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UNIDADE I: LOCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO. A sociedade, atualmente, possui vários recursos, como fotografias aéreas (aerofotogrametria) e satélites para promover a localização dos pontos e, consequentemente, a orientação no espaço geográfico. Entretanto, nem sempre foi assim. Nos primórdios da sociedade, nossos ancestrais possuíam escassos recursos disponíveis para seu deslocamento; por isso, a localização era fortemente baseada em fatores naturais, como o sol, a lua, as estrelas, etc. Essa relação de dependência se modificou com o passar do tempo e com avanços tecnológicos que, por meio de novas formas de orientação, permitiram uma localização mais fácil e precisa do homem no espaço e, consequentemente, uma localização independente de fatores naturais. Para isso, foi de grande importância o desenvolvimento da ciência cartográfica, pois o homem passou a se deslocar e a se localizar de forma mais eficiente e precisa sobre a superfície terrestre. A cartografia, utilizando-se de mapas, cartas ou plantas, descreve as características de determinada região da superfície terrestre. Ou seja, trata-se de uma representação simplificada da superfície em um plano, possibilitando a escolha dos melhores locais. Na produção desses mapas, as coordenadas geográficas são de extrema importância na determinação do posicionamento correto sobre a superfície terrestre. 1.Os movimentos da Terra: O planeta Terra possui diversos movimentos. Entretanto, dois deles são de extrema importância para sobrevivência na Terra, pois determinam a duração de dias e noites, o aumento e a diminuição da temperatura no planeta, dentre outros aspectos de extrema importância para nossas vidas. Esses movimentos recebem o nome de Rotação e Translação. A rotação do planeta é o movimento realizado pela Terra ao redor do seu próprio eixo, na direção oeste-leste (da esquerda para direita). Esse movimento é próximo ao realizado por uma criança quando gira em seu próprio eixo, sem sair do lugar. O planeta Terra leva 23 horas, 56 minutos e 4, 09 segundos para girar no seu próprio eixo. Normalmente, esse valor é arredondado para 24 horas. Esse movimento determina os dias e noites, além de influenciar os movimentos de circulação atmosférica, a dinâmica das correntes marinhas,

Unidade i. orientação e localização no espaço

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UNIDADE I: LOCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO.

A sociedade, atualmente, possui vários recursos, como fotografias aéreas (aerofotogrametria) e satélites para promover a localização dos pontos e, consequentemente, a orientação no espaço geográfico. Entretanto, nem sempre foi assim. Nos primórdios da sociedade, nossos ancestrais possuíam escassos recursos disponíveis para seu deslocamento; por isso, a localização era fortemente baseada em fatores naturais, como o sol, a lua, as estrelas, etc.

Essa relação de dependência se modificou com o passar do tempo e com avanços tecnológicos que, por meio de novas formas de orientação, permitiram uma localização mais fácil e precisa do homem no espaço e, consequentemente, uma localização independente de fatores naturais. Para isso, foi de grande importância o desenvolvimento da ciência cartográfica, pois o homem passou a se deslocar e a se localizar de forma mais eficiente e precisa sobre a superfície terrestre.

A cartografia, utilizando-se de mapas, cartas ou plantas, descreve as características de determinada região da superfície terrestre. Ou seja, trata-se de uma representação simplificada da superfície em um plano, possibilitando a escolha dos melhores locais. Na produção desses mapas, as coordenadas geográficas são de extrema importância na determinação do posicionamento correto sobre a superfície terrestre.

1.Os movimentos da Terra:O planeta Terra possui diversos movimentos.

Entretanto, dois deles são de extrema importância para sobrevivência na Terra, pois determinam a duração de dias e noites, o aumento e a diminuição da temperatura no planeta, dentre outros aspectos de extrema importância para nossas vidas. Esses movimentos recebem o nome de Rotação e Translação.

A rotação do planeta é o movimento realizado pela Terra ao redor do seu próprio eixo, na direção oeste-leste (da esquerda para direita).

Esse movimento é próximo ao realizado por uma criança quando gira em seu próprio eixo, sem sair do lugar. O planeta Terra leva 23 horas, 56 minutos e 4, 09 segundos para girar no seu próprio eixo. Normalmente, esse valor é arredondado para 24 horas.

