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PÁGINAS abertas ANO I - N O 15 SETEMBRO A DEZEMBRO DE 2011 Reciclagem de sucata e lixo mudam vidas CONTATOS 31. 30325452 [email protected] olegariobalbino.blogspot.com PÁGINA 8 As aventuras de Cafunga e Alice na Copa do Mundo ENCARTE Acir Antão recupera nossas raízes musicais PÁGINA 5 112, o número que manchou a educação estadual mineira PÁGINA 5 Miriam Gonçalves

Paginas abertas de setembro a dezembro

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Jornal Paginas Abertasde Setembro a Dezembro

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EditorialOpinião

ÉDERSON BATISTA BALBINO

Sou ideologicamente ICOB embora nunca tenha me ins-crito em outra organização. Por isso como presidente e ideali-zador me permito pensar em alguns desafios.

O que querem os movimentos sociais e o povo? Mudanças profundas que deem outro rumo a nossa comunidade (reali-dade). Esse mesmo povo entende que não fazemos o que que-remos, mas o que podemos ou o que nos deixam fazer. O ter-reno é ocupado e minado. Mas nem tudo é mina. Há espaços para inovações.

O ICOB inovou criando o pré-vestibular, pré-enem e supletivo do ensino médio em nossa região. Inovou criando em parceria com o SESC o ciclo de palestras e cursos profis-sionalizantes que beneficiaram até a presente data cerca de 1450 pessoas.

Não há instrumento maior para avaliar os trabalhos ofereci-dos por uma ONG que o sentimento de um povo. Portanto com as ações do ICOB, e isto inclui o Páginas Abertas, o jovem passou a ter mais informação e acesso a Universidade.

É com este espírito que o Páginas Abertas quer mostrar a você o que está sendo feito. E com sua contribuição e partici-pação vamos, cada vez mais melhorando no sentido de conti-nuar nosso compromisso de construir uma comunidade mais humana e com mais igualitária.

Agora é com você amigo leitor, boa leitura e até a próxima edição do Páginas Abertas.

INFORMATIVO DO INSTITUTO CULTURAL OLEGÁRIO BALBINORua Margarida P. Torres , 1460 - Nova Esperança - Belo Horizonte - Minas Gerais - CEP 31230 390 Contato: 31. 3347.3282 - e-mail: [email protected] ou blog: olegariobalbino.blogspot.comRECURSOS HUMANOSCOORDENADOR/PROFESSOR: Éderson Batista Balbino, DIRETORA FINANCEIRA: Rosemayre Costa Carvalho, ADVOGADA:Donata Terezinha Balbino, SECRETÁRIO: Robson Anísio

JORNAL – LABORATÓRIO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA / CENTRAL DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA – CPJCOORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO: Marialice Emboava, COORDENADOR DA CENTRAL DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA - CPJ: Eustáquio Trindade Netto – MG02146MT, PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE: Helô Costa – MG00127DG, colaboraram nesta edição estagiários do curso de Jornalismo:Lídia Salazar(edição); Ana Paula Duarte, Bárbara Batista, Bruno Menezes, Diego dos Santos, Geisiane de Oliveira, Isabella Rocha, Izabela Moreira, Jaqueline de Paula, Lorayne François, Miriam Gonçalves, Nayara Perez, Rayane Dieguez, Sérgio Viana (textos); Ludmila Rezende (diagramação).

CORRESPONDÊNCIA: Centro Universitário Newton Paiva - Campus Carlos Luz: Rua Catumbi, 546 - Caiçara - Belo Horizonte - Minas Gerais - CEP: 31230-600 - Telefone: (31) 3516-2734 - [email protected]

Expediente

TERRENO MINADO?IZABELA MOREIRA

Com a intenção de levar mais cultura para os alunos e morado-res da região, professores e alunos do Instituto Cultural Olegário Bal-bino (ICOB) se uniram pela reali-zação de um sarau, que movimen-tou a Escola Municipal Arthur Guimarães, no dia 16 de setembro. O sarau teve como objetivo desper-tar o lado artístico dos alunos do pré-vestibular do ICOB.

A escola, que fica na avenida Américo Vespúcio, no bairro Apa-recida, contou com a participação de moradores com algum tipo de dom artístico e, por isso, o Sarau teve diversas intervenções artísti-cas. Oficinas, danças, moda de viola, pop rock e as participações do sambista Seu Marcelo e dos cantores Hugo (MPB) e Juninho Santos (sertanejo).

Ent re t an tos des taques , mesmo assim a noite foi do poeta Emílio Sutério, 39 anos, que tem mais de 400 poemas e um livro publicado. Emílio, que é morador do bairro, contou que foi a pri-meira vez que se apresenta em um sarau. Ele não teve como esconder que gostou demais de sua participação.

