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NO BRASIL

Romantismo no brasil

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NO BRASIL

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O Romantismo no Brasil teve como marco a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de Domingos José Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos. Nos primórdios dessa fase literária, 1833, um grupo de jovens estudantes brasileiros em Paris, sob a orientação de Gonçalves Magalhães e de Manuel de Araújo Porto Alegre, inicia um processo de renovação das letras, influenciados por Almeida Garrett e pela leitura dos românticos franceses.

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Em 1836, ainda em Paris o mesmo grupo de brasileiros funda a Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujos dois primeiros números traziam como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". Ainda no mesmo ano, no Brasil - momento histórico em que ocorre o Romantismo, 14 anos após a sua Independência - esse movimento é visível pela valorização do nacionalismo e da liberdade, sentimentos que se ajustavam ao espírito de um país que acabava de se tornar uma nação rompendo com o domínio colonial.

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AUTORES DA PROSA ROMANTICA

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A prosa romântica inicia-se com a publicação do primeiro romance brasileiro "O Filho do Pescador", de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa em 1843. O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. O romance brasileiro caracteriza-se por ser uma "adaptação" do romance europeu, conservando a estrutura folhetinesca européia, com início, meio e fim seguindo a ordem cronológica dos fatos.

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O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes de José de Alencar e Pós-José de Alencar, pois antes desse importante autor as narrativas eram basicamente urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e apresentavam uma visão muito superficial dos hábitos e comportamentos da sociedade burguesa.

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JOAQUIM MANUEL DE MACEDO

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Célebre por dar início à produção prosaica do romantismo brasileiro, Joaquim Manuel de Macedo ou Dr. Macedinho, como era conhecido pelo povo, escreveu um dos mais populares romances da literatura romântica do Brasil. O romance "A moreninha" fez um enorme sucesso dentre a classe burguesa brasileira que se sentia extremamente agradada por um novo projeto de literatura: A literatura original do Brasil. Uma literatura que continuava a seguir os padrões das histórias de amor europeias tão populares entre a classe burguesa, mas que ao mesmo tempo inovava ao trazer tais histórias tão clássicas para ambientes legitimamente brasileiros que faziam os leitores identificarem os ambientes mencionados.

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Trata-se de um escritor que estava voltado para as narrativas urbanas e tinha como foco a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, e a alta sociedade carioca em seus saraus e festas sociais. Seus romances em forma de folhetim, eram como as atuais telenovelas, só que escritos em episódios num jornal. As obras de Joaquim Manuel de Macedo apresentam uma visão superficial dos hábitos e comportamentos dos jovens da época, buscando ilustrar a pompa e o luxo da alta classe capitalista, e com isso, escondendo a hipocrisia e a dissimulação da burguesia.

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A grande importância de sua obra é em despertar no público brasileiro, o gosto pela produção literária nacional, ambientada em cenários facilmente identificáveis. Seus romances posteriores a "A moreninha" seguem sua mesma "fórmula". Dentre as principais obras de Joaquim Manuel de Macedo estão

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A Moreninha - É a história de um rapaz burguês que vai estudar medicina no Rio de Janeiro. Morando em uma república estudantil, Augusto, faz vários amigos, dentre eles Filipe que o convida para veranear na Ilha de Paquetá. Augusto aceita o convite, e ele e seus amigos apostam que ele não se apaixonaria por nenhuma moça, caso o fizesse, teria de escrever romances de amor revelando sua paixão. Augusto, contra a aposta com seus amigos, inevitavelmente se apaixona por Dona Carolina, irmã de Filipe, que recusa enamorar-se com Augusto pois em sua infância havia jurado amor eterno a um certo menino e Augusto, curiosamente, também havia jurado amor eterno e casamento a uma certa menina.

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Por fim, ao descobrirem que um era a paixão infantil do outro, entregam-se a esse sentimento. A pureza e discrição dos personagens, assim como a beleza de um amor pudico, conquistaram os leitores burgueses tornando esse romance um dos maiores sucessos do romantismo brasileiro.

