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Planejamento Estratégico
(Textos de Apoio)
2011
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Grupo Gestor:
Margareth Menezes
Presidente
Jaqueline Azevedo
Diretora Executiva
Selma Calabrich
Diretora Administrativa
Nadja Miranda de Carvalho
Diretora Pedagógica
Tereza Carvalho
Coordenadora de Projetos
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Realização:
SEBRAE
Diretor Superintendente
Edival Passos
Diretor de Operações
Lauro Alberto Chaves Ramos
Diretor de Suporte
Luiz Henrique Mendonça Barreto
Coordenação Regional
Richard Alves
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Execução:
ACTO – Estudos, Projetos e Pesquisas
Consultor responsável:
Milton Júlio de Carvalho Filho
Doutor em Ciências Sociais – PUC/SP
Mestre em Educação - UFBA
Economista – UFBA
Cientista Social – UMSP
Especialista em Terceiro Setor – FGV-SP
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Entre o mais local e o mais global.
O processo de construção de identidade da Fábrica Cultural
Na primeira reunião de Planejamento Estratégico da Fábrica Cultural foi
discutido o caráter coletivo da construção do planejamento estratégico e
ressaltado que essas primeiras reuniões, apenas com a diretora executiva, a
financeira e coordenação pedagógica, são necessárias para o alinhamento do
processo antes de coletivizá-lo. Levantou-se a necessidade de indicação de um
líder interno para gerir o processo de planejamento, divulgá-lo e sensibilizar os
demais colaboradores da organização.
A discussão sobre o processo de planejamento como o de uma construção
coletiva foi ampliado tendo em vista o entendimento de que uma organização
social deve ter coletivizada a construção dos seus processos estratégicos e de
consolidação de projetos. Ainda que a coletivização do próprio processo de
planejamento tenha sido a tônica inicial do debate de abertura do planejamento
estratégico da organização, essa até então não ouviu ou desenvolveu
mecanismos para a participação dos seus beneficiários nos rumos da
organização. Como diz uma das participantes “a Fábrica foi tomando o
caminho dela”.
Mas, qual ou quais são de fato os caminhos da Fábrica? Como tais caminhos
se afinam com as expectativas dos seus beneficiários? Quem, de fato pode ser
singularizado como beneficiário da Fábrica Cultural? Na parede do escritório da
organização há uma alusão simbólica a esse beneficiário que a partir de uma
foto panorâmica da Península Itapagipana, em Salvador/Ba, corresponde a
aquele ou aquela morador de tal espaço urbano, preferencialmente jovem,
considerando os projetos desenvolvidos atualmente. Ainda que a definição seja
apressadamente essa, o corpo dirigente induz seus argumentos, mutuamente
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para a definição de território, a partir da base teórica de Milton Santos. Dessa
forma, onde se localiza a Fábrica Cultural? Num espaço geograficamente
delimitado ou num território simbolicamente demarcado, como o da juventude.
Antes de qualquer resposta excludente, há garantias de que esses dois
caminhos podem ser fundidos, o que exigirá mais energia vital para a
organização.
A juventude é o foco da Fábrica ou são os moradores da Península
Itapagipana? Esse local, espaço urbano determinado, é cenário para a atuação
da Fábrica Cultural ou o seu foco de atuação? A Fábrica Cultural é um modelo
para qualquer lugar ou uma construção para um determinado local? Não há
nessa indagação qualquer direcionamento de ordem classificatória entre o local
e o território. Entretanto, essa discussão demonstra necessidade de maior
reflexão sobre o tema.
A depender de como se processe a reflexão acima sugerida, pode-se
considerar que a Fábrica Cultural já pode iniciar uma discussão sobre o seu
foco estratégico tendo em vista a seguinte indagação: será essa organização
uma produtora e realizadora de metodologias de intervenção voltadas para a
emancipação de jovens ou uma produtora e realizadora de intervenções locais,
ajustadas as necessidades de um recorte espacial? A resposta a essa
questões diz respeito ao processo de construção da identidade da Fábrica
Cultural. Esse processo pode assegurar a organização um significativo salto
qualitativo. Para tanto, é necessário ouvir seus beneficiários. Antes disso, é
tarefa fundamental definir esse beneficiário, o que não se faz possível senão
pela definição do problema anteriormente exposto que indica certa miopia
estratégica entre se determinar por um recorte geográfico ou territorial. Um
círculo se forma, mas a Fábrica tem a necessidade de transformá-lo num foco
estratégico.
Para tal transformação cabe perguntar: a organização Fábrica Cultural é
emancipatória? O que promove de fato que assim possa vir a ser considerada?
