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INSTITUTO FEDERAL DE GOI ´ AS Engenharia de Controle e Automa¸c˜ao CONTROLE DA M ´ AQUINA DE CORRENTE CONT ´ INUA UTILIZANDO PROCESSOS DE OTIMIZA ¸ C ˜ AO NA SINTONIA DO CONTROLADOR PID Jos´ e Alberto Gobbes Cararo Maykon Lacerda de Santana Oswaldo Roquete de Melo [IFG] & [ECA] [Goiˆania - Goi´ as - Brasil] 7 de mar¸co de 2014

Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

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Page 1: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

INSTITUTO FEDERAL DE GOIAS

Engenharia de Controle e Automacao

CONTROLE DA MAQUINA DE CORRENTE

CONTINUA UTILIZANDO PROCESSOS DE

OTIMIZACAO NA SINTONIA DO CONTROLADOR PID

Jose Alberto Gobbes Cararo

Maykon Lacerda de Santana

Oswaldo Roquete de Melo

[IFG] & [ECA]

[Goiania - Goias - Brasil]

7 de marco de 2014

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INSTITUTO FEDERAL DE GOIAS

Engenharia de Controle e Automacao

CONTROLE DA MAQUINA DE CORRENTE

CONTINUA UTILIZANDO PROCESSOS DE

OTIMIZACAO NA SINTONIA DO CONTROLADOR PID

Jose Alberto Gobbes Cararo

Maykon Lacerda de Santana

Oswaldo Roquete de Melo

Trabalho de Conclusao de Curso (TCC) apresentado a Banca Examinadora como

exigencia parcial para a obtencao do tıtulo de Graduado em Engenharia de

Controle e Automacao pelo Instituto Federal de Educacao, Ciencia e Tecnologia de

Goias (IFG), sob a orientacao do Prof. Dr. Wesley Pacheco Calixto e co-orientacao

do Prof. M.Sc. Marcio Rodrigues da Cunha Reis

[IFG] & [ECA]

[Goiania - Goias - Brasil]

7 de marco de 2014

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Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP)

Sistemas da Bibliotecas do IFG, GO - Brasil

X123x .Controle de Maquinas de Corrente Contınua utilizando

Processos de otimizacao na Sintonia do controlador PID/Jose Alberto Gobbes CararoMaykon Lacerda de SantanaOswaldo Roquete de Melo. – [Goiania - Goias - Brasil]:[IFG] & [ECA], 7 de marco de 2014.

136 f. : il.

Orientador: Wesley Pacheco Calixto - IFG. Co-orientador: Marcio Rodrigues da Cunha Reis - IFG

Trabalho de Conclusao de Curso - Instituto Federalde Goias - IFG, Departamento de Area IV, Engenharia deControle e Automacao

Inclui bibliografia.

1.Controle PID - Teses. 2.Maquinas Eletricas - Teses.3.Modelos matematicos & computacional - Teses. 4.Apa-rato para coleta de dados. 5. Otimizacao (Determinısticae Heurıstica) - Teses. I. Pacheco Calilxto, Wesley; Ogata,Katsuhiko; Rashid, Muhammad H. II. Instituto Federal deGoias & Universidade Federal de Goias & Universidade deBrasılia. Curso de Bacharelado em Engenharia de Controlee Automacao. III. Tıtulo

CDU 621.3.537:681.5

Copyright c© 7 de marco de 2014 by Federal Institute of Goias - IFG, Brazil. No part

of this publication may be reproduced, stored in a retrieval system, or transmitted

in any form or by any means, eletronic, mechanical, photocopying, microfilming,

recording or otherwise, without written permission from the Library of IFG, with

the exception of any material supplied specifically for the purpose of being entered

and executed on a computer system, for exclusive use of the reader of the work.

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“Cada sonho que voce deixa para tras e um pedaco do seu futuro quedeixa de existir”.

Steve Jobs

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A todas as pessoas que nos ajudaram de alguma forma.Família e amigos que deram apoio ao nosso trabalho e souberam

entender a todos os momentos desta trajetória. A eles dedicamoseste nosso trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pela oportunidade da vida.

Aos nossos familiares e amigos pelo apoio para a realizacao deste trabalho.

Ao Instituto Federal de Goias, pela oportunidade de fazer o curso.

Durante toda a jornada ate o termino deste trabalho, muitos foram os colaboradores

que o tornaram possıvel. A todos eles estendemos nossos agradecimentos. Agrade-

cemos em especial ao nosso orientador Prof. Dr. Wesley Pacheco Calixto, ao nosso

Co-Orientador Prof. Marcio Rodrigues da Cunha Reis e ao prof. M.Sc. Cleber Asmar

Ganzaroli pelo total suporte oferecido.

Agradeco em especial a minha mae Suely Gobbes, a minha irma Sara Liz e a minha

namorada Danyelle pela paciencia demonstrada durante todo o tempo em que estive

ocupado realizando este trabalho e pelo apoio durante todo o curso. Voces foram

fundamentais para a conclusao desta importante etapa em minha vida.

Jose Alberto Gobbes Cararo

Agradeco em especial ao meu pai Cesar, e minha mae Nilda, pela simplicidade,

amizade, exemplo, apoio e carinho que sempre me dedicaram. A minha irma Ro-

zeanne, minha grande amiga que sempre esteve comigo em todos os momentos de

aprendizagem. Obrigado por todo o incentivo neste perıodo.

Maykon Lacerda de Santana

Agradeco em especial a minha famılia pelo apoio incondicional, a minha igreja pelo

incentivo significativo e aos meus colegas pelo companheirismo durante o curso.

Oswaldo Roquete de Melo

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formacao, o nosso muito

obrigado.

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RESUMO

A industria se destaca na busca por otimizacao de sistemas e melhoria da produtivi-dade. Por fazer grande uso de motores, se faz necessario o seu controle. O motor decorrente contınua destaca-se tendo importante papel na elevacao e movimentacao decargas, mas principalmente onde e exigido alto torque na partida. Ampla variacaode velocidade e facilidade de controle aumentam a relevancia deste motor. O sis-tema de controle e usado quando se deseja ter a velocidade do motor controlada. Ocontrolador PID (Proporcional, Integral e Derivativo) e popular por ter desempenhorobusto e simplicidade funcional. A boa escolha dos parametros deste controladordetermina o seu bom desempenho. Neste trabalho e comparado o desempenho dosmetodos de otimizacao determinıstico e heurıstico na determinacao dos parametrosdo controlador PID. Utilizou-se como planta o motor de corrente contınua. Para con-trolar a velocidade do motor de corrente contınua submetido a variacao de carga, foifeito o controle por meio da tensao da armadura. Uma bancada didatica, possuindotransdutores e controlador microprocessado, foi desenvolvida, utilizada no levanta-mento de dados e apos simulacoes feitas em software matematico, foi utilizada navalidacao da dinamica do motor.

Palavras-chave: Algoritmo Genetico, Controle PID, Funcao de Avaliacao, Imple-mentacao, Metodo Determinıstico, Metodo Heurıstico, Microcontrolador, Motor deCorrente Contınua, Otimizacao, Quase-Newton, Simulacao.

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DIRECT CURRENT MACHINE CONTROL USING OPTIMIZATIONPROCESSES TUNING IN PID CONTROLLER

ABSTRACT

Industry stands out searching for optimization systems and productivity improve-ment. By make great use of motors, it is necessary their control. The DC machinestands out having an important place about lifting and moving loads, mainly wherehigh torque is required on starting. Wide range of speed and easy control makes theDC machine’s relevance increase. The control system is used when is needed to havethe DC machine’s speed controlled. The PID controller is known by having a robustperformance and functional simplicity. A good choice of this controller’s parametersmakes its great performance. This work compares the performance of deterministicand heuristic optimization methods used to determine the PID controlling parame-ters. A DC machine was used for such thing. To control the speed of this DC machinethat was subjected on a load variation, the control was made trough the armaturevoltage. A teaching stand, which has transducers and a microprocessing controller,was developed and used for collecting data and after some simulations done by amathematical software, the stand was used to validate the simulations results.

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SUMARIO

Pag.

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIMBOLOS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAPITULO 1 INTRODUCAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

CAPITULO 2 MOTOR DE CORRENTE CONTINUA . . . . . . . 33

2.1 Princıpio de Funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.2 Vantagens e Desvantagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2.3 Partes Construtivas do Motor de Corrente Contınua . . . . . . . . . . . . 35

2.4 Circuito Equivalente, Diagrama de Blocos e Funcao de Transferencia . . 36

2.5 Acionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.5.1 Conversores de Potencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.5.2 Retificadores Nao Controlados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

2.5.3 Retificadores Controlados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

CAPITULO 3 SISTEMAS DE CONTROLE . . . . . . . . . . . . . 43

3.1 Historico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.2 Sistema em Malha Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.3 Sistema em Malha Fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.4 Sistema de Controle Proporcional, Integral e Derivativo . . . . . . . . . . 46

CAPITULO 4 PROCESSO DE OTIMIZACAO . . . . . . . . . . . . 51

4.1 Sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.2 Modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.2.1 Classificacao de Modelos Matematicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.2.2 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.3 Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4.3.1 O simulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

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4.4 Introducao aos Conceitos de Otimizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.5 Metodos de Otimizacao Determinısticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

4.5.1 Metodo de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

4.5.2 Metodo de Quase-Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

4.6 Metodos de Otimizacao Heurısticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.6.1 Algoritmos Geneticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.7 Suplemento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.7.1 Historico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.7.2 Caracterısticas dos Algoritmos Geneticos . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.7.3 Mecanismos dos Algoritmos Geneticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4.7.4 Representacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

4.8 Sintonia Proporcional, Integral e Derivativa utilizando Algoritmo Genetico 67

CAPITULO 5 PROCEDIMENTOS E METODOLOGIA . . . . . . 69

5.1 Determinacao dos Parametros Eletricos e Mecanicos do Motor de Cor-

rente Contınua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.1.1 Resistencia da Armadura (Ra) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.1.2 Indutancia da Armadura (La) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.1.3 Constante de forca contra-eletromotriz (Kv) e Constante de Torque (Kt) 72

5.1.4 Coeficiente de Atrito (B) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

5.1.5 Momento de Inercia (J) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.2 Dinamica do Motor de Corrente Contınua . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5.3 Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

5.4 Implementacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

5.4.1 Lista de Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

5.4.2 Pontes Retificadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

5.4.3 Medicao de Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

5.4.4 Transdutor de Tensao e Corrente por Efeito Hall . . . . . . . . . . . . 97

5.4.5 Encoder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

5.4.6 Princıpio de Funcionamento do Encoder Optico . . . . . . . . . . . . . 102

5.4.7 Circuito de Disparo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

5.4.8 O Microcontrolador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

CAPITULO 6 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

6.1 Simulacoes com o Metodo Determinıstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

6.2 Simulacao com Metodos Heurısticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

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6.2.1 Selecao por Torneio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

6.2.2 Selecao pelo Metodo Estocastico Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . 117

6.3 Hibridizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

6.3.1 Simulacao com Troca de Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

6.3.2 Metodo Heurıstico como Ponto Inicial para o Metodo Determinıstico . 120

6.3.3 Metodo Determinıstico como Ponto Inicial para o Metodo Heurıstico . 122

6.3.4 Simulacoes com Metodos Simultaneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

6.4 Implementacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

CAPITULO 7 CONCLUSAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

7.1 Contribuicoes do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

7.2 Sugestoes para Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

GLOSSARIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

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LISTA DE FIGURAS

Pag.

1.1 Evolucao do motor trifasico AEG - relacao peso/potencia (motor trifasico

de 4kW e 02 polos). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

1.2 Classificacao dos motores eletricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.1 Curva caracterıstica de um motor CC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.2 Parte construtiva da maquina de corrente contınua. . . . . . . . . . . . . 36

2.3 Circuito equivalente dos motores CC de excitacao separada. . . . . . . . 37

2.4 Motor CC de excitacao independente controlado pela corrente de armadura 39

3.1 Sistema em malha aberta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.2 Sistema em malha fechada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.3 Controle proporcional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.4 Controle integral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.5 Controle derivativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.6 Controle PID. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

3.7 Diagrama de blocos do motor CC com o controlador PID. . . . . . . . . 50

4.1 Fluxograma que define o processo de otimizacao. . . . . . . . . . . . . . 54

4.2 Funcao de Avaliacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.3 Grafico da reta tangente ao ponto, metodo de newton. . . . . . . . . . . 59

4.4 Esquema de um algoritmo genetico classico. . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.1 Motor de corrente contınua (WEG - DNF090.070S). . . . . . . . . . . . . 69

5.2 Placa de identificacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.3 Constante de tempo mecanica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.4 Analise da constante de tempo mecanica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

5.5 Resposta ao degrau do motor de corrente contınua. . . . . . . . . . . . . 77

5.6 Velocidade, tensao e corrente de armadura do motor CC com excitacao

nominal a vazio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

5.7 Lugar das raızes do modelo apresentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

5.8 Controlador PID aplicado ao motor de corrente contınua. . . . . . . . . . 82

5.9 Bancada didatica para controle de maquina de corrente contınua. . . . . 84

5.10 Layout da bancada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

5.11 Esquema geral da bancada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

5.12 Esquema geral da bancada em diagrama de blocos. . . . . . . . . . . . . 87

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5.13 Projeto de forca da bancada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

5.14 Projeto de comando da bancada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

5.15 Projeto de interligacao das placas eletronicas da bancada (transdutores

e encoder). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

5.16 Projeto de interligacao das placas eletronicas da bancada (disparo). . . . 91

5.17 Projeto de interligacao das placas eletronicas da bancada (microcontro-

lador). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

5.18 Ponte de diodo monofasica (LGE RJ/ KBPC3510). . . . . . . . . . . . . 96

5.19 Ponte de diodo trifasica (Semikron/SKD 25/08). . . . . . . . . . . . . . 96

5.20 Ponte trifasica tiristorizada (Semikron/SK 70 DT 08). . . . . . . . . . . 97

5.21 Sensor de corrente (LEMr/LA-55P). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

5.22 Circuito de medicao de corrente com sensor de efeito Hall. . . . . . . . . 99

5.23 Sensor de tensao (LEMr/LV-20P). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

5.24 Circuito de medicao de tensao com sensor de efeito Hall. . . . . . . . . . 100

5.25 Filtro Butterworth de 2a ordem - Corrente e tensao. . . . . . . . . . . . . 101

5.26 Placa - Transdutor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

5.27 Encoder (Tekel Instruments/TI321). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

5.28 Compoenentes fundamentais de um encoder. . . . . . . . . . . . . . . . . 102

5.29 Modulo para condicionamento de sinal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

5.30 Placa - Encoder. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

5.31 Gerador de pulso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

5.32 Circuito de disparo com amplificador de classe D. . . . . . . . . . . . . . 105

5.33 Oscilador 20KHz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

5.34 Condicionador de sinal - Amplificador ativo. . . . . . . . . . . . . . . . . 106

5.35 Placa - Circuito de disparo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

5.36 Transformadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

5.37 ATMEGA328P-PU. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

6.1 Algoritmo determinıstico - Melhor resultado. . . . . . . . . . . . . . . . . 113

6.2 Algoritmo determinıstico - (curva da velocidade). . . . . . . . . . . . . . 113

6.3 Algoritmo genetico utilizando operador de selecao por torneio. . . . . . . 116

6.4 Algoritmo genetico utilizando operador de selecao por torneio (velocidade).116

6.5 Algoritmo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Melhor resultado. . . . . . 118

6.6 Algoritmo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Velocidade ampliada. . . . 119

6.7 Metodo heurıstico (Torneio) como ponto inicial do metodo determinıstico.121

6.8 Heurıstico (Torneio) como ponto inicial do determinıstico - Velocidade

ampliada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

6.9 Heurıstico + Determinıstico, com melhor resultado heurıstico. . . . . . . 125

Page 21: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

6.10 Heurıstico + Determinıstico - Velocidade Ampliada. . . . . . . . . . . . . 125

6.11 Dinamica do motor de corrente contınua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

Page 22: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID
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LISTA DE TABELAS

Pag.

3.1 Marcos historicos no desenvolvimento de sistemas de controle . . . . . . 44

4.1 Tipos de representacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.2 Significado dos termos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5.1 Valores de resistencia medidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.2 Valores medidos e calculados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

5.3 Parametros do motor CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

5.4 Lista de materiais - Bancada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

5.5 Lista de componentes - Circuito de disparo . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

5.6 Lista de componentes - Transdutor de tensao e corrente . . . . . . . . . . 95

5.7 Lista de componentes - Condicionamento do sinal do encoder . . . . . . 95

6.1 Otimizacao por metodos determinısticos - Ganhos iniciais e otimizados. . 112

6.2 Otimizacao por metodos determinısticos - Comportamento da simulacao. 112

6.3 Otimizacao por metodo heurıstico utilizando operador de selecao por

torneio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

6.4 Otimizacao por metodo heurıstico utilizando operador de selecao por

torneio (comportamento da simulacao). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

6.5 Populacao inicial aleatoria (Torneio) - Ganhos iniciais e otimizados. . . . 117

6.6 Populacao inicial aleatoria (Torneio) - Comportamento da simulacao. . . 117

6.7 Otimizacao por metodo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Ganhos ini-

ciais e otimizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

6.8 Otimizacao por metodo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Comporta-

mento da simulacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

6.9 Populacao inicial aleatoria (Estocastico Uniforme) - Ganhos iniciais e

otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

6.10 Populacao inicial aleatoria (Estocastico Uniforme) - Comportamento da

simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

6.11 Determinıstico com melhor resultado do heurıstico (Torneio) - Ganhos

iniciais e Otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

6.12 Determinıstico com melhor resultado do heurıstico (Torneio) - Compor-

tamento da simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

Page 24: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

6.13 Heurıstico (Torneio) com melhor resultado do determinıstico - Ganhos

iniciais e otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

6.14 Heurıstico (Torneio) com melhor resultado do determinıstico - Compor-

tamento da simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

6.15 Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Ganhos iniciais e

otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

6.16 Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Comportamento da

simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

6.17 Heurıstico + Determinıstico, com melhor resultado heurıstico - Ganhos

iniciais e otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

6.18 Heurıstico + Determinıstico, com melhor resultado heurıstico - Compor-

tamento da simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

6.19 Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Ganhos iniciais e

otimizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

6.20 Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Comportamento da

simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

7.1 Melhores resultados das simulacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

Page 25: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

LISTA DE SIMBOLOS

ω – Velocidade angular do motorωref – Velocidade de referenciaΣ – Somatorioτ – Tamanho do torneioφ(x) – Equacao equivalente a f(x)∇ – Gradiente da matrizθ(||p||) – Ordem da matriz hessianaζ – Coeficiente de amortecimentoµC – MicrocontroladorB – Constante de atrito viscosoc(s) – Sinal de velocidade [rad/s]eg – Forca contra-eletromotriz geradae(t) – Sinal de errofem – Forca eletromotrizfcem – Forca contra-eletromotrizIa – Corrente de armadura do motorf(x) – Funcao de avaliacaof(x∗) – Valor otimizadoIf – Corrente de campo do motorIpico – Corrente de picoJ – Momento de inerciaK2 – Constante para calculo de La