— Foi muito interessante parti-cipar porque, de certa forma, tudo isso faz com que a gente cresça.

Maria Aparecida Dias e Célia Oliveira, moradoras do bairro, dis-seram que a iniciativa deveria se repetir com mais frequência, pois, numa região onde não há opções de lazer, “o sarau é um acontecimento que leva incentivo a muita gente”. Segundo Célia Oliveira, “além de trazer muita cultura, o sarau nos diverte também, pois tem muita poesia e música”.

MIRIAM GONÇALVES

“Onde me chamar para trabalhar para o bem da comunidade eu vou” — são palavras do mais antigo morador do bairro Nova Esperança, José Eustáquio Pereira, 59 anos, que vive na região há 53 anos. Ele viu todo o processo de construção da Nova Esperança e lembra que, antigamente, o bairro era uma grande fazenda, onde ele e seus irmãos até tomavam banho em um córrego que passava por lá...

Pereira conta que muita coisa mudou na comunidade com o passar do tempo. Grandes empresas foram instaladas na região tornando o bairro mais conhecido. Além disso, ele reconhece que a prefeitura tem feito investimentos para tornar o bairro melhor. “Há pouco tempo, por exemplo, foi inaugurada a unidade da UMEI Nova Esperança, onde as mães agora podem deixar suas crianças para ir trabalhar”, conta.

Dono de um estabelecimento há 45 anos, foi o primeiro a trazer cultura por meio de sua banca de revista. Ele explica que, antes, “para se comprar um jornal era preciso ir até outro bairro”. O contato diário com o público criou um bom rela-cionamento com todos da comunidade — “de moradores a políticos”.

Mesmo sendo testemunha de um tempo de mais calma e menos violência, quando a região era de um bucolismo tão grande, que até parecia uma cidade do interior, Pereira afirma que ainda gosta muito de morar aqui, pois foi onde criou seus filhos, plantou seus amigos e cons-truiu sua vida.

Um olhar para a comunidade

Evento

Sarau leva cultura à

sala de aula

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NAYARA PEREZ

Após a matéria publicada na última edição do ‘Páginas abertas’, denunciando problemas da avenida Américo Vespúcio e suas esquinas perigosas, dentre elas as das ruas Luiz Monteiro e José Benedito, foram colocados mais quebra-molas na avenida. Mesmo assim, a principal via de ligação entre as regiões Norte e Nordeste com a região Noroeste continua com os mesmos problemas. Qual seria realmente a solução para diminuir os acidentes na Américo Vespúcio?

Para alguns pedestres, os quebra-molas até que ajudaram a diminuir um pouquinho a velocidade dos carros. Para outros, não houve muita diferença. “Os acidentes continuam acontecendo”, constata Roberto da Silva, lavador de carros que trabalha na região. Para ele, só outro tipo de sinalização, como um semáforo, poderá resolver a questão.

Além dos quebra-molas próximos à rua José Benedito, a mais caótica de todas, foi colocada uma placa, com o dístico ‘Proibido retornar’, para os condutores

que estão na avenida no sentido oposto e querem fazer um retorno em direção à rua. Como ninguém respeita a placa, a imprudência prevalece. Além de não res-peitar, são muitos os motoristas que fazem o retorno proibido exibindo manobras arriscadas mesmo nos horários de pico — “Esses caras complicam ainda mais o trânsito”, observa Roberto da Silva.

Há quem exija uma solução mais radical. “Deveriam fechar logo esse cruza-mento”, sentencia Milton Araújo, comer-ciante que trabalha em frente ao cruza-mento. Araújo acredita que um canteiro

resolveria o problema. Testemunha ocu-lar dos problemas, ele confirma que a placa e os quebra-molas, pelo menos até agora, não resolveram nada. “Os aciden-tes na avenida acontecem principal-mente com os motoqueiros”, explica.

CICLOVIA NA AVENIDA

Apesar dos diversos problemas veri-ficados na Américo Vespúcio, foi colo-cada uma ciclovia acompanhando o percurso da via, no sentido Antônio Car-los – Caiçara. Parte do projeto “Pedala BH”, seu objetivo é resgatar o uso da bicicleta, transporte considerado bené-

fico e flexível. Como era de se esperar, a medida desagradou a muita gente. Os taxistas que costumam estacionar seus carros na avenida, reclamam do afunila-mento da pista. “A ciclovia virou um problema daqueles: ela afunilou o trân-sito, que já era pesado e agora ficou pior”, reclama Victor Nunes, que faz ponto no local — “agora, ficamos esta-cionados bem no meio da pista”!

