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A TIPOLOGIA DE NORMAM FRIEDMAN CHIAPPINI, Ligia LEITE, Moraes F O C O

Ligia Chiappini Moraes Leite – O Foco Narrativo

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A TIPOLOGIA

DE NORMAM FRIEDMAN

CHIAPPINI, Ligia

LEITE, Moraes

F O C O

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Boa parte da teoria do foco narrativo trata da relação entre ficção e

realidade e da necessidade de verossimilhança – a impressão de

verdade que o texto pode provocar. Refletir sobre essa relação é

quase tão antigo quanto o ato de narrar. Platão e Aristóteles o

fizeram na Grécia Antiga; Hegel, Lefbeve e Barthes também se

dedicaram ao tema.

Este livro, (que norteia nosso trabalho) apresenta a maneira como

se tem considerado o foco narrativo no Ocidente e analisa o uso

desse recurso em clássicos da literatura, como Quincas Borba,

Madame Bovary, Grande Sertão:Veredas e Mrs. Dalloway.

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Enquanto categorização na teoria literária, a

questão do narrador diz respeito à voz que

enuncia a história e a de que modo essa voz

está relacionada com as outras vozes que

compõem o discurso do texto.

Isso significa questionar quem conta a história e

por qual perspectiva, identificando não apenas

a entidade que relata os acontecimentos

(narrador onisciente, protagonista ou

testemunha), mas localizando e temporalizando

o próprio processo de enunciação.

O FOCO DO FOCO NARRATIVO

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Outra questão fundamental é apontar o acessoque o narrador possui às informações narrativas(se pode entrar na mente dos personagens, sesabe mais ou menos que estes, se podeantecipar ou retardar a ação, etc.). Essesquestionamentos permitem entender oposicionamento do narrador em relação àhistória, aos personagens e ao leitor.

E isso ajuda, por fim, a compreender certasambiguidades do texto e a clarificar as escolhasnarrativas que conformam a obra e queinfluenciam diretamente em sua assimilação pelopúblico.

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• Quem conta a HISTÓRIA? Trata-se de um narrador emprimeira ou terceira pessoa? De uma personagem em primeirapessoa? Não há ninguém narrando?

• De que POSIÇÃO ou ÂNGULO em relação à HISTÓRIA oNARRADOR conta? (por cima? na periferia? No centro? Defrente? Mudando?)

• Que canais de informação o NARRADOR usa para comunicara HISTORIA ao leitor (palavras? Pensamentos? Percepções?Sentimentos? Do autor? Da personagem? Ações? Falas doautor? Da personagem? Ou uma combinação disso tudo?)?

• A que DISTÂNCIA ele coloca o leitor da história (próximo?Distante? Mudando?)

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Friedman chama a atenção, logo de início,para a predominância de CENA, nasnarrativas modernas, e do SUMÁRIO, nastradicionais.

CENA: Restringe a ação apresentando-anum tempo presente e próximo do leitor

SUMÁRIO: Amplificado no tempo e noespaço, distanciando o leitor do narrador.

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É primeira categoria proposta por Friedman.Esse tipo de narrador tem a liberdade de narrar àvontade, de colocar-se acima, ou, como quer J.Pouillon, por trás, adotando um PONTO DE VISTAdivino, como diria Sartre, para além dos limites detempo e espaço.

Há uma tendência ao SUMÁRIO.

Como canais de informação, predominam suaspróprias palavras, pensamentos e percepções.Seu traço característico é a intrusão, ou seja, seuscomentários, que podem estar ou nãoentrosados com a história.

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“ Não, senhora minha, ainda não acabou este dia tãocomprido; não sabemos o que se passou entre Sofia eo Palha, depois que todos se foram embora. Pode seraté que acheis aqui melhor sabor no caso doenforcado.

Tende paciência; é vir agora outra vez a Santa Tereza.A sala está ainda alumiada, mas por um bico de gás;apagaram-se os outros, e ia apagar-se o último,quando o Palha mandou que o criado esperasse umpouco lá dentro. A mulher ia sair, o marido deteve-a,ela estremeceu”

(ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Rio deJaneiro/Paris, Garnier, (1923). P. 85)

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Quem narra? - Um narrador onisciente

intruso, um eu que tudo segue, tudo sabe

e tudo comenta, analisa e critica.

De que lugar? – provavelmente de cima,

dominando tudo e todos, até mesmo

puxando com pleno domínio as nossas

reações de leitores.

