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UFSM destina 34% das vagas para estudantes de escola pública em 2012 Jornal do Brasil Santa Maria, 2 de Novembro de 2012 R$ 7,00 6ª Edição E m agosto a presidenta Dilma Rousseff aprovou a lei que prevê 50% das vagas das universidades federais para alunos da rede pública. As insti- tuições de ensino têm quatro anos para se adaptar a lei. A Universida- de Federal de Santa Maria (UFSM), no dia 9 de novembro pós-reunião decidiu destinar 34% de suas va- gas às cotas ainda em 2012. A pro- posta é que dos 34% metade seja destinada para aqueles que têm renda familiar per capita acima ou igual a 1,5 salário mínimo e a outra metade para aqueles que têm e os que têm renda acima disso. Com essa decisão, a UFSM abriu um período de reopção de cotas para os inscritos, que será de 14 a 26 de novembro. A lei afetará 26 mil candidatos que estão inscritos em 97 cursos nos campi de San- ta Maria, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões. O vestibular da UFSM será de 7 a 9 de dezem- bro de 2012. Para atender a lei, progressão de vagas para cotas de estudantes de escolas públicas na UFSM será: 12,5% das vagas para ingressan- tes em 2013, 25% das vagas para ingressantes em 2014, 37,5% das vagas para ingressantes em 2015 e, finalmente, 50% das vagas para ingressantes em 2016. Cotas: uma lei e ainda muitas polêmicas Só no ano de 2012, em Santa Maria, ocorrem diferentes mani- festações favoráveis e contrárias às Foto: UFSM/Divulgação cotas, mesmo ela o assunto sendo uma lei e por isso as universidades precisam cumprir, esse tema ainda gera polêmicas entre a população. Em agosto, teve-se também um protesto contra a provação dessa lei. No mês de setembro, a aula pública – Vamos falar sobre cotas? teve por objetivo esclarecer a po- pulação sobre as cotas e a nova lei aprovada pela presidente Dilma Rousseff com caráter informativo, provocativo e de protesto. Opiniões Controversas Para a professora da rede par- ticular, Fernanda Duarte, 27 anos, as cotas mascaram um problema de, pelo menos, 11 anos, “pois o ensino básico, desde seu primeiro ano, está às traças, “de qualquer jeito”, não há valorização de públi- co, professores, estrutura, ensino”. Já Mauricio Charão, professor de filosofia, 24, defende que a iniciati- va é uma boa alternativa, pois trata mais da cota social do que a ra- cial. Charão acredita que com mais alunos do ensino público básico estudando em federais, e após no mercado de trabalho, “estarão prestando serviço à população em geral, completando um ciclo de prestação de serviços que paga- mos com tantos impostos”. Universidades federais terão que disponibilizar 50% das vagas para alunos de escolas públicas até 2016.

Técnicas 29.11.2012

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Page 1: Técnicas 29.11.2012

UFSM destina 34% das vagas para estudantes de escola pública em 2012

Jornal do BrasilSanta Maria, 2 de Novembro de 2012 R$ 7,006ª Edição

Em agosto a presidenta Dilma Rousseff aprovou a lei que prevê 50% das vagas das universidades federais para

alunos da rede pública. As insti-tuições de ensino têm quatro anos para se adaptar a lei. A Universida-de Federal de Santa Maria (UFSM), no dia 9 de novembro pós-reunião decidiu destinar 34% de suas va-gas às cotas ainda em 2012. A pro-posta é que dos 34% metade seja destinada para aqueles que têm renda familiar per capita acima ou igual a 1,5 salário mínimo e a outra metade para aqueles que têm e os que têm renda acima disso.

Com essa decisão, a UFSM abriu um período de reopção de cotas para os inscritos, que será de 14 a 26 de novembro. A lei afetará 26 mil candidatos que estão inscritos em 97 cursos nos campi de San-ta Maria, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões. O vestibular da UFSM será de 7 a 9 de dezem-bro de 2012.

Para atender a lei, progressão de vagas para cotas de estudantes de escolas públicas na UFSM será: 12,5% das vagas para ingressan-tes em 2013, 25% das vagas para ingressantes em 2014, 37,5% das vagas para ingressantes em 2015 e, finalmente, 50% das vagas para ingressantes em 2016.

Cotas: uma lei e ainda muitas polêmicas

Só no ano de 2012, em Santa Maria, ocorrem diferentes mani-festações favoráveis e contrárias às

Foto: UFSM/Divulgação

cotas, mesmo ela o assunto sendo uma lei e por isso as universidades precisam cumprir, esse tema ainda gera polêmicas entre a população. Em agosto, teve-se também um protesto contra a provação dessa lei. No mês de setembro, a aula pública – Vamos falar sobre cotas? teve por objetivo esclarecer a po-pulação sobre as cotas e a nova lei aprovada pela presidente Dilma Rousseff com caráter informativo, provocativo e de protesto.

Opiniões Controversas

Para a professora da rede par-ticular, Fernanda Duarte, 27 anos,

as cotas mascaram um problema de, pelo menos, 11 anos, “pois o ensino básico, desde seu primeiro ano, está às traças, “de qualquer jeito”, não há valorização de públi-co, professores, estrutura, ensino”. Já Mauricio Charão, professor de filosofia, 24, defende que a iniciati-va é uma boa alternativa, pois trata mais da cota social do que a ra-cial. Charão acredita que com mais alunos do ensino público básico estudando em federais, e após no mercado de trabalho, “estarão prestando serviço à população em geral, completando um ciclo de prestação de serviços que paga-mos com tantos impostos”.

Universidades federais terão que disponibilizar 50% das vagas para alunos de escolas públicas até 2016.

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A socióloga Nicole Bartmar, 23 anos, acredita que esse processo oportuniza “vagas às pessoas que encontrariam mais barreiras para entrar para a universidade do que o esperado, as cotas possibilitam essa diversidade necessária para a constituição do sujeito e da socie-dade como um todo”.

Oportunidade de preparação

A UFSM além de estar se ade-quando à lei, a mais de 13 anos oportuniza, para alunos que não têm condições financeiras e estu-daram em escola pública, a pos-

sibilidade de se prepararem em cursos pré-vestibulares gratuitos, como o Alternativa Pré-Vestibular. O curso é um projeto de extensão da própria UFSM e visa atender essa comunidade. As aulas são ofertadas diariamente no turno da noite e nos sábado à tarde, além de atividades paralelas de socialização de conteúdos com o cotidiano. Os professores são vo-luntários, acadêmicos da UFSM e Unifra, ou já formados e atuando no mercado de trabalho.

Felipe Girardi, 22, um dos co-ordenadores do Alternativa e pro-fessor de história, afirma que a

proposta da presidenta é positiva e coerente com a realidade brasi-leira. “Não há igualdade de condi-ções de competição entre alunos de escolas públicas e particulares”, comenta Girardi, por isso a impor-tância social das cotas para estu-dantes de escolas públicas.

- “Certamente, a melhor saída e investir na educação básica, para então ter-se igualdade no ingresso ao ensino superior”, afirma o pro-fessor de história.

Franciele Marques e Luana Iensen