Mas há quem discorde. O universitá-rio e ciclista Roberto Mendonça, estu-dante de Letras, acha que tudo que é novo incomoda. ”A bicicleta é um veículo barato e de fácil manutenção; além de aliviar o trânsito pesado, ela não polui o meio ambiente”, afirma. Ele lembra que a ciclovia pode ser um dos trunfos para aju-dar a melhorar o cada vez mais caótico trânsito da região. “Mas, de que adianta construir uma ciclovia bacana como essa, se ninguém anda nela?” — questiona Roberto. Para ele, agora é hora de fazer uma campanha pra incentivar o uso da bicicleta, inclusive barateando o produto: “as bicicletas andam muito caras”.

Pedido é atendido, mas ainda não é o sufi ciente

Medidas foram consideradas paliativas

pelos moradores, que fazem diversas

sugestões à BHTrans

GEISIANE DE OLIVEIRA

“Acredito que Deus vai nos ajudar”. Depois de tanto esperar, Piedade Maria de Assis Matos, 65, só conta mesmo com a ajuda da Divina Providência. E tem moti-vos de sobra para isso. Ela perdeu um sobrinho em um acidente na perigosa rampa, que fica enfrente a sua casa, entre a rua Saracá e a avenida Américo Vespú-cio. “É um morro muito inclinado, que não possui nenhum tipo de apoio — assim, as pessoas que passam por lá têm grandes dificuldades para transitar”, adverte Piedade Maria. E tanto faz descer ou subir a rua: os riscos são os mesmos!

Na Saracá há um movimento sem-pre intenso, pois nas imediações se situam escolas, supermercados, saco-

lões, farmácias, diversas lojas e o retorno para a avenida Américo Vespúcio. A con-fusão aumenta principalmente no horá-rio de pico, por volta das 17h da tarde, quando o alto número de pessoas e car-ros torna o cruzamento bem perigoso. Para o vendedor José das Dores Pereira, 58, que tem uma sorveteria na esquina dessa rua, deveria ser colocada uma sinalização. “E depois, um corrimão, pelo fato de várias pessoas idosas já terem caído ali e porque a avenida é, de fato, muito agitada”, afirma Pereira.

O comerciante Éderson Batista con-corda com o vendedor, sugerindo tam-bém algumas mudanças. “A rua deveria ser mão única, pelo fato de que descem muitos caminhões pesados, em meio a

um grande volume de carros”, diz. Para ele, isso é um perigo, “pois os veículos entram de uma vez, pode acontecer um acidente grave”.

Depois de muitos apelos às autorida-des, a comunidade agora espera que a situação da rampa possa se resolver o mais rápido possível, pois já houve uma morte e ninguém quer que isso aconteça nova-mente. Por isso, muitos discordam de Piedade Maria quando ela diz que tudo “está nas mãos do Senhor, e só ele pode ajudar a gente a descer esse morro”. Há quem ache que a solução está aqui mesmo, na terra. “Basta que a prefeitura tenha boa vontade de dar um pouco mais de atenção para a rua Saracá”, sugere Dilza Márcia, outra moradora do bairro.

Rampa da rua Saracá já causou morteMoradores esperam

por iniciativa da prefeitura para

melhorar situação da comunidade

Mirian Gonçalves

Geisiane de Oliveira

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ENEM será obrigatório? Por enquanto, exame ainda é voluntário, mas, daqui a pouco,

não vai dar pra fugir dele

RAYANE DIEGUEZ

Ser admitido em uma universi-dade é, para a maioria dos adolescen-tes, o principio de uma escalada rumo ao sucesso. Porém, a tentativa de ingresso em uma instituição de ensino superior sempre gera estresse, pressão psicológica e abalo emocional. A grande maioria dos jovens que presta vestibular ao término do ensino médio sofre com a ansiedade. E um agra-vante, pois são as inúmeras modifica-ções que ocorreram no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).

Desde 2009, o ENEM adotou certas mudanças — passou a ser utilizado como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais e foi dividido em quatro áreas do

conhecimento: ciências naturais e humanas, linguagens e matemática.

Na tentativa de evitar que o estresse se instale, danificando os estudos e a vida pessoal do vestibulando, algumas instituições de ensino procuram ofere-cer uma espécie de suporte psicológico e educacional. É o que acontece no Ins-tituto Cultural Olegário Balbino (ICOB), uma entidade sem fins lucrati-vos, formada por professores voluntá-rios, que tem por objetivo ministrar ensino suplementar à população carente e de baixa renda.

Segundo Frederico Ângelo, aluno do ICOB, os professores são bem prepa-rados e estão sempre dispostos a escla-recer as dúvidas. “Lá, nós temos ótimos professores, são muito esforçados e nos

ajudam da melhor forma possível.”Leonardo Miranda, professor pre-

paratório do ENEM, afirma que os alu-nos precisam estar antenados. “A princi-pal dica que dou é que façam ao menos uma das provas anteriores, pois assim poderão aprender a lógica.”