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A segunda categoria de Friedman, o

narrador onisciente neutro, fala em 3ª

pessoa. Também tende bastante ao

SUMÁRIO embora aí seja bastante

frequente o uso da CENA para os

momentos de diálogo e ação, enquanto a

caracterização dos personagens é feita

pelo narrador que as descreve e explica

ao leitor.

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“Ela pôs as mãos nas faces de Spade, encostouviolentamente a boca entreaberta na dele, com ocorpo colado ao seu. Os braços de Spadeenvolveram-na apertando-a com os músculossalientes sob as mangas azuis, uma das mãosacariciando-lhe a cabeça, os dedos meio perdidosentre o cabelo vermelho, a outra movendo osdedos tateantes sobre as costas esbeltas. Seusolhos despediam uma chama amarelada”

(HAMMT, Dashiell. O falcão maltês. São Paulo,Brasiliense, 1984)

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O narrador é onisciente , mas evita tecercomentários sobre o que Spade pensa ousente, o que, por vezes, o tornamisterioso, meio enigmático, não só paraos personagens, mas para nós, leitores,sempre à espera de suas ações e reaçõesimprevistas. Cabe a nós adivinhar osignificado dessa chama: desejo, atraçãofísica? O narrador não diz. Ao leitor, asconjecturas...

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As outras características referentes às

outras questões (ângulo, distância, canais)

são as mesmas do AUTOR ONISCIENTE

INTRUSO, do qual este se distingue

apenas pela ausência de instruções e

comentários gerais, embora sua presença

interpondo-se entre o leitor e a HISTORIA

seja sempre muito clara.

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Narra em primeira pessoa, mas é um ―eu‖interno à narrativa, que vive osacontecimentos aí descritos comopersonagem secundária que podeobservar, desde dentro, osacontecimentos e portanto dá-los ao leitorde modo mais direto, mais verossímil.Testemunha, não é à toa esse nome:apela-se para o testemunho de alguém.

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No caso do ―Eu‖ como testemunha, o

ângulo de visão é mais limitado. Como

personagem secundária, ele narra da

periferia dos acontecimentos, não

consegue saber o que se passa na cabeça

dos outros, apenas pode inferir, lançar

hipóteses, servindo das informações que

viu ou ouviu.

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“Enfim, casados. Venho agora da Prainha, aonde os fui embarcar para Petrópolis. O casamento foi ao meio-dia em ponto, na matriz da Glória, poucas pessoas, muita comoção. Fidélia vestia escuro e afogado, as mangas presas nos pulsos por botões de granada, e o gesto grave. D. Carmo, austeramente posta, é verdade, ia cheia de riso, e o marido também. Tristão estava radiante. Ao subir a escadaria, troquei um olhar com a mana Rita, e creio que sorrimos; não sei se nela, mas em mim era a lembrança daquele dia de cemitério, e do que lhe ouvi sobre a viúva Noronha. Aí vínhamos nós com ela a outras núpcias. Tal era a vontade do Destino”

(Assis, Machado de. Memorial de Aires. In: —. Obras completas Rio de Janeiro, Aguilar, 1971. v. 1, p.1194. )

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O conselheiro é testemunha, quanto àssuas reflexões e memórias, ele éPROTAGONISTA. Sua vozsimultaneamente documenta um períododa História Brasileira (o momento daProclamação da República) e transmitesensações e pensamentos de um velhoque aí vive. Conselheiro Aires é, naverdade, um NARRADOR-PROTAGONISTA

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. Em Grande sertão: veredas, é do ponto devista de Riobaldo que tudo é visto enarrado, sendo ele e seu misteriosoamigo, amigo, Diadorim, personagenscentrais. Ou seja, tudo depende dasdescobertas dos dois para que o leitorpossa saber da história. Os mistérios vãosendo revelados, ou não, no mesmoinstante para os personagens, osnarradores e os leitores.

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“ Medo? Bananeira treme de todo lado. Mas eutirei de dentro do meu tremor as espantosaspalavras. Eu fosse um homem novo em folha.Eu não queria escutar meus dentes.Desengasguei outras perguntas (...) O que euestava tendo era o medo que ele estavatendo de mim!”

(ROSA, João Guimarães. Grande sertão:veredas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1967.cit, p. 317.)