K3 – Constante para calculo de Ra

Kb – Constante de forca eletromotrizKd – Ganho derivativoKi – Ganho integralKp – Ganho proporcionalKv – Constante de torqueKt – Constante de tensaoLa – Indutancia da armaduraLf – Indutancia de campom(s) – Sinal de controleNn – Rotacao nominal do motorn(s) – Sinal de disparoPd – Potencia desenvolvidaPr – Taxa de recombinacaop(s) – Tensao aplicada na armaduraq(s) – Sinal de saıda do encoderref(t) – Sinal de referencia

Page 26: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Ra – Resistencia da armaduraRf – Resistencia de campor(s) – Sinal da referencia da velocidadeTl – Torque da cargaTd – Torque desenvolvidotb – Constante de tempotd – Tempo derivativoti – Tempo integralTm – Torque do motoru(t) – Sinal de controleVa – Tensao de armadura do motorVf – Tensao de campo do motorVpico – Tensao de picov(s) – Sinal condicionado de velocidadey(t) – Sinal de saıda

Page 27: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A/D – Analogico/DigitalAEG – Allgemeine Elektricitats-Gesellschaft (General Electric Company)AG – Algorıtimo GeneticoAmp – AmplificadorCA – Corrente AlternadaCC – Corrente ContınuaCN – Comando Numerico

DNA – Acido DesoxirribonucleicoFIFO – First-In, First-Out (Primeiro que Entra e o Primeiro que Sai)FTMCC – Funcao de Tranferencia do Motor CCgeH – Gerador de Efeito HallIAE – Integral of Absolute ErrorLCD – Liquid Crystal DisplayLED – Light Emitting Diode

LEM – Liaisons Electroniques et MecaniquesMCC – Motor de Corrente ContınuaPD – Proporcional DerivativoPI – Proporcional IntegralPID – Proporcional, Integral e DerivativoRAM – Random Access MemoryRL – Resistiva e Indutiva (Caracteriza Carga Indutiva)RLC – Resistencia, Indutancia e CapacitanciaRTCOC – Retificador Trifasico Controlado de Onda CompletaSCR – Silicon Controlled RectifierSPI – Syncronous Protocol InterfaceTL – Torque Indutivo (Caracteriza Carga Aplicada)UFG – Universidade Federal de GoiasUNB – Universidade de BrasıliaWEG – Werner Eggon Geraldo (Nome de Industria Eletrica Brasileira)

Page 28: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID
Page 29: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 1

INTRODUCAO

Para que seja possıvel o controle de sistemas, maquinas ou processos, estes devem

ser vistos atraves de modelos que os represente. O ser humano realiza suas acoes

baseadas em modelos. Sejam eles modelos mentais ou matematicos, eles sao essen-

ciais para a analise, o controle e para o conhecimento do sistema. O modelo mental

e aquele inerente as nossas acoes cotidianas, que mesmo sem estar representado de

forma analıtica, pauta nossas acoes diarias. Este tipo de modelo e limitado, logo e ne-

cessario modelagem matematica, que e a area do conhecimento que estuda maneiras

de representar sistemas reais. Este modelo sera analogo matematico que representa

algumas das caracterısticas do sistema real, entretanto, esse tipo de modelagem nao

e unica, existindo outros tipos de modelos. Obter o modelo, portanto, nao e algo

trivial. A sua obtencao requer tempo e esforco (AGUIRRE, 2004).

Modelos sao representacoes aproximadas do sistema real, representando apenas as

caracterısticas mais importantes deste sistema. O desafio e, portanto, escolher quais

caracterısticas sao realmente representativas (AGUIRRE, 2004).

Existe forte presenca de sistemas de controle automaticos em quase todos os avan-

cos tecnologicos atuais. Esta presenca vai desde o controle de variaveis de processos

industriais, comando numerico de maquinas-ferramentas ate o controle de sistemas

roboticos e pilotagem automatica de automoveis, avioes e veıculos espaciais. O Con-

trole automatico atende ao aumento constante da busca pela otimizacao de sistemas,

para a melhoria da produtividade e tambem para livrar o ser humano de trabalhos

repetitivos e perigosos. E certo que a busca por melhoria no desempenho e aumento

da produtividade se da em todos os setores da sociedade. Pode-se destacar a in-

dustria, setor onde o melhor desempenho esta diretamente ligado aos sistemas de

controle dos processos (NISE; SILVA, 2009).

Diversas inovacoes tecnologicas, algumas embarcadas, agora povoam novo cenario,

o chao de fabrica. Neste contexto o controlador proporcional, integral e derivativo

(PID) conseguiu popularidade devido a desempenho robusto em grande faixa de

condicoes operacionais e tambem por sua simplicidade funcional (OGATA et al., 2003).

Num mundo onde a eficiencia e cada vez mais exigida, o estudo de motores, controla-

dores, acionadores etc, sao de extrema importancia. Eles garantem o funcionamento

27

Page 30: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

de maquinas e equipamentos. Por esse motivo, motores vem sendo ainda hoje ob-

jeto de estudo, tornando-se cada vez mais eficientes. A caracterıstica que evidencia

este desenvolvimento e a relacao peso/potencia [kg/kW ] que mostra que o motor de

corrente contınua atual possui apenas 8% do peso do motor feito em 1891, para a

mesma potencia, como ilustra a Fig. 1.1 (WEG - Brasil, 2008).

Figura 1.1 - Evolucao do motor trifasico AEG - relacao peso/potencia (motor trifasico de 4kW e 02

polos).

Para que haja eficiencia e preciso racionalizar os metodos de producao. E neste

contexto que entra a automacao, o controle dos processos e a necessidade de controle,

variacao de velocidade e torque em maquinas eletricas acionantes (WEG - Brasil,

2008).

Existem diversos tipos de motores eletricos. Eles sao subdivididos em dois grandes

grupos, os de CC e os de CA. Dentre eles podem-se citar motores a relutancia,

sıncronos, assıncronos, com e sem escova, gaiola, ıma permanente, histerese, etc. A

Fig. 1.2 ilustra este conjunto de motores. Todos eles, apesar das diferencas, possuem

comportamento baseado no mesmo princıpio fısico, no qual a rotacao do eixo da

maquina se da pela tendencia de alinhamento do fluxo magnetico produzido no

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Page 31: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

rotor com o fluxo magnetico resultante do estator. Fluxos estes, que surgem devido a

circulacao de corrente pelos enrolamentos do estator e do rotor e provocam a rotacao

da maquina. Alem disso, todos eles tem como objetivo transformar energia eletrica

em energia mecanica util. Em meio a tanta diversidade, modelos matematicos sao

vitais para analise e projeto de motores eletricos (FILHO, 1989)

Figura 1.2 - Classificacao dos motores eletricos

Apesar do motor de corrente contınua ser pouco utilizado no meio industrial, devido

ao alto custo envolvido na fabricacao, ainda existem muitas aplicacoes nas quais o

seu uso ainda e o mais recomendado. Eles sao excelentes escolhas quando e necessa-

rio variar a velocidade e manter grande torque. Esta variacao de velocidade pode ser

29

Page 32: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

realizada atraves de inversores de frequencia em motores CA, entretanto, ha situa-

coes em que este tipo de acionamento nao atende ao torque exigido, alem de poluir

a rede, cabendo o uso do motor CC (CARVALHO et al., 2011).

O motor de corrente contınua e ideal para aplicacoes onde e necessario manter grande

torque para diferentes valores de velocidade. Neste sentido, e necessario mecanismo

para controlar esta variacao de velocidade, bem como realizar o controle para dife-

rentes valores de torque.

A velocidade da maquina pode ser controlada de diversas formas: atraves do controle

pela tensao de armadura (Va), pelo controle da corrente de campo (If ) e pelo controle

da corrente de armadura (Ia), podendo esta ultima tambem controlar o torque. Apos

definir qual sera a variavel a ser controlada, se Va, If ou Ia, e preciso escolher a

tecnica de controle que sera utilizada. Para isso, a tecnica escolhida deve responder as

necessidades do processo, como por exemplo, resposta ao degrau com erro nulo, com

baixa oscilacao, com rapida estabilizacao, etc. Nem sempre e possıvel obter resposta

com todas estas qualidades, entretanto, pode-se escolher qual caracterıstica e mais

importante para o processo. A utilizacao de controladores e a melhor estrategia na

maioria dos casos.

O controlador Proporcional, Integral e Derivativo (PID) e uma opcao robusta de

controle, no qual, atraves do ajuste de seus ganhos pode-se ajustar a melhor res-

posta ao sistema. Se o necessario e diminuir o erro de regime permanente, apenas

aumentando o ganho proporcional ja e suficiente. Porem, se o que se deseja e ze-

rar o erro, o ganho integral e necessario. Entretanto, se a acao integral for muito

acentuada ela pode instabilizar o sistema. Todavia, este efeito instabilizador pode

ser combatido pela acao derivativa que tende a aumentar a estabilidade relativa do

sistema ao mesmo tempo em que torna a resposta do sistema mais rapida devido ao

seu efeito antecipatorio. Tudo dependera do processo no qual o motor CC atua. De

acordo com este processo e que se deve escolher os ganhos do controlador PID que

irao otimizar a resposta (OGATA et al., 2003).

A tecnica de controle PID e muito utilizada no meio industrial. Entretanto, nem

sempre os parametros atribuıdos no controlador sao os ideais para aquele tipo de

processo, ate mesmo porque este processo pode ter dinamica muito variavel. O con-

trole funcionando de forma deficiente implica na ocorrencia de perdas no processo,

ou a producao poderia ser maior. Logo, a escolha dos parametros otimos do con-

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Page 33: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

trolador e fundamental. Existem diversas formas de se determinar quais serao os

melhores parametros do controlador PID, dentre elas pode-se citar a otimizacao

por metodos determinısticos, que sao algoritmos com comportamentos previsıveis,

apresentando sempre as mesmas saıdas para determinadas entradas e a otimizacao

por metodos heurısticos, que sao algoritmos que podem apresentar comportamen-

tos diferentes em diferentes execucoes. Ambos podem fornecer parametros eficientes,

entretanto, com diferentes custos computacionais e com diferentes tempos de exe-

cucao. Normalmente, o algoritmo determinıstico tem menor custo computacional

e leva menos tempo para obter determinado parametro, entretanto, os parametros

obtidos podem pertencer a regiao de otimo local que, em comparacao aos obtidos

pelo metodo heurıstico, sao menos eficientes. Por outro lado, o processo pode nao

necessitar de parametro otimo, sendo que parametros aproximados ja sao suficientes

para a resolucao do problema. Assim, a justificativa para este trabalho abrange a

resposta sobre qual metodo de otimizacao e mais eficiente e discutir a viabilidade

da escolha entre um ou outro metodo.

Este trabalho tem como objetivo comparar o desempenho dos metodos de otimiza-

cao determinıstico e heurıstico, apontando as especificidades de cada metodo. Para

poder responder qual processo de otimizacao e mais eficiente, um controlador PID

e simulado com valores de ganhos otimizados via algoritmo determinıstico e heu-

rıstico, aplicados ao motor de corrente contınua. A variavel a ser controlada sera a

velocidade do motor submetido a diferentes cargas.

No Capıtulo 2 e realizada a abordagem teorica sobre o motor de corrente contınua e

sobre os conversores de potencia. Os diagramas de blocos e as funcoes de transferen-

cia do controlador PID aplicado ao motor CC sao desenvolvidos no Capıtulo 3. Sao

produzidas no Capıtulo 4 algumas consideracoes teorica sobre sistemas, modelos,

otimizacao e sobre metodos de otimizacao determinısticos e heurısticos. A imple-

mentacao e simulacao de todo o trabalho e desenvolvida no Capıtulo 5. Nele sao

determinados os parametros eletricos e mecanicos do motor de corrente contınua,

utilizando como base os dados de placa e do manual do fabricante (WEG - Brasil,

2008). Neste capıtulo ainda sao realizados alguns ensaios para levantamento dos de-

mais parametros. O Capıtulo 6 apresenta os resultados obtidos nas implementacoes

concernentes a este projeto. Nele todas as simulacoes realizadas sao discriminadas.

31

Page 34: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID
Page 35: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 2

MOTOR DE CORRENTE CONTINUA

Segundo Fitzgerald o motor CC e muito versatil, seu estator pode ser constituıdo

por enrolamentos de campo, com excitacoes serie, paralela ou composta, indepen-

dente, podendo ainda ser formado por ımas permanentes (FITZGERALD et al., 2006).

E o tipo de motor que e facilmente controlado, o que faz com que ainda continue no

mercado. O motor de corrente contınua tambem e muito utilizado para controle pre-

ciso e com ampla faixa de velocidade. Possui sistemas de acionamento relativamente

simples, alem de ampla variedade de caracterısticas como, tensao versus corrente e

velocidade versus conjugado. A Fig. 2.1 ilustra as curvas caracterısticas do motor

CC, com enfase nos pontos em que trabalha com rotacao nominal (Nn), maxima ro-

tacao com potencia constante e velocidade nos limites mecanicos do motor (HONDA,

2006). Como exemplo de aplicacao do motor de corrente contınua podem-se citar:

bobinadeiras e desbobinadeiras, laminadores, extrusoras, prensas, elevadores, movi-

mentacao e elevacao de cargas, etc.

Figura 2.1 - Curva caracterıstica de um motor CC.

33

Page 36: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

2.1 Princıpio de Funcionamento

A armadura do motor CC encontra-se completamente imersa no sistema de campo,

que e a parte do motor que fornece o fluxo magnetico necessario para criar o torque.

Ela e construıda com espiras defasadas no espaco e interligadas ao comutador. Isso

garante conjugado constante durante todo o seu movimento circular.

Os campos da excitacao e da armadura tendem a se alinhar, o que gera movimento.

O comutador, um retificador mecanico, converte a tensao alternada induzida na

armadura em contınua. O seu papel e desenergizar a bobina atual e energizar a

proxima. Com isso, os campos se desalinham novamente, e o ciclo se repete de tal

forma que, enquanto energizado o motor nunca cessa o movimento.

Segundo Del Toro em cada condutor e gerada forca eletromotriz que da origem ao

torque (TORO, 1994). Quando o condutor gira, o comutador faz com que a corrente

que circula nele mude de sentido, proporcionando torque unidirecional contınuo para

todo o enrolamento da armadura, pois, se no campo o fluxo magnetico inverte de-

vido ao giro do condutor, a sua corrente tambem deve ser invertida. Outro fator

importante e o posicionamento das escovas numa linha perpendicular ao eixo de

campo, desta forma todos os condutores contribuem para a producao de torque

unidirecional.(FITZGERALD et al., 2006; TORO, 1994; OLIVEIRA et al., 2005).

2.2 Vantagens e Desvantagens

Dependendo da aplicacao, o motor CC e a melhor opcao, em termos de confiabili-

dade, operacionalidade e dinamica de controle. As principais vantagens e desvanta-

gens desse tipo de acionamento sao:

• Vantagens

a) Operacao em 4 quadrantes com custos relativamente baixos;

b) Ciclo contınuo mesmo em baixas rotacoes;

c) Alto torque na partida e em baixas rotacoes;

d) Ampla variacao de velocidade;

e) Facilidade em controlar a velocidade;

f) Os conversores CA/CC requerem menos espaco;

g) Confiabilidade;

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Page 37: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

h) Flexibilidade (devido aos varios tipos de excitacao);

i) Relativa simplicidade nos modernos conversores CA/CC;

• Desvantagens

a) Os motores de corrente contınua sao maiores e mais caros que os

motores de inducao, para mesma potencia;

b) Maior necessidade de manutencao (devido aos comutadores e escovas);

c) Arcos e faıscas devido a comutacao de corrente por elemento mecanico

(nao pode ser aplicado em ambientes com perigo de incendio);

d) Necessidade de medidas especiais de partida, mesmo em maquinas

pequenas.

2.3 Partes Construtivas do Motor de Corrente Contınua

Os motores CC sao bastante complexos, exigindo programa de manutencao efici-

ente. Por definicao, de acordo com Geraldo Carvalho (CARVALHO et al., 2011), suas

principais partes construtivas sao:

a) Estator: este e o nome dado a parte fixa do motor, que pode conter um ou

mais enrolamentos por polo, todos prontos para receber corrente contınua

e produzir o campo magnetico fixo. O enrolamento no estator pode ser

chamado de enrolamento de campo. Cada enrolamento por polo no estator

pode conter um enrolamento de campo paralelo (shunt), construıdo com

fio de menor secao e muitas espiras e no interior do enrolamento shunt,

podemos encontrar o enrolamento campo serie, construıdo com fio de maior

secao e poucas espiras.

b) Armadura: e um rotor bobinado cujas bobinas tambem recebem corrente

continua e produzem campo magnetico.

c) Comutador: garante que o sentido da corrente que circula nas bobinas

da armadura seja sempre o mesmo, garantindo a repulsao contınua entre

os campos do estator e do rotor, o que mantem o motor girando.

d) Escovas: geralmente feitas de liga de carbono, estao em constante atrito

com o comutador, sendo responsaveis pelo contato eletrico da parte fixa

35

Page 38: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

do motor com a parte girante. Pode-se deduzir que as escovas sofrem des-

gaste natural com o tempo, necessitando de inspecoes regulares e trocas

periodicas.

e) Interpolos e compensacao: enrolamentos inseridos no estator, entre

os polos e na sapata polar respectivamente, ligados em serie com a arma-

dura que reduzem os efeitos da reacao da armadura (deslocamento da linha

neutra) quando ela e percorrida por uma corrente significativa.

As partes construtivas do motor de corrente contınua sao ilustradas na Fig. 2.2

(KOSOW, 1985).

Figura 2.2 - Parte construtiva da maquina de corrente contınua.

Os parametros eletricos e mecanicos do motor CC, bem como suas constantes de tor-

que e de fcem (forca contra-eletromotriz) devem ser determinadas atraves de ensaios

de laboratorio.

2.4 Circuito Equivalente, Diagrama de Blocos e Funcao de Transferencia

Neste trabalho sera utilizado o motor CC de excitacao separada. O circuito eletro-

mecanico equivalente do motor CC de excitacao separada e ilustrado na Fig. 2.3

(RASHID, 1999).

36

Page 39: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 2.3 - Circuito equivalente dos motores CC de excitacao separada.

As expressoes que regem este circuito sao:

Va = RaIa + LadIadt

+ eg (2.1)

A forca contra-eletromotriz:

eg = fcem = Kv · ω · If (2.2)

O torque desenvolvido:

Td = Tm = Kt · If · Ia (2.3)

Td = Jdw

dt+B · ω + Tl (2.4)

Na qual:

• ω = velocidade angular do motor, [rad/s];

• B = constante de atrito viscoso, [N ·m]/[rad/s];

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Page 40: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

• Kv = constante de tensao, [V ]/[A · rad/s];

• Kt = constante de torque, [N ·m]/[A2];

• La = indutancia do circuito de armadura, [H];

• Lf = indutancia do circuito de campo, [H];

• Ra = resistencia do circuito de armadura, [Ω];

• Rf = resistencia do circuito de campo, [Ω];

• Tl = torque da carga, [N ·m];

• Td = torque desenvolvido, [N ·m];

• Tm = torque do motor, [N ·m];

• J = momento de inercia, [kg ·m2];

• Ia = corrente da armadura, [A];

• If = corrente de campo, [A];

• eg = forca contra-eletromotriz, [V ].