Esse movimento determina os dias e noites, além de influenciar os movimentos de circulação atmosférica, a dinâmica das correntes marinhas, etc. Sem esse movimento de Rotação, a Terra possuiria um lado aquecido pelo Sol a todo momento e, portanto, quente e, outro que não seria aquecido e, consequentemente, frio a toda hora, dificultando bastante qualquer possibilidade de vida, tanto de um quanto de outro lado.

Movimento de Rotação da Terra.

O movimento de Translação do planeta Terra ocorre quando a Terra gira ao redor do Sol. Esse movimento possui uma duração de 365 dias, 5 horas e 48 minutos. Ao completar uma volta completa ao redor do Sol, temos a passagem de um ano; por isso, a duração do ano é de 365 dias. Porém, em uma observação mais atenta, percebe-se que a duração de um ano é menor do que o movimento da Terra. Para correção desse “problema” nos calendários, a cada quatro anos elimina-se essa diferença acrescentando 1 dia a mais no ano, que passa a ter 366 dias.

Esse movimento é responsável por determinar as estações do ano e a ocorrência de solstícios e equinócios. Entretanto, esse fenômeno depende também da inclinação apresentada pelo eixo da Terra.

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Movimento de Translação da Terra e as estações do ano.

2. Coordenadas Geográficas:Visando a possibilidade de localização de

qualquer ponto da superfície terrestre de forma precisa, foi criado um sistema de linhas imaginárias, que se convencionou chamar de Sistema de Coordenadas Geográficas. Uma coordenada geográfica é definida a partir da interseção de um meridiano e de um paralelo no ponto que se deseja identificar.

2.1. Paralelos:Os paralelos são linhas imaginárias que

circulam o globo terrestre no sentido leste-oeste, e que cruzam perpendicularmente com os meridianos.

Paralelos.

Os paralelos indicam a latitude, que corresponde a distancia em graus de um paralelo

qualquer a Linha do Equador. Esses valores variam de 0° (na linha do Equador) a 90 ° (nos pólos) e devem ser indicados quando ao seu hemisfério. Por exemplo, se um determinado ponto encontra-se a 30° de latitude, torna-se necessário indicar em qual hemisfério ele se encontra: Norte ou Sul; portanto, 30°S (indica 30° no Hemisfério Sul).

O Equador é o paralelo principal e referencial e está traçado à igual distância dos pólos, dividindo horizontalmente a Terra em duas partes iguais: o Hemisfério Norte, também chamado Setentrional ou Boreal e, o Hemisfério Sul, também chamado de Meridional ou Austral.

Conforme já descrito, a distância de qualquer ponto da superfície terrestre em relação à Linha do Equador corresponde a uma determinada latitude, dado em graus, sendo a latitude do Equador chamada latitude zero, por encontrava-se a zero grau (0°).

Além da Linha do Equador, quatro outros paralelos recebem nomes: o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico, no Hemisfério Norte, e o Trópico de Capricórnio e o Circulo Polar Antártico, no Hemisfério Sul.

2.2. Meridianos:São linhas imaginárias que cortam a superfície

da Terra no sentido norte-sul, ligando, portanto, um pólo a outro. Os meridianos são definidos por uma dimensão de longitude, que é a distância, em graus, de um meridiano qualquer ao meridiano de Greenwich (0°), devendo ser indicada sua posição no Hemisfério Oriental (leste - E) ou Ocidental (oeste - W).

Os meridianos não dividem a Terra em duas partes, pois nenhum deles circula totalmente a “esfera” terrestre. Para que isso ocorra, são necessários um meridiano e seu respectivo meridiano oposto, chamado de antimeridiano. Cada meridiano, junto ao seu antimeridiano divide a esfera terrestre em duas partes iguais ou hemisférios. Assim, para se estabelecer um meridiano referencial (ou principal) que facilitasse a definição de posicionamento geográfico, foi escolhido em 1984 o meridiano

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que passa próximo a cidade de Londres (Inglaterra), mais precisamente no subúrbio inglês de Greenwich (por isso, meridiano Greenwich), onde há o observatório astronômico de mesmo nome.