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José de Alencar

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José de Alencar é considerado o patriarca da literatura brasileira. Inaugurou novos estilos românticos e consolidou o romantismo no Brasil desenhando o retrato cultural brasileiro de forma completa e abrangente. E devido a essa visão ampla do cenário brasileiro, sua obra iniciaria um período de transição entre Romantismo e Realismo. Suas narrativas apresentam um desenvolvimento dos conflitos femininos da mulher burguesa do século XIX, já que seus romances a tinha como público alvo. Sua obra pode ser fragmentada em três categorias:

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ROMANCES URBANOS

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Romances ambientados no Rio de Janeiro, protagonizados por personagens femininos, mostravam o luxo e a pompa das atividades sociais burguesas, no entanto apresentavam uma critica sutil aos hábitos hipócritas da burguesia e seu caráter capitalista. São exemplos de romances urbanos de José de Alencar:Senhora - Faz crítica ao casamento por interesse, à hipocrisia, à cobiça e à soberba burguesa.Lucíola - Critica o fato de a burguesia, que financia a prostituição durante a noite, ter aversão às mesmas durante o dia.Diva - Ressalta a beleza das jovens e ricas burguesas, o virtuosismo e a pureza e, em contrapartida, critica o casamento por interesse financeiro.

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ROMANCES REGIONALISTAS

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Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histórias que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura européia. Apesar de José de Alencar narrar seus romances regionalistas com uma incrível fluência e suavidade, as histórias narradas são superficiais devido ao fato de que o autor não viajara para as regiões que descreveu, mas pesquisara a fundo sobre elas. Basicamente, são romances que procuram ser mais fiéis ao projeto de brasilidade e propaganda do Brasil independente, o objetivo é fazer propaganda aos próprios brasileiros, expondo a diversidade do país. São Exemplos de romances regionalistas de José de Alencar:

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Romances Históricos e

Indianistas

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Romances que revelam a preocupação de José de Alencar em exibir o índio como herói nacional. Enquanto os autores românticos da Europa retratavam o saudosismo através de menções à época medieval, no Brasil, Alencar procurou buscar na cultura indígena brasileira o passado fiel da história brasileira. Seus romances trazem uma linguagem mais original, com vocábulos do tupi, retratam o índio como símbolo de bravura, de pureza e de amor ao ambiente natural. Pode-se dizer que suas narrativas tendiam ao estilo poético por entrelaçar o caráter básico da prosa com o lirismo do gênero poético.

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Em resumo, suas obras utilizam o indianismo como forma de revelar um conceito mais original de brasilidade e criar um projeto de língua brasileira. Dentre as obras mais importantes de José de Alencar nesse ramo do romantismo, estão:

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A Importância da Obra de

José de Alencar

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Considerado o mais importante escritor do Romantismo brasileiro, é ele quem consegue expressar o perfeito retrato da cultura brasileira, explorando novas vertentes da produção literária, criando e abrindo caminhos para a criação de uma literatura brasileira original, ampla e de boa qualidade.

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E por isso foi o autor que mais se aproximou do objetivo da escola romântica, mesclando a idealização e o sonho com um realismo sutil, valorizando os elementos naturais da cultura brasileira e o índio como figura-mãe da original cultura brasileira. Suas obras foram capazes de inspirar nos burgueses o gosto pela leitura nacional e também, de inspirar diversos autores a seguir caminhos por ele traçados, concretizando assim seu projeto nacionalista de revelar o Brasil num todo.