Em condicoes de regime permanente tem-se as seguintes grandezas medias:

Vf = Rf · If (2.5)

eg = Kv · ω · If (2.6)

Va = RaIa + eg = RaIa +Kv · ω · If (2.7)

Tm = Kt · If · Ia = B · ω + Tl (2.8)

A potencia desenvolvida pelo motor e dada a partir da expressao:

38

Page 41: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Pd = Td · ω (2.9)

Aplicando a Transformada de Laplace nas expressoes de (2.1) a (2.4), obtem-se:

Va(s) = Ra(s)Ia(s) + La(s) · s · Ia(s) + eg(s) (2.10)

eg(s) = Kv · ω(s) · If (s) (2.11)

Td(s) = Kt · If (s) · Ia(s) (2.12)

Td(s) = J · s · ω(s) +B · w(s) + Tl(s) (2.13)

A partir das expressoes de (2.10) a (2.13) e possıvel desenvolver o diagrama de blocos

que representa o motor de corrente contınua controlado pela corrente de armadura,

ilustrado na Fig. 2.4.

Figura 2.4 - Motor CC de excitacao independente controlado pela corrente de armadura

Para obter a funcao de transferencia, inicialmente isola-se a corrente de armadura

Ia(s) em (2.12) e substitui em (2.10). Substitui-se o Td(s) da equacao resultante pelo

dado em (2.13) e coloca-se a velocidade em evidencia (NISE; SILVA, 2009; BOLTON,

1995). Assim, obtem-se a funcao de transferencia dada por:

39

Page 42: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

ω(s)

Va(s)=

Kt

La · J · s2 + (La ·B +Ra · J) · s+Ra ·B +Kt ·Kv

(2.14)

Utilizando o teorema da superposicao, pode-se obter a relacao ω(s)Tl(s)

, a partir da

expressao:

ω(s)

Tl(s)=

−La · s−Ra

La · J · s2 + (La ·B +Ra · J) · s+Ra ·B +Kt ·Kv

(2.15)

Estas expressoes serao utilizadas nas simulacoes computacionais do motor de cor-

rente contınua.

2.5 Acionamento

2.5.1 Conversores de Potencia

A alimentacao dos terminais, tanto da armadura quanto o campo do motor CC,

possui forma de sinal contınuo. Problema que surge, ja que a tensao de rede fornecida

comercialmente no Brasil e alternada (ondas senoidais). A Eletronica de Potencia

assume o papel da conversao da forma de onda da alimentacao, adequando o sinal da

rede ao formato de onda necessario para o funcionamento do motor CC. A Eletronica

de Potencia engloba potencia, eletronica e controle (RASHID, 1999). Neste trabalho

sera necessario recorrer ao seu uso em diversas etapas que abrangem estas tres areas a

ela associada. Porem, primeiramente o necessario e saber como e feita esta conversao

de potencia na entrada da armadura e do campo.

Os aparatos adotados para esta conversao sao os retificadores de tensao, constituıdos

por diodos ou tiristores. Podem ser controlados ou nao controlados. O que define

isto, e qual semicondutor faz parte de sua arquitetura.

2.5.2 Retificadores Nao Controlados

Para a retificacao com diodos na arquitetura, existe a subdivisao em retificadores

monofasicos e trifasicos. Sendo que para estes dois tipos de configuracoes pode-se

subdividir ainda em duas outras categorias, os retificadores de meia onda e os de

onda completa.

40

Page 43: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

a) Retificadores Monofasicos de Onda Completa Nao Controla-

dos: Para boa parte das aplicacoes o retificador de meia onda nao e inte-

ressante para trabalho, devido a sua baixa tensao media de saıda que tem

alto fator de ondulacao e e de pouca eficiencia. As vantagens dos retifica-

dores de onda completa se concentram sobre o fato de produzirem tensao

media mais alta que a disponibilizada pelo retificador de meia onda, com

o fator de oscilacao reduzido e maior eficiencia. Eliminando assim, os pro-

blemas que possam vir a surgir com o uso de retificadores de meia onda

(RASHID, 1999; AHMED, 2008).

Neste trabalho, e utilizado para controle de tensao da carga o retificador

monofasico em ponte de onda completa usando carga indutiva (RL). Na

realidade, a maioria das cargas utilizadas sao indutivas ate determinado

ponto e a corrente de carga e diretamente ligada aos valores da resistencia

R e da indutancia L.

b) Retificadores Trifasicos de Onda Completa Nao Controlados:

Os retificadores monofasicos, mesmo que tenham estrutura construtiva sim-

ples, se encontram dentro da faixa limitada de potencia e possuem grande

oscilacao na onda de saıda. Problemas estes que sao solucionados ao se usar

retificadores trifasicos de onda completa. Eles injetam oscilacoes na forma

de onda de saıda CC menores que as existentes na saıda de um retificador

monofasico e possuem amplitude de potencia mais alta. Por isso sao co-

mumente utilizados em aplicacoes de alta potencia, aplicando total de seis

pulsos na tensao de saıda e podendo operar com ou sem transformadores

(RASHID, 1999; AHMED, 2008).

2.5.3 Retificadores Controlados

Os retificadores com diodo fornecem apenas tensao de saıda contınua fixa para uma

tensao fixa da rede. O que nem sempre e vantajoso quando se precisa variar esta

tensao. Para se obter o controle da tensao de saıda, utiliza-se tiristores no controle

das tensoes de fase ao inves de diodos. Assim deve-se variar o angulo de disparo ou

retardo destes tiristores para obter tal controle.

De acordo com Rashid (RASHID, 1999), os conversores de fase controlada podem ser

classificados em dois tipos que diferenciam de acordo com a alimentacao de entrada,

sao eles: conversores monofasicos e conversores trifasicos. Assim, cada um destes dois

41

Page 44: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

tipos de conversores podem ainda ser subdivididos em conversores semicontrolados,

os controlados e os conversores duais.

O conversor controlado opera em dois quadrantes e tem como caracterıstica apresen-

tar a polaridade de sua tensao de saıda tanto positiva quanto negativa. Porem, sua

corrente de saıda apresenta apenas uma polaridade (RASHID, 1999). Neste trabalho

utiliza-se o Retificador Trifasico Controlado em Ponte com carga RL.

a) Retificadores Trifasicos Controlados: Esse tipo de conversor e muito

utilizado em aplicacoes industriais onde e necessario a operacao em dois

quadrantes. Os circuitos controlados com carga altamente indutiva sao

normalmente conhecidos como pontes trifasicas (RASHID, 1999).

Neste trabalho, para controlar a tensao da armadura e conseguir controlar

o motor de corrente contınua estudado, foi utilizado o conversor trifasico

controlado para carga indutiva RL.

42

Page 45: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 3

SISTEMAS DE CONTROLE

Os sistemas de controle surgiram devido a necessidade de se ter o domınio sobre os

diversos tipos de processos existentes. Neste trabalho, os sistemas de controle serao

aplicados ao motor de corrente contınua afim de que a maquina atue conforme a

regencia do controlador PID. Neste capıtulo, e realizada breve descricao dos sistemas

de controle em malha aberta e fechada. Destacando-se a teoria dos controladores

Integral, Proporcional e Derivativo aplicados ao motor de corrente contınua.

3.1 Historico

Os sistemas de controle com retroacao sao muito antigos. Numerosos sistemas de

controle biologico fizeram parte do desenvolvimento de organismos e populacoes no

meio ambiente.

Com o advento do Sputnik (satelite) e da era espacial, outros novos estımulos fo-

ram dados a engenharia de controle. Era necessario projetar sistemas de controle

complexos e precisos para mısseis e sondas espaciais. Alem disso, a necessidade de

minimizar o peso dos satelites e controla-los de forma precisa deu origem ao impor-

tante campo do controle otimo. Devido a estas exigencias, os metodos no domınio

do tempo desenvolvidos por Liapunov (1892), Minorsky (1922) e outros tem sido

objeto de grande interesse nas ultimas decadas. Teorias de controle otimo desen-

volvidas por L. S. Pontryagin na entao Uniao Sovietica e R. Bellman nos Estados

Unidos, ambos na decada de 50, e estudos recentes sobre sistemas robustos, tambem

contribuıram para o interesse em metodos do domınio do tempo. Torna-se evidente

que a engenharia de controle deve considerar ambos: o domınio do tempo e o do-

mınio da frequencia abordados simultaneamente na analise e projeto de sistemas de

controle. A Tab. 3.1 mostra de forma resumida o historico do avanco dos sistemas

de controle (DORF RICHARD C E BISHOP, 2001).

43

Page 46: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 3.1 - Marcos historicos no desenvolvimento de sistemas de controle

Alguns Marcos Selecionados no Desenvolvimento de Sistemas de Controle

1769 Desenvolvimento da maquina a vapor e do regulador de esferas deJames Watt. A maquina a vapor e usada frequentemente para assinalaro inıcio da Revolucao Industrial na Gra-Bretanha. Durantea Revolucao Industrial foram realizados grandes esforcos no desenvol-vimento da mecanizacao, uma tecnologia precedente da automacao.

1800 O conceito de intercambiabilidade de partes manufaturadas de EliWhitney foi demonstrado na fabricacao de mosquetoes. Odesenvolvimento de Whitney e muitas vezes considerado no inıcio daproducao em massa.

1868 J. C. Maxwell formula um modelo matematico para o controle reguladorde uma maquina a vapor.

1913 Introducao da maquina de montagem mecanizada de Henry Ford para aproducao automobilıstica.

1927 H. W. Bode analisa amplificadores com retroacao.1932 H. Nyquist desenvolve um metodo para analisar a estabilidade de

sistemas.1952 Desenvolvido o Comando Numerico (CN) no Instituto de Tecnologia de

Massachusetts para o controle dos eixos de maquinas ferramentas.1954 George Devol desenvolve a “transferencia programada de itens”

considerando o primeiro projeto de robo industrial.1960 Introduzido o primeiro robo Unimate, baseado nos projetos de Devol.

O Unimate foi instalado em 1961 para alimentar maquinas de embutimento.1970 Desenvolvidos modelos em variaveis de estado e o controle otimo.1980 Estudado amplamente o projeto de sistemas de controle robusto.1990 As empresas orientadas para a exportacao de produtos manufaturados

enfatizam a automacao.1994 O controle com retroacao e usado amplamente nos automoveis. Demanda

da manufatura por sistemas robustos, confiaveis.

Sistema de controle e o conjunto formado por sistema a ser controlado e o contro-

lador, com o objetivo de se obter a saıda desejada com desempenho desejado para

uma entrada especıfica fornecida (sinal) ao sistema. Sinal e o conjunto de dados ou

informacoes sobre a natureza do fenomeno fısico, podendo ser em funcao do tempo

ou em funcao do espaco, por exemplo:

• ref(t) = Sinal de Referencia;

• e(t) = Sinal de Erro;

• u(t) = Sinal de controle;

• y(t) = Sinal de Saıda.

44

Page 47: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

3.2 Sistema em Malha Aberta

O sistema em malha aberta nao pode gerar compensacao a nenhuma perturbacao

somada ao sinal de acionamento do controlador. Este tipo de sistema nao e capaz

de corrigir perturbacoes, sendo controlado exclusivamente pela entrada. A Fig. 3.1

ilustra o sistema em malha aberta.

Figura 3.1 - Sistema em malha aberta.

3.3 Sistema em Malha Fechada

O sistema em malha fechada compensa as perturbacoes atraves da medicao da res-

posta na saıda comparando-a com a entrada. Havendo diferenca, o sistema aciona a

planta atraves de acao de controle, realizando a devida correcao. A Fig. 3.2 ilustra

o sistema em malha fechada.

Figura 3.2 - Sistema em malha fechada.

O objetivo do sistema de controle automatico e manipular variavel ou condicao em

determinado valor desejado. Para se alcancar este objetivo o sistema de controle

compara o valor atual da variavel do processo com o valor desejado. Caso haja

desvio, o sistema de controle automatico ira gerar sinal para correcao, levando a

variavel a valor de saıda mais proximo do valor desejado.

45

Page 48: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

3.4 Sistema de Controle Proporcional, Integral e Derivativo

• Controle Proporcional (P): O controlador proporcional oferece con-

trole bem mais suave que o controle on-off. Este controle depende somente

do termo de erro que e a diferenca entre o valor desejado e a variavel de

saıda do processo. A relacao entre o valor da variavel e o valor que o atuador

pode fornecer e linear. O Controle Proporcional e ilustrado na Fig. 3.3.

Figura 3.3 - Controle proporcional.

O ganho proporcional define a taxa de resposta de saıda para o sinal de

erro. Quando se aumenta o ganho proporcional, geralmente se aumenta a

velocidade da resposta do controlador. Deve-se observar que, o aumento

exagerado do ganho proporcional leva a variavel de processo a oscilacao,

dificultando o seu controle.

• Controle Integral (I): O componente integral nao pode ser utilizado sem

o controle proporcional, pois sozinho o integral nao e tecnica de controle,

e juntos formam o controle proporcional-integral, o PI. A Fig. 3.4 ilustra

esta situacao.

Figura 3.4 - Controle integral.

Enquanto existir diferenca entre o sinal de referencia, que e o valor dese-

jado, e o sinal de saıda, que e o valor obtido no processo, o integral atuara

46

Page 49: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

lentamente no processo ate a eliminacao desta diferenca. Este controle for-

nece saıda nao nula depois de ter sido zerado o sinal de erro, porque ele

depende dos valores passados, carregando o controlador com determinado

valor, o qual persiste mesmo que o sinal do erro se torne zero.

• Controle Derivativo (D): O componente derivativo tambem nao pode

ser utilizado sem o controle proporcional, pois sozinho o derivativo nao e

tecnica de controle, e juntos formam o controle proporcional-derivativo, o

PD.

Aumentando a diferenca entre o sinal de referencia, que e o valor desejado,

e o sinal de saıda, que e o valor obtido no processo, o derivativo aplicara

correcao proporcional a velocidade com que esta diferenca aumenta.

O controle PD pode oferecer supercorrecao, que e a correcao antecipada

a diferenca que ainda nao ocorreu. O controlador faz grande correcao ini-

cial e depois diminui seus efeitos, deixando que as respostas proporcionais

posicionem o elemento de atuacao.

Este controle tem a caracterıstica de ser sensıvel a taxa de variacao do

erro, podendo aumentar o amortecimento do sistema, melhorando a sua

estabilidade. O sistema de controle derivativo e ilustrado na Fig. 3.5.

Figura 3.5 - Controle derivativo.

• Controle Proporcional-Integral-Derivativo (PID): Para se ter um

sistema de controle com alta precisao mesmo quando existam algumas

incertezas sobre o processo a controlar, e necessario que este sistema de

controle seja robusto. O controlador PID propicia desempenho estavel,

de acordo com sua especificacao, apesar de perturbacoes e variacoes nos

valores dos parametros do processo a controlar.

A funcao de transferencia que define o controlador PID e dada por:

47

Page 50: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

G(s) = Kp(1 +1

tis+ tds) (3.1)

Onde:

• Kp = Ganho Proporcional;

• ti = Tempo Integral;

• td = Tempo Derivativo.

Considerando e(t) como a entrada do controlador PID, entao a saıda do

controlador, u(t), define-se do seguinte modo:

u(t) = Kp · et +Ki ·∫ t

0

e(t)dt+Kd ·de(t)

dt(3.2)

Os controladores PID conseguiram popularidade devido ao desempenho

robusto em grande faixa de condicoes operacionais e tambem por sua sim-

plicidade funcional. O controlador PID necessita da determinacao de tres

parametros para cada processo: ganho proporcional Kp, ganho integral Ki

e ganho derivativo Kd. Dos sistemas de controle apresentados, este e o

mais completo usado em controle de malha fechada. A Fig. 3.6 ilustra este

sistema.

Figura 3.6 - Controle PID.

48

Page 51: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

O controlador PID combina as vantagens do controlador PI juntamente

com as vantagens do controlador PD. Esta combinacao, agrupando com-

ponentes de natureza proporcional, integral e derivativa, alem de ser ca-

paz de reduzir erros estacionarios, pode conduzir o processo controlado a

estabilidade. Este tipo de controlador e muito utilizado em processos in-

dustriais por causa da sua flexibilidade, pois possibilita a especificacao de

mais de um parametro da resposta transitoria, como tempo de estabiliza-

cao, tempo de subida, overshoot maximo, alem da especificacao do erro

maximo de regime permanente.

Apesar de toda a sua popularidade, facilidade funcional e grande presenca

em todo o meio industrial, o controlador PID tem seu sucesso obscurecido,

simplesmente por falta de desempenho em algumas aplicacoes. Existem

relatos de que grande porcentagem de controladores PID instalados esta

operando de maneira manual. Isto ocorre em parte por falta de conheci-

mento no comissionamento do mesmo.

Para se determinar o bom desempenho dos controladores, deve-se esco-

lher bem os valores das constantes, pois esta escolha deve permitir que o

controlador opere com desempenho satisfatorio e consequentemente leve o

processo a estabilidade (OGATA et al., 2003).

Um dos intuitos deste trabalho e utilizar o controlador PID no controle

otimo do motor de corrente contınua. Desta forma, apresenta-se o diagrama

de blocos do motor CC juntamente com o controlador PID ilustrado na

Fig. 3.7.

Na expressao (3.3) pode-se verificar a funcao de transferencia do motor de

corrente contınua associada a funcao de transferencia do controlador PID.

ω(s)

Va(s)=

KtKds2 +KtKps+KtKi

αs4 + (β + γ)s3 + δs2 + εs+ ζ(3.3)

Onde, α = LaJ , β = LaB, γ = RaJ , δ = RaB +KtKv +KtKd, ε = KtKp

e ζ = KtKi (REIS et al., 2013a).

Dentre varios metodos e regras propostos para se encontrar os parametros do con-

trolador, sera abordado o processo de otimizacao na busca de parametros para a

sintonia.

49

Page 52: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 3.7 - Diagrama de blocos do motor CC com o controlador PID.

50

Page 53: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 4

PROCESSO DE OTIMIZACAO

Neste capıtulo apresenta-se breve introducao teorica necessaria a compreensao do

processo de otimizacao utilizado neste trabalho. Para se compreender melhor o pro-

cesso de otimizacao, deve-se antes conhecer os conceitos de sistema, modelo e si-

mulacao. Ao se aplicar os metodos de otimizacao utilizados neste trabalho e ne-

cessario conhecer o comportamento do sistema a ser otimizado e obter modelo que

o represente. Modelos que sao validados atraves de simulacoes que sao etapas de

fundamental importancia no processo de otimizacao.

4.1 Sistemas

De acordo com Maier e Rechtin (MAIER; RECHTIN, 2000) o sistema e a colecao de

elementos que trabalhando juntos produzem resultado impossıvel de ser obtido pelos

elementos individualmente. Desta maneira, o comportamento do sistema pode ser

visto como a propriedade emergente que se origina da interacao de seus elementos.

Aslaksen (ASLAKSEN, 2008), por sua vez, sumariza o que vem a ser o sistema por

meio de tres conjuntos:

a) Conjunto de elementos;

b) Conjunto de interacoes internas entre os elementos do sistema; e

c) Conjunto de interacoes externas entre os elementos do sistema e elementos

de outros sistemas.