A prova do ENEM exige dos estu-dantes muito mais do que o mero acú-mulo de conhecimento. Os alunos devem estar compenetrados e ter foco. Uma boa preparação e o apoio da família são essenciais para um desempenho satisfatório no exame. Afinal, é bom lembrar que, no início do mês de setem-bro, o ministro Fernando Haddad, da Educação, defendeu a universalização do ENEM, tornando-o obrigatório. Ou seja, o exame veio para ficar.

“E a saudade no meu peito ainda mora” (*)

LORAYNE FRANÇOIS

Aos 63 anos, Acir Antão é produtor cultural, radialista, jornalista e cantor nas horas vagas. Um dos moradores mais antigos da Região Noroeste, Acir conta que viu o Caiçara nascer. “Era uma mata fechada e eu me lembro, quando eu era menino, o tanto que eles tiraram de madeira e mato para poder construir o bairro; o alto do Cai-çara já chegou com ruas calçadas, esgoto e água”.

Acir faz parte da Rádio Itatiaia há 41 anos. De segunda a sábado, ele comanda uma das atrações da emis-sora, o “Programa Acir Antão”, que vai ao ar de 9h às 10h, e está em cartaz desde 1978. Aos domingos, de 9h às 13h desde 1976. Em seu programa, o ouvinte participa sempre que há um assunto relevante para a população.

Como o programa possui muitos

comerciais, o público é de pessoas que decidem a compra dos produtos. Além de comerciais, também são tocadas músicas do gênero MPB, principal-mente da Velha Guarda. Em 1974, Acir gravou uma marcha e um samba, por meio de um convite do compositor Ata-íde Machado. Em 1997, outro conhe-cido compositor, Gervásio Horta, o incentivou a gravar um CD com músi-cas de autores mineiros para registrar o centenário de Belo Horizonte.

No entanto, Acir, ao mesmo tempo em que afirma sua admiração pela música brasileira e mineira, não esconde que gosta principalmente do gaúcho Lupicínio Rodrigues, o autor de sucessos como “Vingança” e “Se acaso você chegasse”. Em seus shows, ele interpreta outros compositores da MPB, mas possui um espetáculo ape-nas para cantar as músicas do gaúcho.

— Eu descobri que o público para quem eu canto gosta muito das músicas do Lupicínio Rodrigues. Nos shows eu conto as histórias das músicas dele. Ele é um compositor gaúcho que fez as músi-cas do estilo chamado “dor de cotovelo”. Até hoje é um grande sucesso!

Apesar de tanta admiração, Acir Antão não arrisca em dizer qual é a música de Lupicínio de que mais gosta. “Eu gosto de todas, não tenho uma preferência”.

Em um país de população muito jovem, como o Brasil, onde hoje a tra-dição musical é sufocada por gêneros com o funk e o hip hop, Acir diz que essas modas musicais sobrevivem enquanto as pessoas estão em uma determinada fase. Para os jovens, que hoje gostam dessas modas musicais que vão aparecendo, só a idade é que vai fazer com que eles se afastem des-

sas modas que “pegam”. — São modas musicais que vão

passar... No fundo, depois de um tempo esses gêneros musicais desapa-recem para ficar aquilo que é nosso.

Ou como diria o velho Lupicínio, “porque sei que a falsidade não vigora”...

(*) “Felicidade” (Lupicínio Rodrigues)

Citando Lupicínio Rodrigues, o pesquisador e radialista mineiro, Acir Antão ainda

acredita no retorno de nossas raízes musicais

Lorayne François

Arquivo Páginas Abertas

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Os 112 dias que abalaram a educação

Balanço geral e passos importantes no período de greve da rede estadual mineira

BÁRBARA BATISTA E BRUNO MENEZES

Na noite do último dia 27 de setem-bro, chegou ao fim a greve dos professo-res da rede pública estadual de Minas Gerais, que teve 112 dias de paralisa-ção das atividades. O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), que tomou a frente da greve, reivindicava um piso salarial de R$1.597,87 para uma jornada de 24 horas trabalhadas e Ensino Médio de escolaridade. Enquanto o Governo de Minas, afirmando estar agindo de acordo com o estabelecido pelo Supe-rior Tribunal Federal (STF), oferecia um piso salarial de R$ 712 para 24 horas trabalhadas aos professores que tinham vencimento básico abaixo deste montante.

De acordo com o sindicato, o valor

estipulado não era suficiente, e não abrangia os profissionais de “suporte a docência”, ou seja, trabalhadores que não são professores, além de não levar em conta o tempo de carreira e o grau de escolaridade do profiss ional . Segundo os sindicalistas, o valor defen-dido tem por base o calculo da Confe-deração Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). A diretora do sindi-cado, Beatriz Cerqueira dizia que –– o governo não cumpre com a lei. Visando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o MPE chegou a entrar com uma ação na justiça pedindo a decreta-ção de ilegalidade da greve e na sexta feira, 16, o desembargador Roney Oli-veira determinou que os professores retornassem as salas de aula na segunda feira, 19.

