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DISCIPLINA: História e conceitos básicos do Hinduísmo, Budismo, e Islã.
MESTRANDO: Arlindo Nascimento Rocha
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
O RIG-VEDA
O estudo do Veda é um dos campos mais árduos da filologia* indiana;
poucas são as pessoas que se dedicam a pesquisa do Rig-Veda.
Entre os estudiosos encontramos:
• Burnouf, Oldenberg, Roth, Max Müller, Bergaigne, Pischel, Geldner
(...) (3)
Dessa lista fazem parte ainda:
• Rosen, Wilson, Bemfey, Colebrooke, Grasmann, Regnier, Regnaud,
Kerbaker (...) (4)
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• As coincidências lexicais, correspondências literárias, e elementos
religiosos e sociais dos hinos do Rig-veda e nas estrofes do Avesta*
demostram que houve um longo período de vida em comum dos Indo-
europeus.
• Esses povos teriam povoada a Índia e o Iran que se diferenciaram
através de novas caraterísticas linguísticas, religiosas e sociais. (p. 5)
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LITERATURA VÉDICA
Literatura Védica é o conjunto de textos sagrados do pensamento religioso
indiano (ilustrações, liturgias, exegéticas, teológicas, e filosóficas) transmitidos
oralmente. (p. 9)
• TEXTOS:
I. AS SAMHITÂS (1500 a 1200 a.C) – coleções de hinos, de orações,
de canções mágicas, bênçãos e ritos.
II. BRÂMANAS (1000 a 800 a.C) – textos sobre ciência sacrifical;
III. AS ÂRANYAKAS - obras teológicas ritualistas que tem relações com
BRÂMANAS;
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I. As UPANISHADAS (800 a 500 a. C) – textos de doutrina secreta sobre o Ser supremo, o eu e o mundo – primeiros documentos do pensamento filosófico indiano. (p.10)
II. VEDÂNGAS (500 a 200 a.C) – “Membros do Veda” ou “ciência auxiliar do Veda”. (p. 11)
Cada BRÂHMANA, ÂRANYAKA, e UPANISHADA, se prende a uma ou a outra das SAMHITÂS védicas. Cada SAMHITÂS védica possui seus próprios BRÂHMANAS ou ÂRANYAKA ou suas próprias UPANISHADAS.
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Existem outros tratados que são o élo de ligação entre a literatura védica e a clássica.
• São eles:
• SÛTRAS – coleção de brevíssimos aforismos.
• A primeira é KALPA-SÛTRA – O Sûtra das cerimônias;
• A segunda é SMÂRTA-SÛTRA – regras concernentes à doutrina, vindas por tradição, divididas em três seções:
I. GRHYA-SÛTRA – aforismos domésticos;
II. DHARMA-SÛTRA – aforismos de gênero social ou jurídico;
III. ÇULVA-SÛTRA – regra da corda. (p. 12)
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OS VEDAS
• Os vedas são quatro:
1. As SAMHITÂS – coleção de hinos, mantras, súplicas, fórmulas mágicas,
inovações de bênçãos, fórmulas sacrificiais, esconjuros (...)
I. O mais antigo é o RIG-VEDA – veda das estâncias laudativas;
II. O segundo é o YAJUR-VEDA – veda das fórmulas sacrificiais;
III. O terceiro é o SAMA-VEDA – veda das melodias. (p13);
IV. O quarto é o ATHARVA-VEDA – veda das fórmulas mágicas.(p. 14)
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O RIG-VEDA
Segundo Max Müller, o Rig-Veda é o documento mais antigo da Índia, formado
por 1028 hinos.
• Contem mais ou menos 160.000 palavras, considerado como um arquivo do
pensamento humano, que permaneceu durante séculos na memória dos
homens.
• O termo RIG-VEDA, conhecido como “Livro dos versos” é composta de:
versos, estâncias, estrofes, hinos.
• É a coleção litúrgica de hinos de povos arianos dirigido às divindades.
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Max Müller foi o primeiro a estabelecer uma cronologia do período literário mais antigo da Índia.
1. Século IX ou X e o século VII a.C
O periodo dos Brahmanes (Äraniakas e as Upanishadas)
2. Século IX ou XII e o século IX ou X
As Samhitäs ou coleção de hinos ( Rig-Veda, Yajur-Veda, Soma-Veda
e Atharva-Veda). (p. 17)
Essa teoria foi seguida por von Schoder, Oldenberg, Henry, Macdolnel e Winternitz.
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À hipótese de Müller contrapõe a escola dominicana francesa, liderada pelo
vedista A. Bergaigne.
