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Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda Guimarães Roteiro Geológico Guia de atividades “ Milagres feitos devagar são obras da natureza; obras da natureza feitas devagar são milagres.” Padre António Vieira Ano letivo: 2015/2016 Biologia e Geologia 11ºano Profª Fátima Alpoim Profº Arlindo Tomaz

Roteiro "Visita de estudo à Penha" 2016

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Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda

Guimarães

Roteiro Geológico

Guia de atividades

“ Milagres feitos devagar são obras da natureza; obras da natureza feitas devagar são milagres.”

Padre António Vieira

Ano letivo: 2015/2016

Biologia e Geologia

11ºano

Profª Fátima Alpoim

Profº Arlindo Tomaz

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Roteiro Geológico

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Introdução

Localizado no norte de Portugal, o concelho de Guimarães é conhecido pelo seu vasto património.

Embora o mais reconhecido seja o cultural, o histórico e, recentemente, o arqueológico, este

concelho possui ainda um interessante conjunto de valores no âmbito da Geologia.

Do ponto de vista geológico, a cidade de Guimarães insere-se no noroeste do Maciço Hespérico ou

Ibérico, que ocupa a parte ocidental e central da Península Ibérica. Pela consulta da carta geológica 9-

B de Guimarães, verifica-se que a região é predominantemente granítica, sendo dominante o Granito

de Guimarães. Trata-se de um granito biotítico porfiroide de grão grosseiro com megacristais de

feldspato potássico.

A Penha é uma área localizada na freguesia da Costa. O ponto mais elevado da Penha possui 613m

da altitude. As geoformas graníticas são quase todas modeladas no Granito de Guimarães.

Existem quatro domos principais na área da Penha, cuja posição espacial influenciou a organização

e implementação de vários tipos de infraestruturas, nomeadamente as religiosas, as estradas

principais, os parques de estacionamento e a localização de outras infraestruturas de apoio.

Este roteiro foi preparado com o intuito de te permitir ter acesso a algumas das aplicações das

rochas magmáticas em meio urbano, fazer a caracterização das rochas magmáticas e identificar e

caracterizar locais de interesse geológico. Para tal, irás fazer percursos pedestres, ao longo dos quais

irás parar em algumas zonas.

As atividades propostas para cada uma das zonas de estudo devem ser desenvolvidas com o teu

grupo de trabalho e com a colaboração do professor que te acompanha. Em cada zona de estudo

deverás atender às diferentes questões de exploração que te são propostas. Para além do que te é

pedido, podes também tirar fotografias aos aspetos que achares mais relevantes e que gostarias de

discutir posteriormente.

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Mapa 1: Cidade

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Mapa 2: Trios geológicos da Penha

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O Granito de Guimarães possui grão grosseiro, com grandes cristais de feldspato potássico (1).

Neste granito, encontram-se encraves1 de variados tipos: fragmentos de rochas metassedimentares

(2), com contornos angulosos e encraves microgranulares, de rocha com grão mais fino que o granito

hospedeiro, com contornos lobados. Aflora ainda, nalguns locais, um granito de grão médio, onde

ocorrem encraves pequenos e escuros. O contacto deste granito com o Granito de Guimarães, revela

contemporaneidade entre dois magmas. O elevado volume das bolas/blocos, alguns com mais de 1500

metros cúbicos e cerca de 4000 toneladas, é favorecido pela baixa densidade de fraturas existentes na

rocha (3).

As fraturas favorecem o aparecimento de fendas profundas que, por deslocação dos blocos ou por

erosão de materiais, originam desfiladeiros. Os grandes blocos (4) e os tors (5) encontrados resultaram

da progressão da meteorização da superfície para o interior. Inicialmente, ter-se-ão originado capas

concêntricas, por perda de materiais, acabando os poliedros por adquirir uma forma arredondada (ver

esquema)

Aspetos da geodiversidade

1 Fragmentos de rocha ígnea ou metamórfica, que se distinguem do granito pela cor, pela textura e pela granulometria

Geodiversidade

1 – Granito de Guimarães

2 – Encrave metassedimentar no granito

3 – Domo com fratura

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Evolução de um relevo à escala do perfil de meteorização

Etapa I – Meteorização diferencial Etapa II – Erosão diferencial

Características petrográficas dos granitoides aflorantes na região da Penha

a) Granito de Guimarães; b) encrave microgranular máfico no granito de Guimarães; c) granito

leucocrata; d) encrave sobremicâceo, no granito leucocrata.