Mesmo com a decisão judicial e a ame-aça de pagamento de multa, os professores insistiram em permanecer em greve. A paralisação somente chegou ao fim após mais de oito horas de negociações entre Sind-UTE e o Governo de Minas, no plená-rio da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Onde o Governo propôs negociar os valores da tabela de faixas salariais, entre 2012 e 2015, reconhecendo a aplicação do piso salarial proporcional no plano de car-reira dos professores.

Mas é bom ficar em estado de alerta. O Sind-UTE marcou uma nova assem-bleia para o dia 8 de outubro para avaliar se os termos do acordo estão sendo cum-pridos. Caso contrário, a categoria pode voltar a cruzar os braços.

UM PRIVILÉGIO PARA POUCOS

A realidade salarial de um professor

da rede pública de ensino é muito dife-rente da maioria das escolas que apare-cem no topo do ranking do ENEM, composto em sua maioria por escolas particulares. Segundo dados de 2009 da Confederação Nacional dos Traba-lhadores em Educação (CNTE), mesmo com o diploma de ensino supe-rior, ainda há professores que ganham pouco mais de um salário mínimo.

A valorização do profissional é sem duvida primordial para a educação básica do país, com salários baixos, e más condições de trabalho, a carência de profissionais capacitados tem sido uma grande pedra no sapato da educa-ção brasileira, e os principais prejudi-cados são os alunos, que no meio do fogo cruzado, ficam sem aulas e sem uma boa qualidade de ensino.

ANA PAULA DUARTE (*)

“Seguro morreu de velho” é um ditado que se aplica bem aos mineiros. E não é por acaso. Segundo muitos moradores da região noroeste, algu-mas escolas da comunidade ainda deixam a desejar e, por isso, criaram uma imagem negativa aos olhos da população. Diante disso, não são pou-cos os pais que, por preconceito, prefe-rem matricular os filhos em outros estabelecimentos, mesmo que se situem mais longe de suas casas. As escolas encontradas na comunidade sempre foram menores e, talvez por isso, costumem passar a imagem de desinteressantes, se comparadas às instituições das avenidas.

Menores no tamanho, mas não na qualidade da educação. É o caso da escola Municipal Carlos Góis, localizada na comunidade da Pedreira Prado Lopes, região Noroeste de Belo Horizonte. No

passado, a escola foi trocada várias vezes pela escola municipal Arthur Guimarães, situada na Avenida Américo Vespúcio. Mas, hoje, já começa a se destacar.

“Atualmente não há mais diferença entre as duas, pois a escola municipal Carlos Góis avançou”, observa a atual diretora, Denise Palhares, 34. Orgu-lhosa, conta que 587 alunos já possuem acesso à escola integrada. “Nossos índi-ces estão crescentes, estamos bem no PROALFA (Programa de alfabetização) e, além disso, a escola possui a nota 6,1 no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Boa Educação)”, revela Denise. Ela faz questão de ressaltar que, “quando o índice é igual ou superior a 6, a escola é considerada de boa qualidade”.

A VOLTA POR CIMA

O segredo de tanto sucesso, segundo Michele Pacheco, mãe de Pedro, oito anos, é a boa vontade da diretora. “Ela gosta do que faz e trabalha duro para

educar as crianças como elas mere-cem”, reconhece Michele. “Antes, a escola não era boa, mas depois que a Denise assumiu a direção, tudo melho-rou: merenda, educação, união dos alu-nos”, conta. O filho de Michele estuda na escola municipal desde os seis anos. E ela diz que logo percebeu a diferença.

— Pedro não sabia a letra “A” do alfa-beto e terminou o ano lendo e escrevendo.

Na sala do estudante, terceira série do ensino primário, realiza-se um tra-balho diferente, para que os alunos estudem unidos e focados. “A profes-sora não se preocupa somente em ensi-nar; ela se preocupa também com os problemas pessoais das crianças”, diz Michele, mostrando que o rendimento escolar do garoto também melhorou.

— Hoje ele vai feliz para a escola.Segundo Michele, dentro da sala a

professora pede que os alunos leiam a Bíblia Sagrada toda vez que brigam.

“Eles leem a Bíblia e ela vai explicando que brigar é errado, que devem se res-peitar e ter amor ao próximo”, afirma. A razão de Michele estar por dentro de tantos detalhes se deve à iniciativa da diretora de abrir as portas da escola e sugerir que o trabalho seja acompa-nhado pelos pais.

— A diretora é bem direta com as mães e deixa que, às vezes, a gente acompanhe as aulas.

