversas dificuldades longe do conforto que possuía”, completa. Para Letícia, a vantagem maior desse momento é poder sentir-se livre para conduzir suas escolhas e aprender por si mesma. “A des-vantagem é um pouco de solidão, pois nunca havia morado fora”, declara. Ela confessa que sempre teve tudo o que quis e na hora que pedia. “Sempre tudo estava prontinho. Além da como-didade e da segurança que não há aqui”, conta.

Johelson Costa

Arquivo pessoal

Letícia: Tem hora que penso em largar tudo, desistir e voltar correndo para casa

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Liberté, Egalité, Fraternité200 anos depois, lema da Revolução Francesa ainda exerce influência

Tamires Gonçalves Gustavo Nolasco

“Igualdade, fraternidade e liberdade. Estes são os ideais da Revolução Francesa. Esses devem ser os ideais de todos nós, brasileiros. Esses devem ser os lemas de uma revolução sem armas, mas com muita coragem e humanismo, uma revolução que vai derru-bar para sempre os podres poderes dos homens vis.” É o que escreve a jornalista e física nuclear Rosana Her-mann em sua autobiografia. Esses ideais já estavam presentes dois séculos antes da revolução de 1789, marcada pela luta do povo francês pelo fim da monarquia. Eram pregados por uma seita denominada Comunismo Cristão. “Para eles, o Messias não se apresenta como o pescador de almas. Ele é o distribuidor de justiça (igualdade), o grande ir-mão (fraternidade) e o libertador (liberdade)”, explica o professor de Geopolítica, Américo Ornellas Júnior. Duzentos anos depois, o lema da Revolução Francesa continua sendo a base da cultura na França e em várias partes do mundo, influenciando pensamen-tos e atraindo as pessoas. “Nos metrôs, bancas e restau-rantes sempre é possível ver os franceses lendo revistas, livros, jornais... Parece que esse idealismo está no DNA do povo”, conta o empresário Marcel Rodrigo da Silva, que visitou a França recentemente. Este e outros fatos inspiram os brasileiros a acreditarem que a França é um símbolo de liberdade. “Sempre amei a França, desde jovem. Aprendi o idio-ma como autodidata e hoje dou aulas de francês”, diz o professor Antônio Carlos Rodrigues. “Infelizmente nunca fui à França”, lamenta a secretária Lílian Venân-cio. Ela conta que essa viajem faz parte de um sonho que cultiva desde a adolescência. E para quem aprecia a cultura francesa, 2009 será especial. Este é o Ano da França no Brasil, uma

iniciativa dos governos francês e brasileiro – uma reci-procidade, pois em 2005 foi realizado o Ano do Bra-sil na França, que mobilizou mais de dois milhões de franceses e obteve um grande retorno de mídia. Como resultado, houve um aumento de 27% no número de turistas franceses no Brasil e mais de US$ 450 milhões (cerca de R$ 945 milhões) em produtos brasileiros fo-ram exportados para a França.

Igualdade 2.0

Lema da Revolução Francesa, o “Liberté, Ega-lité, Fraternité” pregado pelo filósofo suíço Jean-Jac-ques Rousseau continua vivo mais de 200 anos depois. Segundo o professor de História do Isca Faculdades, João Renato Alves Pereira, hoje o Brasil vive uma es-pécie de “segunda fase da Revolução Francesa”. Ele acredita que, diferentemente da conquista dos direitos da maioria (base do levante de 1789), agora é a vez das minorias estarem no centro dos movimentos sociais. Um exemplo disso é a luta por inclusão social. Há alguns anos, por exemplo, os negros conquistaram o direito a cotas para entrada em universidades e no serviço público. Agora, a luta por cotas é dos porta-dores de deficiência. Projeto nesse sentido tramita no Congresso Nacional. “A cota é um estímulo. Se não existisse esse be-nefício eu não estaria cursando Ensino Superior”, diz a universitária Mayra Santanna. A também universitária Camila Albuquerque discorda do sistema. “Melhor que cotas, benefícios e esmolas seria um mundo acessível, que assegurasse ao deficiente estudar e trabalhar como todo mundo”, fala.

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 55 Jun/2009 11

O homem e a mulher sempre tive-ram funções bem diferentes na sociedade. Isso mudou ao longo do tempo. Hoje, am-bos podem ter a mesma profissão e talvez até o mesmo cargo dentro de uma empresa. A verdade é que algo permanece inalterado: a “idolatria” do homem pelo carro. Mas, afi-nal, o que o carro significa para eles? Geralmente, a paixão dos homens pelas quatro rodas começa na infância. É o caso de Douglas Camussi, 20 anos. Ele afir-ma que seu pai o impulsionou a gostar de carros. “Quando ele era mais novo, tinha um Dodge RT V8 e tirava racha. Desde que eu tinha 3 anos de idade, dormia em baixo do carro dele na garagem. Isso causava de-sespero na minha mãe”, brinca o jovem. Para ele, dirigir proporciona uma sensação de liberdade. “Sempre dirigi, mesmo quando não tinha habilitação”. Além disso, o carro é algo que ele cultua. “Se pudesse, lavava meu carro todo dia, mas costumo lavar somente aos finais de semana. Isso leva uma hora e meia mais ou menos”, fala. O carro também é sinônimo de pai-xão para Alex Bergantim, 20. “Minha pai-xão por carros começou com meus primos,