O meridiano de Greenwich e seu antimeridiano dividem a esfera terrestre em dois hemisférios: Leste (E) ou Oriental e Oeste (W) ou Ocidental. A distância de qualquer ponto da superfície terrestre em relação ao meridiano de Greenwich recebe o nome de longitude, dada em graus. Vale ressaltar que a longitude de Greenwich é de zero grau. Existem 360 meridianos, 180 a leste e 180 a oeste de Greenwich.

TEXTO I. Complementar: O GPS: Sistema de Posicionamento Global

Sistema desenvolvido pelos EUA, com fins militares, que tem como objetivo determinar a posição e a velocidade de qualquer ponto da superfície terrestre ou próximo dele, por meio de coordenadas geográficas do ponto, utilizando-se, para isso, as informações fornecidas por 24 satélites distribuídos em torno da Terra. Esse sistema (GPS) possui múltiplas utilidades, já que apresenta a localização geográfica exata de qualquer ponto na superfície terrestre. Inicialmente foi utilizado na navegação marítima, aérea e terrestre. Com o tempo transformou-se em um instrumento importante para a realização de levantamento topográficos, demarcação de fronteiras, unidade de conservação de terra indígena, implantação de eixos rodoviários e ultimamente, vem sendo largamente utilizado por sistemas de segurança e monitoramento de caminhões, automóveis, cargas, etc. no Brasil, o IBGE opera uma rede de estações que funcionam como ferramenta de suporte para a utilização dessa tecnologia no Brasil, sendo, portanto, o principal meio de ligação com sistemas internacionais.

3. Fusos Horário:Não há duvida que o estudo do fuso horário é

de extrema importância para nossas vidas, porque

são eles que determinam as horas do dia e da noite.Essa importância aumenta quando percorremos distâncias muito grandes, pois pode ocorrer ao longo da viagem uma variação de fuso. Para melhor compreensão, imagine a seguinte situação: você está numa viagem pelo interior do Brasil, até que chega o momento em que você vai sair do estado de São Paulo e adentrar no estado de Mato Grosso do Sul. Você passa a noite em Andradina, cidade na fronteira desses dois estados; logo pela manhã, partem de automóvel pela SP-300, cruzam o Rio Paraná e chegam à cidade de Três Lagoas, no estado do Mato Grosso do Sul após aproximadamente uma hora de viagem. Só que o detalhe é que vocês estavam no Estado de São Paulo às 8h15min da manhã e chegaram ao estado do Mato Grosso do Sul também às 8h15min. O que explica essa situação?

É fácil: a variação do fuso horário brasileiro, que determina que o estado do Mato Grosso do Sul apresente seus relógios uma hora atrasados em relação ao fuso de São Paulo, devido à convenção internacional, baseada no Meridiano de Greenwich.

O Sistema de Fusos Horários respeita a seguinte sistemática: levando em consideração que o planeta Terra leva 24 horas para dar uma volta completa (360°) no seu próprio eixo no Movimento de Rotação, podemos concluir que, dividindo-se os 360° pelas 24 horas, teremos que, a cada 15° da esfera, há uma variação de uma hora. É justamente esse espaço dos 15° que chamamos de fuso horário.

Os fusos apresentam suas respectiva horas definidas, baseadas no Meridiano de Greenwich (0°), também chamado, GMT (Greenwich Mean Time). O meridiano de Greenwich corresponde ao meio do fuso inicial.

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Fusos Horários

Conforme podemos perceber na figura, devido à Conferência Internacional do Meridiano, realizada em Washington, em 1884, os fusos apresentam horas adiantadas nas regiões a leste do fuso de Greenwich, enquanto as regiões a oeste apresentam seus fusos atrasados em relação ao de Greenwich.

O meridiano oposto ao de Greenwich, ou seja, seu antimeridiano, corresponde ao meio de um fuso horário, assim como o fuso inicial de Greenwich. O antimeridiano de Greenwich é o responsável pela mudança de datas, ou seja, ao cruzarmos esse fuso, a data é alterada. Esse meridiano, responsável pela mudança internacional de data, recebe o nome de Linha Internacional de Data (LID).

4. Projeções Cartográficas:Os sistemas de projeções cartográficas foram

desenvolvidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfície curva da esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre vai acarretar deformações. Os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções consegue reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las.

Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano, que é o mapa, são:

a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são deformadas.

b) Equidistantes – são mantidos os comprimentos das regiões representadas, pois são utilizadas escalas uniformes. Logo as áreas e dos ângulos também sofrem ligeiras ou profundas alterações.

c) Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados.

d) Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados.

Exemplo: Projeção de Goode, que modifica a de Moolweide.

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4.1. Projeção de Mercator

Nesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que se cortam em ângulos retos. Corresponde a um tipo cilíndrico pouco modificado. Nela as regiões polares aparecem muito exageradas.

Projeções de Mercator ou Cilíndrica Equatorial.

4.2. Projeção de Peters

Outra projeção muito utilizada para planisférios é a de Arno Peters, que data de 1973. Sua base também é cilíndrica equivalente, e determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos, como podemos observar no mapa a seguir.

Projeção Cilíndrica Equivalente de Peters

As retas perpendiculares aos paralelos e as linhas meridianas têm intervalos menores, resultando na representação das massas continentais, um significativo achatamento no sentido Leste-Oeste e a deformação no sentido Norte-Sul, na faixa compreendida entre os paralelos 60o Norte e Sul, e acima destes até os pólos, a impressão de alongamento da Terra.

4.3. Projeção ortográfica

Ela nos apresenta um hemisfério como se o víssemos a grande distância. Os paralelos mantêm seu paralelismo e os meridianos passam pelos pólos, como ocorre na esfera. As terras próximas ao Equador aparecem com forma e áreas corretas, mas os pólos apresentam maior deformação.

4.4. Projeção cônica

Nesta projeção os meridianos convergem para os pólos e os paralelos são arcos concêntricos situados a igual distância uns dos outros. São utilizados para mapas de países de latitudes médias.

4.5. Projeção de Mollweide

Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em configuração, mas as extremidades apresentam grandes distorções.

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4.6. Projeção de Goode, que modifica a de Moolweide

É uma projeção descontínua, pois tenta eliminar várias áreas oceânicas. Goode coloca os meridianos centrais da projeção correspondendo aos meridianos quase centrais dos continentes para lograr maior exatidão.

4.7. Projeção de Holzel

Projeção equivalente, seu contorno elipsoidal faz referência à forma aproximada da Terra que tem um ligeiro achatamento nos pólos.

4.8. Projeção Azimutal Equidistante Oblíqua Centrada na Cidade de São Paulo

Nesta projeção, centrada em São Paulo, os ângulos azimutais são mantidos a partir da parte central da projeção.

4.9. Projeção Azimutal Equidistante Polar

Projeção equidistante que tem os pólos em sua porção central. As maiores deformações estão em suas áreas periféricas.

Classificações das projeções carográficas quanto a sua superfície:

4.10. Projeção cilíndrica:

Essa pojeção é feita como se o globo, inicialmente, fosse envolvido por um cilíndro, no qual são projetados paralelos e meridianos, sendo posteriormente esse cilindro planificado na forma que conhecemos, o mapa. A partir dessa projeção podemos compreender algumas características, são elas:-Os paralelos e meridianos encontram-se retos e perpendiculares;-Representa toda a superfície terrestre;-Conserva características das regiões equatoriais;-As áreas mais próximas aos pólos são as mais deformadas.

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4.11. Projeção Plana:Essa projeção também chamada de azimultal

resulta da projeção da superfície terrestre sobre um plano a partir de um ponto determinado. No exemplo abaixo esse ponto foi o pólo norte. Essa projeção apresenta como características:-Seus paralelos e meridianos são projetados em círculos concêntricos e seus meridianos em linha reta;-Quanto mais afastado do ponto escolhiddo, ou seja, da linha de tangência, maior será a deformação no mapa;-Demosntra apenas metade do planeta, por isso é utilizado para a confecção de mapas especiais, que representam apenas algumas regiões, como a polar, por exemplo.

4.12. Projeção Cônica:

Essa projeção é resultado da projeção do globo sobre um cone, sendo posteriormente planificado e constituindo o mapa. Possui como características:

-É mais utilizado para representação de países de latitudes intermediárias;-Apresenta paralelos circulares e meridianos radias, ou seja, que são originados de um único ponto.