No estudo de sistema e necessario estabelecer quais sao os elementos, a quantidade

de sistemas que interagem entre si, quais sao as interacoes entre os elementos internos

de um sistema e as interacoes que existem entre os elementos que fazem parte de

diferentes sub-sistemas. Assim o sistema assume o conceito de complexo onde ha

diversas variaveis que devem ser consideradas (LEMES, 2012).

4.2 Modelos

O modelo tem por definicao ser a simplificacao do sistema. Na verdade, e mais

entendido como sendo a representacao dele e todos os seus componentes internos,

51

Page 54: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

produzido no intuito de estudar o real comportamento do sistema tomando por base

os aspectos internos que realmente interfiram no estudo realizado.

E atraves do modelo que se da pratica a simulacao. Ele deve ser suficientemente

detalhado para gerar valores validos que permitam obter verificacao com o sistema

real, sendo que o sistema pode conter modelos diferentes que sao necessarios de-

pendendo do objetivo a ser alcancado no estudo realizado. Daı, a relevancia apenas

para os componentes do sistema que sao devidamente importantes para cada estudo

especıfico.

Os modelos podem ser fısicos ou matematicos, sendo que os modelos fısicos abrangem

a parte de prototipos e plantas-piloto do projeto. Os modelos matematicos utilizam

representacao abstrata da realidade, seja por notacoes simbolicas ou por equacoes

matematicas para discriminar o sistema.

Neste trabalho o foco esta em simular o controle do motor de corrente contınua no

Simulink(R), a partir de modelagem matematica do motor e do controlador. Para

entender sobre modelagem matematica deve-se buscar alguns conceitos mais especı-

ficos de modelos. Para Eykhoff (EYKHOFF; EYKHOFF, 1974) o modelo matematico

e a representacao dos aspectos essenciais do sistema, que apresenta conhecimento

deste sistema em forma utilizavel. Esta modelagem consiste em equacao ou con-

junto de equacoes que compoem o modelo e e a aproximacao do processo real. Denn

(DENN, 1990) define que a modelagem abrange o sistema de equacoes, cuja solucao,

dado o conjunto de dados de entrada, e representativa da resposta do processo.

4.2.1 Classificacao de Modelos Matematicos

Cada modelo pode ser classificado a partir do tipo de equacao que rege o compor-

tamento do processo. As classificacoes de alguns tipos de modelos sao mutuamente

excludentes como sao os casos dos modelos estaticos e dinamicos, modelos linea-

res e nao lineares, modelos invariantes no tempo e os que sao variantes, modelos

determinısticos e estocasticos.

O modelo no qual as variaveis permanecem constantes no tempo, ou seja, a entrada e

a saıda continuam as mesmas, e chamado de modelo estatico. Ele e representado por

sistema de equacoes algebricas e e caracterıstico do efeito da variavel de entrada ser

instantanea por nao possuir “memoria”. Aquele que as variaveis sao independentes

e que mudam seu valor no decorrer do tempo e conhecido como modelo dinamico. E

52

Page 55: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

caracterizado por ter o sistema de equacoes diferenciais onde a mudanca na variavel

de entrada ou que esta sendo monitorada influencia o comportamento do sistema

nos momentos seguintes passando pelas duas fases de comportamento, o regime

transitorio e o regime permanente.

Pode-se definir o sistema modelado como linear ou nao linear a partir do compor-

tamento de sua saıda, se ela depende linearmente ou nao das entradas e possıveis

perturbacoes. A equacao e linear se suas variaveis dependentes ou suas derivadas

aparecem apenas no primeiro grau. Para se verificar a linearidade de uma funcao

pode-se usar as seguintes equacoes originarias do Princıpio da Superposicao:

f(x1 + x2) = f(x1) + f(x2) (4.1)

f(K · x) = K · f(x) (4.2)

O sistema nao linear faz com que a resposta a qualquer tipo de entrada seja influen-

ciada pelo comportamento das outras entradas, assim, faz-se necessario determinar

as relacoes entre todas as entradas e saıdas ao mesmo tempo.

A planta deste trabalho pode ser classificada como sistema nao-linear, ja que sua

saıda pode ser influenciada por mais de uma entrada como tensao da armadura,

tensao de campo, corrente de campo e corrente de armadura. Porem, o controle

da velocidade do motor atuando apenas na tensao da armadura, por exemplo, e

deixando o campo fixo, e uma forma de minimizar a nao-linearidade do seu controle

e facilitar o trabalho com o motor CC. Este sistema, tambem pode ser representado

como modelo dinamico, pois suas variaveis sao independentes e podem ter seus

valores modificados no decorrer do tempo.

4.2.2 Modelagem

O processo de otimizacao segue o seguinte fluxograma ilustrado na Fig. 4.1.

53

Page 56: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 4.1 - Fluxograma que define o processo de otimizacao.

Na Fig. 4.1 f(x∗) simboliza o valor otimo ou otimizado. A caixa intitulada Metodo

de otimizacao sera definida na secao 4.4.

4.3 Simulacao

A simulacao e o recurso primario utilizado de forma geral para solucionar problemas

variados em que ainda nao e conhecida a solucao analıtica. E basicamente a elabo-

racao de modelos que representam o sistema a ser estudado, seja ele fısico, matema-

tico, sistemas produtivos e de distribuicao. Em termos mais praticos, a simulacao

e definida pela construcao do modelo de um sistema real (ou ainda por existir) e,

utilizando como ferramenta o computador, permite a pratica de experimentos com

diversos cenarios deste modelo (SALIBY; ARAUJO, 2001).

Os objetivos de realizar a simulacao partem do princıpio de que e necessario conhecer

e analisar o comportamento do novo sistema antes de sua implantacao ou melhorar

54

Page 57: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

o desempenho de sistemas ja instalados. Oferecendo a quem estuda este sistema

melhor compreensao do que acontece. Tambem pode ser utilizada para confrontar

resultados, medir eficiencia e tem forte uso nas atividades de verificacao e validacao

de projetos (CALIXTO, 2012).

Nem sempre a simulacao deve ser aplicada de forma computacional, por exemplo,

o caso dos prototipos de tuneis de vento. Para se obter boa simulacao e necessario

ter conhecimento do sistema a ser simulado, dispor de boa modelagem do sistema

dando atencao ao detalhamento do modelo obtido pela sua verificacao e validacao.

Posteriormente os aspectos a serem considerados na simulacao e a escolha do simu-

lador, a linguagem de simulacao, o tratamento das condicoes iniciais, a duracao da

simulacao e verificar a concordancia com a linha de objetivos estabelecidos (KELTON;

LAW, 2000).

4.3.1 O simulador

Representar o real funcionamento do sistema e o que se busca na simulacao. Mas

para que isso seja possıvel e necessario possuir o simulador compatıvel, com capa-

cidade de processar os dados de simulacao e estabelecer comportamento aceitavel.

Para isso, tem-se como ferramenta aparelhos para simulacao, seja ela nao compu-

tacional como o tunel de vento que simula o efeito do movimento do ar sobre ou

ao redor do objeto solido. Ou entao, softwares que sao encarregados pela simulacao

computacional, como o Simulinkr, que no caso deste trabalho sera o simulador utili-

zado para experimentar os valores do modelo retirado do motor de corrente contınua

utilizado.

O Simulinkr possui ambiente com diagrama de blocos para a realizacao de simu-

lacoes de varios domınios e design Model-Based (metodo matematico e visual de

resolucao de problemas associados a concepcao de controle complexo). Ele engloba

dentro de suas capacidades a simulacao, a geracao automatica de codigo, o teste

contınuo e a verificacao de sistemas embarcados.

Alem disto, ele fornece editor grafico com bibliotecas de blocos que podem ser per-

sonalizados e utilizados na solucao da modelagem e na representacao de sistemas

dinamicos. E integrado com o MATLABr (software para computacao numerica

com ambiente interativo), permitindo-lhe incorporar algoritmos do MATLABr em

modelos e exportar os resultados da simulacao para o software a fim de analises

55

Page 58: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

posteriores. Neste projeto o simulador devera trabalhar com a funcao de avaliacao

semelhante a ilustrada na Fig. 4.2.

Figura 4.2 - Funcao de Avaliacao.

4.4 Introducao aos Conceitos de Otimizacao

Otimizar e promover eficiencia ao processo, eliminando perdas, desperdıcios, ga-

nhando tempo e tornando o processo mais eficiente. Logo, a otimizacao pode pro-

mover melhorias economicas (otimizacao economica) e tambem melhorias tecnicas

ou operacionais (otimizacao operacional).

Otimizar e encontrar o valor maximo ou mınimo de uma determinada funcao que

represente determinado processo (modelo matematico). Tal funcao e denominada

funcao objetivo (f(x)), podendo conter uma ou mais variaveis de projeto que se de-

seje otimizar. As variaveis de projeto se alteram durante o processo de otimizacao,

possuindo portanto, dinamica particular. O problema de otimizacao pode ser: linear

ou nao-linear, com ou sem restricoes. Problemas restritos sao mais complexos do

que os problemas irrestritos. Alem disto, a otimizacao pode ser contınua ou discreta,

global ou local e utilizar algoritmos determinısticos ou heurısticos. Ao otimizar o pro-

56

Page 59: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

cesso, as solucoes possıveis se encontram dentro do conjunto ou regiao denominada

espaco de busca. Ao encontrar o ponto otimo do processo encontra-se as variaveis

que maximizam ou minimizam a funcao objetivo, satisfazendo as restricoes. O valor

da funcao objetivo no ponto otimo ou otimizado e dado por f(x∗).

O problema de minimizacao ou maximizacao pode ser expresso matematicamente

da seguinte forma:

minf(x)

sujeito a:ci(x) = 0, i ∈ Ici(x) = 0, i ∈ D

com x ∈ Rn

sendo que,

• x e o vetor das variaveis de projeto;

• f e a funcao objetivo;

• ci sao funcoes de restricao;

• I e D representam os conjuntos de ındices das restricoes de igualdade e

desigualdade, respectivamente.

Embora a otimizacao seja problema de maximizacao ou minimizacao, o usual e

sempre minimizar, pois todo problema de maximizacao pode ser convertido mate-

maticamente em um problema de minimizacao. Segundo Pizzolato e Gandolpho:“Ao

se multiplicar a funcao por (−1), ela e substituıda por outra simetrica em relacao ao

eixo horizontal e o mınimo de uma ocorre na mesma abscissa que o maximo da outra,

naturalmente com o sinal invertido. Portanto: −Max[−f(x)] = Minf(x)” (PIZZO-

LATO; GANDOLPHO, 2009). Um problema de maximizacao pode ser transformado

em problema de minimizacao com referencia.

Os problemas de otimizacao solucionados com metodos determinısticos sao tambem

denominados de programacao matematica, e utilizam algoritmos iterativos para en-

contrar a melhor resposta. Comecam com chute inicial e geram sequencia de aproxi-

macoes ate encontrar o ponto mınimo. O que distingue os algoritmos de otimizacao

57

Page 60: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

sao as estrategias utilizadas para se mover de uma iteracao para outra. Bons algo-

ritmos sao aqueles que conseguem ser robustos, eficientes e precisos.

4.5 Metodos de Otimizacao Determinısticos

Metodos de otimizacao determinısticos sao aqueles que utilizam algoritmos deter-

minısticos, algoritmos classicos de otimizacao, que dependem do conhecimento das

derivadas da funcao objetivo para mudar de uma iteracao para outra. A funcao ob-

jetivo e as restricoes sao dadas como funcoes matematicas e relacoes funcionais.Tais

metodos geram sequencia determinıstica de possıveis solucoes, que requer o uso de

pelo menos a primeira derivada da funcao objetivo em relacao as variaveis de pro-

jeto. Seu comportamento e previsıvel, isto e, para determinada entrada, o algoritmo

apresenta sempre a mesma saıda e o mesmo “ponto de parada”. Estes algoritmos

admitem apenas um estado por vez, que caracteriza determinada resposta.

Tais metodos sao extremamente dependentes da estimativa inicial (chute, semente),

fazendo com que sejam ineficientes para determinacao de otimos globais, entretanto,

apresentam teoremas que lhes garantem a convergencia para a solucao otima local.

Como exemplo pode-se citar: o Metodo de Newton, o Metodo de Quase-Newton e o

Metodo Gradiente (GURDAL et al., 1992; BASTOS, 2004).

4.5.1 Metodo de Newton

Seja f(x) uma funcao contınua em [a,b], intervalo que contem uma raiz da equacao

f(x) = 0. Seja x = φ(x) uma equacao equivalente, obtida atraves da transformacao

de f(x). Considere uma formula recursiva dada por xk+1 = φ(xk) , onde a funcao

φ(x) e tal que f(raiz) = 0 se e somente se φ(raiz) = raiz. Tal artifıcio transforma

o problema de encontrar um zero de f(x) no problema de encontrar um ponto fixo

de φ(x). Tal metodo e denominado Metodo do Ponto Fixo. Para que a convergen-

cia ocorra o |φ(x)| deve possuir baixa inclinacao, ou seja, ser menor que um. A

convergencia do metodo sera mais rapida quanto menor for este modulo.

O Metodo de Newton serve justamente para acelerar a convergencia do Metodo do

Ponto Fixo, escolhendo para funcao de iteracao a funcao φ(x) tal que φ(raiz) = 0.

Este metodo e obtido geometricamente tracando uma reta Lk(x) tangente a curva ao

ponto inicialmente escolhido, conforme ilustra a Fig. 4.3. Lk(x) e um modelo linear

que aproxima a funcao f(x) numa vizinhanca de xk. Este metodo esta baseado na

expansao da funcao em serie de Taylor e truncamento da mesma no segundo termo.

58

Page 61: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Assim expandindo f(x) em torno de um ponto xk obtemos a formula recursiva para

o Metodo de Newton, que pode ser vista na expressao (4.3).

xk+1 = xk −f ′(xk)

f ′′(xk)(4.3)

Figura 4.3 - Grafico da reta tangente ao ponto, metodo de newton.

Este e um metodo bastante sensıvel a estimativa inicial e so e aplicavel a funcoes

onde existam f ′(x) e f”(x) . Se f”(x)→ 0 a convergencia e lenta.

4.5.2 Metodo de Quase-Newton

Os metodos de otimizacao de Quase-Newton, surgiram por volta da decada de 1950

devido a necessidade de obter metodos de otimizacao que acelerasse as iteracoes

na otimizacao de sistemas nao-lineares. Na epoca, os computadores eram muitos

instaveis e sempre falhavam antes de concluir os calculos. Isso quando ainda era

utilizado metodos mais complexos e pesados como o metodo de Newton (BRANDAO,

2010; MARTINEZ; SANTOS, 1995).

Os metodos de Quase-Newton apenas utilizam o gradiente da funcao objetivo for-

necido em cada iteracao. Quando se provoca a mudanca na medida do gradiente,

a funcao objetivo construıda e um bom modelo para produzir convergencia super-

59

Page 62: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

linear. Os metodos de Quase Newton sao globalmente convergentes se o comprimento

do passo e satisfeito pela condicao de Wolfe, e se as pseudo-matrizes Hessianas sao

numericamente limitadas e sao positivas definidas.

Outra vantagem dos metodos de Quase-Newton sobre os metodos de Newton e a

inexistencia de segundas derivadas e Hessianas. Nele, a pseudo-matriz Hessiana utili-

zada tem sua inversa obtida por meio de metodo iterativo. Atualmente, os algoritmos

de otimizacao mais utilizados, possuem bibliotecas com varios tipos deste metodo

(Quase-Newton) e sao utilizados na solucao de restritos, irrestritos, de grande escala,

etc (BRANDAO, 2010).

Ao inves de calcular ∇2f 2 utiliza-se a aproximacao pela matriz pseudo-hessiana

(Bk). Para o novo valor assumido por Bk, e levado em conta o fato das variacoes

do gradiente trazerem informacoes sobre a segunda derivada de f no decorrer da

direcao de busca.

Se pegarmos a equacao que expressa o teorema de Taylor para toda f continuamente

diferenciavel, considerando p ∈ Rn e ∇f , ∇2f o gradiente e a matriz Hessiana

respectivamente.

∇f(x+ p) = ∇f(x) +

∫ 1

0

∇2f(x+ tp)pdt (4.4)

Pode-se operar sobre ela, somando e subtraindo o termo ∇2f(x)p e fazendo x = xk

e p = xk+1 − xk, obtem-se

∇fk+1 = ∇fk +∇2fk(xk+1 − xk) + θ(||xk+1 − xk||) (4.5)

Ja que seu tamanho do termo final de integracao e de ordem θ(||p||).

No momento em que xk e xk+1 estiverem em uma regiao proxima a solucao x∗ e sua

matriz Hessiana seja positiva e definida, o termo final da expansao pode ser escrito

como:

∇2fk(xk+1 − xk) ≈ ∇fk+1 −∇fk (4.6)

60

Page 63: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Se considerado uma matriz Hessiana aproximada Bk+1 que siga a restricao apresen-

tada em 4.6. E necessario que a Equacao da Secante, seja satisfeita:

Bk+1sk = yk (4.7)

sendo,

sk = xk+1 − xk e yk = ∇fk+1 −∇fk (4.8)

Para encontrar a direcao de Quase-Newton, basta substituir Bk na equacao,

pk = −(∇2fk)−1∇fk (4.9)

que resulta em,

pk = −(Bk)−1∇fk (4.10)

Em algumas aplicacoes praticas com o metodo de Quase-Newton, utiliza-se a in-

versa (Bk)−1 substituindo a atualizacao de Bk para reduzir o custo computacional

(BRANDAO, 2010; MARTINEZ; SANTOS, 1995).

4.6 Metodos de Otimizacao Heurısticos

Quando determinado problema nao tem solucao ou o valor da funcao de avaliacao

utilizando o metodo de otimizacao determinıstico nao satisfaz, pode-se utilizar a

tecnica de otimizacao heurıstica. Esta tecnica advem de algoritmos que buscam a

solucao de problemas sem ter preocupacao com a implementacao computacional de

conhecimentos especializados.

Estes metodos de otimizacao sao extremamente eficazes na solucao de problemas

com diversos mınimos, pois buscam a solucao utilizando regras de probabilidade. Os

metodos heurısticos examinam o problema aplicando as abordagens possıveis para

solucao, avaliando se o problema alcancou a solucao.

61

Page 64: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Nao podem ser considerados deficientes por nao serem extremamente precisos, deve-

se considerar este aspecto como particularidade semelhante a propria inteligencia hu-

mana. O ser humano tem a capacidade de resolver diversos problemas sem conhece-

los com precisao e nestas situacoes boa solucao e encontrada sem a preocupacao de

se buscar solucao comprovadamente otima.

Por buscarem solucao a partir de regras de probabilidade os metodos heurısticos sao

mais eficazes para problemas com multiplos mınimos e isto sem utilizar derivadas.

4.6.1 Algoritmos Geneticos

Os algoritmos geneticos sao algoritmos matematicos que buscam aleatoriamente

solucoes otimizadas. Estes algoritmos sao inspirados nos mecanismos de evolucao

natural e recombinacao genetica. Esta tecnica e robusta, podendo ser aplicada a

diversos problemas e eficaz encontrando solucoes otimizadas em tempo razoavel.