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Nesse caso, também desaparece aonisciência. O NARRADOR, personagemcentral, não tem acesso ao estado mentaldas demais personagens. Narra de um centrofixo, limitado quase que exclusivamente àssuas percepções, pensamentos esentimentos. Como no caso anterior, elepode servir-se seja da CENA seja doSUMÁRIO, e, assim, a DISTÂNCIA entreHISTÓRIA e leitor pode ser próxima, distanteou, ainda, mutável

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O quinto tipo, chamado por Friedman deONISCIÊNCIA SELETIVA MÚLTIPLA, OUMULTISSELETIVA, é o próximo passo, nessaprogressão rumo à maior objetivação do material daHISTÓRIA. Se da passagem do NARRADORONISCIENTE para o NARRADOR-TESTEMUNHA, epara o NARRADOR-PROTAGONISTA, perdeu-se aonisciência, aqui o que se perde é o "alguém" quenarra. Não há propriamente narrador. A HISTÓRIAvem diretamente, através da mente das personagens,das impressões que fatos e pessoas deixam nelas. Háum predomínio quase absoluto da CENA.

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Diferente da ONISCIÊNCIA NEUTRA,

agora o autor traduz os pensamentos,

percepções e sentimentos, filtrados pela

mente das personagens, detalhadamente,

enquanto o NARRADOR ONISCIENTE os

resume depois de terem ocorrido.

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Um bom exemplo é Vidas secas, de Graciliano

Ramos, que começa com Fabiano e sua família

(mulher, dois filhos e uma cachorra), fugindo da

seca do Nordeste, em busca de uma terra

menos inóspita. Depois de uma longa

caminhada, sob o sol escaldante, encontram

uma fazenda para trabalhar, e, a partir daí, o

romance passa a enfocar sucessivamente cada

personagem, dedicando-lhes alternadamente

os capítulos em que nos são transmitidos seus

pensamentos e sentimentos.

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― Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinham-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas. Fazia mais de um ano que falava nisso ao marido. Fabiano a princípio concordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene. Sinhá Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa.‖

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― Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual a de seu Tomás da bolandeira. Doidice. Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa arrumada, dormiriam bem debaixo de um pau. Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de entender, antes de nascer, sucedera o mesmo — anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas — ela se avizinhando a galope com vontade de matá-lo.‖

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Esta é uma categoria semelhante à

anterior, apenas trata-se de uma só

personagem e não de muitas. É, como no

caso do NARRADOR-PROTAGONISTA, a

limitação a um centro fixo. O ângulo é

central, e os canais são limitados aos

sentimentos, pensamentos e percepções

da personagem central, sendo mostrados

diretamente.

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“Por que ela estava tão ardente e leve, como o ar quevem do fogão que se destampa? O dia tinha sido igualaos outros e talvez dai viesse o acúmulo de vida.Acordara cheia de luz do dia, invadida. Ainda na cama,pensara em areia, mar, beber água do mar na casa datia morta, em sentir, sobretudo, sentir. Esperou algunssegundos sobre a cama e como nada acontecesseviveu um dia comum. Ainda não se libertara do desejo— poder — milagre, desde pequena. A fórmula serealizava tantas vezes: sentir a coisa sem possuí-la.(...) Quis o mar e sentiu os lençóis da cama. O diaprosseguiu e deixou-a atrás, sozinha.”

(LISPECTOR, op. Cit., p.19)

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Agora que já se eliminou o autor e, depois, onarrador, eliminam-se os estados mentais elimita-se a informação ao que aspersonagens falam ou fazem, como noteatro, com breves notações de cenaamarrando os diálogos. Ao leitor cabe deduziras significações a partir dos movimentos epalavras das personagens. O ÂNGULO éfrontal e fixo, e a distância entre a HISTÓRIAe o leitor, pequena, já que o texto se faz poruma sucessão de CENAS.

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Na ficção de James, como diz Lubbock,

essa foi a experiência talvez mais radical

em matéria de tratamento dramático; trata-

se de uma técnica dificilmente sustentável

em textos longos.

Talvez por isso mesmo seja nos contos

que ela funcione melhor

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São onze horas da noite, e três soldados romanos estão numa taverna. Há barris nas paredes. Por trás do balcão de madeira está um hebreu vendedor de vinhos. Os três soldados romanos estão um pouco tocados:

1.º soldado romano — Já experimentou o tinto? 2.º soldado — Não, não experimentei. 1.º soldado — É melhor experimentar.2.º soldado — Está bem, George, vamos tomar uma rodada do tinto.Vendedor judeu — Aqui está, cavalheiros. Vão gostar. (Coloca na mesa

um jarro de barro que encheu numa das barricas.) É um vinhozinho decente.

1.º soldado — Tome um pouco também. (Volta-se para o terceiro soldado romano que está encostado num barril.) Que é que há com você?

3. º soldado romano — Estou com dor de barriga. 2.º soldado — Você andou bebendo água.