Minha paixão é carroEles idolatram, e para elas (algumas delas) faz toda diferença

Lilian Geraldini Ivan Costa

um deles tinha um Opala, outro uma Saveiro, aí comecei a andar e aprender a mexer”. Ele conta que daí em diante nunca mais parou. Há oito anos cuida de seu carro como filho. “É como se você e o carro fossem um só. Quase tudo o que ga-nho gasto com o carro, com o motor entre outros acessórios”, conta. Bergantim frequenta exposições e arran-cadas. “Não tem uma explicação, simplesmente vou. Penso em carro 24 horas. Em outras coisas também como minha namorada, mas cada um tem o seu valor”, completa.

O lado feminino

Para algumas mulhe-res, o carro não é um objeto de desejo, apenas meio de loco-moção. A publicitária Vanessa Fernandes, 24, utiliza seu carro para trabalhar, estudar e sair. “Preciso de um carro, me dá liberdade. Cuido também, por-que carro de mulher é diferente, tem de estar sempre limpinho e cheiroso, mas não entendo nada de mecânica”, diz. Para outro perfil de mu-lher, porém, o carro é essencial, principalmente em um relaciona-mento. A estudante L.P, 22, por exemplo, diz que por experiên-cias anteriores não namoraria al-guém que não tenha carro. “Meu ex-namorado não tinha carro, isso atrapalhava, pois a mãe dele tinha de nos levar aos lugares, e nós brigávamos”. E ela vai além: atualmente só se envolve com rapazes que tenham carros mais luxuosos. “´Golzinho´ para mim não rola, tem de ser de Audi para cima”, ressalta.

Camussi costuma gastar quase tudo o que ganha em acessórios para carro

Vanessa cuida do carro, mas diz que não entende nada de mecânica

Fotos: Ivan Costa

Bergantim e seu Versalles: penso em carro 24 horas

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Mochileirosmundo afora

Ítalo FerreiraFernanda Dias

Tiago Praxedes

Eles são geralmente jovens estudan-tes que, com pouco dinheiro, saem para co-nhecer novos lugares, divertir–se e fazer ami-zades. Como de costume, suas viagens são feitas com uma mochila nas costas. Sem ter um lugar fixo para ficar, dormem em lugares mais baratos ou acampam. Normalmente, as viagens são de última hora e só existe uma programação quando se trata de um passeio internacional. Nadima Damha, 32 anos, turismólo-ga, descobriu na adolescência sua paixão por viagens de mochilas. Ela gostava de aventu-ras e diversão. Entre as diversas viagens que

realizou, as mais interessantes foram para Machu Picchu (Peru) e Havaí (EUA). Nadi-ma conta que sua próxima aventura será na Tailândia. “Ouvi dizer que o lugar é muito ‘massa’ e colorido”. Todo passeio que ela faz pelo Brasil sempre está acompanhada por dois ou três amigos que, no decorrer da viagem, conhe-cem novas pessoas, fazendo com que o nú-mero de aventureiros aumente, proporcio-nando momentos de diversão. Nadima diz que em suas viagens não pode faltar intera-ção – e “beber, beijar e levantar” fazem parte de seu roteiro, brinca. Mochileira de primeira viagem, Ca-roline Dias, 19, realizou sua aventura em Salvador (Bahia) no último verão. Na com-panhia de seis amigas, fez um roteiro impro-visado para conhecer os locais turísticos e culturais da cidade. “O que mais me chamou atenção nesse passeio foi a culinária baiana”, destaca a jovem. Caroline pretende conhecer novos lugares no futuro, porém não sabe ain-da para onde irá. Para ela, esse tipo de viagem traz a sensação de liberdade e independência. “É necessário saber tomar as decisões corretas em um momento no qual não se pode pedir auxílio a ninguém”, aponta.. Os preços dos passeios nacionais variam de R$ 900 a R$ 1 mil, o que chama a atenção do jovens. Para fazer uma viagem agradável, é necessário ter alguns cuidados, que variam dependendo da localização da aventura.

Dicas para mochileiros- Levar o mínimo de roupas,

adequando-se ao destino para não pesar na

mochila;- Levar sapatos leves;- Ter uma garrafa de água;

- Comprar dinheiro com antecedência (viagem

internacional); - Saber o mínimo do idioma do país;

- Comprar remédios básicos para emergência.

O belo visual de Machu Picchu atrai jovens

Trio parada dura festeja em praia baiana

Amigas fazem tour pela Bahia

Baixo custo de viagens e busca deaventuras atraem jovens