4 – Blocos no Granito de

Guimarães

5 – Tor no granito de Guimarães

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Paragem 1: Átrio da Escola Secundária Francisco de Holanda

Atividade 1.1

1. Observa atentamente o átrio da tua escola e responde às seguintes questões:

1.1 Qual o nome da rocha onde se encontra o busto de Francisco de Holanda?

1.2 Que outros tipos de rochas se encontram na entrada da escola?

1.3 Encontra, identifica e fotografa a rocha que apresenta fósseis.

Paragem 2: Largo do Toural

Atividade 1.2

1. Tanto no caso do Largo do Toural como no caso do passeio da rua de Paio Galvão, os desenhos e

motivos devem-se à alternância de materiais com aspetos distinto – a calçada portuguesa.

1.1. Foi realizado o teste com HCl e verificou-se que algumas rochas presentes no passeio do Toural

faziam efervescência. Podemos então afirmar que: (assinala a opção correta)

a) se trata de uma rocha ígnea.

b) se trata do mineral quartzo.

c) se trata de uma halite.

d) se trata de uma rocha que contém calcite.

1.2. Localiza essas rochas e indica o seu nome.

2. Dirige-te agora até à estátua Contemporânea de D. Afonso Henriques.

2.1. Relativamente à estátua de D. Afonso Henriques podemos afirmar que foi esculpida em:

(assinala a opção correta)

a) calcite

b) calcário

c) gesso

d) mármore

2.2. Nesta estátua são visíveis cavidades que se devem: (assinala a opção correta)

a) precipitação da calcite

b) precipitação parcial do calcário

c) dissolução parcial do calcário

d) dissolução da calcite

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Paragem 3: Penha

Espera à saída da estação do teleférico. Pega no mapa dos Geossítios, procura a tua localização e

dirige-te para norte.

Geossítio 1 (G1) – Domo norte da Penha

Neste geossítio, observam-se grandes blocos suspensos (1), um domo fendido, cujas fendas e

passagens resultam da deslocação de blocos (2), rochas cogumelo, bolas/blocos e lajes. A relação

íntima entre os valores culturais, os estéticos e as características geológicas é notória em todo o

geossítio. A capela de São Cristóvão, localizada no topo de um pilar, uma gruta natural, posteriormente

modificada, e o Nicho do Santo Elias, uma cavidade na rocha, provam essa interação.

1. Neste geossítio existe uma gruta natural. Descobre o seu nome.

2. Observa o Granito de Guimarães”, fotografa-o.

3. Localiza o “Penedo Suspenso”. Quantos blocos suspensos encontras aí?

4. Junto ao “penedo suspenso”, encontras uma placa que diz “Siga sem medo”, desloca-te pela fenda

estreita assinalada. À saída, observa e fotografa o pilar que sustenta a capela de São Cristóvão.

5. Encontra o “Desfiladeiro Labiríntico”. Percorre-o até descobrires um bloco, que se separou do

domo, o famoso “Penedo do Barco”. Faz um registo fotográfico das fendas que observaste.

Dirige-te para o Geossítio 2.

1 – “Penedo

suspenso”

2 – “Desfiladeiro Labiríntico”

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Geossítio 2 (G2) – Domo do Santuário da Penha

Neste geossítio, existem grandes fraturas no domo principal e inúmeras lajes, algumas deslocadas, em

pilares e bolas/blocos, por toda a área.

É possível encontrar contacto entre o Granito de Guimarães e o granito de grão médio (1), a sul do

domo onde se localiza o Santuário.