(HEMINGWAY. Contos de Hemingway. 3. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1976. p. 107.)

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A última categoria de Friedman significa o máximo em matéria de"exclusão do autor". Esta categoria serve àquelas narrativas que tentam transmitir flashes da realidade como se apanhados por uma câmera,arbitrária e mecanicamente. No exemplo de Friedman, de Goodbye to Berlin, romance-reportagem de Isherwood (1945), o próprio narrador, desde o início, se define como tal: "Eu sou uma câmera". O nome dessa categoria me parece um tanto impróprio. A câmera não é neutra. No cinema não há um registro sem controle, mas, pelo contrário, existe alguém por trás dela que seleciona e combina, pela montagem, as imagens a mostrar. E, também, através da câmera cinematográfica, podemos ter um PONTO DE VISTA onisciente, dominando tudo, ou o PONTO DE VISTA centrado numa ou várias personagens. O que pode acontecer é que se queira dar a impressão de neutralidade.

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―Ter, haver. Uma sombra no chão, um seguro que se desvalorizou, uma gaiola de passarinho. Uma cicatriz de operação na barriga e mais cinco invisíveis, que doem quando chove. Uma lâmpada de cabeceira, um cachorro vermelho, uma colcha e os seus retalhos. Um envelope com fotografias, não aquele álbum. Um canto de sala e o livro marcado.‖

(RAMOS, Ricardo. Circuito fechado (4). São Paulo, Martins, 1970. )

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A Análise Mental já foi bastante ilustrada

quando tratamos da Onisciência Seletiva e

da Onisciência Multisseletiva.

Trata-se da análise mental dos

personagens, feito de maneira indireta, por

uma espécie de Narrador Onisciente que,

ao mesmo tempo expõe e analisa.

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Forma direta e clara de apresentação dos

pensamentos e sentimentos das

personagens. É muito antigo. Nós os

encontramos, por exemplo, na Odisséia:

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―— Ai de mim! Receio que outra vez um dos seresimortais esteja urdindo um ardil contra mim,quando me aconselha a abandonar a jangada.Não, não vou obedecer; meus olhos divisam aterra ao longe, onde ela disse que eu achariasalvação. Eis, ao invés, o que vou fazer, por meparecer o melhor partido; ficarei aqui, enquanto omadeira me se mantiver firme nas junturas e tereiânimo para suportar os reveses; quando as vagastiverem despedaçado a jangada, pôr-me-ei anado, porque melhor solução não haverá paraengendrar.‖

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Já o MONÓLOGO INTERIOR implica um

aprofundamento maior nos processos

mentais, típico da narrativa deste século.

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Na acepção de Bowling, é a expressão

direta dos estados mentais, mas

desarticulada, em que se perde a

sequencia lógica e onde parece

manifestar-se diretamente o inconsciente.

Trata-se de um desenrolar ininterrupto de

pensamentos.

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―Sabe Deus que coisa que ele fez que eu não sei e eu sou pra mevirar lá embaixo pela cozinha pra fazer pra sua senhora o desjejumenquanto ele fica enroladinho aqui como uma múmia vou eu irmesmo já me viste jamais me apressando nisso eu mesma queriame ver nisso mostra atenção pra eles e eles vão te tratar comoroupa suja eu não me importo com o que ninguém diga ia ser70muito melhor para o mundo ser governado pelas mulheres quando éque se viu mulheres rolando em volta bêbadas como eles fazem mejogando cada pense que eles têm e perdendo nos cavalos simporque uma mulher o que quer que ela faz ela sabe quando pararclaro que eles não iam existir no mundo se não fosse a gente elesnão sabem o que é que é ser mulher e mãe como é que eles podemonde é que eles todos iam estar se eles não tivessem tido uma mãepara olhar por eles o que eu nunca tive aí está por que eu suponhoque ele está agora solto por ai‖

( JOYCE, James. Ulisses. Rio deJaneiro, Civilização Brasileira. 1966. p. 42.)

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Após esse exemplo, fica claro a

dificuldade existente em diferenciar

Monólogo Interior e Fluxo de Consciência.

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CHIAPPINI, Ligia. MORAES, Leite.O foco

narrativo.11 ed. São Paulo: Ática Editora,

2007

As Horas. As Horas (The Hours) longa-

metragem anglo – americano. 2002.

Direção: Stephen Daldry. Baseado no livro

As Horas, de Michael Cunningham.

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Amélia Jessiely Soares Bento

Grace Aparecida Dos S. S. Duarte

Maria Valdinele

Maria da Guia de Jesus

Andecarlos Ribeiro