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Bernardo Guimarães

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Considerado um dos mais importantes regionalistas românticos brasileiros, opta por seguir um dos caminhos traçados por José de Alencar ambientando suas tramas nos estados de Minas Gerais e Goiás. Suas obras conservam o caráter linear romântico, apresentando a estrutura folhetinesca típica de sua época; prezam pela valorização do pitoresco e do regional, resgatando os hábitos típicos da sociedade imperial. Caracteriza-se por usar, por vezes, a linguagem oral em sua obra e fazer críticas sutis aos sistemas patriarcal, clerical e escravocrata do Brasil Império. Entres suas principais obras, destacam-se:

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A Escrava Isaura - Fez grande sucesso enquanto livro, tão notável que foi adaptado como novela da Rede Globo e da Rede Record. Bernardo Guimarães tentou criticar a escravatura no Brasil, patrocinando, através de sua obra, o abolicionismo, no entanto sua crítica se mostrou um tanto malsucedida pois a personagem principal, Isaura, era uma escrava branca, e a antagonista, uma mucama negra, o que incitou nos leitores uma raiva da personagem negra e um sentimento de pena e compaixão da escrava branca Isaura.

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Pode-se dizer que não atingiu seu objetivo realista devido a sua crítica equivocada, mas conquistou enorme admiração e já nos permite identificar traços de uma literatura brasileira mais realista. Apresenta o caráter sentimentalista romântico das histórias de amor terminando com seu devido final feliz.

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O Seminarista - Não tão notório quanto a obra acima, mas não por isso perdeu seu valor literário. Critica o sistema patriarcal da época e principalmente o sistema clerical, mencionando a inadequação do jovem à vida religiosa imposta pela família.

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Assim como "A escrava Isaura", é uma história de amor, que permite-nos observar sentimentos em conflito com uma realidade imposta pela sociedade (o jovem que não pode amar pois fora forçado a ser padre por sua família). Ao contrário da primeira obra, apresenta um final trágico no qual o protagonista enlouquece ao saber da morte de sua amada.

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Franklin Távora

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Um dos mais importantes escritores do romance regionalista brasileiro, Franklin Távora foi o primeiro autor romântico a escrever sobre o cangaço nordestino e um dos mais assíduos críticos do romantismo de José de Alencar pois acreditava num romantismo mais realista, menos idealizado, tanto que suas obras oscilam entre o romântico e o realista. Sua literatura era baseada no "Projeto de uma Literatura do Norte", o que ele fez foi explorar as regiões Norte e Nordeste do Brasil, apoiado em sua teoria de que essas eram as regiões mais brasileiras por serem as menos exploradas pelos brancos europeus, conservando assim um caráter mais típico e mais real da cultura do Brasil.

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Suas obras valorizavam bastante a questão regional, prezando pelo pitoresco e peculiar das regiões que se preocupou em retratar, assim ele pode expressar os costumes, as características e a realidade, até então pouco explorados, da população do interior do Brasil de forma detalhada e realista.

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Os romances de Franklin Távora são marcados por sua objetividade, característica do realismo, e por uma análise justa do ambiente que procurava descrever, e devido a esses fatores sua produção literária, pode-se dizer, que oscila entre o romantismo e o realismo. Apesar de um grande envolvimento com a causa realista, a obra de Franklin Távora é considerada romântica devido ao fato de conservar o caráter linear e a temática amorosa que marcam a escola romântica brasileira. Dentre seus principais romances estão:

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O Cabeleira - Trata-se de seu romance mais importante. Sua história se desenrola sobre a temática do cangaço nordestino, tendo como protagonista o Cabeleira, o chefe de um bando de cangaceiros assaltantes. O Cabeleira termina por largar o banditismo em favor de seu amor por Luizinha. Apresenta fortes traços de realismo por ser justo e fiel aos fatos e ao ambiente, no entanto permanece idealizador na questão sentimental, cuja idéia principal é que o amor quebra qualquer barreira.