Observam-se numerosos encraves, quer no Granito de Guimarães quer no outro tipo de granito. No

Granito de Guimarães, os encraves são máficos, félsicos e metassedimentares e, no granito de grão

médio, são sobremicáceos, de pequena dimensão.

Em blocos isolados, perto do Parque de Merendas, pode estudar-se a meteorização do Granito de

Guimarães, que resulta da conjugação de características do granito (textura, mineralogia, fratura).

Do Miradouro do Santuário da Penha, é possível observar o relevo envolvente, desde o norte ao

sudoeste. Destaca-se um alvéolo granítico, zona plana rodeada por relevos elevados, onde se encontra

o centro da cidade de Guimarães.

A – Granito de grão médio e B – Granito de Guimarães

1. Nas duas varandas conhecidas como “Terraços Gémeos” (perto da entrada do teleférico) observa

a pseudoestratificação no granito.

2. Dirige-te para o bloco fendido (Bico da pomba), situado em frente ao Santuário da Penha, onde é

possível observar a meteorização do granito. Tenta descrever o processo de meteorização a que

este relevo esteve sujeito.

3. Procura um bloco com acentuada meteorização e erosão na sua base, assente sobre areia.

Fotografa-o.

4. No parque das merendas localiza um dos contactos entre o granito de Guimarães e outro de grão

médio. Faz uma breve descrição dos dois tipos de granito.

5. Tira fotografias a todos os encraves que encontrares nesta área.

6. Do Miradouro do Santuário, avista-se o monte do Sameiro. Como o identificas?

Contacto magmático entre duas litologias.

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Dirige-te para o Geossítio 3.

Geossítio 3 (G3) – Domo do Pio IX

Neste geossítio, encontra-se o ponto mais elevado da Penha, o Miradouro do Pio IX, de onde é possível

ter uma vista panorâmica da cidade de Guimarães e da região da Penha.

As fraturas que o domo principal apresenta, formando gargantas estreitas e sinuosas, os grandes tors

(19) e o “Penedo que abana” (2) são as maiores atrações desta área.

É a área privilegiada para a observação de geoformas características de uma paisagem granítica, mas

raras na Penha, as Pias.

A “Gruta de Nossa Senhora de Lurdes” é um abrigo natural.

1 – Tor 2 – “Penedo que abana”

1. Dirige-te à “Gruta de Nossa Senhora de Lurdes”. Quais as geoformas que aí encontras?

2. Procura o ”Penedo que Abana”. Como o classificas?

3. Desce pelo “Penedo do Susto”. Na realidade o que é este Penedo?

4. Observa o túnel de acesso à Capela de Santa Catarina. Como é formado?

5. Dirige-te ao miradouro Pio IX. Observa o “Domo do Pio IX”.

6. Encontras, nesta área, diferentes geoformas graníticas (escamas, pias, tors, lajes e blocos

graníticos). Faz o registo fotográfico.

7. Desce pelo “Desfiladeiro Pio IX”.

8. Procura o penedo onde se pode ler o seguinte poema: (onde se localiza?)

Murmura, fonte, murmura,

É brando o teu murmurar:

Que meiguice, que ternura,

Tu tens nesse soluçar.

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Cada gota do teu pranto,

Que sobre esta penha cai,

É uma perola de encanto

Que pela terra se esvai.

Murmura, fonte, murmura,

Geme transida de dor:

Teu pranto a própria doçura,

Diz saudade, diz amor.

Agosto de 1885

Braulio Caldas

Atividade 1.3

Da Penha avistas ou não o mar? Entrevista um comerciante local e regista o seu depoimento.

Atividade 1.4

Encontraste evidências que apoiem o mito: “A Penha já esteve coberta por mar”

Espaço para tomares as tuas notas….

Bom trabalho

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Bibliografia

Dissertação em mestrado de Património Geológico e Geoconservação, Augusta Maria Rodrigues

Torres Pinto; UM.

Revista eletrónica de Ciências da Terra – e Terra – http://e-terra.geopor.pt; ISSN 1645-0388;

volume 18 – nº 28; 2010.