Mesmo em uma região conside-rada perigosa e carente de boas opções para os jovens, o trabalho de todos conseguiu fazer com que a Escola Municipal Carlos Góis se tornasse a melhor da comunidade, segundo a avaliação do governo. O que deixa população feliz e otimista, e ainda mais orgulhosa a diretora. “A escola só tem a melhorar; sou diretora há três anos, e os nossos índices nunca estive-ram tão bons”, afirma.

Dedicação, muito trabalho e ampla interação com a comunidade: segredos

do sucesso da Escola Carlos GóisQuem não é a maior tem que ser a melhorB

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E você, já se adaptou ao fim das

sacolasplásticas

adicionais?

ISABELLA ROCHA

Em vigor desde 18 de abril deste ano, a Lei 9.529/2008, que proíbe a distribuição das sacolas plásticas tradi-cionais nos comércios de Belo Hori-zonte ainda é questionada por muitos. As opções atuais — as sacolas reciclá-veis, vendidas nos estabelecimentos, as caixas de papelão ou o uso de sua pró-pria sacola ecológica para as compras — ainda não foram totalmente assimi-ladas pela clientela. Mesmo tendo o objetivo de salvar o meio-ambiente, a lei divide opiniões.

Na loja dos Supermercados BH da Avenida Américo Vespúcio não é dife-rente. Para o gerente Valdir Alves, ainda não houve a aceitação plena dos clientes devido à dificuldade de locomoção com os produtos. “Eles [os clientes] ainda não habituaram. Quando não trazem, adquirem a sacola aqui na empresa”, observa o gerente. O operador de caixa do supermercado Hermínio da Silva também acha que os clientes ainda não se adaptaram. Segundo ele, a maioria s pega, de graça, as caixas de papelão no próprio supermercado para levar as compras. Só que as caixas, que não têm a parte funda totalmente colada, aca-bam não sendo a melhor opção. “São difíceis de carregar e costumam se rom-per”, reclama a dona de casa Kátia Marise, moradora do bairro Ermelinda.

No entanto, a maior revolta dos con-sumidores é a falta de qualidade das sacolas recicláveis. A secretária Edna

Lúcia de Abreu leva as compras em cai-xas de papelão e se diz revoltada. “Já tive que comprar essa sacolinha reciclável, mas ela é péssima. Rasga antes de você sair do supermercado”, conta a mora-dora do bairro Santa Cruz. A promotora de vendas Kelen Cristina de Araújo tam-bém não se acostumou com a lei e acha que as sacolas recicláveis arrebentam muito fácil. “Já que estão vendendo, deviam providenciar sacolas melhores; as sacolas são caras e não têm qualidade. Não vale a pena”, protesta Kelen, mora-dora do bairro Bom Jesus.

Por outro lado, há quem defenda o meio ambiente. Por não ser feita de petróleo, a sacola reciclável ou biode-gradável tem mais benefícios para a natureza. A assistente social Nathalie de Souza, que mora no Santo André, é adepta da sacola ecológica. “Eu gostei da lei, sou a favor, mas sei que no começo é difícil se acostumar”. O ban-cário Ernesto Gomes da Silva, do bairro Bom Jesus, acha que a lei tem que ser cumprida. “Se é verdade mesmo que a plástico degenera a atmosfera e demora a se decompor, então, vamos priorizar a sustentabilidade”, propõe Ernesto, sem deixar de reclamar do tumulto que se forma em volta dos cai-xas, na hora de pagar as mercadorias. “É uma bagunça, mas a culpa é de quem insiste em desconhecer a lei; se já sabe que não tem mais aquela sacola antiga e que a atual se rasga com facili-dade, então, traz a sacola de casa!”.

Vila Sumaré ainda espera pelo apoio do CRAS

Comunidade do Sumaré, uma

das regiões mais problemáticas da Região Noroeste,

reclama prioridades no atendimento social

SÉRGIO VIANA

O Centro de Referência de Assistên-cia Social – CRAS foi criado em 2001, pela prefeitura de Belo Horizonte, para garantir condições dignas de moradia e qualidade de vida para famílias que vivem em áreas de risco. Os moradores da Vila Sumaré, Região Noroeste da capital, reclamam que até hoje esperam pelo apoio do programa social.

Maria Inês de Souza Neves, mora-dora do Sumaré, diz que está cansada de ver crianças e jovens em situações horríveis no dia a dia. Ela afirma que a comunidade acaba perdendo os jovens para o crime e que é preciso urgente-mente um programa social para res-gatá-los. Este é apenas um dos muitos problemas a serem resolvidos.

O CRAS atua juntamente com a prefeitura, como a principal porta de entrada do Sistema Único de Assistên-cia social (Suas). Ele é responsável pela organização e oferta de serviços para as pessoas de todas as idades e da proteção social básica nas áreas de vulnerabili-dade e risco social. Quanto mais altos forem os ricos sociais, maior deveria ser

a presença do CRAS. No entanto, segundo Kleidnéia Martins Gomes, gerente de Políticas Nacionais da Região Noroeste, o CRAS ainda não foi insta-lado aqui por falta de recursos.