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Muda a perspectiva de jovens ou os melhor insere e qualifica, enquanto
moradores de determinado local? De que os colaboradores internos e os
externos, assim como os parceiros da Fábrica Cultural se contaminam ao falar
da organização? Essa contaminação pode vir a ser é um recurso axiológico da
Fábrica Cultural. Define o que ela é material e simbolicamente.
A partir dessas discussões e tendo em vista ampliar a compreensão que
inaugurou esse texto, sobre a necessidade de coletivizar o planejamento
estratégico para a criação de resultados frutos de um processo participativo,
foram apresentados ao grupo gestor dois modelos de processo de feitura de
um planejamento estratégico voltados para as organizações do terceiro setor.
Um deles indica que as definições estratégicas devam ser provocadas e
assumidas pela alta cúpula da organização, os produtores dos saberes
disseminados pela organização. A perspectiva seguinte indicava a estruturação
de um processo mais coletivo de construção do saber estratégico da
organização. Os participantes entenderam ser possível, como de fato o é, a
fusão dos dois modelos, ora recorrendo às definições da direção, ora avaliando
essas decisões por um processo mais amplo de consulta. Essa primeira etapa
posse ser finalizada com a seguinte indagação: quando e como a Fábrica
Cultural deixará de ser uma organização e passará a ser uma instituição?
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De Organização a Instituição:
O processo de construção da identidade da Fábrica Cultural
Constituir uma organização social consiste no árduo trabalho de reunir um
grupo de pessoas em torno de um mesmo objetivo. Fazer que um coletivo
compartilhe das mesmas aspirações em termos de realizações sociais. Para
isso, é fundamental que o grupo tenha clareza sobre as mudanças que
pretende realizar e que necessidades serão satisfeitas.
A organização reúne então pessoas, recursos financeiros, materiais e
tecnológicos, tendo em vista atingir os seus objetivos. Determina também, um
conjunto de rotinas, de normas, de procedimentos administrativos e financeiros,
racionalizados. Assim, a organização se estabelece como um processo de
gestão. Na área social esse processo deve ser sempre compartilhado e
participativo. Consolidar uma organização é tarefa difícil, mas uma vez
consolidada ela garante a manutenção dos seus processos a partir dos
recursos do gerenciamento científico. Embora tenham racionalidade técnica,
poucas organizações tem um valor, consolidado, que as identifique.
Uma tarefa mais difícil que desenvolver uma organização é fazer com que uma
essa organização social se torne uma instituição social. Uma organização
social se institucionaliza quando assume um valor que simboliza as aspirações
dos beneficiários que representa e por eles é reconhecida a partir desse valor.
A institucionalização é a expressão da influência valorativa dos trabalhos
sociais realizados para a comunidade a que se destina ou para os territórios
em que atua. A organização se torna uma instituição quando difunde um valor,
dissemina esse valor, inclusive por entre a racionalidade técnica gerencial da
organização. É esse valor capaz de promover a autopreservação da instituição
que passa a ser reconhecida por sua identidade social. Serão valores
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definidores de uma identidade institucional que devem ser reconhecidos pelos
beneficiários e colaboradores internos e externos e que farão com que esses
atores possam se transformar em agentes de manutenção da instituição, por
conta dos valores que reconhecem e introjetam.
A maneira de agir, de projetar ações da organização devem estar afinadas com
os valores institucionais. É nesse processo que organização e instituição se
afinam e se consolidam mutuamente.
O grupo gestor da Fábrica Cultural acredita que para o processo de
institucionalização da organização é necessário ter resultados dos trabalhos
desenvolvidos. Para isso, é fundamental o levantamento de indicadores e
de pesquisas sobre esses resultados.
De modo geral, o grupo gestor entende que os parceiros externos têm
receptividade para com a Fábrica Cultural, inclusive em forma de
reconhecimento do trabalho realizado. O termo “reconhecimento” é
fundamental como indicativo de que é possível perseguir a institucionalização
da Fábrica. Entretanto, esse reconhecimento sofre de algumas distorções.
Entre elas o reconhecimento que iguala a infante Fábrica Cultural a outras
organizações mais desenvolvidas na área social. Portanto, há uma miopia
externa em relação a Fábrica. Essa miopia é interna e externa, pois
internamente promove-se uma visão superior a sua capacidade operacional,
muito embora a Fábrica tenha resultados e já visibilidade a partir deles. O
grupo gestor entende que essa miopia se dá devido ao fato de que a Fábrica
nasceu precoce, já atendendo a quase mil pessoas. Essa megalomania é um
traço característico da Fábrica, mas é relativa, pois a Fábrica parece enorme
em relação às intervenções na região e pequena em termos de definição
estratégica, de medição e indicadores de resultados e até em relação a outras
ONGs. Projetos bons, mas com falta de continuidade em termos de promoção
de resultados efetivos em termos de inserção dos beneficiários no mercado, diz
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o grupo gestor. Falta de sede com grande capacidade de atendimento;
reconhecimento e projetos, junto com dependência de recursos públicos.