• Ele estabelece o Rig-Veda como um livro litúrgico com relação íntima com o
sacrifício.
• Seus seguidores foram Barth, Darmesteler, Levi. (p. 18).
Contra as duas teorias aparece Jacobi e Tilak, que consideram os anos 4.500-
2.500 como periodo do desenvolvimento e cultural do Rig-Veda histórico
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O RIG-VEDA
• O hino VII, 103 do Rig-Veda compara na quinta estrofe as rãs, que
sucessivamente grasnando, formam o eco uma da outra, aos alunos que
aprendem o Veda, repetindo nas palavras do mestre. (mnemônica)
• O mestre se dirige ao aluno que está a direita e recita a primeira e a
segunda palavra com a qual começa um verso.
• O aluno repete e o mestre prossegue a recitar-lhe separadamente o resto do
verso. (p. 21).
• Este sistema de ensino sempre deu bons resultados na Índia.
Aprendido por ensino oral
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• O Rig-Veda não faz referência à arte de escrever, mas ao ensino oral. Quem
escreve os Vedas vai ao inferno.
• Os monumentos religiosos e literários passaram de pais para filhos por
tradição oral, e, ainda os indianos guardam na memória suas relíquias.
• Durante mais ou menos um milênio a memoria dos Brahmanes serviu de
arquivo melhor do que os livros. (pp. 24, 25)
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COMPOSIÇÃO DO RIG-VEDA
Nada se sabe da época da composição do Rig-Veda.
• A única recenção fixada na escola dos Çâkalas, 600 anos a.C.
• O Rig-Veda é composta por 1028 hinos, recolhidos em 10 mandalas ou
“circulos cíclicos” com 40. 000 versos dos quais 5. 000 são repetidos. (p. 26)
• Outra distribuição externa apresenta o conjunto de hinos divididos em 8
astakas “oitavas” cada uma dividida em 8 vargas “porções” de cinco versos.
• Os livros mais antigos são chamados de “Livros de família”.
• O objetivo do hino é agradecer os favores da parte dos deuses.
• O sacerdote é chamado de hotar “sacrificador” ou “invocador”. (p. 27, 28)
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ÉPOCA EM QUE FOI ESCRITO O RIG-VEDA
• As origens do Rig-Veda são remotíssimas:
• A redação do Rig-Veda’, que conhecemos é aquela do “ramo” çâkhâ, da
escola dos çâkhâs.
• Foi tarefa árdua para os filólogos fixar a época exata do aparecimento do
Rig-Veda.
• Depois de muito trabalho chegou-se a conclusão de que o Rig-veda é
da época de 1.500 a.C.
• Oldenberg afirma que o periodo se situa entre 1.500 a 1.000 a.C. (p. 31)
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O RIG-VEDA E A ÍNDIA
O Rig-Veda é o livro mais antigo e venerado na Índia, embora para alguns, é o
que menos representa aquilo aquilo que realmente é a Índia.
• Há uma omissão de elementos importantes para a cultura indiana:
• Não se mensiona o tigre;
• Do elefante se fala raras vezes;
• Não mensiona o nygrodha (crescente);
• O arroz é desconhecido pelos vates védicos. (p. 32);
• O Gange sagrado, é memsionado somente uma vez (p. 33)
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• Todas as religiões posteriores como:
• KARMAN (ação que determina o novo nascimento);
• SANSÂRA (ciclo infimnito de nascimento);
• AHIMSA (proibição de matar qualquer ser)- não se encontram no Rig-Veda.
Esses fatos revelam que o Rig-Veda nada tem que ver com a Índia, porém, representa uma antiqíssima civilização ariana.
• A Índia não tem uma historiografia própria, mas os três monumentos literários: RIG-VEDA, MAHÂBHÃRATA e RÂMÂYANA, conservam a memória das três etapas da expansão ária na Índia. (p. 35).
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A MÉTRICA DO RIG-VEDA
• A métrica do hinos do Rig-Veda difere da clássica.
• Na métrica clássica são quatro chamados de pâda “pé” (metáfora tirada
dos quadrúpedes);
• Os pâdas tem um número fixo de sílabas (4, 5, 11, 12).
• Os versos são formados por mais linhas (estrofes ou estâncias) (p. 36)
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TRÊS PERÍODOS DA LÍNGUA DO RIG-VEDA
• Primeiro período ( 1.500 ao 6o século a.C) – védico representado pelos hinos mais antigos;
• Segundo período (6o ao 2o século a.C) – védico porque sua literatura é essencialmente crítica e a língua guarda traços da sua origem védica.
• O terceiro período (2o a.C ao século XVI) – Sânscrito clássico.