— O CRAS está em rota de expan-são. A Vila Sumaré é uma das priorida-des devido aos grandes problemas que existem na região. É um projeto de aná-lise do governo, mas depende de recur-sos para ser implantado.

Kleidnéia afirma que, para a atual gestão municipal, será difícil a instala-ção de um CRAS no Sumaré. “Pelas metas do município, ainda não temos uma previsão de implantação dos recursos”, disse. Atualmente, no governo Márcio Lacerda, existem em Belo Horizonte 23 CRAS, espalhados em todas as regiões da cidade, inclusive na Noroeste. A Vila São José e a Pedreira Prado Lopes são exemplos. Mas e a Sumaré? Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Assistên-cia Social da PBH ainda não havia res-pondido à solicitação do jornal para informar se há uma data prevista para implantação do CRAS na região.

Entre as principais reclamações dos consumidores, estão a falta de hábito

e a baixa qualidade das recicláveis

Isabella Rocha

Diego dos Santos

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“Nada é difícil quando se tem um

sonho na vida”

GEISIANE OLIVEIRA E

NAYARA PEREZ

Muita gente não sabe quem é Júnio Ferraz dos Santos, 29 anos, nascido na cidade de Ataléia, no Sul de Minas Gerais, onde era vaqueiro e trabalhava na roça, ajudando o pai. Mas é só falar Juninho Santos, que todo mundo conhece. Um dos novos expoen-tes da música sertaneja em Minas, Juninho diz que desco-briu o talento para a música ainda pequeno, inspirado na dupla ser-taneja Zezé de Camargo & Luciano. “Lá na roça”, conta Juninho, “eu já cantava, com aquelas violinhas que eu mesmo fazia, com pedaço de madeira e cordas de linhas de anzol”. Mas, com dez anos de idade, seu pai o presenteou com um violão e, daquele momento em diante, Juninho descobriu o que real-mente queria. Ataléia, então,

ficou pequena pra ele. Oficialmente, sua carreira

começou em 1999, em sua pró-pria cidade. Tanto que, aos 18 anos, tomou a iniciativa de sair de casa, e veio para Belo Hori-zonte, onde começou a dar os primeiros passos na carreira de cantor. Apesar das várias dificul-dades encontradas na capital mineira, o apoio da família e dos amigos foi fundamental para que o sonho continuasse vivo. Por isso, hoje, Juninho é consi-derado uma das revelações da música sertaneja em Minas.

NÃO DOU MOLE

Além de ser cantor, ele tam-bém é compositor e produtor de gravação. Já teve a oportunidade de gravar um CD — “Não dou mole” — dentro do gênero ‘forró sertanejo’. A maioria de suas apre-sentações se dá fora de BH, se concentra mais na região metro-politana, em casas de shows e fes-

tas particulares. A geração do ser-tanejo universitário, que agregou outros elementos musicais ao ser-tanejo tradicional, conquistou o Brasil e se transformou em um dos segmentos mais promissores e lucrativos da indústria musical. “Acho legal, porque é uma geração que deu uma cara nova à música sertaneja”, afirma Juninho, lem-brando que não segue “os padrões do sertanejo universitário”.

Após 12 anos de muita luta, e le ho je d iz que sobrev ive somente de suas músicas e shows. Nem por isso deixa de sonhar e fazer planos. Seus proje-tos para o futuro incluem a grava-ção de seu próximo CD e também de um DVD. Emocionado e fazendo questão de se dizer agra-decido a Deus, aos fãs, familiares e amigos, deixa também uma m e n s a g e m p a r a o g r a n d e público: “Nada é difícil quando se tem um sonho na vida”.

Mulheres em focoPré-Conferência de Políticas para

Mulheres tem como proposta o incentivo ao avanço na conquista da cidadania

Cantor busca reconhecimento por meio da música sertaneja e lança seu primeiro CD

JAQUELINE DE PAULA

O dia 24 de agosto vai ficar na história. Foi realizada a Pré-Conferência de Políticas para as Mulheres da Regional Noroeste de Belo Horizonte. O objetivo principal, tentar forta-lecer a autonomia e exercer a cidadania das mulheres na sociedade. Cada regional ficou responsável por desenvolver deliberações que depois foram pautadas durante a Confe-rência Municipal nos dias 2 e 3 de setembro, no saguão da prefeitura.

Os cinco temas chave da Pré-Conferên-cia foram: Mulheres no Trabalho, Educação Inclusiva, Saúde da Mulher, Violência Doméstica e Urbana em Relação às Mulhe-res e Mulher no Poder. As propostas sugeri-das na Noroeste foram levadas à Conferên-cia Municipal, juntamente com as demais regionais. Depois de analisadas, foram sele-cionadas as cinco sugestões prioritárias que serão apresentadas durante Conferências em níveis Estadual e Nacional.

