23
SOCIOLOGIA E MEIO AMBIENTE

Sociologia e meio ambiente

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Sociologia e meio ambiente

SOCIOLOGIA E MEIO AMBIENTE

Page 2: Sociologia e meio ambiente

SOCIOLOGIA E MEIO AMBIENTE

A preocupação da Sociologia com a temática ambiental coincidiu com o fortalecimento dos movimentos de protesto contra a degradação dos recursos naturais e com a constatação científica de que o desenvolvimento econômico capitalista está associado à utilização de tecnologias ambientalmente predatórias.

Page 3: Sociologia e meio ambiente

POLÍTICA, SOCIEDADE E A IDEIA DE SEGURANÇA ALIMENTAR

Uma das discussões sociológicas relacionadas aos problemas socioambientais se desenvolveu no debate sobre meio ambiente e sustentabilidade: a questão da fome e da segurança alimentar.

A ideia difundida no século XIX de que a fome e a pobreza seriam resultado de uma produção de alimentos insuficiente em relação ao crescimento populacional foi criticada e superada ao longo do século XX.

O conceito de segurança alimentar desenvolveu-se no período posterior à Segunda Guerra Mundial, com o estabelecimento de políticas agrícolas voltadas para garantir o abastecimento de alimentos nos países em conflito.

Page 4: Sociologia e meio ambiente

A ideia de segurança alimentar consolidou-se na década de 1990 e levou ao princípio de que todas as pessoas tem direito à alimentação sadia e nutritiva, e é dever do Estado desenvolver politicas públicas para garantir esse direito (cestas básicas, distribuição de alimentos, programas de renda mínima, etc.).

Em 1996 algumas organizações camponesas apresentaram o conceito de Soberania Alimentar, em contraponto ao de Segurança Alimentar.

De acordo com a Soberania Alimentar, o alimento é um direito humano, não apenas uma mercadoria comum.

Crítica a violação do direito à alimentação saudável, que deveria ser garantido a todos os seres humanos, porque as grandes empresas controlam o mercado de alimentos e condicionam o acesso a eles à renda dos indivíduos.

Ou seja, a população pobre fica privada do acesso a alimentos de qualidade.

Page 5: Sociologia e meio ambiente

SOBERANIA ALIMENTAR

Direito dos povos a uma produção saudável e culturalmente apropriada através de métodos agroecológicos, e seu direito a definir o seu próprio regime alimentar e sistema agrícola;

Prioridade ao mercado das economias locais e nacionais e poder aos camponeses, a agricultura familiar, pesca artesanal, silvicultura, e a produção, distribuição e consumo alimentar baseado na economia social e ambiental.

Assegura que os direitos de uso e manejo das nossas terras, territórios, águas, sementes, pecuária e biodiversidade estejam nas mãos de quem produz os alimentos.

Page 6: Sociologia e meio ambiente

SOBERANIA ALIMENTAR

O conceito de Soberania Alimentar refere-se ao conjunto de medidas que devem ser adotadas por todas as nações, tendo como princípio a ideia de que, para ser protagonista e soberano de sua existência, um povo deve ter recursos e o apoio necessário para produzir seus próprios alimentos, com acesso a eles em qualquer época do ano e de modo adequado a seu ambiente e a seus hábitos alimentares.

A persistência da fome é simultânea à existência de grandes propriedade de terras concentradas nas mãos de poucas pessoas, à produção voltada para o lucro e, contraditoriamente, aos avanços técnicos que permitem maior produção em tempo cada vez menor.

Page 7: Sociologia e meio ambiente

Agricultura intensiva – uso de sementes transgênicas e agrotóxicos para garantir a alta produtividade

Page 8: Sociologia e meio ambiente

SOBERANIA ALIMENTAR

Soberania Alimentar – valorização das economias locais

Page 9: Sociologia e meio ambiente

SOBERANIA ALIMENTAR

A partir do estabelecimento do conceito de Soberania Alimentar , ficou mais presente a importância de uma agricultura que produza alimentos básicos (e não apenas commodities, ou seja, matérias-primas para exportação), com qualidade adequada para o consumo humano.

É preciso que o Estado crie garantias para além da economia de mercado através da implantação de politicas públicas que garantissem que a alimentação fosse defendida como uma condição básica à sobrevivência não apenas física, mas também cultural.

Page 10: Sociologia e meio ambiente

VALORIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR

Diz respeito ao modo de organização da produção agrícola por pequenos proprietários rurais, quando há união entre a gestão e o trabalho. É desenvolvida por núcleos familiares, que são ao mesmo tempo proprietários dos meios de produção e a mão de obra das atividades produtivas.

Esse modelo de agricultura contrasta com o modelo patronal, realizado em propriedades médias ou grandes, que utiliza trabalhadores contratados, com gestão separada do trabalho.

Page 11: Sociologia e meio ambiente

Embora ocupe área menor, a agricultura familiar é a principal forma de produção dos alimentos básicos no Brasil

Page 12: Sociologia e meio ambiente

AGRICULTURA FAMILIAR

Cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira são produzidos por agricultores familiares. No Brasil, a agricultura familiar é responsável pela produção de 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café,  34% do arroz, 21% do trigo e, na pecuária, 60% do leite, 59% do plantel de suínos e 50% das aves.

Page 13: Sociologia e meio ambiente

MAPA DA FOME ONU 2014

Page 14: Sociologia e meio ambiente

CRISE ALIMENTAR E SUSTENTABILIDADE: a globalização e a produção de alimentos

Os anos de 2007 e 2008 foram testemunhas de uma grave crise de alimentos no mundo todo. A “crise” pode ser definida como o aumento expressivo no preço de produtos alimentícios (arroz, feijão, leite, carne, etc.). De acordo com o Banco Mundial, nesse período os preços dos alimentos subiram em média 83%.