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Visconde de Taunay

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Outro importante autor da vertente regionalista do romantismo brasileiro, que tomou por cenário de suas narrativas a província de Mato Grosso. Sua obra caracteriza-se pela precisão de detalhes e pela descrição minuciosa da paisagem mato-grossense, abusando de detalhes sobre a flora, a fauna e o relevo do cerrado central do Brasil. Seus romances apresentam a habitual estrutura romântica linear e acessórios realistas. Caracterizados por estarem integrados à vertente sertanista, preocupando-se em retratar de forma rica e real o ambiente particular da região centro-oeste brasileira. Dentre as principais de obras de Visconde de Taunay estão:

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Inocência - O romance tem como protagonistas a pura e ingênua Inocência, que é vendida pelo pai ao fazendeiro Manecão, e Cirino, um curandeiro que se finge de médico para ganhar a vida e que numa de suas "consultas" cura Inocência e entrega uma carta ao pai da moça, Seu Pereira. Inocência e Cirino se apaixonam, e a frágil moça se torna forte em nome de seu real amor, num de seus encontros amorosos o casal é descoberto o que leva Seu Pereira e Manecão a planejarem uma emboscada para Cirino. Cirino e Inocência terminam mortos. Visconde de Taunay inova por apresentar um desfecho infeliz com a morte dos dois protagonistas.

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Manuel Antônio de Almeida

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O que melhor descreve a sua importância no romantismo brasileiro é o seu envolvimento com o romance de costumes. Sua obra procurou retratar os hábitos, a moda, o folclore e a religiosidade das classes populares do início do século XIX, desmascarando violentamente a baixa sociedade brasileira colonial, o que a torna singular dentre as obras românticas que procuraram tratar dos costumes e dos valores da alta sociedade imperial.

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Seu romance de costumes ironizava os padrões e normas românticos, criticava a desequilibrada baixa classe brasileira sarcasticamente e pôs em crise a idealização romântica devido ao fato de seus personagens serem malandros, cafajestes e praticamente marginais. Um dos principais traços da obra de Manuel Antônio de Almeida é o predomínio do humor sobre o dramático, suas personagens eram caricaturizadas, com ênfase aos seu defeitos, os acontecimentos da trama desmentiam as aparências das personagens (o quebra mais um padrão romântico cujas obras apresentavam acontecimentos que validavam as aparências das personagens).

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Seu romance era Picaresco, relativo a picadeiro, ou seja, eram romances cômicos e tendiam ao patético, substituindo o dramático habitual do romantismo por um humor crítico e sagaz. Sua produção apresenta uma ausência da tragédia humana em função de quebrar mais um cacoete romântico. Caracteriza-se como autor precursor do realismo por sua objetividade e sua descrença nos valores sociais, destruindo assim, o caráter subjetivo e bajulador do romantismo. Apesar de toda essa quebra de valores, não só a sua localização temporal, mas também a presença da linearidade e a proteção dos valores burgueses, encaixam a sua obra dentro do romantismo brasileiro. Dentre as obras de Manuel Antônio de Almeida destaca-se:

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Memórias de um Sargento de Milícias - Conta a história de Leonardo, um homem que conta as memórias de sua vida desgraçada. Filho de Leonardo Pataca e Maria das Hortaliças, Leonardo foi abandonado ainda criança por sua mãe, que fugiu com um marinheiro, e por seu pai que não o queria. Passou a viver com o padrinho que não tinha filhos e o criara com muita dedicação, encobrindo todas as suas travessuras. Era um menino insuportável. Mais tarde torna-se um boêmio arruaceiro, que quase sempre era preso e logo depois solto teve por um bom tempo o sargento Vidigal em sua cola.

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Devido a essa freqüência na cadeia, Leonardo cria amizades no meio militar e logo, por apadrinhamento, ganha a patente de sargento de milícias. Após ganhar tal cargo, decide-se casar para fazer jus à sua patente casa-se com Luisinha que estava recém viúva e foi o primeiro amor na sua adolescência. "Memórias de um Sargento de milícias" causou um grande impacto no público burguês, sendo lido principalmente por intelectuais da literatura da época e alcançando o ápice de sucesso após a morte de Manuel Antônio de Almeida em um naufrágio. A narrativa é linear, apesar de "começar pelo final", é farta de humor, e o núcleo principal caracteriza-se pela falta de classe e de valores.