Há outra classificação mais simples:
• Sânscrito védico;
• Sânscrito clássico;
• Sânscito moderno. (pp. 38,39)
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A LÍNGUA DO RIG-VEDA
O sânscrito védico, anterior ao primeiro mílénio a.C. é a língua dos hinos, a
mais rica de formas, próxima a língua irânica e do Avesta.
• Os dialetos mais antigos podem ser considerados “prákritos” e o exemplo
mais antigo pode ser chamado de “primário”.
• Provavelmente esta língua foi falada pelas tribos que invadiram a Índia.
A língua douta termina a criação de novas formas e começa o período das
perdas.
• Ela tende a uma maior simplicidade e agilidade;
• Aparece casos de fusão e sincretismo;
• Redução das formas gramaticais. (p. 45).
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CLASSIFICAÇÃO DOS HINOS DO RIG-VEDA
É possível distinguir quatro formas de hino:
• 1ª - Hinos que se canta à natureza com admiração, sem adoração dos
fenômenos como manifestação do divino;
• 2ª - Hinos em que Deus é colorido no fenômeno natural (Açvinau, Mitra,
Varuna);
• 3ª - Hinos nos quais Deus se manifesta mais humano a ponto de ser
confundido com o herói (Indra e Marutas);
• 4ª - Hinos nos quais se celebra como divino todo o objeto de culto
sacrifical. (pp. 47,48)
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O RIG-VEDA COMO LIVRO RELIGIOSO
Maior parte dos hinos do Rig-Veda são dedicados ao sacrifício do soma.
• A religião do Rig-Veda, é a das classes dos sacerdotes e dos príncipes.
As crenças populares são excluídas das poesias e dos hinos.
As divindades evocadas são a personificação de fenômenos da natureza:
• 36 hinos à Varuna; 35 ao sol ; 20 à aurora; 50 aos Açvins; 250 à Hindra;
33 à Maruts, 3 à Parjanya; 200 à soma, formando um total de 747 hinos
para 1028 que constam do Rig-Veda.
• Os deuses que, embora não existem “ab aeterno”, tendo aspeto humano
(excepto a mãe de Rudra) não são regulados por hirarquias, mas, são
distinguidos no Rig-veda em três grupos:
• Celestes; atmosféricos e terrestres (11 deuses) (pp 50,51)
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Principais divindades celestres:
• DYAUS – o primeiro entre os deuses do céu, aliás é o próprio céu - é
chamado de pai de muitos deuses – (Ushas, Açvins, Sûria, Âdityas, Agni,
Parjanya, Indra); (53)
• MITRA E VARUNA – as mais poderosas entre os sete filhos de Aditi
“mãe”dos “grandes soberanos do universo”;
• USHAS – deusa da aurora, aparece bela de manhã, trazendo a luz. (54)
• OS AÇVINS – irmãos da aurora, gêmeos inseparáveis, belos ágeis, fortes e
sapientíssimos. São os médicos dos deuses. (55)
• SÛRYA – é o sol, o grade astro que dá luz ao homens – olhos dos deuses
(Savitar, Purushan, Visnu) (pp. 56, 57, 58).
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Divindades atmosféricas:
• INDRA – o deus nacional da Índia védica - forte, violento e belicoso.
• RUDRA – deus das montanhas e das florestas;
• OS MARUTS – divindade ao serviço de Indra (enviam a chuva e fazem
tremer a terra) (59)
• PARJANYA – deus da tempestade e da chuva.
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Divindades terrestres:
• PRTHIVÊ – a larga : terra;
• AGNI – maior dos deuses da terra; (p. 60)
• SOMA – figura mais complexa do panteão védico (é uma planta não muito
bem identificada que cresce nas montanhas) – seu suco gurda o segredo da
imortalidade dos deuses. (p. 61)
Existem outras divindades inferiores que relacionam às àguas, aos rios,
montanhas, florestas.
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HINOS DE ASSUNTOS VÁRIOS NO RIG-VEDA
Existem mais ou menos 20 hinos em forma de diálogo condierados como:
• Fonte da poesia épica e dramática;
• Cantos nupciais com relativos exorcismos;
• Cantos mágicos em geral;
• Cantos de guerra
• Outros de caráter mundano com humorismo,;
• Cantos fúnebres (p. 65)
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Outros hinos referem a assuntos filosóficos e cosmológicos.
• A preocupação é com a origem do mundo, a imortalidade da alma e seu
destino, dúvidas em relação a unidade e a pluralidade dos deuses ou sobre
a sua existência.
• No Rig-Veda não há traços de poesia popular, a não ser dois ou três versos
de cunho popular.
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