Inspirado no princıpio Darwiniano de reproducao e sobrevivencia dos mais aptos este

algoritmo oferece mecanismo de busca adaptativa. Utilizando os dados do problema,

procura se inspirar na forma como a natureza funciona. Ele comeca um conjunto

de solucoes (representadas por cromossomos) que e chamado de populacao. Estes

primeiros candidatos a solucao do problema podem ser gerados aleatoriamente. A

selecao natural e que vai transforma-los, e ajudar a encontrar boa solucao para o

problema. Os indivıduos da populacao sao utilizados para formar nova populacao

atraves da recombinacao, com a esperanca que esta nova populacao seja melhor que

a primeira.

Esta recombinacao, crossover, imita o processo biologico homonimo na reproducao

sexuada, onde os descendentes recebem em seu codigo genetico parte do codigo

genetico do pai e parte do codigo da mae.

Neste processo podem ocorrer mutacoes ocasionando alteracao aleatoria no material

genetico, introduzindo variedade na populacao. Quando ocorre evolucao, a mesma

leva o Algoritmo Genetico a regioes mais promissoras do espaco de busca.

E necessario um criterio de selecao, uma funcao de fitness (avaliacao), que possa

calcular o quanto o candidato a solucao e “bom”. Com esta funcao, decidem-se quais

indivıduos sobrevivem para a proxima fase, dando mais chances para os que tiveram

“boa” nota na funcao de fitness. Repete-se esse processo ate que alguma condicao de

62

Page 65: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

parada seja satisfeita.

4.7 Suplemento

4.7.1 Historico

Biologos e matematicos usando a genetica e as ideias sobre a selecao natural, de-

senvolveram durante os anos 30 e 40, o princıpio basico de genetica populacional,

que diz que a variabilidade entre indivıduos em populacao de organismos que se

reproduzem sexualmente e produzida pela mutacao e pela recombinacao genetica.

John Holland foi quem comecou a desenvolver as primeiras pesquisas em simulacoes

computacionais de sistemas geneticos, lembrando que algumas simulacoes foram

feitas nas decadas de 50 e 60. Em 1975 publicou Adaptation in Natural and Artificial

Systems, livro que hoje e considerado o principal livro que trata dos algoritmos

geneticos.

Alem de Holland fundamentar a teoria geral de sistema de adaptacao robusta, ele

encontrou o caminho para aplicacao pratica na determinacao de maximos e mınimos

de funcoes matematicas. Este caminho marcou a aceitacao dos algoritmos geneticos

no meio academico e estes tem sido aplicados com sucesso em diversos problemas

de otimizacao.

4.7.2 Caracterısticas dos Algoritmos Geneticos

Algumas caracterısticas do algoritmo genetico podem ser citadas como:

• Em algoritmos geneticos, o cromossomo e a estrutura de dados que re-

presenta as possıveis solucoes do espaco de busca do problema. Os cro-

mossomos sao entao submetidos a processo que inclui avaliacao, selecao,

recombinacao e mutacao (BRITTO, 2011);

63

Page 66: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

• Algoritmos geneticos tem sido aplicados a diversos problemas de otimiza-

cao, tais como: otimizacao de funcoes matematicas; otimizacao combinato-

rial; otimizacao de planejamento; otimizacao de rota de veıculos; otimiza-

cao de distribuicao; otimizacao em negocios e sıntese de circuitos eletronicos

(BRITTO, 2011);

• Iniciando o algoritmo genetico com a mesma populacao inicial e o mesmo

conjunto de parametros podemos encontrar solucoes diferentes a cada vez

que executamos o programa (FJELLSTAD OLA-ERIK E FOSSEN, 1992);

• Algoritmos geneticos trabalham com grande populacao de pontos, sendo a

heurıstica de busca aplicada no espaco de solucoes (BRITTO, 2011);

4.7.3 Mecanismos dos Algoritmos Geneticos

Nos algoritmos geneticos, populacoes de indivıduos sao criadas e submetidas aos

operadores geneticos. Estes operadores utilizam caracterısticas mensuradas na qua-

lidade de cada indivıduo (Aptidao) em relacao ao meio em que ele esta inserido,

sendo cada indivıduo uma possıvel solucao para o problema proposto.

A medida da qualidade de cada indivıduo e chamada de avaliacao, e gera o processo

de evolucao natural destes indivıduos que eventualmente ira gerar outro indivıduo

melhor adaptado ao meio onde ele esta inserido, combinando a sobrevivencia en-

tre os melhores com forma estruturada de troca de informacoes geneticas entre os

indivıduos da populacao, formando a heurıstica de busca.

Ao executar o algoritmo genetico a populacao de indivıduos, que representa o con-

junto de possıveis solucoes do problema, e submetida a serie de transformacoes.

Cada ciclo de avaliacao constitui uma geracao. Espera-se que o algoritmo genetico

ao fim do numero razoavel de geracoes apresente o candidato otimo ou que o melhor

indivıduo seja a solucao otimizada.

A estrutura generica do algoritmo genetico basico pode ser sintetizada como ilustrado

na Fig. 4.4.

64

Page 67: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 4.4 - Esquema de um algoritmo genetico classico.

4.7.4 Representacao

A representacao das possıveis solucoes do espaco de busca do problema define a

estrutura do cromossomo a ser manipulado pelo algoritmo. A representacao do cro-

mossomo depende do tipo de problema e do que, essencialmente, se deseja manipular

geneticamente. Os principais tipos sao mostrados na Tab. 4.1.

65

Page 68: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 4.1 - Tipos de representacao.

Representacao Problemas

Binaria Numericos, Inteiros

Numeros Reais Numericos

Permutacao de Sımbolos Baseados em Ordem

Sımbolos Repetidos Grupamento

A representacao binaria e de facil manipulacao cromossomica atraves dos operadores

geneticos, facil de ser transformada em inteiro ou real e, ainda, facilita a prova

de alguns teoremas. Todavia, a representacao por numeros reais (ponto flutuante)

oferece melhor desempenho (CALIXTO, 2010).

A terminologia usada nos algoritmos geneticos e a mesma terminologia usada em

biologia. Alguns termos utilizados estao listados na Tab. 4.2.

Tabela 4.2 - Significado dos termos.

Aptidao (Fitness) Probabilidade que o organismopossui para reproduzir.

Cromossomo Indivıduo, estrutura de solucaocandidata para o problema.

Populacao Conjunto dos cromossomosque compoe cada geracao.

Gene Divisao conceitual do cromossomo,capaz de codificar a caracterıstica.

Posicao Posicao em que o genese localiza no cromossomo.

Alelo Caracterıstica ou valor numerico querepresenta o gene. Codificacao binaria,dois possıveis alelos: 0 e 1.

Cruzamento (Crossover) Troca de partes entre doiscromossomos, geralmente haploides.

Gameta Cada cromossomo gerado por cruzamento.Mutacao Mudanca ou troca de um ou mais alelos

do cromossomo.Locus Posicao do gene.Genotipo Estrutura.Fenotipo Conjunto de variaveis.Geracao Ciclo de criacao e de transformacao

do problema.Adequabilidade Funcao de avaliacao.

66

Page 69: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

As variaveis dos problemas a serem otimizados devem ser codificadas no cromos-

somo de comprimento finito. Usando analogia com os cromossomos nos sistemas

biologicos, no algoritmo genetico, os indivıduos sao representados de forma codifi-

cada por sequencia de codigos agrupados, chamado de cromossomo. Nos seres vivos,

os cromossomos sao sequencias de DNA (Acido Desoxirribonucleico), que sozinhos

ou combinados, prescrevem geneticamente a forma e o funcionamento do organismo.

Os cromossomos por sua vez sao formados por genes, combinacao de proteınas. A

disposicao, sequencia e interacao dos genes definem cada caracterıstica. Os possıveis

valores assumidos pelas caracterısticas sao chamados de alelos.

Cada gene tem sua propria posicao no cromossomo e esta posicao e denominada

de locus. Na natureza, dois ou mais cromossomos se combinam para formar as ca-

racterısticas geneticas basicas dos indivıduos. Nos algoritmos geneticos, os termos

cromossomo e indivıduo sao sinonimos. Na genetica, os cromossomos sao forma-

dos por genes, que assumem varios valores possıveis. O genotipo e a estrutura do

cromossomo e o fenotipo corresponde a interacao do conteudo genetico dentro do

cromossomo com o ambiente.

Os algoritmos geneticos sao em geral programas que necessitam somente de informa-

coes locais ao ponto avaliado (Aptidao dos indivıduos), nao necessitando de deriva-

das ou qualquer outra informacao adicional. Este fato torna os algoritmos geneticos

excelentes para otimizar problemas descontınuos (CALIXTO, 2010).

4.8 Sintonia Proporcional, Integral e Derivativa utilizando Algoritmo

Genetico

Segundo Ogata, tem-se que a utilidade dos controles PID reside na sua aplicabili-

dade geral a maioria dos sistemas de controle. No campo dos sistemas de processos

contınuos, e fato conhecido que as estruturas de controle PID provaram sua utilidade

ao propiciar controle satisfatorio, embora nao possam fornecer o controle otimo em

muitas situacoes especıficas. E interessante assinalar que mais da metade dos contro-

ladores industriais em uso nos dias atuais utiliza estrategias de controle PID (OGATA

et al., 2003). Por isso e importante destacar dentre varias abordagens a que viabilize

a melhor sintonia destes controladores.

A maneira de se conseguir a sintonia de controladores e utilizar metodos de oti-

mizacao aplicados ao modelo do sistema, depois utilizar os valores dos parametros

67

Page 70: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

otimizados no sistema real. Pode-se utilizar o algoritmo genetico, na busca de me-

lhores solucoes para ampla variedade de problemas de sintonia de controladores, no

qual os metodos tradicionais sao considerados de baixo desempenho por ficar presos

em otimos locais.

A modelagem para implementar a sintonia PID utilizando algoritmos geneticos par-

tiu da concepcao do cromossomo formado pelos tres parametros a serem ajustados

para obtencao do desempenho adequado.

No metodo proposto, o algoritmo genetico e aplicado como tecnica de

busca/otimizacao dos tres ganhos associados ao tradicional controlador PID clas-

sico: Kp (ganho proporcional), Ki (ganho integral) e Kd (ganho diferencial). Estes

tres parametros caracterizam o indivıduo a ser avaliado, ou seja, o cromossomo e

formado da seguinte maneira:

[Kp Ki Kd f(x)] (4.11)

Onde f(x) e a avaliacao do indivıduo.

68

Page 71: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 5

PROCEDIMENTOS E METODOLOGIA

Neste capıtulo serao descritos os procedimentos e metodos utilizados na execucao

deste trabalho. O levantamento dos parametros do motor e o modelo matematico

fazem parte da implementacao aplicada a maquina estudada. A Fig. 5.1 ilustra o

motor utilizado neste projeto.

Faz parte tambem da metodologia aplicada no trabalho a construcao da bancada

didatica para acionamento/controle do motor e a simulacao do processo de otimiza-

cao utilizando os metodos determinıstico e heurıstico para buscar os valores de Kp,

Ki e Kd otimizados.

Figura 5.1 - Motor de corrente contınua (WEG - DNF090.070S).

5.1 Determinacao dos Parametros Eletricos e Mecanicos do Motor de

Corrente Contınua

Para conhecer o comportamento dinamico do motor e preciso obter o seu modelo

matematico. Somente conhecendo os parametros eletricos e mecanicos do motor e

que se pode realizar a simulacao e a implementacao do trabalho.

O motor utilizado na simulacao e na implementacao foi um motor comercial. Seus

dados de placa podem ser visualizados na Fig. 5.2 (WEG - Brasil, 2008).

69

Page 72: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.2 - Placa de identificacao.

Para determinar os parametros do motor de corrente contınua, foi necessario a uti-

lizacao de alguns metodos para identificar os valores de resistencia da armadura Ra,

indutancia de armadura La, constante de forca contra-eletromotriz fcem Kv, cons-

tante de torque Kt, coeficiente de atrito B e o momento de inercia J (OLIVEIRA et

al., 2005; RUSSOLO, 2011).

5.1.1 Resistencia da Armadura (Ra)

A resistencia da armadura foi obtida de duas formas, ambas com resultados seme-

lhantes. A primeira forma e empırica e e utilizado um ohmımetro. Como a resistencia

varia de acordo com a posicao do rotor, o procedimento consiste em medir e anotar

o valor de Ra para varias posicoes do eixo. O valor de Ra a ser escolhido e o menor

deles. Os resultados obtidos sao apresentados na Tab. 5.1. Observe que o menor

valor tambem foi o que mais ocorreu em 10 amostras.

A segunda forma de determinacao de Ra e analıtica e e dada pela expressao (5.1)

fornecida pelo manual do fabricante (WEG - Brasil, 2008).

70

Page 73: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 5.1 - Valores de resistencia medidos.

R1 6,6 Ω R6 6,8 Ω

R2 7,2 Ω R7 7,1 Ω

R3 7,1 Ω R8 6,6 Ω

R4 6,6 Ω R9 6,9 Ω

R5 6,7 Ω R10 7,0 Ω

Portanto Ra = 6, 6 Ω

Ja o valor calculado para Ra e:

Ra = K3(VaNn

)1,8 = 280(230

1800)1,8 = 6, 898 Ω (5.1)

Onde,

• K3 = Constante para calculo de Ra (WEG - Brasil, 2008);

• Va = Tensao de armadura nominal (V);

• Nn = Rotacao nominal (rpm).

Optou-se por utilizar o valor calculado de Ra, devido a questoes de maior confiabi-

lidade.

5.1.2 Indutancia da Armadura (La)

A indutancia da armadura tambem foi medida empiricamente e calculada analitica-

mente. Sua medicao e realizada utilizando um medidor RLC com o rotor na posicao

em que foi encontrada a menor resistencia de armadura. Como o motor CC e uma

maquina de excitacao independente, o campo deve permanecer excitado em tensao

nominal para realizar a medicao. O calculo analıtico de La tambem foi realizado

71

Page 74: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

atraves da expressao (5.2) fornecida no manual do fabricante. Os resultados obtidos

sao:

Valor medido empiricamente:

La = 27, 3 mH

Valor calculado analiticamente:

La = K2(VaNn

)1,7 = 895(230

1800)1,7 = 27, 089 mH (5.2)

Onde,

• K2 - Constante para calculo de La (WEG - Brasil, 2008).

Para o caso da Indutancia optou-se tambem pelo valor calculado.

5.1.3 Constante de forca contra-eletromotriz (Kv) e Constante de Tor-

que (Kt)

De acordo com Rashid (RASHID, 1999) as constantes de forca contra-eletromotriz e

de torque sao iguais porem com unidades diferentes. Portanto, basta determina-las

uma unica vez. Considerando que o motor esta em regime permanente, implicando

em dIadt

ser nulo, consegue-se determinar o valor da constante atraves da expressao:

K = Kv = Kt

Kv =Va −Ra · Ia

ω · If(5.3)

Onde, Kv e dado em [V.s/rad.A] e Kt e dado em [N.m/A2].

Para maior confiabilidade, esta expressao foi usada para varios valores de tensao

de armadura e depois calculou-se a media dos resultados obtidos desprezando os

outliers presentes. O valor da tensao de campo foi fixado em 190 V e a unidade de

velocidade utilizada e rad/s. A Tab. 5.2 apresenta os dados medidos e a respectiva

constante calculada:

72

Page 75: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 5.2 - Valores medidos e calculados.

Va [V ] Ia [A] If [A] ω [rad/s] ω [rpm] Kv [V.s/rad.A]

230 0,46 0,972 217,39 2076 1,07346

198,8 0,42 0,972 188,5 1800 1,06921

150 0,38 0,972 140,84 1345 1,07656

75 0,3 0,972 68,94 658,4 1,0883

Ra (Ω) 6,898

Resultado obtido:

K = 1, 073

5.1.4 Coeficiente de Atrito (B)

Em um motor de corrente contınua de excitacao independente o torque desenvolvido

Td e dado pelas expressoes:

Td = Kt · If · Ia = 1, 073 · 0, 972 · 0, 46 = 0, 479759 Nm (5.4)

Td = J(dω

dt) +Bω + Tl = Tm (5.5)

Onde, Tl e o torque da carga e Tm e o torque resultante do motor.

Considerando que a maquina operando a vazio e em condicoes de regime permanente

apresenta os valores de (dIadt

) e de (dωdt

) nulos, toda a potencia entregue ao motor esta

sendo usada para vencer as perdas mecanicas e ohmicas da armadura. Sendo assim

a expressao (5.5) reduz a Td = Bω. Assim pode-se calcular diretamente o valor de

B, dado pela expressao (5.7).

B =Tdω

= 0, 0022069 Nm.s/rad (5.6)

73

Page 76: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

5.1.5 Momento de Inercia (J)

Para determinar o momento de inercia do motor e necessario realizar ensaio com o

motor estabilizado em sua velocidade nominal (OLIVEIRA et al., 2005). Em regime

permanente o motor e desenergizado e e feita a coleta dos dados da velocidade

observando o ponto no qual ω′ = 0, 386 Nn. Conforme e ilustrado na Fig. 5.3.

Figura 5.3 - Constante de tempo mecanica.

Onde ω0 e a velocidade inicial do ensaio no motor que e igual a sua velocidade

nominal Nn e ω′ e a velocidade no instante de leitura, sendo que esta ultima deve

ser 38,6% da velocidade nominal.

Com o valor da constante de tempo conhecido, o momento de inercia pode ser

calculado pela seguinte expressao:

J = B · tb (5.7)

Um grafico semelhante ao da Fig. 5.3 foi obtido atraves de um encoder e um mi-

crocontrolador ATMEGA328P-PU. A velocidade do motor foi capturada pelo mi-

crocontrolador e enviada, via comunicacao serial, para o software MATLABr. O

grafico obtido pode ser visualizado na Fig. 5.4.

74

Page 77: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.4 - Analise da constante de tempo mecanica.

A constante de tempo obtida e tb = 14, 5 s. Logo, o momento de inercia e:

J = 0, 0022069 · 14, 5 = 0, 032000167 Kg ·m2

5.2 Dinamica do Motor de Corrente Contınua

Ao utilizar qualquer motor como planta em sistemas de controle deve-se primeira-

mente conhecer o seu comportamento dinamico, ou seja, sua estabilidade absoluta.

Indicando se o sistema e estavel ou instavel. Segundo Ogata:

Um sistema de controle esta em equilıbrio se, na ausencia de qualquer pertur-

bacao ou sinal de entrada, permanece no mesmo estado (OGATA et al., 2003).

Sendo o motor CC um sistema fısico, o seu sinal de saıda so pode aumentar ate certo

valor. Se tal valor for ultrapassado o sistema pode parar de funcionar ou se tornar

nao-linear.

Alem da estabilidade absoluta do sistema, deve ser analisada tambem a sua esta-

bilidade relativa e o seu erro estacionario. Quando e aplicado o sinal de entrada ao

sistema, ele demora certo tempo para se tornar estavel. Esta resposta anterior a es-

tabilidade e conhecida como resposta transitoria. Tal resposta pode variar conforme

o sistema utilizado, podendo oscilar ou nao. Se o sistema for instavel esta oscilacao

pode tender ao infinito. Quando o sistema atinge a resposta estacionaria, ela pode

75

Page 78: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

ser diferente da excitacao de entrada, o que significa a existencia de erro estacionario

(OGATA et al., 2003). Tal erro indicara a precisao do sistema. O objetivo do sistema

de controle e justamente minimizar este erro, levando em consideracao o overshoot

e o tempo de acomodacao.