O índice de preços de seis commodities, elaborada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), subiu 38% entre 2004 e 2007. Como resultado da crise, o preço dos alimentos subiu 40% nos últimos meses de 2008.

Essa crise colocou novamente em pauta o debate sobre a pobreza e a fome, tendo em vista a situação de vulnerabilidade das populações mais pobres em relação ao aumento de preço dos gêneros alimentícios.

Page 15: Sociologia e meio ambiente

PRINCIPAIS CAUSAS PARA A RECENTE ALTA DE PREÇOS:

a) aumento da demanda por alimentos; b) maior demanda por combustíveis (encarecimento do petróleo,

aumento do uso de biocombustíveis pelos EUA e União Europeia); c) especulação do mercado financeiro (elevação do preços das

commodities); d) mudanças climáticas e perdas de safras (aumento dos preços dos

alimentos por diminuição da oferta); e) diminuição de terras cultivadas (avanço da industrialização em

países como Brasil, China, Índia e outros países da América do Sul, da África e da Ásia acarretou uma intensa migração em direção aos centros urbanos e a diminuição da população economicamente ativa no campo);

Page 16: Sociologia e meio ambiente

O desenvolvimento capitalista, em especial no que se refere ao campo, deu evidentes provas de esgotamento pela insustentabilidade, seja do ponto de vista do uso de recursos, seja dos preços dos alimentos.

A globalização trouxe também a oportunidade de se discutirem modelos alternativos para uma economia sustentável como caminho de superação da pobreza e da fome.

Page 17: Sociologia e meio ambiente

MODERNIZAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E MEIO AMBIENTE

A modernização das sociedades é um dos primeiros temas de interesse da Sociologia;

O processo de modernização envolve aspectos econômicos, políticos e sociais; está presente na noção atual de indivíduo, na ideia de racionalização em substituição às crenças religiosas, na burocratização das instituições em substituição à organização afetiva tradicional;

A crítica aos efeitos de desagregação social do capitalismo também considerou seus impactos sobre o meio ambiente;

A escassez de água e de comida que ainda persiste em diferentes partes do mundo é consequência do consumismo e do materialismo da cultura ocidental. De acordo com Shiva, as grandes corporações, na busca incessante de lucros, aprofundam as crises ambientais;

Page 18: Sociologia e meio ambiente

MODERNIZAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E MEIO AMBIENTE

São muitos as evidências de que os problemas ambientais afetam as sociedades material e culturalmente:

Transformação da cultura do interior no processo de modernização; A sociabilidade; Substituição da agricultura de subsistência pela agricultura

comercial, dependente dos centros urbanos e do comércio exterior à comunidade;

A questão da moradia em grandes centros urbanos, que leva à ocupação informal de áreas da cidade desprovidas de instalações sanitárias necessárias, como grande parte das favelas;

Perigos de deslizamentos, inundações e problemas de saúde ligados à falta de saneamento

Page 19: Sociologia e meio ambiente

JUSTIÇA AMBIENTAL

Conjunto de princípios que assegura que nenhum grupo de pessoas suporte uma parcela desproporcional de degradação ambiental.

Injustiça ambiental – condição de desigualdade, operada e sustentada por mecanismos sociopolíticos, que destina a maior parte das consequências dos danos ambientais do desenvolvimento a grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, segmentos discriminados, marginalizados e vulneráveis da sociedade.

Necessidade de produzir políticas públicas pensadas e construídas a partir das vozes dos habitantes das comunidades vulneráveis.

Page 20: Sociologia e meio ambiente

JUSTIÇA AMBIENTAL, MODERNIZAÇÃO ECOLÓGICA E CONFLITOS AMBIENTAIS NO BRASIL

A questão ambiental começou a ser discutida de uma forma mais nítida no Brasil durante a redação e promulgação da Constituição de 1988 e da Rio-92, quando surgiram o Fórum Brasileiro de ONGs e os Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento;

Essa nova relação entre o meio ambiente e a justiça social serviu de base para a construção de uma agenda comum entre as entidades ambientalistas, o ativismo sindical, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e o Movimento dos Atingidos por Barragens, assim como com seringueiros, extrativistas, o Movimento Indígena e os movimentos comunitários das periferias urbanas.

Page 21: Sociologia e meio ambiente

A modernização ecológica é um processo que procura conciliar o crescimento econômico e a resolução de conflitos ambientais com ênfase em adaptação tecnológica, economia de mercado e crença na colaboração e no consenso.

A questão ambiental apresenta um confronto entre uma posição cultural e uma posição utilitarista:

Posição cultural: questiona os valores do consumismo estabelecido na era capitalista e por meio da industrialização químico-mecanizada da agricultura;

Posição utilitarista: inaugurada pelo Clube de Roma, estava preocupada em assegurar a continuidade da acumulação capitalista por meio da economia de recursos em matéria e energia.

Page 22: Sociologia e meio ambiente

A ideia de justiça ambiental se fundamenta na promoção de uma cultura de direitos e na crítica às consequências da posição ambiental utilitarista, que defende uma modernização ecológica do capitalismo contemporâneo sem abordar a questão social em torno dos conflitos ambientais;

No Brasil, a relação estabelecida entre movimentos sociais e ambientais se caracterizará pela defesa aos ambientes culturalmente definidos (indígenas, quilombolas, ribeirinhos), busca de proteção social igualitária contra os efeitos de segregação e desigualdade ambiental produzidos pelo mercado e a defesa dos direitos de acesso igualitário aos recursos ambientais.

Page 23: Sociologia e meio ambiente

INJUSTIÇA AMBIENTAL NO BRASIL