Kleidnéa Martins Borges, gerente regio-nal de Políticas Sociais, conta que a prepa-

ração para o evento se deu por meio de convites direcionados, pois algumas pes-soas já vinham com algum tipo de engaja-mento no assunto. ”Nós temos o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), que já faz um trabalho com as mulheres, e temos também o Grupo de Convivência de Idosos, Serviços da Assis-tência Social, e Controle Social da Assistên-cia Social e da Saúde”.

Segundo Kleidnéa, não houve o que se pode chamar de uma grande discussão aberta com pessoas que ainda não tinham conheci-mento no assunto, “mas é sempre bom possi-bilitar o surgimento de novas ideias”. A Coor-denadoria da Mulher e o município ficarão, assim, informados sobre suas tarefas para o próximo período. Segundo a gerente, o Con-selho Municipal se compromete a fazer o acompanhamento deste processo. ”Belo Horizonte quer contribuir para gerar o plano nacional de políticas para mulheres, que depois deverá ser referendado no nível esta-dual e municipal”, disse.

Fotos Divulgação

Page 8: Paginas abertas de setembro a dezembro

PÁGINA 8

O luxo que vem do lixo

LÍDIA SALAZAR E MIRIAM GONÇALVES

“Enriqueci depois que conheci

as pessoas humildes. Trabalhar todos

os dias é uma alegria, porque é um

compromisso que eu tenho com

aqueles que vêm aqui vender o que

conseguem nas ruas, e que para mui-

tos é algo sem utilidade”. É assim que

Luiz Claudio de Castro Menezes

define seu trabalho no Ferro Velho

LC, do qual é dono. Para ele, traba-

lhar não é apenas batalhar pelo sus-

tento, o importante é ajudar os cata-

dores de rua da região.

No lixo, tem de tudo: de tele-

fone celular antigo a panelas de

pressão aposentadas, passando por

torneiras, ferramentas, descasca-

dor de laranja, máquina fotográ-

fica, capacetes de aço inox, um

velho chuveiro elétrico... Muitas

coisas do século passado são encon-

tradas no ferro velho, e Luiz Clau-

dio Menezes tem grande reconhe-

cimento por elas, que ficam expos-

tas no teto da entrada, como se

fosse um minimuseu.

O meio ambiente também se

beneficia com o trabalho de Luiz

Claudio. Afinal, cada quilo de mate-

rial comprado dos catadores é uma

quantidade de lixo a menos que irá

poluir a cidade. Com isso, não só o

dono do Ferro Velho, mas outras pes-

soas e outras entidades também

contribuem para o meio ambiente.

É que grande parte do lixo retirado

das ruas, depois de separado e sele-

cionado, passa por mãos de artesãs

da Associação dos Catadores de

Papelão e Material Reaproveitável

(Asmare). Elas transformam em

obras de arte aquilo que os catadores

encontram nas lixeiras da cidade.

A artesã Antônia Rodrigues da

Silva, chamada de Teca pelas colegas

de trabalho, já foi catadora. Teca diz

que sua vida melhorou muito quando

passou a fazer os objetos no atelier da

Asmare. “A vida de catadora é muito

difícil, principalmente nos dias

quentes. Passar com o carrinho

pesado no meio dos carros era muito

ruim”, lembra Teca.

CAPACITAÇÃO

Todas as artesãs do atelier pas-

sam por uma capacitação desde o

início do processo de separação do

lixo. Elas aprendem a separar o que

serve para criar novos objetos e o

que pode ser vendido para a recicla-

gem. Há uma rigorosa triagem de

todo o material recolhido pelos

catadores. Além disso, como muitas

artesãs trabalham por encomen-

das, elas já têm pelo menos uma

noção daquilo que vão precisar na

hora de produzir.

Léo Piló é o artista plástico que

coordena toda o trabalho feito no

atelier da sede da Asmare, que fica

na rua Ituiutaba. Léo ensina às

artesãs as técnicas para construir

os objetos. Algumas dessas obras de

arte são expostas em diversos locais

de Belo Horizonte. Atualmente, as

peças mais produzidas são bolsas e

pastas feitas de banner.

Com esse trabalho coordenado

por Léo Piló, o atelier teve várias

conquistas. Uma delas foi a partici-

pação na Bienal de Design em São

Paulo e Curitiba. Eles levaram para

a decoração uma luminária e um

teto de tampinhas de garrafas. “Em

termos de reconhecimento, foi o

trabalho mais expressivo”, se orgu-

lha Léo Piló.

O que é sucata para alguns se torna o “ganha-pão” de muitos

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