O motor de corrente contınua e representado pela Fig. 2.4 e a sua funcao de transfe-

rencia e dada pela expressao (2.14). A carga a ser utilizada sera uma carga indutiva

variavel. De acordo com o datasheet do kit de motor CC utilizado (WEG - Brasil,

2008) a maquina possui uma celula de carga que permite aplicar forcas entre 0 a 5,4

Nm.

Substituindo os parametros do motor, obtidos anteriormente e apresentados na

Tab. 5.3, encontra-se a funcao de transferencia do motor CC apresentada na ex-

pressao (5.8).

Tabela 5.3 - Parametros do motor CC

La = 0, 027089 H Ra = 6, 898 Ω

J = 0, 032000167 Kg ·m2 B = 0, 0022069 (Nm)/(rad/s)

Kt = 1, 073 Nm/A Kb = 1, 073 V/(rad/s)

FTMCC =1, 073

0, 0008669s2 + 0, 2208s+ 1, 167(5.8)

Pode-se perceber que se trata de sistema de segunda ordem com dois polos reais e

distintos. Tais sistemas sao caracterizados pela expressao (5.9).

C(s)

R(s)=

ω2n

s2 + 2ζωns+ ω2n

(5.9)

Onde ωn e a frequencia natural nao amortecida e ζ e o coeficiente de amortecimento.

Realizando os calculos encontra-se o coeficiente de amortecimento maior que 3, o

que caracteriza o motor como um sistema superamortecido (ζ > 1). Isto pode ser

comprovado pelo grafico da resposta ao degrau ilustrado na Fig. 5.5, onde pode ser

76

Page 79: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

observado que o erro de regime permanente para este motor operando a vazio e cerca

de 8% ja que a resposta ao degrau do motor tem amplitude de 0,92.

Figura 5.5 - Resposta ao degrau do motor de corrente contınua.

Para conseguir determinar o comportamento da maquina em malha aberta, o sis-

tema foi simulado com tensao nominal de armadura. Assim, os valores obtidos de

velocidade e corrente de armadura para a maquina a vazio sao apresentados na

Fig. 5.6.

77

Page 80: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.6 - Velocidade, tensao e corrente de armadura do motor CC com excitacao nominal a vazio.

A caracterıstica da resposta transitoria do sistema em malha fechada esta relacio-

nada com a localizacao dos polos de malha fechada, que sao as raızes da equacao

caracterıstica. A localizacao destes polos pode variar em sistemas com ganho de ma-

lha variavel. Nesse caso e de extrema importancia observar como os polos em malha

fechada se movem no plano (s) quando o ganho de malha e variado.

Atraves de simulacao e possıvel obter o grafico do lugar das raızes conforme ilustrado

na Fig. 5.7. Os dois polos se localizam no semi-plano esquerdo do grafico do lugar

das raızes, confirmando a estabilidade do sistema.

78

Page 81: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.7 - Lugar das raızes do modelo apresentado.

5.3 Simulacao

Apos conhecer todos os parametros do motor de corrente contınua e sua dinamica,

pode-se iniciar o processo de simulacao. Tal processo visa otimizar os ganhos do

controlador PID atraves dos metodos determinıstico e heurıstico, comparando qual

metodo apresenta os melhores resultados. Para isto e necessario criar a funcao de

avaliacao. Neste projeto, a variavel a ser minimizada e o IAE (Integral of Absolute

Error) da velocidade, um metodo de analise do erro, dado matematicamente pela

expressao (5.10).

IAE =

∫ T

0

|e(t)|dt (5.10)

O objetivo do metodo de otimizacao, neste caso, e obter valores de IAE cada vez

menores. Para isto o algoritmo utiliza diversos valores de corrente e tensao de ar-

madura. Logo, para que as limitacoes fısicas da maquina nao sejam ultrapassadas,

e necessario que se atribua restricoes a funcao de avaliacao.

79

Page 82: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Como a tensao nominal de armadura do motor nao pode ser ultrapassada, ela deve

ser considerada na restricao. Outro fator a ser considerado e a hipotese de sobre-

corrente. A corrente na partida e maior que a corrente de regime permanente, a

restricao deve englobar as condicoes de partida.

Portanto, como os valores nominais da maquina sao: Va = 230 V e Ia = 5, 5 A. Os

valores maximos aceitaveis de tensao e corrente foram definidos como Vmax = 230 V

e Imax = 33, 34 A conforme expressao (5.11) obtida em regime permanente.

Imax =VaRa

(5.11)

Logo, a restricao pode ser definida por:

Se (Vp > Vmax)

f(x) = IAE + (Vp − Vmax) (5.12)

Se (Ip > Imax)

f(x) = IAE + (Ip − Imax) (5.13)

Onde, Vp e Ip sao os valores medidos durante a simulacao.

Caso nenhuma restricao descrita acima aconteca, a funcao de avaliacao e dada

apenas por

f(x) = IAE (5.14)

Caso os valores de tensao ou corrente de armadura ultrapassem os valores maximos

determinados, a funcao de avaliacao e penalizada. Nem sempre a funcao de avaliacao

e igual ao IAE, nos casos de penalizacao estes dois valores se diferem (REIS et al.,

2013b; REIS et al., 2013a).

80

Page 83: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Nas simulacoes a serem realizadas, sera considerado como velocidade de referencia

150 rad/s ou 1432, 4 rpm. Os graficos serao plotados para o tempo de simulacao de 3

segundos. O motor inicia a simulacao a vazio, porem, aos 1,5 segundos de simulacao

uma carga de 1, 5 Nm e acoplada ao eixo da maquina perturbando o sistema. Este

tempo de simulacao foi escolhido para que o motor possa estabilizar apos a sua

partida e apos a perturbacao.

Como o IAE e o calculo da integral do modulo do erro, quanto maior for o tempo de

simulacao maior sera este valor, devido ao aumento da area calculada sob a curva do

erro. Por isso a janela de simulacao escolhida e fixa e igual a 3 segundos durante todo

o trabalho. Outro fator que interfere no valor do IAE e o setpoint escolhido. Quanto

maior este valor, maior sera o IAE. Neste projeto, todas as simulacoes sao para o

setpoint de velocidade de 150 rad/s. Apesar das referencias de tempo e velocidade

serem relativamente altas, podendo gerar valores de IAE elevado, isto nao caracteriza

um problema, desde que todas as simulacoes sejam realizadas com estes valores de

referencias.

A Fig. 5.8 ilustra o diagrama de blocos do controlador a ser aplicado ao motor

CC. Os ganhos serao atribuıdos atraves do algoritmo otimizador que roda de forma

simultanea a simulacao realizada utilizando o software Simulinkr. Ja o algoritmo

de otimizacao e rodado no Optimization Tool, um toolbox de otimizacao do software

MATLABr.

81

Page 84: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.8 - Controlador PID aplicado ao motor de corrente contınua.

82

Page 85: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Nas simulacoes com algoritmo determinıstico sera utilizado a funcao fminsearch do

toolbox de otimizacao do MATLABr. Os criterios de parada foram mantidos nos

valores padroes.

As simulacoes com algoritmos heurısticos serao realizadas para populacao de 20

indivıduos tendo como limite de execucao o maximo de 100 iteracoes. O tipo de

populacao utilizado foi o denominado Double Vector, que e usualmente aplicado

para indivıduos da populacao representados por variaveis do tipo Double.

Sera utilizada nas simulacoes a funcao de cruzamento denominada Scattered. Nesta

funcao e criado vetor binario aleatorio do mesmo tamanho dos pais. Se o primeiro

numero do vetor for 1 o filho herda o primeiro gene do pai. Porem, se for 0 o

filho herda o primeiro gene da mae. A Taxa de Recombinacao (Pr) escolhida neste

trabalho e de 80%. Esta taxa define qual a probabilidade de haver recombinacao em

determinada geracao. Este valor pode variar entre 0 e 100%, entretanto, o usual e

estar entre 60% a 85%.

Em algumas situacoes a simulacao pode parar antes de atingir os criterios de pa-

rada estabelecidos. Devido a ferramenta de erro que software Simulinkr possui. Ele

utiliza tecnica conhecida como deteccao de cruzamento de zero para localizar com

precisao determinada descontinuidade. Normalmente, esta tecnica melhora o tempo

de execucao da simulacao, mas pode fazer que algumas simulacoes parem antes da

conclusao.

5.4 Implementacao

Na parte pratica deste trabalho foi construıda em parceria com outros projetos de

pesquisa da UFG e UNB uma bancada didatica para experimentos com motores

de corrente contınua. Esta bancada teve grande papel no levantamento de dados

para simulacao. Ela e constituıda de componentes eletricos de forca e comando,

alem de circuito de disparo, transdutores para leitura de corrente e tensao aplicados

83

Page 86: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

no circuito de armadura, campo e carga, placa para condicionamento do sinal do

encoder etc. Desta forma, a bancada permite a aquisicao dos sinais e possibilita

a utilizacao deles em softwares especializados ou sistemas microcontrolados. Para

facilitar seu manuseio, foi usado bornes de conexao. A bancada pode ser visualizada

na Fig. 5.9.

Figura 5.9 - Bancada didatica para controle de maquina de corrente contınua.

Sua construcao envolveu o projeto e confeccao de placas eletronicas, que foram

utilizadas na medicao e controle. O layout da bancada esta ilustrado na Fig. 5.10.

84

Page 87: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.10 - Layout da bancada.

85

Page 88: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

O desenho com o esquema geral da bancada e ilustrado na Fig. 5.11.

Figura 5.11 - Esquema geral da bancada.

86

Page 89: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

A Fig. 5.12 ilustra o esquema geral da bancada em diagrama de blocos.

Figura 5.12 - Esquema geral da bancada em diagrama de blocos.

Onde:

• R.T.C.O.C. - Retificador trifasico controlado de onda completa;

• M.C.C - Motor de corrente contınua;

• c(s) - Sinal de velocidade [rad/s];

• r(s) - Sinal da referencia da velocidade [rad/s];

• v(s) - Sinal condicionado de velocidade [rad/s];

• q(s) - Sinal de saıda do encoder [V ];

• m(s) - Sinal de controle [V ];

• n(s) - Sinal de disparo [V ];

• p(s) - Tensao aplicada na armadura [V ];

• µC - Microcontrolador.

87

Page 90: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

O desenho com o projeto de forca da bancada e ilustrado na Fig. 5.13.

Figura 5.13 - Projeto de forca da bancada.

88

Page 91: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

O projeto de comando da bancada e ilustrado na Fig. 5.14.

Figura 5.14 - Projeto de comando da bancada.

89

Page 92: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

O projeto que descreve a interligacao das placas eletronicas e ilustrado nas Fig. 5.15,

Fig. 5.16 e Fig. 5.17.

Figura 5.15 - Projeto de interligacao das placas eletronicas da bancada (transdutores e encoder).

90

Page 93: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.16 - Projeto de interligacao das placas eletronicas da bancada (disparo).

91

Page 94: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.17 - Projeto de interligacao das placas eletronicas da bancada (microcontrolador).

92

Page 95: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

5.4.1 Lista de Componentes

A Tab. 5.4 mostra a lista dos materiais utilizados na confeccao da bancada didatica.

Tabela 5.4 - Lista de materiais - Bancada

Componentes Quantidade

Monitor LCD 1Disjuntor Tripolar 3Disjuntor Unipolar 1

Porta Fusıvel Diazed Completo 3Contactor 3

Rele Falta de Fase (supervisor trifasico) 1Botoeira de Emergencia 1

Botoeira Liga 1Botoeira Desliga 1

Borne para Interconexao 10Fonte Simetrica ±12 V 1

Fonte 5 V 1Ponte Retificadora Monofasica 1

Ponte Retificadora Trifasica 1Ponte Retificadora Trifasica Controlada 1

Modulo a Rele 3Transdutor para Tensao e Corrente 3

Circuito de Disparo 1Placa para Encoder 1Microcontrolador 1

Lampadas Sinalizadoras 3Transformadores (380/12 V ) 3

Fios Flexıveis 2,5 mm - Colorido 20 mFios Flexıveis 1,5 mm - Colorido 20 m

93

Page 96: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

A Tab. 5.5 aponta a lista de componentes eletronicos utilizados na placa confeccio-

nada para o circuito de disparo.

Tabela 5.5 - Lista de componentes - Circuito de disparo

Componentes Quantidade Valor

Capacitor 6 10 nFCapacitor 8 220 nFCapacitor 3 22 nFCapacitor 1 22 nFCapacitor 1 10 nFCapacitor 12 1 µFCapacitor 12 100 nFResistor 15 10 kΩResistor 6 2,4 kΩResistor 6 47 ΩResistor 3 68 kΩResistor 3 100 kΩResistor 3 56 kΩResistor 2 2k2 ΩResistor 2 220 kΩResistor 2 47 kΩResistor 1 27 kΩResistor 6 22 ΩResistor 1 470 Ω

CI 2 4081CI 3 TCA785CI 1 555CI 2 LM358

Transistor 6 TIP122Diodo 18 1N4007Diodo 7 1N4148Diodo 1 LED-BLUEDiodo 6 SK4F1

Conector 12 CONN-SILTrimPot 3 100 kΩ

Trafo-Pulso 6

94

Page 97: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

A Tab. 5.6 relaciona os componentes eletronicos utilizados na placa confeccionada

para o transdutor de tensao e corrente.

Tabela 5.6 - Lista de componentes - Transdutor de tensao e corrente

Componentes Quantidade Valor

Capacitor 4 220 nFCapacitor 6 1 µFCapacitor 6 10 nFResistor 4 220 kΩResistor 2 47 kΩResistor 2 10 kΩResistor 2 27 kΩResistor 1 33 kΩResistor 2 570 Ω

CI 2 LM358Diodo 2 LED-BLUE

Conector 8 CONN-SILSensor Hall 1 LV-20PSensor Hall 1 LA-55P

A Tab. 5.7 relaciona os componentes eletronicos utilizados na placa confeccionada

para o condicionamento do sinal do encoder.

Tabela 5.7 - Lista de componentes - Condicionamento do sinal do encoder

Componentes Quantidade Valor

Capacitor 2 10 nFCapacitor 1 1 µFResistor 3 1 kΩResistor 1 330 ΩResistor 1 220 Ω

Transistor 2 BC337Diodo 1 LED-BLUE

Conector 2 CONN-H

5.4.2 Pontes Retificadoras

A Fig. 5.18 ilustra a ponte de diodo retificadora monofasica. Este tipo de ponte

foi utilizada para retificar a tensao a ser utilizada na carga aplicada no motor de

95

Page 98: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

corrente contınua. A tensao de entrada da ponte e a propria tensao da rede 220 V

alternada e e regulada pelo variador de tensao.

Figura 5.18 - Ponte de diodo monofasica (LGE RJ/ KBPC3510).

A Fig. 5.19 ilustra a ponte de diodo retificadora trifasica. Este tipo de ponte foi

utilizada para regular a tensao de alimentacao do campo do motor. A tensao de

campo sera fixa em 190 V que e seu valor nominal de acordo com os dados de placa

do motor. A ponte retificadora e trifasica, pois permite alcance maior de tensao

retificada, viabilizando o uso da bancada para maior numero de motores. O controle

da quantidade de tensao fornecida ao campo da maquina sera feito tambem por meio

de variador de tensao conectado a ponte de diodo.

Figura 5.19 - Ponte de diodo trifasica (Semikron/SKD 25/08).

A Fig. 5.20 ilustra a ponte tiristorizada trifasica. Este tipo de ponte, totalmente

controlada, foi utilizada para controlar a tensao de alimentacao da armadura do

motor. De acordo com os dados de placa do motor a tensao de armadura podera

96

Page 99: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

variar de 0 a 230 V . Esta sera a faixa de controle, que sera realizado pela tensao da

armadura.

Figura 5.20 - Ponte trifasica tiristorizada (Semikron/SK 70 DT 08).

5.4.3 Medicao de Sinais

Para realizar o controle de motores exige-se a implementacao de malhas de reali-

mentacao controladas por tensao ou corrente. Para tanto, foi necessario desenvolver

alguns modulos, capazes de medir tensao, corrente e velocidade do motor de corrente

contınua, que trabalham com o condicionamento de sinal. Permitindo a aquisicao

dos sinais e possibilitando sua utilizacao em softwares especializados ou sistemas

microcontrolados.

5.4.4 Transdutor de Tensao e Corrente por Efeito Hall

O controle do motor CC em malha fechada requer a medicao dos valores de corrente e

tensao. Devido ao valor elevado da intensidade da corrente normalmente encontrado

nas maquinas eletricas, e necessario ter sinal na entrada dos instrumentos de medida

correspondente a corrente eletrica, mas que possua menor intensidade. Para que

fosse possıvel medir estas grandezas e efetuar o controle sobre o motor de corrente

contınua, foram escolhidos os transdutores de tensao e corrente por efeito Hall. Com

este tipo de transdutor mantem-se o isolamento galvanico entre o circuito de forca

e o circuito de medicao e controle.

a) Efeito Hall - O efeito Hall, descoberto pelo fısico norte-americano Edwin Her-

bert Hall, descreve o fenomeno pelo qual se gera tensao eletrica numa placa

97

Page 100: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

metalica percorrida por corrente, situada em um campo magnetico perpendi-

cular a ela e a direcao da corrente.

Neste efeito ocorre a producao de forca eletromotriz (fem) no interior do con-

dutor ou de um semicondutor. Do qual flui corrente eletrica quando existe

campo magnetico transversal intenso.

Existem atualmente disponıveis sob o nome comercial de LEM (da sigla do

fabricante suıco Liaisons Electroniques et Mecaniques) transdutores capazes

de efetuarem reproducao correta do sinal de corrente eletrica (GUEDES, 2003;

VAZ, 2002).

b) Medicao de Corrente - Foi escolhido o sensor de corrente de efeito hall

LA-55P da LEM. Utilizado devido suas caracterısticas: menor dissipacao de

calor em relacao aos resistores shunt, facil calibracao, isolacao galvanica e

sensibilidade para vasta gama de valores de correntes. A Fig. 5.21 ilustra este

sensor.

Figura 5.21 - Sensor de corrente (LEMr/LA-55P).

Este sensor de corrente, foi utilizado na montagem do transdutor de corrente,

conforme circuito da Fig. 5.22.

98

Page 101: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.22 - Circuito de medicao de corrente com sensor de efeito Hall.

c) Medicao de Tensao - De maneira similar ao processo utilizado para a medi-

cao de corrente, a medicao de tensao sera realizada pelo transdutor de tensao.

Este sensor mede a diferenca de potencial entre dois pontos quaisquer do pro-

cesso e fornece realimentacao para a malha de controle.

Este medidor deve ter alta impedancia de entrada, tendendo ao infinito,

para nao interferir no circuito medido. Alguns circuitos podem ser montados

utilizando-se transformadores de potencial, porem a medicao ficaria limitada

a tensoes alternadas. Os atuais sensores por efeito hall existentes no mercado

permitem obter a medida de tensao em praticamente qualquer formato de

onda.