Outra distorção é a vinculação do reconhecimento da personalidade jurídica e
social da Fábrica Cultural com a personalidade artística da sua fundadora, uma
artista consagrada. Identidades confundidas é um problema na consolidação
da Fábrica como uma Instituição. Uma saída possível é usar como vantagem
competitiva e diferencial mercadológico o que se apresenta, a princípio como
uma desvantagem. Sendo que a trajetória de vida da fundadora, principalmente
na juventude, é comum a milhares de jovens beneficiários da fábrica, parece
razoável que tal trajetória seja utilizada como modelo, resolvendo a distorção.
Deixa assim de ser a Fábrica uma ação social de uma artista da música
brasileira, para se tornar uma ação social amparada na trajetória de vida juvenil
dessa artista. Tal trajetória pode ser comparada a de diversos jovens
brasileiros estudantes de escolas públicas, maioria de cor/raça negra, sem
qualificação técnica que garanta inserção em mercado, pertencentes às
classes de baixo poder econômico/aquisitivo, moradores de bairros periféricos
das cidades e com potencial a ser trabalhado a partir de serviços educacionais
promotores de emancipação. A própria artista fundadora, também, na sua
época, foi jovem aderente de projetos/atividades sociais no local onde residia, o
mesmo onde atualmente atua a Fábrica Cultural. A trajetória da artista depõe
contra os determinismos econômicos, sociais e culturais e deve ser melhor
explorada pela Fábrica Cultural como instituição promotora de emancipação
social e econômica para jovens. Um slogan deve ser trabalhado com base
nessa trajetória.
Para o grupo gestor o desenvolvimento educacional de jovens da região onde
atua, Península Itapagipana, Salvador, Bahia, Brasil, deve ser o norte da
Fábrica Cultura. Consideram que os beneficiários e seus pais, já reconhecem o
valor institucional da Fábrica. Mas, qual será esse valor? Qual a sua
dimensão?
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Algumas considerações pontuais do grupo gestor devem ser discutidas para
auxiliar nessa reflexão:
A Fábrica tem que atuar entre o geográfico e o territorial, desenvolvendo
a região ao tempo em que desenvolve um território, o juvenil. As duas
coisas podem ser expandidas;
É importante para a institucionalização que o valor instituído não crie
dependência dos beneficiários;
A inclusão sócio-produtiva é uma proposição da Fábrica;
A fábrica precisa costurar, nos termos de uma das suas coordenadoras
de projetos, da melhor forma possível, o potencial da marca da artista
fundadora, com a imagem de marca da instituição;
O valor a ser institucionalizado deve equacionar três variáveis: os
projetos da Fábrica, a trajetória da artista e as necessidades da
comunidade, prioritariamente da Península;
O valor a ser instituído precisa vencer outra distorção encontrada na
organização: a contradição entre ser considera grande para os parceiros
externos que a associam a imagem da artista, e infantilizada nos seus
processos internos.
Depois de vencidas essas questões iniciais, a atribuição de um valor fará a
Fábrica Cultural amadurecer e passar de mais uma organização social para
uma instituição social, reconhecida a partir da sua identidade e não apenas
pela associação com a artista fundadora. Uma questão que exige reflexão
nesse processo é que a formação de identidade pode ser provocada, discutida,
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avaliada, mas também pode ser adquirida no processo de trabalho cotidiano.
As duas possibilidades merecem atenção e impõem riscos.
Qual o valor atual da Fábrica Cultural? A quem atende com tal valor? Quem o
reconhece? E que valor já foi naturalmente institucionalizado? As palavras
chaves mencionadas pelo grupo para sintetizar a Fábrica indicam alguns
caminhos para essas questões. Num processo catártico as palavras
mencionadas pelo grupo gestor para determinar o valor da Fábrica, são:
1. Juventude, vínculos comunitários, sustentabilidade, cadeia produtiva;
2. Sustentabilidade, comunitarismo, educação, juventude, cidadania,
emancipação, produção;
3. Sustentabilidade, inovação, contemporaneidade, existência humana
no planeta ambiente, resultados positivos, mudanças de hábitos;
4. Comunidade, moradia, urbanização, identidade, organização, grupo,
contrato;
5. Educação, emancipação, transformação, base, orientação, ação,
formação;
6. Juventude, vida, movimento, energia, desafio, tesão, paixão;
7. Emancipação, liberdade, independência, estar pronto para vida,
empoderamento, autonomia;
8. Cidadania, participação, política, respeito, consciência da relação;
9. Cultura, raiz, formas de existência, consciência, interatividade;
10. Desenvolvimento humano, transformação, cultura;
Esses termos podem ser assim organizados:
1. Cidadania, participação, consciência, empoderamento, autonomia;
2. Comunidade, vínculos, grupos, desenvolvimento
3. Sustentabilidade, cadeia produtiva, inovação;
4. Educação, produção, emancipação, cultura.
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Pode-se assim considerar que os valores a serem perseguidos pela Fábrica
Cultural sejam estabelecidos a partir da junção, conciliada, dos seguintes
conceitos: cidadania, comunidade, sustentabilidade e educação.
Cidadania pode ser considerada como um indivíduo no gozo dos seus direitos
civis e políticos. Comunidade por sua vez, indica comunhão, participação em
comum, vida em comum. Agrega-se aos demais termos, educação como um
processo de formação de hábitos e de atitudes, adequados aos ideais da
cultura de um povo. Finalmente sustentabilidade pode significar desde o
impedimento da queda, o equilíbrio, a promoção do próprio sustento, a defesa
de argumentos e de valores, até a perseverança de propósitos. Dessa junção
deve nascer o valor da fábrica cultural para o seu grupo gestor e assim a sua
identidade institucional.
A visão da Fábrica cultural deve ser definida, como uma declaração de valor
feita pela entidade sobre o seu futuro, sobre a sua maturidade em termos de
identidade. Deve também incluir a missão.
A missão deve ser pensada como a definição do negócio e do mercado em
que a entidade atua. È a missão a razão de ser da entidade e diz respeito ao
seu presente. A missão já não inclui a visão.
Definidos a visão e a missão, o que pode impactá-las dentro e fora da
organização?
Trabalhando o processo de definição da Visão e da Missão
Processo1 - Visão:
Ser reconhecido como centro de referência em desenvolvimento
humano e sustentável.
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Trazer para a comunidade o fortalecimento social e humano,
promovendo a formação cidadã através de ações que promovam a
educação e sustentabilidade.
Ser reconhecido como centro de referência para a Península
Itapagipana por meio da educação, da cultura e da cidadania.
Consolidar-se como promotora da educação e da cultura para a
sustentabilidade, por meio de ações de inclusões social, produtiva,
produzindo como resultado a promoção da cidadania.
Trabalhando o processo 2- Missão:
Consolidar-se como promotora da educação e da cultura para a
sustentabilidade, por meio de ações de inclusão social e produtiva,
produzindo como resultado a promoção da cidadania.
Trazer para a comunidade o fortalecimento social e humano,
promovendo a
Promover formação cidadã através de ações que promovam a educação
e sustentabilidade.
Ser uma referência de fortalecimento social e humano para
comunidades
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Visão
Consolidar-se como instituição promotora de educação e de
cultura, por meio de ações sociais, produtivas, criativas e
sustentáveis, que oportunizem desenvolvimento pessoal e
local.
Missão
Promover projetos, ações e metodologias educativas, culturais
e produtivas, visando fortalecer as pessoas e a identidade
local.
Objetivos Estratégicos:
1. Promover desenvolvimento pessoal por meio de ações
educativas de formação técnico-profissional.
2. Estimular a cultura e a arte por meio de ações para o
fortalecimento da identidade local.
3. Fomentar cadeias produtivas por meio de ações
sustentáveis, promotoras de desenvolvimento local.
Embasadores das Estratégias
Estimular o empreendedorismo e a criatividade
Atuar com base em inovação e na utilização de tecnologia
Buscar a sustentabilidade das ações e de seus macro resultados
Princípios Norteadores:
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Respeito, autonomia, compromisso e experiência.
Visão
Consolidar-se como instituição promotora de
educação e de cultura, por meio de ações
sociais, produtivas, criativas e sustentáveis, que
oportunizem desenvolvimento pessoal e local.
Missão
Promover projetos, ações e metodologias
educativas, culturais e produtivas, visando
fortalecer as pessoas e a identidade local.
Princípios
Respeito, autonomia, compromisso e
experiência.
Ob1. Promover desenvolvimento pessoal por meio de ações educativas de formação técnico-
profissional.
Ob2. Estimular a cultura e a arte por meio de ações para o fortalecimento da identidade local.
Ob3. Fomentar cadeias produtivas por meio de ações sustentáveis, promotoras de desenvolvimento
local.
Embasadores das Estratégias
Estimular o empreendedorismo e a criatividade
Atuar com base em inovação e na utilização de tecnologia
Buscar a sustentabilidade das ações e dos seus macro resultados.