Para os perfis deste trabalho, a opcao mais adequada e o sensor de tensao

de efeito hall, pois possui linearidade adequada, isolacao entre o primario e

secundario, precisao aceitavel, pequeno tempo de resposta, alta imunidade a

interferencias externas e custo acessıvel. O sensor LV-20P da empresa LEM

Componentes e um sensor de efeito hall que mede nıveis de tensao ate 500 V ,

consequentemente pode ser usado para ampla faixa de motores de corrente

contınua. A Fig. 5.23 ilustra este tipo de sensor.

99

Page 102: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.23 - Sensor de tensao (LEMr/LV-20P).

Este sensor de tensao, foi utilizado na montagem do transdutor de tensao,

conforme circuito da Fig. 5.24.

Figura 5.24 - Circuito de medicao de tensao com sensor de efeito Hall.

Nesta placa de medicao, os circuitos de tensao e corrente foram associados a circuitos

de filtro para condicionar os sinais lidos pelos sensores de tensao e de corrente. Estes

filtros eletronicos irao atenuar determinadas frequencias do espectro dos sinais de

entrada e permitir a passagem das demais. O filtro eletronico usado e o Butterworth

de segunda ordem, que tem como caracterısticas a taxa de atenuacao de 40 dB por

decada, banda de passagem plana, banda de corte nao ondulada, bom declive de

transicao, boa resposta ao degrau e frequencia de corte de 3 Hz. O circuito utilizado

para estes filtros seguem a disposicao ilustrada na Fig. 5.25.

100

Page 103: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.25 - Filtro Butterworth de 2a ordem - Corrente e tensao.

A placa para o transdutor construıda e ilustrada na Fig. 5.26.

Figura 5.26 - Placa - Transdutor.

5.4.5 Encoder

Alem da importancia da medicao das grandezas eletricas deve-se medir a veloci-

dade, aceleracao e outros parametros temporais para possibilitar o controle, ja que

neste caso o sistema e rotativo. Atualmente, o sensor de rotacao do tipo encoder

tem sido muito utilizado como elemento realimentador de sistemas de controle em

malha fechada fornecendo parametros sobre o sistema a ser controlado, tais como:

velocidade, posicao e aceleracao. A Fig. 5.27 ilustra o sensor encoder.

101

Page 104: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.27 - Encoder (Tekel Instruments/TI321).

5.4.6 Princıpio de Funcionamento do Encoder Optico

O encoder e o dispositivo eletromecanico que pode medir movimento ou posicao. A

maioria dos encoders usa sensores opticos para prover sinais eletricos na forma de

trens de pulso, os quais, podem ser traduzidos em informacao de movimento, direcao

ou posicao.

Os encoders rotativos sao usados para medir o movimento rotacional do eixo. A

Fig. 5.28 ilustra os componentes fundamentais do encoder rotativo que consiste no

diodo emissor de luz (LED), disco e detector de luz (fototransistor) no lado oposto

do disco. O disco que esta montado no eixo giratorio tem serie de perfuracoes regu-

lares que sao repetidas continuamente formando segmentos opacos e transparentes

codificados no disco. A medida que o disco gira, os segmentos opacos bloqueiam

a luz e as janelas transparentes permitem a passagem da luz. Isto gera pulsos de

onda quadrada que podem ser interpretados entao em informacao de movimento ou

posicao.

Figura 5.28 - Compoenentes fundamentais de um encoder.

102

Page 105: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

O modulo para condicionamento de sinal do encoder foi construıdo de forma a

permitir a aquisicao do sinal e possibilitando utiliza-lo em softwares especializados

ou sistemas microcontrolados. O circuito deste modulo e ilustrado na Fig. 5.29.

Figura 5.29 - Modulo para condicionamento de sinal.

A placa de condicionamento do sinal do encoder esta apresentada na Fig. 5.30.

Figura 5.30 - Placa - Encoder.

103

Page 106: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

5.4.7 Circuito de Disparo

Para fazer o controle do motor de corrente contınua e necessario um dispositivo

que consiga regular a tensao disponıvel na armadura do motor. A princıpio, este

dispositivo e caracterizado pela ponte tiristorizada trifasica. Consegue-se controlar

a tensao de saıda variando o angulo de disparo dos SCR.

Para que consiga fazer este controle e necessario circuito de disparo composto por

filtro passa baixa seguido de amplificador ativo, geradores de pulsos em sincronia

com a rede trifasica, oscilador a 20 kHz, amplificadores classe C e isoladores eletricos

.

Na parte responsavel pela geracao de pulsos foi utilizado o TCA785 desenvolvido

pela Siemens para fazer o controle de tiristores, triacs e transistores em circuitos

de alta potencia. Este circuito integrado consegue deslocar os pulsos de disparo em

angulos desde 0 a 180 abrangendo o controle da parte de corrente alternada.

Para cada fase da rede foi utilizado gerador de pulso com TCA785. Assim, a placa

do circuito de disparo possui tres geradores de pulso, como ilustrado na Fig. 5.31.

Figura 5.31 - Gerador de pulso.

104

Page 107: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

No circuito de disparo de cada tiristor e utilizado transformadores de pulso. Isso por-

que, o circuito de controle utilizado neste trabalho e isolado da parte de potencia.

A grande diferenca esta na alimentacao de cada uma. Enquanto no circuito de po-

tencia a tensao e em media superior a 100 V , o circuito de controle esta alimentado

por fonte simetrica de 12 V . Cada tiristor da ponte trifasica esta associado a um

circuito de disparo com transformador de pulso. O circuito de disparo esta associado

tambem ao amplificador de classe C. Este tipo de amplificador trabalha com sinais

pulsados (digitais), que permanecem ligados por espaco de tempo curto e desligados

durante tempo maior. A utilizacao de tecnicas digitais possibilita a obtencao do sinal

que varia sobre um ciclo completo (utilizando circuitos de amostragem e retencao)

para recriar a saıda a partir de varios trechos do sinal de entrada. A eficiencia deste

tipo de amplificador e em geral alta, ficando a cima de 90%. Outra vantagem do

amplificador que opera em classe C sao os curtos intervalos em que ele fica ligado

(BOYLESTAD; NASHELSKY, 1984). A Fig. 5.32 ilustra este circuito.

Figura 5.32 - Circuito de disparo com amplificador de classe D.

Para o circuito oscilador foi utilizado o CI NE555 que e um dos circuitos integrados

mais populares. Normalmente utilizado como temporizador ou multivibrador. Neste

trabalho foi adotada frequencia de 20 kHz para o circuito de controle. A Fig. 5.33

ilustra o oscilador utilizado.

105

Page 108: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 5.33 - Oscilador 20KHz.

No condicionamento do sinal foi adotado filtro Butterworth de 2a ordem e ampli-

ficador ativo. Neste trabalho o CI com amplificadores operacionais utilizado para

condicionar o sinal foi o LM358. A Fig. 5.34 ilustra este circuito.

Figura 5.34 - Condicionador de sinal - Amplificador ativo.

106

Page 109: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

A Fig. 5.35 ilustra a placa que reune a parte eletronica para o disparo dos tiristores

da ponte trifasica controlada.

Figura 5.35 - Placa - Circuito de disparo.

Como pode ser visto na Fig. 5.36, a tensao de entrada da placa passa por trans-

formadores que abaixam a tensao da rede (380 V ) para 12 V , que e a tensao de

sincronismo dos circuitos de controle. Embora esta tensao possa variar de 12 V a

30 V (RASHID, 1999). Estes transformadores sao ligados em triangulo (∆) na entrada

onde recebem a tensao da rede e sua saıda e ligada em estrela (Y) com a tensao ja

baixa. Assim, sua saıda esta associada ao circuito de geracao de pulsos composto

pelos CI TCA785.

Figura 5.36 - Transformadores.

107

Page 110: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

5.4.8 O Microcontrolador

A interface de comunicacao entre a planta e o computador e feita pelo microcon-

trolador. Neste trabalho o microcontrolador utilizado foi o ATMEGA328P-PU da

Atmel. Sua largura do barramento de dados transmitidos e de 8 bits. A maxima

frequencia de operacao e de 20 MHz e 32 KB e o espaco de memoria flash disponı-

vel. O tamanho de sua memoria de processamento (RAM ) e 2 KB e o tipo de seu

encapsulamento e o PDIP-28.

O ATMEGA328P-PU possui 6 canais para sinal A/D (Analogico/Digital) e o nu-

mero de I/Os (Entradas e Saıdas) programaveis e 23. Sao 32 registradores de pro-

posito geral e 3 contadores/temporizadores com comparador de modo. A interface

deste microcontrolador e interface serial orientada a byte do tipo 2-WIRE com porta

serial do tipo SPI que aceita interrupcoes internas e externas programaveis de serie

USART. Ele possui watchdog timer programavel com oscilador interno e trabalha

na faixa de alimentacao entre 1, 8 V e 5, 5 V (ATMEL, 2013). A Fig. 5.37 ilustra o

microcontrolador adotado.

Figura 5.37 - ATMEGA328P-PU.

A funcao do microcontrolador neste projeto e de grande importancia. Porque, e ele

que exerce o controle PID no motor aplicando sinais de comando em toda a planta

de controle instalada na bancada. Outra funcao concernente ao microcontrolador, e

receber e processar todos os sinais de tensao, corrente e velocidade que sao coletados

pelos sensores que fazem parte deste projeto.

Todas as saıdas de sinais condicionados na parte eletronica deste trabalho acabam

por encontrar o microcontrolador como processador do sinal que carregam. A tensao

e corrente medidas pelos transdutores de armadura, campo e carga sao processadas

internamente pelo ATMEGA328P-PU. Assim como, tambem e processado nele o

108

Page 111: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

sinal proveniente da placa condicionadora do encoder.

Caso as variaveis controladas nao estejam de acordo com o que e esperado sera

necessario nova intervencao. Cabe ao microcontrolador enviar o comando a ser exe-

cutado pelos modulos de controle. Estes modulos de controle (modulo rele para os

contactores na parte de forca e o circuito de disparo) sofrem a interferencia da saıda

do microcontrolador, permitindo assim que o controle do motor de corrente contınua

seja possıvel.

109

Page 112: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID
Page 113: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 6

RESULTADOS

Neste capıtulo serao abordados os resultados encontrados a partir dos procedimen-

tos descritos no Capıtulo 5. Os resultados encontrados pelos metodos de otimizacao

determinıstico, heurıstico e hıbrido serao discutidos nos topicos de simulacao. Os re-

sultados encontrados com a implementacao da bancada tambem serao apresentados.

Para a simulacao foi utilizado computador com processador Intel Core i3 2, 13 GHz,

memoria RAM de 4 GB e Sistema Operacional de 64 bits. Considerando que as es-

pecificacoes do hardware interfere no tempo de cada simulacao.

6.1 Simulacoes com o Metodo Determinıstico

A primeira simulacao foi realizada utilizando algoritmos determinısticos. Tais algo-

ritmos dependem do conhecimento da derivada da funcao objetivo (funcao de avali-

acao) para mudar de uma iteracao para outra, possuem comportamento previsıvel e

sao extremamente dependentes da estimativa inicial. O metodo determinıstico esco-

lhido para realizar a simulacao foi o Metodo de Quase-Newton, metodo que utiliza

apenas o gradiente da funcao objetivo fornecido em cada iteracao.

A otimizacao foi iniciada com ganhos iniciais nulos. Apos concluıda a primeira si-

mulacao, os seus resultados foram utilizados como valores iniciais (semente, chute)

para a proxima, na tentativa de orientar o algoritmo a valor cada vez menor. Tal

procedimento foi realizado durante 6 simulacoes, ate o algoritmo chegar ao seu limite

de otimizacao, sendo que a partir da 7a simulacao ele o algorıtimo nao encontrava

valores melhores. Ponto este, onde a determinante da inversa da pseudo-matriz Hes-

siana deixa de ser definida, indicando provavelmente o otimo local. Os resultados

para o algoritmo determinıstico podem ser vistos nas Tab. 6.1 e Tab. 6.2.

111

Page 114: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.1 - Otimizacao por metodos determinısticos - Ganhos iniciais e otimizados.

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a 0 0 0 1,12 1,13 0,0762a 1,12 1,13 0,076 1,13 1,18 0,0743a 1,13 1,18 0,074 1,13 1,19 0,0744a 1,13 1,19 0,074 1,17 1,21 0,0735a 1,17 1,21 0,073 1,16 1,22 0,0746a 1,16 1,22 0,074 0,59 2,59 0,033

ωref = 150 rad/s

Tabela 6.2 - Otimizacao por metodos determinısticos - Comportamento da simulacao.

Simulacao f(x) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 123,32 123,32 168,12 16,82 128 692a 119,50 119,50 169,77 17,11 39 273a 119,04 119,04 168,91 17,01 51 32,84a 117,27 117,27 175,69 17,72 31 49,75a 116,57 116,57 173,80 17,52 44 296a 66,32 66,32 172,32 10,90 92 52

f(x∗) 66,32 66,32 TOTAL 385 259,5ωref = 150 rad/s

Durante todas as simulacoes o valor de f(x) foi igual ao valor de IAE. Isto ocorre

porque os valores de tensao e corrente do motor de corrente contınua nao ultrapas-

saram os valores maximos estabelecidos na funcao de avaliacao, veja as expressoes

de (5.12) a (5.14). Em outras palavras, as expressoes (5.12) a (5.14) apresentam as

penalizacoes aplicadas ao indivıduo que ultrapassa as restricoes estabelecidas mate-

maticamente.

A primeira simulacao terminou com 128 iteracoes, sendo que nas demais a rotina

termina em media com 51,40 iteracoes. Esta grande diferenca na quantidade de

iteracoes se deve ao fato do chute inicial estar muito distante do valor otimizado. A

partir do segundo chute esta diferenca diminui. Pois, nestas rodadas o proprio chute

esta localizado mais proximo do valor otimizado, diminuindo o numero de iteracoes.

O tempo de simulacao e uma variavel que depende dos valores encontrados pelo

processo de otimizacao (indivıduos). Portanto, ele e uma variavel estocastica. Por ser

112

Page 115: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

variavel estocastica, o tempo de simulacao pode ser desproporcional a quantidade

de iteracoes. O tempo, como pode-se observar, e em geral muito pequeno, o que

caracteriza grande vantagem dos algoritmos determinısticos.

Na Tab. 6.2 pode-se observar que entre a primeira e a ultima simulacao houve uma

reducao de 53, 77% no valor da funcao de avaliacao. O valor de f(x) = 66, 32 ainda

e elevado, deixando assim espaco para a aplicacao de outros metodos de otimizacao.

Os resultados de velocidade, corrente e tensao podem ser visualizados na Fig. 6.1.

Figura 6.1 - Algoritmo determinıstico - Melhor resultado.

O grafico ampliado da velocidade pode ser visualizado na Fig. 6.2. Nele, percebe-se

o efeito da entrada da carga no tempo de 1, 5 s.

Figura 6.2 - Algoritmo determinıstico - (curva da velocidade).

113

Page 116: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

No momento que a carga e aplicada a velocidade ainda nao estava estabilizada. Apos

a entrada da carga no sistema a velocidade cai. Tal disturbio e compensado pela acao

do controle PID. Porem, a acao deste controlador ainda foi ineficiente, porque aos 3

s de simulacao a velocidade do motor ainda nao havia se estabilizado assumindo o

valor de 149, 4 rad/s.

6.2 Simulacao com Metodos Heurısticos

Outra alternativa na tentativa de obter resultados melhores que os obtidos com me-

todos determinısticos e a utilizacao de metodos heurısticos. O metodo heurıstico

adotado foi o Algoritmo Genetico usando dois diferentes operadores de selecao: se-

lecao por torneio e selecao via metodo estocastico uniforme. A funcao de avaliacao

aplicada ao metodo heurıstico e a mesma utilizada pelo metodo determinıstico.

6.2.1 Selecao por Torneio

Quando se utiliza a selecao por torneio e necessario definir um parametro τ deno-

minado tamanho do torneio. Este parametro define quantos indivıduos serao sele-

cionados dentro da populacao corrente para participar do torneio. Nas simulacoes

realizadas, para este criterio de selecao, foi adotado τ = 4. Os resultados das simu-

lacoes com ponto de partida (0,0,0), podem ser visualizados nas Tab. 6.3 e Tab. 6.4.

Tabela 6.3 - Otimizacao por metodo heurıstico utilizando operador de selecao por torneio.

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a 0 0 0 0,81 4,96 0,0282a 0,81 4,96 0,028 1,42 6,85 0,0083a 1,42 6,85 0,008 1,42 6,85 0,003

ωref = 150 rad/s

114

Page 117: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.4 - Otimizacao por metodo heurıstico utilizando operador de selecao por torneio (comporta-

mento da simulacao).

Simulacao f(x) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 35,68 35,68 172,77 15,40 51 2262a 25,21 25,21 213,90 28,13 55 2463a 25,20 25,20 214,15 28,73 51 225

f(x∗) 25,20 25,20 TOTAL 157 697ωref = 150 rad/s

Observa-se que foram realizadas tres simulacoes para obter o valor otimizado. O

erro encontrado neste caso e menor que o encontrado na simulacao com metodo

determinıstico.

Observa-se tambem que, assim como no metodo determinıstico, o valor de f(x)

ficou igual ao valor de IAE durante todas as simulacoes, pois os limites de tensao e

corrente nao foram ultrapassados, permanecendo dentro das restricoes matematicas

impostas ao problema. Foram gastas em media 52,33 geracoes, valor menor que o

maximo estabelecido, que foi de 100 geracoes. Isso ocorre porque outro criterio de

parada foi alcancado antes das 100 geracoes estabelecidas como numero maximo de

geracoes.

O tempo de simulacao gasto pelo algoritmo genetico e maior que o tempo gasto no

metodo determinıstico, podendo ser considerado desvantagem. Entretanto, o erro

obtido apos o final de uma simulacao foi menor que o erro obtido no metodo deter-

minıstico.

Para obter resultado com erro menor, as restricoes impostas deveriam ser atendidas,

ou seja, nas expressoes (5.12) e (5.14), |Vp − Vmax| = 0 e |Ip − Imax| = 0. Com

esta afirmativa e observando que o ganho Kd assumiu valores cada vez menores, se

aproximando de zero. O ganho Ki e maior a cada simulacao, pode-se presumir que

para este caso apenas o controle PI e suficiente e o uso do ganho derivativo seja

desnecessario.

Os resultados de velocidade, corrente e tensao podem ser visualizados na Fig. 6.3.

115

Page 118: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 6.3 - Algoritmo genetico utilizando operador de selecao por torneio.

O grafico ampliado da velocidade pode ser visualizado na Fig. 6.4.

Figura 6.4 - Algoritmo genetico utilizando operador de selecao por torneio (velocidade).

Neste caso, percebe-se que em 3 s de simulacao o controle PID consegue corrigir o

disturbio ocasionado pela entrada de carga gastando menos de 1,5 s para corrigir a

intervencao. Resultando no erro nulo.

As Tab. 6.5 e Tab. 6.6 demostram os resultados de outra simulacao utilizando al-

goritmo genetico com selecao por torneio. Porem, desta vez, as simulacoes tiveram

como ponto inicial o valor aleatorio sem nenhum direcionamento. Teste que foi rea-

116

Page 119: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

lizado em busca de valores melhores para este metodo de selecao.

Tabela 6.5 - Populacao inicial aleatoria (Torneio) - Ganhos iniciais e otimizados.

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a VAZIO VAZIO VAZIO 1,40 6,21 0,0026ωref = 150 rad/s

Tabela 6.6 - Populacao inicial aleatoria (Torneio) - Comportamento da simulacao.

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 27,79 27,79 210,60 28,20 51 220ωref = 150 rad/s

Observa-se que esta simulacao obteve resultados inferiores em relacao os valores

obtidos com a semente nula (0,0,0).

6.2.2 Selecao pelo Metodo Estocastico Uniforme

Na tentativa de se obter resultados melhores foi trocado o operador de selecao do

algoritmo genetico para o operador de selecao pelo Metodo Estocastico Uniforme.

A Tab. 6.7 e a Tab. 6.8 demonstram os resultados obtidos por esta simulacao, con-

siderando como ponto inicial (0,0,0).

Tabela 6.7 - Otimizacao por metodo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Ganhos iniciais e otimizados.

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a 0 0 0 1,50 10,05 0,0ωref = 150 rad/s

117

Page 120: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.8 - Otimizacao por metodo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Comportamento da simulacao.

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 18,56 18,56 229,95 31,25 84 348ωref = 150 rad/s

Devido a troca do operador de selecao, foi possıvel obter os parametros otimizados

com erro menor do que o obtido no metodo de selecao por torneio. Percebe-se que

a tensao de pico chegou muito proximo do seu valor maximo de 230 V .

O numero de geracoes gastas para este operador de selecao foi maior em relacao ao

operador anterior, demonstrando que o criterio de parada levou tempo maior para

ser atingido.

O valor de Kd otimizado foi nulo, reforcando a afirmativa anterior de que o controle

PI satisfaz todas as necessidades de resposta. Os resultados de velocidade, corrente

e tensao podem ser visualizados na Fig. 6.5.

Figura 6.5 - Algoritmo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Melhor resultado.

O grafico ampliado da velocidade pode ser visualizado na Fig. 6.6. Nele, observa-se

nitidamente o efeito da entrada da carga no tempo de 1, 5 s.

118

Page 121: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 6.6 - Algoritmo heurıstico (Estocastico Uniforme) - Velocidade ampliada.

Nota-se pela resposta da velocidade que ha pequeno overshoot de 2 rad/s porque o

ganho derivativo e nulo. Fato que nao havia ocorrido nas outras simulacoes. Antes

de 1,5 s de simulacao o motor ja se encontrava estabilizado e apos o disturbio, o

controlador PID agiu corrigindo o erro e estabilizando o sistema em menos de 1 s.

A Tab. 6.9 e a Tab. 6.10 demostram os resultados de outra simulacao utilizando

algoritmo heurıstico com selecao pelo metodo estocastico uniforme. Porem, desta

vez, as simulacoes tiveram como ponto inicial um valor aleatorio sem nenhum dire-

cionamento. Teste que foi realizado em busca de valores melhores para este metodo

de selecao.

Tabela 6.9 - Populacao inicial aleatoria (Estocastico Uniforme) - Ganhos iniciais e otimizados

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a VAZIO VAZIO VAZIO 1,51 8,99 0,0017ωref = 150 rad/s

119

Page 122: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.10 - Populacao inicial aleatoria (Estocastico Uniforme) - Comportamento da simulacao

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 19,66 19,66 227,88 30,83 95 376ωref = 150 rad/s

Observa-se que os resultados foram semelhantes. Entretanto, o erro para este ultimo

caso foi pouco maior que o obtido no metodo anterior.

6.3 Hibridizacao

6.3.1 Simulacao com Troca de Resultados

Ainda na tentativa de melhorar os resultados otimizados, foram feitas simulacoes

com resultados trocados entre os diferentes metodos. Foi pego os melhores resultados

de cada metodo, adicionando estes valores como entrada para outros metodos.

6.3.2 Metodo Heurıstico como Ponto Inicial para o Metodo Determinıs-

tico

Na primeira tentativa adotou-se o melhor resultado do metodo heurıstico com selecao

por torneio. Estes valores foram setados nos parametros iniciais da simulacao do

metodo determinıstico. Os resultados podem ser visualizados na Tab. 6.11 e na

Tab. 6.12.

Tabela 6.11 - Determinıstico com melhor resultado do heurıstico (Torneio) - Ganhos iniciais e Otimiza-

dos

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a 1,42 6,85 0,003 1,52 9,45 0,0027ωref = 150 rad/s

120

Page 123: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.12 - Determinıstico com melhor resultado do heurıstico (Torneio) - Comportamento da simu-

lacao

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 19,10 19,10 229,99 31,12 60 40ωref = 150 rad/s

A partir destes dados, pode-se concluir que o resultado foi satisfatorio. Tendo em

vista que o menor erro alcancado com o metodo determinıstico nas 6 primeiras simu-

lacoes foi de 66, 32 rad, valor muito maior do que os 19, 10 rad obtidos em apenas

uma rodada bem direcionada. Percebe-se tambem, que o valor da tensao de pico

alcancou o limite maximo aceitavel, quase ultrapassando os 230 V . Entretanto, o

valor limiar da maquina nao foi ultrapassado, a funcao de avaliacao nao foi penali-

zada e o valor de f(x) ainda permanece igual ao IAE. Para este caso, e visıvel que

o algoritmo heurıstico gerou excelente ponto inicial para o algoritmo determinıstico.

Conforme a Fig. 6.7 e possıvel observar que os resultados foram semelhantes aque-

les obtidos com o metodo heurıstico com selecao pelo metodo estocastico uniforme,

onde o erro foi de 18, 56 rad.

Figura 6.7 - Metodo heurıstico (Torneio) como ponto inicial do metodo determinıstico.

O grafico da velocidade ampliada pode ser visto na Fig. 6.8.

121

Page 124: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 6.8 - Heurıstico (Torneio) como ponto inicial do determinıstico - Velocidade ampliada.

O mesmo procedimento foi feito com os melhores resultados obtidos no metodo

heurıstico com selecao pelo Metodo Estocastico Uniforme. Adicionou-se estes pa-

rametros como pontos iniciais da simulacao do metodo determinıstico. Entretanto,

para este caso nao foi possıvel encontrar resultado final. Porque, nesta simulacao

ocorre erro de cruzamento de zero, que e utilizado para localizar com precisao des-

continuidades. Este erro pode interromper a simulacao, dependendo dos parametros

iniciais utilizados.

6.3.3 Metodo Determinıstico como Ponto Inicial para o Metodo Heu-

rıstico

Apos estas simulacoes foi feito o inverso do procedimento adotado anteriormente.

Os melhores resultados do metodo determinıstico foram inseridos como parametros

iniciais para os metodos heurısticos com selecao por torneio e pelo metodo estocastico

uniforme. Entretanto, o algoritmo com selecao pelo metodo estocastico uniforme nao

conseguiu encontrar resultado otimizado por tambem ocasionar erro de cruzamento

de zero. Os resultados da simulacao utilizando como parametros iniciais o melhor

resultado do metodo determinıstico como ponto inicial do metodo heurıstico com

selecao por torneio sao demonstrados na Tab. 6.13 e na Tab. 6.14.

122

Page 125: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.13 - Heurıstico (Torneio) com melhor resultado do determinıstico - Ganhos iniciais e otimizados

Ponto Final Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a 0,59 2,59 0,033 0,68 5,39 0,033ωref = 150 rad/s

Tabela 6.14 - Heurıstico (Torneio) com melhor resultado do determinıstico - Comportamento da simu-

lacao

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 36,33 36,33 174,25 13,09 51 204ωref = 150 rad/s

Neste caso, e possıvel ver que o resultado gerado foi pior que todas as simulacoes fei-

tas anteriormente para o metodo heurıstico com selecao por torneio. Logo, o metodo

determinıstico nao gerou bom ponto inicial para o metodo heurıstico com selecao

por torneio.

6.3.4 Simulacoes com Metodos Simultaneos

Estas simulacoes foram hibridizadas rodando os metodos determinıstico e heurıstico

de forma simultanea. Foram usados os melhores resultados de cada metodo heurıs-

tico e tambem parametros iniciais aleatorios como ponto inicial. Tecnicas que visam

abranger diferentes resultados. Entretanto, para os melhores resultados do metodo

heurıstico com selecao via metodo estocastico uniforme nao foi possıvel gerar resul-

tados devido ao erro de cruzamento de zeros. Os resultados para a hibridizacao do

algoritmo heurıstico com selecao por torneio com determinıstico adotando valores

iniciais aleatorios estao relacionados na Tab. 6.15 e na Tab. 6.16.

123

Page 126: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Tabela 6.15 - Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Ganhos iniciais e otimizados

Ponto Inicial Ganho OtimizadoSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a VAZIO VAZIO VAZIO 1,41 7,04 0,055ωref = 150 rad/s

Tabela 6.16 - Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Comportamento da simulacao

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 25,60 25,60 211,50 23,40 57 264ωref = 150 rad/s

Os resultados para a hibridizacao do algoritmo heurıstico com selecao por torneio

com determinıstico adotando como valores iniciais os melhores pontos obtidos pelo

algoritmo heurıstico estao relacionados na Tab. 6.17 e na Tab. 6.18.

Tabela 6.17 - Heurıstico + Determinıstico, com melhor resultado heurıstico - Ganhos iniciais e otimi-

zados

Ponto Inicial Ponto FinalSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a 1,42 6,85 0,003 1,44 8,08 0,003ωref = 150 rad/s

Tabela 6.18 - Heurıstico + Determinıstico, com melhor resultado heurıstico - Comportamento da simu-

lacao

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 21,47 21,47 217,31 29,30 53 250ωref = 150 rad/s

O comportamento da resposta da simulacao pode ser visualizado na Fig. 6.9.

124

Page 127: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 6.9 - Heurıstico + Determinıstico, com melhor resultado heurıstico.

O grafico da velocidade ampliada e ilustrado na Fig. 6.10.

Figura 6.10 - Heurıstico + Determinıstico - Velocidade Ampliada.

Ja os resultados da hibridizacao do algoritmo heurıstico com selecao pelo metodo

estocastico uniforme com o determinıstico adotando valores iniciais aleatorios estao

125

Page 128: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

relacionados na Tab. 6.19 e na Tab. 6.20.

Tabela 6.19 - Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Ganhos iniciais e otimizados

Ponto Inicial Ponto FinalSimulacao Kp Ki Kd Kp Ki Kd

1a VAZIO VAZIO VAZIO 1,48 7,07 0,029ωref = 150 rad/s

Tabela 6.20 - Heurıstico + Determinıstico, com valores aleatorios - Comportamento da simulacao

Simulacao f(x∗) IAE Vpico Ipico Iteracoes Tempo[s]

1a 24,43 24,43 222,48 26,88 55 239ωref = 150 rad/s

A partir destes dados, e possıvel ver que os resultados da hibridizacao do metodo

heurıstico por torneio com o metodo determinıstico foram melhores do que os encon-

trados na simulacao deste metodo heurıstico sem hibridizacao. Pode-se considerar

ainda, que os resultados para a hibridizacao direcionada sao melhores que os valores

encontrados pela hibridizacao aleatoria.

Entretanto, os resultados da hibridizacao do metodo heurıstico pelo metodo estocas-

tico uniforme com o metodo determinıstico nao foram melhores do que os obtidos na

simulacao para este metodo heurıstico sem ser hibridizado. Portanto, nem sempre a

hibridizacao chega ao melhor caminho.

6.4 Implementacao

Para validar os resultados das simulacoes computacionais realizou-se testes na planta

real, atraves da bancada construıda. Foi comparada a dinamica do motor simulado

com a dinamica do motor real. A Fig. 6.11 ilustra os graficos simulados e reais em

malha aberta.

126

Page 129: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

Figura 6.11 - Dinamica do motor de corrente contınua.

Percebe-se que no grafico da simulacao a velocidade se estabiliza com 211, 6 rad/s

enquanto no grafico da implementacao a velocidade chega a 254, 2 rad/s, diferenca

de 42, 6 rad/s. Esta diferenca ocorre pois a tensao aplicada na implementacao foi

maior que a da simulacao para que a forma de onda da tensao implementada fosse

o mais proximo possıvel do degrau, ja que ela e iniciada em 0 V . A corrente de

pico na simulacao chega a 31, 31 A, enquanto na implementacao chega a 27, 47 A.

Essa diferenca ocorre pois ha a necessidade do indutor de alisamento em serie com

a armadura da maquina. A tensao da armadura gasta cerca de 0,7 segundos para se

estabilizar. Observa-se que antes da estabilizacao a tensao e a corrente de armadura

oscilam, isto ocorre devido a breve inversao de corrente no momento em que o motor

ultrapassa a velocidade maxima, tendo assim perıodo de geracao ate que se estabilize.

Este comportamento explica o pequeno pico de corrente e a queda da tensao antes

da estabilidade do motor.

127

Page 130: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID
Page 131: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

CAPITULO 7

CONCLUSAO

Durante todo o percurso para o termino deste trabalho, todas as principais areas

da Engenharia de Controle e Automacao estiveram envolvidas. Dentre elas pode-se

citar: Circuitos Eletricos, Maquinas Eletricas, Acionamentos Eletricos, Eletronica de

Potencia, Sistemas de Controle, Inteligencia Artificial, Instrumentacao, Informatica

para engenharia, entre outros. O que caracteriza o trabalho como multidisciplinar.

Apos todas as simulacoes foi possıvel realizar comparacao detalhada entre os me-

todos de otimizacao heurıstico e determinıstico, alcancando os objetivos do traba-

lho. Os resultados obtidos foram satisfatorios, demonstrando que, apesar do metodo

determinıstico ser mais rapido, ele gera valores com erros maiores que o metodo

heurıstico. Ponderando todas estas consideracoes, percebe-se que apesar do metodo

determinıstico possuir tempo de execucao menor por simulacao, ele acaba sendo bem

mais lento que o metodo heurıstico com relacao ao tempo total de otimizacao.

Os melhores resultados foram os obtidos com o metodo heurıstico com selecao via

metodo estocastico uniforme com ponto inicial nulo, o metodo determinıstico uti-

lizando como ponto inicial o melhor resultado do heurıstico (torneio) e o Determi-

nıstico + Heurıstico (torneio) utilizando como ponto inicial o melhor resultado do

heurıstico (torneio). Eles podem ser visualizados na Tab. 7.1.

Tabela 7.1 - Melhores resultados das simulacoes

Metodo f(x∗) Kp Ki Kd

AG via Estocastico Uniforme 18,56 1,50 10,05 0,0Quase-Newton Direcionado 19,10 1,52 9,45 0,0027

Determinıstico + Heurıstico (Torneio) 21,47 1,44 8,08 0,003ωref = 150 rad/s

A construcao da bancada foi concluıda com todos os seus modulos em funcionamento

e a validacao da dinamica do motor foi realizada. Como observado nos resultados

simulados, para a planta em estudo apenas o controlador PI satisfaz as necessidades

de controle, sendo desnecessario o uso da tecnica de controle derivativa. Porem, nao

houve tempo habil para a validacao do controlador aplicado ao motor.

129

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7.1 Contribuicoes do Trabalho

As contribuicoes podem assim ser descritas:

Artigos em congresso: REIS, M. R. da C.; GANZAROLI, C. A.; CALIXTO, W.

P.; CARARO, J. A. G.; SANTANA, M. L. de; MELO, O. R. de; ARAUJO, W.;

ALVARENGA, B.; SILVA, W. Estrategias determinıstica e heurıstica aplicadas a

sintonia do controlador PID para controle de velocidade da maquina de corrente

contınua. X Congresso de pesquisa, ensino e extensao - Compeex, Goiania, 2013.

7.2 Sugestoes para Trabalhos Futuros

• Validacao do controlador aplicado ao motor na bancada construıda.

• Acrescentar um indutor de alisamento em serie com a armadura do motor na

simulacao e implementacao;

• Simulacoes com diversas velocidades utilizando o melhor metodo de otimiza-

cao. Analise sobre o esforco do controlador PID para diferentes velocidades;

• Simulacoes com outros criterios de selecao do algoritmo genetico;

• Elaboracao do manual de uso da bancada;

• Implementacao utilizando conversor dual fazendo a comparacao dos resultados

com os conversores ja implementados;

130

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72, 76

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Page 137: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

GLOSSARIO

Crossover - Troca de partes entre dois cromossomos.

Determinıstico - Metodo de solucao que nao e aleatorio. Neste metodo, se conheceexatamente o caminho percorrido pelo programa solucionador e pode percorre-lo por mais vezes sem que haja variaveis a mais a serem adicionadas.

Diodo - Um dispositivo semicondutor de dois terminais (retificador) que exibe umacaracterıstica de corrente-tensao nao linear. A funcao de um diodo e permitirque a corrente seja transportada em uma direcao e bloquear a direcao oposta.Os terminais de um diodo sao chamados de anodo e catodo.

Estator - A parte do motor que se mantem fixa a carcaca. Tem como funcao con-duzir o fluxo magnetico nos motores para provocar o seu movimento.

Fitness - Funcao que calcula a aptidao do candidato para reproducao.

Fluxo Magnetico - E o produto entre a inducao magnetica, a area de superfıcieplana e o cosseno do angulo formado entre a normal e a direcao da indu-cao magnetica. E gerado quando se expoe certa superfıcie com determinadainducao magnetica a um campo magnetico qualquer.

Funcao de Avaliacao - E a funcao utilizada pelos programas de otimizacao paraestimar a qualidade de uma posicao assumida pelo algoritmo.

Funcao de Transferencia - E a expressao matematica que representa a relacaoentre a saıda e a entrada de um sistema.

Heurıstico - Metodo elaborado com o intuito de resolver problemas. Nele, busca-sesimplificar resolucoes complexas, substituindo-as por outras mais faceis e via-veis, mesmo que sejam imperfeitas. Um metodo que trabalha com a evolucao.

Histerese - A histerese e um fenomeno observado em materiais que para estar emdeterminado estado, dependem de estados anteriores. No caso de propriedadesmecanicas a histerese pode ser medida pela perda de energia durante um ciclode deformacao e recuperacao do material.

Largura de Banda - A capacidade de transporte de dados de um caminho detransmissao, medida em bits ou bytes por segundo.

Matriz Hessiana - Matriz quadrada utilizada para calcular a derivada do gradi-ente.

Otimizacao - E o processo computacional que busca extrair o melhor rendimentode um procedimento. Em geral, a otimizacao procura simplificar um sistema

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Page 138: Controle da máquina de corrente contínua utilizando processos de otimização na sintonia do controlador PID

de forma mais rapida e eficiente.

Outlier - Valor atıpico da distribuicao. E o parametro ou pequeno grupo que apre-senta grande afastamento dos demais valores da serie e dificultam a interpre-tacao dos resultados de testes.

Overshoot - E o termo utilizado no processamento de sinais para referir ao exce-dente do sinal em relacao ao set point esperado em seu comportamento.

Regime Permanente - Um sistema em regime permanente tem numerosas pro-priedades que permanecem inalteraveis no tempo.

Rotor - A parte girante do motor (eixo).

Tiristor - Famılia de dispositivos semicondutores que operam em regime chaveado,tendo em comum uma estrutura de 4 camadas semicondutoras numa sequenciap-n-p-n, apresentando um funcionamento biestavel.

136